METODOLOGIA DE PROJETO APLICADA PARA … · projeto informacional, projeto conceitual, projeto...
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METODOLOGIA DE PROJETO
APLICADA PARA DESENVOLVIMENTO
DE UMA ESTRUTURA VEICULAR
Miguel Guilherme Antonello (UFSM )
Leonardo Nabaes Romano (UFSM )
O presente artigo tem como objetivo demonstrar como procedeu o
desenvolvimento de uma estrutura tubular para veculo de competio
tipo formula SAE. O desenvolvimento da estrutura veicular resultou-se
da utilizao de uma metodologia de projeto de produto que
apresentada em macrofases e fases, sendo que a macrofase destacada
a de projetao, a macrofase de projetao engloba as fases de
projeto informacional, projeto conceitual, projeto preliminar e projeto
detalhado. Alm do processo de levantamento das informaes,
gerao das concepes demonstrou-se a avaliao e seleo das
concepes geradas possibilitando a escolha da soluo tima. Com
isso ressalta-se a importncia da sistematizao do processo de
desenvolvimento de produtos que agregam qualidade ao produto final
como maior agilidade no desenvolvimento, orientao na escolha da
alternativa adequada e a possibilidade de repetio para novos
projetos de produto.
Palavras-chaves: Metodologia, projeto de produto, estrutura veicular
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Engenharia de Produo, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentvel: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1 Introduo
O crebro humano est em constante exerccio com as atividades vitais do corpo e o controle
da realizao de tarefas dirias. Ideias e pensamentos fazem parte deste turbilhonamento de
informaes e que muitas vezes no se apresentam de maneira organizada e sistemtica.
Transformar ideias em produto no tarefa fcil, pois requer criatividade, organizao,
hierarquizao, sequenciamento ou concomitncia das atividade para se chegar a um produto
satisfatrio e inovador. Di Serio e Vasconcellos (2009, p. 70) afirmam que, A criatividade e
a imaginao so fatores fundamentais no contexto da inovao.
A competitividade gerada pelas exigncias dos clientes, pelo crescente nmero de produtos no
mercado, entre outros fatores, faz com que as empresas busquem alternativas para auxiliar no
desenvolvimento destes novos produtos. Quanto mais complexo for o produto desejado, maior
a necessidade do uso de uma metodologia de projeto para auxiliar na organizao das ideias e
no desenvolvimento deste produto. (ROMANO, 2013; BACK et al., 2008).
O sucesso de um produto no garantido quando se chega a um resultado final, ou seja, o
lanamento deste produto no mercado, um produto sem planejamento pode auxiliar para o
insucesso. Para minimizar estes impactos negativos, deve-se avaliar as escolhas realizadas
durante a fase de projeto, transpassar os obstculos encontrados, redirecionar o curso quando
necessrio e manter o ritmo de evoluo dos trabalhos. (BAXTER, 2011).
Compreendendo a complexidade do produto estudado e sabendo a importncia do uso de uma
metodologia para o projeto de produto, o objetivo deste trabalho apresentar como procedeu-
se o projeto da estrutura tubular para veculo de competio tipo frmula SAE, com a
aplicao de um metodologia de projeto para o desenvolvimento de produto.
2 Referencial terico
2.1 O projeto frmula SAE
O Projeto Frmula SAE uma competio de desenvolvimento de produto, onde os
estudantes devem conceber, projetar, fabricar, e competir com carros de corrida tipo frmula.
Iniciada no Texas em 1981, esta competio foi criada para promover uma oportunidade aos
estudantes de nvel superior para ganhar experincia no gerenciamento do projeto e
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construo, e para aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de engenharia.
(SAEBRASIL, 2014).
Criada em 2004, o Frmula SAE Brasil no ano de 2013 encaminhou-se para sua 10 edio e
contou com 31 equipes. As equipes melhores classificadas ganham o direito de representar o
Brasil em duas competies internacionais realizadas nos EUA. (SAEBRASIL, 2013).
