Panorama do Antigo Testamento

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“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. (2Tm 3:16) Panorama do Antigo Testamento 2005

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“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,

para a correção, para a educação na justiça”. (2Tm 3:16)

Panorama do Antigo Testamento

2005

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I - Introdução

A - Importância do Antigo Testamento

Quando olhamos para a Igreja de um modo geral hoje em dia (pelo menos aqui no Brasil!)

percebemos que de certa forma os cristãos não têm dado muita importância ao Antigo

Testamento como deveria. Na verdade, muitos até se afastam de tentar compreendê-lo

tachando-o de ‗complicado‘, ou dizendo que ‗não serve para nossos dias porque já estamos no

período do Novo Testamento‘. Será que estas pessoas realmente carregam a verdade nestas

palavras?

É triste, mas o fato é que até os pastores que deveriam seguir uma posição diferenciada

para com o Antigo Testamento, eles mesmos não pregam muito freqüentemente nele. Geralmente

se fala muito de Jesus, das cartas de Paulo, de João... e se por acaso se falar do Antigo

Testamento talvez ainda seja como uma citação do Novo a respeito do mesmo.

Este comportamento não é de agora.―Já no segundo século da era cristã apareceu Marcião,

um herege que queria – com muita razão – reformar a Igreja da sua época, porque esta não

pregava mais a graça, e, sim, a salvação pelas obras. Infelizmente, contudo, Marcião e seus

muitos seguidores rejeitaram não somente uma boa parte do Novo Testamento, mas também o

Antigo Testamento por completo!‖1E se por acaso pensarmos que é um comportamento somente

presente no Brasil, também estamos redondamente enganados.―Na Índia, há cristãos que

reconhecem apenas o Novo Testamento, substituindo o Antigo por alguns escritos hindus que

eles acham ser mais interessantes‖.2

Não há dúvida de que há vários ―motivos‖ para esta desconsideração. Dentre estes

motivos podemos citar: A presença de histórias complicadas e esquisitas; uma cultura muito

diferente da nossa; profecias dificílimas de interpretar; várias leis que não se aplicam mais em

nosso contexto, etc. A dificuldade em aceitar e utilizar o Antigo Testamento é tão patente que se

demonstra até na hora de se abrir um livro que se encontre nele. Muitos dão vexame!

Porém não deveria ser assim. Certamente se os Apóstolos vivessem nos dias de hoje

ficariam perplexos com o valor que nós devotamos ao Antigo Testamento. Pois eles

utilizavam-no bastante. Existe 1.040 citações de referências do Antigo Testamento no Novo

Testamento. Com exceção de apenas sete escritores do Antigo Testamento, todo o restante dos

escritores é citado ou deles se faz referência no Novo Testamento. São eles: Obadias, Naum,

Esdras, Neemias, Ester, Cânticos e Eclesiastes. Na realidade, de todo o Novo Testamento,

somente 26 capítulos não se referem ao VT.

Podemos considerar algumas verdades que devem mudar nossa posição em relação ao

Antigo Testamento.Vejamos o seguinte: 1- O Antigo Testamento representa a maior parte do

conteúdo de toda Bíblia; 2- Jesus e os Apóstolos o reconheceram como Palavra de Deus;

3- O Espírito Santo inspirou ambos os Testamentos; 4- O Antigo Testamento é útil para o

crescimento do cristão em santidade.

1 SMITH, William S. Deus e Seu povo - A mensagem do Antigo Testamento.Vol. 1: Introdução, lei e profetas

anteriores. Patrocínio-MG.CEIBEL, 1978. p. 1 2 Ibid. p.1.

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B - Características do Antigo Testamento

1 - Língua

Apesar de possuirmos hoje a nossa Bíblia em português, temos que nos lembrar (ou tomar

conhecimento) de que a língua em que ela foi escrita está longe de ter sido o português. As

diferenças entre as duas são notáveis. Tanto o hebraico tem um alfabeto diferente, como também

tem uma direção de escrita diferente. Além do fato de que o último texto do Antigo Testamento

escrito por profeta inspirado foi há mais ou menos 2.400 anos atrás.

A língua em que foi escrito o Antigo Testamento foi o hebraico, a língua falada pelos

israelitas. Na verdade, esta faz parte da cultura passada pelo patriarca Abraão. Que por sinal

também não tinha o hebraico como língua materna.

―Alguns comentadores dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha língua

semítica – A caldaica – a qual era a da sua própria terra (Gn 12:1-5), quando saiu de Ur, e adotou

a língua dos cananeus, em cujo meio foi morar.‖3―Esta língua Cananéia, que Abraão usou, era,

provavelmente, a mesma ou alguma forma dela, que foi conhecida mais tarde como a língua

hebraica.‖4Quase todo o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, com exceção de poucas

porções no aramaico: (Ed 4:8- 6:18; 7:12- 26), Jeremias (10:11) e de Daniel (2:4 -7:28). O tempo

percorrido para escrita de todo o Antigo Testamento foi de aproximadamente mil anos (1400 a

400 a.C.). Vários autores fizeram parte desta composição.

2 - Cânon

Para nós que recebemos a Bíblia com todos os seus livros já agrupados é muito bom e

fácil. Porém, nem sempre foi assim. Houve divergências com relação a reconhecer quais os livros

que deveriam fazer parte do cânon. Por fim, cremos que pela graça de Deus foram preservados os

livros que foram Inspirados.

―Há três elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: A inspiração

de Deus, o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a coleção dos livros inspirados

pelo povo de Deus.‖5

a)Inspiração de Deus - ―É evidente que o povo de Deus não teria como reconhecer a autoridade

divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma autoridade.‖6

b)Reconhecimento por parte do povo de Deus - ―Esse reconhecimento ocorria de imediato, por

parte da comunidade a que o documento foi destinado originariamente. A partir do momento que

o livro fosse copiado e circulado, com credenciais da comunidade de crentes, passava a pertencer

ao cânon.‖7

c)Coleção e Preservação pelo povo de Deus - ―O povo de Deus entesourava a Palavra de Deus‖.8

(Dt 31:26; 1Sm 10:25; 2Rs 23:24; Dn 9:2, 6, 13; Ne 9:14, 26-30). Não deixava se perder os

livros, mas os guardavam com zelo e respeito.

3 MEIN, John. A Bíblia e como chegou até nós. JUERP. Rio de Janeiro. 3ª ed, 1977. p. 17 4 Ibid. p. 18 5 GEISLER, Norman, William Nix. Introdução Bíblica - como a Bíblia chegou até nós. Tradutor Oswaldo Ramos.

São Paulo - SP. Editora Vida, 1997. p. 74 6 Ibid. p. 74 7 Ibid. p. 74 8 Ibid. p. 74

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Os autores do livro ‗Introdução Bíblica - como a Bíblia chegou até nós‘, dizem depois de

muito apurarem: ―Nossa investigação demonstra que, no que diz respeito às evidências, o cânon

do Antigo Testamento se completou por volta de 400 a.C ‖.9Até ao tempo da Reforma os livros

apócrifos não eram aceitos como canônicos. E ―a canonização que receberam no Concílio de

Trento não recebeu o apoio da história.‖10

Provas da não-canonicidade dos apócrifos:

1- A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;

2- Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do NT;

3- A maior parte dos primeiros grandes Pais da Igreja rejeitou sua canonicidade.11

3 - Texto

A Bíblia como nós temos hoje foi escrita há muito tempo atrás. Os textos originais

escritos pelos escritores inspirados chamam-se autógrafos. Evidentemente nem a igreja, nem os

judeus, nem ninguém hoje em dia possui algum autógrafo. Os escritos que temos são resultado de

um processo de cópias que foi se dando através do tempo. Não significa, no entanto, que

perdemos alguma porção da mensagem revelada e inspirada dada por Deus.

