publico.29.11.2015
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Mais de 120 mil polícias e militares protegemCimeira do Clima Altos representantes de 196 países reúnem-se a partir de amanhã, em Paris, para tentar obter um acordo capaz de travar o aquecimento global. Após os atentados terroristas de dia 13, a segurança é um quebra-cabeças Destaque 4 a 9
Separadas por 350 metros, duas “manifs” mostraram as suas diferenças p18
Mercado negro, fronteiras porosas, acesso a recursos naturais e roubo são as principais estratégias p30/31
Nabos para Cavaco no Camões, vaias para Costa no Carmo
Como o Estado Islâmico se consegue financiar
ARMÉNIO CARLOS“A MELHOR FORMA DE ESTE GOVERNO GARANTIR A ESTABILIDADE É CUMPRIR AS PROMESSAS QUE FEZ”Destaque, 12 a 16
DANIEL ROCHA
O INFERNOSÃO AS FINANÇASIMPOSTOS
Afinal os computadores não eram como a mini-saia p20/21DOM 29 NOV 2015EDIÇÃO LISBOA
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2 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
CARAS DA SEMANA
François HollandeO incansávelTem sido notável o seu empenho em
alargar a coligação contra o EI
Desde 13 de Novembro, data dos
atentados terroristas que fi zeram
130 mortos na capital francesa,
que François Hollande não tem
parado. Tomadas as medidas
internas que se impunham, o
Presidente gaulês virou-se para
o plano externo com a intenção
de alargar a frente de combate
ao autoproclamado Estado
Islâmico na Síria e no Iraque. Foi
a Washington e Moscovo, recebeu
Cameron e Merkel, em Paris, e
ninguém lhe regateou apoios. Mas
ainda não conseguiu o seu grande
objectivo estratégico: alargar à
Rússia a coligação internacional
de combate ao EI. As objecções
são imensas, mas talvez o
incansável Hollande não desista.
Maurício MacriO furacãoO sucessor de Cristina Kirchner vai
mudar tudo na Argentina
O vencedor das presidenciais
desta semana, na Argentina,
marca uma viragem à direita na
política do país. Engenheiro de
formação, começou a trabalhar
nas empresas do país, foi
presidente do conhecido clube
de futebol Boca Juniores e só no
fi nal da década de 90 se começou
a aproximar da política. Desde
aí não parou, sobretudo depois
de criar o seu próprio partido,
em 2003, pelo qual foi eleito
deputado e presidente da câmara
de Buenos Aires. Concorreu e
venceu agora à frente da coligação
de centro-direita Mudemos com
uma agenda para reformular a
economia e realinhar o seu país na
cena internacional.
EDITORIAL
Surpresas à esquerda
A cerimónia de tomada de posse do XXI
Governo foi a mais representativa
desde há dezenas de anos. Nenhum
dos partidos com assento parlamentar
faltou, mesmo o Bloco de Esquerda
e os Verdes que nunca participaram, ou
o PCP, que há muito deixara de se fazer
representar nestes actos protocolares.
Depois das evidentes difi culdades na
negociação dos acordos entre o PS e os
partidos à sua esquerda, é óbvio que a
presença de importantes dirigentes destas
forças políticas no Palácio da Ajuda tem
um simbolismo que vai muito para além da
mera presença física. É como se este fosse
também um acto de renovado empenho
no compromisso estabelecido com os
socialistas e uma prova de pública aposta
num governo pelo qual também serão
chamados a responder, independentemente
PS, BE, PCP e Verdes aprofundam acordos. A direita tem ajudado
do que se vier a passar daqui para a frente.
De resto, provas de uma real cooperação
entre a esquerda parlamentar estão a ser
dadas todos os dias em rituais que, pelo
menos para já, procuram estabelecer
canais de diálogo permanente para evitar
confl itos e acertar estratégias. Remeter para
a comissão da especialidade a discussão
de diplomas sobre os quais ainda não há
entendimento, como o ritmo da devolução
de salários e pensões ou a reversão das
subconcessões nos transportes, revela
um mundo de difi culdades entre as
partes, mas sinaliza também o sentido
de urgência de um processo negocial
que todos reconhecem ser decisivo neste
contexto. Mas a maior prova de que todos
os protagonistas estão empenhados neste
“casamento” foi conhecida há dois dias,
quando se soube que PS, PCP, Bloco e
Verdes vão passar a reunir-se às terças-
feiras, na Assembleia da República, para
concertar posições. Ninguém acreditaria
nesta possibilidade há duas ou três semanas,
frescas que persistem na memória as
peripécias à volta das negociações entre os
partidos de esquerda. As picardias entre
bloquistas e comunistas, a impossibilidade
DOMINGOPÚBLICO
de uma reunião conjunta, a assinatura dos
acordos à porta fechada, enfi m, tudo isto
contribuiu para as contas de quem encara
o Governo recém-empossado como uma
solução a prazo, talvez incapaz de resistir
a um segundo orçamento. Mas quem tem
presente o conturbado processo histórico
de encontros e desencontros entre PSD
e CDS nos últimos 20 anos percebe a
dimensão deste passo agora dado por
uma esquerda desavinda há quatro
décadas, mas que concordou agora em
sentar-se todas as semanas à mesma mesa
para negociar, ou seja, para se entender.
Paradoxalmente, foi a violência da reacção
da direita e o comportamento menos
arbitral e mais alinhado do Presidente
da República que cozinharam o caldo de
cultura necessário para consolidar este
entendimento à esquerda. Esta percebeu
que três “acordos” inorgânicos, demasiado
particulares, mas excessivamente vagos,
não chegam para legitimar uma solução,
nem dar solidez e estabilidade a um
governo. E muito menos para enfrentar
Passos e Portas, agora instalados nas
bancadas de S. Bento. Por isso decidiu ir
em peso à Ajuda marcar território.
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 3
Ana Sofi a AntunesA pioneiraA primeira cega no Governo está no
cargo por mérito próprio
Não há ninguém melhor para
perceber a condição de defi ciente
do que alguém portador de
defi ciência. Daí que Ana Sofi a
Antunes, cega de nascença,
seja a pessoa certa para ocupar
o novo cargo de secretária de
Estado da Inclusão das Pessoas
com Defi ciência. Convém, no
entanto, assinalar que a nova
governante não cai de pára-
quedas no Governo. Ela tem uma
história académica, profi ssional e
como activista das causas ligadas
à inclusão e à igualdade que a
qualifi cam quer para este, quer
para muitos outros cargos. Como
precursora neste posto, cabe-lhe a
difícil tarefa de o tornar defi nitivo
— o que não é coisa pouca.
Rui SilvestreCom estrelaUma estrela Michelin para o Bon
Bon no Carvoeiro e um chef precoce
Nasceu em Valongo, mas vive no
Algarve desde criança e é aqui, no
Carvoeiro, que fi ca o restaurante
Bon Bon, premiado agora com a
prestigiada estrela Michelin. Com
esta distinção, Rui Silvestre, 29
anos, passa a integrar a elite da
restauração portuguesa como
um chef cujo potencial prenuncia
voos ainda mais altos. Basta olhar
para o seu currículo. Apesar da
juventude, este chef já esteve
em restaurantes com estrelas,
designadamente, dois em França,
um na Suíça e também no Costes,
de Budapeste. Está no Carvoeiro
há ano e meio, onde mudou tudo.
Diz que “pratica uma cozinha de
produto”, com muito peixe fresco
e sem grandes manipulações.
Sérgio MonteiroO afortunadoO nível salarial do antigo secretário
de Estado não é um assunto pacífi co
Sérgio Monteiro foi secretário
de Estado dos Transportes
no Governo de Pedro Passos
Coelho e deu a cara pelas várias
privatizações e pelas concessões
na área dos transportes. Foi a
experiência em vender activos no
Estado e o percurso profi ssional
na banca de investimento que
levaram o Banco de Portugal a
escolhê-lo para liderar o processo
de venda do Novo Banco. Mas
o salário que vai receber — na
ordem dos 30 mil euros brutos
por mês — está a provocar algum
desconforto e polémica não só no
supervisor, mas na própria CGD,
onde Sérgio Monteiro suspendeu
funções antes de ir para o
Governo.
Quem os viu e quem os vê António Costa
Não foi fácil chegar aqui, ao Palácio da Ajuda, para tomar posse como primeiro--ministro do XXI Governo. E isso sentiu--se nos próprios discursos da cerimónia, com o Presidente da República a fazer questão de sublinhar a falta de confi ança que tem na solidez desta solução e António Costa a responder--lhe invocando a legitimidade que lhe advém da “solidariedade de uma maioria parlamentar”, à qual entrega o juízo sobre sua acção. Mas grande parte dos discursos da passada quinta-feira já é passado, um passado que começou lá atrás, aos 14 anos, quando Costa decidiu inscrever-se no PS, construindo a carreira política sólida e a experiência que lhe permitiu aguentar com nervos de aço estes 54 dias, cujo desfecho chegou a ter contornos dramáticos. Mas agora começa um outro tempo. Indecifrável.
FOTÓ
GRA
FO
2015
“Timorenses têm enorme capacidade de perdoar aos que muito mal lhes fizeram
“Cavaco Silva sempre foi um político medíocre, temeroso e canhestro. Sai dapior maneira
“O que resta doprograma económicooriginal de um governo PS é uma salada russa sem salMiguel Sousa TavaresJornalista
Maria Filomena MónicaSocióloga
José Ramos-HortaEx-Presidente de Timor-Leste
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
CLIMA
O mundo novamente de olhos em Paris
Odia vai amanhecer nublado
em Paris. Mas quando
os chefes de Estados e
de governo começarem
a discursar no centro de
convenções de Le Bourget, a
norte da cidade, esperam-se abertas,
embora com aguaceiros.
A previsão meteorológica serve
com uma luva para retratar a at-
mosfera da decisiva cimeira climáti-
ca da ONU que começa amanhã na
capital francesa. Durante duas sema-
nas, quase duas centenas de países
tentarão aprovar um novo tratado
para conter o aquecimento global.
E, apesar de se esperarem difi culda-
des, nunca se esteve tão perto de um
acordo desde a aprovação do Proto-
colo de Quioto, em 1997.
“Está ao nosso alcance, mas ainda
não foi atingido”, resume o ministro
dos Negócios Estrangeiros francês,
Laurent Fabius, citado pela agência
France Presse. O objectivo do acor-
do é defi nir o que cada país tem de
fazer para evitar que a temperatura
da Terra suba mais de 2oC até ao fi m
do século.
No abertura, está confi rmada a
presença de pelo menos 149 chefes
de Estado e de governo, a despeito
dos receios motivados pelos ataques
terroristas de 13 de Novembro em
Paris. O primeiro-ministro, António
Costa, estará lá.
A segurança foi reforçada, as ma-
nifestações de rua canceladas. Cerca
de mil pessoas foram impedidas de
entrar em França nas últimas duas
semanas e 24 foram colocadas em
prisão domiciliária, devido ao risco
de protestos violentos. Há milhares
de agentes da autoridade nas frontei-
ras e nas ruas (ver página 7).
A conferência de Paris é conheci-
da como “COP21”, pois é a vigésima
Cimeira climática decisiva das Nações Unidas começa amanhã na capital francesa, duas semanas depois dos atentados terroristas de 13 de Novembro
Ricardo Garcia
WELCOME TO MY WORLD
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESTAQUE | 5
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primeira desde que foi aprovada a
Convenção Quadro das Nações Uni-
das para as Alterações Climáticas, em
1992. O Protocolo de Quioto, cinco
anos mais tarde, defi niu o que deve-
ria ser feito até 2012. Agora, vive-se
num hiato em que não há nenhum
compromisso adicional colectivo,
envolvendo todos os países, para
evitar que a actividade humana fa-
ça subir demasiado o termómetro
da Terra, provocando consequências
catastrófi cas.
É esta lacuna que a ONU quer
encerrar em Paris, ainda que par-
cialmente. Se for aprovado, o novo
acordo vigorará a partir de 2020,
com compromissos até 2030.
Substituir Quioto é imperativo. O
protocolo de 1997 vinculava apenas
os países desenvolvidos a reduzirem
as suas emissões de gases que aque-
cem o planeta. Hoje, quem mais lan-
ça CO2 para a atmosfera é a China.
Outras economias emergentes estão
Desde 2007 que se vem tentan-
do, formalmente, negociar um no-
vo acordo que comprometa todos
os países —pobres e ricos (ver caixa).
Em 2009, uma conferência climática
em Copenhaga que seria decisiva re-
sultou em fracasso. Agora, seis anos
depois, chega-se um novo momento
da verdade.
O que está em cima da mesa agora,
no entanto, é algo completamente
diferente. Desde o falhanço de Co-
penhaga, tem sido trilhado outro
caminho, no qual os países dizem,
voluntariamente, o que podem fa-
no topo da lista: a Índia em terceiro, o
Brasil em sexto, o México em décimo.
Além disso, Quioto foi abandona-
do pelos Estados Unidos em 2001 e
por outros países mais tarde. A sua
renovação até 2020 só foi subscrita
por nações que representam 11% das
emissões globais de gases com efeito
de estufa. “Está vazio”, afi rma Pedro
Barata, da consultora Get2C e que
durante anos fez parte da delegação
portuguesa nas negociações. “Não
vai haver uma fase três do Protocolo
de Quioto. Chegamos a 2020 e fecha-
mos a loja”, completa.