As restries impostas na estrutura do carro e no motor fazem com que o conhecimento e a
criatividade dos estudantes sejam desafiados. O carro deve ser construdo por um grupo de
alunos em um perodo de um ano e ser levado para a competio anual para julgamento e
comparao com outros veculos. O resultado final uma grande experincia para jovens
graduandos em um complexo projeto de engenharia, assim como a oportunidade de trabalhar
em equipe, que tem como maior motivao, o aprendizado. (ANTONELLO, 2011).
Conforme Formula SAE (2012), o projeto amplia os conhecimentos tcnicos e a capacidade
de liderana dos alunos, alm de lhes dar a oportunidade de vivenciar o processo de
desenvolvimento do produto do incio ao fim. A equipe precisa fabricar um produto de
qualidade dentro de prazo e oramento limitados. Aqueles que participam do programa
ganham experincia em gerenciamento de projeto, design, ensaios, anlises, controle
financeiro, comunicao, planejamento e marketing.
2.2 Projeto de produto
Projeto pode ser definido como um plano, intento ou um empreendimento. Produto aquilo
que produzido, fabricado, resultado ou consequncia da atividade humana. (FERREIRA,
2010).
O projeto de produto a transformao das ideias, informaes e conhecimentos em um
produto final, podendo este produto final ser um bem, um servio, ou resultado exclusivo.
(PMI, 2008). Para isso existe a necessidade de aglomerar as ideias que esto desconexas e
convert-las em um produto. Baxter (2011) afirma que a gerao de ideias o corao do
pensamento criativo, e que a inspirao criativa pode resultar do pensamento bissociativo,
juntando as ideias que antes no estavam relacionadas.
Quanto maior a complexidade do produto, maior o nmero de requisitos e fatores
influenciadores do projeto. Tais requisitos de projetos e especificaes exigem dos
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engenheiro, projetistas, designers e equipe envolvida uma ateno especial para a fase de
projeto do produto. (BAXTER, 2011). A etapa de projeto do produto engloba vrios fatores
que devem ser levados em considerao pela equipe de projeto, conforme afirma Back et al.
(2008), projeto do produto um plano amplo para realizar algo, compreendendo aspectos
desde a identificao de uma necessidade at o descarte ou o seu efeito sobre o meio
ambiente".
Shigley, Mischke e Budynas (2005, p. 26), salientam que Projetar consiste tanto em formular
um plano para a satisfao de uma necessidade especfica quanto em solucionar um
problema.. De acordo com os mesmos autores, se o resultado for um produto fsico, este
deve ser funcional, seguro, confivel, competitivo, utilizvel, manufaturvel e mercvel.
Faria (2011), destaca que o processo de desenvolvimento de produtos (PDP) um conjunto de
atividades que buscam alcanar as especificaes de projeto de um produto e de seu processo
de produo, tornando possvel a manufatura deste produto.
Baxter (2011) ressalta que com a evoluo da fase de desenvolvimento do produto os riscos e
incertezas vo sendo reduzidos, mas algum grau de incerteza pode persistir mesmo quando o
produto for fabricado. Trentim (2012) afirma que as empresas desejam que seus projetos
obtenham xito, sejam realizados conforme o planejado e principalmente, satisfaam os
clientes.
No incio o nvel de atividades, pessoas envolvidas e os custos do projeto so baixos, e com o
passar do tempo de projeto essas variveis aumentam gradativamente. O contrrio ocorre com
os riscos e incertezas que so maiores no incio do projeto e diminuem medida que os
resultados vo sendo alcanados. (PMI, 2008; TRENTIM, 2012).
A Figura 1 mostra que no incio do projeto a influncia das partes interessadas expressiva e
vai decaindo com o passar do projeto. J o custo das alteraes sobre incrementos
significativos como passar do tempo de projeto.