―Os manuscritos do Antigo Testamento geralmente vêm de dois amplos períodos de

produção. O período talmúdico (300 a.C. — 500 a.C.) produziu manuscritos usados nas

sinagogas e outros em estudos particulares. Em comparação com o período massorético posterior

(500 a.C. — 1000 d.C.), aquelas cópias de manuscritos primitivos são em número menor;

todavia, são cópias consideradas ―oficiais‖, cuidadosamente transmitidas.‖12

C - Disposição dos Livros do Antigo Testamento

A disposição dos livros como a conhecemos e recebemos hoje não era a usada pelos

judeus.―A Igreja Cristã evidentemente realizou uma mudança importante na ordem, colocando os

livros de oráculos proféticos, a partir de Isaías, no final do Antigo Testamento. O propósito dessa

mudança foi abrir caminho para o Novo Testamento, acrescentado como o relato do cumprimento

da profecia do Antigo Testamento.‖13

No começo do séc. III Orígenes já se refere ao AT na

ordem: Lei, História, Poesia e Profecia.

9 GEISLER, Norman, William Nix. Introdução Bíblica - como a Bíblia chegou até nós. p. 83 10 Ibid. p. 97 11 Ibid. p. 97 12 Ibid. p. 134 13 LASOR, William S., David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução Lucy

Yamakami. Edições Vida Nova. São Paulo-SP 1ª ed, 1999. P. 656

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D - Cronologia do Antigo Testamento14

Acontecimento Data

Criação de Adão 4173 a.C.

Da criação à descida de Jacó para o Egito –

2298 anos (Gn 5; 11; 47:9)

1875 a.C.

Da descida de Jacó ao êxodo de Moisés – 430

anos (Êxodo 12:40)

1445 a.C.

Do êxodo à construção do templo de Salomão –

480 anos

966 a.C.

Começo do reino de Davi 1010 a.C.

Divisão do reino 931 a.C.

Purificação dos dois reinos por Jeú 841 a.C.

Queda de Samaria 722 a.C.

Começo do exílio judaico (606; 597; 586) 606 a.C.

Retorno com Zorobabel para reedificar o

templo

537 a.C.

Retorno de Neemias para reedificar os muros da

cidade

444 a.C.

II - As Alianças

Para que tenhamos uma visão mais completa e compreensível do conteúdo bíblico, se faz

necessário um entendimento do que está ocorrendo nas páginas de toda esta história. A Bíblia é

um só livro!Certo? Mas ela trata de quê? Para um leitor desapercebido, ela poderá estar falando

de vários assuntos, vários acontecimentos, várias personagens. E por fim ele não compreender o

que ela quer passar a ele afinal.

Para começar é preciso entender não somente que a Bíblia é um só livro, mas também que

a Bíblia toda é uma única história. E toda parte tem sua função e propósito dentro dela. Para não

divagarmos pensando em qual assunto ela trata (visto que ela trata de inúmeros assuntos), vamos

nos restringir em achar um tema central que liga o restante dos temas secundários que ela

apresenta. Vários temas centrais podem ser especulados, por exemplo: Aliança, eleição, reino de

Deus, promessa e cumprimento, ou simplesmente Deus. No entanto, abordaremos em nosso

estudo panorâmico do AT o tema da ―Aliança‖.

O tema ―Aliança‖ no Antigo Testamento pode ser resumido na seguinte frase dita pelo

próprio Deus: “Eu serei o seu Deus, e vós sereis o meu povo”. Toda a história bíblica vai ser

conduzida tendo esta idéia como ‗pano de fundo‘. Não que desprezemos os outros sub-temas

presentes, mas que este se torna o foco principal.

Agora que já definimos sobre qual trilho caminhar, é preciso um exame da idéia contida

na palavra-tema ―Aliança‖. A Aliança não é nada mais do que a escolha divina de um povo para

seguir seus mandamentos servindo-o (Gn 12:1-3; Ex 3:7-10; Dt 6:1-5). O amor é a causa desta

escolha (Dt 4:37; 10:14-15; 7:7-8; 9:4-6; 10:15; 23:5).―O propósito real da Aliança consiste na

14 ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Tradução Emma Anders de Souza Lima. Flórida.

Editora Vida, 1991. p. 12

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intenção de Deus de formar um povo propriamente seu‖.15

Uma Aliança que redunda em benção

para o seu povo. O propósito final desta Aliança é a glória de Deus.

Certamente que Deus está disposto a abençoar o Seu povo (Lv 26:3-13; Nm 10:29;

Dt 11:13-17). Seguindo pela história bíblica podemos perceber que este alvo de relacionar-se

com um povo por meio de Aliança está sendo levado a efeito durante o passar do tempo: Abraão

– (Gn 17:7); Moisés – (Ex 6:6,7; 19:4,5; Lv 11:45;Dt 4:20); Davi – (2Rs 11:17; Ez 34:24); Nova

Aliança – (2Co 6:16; Hb 8:10; Zc 8:8; 2:11; Jr 24:7; 31:33; 32: 37).

Dividimos o propósito de Deus quanto a Aliança com seu povo escolhido em duas

Alianças básicas: A Aliança da Criação e a Aliança da Redenção. E ainda ―subdividir‖ esta

última Aliança em duas administrações diferentes. Seguindo esta ―subdivisão‖ da Aliança da

Redenção podemos dizer que: ―O pacto de Deus com o homem antes de Cristo pode-se chamar

‗velha aliança‘, e o pacto de Deus com o homem depois de Cristo pode-se chamar ‗nova aliança‘.

A ‗velha aliança‘ pode ser caracterizada como ‗promessa‘, ‗sombra‘, e ‗profecia‘; a ‗nova

aliança‘ pode ser caracterizada como ‗cumprimento‘, ‗realidade‘ e ‗realização‘.‖16

Não é que

Deus providenciou dois Pactos e duas administrações. Mas sim que é o mesmo Pacto (ou Aliança

da Redenção) com administrações diferentes.

A - A Aliança da Criação

Quando falamos de ‗Aliança da Criação‘ entendemos que Deus se relaciona com o

homem por meio desta Aliança. Há uma diferença básica entre a ‗Aliança da Criação‘ e a

‗Aliança da Redenção‘. ―A ‗Aliança da Criação‘ refere-se ao pacto que Deus estabeleceu com o

homem na criação. A ‗Aliança da Redenção‘ inclui as várias ministrações pelas quais Deus

ligou-se ao homem desde a queda.‖17

Ao criar o homem Deus o vocacionou para ser o vice-regente da criação. O homem foi

chamado para dominar (Gn 1:26, 28). Ele deveria ser sobre todos, e sob Deus. Toda criatura

humana seria automaticamente responsável por fazer este papel no mundo. ―Deus chama a

humanidade para o papel de vice-regente sobre o mundo; todos devem participar

responsavelmente nesta tarefa.‖18

O papel que o homem haveria de cumprir pode ser chamado de ‗Mandato Cultural‘.

―O mandato cultural chama toda a humanidade a participar na ordenança e na administração da

criação, isto é, na obra da civilização e da cultura.‖19

Era uma posição de honra. Nenhum ser

possuía a imagem de Deus em si. ―Porque o homem porta a imagem de Deus, sua função é

dominar a terra e se submeter a Deus.‖20

O que mais poderia almejar? Tudo era benção e gozo.

Nada lhe faltava ou lhe faria mal. A não ser sua própria decisão.