JACKY NAEGELEN/REUTERS
A cimeira decorre no centro de convenções de Le Bourget, Paris
zer para ajudar na luta climática. As
Nações Unidas pediram a todos que
apresentassem, antes de Paris, as su-
as “contribuições nacionais”.
Quase todos o fi zeram. Até este sá-
bado, havia 155 submissões, repre-
sentando 182 países, segundo o secre-
tariado da convenção da ONU para as
alterações climáticas. Há países que
se comprometem com reduções ab-
solutas de emissões, outros com re-
duções relativas, por unidade do PIB.
Muitos prometem mais energias lim-
pas, muitos apresentam medidas de
adaptação a um futuro mais quente.
Mas não é sufi ciente. Em Outubro,
quando havia 146 contribuições re-
presentando 86% das emissões glo-
bais de CO2, a ONU concluiu que
a soma de todas as promessas não
chegaria para manter o aumento da
temperatura abaixo dos 2oC. A esti-
mativa era de que os termómetros
subiriam 2,7oC.
Para fi car sob o limite desejado,
as emissões globais de CO2 têm de
baixar em 40% a 70% até 2050 e a
zero em 2100, segundo o painel cien-
tífi co da ONU para o clima — o IPCC.
Com os planos em cima da mesa, as
emissões subirão entre 37% a 52%
até 2030, em relação aos níveis de
1990, ou 11% a 22% em relação a 2010.
Depois de 2030, ou seja, depois da
vigência do provável acordo de Paris,
não se sabe.
“Não é possível chegar a um acor-
do para os 2oC. O que é importante
em Paris é chegar a um acordo cuja
ambição possa ser revista de cinco
em cinco anos”, interpreta Filipe
Duarte Santos.
Este será dos pontos centrais do
resultado que sair de Paris. No prin-
cípio do mês, numa última ronda
negocial antes da conferência em
si, este princípio fi cou praticamen-
te acordado.
Se for aprovado, representará
uma mudança de paradigma, c
CHRONOMAT 44ESPAÇO BREITLINGAvenida da Liberdade, 129
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
CLIMA
segundo Francisco Ferreira, ex-pre-
sidente da organização ambientalista
Quercus e especialista do Centro de
Investigação em Ambiente e Susten-
tabilidade da Universidade Nova de
Lisboa. O mundo terá um tratado cli-
mático sujeito a revisões periódicas
automáticas. De contrário, seria pre-
ciso negociar novos acordos. “Preferi-
ria que fossem garantidos os 2oC. Sei
que estamos longe, mas a possibilida-
de de fazer uma revisão da ambição já
em 2018 ou 2020 é uma grande van-
tagem”, afi rma Francisco Ferreira.
Um segundo novo paradigma é
o aparente fi m do muro que antes
separava países desenvolvidos e em
desenvolvimento nas negociações cli-
máticas. Agora, todos estão a entrar
para o mesmo barco, ainda que com
níveis de compromissos diferentes.
“Quebrar esta divisão vai fi car para
a história”, antecipa Ferreira.
O maior sinal deste novo momento
é o histórico aperto de mão entre a
China e os Estados Unidos, que anun-
ciaram conjuntamente as suas metas
climáticas, há um ano, em Pequim.
Mas o muro não caiu completa-
mente. Os países mais pobres vão
exigir, em Paris, mais garantias de
que serão ajudados fi nanceiramente
pelos mais ricos para se adaptarem
às alterações climáticas.
Há já um compromisso dos países
desenvolvidos de 100 mil milhões de
dólares anuais a partir de 2020. Mas
não só se ouvem agora reivindicações
de mais apoios, como há muito ainda
que discutir a respeito de onde deve
vir este dinheiro e como será canali-
zado para quem precisa.
Segundo uma avaliação da OCDE,
a ajuda somou já 52 mil milhões de
dólares em 2013 e 62 mil milhões
em 2014. Há ainda mais dez mil mi-
lhões prometidos ao Fundo Verde
Climático, criado para este fi m em
2010, mas que não distribuiu ainda
um tostão.
Outro ponto quente de Paris será
a discussão do formato do acordo.
Já está estabelecido que deverá ter
“força legal”. Mas enquanto muitos
países, incluindo o bloco da União
Europeia, querem um acordo de fac-
to vinculativo, os Estados Unidos não
aceitarão nada que necessite de ser
ratifi cado pelo seu Congresso — que
é hostil a qualquer tratado climático.
Na cimeira de Paris, os temas do
clima e do terrorismo vão estar inevi-
tavelmente lado a lado. “A luta contra
as alterações climáticas e a luta con-
tra o terrorismo são os dois
principais desafi os do século
XXI”, diz o ministro Laurent
Fabius.
3 PERGUNTAS A JEAN-FRANÇOIS BLAREL
Vai haver acordo em Paris ou teremos uma nova Copenhaga?Temos 196 países no mundo e 147 vão estar representados por chefes de Estado e de governo. É uma resposta enorme a um problema global. As negociações estão avançadas, estamos confiantes. Evidentemente, não podemos saber o que vai acontecer no último dia.Os ataques terroristas podem influenciar o resultado da conferência?Todos os chefes de Estado e de governo que tinham dito “vou estar” confirmaram a sua presença. O reforço da segurança não impede uma participação alargada de alto nível. Serão mantidas todas manifestações em espaços fechados. Vamos ter mais de 300 eventos paralelos. Mas uma influência dos atentados nas negociações em si, não creio.Que esforço diplomático foi aplicado na preparação?Fizemos, juntamente com o Peru [que organizou a última conferência climática da ONU], um esforço enorme. Multiplicámos as reuniões e os tipos de reuniões: com empresários, banqueiros, cientistas, líderes religiosos, cidadãos. Sem a pressão para que os países tivessem preparadas as suas contribuições nacionais, teria sido muito difícil. França propôs-se fazer esta conferência porque, sendo um país com uma rede diplomática importante, que é membro permanente do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, tem um peso particular. Pusemos este peso à disposição do planeta.
“O peso de França ao serviço do planeta”
De cimeira em cimeira até Paris
O sinuoso percurso das negociações até ao acordo que se espera agora
1992Rio de Janeiro, BrasilA histórica Cimeira da Terra aprovou a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Tudo o que tem sido discutido desde então está subordinado a este tratado. O seu objectivo é estabilizar a concentração de CO2 na atmosfera a um nível que impeça uma interferência humana perigosa sobre o clima. Nela ficou também estabelecido o princípio das “responsabilidades comuns mas diferenciadas”. Assim, todos os países devem agir, mas conforme as suas circunstâncias. 1997COP3, Quioto, JapãoÀ 3.ª conferência das partes (COP) da convenção, surgiu o Protocolo de Quioto. Al Gore assinou-o pelos EUA. Os países industrializados prometeram reduzir em 5% as suas emissões de CO2 até 2012, face a 1990. Mas foi preciso introduzir “mecanismos de flexibilidade” para os convencer, como o comércio de emissões. Para as nações em desenvolvimento, não havia metas.
2000/2001COP6, Haia, Holanda/COP6-bis, Bona, AlemanhaEm Haia deveriam ser concluídos os pormenores para aplicação de Quioto, para que fosse ratificado e posto em prática. Mas não houve acordo, a COP teve de ser suspensa e foi retomada seis
meses depois, em Bona. Pouco antes, os Estados Unidos, sob a presidência de George W. Bush, abandonaram o protocolo, por comprometer a sua economia e só vincular os países desenvolvidos. Com isso, anos antes de entrar em vigor, o tratado já estava ferido de morte. Ainda assim, chegou-se a acordo em Bona, à custa de concessões ao Japão, Canadá, Austrália e Rússia. Quioto, sem os EUA, tinha pernas para andar. 2005COP11, Montréal, CanadáA Rússia resistiu durante anos a ratificar Quioto e só em 2005 é que o protocolo finalmente entrou em vigor. Na COP11, lançou-se logo a discussão sobre o que se deveria fazer depois de 2012. A ideia era fixar um novo período, com novas metas. Mas, com os EUA fora do barco, a discussão já estava inquinada e outros países começavam a torcer o nariz a Quioto. 2007COP13, Bali, IndonésiaEm Bali, as negociações climáticas transformaram-se numa serpente com duas cabeças. De um lado, continuou-se a discutir o futuro do Protocolo de Quioto. Do outro, lançou-se um diálogo paralelo para uma cooperação global de longo prazo, entre todos os países — incluindo os EUA —, sob a égide apenas da convenção de 1992. Em dois anos, ambos os caminhos deveriam chegar a conclusões. Portugal, na presidência da UE nessa altura, teve um papel central nas negociações em Bali.
2009COP15, Copenhaga, DinamarcaEsperava-se da COP15 um acordo que salvasse o mundo. Foi um desastre. As negociações não estavam maduras, a Dinamarca perdeu as rédeas da conferência e a presença de 119 líderes mundiais atrapalhou mais do que ajudou. No final, os Estados Unidos, China, Índia, Brasil e África do Sul reuniram-se numa sala e de lá saíram com o Acordo de Copenhaga, um texto à margem do processo negocial, que o
plenário da conferência não aprovou. Nele, porém, estava o germe do que está agora na mesa em Paris: que cada país dissesse, nos meses seguintes, o que poderia fazer na luta climática. Quase todos aceitaram o desafio. Do fracasso nasceu uma hipótese de solução.
2010COP16, Cancun, MéxicoNa ressaca de Copenhaga, a COP16 adoptou decisões importantes. Determinou que tudo deverá ser feito para que o termómetro global não suba mais do que 2oC até ao fim do século. E fixou que até 2020 os países desenvolvidos financiarão os mais pobres com 100 mil milhões de dólares anuais. Parte desse dinheiro será canalizada pelo Fundo Climático Verde, também criado em Cancun. 2011COP17, Durban, África do SulO Protocolo de Quioto foi estendido até 2020, mas completamente esvaziado. Do mundo desenvolvido, só lá ficaram a União Europeia, Noruega, Austrália e Suíça — apenas 11% das emissões globais de CO2. Com Quioto encostado a um canto, Durban deu mais gás à outra linha de negociação, que começava a gerar consenso. Definiu-se 2015 como o prazo para adopção de um novo acordo internacional, com compromissos de todos os países, para vigorar a partir de 2020. 2015COP21, Paris, FrançaO longo percurso chega agora a Paris. Um acordo provavelmente será aprovado, agregando as “contribuições” de cada país, mas por ora insuficientes para a meta dos 2oC.
Embaixador de França em Lisboa
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESTAQUE | 7
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Paris recebe cimeira do clima em pleno estado policial
Paris estava já em alerta
securitário para a cimeira
do clima das Nações Unidas
antes dos mortíferos
ataques do dia 13. Espera-
se a chegada de mais de
150 chefes de Estado, entre os quais
os presidentes dos Estados Unidos,
China, Índia e Rússia. Para além deles,
devem aterrar nos próximos dias na
capital cerca de 40 mil diplomatas,
especialistas e activistas ambientais.
Há semanas que o Governo francês
anunciara o fecho das fronteiras
para assegurar que o maior evento
diplomático na sua história recente
não estaria em risco. Acabou por ter
de o fazer antes, atingido antes de
tempo no coração de Paris.
A França respondeu aos atentados
com medidas draconianas. A polí-
cia arromba portas por todo o país
sem mandados judiciais e decreta
prisões domiciliárias sob ordens do
Ministério do Interior. São os novos
poderes administrativos do estado de
emergência. A lei é sufi cientemente
vaga para permitir excessos de zelo:
as operações avançam desde que as
autoridades acreditem que haja uma
ameaça à ordem pública. Segundo os
últimos números do estado de emer-
gência, citados pelo Libération, a po-
lícia fez 1836 buscas, apreendeu 293
armas de fogo, deteve 232 pessoas e
pôs 305 em prisão domiciliária.
O ambiente policial vai tornar-se
mais drástico com a cimeira do clima
— sobretudo em Paris. Há já dezenas
de milhares de polícias e militares a
patrulharem o território francês, mas
foram destacados mais 8000 agentes
para as duas semanas de encontros:
2800 vão fazer a segurança do recin-
to, em Bourget, e outros 6300 vão
acompanhar os chefes de Estado no
resto da cidade. A França terá 120
mil agentes de polícia, gendarmes,
militares e pessoal de controlo de
fronteira ao longo da COP21.
O Governo proibiu mais de 200
iniciativas civis agendadas para os
são domiciliária esta semana. Usou
os poderes do estado de emergên-
cia e revistou a casa de várias pes-
soas ligadas a protestos passados.
Acusam-nos de estarem a preparar
“acções reivindicativas violentas”
para os dias da cimeira e dizem que
a ameaça terrorista ao evento não
os permite dispersar a atenção com
manifestações desse género. O jornal
Le Monde escreve que a polícia tem
mais ordens de prisão na calha.