Figura 1 - Influncia das partes envolvidas e custo das mudanas
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Fonte: PMI (2008)
Com o verificado anteriormente, destaca-se a importncia de um planejamento adequado para
o projeto do produto, criao de concepes que para dentre estas se escolha a concepo
compatvel, e o acompanhamento do desenvolvimento deste projeto. Para auxiliar na busca
deste objetivo, sugere-se a utilizao e aplicao de metodologias de projetos.
2.3 Estrutura veicular
A estrutura do veculo o elemento tambm conhecido como quadro, frame ou chassi, sendo
o item agregador do automvel, responsvel por abrigar e suportar todos os sistemas,
subsistemas como tambm o piloto. Deve suportar o veculos como um todo e a estrutura
geralmente est escondida sob atrativas formas que determinam o estilo e a aerodinmica do
veculo. (BROWN, 2002).
Mencionado por Ribeiro (2011), os fabricantes de automveis ofereciam em suas linhas de
montagem, modelos de estrutura construdos em madeira, que muitas vezes no eram
fabricados pela prpria fbrica, manufaturados por marcenarias especializadas em
componentes, como colunas, chassi, assoalho, longarinas, laterais, sendo que alguns modelos
eram cobertos com chapas de ao. O autor tambm ressalta que com a melhoria da tecnologia
de fabricao, as fbricas de automveis substituram partes da estrutura das carrocerias,
confeccionadas em madeira, por componentes metlicos.
Ericsson (2008) afirma que o quadro ou estrutura pode ser como uma mola, ligando a
suspenso dianteira com a traseira. Se ele for muito flexvel, a tentativa de controlar a
distribuio e transferncia de carga lateral entre a dianteira e a traseira ser comprometida.
Conforme Brown (2002), a estrutura deve satisfazer vrios papis e influenciada por muitos
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parmetros do projeto dos sistemas do veculo (sistema eltrico, sistema mecnico, sistema de
segurana...), fato este que faz com que toda a equipe de projeto esteja informada sobre a
integridade estrutural do veculo. O mesmo autor destaca que estruturas tubulares em arranjo
triangular so comumente utilizadas em carros esportivos, indicado em aplicaes com baixo
volume de produo e com a vantagem de baixo custo do ferramental.
Existem vrios tipos de chassis ou estruturas, que so aplicadas nas construes
automobilsticas, para cada tipo de aplicao, incluindo automveis, utilitrios, caminhes,
nibus, carros de corrida, carros conceito, supercarros, poder haver uma aplicao especfica
de um tipo de chassi, no existindo, portanto um tipo preferencial. (BROWN, 2002;
MILLIKEN, 1995).
Com isso depreende-se que a estrutura o elemento que d suporte aos demais sistemas e
subsistemas do automvel, tendo influncias dos vrios elementos em contato direto e indireto
na forma de requisitos de projeto, dada representatividade, ressalta-se a importncia de um
planejamento de projeto para este item.
2.4 Metodologia de projeto do produto
A atividade de desenvolvimento de novos produtos no tarefa simples, requer pesquisa,
planejamento, controle, e importante, o uso da sistematizao dos mtodos aplicados.
Conforme Baxter (2011, p. 19), Os mtodos sistemticos de projeto exigem uma abordagem
interdisciplinar, abrangendo mtodos de marketing, engenharia de mtodos e a aplicao de
conhecimentos sobre esttica e estilo.
Pahl et al. (2005), salienta que necessrio a utilizao de procedimentos para o
desenvolvimento de boas solues para um produto, sendo que este procedimento seja
planejvel, flexvel, otimizvel e verificvel. O mencionado autor destaca que uma
metodologia de projeto pode ser entendida como um procedimento planejado com indicaes
concretas de condutas a serem observadas no desenvolvimento e no projeto do produto.
Rozenfeld et al. (2006), evidencia que o desenvolvimento do produto precisa de um processo
eficaz e eficiente para favorecer a competitividade da empresa, e para isso muitas empresas
adotam modelos para definir o padro de trabalho que desejam para o desenvolvimento de
produtos.