15 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos. Tradução Américo J. Ribeiro.Luz Para o Caminho. Campinas-

SP. 1ª ed, 1997. p. 44 16 Ibid. p. 53 17 Ibid. p.53 18 CARRIKER, Charles Timothy. Missão Integral - uma teologia bíblica. São Paulo-SP. Editora SEPAL, 1992.

p.24 19 Ibid. p. 24 20 Ibid. p. 30

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B - A Quebra da Aliança

Porém, o homem não permanece em seu estado de perfeição e acaba por enveredar

em um caminho sem volta. A Aliança estabelecida por Deus está altamente ligada com a

condição de vida e morte. Se o homem escolhesse a obediência, gozaria de uma comunhão eterna

com o seu Criador. Entretanto, ao escolher a desobediência, o homem recebeu a dura condenação

da morte. A separação eterna do seu Criador. Por um momento, para o homem, tudo pareceu

perdido. Visto o Criador ser Justo Juiz, o que não poderia levá-lo a cumprir a sentença prevista?

A partir deste momento é que podemos ver não só simplesmente o Poder, a Sabedoria, a

Providência, a Benção, a Proteção manifestada por Aquele que fizera Adão e Eva. Entraria um

aspecto não visto antes com tanta clareza como agora: a Sua graça. A Aliança havia sido

desprezada pela criatura, mas não havia saído dos olhos e mente do Criador.

A partir deste momento em diante, o tratamento do Senhor para com o homem seria

baseado não na Aliança da Criação, mas na Aliança da Redenção.

C - A Aliança da Redenção

A doutrina da Aliança ―entende toda a história, depois da queda do homem em pecado,

como unificada sob as cláusulas da Aliança da Redenção.‖21

Dando início com a promessa a Adão

(já em pecado) e continuando na história, ―Deus ordena todas as coisas com vistas ao seu

propósito singular de redimir um povo para si mesmo.‖22

A Aliança da Redenção estabelecida

por Deus caminhará se revelando progressivamente durante a história.

Se olharmos com atenção vamos perceber que ―a história da Aliança no Antigo

Testamento em geral demonstra a incapacidade humana em obedecer aos requerimentos pactuais.

Entretanto, o Deus gracioso da aliança continua fiel às suas promessas, mesmo quando os seres

humanos são infiéis.‖23

Isto implica em dizer que não vamos ver Deus desistir do homem. Ainda

que o Diabo, o mundo ou a natureza pecaminosa tente minar a vida do povo escolhido, este povo

sempre estará sob os olhos do Pai.

Pois como demonstra a história canônica, ―o objetivo da ação de Deus dentro da Aliança

é, como sempre foi, a reunião e a santificação do povo da Aliança vindo de ‗todas as nações,

tribos, povos e línguas‘(Ap 7:9), que um dia habitarão a nova Jerusalém, numa ordem mundial

renovada (Ap 21:1-2).‖24

O propósito de formar um povo santo, exclusivo para si será

concretizado. Como diz Jó: ―... nenhum dos teus planos pode ser frustrado‖(Jó 42:2).

D - Aspectos Diversos da Aliança

Mesmo concebendo biblicamente que a Aliança da Redenção é uma e a mesma, em todo o

tempo, até a consumação de todas as coisas; não podemos deixar de entender que ela se manifesta

em variados aspectos. ―As variadas manifestações históricas da Aliança da Redenção podem ser

categorizadas de acordo com suas ênfases específicas:‖25

21 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos, p 186. 22 Ibid. p 186. 23 Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri. Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, p 33. 24 Ibid. p 28. 25 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos, p 57.

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Adão: A Aliança do Começo

Noé: A Aliança da Preservação

Abraão: A Aliança da Promessa

Moisés: A Aliança da Lei

Davi: A Aliança do Reino

Cristo: A Aliança da Consumação

Para que entendamos mais a respeito destas manifestações históricas da Aliança da

Redenção firmada por Deus, caminhemos em direção a um maior conhecimento do que propõe

cada uma delas. Pormenorizadamente podemos traçar de que se trata cada uma delas. Ou, dizer a

idéia central de cada uma. Novamente enfatizamos que não existem várias Alianças de Deus com

a humanidade, mas sim duas: A Aliança da Criação e a Aliança da Redenção. As outras são

apenas manifestações diversas da última Aliança.

1 - Aliança da Criação

―A responsabilidade do homem como ser criado à imagem de Deus no sentido de formar

uma cultura para a glória do Senhor indica algo da amplitude da responsabilidade humana

estabelecida pela criação. O universo inteiro devia ser posto sob sujeição à glória de Deus.‖

Sendo assim, ― a obrigação do homem para com o seu Autor estendia-se a toda área da atividade

humana.‖26

―Por meio deste relacionamento de abrangência total, Deus ligou-se à criatura

humana.‖27

2 - Adão: A Aliança do Começo

―As palavras iniciais de Deus a Adão depois da sua queda em pecado podem ser

apropriadamente consideradas em termos do princípio da sua história de Aliança. Deus

conquistará para o homem uma redenção completa. Todo este programa é direcionado no sent ido

da restauração do homem ao seu estado de benção, no qual ele foi originalmente criado.‖28

Aliás,

o estado do homem quando na consumação da Nova Aliança, superará o estado em que estava

Adão, pois gozará de vida eterna. Isto Adão não possuía antes da Queda.

3 - Noé: A Aliança da Preservação

―A responsabilidade do homem sob a Aliança de Noé de multiplicar-se e encher a terra

não pode ser entendida de outra maneira, a não ser a renovação dos mandatos originais da

criação.‖29

Esta ―Aliança de Deus com Noé deve ser entendida no contexto do comprometimento

de Deus de redimir um povo para si mesmo. Se o compromisso principal do Senhor na Aliança

com Noé é preservar a terra, esta preservação tem como seu alvo o sustento do mundo até que a

redenção seja alcançada.‖30

26 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos. p. 184 27 Ibid. p. 184 28 Ibid. p. 186 29 Ibid. p. 188 30 Ibid. p. 189

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4 - Abraão: A Aliança da Promessa

O texto de (Gn 15), ―indica claramente a essência da Aliança como sendo um ‗pacto de

sangue soberanamente ministrado‘. Essa ministração particular do comprometimento de Deus de

efetuar a redenção pode, apropriadamente, ser designada ‗Aliança da Promessa‘.‖31

5 - Moisés: A Aliança da Lei

―A Aliança é o conceito maior, que sempre toma precedência com relação à Lei. A

Aliança une pessoas; estipulações legais externas representam um modo de ministração dos laços

da Aliança. Deus renova o comprometimento antigo com o seu povo pela Aliança de Moisés. A

Lei serve somente como um modelo único de ministração da Aliança de Redenção...

O relacionamento de Aliança renovado sob Moisés não pode perturbar o comprometimento de

Deus em andamento por sua ênfase à dimensão legal do relacionamento da Aliança.

Diferenciando das outras Alianças anteriores, ―a Aliança mosaica manifesta seu caráter distintivo

como sumário externalizado da vontade de Deus.‖32

6 - Davi: A Aliança do Reino

―O estabelecimento da Aliança davídica no Velho Testamento representou um momento

de suprema consumação na história da redenção, antes do aparecimento real do próprio Cristo. O

trono de Davi introduziu definitivamente uma nova época na história do Velho Testamento,

enquanto, ao mesmo tempo, antecipava tipicamente o reino messiânico de Cristo.