Félix Ribeiro“Nós, organizações da sociedade
civil, estamos convencidas de que
não conseguiremos atacar o aque-
cimento climático renunciando às
nossas liberdades e direitos funda-
mentais”, escreveu ontem a Coliga-
ção Clima 21. Um membro do seu ór-
gão jurídico está entre os detidos.
Há pelo menos um grupo que pro-
mete furar a proibição da marcha.
Vários intelectuais franceses publica-
ram esta semana um abaixo-assina-
Haverá 120 mil militares e polícias em patrulha ao longo da cimeira. Grupo diz que vai marchar pelo clima, apesar da proibição
dias da cimeira. A lista inclui a grande
marcha pelo clima de amanhã, para
a qual se esperavam dezenas de mi-
lhares de pessoas. Em vez dela, os
organizadores convocaram um cor-
dão humano de dois quilómetros.
Acabará diante a sala de espectáculos
Bataclan, onde morreram 90 pessoas
nos atentados do dia 13.
Mas domingo pode não ser um dia
pacífi co. A polícia pôs pelo menos
seis activistas ambientais em pri-
do contra aquilo que entendem ser
a deriva securitária de França e em
que prometem marchar no evento
proibido. Ao fi m da tarde de ontem
tinham mais de 4200 assinaturas.
A polícia acredita que há mais de
50 pessoas que planeiam furar as or-
dens. Caso se façam valer as penas
previstas em estado de emergência,
cada uma pode ser condenada a seis
meses de prisão e a uma multa de
7500 euros.
Não conseguiremos atacar o aquecimento climático renunciando às nossas liberdades e direitosColigação Clima 21Plataforma de Associações
8|9
| DE
STAQ
UE |
PÚB
LICO,
DOM
29
NOV
2015
Oba
ma
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ou-s
e nu
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limát
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endo
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com
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rça
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eio.
Em
Cop
enha
ga, p
rom
oveu
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10 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
PERFIL
Francisca van DunemA magistrada anti-vedetaA vida da magistrada luso-angolana, agora à frente do Ministério da Justiça do Governo de António Costa, tem sido marcada por um distanciamento em relação a Luanda. Desde o massacre de 27 de Maio de 1977, dia em que perdeu familiares, amigos e ilusões
‘Se o PS e os seus
parceiros escolhe-
ram Francisca van
Dunem, é porque
reconhecem as su-
as competências e
as suas capacida-
des’, respondeu o
general e vice-pro-
curador-geral da
República de Angola, Hélder-Pitta
Cruz, ao ser interpelado esta semana
em Luanda sobre a nomeação da ma-
gistrada luso-angolana para o cargo
de ministra da Justiça do Governo
de António Costa, empossado na
quinta-feira.
É invulgar que um general ango-
lano se pronuncie sobre as creden-
ciais de um governante português.
A nova titular da Justiça em Portugal
suscita perguntas diferentes das que
se colocam habitualmente a um re-
cém-chegado ao poder executivo. A
luso-angolana Francisca van Dunem,
que completou 60 anos no dia 5 de
Novembro, a mulher do casaco bran-
co que se impôs na posse do novo
Governo, vive a que distância entre
Lisboa e Luanda?
O recuo até 1977 pode ter a respos-
ta, quando, com 21 anos, o destino
lhe colocou nos braços um bebé de
meses, o sobrinho “Che”, que criou
desde então como fi lho. Nesse ano,
o irmão mais velho, José, dirigente
e combatente do MPLA, e a cunha-
da, Sita Valles, são assassinados em
Angola. O episódio fi ca-lhe tatuado
na alma. Milhares de angolanos são
mortos, acusados de “fraccionismo”,
conspiração e tentativa de golpe con-
tra o então presidente Agostinho Ne-
to, a 27 de Maio de 1977.
Nesse dia está em Lisboa, para on-
de tinha vindo aos 17 anos estudar
Direito. Vai sabendo das notícias da
repressão, da perda de parte da famí-
lia, de muitos dos amigos. Perde-os e
perde também muitas ilusões. Todos
desaparecem à margem da Justiça
em que acredita. “Não era como no
Direito”, dirá mais tarde.
É com a ajuda dos pais que Fran-
cisca Eugénia da Silva Dias van Du-
nem começa a criar o sobrinho, João
Ernesto, nascido em Fevereiro de
1977 — Ernesto, como Che Gueva-
ra, por escolha dos pais, José e Sita.
Um sobrinho que mais tarde adopta
formalmente como fi lho. “Ela ainda
era uma rapariga. Penso que ainda
estudava”, realça a procuradora Te-
resa Almeida, que trabalhou vários
anos com Van Dunem, destacando a
capacidade da colega em enfrentar
as vicissitudes da vida.
Nascida em Luanda, a adaptação
a Lisboa não é fácil. Encontra uma
cidade que lhe parece “cinzenta e
velha”, por comparação com Luan-
da “rasgada, em progresso, aberta
ao mar” (como dirá ao PÚBLICO em
2008). Passa pouco tempo até que o
25 de Abril chegue, e com ele o desejo
da jovem de voltar a casa — o que faz
— para participar no “entusiasmo ge-
ral”. “Trabalhei na rádio, fi z recruta
militar com um homem louco. Obri-
gava-me a rastejar e dizia: ‘Cumpra-
se, a vitória é certa!’ Foi um período
muito perigoso, porque já tinham
começado os confl itos entre os mo-
vimentos de libertação. Estava tudo
muito radicalizado, uns contra os ou-
tros”, recordou em 2009 ao Expresso.
Nas vésperas da independência,
“Mimosa”, como é conhecida no cír-
culo familiar, é uma entre muitos a
esforçarem-se para que tudo esteja
em ordem à meia-noite de 11 de No-
vembro de 1975, a hora da proclama-
ção. “Todas as pessoas fi zeram todo
o tipo de trabalho. Lambi muito pó
e na noite da independência estava
tão cansada que me deitei às 10h30
e só acordei no dia seguinte”, contou
ao PÚBLICO.
A maioria dos que com ela se cru-
zaram profi ssionalmente não lhe
poupam elogios. Mesmo os que, por
princípio, não concordam com a es-
colha de um magistrado em funções
para um cargo de governo, como o
advogado José António Barreiros,
que foi seu professor na Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa.
“É uma profi ssional reservada, mas
muito competente e muito empenha-
da”, resume o advogado, que defen-
de “uma separação absoluta” entre
as magistraturas e o poder político.
Tinha “um amor desmedido por
aquela terra”, Angola, mas depois
da independência a família insiste
em que continue o curso e volte à
Universidade de Lisboa. É onde o ter-
mina, em Julho de 1977, e por onde
fi ca, como monitora de Direito Penal
e Direito Processual Penal, nos dois
anos seguintes, até iniciar a carrei-
ra na magistratura. Como delegada
do procurador da República, passa
pelos tribunais do Trabalho, pelo de
Instrução Criminal e pelo Departa-
mento de Investigação e Acção Penal
(DIAP), todos em Lisboa. Entre 1985 e
1987 faz uma comissão de serviço na
Alta Autoridade contra a Corrupção,
a convite do procurador Rodrigues
Maximiano — o falecido marido da
ex-directora do Departamento Cen-
tral de Investigação e Acção Penal
Cândida Almeida, sua amiga —, um
magistrado que ocupará durante
uma década o cargo de inspector-
geral da Administração Interna.
Pouco tempo depois integra o ga-
binete do então procurador-geral da
República Cunha Rodrigues, conti-
João Manuel Rocha, Nuno Ribeiro, Mariana Oliveira
nuando a assessorar o seu sucessor,
Souto Moura. É enquanto está na
procuradoria-geral que se casa com
o professor catedrático Eduardo Paz
Ferreira, tinha 36 anos. Da ligação
nasce um fi lho, José, hoje com 17
anos, o irmão de “Che”.
Em 2001, Van Dunem sai da pro-
curadoria para liderar o DIAP de
Lisboa, onde permanece até 2007. É
pela mão de outro procurador-geral,
Pinto Monteiro, que o seu nome che-
ga entretanto à corrida para Procura-
dor-Geral Distrital de Lisboa. O Con-
selho Superior do Ministério Público,
o órgão de cúpula desta magistratu-
ra, vota os dois nomes propostos e
a maioria dos membros prefere-a ao
outro candidato. O marido era então
membro daquele órgão, em repre-
sentação da Assembleia da Repúbli-
ca, indicado pelo PS. E faz questão
de não participar na votação.
Francisca van Dunem torna-se
procuradora-geral distrital de Lisboa
em Fevereiro de 2007, um dos cargos
mais importantes do Ministério Pú-
blico (MP), onde geriu durante oito
anos o maior dos quatro distritos ju-
diciais do país. É pioneira na criação
de um site, que reporta a actividade
do MP, compila legislação e publica
relatórios com o balanço do trabalho
realizado. Transparência é uma pala-
vra de ordem. Sai agora para assumir
a pasta da Justiça, no Governo lidera-
do pelo socialista António Costa. Nos
dias imediatos, o primeiro impacto
foi o de ser a primeira mulher negra
a ocupar um cargo ministerial em
Portugal.
Face ao regime de Luanda, a pro-
curadora luso-angolana terá sempre
aquilo a que Xavier de Figueiredo,
director do África Monitor, newslet-
ter sobre países africanos lusófo-
nos, descreve como “uma ruptura
autêntica, gerida com discrição”.
Só volta a Luanda, em trabalho, em
1997, com o então procurador-geral,
Cunha Rodrigues. “Durante 20 anos
não consegui pôr os pés em Angola.
Não fui capaz de me confrontar com
um espaço com o qual tenho uma
relação afectiva tão forte e onde me
tinha acontecido um mal tão grande.
É como ser morto pela própria mãe”,
diria ao PÚBLICO.
Muito depois dessa viagem de re-
encontro com o passado estará, em
2007, na apresentação do livro Purga
em Angola, um trabalho de Álvaro
Mateus e Dalila Cabrita Mateus so-
bre o 27 de Maio; fará, já em 2014, a
apresentação do livro Angola — Sonho
e Pesadelo, de Adolfo Maria, antigo di-
rigente do MPLA, crítico do regime.
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 11
de Maio. Em 2005, depois de o consa-
grado escritor ter refutado qualquer
tipo de participação na repressão de
1977, assumindo apenas ter pertenci-
do a uma comissão que seleccionou
depoimentos de detidos, Francisca e
João — irmão jornalista que trabalhou
na secção portuguesa da BBC e no
África Jornal, em Portugal, e morreu
em 2013 — pediram mais explicações.
Queriam saber se o escritor estava ou
não “ao corrente da violência, da co-
acção, da tortura” usada para extrair
depoimentos ‘seleccionados por uma
comissão que integrou’”.
Na moderna Angola encontram-se
vários casos de parentes seus, mais ou
menos próximos, que ocuparam ou
ocupam lugares de destaque, quer no
MPLA, quer nas instituições políticas.
Dois primos integram o actual Gover-
no. O general Manuel Hélder Vieira
Dias, “Kopelika”, ministro de Estado
e chefe da Casa Civil do Presidente,
José Eduardo dos Santos, e um dos
homens mais infl uentes de Angola —
um Vieira Dias. E José Vieira Dias van
Dunem, que ocupa a pasta da Saú-
de desde 2008, é fi lho de um irmão
do seu pai, ou seja, primo direito.
“Tem boas relações familiares
[em Angola], mas não políticas”,
refere ainda o mesmo amigo de
Francisca. Há membros do novo
Governo português a cuja nomea-
ção Luanda não será indiferente.
O novo ministro dos Negócios Es-
trangeiros, Augusto Santos Silva,
criticou José Eduardo dos Santos
a propósito da entrada da Guiné
Equatorial na CPLP. E o ministro da
Cultura, João Soares, classifi ca o re-
gime angolano como “cleptocracia”.
Discreta e afável, a independência
e a isenção são-lhe reconhecidas por
vários membros do conselho que tu-
tela o Ministério Público, mesmo os
indicados pelo PSD. Isso mesmo tes-
temunha José Luís Bonifácio Ramos,
professor na Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, e membro do
conselho superior durante seis anos,
em representação da Assembleia da
República, indicado pelo PSD. “Acre-
dito que pode fazer um bom trabalho
no Ministério da Justiça. Tem uma
enorme capacidade de trabalho e
um sentido de dever e de missão”,
sustenta o professor universitário.
Bonifácio Ramos descreve Van Du-
nem como uma low profi le que evita
posições de ruptura, mas sublinha
que tal não lhe retira outras capaci-
dades: “É exigente e sabe mandar.”
A procuradora Teresa Almeida,
que dirigiu durante vários anos uma
secção do DIAP de Lisboa especiali-
zada na investigação de crimes de
que consideraram difamatórias, João
Guerra e os outros dois titulares do
processo da Casa Pia indeferiram o
pedido. Ferro Rodrigues impugnou a
decisão através de um recurso hierár-
quico, mas o procurador João Guer-
ra encaminhou a reclamação para o
então procurador distrital de Lisboa,
alegando que não dependia de Van
Dunem. Mas acabou por ser esta a de-
cidir e a ordenar a incorporação dos
depoimentos contra Ferro e Gama
nos inquéritos resultantes das quei-
xas-crime feitas pelos políticos, que
acabaram por não conseguir levar a
julgamento, por difamação, os meno-
res que tinham feito aqueles relatos.
