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6d70bb08-85cc-4bd3-8934-da93bab53dff Mais de 120 mil polícias e militares protegem Cimeira do Clima Altos representantes de 196 países reúnem-se a partir de amanhã, em Paris, para tentar obter um acordo capaz de travar o aquecimento global. Após os atentados terroristas de dia 13, a segurança é um quebra-cabeças Destaque 4 a 9 Separadas por 350 metros, duas “manifs” mostraram as suas diferenças p18 Mercado negro, fronteiras porosas, acesso a recursos naturais e roubo são as principais estratégias p30/31 Nabos para Cavaco no Camões, vaias para Costa no Carmo Como o Estado Islâmico se consegue financiar ARMÉNIO CARLOS “A MELHOR FORMA DE ESTE GOVERNO GARANTIR A ESTABILIDADE É CUMPRIR AS PROMESSAS QUE FEZ” Destaque, 12 a 16 DANIEL ROCHA O INFERNO SÃO AS FINANÇAS IMPOSTOS Afinal os computadores não eram como a mini-saia p20/21 DOM 29 NOV 2015 EDIÇÃO LISBOA Ano XXVI | n.º 9359 | 1,65€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos ISNN:0872-1548 FRANCISCA VAN DUNEM A VIDA DA MAGISTRADA ANTI-VEDETA Destaque, 10/11 HOJE DVD inédito Amy, de Asif Kapadia Um filme presente na Selecção Oficial de Cannes, com imagens e músicas inéditas de Amy Winehouse Por + 15€

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6d70bb08-85cc-4bd3-8934-da93bab53dff

Mais de 120 mil polícias e militares protegemCimeira do Clima Altos representantes de 196 países reúnem-se a partir de amanhã, em Paris, para tentar obter um acordo capaz de travar o aquecimento global. Após os atentados terroristas de dia 13, a segurança é um quebra-cabeças Destaque 4 a 9

Separadas por 350 metros, duas “manifs” mostraram as suas diferenças p18

Mercado negro, fronteiras porosas, acesso a recursos naturais e roubo são as principais estratégias p30/31

Nabos para Cavaco no Camões, vaias para Costa no Carmo

Como o Estado Islâmico se consegue financiar

ARMÉNIO CARLOS“A MELHOR FORMA DE ESTE GOVERNO GARANTIR A ESTABILIDADE É CUMPRIR AS PROMESSAS QUE FEZ”Destaque, 12 a 16

DANIEL ROCHA

O INFERNOSÃO AS FINANÇASIMPOSTOS

Afinal os computadores não eram como a mini-saia p20/21DOM 29 NOV 2015EDIÇÃO LISBOA

Ano XXVI | n.º 9359 | 1,65€ | Directora: Bárbara Reis | Adjuntos: Nuno Pacheco, Pedro Sousa Carvalho, Áurea Sampaio | Directora Internacional e de Parcerias: Simone Duarte | Directora Criativa: Sónia Matos

ISNN:0872-1548

FRANCISCA VAN DUNEMA VIDA DA MAGISTRADA ANTI-VEDETADestaque, 10/11

HOJE DVD inédito Amy, de Asif Kapadia Um filme presente na Selecção Oficial de Cannes, com imagens e músicas inéditas de Amy Winehouse

Por + 15€

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2 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

CARAS DA SEMANA

François HollandeO incansávelTem sido notável o seu empenho em

alargar a coligação contra o EI

Desde 13 de Novembro, data dos

atentados terroristas que fi zeram

130 mortos na capital francesa,

que François Hollande não tem

parado. Tomadas as medidas

internas que se impunham, o

Presidente gaulês virou-se para

o plano externo com a intenção

de alargar a frente de combate

ao autoproclamado Estado

Islâmico na Síria e no Iraque. Foi

a Washington e Moscovo, recebeu

Cameron e Merkel, em Paris, e

ninguém lhe regateou apoios. Mas

ainda não conseguiu o seu grande

objectivo estratégico: alargar à

Rússia a coligação internacional

de combate ao EI. As objecções

são imensas, mas talvez o

incansável Hollande não desista.

Maurício MacriO furacãoO sucessor de Cristina Kirchner vai

mudar tudo na Argentina

O vencedor das presidenciais

desta semana, na Argentina,

marca uma viragem à direita na

política do país. Engenheiro de

formação, começou a trabalhar

nas empresas do país, foi

presidente do conhecido clube

de futebol Boca Juniores e só no

fi nal da década de 90 se começou

a aproximar da política. Desde

aí não parou, sobretudo depois

de criar o seu próprio partido,

em 2003, pelo qual foi eleito

deputado e presidente da câmara

de Buenos Aires. Concorreu e

venceu agora à frente da coligação

de centro-direita Mudemos com

uma agenda para reformular a

economia e realinhar o seu país na

cena internacional.

EDITORIAL

Surpresas à esquerda

A cerimónia de tomada de posse do XXI

Governo foi a mais representativa

desde há dezenas de anos. Nenhum

dos partidos com assento parlamentar

faltou, mesmo o Bloco de Esquerda

e os Verdes que nunca participaram, ou

o PCP, que há muito deixara de se fazer

representar nestes actos protocolares.

Depois das evidentes difi culdades na

negociação dos acordos entre o PS e os

partidos à sua esquerda, é óbvio que a

presença de importantes dirigentes destas

forças políticas no Palácio da Ajuda tem

um simbolismo que vai muito para além da

mera presença física. É como se este fosse

também um acto de renovado empenho

no compromisso estabelecido com os

socialistas e uma prova de pública aposta

num governo pelo qual também serão

chamados a responder, independentemente

PS, BE, PCP e Verdes aprofundam acordos. A direita tem ajudado

do que se vier a passar daqui para a frente.

De resto, provas de uma real cooperação

entre a esquerda parlamentar estão a ser

dadas todos os dias em rituais que, pelo

menos para já, procuram estabelecer

canais de diálogo permanente para evitar

confl itos e acertar estratégias. Remeter para

a comissão da especialidade a discussão

de diplomas sobre os quais ainda não há

entendimento, como o ritmo da devolução

de salários e pensões ou a reversão das

subconcessões nos transportes, revela

um mundo de difi culdades entre as

partes, mas sinaliza também o sentido

de urgência de um processo negocial

que todos reconhecem ser decisivo neste

contexto. Mas a maior prova de que todos

os protagonistas estão empenhados neste

“casamento” foi conhecida há dois dias,

quando se soube que PS, PCP, Bloco e

Verdes vão passar a reunir-se às terças-

feiras, na Assembleia da República, para

concertar posições. Ninguém acreditaria

nesta possibilidade há duas ou três semanas,

frescas que persistem na memória as

peripécias à volta das negociações entre os

partidos de esquerda. As picardias entre

bloquistas e comunistas, a impossibilidade

DOMINGOPÚBLICO

de uma reunião conjunta, a assinatura dos

acordos à porta fechada, enfi m, tudo isto

contribuiu para as contas de quem encara

o Governo recém-empossado como uma

solução a prazo, talvez incapaz de resistir

a um segundo orçamento. Mas quem tem

presente o conturbado processo histórico

de encontros e desencontros entre PSD

e CDS nos últimos 20 anos percebe a

dimensão deste passo agora dado por

uma esquerda desavinda há quatro

décadas, mas que concordou agora em

sentar-se todas as semanas à mesma mesa

para negociar, ou seja, para se entender.

Paradoxalmente, foi a violência da reacção

da direita e o comportamento menos

arbitral e mais alinhado do Presidente

da República que cozinharam o caldo de

cultura necessário para consolidar este

entendimento à esquerda. Esta percebeu

que três “acordos” inorgânicos, demasiado

particulares, mas excessivamente vagos,

não chegam para legitimar uma solução,

nem dar solidez e estabilidade a um

governo. E muito menos para enfrentar

Passos e Portas, agora instalados nas

bancadas de S. Bento. Por isso decidiu ir

em peso à Ajuda marcar território.

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 3

Ana Sofi a AntunesA pioneiraA primeira cega no Governo está no

cargo por mérito próprio

Não há ninguém melhor para

perceber a condição de defi ciente

do que alguém portador de

defi ciência. Daí que Ana Sofi a

Antunes, cega de nascença,

seja a pessoa certa para ocupar

o novo cargo de secretária de

Estado da Inclusão das Pessoas

com Defi ciência. Convém, no

entanto, assinalar que a nova

governante não cai de pára-

quedas no Governo. Ela tem uma

história académica, profi ssional e

como activista das causas ligadas

à inclusão e à igualdade que a

qualifi cam quer para este, quer

para muitos outros cargos. Como

precursora neste posto, cabe-lhe a

difícil tarefa de o tornar defi nitivo

— o que não é coisa pouca.

Rui SilvestreCom estrelaUma estrela Michelin para o Bon

Bon no Carvoeiro e um chef precoce

Nasceu em Valongo, mas vive no

Algarve desde criança e é aqui, no

Carvoeiro, que fi ca o restaurante

Bon Bon, premiado agora com a

prestigiada estrela Michelin. Com

esta distinção, Rui Silvestre, 29

anos, passa a integrar a elite da

restauração portuguesa como

um chef cujo potencial prenuncia

voos ainda mais altos. Basta olhar

para o seu currículo. Apesar da

juventude, este chef já esteve

em restaurantes com estrelas,

designadamente, dois em França,

um na Suíça e também no Costes,

de Budapeste. Está no Carvoeiro

há ano e meio, onde mudou tudo.

Diz que “pratica uma cozinha de

produto”, com muito peixe fresco

e sem grandes manipulações.

Sérgio MonteiroO afortunadoO nível salarial do antigo secretário

de Estado não é um assunto pacífi co

Sérgio Monteiro foi secretário

de Estado dos Transportes

no Governo de Pedro Passos

Coelho e deu a cara pelas várias

privatizações e pelas concessões

na área dos transportes. Foi a

experiência em vender activos no

Estado e o percurso profi ssional

na banca de investimento que

levaram o Banco de Portugal a

escolhê-lo para liderar o processo

de venda do Novo Banco. Mas

o salário que vai receber — na

ordem dos 30 mil euros brutos

por mês — está a provocar algum

desconforto e polémica não só no

supervisor, mas na própria CGD,

onde Sérgio Monteiro suspendeu

funções antes de ir para o

Governo.

Quem os viu e quem os vê António Costa

Não foi fácil chegar aqui, ao Palácio da Ajuda, para tomar posse como primeiro--ministro do XXI Governo. E isso sentiu--se nos próprios discursos da cerimónia, com o Presidente da República a fazer questão de sublinhar a falta de confi ança que tem na solidez desta solução e António Costa a responder--lhe invocando a legitimidade que lhe advém da “solidariedade de uma maioria parlamentar”, à qual entrega o juízo sobre sua acção. Mas grande parte dos discursos da passada quinta-feira já é passado, um passado que começou lá atrás, aos 14 anos, quando Costa decidiu inscrever-se no PS, construindo a carreira política sólida e a experiência que lhe permitiu aguentar com nervos de aço estes 54 dias, cujo desfecho chegou a ter contornos dramáticos. Mas agora começa um outro tempo. Indecifrável.

FOTÓ

GRA

FO

2015

“Timorenses têm enorme capacidade de perdoar aos que muito mal lhes fizeram

“Cavaco Silva sempre foi um político medíocre, temeroso e canhestro. Sai dapior maneira

“O que resta doprograma económicooriginal de um governo PS é uma salada russa sem salMiguel Sousa TavaresJornalista

Maria Filomena MónicaSocióloga

José Ramos-HortaEx-Presidente de Timor-Leste

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4 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

CLIMA

O mundo novamente de olhos em Paris

Odia vai amanhecer nublado

em Paris. Mas quando

os chefes de Estados e

de governo começarem

a discursar no centro de

convenções de Le Bourget, a

norte da cidade, esperam-se abertas,

embora com aguaceiros.

A previsão meteorológica serve

com uma luva para retratar a at-

mosfera da decisiva cimeira climáti-

ca da ONU que começa amanhã na

capital francesa. Durante duas sema-

nas, quase duas centenas de países

tentarão aprovar um novo tratado

para conter o aquecimento global.

E, apesar de se esperarem difi culda-

des, nunca se esteve tão perto de um

acordo desde a aprovação do Proto-

colo de Quioto, em 1997.

“Está ao nosso alcance, mas ainda

não foi atingido”, resume o ministro

dos Negócios Estrangeiros francês,

Laurent Fabius, citado pela agência

France Presse. O objectivo do acor-

do é defi nir o que cada país tem de

fazer para evitar que a temperatura

da Terra suba mais de 2oC até ao fi m

do século.

No abertura, está confi rmada a

presença de pelo menos 149 chefes

de Estado e de governo, a despeito

dos receios motivados pelos ataques

terroristas de 13 de Novembro em

Paris. O primeiro-ministro, António

Costa, estará lá.

A segurança foi reforçada, as ma-

nifestações de rua canceladas. Cerca

de mil pessoas foram impedidas de

entrar em França nas últimas duas

semanas e 24 foram colocadas em

prisão domiciliária, devido ao risco

de protestos violentos. Há milhares

de agentes da autoridade nas frontei-

ras e nas ruas (ver página 7).

A conferência de Paris é conheci-

da como “COP21”, pois é a vigésima

Cimeira climática decisiva das Nações Unidas começa amanhã na capital francesa, duas semanas depois dos atentados terroristas de 13 de Novembro

Ricardo Garcia

WELCOME TO MY WORLD

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESTAQUE | 5

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primeira desde que foi aprovada a

Convenção Quadro das Nações Uni-

das para as Alterações Climáticas, em

1992. O Protocolo de Quioto, cinco

anos mais tarde, defi niu o que deve-

ria ser feito até 2012. Agora, vive-se

num hiato em que não há nenhum

compromisso adicional colectivo,

envolvendo todos os países, para

evitar que a actividade humana fa-

ça subir demasiado o termómetro

da Terra, provocando consequências

catastrófi cas.

É esta lacuna que a ONU quer

encerrar em Paris, ainda que par-

cialmente. Se for aprovado, o novo

acordo vigorará a partir de 2020,

com compromissos até 2030.

Substituir Quioto é imperativo. O

protocolo de 1997 vinculava apenas

os países desenvolvidos a reduzirem

as suas emissões de gases que aque-

cem o planeta. Hoje, quem mais lan-

ça CO2 para a atmosfera é a China.

Outras economias emergentes estão

Desde 2007 que se vem tentan-

do, formalmente, negociar um no-

vo acordo que comprometa todos

os países —pobres e ricos (ver caixa).

Em 2009, uma conferência climática

em Copenhaga que seria decisiva re-

sultou em fracasso. Agora, seis anos

depois, chega-se um novo momento

da verdade.

O que está em cima da mesa agora,

no entanto, é algo completamente

diferente. Desde o falhanço de Co-

penhaga, tem sido trilhado outro

caminho, no qual os países dizem,

voluntariamente, o que podem fa-

no topo da lista: a Índia em terceiro, o

Brasil em sexto, o México em décimo.

Além disso, Quioto foi abandona-

do pelos Estados Unidos em 2001 e

por outros países mais tarde. A sua

renovação até 2020 só foi subscrita

por nações que representam 11% das

emissões globais de gases com efeito

de estufa. “Está vazio”, afi rma Pedro

Barata, da consultora Get2C e que

durante anos fez parte da delegação

portuguesa nas negociações. “Não

vai haver uma fase três do Protocolo

de Quioto. Chegamos a 2020 e fecha-

mos a loja”, completa.

JACKY NAEGELEN/REUTERS

A cimeira decorre no centro de convenções de Le Bourget, Paris

zer para ajudar na luta climática. As

Nações Unidas pediram a todos que

apresentassem, antes de Paris, as su-

as “contribuições nacionais”.

Quase todos o fi zeram. Até este sá-

bado, havia 155 submissões, repre-

sentando 182 países, segundo o secre-

tariado da convenção da ONU para as

alterações climáticas. Há países que

se comprometem com reduções ab-

solutas de emissões, outros com re-

duções relativas, por unidade do PIB.

Muitos prometem mais energias lim-

pas, muitos apresentam medidas de

adaptação a um futuro mais quente.

Mas não é sufi ciente. Em Outubro,

quando havia 146 contribuições re-

presentando 86% das emissões glo-

bais de CO2, a ONU concluiu que

a soma de todas as promessas não

chegaria para manter o aumento da

temperatura abaixo dos 2oC. A esti-

mativa era de que os termómetros

subiriam 2,7oC.

Para fi car sob o limite desejado,

as emissões globais de CO2 têm de

baixar em 40% a 70% até 2050 e a

zero em 2100, segundo o painel cien-

tífi co da ONU para o clima — o IPCC.

Com os planos em cima da mesa, as

emissões subirão entre 37% a 52%

até 2030, em relação aos níveis de

1990, ou 11% a 22% em relação a 2010.

Depois de 2030, ou seja, depois da

vigência do provável acordo de Paris,

não se sabe.

“Não é possível chegar a um acor-

do para os 2oC. O que é importante

em Paris é chegar a um acordo cuja

ambição possa ser revista de cinco

em cinco anos”, interpreta Filipe

Duarte Santos.

Este será dos pontos centrais do

resultado que sair de Paris. No prin-

cípio do mês, numa última ronda

negocial antes da conferência em

si, este princípio fi cou praticamen-

te acordado.

Se for aprovado, representará

uma mudança de paradigma, c

CHRONOMAT 44ESPAÇO BREITLINGAvenida da Liberdade, 129

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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

CLIMA

segundo Francisco Ferreira, ex-pre-

sidente da organização ambientalista

Quercus e especialista do Centro de

Investigação em Ambiente e Susten-

tabilidade da Universidade Nova de

Lisboa. O mundo terá um tratado cli-

mático sujeito a revisões periódicas

automáticas. De contrário, seria pre-

ciso negociar novos acordos. “Preferi-

ria que fossem garantidos os 2oC. Sei

que estamos longe, mas a possibilida-

de de fazer uma revisão da ambição já

em 2018 ou 2020 é uma grande van-

tagem”, afi rma Francisco Ferreira.

Um segundo novo paradigma é

o aparente fi m do muro que antes

separava países desenvolvidos e em

desenvolvimento nas negociações cli-

máticas. Agora, todos estão a entrar

para o mesmo barco, ainda que com

níveis de compromissos diferentes.

“Quebrar esta divisão vai fi car para

a história”, antecipa Ferreira.

O maior sinal deste novo momento

é o histórico aperto de mão entre a

China e os Estados Unidos, que anun-

ciaram conjuntamente as suas metas

climáticas, há um ano, em Pequim.

Mas o muro não caiu completa-

mente. Os países mais pobres vão

exigir, em Paris, mais garantias de

que serão ajudados fi nanceiramente

pelos mais ricos para se adaptarem

às alterações climáticas.

Há já um compromisso dos países

desenvolvidos de 100 mil milhões de

dólares anuais a partir de 2020. Mas

não só se ouvem agora reivindicações

de mais apoios, como há muito ainda

que discutir a respeito de onde deve

vir este dinheiro e como será canali-

zado para quem precisa.

Segundo uma avaliação da OCDE,

a ajuda somou já 52 mil milhões de

dólares em 2013 e 62 mil milhões

em 2014. Há ainda mais dez mil mi-

lhões prometidos ao Fundo Verde

Climático, criado para este fi m em

2010, mas que não distribuiu ainda

um tostão.

Outro ponto quente de Paris será

a discussão do formato do acordo.

Já está estabelecido que deverá ter

“força legal”. Mas enquanto muitos

países, incluindo o bloco da União

Europeia, querem um acordo de fac-

to vinculativo, os Estados Unidos não

aceitarão nada que necessite de ser

ratifi cado pelo seu Congresso — que

é hostil a qualquer tratado climático.

Na cimeira de Paris, os temas do

clima e do terrorismo vão estar inevi-

tavelmente lado a lado. “A luta contra

as alterações climáticas e a luta con-

tra o terrorismo são os dois

principais desafi os do século

XXI”, diz o ministro Laurent

Fabius.

3 PERGUNTAS A JEAN-FRANÇOIS BLAREL

Vai haver acordo em Paris ou teremos uma nova Copenhaga?Temos 196 países no mundo e 147 vão estar representados por chefes de Estado e de governo. É uma resposta enorme a um problema global. As negociações estão avançadas, estamos confiantes. Evidentemente, não podemos saber o que vai acontecer no último dia.Os ataques terroristas podem influenciar o resultado da conferência?Todos os chefes de Estado e de governo que tinham dito “vou estar” confirmaram a sua presença. O reforço da segurança não impede uma participação alargada de alto nível. Serão mantidas todas manifestações em espaços fechados. Vamos ter mais de 300 eventos paralelos. Mas uma influência dos atentados nas negociações em si, não creio.Que esforço diplomático foi aplicado na preparação?Fizemos, juntamente com o Peru [que organizou a última conferência climática da ONU], um esforço enorme. Multiplicámos as reuniões e os tipos de reuniões: com empresários, banqueiros, cientistas, líderes religiosos, cidadãos. Sem a pressão para que os países tivessem preparadas as suas contribuições nacionais, teria sido muito difícil. França propôs-se fazer esta conferência porque, sendo um país com uma rede diplomática importante, que é membro permanente do Conselho de

Segurança das Nações Unidas, tem um peso particular. Pusemos este peso à disposição do planeta.

“O peso de França ao serviço do planeta”

De cimeira em cimeira até Paris

O sinuoso percurso das negociações até ao acordo que se espera agora

1992Rio de Janeiro, BrasilA histórica Cimeira da Terra aprovou a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Tudo o que tem sido discutido desde então está subordinado a este tratado. O seu objectivo é estabilizar a concentração de CO2 na atmosfera a um nível que impeça uma interferência humana perigosa sobre o clima. Nela ficou também estabelecido o princípio das “responsabilidades comuns mas diferenciadas”. Assim, todos os países devem agir, mas conforme as suas circunstâncias. 1997COP3, Quioto, JapãoÀ 3.ª conferência das partes (COP) da convenção, surgiu o Protocolo de Quioto. Al Gore assinou-o pelos EUA. Os países industrializados prometeram reduzir em 5% as suas emissões de CO2 até 2012, face a 1990. Mas foi preciso introduzir “mecanismos de flexibilidade” para os convencer, como o comércio de emissões. Para as nações em desenvolvimento, não havia metas.

2000/2001COP6, Haia, Holanda/COP6-bis, Bona, AlemanhaEm Haia deveriam ser concluídos os pormenores para aplicação de Quioto, para que fosse ratificado e posto em prática. Mas não houve acordo, a COP teve de ser suspensa e foi retomada seis

meses depois, em Bona. Pouco antes, os Estados Unidos, sob a presidência de George W. Bush, abandonaram o protocolo, por comprometer a sua economia e só vincular os países desenvolvidos. Com isso, anos antes de entrar em vigor, o tratado já estava ferido de morte. Ainda assim, chegou-se a acordo em Bona, à custa de concessões ao Japão, Canadá, Austrália e Rússia. Quioto, sem os EUA, tinha pernas para andar. 2005COP11, Montréal, CanadáA Rússia resistiu durante anos a ratificar Quioto e só em 2005 é que o protocolo finalmente entrou em vigor. Na COP11, lançou-se logo a discussão sobre o que se deveria fazer depois de 2012. A ideia era fixar um novo período, com novas metas. Mas, com os EUA fora do barco, a discussão já estava inquinada e outros países começavam a torcer o nariz a Quioto. 2007COP13, Bali, IndonésiaEm Bali, as negociações climáticas transformaram-se numa serpente com duas cabeças. De um lado, continuou-se a discutir o futuro do Protocolo de Quioto. Do outro, lançou-se um diálogo paralelo para uma cooperação global de longo prazo, entre todos os países — incluindo os EUA —, sob a égide apenas da convenção de 1992. Em dois anos, ambos os caminhos deveriam chegar a conclusões. Portugal, na presidência da UE nessa altura, teve um papel central nas negociações em Bali.

2009COP15, Copenhaga, DinamarcaEsperava-se da COP15 um acordo que salvasse o mundo. Foi um desastre. As negociações não estavam maduras, a Dinamarca perdeu as rédeas da conferência e a presença de 119 líderes mundiais atrapalhou mais do que ajudou. No final, os Estados Unidos, China, Índia, Brasil e África do Sul reuniram-se numa sala e de lá saíram com o Acordo de Copenhaga, um texto à margem do processo negocial, que o

plenário da conferência não aprovou. Nele, porém, estava o germe do que está agora na mesa em Paris: que cada país dissesse, nos meses seguintes, o que poderia fazer na luta climática. Quase todos aceitaram o desafio. Do fracasso nasceu uma hipótese de solução.

2010COP16, Cancun, MéxicoNa ressaca de Copenhaga, a COP16 adoptou decisões importantes. Determinou que tudo deverá ser feito para que o termómetro global não suba mais do que 2oC até ao fim do século. E fixou que até 2020 os países desenvolvidos financiarão os mais pobres com 100 mil milhões de dólares anuais. Parte desse dinheiro será canalizada pelo Fundo Climático Verde, também criado em Cancun. 2011COP17, Durban, África do SulO Protocolo de Quioto foi estendido até 2020, mas completamente esvaziado. Do mundo desenvolvido, só lá ficaram a União Europeia, Noruega, Austrália e Suíça — apenas 11% das emissões globais de CO2. Com Quioto encostado a um canto, Durban deu mais gás à outra linha de negociação, que começava a gerar consenso. Definiu-se 2015 como o prazo para adopção de um novo acordo internacional, com compromissos de todos os países, para vigorar a partir de 2020. 2015COP21, Paris, FrançaO longo percurso chega agora a Paris. Um acordo provavelmente será aprovado, agregando as “contribuições” de cada país, mas por ora insuficientes para a meta dos 2oC.

Embaixador de França em Lisboa

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESTAQUE | 7

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Paris recebe cimeira do clima em pleno estado policial

Paris estava já em alerta

securitário para a cimeira

do clima das Nações Unidas

antes dos mortíferos

ataques do dia 13. Espera-

se a chegada de mais de

150 chefes de Estado, entre os quais

os presidentes dos Estados Unidos,

China, Índia e Rússia. Para além deles,

devem aterrar nos próximos dias na

capital cerca de 40 mil diplomatas,

especialistas e activistas ambientais.

Há semanas que o Governo francês

anunciara o fecho das fronteiras

para assegurar que o maior evento

diplomático na sua história recente

não estaria em risco. Acabou por ter

de o fazer antes, atingido antes de

tempo no coração de Paris.

A França respondeu aos atentados

com medidas draconianas. A polí-

cia arromba portas por todo o país

sem mandados judiciais e decreta

prisões domiciliárias sob ordens do

Ministério do Interior. São os novos

poderes administrativos do estado de

emergência. A lei é sufi cientemente

vaga para permitir excessos de zelo:

as operações avançam desde que as

autoridades acreditem que haja uma

ameaça à ordem pública. Segundo os

últimos números do estado de emer-

gência, citados pelo Libération, a po-

lícia fez 1836 buscas, apreendeu 293

armas de fogo, deteve 232 pessoas e

pôs 305 em prisão domiciliária.

O ambiente policial vai tornar-se

mais drástico com a cimeira do clima

— sobretudo em Paris. Há já dezenas

de milhares de polícias e militares a

patrulharem o território francês, mas

foram destacados mais 8000 agentes

para as duas semanas de encontros:

2800 vão fazer a segurança do recin-

to, em Bourget, e outros 6300 vão

acompanhar os chefes de Estado no

resto da cidade. A França terá 120

mil agentes de polícia, gendarmes,

militares e pessoal de controlo de

fronteira ao longo da COP21.

O Governo proibiu mais de 200

iniciativas civis agendadas para os

são domiciliária esta semana. Usou

os poderes do estado de emergên-

cia e revistou a casa de várias pes-

soas ligadas a protestos passados.

Acusam-nos de estarem a preparar

“acções reivindicativas violentas”

para os dias da cimeira e dizem que

a ameaça terrorista ao evento não

os permite dispersar a atenção com

manifestações desse género. O jornal

Le Monde escreve que a polícia tem

mais ordens de prisão na calha.

Félix Ribeiro“Nós, organizações da sociedade

civil, estamos convencidas de que

não conseguiremos atacar o aque-

cimento climático renunciando às

nossas liberdades e direitos funda-

mentais”, escreveu ontem a Coliga-

ção Clima 21. Um membro do seu ór-

gão jurídico está entre os detidos.

Há pelo menos um grupo que pro-

mete furar a proibição da marcha.

Vários intelectuais franceses publica-

ram esta semana um abaixo-assina-

Haverá 120 mil militares e polícias em patrulha ao longo da cimeira. Grupo diz que vai marchar pelo clima, apesar da proibição

dias da cimeira. A lista inclui a grande

marcha pelo clima de amanhã, para

a qual se esperavam dezenas de mi-

lhares de pessoas. Em vez dela, os

organizadores convocaram um cor-

dão humano de dois quilómetros.

Acabará diante a sala de espectáculos

Bataclan, onde morreram 90 pessoas

nos atentados do dia 13.

Mas domingo pode não ser um dia

pacífi co. A polícia pôs pelo menos

seis activistas ambientais em pri-

do contra aquilo que entendem ser

a deriva securitária de França e em

que prometem marchar no evento

proibido. Ao fi m da tarde de ontem

tinham mais de 4200 assinaturas.

A polícia acredita que há mais de

50 pessoas que planeiam furar as or-

dens. Caso se façam valer as penas

previstas em estado de emergência,

cada uma pode ser condenada a seis

meses de prisão e a uma multa de

7500 euros.

Não conseguiremos atacar o aquecimento climático renunciando às nossas liberdades e direitosColigação Clima 21Plataforma de Associações

Page 8: publico.29.11.2015

8|9

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Page 10: publico.29.11.2015

10 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

PERFIL

Francisca van DunemA magistrada anti-vedetaA vida da magistrada luso-angolana, agora à frente do Ministério da Justiça do Governo de António Costa, tem sido marcada por um distanciamento em relação a Luanda. Desde o massacre de 27 de Maio de 1977, dia em que perdeu familiares, amigos e ilusões

‘Se o PS e os seus

parceiros escolhe-

ram Francisca van

Dunem, é porque

reconhecem as su-

as competências e

as suas capacida-

des’, respondeu o

general e vice-pro-

curador-geral da

República de Angola, Hélder-Pitta

Cruz, ao ser interpelado esta semana

em Luanda sobre a nomeação da ma-

gistrada luso-angolana para o cargo

de ministra da Justiça do Governo

de António Costa, empossado na

quinta-feira.

É invulgar que um general ango-

lano se pronuncie sobre as creden-

ciais de um governante português.

A nova titular da Justiça em Portugal

suscita perguntas diferentes das que

se colocam habitualmente a um re-

cém-chegado ao poder executivo. A

luso-angolana Francisca van Dunem,

que completou 60 anos no dia 5 de

Novembro, a mulher do casaco bran-

co que se impôs na posse do novo

Governo, vive a que distância entre

Lisboa e Luanda?

O recuo até 1977 pode ter a respos-

ta, quando, com 21 anos, o destino

lhe colocou nos braços um bebé de

meses, o sobrinho “Che”, que criou

desde então como fi lho. Nesse ano,

o irmão mais velho, José, dirigente

e combatente do MPLA, e a cunha-

da, Sita Valles, são assassinados em

Angola. O episódio fi ca-lhe tatuado

na alma. Milhares de angolanos são

mortos, acusados de “fraccionismo”,

conspiração e tentativa de golpe con-

tra o então presidente Agostinho Ne-

to, a 27 de Maio de 1977.

Nesse dia está em Lisboa, para on-

de tinha vindo aos 17 anos estudar

Direito. Vai sabendo das notícias da

repressão, da perda de parte da famí-

lia, de muitos dos amigos. Perde-os e

perde também muitas ilusões. Todos

desaparecem à margem da Justiça

em que acredita. “Não era como no

Direito”, dirá mais tarde.

É com a ajuda dos pais que Fran-

cisca Eugénia da Silva Dias van Du-

nem começa a criar o sobrinho, João

Ernesto, nascido em Fevereiro de

1977 — Ernesto, como Che Gueva-

ra, por escolha dos pais, José e Sita.

Um sobrinho que mais tarde adopta

formalmente como fi lho. “Ela ainda

era uma rapariga. Penso que ainda

estudava”, realça a procuradora Te-

resa Almeida, que trabalhou vários

anos com Van Dunem, destacando a

capacidade da colega em enfrentar

as vicissitudes da vida.

Nascida em Luanda, a adaptação

a Lisboa não é fácil. Encontra uma

cidade que lhe parece “cinzenta e

velha”, por comparação com Luan-

da “rasgada, em progresso, aberta

ao mar” (como dirá ao PÚBLICO em

2008). Passa pouco tempo até que o

25 de Abril chegue, e com ele o desejo

da jovem de voltar a casa — o que faz

— para participar no “entusiasmo ge-

ral”. “Trabalhei na rádio, fi z recruta

militar com um homem louco. Obri-

gava-me a rastejar e dizia: ‘Cumpra-

se, a vitória é certa!’ Foi um período

muito perigoso, porque já tinham

começado os confl itos entre os mo-

vimentos de libertação. Estava tudo

muito radicalizado, uns contra os ou-

tros”, recordou em 2009 ao Expresso.

Nas vésperas da independência,

“Mimosa”, como é conhecida no cír-

culo familiar, é uma entre muitos a

esforçarem-se para que tudo esteja

em ordem à meia-noite de 11 de No-

vembro de 1975, a hora da proclama-

ção. “Todas as pessoas fi zeram todo

o tipo de trabalho. Lambi muito pó

e na noite da independência estava

tão cansada que me deitei às 10h30

e só acordei no dia seguinte”, contou

ao PÚBLICO.

A maioria dos que com ela se cru-

zaram profi ssionalmente não lhe

poupam elogios. Mesmo os que, por

princípio, não concordam com a es-

colha de um magistrado em funções

para um cargo de governo, como o

advogado José António Barreiros,

que foi seu professor na Faculdade

de Direito da Universidade de Lisboa.

“É uma profi ssional reservada, mas

muito competente e muito empenha-

da”, resume o advogado, que defen-

de “uma separação absoluta” entre

as magistraturas e o poder político.

Tinha “um amor desmedido por

aquela terra”, Angola, mas depois

da independência a família insiste

em que continue o curso e volte à

Universidade de Lisboa. É onde o ter-

mina, em Julho de 1977, e por onde

fi ca, como monitora de Direito Penal

e Direito Processual Penal, nos dois

anos seguintes, até iniciar a carrei-

ra na magistratura. Como delegada

do procurador da República, passa

pelos tribunais do Trabalho, pelo de

Instrução Criminal e pelo Departa-

mento de Investigação e Acção Penal

(DIAP), todos em Lisboa. Entre 1985 e

1987 faz uma comissão de serviço na

Alta Autoridade contra a Corrupção,

a convite do procurador Rodrigues

Maximiano — o falecido marido da

ex-directora do Departamento Cen-

tral de Investigação e Acção Penal

Cândida Almeida, sua amiga —, um

magistrado que ocupará durante

uma década o cargo de inspector-

geral da Administração Interna.

Pouco tempo depois integra o ga-

binete do então procurador-geral da

República Cunha Rodrigues, conti-

João Manuel Rocha, Nuno Ribeiro, Mariana Oliveira

nuando a assessorar o seu sucessor,

Souto Moura. É enquanto está na

procuradoria-geral que se casa com

o professor catedrático Eduardo Paz

Ferreira, tinha 36 anos. Da ligação

nasce um fi lho, José, hoje com 17

anos, o irmão de “Che”.

Em 2001, Van Dunem sai da pro-

curadoria para liderar o DIAP de

Lisboa, onde permanece até 2007. É

pela mão de outro procurador-geral,

Pinto Monteiro, que o seu nome che-

ga entretanto à corrida para Procura-

dor-Geral Distrital de Lisboa. O Con-

selho Superior do Ministério Público,

o órgão de cúpula desta magistratu-

ra, vota os dois nomes propostos e

a maioria dos membros prefere-a ao

outro candidato. O marido era então

membro daquele órgão, em repre-

sentação da Assembleia da Repúbli-

ca, indicado pelo PS. E faz questão

de não participar na votação.

Francisca van Dunem torna-se

procuradora-geral distrital de Lisboa

em Fevereiro de 2007, um dos cargos

mais importantes do Ministério Pú-

blico (MP), onde geriu durante oito

anos o maior dos quatro distritos ju-

diciais do país. É pioneira na criação

de um site, que reporta a actividade

do MP, compila legislação e publica

relatórios com o balanço do trabalho

realizado. Transparência é uma pala-

vra de ordem. Sai agora para assumir

a pasta da Justiça, no Governo lidera-

do pelo socialista António Costa. Nos

dias imediatos, o primeiro impacto

foi o de ser a primeira mulher negra

a ocupar um cargo ministerial em

Portugal.

Face ao regime de Luanda, a pro-

curadora luso-angolana terá sempre

aquilo a que Xavier de Figueiredo,

director do África Monitor, newslet-

ter sobre países africanos lusófo-

nos, descreve como “uma ruptura

autêntica, gerida com discrição”.

Só volta a Luanda, em trabalho, em

1997, com o então procurador-geral,

Cunha Rodrigues. “Durante 20 anos

não consegui pôr os pés em Angola.

Não fui capaz de me confrontar com

um espaço com o qual tenho uma

relação afectiva tão forte e onde me

tinha acontecido um mal tão grande.

É como ser morto pela própria mãe”,

diria ao PÚBLICO.

Muito depois dessa viagem de re-

encontro com o passado estará, em

2007, na apresentação do livro Purga

em Angola, um trabalho de Álvaro

Mateus e Dalila Cabrita Mateus so-

bre o 27 de Maio; fará, já em 2014, a

apresentação do livro Angola — Sonho

e Pesadelo, de Adolfo Maria, antigo di-

rigente do MPLA, crítico do regime.

Page 11: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 11

de Maio. Em 2005, depois de o consa-

grado escritor ter refutado qualquer

tipo de participação na repressão de

1977, assumindo apenas ter pertenci-

do a uma comissão que seleccionou

depoimentos de detidos, Francisca e

João — irmão jornalista que trabalhou

na secção portuguesa da BBC e no

África Jornal, em Portugal, e morreu

em 2013 — pediram mais explicações.

Queriam saber se o escritor estava ou

não “ao corrente da violência, da co-

acção, da tortura” usada para extrair

depoimentos ‘seleccionados por uma

comissão que integrou’”.

Na moderna Angola encontram-se

vários casos de parentes seus, mais ou

menos próximos, que ocuparam ou

ocupam lugares de destaque, quer no

MPLA, quer nas instituições políticas.

Dois primos integram o actual Gover-

no. O general Manuel Hélder Vieira

Dias, “Kopelika”, ministro de Estado

e chefe da Casa Civil do Presidente,

José Eduardo dos Santos, e um dos

homens mais infl uentes de Angola —

um Vieira Dias. E José Vieira Dias van

Dunem, que ocupa a pasta da Saú-

de desde 2008, é fi lho de um irmão

do seu pai, ou seja, primo direito.

“Tem boas relações familiares

[em Angola], mas não políticas”,

refere ainda o mesmo amigo de

Francisca. Há membros do novo

Governo português a cuja nomea-

ção Luanda não será indiferente.

O novo ministro dos Negócios Es-

trangeiros, Augusto Santos Silva,

criticou José Eduardo dos Santos

a propósito da entrada da Guiné

Equatorial na CPLP. E o ministro da

Cultura, João Soares, classifi ca o re-

gime angolano como “cleptocracia”.

Discreta e afável, a independência

e a isenção são-lhe reconhecidas por

vários membros do conselho que tu-

tela o Ministério Público, mesmo os

indicados pelo PSD. Isso mesmo tes-

temunha José Luís Bonifácio Ramos,

professor na Faculdade de Direito da

Universidade de Lisboa, e membro do

conselho superior durante seis anos,

em representação da Assembleia da

República, indicado pelo PSD. “Acre-

dito que pode fazer um bom trabalho

no Ministério da Justiça. Tem uma

enorme capacidade de trabalho e

um sentido de dever e de missão”,

sustenta o professor universitário.

Bonifácio Ramos descreve Van Du-

nem como uma low profi le que evita

posições de ruptura, mas sublinha

que tal não lhe retira outras capaci-

dades: “É exigente e sabe mandar.”

A procuradora Teresa Almeida,

que dirigiu durante vários anos uma

secção do DIAP de Lisboa especiali-

zada na investigação de crimes de

que consideraram difamatórias, João

Guerra e os outros dois titulares do

processo da Casa Pia indeferiram o

pedido. Ferro Rodrigues impugnou a

decisão através de um recurso hierár-

quico, mas o procurador João Guer-

ra encaminhou a reclamação para o

então procurador distrital de Lisboa,

alegando que não dependia de Van

Dunem. Mas acabou por ser esta a de-

cidir e a ordenar a incorporação dos

depoimentos contra Ferro e Gama

nos inquéritos resultantes das quei-

xas-crime feitas pelos políticos, que

acabaram por não conseguir levar a

julgamento, por difamação, os meno-

res que tinham feito aqueles relatos.

O advogado Barradas Leitão, o

mais antigo membro permanente

do Conselho Superior do Ministério

Público, destaca-lhe outra qualidade.

“Mantém a serenidade mesmo nos

momentos mais conturbados. Muitas

vezes funcionava como conciliado-

ra de várias posições”, diz. Barradas

Leitão, indicado para o conselho pri-

meiro pelo PSD e depois pela anterior

MP, afi rma: “Totalmente independen-

te dos outros poderes do Estado, com

alguma disciplina e uma hierarquia a

funcionar de forma efi caz.”

Teresa Almeida está certa de que

a ministra fará um bom mandato.

“Tem a noção da importância da

cooperação entre as várias profi s-

sões judiciais. E uma visão moder-

na de trabalho em equipa”, afi rma

a colega. E conclui: “Por isso, é uma

pessoa rara.”

DANIEL ROCHA

colarinho branco e também traba-

lhou com Van Dunem no gabinete

do procurador-geral da República,

concorda. “É generosa e preocupa-se

com as pessoas com quem trabalha”,

afi rma a colega.

Exemplo disso, recorda um outro

procurador, foi a forma como Van

Dunem protegeu o salário dos moto-

ristas que trabalhavam nas procura-

dorias-gerais distritais da austeridade

que alguns presidentes dos tribunais

da Relação lhes queriam impor. Estes

pretendiam retirar-lhes um subsídio

que recebiam há muito e que somava

duas ou três centenas de euros aos

seus magros salários. “Ela promoveu

reuniões e elaborou um documento

que entregou na Direcção-Geral da

Administração da Justiça, que comu-

nicou aos tribunais da Relação que ti-

nham de pagar o subsídio”, recorda.

Apesar disso, preza a hierarquia.

Por isso, não hesitou em participar

do procurador João Guerra, quando

este dirigia a investigação do proces-

so Casa Pia e Van Dunem coordenava

o DIAP de Lisboa. Em causa estava

a recusa daquele magistrado em in-

formá-la sobre a evolução da inves-

tigação, considerando que apenas

reportava ao então procurador-geral,

Souto Moura. Não foi a única fricção

que tiveram. Quando o actual presi-

dente da Assembleia da República,

Ferro Rodrigues, e o colega Jaime Ga-

ma pediram cópias dos depoimen-

tos dos jovens que os implicaram no

escândalo de pedofi lia, declarações

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A viagem de 1997 terá contribuí-

do para um início de reconciliação

com uma terra à qual a continuam

a ligar laços familiares, com raízes

profundas. A nova ministra da Jus-

tiça descende de seculares famílias

angolanas que cruzam africanos e

europeus e que se cruzam entre si —

Vieira Dias pelo lado da avó paterna,

Van Dunem pelo do avó paterno, um

jornalista e polemista deportado pa-

ra Cabinda por ordem de Norton de

Matos, então governador de Angola,

no início do século XX. É portanto,

por via do pai, um escrivão de Direi-

to, que recebe o apelido.

Van Dunem, afi rmou Francisca em

2009 ao Expresso, “é um nome tradi-

cionalmente angolano, com quatro

séculos. Vem de um holandês que

trabalhou para a coroa portuguesa

e se estabeleceu em Angola. Rela-

cionou-se com uma angolana com

quem teve uma larga prole. Os res-

pectivos descendentes decidiram

seguir o exemplo e há imensos Van

Dunem”. Contudo, “nem todos os

apelidos Van Dunem correspondem

à linhagem original, pois não raras

vezes os escravos tomavam o nome

dos senhores”, refere um amigo de

família, que solicita o anonimato.

