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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA EM
UMA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL TIPO I
Autora: Adriana Taeko Miyao1
Orientadora: Anália Maria Dias de Gois2
RESUMO: O presente artigo tem por finalidade analisar o uso das Tendências Metodológicas no Ensino da Matemática constantes nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2008), associadas a ludicidade e com a inclusão de jogos, apresentando os resultados obtidos com alunos que frequentam a Sala de Recursos Multifuncional Tipo I , do Colégio Estadual Maria Francisca de Souza , em Barra do Jacaré, Paraná, dos quais apresentam muitas dificuldades relacionadas aos conteúdos da disciplina de matemática e que afetam significativamente seu desempenho no ensino comum. Faz-se então necessário o uso de metodologias diferenciadas que possam atenuar os anseios de tais alunos, fazendo com que os mesmos possam se apropriar do conhecimento matemático de forma prazerosa, diferenciada e lúdica. Os resultados obtidos foram satisfatórios e as expectativas foram superadas levando-se em consideração principalmente a participação e envolvimento dos alunos durante o processo.
Palavras Chave: Desinteresse. Ludicidade. Aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta os resultados da implementação da unidade
didática: Tendências Metodológicas no Ensino da Matemática em uma Sala de
Recursos Multifuncional Tipo I, desenvolvido durante o primeiro semestre de 2014,
no Colégio Estadual Maria Francisca de Souza, Ensino Fundamental e médio na
cidade de Barra do Jacaré, Paraná e envolveu alunos que freqüentam a Sala de
Recursos Multifuncional tipo I no período vespertino e apresentam diversos tipos de
dificuldades de aprendizagem entre eles: deficiência intelectual, deficiência física
neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais
específicos, com o uso de Tendências Metodológicas no Ensino da Matemática
1 Especialista em Educação Especial, graduada em Ciências, habilitada em Matemática e Biologia.
Professora no Colégio Estadual Maria Francisca de Souza – E.F.M, Barra do Jacaré-PR. E-mail: [email protected]. 2 Professora UENP/CCHE Campus Jacarezinho/PR. Mestranda em Ensino de Ciências pela
UNESP/FC - Bauru-SP.E-mail: [email protected]
ampliadas com a inclusão de jogos para uma abordagem pedagógica , objetivando
aprimorar o ensino e aprendizagem em sala de aula, das quais constam nas
diretrizes curriculares nacionais da educação básica: Resolução de problemas,
Modelagem matemática, Mídias tecnológicas, Etnomatemática, História da
matemática, Investigações matemáticas.
Tendo em vista que tais alunos, devido as dificuldades apresentadas,
possuem falta de interesse, concentração e atenção, propomos o uso de tendências
metodológicas no ensino de matemática aliadas a ludicidade e atividades
diferenciadas para resgatar o gosto pela aprendizagem, além de buscar amenizar
defasagens que possam ter ocorrido durante seu processo educacional, fazendo
com que os mesmos sempre encontrassem obstáculos durante a resolução de
atividades.
Embora não tenham sido abordadas todas as Tendências Metodológicas no
Ensino da Matemática, utilizamos várias delas como: modelagem matemática,
história da matemática, resolução de problemas e predominantemente o uso de
mídias tecnológicas já que esta tendência, em tempos atuais, é a que mais desperta
interesse nos educandos, pois envolvem o uso de recursos tecnológicos como a
televisão, utilização de aplicativos da internet, softwares entre outros, inserindo
diversas formas de ensinar e aprender e valorizando o processo de produção do
conhecimento. Entretanto trata-se de uma tendência que ocasionalmente causa
apreensão por parte dos educadores, visto que por vezes, alguns não possuem o
domínio necessário para conduzir uma atividade, evitando assim a execução
mesma, por se sentir inseguro. Vale então salientar que todos podem buscar tal
competência que se faz tão imprescindível para agregar saber em nossos
educandos.
Na realidade todas as tendências são de suma importância para auxiliar na
eficácia do processo de ensinar e aprender e durante a abordagem dos conteúdos é
muito bom que o professor consiga, transitar por todas elas e, sempre que possível,
fazer a articulação entre as mesmas como nos recomenda as Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica .
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/ REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo a instrução nº 016/2011 a Sala de Recursos Multifuncional – Tipo I é
um atendimento educacional especializado, de natureza pedagógica que
complementa a escolarização de alunos matriculados na rede pública de ensino que
apresentam:
Deficiência intelectual: Em conformidade com a Associação Americana de Retardo Mental, alunos com deficiência intelectual são aqueles que possuem incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos de idade.