O advogado Barradas Leitão, o
mais antigo membro permanente
do Conselho Superior do Ministério
Público, destaca-lhe outra qualidade.
“Mantém a serenidade mesmo nos
momentos mais conturbados. Muitas
vezes funcionava como conciliado-
ra de várias posições”, diz. Barradas
Leitão, indicado para o conselho pri-
meiro pelo PSD e depois pela anterior
MP, afi rma: “Totalmente independen-
te dos outros poderes do Estado, com
alguma disciplina e uma hierarquia a
funcionar de forma efi caz.”
Teresa Almeida está certa de que
a ministra fará um bom mandato.
“Tem a noção da importância da
cooperação entre as várias profi s-
sões judiciais. E uma visão moder-
na de trabalho em equipa”, afi rma
a colega. E conclui: “Por isso, é uma
pessoa rara.”
DANIEL ROCHA
colarinho branco e também traba-
lhou com Van Dunem no gabinete
do procurador-geral da República,
concorda. “É generosa e preocupa-se
com as pessoas com quem trabalha”,
afi rma a colega.
Exemplo disso, recorda um outro
procurador, foi a forma como Van
Dunem protegeu o salário dos moto-
ristas que trabalhavam nas procura-
dorias-gerais distritais da austeridade
que alguns presidentes dos tribunais
da Relação lhes queriam impor. Estes
pretendiam retirar-lhes um subsídio
que recebiam há muito e que somava
duas ou três centenas de euros aos
seus magros salários. “Ela promoveu
reuniões e elaborou um documento
que entregou na Direcção-Geral da
Administração da Justiça, que comu-
nicou aos tribunais da Relação que ti-
nham de pagar o subsídio”, recorda.
Apesar disso, preza a hierarquia.
Por isso, não hesitou em participar
do procurador João Guerra, quando
este dirigia a investigação do proces-
so Casa Pia e Van Dunem coordenava
o DIAP de Lisboa. Em causa estava
a recusa daquele magistrado em in-
formá-la sobre a evolução da inves-
tigação, considerando que apenas
reportava ao então procurador-geral,
Souto Moura. Não foi a única fricção
que tiveram. Quando o actual presi-
dente da Assembleia da República,
Ferro Rodrigues, e o colega Jaime Ga-
ma pediram cópias dos depoimen-
tos dos jovens que os implicaram no
escândalo de pedofi lia, declarações
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A viagem de 1997 terá contribuí-
do para um início de reconciliação
com uma terra à qual a continuam
a ligar laços familiares, com raízes
profundas. A nova ministra da Jus-
tiça descende de seculares famílias
angolanas que cruzam africanos e
europeus e que se cruzam entre si —
Vieira Dias pelo lado da avó paterna,
Van Dunem pelo do avó paterno, um
jornalista e polemista deportado pa-
ra Cabinda por ordem de Norton de
Matos, então governador de Angola,
no início do século XX. É portanto,
por via do pai, um escrivão de Direi-
to, que recebe o apelido.
Van Dunem, afi rmou Francisca em
2009 ao Expresso, “é um nome tradi-
cionalmente angolano, com quatro
séculos. Vem de um holandês que
trabalhou para a coroa portuguesa
e se estabeleceu em Angola. Rela-
cionou-se com uma angolana com
quem teve uma larga prole. Os res-
pectivos descendentes decidiram
seguir o exemplo e há imensos Van
Dunem”. Contudo, “nem todos os
apelidos Van Dunem correspondem
à linhagem original, pois não raras
vezes os escravos tomavam o nome
dos senhores”, refere um amigo de
família, que solicita o anonimato.
Esta origem terá servido de mote a
um livro cuja acção tem lugar durante
a ocupação holandesa do século XVII,
A Gloriosa Família, de Pepetela, com
quem Francisca mantém um distan-
ciamento motivado pela ferida do 27
A independência e a isenção são-lhe reconhecidas por vários membros do conselho que tutela o MP, mesmo os indicados pelo PSD
12 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
ENTREVISTA
Arménio Carlos garante
que a central sindical que
lidera está, “como sempre
esteve”, disponível para
o diálogo e a negociação,
mas não vai abdicar de
“intervir atempadamente” para
que haja uma mudança de políticas
e para que as promessas “não se
transformem em enormíssimas
frustrações”.
A CGTP, diz, não quer acabar
com a Concertação Social, mas
para já todos os esforços estarão
concentrados na Assembleia da
República, porque é aí que será
possível concretizar algumas das
promessas feitas pelo PS e pelos
partidos à sua esquerda “de forma
mais objectiva”.
O líder da Intersindical antecipa
alguns pontos de confl ito com
o executivo de António Costa.
Rejeita que o despedimento
conciliatório, que deixou de
constar do programa do Governo,
seja introduzido “pela porta dos
fundos” no plano de combate à
precariedade. Diz que redução
da TSU dos trabalhadores com
salários até 600 euros serve para
“perpetuar os baixos salários”.
E alerta que o programa não dá
resposta a questões que considera
“estruturantes”, como a revogação
das alterações à legislação
laboral feitas de 2012 em diante
ou o fi m do modelo assente em
precariedade e baixos salários.
Por que é que a CGTP decidiu
manter a manifestação em
Lisboa, Porto e Braga, após
Cavaco Silva ter dado posse ao
Governo do PS?
Por duas razões. Em primeiro
lugar, porque, neste momento,
é fundamental a participação
cívica dos trabalhadores e dos
cidadãos na rua para exprimirem
a sua vontade de mudança
e, simultaneamente, para
infl uenciarem essa mudança.
Em segundo lugar, porque
sabemos que os lobbies se estão
a movimentar fortemente para
condicionar e constranger a
intervenção do Governo que
entretanto tomou posse. Mais
do que estarmos à espera do que
vai acontecer, entendemos que
os trabalhadores e o povo devem
continuar a ser os protagonistas.
É necessária uma demonstração
de força?
Não. O que é necessário é que a
FOTOS: DANIEL ROCHA
Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, diz que a central sindical quer infl uenciar a mudança de políticas e que o novo Governo tem de cumprir “as promessas que fez”
forte participação cívica dê mais
força ao sentido de mudança
que emanou das eleições de 4
de Outubro. A participação dos
trabalhadores e da população
é hoje, mais do que nunca,
importante para que essa mudança
se verifi que e não fi que prisioneira
dos lobbies instalados na sociedade
portuguesa, nomeadamente na
área económica e fi nanceira.
Que sinais tem tido dessa
mobilização dos lobbies?Se olharmos para os grandes
grupos económicos e fi nanceiros,
eles acabaram por ser os grandes
benefi ciados das políticas
desenvolvidas nos últimos anos. A
intervenção da troika e a política
de direita do Governo PSD-CDS
teve sempre como fi nalidade
benefi ciá-los, mesmo que disso
resultasse um empobrecimento
generalizado da população. São
esses privilégios concretizados ao
longo dos últimos anos que levam
a que esses lobbies, no segredo
dos gabinetes e nas outras áreas
onde intervêm no plano interno
e externo, estejam a movimentar-
se por forma a condicionar e
a difi cultar a intervenção do
Governo.
Quem são os rostos desses
lobbies? Está a falar do
presidente da CIP, que falava
numa fuga de capitais nas
últimas semanas por causa da
instabilidade política?
Não individualizamos.
Essa necessidade de a CGTP
estar atenta e preparada para
a acção tem que ver com o
facto de, com um governo PS,
apoiado pelo PCP, pelo Bloco e
pelo PEV, as expectativas serem
mais elevadas?
Acima de tudo, as expectativas
em relação a este Governo terão
de se traduzir em termos práticos.
Por isso queremos intervir
atempadamente para que essas
expectativas se concretizem em
mudanças de políticas e para
que amanhã não se transformem
em enormíssimas frustrações. E
a CGTP entende — valorizando
algumas componentes que
evidenciam alguma sensibilidade
social — que o programa [de
governo] continua a não dar
resposta a eixos estruturantes
para uma mudança de política.
É o caso da revisão das normas
gravosas da legislação laboral; da
necessidade de revogar a norma
da caducidade da contratação
colectiva e de reintroduzir a norma
do tratamento mais favorável; e
da alteração do modelo de
A participação dos trabalhadores e da população é importante para que a mudança se verifique e não fique prisioneira dos lobbies instalados, nomeadamente na área económica e financeira
EntrevistaLuís Villalobos e Raquel Martins
Promessas não podem transformar-se “em enormíssimas frustrações”
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14 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
precariedade, baixos salários e
trabalho desqualifi cado.
Essa última questão está no
programa do Governo.
Temos sinais de algumas medidas
de combate à precariedade, mas
nós temos uma visão mais global.
O combate à precariedade tem de
estar associado a medidas de fundo
que têm que ver com a estabilidade
e a segurança no emprego e com
a valorização das carreiras, das
competências e das qualifi cações.
O facto de este Governo ter
o apoio parlamentar do PCP,
partido que tem uma visão
semelhante a essa, dá-lhe
garantias de que isso se vai
concretizar?
As garantias são as que vão ser
determinadas pelo rumo dos
acontecimentos e pela intervenção
e pela força popular. Este Governo
precisa de perceber que estamos cá
não para criticar por criticar, nem
para protestar por protestar. E tem
a obrigação de ter em consideração
que a expressão do voto de 4 de
Outubro foi no sentido de pôr
termo a um governo do PSD-CDS,
à política de austeridade e afi rmar
um real sentido de mudança em
relação ao futuro. Não vemos neste
Governo um adversário, vemos um
governo que tem de concretizar
as promessas que fez. Uma
mudança de política corresponde
objectivamente a uma melhoria
das condições de vida e de trabalho
da população, a uma mais justa
distribuição de riqueza, a mais
e melhor emprego, a melhores
salários e pensões, e a uma defesa
das funções sociais do Estado.
Nos próximos tempos, a CGTP
estará mais à mesa a dialogar e
menos na rua a contestar?
Sempre tivemos disponibilidade
para o diálogo e para negociar
e, se até agora não tem havido
negociação, a responsabilidade não
é da CGTP. Uma coisa é negociar,
outra é aceitar imposições. Se
olharmos para o acordo para o
crescimento, competitividade e
emprego de 2012, temos aí um
bom exemplo: foi a transferência
ipsis verbis do memorando da
troika para um denominado
“acordo social” a pretexto de que
se iria melhorar o crescimento, a
competitividade e o emprego. Os
resultados estão à vista!
Diz que é necessário pôr fi m
à austeridade. Não é preciso
também controlo na despesa?
Claro que sim.
Em que áreas?
Temos uma posição muito crítica
em relação ao Tratado Orçamental,
porque serviu de pretexto a
um conjunto de ataques aos
trabalhadores da administração
pública e do sector empresarial do
Estado; para se fazer privatizações;
reduzir o emprego e a qualidade do
emprego; para se cortar salários;
para se congelar salários e carreiras
e para se reintroduzir o processo
da requalifi cação. Não se podem
aplicar processos idênticos a países
diferentes, e isto, mais cedo ou
mais tarde, vai ter de ser discutido.
É necessário ter o controlo
do défi ce, mas apresentamos
propostas que nada têm que
ver com défi ce. Por exemplo, a
questão da contratação colectiva,
que é algo inerente às relações de
trabalho. Não passa pelo défi ce,
passa por opções políticas.
No caso das empresas de
transportes públicos, após a
reversão das subconcessões
defende a municipalização ou o
controlo por parte do Estado?
Um controlo por parte do Estado.
O Estado tem de ter empresas
estratégicas para desenvolver
uma política que dê resposta às
necessidades da evolução do país.
Hoje olhamos para o interior e
vemos que, depois da privatização
da Rodoviária Nacional, não há
praticamente transportes públicos
e as autarquias foram forçadas a
adquirir autocarros ou minibus
para transportar as crianças para
a escola ou os idosos. Isto nada
tem que ver com uma política de
coesão social e territorial, tem que
ver com uma política de opção
pelos interesses económicos.
António Costa já disse que vai
avançar para a municipalização
em Lisboa, e o caso do Porto
está a ser estudado. Como é que
reagirá, se assim for?
É uma hipótese que não nos
parece ser a mais adequada. O
Estado precisa de ter uma visão
estratégica para o desenvolvimento
da economia. Quando estamos a
falar de transportes, não estamos
apenas a falar do transporte
das pessoas, mas também dos
transportes de mercadorias e dos
trabalhadores que têm uma relação
directa com o desenvolvimento da
economia, com o desenvolvimento
das urbes. No plano global, não se
resolve o problema.
O Parlamento discutiu um
conjunto de medidas para
eliminar, progressivamente,
os cortes salariais na função
pública, a sobretaxa do IRS e a
contribuição extraordinária de
solidariedade sobre as pensões.
Estas propostas são aceitáveis?
São insufi cientes, não são a nossa
proposta. O que entendemos é
que, independentemente dessas
propostas que visam minimizar
efeitos dos cortes, é tempo
de começarmos a discutir a
valorização dos trabalhadores da
administração pública e do sector
empresarial do Estado, que não
podem fi car eternamente sem
aumentos salariais. Desde 2009
que os trabalhadores não são
aumentados. E nós perguntamos:
o país melhorou por causa disso,
o défi ce reduziu-se de forma
signifi cativa por causa disso?