Esta origem terá servido de mote a

um livro cuja acção tem lugar durante

a ocupação holandesa do século XVII,

A Gloriosa Família, de Pepetela, com

quem Francisca mantém um distan-

ciamento motivado pela ferida do 27

A independência e a isenção são-lhe reconhecidas por vários membros do conselho que tutela o MP, mesmo os indicados pelo PSD

Page 12: publico.29.11.2015

12 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

ENTREVISTA

Arménio Carlos garante

que a central sindical que

lidera está, “como sempre

esteve”, disponível para

o diálogo e a negociação,

mas não vai abdicar de

“intervir atempadamente” para

que haja uma mudança de políticas

e para que as promessas “não se

transformem em enormíssimas

frustrações”.

A CGTP, diz, não quer acabar

com a Concertação Social, mas

para já todos os esforços estarão

concentrados na Assembleia da

República, porque é aí que será

possível concretizar algumas das

promessas feitas pelo PS e pelos

partidos à sua esquerda “de forma

mais objectiva”.

O líder da Intersindical antecipa

alguns pontos de confl ito com

o executivo de António Costa.

Rejeita que o despedimento

conciliatório, que deixou de

constar do programa do Governo,

seja introduzido “pela porta dos

fundos” no plano de combate à

precariedade. Diz que redução

da TSU dos trabalhadores com

salários até 600 euros serve para

“perpetuar os baixos salários”.

E alerta que o programa não dá

resposta a questões que considera

“estruturantes”, como a revogação

das alterações à legislação

laboral feitas de 2012 em diante

ou o fi m do modelo assente em

precariedade e baixos salários.

Por que é que a CGTP decidiu

manter a manifestação em

Lisboa, Porto e Braga, após

Cavaco Silva ter dado posse ao

Governo do PS?

Por duas razões. Em primeiro

lugar, porque, neste momento,

é fundamental a participação

cívica dos trabalhadores e dos

cidadãos na rua para exprimirem

a sua vontade de mudança

e, simultaneamente, para

infl uenciarem essa mudança.

Em segundo lugar, porque

sabemos que os lobbies se estão

a movimentar fortemente para

condicionar e constranger a

intervenção do Governo que

entretanto tomou posse. Mais

do que estarmos à espera do que

vai acontecer, entendemos que

os trabalhadores e o povo devem

continuar a ser os protagonistas.

É necessária uma demonstração

de força?

Não. O que é necessário é que a

FOTOS: DANIEL ROCHA

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, diz que a central sindical quer infl uenciar a mudança de políticas e que o novo Governo tem de cumprir “as promessas que fez”

forte participação cívica dê mais

força ao sentido de mudança

que emanou das eleições de 4

de Outubro. A participação dos

trabalhadores e da população

é hoje, mais do que nunca,

importante para que essa mudança

se verifi que e não fi que prisioneira

dos lobbies instalados na sociedade

portuguesa, nomeadamente na

área económica e fi nanceira.

Que sinais tem tido dessa

mobilização dos lobbies?Se olharmos para os grandes

grupos económicos e fi nanceiros,

eles acabaram por ser os grandes

benefi ciados das políticas

desenvolvidas nos últimos anos. A

intervenção da troika e a política

de direita do Governo PSD-CDS

teve sempre como fi nalidade

benefi ciá-los, mesmo que disso

resultasse um empobrecimento

generalizado da população. São

esses privilégios concretizados ao

longo dos últimos anos que levam

a que esses lobbies, no segredo

dos gabinetes e nas outras áreas

onde intervêm no plano interno

e externo, estejam a movimentar-

se por forma a condicionar e

a difi cultar a intervenção do

Governo.

Quem são os rostos desses

lobbies? Está a falar do

presidente da CIP, que falava

numa fuga de capitais nas

últimas semanas por causa da

instabilidade política?

Não individualizamos.

Essa necessidade de a CGTP

estar atenta e preparada para

a acção tem que ver com o

facto de, com um governo PS,

apoiado pelo PCP, pelo Bloco e

pelo PEV, as expectativas serem

mais elevadas?

Acima de tudo, as expectativas

em relação a este Governo terão

de se traduzir em termos práticos.

Por isso queremos intervir

atempadamente para que essas

expectativas se concretizem em

mudanças de políticas e para

que amanhã não se transformem

em enormíssimas frustrações. E

a CGTP entende — valorizando

algumas componentes que

evidenciam alguma sensibilidade

social — que o programa [de

governo] continua a não dar

resposta a eixos estruturantes

para uma mudança de política.

É o caso da revisão das normas

gravosas da legislação laboral; da

necessidade de revogar a norma

da caducidade da contratação

colectiva e de reintroduzir a norma

do tratamento mais favorável; e

da alteração do modelo de

A participação dos trabalhadores e da população é importante para que a mudança se verifique e não fique prisioneira dos lobbies instalados, nomeadamente na área económica e financeira

EntrevistaLuís Villalobos e Raquel Martins

Promessas não podem transformar-se “em enormíssimas frustrações”

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Page 13: publico.29.11.2015

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Page 14: publico.29.11.2015

14 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

precariedade, baixos salários e

trabalho desqualifi cado.

Essa última questão está no

programa do Governo.

Temos sinais de algumas medidas

de combate à precariedade, mas

nós temos uma visão mais global.

O combate à precariedade tem de

estar associado a medidas de fundo

que têm que ver com a estabilidade

e a segurança no emprego e com

a valorização das carreiras, das

competências e das qualifi cações.

O facto de este Governo ter

o apoio parlamentar do PCP,

partido que tem uma visão

semelhante a essa, dá-lhe

garantias de que isso se vai

concretizar?

As garantias são as que vão ser

determinadas pelo rumo dos

acontecimentos e pela intervenção

e pela força popular. Este Governo

precisa de perceber que estamos cá

não para criticar por criticar, nem

para protestar por protestar. E tem

a obrigação de ter em consideração

que a expressão do voto de 4 de

Outubro foi no sentido de pôr

termo a um governo do PSD-CDS,

à política de austeridade e afi rmar

um real sentido de mudança em

relação ao futuro. Não vemos neste

Governo um adversário, vemos um

governo que tem de concretizar

as promessas que fez. Uma

mudança de política corresponde

objectivamente a uma melhoria

das condições de vida e de trabalho

da população, a uma mais justa

distribuição de riqueza, a mais

e melhor emprego, a melhores

salários e pensões, e a uma defesa

das funções sociais do Estado.

Nos próximos tempos, a CGTP

estará mais à mesa a dialogar e

menos na rua a contestar?

Sempre tivemos disponibilidade

para o diálogo e para negociar

e, se até agora não tem havido

negociação, a responsabilidade não

é da CGTP. Uma coisa é negociar,

outra é aceitar imposições. Se

olharmos para o acordo para o

crescimento, competitividade e

emprego de 2012, temos aí um

bom exemplo: foi a transferência

ipsis verbis do memorando da

troika para um denominado

“acordo social” a pretexto de que

se iria melhorar o crescimento, a

competitividade e o emprego. Os

resultados estão à vista!

Diz que é necessário pôr fi m

à austeridade. Não é preciso

também controlo na despesa?

Claro que sim.

Em que áreas?

Temos uma posição muito crítica

em relação ao Tratado Orçamental,

porque serviu de pretexto a

um conjunto de ataques aos

trabalhadores da administração

pública e do sector empresarial do

Estado; para se fazer privatizações;

reduzir o emprego e a qualidade do

emprego; para se cortar salários;

para se congelar salários e carreiras

e para se reintroduzir o processo

da requalifi cação. Não se podem

aplicar processos idênticos a países

diferentes, e isto, mais cedo ou

mais tarde, vai ter de ser discutido.

É necessário ter o controlo

do défi ce, mas apresentamos

propostas que nada têm que

ver com défi ce. Por exemplo, a

questão da contratação colectiva,

que é algo inerente às relações de

trabalho. Não passa pelo défi ce,

passa por opções políticas.

No caso das empresas de

transportes públicos, após a

reversão das subconcessões

defende a municipalização ou o

controlo por parte do Estado?

Um controlo por parte do Estado.

O Estado tem de ter empresas

estratégicas para desenvolver

uma política que dê resposta às

necessidades da evolução do país.

Hoje olhamos para o interior e

vemos que, depois da privatização

da Rodoviária Nacional, não há

praticamente transportes públicos

e as autarquias foram forçadas a

adquirir autocarros ou minibus

para transportar as crianças para

a escola ou os idosos. Isto nada

tem que ver com uma política de

coesão social e territorial, tem que

ver com uma política de opção

pelos interesses económicos.

António Costa já disse que vai

avançar para a municipalização

em Lisboa, e o caso do Porto

está a ser estudado. Como é que

reagirá, se assim for?

É uma hipótese que não nos

parece ser a mais adequada. O

Estado precisa de ter uma visão

estratégica para o desenvolvimento

da economia. Quando estamos a

falar de transportes, não estamos

apenas a falar do transporte

das pessoas, mas também dos

transportes de mercadorias e dos

trabalhadores que têm uma relação

directa com o desenvolvimento da

economia, com o desenvolvimento

das urbes. No plano global, não se

resolve o problema.

O Parlamento discutiu um

conjunto de medidas para

eliminar, progressivamente,

os cortes salariais na função

pública, a sobretaxa do IRS e a

contribuição extraordinária de

solidariedade sobre as pensões.

Estas propostas são aceitáveis?

São insufi cientes, não são a nossa

proposta. O que entendemos é

que, independentemente dessas

propostas que visam minimizar

efeitos dos cortes, é tempo

de começarmos a discutir a

valorização dos trabalhadores da

administração pública e do sector

empresarial do Estado, que não

podem fi car eternamente sem

aumentos salariais. Desde 2009

que os trabalhadores não são

aumentados. E nós perguntamos:

o país melhorou por causa disso,

o défi ce reduziu-se de forma

signifi cativa por causa disso?

A despesa reduziu-se.

A despesa reduziu-se, mas fi cou

sempre acima do previsto.

A CGTP quer aumentar o salário

mínimo nacional (SMN) para

os 600 euros a 1 de Janeiro de

2016, enquanto o PS propõe

530 euros. Qual é a margem

negocial da CGTP nesta

matéria? Vão ser irredutíveis?

Nunca somos irredutíveis em

relação a nenhuma matéria,

excepto as que põem em causa

os direitos fundamentais dos

trabalhadores. É um tema a

discutir.

Na Concertação Social?

Bilateralmente ou na Concertação

Social. Seja onde for. Aliás, há

muita gente preocupada com o

esvaziamento da Concertação

Social.

ENTREVISTA

Apresentamos propostas que nada têm que ver com défice. Por exemplo, a questão da contratação colectiva: não passa pelo défice, passa por opções políticas

Page 15: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESTAQUE | 15

Esse risco existe?

O problema não é o esvaziamento

da Concertação. Se ela está

esvaziada enquanto espaço de

verdadeiro diálogo e negociação,

foi resultado da acção daqueles

que hoje se queixam. Os sucessivos

governos utilizaram-na para tentar

legitimar políticas previamente

defi nidas em gabinetes, num

simulacro de negociação, para

impor determinadas políticas. Os

que estão agora preocupados com

o esvaziamento da Concertação

Social foram os mesmos que a

descredibilizaram. Quando se

assinam acordos que originaram

um desequilíbrio profundíssimo

das relações de trabalho, com

prejuízo evidente para os

trabalhadores, só se pode tirar uma

conclusão: aquilo não é negociar,

é capitular. Além disso, os mesmos

que hoje falam no esvaziamento

da negociação, e estou a falar das

confederações patronais, foram

os mesmos que bloquearam

a contratação colectiva [nas

empresas e nos sectores].

No passado, a CGTP assinou

acordos e noutras situações não

assinou, porque, dizia-se, o PCP

não deixava. Neste momento

o PCP apoia o Governo. É

expectável que a CGTP esteja

mais liberta para assinar

acordos?

Há uma coisa que sempre

tivemos nesta casa: liberdade

de pensamento e liberdade

de acção. É por isso que este

projecto sindical é composto por

comunistas, socialistas, católicos,

pessoas do Bloco de Esquerda e

independentes.

Mas a tendência principal é a

comunista.

Toda a gente reconhece isso.

Quem decide as posições da CGTP

são os seus órgãos. Tal como

não subscrevemos acordos que,

pelos seus conteúdos, não nos

interessavam, também assumimos

os que nos interessavam. Por

exemplo, o acordo do salário

mínimo [assinado em 2006].

Não assinaram, por exemplo,

o acordo sobre formação

profi ssional com o argumento

de que não era exequível.

E a vida veio confi rmar que

aquilo não servia para mais do

que manipular a opinião pública,

assinando uma coisa que não se

concretizaria.

Quando se assina um acordo,

nunca se tem a garantia de que

ele se concretiza totalmente. O

do salário mínimo também não

se concretizou.

Repare que todos os acordos que

tiveram como fi nalidade reduzir

direitos aos trabalhadores foram

concretizados na íntegra. De

todos os acordos que assinámos,

nenhum foi cumprido. E não foi

por denúncia da CGTP, mas porque

os governos e as confederações

patronais, a dado momento,

bloquearam o seu cumprimento.

Pela nossa parte estamos, como

sempre estivemos, disponíveis

para negociar com qualquer

governo.

A CGTP vai valorizar mais o

diálogo bilateral com o Governo

ou a Concertação Social?

Mais útil e mais objectivo do ponto

de vista da concretização é colocar

na Assembleia da República um

conjunto de diplomas para pôr

termo a uma violação grosseira

de direitos fundamentais dos

trabalhadores. Por outro lado,

vamos continuar a privilegiar a

negociação bilateral, continuando

também disponíveis para discutir

na Concertação Social todas as

matérias. A CGTP não quer acabar

com a Concertação Social. O que

a CGTP não quer é ser parte de

uma concertação que não só não

promove o diálogo, como simula

negociações que, na prática, se

concretizam noutros bastidores e

contra os trabalhadores.

Acha que com este Governo isso

não vai acontecer?

Este Governo tem obrigação de

ter presente o que se passou e

não repetir os erros do passado.

Esperamos uma atitude de

abertura e de seriedade no

tratamento dos temas. Sabendo

de antemão que nalguns casos

vai haver opiniões diferentes,

esperamos que elas sejam

dirimidas não de acordo com

pressões que surgem do lado dos

lobbies económicos e fi nanceiros,

mas numa perspectiva de

estabilidade.

Portanto, a CGTP vai concentrar

esforços no Parlamento e no

Governo, porque é aí que os

problemas se podem resolver

no imediato.

A CGTP está a insistir em todas

as áreas para procurar a reversão

de um conjunto de medidas que

foram anteriormente assumidas.

Não estejam é à espera que

fi quemos na expectativa do que

os outros vão fazer. Temos a nossa

estratégia e a nossa iniciativa e

somos nós que comandamos a

nossa agenda. No caso concreto,

vamos analisar o que prometeu

cada um dos partidos e exigir que

cumpram enquanto é tempo,

para que os trabalhadores

percebam que a mudança se está

a concretizar. É na Assembleia da

República que isso se faz? Então é

na Assembleia que vamos apostar.

O ministro das Finanças, Mário

Centeno, defendia num estudo

que o aumento do salário

mínimo difi culta a criação de

emprego. Há esse risco?

Uma das propostas do actual

ministro das Finanças era o tal

despedimento conciliatório e ela

entretanto caiu.

O despedimento conciliatório

está no programa, mas numa

entrevista à Rádio Renascença

Centeno disse que o assunto

poderá ser discutido no âmbito

do programa de combate à

precariedade.

É bom que não apresente essa

proposta, sob pena de estar a

contraditar o que foi assumido

publicamente com outros partidos.

O que foi assumido era que não

faria parte do programa do

Governo.

Então é bom que [o tema] não

seja reintroduzido pela porta dos

fundos. Se for para introduzir essa

e outras matérias pela porta dos

fundos, então não temos mudança,

temos continuidade. Se querem

desvalorizar o trabalho, então

assumam-no defi nitivamente.

Acho que não é isso que está

previsto. Mas no que respeita ao

SMN essa ideia de que o aumento

corresponde à menor criação

de emprego não pode ser vista

de forma tão redutora. O que

defendemos é que o aumento do

SMN e dos restantes salários é

fundamental, porque a melhoria

dos rendimentos corresponde

a mais consumo e isso implica

que as empresas tenham de

aumentar a sua produção e criar

mais emprego. Não nos podemos

esquecer que o SMN corresponde

em termos líquidos a 450 euros

mês [descontando os 11% da

Segurança Social]. Como é que se

vive? O SMN é a possibilidade de

tirar os trabalhadores da pobreza.

O programa do PS tem

como estratégia aumentar o

rendimento. Para isso propõe

a redução da TSU para salários

até 600 euros e o complemento

salarial anual. São medidas

acertadas?

Não só não nos parecem acertadas,

como são uma estratégia

arriscada. A pretexto de apoiar

os trabalhadores com menores

salários, o que o PS está a fazer

é perpetuar os baixos salários,

porque fi nancia, de forma

indirecta, as empresas. Embora se

diga que a redução de receitas da

Segurança Social é compensada

pelo Orçamento do Estado, esta

é mais uma janelinha que se abre

para pôr a Segurança Social a

servir de sustentáculo ao modelo

de baixos salários e precariedade.

Acaba por ser um incentivo à

manutenção dos baixos salários.

Disse que os acordos assinados

entre o PS e os partidos da

sua esquerda são “mínimos”.

Isso garante estabilidade e um

governo para quatro anos?

Maior instabilidade do que aquela

a que fomos sujeitos nos

A CGTP não quer é ser parte de uma concertação social que simula negociações que, na prática, se concretizam noutros bastidores e que são contra os trabalhadores

600euros é o valor que a CGTP reivindica para o salário mínimo nacional já a 1 de Janeiro de 2016. PS fala de 530 euros

c

Page 16: publico.29.11.2015

16 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

últimos quatro anos, que nos deu

pobreza, angústia, insegurança

e saída maciça de centenas de

milhares de pessoas do país,

não há. Quando dizemos que os

acordos são mínimos, é porque são

o entendimento mínimo em relação

a objectivos concretos que as várias

forças políticas entenderam que

eram fundamentais. Daqui decorre

que cada partido vai continuar a

ter a sua ideologia e a sua visão da

sociedade. Para nós, entenderem-

se sobre estas matérias, 41 anos

depois do 25 de Abril, já não é

uma coisa pequena. É de grande

signifi cado.

Nunca imaginou que pudesse

acontecer?

A vida ensinou-me a não utilizar

uma palavra: nunca.

Mas durante a entrevista usou

essa palavra para dizer que

nunca iria assinar determinado

tipo de acordos.

Sobre essa matéria não contem

com a CGTP para assinar

conteúdos como os que foram

assinados no período da troika.

Qual é o principal factor de

risco para que este Governo

não cumpra os quatro anos de

mandato?

Não cumprir as promessas e

as expectativas que criou. Este

Governo tem duas hipóteses. Ou é

coerente com aquilo que assumiu

em relação às grandes linhas

orientadoras no sentido de uma

mudança e tem atenção ao voto

maioritário dos portugueses; ou

opta por, com pequenas nuances,

dar continuidade ao que vem de

trás. A partir daí os portugueses

decidirão. A melhor forma de este

Governo garantir a estabilidade

para os próximos quatro anos

é cumprir as promessas que

fez e corresponder ao desejo

de mudança que a esmagadora

maioria do povo expressou.

Mas estamos inseridos numa

realidade europeia e em breve

haverá pressões.

É verdade. É um desafi o à

criatividade, à imaginação e à

capacidade de fazer bem.

Fala de uma maioria como se

fosse um bloco, mas ela está

fragmentada em quatro partes.

Falo de uma maioria na Assembleia

da República, que estabeleceu

um entendimento mínimo. E

para nós isso é positivo, porque

precisamos do confronto de

opiniões para dirimir a saída e os

compromissos que até agora não

foram encontrados.

foi feito em relação à Grécia. Os

pronunciamentos públicos [por

parte da Comissão] em relação a

Portugal têm sido cautelosos e isso

não está desligado das eleições em

Espanha, porque já estamos a falar

noutra escala de país. Há os que

pensam que estamos condenados.

Nós entendemos que estaremos

tanto mais condenados quanto

mais nos resignarmos e aceitarmos

o que nos é imposto.

Qual é o principal desafi o a

médio prazo do sindicalismo

ENTREVISTA

em Portugal?

Nós não olhamos para o

umbigo. Com as propostas que

apresentamos olhamos para a

sociedade. E, dessa forma, estamos

a demonstrar que — ao contrário

de outros que, malevolamente,

continuam a passar a ideia de

que os sindicatos existem para

defender os trabalhadores

efectivos esquecendo os que

têm vínculo precário e os que

estão no desemprego — todos,

independentemente da qualidade

do vínculo que têm, fazem parte

integrante do que deve ser a

valorização do trabalho.

Os sindicatos não têm

de encontrar formas de

representar esses trabalhadores

precários?

Sem dúvida. Esse esforço é

permanente e um desafi o que se

nos coloca.

O discurso dos sindicatos não

é, de certa forma, antiquado

e distante da linguagem dos

mais jovens, acabando por se

desvalorizar a mensagem?

Pode haver quem pense assim. Mas

nós estamos sempre disponíveis

e por isso dizemos aos jovens que

venham ter connosco e nos ajudem

a construir uma mensagem que

possa ir ao encontro das pessoas e

ser mais atractiva.

Quantos sindicatos estão

fi liados na CGTP e quantos

sindicalizados têm?

Temos 80 sindicatos fi liados e

temos relação directa com 40 não

fi liados. Em relação ao número de

sindicalizados, o número ofi cial

é o que foi divulgado no último

congresso [Janeiro de 2012]: na

ordem dos 550 mil.

E daí para cá houve perda?

Esses números serão apresentados

no próximo congresso de 26 e

27 de Fevereiro de 2016. Claro

que não fi cámos imunes ao

que se passou no mercado de

trabalho. Nos últimos quatro anos

desapareceram 540 mil postos

de trabalho, temos o desemprego

que toda a gente conhece, uma

emigração que é signifi cativa.

Houve saída de trabalhadores, mas

nós também defi nimos que iríamos

trabalhar para sindicalizar 100 mil

trabalhadores em quatro anos e

estamos quase lá.

Qual é o saldo entre os

que saíram os que se

sindicalizaram? É negativo?

Neste momento, e ainda não

está fechado, o saldo entre novas

entradas e saídas não é negativo.

Mas vamos ver. A campanha de

sindicalização termina no fi nal

do ano e achamos que vamos

atingir os nossos objectivos e talvez

ultrapassá-los.

De que sectores vieram as

pessoas novas?

De todos. Na área dos serviços

particularmente, com um

número signifi cativo de mulheres.

A maioria dos que se estão a

sindicalizar são mulheres. A

área da indústria foi fortemente

penalizada.

Quando começarem a

existir pressões externas

das instituições europeias e

dos credores, não é aí que

se vai fazer o grande teste a

estes acordos, dado que os

subscritores têm visões muito

diferentes sobre o papel dessas

entidades externas?

As instituições europeias estão

sempre a evoluir, embora nem

sempre no bom sentido. Houve

uma condenação generalizada por

parte da opinião pública do que

Page 17: publico.29.11.2015

AINDA TEM MUITO PARA DESCOBRIR

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Page 18: publico.29.11.2015

18 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Nabos para Cavaco no Camões, vaias para Costa no Carmo

FOTOS: MIGUEL MANSO

À mesma hora, no Largo do Carmo (em cima) e no Largo de Camões (em baixo) houve protestos em Lisboa

O molho de nabos veio da Guarda e

tinha como primeiro destino o Palá-

cio de Belém. Serviriam para avivar a

memória ao Presidente da República,

“para se lembrar que deve cumprir

e fazer cumprir a Constituição”. Co-

mer nabo faz bem à memória, insiste

num cerrado sotaque beirão António

Machado. Mostra uns enormes nabos

ainda meios sujos de terra e com as

folhas um pouco murchas de estarem

toda a tarde nas mãos calejadas do

agricultor de 87 anos, barrete preto de

lã grossa e borla a cair sobre o ombro,

casaca de xadrez com punhos, bolso

e punhos com renda preta. Criados

“sem adubos nem químicos”, garante

Machado, que é também o presidente

da Associação Distrital dos Agriculto-

res da Guarda há três décadas.

Enquanto pedia aos organizadores

da concentração da CGTP no Largo

de Camões, em Lisboa, para entre-

garem os nabos a Arménio Carlos

- “é um desperdício voltarem para

casa” -, o beirão franzino dava uma

lição de economia. “80% do cereal

que importamos podíamos nós pro-

duzir. Não podemos produzir 100%,

claro, mas fazíamos mais e importá-

vamos menos. Mesmo que isso nos

custasse mais 5 ou 10 cêntimos por

quilo, fi ca mais barato do que com-

prar. Sabe porquê?” “Escusávamos

de comprar”, responde um jovem da

CGTP. “Porque tínhamos a nossa gen-

te a trabalhar. Temos que pôr o país

a produtir”, diz o idoso, de dedo em

riste. Quem se sentou na cadeira no

Terreiro do Paço nestes anos todos

não percebia nada de agricultura.

“Essa senhora que lá esteve agora...

o que aprendeu ela de agricultura no

curso que fez? Ainda se a colocassem

na Justiça, eu não piava. Agora... na

agricultura?!?”

“Fazem-nos crer que somos um

país pobrezinho. A Guarda produzia

milhares de toneladas de batata; ago-

ra está tudo a monte. Temos o maior

mar da Europa e temos que comprar

a sardinha a 10 euros aos espanhóis”,

enumera. “O primeiro-ministro que

começou a afundar o país é agora Pre-

sidente”, acusa António Machado en-

quanto espreita a ver se Arménio Car-

los aparece a agradecer os nabos.

Antes, houve música e discursos.

A concentração “Cumprir a Consti-

No largo cheio de gente, há bandei-

ras de Portugal e muitas vermelhas

da CGTP no ar, placards com folhas

A4 que dizem “Cumprir a Constitui-

ção”, “Serviços públicos sim! Privati-

zações não!”, “Aumento dos salários”,

“Trabalho! Salários! Direitos!”; uma

faixa pede “1% do PIB para a cultu-

ra”. Acabaram-se as palavras de or-

dem que mandavam o Governo para

a rua, lhe chamavam ladrão, gatuno

ou mentiroso. “Os fascistas já foram

para a rua mas temos que estar com

o olho aberto”, dizia um homem

quando o hino nacional terminou e

virava as costas ao palco improvisado

É a democracia que está de luto e a

intenção de Mário Gonçalves, orga-

nizador, era enviá-la ao presidente

do Parlamento com uma carta, mas

acabaria por ser deposta à porta do

convento - o mesmo que viu nascer a

democracia, faz-lhe agora o luto.

Seriam quase 200 pessoas, entre

quem estava em pé, junto ao chafariz

do largo ou estava sentado nas espla-

nadas com bandeiras de Portugal ao

lado e no colo. Mas mais gente era

esperada: várias dezenas de bandei-

ras amontoavam-se junto ao chafariz.

Ainda assim, Mário Gonçalves, profes-

sor de música e presidente da conce-

lhia do CDS de Monforte, mostrava-se

contente. “Os portugueses estão in-

dignados contra a indigitação de An-

tónio Costa, e não são só as pessoas de

direita. Há aqui gente de esquerda que

não concordam com o que o PS está a

fazer”, garante. Tanto PSD como CDS

foram contactados, diz, mas não se

quiseram envolver. “Há 40 anos que

a direita não saía à rua. Vamos conti-

nuar a fazê-lo até o Governo de Costa

vir abaixo”, promete.

Um grupo de amigas não tem dú-

vidas: o Presidente “não tinha alter-

nativa” porque a Constituição está

“desactualizada”, argumenta Mar-

garida Leal, desempregada e antiga

empresária do sector da educação, e

Isabel Costa diz que Portugal parece

um “país do terceiro mundo”. Con-

testam o “oportunismo e a sede de

protagonismo” de Costa, como acusa

Mafalda Seia. Estão “muito descon-

tentes” com o rumo político - tanto

que virão para a rua quando for pre-

ciso - e, mais do que elogiar a direita,

criticam a forma como Costa chegou

ao poder. “Isto agora é só facilidades:

o Governo vai dar, dar, dar, até isto

estoirar por si”, diz Margarida, que

gostava que Cavaco “deitasse o Go-

verno abaixo antes de sair”.

Carlos Nunes junta-se à conversa.

Diz ter votado CDU “contra António

Costa”. “Sinto-me espoliado”, vinca.

Veio ao Carmo por ser um “espaço

de liberdade, democrático” e estar

contra a “fraude e a vigarice”. Tem

uma teoria rebuscada: “Costa chegou

ao poder no PS ajudado pela direcção

do Bloco e uma parte da direcção do

PCP liderada pelo João Oliveira. Isto já

estava a ser cozinhado há muito. Por

isso é que Jerónimo de Sousa, ligado

aos conservadores do PCP que não

queriam nada com o PS, não pôs os

pés na tomada de posse.”

Separadas por 350 metros, duas concentrações mobilizaram centenas de pessoas. Umas defendendo a política de esquerda, outras clamando contra Costa no poder. Serão assim os próximos meses na política

ProtestosMaria Lopes

tuição, Mudar de política, Resolver

os problemas dos trabalhadores e do

país” foi marcada para Belém, mas o

Presidente deu posse a António Costa

e a CGTP mudou o local. Também se

fez em Braga e no Porto. No Chiado,

Arménio Carlos exultou a luta dos

trabalhadores que obrigou Cavaco

a dar posse a um Governo PS, mas

defendeu que o povo quer mais. É

preciso cumprir de facto a Constitui-

ção, “revogar a legislação anti-laboral

e anti-social da direita” e “mudar efec-

tivamente de políticas” - e avisou que

a CGTP e os trabalhadores “irão exigir

respostas aos seus problemas”.

na carrinha da CGTP. São quase cin-

co da tarde, há encontrões no Largo

de Camões, no Chiado, em Lisboa, e

para algumas centenas de activistas

da CGTP é tempo de regressar aos au-

tocarros que os trouxeram para mais

uma concentração.

A democracia enlutadaA cerca de 350 metros, num largo lis-

boeta mais icónico do que o Camões,

activistas de direita promoveram a

primeira concentração contra o Go-

verno de António Costa, 48 horas

depois de ser empossado. “Fraude

eleitoral envergonha Portugal”, “Is-

to não é o fi m e não vai fi car assim”,

“Costa p’rá rua, a casa não é tua” e

“Costa, golpista, tu és um vigarista”,

gritou-se por um megafone.

Todas as árvores do Largo do Car-

mo - onde a coligação começou a des-

cida do Chiado na campanha - esta-

vam ligadas por faixas vermelhas e

verdes e tinham agrafada no tronco

uma folha amarela com a palavra de-

mocracia. Quase toda a gente tinha

uma bandeira de Portugal na mão,

e contavam-se apenas duas da coli-

gação Portugal à Frente, assim como

lenços da coligação num ou noutro

pescoço. No pedestal de um cande-

eiro estava uma coroa de fl ores em

forma de D com uma larga fi ta negra.

Page 19: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | PORTUGAL | 19

RUI GAUDÊNCIO

Líder da CIP participou no Fórum Empresarial Algarve

Os empresários temem a crescen-

te infl uência da CGTP junto do Go-

verno, pela via indirecta da maio-

ria de esquerda no Parlamento. O

presidente da CIP, António Saraiva,

acha que há “já sinais” no sentido

de “esvaziar a Concertação Social”.

O exemplo que apontou foi a ante-

cipação do anúncio do aumento do

salário mínimo para 530 euros em

2016. Por outro lado, o conselheiro

de Estado Vítor Bento prevê uma

mudança radical na transferência

dos centros de decisão em relação

à banca: “Nos próximos três a cinco

anos, nenhum banco português será

nacional.”

O banqueiro José Maria Ricciardi

(ex-administrador do BES), por ou-

tro lado, acha irrelevante a origem

do dinheiro. “Antigamente preocu-

pava-me se o capital era nacional ou

não. Com humildade, digo que mu-

dei de opinião.” A aprendizagem,

justifi cou, veio do Reino Unido, on-

de empresas como a Rolls-Royce ou

a Jaguar “já não pertencem a ingle-

Empresários receiam que a CGTP transfira o poder da rua para o Parlamento

ses, mas continuam em Inglaterra

a fazer investimentos”. “Acho que

não tem importância nenhuma [a

origem do capital].” Quanto ao in-

teresse do Haitong Bank ( do qual é

chefe executivo) na compra do Novo

Banco, desvalorizou a mercadoria:

“Parece-me pouco provável, apesar

de que poderá assessorar, isso sim,

que é o seu trabalho, um dos futuros

compradores.” O facto de o Banco

de Portugal ter escolhido o ex-se-

cretário de Estado Sérgio Monteiro

para ser o vendedor só lhe merece

elogios. “Acho que teve muita sorte,

porque é um excelente profi ssional,

altamente competente.”

Vítor Bento e José Maria Riccar-

di foram dois dos oradores que se

destacaram ontem, em Vilamoura,

no decorrer do Fórum Empresarial

Algarve. A iniciativa, promovida pe-

la Lide — grupo de líderes empresa-

riais , reúne pela quarta vez perso-

nalidades da política e do mundo

dos negócios naquele empreendi-

mento turístico algarvio. A edição

deste ano tem como tema “2020

Portugal e Futuro”. O ministro das

Finanças, Mário Centeno, foi o con-

vidado especial do jantar de ontem

à noite, que tinha na ementa os de-

safi os que se colocam ao Governo

para atrair investimento, num qua-

dro de estabilidade política. Perder

a credibilidade uma segunda vez,

sublinhou Ricciardi em declarações

aos jornalistas, colocaria Portugal

“numa situação mais difícil” do

que a ocorrida em 2011. Por outro

lado, o ex-ministro [do Governo de

António Guterres] Murteira Nabo

deixou um alerta: “A banca está

bloqueada, o dinheiro não chega

à economia.”

Em contracorrente, o presidente

da CIP, António Saraiva, acha que

seria “desastroso” para economia,

caso o antigo presidente do Novo

Banco, Vítor Bento, viesse a acer-

tar nas previsões, fi cando Portugal

a ver fugir para o estrangeiro os

centros de decisão da banca. No

curto prazo, o presidente da CIP

lembrou, em declarações à mar-

gem do fórum, que a CGTP é um

dos sete dos parceiros, na Con-

certação Social. Apesar das várias

tentativas para aumentar o salário

mínimo, sublinhou, a central sin-

dical não conseguiu obter os seus

objectivos. Agora, observou, a “CG-

TP estará interessada em esvaziar

a Concertação Social, reforçando

no Parlamento aquilo que na Con-

certação Social não tem consegui-

do”. Opinião diferente manifestou

Murteiro Nabo, defendendo um

papel mais interventivo do Estado

na economia: “Os mercados só por

si não geram equilíbrios, pelo con-

trário, desequilibram.” Descrente

do poder político, Vítor Bento acha

que se andou a “vender promessas

a crédito” e isso levou o país a uma

situação com futuro hipotecado.

Governo Idálio Revez

Dentro de três a cinco anos, diz Vítor Bento, não haverá bancos portugueses nem centros de decisão nacionais

Última obra de Jardim tem fragilidades

Começou por ser apresentado como

mais um cais acostável no Porto do

Funchal, o discurso infl ectiu depois

para uma obra de protecção para a

renovada frente marítima da capi-

tal madeirense, voltando ao início,

quando em Agosto o navio-cruzeiro

Minerva fez a atracagem inaugural

na nova infra-estrutura.

O Cais 8 do Porto do Funchal cus-

tou mais de 23 milhões de euros, foi

a última obra inaugurada por Alber-

to João Jardim, já na última semana

antes de deixar a Quinta Vigia para

Miguel Albuquerque, e sete meses

depois ninguém sabe realmente para

que é que serve.

Em Outubro, a agitação marítima

mais forte revelou as fragilidades de

uma obra que foi bastante contes-

tada desde a fase de projecto, mas

que, contra pareceres técnicos, avan-

çou, enquadrada na empreitada de

reconstrução da Madeira no pós-tem-

poral de 20 de Fevereiro de 2010.

No mês passado, duas escalas de

cruzeiros foram canceladas e um

terceiro navio optou por fundear

ao largo da cidade, com passageiros

e tripulantes a desembarcarem em

baleeiras. A (falta de) operacionalida-

de do Cais 8, que é demasiado curto

para os grandes navios que fazem

escala no Funchal e está exposto à

ondulação marítima, aliada às obras

Cais 8: 23 milhões de euros a ver passar navios

na zona norte do porto, que reduzem

a capacidade de acostagem até ao fi -

nal do ano, reacenderam o debate

em torno da infra-estrutura.

A presidente da Administração dos

Portos da Madeira (APRAM), Alexan-

dra Mendonça, que inicialmente de-

fendeu a obra garantindo que seria

uma mais-valia para o crescente mer-

cado de cruzeiros — em 2014 perto de

meio milhão de turistas desembar-

caram no Funchal —, ressalva agora

que a principal valência do Cais 8 é

proteger a praça construída sobre

o material depositado durante as

limpezas de Fevereiro de 2010, mas

na Assembleia e na Quinta Vigia nin-

guém esquece a defesa intransigente

que fez daquela infra-estrutura.

No fi nal de Outubro, durante um

debate no parlamento sobre o Turis-

mo, Albuquerque reafi rmou o que

disse quando estava à frente da Câ-

mara do Funchal: o cais só funciona

com a ampliação do molhe principal

do porto. Na altura, a autarquia foi

uma das principais vozes críticas, o

que resultou na expulsão de um ve-

reador social-democrata do partido,

e na regionalização de vários arrua-

mentos da cidade.

O chefe do executivo madeirense

assegurou no mesmo debate que,

mesmo perante as evidências, não

irá fazer o mesmo que Jardim, justi-

fi cando a continuidade de Alexandra

Mendonça na APRAM com o facto de

“não fazer saneamentos políticos”.

Albuquerque acrescentou ainda que

o novo cais não integra as acções pro-

mocionais que estão a ser feitas do

porto de cruzeiros, um sector estra-

tégico para o turismo regional.

Por isso a oposição quer apurar

responsabilidades. O PS já anunciou

que vai avançar com um pedido de

inquérito parlamentar na assembleia

madeirense, e o partido Juntos pelo

Povo ( JPP) já requereu uma audição

parlamentar sobre a obra que o Blo-

co diz ser “mais um elefante branco”

de Jardim.

Todos são unânimes na necessi-

dade de ampliar o molhe principal

do porto. Em 2011, a autarquia fun-

chalense liderada por Albuquerque

emitia um parecer que assegurava

que só a ampliação em pelo menos

300 metros garantia a protecção da

frente mar da cidade. O custo es-

timado rondava os 42 milhões de

euros que, na altura, através da Lei

de Meios, poderia ser enquadrado.

Agora, na ponta fi nal do programa de

resgate — termina a 31 de Dezembro

—, o executivo madeirense admite

que não tem forma de avançar com

a obra, pelo menos para já.

Madeira Márcio Berenguer

Última obra inaugurada por Jardim está demasiado exposta e não tem dimensão para receber os grandes navios

Page 20: publico.29.11.2015

20 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Afinal, os

Na primeira metade

da década de 70,

quando um ban-

co comprava um

computador, “is-

so era notícia de

jornal”, recorda

Pedro Guerreiro,

62 anos, presiden-

te do Departamento

de Informática da Universidade do

Algarve. Até nos meios mais escla-

recidos havia quem achasse que

“essa história dos computadores”

era “como a mini-saia”, ou seja,

“uma moda” que ia passar. Nos jor-

nais, contudo, já abundavam os

anúncios de emprego para quem

soubesse lidar com tais máquinas

— aprendia-se essencialmente com

a prática, as empresas que forne-

ciam os equipamentos também

davam alguma formação. Mas só

em 1975 foi criada a primeira licen-

ciatura em Engenharia Informática

em Portugal. Foi há 40 anos, na

Universidade Nova de Lisboa.

Pedro Guerreiro fez parte da pri-

meira turma de 31 alunos. José Ale-

gria, hoje com 61 anos, director de

Cibersegurança e Privacidade da

Portugal Telecom, também. “Era

uma espécie de hacker”, conta José

Alegria. Ri-se.

As aulas aconteciam nas insta-

lações do Seminário dos Olivais — o

campus da Faculdade de Ciências e

Tecnologia (FCT) da Nova, na Capa-

rica, estava longe de começar a ser

construído, era apenas um projecto,

diz Pedro Guerreiro. Nas salas frias,

de paredes grossas, do seminário os

futuros engenheiros informáticos

trabalhavam com computadores Da-

ta General Nova 2, “ainda com fi ta

de papel perfurada”, recorda José

Alegria. “Íamos de samarra para as

aulas, depois puseram lá uns aque-

cedores.” À saída cruzavam-se com

os padres, conta.

Havia outros computadores bem

mais cobiçados do que os Nova 2. No

Laboratório Nacional de Engenharia

Civil (LNEC), por exemplo, havia um

Dec System 10 de que os alunos de

Informática da Nova desse tempo fa-

lam bastante, com algum carinho, já

se verá porquê. Essa turma inaugu-

ral, ou parte dela, reencontrou-se es-

ta semana na Faculdade de Ciências

e Tecnologia (FCT), da Nova, numa

palestra sobre “Pensamento com-

putacional” de Jeannette M. Wing,

vice-presidente da Microsoft Resear-

ch, destinada a assinalar os 40 anos

da licenciatura portuguesa.

Ouvindo Wing a falar (e um au-

ditório cheio de jovens e antigos

estudantes assistiu) da aplicação

das ciências computacionais à saú-

de, à meteorologia, às ciências so-

ciais, a pergunta parece óbvia: o

que se aprendeu de Informática

Delgado Domingos, que morreu no

ano passado. “No meio académico

era esperável, e vinha dos puristas

que a entendiam como um ramo da

matemática, ou dos electrotécnicos,

que a entendiam como um ramo da

electrónica. Do meio profi ssional a

reacção era eminentemente corpo-

rativa porque a maioria dos dirigen-

tes do sector, não sendo licenciados,

sentia o seu poder e o seu prestígio

ameaçados pelo aparecimento de

licenciados na sua área.”

Delgado Domingos conta também

a célebre história da mini-saia. Foi

numa reunião no ministério de Vei-

ga Simão (ministro da Educação en-

tre 1970 e 1974) onde se debatia a

reforma do ensino da engenharia.

Quando se falou da introdução dos

computadores no ensino da enge-

nharia, lembra Delgado Domingos,

um “infl uente” docente de Mate-

mática declarou: “Vocês, no IST, se

quiserem entrar nessas brincadeiras

entrem, mas à vossa responsabilida-

de. Nós não entramos.” Afi nal, “essa

história dos computadores é como

a mini-saia, são modas”.

Apesar de se manter no IST, foi pa-

ra a nova universidade que Delgado

Domingos propôs a criação do curso

de Engenharia Informática. Madale-

na Quirino, até então investigado-

ra no Centro de Cálculo do LNEC,

coadjuvou-o. E a licenciatura na FCT

nasceu com uma característica espe-

cial: era uma licenciatura terminal,

de dois anos, ou seja, quem se candi-

datava devia ter formação superior,

pelo menos de três anos.

Pedro Guerreiro vinha de Enge-

nharia Eletrotécnica do IST. “Foi

uma decisão de um momento pa-

ra o outro, candidatei-me. Quando

entrei para o Técnico, em 1971, já

havia cadeiras de programação. Fiz

logo no 1.º ano, devo ter gostado.

Programava-se na altura em Fortran.

Havia um IBM 360, no IST, que era

uma máquina poderosa na altura.

Usávamos cartões... ainda se vê nos

fi lmes de época os cartões que eram

perfurados. Era assim que submetí-

amos os nossos programas.”

A ideia que se tinha então da

informática, “era que servia para

fazer cálculos científi cos, calcular

barragens e pontes, por exemplo”.

Ou então, “para os bancos, para as

companhias de seguros e de viação,

para gestão dos bilhetes e assim...

eram estes os tipos de utilização dos

computadores, e havia muitas em-

presas que precisavam de gente”.