Deficiência física neuromotora: aquele que apresenta comprometimento motor acentuado, decorrente de seqüelas neurológicas que causam alterações funcionais nos movimentos, na coordenação motora e na fala, requerendo a organização do contexto escolar no reconhecimento das diferentes formas de linguagem que utiliza para se comunicar ou para comunicação.
Transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou esteriotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicose) e transtornos invasivos sem outras especificações.
Transtornos funcionais específicos:refere-se a funcionalidade específica (intrínsecas) do sujeito, sem o comprometimento intelectual do mesmo. Diz respeito a um grupo heterogêneo de alterações manifestadas por dificuldades significativas: na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas, na atenção e concentração (PARANÁ, 2011, p.01 - 02).
Tais alunos apresentam dificuldades de aprendizagem em várias áreas do
conhecimento, mas, principalmente no que se refere apropriação de conceitos
matemáticos.
A instrução também orienta quanto aos recursos materiais que podem ser
utilizados no trabalho com estes alunos, nos quais se devem incluir os jogos
pedagógicos que valorizem aspectos lúdicos, estimule à criatividade, a cooperação,
a reciprocidade e promovam o desenvolvimento dos processos cognitivos. Devem-
se promover então atividades diversificadas que sejam direcionadas para superar
dificuldades na aquisição do conhecimento matemático.
O atendimento a estes alunos ocorre em período contrário ao que este se
encontra matriculado e é realizado por um cronograma que pode ser individual ou
em grupos, de forma a oferecer o suporte necessário às necessidades especiais dos
alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. Quanto à frequência, o
atendimento pedagógico deverá ser realizado de duas a quatro vezes por semana,
não ultrapassando duas horas/aula diárias.
Em contraposição às dificuldades apresentadas por tais alunos, as Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica, (2008) apresentam as Tendências
Metodológicas da Educação Matemática que devem fundamentar a prática docente
e complementar-se uma às outras, de forma a estimular o pensamento e o
raciocínio. As Tendências Metodológicas são Resolução de Problemas, Modelagem
Matemática, Mídias Tecnológicas, Etnomatemática, História da Matemática e
Investigações Matemáticas.
A Resolução de Problemas consiste em um método de ensino no qual o aluno
aplica os conhecimentos adquiridos anteriormente em situações novas com as quais
se depara.
Segundo Polya (2006, p. 03)
A resolução de problemas é uma habilitação prática como, digamos, o é a natação. Adquirimos qualquer habilitação por imitação e prática. ao tentarmos nadar, imitamos o que os outros fazem com as mãos e os pés para manterem suas cabeças fora dágua e, afinal, aprendemos a nadar pela prática da natação. Ao tentarmos resolver problemas, temos de observar e imitar o que fazem outras pessoas quando resolvem os seus e, por fim, aprendemos a resolver problemas, resolvendo-os.
Já a Modelagem Matemática é uma metodologia cujo objetivo é problematizar
as situações do dia a dia. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica (2008, p. 64).
Modelagem matemática: tem como pressuposto a problematização de situações do cotidiano, propondo a valorização do aluno no contexto social e procurando levantar problemas que sugerem questionamentos sobre situações da vida;
Considerando que o mercado oferece muitos recursos tecnológicos, os
mesmos tem sido utilizados em sala de aula como metodologia de ensino. Dentre
estes tem-se as calculadoras, a televisão, aplicativos e a internet que favorece a
resolução de problemas do dia a dia.
Mídias tecnológicas: a utilização de recursos tecnológicos, como software, televisão, calculadoras, aplicativos da internet, entre outros, favorecem as experimentações matemáticas e potencializam formas de resolução de problemas (DCN, 2008, p. 65).
A etnomatemática é uma proposta educacional que estimula a criatividade do
aluno. De acordo com D'Ambrósio (2005) "é um programa que visa explicar os
processos de geração, organização e transmissão de conhecimentos em diversos
sistemas culturais e as forças interativas que agem nos e entre os três processos”.
Etnomatemática: seu papel é reconhecer e registrar questões de relevância social que produzem o conhecimento matemático. É uma importante fonte de investigação da Educação Matemática que valoriza a história dos estudantes pelo reconhecimento e respeito a suas raízes culturais (DCN, 2008, p. 64).