A localização do trono de Deus em Jerusalém, e a identificação virtual da dinastia

davídica com a manifestação do senhorio de Deus na terra, elevaram ao clímax as representações

típicas do Velho Testamento do movimento direcionado ao estabelecimento de um reino

messiânico.‖33

7 - A Nova Aliança: A Aliança da consumação

―A grande divisória na história da redenção para os teólogos da Aliança distingue a Velha

Aliança, com suas profecias e símbolos, da Nova Aliança, com seus cumprimentos e realidades.

Cada uma dessas Alianças sucessivas feitas com Adão, Noé, Abraão, Moisés e Davi acha seu

cumprimento na Nova Aliança.‖34

Apesar de ser a última do estágio progressivo revelacional da

obra redentora ―as estipulações da Nova Aliança receberão efetivação mais completa na era

vindoura. No presente, o crente vive em tensão entre as promessas de Deus como já cumpridas, e

as mesmas promessas como tendo ainda de alcançar realização mais rica.‖35

E - Administração da Aliança da Redenção no Antigo Testamento

Na História da Redenção Deus não se revelou só por meio das palavras, mas também por

meio de fatos. ―Os dois caminham juntos e se complementam mutuamente. As palavras explicam

31 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos. p. 115 32 Ibid. p. 155 33 Ibid. p. 197 34 Ibid. p. 200 35 Ibid. p. 200

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os fatos e os fatos dão formas concretas às palavras.‖36

Sabendo disto será valioso conhecer e

entender quais os meios que Deus utilizou para ensinar sua verdade ao seu povo. Não falaremos

de todos, mas somente de dois que estão muito presentes no Antigo Testamento: O símbolo e o

tipo.

Os símbolos e os tipos direcionam para outra coisa. Não são um fim em si mesmos. No

Antigo Testamento notamos a presença intensa deles, estes, porém, não estão assim no Novo

Testamento. ―Enfim, o VT contém em símbolos as doutrinas do Novo, e este alicerça suas

doutrinas nos símbolos daquele.‖37

1 - Símbolos

Podemos assim conceituar: ―É o emprego de algum objeto material para evocar idéia ou

coisa espiritual ou moral.‖38

O símbolo ―é um sinal; pode se referir a algo do passado, presente ou

futuro; é um fato que ensina uma verdade moral.‖39

Ex: Sangue = simboliza a vida;

Vestidos = símbolos de méritos ou de justiça real ou suposta (Is 60: 10; 64:6); Fogo = juízo

divino contra Israel (Am 7:4-6); Óleo = Espírito Santo.

2 - Tipos

Antes de tudo temos que conceituar o que é tipo. Depois nos deteremos em falar de

exemplos que nos ajudarão a entendê-los. Vejamos três conceituações:

a)Antônio Almeida: ―É a representação de pessoa ou transação futura na esfera espiritual

ou religiosa por meio de transações, pessoas ou coisas do mundo material que tenham com elas

certa correlação de analogia ou mesmo de contraste.‖40

b) Louis Berkhof: ―É um modelo ou uma imagem de alguma outra coisa; sempre

prefigura algo da realidade futura.‖41

c) Henry A. Virkler: ―É uma relação representativa preordenada que certas pessoas,

eventos e instituições tem com pessoas, eventos e instituições correspondentes, que ocorrem

numa época posterior na história da salvação.‖42

―A prefiguração é chamada tipo; o cumprimento chama-se antítipo.‖43

Por isto

encontramos os tipos no AT e os seus antítipos no NT (antítipo – é o cumprimento real do tipo.

É a realidade para a qual o tipo aponta). ―No tipo há analogias bem notáveis para com o

antítipo.‖44

Ex: Adão – Cristo (Rm 5:14); Melquisedeque – Cristo (Hb 7:1-3); Moisés – Cristo

(Dt 18:18); História de Israel – Igreja (apresenta vários acontecimentos da vida dos israelitas

como típicos das experiências dos crentes) (1Co 10:1-12); Tabernáculo – céu (Hb 9:24);

36 BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. Tradução Mauro Meister.Editora Cultura Cristã. São

Paulo-SP. 1ª ed, 2000. p. 139 37 ALMEIDA, Antônio. Manual de Hermenêutica Sagrada. Casa Editora Presbiteriana. São Paulo-SP. 2ª ed, 1985.

p. 41 38 Ibid. p. 39 39 BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. p.142 40 ALMEIDA, Antônio. Manual de Hermenêutica Sagrada. p.39 41 BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. p.142 42 VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada - Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. Tradução

Luiz Aparecido Caruso. Editora Vida, 1987. p. 141 43 Ibid. p. 142 44 ALMEIDA, Antônio. Manual de Hermenêutica Sagrada. p. 39

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Sacrifício – Cristo (Jo 1:29-36; Hb10:5-9); Páscoa – Morte de Cristo (1Co 5:7-8); Arão- Cristo

(Hb 5,7); Maná- Cristo (Jó 6:32,33,58).

3 - Limitações

Não há dúvidas de que a administração da Aliança da Redenção no Antigo Testamento

não é a mesma no Novo Testamento. ―Como tipo profético da realidade antecipada, o tratamento

de Deus com Israel como seu povo eleito podia apenas aproximar-se da significação dos

propósitos reais de Deus para com aqueles que deviam ser redimidos em Cristo.‖45

―Deus

prefigurou sua obra redentora no Antigo Testamento, e cumpriu-a no Novo; o Antigo Testamento

contém sombras de coisas que seriam reveladas de modo mais pleno no Novo.‖46

III - Panorama do Antigo Testamento A - Livros da Lei

Quando lemos as Escrituras trazemos consigo toda nossa história de vida. Coisas que

aprendemos, ouvimos, vimos, achamos, queremos, etc. Enfim, não seremos justos com a Palavra

Sagrada se a interpretarmos seguindo qualquer um destes aspectos citados supra. Portanto,

devemos ver o que o autor do Pentateuco quer passar para nós. O que ele tem a dizer para nossa

vida que nos levará a ter maior compreensão de Deus e comunhão com Ele.

1 - Título

O nome Pentateuco vem da versão grega que remonta ao séc. III a.C.;

significa: pente - cinco; teuchos - estojo para o rolo de papiro. Geralmente pensamos no

Pentateuco (que é chamado o livro da Lei) como expressando somente mandamentos e

proibições. No entanto, a palavra hebraica usada com relação ao Pentateuco é ‗Torá‘, que quer

dizer ―instrução‖.

2 - Autoria

Embora não tenhamos um texto que indique que o autor de todo o Pentateuco tenha sido

Moisés, temos outros livros no AT e no NT que o cita como sendo obra dele (Js 1:7-8; 23:6;

1 Rs 2:3; Ed 3:2; 6:18; Nm 8:1; Dn 9:11-13; At 13:39; Hb 10:28; 2Co 3:15; Jo 5:46; Mt 8:4; Mc

7:10; Lc 16:31; 24:27). Moisés possuía preparo, experiência, e gênio que o capacitavam para

escrever o Pentateuco (At 7:22). Além de ter sido testemunha ocular dos acontecimentos; recebeu

revelações especiais; e como hebreu, tinha acesso a genealogias, e a tradições tanto orais como

escritas de seu povo.

3 - Data

Apesar de existir muitos estudiosos hoje em dia que duvidem da autoria mosaica do

Pentateuco, afirmando ―que o Pentateuco foi composto por editores durante o período que

45 ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos Pactos. p. 193 46 VIRKLER, Henry A. Hermenêutica Avançada - Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. p. 142

Page 12: Panorama do Antigo Testamento

12

seguiu-se ao exílio babilônico do século VI a.C.‖47

; nós aceitamos a autoria de Moisés

entendendo que sua data de escrita foi no período de 1443-1405 a.C.