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Antonello (2011), ressalta que desenvolvimento de um projeto deve ser feito com uma
metodologia claramente definida, que possibilite a repetio para novos produtos, sendo que
os objetivos possam ser alcanados dentro de um prazo e custos pr-estabelecidos.
O processo de desenvolvimento pode ser dividido em macrofases e fases. O nmero de
macrofases e fases pode variar de acordo com o processo estudado, e ao final de cada fase
tem-se sadas desejadas. (ROMANO, 2013).
Romano (2013) ressalta que com o uso de um modelo de referncia possvel obter maior
compreenso do processo, registrar o conhecimento, planejar melhorias no processo, definir
uma base para a tomada de decises durante o processo e por fim, racionalizar e garantir o
fluxo de informaes. Todas estas informaes permitem estabelecer uma viso detalhada e
integrada do trabalho a ser realizado.
3 Metodologia empregada
Para alcanarmos o objetivo proposto neste trabalho, que demonstrar como procedeu o
projeto de uma estrutura tubular para veculo de competio tipo frmula SAE, e sabendo da
importncia do uso de metodologia de projeto, o desenvolvimento do trabalho foi
sistematizado com base no modelo prescrito por Romano (2013), mais especificamente sendo
aplicada a macrofase de projetao que engloba as fases de projeto informacional onde foi
feito o levantamento de informaes sobre o projeto, projeto conceitual onde gerou-se
conceitos de estruturas, projeto preliminar onde definiu-se a concepo adequada e por fim, o
projeto detalhado.
4 Resultados
4.1 Projeto da estrutura tubular
A Figura 2 destaca a macrofase de projetao do modelo prescrito por Romano (2013).
Figura 2 - Metodologia para o projeto de produto
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Fonte: Romano (2013)
Orientado pelas fases da metodologia, primeiramente reuniu-se informaes sobre o projeto,
posteriormente gerou-se conceitos, tais conceitos possibilitaram o projeto preliminar e por fim
o projeto detalhado da estrutura tubular.
O ciclo de vida do carro, assim como da estrutura tubular deve ser tal que suporte realizar
todas as provas da competio, e a durao da competio de trs dias com a realizao de
provas estticas e dinmicas. A regra no fornece uma configurao de estrutura, mas sim
informaes sobre os materiais que devem ser utilizados, dimenses destes materiais e
funes. Tem-se ento informaes sobre geometria, material e funo. A regra indica que a
estrutura deve conter dois aros principais, que ficam prximo ao piloto, um anteparo frontal
para atenuar eventual impacto frontal e estruturas de impacto lateral em caso de colises
perpendiculares a trajetria do carro.
A estrutura pode ser considerada um elemento central e agregador dos demais sistemas e
subsistemas do carro, onde todas as partes esto de alguma forma, diretamente ou
indiretamente conectadas na estrutura tubular. (ANTONELLO, 2011).
Todos os elementos, ou conjunto de elementos, tem-se uma especificao de material e
dimenses sugeridos pela regra da competio. A estrutura primria do carro deve ser
construda em ao com no mnimo de 0,1% de carbono, ou com material alternativo que tenha
resistncia equivalente ou superior ao ao com 0,1% de carbono.
Por requisito de segurana e manuteno da integridade fsica do piloto, a cabea e as mos
deste no devem entrar em contato com o solo em caso de capotagem, sendo protegidas pela
estrutura do veculo. No regulamento sugerido um modelo padro de piloto, com as
dimenses bsicas que devem ser usadas como gabarito para verificar o espao interno da
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estrutura.
Em posio de pilotagem, o capacete do piloto deve ter no mnimo 2" (50,8 mm) entre o
capacete e uma linha reta traada tangente ao aro principal e o aro frontal, e no mnimo 2"
(50,8 mm) entre uma linha reta traada a partir do topo do aro principal at a parte mais baixa
do travamento traseiro.