A História da Matemática consiste em uma Tendência muito importante para a
prática escolar onde é possível entender os conceitos matemáticos que serão
estudados.
História da matemática: é um elemento orientador na elaboração de atividades, na criação de situações-problema, na busca de referências para compreender melhor os conceitos matemáticos. É importante entender a História da Matemática no contexto da prática escolar como componente necessário de um dos objetivos primordiais da disciplina de matemática: que os estudantes compreendam a natureza da Matemática e sua relevância na vida da humanidade (DCN, 2008, p. 66).
Já as investigações matemáticas é aplicada para contribuir com a disciplina
estudada onde o "aluno é chamado a agir como um matemático, propondo questões,
formulando conjecturas a respeito do que está investigando" (DCN, 2008, p. 67).
A Diretriz (2008) destaca também a necessidade de abordar os conteúdos
propostos sempre por meio de Tendências Metodológicas da Educação Matemática
podendo assim, transitar por todas elas. Dessa forma, certo conteúdo pode envolver
uma ou mais tendência metodológica no ensino da matemática, podendo ainda ser
ampliada com a inclusão de jogos para uma abordagem pedagógica. “Nenhuma das
tendências metodológicas [...] esgota todas as possibilidades para realizar com
eficácia o complexo processo de ensinar e aprender Matemática, por isso, sempre
que possível, o ideal é promover a articulação entre elas” (Paraná, 2008, p. 68).
Assim, é possível notar que é necessária a utilização de abordagens
diferenciadas ao se expor um conteúdo matemático de maneira a despertar o
interesse dos alunos pelo assunto. E uma dessas alternativas bem sucedidas é o
emprego do lúdico associado às tendências metodológicas da educação matemática
que levam o educando a experimentar uma sensação de prazer associada à
aprendizagem significativa.
Segundo Smole, Diniz e Milani:
[...] o uso de jogos implica uma mudança significativa nos processos de ensino e aprendizagem que permite alterar o modelo tradicional de ensino, que muitas vezes tem no livro e em exercícios padronizados seu principal recurso didático. O trabalho com jogos nas aulas de matemática, quando bem planejado e orientado, auxilia o desenvolvimento de habilidades como observação, análise, levantamento de hipóteses, busca de suposições, reflexão, tomada de decisão, argumentação e organização, as quais estão estreitamente relacionadas ao assim chamado raciocínio lógico (SMOLE, DINIZ E MILANI, 2007, p.9).
Dessa maneira observa-se o quanto se torna necessário a utilização de jogos
durante as aulas visto a quantidade de habilidades que podem ser desenvolvidas.
Portanto, o educador deve ter em sua formação o lúdico, para que assim envolva o
educando no trabalho pedagógico, Santos nos diz que:
A formação lúdica se assenta em pressupostos que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais, que se utilizam da ação, do pensamento e da linguagem, tendo no jogo sua fonte dinamizadora (SANTOS, 2002, p. 13).
O professor possui desta forma, um importantíssimo papel durante o processo
de ensino-aprendizagem, contribuindo não apenas com o próprio ensinar
matemática como também levá-los a avaliar, criar, criticar, ou seja, reconhecer seu
papel no mundo. Desta forma nos expõe Soares:
[...] é possível contribuir com o ambiente educativo de forma a facilitar o avanço de todos os participantes. Metaforicamente, podemos dizer que cada um tem si sementes de seu próprio crescimento. Como professores, não podemos obrigar essas sementes a brotar, mas podemos cuidar do terreno. O professor tem o papel do jardineiro que cuida da terra sem saber ao certo como as plantas vão reagir (SOARES, 2010, p.23).
Por conseguinte, observa-se que a utilização de jogo aliado ao conhecimento
vem historicamente modificando a forma de se conceber a aprendizagem, uma vez
que vem exercendo papel importante na construção de conceitos matemáticos que
são de certa forma considerados como desafios aos alunos. Nesse sentido é o que
expressa Starepravo:
O uso de jogos e brincadeiras como estratégia de ensino na escola é uma idéia bastante difundida. Já no século XIX, Fröebel defendia a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil, salientando seu papel na exteriorização do pensamento e construção de conhecimento. Na chamada Escola ativa, os jogos eram tidos como instrumentos essenciais de aprendizagem, recebendo papel de destaque na organização do trabalho escolar (STAREPRAVO, 2009, p. 19).