4 - Conteúdo

Podemos dividir o Pentateuco em 6 temas: Eleição, Promessa, Livramento, Aliança, Lei e

Terra. Possui duas divisões principais: Gn 1-11 e Gn 12-Dt 34. A relação entre ambas as divisões

do Pentateuco está no problema do pecado causando separação da criação em relação a Deus; e a

solução apresentada por Deus que começa a ser mais nítida em (Gn 12:3).

Em (Gn 12:1-2) vemos os três aspectos que vão continuar por toda a história bíblica: Uma

terra, uma nacionalidade e a benção (que implica em promessa de um relacionamento com Deus

– Gn 17:7,19; 26:3,24; Lv 26:12; Ex 3:6,15).

5 - Importância do livro

O Pentateuco é desprezado por muitos cristãos de uma forma injusta e insensata. Este

livro é muito valioso; os cristãos é que não estão sabendo utilizá-lo. Vejamos aspectos

importantes encontrados neste livro (ou livros):

A- Cósmico: Explica a origem do universo, revelando a ―Primeira Causa‖ de todas as

coisas – Deus.

B- Histórico: Nele está contada a origem do homem numa linha contínua iniciada de Adão.

Demonstra também o início e expansão das raças do mundo: Oriental, Negróide e

Ocidental.

C- Profético: É fundamental para o restante da Bíblia, pois os principais conceitos teológicos

estão iniciados nele. Ex: Criação, Deus, pecado, redenção, oração, etc.

6 - Tipos de Lei e seu Propósito

A Lei serve para mostrar o favor de Deus para com Israel (Sl 78:5), como também para

mostrar o pecado do povo para com Deus (Dt 31: 26-27). Servia de testemunha mostrando o que

o Povo devia a Deus (ou seja a morte) e de testemunha do que Deus prometera ao povo (ou seja a

vida).

Lei Histórico Poético Profético

Promessas não cumpridas

Testemunha contra Israel

Certamente que a Lei não foi dada por mero prazer ou imposição de Moisés. Foi o próprio

Deus que a formulou e ordenou. Ele ―proferiu e revelou diversas determinações e deveres para o

homem‖48

.―Sua vontade para o homem, constitui a sua Lei e ela representa o que é de melhor

47 Bíblia de Estudo de Genebra. p. 3 48 A Atualidade da Lei - A resposta da fé a questões modernas. São Paulo-SP. Editora Cultura Cristã. p. 1

Page 13: Panorama do Antigo Testamento

13

para os seus‖49

.―O biblista francês Pierre Grelot afirma que a Lei ‗designa um ensinamento dado

por Deus aos homens para regular sua conduta‖50

. Observemos os propósitos pelos quais a Lei

existia:

- A lei não foi dada como meio de salvação, mas de consagração;

- A lei reflete o direito Soberano de Deus sobre todas as áreas da vida do ser humano;

- Mostrar ao povo da Aliança como se deveria cultuar a Deus;

- Revelar a Santidade de Deus;

- Ajudar os homens a distinguir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado;

- Atuar como um guarda que conduz os indivíduos a Cristo (Gl 3:22-24). Mostra-lhes que a única

esperança que eles têm de justificação é por intermédio de Cristo;

- Fazer existir sempre a justiça social.

As leis encontradas no Pentateuco não se limitam ao decálogo. Há várias leis presentes no

Pentateuco. Sendo assim, para fins didáticos e teológicos, costuma-se distinguir a Lei em três

aspectos:

1. O Aspecto Cerimonial: As observâncias rituais que apontavam para frente, para a

expiação final em Cristo.‖Tinha a finalidade de impressionar aos a santidade de Deus e

concentrar suas atenções no Messias prometido, Cristo, fora do qual não há esperança‖.51

(Hb 7-10; Lv 20:25, 26; Sl 51:7, 16, 17; Is 1:16);

2. O Aspecto Civil ou Judicial: As leis que Deus prescreveu para uso no governo civil de

Israel (Lv 20:10; Dt 21:18-21);

3. O Aspecto Moral: O corpo de preceitos morais de aplicação universal e permanente a toda

a humanidade. ―Tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres,

revelando suas carências e auxiliando-o a discernir o bem do mal‖52

. (Rm 6: 15-23;

1Co 5; 6:9-10).

B - Livros Históricos

1 - Título

Os hebreus denominavam Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis como os ―Primeiros

Profetas‖, enquanto Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores como os ―Últimos

Profetas‖. Esta expressão ―Primeiros‖ e ―Últimos‖ não dizem respeito à sua crono logia histórica,

mas somente diz respeito ao grupo de livros ao qual faz parte. O cenário histórico dos Últimos

Profetas encontra-se nos Primeiros Profetas. Sendo assim, os Primeiros profetas são históricos; os

Últimos, exortativos.

Nós não utilizamos esta designação, e costumeiramente denominamos estes livros (Js, Jz,

1 e 2 Sm, 1 e 2 Rs) de ―Livros históricos‖. ―Os livros de Js a Rs são também chamados de

49 Ibid., p. 1. 50 Os Dez Mandamentos. Manhumirim-MG. Didaquê, 1996. p. 4 51 A Atualidade da Lei-A resposta da fé a questões modernas. p. 2. 52 Ibid. p. 2

Page 14: Panorama do Antigo Testamento

14

―História Deuteronomística‖, uma vez que o livro de Deuteronômio serve como introdução

histórica e teológica dos mesmos.‖53

2 - Autoria

Todos os livros históricos são anônimos. ―Foram visivelmente escritos ou compilados por

vários indivíduos que possuíam o dom profético, reconhecidos como representantes de Deus‖.54

3 - Conteúdo

Os livros denominados por nós como históricos são os livros de Josué a Ester (segundo

nossa disposição dos livros). Estes livros abordam os acontecimentos da nação de Israel durante

todo o tempo em que se estabeleceram na Palestina. Desde ―a tomada da terra‖ após o êxodo do

Egito, até ―à volta para a terra‖ depois do Exílio da Babilônia. No primeiro momento Israel

expulsa as nações ímpias da Terra da Promessa; no segundo momento eles próprios são expulsos

da Terra da Promessa por nações ímpias; no terceiro momento eles voltam para a Terra da

Promessa.

Uma referência ao assunto tratado pelos Livros Históricos pode ser esboçada da seguinte

forma:

Os livros de (Js a Rs): ―O tema teológico dominante da História Deuteronomística pode

ser resumido na seguinte afirmação: o pecado traz a punição; o arrependimento traz a

restauração‖.55

Os livros de (Crônicas, Esdras e Neemias), ―preocupam-se profundamente com a questão

de como o povo de Deus deveria corresponder ao ato gracioso de Deus na restauração de Judá...

estavam preocupados principalmente com as lições a serem tiradas da história antiga e recente de

Israel visando a manutenção da integridade religiosa do povo‖.56

O objetivo do livro de Ester ―foi evidentemente encorajar os judeus dispersos por todo o

império com a história do contínuo interesse e presença do Senhor, mesmo que ele não fosse

visto e os judeus estivessem longe do templo de Deus em Jerusalém. Apesar de o nome do

Senhor não ser mencionado, sua divina direção faz-se presente em todo o livro‖.57

‖Sua Soberania

e Providência são evidentes em toda a narrativa‖58

.Se olharmos os acontecimentos que ocorreram

vamos perceber que tudo estava caminhando para o bem dos judeus, os ―fatos demonstram o

controle de Deus e Seu cuidado para com o Seu povo (Sl 121:4)‖59

.