Caso no haja um travamento traseiro, o capacete do piloto no deve ultrapassar a linha
traseira do aro principal. A Figura 3 explica detalhadamente, onde tem-se em linha tracejada a
linha tangente aos elementos da estrutura.
O mnimo raio de dobra, medido na linha de centro do tubo, deve ser de trs vezes o dimetro
externo do tubo. As dobras devem ser suaves e continuas para evitar falhas ou enrugamentos
na parede dos materiais.
Figura 3 - Posicionamento do piloto
Fonte: Adaptado de Formula SAE (2012)
Tanto o aro principal como o aro frontal devem ser suportados por travamentos nos dois lados
da estrutura. Os ps do piloto devem estar contidos dentro da estrutura tanto numa vista lateral
como numa vista frontal, a posio de verificao a de pilotagem.
A abertura do cockpit dever ser suficiente para alocar o piloto, para isso a regra da competio
fornece um modelo (Figura 4) com as dimenses que devem estar livres dentro do habitculo.
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Figura 4 - Gabaritos inseridos no cockpit
Fonte: Adaptado de Formula SAE (2012)
Durante o teste do gabarito do cockpit pode ser removido o volante, a coluna de direo, o
banco e todos os estofamentos. O firewall, que o elemento de proteo do piloto das zonas
de calor, no pode ser movido ou removido em qualquer um dos testes.
Dentre os requisitos de projeto fornecidos pela regra da competio, tem-se outros requisitos
importantes que devem ser levados em considerao nas tomadas de decises. Entre estes
pode-se citar: massa final da estrutura, vida til do projeto, capacidade de transporte at a
competio, obteno do material requisitado, potencial construtivo da equipe, harmonia com
os demais sistemas, custos envolvidos e lies aprendidas com os carros anteriores. A Figura
5 mostra os fatores de influncia nas tomadas de decises.
Nesta fase no se tem a hierarquizao dos requisitos do projeto, pode-se observar que todos
esto igualmente distribudos ao redor do disco central chamado requisito/funo. Tem-se o
total de nove fatores de influncia sendo denominados: massa final, carros anteriores,
regulamento, vida, transporte, obteno de materiais, custos, potencial construtivo e outros
sistemas. O item outros sistemas divide-se, como mostra a indicao da seta em: motor,
transmisso, suspenso, sistema de segurana, sistema de direo, freio, carenagem e sistema
eltrico, que so os demais sistemas do carro e que esto agregados na estrutura.
Tendo informaes sobre os requisitos, montou-se informaes suficientes para se aproximar
de uma estrutura adequada. As influncias dos demais sistemas e subsistemas do carro, do
potencial construtivo reuniu-se informaes sobre a capacidade de manufatura no laboratrio,
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raios de dobra, tipo de solda e mo de obra disponvel para realizao dos processos de
manufatura.
Figura 5 - Mecanismos de influncia nas tomadas de decises
Fonte: Elaborao prpria
Antonello (2011) destaca que o projeto de um elemento necessita de uma ferramenta para
tomada de deciso, essa pode ser qualquer ferramenta que venha auxiliar e somar nas
decises.
Foi adaptado um fluxograma para auxiliar na escolha de todo e qualquer elemento da
estrutura, assim como a estrutura final, (Figura 6). No topo do fluxograma recebeu-se as
informaes que geraram os requisitos de projeto, esses requisitos proporcionaram a criao
de alternativas que satisfizessem as necessidades de projeto, deslocando-se horizontalmente
no fluxograma fazia-se a escolha das alternativas geradas, seguida de suas avaliaes, e
finalmente a sada do elemento selecionado.
Definida as configuraes bsicas para cada item constituinte da estrutura, deve-se combinar
estes itens para formar o sistema completo. Devido as suas interdependncias, os elementos
individuais no devem ser avaliados separadamente, mas sim conforme o valor de suas
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influncias na estrutura montada.