Com o decorrer dos anos o conceito de jogo deixou de ser visto apenas como
um exclusivo instrumento de diversão e entretenimento, e passou aser visto como
fator de desenvolvimento do ser humano, quando utilizado como instrumento
educacional que pode contribuir para a construção de valores morais e éticos, além
de proporcionar desenvolvimento intelectual e social.
É nesse sentido que Pastells (2009) salienta que o jogo é um recurso que
deve ficar subordinado à matemática e não o inverso, este aspecto deve ser
considerado para que os próprios alunos não se confundam com idéias enganosas,
acreditando que durante as aulas estão apenas jogando quando na verdade eles
estão aprendendo matemática por meio de jogos. E considera um decálogo dos
jogos em aulas de matemática assim considerados:
1. É a parte mais real das crianças. Utilizando-o como recursos metodológicos, translada-se a realidade das crianças à escola e permite fazê-las ver a necessidade e a utilidade de aprender matemática.
2. As atividades lúdicas são enormemente motivadoras. Os alunos envolvem-se muito e as levam a sério.
3. Trata distintos tipos de conhecimentos, habilidades e atitudes relativas à matemática.
4. Os alunos podem encarar conteúdos novos da matemática sem medo do fracasso inicial.
5. Permite aprender com o próprio erro e com o erro dos demais. 6. Respeita a diferença dos alunos. Todos querem jogar, porém o mais
significativo é que todos podem jogar em função de sua própria capacidade.
7. Permite desenvolver processos psicológicos básicos necessários ao aprendizado da matemática como: a atenção, concentração, a percepção, a memória, a resolução de problemas, a busca de estratégias, etc.
8. Facilita o processo de socialização, ao mesmo tempo, a própria autonomia pessoal.
9. O currículo atual recomenda de forma especial considerar o aspecto lúdico da matemática e a necessária aproximação à realidade das crianças.
10. Persegue e consegue em muitas ocasiões a aprendizagem significativa (PASTELLS, 2009, p. 11).
Podemos analisar, o quanto os desafios lúdicos efetivados através de jogos
podem auxiliar na aprendizagem e no desenvolvimento de muitas outras
competências e aptidões dos educandos que vão além de conhecimentos científicos
como vem nos apresentar Oliveira:
Os jogos vêm a ser estratégias que agilizam a auto-regulação cognitiva e afetiva, podendo ser utilizadas nos mais diversos ambientes. São situações nas quais a criança encontra um contexto facilitador para reorganizar padrões comportamentais regredidos e inadequados, inclusive em seus aspectos socioculturais e morais (OLIVEIRA, 2004, p.33).
Com base nos dados apresentados, nota-se que a ludicidade vem de
encontro às necessidades educacionais dos alunos que apresentam dificuldades na
aprendizagem de matemática. Esta, associada às Tendências Metodológicas na
Educação Matemática torna-se um instrumento valioso que pode amenizar, ou até
mesmo, sanar tais dificuldades, preenchendo defasagens que podem ter surgido nos
anos iniciais da educação básica.
Dessa forma pode-se observar que a intencionalidade educativa dos jogos
vem de encontro ao processo de ensino-aprendizagem, porém, para que isto ocorra
de maneira efetiva, é necessário que o educador realize um estudo sobre tais
tendências aliado a uma pesquisa, buscando uma formação lúdica que possa ser
articulada a tais tendências, tornando-o um observador, mediador e interventor na
realização das atividades propostas
3 METODOLOGIA E RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO
A intervenção foi aplicada para 8 (oito) alunos que frequentam a Sala de
Recursos Multifuncional tipo I no período vespertino sendo estes 3 (três) do sexo
feminino e 5 (cinco) do sexo masculino, que estudam no ensino comum do 7º
(sétimo) ano do ensino fundamental ao 3º (terceiro) ano do ensino médio com laudos
médicos ou psicológicos que atestam que estes apresentam deficiência intelectual
e/ou transtornos funcionais específicos.
A unidade didática teve seu embasamento nas Tendências Metodológicas no
Ensino da Matemática constante nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica (2008) com ênfase no lúdico, que buscou através de metodologias
diferenciadas despertar o interesse e a participação dos alunos de maneira a
estimulá-los a pensar e raciocinar obtendo desta maneira uma aprendizagem
significativa, tais tendências foram utilizadas como ferramenta de apropriação de
conhecimentos matemáticos.