A despesa reduziu-se.
A despesa reduziu-se, mas fi cou
sempre acima do previsto.
A CGTP quer aumentar o salário
mínimo nacional (SMN) para
os 600 euros a 1 de Janeiro de
2016, enquanto o PS propõe
530 euros. Qual é a margem
negocial da CGTP nesta
matéria? Vão ser irredutíveis?
Nunca somos irredutíveis em
relação a nenhuma matéria,
excepto as que põem em causa
os direitos fundamentais dos
trabalhadores. É um tema a
discutir.
Na Concertação Social?
Bilateralmente ou na Concertação
Social. Seja onde for. Aliás, há
muita gente preocupada com o
esvaziamento da Concertação
Social.
ENTREVISTA
Apresentamos propostas que nada têm que ver com défice. Por exemplo, a questão da contratação colectiva: não passa pelo défice, passa por opções políticas
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESTAQUE | 15
Esse risco existe?
O problema não é o esvaziamento
da Concertação. Se ela está
esvaziada enquanto espaço de
verdadeiro diálogo e negociação,
foi resultado da acção daqueles
que hoje se queixam. Os sucessivos
governos utilizaram-na para tentar
legitimar políticas previamente
defi nidas em gabinetes, num
simulacro de negociação, para
impor determinadas políticas. Os
que estão agora preocupados com
o esvaziamento da Concertação
Social foram os mesmos que a
descredibilizaram. Quando se
assinam acordos que originaram
um desequilíbrio profundíssimo
das relações de trabalho, com
prejuízo evidente para os
trabalhadores, só se pode tirar uma
conclusão: aquilo não é negociar,
é capitular. Além disso, os mesmos
que hoje falam no esvaziamento
da negociação, e estou a falar das
confederações patronais, foram
os mesmos que bloquearam
a contratação colectiva [nas
empresas e nos sectores].
No passado, a CGTP assinou
acordos e noutras situações não
assinou, porque, dizia-se, o PCP
não deixava. Neste momento
o PCP apoia o Governo. É
expectável que a CGTP esteja
mais liberta para assinar
acordos?
Há uma coisa que sempre
tivemos nesta casa: liberdade
de pensamento e liberdade
de acção. É por isso que este
projecto sindical é composto por
comunistas, socialistas, católicos,
pessoas do Bloco de Esquerda e
independentes.
Mas a tendência principal é a
comunista.
Toda a gente reconhece isso.
Quem decide as posições da CGTP
são os seus órgãos. Tal como
não subscrevemos acordos que,
pelos seus conteúdos, não nos
interessavam, também assumimos
os que nos interessavam. Por
exemplo, o acordo do salário
mínimo [assinado em 2006].
Não assinaram, por exemplo,
o acordo sobre formação
profi ssional com o argumento
de que não era exequível.
E a vida veio confi rmar que
aquilo não servia para mais do
que manipular a opinião pública,
assinando uma coisa que não se
concretizaria.
Quando se assina um acordo,
nunca se tem a garantia de que
ele se concretiza totalmente. O
do salário mínimo também não
se concretizou.
Repare que todos os acordos que
tiveram como fi nalidade reduzir
direitos aos trabalhadores foram
concretizados na íntegra. De
todos os acordos que assinámos,
nenhum foi cumprido. E não foi
por denúncia da CGTP, mas porque
os governos e as confederações
patronais, a dado momento,
bloquearam o seu cumprimento.
Pela nossa parte estamos, como
sempre estivemos, disponíveis
para negociar com qualquer
governo.
A CGTP vai valorizar mais o
diálogo bilateral com o Governo
ou a Concertação Social?
Mais útil e mais objectivo do ponto
de vista da concretização é colocar
na Assembleia da República um
conjunto de diplomas para pôr
termo a uma violação grosseira
de direitos fundamentais dos
trabalhadores. Por outro lado,
vamos continuar a privilegiar a
negociação bilateral, continuando
também disponíveis para discutir
na Concertação Social todas as
matérias. A CGTP não quer acabar
com a Concertação Social. O que
a CGTP não quer é ser parte de
uma concertação que não só não
promove o diálogo, como simula
negociações que, na prática, se
concretizam noutros bastidores e
contra os trabalhadores.
Acha que com este Governo isso
não vai acontecer?
Este Governo tem obrigação de
ter presente o que se passou e
não repetir os erros do passado.
Esperamos uma atitude de
abertura e de seriedade no
tratamento dos temas. Sabendo
de antemão que nalguns casos
vai haver opiniões diferentes,
esperamos que elas sejam
dirimidas não de acordo com
pressões que surgem do lado dos
lobbies económicos e fi nanceiros,
mas numa perspectiva de
estabilidade.
Portanto, a CGTP vai concentrar
esforços no Parlamento e no
Governo, porque é aí que os
problemas se podem resolver
no imediato.
A CGTP está a insistir em todas
as áreas para procurar a reversão
de um conjunto de medidas que
foram anteriormente assumidas.
Não estejam é à espera que
fi quemos na expectativa do que
os outros vão fazer. Temos a nossa
estratégia e a nossa iniciativa e
somos nós que comandamos a
nossa agenda. No caso concreto,
vamos analisar o que prometeu
cada um dos partidos e exigir que
cumpram enquanto é tempo,
para que os trabalhadores
percebam que a mudança se está
a concretizar. É na Assembleia da
República que isso se faz? Então é
na Assembleia que vamos apostar.
O ministro das Finanças, Mário
Centeno, defendia num estudo
que o aumento do salário
mínimo difi culta a criação de
emprego. Há esse risco?
Uma das propostas do actual
ministro das Finanças era o tal
despedimento conciliatório e ela
entretanto caiu.
O despedimento conciliatório
está no programa, mas numa
entrevista à Rádio Renascença
Centeno disse que o assunto
poderá ser discutido no âmbito
do programa de combate à
precariedade.
É bom que não apresente essa
proposta, sob pena de estar a
contraditar o que foi assumido
publicamente com outros partidos.
O que foi assumido era que não
faria parte do programa do
Governo.
Então é bom que [o tema] não
seja reintroduzido pela porta dos
fundos. Se for para introduzir essa
e outras matérias pela porta dos
fundos, então não temos mudança,
temos continuidade. Se querem
desvalorizar o trabalho, então
assumam-no defi nitivamente.
Acho que não é isso que está
previsto. Mas no que respeita ao
SMN essa ideia de que o aumento
corresponde à menor criação
de emprego não pode ser vista
de forma tão redutora. O que
defendemos é que o aumento do
SMN e dos restantes salários é
fundamental, porque a melhoria
dos rendimentos corresponde
a mais consumo e isso implica
que as empresas tenham de
aumentar a sua produção e criar
mais emprego. Não nos podemos
esquecer que o SMN corresponde
em termos líquidos a 450 euros
mês [descontando os 11% da
Segurança Social]. Como é que se
vive? O SMN é a possibilidade de
tirar os trabalhadores da pobreza.
O programa do PS tem
como estratégia aumentar o
rendimento. Para isso propõe
a redução da TSU para salários
até 600 euros e o complemento
salarial anual. São medidas
acertadas?
Não só não nos parecem acertadas,
como são uma estratégia
arriscada. A pretexto de apoiar
os trabalhadores com menores
salários, o que o PS está a fazer
é perpetuar os baixos salários,
porque fi nancia, de forma
indirecta, as empresas. Embora se
diga que a redução de receitas da
Segurança Social é compensada
pelo Orçamento do Estado, esta
é mais uma janelinha que se abre
para pôr a Segurança Social a
servir de sustentáculo ao modelo
de baixos salários e precariedade.
Acaba por ser um incentivo à
manutenção dos baixos salários.
Disse que os acordos assinados
entre o PS e os partidos da
sua esquerda são “mínimos”.
Isso garante estabilidade e um
governo para quatro anos?
Maior instabilidade do que aquela
a que fomos sujeitos nos
A CGTP não quer é ser parte de uma concertação social que simula negociações que, na prática, se concretizam noutros bastidores e que são contra os trabalhadores
600euros é o valor que a CGTP reivindica para o salário mínimo nacional já a 1 de Janeiro de 2016. PS fala de 530 euros
c
16 | DESTAQUE | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
últimos quatro anos, que nos deu
pobreza, angústia, insegurança
e saída maciça de centenas de
milhares de pessoas do país,
não há. Quando dizemos que os
acordos são mínimos, é porque são
o entendimento mínimo em relação
a objectivos concretos que as várias
forças políticas entenderam que
eram fundamentais. Daqui decorre
que cada partido vai continuar a
ter a sua ideologia e a sua visão da
sociedade. Para nós, entenderem-
se sobre estas matérias, 41 anos
depois do 25 de Abril, já não é
uma coisa pequena. É de grande
signifi cado.
Nunca imaginou que pudesse
acontecer?
A vida ensinou-me a não utilizar
uma palavra: nunca.
Mas durante a entrevista usou
essa palavra para dizer que
nunca iria assinar determinado
tipo de acordos.
Sobre essa matéria não contem
com a CGTP para assinar
conteúdos como os que foram
assinados no período da troika.
Qual é o principal factor de
risco para que este Governo
não cumpra os quatro anos de
mandato?
Não cumprir as promessas e
as expectativas que criou. Este
Governo tem duas hipóteses. Ou é
coerente com aquilo que assumiu
em relação às grandes linhas
orientadoras no sentido de uma
mudança e tem atenção ao voto
maioritário dos portugueses; ou
opta por, com pequenas nuances,
dar continuidade ao que vem de
trás. A partir daí os portugueses
decidirão. A melhor forma de este
Governo garantir a estabilidade
para os próximos quatro anos
é cumprir as promessas que
fez e corresponder ao desejo
de mudança que a esmagadora
maioria do povo expressou.
Mas estamos inseridos numa
realidade europeia e em breve
haverá pressões.
É verdade. É um desafi o à
criatividade, à imaginação e à
capacidade de fazer bem.
Fala de uma maioria como se
fosse um bloco, mas ela está
fragmentada em quatro partes.
Falo de uma maioria na Assembleia
da República, que estabeleceu
um entendimento mínimo. E
para nós isso é positivo, porque
precisamos do confronto de
opiniões para dirimir a saída e os
compromissos que até agora não
foram encontrados.
foi feito em relação à Grécia. Os
pronunciamentos públicos [por
parte da Comissão] em relação a
Portugal têm sido cautelosos e isso
não está desligado das eleições em
Espanha, porque já estamos a falar
noutra escala de país. Há os que
pensam que estamos condenados.
Nós entendemos que estaremos
tanto mais condenados quanto
mais nos resignarmos e aceitarmos
o que nos é imposto.
Qual é o principal desafi o a
médio prazo do sindicalismo
ENTREVISTA
em Portugal?
Nós não olhamos para o
umbigo. Com as propostas que
apresentamos olhamos para a
sociedade. E, dessa forma, estamos
a demonstrar que — ao contrário
de outros que, malevolamente,
continuam a passar a ideia de
que os sindicatos existem para
defender os trabalhadores
efectivos esquecendo os que
têm vínculo precário e os que
estão no desemprego — todos,
independentemente da qualidade
do vínculo que têm, fazem parte
integrante do que deve ser a
valorização do trabalho.
Os sindicatos não têm
de encontrar formas de
representar esses trabalhadores
precários?
Sem dúvida. Esse esforço é
permanente e um desafi o que se
nos coloca.
O discurso dos sindicatos não
é, de certa forma, antiquado
e distante da linguagem dos
mais jovens, acabando por se
desvalorizar a mensagem?
Pode haver quem pense assim. Mas
nós estamos sempre disponíveis
e por isso dizemos aos jovens que
venham ter connosco e nos ajudem
a construir uma mensagem que
possa ir ao encontro das pessoas e
ser mais atractiva.
Quantos sindicatos estão
fi liados na CGTP e quantos
sindicalizados têm?
Temos 80 sindicatos fi liados e
temos relação directa com 40 não
fi liados. Em relação ao número de
sindicalizados, o número ofi cial
é o que foi divulgado no último
congresso [Janeiro de 2012]: na
ordem dos 550 mil.
E daí para cá houve perda?
Esses números serão apresentados
no próximo congresso de 26 e
27 de Fevereiro de 2016. Claro
que não fi cámos imunes ao
que se passou no mercado de
trabalho. Nos últimos quatro anos
desapareceram 540 mil postos
de trabalho, temos o desemprego
que toda a gente conhece, uma
emigração que é signifi cativa.
Houve saída de trabalhadores, mas
nós também defi nimos que iríamos
trabalhar para sindicalizar 100 mil
trabalhadores em quatro anos e
estamos quase lá.
Qual é o saldo entre os
que saíram os que se
sindicalizaram? É negativo?
Neste momento, e ainda não
está fechado, o saldo entre novas
entradas e saídas não é negativo.
Mas vamos ver. A campanha de
sindicalização termina no fi nal
do ano e achamos que vamos
atingir os nossos objectivos e talvez
ultrapassá-los.
De que sectores vieram as
pessoas novas?