Para realizar a avaliao das concepes, teve-se a necessidade de montar um quadro que
confrontasse todos os geradores de requisitos entre si e fosse atribudo pesos aos resultados
destas comparaes, o Quadro 1 demonstra o cruzamento entre os geradores de requisitos.
Figura 6 - Fluxograma para tomada de decises
Fonte: Elaborao prpria
Inicialmente organizou-se todos os geradores de requisitos demonstrados na Figura 5 e
confrontados um com outro na matriz de avaliao. Leu-se o elemento da linha e comparou-se
com todos os elementos das colunas, verificando se tem uma importncia menos (-) valor 1,
importncia igual (=) valor 2 ou importncia mais (+) valor 3, e seus respectivos somatrios
de valores representados na coluna total.
Igualmente confrontou-se todos os sistemas do carro contidos na Figura 5, que so geradores
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de requisitos, um com outro e obtendo-se somatrios de valores. Com os resultados dos
somatrios, foram divididas em faixas de valores para classificar o peso como extremamente
importante (25-30), muito importante (20-24), importante (15-19), menos importante (10-14)
e sem importncia (1-9). A escolha de cada elemento foi feita conforme a sua melhor relao
com os elementos de maior peso. O elemento individual deve atender obrigatoriamente os
itens extremamente importantes e posteriores o maior nmero de elementos com grau de
importncia hierrquico. Utilizando esse mtodo de seleo para os elementos individuais e
verificando a relao com os demais sistemas do carro chegou-se s configuraes
alternativas, a escolha da soluo mais adequada se deu com base na matriz de avaliao,
verificando a maior relao com os sistemas de maior grau de importncia.
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Quadro 1 Matriz de avaliao do grau de importncia dos requisitos de projeto na tomada de deciso
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Fonte: Elaborao prpria
Na macrofase de projetao e na fase de projeto conceitual, criaram-se alternativas que
atendessem o regulamento e posterior, tivessem uma melhor relao com os requisitos
citados. Podem ser verificadas na Figura 7 as trs concepes de estruturas criadas, indicadas
com as letras: a, b e c.
Figura 7 Concepes geradas. Concepo a; concepo b; e concepo c
Fonte: Elaborao prpria
Pode-se verificar uma vista isomtrica e uma vista lateral das concepes geradas, cada uma
com sua peculiaridade em relao as demais, verificou-se com base na matriz de avaliao
qual a mais adequada e a que melhor atendeu as necessidades do projeto. O Quadro 2 mostra
a avaliao das concepo com relao aos itens que atendia, marcado com v na clula, e os
item que no atendia marcados com um trao -.
Quadro 2 Escolha da concepo tima
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Fonte: Elaborao prpria
Verificou-se a relao das concepes com os geradores de requisitos e feito o somatrio dos
itens com qual tem forte relao. Analisou-se a concepo da coluna e sua relao com o item
da linha, marcando com um v e fazendo o somatrio dos valores correspondentes dos
elementos assinalados. Pode-se verificar que a concepo c, por atender um maior nmero de
itens, obteve como resultado o somatrio de 320. Em comparao com a concepo a que
obteve resultado de 186 e a concepo b com resultado igual a 207, foi escolhida a concepo
c.
5 Concluso
O presente artigo mostra como a aplicao de uma metodologia pode auxiliar no processo de
desenvolvimento de novos produtos e a utilizao da matriz de deciso para avaliao dos
requisitos de projetos foi possvel chegar a uma soluo tima. O projeto final teve que
atender as regras da competio Frmula SAE Brasil do ano de 2011, com isso utilizou-se
como requisitos de projeto as informaes fornecidas pela organizao do evento. A estrutura
selecionada foi construda e utilizada em campo na VIII Competio Frmula SAE Brasil no
ano de 2011, onde a equipe Formula UFSM obteve a 8 colocao no seu segundo ano de
competio.
Com isso, conclui-se que o uso de uma sistematizao, organizao e aplicao dos
conhecimentos possvel desenvolver produtos que satisfaam as necessidades iniciais e
logrem xito em suas aplicaes.
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