As atividades sugeridas na unidade didática foram aplicadas com alunos que
apresentam diferentes níveis e tipos de dificuldades de aprendizagem, que se
passarem por adaptações coerentes possam vir a ser utilizadas também na classe
comum.
Num primeiro momento assistiu-se o Filme: “Como estrelas na terra: toda
criança é especial”, um filme de AAmir Khan, que mostra a história de Ishann
Awasthi, um menino de nove anos que não conseguia acompanhar as aulas e nem
focar sua atenção. Seu pai acreditava que era falta de disciplina e para que não
reprovasse novamente ele o enviou para um internato, onde Ishann começou a ficar
depressivo com a ausência de seus familiares e percebendo sua incapacidade
regrediu ainda mais. Um professor substituto de artes foi contratado e percebeu algo
diferente em Ishann, investigou sua vida e seu histórico escolar e descobriu que o
menino possuía dislexia. A partir daí o professor pôs em prática seu plano audacioso
com o objetivo de resgatar o que o menino havia perdido inclusive sua alegria de
viver. Através de metodologias diferenciadas conseguiu recuperar seu conhecimento
defasado e desenvolveu talentos que já existiam, mas eram encobertos por suas
dificuldades.
Após todos terem assistido o filme foi realizado um debate sobre o mesmo
onde os alunos puderam expor suas principais impressões sobre o filme, tanto
positivas como negativas. Percebeu-se durante o debate que o filme despertou
muito o interesse dos alunos e a identificação foi imediata e motivadora, pois todos
perceberam como é possível superar as dificuldades de aprendizagem,
relacionamento, autoestima e superação pessoal, com esforço, entrega e dedicação.
Esta atividade foi de suma importância para despertar a autoestima e o
interesse pela aprendizagem pois no filme, o professor conseguiu que o aluno
aprendesse e recuperasse suas defasagens escolares enfatizando a capacidade
que cada aluno possuía.
Como segunda atividade foram utilizados materiais manipuláveis para que os
alunos aprendessem os conceitos e o cálculo de área e perímetro. Pois durante o
processo escolar foi possível perceber que os alunos possuíam dificuldades na
compreensão do conteúdo envolvendo figuras planas, na Sala de Recursos
Multifuncional Tipo I, os alunos comentiam muitos equívocos em relação a diferença
entre área e perímetro e principalmente na resolução de seus cálculos, além do
mais, muitos até mesmo desconheciam tais definições.
Na realização desta atividade os alunos trabalharam com materiais
manipuláveis e a técnica utilizada foi a decoupagem 3 . Para isso, cada aluno
3 Arte de cobrir superfícies artesanalmente com papéis.
recebeu uma caixa de MDF, em seguida lhes foram apresentadas as técnicas de
decoupagem para que realizassem na sequencia a atividade cujo objetivo era
favorecer o desenvolvimento artístico e a habilidade manual de cada aluno.
Assim que as mesmas ficaram prontas, apresentou-se aos mesmos os
conceitos de área e perímetro e após todos serem interrogados sobre tais conceitos
foram feitos os cálculos aproximados das medidas de área e perímetro referente à
área externa da caixa, estes cálculos foram realizados de forma individualizada,
porém, houve interação entre os alunos durante toda execução da atividade desde
a confecção do material manipulável até a resolução da atividade proposta.
Após o término das atividades todos compartilharam suas experiências, suas
objeções e possibilidades durante a execução desta tarefa, observando o que
poderia ser aprimorado. Ao final desta etapa foi possível perceber que houve o
desenvolvimento psicomotor, sócio afetivo e a criatividade.
A terceira atividade realizada foi a que mais despertou o interesse por parte
dos educandos pois envolveu a utilização de jogos e aplicativos da internet. Como
se pode ver anteriormente dentre as tendências metodológicas no ensino da
matemática uma que desperta grande interesse por parte dos alunos são as mídias
tecnológicas, pois através da utilização da informática educativa é possível auxiliar
os mesmos na fixação de conteúdos, resolução de problemas e até mesmo na
aquisição de conhecimentos sobre conceitos matemáticos.
Como esta atividade foi desenvolvida em uma Sala de Recursos
Multifuncional Tipo I, a primeira ação realizada foi o Plano de Atendimento
Educacional Especializado onde são ressaltadas as dificuldades e potencialidades
de cada aluno em vários aspectos de desenvolvimento como: cognitivo, motor, sócio
afetivo entre outros.