Daí os anúncios nos jornais a pedir

funcionários.

Ninguém da família de Pedro

Guerreiro estranhou por isso a es-

colha do jovem naquele “ano muito

animado” de 1975. “Quando acabar

isto, vou para uma grande empresa

de electricidade, ou de telecomu-

nicações”, pensava. Mas depois de

um estágio de fi m de curso na TAP,

acabou por ser convidado a fi car co-

Andreia Sanches

computaem 1975/76 serve de alguma coisa

hoje? “Os princípios fundamentais

são muito do mesmo, o que mudou

radicalmente foram as abstracções

e a sua aplicação aos vários domí-

nios da ciência”, responde ao PÚ-

BLICO o responsável pela ciberse-

gurança da PT, no fi nal da palestra.

“Aquele raciocínio computacional

de que a Jeannette Wing falava há

pouco, quem o interiorizou naque-

la altura foi depurando, a bagagem

de subespecialidades aumentou, no

sentido da sua aplicação a múltiplas

áreas, mas os fundamentos são os

mesmos.”

Como a mini-saiaCom o 25 de Abril e a confusão aca-

démica que se seguiu, todas as pro-

postas de licenciatura e de iniciati-

vas das novas universidades fi caram

temporariamente suspensas.

A ideia do curso de informática

não era nova. Mas só acabaria por

ser desbloqueada pelo segundo

ministro da Educação no pós 25 de

Abril, Vitorino Magalhães Godinho,

explica um texto de 2004 de José

J. Delgado Domingos, professor do

Instituto Superior Técnico (IST),

membro da comissão instaladora

da Universidade Nova, um dos im-

pulsionadores do novo curso.

A licenciatura “levantou qua-

se de imediato muitas reacções e

obstruções no meio académico e

profi ssional”, explica esse texto de

Page 21: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | PORTUGAL | 21

Dois ex-alunos contam como foi integrar a turma inaugural da primeira licenciatura de Engenharia Informática do país. Foi há 40 anos

mo professor na FCT, onde durante

os 30 anos seguintes deu aulas. “Os

primeiros professores eram pes-

soas que não eram propriamente

de informática. Trabalhavam com

computadores”, recorda. Havia falta

de diplomados para formar novos

diplomados.

O retornadoJá José Alegria tinha em 1975 aca-

bado de aterrar em Lisboa, vindo

de Luanda, onde nascera e onde,

desde os 16 anos, fazia programação

— “O meu pai era director dos Cami-

nhos de Ferro em Angola e eu aos 16

anos fi z um programa para simular

a construção dos caminhos-de-fer-

ro Luanda-Malange, duas vias, para

testar qual era a linha com menos

desgaste de ferro e a mais rápida”,

recorda. Usou o computador dos

Caminhos de Ferro. “Mas na Uni-

versidade de Luanda já havia um

IBM 1130 que era um computador

muito usado em laboratórios nor-

te-americanos, que já tinha teclado

com interface gráfi ca.” Foi, ainda

muito jovem, instrutor da IBM em

Angola.

Depois do 25 de Abril veio para

Portugal, com um bacharelato em

Electrotecnia recém-concluído com

18 valores e candidatou-se à primei-

ra turma de Informática da Nova. Ri-

se a contar como foi: “No processo

de selecção havia uma estratégia.

Numerus clausus: 30 alunos, dez de

na rádio à hora a que eu regressava

a casa, no cacilheiro para a margem

sul onde morava, e as pessoas ou-

viam aquilo.”

No 2.º ano do curso, conta, já os

restantes estudantes da turma iam

para o LNEC à noite também usar o

Dec System 10. “Metia-me com eles,

roubava-lhes as passwords, entreti-

nha-me a mandar-lhes mensagens a

gozar: ‘O sistema vai fazer shutdown

em dez minutos.’ E eles à pressa a

fazer save dos programas...” O ha-

cker, cá está.

“Trabalhávamos até de madru-

gada”, contra Pedro Guerreiro.

“Hoje seria impensável deixar um

grupo de alunos à noite, com todas

as questões da segurança...”

“Sempre quis trabalhar com

computadores”, prossegue Ale-

gria. Diz que sempre achou que

neles estava o futuro. Dois anos

depois do curso foi para os Estados

Unidos. Foi durante anos docente

e investigador da The Ohio State

University.

1400 diplomados“O primeiro departamento aca-

démico, autónomo, de computing

science, aparece nos EUA em mea-

dos dos anos 60”, nota Luís Caires,

actual presidente do Departamen-

to de Informática da FCT. Mas é na-

tural, diz, que tenha levado tempo

a acontecer em Portugal e aconte-

ceu em ambiente revolucionário.

Das turmas inaugurais de In-

formática, da FCT, saíram pesso-

as que “estão nos mais diversos

sectores”, como José Legatheaux

Martins, aluno do segundo curso

e que seria responsável pelo gru-

po de trabalho que ligou Portugal

à Internet, prossegue Luís Caires.

“Os primeiros doutoramentos de

Informática também foram feitos

aqui. Os primeiros computadores

Macintosh (lançados em 1984) a

chegar a Portugal também chega-

ram aqui. Foi há 30 anos e foram

oferecidos pela Apple ao nosso

departamento, no âmbito de um

projecto de investigação na área

da inteligência artifi cial. Ainda me

lembro de os ver quando aqui che-

guei em 1986.”

Nos últimos dois anos, houve

uma reestruturação profunda do

curso. “E foi lançado um mestrado

integrado” que aborda “uma série

de áreas — jogos, análise de gran-

des volumes de dados, cloud com-

puting, enfi m, todas as matérias

de que agora mais se fala” e que

benefi ciam da “capacidade da FCT

gerar conhecimento” no seu NOVA

Laboratory for Computer Science

and Informatics, diz Luís Caires.

Os alunos de hoje, esses, têm um

perfi l bem diferente dos de há 40

anos. Desde logo, vêm directamen-

te do ensino secundário. Mais de

um terço têm 19 ou menos anos. A

média de candidatura ronda os 14

valores. Querem essencialmente

seguir uma carreira em empresas

associadas a produtos informáti-

cos e consultoras. “Temos alunos

nossos a trabalhar na Google, na

Microsoft, no Facebook, quer na

Europa quer nos Estados Unidos”,

orgulha-se Luís Caires.

Em 40 anos, o departamento

produziu mais de 1400 graduados.

A taxa de desemprego registado no

Instituto de Emprego e Formação

Profi ssional dos diplomados deste

curso é de 2,4%.

dores não eram como a mini-saia

José Alegria (à esquerda na foto ao lado e na primeira das fotos de 1975) e Pedro Guerreiro fizeram parte da turma de 31 alunos da primeira licenciatura Engenharia Informática criada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa há 40 anos

GUILHERME MARQUES

CORTESIA DE JOSÉ ALEGRIA

Engenharia, dez de Economia, dez

de Gestão, não sei quantos rapazes,

não sei quantas raparigas. Também

havia um militar, um da polícia, um

da Marinha. Aquelas coisas do pós-

25 de Abril... E eu entrei como o

31.º aluno porque vinha de Angola,

era o retornado, e para além disso

achavam que eu vinha da IBM e do

MPLA e era giríssimo ter no curso al-

guém de Angola, do MPLA, da IBM.

Quando percebi isso, na entrevista,

não desmenti nada, apesar de já não

ser nem da IBM nem do MPLA. Fui

o retornado do curso.”

Uma vez inscrito, passou a usar

o computador do LNEC. “Um Dec

System 10, já com subsistema grá-

fi co. De dia era usado pelos enge-

nheiros, à noite deixavam-me ir. Eu

era um miúdo. Também fazia coisas

para eles. Chegava às nove da noite

e saía às 5 da manhã. Conhecia a

radionovela Maria, porque passava

Page 22: publico.29.11.2015

22 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Ao recusar qualquer tipo de

entendimento à direita, Costa

forçou a esquerda a procurar um

lugar perto de si para não perder

a nau destinada a libertar o país

do alegado radicalismo ideológico

de Passos e companhia. Neste

“tempo novo”, não há vestígios

de uma relação de afectos ou de

afi nidades entre a esquerda; o

que há são encontros casuais por

mera necessidade. Os preceitos

programáticos tornaram-se

uma irrelevância para permitir

a assinatura de “posições

conjuntas” nas quais entra o que

pode ser partilhado por todos

e sai todo e qualquer estorvo

ideológico capaz de dividir

opiniões. Bastou um documento

de índole sindical, no qual o

PCP e o Bloco expuseram as

suas reivindicações de natureza

laboral, para que Costa pudesse

proclamar a sua regeneração

democrática.

A estratégia de forçar o

desvario dos adversários para

reunir as hostes da esquerda sob

a sua égide foi simplesmente

brilhante. Quando altas fi guras

do CDS insistem no disparate

MEMÓRIA FUTURA

DANIEL ROCHA

António Costa apresentou-se

esta semana ao país como o

mensageiro de um “tempo novo”

destinado a acabar com um outro

tempo marcado por “uma grave

degradação dos valores e dos

laços que unem a comunidade

nacional”. É normal que entre

a transição de um governo para

outro se sublinhe a dimensão

da novidade e se reclame um

“virar de página” capaz de criar

expectativa e mobilização. O

“tempo novo” de António Costa,

porém, simboliza muito mais do

que isso. O que ele conseguiu

fazer nos dois últimos meses

fi cará na memória do país

como a prova de que a crise e a

troika causaram transformações

irreversíveis no sistema

partidário, nas fronteiras que

delimitavam a luta pelo poder,

na noção do arco da governação

ou na ideia de que, em Portugal,

quem ditava as regras era um

eleitorado centrista e fl utuante

que ora oscilava um pouco para a

esquerda, ora se aproximava mais

da direita.

O que António Costa fez depois

da noite eleitoral de 4 de Outubro

é por isso mais do que um simples

ajustamento. É uma pequena

revolução que criou espanto e

pavor nos militantes da ortodoxia

política estabelecida em 40 anos

de regime, da qual o Presidente

da República é o máximo

representante. É também uma

mudança romântica que alimenta

a ingénua convicção de que o

povo recuperou a sua soberania

perdida a golpes de uma direita

radical e pode de novo entoar

com ardor os versos de Grândola,

Vila Morena. Estes estados de

alma opostos são a sua força. Mas

também a sua maior fragilidade.

Nessa separação da história

política da República entre

um a.C. (antes de Costa) e um

d.C. (depois

de Costa),

consolidou-se

a ideia de que

um homem

obstinado,

focado,

corajoso e

capaz de

negociar pode

fazer toda

a diferença

num sistema

partidário

fragmentado

e sujeito a

uma enorme tensão. O golpe de

génio do líder socialista esteve

precisamente na sua capacidade

em esvaziar as fórmulas de

cálculo existentes, de criar um

vazio que só o seu plano poderia

preencher. O “tempo novo” não

signifi ca tanto o fi m mitológico da

austeridade, é mais uma criação

que estilhaçou as noções do

consenso político e as fórmulas

tradicionais de governabilidade.

Não é coisa pouca para um

homem só, principalmente para

um homem que vem de uma

derrota eleitoral.

O PS vai governar à esquerda, mas com a sua esquerda e não com a dos seus parceiros informais

O “tempo novo” de António Costa

da ilegitimidade política, estão

a dar trunfos ao PS, ao Bloco e

ao PCP para reforçarem a sua

convergência. Quando Passos

pede uma revisão constitucional

para antecipar eleições, dá

de si a imagem de um homem

desesperado. Quando Cavaco

Silva sinaliza ao país a existência

de uma faixa signifi cativa do

eleitorado sem direito a participar

no poder, torna as “posições

conjuntas” irreversíveis. Quando

se sabe que as promessas de

devolução da sobretaxa de

IRS eram pura propaganda,

ou quando se ouve que Sérgio

Monteiro saiu do Governo a tempo

de ganhar 30 mil euros no Fundo

de Resolução, consagra-se a ideia

de que este Governo não pode ser

muito pior do que o anterior.

António Costa limitou-se a gerir

a ameaça externa da direita para

instalar na esquerda a ideia de

que o que estava em causa era

uma luta pela legitimidade, pela

sobrevivência e pelo direito do

país a acreditar em alguma coisa.

O “tempo novo” tornara-se um

“tempo de urgência”, outra das

pérolas oratórias do primeiro-

ministro na sua tomada de Costa.

Jerónimo de Sousa pode dizer que

o Governo do PS que agora tomou

posse não é ainda sufi cientemente

“patriótico” nem de “esquerda”,

a CGTP continua a fazer paradas

sindicais para mostrar a sua

força aos novos inquilinos de

São Bento, as discussões sobre

o ritmo do fi m da austeridade

ainda suscitam divergências,

mas com a ajuda de Cavaco

Silva e das diatribes do PSD e do

CDS, a missão da esquerda para

apagar as sequelas do “tempo

velho” tornou-se credível e Costa

pôde dessa forma tornar-se

indispensável.

Com o país político na mão,

o primeiro-ministro pode agora

recentrar o seu Governo na

área natural do seu eleitorado.

O “tempo novo” não poderá

dispensar receitas velhas. O

Presidente continuará a fazer

ameaças veladas, mas, nos meses

que se avizinham, não passará de

um espectro, um fantasma em

luta consigo próprio. O Bloco e o

PCP (mais o PCP do que o Bloco)

hão-de fazer-se caros e jurar

eternas promessas de fi delidade

aos seus princípios, mas a sua

autonomia e o seu destino estão

indelevelmente amarrados ao que

acontecer ao Governo e à vontade

de António Costa. O PS, percebe-

se cada vez melhor, vai governar

à esquerda, mas com a sua

esquerda e não com a esquerda

dos seus parceiros informais —

Jerónimo de Sousa lamentava

ontem no Expresso a inexistência

de uma “ruptura”. Por isso

Costa promete não ignorar nem

minimizar “as restrições que

limitam o nosso leque de opções e

condicionarão a nossa acção”; por

isso promete “fi nanças públicas

equilibradas” e uma “trajectória

de redução do défi ce orçamental

e da dívida pública”; por isso

assume um programa e uma

atitude “moderadas”.

Na sua manchete de quarta-

feira, o PÚBLICO titulava com

razão que “o combate de Costa

começa agora”. Não vai ser pêra

doce. O Governo é como uma

bicicleta: se abranda, ou pára ou

está condenado a cair. Para que

tudo funcione, vai ser preciso

acreditar que o PS vai cumprir

o seu programa e não a agenda

da CGTP. O Governo anterior

foi longe de mais na noção de

que os portugueses precisam de

mais pau do que cenoura para

deixarem de ser piegas, há amplos

estratos da população que não

podem continuar abandonados à

pobreza e à exclusão, o país não

pode comprometer o esforço de

modernização na ciência e no

conhecimento, é urgente voltar a

discutir o território e aproveitar o

seu potencial.

Mas espera-se que o “tempo

novo” de Costa não se faça com

falsas promessas de que o Estado

tem a poção mágica de todos os

males, que a responsabilidade

individual é secundária e que

nos espera um admirável mundo

novo de facilidades onde não

cabem exames, nem avaliações

de serviços públicos, nem

aumentos salariais dependentes

da produtividade. Tempo

interessante.

AnáliseManuel Carvalho

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | PORTUGAL | 23

Os deputados do CDS-PP Francisco

Mendes da Silva, Ana Rita Bessa e

Teresa Caeiro defenderam que os

casais homossexuais têm a mesma

capacidade para adoptar crianças,

questionando, contudo, se existe na

sociedade um ambiente favorável. As

posições foram expressas em declara-

ções de voto à adopção por casais do

mesmo sexo. No caso de Francisco

Mendes da Silva, sublinha, contudo,

que o “interesse central é o superior

interesse da criança” e “é este que

deve ser, sempre, o guia supremo

do legislador”, e a partir desse guia

persistem “dúvidas profundas” que

Deputados do CDS admitem adopção gay

não se conseguiu ainda ultrapassar

e que se prendem sobretudo com a

maturidade da sociedade. No mesmo

sentido vai a declaração de voto das

deputadas centristas Ana Rita Bessa

e Teresa Caeiro, que defendem que

os casais homossexuais têm a mesma

legitimidade e capacidade para adop-

tar crianças, justifi cando a abstenção

com o facto de a sociedade ainda não

reunir as condições concretas para

salvaguardar inequivocamente o su-

perior interesse da criança. “Cabe

ao Estado assegurar o superior inte-

resse da criança não só no momento

concreto da adopção, mas até à sua

emancipação. Ora, esta discussão

ocorre num tempo concreto e nu-

ma sociedade concreta, isto é, num

contexto que não me parece reunir

(ainda) as condições para que esse

superior interesse da criança — e não

o de causas sociais legítimas — esteja

salvaguardado”, lê-se na declaração

de voto.

Parlamento

Três deputados do CDS justificam a abstenção na votação parlamentar sobre o tema

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Médico e ex-administrador hospitalar, ministro diz que vai governar para todas as profissões do sector

A nova rede de serviços de urgência

está a ser estudada, mas ainda é cedo

para adiantar o que vai ser feito. Foi

de forma cautelosa, sem se compro-

meter com uma decisão a propósito

da polémica medida do seu anteces-

sor, que o novo ministro da Saúde,

Adalberto Campos Fernandes, res-

pondeu ontem aos jornalistas à saída

do Congresso Nacional de Medicina,

na sua primeira intervenção pública,

no Porto.

Lembrando que ainda está “a mer-

gulhar nos dossiers”, o ministro dei-

xou apenas a garantia de que está a

estudar o novo mapa das urgências

e frisou que a sua decisão será nor-

teada pelo “interesse público”. Foi

o o anterior ministro da Saúde, Fer-

nando Leal da Costa, no cargo menos

de um mês, que publicou uma nova

rede de urgências, extinguindo for-

malmente 11 serviços.

“Estamos a estudar e a procurar

recolher a informação necessária

para que a decisão seja ponderada”,

precisou Adalberto Fernandes, sem

se comprometer a “revogar ou deixar

de revogar” o despacho publicado no

Ministro da Saúde estuda novo mapa de urgências, mas não sabe se o revoga

dia 20 para entrar em vigor dentro

de seis meses. “O interesse geral será

estudado, será reavaliado em função

daquilo também que é o interesse do

país”, acentuou.

Quanto ao anúncio de que oito das

principais associações que apoiam

doentes com VIH/sida se arriscam a

fi car sem fi nanciamento público já no

fi nal do ano, o ministro lembrou que

esta é “uma responsabilidade parti-

lhada com a Segurança Social”, mas

adiantou que já deu indicações para

que os serviços verifi quem o que está

a acontecer, de forma a que se possa

ultrapassar este “constrangimento”.

Se a ameaça se concretizar, são perto

de 1 500 doentes com VIH/sida em

situação de elevada dependência que

fi cam sem apoio.

Antes, o novo ministro, que é mé-

dico e ex-administrador hospitalar,

quis deixar bem claro, perante uma

plateia de colegas, que vai governar

para todas as profi ssões do sector.

“Sou médico e, circunstancialmente,

sou ministro da Saúde, mas vou ser

ministro com todas as profi ssões da

saúde”, enfatizou, no encerramento

do XVIII Congresso Nacional de Me-

dicina, na Secção Regional do Norte

da Ordem dos Médicos.

Sublinhando que há que recuperar

a confi ança “perdida” nos últimos

anos, Adalberto Fernandes disse

que “conta muito com os médicos”,

a quem pediu que o ajudem a de-

sempenhar a complexa tarefa “sem

crispação”. Mas crispação foi aquilo

que o novo governante encontrou

à saída do congresso. Questionado

pelos jornalistas sobre a ameaça feita

por alguns médicos — que se mos-

tram dispostos a ir para tribunal, se

tiverem de cancelar férias marcadas

para o Natal ou Ano Novo —, o minis-

tro defendeu que há que cumprir a

lei, e reafi rmou que também há que

garantir o interesse público.

“Não podemos repetir este ano

aquilo que aconteceu no ano passado

[nalguns serviços de urgência, onde

houve esperas de mais de 20 horas].

Preocupa-me que os portugueses te-

nham uma resposta atempada, mas

também garanto que será cumprida

a lei”, disse.

Esta medida foi igualmente deter-

minada pela anterior equipa minis-

terial liderada por Leal da Costa e

integra o plano de contingência pa-

ra o frio e a epidemia de gripe deste

Inverno.

No congresso, o bastonário da Or-

dem dos Médicos (OM), José Manuel

Silva, revelou ter “expectativas muito

positivas” sobre a futura actuação do

novo ministro e elegeu a “reforma

dos cuidados de saúde primários” co-

mo a principal preocupação. “Todo

o sistema de saúde estará desequili-

brado, enquanto houver portugueses

sem acesso a um médico de família”,

justifi cou. Mas reconheceu que a mis-

são de gerir hoje o sector da saúde

é “uma missão quase impossível”.

“Curar as cicatrizes recentes do SNS

[Serviço Nacional de Saúde] não é

tarefa fácil”, corroborou Miguel Gui-

marães, presidente da OM Norte.

CongressoAlexandra Campos

Médicos ameaçam ir para tribunal, se tiverem de mudar férias no Natal. Ministro diz ser preciso “garantir interesse público”

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ESTREIA 28 DE NOVEMBRO ÀS 22:30NÃO PERCA O CONCURSO ONDE IMPERA

A ARTE DE CONTAR BOAS HISTÓRIAS,

APRESENTADO POR ANTÓNIO RAMINHOS:

SE SÓ PUDÉSSEMOS DIZER A VERDADE,

O MUNDO PERDIA BOAS HISTORIAS

Page 24: publico.29.11.2015

24 | LOCAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Documentário desvenda parte da Lisboa romana sob os nossos pés

FOTOS: DR

Recriação da cidade romana de Olisipo (Lisboa) feita pelo ilustrador César Figueiredo

Ordem da Cavalaria do Sagrado Portugal participou nas filmagens

A descoberta de um fundeadouro

romano no subsolo de Lisboa, feita

pelos arqueólogos durante a constru-

ção de um parque de estacionamento

na Praça D. Luís I, deu origem a um

documentário. Com esta obra, que

inclui uma recriação em três dimen-

sões de Olisipo, Raul Losada quer dar

a conhecer a cidade com cerca de

dois milénios que se esconde debai-

xo dos nossos pés.

O documentário Fundeadouro Ro-

mano em Olisipo, apresentado como

“um projecto de divulgação do pa-

trimónio arqueológico”, foi exibi-

do pela primeira vez em Outubro,

no Museu Nacional de Arqueologia

(MNA). Depois disso, o fi lme com 55

minutos foi também projectado na

Ordem dos Arquitectos e no Museu

Marítimo de Ílhavo.

A expectativa do autor do do-

cumentário é que ele venha a ser

exibido por um canal de televisão

português, mas enquanto isso não

acontece sabe-se já que a recriação

arqueológica virtual de Olisipo que

foi produzida para o fi lme e um ex-

certo do mesmo estarão patentes na

exposição Lusitânia Romana — Ori-

gem de dois povos, que será inaugu-

rada em Dezembro no MNA.

Segundo Raul Losada, para o início

de 2016 está também prevista a sua

projecção no Cinema S. Jorge, em Lis-

boa, numa parceria com a empresa

municipal EGEAC e com o Centro de

Arqueologia de Lisboa. A expectativa

do realizador do documentário é que

ele seja também exibido, nos próxi-

mos dois anos, em vários festivais de

arqueologia fora de Portugal.

A história deste documentário

começa, como conta Raul Losada,

com uma notícia do PÚBLICO, de Fe-

vereiro de 2013. Nela, dava-se conta

de que na Praça D. Luís I tinha sido

descoberto, pelos arqueólogos da

empresa ERA — Arqueologia, um

fundeadouro romano, durante a

construção de um parque de esta-

cionamento subterrâneo da empresa

Empark.

Nesse local de ancoragem de em-

barcações, que terá sido usado pelo

menos entre os séculos I a.C. e V d.C.,

foram também encontradas meia

centena de ânforas e algumas peças

de cerâmica. Entre os achados feitos

delas com a Ordem da Cavalaria do

Sagrado Portugal, que assegurou os

momentos de reconstituição históri-

ca que integram o documentário.

Também envolvido no projecto

foi César Figueiredo, um mestre em

ilustração que nos últimos anos tem

trabalhado na área da arqueologia e

do património. A posposta inicial era

que desenhasse um navio romano,

mas o trabalho de “ilustração e ar-

queologia virtual em três dimensões”

realizado para o documentário aca-

bou por incluir uma reconstituição

da cidade romana de Olisipo.

“Foi um trabalho monstruoso”,

sublinha Raul Losada, para quem

se trata de “uma inédita e surpreen-

dente recriação”. César Figueiredo

confi rma que este foi “um trabalho

que demorou muitos, muitos meses”

a concluir, acrescentando que tal se

deveu à necessidade de consultar

uma série de fontes de informação

e de promover várias reuniões com

investigadores da área.

O ilustrador admite que fazer “uma

espécie de retrato-robot” da cidade

há cerca de dois milénios envolveu al-

gum risco, dado que o conhecimento

que se tem dessa época “ainda é par-

co”, apesar haver “estudos recentes

de vários investigadores” sobre a ma-

téria. César Figueiredo adianta que a

recriação em três dimensões foi feita

tendo por base informações já dadas

como certas, como “os limites da ci-

dade”, “o traçado da muralha” e a lo-

calização de alguns “pontos-chave”,

como as fábricas de produção de pre-

parados de peixe e o teatro romano.

“Não é 100% a cidade que existia.

É uma visão aproximada”, constata

o ilustrador. “É a imagem do que era

expectável ser a cidade”, corrobora

Raul Losada, reconhecendo que são

muitos os “pontos negros” por des-

vendar e que fazer esta recriação foi

quase como montar um puzzle.

“Todos os dias se estão a descobrir

coisas em Lisboa”, remata. Essa ideia

é também sublinhada no documentá-

rio, no qual se diz que, “aos poucos,

a Lisboa romana vai sendo revelada,

muitas vezes por mero acaso”. “De-

baixo da cidade esconde-se uma ou-

tra Lisboa, praticamente desconhe-

cida”, acrescenta-se no fi lme, que in-

clui o depoimento de investigadores

e arqueólogos e se centra essencial-

mente no “achado singular” que foi o

fundeadouro romano, no qual foram

também encontrados “um notável

conjunto de ânforas” e a madeira de

uma embarcação, classifi cada como

“um achado raro e uma das peças

mais valiosas deste encontro feliz

com o mundo romano”.

Numa exibição do documentário

que teve lugar na Ordem dos Arqui-

tectos, o administrador da ERA —

Arqueologia considerou que este é

“um documento paradigmático do

que devia ser feito na arqueologia

portuguesa” e que é “comunicar de

forma alargada”. “Tendencialmen-

te a arqueologia é muito escondida,

muito envergonhada”, lamentou Mi-

guel Lago, para quem isso “não faz

sentido”. Para este responsável, o do-

cumentário Fundeadouro Romano em

Olisipo “é um trabalho excepcional”,

que “seguramente vai ter um impac-

to muito grande”. “Curiosamente foi

feito não por uma instituição, mas

por uma pessoa”, notou ainda Mi-

guel Lago.

Tanto Raul Losada como César Fi-

gueiredo têm a expectativa de que a

concretização deste projecto, e a de-

monstração de que não só é possível

fazer algo assim como de que há um

público interessado, lhes abra portas

e permita que este seja apenas o pri-

meiro documentário de arqueologia

desta dupla.

Fundeadouro Romano em Olisipo, de Raul Losada, inclui uma recriação em três dimensões da cidade na época romana. O ponto de partida foi uma notícia do PÚBLICO sobre escavações na Praça D. Luís I

“Inicialmente a ideia era fazer um pe-

queno vídeo para publicar no Portu-

gal Romano”, explica, acrescentando

que o projecto foi crescendo até se

perceber que havia “potencial” para

um documentário.

Seguiu-se uma tentativa, gorada,

junto de várias entidades, de obter

apoios para a sua concretização. Mas

Raul Losada não desistiu: dedicou os

seus “tempo livres, folgas e férias” a

este projecto, em redor do qual con-

seguiu criar “muitas parcerias”. Uma

HistóriaInês Boaventura

nessa altura estava ainda uma madei-

ra, com cerca de 8,5 metros de com-

primento, que mais tarde se concluiu

ser parte de uma embarcação roma-

na que terá navegado no Atlântico.

Raul Losada, que trabalha como

operador de imagem e mantém há

vários anos no Facebook a página

Portugal Romano (criada para di-

vulgar a arqueologia romana em

Portugal), leu a notícia e dirigiu-se às

escavações com a intenção de obter

autorização para fazer o seu registo.

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Page 26: publico.29.11.2015

26 | ECONOMIA | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Antigo fornecedor e 1,5 milhões dão novo fôlego à Throttleman

NELSON GARRIDO

Parceria entre a Crivedi e a Explorer para revitalizar a marca de vestuário tem a duração de, no mínimo, oito anos

Pela mão de um antigo fornecedor,

a Crivedi, e com a injecção de 1,5 mi-

lhões de euros do fundo de capital

de risco privado Explorer, a marca

Throttleman sobreviveu a um atri-

bulado processo de insolvência e já

tem 18 lojas abertas, seis em outlets.

Os planos para os próximos dois

anos incluem a abertura de mais

seis pontos de venda próprios, to-

dos no mercado nacional.

António Archer, fundador e maior

accionista da Crivedi, uma têxtil da

Trofa, explicou ao PÚBLICO que a

ligação à Throttleman existiu desde

a primeira hora. Criadas no mesmo

mês e no mesmo ano, a Archer for-

necia colecções de roupa à marca

portuguesa, que não tinha produ-

ção própria. A relação evoluiu nos

últimos anos para a exploração, por

parte da têxtil, de seis lojas da mar-

ca, em regime de franquia.

Mas a compra da insígnia e o seu

relançamento só foi possível graças

a uma aliança com a Explorer, em-

presa de capital de risco que, atra-

vés do Fundo Revitalizar Norte, in-

jectou 1,5 milhões de euros na têxtil

da Trofa, assumindo uma posição

de 25% do seu capital, um “casa-

mento” com um prazo de duração

mínimo de oito anos.

Criada pela Brasopi, a Throttle-

man chegou a ter 60 lojas, algumas

das quais em Angola e nos Emirados

Árabes Unidos. O plano de expan-

são, fi nanciado maioritariamente

com recurso a fi nanciamento ban-

cário, asfi xiou a empresa a partir

da crise de 2008, obrigando-a a

recorrer a um Plano Especial de

Recuperação, a que se seguiu a um

plano liquidação. O total de créditos

reclamados à empresa, que também

lançou a Red Oak, outra marca in-

solvente, aproximou-se dos 30 mi-

lhões de euros.

Já com novos donos, e depois da

recente abertura de duas lojas, uma

no Marshopping, em Matosinhos, e

outra no Almada Fórum, a insígnia

quer aumentar o número de unida-

des e ter, pelo menos, mais seis nos

próximos dois anos, nas regiões da

Grande Lisboa, Braga, no Algarve

e na Madeira. Mas a estratégia de

crescimento é cautelosa, passando

apenas pela aposta em locais consi-

dominado pelas grandes cadeias

internacionais.

Num horizonte de dois anos,

a internacionalização não é uma

prioridade. O empresário explica

que há ainda muito trabalho de

consolidação da marca a fazer no

mercado interno. E mais do que o

número e lojas, a empresa olha para

o volume de vendas que a anterior

gestão conseguiu em 2010 e 2011,

que se aproximou dos 30 milhões

de euros.

A Throttleman deverá terminar

o corrente ano com um volume de

vendas de 3,2 milhões de euros, va-

lor que em 2016 deverá evoluir para

5,2 milhões de euros, avança o em-

presário, que prefere não fazer pro-

jecções para os próximos anos.

Apesar de não ser uma priorida-

de, António Archer diz que vai estar

atento a eventuais oportunidades

noutros mercados, sustentando que

“a expansão internacional pode ser

a mais barata, se se encontrar o par-

ceiro certo”.

O investimento de 1,5 milhões de

euros na marca tem subjacente a

perspectiva de recuperação do con-

sumo no mercado nacional. E de-

pois de um ano (2015) em que não

se verifi cou uma quebra de vendas,

ao contrário do que se passou entre

2010 e 2014, António Archer tem

expectativas de que 2016 seja um

ano de alguma recuperação.

A Crivedi, criada em 1991, produz

vestuário para o mercado nacional

e para exportação. A empresa tem

uma equipa de perto de três deze-

nas de trabalhadores, que fazem

o desenvolvimento de colecções,

incluindo a confecção de protóti-

pos, que depois são propostos aos

clientes. O fabrico dos artigos é de-

pois subcontratado em têxteis da

região.

Marca de roupa portuguesa sobreviveu a um atribulado processo de insolvência e quer, agora, recuperar mercado. Com 18 lojas, tem planos para abrir mais seis em dois anos. Em 2016 planeia facturar 5,2 milhões

ComércioRosa Soares

senvolvimento de colecções muito

grandes, o que “não é o mais acer-

tado”, adiantou o responsável.

“O plano de expansão pode ser

acelerado mas através de fran-

quias”, conta. Este é um modelo

já testado pela Throttleman e pela

própria Crivedi.

A estratégia dos novos investido-

res da marca contempla outros mo-

delos de negócios, como a aposta no

canal de vendas online, e na presen-

ça em lojas multimarca, que levarão

ao reforço da equipa de vendedores

já nos próximos dias.

A linha condutora da marca está a

ser mantida e, em termos de preços,

também vai continuar a posicionar-

se no segmento médio/alto. Isso não

é uma opção, “é uma estratégia de

sobrevivência”. António Archer ex-

plica que a sua empresa não tem

dimensão, nem volume para entrar

na guerra do preço médio/baixo”,

As lojas são mais pequenas, o que acautela o peso excessivo das rendas e do número de trabalhadores

derados estratégicos. “Os bons sho-

ppings estão um bocadinho repletos

e os maus não nos interessam”, ex-

plica António Archer.

A dimensão das lojas é menor, en-

tre os 100 e os 200 metros quadra-

dos (na gestão anterior chegavam

aos 350 metros quadrados), uma

decisão que pretende acautelar o

peso excessivo das rendas e do nú-

mero de trabalhadores. O modelo

anterior também implicava o de-

Page 27: publico.29.11.2015

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BATMAN NOIRO HOMEM MORCEGO, NO TRAÇO INCONFUNDÍVEL DO ARTISTA ARGENTINO EDUARDO RISSO.

“ B A T M A N N O I R ” . O C A V A L E I R O D A S T R E V A S C O M O N U N C A

N I N G U É M V I U A N T E S , N U M A C O M P I L A Ç Ã O D E H I S T Ó R I A S

S O M B R I A S E V I O L E N T A S , E S C R I T A P O R B R I A N A Z Z A R E L L O ,

E T O TA L M E N T E I L U S T R A D A S A P R E T O E B R A N C O P O R E D U A R D O R I S S O .

E D I Ç Ã O I N É D I T A D E C A P A D U R A C O M O P Ú B L I C O P O R A P E N A S 1 1 , 9 0 € .

Page 28: publico.29.11.2015

28 | ECONOMIA | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

De acordo com o estudo How’s Life

— Measuring well-being, divulgado

pela OCDE, e que analisa o bem-

estar social das pessoas, Portugal

faz parte do grupo de países que

mais sofrem as “sequelas sociais”

da crise fi nanceira internacional de

2007/2008, sendo os portugueses

dos mais insatisfeitos com a vida.

E esta opinião justifi ca-se acima de

tudo pelo aumento da incerteza

em manter um emprego (e receio

de fi car desempregado) assim

como pela ampliação dos períodos

normais de trabalho “muito

longos”, de 50 ou mais horas

semanais que, segundo o estudo,

“quase duplicou” entre 2009 e

2013. O documento indica que,

desde 2009, o número de pessoas

a trabalhar regularmente 50 horas

ou mais por semana aumentou

em vários países (por exemplo, no

Reino Unido, Irlanda e República

Eslovaca), mas foi em Portugal

e no Chile que se registaram os

aumentos mais signifi cativos (e,

ao contrário, em países como a

Áustria, República Checa ou Israel,

verifi cou-se uma redução dos

períodos normais de trabalho).

A OCDE evidencia o facto de

terem sido os países mais afectados

pela crise — como Grécia, Portugal

e Espanha — a registar as quebras

mais graves em vários indicadores

de bem-estar desde 2009 e, em

especial no caso de Portugal,

sublinhando que as “sequelas

sociais” não atingiram os níveis da

Grécia, alerta para o aumento dos

períodos normais de trabalho.

Como se sabe, em matéria da

organização do tempo de trabalho,

a história da regulação laboral,

legal e convencional, mostra que o

propósito de redução dos tempos

de trabalho tem sido um sinal

progressista de desenvolvimento

das condições de trabalho, tanto

mais que se entende que, em nome

do princípio da dignidade pessoal

e social, a prestação de trabalho

deve permitir conciliar a vida

pessoal e familiar com o trabalho

e que se trata de uma exigência de

proteção da saúde e segurança das

pessoas que trabalham.

No nosso país, desde 1919 que,

também por estas razões, o limite

máximo legal para o período

normal de trabalho diário se

encontra fi xado nas 8 horas de

trabalho. Contudo, na sequência

de transformações económicas,

foram ultimamente consagradas

no ordenamento jurídico-laboral

algumas alterações em matéria

de organização do tempo de

trabalho, que têm tido como

consequência um aumento dos

períodos normais de trabalho. De

entre elas é de destacar o banco

de horas individual: se em 2009

se tinha previsto o banco de horas

por regulamentação coletiva, em

2012 consagrou-se o banco de

horas individual (acordado entre

empregador e trabalhador, sob

proposta daquele) e que permite

o aumento do período normal de

trabalho até duas diárias, no limite

de 50 horas semanais.

Ora, quando falamos de

progresso social e de bem-estar

social, pensamos também na

promoção da melhoria das

condições de trabalho, com vista

a uma vida social condigna. E,

neste aspecto, é crucial atentar

na evolução média do período

normal de trabalho no nosso país

já que qualquer reconfi guração da

organização do tempo de trabalho

repercutir-se-á, inevitavelmente,

OpiniãoGlória Rebelo

no direito à vida pessoal e familiar

e no direito ao repouso dos

trabalhadores.

A este propósito, e num sentido

oposto, refi ra-se que na Suécia, por

exemplo, começou a implementar-

se, faseadamente, as 6 horas

de trabalho diárias. E, segundo

uma recente notícia do jornal

The Guardian, apesar da redução

horária, os salários manter-se-

ão, sendo o objetivo principal

desta medida o de promover

um aumento da produtividade,

contribuindo para o bem-estar

da população. A ideia é de a

procurar que os trabalhadores se

concentrem mais sobre o trabalho

ganhando, simultaneamente,

tempo para a sua vida pessoal e

familiar. Certos serviços, como

lares de idosos e hospitais,

implementaram já a mudança

e a generalidade das pessoas

— incluindo os empregadores —

parece aceitar bem esta alteração.

E se, em Portugal, em virtude da

destruição de emprego ocorrida

nos últimos anos, persistem

elevados níveis de desemprego,

particularmente de desemprego

de longa duração, ante esta

tendência para o aumento dos

períodos normais de trabalho,

importa realçar o papel crucial do

direito do trabalho em matéria de

organização do tempo de trabalho

— designadamente, robustecendo

soluções jurídicas que garantam

partilha do trabalho; caso

contrário, a maioria da população

trabalhará cada vez mais tempo,

em prejuízo não só do seu bem-

estar, mas também do propósito de

reduzir o desemprego.

Tempo de trabalho: que progresso social?

ADRIANO MIRANDA

Os períodos normais de trabalho têm aumentado

Qualquer reconfi guração da organização do tempo de trabalho repercutir-se-á no direito à vida pessoal e familiar

Renegociação com a PSA ficou concluída em Maio

A renegociação do contrato de con-

cessão com a PSA, a autoridade por-

tuária de Singapura que explora o

Terminal XXI, em Sines, permitiu

um incremento de 11% nas receitas

da Administração do Porto de Sines

(APS) no segundo trimestre deste

ano. No relatório em que dá conta

dos principais fl uxos fi nanceiros das

concessões no segundo trimestre de

2015, a Unidade Técnica de Acom-

panhamento de Projectos (UTAP)

recorda que este foi o único conces-

sionário com o qual o Estado deu por

concluída a ronda de renegociação

dos contratos no sector portuário,

num acordo que permitiu o aumen-

to da capacidade anual do terminal

para 2,5 milhões de TEU (unidade de

medida equivalente a um contentor

de 20 pés), “sem necessidade de re-

alização de investimentos a cargo da

APS ou prorrogação do prazo con-

tratual”.

O objectivo assumido destas rene-

gociações, que estavam sob tutela do

então secretário de Estado Sérgio

Monteiro, passava por não só dimi-

nuir a chamada “factura portuária”

e os encargos pagos pelos utilizado-

res (os exportadores), mas também

por garantir investimentos na me-

lhoria da infra-estrutura sem peso

para o erário público. E isso só foi

conseguido em Sines, com a PSA a

avançar para os investimentos sem

pedir contrapartidas ao Estado. As

obras de ampliação do Terminal XXI

arrancaram em Maio, mas o novo

contrato impõe a realização de três

pagamentos fi xos anuais, entre 2015

e 2017, e um pagamento variável que

tem por base valores anuais.

No segundo trimestre de 2015, a

UTAP destaca que não só se manti-

nham em curso essas negociações co-

mo ainda decorriam os estudos de

avaliação da sustentabilidade eco-

nómico-fi nanceira de alguns inves-

timentos de expansão nas áreas

concessionadas do Porto do Douro

e Leixões.

E, durante o período de consulta

pública do estudo sobre a concor-

rência no sector portuário — levado a

cabo pela Autoridade da Concorrên-

cia, em que, entre outras medidas,

Porto de Sines aumenta receitas em 11% com renegociação de Terminal XXI

defendia, inclusive, o encurtamento

dos prazos dos actuais contratos de

concessão, defendendo que estes

deviam voltar mais rapidamente ao

mercado —, percebeu-se pelas críticas

então ouvidas que tanto os privados

como as administrações portuárias

não consideravam que o desfecho

negocial conseguido em Sines se iria

repetir noutros portos.

Segundo o relatório da UTAP, as re-

ceitas auferidas pelas administrações

portuárias relativamente aos termi-

nais concessionados registaram no

segundo trimestre de 2015 um acrés-

cimo da ordem dos 6% face ao perí-

odo homólogo de 2014, ascendendo

a 19,2 milhões de euros. Quem mais

contribui para esta receita (com um

peso de 39%) é Porto do Douro e Lei-

xões, curiosamente, o único que, no

fi nal do primeiro semestre deste ano,

apresentou quebras de receitas na

ordem dos 3%. Em sentido contrário

estiveram os aumentos signifi cativos

de receitas das administrações por-

tuárias em Sines (17%), Lisboa (10%)

e Aveiro (12%).

Na origem desta evolução positiva

está “a tendência de crescimento a

que se assistiu ao nível do movimen-

to global de mercadorias (incluindo

as contentorizadas)”, mas o caso de

Lisboa tem ainda a explicação acres-

cida da entrada em operação de um

novo concessionário no Terminal de

Santa Apolónia. “O novo contrato de

concessão no Porto de Lisboa, ori-

ginou um incremento da receita na

ordem dos 10%”, contabiliza a UTAP.

O novo contrato de concessão do Ter-

minal de Santa Apolónia foi assinado

em Abril e tem um prazo de seis anos

(termina Fevereiro de 2021), mas pre-

vê a possibilidade de renovação anu-

al durante dez anos.