De todos. Na área dos serviços
particularmente, com um
número signifi cativo de mulheres.
A maioria dos que se estão a
sindicalizar são mulheres. A
área da indústria foi fortemente
penalizada.
Quando começarem a
existir pressões externas
das instituições europeias e
dos credores, não é aí que
se vai fazer o grande teste a
estes acordos, dado que os
subscritores têm visões muito
diferentes sobre o papel dessas
entidades externas?
As instituições europeias estão
sempre a evoluir, embora nem
sempre no bom sentido. Houve
uma condenação generalizada por
parte da opinião pública do que
AINDA TEM MUITO PARA DESCOBRIR
O MUNDO DE CRISTÓVÃO COLOMBO
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18 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Nabos para Cavaco no Camões, vaias para Costa no Carmo
FOTOS: MIGUEL MANSO
À mesma hora, no Largo do Carmo (em cima) e no Largo de Camões (em baixo) houve protestos em Lisboa
O molho de nabos veio da Guarda e
tinha como primeiro destino o Palá-
cio de Belém. Serviriam para avivar a
memória ao Presidente da República,
“para se lembrar que deve cumprir
e fazer cumprir a Constituição”. Co-
mer nabo faz bem à memória, insiste
num cerrado sotaque beirão António
Machado. Mostra uns enormes nabos
ainda meios sujos de terra e com as
folhas um pouco murchas de estarem
toda a tarde nas mãos calejadas do
agricultor de 87 anos, barrete preto de
lã grossa e borla a cair sobre o ombro,
casaca de xadrez com punhos, bolso
e punhos com renda preta. Criados
“sem adubos nem químicos”, garante
Machado, que é também o presidente
da Associação Distrital dos Agriculto-
res da Guarda há três décadas.
Enquanto pedia aos organizadores
da concentração da CGTP no Largo
de Camões, em Lisboa, para entre-
garem os nabos a Arménio Carlos
- “é um desperdício voltarem para
casa” -, o beirão franzino dava uma
lição de economia. “80% do cereal
que importamos podíamos nós pro-
duzir. Não podemos produzir 100%,
claro, mas fazíamos mais e importá-
vamos menos. Mesmo que isso nos
custasse mais 5 ou 10 cêntimos por
quilo, fi ca mais barato do que com-
prar. Sabe porquê?” “Escusávamos
de comprar”, responde um jovem da
CGTP. “Porque tínhamos a nossa gen-
te a trabalhar. Temos que pôr o país
a produtir”, diz o idoso, de dedo em
riste. Quem se sentou na cadeira no
Terreiro do Paço nestes anos todos
não percebia nada de agricultura.
“Essa senhora que lá esteve agora...
o que aprendeu ela de agricultura no
curso que fez? Ainda se a colocassem
na Justiça, eu não piava. Agora... na
agricultura?!?”
“Fazem-nos crer que somos um
país pobrezinho. A Guarda produzia
milhares de toneladas de batata; ago-
ra está tudo a monte. Temos o maior
mar da Europa e temos que comprar
a sardinha a 10 euros aos espanhóis”,
enumera. “O primeiro-ministro que
começou a afundar o país é agora Pre-
sidente”, acusa António Machado en-
quanto espreita a ver se Arménio Car-
los aparece a agradecer os nabos.
Antes, houve música e discursos.
A concentração “Cumprir a Consti-
No largo cheio de gente, há bandei-
ras de Portugal e muitas vermelhas
da CGTP no ar, placards com folhas
A4 que dizem “Cumprir a Constitui-
ção”, “Serviços públicos sim! Privati-
zações não!”, “Aumento dos salários”,
“Trabalho! Salários! Direitos!”; uma
faixa pede “1% do PIB para a cultu-
ra”. Acabaram-se as palavras de or-
dem que mandavam o Governo para
a rua, lhe chamavam ladrão, gatuno
ou mentiroso. “Os fascistas já foram
para a rua mas temos que estar com
o olho aberto”, dizia um homem
quando o hino nacional terminou e
virava as costas ao palco improvisado
É a democracia que está de luto e a
intenção de Mário Gonçalves, orga-
nizador, era enviá-la ao presidente
do Parlamento com uma carta, mas
acabaria por ser deposta à porta do
convento - o mesmo que viu nascer a
democracia, faz-lhe agora o luto.
Seriam quase 200 pessoas, entre
quem estava em pé, junto ao chafariz
do largo ou estava sentado nas espla-
nadas com bandeiras de Portugal ao
lado e no colo. Mas mais gente era
esperada: várias dezenas de bandei-
ras amontoavam-se junto ao chafariz.
Ainda assim, Mário Gonçalves, profes-
sor de música e presidente da conce-
lhia do CDS de Monforte, mostrava-se
contente. “Os portugueses estão in-
dignados contra a indigitação de An-
tónio Costa, e não são só as pessoas de
direita. Há aqui gente de esquerda que
não concordam com o que o PS está a
fazer”, garante. Tanto PSD como CDS
foram contactados, diz, mas não se
quiseram envolver. “Há 40 anos que
a direita não saía à rua. Vamos conti-
nuar a fazê-lo até o Governo de Costa
vir abaixo”, promete.
Um grupo de amigas não tem dú-
vidas: o Presidente “não tinha alter-
nativa” porque a Constituição está
“desactualizada”, argumenta Mar-
garida Leal, desempregada e antiga
empresária do sector da educação, e
Isabel Costa diz que Portugal parece
um “país do terceiro mundo”. Con-
testam o “oportunismo e a sede de
protagonismo” de Costa, como acusa
Mafalda Seia. Estão “muito descon-
tentes” com o rumo político - tanto
que virão para a rua quando for pre-
ciso - e, mais do que elogiar a direita,
criticam a forma como Costa chegou
ao poder. “Isto agora é só facilidades:
o Governo vai dar, dar, dar, até isto
estoirar por si”, diz Margarida, que
gostava que Cavaco “deitasse o Go-
verno abaixo antes de sair”.
Carlos Nunes junta-se à conversa.
Diz ter votado CDU “contra António
Costa”. “Sinto-me espoliado”, vinca.
Veio ao Carmo por ser um “espaço
de liberdade, democrático” e estar
contra a “fraude e a vigarice”. Tem
uma teoria rebuscada: “Costa chegou
ao poder no PS ajudado pela direcção
do Bloco e uma parte da direcção do
PCP liderada pelo João Oliveira. Isto já
estava a ser cozinhado há muito. Por
isso é que Jerónimo de Sousa, ligado
aos conservadores do PCP que não
queriam nada com o PS, não pôs os
pés na tomada de posse.”
Separadas por 350 metros, duas concentrações mobilizaram centenas de pessoas. Umas defendendo a política de esquerda, outras clamando contra Costa no poder. Serão assim os próximos meses na política
ProtestosMaria Lopes
tuição, Mudar de política, Resolver
os problemas dos trabalhadores e do
país” foi marcada para Belém, mas o
Presidente deu posse a António Costa
e a CGTP mudou o local. Também se
fez em Braga e no Porto. No Chiado,
Arménio Carlos exultou a luta dos
trabalhadores que obrigou Cavaco
a dar posse a um Governo PS, mas
defendeu que o povo quer mais. É
preciso cumprir de facto a Constitui-
ção, “revogar a legislação anti-laboral
e anti-social da direita” e “mudar efec-
tivamente de políticas” - e avisou que
a CGTP e os trabalhadores “irão exigir
respostas aos seus problemas”.
na carrinha da CGTP. São quase cin-
co da tarde, há encontrões no Largo
de Camões, no Chiado, em Lisboa, e
para algumas centenas de activistas
da CGTP é tempo de regressar aos au-
tocarros que os trouxeram para mais
uma concentração.
A democracia enlutadaA cerca de 350 metros, num largo lis-
boeta mais icónico do que o Camões,
activistas de direita promoveram a
primeira concentração contra o Go-
verno de António Costa, 48 horas
depois de ser empossado. “Fraude
eleitoral envergonha Portugal”, “Is-
to não é o fi m e não vai fi car assim”,
“Costa p’rá rua, a casa não é tua” e
“Costa, golpista, tu és um vigarista”,
gritou-se por um megafone.
Todas as árvores do Largo do Car-
mo - onde a coligação começou a des-
cida do Chiado na campanha - esta-
vam ligadas por faixas vermelhas e
verdes e tinham agrafada no tronco
uma folha amarela com a palavra de-
mocracia. Quase toda a gente tinha
uma bandeira de Portugal na mão,
e contavam-se apenas duas da coli-
gação Portugal à Frente, assim como
lenços da coligação num ou noutro
pescoço. No pedestal de um cande-
eiro estava uma coroa de fl ores em
forma de D com uma larga fi ta negra.
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | PORTUGAL | 19
RUI GAUDÊNCIO
Líder da CIP participou no Fórum Empresarial Algarve
Os empresários temem a crescen-
te infl uência da CGTP junto do Go-
verno, pela via indirecta da maio-
ria de esquerda no Parlamento. O
presidente da CIP, António Saraiva,
acha que há “já sinais” no sentido
de “esvaziar a Concertação Social”.
O exemplo que apontou foi a ante-
cipação do anúncio do aumento do
salário mínimo para 530 euros em
2016. Por outro lado, o conselheiro
de Estado Vítor Bento prevê uma
mudança radical na transferência
dos centros de decisão em relação
à banca: “Nos próximos três a cinco
anos, nenhum banco português será
nacional.”
O banqueiro José Maria Ricciardi
(ex-administrador do BES), por ou-
tro lado, acha irrelevante a origem
do dinheiro. “Antigamente preocu-
pava-me se o capital era nacional ou
não. Com humildade, digo que mu-
dei de opinião.” A aprendizagem,
justifi cou, veio do Reino Unido, on-
de empresas como a Rolls-Royce ou
a Jaguar “já não pertencem a ingle-
Empresários receiam que a CGTP transfira o poder da rua para o Parlamento
ses, mas continuam em Inglaterra
a fazer investimentos”. “Acho que
não tem importância nenhuma [a
origem do capital].” Quanto ao in-
teresse do Haitong Bank ( do qual é
chefe executivo) na compra do Novo
Banco, desvalorizou a mercadoria:
“Parece-me pouco provável, apesar
de que poderá assessorar, isso sim,
que é o seu trabalho, um dos futuros
compradores.” O facto de o Banco
de Portugal ter escolhido o ex-se-
cretário de Estado Sérgio Monteiro
para ser o vendedor só lhe merece
elogios. “Acho que teve muita sorte,
porque é um excelente profi ssional,
altamente competente.”
Vítor Bento e José Maria Riccar-
di foram dois dos oradores que se
destacaram ontem, em Vilamoura,
no decorrer do Fórum Empresarial
Algarve. A iniciativa, promovida pe-
la Lide — grupo de líderes empresa-
riais , reúne pela quarta vez perso-
nalidades da política e do mundo
dos negócios naquele empreendi-
mento turístico algarvio. A edição
deste ano tem como tema “2020
Portugal e Futuro”. O ministro das
Finanças, Mário Centeno, foi o con-
vidado especial do jantar de ontem
à noite, que tinha na ementa os de-
safi os que se colocam ao Governo
para atrair investimento, num qua-
dro de estabilidade política. Perder
a credibilidade uma segunda vez,
sublinhou Ricciardi em declarações
aos jornalistas, colocaria Portugal
“numa situação mais difícil” do
que a ocorrida em 2011. Por outro
lado, o ex-ministro [do Governo de
António Guterres] Murteira Nabo
deixou um alerta: “A banca está
bloqueada, o dinheiro não chega
à economia.”
Em contracorrente, o presidente
da CIP, António Saraiva, acha que
seria “desastroso” para economia,
caso o antigo presidente do Novo
Banco, Vítor Bento, viesse a acer-
tar nas previsões, fi cando Portugal
a ver fugir para o estrangeiro os
centros de decisão da banca. No
curto prazo, o presidente da CIP
lembrou, em declarações à mar-
gem do fórum, que a CGTP é um
dos sete dos parceiros, na Con-
certação Social. Apesar das várias
tentativas para aumentar o salário
mínimo, sublinhou, a central sin-
dical não conseguiu obter os seus
objectivos. Agora, observou, a “CG-
TP estará interessada em esvaziar
a Concertação Social, reforçando
no Parlamento aquilo que na Con-
certação Social não tem consegui-
do”. Opinião diferente manifestou
Murteiro Nabo, defendendo um
papel mais interventivo do Estado
na economia: “Os mercados só por
si não geram equilíbrios, pelo con-
trário, desequilibram.” Descrente
do poder político, Vítor Bento acha
que se andou a “vender promessas
a crédito” e isso levou o país a uma
situação com futuro hipotecado.
Governo Idálio Revez
Dentro de três a cinco anos, diz Vítor Bento, não haverá bancos portugueses nem centros de decisão nacionais
Última obra de Jardim tem fragilidades
Começou por ser apresentado como
mais um cais acostável no Porto do
Funchal, o discurso infl ectiu depois
para uma obra de protecção para a
renovada frente marítima da capi-
tal madeirense, voltando ao início,
quando em Agosto o navio-cruzeiro
Minerva fez a atracagem inaugural
na nova infra-estrutura.