Podemos dividir a história bíblica com os seguintes termos:

1) Introdução - Nesta seção Deus chama Abraão e lhe faz a promessa de formar uma grande

nação, dar-lhes uma terra, e que por meio desse povo abençoará todos os outros povos. O

53 Bíblia de Estudo de Genebra. p. 243 54 ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Tradução Emma Anders de Souza Lima. Flórida.

Editora Vida, 1991. p. 63. 55 Bíblia de Estudo de Genebra. p. 243 56 Bíblia de Estudo de Genebra. p. 243 57 ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. p. 138. 58 A Bíblia Anotada. Tradução Carlos Oswaldo Cardoso Pinto. São Paulo-SP. Editora Mundo Cristão. 1ª ed, 1991.

p. 646. 59 Ibid. p. 646.

Page 15: Panorama do Antigo Testamento

15

aspecto principal: ‗As promessas feitas por Deus‘. E a promessa chave é que ―Deus será o

deus deles‖ (Gn 17:8).

2) Formação - Deus toma a descendência de Abraão para formar Seu povo. Tem início com

o êxodo, e em seguida veio a Aliança no Sinai, a peregrinação no deserto, posse da terra,

vivência na terra conquistada.

3) Reformação - Apesar de tantas provas de amor e misericórdia de Deus, o povo torna-se

desobediente, a tal ponto que não atenderam às advertências proféticas. Desta maneira

Deus age contra o Seu povo para reformá-lo, isto, através do exílio.

4) Transformação – Os profetas não só chamavam o povo para um retorno à lei, mas às

vezes revelava os planos futuros de Deus. Falavam da Nova Aliança, do derramamento do

Espírito, da vinda do Messias, do Reinado vitorioso de Deus sobre os ímpios, etc. ―Desta

maneira os profetas apontam ao povo uma época que será caracterizada pelo cumprimento

das promessas‖.60

Uma transformação marcada pela vinda do Grande Rei, o Messias,

descendente de Davi. Ele mesmo efetuará esta transformação no povo.

5) Conclusão – Nesta etapa Deus levará a cabo a transformação do Seu povo (e da criação!)

que Ele iniciou com a obra do Messias.

4 - Divisão dos Livros Históricos

Na divisão hebraica da Bíblia em Primeiros Profetas (Profetas Anteriores) e Últimos

Profetas (Profetas Posteriores) é perceptível algumas diferenças. ―Uma diferença mais

fundamental é que os Profetas Anteriores são constituídos de narrativas. Eles registram de modo

seletivo uma narrativa contínua dos eventos da história de Israel... ao contrário, é possível

reconstruir um vago esboço de história somente a partir dos Profetas Posteriores. Personagens

históricos e eventos são mencionados, mas não há seqüência de eventos. Os Profetas Posteriores

concentram-se na mensagem pregada pelos profetas e relegam a narrativa a um plano

secundário‖.61

5 - Propósito

Um fator importante a ser explicado é que ―ao longo dos Profetas Anteriores domina a

perspectiva religiosa. Isso, portanto, não é história conforme escreveria um historiador de hoje.

Antes, é história de uma perspectiva profética... os eventos são analisados de acordo com a

verdade profética de que Javé é soberano na história, tanto ao proferir como ao cumprir sua

palavra profética‖.62

Não implica dizer que estes escritores inventaram uma estória ou que escreveram mitos.

Quer dizer, isto sim, que ―os Profetas Anteriores contém dados históricos escolhidos de acordo

com uma perspectiva profética‖.63

―A história bíblica é história, mas com a perspectiva profética

de ser a ‗História Divina‘.‖64

Desta forma faz-se necessário entender que ―o elemento histórico

60 SMITH, William S. Deus e Seu povo - A mensagem do Antigo Testamento.Vol. 1. p. 39. 61 LASOR, William S., David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento. p. 143 62 Ibid. p. 143 63 Ibid. p. 143 64 ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Tradução Emma Anders de Souza Lima. Flórida.

Editora Vida, 1991. p. 67.

Page 16: Panorama do Antigo Testamento

16

nos Profetas Anteriores – ou em todo o Antigo Testamento – está ligado à sua mensagem

espiritual.‖65

6 – Datas Chaves

Apesar de a história canônica ter sido escrita para nossa edificação (1Co 10: 6, 11),

decerto não podemos decorar todos os fatos registrados nela. Contudo, nada impede de

conhecermos pelo menos algumas datas chaves que ‗nos darão um norte‘ na hora de lermos um

texto, ou mesmo ouvirmos sobre eles. A história narrada está acontecendo durante um período

longo de tempo, ainda que não pareça ao leitor quando lê.

Há três acontecimentos que, podemos assim dizer, são ‗marcos‘ para a história de Israel:

A divisão do reino, a queda de Samaria e a queda de Jerusalém. Por isto, o conhecimento destas

datas poderá nos situar dentro da história canônica. São elas: 931 – A divisão do Reino; 722 – A

queda de Samaria; 586 – A queda de Jerusalém.

C - Livros Poéticos

Os livros que pertencem a este tipo de literatura são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e

Cantares de Salomão. Estão dispostos na Bíblia hebraica na divisão chamada ‗Escritos‘. Estes

livros não podem ser datados precisamente, e grande parte de sua autoria é anônima.

Esta parte da divisão bíblica não é igual às outras com relação à forma como Deus fala aos

homens. Não que sejam apócrifos, mas que constituem em uma ‗forma diferente‘ de revelação.

―Embora os Escritos não contenham mandamentos específicos de Deus ou oráculos ditados como

os profetas, são essenciais para a edificação do povo de Deus: Fornecem padrões indispensáveis

para oração e louvor; fazem compreender o trabalho de Deus na história; alertam o leitor para as

lições que devem ser extraídas da criação e do ambiente social humano; refletem reações ansiosas

e iradas do povo fiel diante do mistério dos caminhos de Deus; e servem como modelo de

coragem e devoção que o povo de Deus deve manter apesar da fragilidade humana e da oposição

hostil‖.66

―Os Escritos nos apresentam as respostas variadas à Lei por parte do povo de Deus,

sendo que reconhecemos todas as três divisões como Palavra de Deus‖.67

―Nessa literatura estão refletidos os problemas, as experiências, as crenças, as filosofias e

as atitudes dos israelitas‖.68

Utilizando-se desta ‗forma‘ de revelação, Deus não fala diretamente

para nós por meio das profecias ou por meio da história, mas sim por meio de expressões vivas

do coração dos autores humanos com relação a vida com Deus. Vejamos o que diz o teólogo

William S. Smith: ―As duas partes mais antigas do AT são antes de mais nada o fator ‗objetivo‘,

a palavra de Deus a Israel; na terceira parte do AT encontramos e ouvimos mais distintamente a

resposta humana.‖69

Estes livros ―analisam de diferentes ângulos o rico e gratificante tema da

vida humana em relação a Deus.‖ 70

65 LASOR, William S., David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento. p. 143 66 Ibid. p. 463 67 SMITH, William S. Deus e Seu povo - A mensagem do Antigo Testamento. Vol. 2. p. 328. 68 SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. Tradução João Marques Bentes. São Paulo-

SP. Vida Nova, 1995. p. 265 69 SMITH, William S. Deus e Seu povo - A mensagem do Antigo Testamento. Vol. 2: Os Profetas Posteriores e os

Escritos. Patrocínio-MG. CEIBE L, 1978. p. 328 70 LASOR, William S., David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento. p. 463

Page 17: Panorama do Antigo Testamento

17

Em geral, os Escritos ―dão a esta parte do AT o tom humano daqueles que recebem e

aceitam a revelação.‖71

Eles ―abordam problemas e verdades com os quais a humanidade toda está

familiarizada. Não obstante as diferenças de tempo, cultura e civilização, as idéias básicas

expressas pelos escritores israelitas, em sua interpretação da vida, continuam sendo vitalmente

importantes para os homens de toda parte.‖72

Deus Deus nos Profetas Povo

na Lei Povo nos Escritos

D - Livros Proféticos

1 - Definição e Função dos Profetas

A palavra comumente utilizada para designar aquele que é chamado para o ofício

profético é ‗profeta ‘. ―Significa basicamente aquele que fala em nome de um deus e interpreta

sua vontade para o homem.‖73

Eles eram chamados também de videntes, sentinelas ou pastores.