Infra-estruturas Luísa Pinto

Receitas das administrações portuárias com concessões atingiram os 19,2 milhões de euros no segundo trimestre de 2015

Professora universitária e investigadora

Page 29: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | ECONOMIA | 29

A SEMANAO ex-secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro está no Banco de Portugal (BdP) com a missão de vender o Novo Banco. O seu contrato com a instituição tem a duração de 12 meses e, por mês, receberá uma remuneração bruta de 30 mil euros, valor que inclui outras componentes além do

salário, como os pagamentos à Segurança Social que estão normalmente a cargo do trabalhadores. Sérgio Monteiro recebe mais do que o presidente do Novo Banco e o valor do vencimento está a gerar mal--estar no BdP e no grupo CGD, onde era administrador antes de ir para o Governo PSD-CDS

30

Bruxelas acordou há uma semana sob a ameaça “iminente” de um atentado. Os analistas antecipavam dias de negociação voláteis nas praças europeias e o episódio deixou os investidores mais receosos. Mas o balanço da semana acabou por ser positivo para os principais índices bolsistas da Europa. A subida do preço do petróleo tem-se reflectido em ajustamentos em alguns preços de acções e de índices bolsistas. O PSI-20

encerrou do lado positivo, a subir 0,99% nas cinco sessões. Entre as maiores subidas estiveram dois bancos, com as acções do BPI a valorizarem-se 6,03% e os títulos do BCP a crescerem 3,9%. Já o Banif voltou a ter um dos piores desempenhos, ao revelar uma queda semanal de 4,17%. Também o sector energético teve esta semana um balanço misto: na lista dos melhores desempenhos ficaram a EDP Renováveis, a subir 4,07%, e a Galp, a crescer 3,53%,

ao contrário da EDP, que teve uma quebra de 2,76%. Ao todo, das 18 empresas actualmente cotadas no PSI-20, 12 fecharam em alta e seis perderam valor. As duas primeiras sessões da semana foram negativas, mas a partir de quarta-feira o desempenho foi sempre positivo, embora com subidas ligeiras, sempre inferiores a 1%. Nesse mesmo dia em que o índice inverteu a tendência, Portugal foi ao mercado emitir dívida pública a dez anos. O Tesouro

captou 995 milhões de euros, suportando uma taxa de juro de 2,429%, ligeiramente acima da operação anterior, em que a taxa foi de 2,398%. Do outro lado do Atlântico, o aumento moderado do consumo nos Estados Unidos e os dados positivos em relação ao mercado de trabalho voltaram a alimentar as expectativas de que a Reserva Federal dos EUA ainda poderá aumentar este ano as taxas de juro de referência. Pedro Crisóstomo

Valor das acções em euros8,10

8,35

8,85

9,10

272625242320 Nov.

8,65 8,827

Var.

Valor das acções em euros9,0

10,0

10,5

11,0

272625242320 Nov.

9,553 9,89

Var.

Valor das acções em euros0,040

0,045

0,055

0,060

272625242320 Nov.

0,04870,0506

Var.

Valor das acções em euros1,00

1,05

1,10

1,15

1,20

272625242320 Nov.

1,061

1,125

6,03%Var.

Valor das acções em euros6,00

6,50

6,75

7,00

272625242320 Nov.

6,3716,63

Var.2,05% 3,53% 3,9% 4,07%

CTT Galp Energia EDP RenováveisBCP BPI

Valor das acções em euros0,40

0,45

0,50

0,60

272625242320 Nov.

0,55

0,498

-9,45%Var.

Impresa

Valor das acções em euros0,002125

0,002219

0,002313

0,002500

272625242320 Nov.

0,0024

0,0023

-4,17%Var.

Banif

Valor das acções em euros3,1

3,2

3,3

3,4

3,5

272625242320 Nov.

3,33

3,238

-2,76%Var.

EDP

Valor das acções em euros0,350

0,375

0,425

0,450

272625242320 Nov.

0,401

0,394

-1,75%Var.

Teixeira Duarte

Valor das acções em euros12,50

12,75

13,25

13,50

272625242320 Nov.

12,99512,89

-0,81%Var.

Jerónimo Martins

Var.Índice em pontos

4500

5000

6000

6500

20 Nov.15 Jun.

0,99%

5360,51Última semana

5627,05

AS CINCO MAIS

AS CINCO MENOS

PSI 20

A FIGURA MARIA LUÍS ALBUQUERQUEEsteve fora dos holofotes mediáticos nos derradeiros dias do Governo de Pedro Passos Coelho, mas nem pela sua ausência deixou de ser “a” figura omnipresente da última audição da equipa do Ministério das Finanças no Parlamento.Na passada quarta-feira, na Comissão de Orçamento e Finanças, Maria Luís Albuquerque não esteve presente, fazendo-se representar por dois secretários de Estado: Paulo Núncio, que nos últimos quatro anos teve consigo a alçada dos assuntos fiscais, e Hélder Reis, responsável pela

pasta do orçamento. A síntese da execução orçamental de Outubro, publicada nessa manhã de quarta-feira, véspera da mudança de governo, veio confirmar que a estimativa do crédito fiscal é agora de zero, quando antes das eleições o pico das receitas fiscais do IVA e do IRS colocou esta previsão em 35%. O tema já tinha agitado o debate político na semana anterior, depois de o Jornal de Negócios ter antecipado estes números. Era inevitável que o Governo cessante fosse confrontado no Parlamento com a descida abrupta da

projecção de reembolso da sobretaxa. As explicações da ministra ficaram por dar. Coube aos secretários de Estado responder em seu nome. Maria Luís Albuquerque não foi poupada pelos partidos à esquerda, que lembraram as declarações da ministra durante a campanha eleitoral a salientar a evolução das receitas, que então permitiam antecipar um reembolso significativo, algo que agora os números já não antevêem.

Paulo Núncio fez um mea culpa em relação à “metodologia” escolhida pelo Governo para

divulgar as projecções do crédito fiscal, ao criar um simulador no Portal das Finanças em que cada contribuinte pôde acompanhar a evolução das receitas do IVA e do IRS. Da ministra não se ouviu uma palavra. Agora de regresso ao Parlamento como deputada da oposição, Maria Luís Albuquerque continuará a ter os holofotes apontados a si. Em Janeiro, serão desfeitas as dúvidas, quando se souber efectivamente se os contribuintes vão, ou não, receber alguma parte do que estão a pagar este ano em sede de sobretaxa. P.C.

Page 30: publico.29.11.2015

30 | MUNDO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

A máquina de fazer dinheiro do Estado Islâmico no Iraque e na Síria

O autoproclamado Estado Islâmico

(EI) é talvez a organização terrorista

mais bem fi nanciada de sempre, nas

palavras do actual vice-director da

CIA, David Cohen. Ao contrário da

Al-Qaeda e outros grupos terroristas,

que dependem de dadores simpati-

zantes das suas causas, o EI controla

um território na Síria e no Iraque on-

de vivem pelo menos oito milhões de

pessoas e que governa como se fosse

um Estado. Impõe a quem lá vive os

mais variados impostos, com inspi-

ração no Corão, e explora recursos

naturais, como o petróleo.

Uma ressalva: não há muitos dados

concretos, nem uma pista electróni-

ca das contas e transacções do EI que

permita conhecer com pormenor as

fi nanças do califado autodeclarado

pelo líder Abu Bakr al-Baghdadi em

Junho de 2014, depois de o grupo

ter conquistado Mossul, a segunda

maior cidade iraquiana. Mas estima-

tivas apresentadas ao Congresso dos

Estados Unidos no fi nal desse ano pe-

la Rand Corporation apontam para

que o Estado Islâmico ganhe entre 1

e 3 milhões de dólares por dia pro-

venientes de várias fontes. Fez um

longo caminho desde 2008, quando

apenas conseguia ganhar um milhão

de dólares num mês.

Os rendimentos anuais do EI, neste

momento, rondam os 2700 milhões

de euros, diz o Le Monde, que faz algu-

mas comparações que ilustram bem

as capacidades fi nanceiras desta or-

ganização: estima-se que o orçamen-

to dos talibans, no Afeganistão, osci-

le entre 49,7 milhões e 300 milhões

de euros, e o que Hezbollah libanês

entre 150 e 341 milhões de euros.

O acesso aos poços de petróleo da

Síria e do Iraque é, certamente, uma

das principais fontes de rendimento

do EI. Mas não é a única e, neste mo-

mento, nem será a principal. A diver-

sifi cação é a chave do sucesso.

PetróleoA dúvida é: até que ponto os bom-

bardeamentos da coligação interna-

cional estão a impedir a exploração

petrolífera pelo Estado Islâmico na

Síria e no Iraque? Em Outubro, uma

investigação do Financial Times con-

cluía que os jihadistas estavam a ga-

nhar cerca de 1,5 milhões de dólares

diários com o petróleo, mas estes

números foram contestados.

No entanto, o EI terá a capacidade

de produzir 44 mil barris de crude

por dia na Síria e 4000 no Iraque,

que depois é vendido na Turquia, a

intermediários, a preços muito re-

duzidos — por vezes a 20 dólares. É

apenas uma fracção da capacidade

de produção total do Iraque (três

milhões de barris por dia), mas qua-

se 10% da Síria, que antes da guerra

civil começar a todo fôlego, diz a

revista Newsweek, rondava 385 mil

barris diários.

Em alguns casos, o petróleo é re-

fi nado ainda na Síria, com sistemas

transportáveis, baratos e simples

de operar. Este combustível é usa-

do localmente e é ainda mais fácil

canalizá-lo para o mercado negro na

Turquia, misturando-o com outro

combustível.

Em teoria, quando abastece o seu

carro, parte do gasóleo ou gasoli-

na pode ter vindo daquele petróleo

que o EI extrai na Síria ou no Iraque.

Na verdade, as próprias tropas do

Presidente Bashar al-Assa, contra

quem combatem os homens do EI,

devem usá-lo, tal como os curdos,

que lhes têm sido os mais efi cazes

a dar-lhes luta.

O tráfi co é feito através de cami-

ões-cisterna para a Turquia — mui-

to provavelmente conduzidos por

civis, que não são propriamente

cúmplices dos jihadistas, apenas

usam rotas que têm décadas, utili-

zadas durante os anos das sanções

impostas ao regime de Saddam

Hussein, no Iraque. Os guardas

de fronteira recebiam baksheesh

(pagamento às escondidas, subor-

no) para deixar passar os camiões

com contrabandos variados, entre

os quais petróleo, que era vendido

a intermediários na Turquia, que

se encarregavam de o colocar no

mercado regular.

O Estado Islâmico aproveita-se

dessas mesmas redes e fará pelo

menos 500 milhões de dólares de

As populações que vivem nas cidades ocupadas pelo EI são sujeitas a todo o tipo de extorsões

Dominar um território é fundamental para a organização terrorista fi nanciar uma guerra. Mercado negro, fronteiras porosas, acesso a recursos naturais e roubo são as suas estratégias

Terrorismo Clara Barata

Sob seu controlo estão também

cinco fábricas de cimento — que

poderiam render 583 milhões de

dólares anuais, diz a Reuters — e

várias instalações de extracção de

enxofre.

Um dia antes dos atentados de

Paris, os Estados Unidos tinham

anunciado uma intensifi cação dos

ataques contra os locais de produ-

ção petrolífera nas mãos do EI, com

o objectivo de os desactivar durante

pelo menos seis meses — até agora,

os bombardeamentos não tinham

consequências de maior, dentro

de uma semana, no máximo, vol-

tavam a estar funcionais. Havia a

preocupação de manter as estrutu-

ras operacionais para poderem ser

aproveitadas pela Síria, num futuro

em que houvesse paz.

Durante um ano, o EI lutou pe-

lo controlo da refi naria de Baiji, a

maior do Iraque, mas em Outubro

foi obrigada a recuar.

“Os argumentos para não atacar a

infra-estrutura petrolífera nas mãos

do EI são bem conhecidos — os cus-

tos da reconstrução pós-confl ito e

a destruição dos meios de ganhar a

vida daqueles que dependem desta

indústria”, escreveu no New York

Times Tom Keating, director do Cen-

tro de Estudos de Crime Financeiro

lucro anuais — o petróleo represen-

tará cerca de um terço dos seus ac-

tuais rendimentos anuais.

Outros importantes recursos na-

turais que estão no território do EI

são as minas de fosfatos de Khnai-

fess, localizadas à beira da estrada

entre Damasco e Palmira, a cidade

Património da Humanidade da qual

os jihadistas se apropriaram. A Sí-

ria tem uma das maiores reservas

de fosfatos do mundo — em tempos

de paz, as minas rendiam cerca de

60 milhões de dólares anuais. Não

é claro, no entanto, se o grupo te-

rá capacidade para explorar as mi-

nas.

Page 31: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | MUNDO | 31

e Estudos de Segurança no Royal

United Services Institute (Reino

Unido). “Mas o preço de atrasar os

bombardeamentos vê-se em Beiru-

te, no Egipto e Paris”, onde houve

atentados do EI.

Quanto ao bombardeamento

das longas fi las de camiões cister-

nas que muitas vezes se vêm rumo

à Turquia, os militares da coliga-

ção internacional contorcem-se de

dúvidas: podem ser apenas civis a

conduzi-los, que tentam ganhar a

vida num ambiente de guerra. “Os

apelos para que se bombardeiem

alvos petrolíferos exageram a de-

pendência do Estado Islâmico dos

rendimentos do petróleo”, afi rma,

no mesmo jornal, Hassan Hassan,

analista da Chatham House e co-

autor do livro ISIS: por dentro do

Estado do Terror (Leya).

“Os bombardeamentos, em espe-

cial no Leste da Síria, estão a pôr em

causa as formas de vida de muitas

pessoas que dependiam do comér-

cio, transporte e outras actividades

relacionadas com o petróleo, antes

do EI controlar as áreas em que vi-

vem”, sublinha Hassan. O mercado

negro foi a forma de continuarem a

ter meios de sobrevivência, depois

do colapso do Governo de Bashar

al Assad. “Algumas famílias estão a

REUTERSenviar os seus fi lhos para as fi leiras

do EI, como a única forma de obter

um rendimento mensal”, frisa.

Taxas e extorsãoTer o controlo efectivo de um terri-

tório é a originalidade do Estado Islâ-

mico. É o seu ponto forte, pois pode

impor as mais variadas taxas às pes-

soas que lá vivem, e apropriar-se dos

recursos produzidos. A extorsão e a

imposição de taxas com inspiração

corânica podem render 600 milhões

de dólares anuais (565 milhões de eu-

ros) ao EI e deve ser a sua principal

fonte de rendimento, dizem vários

analistas. Só na cidade iraquiana de

Mossul, deverá obter oito milhões de

dólares em impostos por mês, diz um

relatório da Thomson Reuters.

No entanto, pode também ser o

seu ponto fraco, pois tem de admi-

nistrar o território, assegurar os ser-

viços mínimos a quem lá vive. Isto

ao mesmo tempo que mantêm uma

guerra sangrenta contra Assad e seus

aliados, contra outros grupos rebel-

des e são bombardeados pela coliga-

ção internacional liderada pelos EUA

e agora também pela Rússia.

Os jihadistas “impõem um con-

trato social em que os muçulmanos

consentem em pagar taxas e contri-

buições de caridade obrigatórias em

troca de protecção e benefícios, en-

quanto súbditos do califado”, expli-

ca num artigo do think tank Brookin-

gs Institution Mara Revkin, que está

a fazer um doutoramento sobre os

processos de governação de grupos

rebeldes como o EI.

O sistema de taxas do EI baseia-se

numa leitura selectiva de interpreta-

ções medievais do Corão, diz Mara

Revkin, para impor três grandes ti-

pos de taxas: o zakat é a contribui-

ção obrigatória de uma percentagem

dos ganhos totais dos muçulmanos

— tradicionalmente é de 2,5%, mas

o EI aumentou-a para 5%. Para além

dos salários, pode ser aplicada a pro-

dutos agrícolas, por exemplo — e o

EI deitou mão a grande parte dos

territórios agrícolas da Síria e do Ira-

que, onde é produzida grande parte

do trigo e da cevada daqueles paí-

ses. Mesmo vendendo estes cereais

no mercado negro a 50% do preço

normal, a Reuters estima que o EI

obtenha cerca de 200 milhões de

dólares anuais

Fay é o tributo pago em dinheiro

ou terras pelos não-crentes — e há re-

latos de valores diferentes impostos

a cristãos e outras minorias. A ghani-

ma refere-se aos bens móveis retira-

dos pela força aos não muçulmanos

numa campanha militar, como es-

cravos e armas. Um quinto (khums)

deve ser destinado para o erário pú-

blico, e os restantes 80% podem ser

distribuídos entre os combatentes,

explica a investigadora.

Mas todas estas taxas podem mul-

tiplicar-se, tornando-se verdadeiras

extorsões: é preciso pagar uma taxa

para usar os serviços de telecomuni-

cações, para tirar dinheiro do banco,

para comprar seja o que for. Os ca-

miões e outros veículos que passem

pelas estradas do Norte do Iraque

têm de pagar 800 dólares de porta-

gem, diz ainda a Reuters.

Dentro dos esquemas de extorsão

cabem ainda os raptos para obter

resgates. Os EUA e o Reino Unido

recusam-se a pagar por cidadãos

seus que tenham sido raptados, mas

outros países terão pago alguns mi-

lhões de dólares ou euros — em 2014,

o EI poderá ter recebido cerca de

45 milhões de dólares, estima um

relatório do Congresso norte-ameri-

cano. E mesmo cidadãos locais serão

raptados frequentemente — embora

nestes casos os resgates pedidos se-

jam muito menores, com valores que

podem rondar os 500 dólares.

A insatisfação com o sistema de

taxas e extorsão do EI estará a cres-

cer, pelo que se conclui dos relatos

que chegam ao Ocidente. Talvez pela

falta de perspectivas para a popula-

ção sob o seu jugo, ou por causa da

evolução do sistema de controlo do

território posto em prática pelos jiha-

distas, explicado por Mara Revkin.

Quando o EI se apropria de um no-

vo território, as suas prioridades são

restaurar os serviços básicos, como

a água e a electricidade. Em alguns

locais, pôs a funcionar as panifi ca-

ções, para fornecer pão grátis ou a

preços subsidiados. Os produtos que

entram no território são adquiridos

pelo EI e depois vendidos à popu-

lação — com taxas, que se foram

agravando. Começam depois uma

campanha de repressão do crime

vulgar — ladrões, trafi cantes, viola-

dores, assassinos comuns.

Só então é que o EI começa a

regular a moral pública e as práti-

cas religiosas. Primeiro, as pesso-

as começam por ser encorajadas a

deixar de beber e fumar de forma

educada. Se não o fazem a bem, co-

meçam a ser sujeitas a violência, e

são introduzidos castigos corporais

para quem for apanhado a vender

ou a consumir cigarros ou álcool. O

medievalismo do EI e a sociedade

em dois estratos — guerrilheiros e o

resto da população — afi rma-se com

o avançar do tempo.

Tráfi co de antiguidadesEsta será a segunda maior fonte de

rendimentos do Estado Islâmico. Vá-

rios museus fi caram sob o seu con-

trolo, e vários locais arqueológicos

também. Algumas relíquias são des-

truídas para efeitos de propaganda,

como está a acontecer na cidade de

Palmira. Mas as peças facilmente

transportáveis são trafi cadas para o

estrangeiro, sobretudo para a Euro-

pa, onde há compradores para peças

que, a não ser ilegalmente, nunca

seriam transaccionadas.

Quem quiser escavar — ou roubar

o que encontrar — nos sítios arqueo-

lógicos sírios paga uma taxa: 20% so-

bre o valor do que encontrar em Ale-

po, depois de efectuada a transacção

com receptadores autorizados pelo

EI, 50% em Raqqa. Um relatório do

Congresso dos EUA estima em 100

milhões por ano os rendimentos do

EI com a venda ilícita de objectos

arqueológicos.

A questão é descobrir o percurso

que estas peças fazem, depois de saí-

rem da Síria ou do Iraque, através da

Turquia ou de Beirute, e de terem si-

do branqueadas com documentação

falsa sobre a sua origem. Começam

a surgir algumas denúncias de que

estarão a ser vendidos em leilões na

Europa, ou em lojas sem escrúpulos

em relação a peças vindas de regiões

de confl ito. Por exemplo, o especia-

lista em Médio Oriente também do

University College de Londres Mark

Altaweel encontrou numa loja da ca-

pital britânica objectos que “muito

provavelmente vêm do Iraque e da

Síria”, contou ao Guardian.

Um fragmento de vidro rudimen-

tar, uma estatueta minúscula, um

baixo-relevo em osso — peças com

características tão distintivas que só

podem ter vindo de uma zona espe-

cífi ca, na área controlada agora pelo

Estado Islâmico, afi rmou. “O facto

de estarem à venda tão abertamente

em Londres diz-nos a escala deste

tráfi co — estamos a ver apenas a pon-

ta fi nal”, comentou Altaweel.

O EI terá a capacidade de produzir 44 mil barris de crude por dia na Síria e 4000 no Iraque

O EI “impõeum contrato social em que os muçulmanos consentem em pagar taxas e contribuições de caridade obrigatórias”

Page 32: publico.29.11.2015

32 | MUNDO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Os tiroteios e massacres em escolas

são acontecimentos frequentes nos

EUA, mas o que aconteceu na manhã

de sexta-feira no estado do Colorado

pôs o país a discutir questões para

além da facilidade com que os ame-

ricanos podem comprar armas. Por

volta das 11h30, um homem de 57

anos, armado com uma espingarda

semelhante às que são usadas por

militares, entrou numa clínica que

realiza abortos e começou a dispa-

rar, matando dois civis e um dos po-

lícias que tentaram travá-lo.

Um dos primeiros a alertar a po-

lícia sobre o que estava a acontecer

na clínica da organização Planned

Parenthood em Colorado Springs foi

Ozy Licano, um músico de 61 anos

que tinha o carro parado no parque

de estacionamento. Licano viu o ati-

rador a dirigir-se para a entrada da

clínica e a disparar contra um ho-

mem que estava a rastejar, tentando

encontrar um refúgio.

Num depoimento captado em

vídeo pelo jornal The Gazette, de

Colorado Springs, Licano diz que

escapou à morte por pouco: “Vi

um homem a rastejar em direcção

à porta e vi os vidros a estilhaçarem-

se. Logo a seguir vi um homem a

disparar, e entrei em pânico. Saí do

carro e pensei em fugir, mas mudei

de ideias e voltei a entrar no carro,

para sair dali. Nesse momento ele

viu-me. Olhámo-nos olhos nos olhos

e ele fez pontaria e começou a dis-

parar. As balas fi zeram dois buracos

no pára-brisas e passaram por mim.

Ele não parava de disparar.”

Ozy Licano escapou com ferimen-

tos ligeiros, provocados pelos esti-

lhaços dos vidros, mas diz que não

esquecerá a “face fria e sem expres-

são” do atirador, identifi cado como

Robert Lewis Dear, um homem de

57 anos nascido na Carolina do Sul.

As autoridades judiciais ainda não

estabeleceram o que levou Dear a

entrar aos tiros na clínica. Sabe-se

que esteve no edifício durante cinco

horas, e que alternou momentos de

silêncio com períodos de extrema

violência, tentando atingir, através

das paredes, as pessoas que se iam

refugiando nas várias salas — devi-

Ataque no Colorado faz três mortos e lança questões sobre armas, terrorismo e racismo

do às constantes manifestações anti-

aborto e ameaças, os responsáveis

da clínica mandaram construir uma

“sala de pânico”, mas muitos só tive-

ram tempo de se esconder nos locais

mais próximos de si.

Os relatos dos jornais Denver Post

e The Gazette indicam que a polícia

entrou no edifício horas depois do

início do ataque, devido ao receio

de que o atacante tivesse deixado

explosivos à sua passagem. Quan-

do entraram, os agentes foram rece-

bendo instruções para chegarem ao

compartimento onde se encontrava

o atirador, guiados a partir do exte-

rior através das imagens transmiti-

das pelas câmaras de segurança.

Sem nunca terem conseguido es-

tabelecer contacto por telefone com

o atacante, os agentes acabaram por

conseguir convencê-lo a render-se ao

fi m de cinco horas, gritando de um

andar para o outro. Por essa altura

a polícia já tinha pedido um atirador

especial para matar o atacante.

Para além das três vítimas mortais

— uma delas um polícia que estava de

serviço na Universidade do Colorado,

mas que se juntou aos colegas que

cercaram o edifício —, fi caram feridas

outras nove pessoas, cinco também

polícias. Foram hospitalizados, mas

não correm riscos de vida.

A direcção da Planned Parenthood

(que presta cuidados de saúde re-

produtiva, da contracepção a tes-

tes de detecção de doenças sexual-

mente transmissíveis, e dos quais os

abortos representam apenas uma

pequena parte) disse partilhar “das

preocupações de muitos americanos

de que extremistas estão a criar um

ambiente venenoso que alimenta o

terrorismo interno no país”.

O Presidente dos EUA, Barack

Obama, pôs a tónica na limitação do

porte de armas. “Não é normal. Não

podemos deixar que se torne nor-

mal. Se estamos preocupados com

isto — se queremos rezar e apresen-

tar condolências com a consciência

limpa —, temos de fazer algo sobre

o fácil acesso a armas de guerra nas

nossas ruas. Ponto fi nal. Já chega.”

Várias pessoas compararam o

ataque aos atentados em Paris e ao

vídeo em que se vê um jovem negro

a ser morto por um polícia branco

com 16 tiros, em Chicago.

“O homem que matou três pessoas

na clínica da Planned Parenthood

é referido como um ‘atirador’ pela

CNN. Se fosse muçulmano, a CNN

usaria a palavra terrorista”, criti-

cou no Twitter Craig Considine, do

Departamento de Sociologia da Uni-

versidade Rice em Houston.

“O atirador da Planned Paren-

thood foi detido pacifi camente de-

pois de ter atingido cinco polícias.

Nós já fomos mortos por muito me-

nos”, escreveu o activista negro De-

Ray McKesson.

EUAAlexandre Martins

Um norte-americano entrou numa clínica que realiza abortos e matou três pessoas. Há quem exija que lhe chamem “terrorista”O Papa Francisco visitou ontem o

santuário mais sagrado do Uganda,

homenageando os mártires cristãos

mortos no século XIX pela sua fé e

pela oposição que fi zeram a um rei

que abusava de jovens rapazes na

corte real.

Esta é a segunda de três paragens

na sua primeira visita a África como

Papa. Perto de Kampala, capital do

Uganda, o Papa celebrou uma missa

com dezenas de milhares de pessoas

que se juntaram em ladeiras lama-

centas, que circundam o santuário

moderno, feito de ferro e em forma

de cone, fazendo lembrar uma ca-

bana da tribo baganda.

“Hoje recordamo-nos com gra-

tidão do sacrifício dos mártires

ugandeses. Recordamos também os

mártires anglicanos, cuja morte por

Cristo é um testemunho do ecume-

nismo de sangue”, disse Francisco,

citado pela agência AFP.

Entre 1884 e 1887, foram mortos

25 anglicanos e 22 católicos em per-

seguições. A maioria foi queimada,

devido às ordens do rei Buganda

Mwanga II, que em 1984 tomou

posse com 16 anos.

O mais famoso dos mártires foi um

católico convertido chamado Char-

les Lwanga, um prefeito na corte do

rei que era responsável pelos pajens

rapazes e foi morto porque tentou

proteger as crianças dos avanços

sexuais do rei.

Depois da sua conversão, ten-

taram espalhar a sua fé a outros

grupos. Hoje, o Uganda tem 40%

de católicos e 30% de anglicanos.

Muitas igrejas dirigem escolas e hos-

pitais em todo o país. “Eles fi zeram

aquilo em tempos perigosos”, disse

o Papa, citado pela Reuters. “Não

só as suas vidas foram ameaçadas

mas também as vidas dos jovens de

que eles tomavam conta”, disse o

Papa.

Depois de na sexta-feira ter visita-

do o Quénia e ontem ter estado no

Uganda, o Papa Francisco parte hoje

para a República Centro-Africana, a

paragem mais perigosa da visita. Du-

rante cerca de três anos, o país viveu

um confl ito inter-religioso. Milhares

de pessoas foram mortas e um em

cada cinco cidadãos fugiu do país

ou emigrou.

Papa homenageia mártires no Uganda

África

Esta é a segunda de três paragens que Francisco faz em África. Segue-se a República Centro-Africana

Breves

Crise dos migrantes

Terrorismo

Arame farpado na fronteira da Grécia com a Macedónia

Três mortos em ataque a campo da ONU no Mali

O Exército macedónio começou ontem a erguer uma cerca de arame farpado na fronteira sul com a Grécia, num ponto por onde os migrantes tentam atravessar em direcção à Europa Ocidental. Um porta-voz do Governo explicou à Reuters que o objectivo da nova barreira é “direccionar o fluxo de pessoas em direcção aos pontos controlados de entrada no país para que possam ser registadas e tratadas humanamente”. Aleksandar Gjorgjiev sublinhou que “a fronteira vai continuar aberta” e que a Macedónia vai continuar “a autorizar a passagem de pessoas que vêm de regiões afectadas pela guerra tal como fez até agora”. Ou seja, apenas passam sírios, afegãos e iraquianos. Os outros estão a ser impedidos de continuar viagem.

Dois soldados guineenses da ONU e um civil foram mortos e 14 pessoas ficaram feridas num ataque com um rocket contra um campo da missão da ONU no Mali em Kidal, no Nordeste do país. Em Março de 2012 o Norte do Mali ficou sob o controlo de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda que conseguiram derrotar o Exército. Os jihadistas foram depois em grande parte derrotados por uma intervenção internacional liderada pela França, lançada em Janeiro de 2013 e que ainda está a decorrer. Mas há zonas inteiras da região que escapam ao controlo das forças malianas e estrangeiras e é daí que têm partido ataques como o de ontem e o que, no dia 20, fez 27 mortos num hotel de Bamaco.

ISAIAH J. DOWNING/REUTERS

Robert Lewis Dear rendeu-se ao fim de cinco horas

Page 33: publico.29.11.2015

Mecenas Casa da Música Mecenas Principal Casa da Música Mecenas Serviço Educativo Apoio InstitucionalPatrocinador Oficial Ano AlemanhaPatrocinadores Ano Alemanha

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04 SEX SÉRIE CLÁSSICA · ALEMANHA Orquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaÓPERA EM VIENALeopold Hager direcção musical Ana Quintans soprano Obras de Mozart, Gluck e Beethoven 21:00 Sala Suggia · € 19 · Cartão Amigo € 14,25 Lugar Coro € 14,25 · Jovem/Sénior € 15,2

05 SÁBVamos CantarJoana Araújo e Tiago Oliveira formadoresSERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS MÚSICA EM FAMÍLIA10:30 ou 14:30 Sala de Ensaio 2€ 4 (€ 15 para família de 4 pessoas)

06 DOMNa ponta dos dedosAntónio Miguel Teixeira e Sofia Nereida formadoresSERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS PRIMEIROS SONS10:30 (0-23 meses), 11:45 (2-3 anos) e 15:00 (4-6 anos) Sala de Ensaio 2€10 (criança+adulto) · €7,5 (segundo acompanhante com mais de 12 anos)

07 SEG30 anos do IPPOrquestra Sinfónica e Coro Geral da ESMAE Coro da Escola Superior de Educação / IPP Coro da Universidade de Aveiro Alunos do 3º ano da Licenciatura em Teatro da ESMAE Alunos do 2º ano do Mestrado em Comunicação Audiovisual da ESMAE António Saiote direcção musical Bárbara Francke direcção coral Lee Beagley encenação Sinfonia nº 2, A Ressurreição de Gustav Mahler21:30 Sala Suggia · € 10 · Cartão Amigo € 7,5 Jovem/Sénior € 8

08 TER FIM DE TARDE · MÚSICA DE CÂMARA ALEMANHA Arte Music EnsembleLuis Filipe Sá pianoCarlos Alves clarineteJosé Despujols violinoMateusz Stasto violaVicente Chuaqui violonceloObras de Beethoven e Brahms 19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4

12 SÁBO Natal dos Irmãos GrimmJorge Queijo e Maria Mónica direcção musicalEnsemble de Gamelão Casa da Música e Filipe Caco interpretaçãoSERVIÇO EDUCATIVO · CONCERTOS PARA TODOS16:00 Sala 2 · € 7,5 · Menores de 18 anos € 5

12 SÁB DESCOBERTAS SINFÓNICAS · ALEMANHA PORTRAIT HELMUT LACHENMANN VII INTEGRAL DOS CONCERTOS PARA PIANO DE BEETHOVEN VOrquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaArditti QuartetCONCERTO IMPERADORPeter Rundel direcção musical Pedro Burmester pianoObras de Lachenmann e Beethoven 18:00 Sala Suggia · € 17 · Cartão Amigo € 12,75 Lugar Coro € 12,75 · Jovem/Sénior € 13,6-17:15 CibermúsicaPalestra pré-concerto por Rui Pereira

06 DOM SINFÓNICA AO DOMINGO CONTINENTE CONCERTO COMENTADO · ALEMANHA Orquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaA PINTURA DE BEETHOVEN José Eduardo Gomes direcção musical Concerto comentado por Helena MarinhoSinfonia nº 2 de Beethoven12:00 Sala Suggia · € 6 · Cartão Amigo € 4,5 Lugar Coro € 4,5 · Menores de 18 anos € 3 Cartão Continente: na compra de 1 bilhete para adulto, oferta de 2 entradas para menores de 18 anos

09 QUACICLO JAZZOmar Sosa Quarteto AfroCubanoOmar Sosa piano e vozErnesto Simpson percussão Leandro Saint-Hill saxofone, flauta e clarineteChildo Tomas baixo22:00 Sala Suggia · € 16 · Cartão Amigo € 12

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13 DOMBebé WakaBruno Estima e Paulo Neto formadores SERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS PRIMEIROS SONS10:30 (0-23 meses), 11:45 (2-3 anos), 15:00 (4-6 anos) Sala de Ensaio 2€10 (criança+adulto) · € 7,5 (segundo acompanhante com mais de 12 anos)

13 DOMCICLO JAZZ OJM + Chris Cheek21:00 Sala Suggia · € 12 · Cartão Amigo € 9 Lugar Coro € 9 · Jovem/Sénior € 9,6

19 SÁB Banda Sinfónica PortuguesaJosé Rafael Pascual Vilaplana direcção musicalElisabete Matos sopranoExcertos das óperas La Forza del Destino, Un Ballo in Maschera, Lady Macbeth e Aïda de Verdi; Norma de Bellini; Madame Butterfly de Puccini; Cavalleria Rusticana de Mascagni; Excertos das zarzuelas El Tambor de Granaderos de Chapí; El Huésped del Sevillano de Guerrero; La del Soto del Parral de Soutullo/Vert; La Gran Vía de Chueca/Valverde; La Boda de Luis Alonso e La Tempranica de Giménez; Los Gavilanes de Bretón18:00 Sala Suggia · € 15 · Cartão Amigo € 11,25

20 DOMAnikibebéAna Bento e Bruno Pinto formadores SERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS PRIMEIROS SONS10:30 (0-23 meses), 11:45 (2-3 anos) e 15:00 (4-6 anos) Sala de Ensaio 2€10 (criança+adulto) · €7,5 (segundo acompanhante com mais de 12 anos)

20 DOM ALEMANHAOrquestra Barroca & Coro Casa da MúsicaPaul Hillier direcção musical Obras de Schütz e Bach 18:00 Sala Suggia · € 15 · Cartão Amigo € 11,25 Lugar Coro € 11,25 · Jovem/Sénior € 12

21 SEG20 anos do Conservatório do Vale do SousaOrquestras e coros do Conservatório do Vale do Sousa 21:00 Sala Suggia · € 5Promotor: Associação de Cultura Musical de Lousada

MÚSICA PARA O NATAL15-20 DEZ

15 TER FIM DE TARDE · MÚSICA DE CÂMARA Prémio Jovens Músicos/Antena 2Daniel Rodriguez Hart piano Obras de Beethoven, Liszt e Lecuona19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4

18 SEX FORA DE SÉRIEOrquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaTEMAS DE NATALAndrew Gourlay direcção musical Obras de Humperdinck, Britten, Prokofieff e Tchaikovski21:00 Sala Suggia · € 15 · Cartão Amigo € 11,25 Lugar Coro € 11,25 · Jovem/Sénior € 12

22 TERFIM DE TARDE · MÚSICA DE CÂMARAPrémio Conservatório de Música do Porto/Casa da MúsicaMaria Sá e Silva harpaHugo Peres piano19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4

26 SÁBTwoPianists: Nina Schumann eLuís Magalhães CONCERTO DE NATAL A FAVOR DO IPO-PORTOLuís Magalhães e Nina Schumann pianoObras de Barber, Copland, Rzewski, Bolcom e Adams 18:00 Sala Suggia € 20 · Maiores de 65 anos € 15 Menores de 18 anos: € 10

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Apoio Portrait HelmutLachenmann

Page 35: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | MUNDO | 35

PONTO DE VISTA

DANIEL ROCHA

A maioria de esquerda não existia

no dia 4 de Outubro. Hoje, depois

de chumbar o segundo Governo

PSD-PP e de António Costa ter

tomado posse como primeiro-

ministro, passou a existir e a ter

de prestar provas. A querela da

legitimidade fi ca para trás. O que

agora se torna determinante é a

relação entre o PS e o PCP perante

o imperativo de governar no mais

difícil dos contextos económicos.

Declarou em Outubro António

Costa ao Financial Times a

propósito das negociações do PS

com a esquerda da esquerda: “É

como se estivéssemos a deitar

abaixo o que resta do Muro de

Berlim.” O “muro” seria a divisão

das “duas esquerdas”, a socialista e

a comunista, desde 1975.

Ao optar pelo acordo com

o PCP e o Bloco, o PS mudou

as regras do jogo. A mudança

está na polarização da disputa

política entre esquerda e direita,

suspendendo o chamado

“arco da governação”. Carlos

Gaspar chamou-lhe “o fi m do

25 de Novembro” e precisou: “A

coligação PSD-CDS e a maioria

aritmética das esquerdas são

fórmulas simétricas. Partem

ambas do reconhecimento da

incapacidade dos dois grandes

partidos para voltarem a obter

maiorias absolutas sozinhos.”

(PÚBLICO, 16/11/2015.)

Partido tribunícioA bipolarização é normal em

muitos países. Mas, no caso

português, rapidamente começam

as complicações. O PCP e o

PS, afi rmando-se ambos de

“esquerda”, não só pertencem

a famílias e tradições políticas

opostas como são incompatíveis.

Centro a análise no PCP e não no

Bloco. Este teve (e terá) um papel

activo na operação “maioria de

esquerda”, mas a sua identidade

política não está consolidada.

Levantei o problema num

texto anterior (8 de Novembro), a

propósito da União da Esquerda

em França — socialistas,

comunistas e radicais — na era

Mitterrand, nas décadas 1970-

80. Resumo: a estratégia do

Partido Comunista Francês (PCF)

assentava numa função tribunícia,

tal como a defi niu o politólogo

Georges Lavau. Era o porta-voz

do descontentamento social,

organizava o protesto, mas não

queria partilhar responsabilidades

de governo. Só teria interesse em

governar se pudesse ter um papel

hegemónico. A função tribunícia

é uma alternativa à incapacidade

de exercer o poder e um método

de garantir a infl uência política. É

ao mesmo tempo perturbadora e

útil para a estabilidade do sistema

político: ao dar voz ao protesto,

desempenha o papel de válvula de

segurança para as tensões sociais.

Os estudiosos portugueses não

o ignoram. Resumiu José Pacheco

Pereira: “A parte estratégica do

PCP corresponde a um aspecto

fundamental da acção do partido,

a sua função tribunícia, o reverso

da ‘responsabilidade de partido

de governo’ que anima o PS. (...)

O PCP vive da conjugação entre

uma acção tribunícia, com os seus

efeitos de propaganda, identidade

e afi rmação, e o seu papel na

protecção da sua ‘clientela’

eleitoral, nos sindicatos e nas

autarquias.” (Abrupto, 1/7/12.)

Noutra vertente, o PCP “faz

gala da sua excepcionalidade,

acentuando a ortodoxia

doutrinária, a intransigência

dogmática e o sectarismo político”,

escreveu Vital Moreira a propósito

do congresso de 2008. “Não deixa

de ser surpreendente, depois do

soçobrar do comunismo soviético,

uma tão grande fé nos dogmas

do ‘marxismo-leninismo’ e nas

virtudes do socialismo real’, lá

onde ele persiste.” Conclui: “Pelos

exemplos alheios por esse mundo

fora, receia que mudar pode

signifi car morrer depressa. Por isso

prefere não mudar, na esperança

de adiar continuamente o fi m,

ou morrer devagar.” (PÚBLICO,

2/12/2008.)

Observações sobre a novíssima maioria de esquerda

Até agora sobreviveu — dando

aparente razão à intransigência

de Cunhal perante coisas como o

eurocomunismo ou a perestroika.

De resto, ele seguiu com atenção

a experiência francesa, que

culminou no irreversível declínio

do PCF.

Jerónimo abre o jogoJerónimo de Sousa fez o convite

à dança a 9 de Outubro: “O PS só

não forma governo se não quiser.”

Não escondeu ter em mente uma

coligação negativa: “Uma solução

política para isolar a travar a

ofensiva da coligação PSD-CDS.”

Alguns socialistas terão a

expectativa de uma mudança

de natureza do PCP. Será uma

miragem. O PCP sempre teve uma

cultura de fl exibilidade táctica,

o que não se deve confundir

com rupturas estratégicas, de

que não há qualquer sinal. Por

que fez a abertura ao PS? A

direcção comunista não teria

querido assumir o ónus da

“divisão da esquerda” perante

uma oportunidade única de

derrubar a coligação PSD-CDS.

Mas não será a única razão. A

sua táctica é racional. O acordo

com o PS permite-lhe defender

interesses vitais, como a anulação

das propostas do PS sobre a

fl exibilização dos despedimentos

ou a travagem da privatização

dos transportes colectivos, chave

da capacidade grevista da CGTP.

Gostaria ainda de esvaziar a

Concertação Social e marginalizar

a UGT. Reformas estruturais? Nem

pensar. E faz estas “conquistas”

sem entrar no Governo e sem

abdicar da sua liberdade de acção.

É um equívoco falar na exclusão

do PCP do “arco da governação”.

É uma “auto-exclusão” decorrente

do seu programa, do marxismo-

leninismo e da estratégia

tribunícia. O apoio ao Governo

não autoriza que se fale na ruptura

desta lógica. Não se trata de um

julgamento moral ou ideológico.

O PCP cumprirá os compromissos

que assumir e apenas esses. É

assim que funciona. É difícil

pedirem-lhe que mude a estratégia

e a ortodoxia em que crê assentar

a sua sobrevivência e a sua

infl uência. Não se vislumbra onde

estão os famosos “restos do Muro

de Berlim”.

PS sob pressãoNa ausência de um acordo

programático como o que

Mitterrand pôde impor aos

comunistas e depois forçar a

sua participação no Governo —

porque sempre teve a iniciativa

e estava em posição de força —,

o executivo socialista estará sob

permanente pressão dos aliados,

agravada pela rivalidade entre

PCP e Bloco. Esta pressão será

particularmente sensível no caso

dos compromissos europeus

e dos equilíbrios fi nanceiros.

Costa precisa que os aliados

votem sempre ao seu lado.

Se tivesse ganho as eleições,

poderia governar como “partido

charneira”, fazendo acordos à

esquerda e à direita. Mas não foi o

que aconteceu.

O garante da unidade da nova

maioria reside num argumento

de bom senso que só tem valor

transitório: “Se se dividem, vão

todos ao fundo.” E este argumento

tem um reverso: se hoje a maioria

de esquerda é popular nas bases

do PCP, a sua elasticidade para

digerir “medidas impopulares”

ou desmentidos à sua estratégia é

evidentemente limitada.

Hoje, na sequência de uma

implacável disputa do poder,

a polarização esquerda-direita

tornou-se forte. Mas há uma

outra divisão mais poderosa e

que envolve os constrangimentos

externos: europeístas e

eurocépticos. A nova e

contraditória maioria assenta

em 50,8% dos votos. A maioria

pró-europeia teria representado

mais de 70%. Depressa as

“duas maiorias” entrarão em

competição.

Perante o agravamento das

crises europeias, o PCP pode ser

tentado a explorar uma viragem

soberanista e eurocéptica. Mas

este é um caminho vedado ao PS

e a António Costa. O resto é terra

incognita.

AnáliseJorge Almeida Fernandes

Page 36: publico.29.11.2015

36 | CULTURA | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Vinham aos magotes, de todas as

outras salas do festival Vodafone

Mexefest, dirigindo-se na direcção

do Coliseu dos Recreios. Era a

hora do músico inglês, de coração

parisiense, Benjamin Clementine,

naquele que era o concerto mais

esperado da noite de sexta-feira,

em Lisboa, no festival Vodafone

Mexefest.