O Cais 8 do Porto do Funchal cus-
tou mais de 23 milhões de euros, foi
a última obra inaugurada por Alber-
to João Jardim, já na última semana
antes de deixar a Quinta Vigia para
Miguel Albuquerque, e sete meses
depois ninguém sabe realmente para
que é que serve.
Em Outubro, a agitação marítima
mais forte revelou as fragilidades de
uma obra que foi bastante contes-
tada desde a fase de projecto, mas
que, contra pareceres técnicos, avan-
çou, enquadrada na empreitada de
reconstrução da Madeira no pós-tem-
poral de 20 de Fevereiro de 2010.
No mês passado, duas escalas de
cruzeiros foram canceladas e um
terceiro navio optou por fundear
ao largo da cidade, com passageiros
e tripulantes a desembarcarem em
baleeiras. A (falta de) operacionalida-
de do Cais 8, que é demasiado curto
para os grandes navios que fazem
escala no Funchal e está exposto à
ondulação marítima, aliada às obras
Cais 8: 23 milhões de euros a ver passar navios
na zona norte do porto, que reduzem
a capacidade de acostagem até ao fi -
nal do ano, reacenderam o debate
em torno da infra-estrutura.
A presidente da Administração dos
Portos da Madeira (APRAM), Alexan-
dra Mendonça, que inicialmente de-
fendeu a obra garantindo que seria
uma mais-valia para o crescente mer-
cado de cruzeiros — em 2014 perto de
meio milhão de turistas desembar-
caram no Funchal —, ressalva agora
que a principal valência do Cais 8 é
proteger a praça construída sobre
o material depositado durante as
limpezas de Fevereiro de 2010, mas
na Assembleia e na Quinta Vigia nin-
guém esquece a defesa intransigente
que fez daquela infra-estrutura.
No fi nal de Outubro, durante um
debate no parlamento sobre o Turis-
mo, Albuquerque reafi rmou o que
disse quando estava à frente da Câ-
mara do Funchal: o cais só funciona
com a ampliação do molhe principal
do porto. Na altura, a autarquia foi
uma das principais vozes críticas, o
que resultou na expulsão de um ve-
reador social-democrata do partido,
e na regionalização de vários arrua-
mentos da cidade.
O chefe do executivo madeirense
assegurou no mesmo debate que,
mesmo perante as evidências, não
irá fazer o mesmo que Jardim, justi-
fi cando a continuidade de Alexandra
Mendonça na APRAM com o facto de
“não fazer saneamentos políticos”.
Albuquerque acrescentou ainda que
o novo cais não integra as acções pro-
mocionais que estão a ser feitas do
porto de cruzeiros, um sector estra-
tégico para o turismo regional.
Por isso a oposição quer apurar
responsabilidades. O PS já anunciou
que vai avançar com um pedido de
inquérito parlamentar na assembleia
madeirense, e o partido Juntos pelo
Povo ( JPP) já requereu uma audição
parlamentar sobre a obra que o Blo-
co diz ser “mais um elefante branco”
de Jardim.
Todos são unânimes na necessi-
dade de ampliar o molhe principal
do porto. Em 2011, a autarquia fun-
chalense liderada por Albuquerque
emitia um parecer que assegurava
que só a ampliação em pelo menos
300 metros garantia a protecção da
frente mar da cidade. O custo es-
timado rondava os 42 milhões de
euros que, na altura, através da Lei
de Meios, poderia ser enquadrado.
Agora, na ponta fi nal do programa de
resgate — termina a 31 de Dezembro
—, o executivo madeirense admite
que não tem forma de avançar com
a obra, pelo menos para já.
Madeira Márcio Berenguer
Última obra inaugurada por Jardim está demasiado exposta e não tem dimensão para receber os grandes navios
20 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Afinal, os
Na primeira metade
da década de 70,
quando um ban-
co comprava um
computador, “is-
so era notícia de
jornal”, recorda
Pedro Guerreiro,
62 anos, presiden-
te do Departamento
de Informática da Universidade do
Algarve. Até nos meios mais escla-
recidos havia quem achasse que
“essa história dos computadores”
era “como a mini-saia”, ou seja,
“uma moda” que ia passar. Nos jor-
nais, contudo, já abundavam os
anúncios de emprego para quem
soubesse lidar com tais máquinas
— aprendia-se essencialmente com
a prática, as empresas que forne-
ciam os equipamentos também
davam alguma formação. Mas só
em 1975 foi criada a primeira licen-
ciatura em Engenharia Informática
em Portugal. Foi há 40 anos, na
Universidade Nova de Lisboa.
Pedro Guerreiro fez parte da pri-
meira turma de 31 alunos. José Ale-
gria, hoje com 61 anos, director de
Cibersegurança e Privacidade da
Portugal Telecom, também. “Era
uma espécie de hacker”, conta José
Alegria. Ri-se.
As aulas aconteciam nas insta-
lações do Seminário dos Olivais — o
campus da Faculdade de Ciências e
Tecnologia (FCT) da Nova, na Capa-
rica, estava longe de começar a ser
construído, era apenas um projecto,
diz Pedro Guerreiro. Nas salas frias,
de paredes grossas, do seminário os
futuros engenheiros informáticos
trabalhavam com computadores Da-
ta General Nova 2, “ainda com fi ta
de papel perfurada”, recorda José
Alegria. “Íamos de samarra para as
aulas, depois puseram lá uns aque-
cedores.” À saída cruzavam-se com
os padres, conta.
Havia outros computadores bem
mais cobiçados do que os Nova 2. No
Laboratório Nacional de Engenharia
Civil (LNEC), por exemplo, havia um
Dec System 10 de que os alunos de
Informática da Nova desse tempo fa-
lam bastante, com algum carinho, já
se verá porquê. Essa turma inaugu-
ral, ou parte dela, reencontrou-se es-
ta semana na Faculdade de Ciências
e Tecnologia (FCT), da Nova, numa
palestra sobre “Pensamento com-
putacional” de Jeannette M. Wing,
vice-presidente da Microsoft Resear-
ch, destinada a assinalar os 40 anos
da licenciatura portuguesa.
Ouvindo Wing a falar (e um au-
ditório cheio de jovens e antigos
estudantes assistiu) da aplicação
das ciências computacionais à saú-
de, à meteorologia, às ciências so-
ciais, a pergunta parece óbvia: o
que se aprendeu de Informática
Delgado Domingos, que morreu no
ano passado. “No meio académico
era esperável, e vinha dos puristas
que a entendiam como um ramo da
matemática, ou dos electrotécnicos,
que a entendiam como um ramo da
electrónica. Do meio profi ssional a
reacção era eminentemente corpo-
rativa porque a maioria dos dirigen-
tes do sector, não sendo licenciados,
sentia o seu poder e o seu prestígio
ameaçados pelo aparecimento de
licenciados na sua área.”
Delgado Domingos conta também
a célebre história da mini-saia. Foi
numa reunião no ministério de Vei-
ga Simão (ministro da Educação en-
tre 1970 e 1974) onde se debatia a
reforma do ensino da engenharia.
Quando se falou da introdução dos
computadores no ensino da enge-
nharia, lembra Delgado Domingos,
um “infl uente” docente de Mate-
mática declarou: “Vocês, no IST, se
quiserem entrar nessas brincadeiras
entrem, mas à vossa responsabilida-
de. Nós não entramos.” Afi nal, “essa
história dos computadores é como
a mini-saia, são modas”.
Apesar de se manter no IST, foi pa-
ra a nova universidade que Delgado
Domingos propôs a criação do curso
de Engenharia Informática. Madale-
na Quirino, até então investigado-
ra no Centro de Cálculo do LNEC,
coadjuvou-o. E a licenciatura na FCT
nasceu com uma característica espe-
cial: era uma licenciatura terminal,
de dois anos, ou seja, quem se candi-
datava devia ter formação superior,
pelo menos de três anos.
Pedro Guerreiro vinha de Enge-
nharia Eletrotécnica do IST. “Foi
uma decisão de um momento pa-
ra o outro, candidatei-me. Quando
entrei para o Técnico, em 1971, já
havia cadeiras de programação. Fiz
logo no 1.º ano, devo ter gostado.
Programava-se na altura em Fortran.
Havia um IBM 360, no IST, que era
uma máquina poderosa na altura.
Usávamos cartões... ainda se vê nos
fi lmes de época os cartões que eram
perfurados. Era assim que submetí-
amos os nossos programas.”
A ideia que se tinha então da
informática, “era que servia para
fazer cálculos científi cos, calcular
barragens e pontes, por exemplo”.
Ou então, “para os bancos, para as
companhias de seguros e de viação,
para gestão dos bilhetes e assim...
eram estes os tipos de utilização dos
computadores, e havia muitas em-
presas que precisavam de gente”.
Daí os anúncios nos jornais a pedir
funcionários.
Ninguém da família de Pedro
Guerreiro estranhou por isso a es-
colha do jovem naquele “ano muito
animado” de 1975. “Quando acabar
isto, vou para uma grande empresa
de electricidade, ou de telecomu-
nicações”, pensava. Mas depois de
um estágio de fi m de curso na TAP,
acabou por ser convidado a fi car co-
Andreia Sanches
computaem 1975/76 serve de alguma coisa
hoje? “Os princípios fundamentais
são muito do mesmo, o que mudou
radicalmente foram as abstracções
e a sua aplicação aos vários domí-
nios da ciência”, responde ao PÚ-
BLICO o responsável pela ciberse-
gurança da PT, no fi nal da palestra.
“Aquele raciocínio computacional
de que a Jeannette Wing falava há
pouco, quem o interiorizou naque-
la altura foi depurando, a bagagem
de subespecialidades aumentou, no
sentido da sua aplicação a múltiplas
áreas, mas os fundamentos são os
mesmos.”
Como a mini-saiaCom o 25 de Abril e a confusão aca-
démica que se seguiu, todas as pro-
postas de licenciatura e de iniciati-
vas das novas universidades fi caram
temporariamente suspensas.
A ideia do curso de informática
não era nova. Mas só acabaria por
ser desbloqueada pelo segundo
ministro da Educação no pós 25 de
Abril, Vitorino Magalhães Godinho,
explica um texto de 2004 de José
J. Delgado Domingos, professor do
Instituto Superior Técnico (IST),
membro da comissão instaladora
da Universidade Nova, um dos im-
pulsionadores do novo curso.
A licenciatura “levantou qua-
se de imediato muitas reacções e
obstruções no meio académico e
profi ssional”, explica esse texto de
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | PORTUGAL | 21
Dois ex-alunos contam como foi integrar a turma inaugural da primeira licenciatura de Engenharia Informática do país. Foi há 40 anos
mo professor na FCT, onde durante
os 30 anos seguintes deu aulas. “Os
primeiros professores eram pes-
soas que não eram propriamente
de informática. Trabalhavam com
computadores”, recorda. Havia falta
de diplomados para formar novos
diplomados.
O retornadoJá José Alegria tinha em 1975 aca-
bado de aterrar em Lisboa, vindo
de Luanda, onde nascera e onde,
desde os 16 anos, fazia programação
— “O meu pai era director dos Cami-
nhos de Ferro em Angola e eu aos 16
anos fi z um programa para simular
a construção dos caminhos-de-fer-
ro Luanda-Malange, duas vias, para
testar qual era a linha com menos
desgaste de ferro e a mais rápida”,
recorda. Usou o computador dos
Caminhos de Ferro. “Mas na Uni-
versidade de Luanda já havia um
IBM 1130 que era um computador
muito usado em laboratórios nor-
te-americanos, que já tinha teclado
com interface gráfi ca.” Foi, ainda
muito jovem, instrutor da IBM em
Angola.
Depois do 25 de Abril veio para
Portugal, com um bacharelato em
Electrotecnia recém-concluído com
18 valores e candidatou-se à primei-
ra turma de Informática da Nova. Ri-
se a contar como foi: “No processo
de selecção havia uma estratégia.
Numerus clausus: 30 alunos, dez de
na rádio à hora a que eu regressava
a casa, no cacilheiro para a margem
sul onde morava, e as pessoas ou-
viam aquilo.”
No 2.º ano do curso, conta, já os
restantes estudantes da turma iam
para o LNEC à noite também usar o
Dec System 10. “Metia-me com eles,
roubava-lhes as passwords, entreti-
nha-me a mandar-lhes mensagens a
gozar: ‘O sistema vai fazer shutdown
em dez minutos.’ E eles à pressa a
fazer save dos programas...” O ha-
cker, cá está.
“Trabalhávamos até de madru-
gada”, contra Pedro Guerreiro.
“Hoje seria impensável deixar um
grupo de alunos à noite, com todas
as questões da segurança...”
“Sempre quis trabalhar com
computadores”, prossegue Ale-
gria. Diz que sempre achou que
neles estava o futuro. Dois anos
depois do curso foi para os Estados
Unidos. Foi durante anos docente
e investigador da The Ohio State
University.
1400 diplomados“O primeiro departamento aca-
démico, autónomo, de computing
science, aparece nos EUA em mea-
dos dos anos 60”, nota Luís Caires,
actual presidente do Departamen-
to de Informática da FCT. Mas é na-
tural, diz, que tenha levado tempo
a acontecer em Portugal e aconte-
ceu em ambiente revolucionário.