Após análise deste planejamento foram definidos quais os jogos que
poderiam ser utilizados coletivamente e quais alunos necessitam da aplicação
individualizada, porém, durante a realização da tarefa foi possível observar que
alguns possuíam maior grau de dificuldade sendo necessário a utilização de jogos
com nível ao inferior planejado anteriormente, no entanto, após o domínio de tal
habilidade iam passando a jogos com maior grau de complexidade. Os alunos
puderam também após o contato e conhecimento dos jogos, escolher aqueles com
os quais mais se identificou ou que lhes tenha despertado maior interesse.
Na sequência foi exposto aos alunos como a utilização de recursos
tecnológicos poderia os auxiliar na fixação de conteúdos, resolução de problemas e
estratégias além do desenvolvimento de habilidades como: atenção, concentração,
raciocínio lógico, entre outras.
Os jogos escolhidos e utilizados durante as atividades se encontram
disponíveis no Portal Educacional do Estado do Paraná, Dia a Dia Educação, site
este em que se encontram disponíveis jogos para computadores elencados por nível
de conhecimento, em cada momento houve previamente a explanação do jogo com
regras, habilidades e conhecimentos que seriam aprimorados com o mesmo.
Esta atividade foi toda orientada e supervisionada pela professora da Sala de
Recursos Multifuncional Tipo I. Pode-se notar com o passar da realização das
tarefas que os alunos foram se aprimorando, principalmente no que diz respeito a
raciocínio lógico, abstração, seguir regras e sistematização.
A última atividade realizada envolveu o jogo Torre de Hanói, utilizando dentre
as Tendências Matemáticas a História da Matemática, portanto, iniciou-se a
atividade apresentando a história do Jogo Torre de Hanói. Após a socialização com
a História do jogo de Hanói foi desenvolvida uma pesquisa sobre o Jogo onde foi
possível conhecer as regras do jogo.
A Torre de Hanói tem sido tradicionalmente considerada como um processo
para avaliação da capacidade de memória, e principalmente de planejamento e
solução de problemas, ou seja, desenvolve e raciocínio lógico e habilidades
manuais.
Após a compreensão das regras partiu-se para a aplicação destas através da
execução do jogo, utilizando-o com material manipulável que surtiu um interesse
muito positivo por parte dos alunos, pois num primeiro momento foi necessário muito
esforço e persistência para ir aumentando a quantidade de discos.
Após alguns dias de treino com materiais manipuláveis, iniciou-se a utilização
do jogo on-line em que foi realizada uma competição para ver quem conseguiria
completar o jogo com a maior quantidade de discos e menor número de jogadas
possíveis. Assim sendo, foi realizado o registro por aluno, de quantos pinos
conseguiu mover e quantas movimentações foram feitas para conseguir mover os
discos para outro pino. O vencedor foi premiado com um jogo de torre de Hanói.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste trabalho propiciou aos alunos a assimilação de
conhecimentos através das Tendências Metodológicas no Ensino da Matemática
com enfoque no lúdico, despertando o interesse dos mesmos e enriquecendo as
aulas pois são recursos significativos e motivadores, que de forma diferenciada e
lúdica puderam dinamizar e flexibilizar o processo de aprendizagem.
Todas as atividades desenvolvidas vieram a contribuir positivamente em
algum aspecto da dificuldade apresentada pelo alunos, cada um dentro de sua
particularidade e com grau de defasagem diferenciado. Observou-se também que
além de poder assimilar o conhecimento proposto foi adquirida também a
capacidade interagir socialmente.
Uma contribuição muito valiosa durante este processo também foram as
experiências e atividades realizadas pelos participantes do GTR (Grupo de Trabalho
em Rede), na qual vários docentes puderam trocar experiências de situações de
aprendizagem similares das apresentadas neste trabalho, além de contribuir com
sugestões e informações que possibilitaram várias reflexões sobre nossa prática
pedagógica.
Enfim, foi possível perceber que ao se utilizar propostas com atividades
diversificadas, lúdicas, significativas o processo de aprendizagem tornou-se mais
atraente e auxiliou na assimilação do conhecimento matemático e também no
desenvolvimento e aprimoramento de habilidades e potencialidades individuais e
coletivas.
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