Chegavam ainda com o espírito

com que haviam estado na maioria

dos outros concertos: falando com

o parceiro do lado sobre as novas

amizades, rindo-se de copo na

mão, tirando com sorriso inevitável

auto-retratos com o iPhone ou

discorrendo sobre a situação

económica do país. O habitual. As

trivialidades da vida.

Havia de tudo: a maior parte,

curiosos, porque tinham ouvido

o álbum de estreia, At Least for

Now — mas ao vivo a experiência

de ouvir aquelas canções é

totalmente diferente —, e outros

porque o haviam visto no festival

Super Bock Super Rock em Julho.

E outros ainda, os mais cínicos ou

desconfi ados, que os há sempre

nestas ocasiões, para averiguar se

o fenómeno não seria “banha da

cobra”.

E, de repente, ouviram-se notas

de piano, ténues ainda, com ele a

acariciar apenas o instrumento,

como habitualmente, alto, esguio,

aristocrático no porte, mas

descalço, cabeleira afro, de casaco

comprido, sentado de forma

peculiar na ponta de um banco alto.

As frivolidades do mundo nem

por isso se silenciaram. Havia

desassossego na sala repleta.

O som do piano foi subindo de

intensidade, ligeiramente. Depois

ouviu-se aquela voz, qualquer coisa

de sobrenatural: das entranhas do

mundo se fez escutar e o Coliseu,

e a Avenida da Liberdade e —

temos a certeza — Lisboa inteira,

humedeceram, mudos, de olhos

brilhantes, totalmente atónitos,

deixando por momentos as

miudezas da vida, virando-se para

o essencial, para a humanidade

daquela voz, daquela música.

No fi m, a sala veio abaixo. Aliás,

não parou de vir abaixo ao longo

do concerto. Entendamo-nos.

É fácil fascinarmo-nos pela sua

biografi a, já aqui contada várias

vezes. É também fácil admirar a

voz, a presença magnetizante e a

sua música, como quem olha com

alguma frieza para um quadro na

parede. Mas depois ele tem o resto:

é como nós, ou assim fantasiamos,

toca-nos, revira-nos, expõe

desespero, raiva, violenta doçura

e também satisfação — e em vez de

o admirarmos apenas, passamos a

amá-lo.

E foi assim ao longo de todo o

concerto. Uma relação de devoção.

Da plateia ouviram-se juras de

amor. Houve quem não parasse

de chorar. Bateram-se palmas

a compasso. Entoaram-se em

uníssono cantilenas. E, do palco,

ele, emocionado mas sempre

humilde, curvando-se perante

aquela celebração. Sim, foi tão

comovente, tão bonito como isto.

Uma daquelas noites que não se

esquecem.

Já o havíamos visto em três

ocasiões anteriores, e é sempre

diferente. Em Brighton, por

exemplo, deu um recital quase

próximo do silêncio, fazendo-

se acompanhar ocasionalmente

por uma violinista. Noutras duas

situações, como no festival Super

Bock Super Rock, apresentou-

se com uma formação mais

convencional, e ontem foi

acompanhado apenas por um

baterista.

Os arranjos e as soluções

musicais engendradas também

se vão modifi cando, e até a sua

presença em palco se foi alterando.

Entre o músico que há uns

meses apenas ruminava frases

imperceptíveis com a assistência

e o cantor que agora agradece em

português e consegue interagir

com o auditório vão anos-luz.

Por vezes, o som do piano sai

em cascata, coadjuvado pela

bateria, as notas perseguindo-se

até ele soltar aquela voz elástica de

barítono. Às vezes, é pianíssimo,

o Coliseu silencia-se, um arrepio

parece instalar-se, para logo ser

majestoso, como se a sua voz,

sublimando letras autobiográfi cas,

fi zesse ricochete no terceiro

balcão, enquanto a música, nem

jazz, nem clássica, nem soul, nem

blues, mas tudo isso ao mesmo

tempo, fosse pairando no espaço.

Algumas vezes, fecha os olhos,

transcende-se, puxa a voz aos

limites, expõe uma expressividade

emocional arrebatada,

para de seguida desaguar

numa intensidade elegante,

vislumbrando-se os seus longos

dedos e os gestos eloquentes.

As canções não possuem uma

estrutura rígida. As que a

audiência reconhece vão sendo

desfi adas (London, Condolence,

Adious, Nemesis, Cornerstone),

mas também há lugar para outras

canções, com swing e ritmo, com

bateria, piano e voz em duelos

ondulantes.

Às tantas, detém-se a cantar,

mas quem não pára é o público,

como se em vez de um espectáculo

para voz desnudada e piano

estivéssemos num concerto de

estádio. No fi nal, regressa para

um encore triunfal e irá voltar

certamente mais vezes. Nunca

mais teremos oportunidade de

ouvir em palco Nina Simone, Chet

Baker, Jacques Brel ou Jeff Buckley,

algumas das suas ascendências

possíveis, mas muitos já poderão

dizer que num serão de Novembro,

em Lisboa, viram e ouviram

Benjamin Clementine, numa noite

única e irrepetível.

Ontem, estava previsto ser ainda

possível vê-lo em Faro, no Teatro

das Figuras, encerrando a pequena

digressão que iniciou no domingo

passado em Braga e que também

passou pelo Porto e Aveiro. O ano

de 2015 é seu. E Portugal rendeu-

se-lhe.

Concertos em simultâneoA sua voz quase silenciou,

simbolicamente, todas as outras.

E foram muitas as que se fi zeram

ouvir na primeira noite do festival,

em que cada um é convidado a

desenhar o seu próprio itinerário

de concertos, com muitos deles

a acontecer em simultâneo.

Uma dessas vozes foi a da norte-

-americana Caroline Polachek, a

cantora dos Chairlift, que deram

um espectáculo abaixo das

expectativas no Coliseu.

O som esteve defi ciente e a

aposta quase integral nas canções

do novo álbum (Moth, a editar

em Janeiro) veio a revelar-se

equivocada, não só porque

ninguém as conhecia (com

excepção do single Ch-ching),

como pelo facto de serem mais

atmosféricas do que celebrativas,

longe da exuberância pop que se

lhes reconhece. Assim, a energia

esfuziante que quem já os viu ao

vivo com eles identifi ca foi abafada

e o que se viu e ouviu foi um grupo

ainda a apurar a melhor forma de

expor as novas canções.

Já se sabe, parte da atracção

do evento vive dos espaços que

Lisboa, todos os anos, não se

cansa de revelar. A edição de 2015

haverá de ser também recordada

como aquela que deu a conhecer o

Tanque a muitos dos espectadores

que circularam entre o Rossio, a

Rua das Portas de Santo Antão

e a Avenida da Liberdade. Abriu

há pouco tempo, é um espaço

recuperado de uma antiga piscina,

e é adjacente ao Coliseu. Foi aí

que, digamos assim, mais se suou,

com toda a gente a dançar ao som

do rap e outras urbanidades, seja

com Karol Conka, seja com os

Foi um daqueles momentos irrepetíveis. Sexta-feira, na primeira noite do festival Vodafone Mexefest, o público rendeu-se por completo à voz sobrenatural, à presença magnetizante e ao piano do músico inglês de coração parisiense

A noite em que a voz de Benjamin Clementine arrebatou Lisboa

E, do palco, Benjamin Clementine, emocionado mas sempre humilde, curvando-se perante aquela celebração. Sim, foi tão comovente, tão bonito como isto. Uma daquelas noites que não se esquecem

ReportagemVítor Belanciano

Page 37: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | CULTURA | 37

brasileiros Zegon & Loudz, com

uma mistura efi caz de hip-hop

saudavelmente gordurento e sons

latinos.

Onde também se dançou foi no

Palácio da Foz, onde evoluíram

Bison & Squareff ekt ou o imparável

DJ Firmeza, exemplos da vitalidade

actual da música portuguesa

de inspiração globalizada, com

incidência em África, com ritmos

urbanos, como o tarraxo ou o

kuduro, a porem em sobressalto os

corpos mais afoitos.

Outros espaços que vale sempre

a pena visitar são a Casa do

Alentejo, onde, ao início da noite

de sexta-feira, o português Janeiro

tratou de aquecer os espíritos

com pop portuguesa de balanço

abrasileirado, ou a monumental

Sociedade de Geografi a, onde a

guitarra de Tó Trips e a bateria

de João Doce, apesar da difícil

acústica da sala, conseguiram

restituir melancolia e evocar

outras latitudes, numa viagem

instrumental por África, Américas

e Europa.

Para muita gente, uma das

surpresas aconteceu no Tivoli.

Foi aí que evoluiu LA Priest, ou

seja, o inglês Sam Dust, que nem

sempre consegue apresentar

consistência, com uma música

tão esfuziante quanto esquizóide,

algures entre Jamie Lidell e

Prince, com electro, funk,

house e uma voz elegante, mas

quando acerta fá-lo com grande

requinte, manuseando sozinho

sintetizadores e programações, e

interagindo com à vontade com a

assistência.

A grande desilusão foi o

cancelamento do concerto do

rapper inglês Roots Manuva, por

doença súbita, substituído pelo

português Mike El Nite. Mas,

claro, ninguém se irá lembrar

disso. A noite de sexta-feira fi cará

para sempre gravada na memória

daqueles que estiveram no

Coliseu por causa daquela voz.

O festival terminava ontem com

concertos de Ariel Pink, Petite

Noir, Patrick Watson, Jenny Hval

ou Peaches.

MIGUEL MANSO MÁRCIA LESSA/FCG

Um quadro projectado represen-

tando uma mulher com um luxuo-

so vestido branco dá o mote kitsch

ao “concerto visual sinfónico” feito

a partir da ópera Prima Donna de Ru-

fus Wainwright, cantor pop e com-

positor, que afi rma ser “fanático”

da ópera desde os seus 13 anos. Na

verdade, quem está representada lá

atrás (na pintura projectada) é a ac-

triz Cindy Sherman como uma prima

donna imaginária. Mas já lá vamos.

Antes de a música começar, sur-

preende o próprio Rufus Wainwright:

“Hello!” E apresenta o espectáculo e

os cantores. Wainwright adverte os

espectadores que o que se seguirá

são “os dois lados da [sua] natureza

complicada”. É o lado pop e o lado

clássico, mas é também a afi rmação

da sua homossexualidade que está

em causa. Num tom brincalhão, ex-

plica porque diz em português “obri-

gada”, mesmo sendo um homem. De

certa forma, a diva é ele próprio, o

autor com identidade “complicada”

e a star: “Não saiam da sala na pri-

meira parte, que na segunda venho

eu.” E assim foi.

A primeira desilusão começa com

o vídeo que a pintura projectada

anuncia. Fotos emolduradas de Ma-

ria Callas constroem uma referência

previsível e de uma constrangedora

falta de imaginação. Em todo o vídeo,

o “piroso” fi ca preso à constante câ-

mara lenta. O único momento forte

do fi lme é quando vemos Cindy Sher-

man a desmaquilhar-se, já perto do

fi m. Mas até aí a cena é desastrada-

mente fi lmada, coisa estranha para

um tão conceituado realizador de

vanguarda, Francesco Vezzoli.

A segunda desilusão é a música.

Prima Donna começa a bom ritmo e

parece podia ser uma refl exão mu-

sical sobre a ópera, mas fi ca-se à su-

perfície, nostalgicamente embalado

por imagens pastosas. Não é bem a

ópera que está em causa, aliás, mas

“a diva” como fi gura mítica — uma

imagem sem história. Está lá também

o excessivo da ópera, a exaltação

sentimental, o travestimento. Mas

O capricho da diva

o mais importante são as imagens e

os mitos da prima donna: o abando-

no dos palcos, o regresso da diva, a

fusão com o “grande papel” da sua

carreira, o fi m da carreira, o último

autógrafo. Numa cena, a Diva Regina

(a excelente soprano Sarah Fox) faz

vocalizos para provar a si mesma que

é capaz de cantar como dantes. Mas

nem os clichés parecem servir como

material criativo. O resto é pastiche

e referência reconhecível da ópera

neo-romântica, em francês. O proble-

ma é que aqui o kitsch nunca vai mais

longe, como se vendesse à moda o

seu manifesto nostálgico contra o es-

quecimento. O kitsch poderia tirar as

coisas do seu lugar, sobrepondo ele-

mentos que não colam, desafi ando o

clássico, o arrumadinho e o straight

(como faz, por exemplo, Schroeter

no seu cinema, em que a diva da ópe-

ra também é uma fi gura central). Mas

aqui tudo fi ca afi nal arrumadinho e

sem a mínima força provocatória.

A contradição musical é também

resultado desta atitude complacente

para com os seus materiais. Wainwri-

ght procura aceder directamente às

emoções como um neo-romântico

inspirado e intuitivo, ao mesmo tem-

po que se debruça sobre a ópera num

gesto que exige distância. Ficamos

a meio, num pastoso consenso. O

falhanço visual do espectáculo é

acompanhado por um fracasso mu-

sical. Modernização conservadora?

Actualização conformista?

Incapaz de refl ectir sobre a diva,

o espectáculo fi ca-se pelo capricho.

Wainright tem jeito para se rodear de

nomes (Vezzoli, Sherman, Joana Car-

neiro e um conjunto de muito bons

cantores), e mostrou na segunda par-

te, com as suas canções, saber con-

quistar o público com a sua simpa-

tia e sentido de humor, criando uma

imagem de autenticidade descontra-

ída (o oposto da tensa artifi cialidade

da ópera, não é?). E, na verdade, as

canções da segunda parte, acompa-

nhadas com profi ssionalismo pela

Orquestra Gulbenkian e a maestrina

Joana Carneiro, são uma espécie de

Crítica de ópera

Prima Donna

De Rufus Wainwright

Orquestra Gulbenkian

Maestrina: Joana Carneiro

Com Sarah Fox (soprano), Kathryn

Guthrie (soprano), Antonio Figueroa

(tenor); Vídeo: Francesco Vezzoli;

Actriz: Cindy Sherman

Pedro Boléo

mmmMM

continuação de Prima Donna.

Com a sua voz de timbre tenso e

as suas melodias cheias de retardos,

Rufus aspira, afi nal, a ser o inspirado

romântico que compõe árias de ópe-

ra para os tempos de hoje, cantando

o banal como drama: o amor entre

gomas, telemóveis e leite com choco-

late. O gesto pop podia até ser inte-

ressante e as canções foram compe-

tentemente executadas (fi ca sempre

aquela no ouvido). Mas qual drama?

“So let it all go by, looking at the sky”

— não há drama nenhum. O que in-

teressa é ser star, porque é divertido.

No fi m, aplausos entusiásticos de pé.

Uma diva precisa de fãs.

Page 38: publico.29.11.2015

COLECÇÃO BERNARD PRINCEA AVENTURA EM MANHATTAN

REGRESSOU A PORTUGAL

Vol. 4 Aventura em ManhattanNa primeira história deste álbum, o Cormoran é arrestado no âmbito de uma investigação

policial. Barney, que está em NY, recebe uma proposta: fazer-se passar, a troco de uma

recompensa choruda, por um magnata da Boslávia. Aceitam a “encomenda”. O problema

é que entram em cena dois jornalistas abelhudos e um concorrente desonesto do boslavo.

Na segunda história, Miss Moran, filha de um milionário, chega ao Cormoran

e pede para a levarem para Honolulu.

Copyright © ÉDITIONS DU LOMBARD (DARGAUD-LOMBARD S.A.) 2015, by Hermann, Greg, Dany.

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Page 39: publico.29.11.2015

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EmpregoPrecisa-se

Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 16 de Dezembro de 2015, pelas 10:00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Santarém, Entroncamento - Inst. Central - Secção de Execução - J2, pelos interessados na compra do se-guinte imóvel (relativamente à 1/2 (metade) titularidade do executado Rui Jorge Nunes Carvalho);Fracção autónoma designada pela letra A, correspondente ao rés-do-chão esquerdo, destinado a habi-tação, do prédio urbano em sito Almeirim, denominado Milheiras, Cerrado ou Charneca de Almeirim, Lote 121, freguesia e concelho de Almeirim, descrito na Conservató-ria do Registo Predial de Almeirim sob o n.º 5238/20070615 A, da freguesia de Almeirim, e inscrito na

respectiva matriz predial urbana, sob o n.º 8649O bem será adjudicado a quem melhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 40.000,00 euros (quarenta mil eu-ros), ou seja, 34.000,00 (trinta e quatro mil euros).É fi el depositário o executado Rui Jorge Nunes Carvalho, que a pedi-do deve mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) jun-tar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execução, no montante corres-pondente a 5% do valor anunciado para a venda.

A Agente de ExecuçãoHelena Chagas

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal

Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]

Público, 29/11/2015 - 2.ª Pub.

COMARCA DE SANTARÉMEntroncamento - Inst. Central - Secção de Execução - J2

HELENA CHAGASAgente de Execução

Cédula 2621ANÚNCIO

Venda mediante propostas em carta fechada

Processo: 168/14.9T8ENTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: Rui Jorge Nunes Carvalho e Maria Margarida Lopes Ferreira Moreira

PRECISA-SEComercial comexperiência na áreaaudiovisual.Telf. 21 837 26 62

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COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTESINTRA - JUÍZO DO COMÉRCIO

Processo 38/13.8T2SNT - Insolvência Pessoal ColetivaInsolvente: Stone4You, S.A.

ANÚNCIO - VENDA POR PROPOSTA EM CARTA FECHADAAdministrador da Insolvência: Domingos Lopes de MirandaNos Autos acima identifi cados foi designado o dia 7 de Dezembro de 2015, pelas 11h30m, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvên-cia, para abertura de propostas que sejam entregues até às 18h do dia anterior, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, pelos interessados na compra das seguintes verbas:Verba n.º 1 do Auto de ArrolamentoPrédio Urbano, composto por terreno destinado a indústria, sito em Alandroal (Nossa Senhora da Conceição) - Lote n.º 7. Descrito na Conservatória do Registo Predial de Alandroal, freguesia de Alandroal (Nossa Senhora da Conceição), sob o n.º 1309/20060209, matriz predial artigo n.º 2411, valor-base de 45.951,00€Verba n.º 2 do Auto de ArrolamentoPrédio Urbano, composto por terreno destinado a indústria, sito em Alandroal (Nossa Senhora da Conceição) - Lote n.º 8. Descrito na Conservatória do Registo Predial de Alandroal, freguesia de Alandroal (Nossa Senhora da Conceição), sob o n.º 1310/20060209, matriz predial artigo n.º 2412, valor-base de 45.951,00€;Valor-base: 91.902,00€ (Noventa e Um Mil e Novecentos e Dois euros).Condições da Venda:1. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram, sendo

o fi el depositário dos bens o Sr. Administrador da Insolvência, Dr. Do-mingos Lopes de Miranda. Os interessados poderão contactar atra-vés do telefone 253272385/6, ou por email: [email protected], onde será facultada toda a informação sobre os bens, bem como a visita aos mesmos no dia 4 de Dezembro de 2015 entre as 15:00 e as 16:30 horas sob prévia marcação.

2 Serão aceites propostas no limite mínimo de 85% do valor-base;3. Os proponentes devem juntar à sua proposta, como sinal e princípio

de pagamento, numerário, cheque visado/bancário emitido à ordem da Massa Insolvente Stone 4 You, S.A., no montante correspondente a 20% do valor ofertado (n.º 4 do Artigo 164.º do CIRE);

4. Os interessados deverão enviar as suas propostas em carta fechada para os escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, devendo mencionar no exterior do envelope “Contém Proposta”, identifi car o n.º do Pro-cesso de Insolvência, e vir acompanhada dos elementos identifi cati-vos do Proponente (nome completo, endereço, fotocópia do Bilhete de Identidade ou NIPC, e contactos);

5. O Administrador de Insolvência e a Comissão de Credores reservam-se na faculdade de não aceitar ou rejeitar qualquer proposta que con-siderem não adequar os interesses da Massa Insolvente;

6. Os bens são vendidos no estado jurídico e físico em que se encon-tram, sendo que aos bens móveis acresce IVA à taxa legal, e os bens imóveis estão sujeitos aos impostos legais aplicáveis.

7. O proponente cuja proposta for aceite, após a notifi cação dos prefe-rentes e em caso de não exercício destes, será notifi cado para que no prazo máximo de quinze dias a contar da notifi cação, pagar o valor da adjudicação dos bens, através de cheque visado, contra o qual se procederá à entrega dos bens.

O Administrador de InsolvênciaDomingos Lopes de Miranda

Público, 29/11/2015

TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE LISBOA3.º JUÍZO

PROCESSO 1122/11.8TYLSB - INSOLVÊNCIA DE“ANTÓNIO FERREIRA CLETO, LDA.”

ANÚNCIO - VENDA POR PROPOSTA EM CARTA FECHADAProcesso 1122/11.8TYLSB - LiquidaçãoAdministrador da Insolvência: Domingos Lopes de MirandaInsolvente: António Ferreira Cleto, Lda.Nos Autos acima identifi cados foi designado o dia 7 de Dezembro de 2015, pelas 10h30m, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, para abertura de propostas que sejam entregues até às 18h do dia anterior, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, pelos interessados na compra do seguinte lote:ImóveisLote n.º 1Fracção autónoma BH, destinada a escritório, com entrada pela Calçada de Arroios, n.º 16-A, descrita na CRP de Lisboa sob o n.º 1003, freguesia de S. Jorge de Arroios e registada na matriz predial urbana sob o n.º 2037-BH, avaliado no valor de € 21.741,57Valor-base: 21.741,57€ (Vinte e Um mil e Setecentos e quarenta e um euros e cinquenta e sete cêntimos).Condições da Venda:1. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram, sendo o fi el depositário dos

bens o Sr. Administrador da Insolvência, Dr. Domingos Lopes de Miranda. Os interessados poderão contactar através do telefone 253272385/6, ou por email: [email protected], onde será facultada toda a informação sobre o imóvel, bem como a visita aos mesmos no dia 4 de Dezembro entre as 16:30 e as 17:30 horas sob prévia marcação.

2. Os proponentes devem juntar à sua proposta, como sinal e princípio de pagamento, um cheque visado/bancário emitido à ordem da Massa Insolvente António Ferreira Cleto, Lda., no montante correspondente a 20% do valor ofertado (n.º 4 do Artigo 164.º do CIRE), sendo que serão aceites proposta a partir de 85% do valor-base acima fi xado; Não serão aceites sinais em numerário, sendo que serão consideradas nulas as propostas que não venham acompanhadas de cheque visado ou bancário.

3. Os interessados deverão enviar as suas propostas em carta fechada para os escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, devendo mencionar no exterior do envelope “Contém Proposta”, identifi car o n.º do Processo de Insolvência, e vir acompanhada dos elementos identifi cativos do Proponente (nome com-pleto, endereço, fotocópia do Bilhete de Identidade ou NIPC, e contactos);

4. O Administrador de Insolvência e a Comissão de Credores reservam-se na faculdade de não aceitar ou rejeitar qualquer proposta que considerem não adequar os interesses da Massa Insolvente;

5. O proponente cuja proposta for aceite, após a notifi cação dos preferentes e em caso de não exercício destes, será notifi cado para que no prazo máximo de quinze dias a contar da notifi cação, pagar o valor da adjudicação dos bens, através de cheque visado, contra o qual se procederá à entrega dos bens.

O Administrador de InsolvênciaDomingos Lopes de Miranda

Público, 29/11/2015

PAULA MARIA DE FÁTIMADE ALBUQUERQUE DA COSTA

CABRAL DE FARIAE SEU FILHO JOSÉ MARIA DA COSTA CABRAL VALPASSOS

Missa e Agradecimento

Sua família participa que na próxima segunda feira, dia 30 de Novembro, às 19.00 horas na Igreja de Santa Isabel, será celebrada Missa pelo seu eterno descanso e agradece antecipadamente a todas as pessoas que se dignarem par-ticipar neste acto.

P.N. A.M.

FUNERÁRIA TRIUNFO, LD.ª N.º Nacional Grátis 800 100 106

Nos autos acima identifi cados, encon-tra-se designado o dia 28 de Janeiro de 2016, pelas 10.00 horas, neste Tri-bunal para a abertura de propostas, devendo as mesmas ser entregues até às 14.00 horas da véspera, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3, pelos interessados na compra do seguinte bem imóvel:Verba 2: Fracção autónoma desig-nada pela letra A, correspondente a subcave esquerda, sito em Rua Ca-milo Castelo Branco n.º 1, Agualva, freguesia de União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra, concelho de Sintra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Agualva-Cacém, sob o n.º 839/20031121-A, da fregue-sia de Agualva, e inscrito na respecti-va matriz predial urbana da freguesia de União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra sob o n.º 2104 (teve

origem no art.º 1817 da freguesia de Agualva);O bem será adjudicado a quem me-lhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 15.740,00 eu-ros (quinze mil setecentos e quarenta euros), ou seja, 13.379,00 euros (treze mil trezentos e setenta e nove euros) São fi éis depositários os executados José Ângelo Gomes Santos Pereira e Maria José Custódio Almeida Pereira, que a pedido devem mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execu-ção, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.

A Agente de ExecuçãoHelena Chagas

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal

Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]

Público, 29/11/2015 - 1.ª Pub.

COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3

HELENA CHAGASAgente de Execução

Cédula 2621ANÚNCIO

Venda mediante propostas em carta fechada

Processo: 8454/13.9T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: José Ângelo Gomes Santos

Pereira e Maria José Custódio Almeida Pereira

Nos autos acima identifi cados, encontra-se desig-nado o dia 04 de Fevereiro de 2016, pelas 14.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propos-tas, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3, pelos inte-ressados na compra do seguinte bem imóvel:Verba 2: Fracção autónoma designada pelas letras EX correspondente a cave direita (piso zero) – Bloco E, destinado a habitação, com ar-recadação com o n.º 7, do prédio urbano, sito em Rua Doutor Coutinho Pais, n.ºs 84, 84-A e 84-B (Bloco A), 86, 86-A e 86-B (Bloco B), 88 e 88-A (Bloco C), 90 (Bloco D) e 92 (Bloco E), Algueirão, freguesia de Algueirão e Mem Martins, concelho de Sintra, descrito na 1.ª Conservatória do Re-gisto Predial de Sintra, sob o n.º 3321/19890704 EX, da freguesia de Algueirão - Mem Martins, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o n.º 10555;Verba 3: Fracção autónoma designada pelas le-tras FN correspondente ao terceiro andar esquer-do (piso quarto) - Bloco E, destinado a habitação, do prédio urbano, sito em Rua Doutor Coutinho Pais, n.ºs 84, 84-A e 84-B (Bloco A), 86, 86-A e 86-B (Bloco B), 88 e 88-A (Bloco C), 90 (Bloco D) e 92 (Bloco E), Algueirão, freguesia de Algueirão e Mem Martins, concelho de Sintra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra,

sob o n.º 3321/19890704 - FN, da freguesia de Algueirão - Mem Martins, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o n.º 10555;O bem será adjudicado a quem melhor preço ofe-recer, igual ou superior a 85% do valor-base de:Verba 2: 6.120,15 euros (seis mil cento e vinte euros e quinze cêntimos), ou seja, 5.202,13 euros (cinco mil duzentos e dois euros e treze cêntimos);Verba 3: 57.490,03 euros (cinquenta e sete mil quatrocentos e noventa euros e três cêntimos), ou seja, 48.866,53 euros (quarenta e oito mil oitocentos e sessenta e seis euros e cinquenta e três cêntimos);São fi éis depositários os executados Teresa Simone Josephine Maduro Batista Serrão e Carlitos Batista Serrão, que a pedido devem mostrar o bem.Os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.

A Agente de Execução - Helena ChagasRua Alberto Serpa, 19-A

2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353

E-mail: [email protected]úblico, 29/11/2015 - 1.ª Pub.

COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3

HELENA CHAGASAgente de Execução

Cédula 2621ANÚNCIO

Venda mediante propostas em carta fechada

Processo: 21974/13.6T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.

Executados: Tessa Simone Josephine Maduro Batista Serrão e Carlitos Batista Serrão

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Page 40: publico.29.11.2015

40 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

FICAROs mais vistos da TVSexta-feira, 27

FONTE: CAEM

SICTVITVI

RTP1RTP1

13,513,412,010,510,4

Aud.% Share

29,729,325,626,922,6

RTP1

RTP2

SICTVI

Cabo

Coraçao D'ouroA Única Mulher IIJornal das 8O Preço CertoTelejornal

15,5%1,8

17,723,3

31,2

CINEMAUm Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na ExistênciaTítulo original: En duva satt på en gren och funderade på tillvaronDe: Roy AnderssonCom: Holger Andersson, Nils Westblom, Viktor GyllenbergNOR/ALE/SUE/FRA, 2014, Cores, 101 min.TVC2, 22h00Jonathan e Sam são dois

vendedores ambulantes, a viver

numa casa abandonada, que

refl ectem sobre a vida, a morte e

a inevitabilidade do sofrimento. O

fi lme decorre em vários sketches

que, segundo o realizador, Roy

Andersson, “consistem numa

série de histórias quotidianas e

fora do normal que retratam a

nossa existência em toda a sua

grandeza e pequenez, beleza e

tragédia, exagero e tristeza — com

uma visão panorâmica, como se

fossem contadas por um pássaro

a refl ectir sobre a condição

humana”. Uma comédia negra

sobre o peso da existência, que

completa a Trilogia dos Vivos,

iniciada em 2000 com o fi lme

Canções do Segundo Andar e

continuada em 2007 com Tu,

Que Vives. Estreado na 71.ª

edição do Festival de Cinema de

Veneza, Um Pombo Pousou Num

Ramo a Refl ectir na Existência foi

galardoado com o Leão de Ouro.

O Cavaleiro das Trevas Renasce [The Dark Knight Rises]RTP1, 17h00Oito anos antes, Batman limpou

Gotham City de organizações

criminosas, em colaboração com

o tenente Jim Gordon e com o

procurador Harvey Dent. Porém,

ao assumir-se culpado pela morte

de Dent, transformou-se num

criminoso perseguido por todas as

instituições policiais que antes o

respeitavam e com quem sempre

colaborou. Agora, a cidade volta

a mergulhar no caos criado

pelo cruel Bane, um adversário

mascarado que planeia destruir

Gotham City e os seus habitantes.

Bruce Wayne regressa à pele de

morcego e luta de novo por tudo

aquilo em que sempre acreditou,

num fi lme com argumento e

realização de Christopher Nolan.

Colombiana [Colombiana]AXN, 20h00Bogotá, Colômbia,1992. Com

apenas 9 anos, Cataleya (Zoe

Saldana) assiste, impotente, ao

brutal assassinato dos seus pais.

Depois de jurar vingança, vai viver

para os EUA com a única família

que lhe resta: o seu tio Emilio

Restrepo (Cliff Curtis), um homem

ligado ao submundo do crime.

Quinze anos depois de uma

vida difícil de treino intensivo,

Cataleya trabalha como assassina

a soldo. Porém, presa ao passado,

está determinada a cumprir a sua

promessa e todos os momentos

da sua vida servem para o simples

propósito de vingar a morte dos

pais.

O Excêntrico Mortdecai [Mortdecai]TVC1, 21h30Charles Mortdecai é um distinto

negociante de arte conhecido

pelo carisma e pela autoconfi ança

inabalável. De aparência elegante

e aristocrática, possui um talento

inato para atrair clientela. Os seus

conhecimentos na área, assim

como os seus contactos no mundo

dos negócios, fazem dele a pessoa

certa para ajudar a recuperar uma

pintura desaparecida de Goya,

não tanto pelo valor artístico da

obra em si, mas pela lenda que

desperta. Segundo os rumores,

o quadro tem inscrito um código

para encontrar um grande

tesouro nazi.

Cidade das Sombras[City of Ember]AXN Black, 22h00Ember é uma cidade próspera e

com uma iluminação radiosa. Mas

um dia o gerador da cidade começa

a falhar e as lâmpadas e candeeiros

a tremelicar. Dois adolescentes

tentam então descobrir as pistas

que lhes permitirão não só

descobrir o mistério ancestral da

existência da cidade, mas também

ajudar os seus habitantes a fugir

antes que as luzes se apaguem para

todo o sempre.

O Caminho entre o Bem e o Mal [A Walk Among the Tombstones]TVC4, 23h00Matt Scudder foi, durante

anos, um polícia honrado e

respeitado. Uma tarde, num

assalto à mão armada num

café que frequentava, uma

bala perdida tirou a vida a uma

criança de 7 anos. Esse incidente

traumático fê-lo desistir da

carreira. Hoje, sobrevive como

detective particular. Certo dia,

é abordado por um homem

que lhe pede que encontre o

assassino da mulher. Embora

relutante, Scudder aceita. Com

o desenrolar das investigações,

percebe que existem vários

crimes relacionados e que, muito

provavelmente, outras pessoas

estarão em perigo.

Planeta dos Macacos [Planet of the Apes]AMC, 23h00Remake do clássico dos anos

1960 realizado por Tim Burton.

Regressa a história do planeta

onde, ao contrário da Terra, foram

os macacos a desenvolver-se,

escravizando os seres humanos.

Este é um lugar violento, onde

os símios reinam e os homens

são os verdadeiros animais —

primitivos, caçados, dominados,

implorando pela sua vida. Mas

um dia, de repente, cai um

estranho do céu. Mark Wahlberg

interpreta o piloto que vai parar

ao planeta dos macacos após uma

aterragem forçada da sua nave. O

“estrangeiro” vai tornar-se num

autêntico messias, liderando a luta

contra a opressão e catalisando a

revolta dos humanos.

Perigo Íntimo [The Devil’s Own]Hollywood, 1h35Frankie McGuire (Brad Pitt) é um

dirigente do IRA que se refugia

em Nova Iorque (EUA), sob uma

falsa identidade, em casa de Tom

O’Meara (Harrison Ford), um

polícia irlandês que desconhece

as actividades do seu hóspede.

A história complica-se quando

Tom O’Meara começa a suspeitar

de que McGuire estará envolvido

numa transacção de armas. Um

fi lme forte, com desempenhos

inesperados e de uma grande

intensidade, que foca os

Um Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na Existência

Decifrando o Estado Islâmico

Page 41: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 41

problemas sociopolíticos vividos

na Irlanda do Norte. Perigo Íntimo

foi o último fi lme de Alan J.

Pakula, que morreu em 1998 num

acidente de viação.

DOCUMENTÁRIOS

BreakthroughNational Geographic, 22h30Com os avanços científi cos que

fi zeram aumentar a esperança

média de vida ao combater

doenças que antigamente

impediam que se conseguisse

chegar sequer à meia-idade,

surgem novos desafi os para a

medicina. Agora que chegar

aos 80 anos é bastante comum,

prolongando-se o período de

tempo em que as pessoas podem

estar doentes no fi nal das suas

vidas, há que prolongar também a

esperança média da saúde. Neste

episódio da série documental

científi ca que segue investigadores

em projectos pioneiros ligados

à ciência moderna e tecnologia,

dá-se a conhecer um grupo de

cientistas que acredita poder

abrandar os mecanismos

da idade. Com realização

de Ron Howard, A Idade do

Envelhecimento mostra esta nova

abordagem ao envelhecimento e à

longevidade, refl ectindo também

sobre prementes alterações nas

mentalidades.

Decifrando o Estado IslâmicoOdisseia, 21h45Estreia. Documentário italiano

realizado este ano por Riccardo

Mazzon, Antonio Albanese e

Graziella Giangiulio que revela

um trabalho de investigação em

torno da organização terrorista

mais temida do mundo, o

autoproclamado Estado Islâmico.

O fi lme analisa o poder da

máquina de propaganda da

organização, que conta com a

ajuda de mais de 100 técnicos

ocidentais e 40 empresas de

produção audiovisual para

continuar a fazer chegar à

Internet centenas de vídeos

produzidos e editados para

horrorizar o público ocidental e

incitar os seus seguidores.

INFANTIL

As Aventuras dos Marretas [The Muppet Movie]TVC3, 13h35

O Cocas e a Miss Piggy são hoje

internacionalmente conhecidos

e protagonistas de inúmeras

aventuras, quer em séries de

televisão, quer no cinema. Mas

ainda alguém se lembra de como

é que tudo começou? Este foi

o primeiro fi lme, datado de

1979, adaptado da famosa série

Os Marretas, iniciada em 1976.

Coloca o outrora desconhecido

sapo a cantar, num pequeno

pântano, antes de descobrir

que há uma grande audição na

cidade onde todos os sonhos

se realizam. É assim que

Cocas se faz à estrada, tendo

como destino Hollywood. Pelo

caminho, descobre uma bela

actriz — Miss Piggy —, o cómico

urso Fozzie e mais uma série de

talentosos que o acompanham

na viagem pelos EUA.

DESPORTO

Futsal: Campeonato NacionalRTP2, 14h57 | Benfi ca x Modicus

Ténis: Taça DavisSPTV3, 12h00 e 14h30 | Bélgica-

Grã-Bretanha

Andebol: 1.ª DivisãoPorto Canal, 18h30 | FC Porto

x Maia

Futebol: 1.ª LigaSPTV1, 19h15 | P. Ferreira

x Estoril

RTP16.30 Zig Zag 8.00 Bom Dia Portugal Fim-de-Semana 10.00 Eucaristia Dominical - Directo 11.00 Cuidado com a Língua! 11.15 BBC Terra 12.15 Animais Anónimos 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Sociedade Recreativa 15.15 Arrow 17.00 Filme: O Cavaleiro das Trevas Renasce 20.00 Telejornal 21.30 The Voice Portugal 22.45 Hora da Sorte: Sorteio do Joker 23.30 Filme: Getaway - Em Fuga 1.15 Filme: Manobras na Casa Branca 3.15 Sociedade Recreativa

RTP 27.00 Euronews 8.00 Zig Zag 10.55 Caminhos 11.24 70x7 11.50 Vidas de Chapa, Vidas com Sonhos 12.17 Surf Total 12.30 Literatura Aqui 12.58 Portugal 3.0 13.47 Voz do Cidadão 14.04 Pais Desesperados 14.57 Futsal: Benfica x Modicus - Directo 16.47 Desporto 2 - Directo 18.42 Parlamento 19.30 Palcos Agora - Teatro Nacional Dona Maria II 19.57 Grandes Quadros Portugueses - Carlos Reis 20.30 Universidade de Coimbra 725 Anos - Coimbra e o Brasil 21.00 Jornal 2 21.40 Vida Matemática 22.31 Os Influentes 23.26 A Entrevista de Maria Flor Pedroso - Ana Catarina Mendes 00.42 Os 20 Anos dos Santos e Pecadores - Música 1.40 Olhar o Mundo 2.22 Sabia Que? 2.45 Euronews

SIC6.30 Julius Jr. 6.45 Lego Ninjago 7.15 H2O - Aventuras de Sereias 7.45 Phineas & Ferb 8.45 Pac-Man e as Aventuras Fantasmagóricas 9.15 Sonic Boom 9.45 Os Vingadores 10.15 Violetta 11.15 E-Especial 12.00 Vida Selvagem 13.00 Primeiro Jornal 14.00 Portugal em Festa 20.00 Jornal da Noite 21.30 Poderosas 22.30 Peso Pesado Teen

TVI6.15 Batanetes 6.30 Animações / Kid Kanal 9.45 Querido, Mudei a Casa 10.30 Missa + Oitavo Dia 12.30 Câmara Exclusiva 13.00 Jornal da Uma 14.00 Somos Portugal 20.00 Jornal das 8 21.45 A Quinta - Gala 00.45 Querido, Mudei a Casa 1.45 Anel de Fogo 2.30 Ora Acerta 2.45 Sonhos Traídos

TVC110.10 Uma Senhora Herança 12.00 Perseguição Perigosa 13.50 Joe 15.50 Quando Tudo Está Perdido 17.40 Doidos à Solta, de Novo 19.30 The

Railway Man - Uma Longa Viagem 21.30 O Excêntrico Mortdecai 23.20 John Wick 1.05 Perseguição Perigosa 2.55 O Excêntrico Mortdecai 5.15 John Wick

FOX MOVIES10.03 Força Delta 2 - Operação Estrangulamento 11.55 A Janela Secreta 13.28 Forrest Gump 15.46 Top Gun - Ases Indomáveis 17.32 Lara Croft: Tomb Raider 19.05 Assalto ao Arranha-Céus 21.15 Assalto ao Aeroporto 23.21 Blood: O Último Vampiro 00.54 12 Desafios 2.39 Polícia Sem Lei 4.16 Um Dia

HOLLYWOOD9.20 Regras para Ser Feliz 11.10 Morte Num Funeral 12.45 Não Há Família Pior! 14.25 Um Corpo Perfeito 16.15 A Jóia do Nilo 18.05 Antárctida - Da Sobrevivência ao Resgate 20.10 Paranóia 22.00 Nunca É Tarde Demais 23.45 Doom - Sobrevivência 1.35 Perigo Íntimo 3.25 Borat: Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão 4.50 Obsessão e Vingança

AXN14.01 Castle 16.01 Filme: Estratégia Brilhante 17.56 Filme: Um Cidadão Exemplar 20.03 Filme: Colombiana 21.55 Ataque ao Poder 00.22 Filme: Indetectável 2.14 Filme: Colombiana 3.54 O Mentalista 4.37 Filme: Ataque ao Poder

AXN BLACK13.54 Armas, Gajas e Jogo 15.23 Mentiras e Ilusões 16.55 Kill Bill - A Vingança Vol. 1 18.38 24 Horas para Viver 20.09 Scott Pilgrim Contra o Mundo 22.00 Cidade das Sombras 23.37 A Casa de Rosewood Lane 1.12 24 Horas para Viver 2.42 Scott Pilgrim Contra o Mundo 4.33 Cidade das Sombras

AXN WHITE13.20 Melissa e Joey 13.43 Cougar Town 14.53 Póquer de Rainhas 15.16 Suburgatory 15.40 Filme: Linhas Cruzadas 17.15 Filme: Loiras à Força 19.04 Filme: Linhas Cruzadas 20.39 A Teoria do Big Bang 22.40 Filme: O Padrasto 00.18 Filme: A Colega de Quarto 1.46 Suburgatory 2.10 Póquer de Rainhas 2.34 A Teoria do Big Bang

FOX13.12 Filme: Ocean’s 12 15.32 Filme: Força Explosiva 17.22 Filme: Contrabando 19.38 Investigação Criminal: Los Angeles 21.20 Da Vinci’s Demons 22.15 Filme: Perseguição Diabólica 00.10 Sleepy Hollow 1.07 The Walking Dead 2.05 Spartacus, A Revolta dos Escravos

FOX LIFE13.05 Filme: Power 13.54 Filme: Edição Limitada 14.04 Filme: O Diário de Bridget Jones 15.53 Filme: LOL 17.50 Filme: Presumed Dead in Paradise 19.36 Clínica Privada 22.20 Filme: Alguém Tem que Ceder 00.34 Filme: Duplex 2.20 Empire 3.21 Rizzoli & Isles

DISNEY15.20 Jessie 15.45 Liv e Maddie 16.10 Riley e o Mundo 16.35 Boa Sorte, Charlie! 17.00 O Meu Cão Tem Um Blog 17.25 Austin & Ally 17.50 Riley e o Mundo 18.15 K.C. Agente Secreta 18.40 Violetta 19.35 Nail Art Os Descedentes - Evie 19.40 Jessie 20.05 Austin & Ally 20.30 O Meu Cão Tem Um Blog 20.55 Boa Sorte, Charlie! 21.20 A.N.T. Farm - Escola de Talentos 21.41 Os Descendentes - Wicked World 21.50 Rapaz-Ostra 22.14 O Meu Cão Tem Um Blog l

DISCOVERY17.30 Top Gear 19.15 O Império da Sucata 21.00 Pacific Warriors 23.50 Alasca: A Última Fronteira 00.40 A Ascensão do Partido Nazi 2.20 Contrabando Radical de Drogas 3.05 Lou Ferrante: À Margem da Máfia 3.50 Os Caçadores de Mitos

HISTÓRIA17.51 Alienígenas 18.35 O Preço da História 19.18 História Perdida 21.17 O Preço da História 22.00 Alienígenas 23.29 O Preço da História 1.36 Um Dia Na Vida de Um Ditador 3.10 O Preço da História