―O profeta, portanto, era alguém chamado por Deus e, como se vê no Antigo Testamento,

chamado para falar em nome de Deus.‖74

Uma parte significativa de todo material do AT está nos

livros denominados Proféticos. Longe do que parece ser à primeira vista, os profetas de Israel

surgiram logo cedo com Abraão, Moisés e Samuel (Gn 20:7; Dt 18:15; 1Sm 3:20). Deus usou

estes homens para falar ao povo. A profecia não é um fenômeno do tempo do reinado em Israel.

Geralmente se pensa que os profetas viviam proclamando as coisas do futuro. No entanto

não é assim que acontecia, pois ―menos que 2 por cento da profecia do Antigo Testamento é

messiânica. Menos que 5 por cento especificamente descreve a era da Nova Aliança. Menos que

1 por cento diz respeito a eventos ainda vindouros.‖75

Como vemos, a minoria do conteúdo

profético estava relacionada com os acontecimentos futuros. Não eram homens que só recebiam a

mensagem de Deus em estado de êxtase e assim proclamavam o plano divino quanto ao futuro.

Ao contrário disto, suas mensagens eram bem atuais para sua época. Sua função era fazer o povo

retornar aos mandamentos da Lei.

―Os profetas, com clareza, denunciavam os erros sociais e religiosos da sociedade e da

monarquia, e assim se tornaram arautos de uma compreensão verdadeiramente moral do reino de

Deus.‖76

Traziam consolações e exortações ao povo da Aliança. Diferente dos serviços regulares

71 SMITH, William S. Deus e Seu povo - A mensagem do Antigo Testamento. Vol. 2. p. 328. 72 SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. p. 265 73 LASOR, William S., David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Introdução ao Antigo Testamento. p. 238 74 Ibid. p. 239 75 FEE, Gordon D., Douglas Stuart. Entendes o que lês? Tradução Gordon Chown. São Paulo-SP. Edições Vida

Nova. 2ª edição, 1997. p. 154 76 CARRIKER, Charles Timothy. Missão Integral - uma teologia bíblica. p. 90

Page 18: Panorama do Antigo Testamento

18

dos sacerdotes, juízes e reis, o serviço profético veio muitas vezes para restaurar situações de

crise. Suas funções podem ser vistas como segue:

a - Porta-voz especial de Deus: A designação ―profeta‖ tem o significado de ―falar por‖ ou

representar. Sua função era anunciar a mensagem do Senhor ao povo.77

b - Vidente: ―A credencial de um profeta verdadeiro de Deus era a habilidade infalível de

penetrar no futuro e revelá-lo (Dt 18:21-22). Essa habilidade autenticava sua mensagem como

sendo divina.‖78

c - Professor da Lei e da Justiça: Normalmente, a função de ensino estava com os sacerdotes.

Porém, quando este degenerou, os profetas receberam esta função (Lv 10:11; Dt 33:10;

Ez 22:26).79

2 - Relação entre Profetas e Sacerdotes

Está claro biblicamente que tanto os sacerdotes como os profetas foram ordenados por

Deus, porém havia diferenças entre si:

1-Quanto ao chamado: Os profetas eram convocados individualmente por Deus, os sacerdotes

eram descendentes de Arão.

2-Quanto ao cargo: Os profetas constituíam-se representantes de Deus diante do povo; os

sacerdotes eram representantes do povo diante de Deus. O sacerdote estava relacionado com o

templo; os profetas relacionados às cidades e campos.

3-Quanto à obra especial: Os profetas clamavam por justiça espiritual e pureza interior; os

sacerdotes tinham sua visão voltada aos ritos religiosos da Aliança.

4-Quanto ao ensino: Todos dois interpretavam a Lei. Os sacerdotes eram os que ensinavam

habitualmente; os profetas pregavam reavivamento, reforma.80

3 - Classes de Profetas

Com a expressão ‗classes de profetas‘ não intencionamos dizer que existia uma diferença

essencial entre eles. É simplesmente uma designação para diferenciarmos o fato de que muitos

dos profetas do Antigo Testamento não deixaram nada escrito por Inspiração. Enquanto outros,

deixaram um livro escrito com suas mensagens. Contudo não podemos concluir com isto que

aqueles que nada deixaram escrito não foram verdadeiros profetas, ou que foram menos dignos,

ou menos ungidos. Podemos separar os profetas em duas classes:

a- Profetas da palavra: Gade (1Sm 22:5); Nata (2Sm 12:1); Ido (2Cr 9:29);

Aias (1Rs 11:29); Semaías (1Rs 12:22); Azarias (2Cr 15:1); Elias (1Rs 17:1);

Eliseu (2Rs 2:1) e outros.

b- Profetas da escrita: Todos os autores dos 16 livros proféticos que temos na Bíblia.

77 ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Tradução Emma Anders de Souza Lima. Flórida.

Editora Vida, 1991. p. 209. 78 Ibid., p. 210. 79 Ibid., p. 210. 80 Ibid., p. 211, 212.

Page 19: Panorama do Antigo Testamento

19

Vejamos os seguintes temas importantes na mensagem profética:

1 - Temas Éticos:

a- A condenação da idolatria, imoralidade e injustiça seguida do convite para

arrependimento e vida íntegra;

b- O caráter de Deus ao exigir justiça e misericórdia, e ao prometer julgamento para os

impenitentes;

c- A religião verdadeira está ligada ao coração e não apenas às mãos.81

2 - Temas Escatológicos:

a- A vinda do Senhor e o seu impacto sobre Israel e as nações;

b- O caráter e a vinda do Messias no julgamento, salvação e glória;

c- A vinda da era messiânica e suas bênçãos sobre Israel e o mundo;

d- A preservação dos restantes fiéis de Israel;

4 - Classificação dos Profetas

As designações que conhecemos de ―Profetas Maiores‖ e ―Profetas Menores‖ não tem

relação com a importância do livro. A expressão ―Menor‖ que utilizamos, faz referência à

brevidade do segundo Grupo. Estas designações vieram com Agostinho no início do séc. IV d.C.

Precisamos saber também que nem todos os livros estão dispostos em ordem cronológica.

Os livros dos Profetas Maiores estão dispostos em ordem cronológica, já os Profetas Menores não

estão nesta disposição.

IV - Conclusão

Esperamos ter atingido os objetivos desejados na confecção desta apostila introdutiva

sobre o Antigo Testamento. Muito há para se estudar a cerca da ‗Velha Aliança‘, e não

pretendemos ser específicos neste trabalho.

O que propomos é: 1- Dar um impulso para que possamos ver mais e mais pessoas

interessadas em conhecer e compreender o Antigo Testamento; 2- Tirar as falsas teologias que

são impregnadas nas igrejas por falta de entendimento daquilo que a Palavra de Deus quer passar

para nós nesta seção da Bíblia; 3- Levar o povo de Deus a ter uma visão orgânica de toda a Bíblia

não separando o Novo Testamento, do Antigo Testamento, como se fossem opostos; 4- Deixar os

cristãos com uma visão geral do conteúdo do Antigo Testamento.