ODISSEIA17.02 Leões Brancos da África do Sul 17.56 Desde os Confins com Peter Lik 18.39 A Modelo e os Boximanes 19.31 Car Matchmaker 21.00 Armas Empenhadas 21.44 Decifrando o Estado Islâmico 22.37 A Toda Velocidade 23.24 Decifrando o Estado Islâmico 00.17 A Toda Velocidade 1.52 Gigantes da Engenharia

Televisã[email protected]

Getaway — Em Fuga, RTP1, 23h30

Page 42: publico.29.11.2015

42 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

SAIR

CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h15; O Leão da Estrela M12. 13h35, 15h55 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040007 Spectre M12. 15h, 21h30; As Sufragistas M12. 13h15, 17h20, 19h25; A Viagem de Arlo M6. 11h10, 13h, 15h15, 17h45 (V.Port./2D); Steve Jobs M12. 13h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h50; A Ponte dos Espiões M12. 15h40, 18h30, 21h20; Deus Não Está Morto M12. 19h40; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h20; O Leão da Estrela M12. 13h, 15h10, 17h30, 19h40, 21h50 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Montanha M12. 16h15, 20h; Minha Mãe M12. 14h15, 18h, 21h45 CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer do Cp Pequeno. T. 217981420007 Spectre M12. 13h15, 15h25, 16h10, 18h25, 19h05, 21h25, 22h, 00h25; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h35, 17h40, 19h35; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; A Viagem de Arlo M6. 11h40, 13h50, 16h, 18h45 (V.Port./2D), 11h20, 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h35 (V.POrig./2D); Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 11h25 (V.Port.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h20 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h35 (V.Port.); Mune, O Guardião da Lua M6. 11h35, 15h45 (V.Port./2D); Steve Jobs M12. 13h20, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 18h40, 21h30, 21h45, 00h05 (2D), 23h45 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h30, 21h40, 00h30; O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50, 24h Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cp Grande. T. 16996007 Spectre M12. 13h30, 16h50, 20h45; Profissionais da Crise 13h50, 16h25, 19h10, 21h40; O Último Caçador de Bruxas M12. 13h35, 16h, 19h05, 21h35; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h40, 18h35, 21h30; A Ponte dos Espiões M12. 14h, 17h, 21h10; A Viagem de Arlo M6. 11h15, 13h40, 16h30, 19h (V.Port./2D), 11h, 13h20, 15h50, 18h20 (V.Port./3D), 21h (V.Orig./2D); O Leão da Estrela M12. 16h10, 18h45, 21h20, 21h50; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h10; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h45, 16h20, 18h55 (V.Port./2D); À Procura de Uma Estrela M12. 13h15, 16h40, 19h15, 21h45; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 21h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h10, 15h20, 17h30 (V.Port.); Steve Jobs M12. 21h15 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996A Ponte dos Espiões M12. 14h, 17h10, 21h, 24h; A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h10, 18h10 (V.Port./2D), 15h30 (V.Port./3D), 21h40, 00h10 (V.Orig./2D); Mune, O Guardião da Lua M6. 12h50 (V.Port.); As Sufragistas M12. 15h20, 21h50, 00h25; Steve Jobs M12. 18h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h40, 21h20, 00h20; 007 Spectre M12. 13h40, 16h50, 20h50, 00h05; O Leão da Estrela M12. 13h, 16h10, 18h40, 21h30, 00h15; O Segredo dos Seus Olhos 13h20, 15h50, 18h20, 21h10, 23h40

Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Steve Jobs M12. 18h15; Profissionais da Crise 12h50, 15h25, 21h30, 00h10; A Ponte dos Espiões M12. 13h15, 17h, 21h10, 00h20; A Viagem de Arlo M6. 10h45, 13h05, 15h30, 18h (V.Port./3D) 21h25, 23h55 (V.Port./2D); A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h35, 16h, 18h30 (V.Port./2D); 007 Spectre M12. 13h, 16h30, 20h50, 00h05 ; Mune, O Guardião da Lua M6. 10h50, 13h25 (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h35, 15h35, 18h35, 21h35, 00h35; O Leão da Estrela M12. 21h15, 24h; O Último Caçador de Bruxas M12. 15h45, 20h55, 23h40; 007 Spectre M12. Sala IMAX ? 13h30, 17h30, 21h20, 00h30; As Sufragistas M12. 18h20; O Leão da EstrelaM12. 13h20, 15h55, 18h40, 21h45, 00h25 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h20, 16h, 18h20, 21h10, 23h40 (V.Port./2D); O Leão da Estrela M12. 13h, 15h50, 18h10, 21h20, 24h; 007 Spectre M12. 14h, 17h40, 21h, 00h10; As Sufragistas M12. 18h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h50, 15h40, 21h40, 00h40 (2D), 18h40 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 16h10, 21h50, 00h20; A Ponte dos EspiõesM12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Minha Mãe M12. 12h, 14h05, 15h, 17h, 19h, 21h30; Casamento à Italiana 13h; 007 Spectre M12. 19h10; A Ponte dos EspiõesM12. 11h30, 14h, 16h40, 22h; As SufragistasM12. 16h10; O Segredo dos Seus Olhos19h50, 22h; Da Natureza M12. 18h15;Montanha M12. 14h20, 16h10, 18h, 19h50, 21h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 11h45 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Amnésia M12. 13h30, 15h30, 17h30, 21h45; More M16. 19h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221À Procura de Uma Estrela M12. 11h30, 14h15, 19h20; 13 Minutos 16h50, 21h55, 00h20; Profissionais da Crise 11h30, 14h05, 16h30, 18h55, 21h40, 00h05; Sicario - Infiltrado M12. 00h25; O Estagiário M12. 16h10, 21h50; O Senhor Manglehorn M12. 13h45, 19h15; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 11h30, 13h40, 16h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h15; A Viagem de Arlo M6. 21h25, 23h45; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 00h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h45; A Viagem de Arlo M6. 11h30, 14h, 16h15 (V.Port./2D), 18h40 (V.Port./3D); A Ponte dos Espiões M12. 14h20, 17h3, 21h20, 00h20; A Canção de Uma Vida M12. 11h30, 14h25, 16h45, 21h25, 23h40; Tudo Vai Ficar Bem 18h50; A Hora do Lobo M12. 19h; Steve Jobs M12. 13h45, 16h20, 21h40, 00h20; 007 Spectre M12. 14h30, 18h, 21h10, 00h15; Minha Mãe M12. 11h30, 13h55, 16h25, 19h, 21h35, 00h05; As Sufragistas M12. 11h30, 14h10, 16h35, 19h05, 21h35, 00h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h, 17h, 21h30, 00h20; O Leão da Estrela M12. 11h30, 14h15, 16h45, 19h10, 21h50, 00h15; O Segredo dos Seus Olhos 13h50, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20

Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 16h10, 20h40, 23h50; A Ponte dos Espiões M12. 13h10, 16h40, 21h05, 00h20; O

A Ponte dos EspiõesDe Steven Spielberg. Com Tom Hanks, Mark Rylance, Scott Shepherd, Amy Ryan, Sebastian Koch, Alan Alda. GB/Índia/EUA/ALE. 2015. 141m. Drama, Biografia. M12. Início da década de 1960. Os EUA

e a União Soviética encontram-

se em plena Guerra Fria. A 1

de Maio de 1960, um avião de

reconhecimento sobrevoava o

território soviético quando é

atingido pelo inimigo. Francis

Gary Powers, o piloto, é

capturado e feito prisioneiro.

A sua captura transforma-se

num problema de Estado, pois

se Powers ceder, pode revelar

informações fundamentais que

porão em causa muitas das

estratégias militares dos EUA.

É então que James B. Donovan,

o advogado encarregado de

defender Rudolf Abel, um espião

do KGB capturado anos antes

pelo FBI, é contactado para

negociar a libertação do piloto

em troca da libertação do seu

ex-cliente, a cumprir 30 anos de

pena de prisão.

A Viagem de ArloDe Peter Sohn. Com Raymond Ochoa (Voz), Jeffrey Wright (Voz), Steve Zahn (Voz). EUA. 2015. 100m. Animação, Comédia. M6. Como seria o Mundo se o

asteróide que chocou com a

Terra há aproximadamente

65 milhões de anos tivesse

passado ao largo? Neste cenário

hipotético, os dinossauros e

os seres humanos teriam de se

habituar à presença uns dos

outros, partilhando habitats.

Este fi lme segue esta premissa

e conta-nos a história de

amizade entre Arlo, um jovem

apatossauro, e de Spot, uma

pequena cria de Homo Sapiens.

Juntos, os dois amigos embarcam

numa aventura pelas paisagens

assombrosas do planeta Terra

onde as diferenças entre eles

apenas são superadas pelo

companheirismo, generosidade e

confi ança mútua.

Minha MãeDe Nanni Moretti. Com Margherita Buy, John Turturro, Giulia Lazzarini, Nanni Moretti, Beatrice Mancini. FRA/ITA. 2015. 107m. Drama. M12. Margherita é uma realizadora

de sucesso que se prepara

para iniciar as fi lmagens da

sua mais recente obra. O novo

fi lme conta com uma estrela

conhecida, tanto pelos papéis

que desempenha, como pelo

seu feitio irascível. Ela sente-se

assoberbada pelas expectativas

dos seus colegas de profi ssão e

do público e por tudo o que lhe

é exigido durante as rodagens.

O seu único apoio é Giovanni, o

irmão, com quem mantém uma

relação constante e de grande

proximidade. Giovanni quer

ajudá-la e, para isso, dá-lhe um

conselho que se revela muito

difícil de seguir.

O Leão da EstrelaDe Leonel Vieira. Com Miguel Guilherme, Sara Matos, Dânia Neto, Ana Varela, Manuela Couto, André Nunes, Aldo Lima. POR. 2015. 110m. Comédia. M12. Para além da família, que sempre

foi a sua prioridade, Anastácio

é fanático por futebol. A sua

equipa de eleição são os Leões

de Alcochete, um clube de bairro

que pode regressar à velha

glória se conseguir uma vitória

em Barrancos do Inferno, nos

confi ns do Alentejo. Este é um

jogo que Anastácio não pode, de

modo algum, perder...

Em [email protected]@publico.pt A Viagem de Arlo

Leão da Estrela M12. 12h40, 15h20, 18h15, 20h55, 23h30; A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h25, 16h, 18h30 (V.Port./2D), 11h(so dom) 13h40, 16h20, 18h45 (V.Port./3D), 21h15, 23h40 (V.Orig./2D); Profissionais da Crise 12h55, 15h35, 21h45, 00h25; O Leão da Estrela M12. 21h30, 00h10; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h, 13h35 (V.Port.); Montanha M12. 18h55; Steve Jobs M12. 12h40, 15h30, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 17h, 21h05, 00h10; O Último Caçador de Bruxas M12. 20h40, 23h20; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 18h50, 24h; 007 Spectre M12. 13h40, 15h10, 17h15, 18h25, 20h50, 21h40, 00h05; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h20, 15h40, 17h50 (V.Port.); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 23h55; As Sufragistas M12. 12h50, 15h35, 18h10, 21h; O Segredo dos Seus Olhos 12h45, 15h20, 18h45, 21h25, 00h05; Minha Mãe M12. 13h, 15h30, 18h, 21h55, 00h30

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030O Estagiário M12. 13h30; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 17h50, 21h10, 24h; A Viagem de Arlo M6. 11h20, 13h30, 15h40, 17h40, 19h45, 21h45 (V.Port./2D), 11h40, 13h50, 16h10, 18h20 (V.Port./3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 00h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h10, 15h50, 17h55, 18h50, 21h20, 21h40, 00h10 (2D), 21h45, 00h30 (3D); Perdido em Marte M12. 00h20; Lendas do Crime M12. 00h10; 007 Spectre M12. 13h10, 15h, 16h15, 18h30, 19h10, 21h25, 21h55, 23h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h15, 13h15, 16h00, 17h35 (V.Port./2D); As Sufragistas M12. 17h55, 20h, 22h05; As Sufragistas M12. 13h15, 17h55, 20h, 22h05; Steve Jobs M12. 00h25; Profissionais da Crise 13h25, 15h30, 19h20, 22h10; O Leão da Estrela M12. 13h20, 15h30, 17h25, 19h35, 21h50, 00h15; Mínimos M6. 11h25, 15h20 (V.Port.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h25 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h15 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h15 (V.Port.) UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.13h35, 16h20, 21h45 (2D), 19h05 (3D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.18h15, 21h15 (2D), 15h (3D); O Principezinho15h (V.Port.); Home: A Minha Casa M6. 11h, 14h, 16h15 (V.Port.); 007 Spectre M12. 21h10; Abelha Maia - O Filme M6. 10h45, 12h45, 14h50, 16h50 (V.Port.); Profissionais da Crise 19h05, 21h40; Mortadela e Salamão: Missão Não Possível M6. 10h15, 14h40 (V.Port.); A Canção de Uma Vida M12. 21h50; Steve Jobs M12. 19h15; Os Feitiços de Arkandias M6. 12h35 (V.Port.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 19h10, 21h20; O Último Caçador de Bruxas M12. 19h20, 21h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 10h30, 12h30, 14h45, 16h45 (V.Port.); Os Pinguins de Madagáscar M6. 11h30, 14h30, 17h (V.Port.); O Segredo dos Seus Olhos 19h15, 21h45; O Leão da Estrela M12. 1h, 16h30, 19h, 21h30; A Viagem de Arlo M6. 13h45, 16h15, 18h45 (V.Port./2D), 21h15 (V.Port./3D); A Ponte dos Espiões M12. 14h25, 17h50, 21h20

Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 16h30,

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 43

Bruno Nogueira e Miguel Guilherme, encenados por Beatriz Batarda, pegam na obra de Jean-Claude Grumberg e apresentam uma visão de humor cáustico sobre o retorno do “conflito entre ‘nós e os outros’” e do “despertar das reacções mais primárias a tudo o que se alimenta do medo e da ansiedade”. Num prédio onde vivem vários casais,

numa das maiores cidades da Europa, a ignorância junta-se à curiosidade quando um morador ingénuo, atordoado pela obsessão da sua mulher pelo povo judeu, interpela o vizinho de baixo para saber a sua identidade. O Meu Vizinho é Judeu está em cena no Auditório do Casino Estoril, de quinta a sábado, às 21h30, e domingo, às 17h. O bilhete custa 16€.

Pensar questões sérias a rirFILIPE FERREIRA

A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

A Canção de uma Vida – mmmmm mmmmm

Amnésia mmmmm mmmmm –Da Natureza mmmmm – –Ela é Mesmo... o Máximo mmmmm mmmmm mmmmm

O Leão da Estrela A – –Minha Mãe mmmmm mmmmm mmmmm

Montanha mmmmm mmmmm mmmmm

A Ponte dos Espiões mmmmm – –Steve Jobs mmmmm mmmmm –A Viagem de Arlo mmmmm – –

21h10, 00h10; A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h30, 16h, 18h30 (V.Port./2D), 11h(Dom), 13h20, 15h40, 18h (V.Port./3D), 21h05, 23h30 (V.Orig./2D); O Leão da Estrela M12. 12h40, 15h10, 17h40, 21h, 21h30, 23h40, 00h05; 007 Spectre M12. 13h10, 17h20, 20h50, 24h; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h20, 21h20, 00h20 (2D), 18h20 (3D); Steve Jobs M12. 18h10; Profissionais da Crise 15h30, 21h25, 23h50 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h10, 21h45; Minha Mãe M12. 19h45; O Leão da Estrela M12. 14h, 16h30, 19h15, 21h30; A Ponte dos Espiões M12. 19h25, 22h; A Viagem de Arlo M6. 13h45, 15h35, 17h25 (V.Port.)

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Minha Mãe M12. 15h30, 18h15, 21h30; O Segredo dos Seus Olhos 21h30; A Viagem de Arlo M6. 15h, 17h (V.Port.)

Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643007 Spectre M12. 15h10, 18h20, 21h20; A Ponte dos Espiões M12. 12h40, 15h30, 17h50, 21h25; As Sufragistas M12. 13h30, 15h35, 17h45, 21h45; Steve Jobs M12. 19h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 18h40, 21h30, 22h; O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h, 22h05; A Viagem de Arlo M6. 11h35, 13h40, 15h45, 17h55, 20h (V.Port./2D), 11h20, 13h25, 15h30, 17h50, 19h55, 21h40 (V.Port./3D); O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h15 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h40, 13h45 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h20, 15h35 (V.Port.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 19h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h15, 13h30, 15h25, 17h20 (V.Port.) Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h, 21h40 (2D), 13h, 18h50 (3D); 007 Spectre M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20; O Último Caçador de Bruxas M12. 19h15, 21h50; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h05, 15h15, 17h15; A Viagem de Arlo M6. 15h10, 17h20, 21h35 (V.Port./2D), 12h50, 19h30 (V.Port./3D); O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h40, 18h30, 21h30; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h15, 15h, 17h (V.Port.); Steve Jobs M12. 18h50; Profissionais da Crise 21h15; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h50, 18h40, 21h25

Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 . O Leão da Estrela M12. 14h40, 17h, 19h20, 21h40; 007 Spectre M12. 15h10, 18h10, 21h10; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h30, 15h20, 17h20 (V.Port.); Profissionais da Crise 19h30, 21h50; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20; A Viagem de Arlo M6. 14h30, 18h50 (V.Port./3D), 16h40, 21h (V.Port./2D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30; O Último Caçador de

Bruxas M12. 19h50, 22h10; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h; Steve Jobs M12. 15h; O Segredo dos Seus Olhos 17h30

Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h20, 18h10, 21h (V.Port./2D), 15h40 (V.Port./3D); 007 Spectre M12. 14h30, 17h40, 20h50; O Leão da Estrela M12. 13h, 15h50, 18h30, 21h10; O Último Caçador de Bruxas M12. 21h40; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h10, 15h10, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h40, 21h30; A Ponte dos Espiões M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h20

Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996O Último Caçador de Bruxas M12. 13h, 15h20, 20h50; 007 Spectre M12. 14h45, 17h50, 21h; Steve Jobs M12. 18h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10; A Viagem de Arlo M6. 10h50, 13h10, 15h40, 21h20 (V.Port./2D), 18h10 (V.Port./3D)

Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996As Sufragistas M12. 18h45; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 16h, 21h45, 00h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h40, 21h35, 00h30 (2D), 18h40 (3D); A Ponte dos Espiões M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; A Viagem de Arlo M6. 10h50, 13h15, 15h45, 18h20 (V.Port./3D), 10h30, 12h50, 15h10, 17h50 (V.Port./2D), 21h, 23h55 (V.Orig./2D); 007 Spectre M12. 14h30, 17h40, 21h15, 00h10; O Leão da Estrela M12. 12h45, 15h20, 18h10, 21h10, 21h40, 24h, 00h20

Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAMune, O Guardião da Lua M6. 11h, 15h (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 15h30, 18h30, 21h30; 007 Spectre M12. 17h20, 21h; A Viagem de Arlo M6. 11h, 15h20, 17h40, 19h50, 21h20 (V.Port./2D); The Hunger

Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h10, 18h10, 21h10

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h45, 14h50, 17h, 19h (2D); Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 15h, 17h10, 21h25; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 18h20; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h40, 21h10; 007 Spectre M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 21h30 (2D), 13h, 18h40 (3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 21h50; A Viagem de Arlo M6. 12h50 (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h40

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Minha Mãe M12. 16h, 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Mune, O Guardião da Lua M6. 11h50, 13h50, 15h55 (V.Port./2D) ; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 11h45, 15h45, 17h50, 18h35, 21h25, 21h35, 00h15 (2D), 13h20, 16h10, 19h, 21h45, 00h30 (3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 00h20; O Segredo dos Seus Olhos 16h20, 22h, 23h55; A Viagem de Arlo M6. 11h30, 13h40, 15h45, 17h50, 19h55 (V.Port./3D), 11h20, 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h45 (V.Port./2D); Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 11h45, 13h35 (V.Port./2D); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h15 (V.Port.); 007 SpectreM12. 13h25, 15h25, 18h20, 19h10, 21h30,22h05, 00h25; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao AfeganistãoM12. 00h25; O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h45, 21h55, 00h05

Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h40 (V.Port.); O Último Caçador de Bruxas M12. 14h40, 19h40; 007 Spectre M12. 12h20, 15h20, 21h, 24h; Ela é Mesmo... o Máximo

M12. 14h30, 19h; O Segredo dos Seus Olhos16h40, 21h; O Segredo dos Seus Olhos 8h40; A Ponte dos Espiões M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h50, 22h; A Viagem de Arlo M6. 10h40, 13h, 18h15 (V.Port./2D), 15h55 (V.Port./3D), 10h50, 21h10, 23h40 (V.Orig./2D); O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h45, 18h10, 21h40,00h05; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h20, 15h20, 17h10 (V.Port.); As SufragistasM12. 21h50; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 17h; Steve Jobs M12. 19h20; Profissionais da Crise 19h10, 21h30;A Viagem de Arlo M6. 15h10, 19h30 (V.Port./3D), 13h, 17h20 (V.Port./2D), 21h40 (V.Orig./2D); A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20; O Leão da Estrela M12. 14h, 16h20, 18h50, 21h10; 007 Spectre M12. 15h, 18h, 21h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30

TEATROLisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Nome Próprio Enc. Fernando Gomes. De 9/9 a 20/12. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. ChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Em Directo - TV Show De Criação colectiva. Enc. Alex Navarro. Até 29/11. Sáb e Dom às 17h. M/4. Duração: 60m. Hospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. De 11/9 a 19/12. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. De 29/11 a 13/12. Dom às 19h. M/18. Duração: 90m. Maria Matos Teatro MunicipalAv. Frei Miguel Contreiras, 52. T. 218438801 Parece Um Pássaro Enc. Raimundo Cosme. De 21/11 a 29/11. Sáb e Dom às 16h30 (na Sala de Ensaios). Leitura-encenada. Dos 5 aos 7 anos. Duração: 25m. Museu Nac. de Hist. Natural e da CiênciaR. da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 Os 3 Mosqueteiros Comp.: Byfurcação. Enc. Paulo Cintrão. CDe 1/11 a 28/2. Dom às 11h e 16h. M/3. Duração: 50m. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Branca de Neve e os Sete Anões Comp.: Companhia Palco de Chocolate. Hoje às 10h30. Dos 1 aos 5 anos. Duração: 35m. O Macaco do Rabo Cortado Grupo: Teatro da Raposa. Hoje às 16h. Dia 5/12 às 16h. M/4. Teatro BocageR. Manuel Soares Guedes, 13A. T. 912249909 A Fábrica do Pai Natal Grupo: Teatro Bocage. Enc. Leone de Lacerda. De 29/11 a 20/12. Dom às 11h e 16h. M/4. Duração: 50m. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 Depois o Silêncio De Arne Lygre. Enc. Álvaro Correia. De 26/11 a 20/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. De 6/1 a 17/1. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Salta para o Saco De António Torrado. Comp.: Comuna Teatro de Pesquisa. Enc. João Mota. De 13/11 a 27/12. Sáb às 16h. Dom às 11h30 e 16h. M/6. Teatro da CornucópiaRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Da Imortalidade De Gilgameš (a partir). Comp.: Propositário Azul. Enc. Nuno Nunes. De 25/11 a 13/12. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. 4ª às 19h. M/12. Duração: 180m.

Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Conto de Natal De Charles Dickens. Comp.: Companhia da Esquina. Enc. Jorge Gomes Ribeiro. Coreog. Joana Furtado. De 14/11 a 27/12. Sáb às 16h. Dom às 11h. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Reservas: 968060047. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 A Bela e o Monstro De Jeanne-Marie de Beaumont. Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. De 21/11 a 27/12. Sáb às 11h e 16h. Dom às 11h e 15h. Feriados às 16h. M/3. Allo, Allo! De Jeremy Lloyd, David Croft. Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. De 11/11 a 27/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h. M/6. Os Pés no Arame De Rodrigo Guedes de Carvalho. Enc. Renato Godinho. De 19/11 a 20/12. 5ª a Sáb às 21h45. Dom às 17h. M/12. Teatro Maria VitóriaAv. da Liberdade (Parq. Mayer). T. 213461740 Revista Quer... É Parque Mayer! De Mário Raínho, Flávio Gil. Enc. Mário Raínho. A partir de 29/10. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb e Dom às 16h30 e 21h30. M/12. Teatro MeridionalR. do Açúcar, 64 (Pç do Bispo). T. 218689245 A Colectividade Enc. Natália Luíza. Até 6/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Neva De Guillermo Calderón. De 26/11 a 29/11. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. Sabotage Enc. Miguel Castro Caldas, Lígia Soares. De 27/11 a 29/11. 6ª, Sáb e Dom às 19h (Festival Temps d’Images 2015). Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 O Fosso dos Heróis De Christa Wolf (a partir). Enc. Ágata Pinho. De 28/11 a 29/11. Sáb às 21h30. Dom às 16h30 (Festival Temps d’Images 2015, na Sala Estúdio). M/16. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Coreog. Marco Mercier. A partir de 30/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Tarzan - O Musical De Edgar Rice Burroughs. Enc. Filipe La Féria. A partir de 21/11. Sáb e Dom às 15h. M/4. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Para Uma Encenação de Hamlet Enc. Carlos J. Pessoa. De 19/11 a 29/11. 4ª a Dom às 21h30. M/12. Duração: 70m. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 24/9 a 20/12. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 A Menina Que Detestava Livros De Manjusha Pawagi. Comp.: Umbigo. Enc. Rogério Paulo. De 7/11 a 29/11. Sáb às 16h. Dom às 11h. M/4. Duração: 50m. Medos Comp.: Umbigo - Companhia de Teatro. Enc. Rogério Paulo. De 26/11 a 29/11. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/6. Teatro VillaretAv. Fontes Pereira de Melo, 30. T. 213538586 Commedia à la Carte De Carlos M. Cunha, César Mourão, Ricardo Peres. De 10/9 a 29/11. 5ª a Dom às 21h30. M/16. Duração: 90m. Pippi das Meias Altas - O Musical Enc. Henrique Feist. Coreog. Paulo Jesus. De 21/11 a 1/12. Sáb e Dom às 11h. 3ª às 21h. M/6. Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 É Impossível Viver De Franz Kafka (a partir). Enc. Ana Luena. De 19/11 a 29/11. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/14.

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1.º Congresso do Bombo na Aula Magna, em Lisboa

DR

SAIRAlmada

Cine-Teatro da Academia de Instrução e Recreio Familiar AlmadenseR. Capitão Leitão, 64. T. 212729750 Quarto para Raparigas De Anton Tchekhov. Grupo: NNT - Novo Núcleo de Teatro. Enc. Sandra Hung. Hoje às 19h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/12. Duração: 50m.

CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Macbeth De William Shakespeare. Comp.: TEC. Enc. Carlos Avilez. De 13/11 a 27/12. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12.

Costa de CaparicaAuditório Costa da CaparicaCentro Comercial O Pescador. Uma Tal de Lisístrada De Aristófanes (a partir). Grupo: Teatro na Gandaia. Enc. Ana Nave. Hoje às 22h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/12. Duração: 75m.

EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 A Noite das Mil Estrelas De Filipe La Féria. Maestro Telmo Lopes. Coreog. Marco Mercier. Até 20/12. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. M/12. O Meu Vizinho é Judeu Enc. Beatriz Batarda. A partir de 26/11. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12.

Linda a VelhaAuditório Municipal Lourdes NorbertoLargo da Piramide, 3N. T. 214141739 Onde É Que Fica o Futuro? Comp.: Intervalo Grupo de Teatro. Enc. Fernando Tavares Marques. Coreog. Paulo de Jesus. De 21/11 a 7/2. Sáb às 16h. Dom às 11h. Dia 9/2 às 16h.

LouléCine-Teatro LouletanoAvenida José da Costa Mealha. T. 289414604 Mala de Viagem De Ana Sêrro. Enc. Ana Sêrro, Catarina Caetano. Hoje às 15h30. Dia 30/11 às 09h45 , 11h e 14h (para escolas).

Paio PiresCinema São VicenteAv. Gen. Humberto Delgado. T. 214099896 Bartolina e os seus Botões De Susana Ferreira Cardoso (a partir). Comp.: Valdevinos Teatro de Marionetas. Enc. Fernando Cunha. Hoje às 16h. M/4.

SintraCasa de TeatroRua Veiga da Cunha,20. T. 219233719 A Cigarra e a Formiga na Cidade De Criação Colectiva. Enc. João de Mello Alvim. De 21/11 a 13/12. Sáb e Dom às 16h. M/4. Quinta da RegaleiraRua Barbosa du Bocage. T. 219106650 Conto de Natal Comp.: bYfurcação. Enc. Paulo Cintrão. Até 28/2. Sáb às 16h. Dom às 11h. M/3. Duração: 50m. Dias 5/12, 26/12, 27/12 não se realizam sessões. Os Lusíadas - Viagem Infinita De Luís Vaz de Camões. Comp.: Musgo Produção Cultural. Enc. Paulo Campos dos Reis, Ricardo Soares. Até 20/12. Sáb e Dom às 17h.

da Revolta De 16/10 a 6/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Sáb e Dom das 11h às 18h. Exposição Interactiva. Museu de Lisboa – Santo AntónioLg de Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu de São RoqueLargo Trindade Coelho (antiga Casa Professa da Companhia de Jesus). T. 213235065 Exposição Permanente - Museu de São Roque A partir de 20/12. 3ª, 4ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro). 5ª das 14h às 21h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro). Pintura, Escultura, Ourivesaria, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente De 19/11 a 6/3. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h30. 3ª das 10h às 22h. Objectos, Outros. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Objectos, Outros. Picadeiro Real/Museu dos CochesPç. Afonso de Albuquerque. T. 213610850 As Far As The Eye Can’t See De vários autores. De 13/11 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 17h30. Design. EXD’15 Praça do Comércio (Terreiro do Paço)A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. Zaratan - Arte ContemporâneaRua de São Bento, 432. T. 965218382 We Only Want The Intangible De Alice Geirinhas, Bruno Humberto, Diana Combo, Evelyn Grzinich, Giuseppe Mele, Jérémy Pajeanc, João Pedro Trindade, John Grzinich, Maria Trabulo, Michele Eversham, Rowena Boshier. De 5/11 a 5/12. 6ª, Sáb e Dom das 16h às 20h. 5ª das 19h às 21h. Escultura, Instalação, Vídeo, Obra Gráfica, Desenho, Performance, Outros.

MÚSICALisboaAula MagnaAlameda da Universidade (Cidade Universitária). T. 217967624 1.º Congresso do Bombo De 28/11 a 29/11. Sáb e Dom às 09h. Casino LisboaAlameda dos Oceanos Lote 1.03.01 - Parque das Nações. T. 218929000 Chronicle News De 27/11 a 29/11. 6ª, Sáb e Dom às 21h (Arena Lounge).

Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Jazz: A Arte de Tocar em Liberdade Com António-Pedro e Ana Araújo. De 26/11 a 29/11. 5ª e 6ª às 10h. Sáb às 15h30. Dom às 11h30. Oficina de música. Espaço Fábrica das Artes. Duração: 2h. M/8. Schostakovich Ensemble Hoje às 17h (no Pequeno Auditório. M/6). Grandes Quintetos com Piano II. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Christian Zacharias Com Christian Zacharias (piano). Hoje às 19h (no Grande Auditório). Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Fado Miudinho A partir de 4/7. Dom às 09h (1.º e 3.º Dom de cada mês). Concertos para Bebés até aos 4 anos. Marcação necessária: 218917002/06, [email protected]. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Dirty Fences + Mighty Sands + Sky Manta + David Polido Hoje às 22h30.

Caldas da RainhaCentro Cultural e Congressos das Caldas da RainhaRua Dr. Leonel Sotto Mayor. T. 262889650 Mário Laginha e Orquestra Ligeira de Óbidos Com Mário Laginha (piano). Hoje às 16h.

ÉvoraIgreja de S. FranciscoPç. 1º de Maio. António Carrilho e Rafael Reis Com António Carrilho (flauta de bisel), Rafael Reis (órgão). Hoje às 16h30 (Música nas Igrejas - Concertos de Órgão).

DANÇALisboaColiseu dos RecreiosRua das Portas de Santo Antão, 96. T. 213240580 O Lago dos Cisnes Com Russian Classical Ballet. Comp.: Russian Classical Ballet. Coreog. Marius Petipa, Lev Ivanov. Hoje às 17h. Museu da MarionetaRua da Esperança, 146 - Convento das Bernardas. T. 213942810 Tarará-tchim - Dança e música para bebés Com António Machado, Ricardo Mondim, Rita Carvalho, Sérgio Oliveira. Comp.: DançArte. Coreog. Sofia Belchior. De 28/11 a 29/11. Sáb às 16h. Dom às 11h30. Dos 0 aos 36 meses.

AmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. Com Maria Henrique, Isaac Alfaiate, Afonso Vilela. Coreog. Joana Quelhas. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários). Reservas: 707100079 ou [email protected]. Espaço Cultural Recreios da AmadoraAvenida Santos Mattos, 2. T. 214369055 10 Anos em Movimento Comp.: Quorum Ballet. Coreog. Daniel Cardoso. De 28/11 a 29/11. Sáb às 21h30. Dom às 16h.

SAIR

EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Cabelo e Mãos De Pedro Barateiro. De 24/10 a 29/11. Todos os dias 24h. Performance. Centro de Arte ModernaR. Doutor Nicolau Bettencourt. T. 217823474 As Casas na Colecção do CAM De Ana Vieira, Rachel Whiteread, José Pedro Croft, Heimo Zobernig, Thomas Weinberger, Gil Heitor Cortesão, Leonor Antunes, entre outros. De 20/11 a 31/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Escultura, Instalação, Pintura, Vídeo, Fotografia. Hein Semke. Um Alemão em Lisboa De 20/11 a 22/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. O Círculo Delaunay De Robert e Sonia Delaunay. De 20/11 a 22/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. Willie Doherty. Uma e Outra Vez De 20/11 a 22/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Vídeo, Fotografia. ChiadoLargo do Chiado. Coming Out De vários autores. De 29/9 a 1/1. Todos os dias 24h. Outros. Cordoaria NacionalAvenida da Índia. T. 213646128 From Hands To Mind De vários autores. De 14/11 a 20/12. 4ª, 5ª e 6ª das 17h às 21h No Torreão Poente. Sáb e Dom das 16h às 22h. Design. EXD’15 Real Bodies - Descubra o Corpo Humano De 2/11 a 20/12. Todos os dias das 10h às 20h. Documental, Ciência, Objectos. CulturgestR. Arco Cego - Ed. Sede CGD. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h (Última entrada 17h30). Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h (Última entrada 18h30). Escultura, Performance, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. De 30/9 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Galeria Av. da ÍndiaAvenida da Índia, 170. T. 218170847 Retornar - Traços de Memória De 4/11 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Fotografia, Outros. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Civilizações de Tipo I, II e III De Rui Toscano. De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura, Desenho, Vídeo, Outros. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura. Prémio Sonae Media Art 2015 De Diogo Evangelista, Musa paradisiaca, Patrícia Portela, Rui Penha, Tatiana Macedo.

De 20/11 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Progresso De Ana Cardoso. De 23/10 a 29/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Rui Toscano De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Desenho, Vídeo. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. De 15/10 a 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. We Shall Over Come De Rita GT. De 5/11 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Performance, Outros. Mosteiro dos JerónimosPç. Império. T. 213620034 Alexandre Herculano - Guardar a Memória - Viver a História A partir de 17/12. 3ª a Dom das 10h às 17h (encerra 25/12, 1/1, 1/5 e Dom de Páscoa). Biográfico, Documental, Outros. Um Lugar no Tempo A partir de 16/12. 3ª a Dom das 10h às 17h. Documental. Exposição permanente. Mude - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Design em Portugal (1960-74): Expor, Debater, Protagonizar De 22/10 a 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design, Documental. Ensaio para um Arquivo: O Tempo e a Palavra Design em Portugal (1960-1974) De 22/10 a 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (horário de Inverno), das 10h às 20h (horário de Verão). Design. Exposição permanente. Vocação Infinita De 12/11 a 27/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h. Pintura, Outros. Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome De Nicolás Paris. De 18/11 a 6/3. Todos os dias das 10h às 19h. Instalação, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h. Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h. Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Tambor De Armanda Duarte. De 21/11 a 21/2. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Outros. Museu da ElectricidadeAvenida Brasília - Edifício Central Tejo. T. 210028190 Afinidades Electivas. Julião Sarmento Coleccionador De Andy Warhol, Cristina Iglesias, Nan Goldin, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, entre outros. De 16/10 a 3/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura, Fotografia, Vídeo, Instalação. One’s Own Arena De José Pedro Cortes. De 16/10 a 13/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Suite Rivolta: O Feminismo Radical de Carla Lonzi e A Arte

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 45

TAROT DA MAYALisboaServiço PermanenteFrazão (Baixa - Coliseu) - R. das Portas de Santo Antão, 70 - 72 - Tel. 213428180 Marluz (Picheleira - Olaias) - Calçada da Picheleira, 140 A - B - Tel. 218437550 Patuleia (Lumiar) - Alameda das Linhas de Torres, 262-B - Tel. 217590332 Sepol (Boa-Hora) - Calçada da Boa-Hora, 98 - B - Tel. 213631958 Varzea (Campo Grande) - Rua Tomás da Fonseca, 44A - Tel. 217279628 Parque das Nações (Santa Maria dos Olivais) - Jardim dos Jacarandás, Lote 4.28.01, H - Tel. 218947001/218947000/218947000

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Ramalho Alcobaça - Campeão Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Rito , Varela Aljustrel - Pereira Almada - Nita (Charneca de Caparica) , Cerqueira (Cova da Piedade) Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - D. João V, Dias e Brito Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Santo António Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Misericórdia , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Perdigão Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Alvide (Alvide) , Vilar (Carcavelos), Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - Santana (Boidobra) Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Lux Entroncamento - Carvalho Estremoz - Godinho Évora - Galeno Faro - Helena Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - José Maceta Lagos - Neves Leiria - Lis (Gandara dos Olivais) Loulé - Pinto, Algarve (Quarteira), Paula (Salir) Loures - De Frielas, Vale de Figueira Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Rolim (S. Cosme) , Nogueira (Venda do Pinheiro) Marinha Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Sousa , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Santo Adrião , Torres (Arroja) Oeiras - Santarita (Algés) , Maria (Carnaxide), Ribeiro Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa Ourém - Iriense , Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Centro Farmacêutico Lda. Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Barros Ponte de Sor - Matos Fernandes Portel - Misericordia Portimão - Amparo Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa - Central Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia , Nurei Setúbal - Carmo Sobral , Fuzeta Silves - Algarve , Edite, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo) , Central Sintra - Clotilde Dias , Neves, Cargaleiro Lourenço (Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Dias Costa Torres Novas - Palmeira Torres Vedras - Santa Cruz Vendas Novas - Santos Monteiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Simões Dias (Bom Sucesso) , Higiénica (Póvoa de Santa Iria), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia Montijo - João XXI

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã

PontaDelgada

Funchal

Sol

Viana do Castelo

Braga3º 18º

Porto7º 17º

Vila Real2º 12º

4º 16º

Bragança0º 12º

Guarda2º 12º

Penha Douradas0º 10º

Viseu5º 14º

Aveiro7º 18º

Coimbra6º 17º

Leiria4º 19º

Santarém8º 19º

Portalegre6º 18º

Lisboa10º 18º

Setúbal7º 21º Évora

6º 18º

Beja9º 18º

Castelo Branco6º 16º

Sines11º 19º

Sagres13º 19º

Faro13º 21º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

13º 18º

14º 18º

Flores

Terceira15º 18º

16º 20º

17º 20º

14º 18º

18º

18º

07h38

QuartoMinguante

17h15

07h4003 Dez.

1-1,5m

2-3m

18º

2m

21º1-1,5m

20º 2-3m

17h16 3,205h35* 3,3

11h03 0,623h13 0,8

10h29 0,716h56 3,1

22h39 0,905h18* 3,2

2,5-3,5m

2-3m

2m

16º

18º

17º

16h53 3,205h11* 3,3

10h38 0,722h47 1,0

16h53 3,205h11* 3,3

10h38 0,722h47 1,0

Farmácias

HORÓSCOPO SEMANAL DE 29 DE NOVEMBRO A 5 DE DEZEMBROCapricórnio22 de Dezembro a 20 de JaneiroXIX O SOLO momento é de sorte e proveito. A atenção está

focada sobre si de forma positiva. No plano afectivo

não fuja à necessidade de tomar decisões, mes-

mo que lhe pareçam brutais. No plano material,

bom momento para desenvolver novos empreen-

dimentos e levar por diante iniciativas. Na saúde,

semana estável.

Carneiro21 de Março a 20 de AbrilIV O IMPERADOR O IMPERADOR fomenta boas energias. No plano

afectivo revela poder de sedução muito acentuado.

No plano material, possibilidade de poder assumir

novas responsabilidades que terão que ver com car-

gos de chefi a. Pode e deve fazer novos investimen-

tos. Na saúde controle as calorias que ingere.

Touro21 de Abril a 21 de MaioV O PAPA O PAPA marca uma semana de passos seguros e

boa capacidade de intervenção. No plano afectivo

colherá os frutos do que investiu; terá bom retorno

dos seus afectos. No plano material terá grande

capacidade de se adaptar a todas as situações. Na

saúde, cansaço intelectual passageiro.

Gémeos22 de Maio a 21 de JunhoXII O DEPENDURADO Esta semana sentir-se-á mais condicionado do que

deseja. No plano afectivo não seja obstinado. Afas-

te-se de pessoas incompatíveis. No plano material

poderá sentir-se um tanto ultrapassado nas suas

competências. Na saúde tenha atenção ao estado

físico de crianças.

Caranguejo22 de Junho a 23 de JulhoII A PAPISA Esta semana terá de aliar prudência e refl exão a

uma boa capacidade de intervenção. No plano afec-

tivo muitas coisas podem ainda mudar ou ser clari-

fi cadas. No plano material deve guardar muito bem

os seus trunfos e ideias até à última hora. Na saúde

dê mais atenção aos sinais do seu organismo.

Leão24 de Julho a 23 de AgostoXIV A TEMPERANÇA A TEMPERANÇA traz uma semana tranquila, em-

bora com problemas constantes mas já esperados.

No plano afectivo tente não complicar as situações,

a conjuntura é auspiciosa. No plano material conse-

guirá um número satisfatório de resultados. Na saú-

de tendência para problemas de trato urinário.

Virgem24 de Agosto a 23 de SetembroVII O CARRO O CARRO defi ne uma conjuntura favorável à busca

dos seus objectivos. No plano afectivo pode sentir

algumas difi culdades. No plano material a sema-

na faz-se de pequenas vitórias que o vão ajudar a

perspectivar um futuro mais risonho. Na saúde

tenha atenção aos outros em deslocações.

Balança24 de Setembro a 22 de OutubroX A RODA DA FORTUNA Há movimentações positivas na sua vida, com dis-

sipação de dúvidas. No plano afectivo afastam-se

receios e dúvidas. No plano material terá alguns

altos e baixos, mas os resultados globais são posi-

tivos. Na saúde a semana pode ser instável.

Escorpião23 de Outubro a 22 de NovembroVI O AMOROSOO AMOROSO aconselha-o a seguir impulsos. No

plano afectivo a busca de bons momentos senti-

mentais está patente nos seus comportamentos.

No plano material mostre fi rmeza nas suas deci-

sões, mesmo que não tenha a certeza de estar cer-

to. Na saúde, combata o nervosismo e a fadiga.

Sagitário23 de Novembro a 21 de DezembroVIII A JUSTIÇA Todos os seus actos devem ser previamente pon-

derados. No plano afetivo, bom período para

defi nir um relacionamento e assumi-lo perante

familiares e amigos. No plano material pode fi -

nalmente ver defi nida uma situação laboral. Na

saúde tome mais atenção à qualidade de produtos

alimentares.

Aquário 21 de Janeiro a 19 de FevereiroXIII A MORTE Passará por difi culdades súbitas para as quais não

encontrará saída imediata. No plano afectivo as

relações serão de grande intensidade passional.

No plano material terá novas opiniões e opções a

nível profi ssional; entrará numa fase mais positiva.

Na saúde terá alguns aborrecimentos.

Peixes20 de Fevereiro a 20 de MarçoXXI O MUNDO As conquistas e os êxitos pessoais estão ao seu

alcance. No plano afectivo as relações sentimen-

tais tendem a desenvolver-se de acordo com os

seus interesses. No plano material mostre-se mais

receptivo e activo a trabalhos pedidos por supe-

riores. Na saúde dedique mais tempo a cuidados

de imagem.

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JOGOSCRUZADAS 9359 CRUZADAS BRANCAS

XADREZ

SOLUÇÕES

SUDOKUDESCUBRA AS 8 DIFERENÇAS

Horizontais: 1. Casualidade. Molusco que vi-ve nos rochedos ou no costado dos navios. 2. North Atlantic Treaty Organization. Maquinar (fig.). 3. Cerne. Bolsa usada pelas senhoras. 4. Fileira. Diz-se do mel puro extraído do cortiço, quando se expulsam as abelhas sem recorrer ao fumo. 5. Razões justificativas. 6. Ouro (s.q.). Autores (abrev.). Haste horizontal da charrua. 7. Fímbria. Malograr. 8. Presidente da República (abrev.). Coluna que sustenta uma construção. Parte mais larga e carnuda da perna das reses. 9. Agrupa. Magnetizar. 10. Ir além de. Velo. 11. Prefixo (montanha). Prestar para. Princípio (fig.). Verticais: 1. Caminhada. Estômago (figu-rado). 2. Haste de plantas. Debruar. 3. Retardar o andamento de. Elemento de formação de pa-lavras que exprime a ideia de igual. 4. Produz som. Pecados. 5. Perverso. Suspiro. Abreviatura de Anno Domini. 6. Cada uma das peças de um teclado. Símbolo da música. 7. Crómio (s.q.). Extinguem o fogo ou a luz de. 8. Ladeira. Verbal. 9. Tornar manso. Partícula de negação. 10. Endurecimento da pele. Sumo Pontífice. 11. Altar. Tabela que indica as horas de serviços.

Horizontais: 1. Cidade. Argamassa com que se revestem as paredes. 2. Mulher ou qualquer fêmea que teve um ou mais filhos. Parceiro. Cloreto de sódio. 3. Cobrir com manteiga, cre-me, etc. Noroeste (abrev.). 4. Lengalenga. As re-giões superiores da atmosfera. 5. Recitei. Sobre (prep.). Recém-nascido. 6. Sétima letra do alfa-beto. Dignidade militar entre os Turcos. Senão, dificuldade. 7. Que anda com rapidez. A unida-de. Rádio (s.q.). 8. Que é de bronze. Guarnecida de asas. 9. Contr. da prep. de com o art. def. a. Sem asas. 10. Designa o fim de tempo, distância (prep.). Altar cristão. Que te pertence. 11. Praça pública. Divindade. Verticais: 1. Alguma. Fazer fermentar. 2. Batráquio Aquele que cultiva a lite-ratura. 3. Criança de colo. Naquele lugar. Existes. 4. Centésima parte do hectare. Serve para cha-mar ou saudar (interj.). 5. Que ocupa o primeiro lugar. Progenitor. 6. Extraordinária. Tenebroso. 7. Época notável. Enjoo acompanhado de vómi-to. 8. Indivíduo contra quem se intenta proces-so judicial. Grande massa de água salgada 9. Aqueles. Possui. Conjunto de bens próprios que a mulher leva quando se casa. 10. Abrira canelu-ras em. A minha pessoa. 11. Aromática. Direito.

D. Petrov – 1º prémio, 1973(As brancas ganham)

Solução: 1.Te6+ Rf7 2.Ce5+ Rg8 3.d6! [3.Tg6+? Rh8 4.d6 Txd6 5.Txd6 cxd6 6.Cg6+ Rg8 7.Bd5+ Tf7 8.Bxb3 d5 9.Bxd5=] 3...cxd6 [3...b2 4.Tg6+ Rh8 5.Bd5 b1=D 6.Tg8+! Txg8 7.Cf7#] [3...Txd6 4.Txd6 cxd6 5.Bd5] 4.Tg6+ [4.Bd5? dxe5] 4...Rh8 5.Tg8+!! Rxg8 6.Bd5+ Tf7 [6...Rh8 7.Cg6#] 7.Cxf7! Te8 [7...Tb8 8.Ce5+ Rf8 9.Cd7+] [7...Td7 8.Ce5+] 8.Ce5+ Rf8 9.Cg6# 1 – 0

Palavras cruzadas 9358Horizontais: 1. Provir. OPEP. 2. Tupi. Eirado. 3. DA. Namorar. 4. Fe. Bago. Oco. 5. Retiro. 6. Ar. Curtir. 7. Secar. Arena. 8. Cai. Enlatar. 9. Alteza. Roda. 10. Casaca. Mal. 11. Bera. Olhar.Verticais: 1. Pt. Frasca. 2. Rude. Realce. 3. OPA. Citar. 4. Vi. Beca. Esa. 5. NATUREZA. 6. Reagir. Naco. 7. Imortal. Al. 8. Oro. Oirar. 9. Paro. Retomar. 10. Edace. Nadar. 11. Poro. Varal.Título do Filme: Da Natureza.

Palavras cruzadas brancasHorizontais: 1. Urbe, Reboco. 2. Mãe, Par, Sal. 3. Barrar, NO. 4. Léria, Éter. 5. Li, Em, Nuelo. 6. Eta, Agá, Mas. 7. Veloz, Um, Ra. 8. Eril, Asada. 9. Da, Áptero. 10. Até, Ara, Teu, 11. Rossio, Deus. Verticais: 1. Uma, Levedar. 2. Rã, Literato. 3. Bebé, Ali, És. 4. Are, Olá. 5. Primaz, Pai. 6. Rara, Atro. 7. Era, Náusea. 8. Réu, Mar. 9. Os, Tem, Dote. 10. Canelara, Eu. 11. Olorosa, Jus.

Soluções: A árvore é mais alta; Falta uma folha no chão; A mancha na pata da vaca; Falta a cauda da vaca; Há menos um símbolo ao pé da vaca; O chapéu do médico da frente; A cerca; A nuvem.

Problema 6492 Dificuldade: fácil

Problema 6493 Dificuldade: muito difícil

Solução do problema 6490

Solução do problema 6491

© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Depois do problema resolvido encontre o provérbio nele inscrito (4 palavras).

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 47

Desafios José Paulo Viana e Cristina Sampaio

Campeonato em cinco sériesUm campeonato consta de cinco provas. Em cada uma delas, o primeiro classificado marca cinco pontos, o segundo três, o terceiro dois e o quarto apenas um ponto, não existindo empates. O campeão será o concorrente que, no final, tiver maior número de pontos.Qual é a pontuação mínima que garante a vitória isolada no campeonato?Qual é o mínimo de pontos que garante o segundo lugar?

Mais vale um pássaro na mão…

Solução do Desafio da semana passada

O Desafio proposto na semana passada foi o seguinte:“No jardim zoológico há uma gaiola enorme onde estavam cem pássaros. Hoje de manhã, quando o tratador lá chegou, verificou que a porta se abrira durante a noite e algumas das aves se tinham escapado. Entrou então lá para dentro, fechando a porta atrás de si.Quando agarrou um pássaro, verificou que, nesse momento, o número dos que estavam pousados era igual aos que voavam assustados. Ao apanhar o segundo, os que voavam atarantados eram o dobro dos que se mantinham parados nos ramos. Quando teve três nas mãos, os que voavam espavoridos eram o triplo dos que continuavam pousados. Com quatro nas mãos, os que voavam já eram o quádruplo. Finalmente, quando já tinha cinco imobilizados, os que voavam eram o quíntuplo dos outros.Quantos pássaros fugiram durante a noite?”Seja N o número de pássaros que estavam na gaiola nessa manhã.Para que, quando o tratador tem um deles na mão, haja tantos pousados como a voar, é necessário que N-1 seja um número par.Para que, com dois agarrados, os que voam sejam o dobro dos

restantes, é necessário que N-2 seja um número divisível por 3.Para que, com três nas mãos do tratador, os que voam sejam o triplo dos outros, é necessário que N-3 seja um número divisível por 4.Para que, com quatro agarrados, os que voam sejam o quádruplo, é necessário que N-4 seja um número divisível por 5.Por fim, para que, com cinco agarrados, os que voam sejam o quíntuplo, é necessário que N-5 seja um número divisível por 6.Se N-1 é par, então o número N+1 também é par (porque somámos duas unidades).Se N-2 é divisível por 3, então o número N+1 também o é (porque somámos 3).Se N-3 é divisível por 4, então o número N+1 também o é (porque somámos 4).Se N-4 é divisível por 5, então o número N+1 também o é (porque somámos 5).Se N-5 é divisível por 6, então o número N+1 também o é (porque somámos 6).Podemos agora concluir que N+1 é um múltiplo de 2, 3, 4, 5 e 6.O menor múltiplo comum daqueles números é 60 e portanto N+1 tem de ser múltiplo de 60. Mas o único múltiplo de 60 inferior a 100 é precisamente 60. Logo, N+1 = 60 e N=59.Nessa manhã estavam 59 pássaros na gaiola e portanto tinham fugido 41.

O ano de 2009 trouxe-nos algumas

novidades, desde logo porque a

Tertúlia Policiária da Liberdade

organizou o seu convívio anual em

Cabanas de Viriato, prestando uma

homenagem ao cônsul proscrito

Aristides de Sousa Mendes, mas

também porque assistimos a uma

vitória espectacular do confrade

Rip Kirby, saudoso policiarista

recentemente desaparecido do nosso

convívio e que hoje pretendemos

homenagear, pela sua persistência e

empenho.

Recordemos o que foi aqui escrito no

fi nal de mais uma época de intensa

competição:

Rip Kirby é Campeão Nacional

Zé-Viseu Vence Taça De Portugal,

É Policiarista do Ano

E N.º 1 Do Ranking

Estão encontrados os grandes

vencedores da época 2008/2009 que

agora terminou!

Os resultados da prova n.º 8 foram

publicados à meia-noite de segunda-

feira no blogue CRIME PÚBLICO, em

http://blogs.publico.pt/policiario e

desde logo os nossos “detectives”

fi caram a saber quem foram os

vencedores das duas principais provas

competitivas da época.

O confrade do Barreiro, membro

fundador da Tertúlia Policiária

Valtejo e que há alguns anos se fi xou

no Brasil, RIP KIRBY levou a melhor

sobre a concorrência directa e, em

cima da meta, arrecadou o título de

Campeão Nacional, que tão bem lhe

assenta. Com uma actividade policiária

particularmente longa e uma excelente

qualidade, quer como decifrador quer

como produtor, o confrade Rip Kirby

é um dos símbolos maiores do amor

ao policiário, mesmo quando afastado

geografi camente do seu habitat de

tantos e tantos anos.

Surpresa, ou talvez não, o segundo

lugar alcançado por uma “detective”

da nova geração de decifradores, de

enorme capacidade e potencialidade,

a escalabitana DETECTIVE JEREMIAS,

na senda dos grandes vultos que o

Ribatejo foi dando ao Policiário, em

sucessivas gerações.

Fecham o pódio os BÚFALOS

ASSOCIADOS, uma dupla de grande

qualidade que, uma vez mais,

demonstrou à saciedade que reúne

todas as condições para aspirar aos

voos mais altos que o policiário pode

proporcionar.

Destaque ainda para o magnífi co 4.º

lugar da dupla A. RAPOSO & LENA

e uma referência para o confrade

ZÉ-VISEU, na próxima época apenas

ZÉ (Viseu), que soçobrou somente

na última prova, depois de longo

tempo no comando das operações,

mas não deixou os seus créditos por

mãos alheias, conquistando a Taça

de Portugal numa fi nal de grande

competição, em que se sobrepôs ao

confrade bracarense DANIEL FALCÃO.

Referência ainda e novamente para ZÉ-

VISEU, brilhante vencedor dos troféus

de Policiarista do Ano, e do Ranking.

Homenagem da Tertúlia

Policiária da Liberdade

A ARISTIDES DE SOUSA MENDES

Este texto foi lido pelo confrade

Rui Mendes, um dos membros dos

Búfalos Associados, por ocasião do

descerramento de uma placa alusiva à

homenagem que a Tertúlia Policiaria

da Liberdade prestou ao cônsul, em

Cabanas de Viriato, no convívio anual

que ocorreu em 17 de Maio de 2009.

“Desde pequeninos que todos à

nossa volta nos dizem que devemos

obedecer. Dizem-nos que devemos

obedecer, a Mãe, o Pai, os Avós, o

Professor, o patrão, a polícia, as

religiões, os governos. É conhecida

a lei do Regulamento de Disciplina

Militar que nos diz que devemos

obedecer primeiro, e só depois,

eventualmente, discutir a justeza

da ordem. À medida que vamos

avançando na vida, vamos percebendo

que o segredo do poder está na

capacidade de se fazer obedecer. Os

poderosos sabem-no bem, os ditadores

não vivem sem o pôr em prática.

No século XVI um célebre pensador

francês de nome Étienne de La Boétie,

encontrou naquilo que chamou de

“Mistério da Obediência” o segredo

do poder político. Concluiu ele que

a escolha a fazer pelos humanos se

limitaria a “obedecer ou morrer”.

Para exercer o poder tratava-se de

obrigar a obedecer, até que aquele que

obedece se consiga esquecer de que

o faz. Consiga mesmo chegar a atingir

a alegria da submissão, como bem

supremo de uma vida feliz. La Boétie

inspirou não poucas revoltas e não

poucas insubmissões. Felizmente!

A tal ponto que hoje podemos

ter a consciência de que não foi a

obediência que fez a humanidade

avançar. Bem pelo contrário. Não foi

pela obediência que se fi zeram as

revoluções que, a pouco e pouco, e só

elas, têm vindo a imprimir um pouco

mais de justiça nas relações entre os

humanos.

Aristides de Sousa Mendes foi

um desobediente. Consciente e

lúcido. Por singular coincidência

faz hoje exactamente 69 anos que

Aristides passou os primeiros vistos

desobedientes. Em 24 de Junho de

1940, quando o exército nazi avançava

pela França dentro, espalhando o

terror e a iniquidade, o Dr. Salazar

telegrafava ao Cônsul português em

Bordéus, proibindo-o de continuar

a conceder vistos aos refugiados que

procuravam escapar aos horrores

do extermínio nazi. A 4 de Julho (dez

dias depois) o mesmo Dr. Salazar

ordenava um processo disciplinar

contra o desobediente pela “concessão

abusiva de vistos em passaportes de

estrangeiros”. De uma penada chegava

ao fi m a carreira diplomática de 30

anos de Aristides de Sousa Mendes.

Cito palavras de Sousa Mendes:

“Todos eles são seres humanos e o seu

estatuto na vida, religião ou cor, são

totalmente irrelevantes para mim. Sou

cristão e como tal acredito que não

devo deixar estes refugiados sucumbir.

E assim declaro que darei, sem

encargos, um visto a quem quer que o

peça”. Com estas palavras argumentou

Sousa Mendes na sua defesa perante

as acusações que o Estado Novo do

Dr. Salazar lhe dirigiu na sequência

do seu acto heróico. O Cônsul pagou

cara a sua desobediência. Condenado

à inactividade num processo

disciplinar manipulado, arruinado

fi nanceiramente e impedido de

exercer advocacia, teve de recorrer à

caridade alheia para se sustentar e à

sua numerosa família. A Pátria pagou-

lhe com a desonra a sua coragem e a

sua abnegação.

Anos mais tarde, quando os

criminosos nazis se defendiam

alegando que obedeciam a ordens, o

Tribunal de Nuremberga estabelecia

que ninguém poderá atentar contra

os valores humanos sob pretexto

da obrigação de obedecer a ordens

injustas. Foi essa a grande importância

de Sousa Mendes: obedecer aos

valores da humanidade e não à

iniquidade de ordens criminosas.

A desobediência do Cônsul de

Bordéus terá salvo da morte perto

de 30.000 inocentes, mas condenou

à humilhação e à agonia um homem

honrado e a sua família. Um português

bom e justo para quem a obediência

cega e passiva se tinham tornado um

impossível moral. Aristides de Sousa

Mendes é hoje um herói reconhecido

por todo o mundo civilizado.

A Tertúlia Policiária da Liberdade,

um grupo de amigos que, entre

outras coisas, cultiva a procura da

verdade e da justiça, veio a Cabanas

de Viriato, onde nasceu este notável

português do século XX, prestar esta

modesta homenagem, tão simples

quanto sincera, na certeza de que é na

memória dos homens que mereceram

a nossa admiração, que poderemos

encontrar os caminhos para um futuro

melhor para os que vierem depois de

nós.”

POLICIÁRIO 1269 LUÍS PESSOA

Rip kirby e Aristides Sousa Mendes em homenagem policiária

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48 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

André André, utilizado em várias posições, voltou a ser o verdadeiro patrão do meio-campo do FC Porto

MIGUEL VIDAL/REUTERS

Vilão contra o Dínamo Kiev, Iker

Casillas demorou quatro dias para

redimir-se. O guarda-redes espanhol

defendeu um penálti contra o Ton-

dela, a oito minutos do fi m, evitando

um segundo deslize consecutivo do

FC Porto que, apesar de ter merecido

a vitória em Aveiro (1-0), voltou a rea-

lizar uma exibição muito pouco con-

vincente. Um grande golo de Brahimi

salvou a noite a Julen Lopetegui.

Depois da primeira ida ao tapete

do FC Porto nesta época, quem es-

perava que Lopetegui deixasse de

ser Lopetegui enganou-se. Como

tantas vezes aconteceu no primeiro

ano de “dragão” ao peito, o treinador

respondeu às críticas e aos desaires

com criatividade. Contestado pelas

suas opções contra o Dínamo Kiev,

o espanhol não jogou pelo seguro.

Após abdicar de Imbula e Corona na

dio Ramos nos primeiros 27 minu-

tos, mas aos 28’ a arte de Brahimi

resolveu o jogo: o argelino recebeu

a bola sobre a direita, fi ntou um rival

e, com classe, colocou a bola em arco

no canto superior direito da baliza.

Na primeira oportunidade, os por-

tistas chegavam à vantagem.

O golo nada mudou no jogo. O Ton-

dela manteve a estratégia defensiva,

Lopetegui continuou muito nervoso

— seria expulso aos 35’ — e apenas so-

bre o intervalo a monotonia foi que-

brada, com boas oportunidades para

André André e Aboubakar.

Na segunda parte foi mais do mes-

mo e assistiu-se a um longo arrastar

dos minutos rumo ao inevitável: a

justa, mas pálida, vitória do FC Porto.

Os “dragões” colocaram-se sempre a

jeito de uma surpresa e ela podia ter

surgido aos 82’: Manuel Mota consi-

derou que Maicon derrubou Murillo,

assinalou penálti, mas Chamorro tre-

meu perante Casillas. E o espanhol

salvou Lopetegui.

Crónica de jogoDavid Andrade

Arte de Brahimi e Casillas salvam o FC Porto de novo fi asco

O extremo argelino marcou o único golo da vitória dos “dragões” frente ao Tondela, enquanto o guarda-redes espanhol esteve em destaque ao defender uma grande penalidade aos 82 minutos

convocatória, Lopetegui inovou e,

em Aveiro, surpreendeu lançando no

“onze” Herrera e Bueno, apresentan-

do o sétimo desenho de meio-campo

nos últimos sete jogos.

Com a entrada do mexicano ( já

não era titular há dois meses) e do

espanhol (tinha actuado apenas 31

minutos no campeonato), André

André vestiu o fato de Champions e

jogou sobre a direita. Na teoria, os

“azuis e brancos” surgiam mais ofen-

sivos, com Bueno no apoio a Abou-

bakar, mas o que se viu na prática foi

o mesmo FC Porto de outros jogos:

previsível, apático e lento.

A segurar a incómoda “lanterna

vermelha” e longe de Tondela, Rui

Bento jogou com as poucas armas

que tem: montou a sua equipa em

4x5x1, apostando no povoamento do

meio-campo, e equilibrou o braço-

de-ferro com Lopetegui, mas a qua-

lidade da matéria-prima à disposição

do espanhol fez a diferença.

O FC Porto não incomodou Cláu-

Tondela 0

FC Porto 1Brahimi 28’

Estádio Municipal de AveiroEspectadores 3.449

Tondela Cláudio Ramos, Edu Machado (Jhon Murillo, 73’), Kaká a73’, Bruno Nascimento, Dolly Menga, Lucas Souza, Hélder (Piojo, 73’), Raphael Guzzo, Oto’o Zue, Nathan Júnior (Chamorro, 74’), Romário Baldé. Treinador Rui Bento

FC Porto Casillas, Maxi Pereira, Martins Indi a17’, Marcano a26’ (Rúben Neves, 68’), Layún, Danilo, Herrera, Alberto Bueno (Tello, 56’), André André, Brahimi (Maicon, 77’ a82’), Aboubakar. Treinador Julen Lopetegui

Árbitro Manuel Mota (AF Braga)

Positivo/Negativo

CasillasO penálti defendido pelo espanhol a oito minutos do fim pode valer ouro para o FC Porto no final da temporada. Após um erro contra o Dínamo Kiev, que resultou no segundo golo dos ucranianos, Iker Casillas foi decisivo e evitou que os “dragões” voltassem a fracassar. BrahimiO argelino voltou a não fazer um grande jogo, mas a verdade é que tem talento para dar e vender e desbloqueou o problema ao FC Porto com um dos melhores golos do campeonato até à data. Julen LopeteguiO treinador espanhol parece ter uma vertiginosa atracção pelo risco. Após o desaire contra o Dínamo Kiev, com as suas opções a serem contestadas, Lopetegui surpreendeu novamente nas escolhas iniciais e nas substituições, e por muito pouco não voltou a dar-se mal.

REACÇÕES

“Fizemos um excelente jogo. O Brahimi inventou um golo só ao alcance de grandes jogadores. A equipa está viva”

“Podíamos ter ido para o intervalo com mais golos. Na segunda parte, deixámos de circular tanto a bola, mas ganhámos bem”

Rui BentoTondela

Rui BarrosFC Porto

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PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESPORTO | 49

Sérgio Conceição obteve ontem o segundo triunfo pelo Vitória

Dezassete anos depois, o Vitória de

Guimarães voltou a vencer no Está-

dio do Bessa em jogos para o cam-

peonato, triunfando ontem sobre

o Boavista por 2-1, em jogo da 11.ª

jornada. Foi o segundo triunfo dos

vimaranenses na Liga desde que Sér-

gio Conceição assumiu o comando

técnico da equipa, mas este só acon-

teceu de reviravolta e com um golo

no último minuto. Já os “axadreza-

dos” vão em mais de dois meses sem

ganhar no campeonato e, após o jo-

go, Petit anunciou a saída do cargo

que ocupava desde 2012-13.

A equipa orientada por Petit entrou

francamente melhor no jogo, com

várias boas situações de golo. Logo

aos 8’, o jovem guarda-redes Miguel

Silva, a estrear-se na equipa principal

do Vitória, deteve um bom remate

de Tengarrinha. Pouco depois, aos

13’, o mesmo Tengarrinha teve um

remate que saiu ligeiramente ao lado

e, aos 24’, Miguel Silva defendeu um

cabeceamento de Vinicius, com Idris

a falhar a recarga.

O melhor que o Vitória conseguiu

fazer foi um remate de Tomané que

Mika defendeu sem grande difi cul-

dade. O ascendente “axadrezado”

deu os seus frutos quase a fechar a

primeira parte. Numa jogada rápida

de contra-ataque, o jovem brasileiro

Abner surge isolado perante o guar-

dião do Vitória e dá a merecida van-

tagem aos homens da casa.

Reviravolta vimaranense no Bessa

Na segunda parte, o Boavista ar-

riscou pouco para consolidar a van-

tagem, ao contrário do Vitória, que

tinha de fazer alguma coisa, depois

de uma primeira parte medíocre.

Aos 66’, na sequência de um can-

to, Henrique Dourado faz o empate

de cabeça e, aos 71’, tem nova boa

oportunidade para marcar, com Mi-

ka a opor-se bem.

Após uma fase em que ambas as

equipas reclamaram penáltis — Petit

acabaria mesmo por ser expulso —,

o Vitória conseguiu chegar ao triun-

fo, aos 89’. Numa jogada de insis-

tência, Cafú executa um remate de

fora da área que parece controlado

por Mika, mas que o guardião do

Boavista deixa passar, concretizan-

do a reviravolta e dando o primeiro

triunfo vimaranense no Bessa para

o campeonato desde 1998.

NFACTOS/FERNANDO VELUDO

FutebolMarco Vaza

Vitória de Guimarães triunfa sobre o Boavista. Petit abandona comando técnico dos axadrezados

Um golo ainda no primeiro quarto

de hora e outro a fechar o encontro

não foram sufi cientes para o V. Se-

túbal alcançar o quarto triunfo na

Liga. Na 11.ª jornada, os sadinos em-

pataram, no Estádio do Bonfi m, com

o União da Madeira (2-2) e correm

o risco de serem ultrapassados na

classifi cação por Paços de Ferreira

ou Estoril e pelo Belenenses.

O Vitória adiantou-se no marca-

dor aos 14’, quando André Claro as-

sistiu Arnold num lance que ainda

passou pelos pés de Suk. Os três jo-

gadores mais ofensivos dos sadinos

mostravam credenciais, mas seria

o congolês, que na época passada

representava o Desp. Chaves, a fazer

a diferença.

A reacção dos madeirenses, que

poderiam ter voltado a sofrer um

golo pouco depois do 1-0, chegou no

segundo tempo de uma assentada,

cortesia da dupla Amilton-Danilo

Dias. Aos 49’, o primeiro assistiu o

segundo; aos 52’, os papéis inverte-

ram-se e o resultado também.

Os anfi triões, que já tinham subs-

tituído Vasco aos 41’, com queixas

físicas, sofreram mais uma contra-

riedade aos 73’, quando Suk deixou

o relvado com dores na coxa. Has-

san foi o escolhido para render o sul-

coreano, mas o empate chegaria, ao

cair do pano, pelos pés de Arnold,

desta vez a passe de Ruca.

Foi o quarto empate caseiro do Vi-

tória com dois golos para cada lado,

nesta época, e o primeiro ponto do

União nos últimos quatro jogos.

V. Setúbal desaproveita inspiração de Arnold

Futebol

V. Setúbal 2Arnold 14’ e 90’

U. Madeira 2Danilo Dias 49’, Amilton 52’

Estádio do Bonfim, em SetúbalEspectadores cerca de 3.500

V. Setúbal Ricardo Nunes, William Alves, Frederico Venâncio, Rúben Semedo, Ruca, Dani (André Horta, 63’), Fábio Pacheco, Arnold a90+4’, Vasco Costa (Costinha, 41’ a77’), André Claro, Suk (Hassan, 73’). Treinador Quim Machado

U. Madeira André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro, Diego Galo, Joãozinho, Soares, Gian a43’, Shehu (Tiago Ferreira, 89’), Amilton a82’, Cadiz (Élio Martins, 81’), Danilo Dias (Breitner, 84’). Treinador Norton de Matos

Árbitro Manuel Oliveira (AF Porto)

Boavista 1Abner 42’

V. Guimarães 2Dourado 66’, Cafú 89’

Jogo no Estádio do Bessa, no PortoEspectadores cerca de 4.000

Boavista Mika, Inkoom a65’, Henrique, Paulo Vinicius, Anderson Correia, Tengarrinha a28’, Idris a58’ (Gabriel, 72’), Anderson Carvalho, Zé Manuel (Bukia, 79’), Douglas Abner (Uche, 77’), Luisinho a43’. Treinador Petit

V. Guimarães Miguel Silva a90’, Bruno Gaspar, Josué, João Afonso, Dalbert a23’, Bouba Saré, Licá (Ricardo Valente, 69’), Phete a29’ (Otávio, 46’), Cafú, Tomané (Xande Silva, 59’), Henrique Dourado a60’. Treinador Sérgio Conceição

Árbitro Fábio Veríssimo (AF Leiria)

CLASSIFICAÇÃOLIGAJornada 11Nacional-Marítimo 3-1V. Setúbal-União da Madeira 2-2Boavista-V. Guimarães 1-2Tondela-FC Porto 0-1Académica-Arouca 16h Rio Ave-Moreirense 16hPaços de Ferreira-Estoril 19h15, SP-TVSporting-Belenenses amanhã, 19h, SP-TVSp. Braga-Benfica amanhã, 21h, SP-TV

J V E D M-S P1. Sporting 10 8 2 0 19-5 262. FC Porto 10 7 3 0 19-4 243. Sp. Braga 10 6 2 2 17-4 204. Benfica 9 6 0 3 22-7 185. Rio Ave 10 5 3 2 17-12 186. V. Setúbal 11 3 6 2 18-16 157. Nacional 11 4 2 5 10-10 148. Estoril 10 4 2 4 9-12 149. Paços de Ferreira 10 4 2 4 9-12 1410. Marítimo 11 4 2 5 15-19 1411. V. Guimarães 11 3 4 4 9-15 1312. Belenenses 10 3 4 3 12-22 1313. Arouca 10 2 6 2 8-9 1214. Boavista 11 2 3 6 6-13 915. União da Madeira 9 1 4 4 5-8 716. Moreirense 10 1 4 5 8-15 7 17. Académica 10 1 3 6 5-16 618. Tondela 11 1 2 8 5-15 5

Próxima jornada Benfica-Académica, Belenenses-Vitória de Setúbal, FC Porto-Paços de Ferreira, Marítimo-Sporting, Arouca-Boavista, Estoril-Nacional, União da Madeira-Tondela, Moreirense-Braga, Vitória de Guimarães-Rio Ave

II LIGAJornada 17Mafra-V. Guimarães B 1-1Desp. Aves-Oliveirense 1-1Gil Vicente-Sporting B 1-1 Portimonense-Olhanense 1-0Santa Clara-Leixões 11hSp. Covilhã-FC Porto B 11h15, SP-TVSp. Braga B- Atlético 15hAcadémico de Viseu-D. Chaves 15hOriental-Freamunde 15hBenfica B-Famalicão 16h, BTVFarense-Varzim 16hFeirense-Penafiel 16h

J V E D M-S P1. FC Porto B 16 11 3 2 36-19 362. Sporting B 17 8 5 4 24-17 293. Portimonense 17 7 7 3 25-22 284. Desp. Chaves 16 7 6 3 19-13 275. Feirense 16 6 9 1 20-16 276. Freamunde 17 7 5 5 18-13 267. Desp. Aves 17 7 5 5 18-14 268. Gil Vicente 17 6 5 6 21-18 239. Famalicão 16 5 8 3 21-18 2310. Benfica B 16 7 2 7 21-20 2311. Ac. Viseu 16 6 5 5 16-17 2312. Farense 16 6 4 6 18-16 2213. Atlético 16 6 4 6 15-14 2214. Olhanense 17 6 4 7 16-18 2215. Varzim 16 6 4 6 18-20 2216. V. Guimarães B 17 5 6 6 17-20 2117. Sp. Braga B 16 5 5 6 16-18 2018. Penafiel 16 5 5 6 16-20 2019. Sp. Covilhã 16 4 7 5 15-21 1920. Mafra 17 4 6 7 13-16 1821. Santa Clara 17 5 2 10 16-21 1722. Leixões 16 2 7 7 15-22 1323. Oriental 16 3 3 10 18-26 1224. Oliveirense 17 1 7 9 12-25 10

Próxima jornada Atlético-Sporting da Covilhã, D. Chaves-D. Aves, FC Porto B-Farense, Leixões-Benfica B, Olhanense-Oriental, Oliveirense-Gil Vicente, Sporting B-Ac. Viseu, Vitória de Guimaraes B-Portimonense, Famalicão-Sp. Braga B, Penafiel-Mafra, Varzim-Feirense

MELHORES MARCADORESLiga8 golos Jonas (Benfica) 7 golos Slimani (Sporting) 6 golos Dyego Sousa (Marítimo)

II Liga9 golos André Silva (FC Porto B)8 golos Platiny (Feirense) 7 golos Gleison (FC Porto B), Pires (Portimonense)

Breves

Futsal

Andebol

Voleibol

Sp. Braga “escorrega” e pode atrasar-se na perseguição

ABC e Benfica estão na 4.ª eliminatória da Taça Challenge

Líder do campeonato vence sem problemas e continua invicto

A equipa de futsal do Sporting de Braga sofreu a segunda derrota em três jogos (3-1 na visita ao Burinhosa) e pode hoje ver o Benfica “fugir” na classificação. Os “encarnados” recebem o Modicus (15h, RTP2) e podem isolar-se provisoriamente na liderança. O Benfica soma 31 pontos, tantos quantos o Sporting, mas tem menos um jogo disputado do que os “leões”, que na terça-feira, em Odivelas, defrontam o Olivais.

Os dois representantes portugueses na Taça Challenge confirmaram os triunfos que tinham obtido na primeira mão da terceira eliminatória e avançam para a próxima ronda da prova. O ABC voltou a bater o Odorhei por 25-22, “vingando” a derrota sofrida frente aos romenos na final da mesma competição da época passada. O Benfica venceu a formação islandesa do IBV Vestmannaeyjar por 34-26.

Onze jogos, 11 vitórias. O Benfica reforçou ontem a liderança da Liga de voleibol, com um triunfo por 3-0 (25-16, 25-21, 25-15) sobre o S. Mamede, na Luz. Num jogo que permitia ao vencedor isolar-se no terceiro lugar (o segundo é a Fonte do Bastardo), o Sp. Espinho foi mais forte e impôs-se por 1-3 (25-19, 23-25, 25-21 e 25-18) na deslocação ao pavilhão do Castêlo da Maia.

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50 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

OLI SCARFF/AFP

Um golo que colocou Jamie Vardy nas páginas dos livros de história

Esta não foi uma semana como as

outras para o Leicester City. Os fo-

xes foram líderes isolados da Premier

League, uma glória improvável para

uma equipa que na temporada tran-

sacta passou por difi culdades para

sobreviver no principal escalão do fu-

tebol inglês. Agora estiveram no cen-

tro de todas as atenções, até porque

iam jogar contra o poderoso Man-

chester United. O teste foi superado

com um empate (1-1) e a história de

encantar continua. Muito graças a

Jamie Vardy.

O avançado de 28 anos é, por estes

dias, um dos homens mais felizes do

mundo: lidera a tabela dos melhores

marcadores da Premier League, com

14 golos, e, ao marcar pelo 11.º jogo

consecutivo na Premier League (cria-

da em 1992), bateu o melhor registo

anterior, que pertencia a Ruud van

Nistelrooy. No ano em que o avan-

çado holandês estabeleceu esse re-

corde, Vardy jogava no Stocksbridge

Park Steels, uma equipa amadora do

oitavo escalão, onde recebia 30 libras

por jogo para complementar o orde-

nado que ganhava a trabalhar 12 ho-

ras por dia numa fábrica de próteses.

A marcar há 11 partidas consecutivas,

Vardy ainda tem desafi os pela frente:

se repetir a proeza no próximo en-

contro do Leicester City (frente ao

Swansea), igualará o recorde históri-

co do futebol inglês, estabelecido por

Jimmy Dunne, do Sheffi eld United,

em 1931-32.

Num King Power Stadium em eu-

foria, tudo começou da melhor ma-

neira para a equipa orientada por

Claudio Ranieri, que chegou à van-

tagem aos 24’. O guarda-redes Kasper

Schmeichel lançou Christian Fuchs,

que com um grande passe descobriu

Jamie Vardy. O homem do momento

passou com classe por Darmian e ba-

teu David de Gea. Porém, mesmo an-

tes do intervalo, o Manchester United

despejou um balde de água gelada

sobre os adeptos do Leicester City.

Schweinsteiger, após um canto, cabe-

ceou sem hipóteses para Schmeichel.

O alemão pareceu fazer falta sobre

Okazaki, mas o golo foi validado.

O segundo tempo começou com

o Manchester United ao ataque.

A equipa de Louis van Gaal esteve

perto de marcar logo aos 49’, quan-

do Schweinsteiger voltou a ameaçar.

Mas Schmeichel opôs-se com uma

grande defesa. Os foxes dispuseram

de uma excelente oportunidade para

regressar à vantagem quando, num

contra-ataque rápido, Riyad Mahrez

colocou a bola em Leonardo Ulloa. O

argentino passou por Chris Smalling

e disparou, mas David de Gea afastou

o perigo com uma defesa apertada,

com os pés (66’).

O Leicester City foi alcançado na

liderança da Premier League pe-

lo Manchester City, que voltou aos

triunfos diante do Southampton (3-1).

O português José Fonte foi titular nos

saints, mas saiu lesionado ainda na

primeira parte. Outros portugueses

em Inglaterra foram mais felizes: no

segundo escalão, Lucas João marcou

no empate do Sheffi eld Wednesday

e Nélson Oliveira “bisou” na vitória

do Nottingham Forest.

Em Espanha, o azar bateu à por-

ta de Tiago. O médio do Atlético de

Madrid fracturou a tíbia direita e

vai parar quatro meses, complican-

do uma eventual presença no Euro

2016. Após um longo período de

afastamento da selecção nacional,

Tiago tem feito parte das opções de

Fernando Santos, com 620 minutos

repartidos por oito jogos.

Os colchoneros receberam e vence-

ram o Espanyol com um golo solitá-

rio de Griezmann e seguem na per-

seguição ao Barcelona. A equipa de

Luis Enrique goleou a Real Sociedad

(4-0), embalada pela sua “sagrada

trindade”. O resultado começou a

ser desenhado aos 22’, com um golo

de Neymar. O uruguaio Luis Suárez

rubricou o 2-0 aos 41’, com uma be-

líssima fi nalização de primeira. Ney-

mar “bisou” aos 53’ e Lionel Messi,

que antes acertara na trave da baliza

adversária, juntou o seu nome à lis-

ta de marcadores já no período de

compensação.

E, nos campeonatos mais previ-

síveis do futebol europeu, o Bayern

Munique averbou a 13.ª vitória (2-0

frente ao Hertha Berlim) em 14 jor-

nadas da Bundesliga, comandando

a tabela com 11 pontos de vantagem

sobre o Borussia Dortmund, que

hoje recebe o Estugarda. Em Fran-

ça a incerteza é ainda menor: o Paris

Saint-Germain goleou o Troyes (4-1)

e já tem 15 pontos de avanço sobre o

segundo, o surpreendente Angers. O

Caen pode fi car a 13 pontos do PSG,

se hoje vencer o Bordéus.

Jamie Vardy já marca há 11 jornadas consecutivas na Premier League

Leicester City empatou 1-1 com o Manchester United e foi alcançado na liderança da Premier League pelo Manchester City, mas Vardy reforçou o estatuto de melhor marcador da prova e obteve um feito histórico

FutebolTiago Pimentel

CLASSIFICAÇÕESINGLATERRA ALEMANHA ESPANHAJornada 14Aston Villa-Watford 2-3Bournemouth-Everton 3-3Crystal Palace-Newcastle 5-1Manchester City-Southampton 3-1Sunderland-Stoke City 2-0Leicester City-Manchester United 1-1Tottenham-Chelsea 12h, BTV2West Ham-West Bromwich 14h05Liverpool-Swansea City 16h15, BTV2Norwich City-Arsenal 16h15

Jornada 14Darmstadt-Colónia 0-0Hanôver-Ingolstadt 4-0Hoffenheim-Borussia Mönchengladbach 3-3Bayern Munique-Hertha Berlim 2-0Werder Bremen-Hamburgo 1-3Mainz-Eintracht Frankfurt 2-1Borussia Dortmund-Estugarda 14h30, SP-TV2Augsburgo-Wolfsburgo 16h30, SP-TV4Bayer Leverkusen-Schalke 04 16h30, SP-TV2

Jornada 13Levante-Betis 0-1Barcelona-Real Sociedad 4-0Atlético de Madrid-Espanyol 1-0Málaga-Granada 2-2Las Palmas-Deportivo da Corunha 0-2Celta de Vigo-Sporting Gijón 2-1Getafe-Villarreal 11h, SP-TV2Eibar-Real Madrid 15h, SP-TV1Rayo Vallecano-Athletic Bilbau 17h15, SP-TV1Sevilha-Valência 19h30, SP-TV2

J V E D M-S P J V E D M-S P J V E D M-S PManchester City 14 9 2 3 30-14 29Leicester City 14 8 5 1 29-21 29Manchester United 14 8 4 2 20-10 28Arsenal 13 8 2 3 23-11 26Tottenham 13 6 6 1 24-11 24Crystal Palace 14 7 1 6 19-14 22Everton 14 5 6 3 27-19 21West Ham 13 6 3 4 24-20 21Southampton 14 5 5 4 20-17 20Liverpool 13 5 5 3 17-15 20Watford 14 5 4 5 15-16 19Stoke City 14 5 4 5 11-14 19West Bromwich 13 5 2 6 12-17 17Swansea City 13 3 5 5 14-18 14Chelsea 13 4 2 7 17-23 14Norwich City 13 3 3 7 16-24 12Sunderland 14 3 3 8 16-26 12Bournemouth 14 2 4 8 17-30 10Newcastle 14 2 4 8 14-30 10Aston Villa 14 1 2 11 12-27 5

Bayern Munique 14 13 1 0 42-5 40Borussia Dortmund 13 9 2 2 36-18 29Wolfsburgo 13 7 3 3 23-15 24B. Mönchengladbach 14 7 2 5 28-22 23Hertha Berlim 14 7 2 5 18-17 23Hamburgo 14 6 3 5 17-18 21Mainz 14 6 2 6 20-20 20Bayer Leverkusen 13 6 2 5 17-17 20Schalke 04 13 6 2 5 17-19 20Colónia 14 5 5 4 15-18 20Ingolstadt 14 5 4 5 10-14 19Darmstadt 14 3 6 5 14-19 15Eintracht Frankfurt 14 3 5 6 18-22 14Hanôver 14 4 2 8 17-24 14Werder Bremen 14 4 1 9 14-28 13Estugarda 13 3 1 9 17-31 10Augsburgo 13 2 3 8 17-25 9Hoffenheim 14 1 6 7 15-23 9

Barcelona 13 11 0 2 33-12 33Atlético de Madrid 13 9 2 2 18-6 29Real Madrid 12 7 3 2 26-11 24Celta de Vigo 13 7 3 3 24-21 24Deportivo da Corunha 13 5 6 2 20-13 21Villarreal 12 6 3 3 16-12 21Eibar 12 5 5 2 17-12 20Valência 12 5 4 3 17-9 19Betis 13 5 3 5 12-17 18Athletic Bilbau 12 5 2 5 18-16 17Espanyol 13 5 1 7 14-24 16Sevilha 12 4 3 5 17-18 15Rayo Vallecano 12 4 2 6 14-20 14Real Sociedad 13 3 3 7 14-18 12Sporting Gijón 13 3 3 7 12-20 12Granada 13 2 5 6 15-22 11Getafe 12 3 2 7 12-19 11Las Palmas 13 2 4 7 10-19 10Levante 13 2 4 7 10-24 10Málaga 13 2 4 7 7-13 10

Page 51: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESPORTO | 51

1. É cíclico como os actos

eleitorais para a Assembleia da

República. Onde fi ca o desporto

no Governo? Nós próprios já

fi zemos um balanço, há uns anos,

das soluções recolhidas pelas

diversas orgânicas dos governos

constitucionais.

Crê-se comummente que a

“localização” governamental do

desporto, bem como o perfi l do

membro do governo responsável

por essa área, podem denotar,

a priori, se essa realidade social

merecerá a atenção que entende

reclamar ou se, pelo contrário,

o desporto se vê menorizado no

início de um novo governo.

2. O exercício, partindo de algo

que aparenta ser meramente

formal, pode revelar-se inútil em

face do agir concreto, no futuro,

desse membro do Governo.

Contudo, não podemos deixar de

reconhecer alguma validade na

leitura atenta e crítica daquilo que

cada governo entende dever ser a

“localização política” do desporto.

Assim sendo, digamos algo sobre a

presença do desporto sob a alçada

do ministro da Educação e, em

forma “delegada”, num secretário

de Estado da Juventude e do

Desporto.

3. Alguns pontos prévios.

É prática política — e por isso

aplicada também ciclicamente

— tudo ou quase tudo mudar

aquando de uma alternância

governativa. Esta mudança

— tipo pegada — estende-se,

inclusive, aos aspectos formais

e denominações. Para já tal

não acontece com o secretário

de Estado da Juventude e do

Desporto. Por outro lado,

quanto aos conhecimentos (e

experiência) da área do desporto

de que dispõem, quer o ministro

da Educação, quer o secretário

de Estado da Juventude e do

Desporto, não surgem carregados

de referências. Porventura regista-

se precisamente a ausência de

qualquer menção refl exiva sobre

o desporto. Porém, bem se sabe

que esse não é critério decisivo

para se ser membro responsável

por qualquer área da governação.