81 ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento. Tradução Emma Anders de Souza Lima. Flórida.

Editora Vida, 1991. p. 213.

Page 20: Panorama do Antigo Testamento

20

Apêndice

Page 21: Panorama do Antigo Testamento

21

AS TRÊS DIVISÕES DOS LIVROS HISTÓRICOS

Anterior ao Reinado – 1405 -1075 a.C.

LIVRO DATA RELACIONAMENTO

COM A ALIANÇA

RELACIONAMENTO

SECULAR

JOSUÉ

1405-1375

A terra prometida

ocupada pela fé e

coragem.

O Egito havia deixado

a Palestina (problemas

internos). Sete nações

de Canaã prontas para

o julgamento

prometido.

JUÍZES

1375-1075

Demonstrações de

bênçãos pela

obediência e castigos

pela apostasia,

conforme a promessa.

Pequenos reinos locais

importunam as tribos.

Os filisteus saem de

Creta e desafiam

Israel.

RUTE

1330

(aproximadamente)

A verdadeira fé atrai

uma mulher da vizinha

Moabe. A linha

davídica abrange

Moabe por intermédio

de Rute.

Relações pacíficas

entre Israel e Moabe.

Ascensão e Queda do Reino – 1070 – 586 a.C.

LIVRO DATA RELACIONAMENTO

COM A ALIANÇA

RELACIONAMENTO

SECULAR

1 e 2 SAMUEL 1100 – 970 O estabelecimento de

um rei piedoso, que

governe o reino para

Deus.

Os poderosos filisteus

quase tomam conta de

Canaã.

1 e 2 REIS 970 – 586 O reino, desafiado pela

idolatria de Canaã, é

atacado pelo Egito e

pela Síria e finalmente

levado a uma terra

idólatra.

Israel, arrasado pelo

Egito e Síria, é

finalmente levado à

Assíria e Babilônia.

1 e 2 CRÔNICAS Da criação de Adão

até 586

Traçada a linha

davídica dos reis;

construção e queda do

templo de Salomão.

Reinos e impérios

circunvizinhos

erguem-se e caem

conforme o desígnio

de Deus para o reino

davídico.

Page 22: Panorama do Antigo Testamento

22

Solicitude para com os remanescentes no tempo dos gentios – 537 – 432 a.C.

LIVRO DATA RELACIONAMENTO

COM A ALIANÇA

RELACIONAMENTO

SECULAR

ESDRAS

537 – 458

A volta do exílio para

reconstruir o templo e

restabelecer a devida

adoração

O novo império Persa

inicia a política de

mandar o povo e seus

deuses de volta aos

seus países de origem.

NEEMIAS

445 – 430

A volta do exílio para

reconstruir os muros

de Jerusalém e

estabelecer um

governo limitado.

A persistente boa

vontade dos

governadores persas

permite aos restantes

reconstruírem a fim de

se protegerem de

adversários locais.

ESTER 483 - 473 O desvelo divino para

com o seu povo,

embora longe da terra

da aliança.

A Pérsia governa da

Índia ao Helesponto.

Mordecai, o Primeiro-

Ministro judeu, traz

paz e poder ao seu

povo.

Pontos Culminantes do Período Intertestamentário

Governo Persa 430 – A profecia de Malaquias encerra a era do Antigo Testamento

Governo Grego 332 – Alexandre, o Grande, conquista a Palestina e o Egito.

Governo Ptolemaico (323 - 198)

323 – A morte de Alexandre divide o império em quatro partes.

301 – Ptolomeu I (Sóter) protege Palestina e Egito.

284 – Ptolomeu II (Filadelfo) sucede a seu pai e continua com os mesmos interesses artísticos

e culturais, construindo uma grande biblioteca.

275 (aprox.) – Tradução do Antigo Testamento para o grego, chamada Septuaginta (LXX).

Governo Selêucida (198 - 166)

198 – Antíoco III, da Síria, derrota Ptolomeu V em Panéias, tomando a Palestina.

175 – Antíoco IV Epifanes ascende ao trono sírio e principia enérgica helenização.

167 – Antíoco IV proscreve o judaísmo, profana o templo com sacrifícios suínos e estabelece

o culto de Júpiter no templo em 25 de dezembro de 167.

Governo Judeu Asmoneu (166 - 63)

166 – Matatias, sacerdote de Modim, principia a revolta dos Macabeus.

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164 – Judas Macabeu recaptura Jerusalém, dedica novamente o templo em 25 de dezembro de

164 e recupera a liberdade religiosa judaica (comemorada pelo Hanucá).

160 – Jônatas toma o comando quando Judas é morto em combate.

152 – Jônatas torna-se o primeiro governador sumo sacerdote asmoneu.

142 – Simão sucede a seu irmão Jônatas. Consegue a completa independência da Síria e faz

um tratado de paz com Roma. Em 140, a Grande Assembléia de Jerusalém confirma-o

como etnarca e sumo sacerdote, tornando o sumo sacerdócio hereditário na linhagem

asmonéia.

135 – João Hircano sucede a seu pai como governador e sumo sacerdote. Aliado com Roma,

aumenta o reino até a orla marítima e Iduméia, forçando os idumeus a adotarem o

judaísmo.Cunha moedas judaicas pela primeira vez. Primeira grande brecha entre

saduceus e fariseus estimulada pelo fato de o sumo sacerdócio tornar-se mundano e

helenizado em 110.

104 – Aristóbulo sucede a seu pai durante um ano de governo tumultuoso.

103 – Alexandre Janeu sucede a seu irmão e casa-se com a sua viúva. Aumenta grandemente

o reino tornando-o igual ao de Davi e Salomão.Sua violência e impiedade produzem

desmando dos fariseus, guerra civil e muita carnificina.

76 – Salomé Alexandra, viúva de Janeu, sucede-lhe no governo e indica o seu filho Hircano II

para sumo sacerdote. Ela restabelece as relações pacíficas entre saduceus e fariseus, bem

como em todo o reino.

67 – Guerra civil entre os dois filhos de Alexandra e Janeu, Hircano II e Aristóbolo II, que

disputam o trono e o sumo sacerdócio.

Governo Romano (63)

63 – Pompeu, general romano, toma Jerusalém, designa Hircano como sumo sacerdote e põe

fim à independência judaica de era asmoneana.

62 – Liga Decápoles das cidades da Transjordânia formada por Pompeu para equilibrar o

poder judaico da Judéia na Palestina.

60 – Primeiro Triunvirato de César, Pompeu e Crasso, união extra-oficial para governar

Roma.

48 – Júlio César derrota Pompeu e une o império pela primeira vez do século. Hircano II

continua a ser sumo sacerdote mas Antipas (Antípater), idumeu, era o procurador.

44 – César é assassinado nos ―Idos de Março‖. Em 43 organiza-se um segundo triunvirato de

que fazem parte Otávio, Antônio e Lépido.

40 – Herodes conquista o reinado da Judéia e finalmente captura Jerusalém em 37. Os

asmoneus, herdeiros do sacerdócio, são aos poucos destruídos.

31 – Otávio (mais tarde chamado ―Augusto‖) conquista a liderança única do império depois

de Agripa I derrotar a Antônio e Cleópatra na batalha do Ácio.

19 – Herodes começa a reconstrução do templo de Jerusalém a fim de apaziguar os judeus, em

virtude dos seus muitos massacres e da construção dos ginásios de esporte em Jerusalém.

5 – Nascimento de João Batista (mais ou menos em junho), e de Jesus (mais ou menos em

dezembro).

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