Acresce que de desporto todos

sabem.

4. Um último aspecto prévio:

a manutenção dessa ligação

(umbilical?) entre a Juventude

e o Desporto. Continuamos

a entender como errada essa

solução, não obstante o discurso

constitucional que privilegia

o desporto na idade jovem. O

desporto é muito mais do que

juventude.

5. Dito isto, encontrando-se,

pois, o desporto no Ministério

da Educação, assiste-se a uma

revolução? Não. Curiosamente

essa solução organizativa, quando

acolhida, foi mais pelo PSD e pelo

CDS do que pelo PS. O PS foi,

aliás, o único que chegou a criar

— por muito pouco tempo — um

ministério. O PS, por outro lado,

sempre recolheu soluções de

integração do desporto adentro

da Presidência do Conselho de

Ministros (ministro adjunto ou

ministro da Presidência). Esse

mesmo caminho foi ultimamente

percorrido pelo PSD-CDS.

6. Aqui, sim, é que se coloca a

questão, nos termos que no início

demos conta. O que é mais valioso

para o desporto, uma localização

política forte (ministro adjunto,

ministro da Presidência) ou um

ministério como o da Educação,

caracterizado por uma imensidão

de problemas e questões a

exigirem respostas urgentes?

7. Que o desporto é Educação

não nos restam dúvidas.

Só que o Desporto não é só

Educação, sendo certo, porém

— aqui furtando palavras de voz

amiga —, que há muito desporto,

em particular alguns agentes

do futebol, que bem precisam

de educação.

[email protected]

Desporto com Educação?

Opinião José Manuel Meirim

Andy e Jamie durante o encontro de pares de ontem, em Gent

Em 1906, Laurence e Reggie Doherty

conquistaram o terceiro ponto que

deu o triunfo às ilhas britânicas na

Taça Davis. Ontem, em Gent, Andy e

Jamie Murray colocaram-se em exce-

lente posição para se tornarem nos

primeiros irmãos britânicos em mais

de um século a vencer a mais antiga

competição desportiva por nações.

Em pouco menos de três horas, os

Murray derrotaram David Goffi n e

Steve Darcis, permitindo que a Grã-

Bretanha chegue ao último dia da

fi nal em vantagem (2-1).

“Foi o encontro de pares mais im-

portante da minha carreira. Conse-

guir vencer e jogar com o meu irmão

tem ainda mais signifi cado”, admitiu

Andy Murray, após a vitória da Grã-

Bretanha, por 6-4, 4-6, 6-3 e 6-2 — a

quarta dos Murray em outros tantos

encontros na Taça Davis.

Em contraste, Goffi n nunca tinha

vencido um encontro de pares até

há um mês, quando a aproximação

da fi nal o obrigou a competir num

par de torneios. Ao lado do compa-

triota Darcis não competia desde

2013 e nem a contratação recente

do francês e antigo número três do

ranking da variante, Michael Llo-

dra, conseguiu reduzir a diferença

de qualidade e entrosamento entre

as duplas.

O primeiro break-point do en-

contro, dirigido por Carlos Ramos,

surgiu no nono jogo, no serviço de

Andy Murray, mas o número dois do

ranking de singulares acabou por

fechar com o primeiro ás. A seguir,

Um par de Murrays vale a dobrar

Goffi n não aproveitou a vantagem

de 40-15 e depois de Darcis colocar

o smash fora, os Murray foram à rede

concretizar o primeiro set-point.

Na segunda partida, a dupla da

casa aproveitou uma dupla-falta

de Jamie para se adiantar para 2-1

e, apesar de um break-point enfren-

tado, conservou a vantagem até

fechar a partida. No terceiro jogo

do terceiro set, Goffi n e Darcis as-

sinaram o primeiro break, mas este

último não confi rmou a vantagem.

Os britânicos corrigiram o seu po-

sicionamento quando respondiam

ao serviço e assinaram uma série de

três jogos, interrompida quando, a

4-2, Jamie Murray foi “quebrado”.

Só que Darcis voltou a não evitar um

break, desta vez em branco. E Andy

Murray, com o serviço inviolável,

concluiu o set.

Darcis confi rmou ser o elo mais

fraco quando assinou a primeira du-

pla-falta belga em todo o encontro

e ofereceu um break-point que ori-

ginou o 2-1 para os britânicos. O par

belga reagiu de imediato no serviço

de Jamie, mas não aproveitou os sete

break-points à sua disposição. Foram

as últimas oportunidades para a Bél-

gica neste encontro, encerrado ao

fi m de 2h49m.

Hoje, Goffi n tem a difícil tarefa de

vencer Andy Murray e manter intac-

tas as esperanças da Bélgica em ga-

nhar a fi nal. “Enquanto equipa temos

de acreditar. Tudo pode acontecer na

Taça Davis”, lembrou o selecciona-

dor belga, Johan van Herck.

JASON CAIRNDUFF/REUTERS

Ténis Pedro Keul

Os irmãos escoceses colocaram a Grã-Bretanha a liderar a final da Taça Davis

4Número de ases registado ontem pela dupla britânica. Os belgas não assinaram nenhum ás durante o encontro

Breves

Hóquei em patins

Basquetebol

Fórmula 1

FC Porto triunfa sobre o Barcelona na Liga Europeia

Benfica prolonga registo perfeito no campeonato

Sexta pole position consecutiva para Nico Rosberg

Um golo de Reinaldo Garcia bastou para o FC Porto bater o Barcelona, na 3.ª jornada do Grupo A da Liga Europeia, isolando-se no comando, com nove pontos, mais três que os catalães. No Grupo B, o Benfica impôs-se no pavilhão do Bassano (8-2) e também lidera com nove pontos, tantos quantos tem, no Grupo D, a Oliveirense, depois de ganhar por 4-2 ao Liceo. O Valongo roubou pontos ao Forte dei Marmi (5-5), no Grupo C.

Com um triunfo em Ovar, por 82-73, o Benfica consolidou a liderança do campeonato de basquetebol. Na 10.ª jornada, o campeão derrotou a Ovarense, com João Soares (21 pontos) em plano de destaque, e soma agora 18 pontos, num percurso só com vitórias. O FC Porto também se impôs fora de portas, no pavilhão do CAB Madeira, por 82-66, e é segundo, com 17, mais três do que a Oliveirense, que folgou nesta ronda.

Nico Rosberg (Mercedes) conquistou ontem a sexta pole position consecutiva no Mundial de Fórmula 1, na sessão de qualificação para o Grande Prémio de Abu Dhabi, 19.ª e última prova do campeonato (hoje, às 13h). O alemão, de 30 anos, partirá na frente pela 22.ª vez na carreira, logo seguido pelo companheiro de equipa Lewis Hamilton e pelo finlandês Kimi Raikkonen (Ferrari).

Desporto é mais que juventude

Page 52: publico.29.11.2015

52 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Reabilitar a pessoa com lesão medular

A lesão medular é uma das

situações mais dramáticas

que pode surgir na vida de

uma pessoa. Em muitos casos

instala-se de forma súbita após

um traumatismo, por vezes

minor, como uma queda em

casa, noutros casos instala-se

de forma insidiosa, ao longo

de semanas ou meses. De

qualquer forma, condiciona mudanças

importantes no modo de viver e de realizar

as tarefas do dia-a-dia, com impacto não

apenas no próprio indivíduo, mas também

na família. A reabilitação, através de uma

abordagem multiprofi ssional, contribui

de forma decisiva para maximizar as

capacidades funcionais, promover a

autonomia e a participação social.

O CMR Alcoitão, desde a fundação

em 1966, tem um serviço destinada à

reabilitação de lesões medulares. A equipa

de reabilitação, constituída por terapeutas,

enfermeiros, psicólogos, dietista,

ortoprotésicos e técnicos de serviço social,

é coordenada pelo médico fi siatra, que

é também o interlocutor privilegiado

com as outras especialidades médicas ou

cirúrgicas.

O programa de reabilitação é abrangente

e global, incidindo sobre todos os aspetos

do funcionamento do indivíduo, não só

as incapacidades motoras, mas também

as características individuais, sejam

psicológicas, culturais ou de envolvência

social. Deste modo, o programa de

reabilitação é individualizado, sendo

estabelecidos objetivos nas diversas áreas

de intervenção, pela equipa em conjunto

com o doente. O fi m último é sem dúvida

promover a participação da pessoa com

lesão medular na sociedade.

À luz dos conceitos da funcionalidade

humana, a tecnologia (enquanto produto

de apoio) é um dos fatores do ambiente

que pode facilitar a participação. As

pessoas com lesão medular dependem

de uma variedade de produtos de apoio

para manter o seu estado de saúde e para

realizar as atividades diárias. À medida

que o mundo se torna tecnologicamente

mais avançado, fi ca também mais acessível

em muitos aspetos para pessoas com

mobilidade reduzida. Contudo, num

futuro próximo,

colocam-se alguns

desafi os. O primeiro

prende-se com o

fi nanciamento: o

desenvolvimento

tecnológico

promete aumentar

as capacidades das

pessoas com lesão

medular; mas será

que o acesso aos

novos produtos

não será limitado

por questões

económicas? Como

garantir a equidade?

Que formas de

comparticipação

na atribuição de

produtos de apoio?

Outra questão a

considerar refere-

se à importância

de envolver os

utilizadores no

processo de

desenvolvimento do produto, design e

fabrico. Os produtos de apoio devem ser

A reabilitação contribui de forma decisiva para maximizar as capacidades funcionais, promover a autonomia e a participação socialcial

ESPAÇOPÚBLICO

concebidos em resposta a necessidades

concretas e adaptados ao que os indivíduos

que os vão utilizar realmente pretendem; a

visão do engenheiro/designer nem sempre

coincide com o ponto de vista da pessoa

que vai usar esse produto no seu dia-a-dia;

é por isso fundamental a participação dos

utilizadores desde o início do processo,

para que se adequa às suas efetivas

necessidades.

Reabilitar signifi ca tornar a habilitar,

ou seja, promover a capacitação para

aumentar a participação. Estamos certos

que a tecnologia irá desempenhar um papel

relevante nesse caminho.

Este é um dos temas que estará em

debate no I Simpósio Ibérico em Lesões

Vertebro-Medulares, uma iniciativa

conjunta da Santa Casa da Misericórdia

de Lisboa, do Instituto de Investigação em

Ciências da Vida e Saúde da Universidade

do Minho (ICVS/3Bs) e da Associação

Salvador, que decorre de 30 de novembro

a 1 de dezembro, no Centro de Medicina de

Reabilitação de Alcoitão.

Directora de Serviço de Reabilitação de Adultos no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão

Tribuna Cuidados de saúdeFilipa Faria

CARTAS À DIRECTORA

Mais um escândalo

Segundo noticia o PÚBLICO online,

Sérgio Monteiro, que, quando

secretário de Estado do extinto

Governo, vendeu a TAP e outras

empresas de transporte públicas,

com a alegação de o fazer para

defesa do erário público, vai agora

receber 30 mil euros brutos por

mês, durante um ano, pagos pelo

Fundo de Resolução gerido pelo

Banco de Portugal — para vender o

Novo Banco.

E nem tem de descontar para a

Segurança Social. Isso é encargo

extra de quem agora o contratou,

porque já era assim na CGD — para

que, quando se reformar, receba

pensão nessa ordem de grandeza.

E, porque era administrador da

CGD e foi por esta dispensado em

regime de prestação de serviços

para ir para o Governo, venda ou

não venda o Novo Banco e por

quanto se o conseguir, voltará

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

para a CGD ao fi m desses 12

meses. A ganhar nessa ordem de

grandeza!

Tudo legal e “a bem do país”!!!!

António J. M. Nunes da Silva, Oeiras

Novo primeiro-ministro ignora os...

... avisos de Cavaco Silva. É do

domínio público que faz parte

da personalidade de Cavaco

Silva, desde os tempos em que

foi primeiro-ministro, ser sisudo,

mas (...) na tomada de posse do

novo Governo mostrou um ar

mais do que carrancudo. Porquê,

senhor Presidente da República?

O Governo agora empossado não

vem da Assembleia da República,

e é ao Parlamento que responde

politicamente? Felizmente, senhor

Presidente, que o seu mandato

está a terminar, para seu bem,

e, de certeza, para milhões de

portugueses. E não se esqueça

deste velho provérbio: “O último a

rir é o que ri melhor...”

Tomaz Albuquerque, Lisboa

Obrigado, frei Bento Domingues!

Frei Bento Domingues é uma

das personalidades da Igreja

portuguesa que me habituei a

ler e com quem muito tenho

aprendido. Homem de muitas

e abrangentes leituras, é

sobretudo um homem de grande

Pensamento que consegue

magistralmente sintetizar nas

crónicas que partilha connosco.

Ensina-nos imenso, não

tanto pelo que nos diz, o que

já é muitíssimo, mas sobretudo

pelo que nos ajuda a refl ectir e a

descobrir por nós próprios.

E são estes, os caminhos que

desbravamos e abrimos com as

nossas próprias mãos, os únicos

que enquanto cidadãos inteiros

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

deveríamos todos percorrer.

No seu belíssimo artigo de

[dia 22] no PÚBLICO, frei Bento

Domingues alerta-nos para

o perigo dos que, do alto do

seu palco feito de certezas e

sobranceria, autoproclamando-

se únicos detentores da Verdade

Absoluta, anunciam ao som dos

tambores que “só a verdade tem

direito a afi rmar-se e a defender-

se publicamente. Para o erro não

pode haver nem tolerância nem

liberdade”.

Hoje são os demónios à solta

dos terroristas do Estado Islâmico,

como ontem foram os fascismos e

os estalinismos que atormentaram

a Humanidade! As vitórias dos

terroristas de hoje e dos herdeiros

dos criminosos genocidas de

ontem só podem prenunciar a

nossa Desgraça!

Ouçamos pois frei Bento

Domingues!

Hélder Pancadas, Sobreda

Page 53: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 53

BARTOON LUÍS AFONSO

Deus não passa por nós a correr

1. Não esperava que me viessem pedir

contas por Deus não ter feito nada

para impedir o massacre de Paris.

Essas pessoas acabaram por concluir

que tinham batido à porta errada.

Sugeri-lhes, com toda a paciência,

que falassem directamente com

Ele e aproveitassem o encontro

para se esclarecerem acerca de

todas as guerras e violências que,

até em seu nome, foram desencadeadas ao

longo da História. Algumas das narradas na

Bíblia Hebraica até passaram a ser glorifi cadas

na Liturgia católica, como acontece, por

exemplo, na própria Vigília Pascal. Isto sem

falar na recitação e canto de alguns salmos

especialmente violentos!

Como não me lembro de ter, alguma vez,

atribuído a Deus as asneiras da iniciativa

humana ou os desconcertos da natureza, não

me sinto atraído a abordar casos de polícia

como altamente religioso-teológicos. Tanto os

que o culpabilizam como os que o absolvem

sabem demasiado da divindade. Não se

dão conta que Deus, em si mesmo, nos é

totalmente desconhecido (omnino ignoto).

Fui vacinado, muito cedo, pela corrente

mística da teologia negativa ou apofática. Esta

prática teológica tem o bom senso de fazer

acompanhar todas as afi rmações, acerca

da divindade, de uma luminosa negação

anti-idolátrica. A paradoxal oração do

dominicano alemão, Mestre Eckhart (1260-

1327) — Deus, livra-me de Deus — confessa, de

modo enérgico, que não nos podemos fi ar

nas fórmulas que julgam apanhar Deus na

sua rede. S. Tomás de Aquino sustentou que

a própria letra dos Evangelhos, sem o sopro

libertador do Espírito, se pode tornar uma

prisão, uma letra que mata.

Quando me entregaram o grande roteiro

da viagem teológica para principiantes, a

Suma Teológica, fui logo avisado, pelo autor,

de que não iria passar a saber como era

Deus, mas sobretudo como Ele não era, Deus

conhecido como desconhecido [i].

No âmbito religioso, pelo salto de

signifi cação que permite, a linguagem

metafórica é a menos inconveniente. Na

grande poesia e na grande música todas as

viagens são possíveis, mistério do Mundo,

mistério de Deus.

2. Ao falarmos tanto, sobretudo desde

o séc. XIX, da morte de Deus, do silêncio

de Deus, de se lançar a suspeita sobre tudo

o que se relacionava com as religiões, foi

esquecido um pequeno pormenor: tomou-

se uma importantíssima questão cultural

da modernidade europeia, como se fosse

o retrato da situação religiosa universal.

Resultado: não entendemos o que se está a

passar na Europa, nem no resto do mundo.

Não sabemos qual o sentido da civilização que

herdamos, nem a que estamos a construir.

Vivemos num mundo de negócios. Sem

negócios não se pode viver. Estes são cada vez

mais globalizados. Mas o negócio dos negócios

é o comércio de seres humanos e de armas.

Chegámos a um ponto em que sem a indústria

bélica, muita gente iria para o desemprego. Com

o seu uso, muita gente vai para o cemitério.

Quando se pensava que o tempo das guerras

religiosas, das Inquisições, das Cruzadas tinha

acabado, reaparece a união entre armas e

religião, em pleno coração da Europa. Os

pseudo-religiosos, os terroristas, usam as armas

em nome de Deus. Os laicos usam as armas para

se defenderem dessa religião, confessando,

e ainda bem, um respeito sagrado pelas

religiões que ignoram. Petróleo oblige.

3. Quando João Paulo II se opôs, da forma

mais fi rme, à guerra no Iraque, ignoraram-

no. Ele estaria a defender os interesses

cristãos da zona. Quando o Papa Francisco

advertiu que era urgente suster a calamidade

do Estado Islâmico, uns ignoraram-no,

outros comentaram: o pacifi sta converteu-se

à guerra justa. Também ele estaria a defender

os cristãos dos massacres que os tinham por

alvo preferencial.

Não basta intensifi car o diálogo inter-

religioso, embora seja muitíssimo importante

que todos confessem que um deus que incita

à violência gera uma religião diabólica, uma

anti-religião.

Religiosos e não religiosos, místicos ou ateus

teremos de aprender a viver no mesmo mundo,

não como uma fatalidade, mas como uma

oportunidade de nos tornarmos mais humanos,

com o contributo de todos. Os cépticos dirão

que não passa de uma utopia, mas que seria

de nós sem aquilo que nos faz andar?

A liturgia católica celebrou, no domingo

passado, Jesus Cristo Rei do Universo, ajuda

difícil para as monarquias em difi culdades.

É um rei coroado de espinhos e cravado na

cruz. Ele próprio confessou que não era o

poder que lhe interessava. Se assim fosse teria

organizado um exército. Para ele só contava a

alegria da vida humana, a sua verdade última.

Assim terminava o

ano litúrgico. Hoje

recomeça, com o

Advento, mas Deus

na sua caminhada

com os seres

humanos não passa a

correr.

Segundo o Novo

Testamento, adopta

os ritmos e os zigue-

zagues da história

humana, para que

ninguém se sinta

perdido. Insere-se

nos seus movimentos

para abrir brechas de

esperança.

Na situação

actual, parece que

ninguém sabe para

onde caminha a

nossa civilização que, ao mesmo tempo que

se globaliza, se despedaça em fragmentos

irreconhecíveis, esquecendo que somos todos

migrantes da mesma promessa.

Não passemos este Advento a correr.

Precisamos de tempo para nascer de novo,

para descobrir que outro rumo e outra vida

são possíveis.

[i] S.T, I, q.2, prol.; q, 13, a.4; Super Boet. De Trini.

q. 2 a. 2 ad 1.

Escreve ao domingo

Precisamos de tempo para nascer de novo, para descobrir que outro rumo e outra vida são possíveis

Frei Bento Domingues O.P.

Falar à bebezinho

É óptima a série Master of None de

Aziz Ansari. Ansari escreve com

humor, mas também com pontaria,

bondade e uma antiquada mas

hoje revolucionária boa educação.

O verdadeiro herói da série são

os EUA. É também o vilão, claro,

mas a esse papel já estamos mais

habituados. Numa só geração o

personagem principal, Dev, torna-

se americano sem esforço nenhum que

não conseguir comunicar com a geração

dos pais, imigrantes vindos da Índia e lutar

contra o racismo sempre presente, com

veemência mas com bonomia.

Dev é um indivíduo civilizado que se

diverte a tentar deixar-se corromper

pelo egoísmo, pela insensibilidade e pelo

superfi cialismo da vida de solteiros e

casados de Nova Iorque.

Inteligente e bem-educado, Dev é um

altruísta e um humanista confi dencial. É

para a empatia e para a solidariedade que a

alma dele o puxa. O pior é o resto, a começar

pela facilidade humaníssima com que, à

maneira de Wilde, é capaz de resistir a tudo

menos a uma tentação.

Dois senões: os melhores episódios são os

quatro primeiros, o que depois desanima um

bocadinho, embora não corte o vício de ver

a série até ao fi m. Pior (mas cada vez mais

típico da maioria das séries e dos fi lmes dos

EUA) é a maneira infantilizada e mimalha

de falar. O baby talk não só é irritante como

amiúde incompreensível. Começou com as

actrizes, mas agora chegou aos actores. Em

Master of None o pior linguajar de querubim

vem do próprio Aziz Ansari.

Será tarde de mais para arrepiar caminho?

Será.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

Page 54: publico.29.11.2015

54 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015

Rupturas. À direita e à esquerda

1.Na noite de 4 Outubro, animados

por uma vitória já esperada, mas,

mesmo assim, saborosa ao fi m

de quatro anos de austeridade, a

anterior coligação PSD-PP suspirou

de alívio. Depois de uma campanha

perfeitamente orquestrada para

atrair o centro na linguagem (Passos

Coelho elegeu a desigualdade como

um dos grandes objectivos da sua

segunda missão), vazia de conteúdo e cheia

de falsas promessas, teria à sua disposição

um Partido Socialista vergado pela derrota,

com uma nova liderança mais disponível

para “salvar” a Pátria, servindo de apoio

ao novo Governo. O raciocínio seria válido,

porventura, se fosse outro o líder socialista.

Francisco Assis, que refl ecte bem nos seus

escritos sobre os conceitos que defi nem o

centro-esquerda e a democracia ocidental,

citando Bobbio, seria, precisamente

por isso, um líder fraco e maleável. Sem

qualquer antipatia pessoal, os líderes não

citam teóricos (embora seja recomendável

que os leiam) para afi rmar as suas posições,

e a crise europeia está a provocar uma

verdadeira tempestade na paisagem política

dos seus Estados-membros. Imagina-se e

até se desculpa a sua frustração, quando

perceberam que a estratégia socialista seria

outra, pela qual ninguém esperava. Traduz-

se numa profunda mudança no sistema

de partidos, que pode ser duradoura ou

acabar por revelar-se um engano. Mas não

se pode desculpar o PSD de duas coisas

fundamentais que contribuíram para

a situação que o fez entrar em choque.

Durante quatro anos Passos Coelho, que

se vê a si próprio como um líder com uma

missão, recusou qualquer acordo com os

socialistas, como fazem os líderes que têm

uma missão e querem cumpri-la sem a

adulterar. Quando Cavaco Silva tentou uma

conciliação entre o PS e o Governo para

encontrarem pontos comuns nas reformas,

teve com certeza mais esperança na

maleabilidade de Seguro do que na vontade

de Passos. De qualquer modo, a ideia de

fazer do PS uma muleta da coligação nunca

passou pela cabeça do novo primeiro-

ministro. E é caso para perguntar: qual das

duas soluções, o “bloco central” alargado

ou uma coligação com a esquerda radical,

seria melhor para evitar um destino

pouco feliz para o PS, esvaziando-o para

a esquerda e para a direita. Com Soares, o

“bloco central” foi criado para enfrentar

uma crise de pagamentos insuportável e

não para governar depois dela.

2. A segunda questão é a ideologia que

enformava a missão do anterior primeiro-

ministro. O programa de ajustamento

deu-lhe jeito para justifi car uma “ruptura”

dentro do seu próprio partido, deixando

cair a sua versão mais social-democrata

para impor uma visão neoliberal da

economia e da sociedade, empurrando o

PSD para a direita. Pôde fazer esse corte,

que pôs de cabelos em pé a muitas fi guras

do velho PSD, por ser um líder forte.

Poderia ter compreendido que tinha à sua

frente um líder igualmente forte, disposto,

também ele, a operar uma ruptura nas

águas mornas da política portuguesa.

Foi o que Costa fez, cumprindo todos os

preceitos constitucionais e democráticos e

conseguindo um “feito histórico” que não

era considerado como possível.

Durante anos e anos o PCP “serviu” a

direita, ao estar sempre contra o PS, defi nido

como o seu “inimigo principal”. Depois do

Governo anterior,

seria difícil fazer

a mesma coisa

sem desiludir o

eleitorado que lhe

resta. Jerónimo, com

toda a sua simpatia,

é um duro e um

crente na convicção

de que o marxismo-

leninismo viria a ter

um segundo fôlego

na próxima crise do

capitalismo (como

ensinava Marx,

embora se tenha

enganado). Era uma

questão de fé num

passado que não

voltará. Percebe-se a

sua incomodidade.

O peso da sua

história prende-o ao passado e não tem uma

ideia que se encaixe na realidade económica

e social das democracias. Este será o maior

risco que Costa enfrenta à sua esquerda,

não porque Jerónimo esteja a enganá-lo

deliberadamente, mas porque faz parte da

natureza das coisas. É bom lembrar que

hoje a capacidade de mobilização do PC

está quase exclusivamente centrada nos

funcionários públicos e nos trabalhadores

das empresas públicas. Como dizia, sempre

com enorme vigor, Silva Lopes, o PCP

defendia os protegidos e pouco ligava aos

desprotegidos. O Bloco é outra coisa. Tem

uma história bastante mais pequena e muito

menos “gloriosa” de oposição ao sistema

capitalista e às democracias liberais. Pode

mais facilmente adaptar-se à realidade

europeia, seguindo o exemplo do Syriza,

mesmo que a sua palavra seja menos fi ável

do que a de Jerónimo, a sua maleabilidade é

maior.

3. António Costa sabe que as obrigações

europeias que vai ter de cumprir tanto

deixam indiferente o Bloco como o PCP.

Como sabe que a instabilidade europeia e

mundial podem fazer falhar as previsões

mais optimistas. Mas a Europa é o quadro

em que tem de agir em muitos domínios.

Uma coisa é certa, a forma como geriu o

caminho para esta mudança radical: a sua

capacidade política, a sua endurance e a

sua determinação fi caram atestadas sem

espaço para qualquer dúvida, confi rmando

as razões pelas quais era ele o “desejado” e

o mais brilhante socialista da sua geração.

A direita entrou em histeria e passou ao

insulto, mesmo alguma que se previa mais

moderada. O PS aparou o golpe com alguma

turbulência que rapidamente desapareceu,

como se provou nas votações da comissão

política e da comissão nacional (foi aí

que Assis percebeu que estava sozinho).

Nada o conseguiu perturbar ou desviar da

trajectória que defi niu. Provou que tem

nervos de aço. O trabalho que desenvolveu

Portugal tem de se manter fiel às alianças que definem o seu espaço político e estratégico

Jornalista. Escreve ao domingo

com o novo ministro das Finanças,

Mário Centeno, e outros economistas

competentes ao longo de meses permitiu-

lhe estar preparado para as negociações à

sua esquerda. O Governo que escolheu é

moderado e, no geral, parece competente.

O discurso que proferiu no Palácio da Ajuda

foi claro, realista, sereno mas também

mobilizador.

4. Se Marcelo for eleito, Costa terá um

forte aliado institucional para ir resolvendo

as curvas mais apertadas. Até agora, em

todas as suas intervenções, Marcelo apenas

demonstrou bom senso, independência

e uma visão centrista que pode ajudar a

“reunir” de novo o país. Em profundo

contraste com o comportamento de Cavaco

Silva, crispado, amuado, ressabiado,

desorientado, anunciando um triste fi m

para a sua presidência, que foi a mais

impopular desde a democracia. Falhou

na tentativa de criar consensos entre o

Governo e o PS (nem Passos, nem a maioria

do PS os queriam). Tergiversou entre as

suas convicções keynesianas e o programa

liberal do Governo. Nesta fase fi nal, apenas

usava da palavra para se auto-elogiar e para

tentar apagar as nódoas que fi carão na sua

biografi a. O diálogo nunca foi o seu forte,

mas nos últimos dias ultrapassou tudo o

que se poderia imaginar.

5. Portugal tem de se manter fi el às

alianças que defi nem o seu espaço político

e estratégico: a União Europeia e a NATO.

Tem de estar presente, se quer contribuir

para as respostas aos desafi os enormes

que a Europa enfrenta. O PCP habituou-

se a utilizar, desde o tempo de Cunhal,

uma bengala para afastar as questões

incómodas sobre o regime soviético, com

os seus crimes e a sua miséria: “O que nos

interessa é Portugal.” Pode continuar a

dizer a mesma coisa? Mas quando ouvimos

Louçã dizer, com um ar de quem nos quer

orientar para a verdade, que a questão do

apoio militar à França contra o Daesh nem

sequer se põe, por tão absurda que é (diz

ele), fi camos a pensar que não é só no défi ce

que António Costa vai ter muito trabalho.

Terá também à sua frente uma direita ainda

ansiosa de vingança, que aposta tudo na

inevitabilidade de o PC e o Bloco roerem a

corda, abrindo as portas a novas eleições. Se

continuar com esta estratégia e o Governo

não cair tão depressa, não irá longe.

A minha geração, que lutou contra o

fascismo e contra o golpe comunista depois

do 25 de Abril, tem muita difi culdade

em olhar para o PCP com a mínima boa

vontade. Com as gerações mais novas

talvez seja diferente. Imagino muita gente

a perguntar-se a si própria quem é aquele

senhor careca e de barbicha que está em

cima da cabeça de António Costa no cartaz

da JSD. Mas, como sempre em democracia,

não há soluções perfeitas.

NUNO FERREIRA SANTOS

A capacidade política de Costa, a sua endurance e a sua determinação ficaram atestadas

Teresa de SousaSem fronteiras

Page 55: publico.29.11.2015

PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 55

A legitimação dos comentaristas

O processo que se desenvolveu

na Assembleia da República

até à formação do Governo

que, na quinta-feira passada,

tomou posse fez colocar da

parte dos partidos vários

conceitos de legitimidade.

Legitimidade política,

legitimidade constitucional,

legitimidade parlamentar

foram invocadas conforme mais lhes

convinha. Mas a discussão destes conceitos

ainda é a componente mais cavalheiresca

de uma “guerrilha” discursiva partidária e

parlamentar que vai ser uma continuada

ordem do dia, sejam quais sejam os

pontos em agenda. E, prevendo este

conturbado contexto, talvez seja oportuno

falar da legitimidade comunicacional.

Mais concretamente da legitimação dos

narradores das situações, das palavras e

das coisas.

Não nos esqueçamos de que assim como

há deputados com assento permanente

na Assembleia da República, também

há narradores profi ssionais com assento

permanente na AR. A actividade política

e parlamentar sem o prolongamento que

lhes dão os media não existe.

Inspira-me nesta refl exão que hoje

trago a esta página um artigo de António

Guerreiro escrito na sua Estação

Meteorológica, inserta semanalmente no

Ípsilon, suplemento do PÚBLICO. Sob

o título “Comentaristas e politólogos”

(22/10/2015) diz António Guerreiro: “O

chamado ‘comentário político’ — na

televisão, na rádio, nos jornais — tornou-se

um lugar de convívio e de tertúlia, onde se

encenam consensos e polémicas, acordos

e beligerâncias. Um exército armado de

painelistas e comentadores capturou a

esfera pública e assegura a prossecução

desta festa diária que em momentos

críticos e de irrupção de algo novo, como

este que estamos a viver, se torna uma

torrente de discursos que nos sufocam

e sufocam tudo. Trata-se de um exército

de elite que tem a seu cargo a acção de

modifi car aquilo em que toca.”

De facto, parece-me ter havido

uma evolução do paradigma do

sistema jornalístico, hoje em dia

predominantemente dominado pelo

comentário (políticos transvertidos

em jornalistas, jornalistas na pele de

políticos), ou, se quiserem, sobretudo

focado no contar de estórias, no discorrer

das narrativas construídas para contrariar

o imediatismo da notícia que, neste

turbilhão vertiginoso dos acontecimentos

localizados num espaço global, nasce

e morre repentinamente. E esta nova

caracterização do sistema mediático não

é só verifi cável na informação digital, mas

também nos media audiovisuais e até na

imprensa, mesmo a mais circunspecta.

Daí, para o entendimento da ética

jornalística em novos parâmetros, parece-

me fundamental enunciar, perceber e

justifi car o papel

do comentador.

As televisões

e as rádios

multiplicaram esta

comunidade imensa

de comentadores.

Há painéis a

todas as horas e

simultaneamente

em quase todos

os canais de

informação. Não

há um noticiário

que não tenha um

“frente-a-frente”,

um debate, um

confronto entre “as

palavras e os actos”,

constituídos, aliás,

para dar ao grande

público (e daí a sua

responsabilidade) o próprio entendimento

a tirar das notícias, dos acontecimentos.

Este prolongamento do actual ecossistema

mediático é replicado nos jornais com

as suas longas páginas de comentários,

como acontece no PÚBLICO, com o seu

habitual Espaço Público. Aliás, registe-

se que, hoje, há jornais digitais que são

fundamentalmente comentário(s).

Não deixa, portanto, de ser oportuno

considerar a legitimação comunicacional

que os comentadores constroem sobre os

factos, os eventos, as situações. E não ter

em conta este seu papel e determinante

importância no sistema comunicacional

é destituir o funcionamento e a efi cácia

da ordem informativa. Os comentadores

Os comentadores são directos legitimadores da nova ordem mediática

Parece-me fundamental enunciar, perceber e justificar o papel do comentador

José Manuel Paquete de OliveiraProvedor do Leitor

Escreve ao [email protected]

Blogue – Provedor do Leitor do PÚBLICO http://blogues.publico.pt/provedordoleitor/

CORREIO LEITORES/PROVEDORTítulos e conteúdosDo leitor Pedro Carneiro recebi o seguinte reparo: “Na edição do hoje do PÚBLICO (25/11/15) a notícia da página 2, o novo Governo em formação, tem como título: ‘Governo de combate político coloca Assuntos Europeus nos Negócios Estrangeiros.’ Na página 4, sobre os membros que constituem o Governo, o título é: ‘Muitas caras conhecidas que conhecem os cantos aos ministérios.’ No editorial, sobre o mesmo tema, pode ler-se: ‘(...) Em vez de um governo de combate, com predomínio das áreas políticas e com forte tutela de ministros políticos, temos, pelo contrário, uma equipa com muita gente sem experiência governativa (...).’”Parece-me que o/a responsável pelo editorial não terá sido a mesma pessoa a decidir dos cabeçalhos das notícias sobre o novo Governo — o que me parece estranho, pois sei que os títulos das notícias não são, as mais das vezes, ou sempre, da responsabilidade do jornalista que assina

a notícia, mas sim da direcção editorial do jornal.

O fim dos exames do 4.º anoEscreve o leitor Pedro Félix: “Fui, até há 30 minutos, um leitor do PÚBLICO. Um leitor desde praticamente o início de publicação do jornal. Com o tempo, e com a ‘crise’, fomo-nos habituando a uma redução drástica da qualidade dos artigos. Habituámo-nos a que só veiculassem certas notícias, que tivessem pouco apetite para o contraditório, que até enchessem páginas de erros ortográficos e gramaticais dos mais básicos. Mas hoje, (27/11/2015), com o artigo ‘Fim dos exames do 4º ano: as crianças andaram três anos a treinar ‘para nada’?’ foi o chegar ao fim da linha. (...) É com muita pena que me despeço hoje do PÚBLICO. Foi em tempos um jornal sério.”Comentário:Contactei a jornalista Graça Barbosa Ribeiro, autora do texto, que me confirmou a opinião pessoal que eu próprio formara

sobre o artigo: “Fui fazer reportagem a uma escola e o que descrevi foi o que vi e ouvi (e que, aliás, me surpreendeu). As expressões ‘treinar’ e ‘para nada’ foram usadas por crianças. Mas também pelos professores e ainda, desde que os exames foram instituídos, pelos maiores críticos dessas provas. Ao usá-las não estou, naturalmente, a defender ‘o treino para exames’ como a solução para a melhoria da qualidade do ensino básico.”Sinceramente, interpreto que a reacção do leitor se fica a dever à sua discordância da anulação deste exame votada na Assembleia da República. Efectivamente, a construção do título pode induzir uma tomada de posição da jornalista ou até do próprio PÚBLICO.Pode ser discutível, mas a jornalista limita-se a transcrever uma série de depoimentos, devidamente identificados, e não toma posição. Por não ter espaço suficiente nesta página transcrevo no blogue, na íntegra, o seu comentário.

ENRIC VIVES-RUBIOsão directos legitimadores da nova ordem

mediática. Não admira, por isso, que,

quando confrontados, por exemplo, com

a nova ordem decisória do Parlamento

português, estejam ainda a rebuscar

novas fórmulas para os seus comentários.

Os narradores da actual vida política

têm difi culdade em compreender como

funciona um Parlamento com maiorias

de coligação e com maiorias de votação

somadas por quatro partidos que não se

fundiram uns nos outros, mas mantêm a

sua identidade, as suas linhas de força de

identifi cação, obviamente, muito diversas.

Não deixa, por isso, de ser interessante,

e signifi cativo, o tempo que gastam a

“pitonisar” o tempo de durabilidade desta

“nova ordem” de votação. Quando um

governo tem maioria coligada, é sempre

imediato o resultado de qualquer votação.

E não se pense que, com esta

generalização de tema, estou a escamotear

o que, porventura, se passa cá por casa,

no PÚBLICO, onde sou provedor do

Leitor. Esta teorização generalizada sobre

a função legitimadora do discurso dos

comentadores inclui, obviamente, as

responsabilidades dos nossos e até pode

ser entendida como uma recomendação

à refl exão da direcção, das editorias e dos

jornalistas comentaristas.

Page 56: publico.29.11.2015

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ESCRITO NA PEDRA

“O tempo é um químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais” Machado de Assis (1839-1908), escritor brasileiro

DOM 29 NOV 2015

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de 100% de capital: Sonaecom, SGPS, S.A. Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Urbanos Press – Rua 1.º de Maio, Centro Empresarial da Granja, Junqueira, 2625-717 Vialonga, Telef.: 211544200 Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Outubro 33.573 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

Marca de roupa portuguesa sobreviveu à insolvência e planeia abrir mais lojas p26

Norte-americano de 57 anos abateu dois civis e um polícia no Colorado p32

Goleador do líder Leicester City bateu recorde que era de Ruud van Nistelrooy p50

Antigo fornecedor e 1,5 milhões dão novo fôlego à Throttleman

Ataque a clínica que realiza abortos faz três mortos nos EUA

Vardey marca na liga inglesa há 11 jornadas seguidas

Totoloto

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OPINIÃO

A direita que tenha juízo

Oeleitorado da direita,

depois de andar uns dias

de cabeça perdida, como

se o dr. Costa fosse uma

nova versão do apocalipse,

começa agora a tentar

viver com o mundo que temos.

Uns, como sempre, e já disse

isso anteontem, procuram um

lugar quentinho neste inesperado

regime de esquerda: um ministro

conhecido, um secretário de

Estado vaidoso e abordável,

uma velha amiga que de repente

apareceu num lugar importante.

Vasco Pulido Valente

Outros, na televisão e nos jornais,

descobrem de mansinho virtudes

na política do PS e ajudam com

aprovação e o seu conselho. Era

de esperar. De resto, as várias

espécies, que se manifestam no

artigo e no queixume público,

tudo visto e considerado, não são

as mais perigosas. Perigosos são

os senhores de ontem, a quem

António Costa interrompeu um

futuro que julgavam brilhante.

A primeira ideia que lhes veio à

cabeça foi a de fazer uma oposição

geral e ferrenha a qualquer coisa

que saísse da esquerda, com a

marca infamante da ilegitimidade:

o que se compreendia se a

esquerda precisasse deles. Desta

carga de baioneta a intransigência

baixou para tácticas mais

subtis: votos sobre a Europa,

sobre o Orçamento ou sobre

assuntos miudinhos que não

incomodassem o português

pacífi co. Infelizmente a ambição (e

a frustração) de alguns rebanhos

de patetas do PSD e do CDS

descobriu que, temporariamente

impossível a ascensão no Estado,

ainda lhes fi cava uma carreira

no partido. Apareceram então

murmúrios sobre a utilidade do

fi m da coligação e da necessidade

que Costa haveria de ter, talvez

dentro de um ano ou menos, de

se voltar para a direita. O conúbio

com o inimigo não lhes parecia

torpe, passava por uma enorme

esperteza.

Só pensavam no afastamento

de Coelho e Portas, que seriam

sem dúvida um obstáculo, para

arranjar uma frincha por onde

se meter. Publicaram artigos

doutos nos jornais e mostraram

publicamente as suas dúvidas. Não

perceberam na sua ingenuidade

que a direita e a esquerda estão

separadas por mais do que um

incidente eleitoral e que hoje

a menor condescendência ou

entendimento com Costa (não

justifi cada por um óbvio interesse

nacional) equivaleria ao suicídio

do autor da façanha: na altura

em que o Bloco, o PC e o PS se

uniam, a coligação que aguentara

os quatro anos de crise caía aos

bocados por falta de poder e

disciplina ou, mais francamente,

por falta de bananas para a

macacada. Pedro Passos Coelho e

Paulo Portas não se propõem com

certeza cometer esse erro trágico.

MIGUEL MANSO

As autoridades egípcias estão “deses-

peradas por boas notícias” e ontem

puderam fi nalmente dá-las: os resul-

tados preliminares das análises con-

duzidas por uma equipa internacio-

nal liderada pelo egiptólogo Nicholas

Reeves apontam fortemente para a

existência de uma segunda câmara

funerária até aqui oculta por trás da

parede norte no túmulo de Tutancá-

mon. “Tínhamos dito que havia 60%

de hipóteses de haver alguma coisa

atrás destas paredes. Mas agora, após

uma primeira leitura das imagens ob-

tidas por radar, podemos afi rmar que

essa probabilidade é afi nal de 90%”,

afi rmou ontem, no Vale dos Reis, o

ministro das Antiguidades Egípcias

Mahmoud al-Damaty.

Tratando-se ou não do sarcófago

de Nefertiti, como Reeves ardente-

mente defende, as autoridades egíp-

cias acreditam que o que quer que ali

venha a ser encontrado, selado atrás

de uma parede há vários milhares de

anos, pode constituir “o achado do

século XXI” — na era moderna, ape-

nas o túmulo de Tutancámon foi des-

A descoberta do túmulo de Nefertiti pode estar mais perto do que nunca

coberto intacto, com o seu tesouro de

mais de cinco mil peças que demo-

rou quase uma década a catalogar.

Ao longo do próximo mês, as

imagens obtidas pelo especialista

Hirokatsu Watanabe com um radar

especialmente adaptado às difíceis

condições geotérmicas e à relativa

exiguidade do túmulo de Tutancá-

mon serão sujeitas a uma minuciosa

análise no Japão. Se tudo correr co-

mo espera o egiptólogo britânico que

convenceu as autoridades egípcias

a reavaliar aquele que é o grande ex

libris do Vale dos Reis, as conclusões

fi nais desta investigação confi rmarão

a sua tese de que o mausoléu ainda

não foi integralmente escavado.

“Parece claro que, como predisse,

o túmulo continua. O radar sugere

que a câmara funerária [de Tutan-

cámon] se prolonga ao longo de um

corredor que desemboca noutra

câmara funerária”, sublinhou Ree-

ves, secundado pelo perito japonês.

“Existe de facto um espaço vazio

atrás da parede, não há qualquer dú-

vida. Neste momento, porém, ainda

não podemos fazer cálculos”, disse

Watanabe, citado pela Reuters.

ArqueologiaInês Nadais

As análises conduzidas no túmulo de Tutancámon sugerem que é “90% certa” a existência de uma câmara funerária oculta

Autoridades egípcias crêem que o que quer que venha a ser encontrado pode ser “o achado do séc. XXI”

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