Das turmas inaugurais de In-
formática, da FCT, saíram pesso-
as que “estão nos mais diversos
sectores”, como José Legatheaux
Martins, aluno do segundo curso
e que seria responsável pelo gru-
po de trabalho que ligou Portugal
à Internet, prossegue Luís Caires.
“Os primeiros doutoramentos de
Informática também foram feitos
aqui. Os primeiros computadores
Macintosh (lançados em 1984) a
chegar a Portugal também chega-
ram aqui. Foi há 30 anos e foram
oferecidos pela Apple ao nosso
departamento, no âmbito de um
projecto de investigação na área
da inteligência artifi cial. Ainda me
lembro de os ver quando aqui che-
guei em 1986.”
Nos últimos dois anos, houve
uma reestruturação profunda do
curso. “E foi lançado um mestrado
integrado” que aborda “uma série
de áreas — jogos, análise de gran-
des volumes de dados, cloud com-
puting, enfi m, todas as matérias
de que agora mais se fala” e que
benefi ciam da “capacidade da FCT
gerar conhecimento” no seu NOVA
Laboratory for Computer Science
and Informatics, diz Luís Caires.
Os alunos de hoje, esses, têm um
perfi l bem diferente dos de há 40
anos. Desde logo, vêm directamen-
te do ensino secundário. Mais de
um terço têm 19 ou menos anos. A
média de candidatura ronda os 14
valores. Querem essencialmente
seguir uma carreira em empresas
associadas a produtos informáti-
cos e consultoras. “Temos alunos
nossos a trabalhar na Google, na
Microsoft, no Facebook, quer na
Europa quer nos Estados Unidos”,
orgulha-se Luís Caires.
Em 40 anos, o departamento
produziu mais de 1400 graduados.
A taxa de desemprego registado no
Instituto de Emprego e Formação
Profi ssional dos diplomados deste
curso é de 2,4%.
dores não eram como a mini-saia
José Alegria (à esquerda na foto ao lado e na primeira das fotos de 1975) e Pedro Guerreiro fizeram parte da turma de 31 alunos da primeira licenciatura Engenharia Informática criada na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa há 40 anos
GUILHERME MARQUES
CORTESIA DE JOSÉ ALEGRIA
Engenharia, dez de Economia, dez
de Gestão, não sei quantos rapazes,
não sei quantas raparigas. Também
havia um militar, um da polícia, um
da Marinha. Aquelas coisas do pós-
25 de Abril... E eu entrei como o
31.º aluno porque vinha de Angola,
era o retornado, e para além disso
achavam que eu vinha da IBM e do
MPLA e era giríssimo ter no curso al-
guém de Angola, do MPLA, da IBM.
Quando percebi isso, na entrevista,
não desmenti nada, apesar de já não
ser nem da IBM nem do MPLA. Fui
o retornado do curso.”
Uma vez inscrito, passou a usar
o computador do LNEC. “Um Dec
System 10, já com subsistema grá-
fi co. De dia era usado pelos enge-
nheiros, à noite deixavam-me ir. Eu
era um miúdo. Também fazia coisas
para eles. Chegava às nove da noite
e saía às 5 da manhã. Conhecia a
radionovela Maria, porque passava
22 | PORTUGAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Ao recusar qualquer tipo de
entendimento à direita, Costa
forçou a esquerda a procurar um
lugar perto de si para não perder
a nau destinada a libertar o país
do alegado radicalismo ideológico
de Passos e companhia. Neste
“tempo novo”, não há vestígios
de uma relação de afectos ou de
afi nidades entre a esquerda; o
que há são encontros casuais por
mera necessidade. Os preceitos
programáticos tornaram-se
uma irrelevância para permitir
a assinatura de “posições
conjuntas” nas quais entra o que
pode ser partilhado por todos
e sai todo e qualquer estorvo
ideológico capaz de dividir
opiniões. Bastou um documento
de índole sindical, no qual o
PCP e o Bloco expuseram as
suas reivindicações de natureza
laboral, para que Costa pudesse
proclamar a sua regeneração
democrática.
A estratégia de forçar o
desvario dos adversários para
reunir as hostes da esquerda sob
a sua égide foi simplesmente
brilhante. Quando altas fi guras
do CDS insistem no disparate
MEMÓRIA FUTURA
DANIEL ROCHA
António Costa apresentou-se
esta semana ao país como o
mensageiro de um “tempo novo”
destinado a acabar com um outro
tempo marcado por “uma grave
degradação dos valores e dos
laços que unem a comunidade
nacional”. É normal que entre
a transição de um governo para
outro se sublinhe a dimensão
da novidade e se reclame um
“virar de página” capaz de criar
expectativa e mobilização. O
“tempo novo” de António Costa,
porém, simboliza muito mais do
que isso. O que ele conseguiu
fazer nos dois últimos meses
fi cará na memória do país
como a prova de que a crise e a
troika causaram transformações
irreversíveis no sistema
partidário, nas fronteiras que
delimitavam a luta pelo poder,
na noção do arco da governação
ou na ideia de que, em Portugal,
quem ditava as regras era um
eleitorado centrista e fl utuante
que ora oscilava um pouco para a
esquerda, ora se aproximava mais
da direita.
O que António Costa fez depois
da noite eleitoral de 4 de Outubro
é por isso mais do que um simples
ajustamento. É uma pequena
revolução que criou espanto e
pavor nos militantes da ortodoxia
política estabelecida em 40 anos
de regime, da qual o Presidente
da República é o máximo
representante. É também uma
mudança romântica que alimenta
a ingénua convicção de que o
povo recuperou a sua soberania
perdida a golpes de uma direita
radical e pode de novo entoar
com ardor os versos de Grândola,
Vila Morena. Estes estados de
alma opostos são a sua força. Mas
também a sua maior fragilidade.
Nessa separação da história
política da República entre
um a.C. (antes de Costa) e um
d.C. (depois
de Costa),
consolidou-se
a ideia de que
um homem
obstinado,
focado,
corajoso e
capaz de
negociar pode
fazer toda
a diferença
num sistema
partidário
fragmentado
e sujeito a
uma enorme tensão. O golpe de
génio do líder socialista esteve
precisamente na sua capacidade
em esvaziar as fórmulas de
cálculo existentes, de criar um
vazio que só o seu plano poderia
preencher. O “tempo novo” não
signifi ca tanto o fi m mitológico da
austeridade, é mais uma criação
que estilhaçou as noções do
consenso político e as fórmulas
tradicionais de governabilidade.
Não é coisa pouca para um
homem só, principalmente para
um homem que vem de uma
derrota eleitoral.
O PS vai governar à esquerda, mas com a sua esquerda e não com a dos seus parceiros informais
O “tempo novo” de António Costa
da ilegitimidade política, estão
a dar trunfos ao PS, ao Bloco e
ao PCP para reforçarem a sua
convergência. Quando Passos
pede uma revisão constitucional
para antecipar eleições, dá
de si a imagem de um homem
desesperado. Quando Cavaco
Silva sinaliza ao país a existência
de uma faixa signifi cativa do
eleitorado sem direito a participar
no poder, torna as “posições
conjuntas” irreversíveis. Quando
se sabe que as promessas de
devolução da sobretaxa de
IRS eram pura propaganda,
ou quando se ouve que Sérgio
Monteiro saiu do Governo a tempo
de ganhar 30 mil euros no Fundo
de Resolução, consagra-se a ideia
de que este Governo não pode ser
muito pior do que o anterior.
António Costa limitou-se a gerir
a ameaça externa da direita para
instalar na esquerda a ideia de
que o que estava em causa era
uma luta pela legitimidade, pela
sobrevivência e pelo direito do
país a acreditar em alguma coisa.
O “tempo novo” tornara-se um
“tempo de urgência”, outra das
pérolas oratórias do primeiro-
ministro na sua tomada de Costa.
Jerónimo de Sousa pode dizer que
o Governo do PS que agora tomou
posse não é ainda sufi cientemente
“patriótico” nem de “esquerda”,
a CGTP continua a fazer paradas
sindicais para mostrar a sua
força aos novos inquilinos de
São Bento, as discussões sobre
o ritmo do fi m da austeridade
ainda suscitam divergências,
mas com a ajuda de Cavaco
Silva e das diatribes do PSD e do
CDS, a missão da esquerda para
apagar as sequelas do “tempo
velho” tornou-se credível e Costa
pôde dessa forma tornar-se
indispensável.
Com o país político na mão,
o primeiro-ministro pode agora
recentrar o seu Governo na
área natural do seu eleitorado.
O “tempo novo” não poderá
dispensar receitas velhas. O
Presidente continuará a fazer
ameaças veladas, mas, nos meses
que se avizinham, não passará de
um espectro, um fantasma em
luta consigo próprio. O Bloco e o
PCP (mais o PCP do que o Bloco)
hão-de fazer-se caros e jurar
eternas promessas de fi delidade
aos seus princípios, mas a sua
autonomia e o seu destino estão
indelevelmente amarrados ao que
acontecer ao Governo e à vontade
de António Costa. O PS, percebe-
se cada vez melhor, vai governar
à esquerda, mas com a sua
esquerda e não com a esquerda
dos seus parceiros informais —
Jerónimo de Sousa lamentava
ontem no Expresso a inexistência
de uma “ruptura”. Por isso
Costa promete não ignorar nem
minimizar “as restrições que
limitam o nosso leque de opções e
condicionarão a nossa acção”; por
isso promete “fi nanças públicas
equilibradas” e uma “trajectória
de redução do défi ce orçamental
e da dívida pública”; por isso
assume um programa e uma
atitude “moderadas”.
Na sua manchete de quarta-
feira, o PÚBLICO titulava com
razão que “o combate de Costa
começa agora”. Não vai ser pêra
doce. O Governo é como uma
bicicleta: se abranda, ou pára ou
está condenado a cair. Para que
tudo funcione, vai ser preciso
acreditar que o PS vai cumprir
o seu programa e não a agenda
da CGTP. O Governo anterior
foi longe de mais na noção de
que os portugueses precisam de
mais pau do que cenoura para
deixarem de ser piegas, há amplos
estratos da população que não
podem continuar abandonados à
pobreza e à exclusão, o país não
pode comprometer o esforço de
modernização na ciência e no
conhecimento, é urgente voltar a
discutir o território e aproveitar o
seu potencial.
Mas espera-se que o “tempo
novo” de Costa não se faça com
falsas promessas de que o Estado
tem a poção mágica de todos os
males, que a responsabilidade
individual é secundária e que
nos espera um admirável mundo
novo de facilidades onde não
cabem exames, nem avaliações
de serviços públicos, nem
aumentos salariais dependentes
da produtividade. Tempo
interessante.
AnáliseManuel Carvalho
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | PORTUGAL | 23
Os deputados do CDS-PP Francisco
Mendes da Silva, Ana Rita Bessa e
Teresa Caeiro defenderam que os
casais homossexuais têm a mesma
capacidade para adoptar crianças,
questionando, contudo, se existe na
sociedade um ambiente favorável. As
posições foram expressas em declara-
ções de voto à adopção por casais do
mesmo sexo. No caso de Francisco
Mendes da Silva, sublinha, contudo,
que o “interesse central é o superior
interesse da criança” e “é este que
deve ser, sempre, o guia supremo
do legislador”, e a partir desse guia
persistem “dúvidas profundas” que
Deputados do CDS admitem adopção gay
não se conseguiu ainda ultrapassar
e que se prendem sobretudo com a
maturidade da sociedade. No mesmo
sentido vai a declaração de voto das
deputadas centristas Ana Rita Bessa
e Teresa Caeiro, que defendem que
os casais homossexuais têm a mesma
legitimidade e capacidade para adop-
tar crianças, justifi cando a abstenção
com o facto de a sociedade ainda não
reunir as condições concretas para
salvaguardar inequivocamente o su-
perior interesse da criança. “Cabe
ao Estado assegurar o superior inte-
resse da criança não só no momento
concreto da adopção, mas até à sua
emancipação. Ora, esta discussão
ocorre num tempo concreto e nu-
ma sociedade concreta, isto é, num
contexto que não me parece reunir
(ainda) as condições para que esse
superior interesse da criança — e não
o de causas sociais legítimas — esteja
salvaguardado”, lê-se na declaração
de voto.
Parlamento
Três deputados do CDS justificam a abstenção na votação parlamentar sobre o tema
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
Médico e ex-administrador hospitalar, ministro diz que vai governar para todas as profissões do sector
A nova rede de serviços de urgência
está a ser estudada, mas ainda é cedo
para adiantar o que vai ser feito. Foi
de forma cautelosa, sem se compro-
meter com uma decisão a propósito
da polémica medida do seu anteces-
sor, que o novo ministro da Saúde,
Adalberto Campos Fernandes, res-
pondeu ontem aos jornalistas à saída
do Congresso Nacional de Medicina,
na sua primeira intervenção pública,
no Porto.
Lembrando que ainda está “a mer-
gulhar nos dossiers”, o ministro dei-
xou apenas a garantia de que está a
estudar o novo mapa das urgências
e frisou que a sua decisão será nor-
teada pelo “interesse público”. Foi
o o anterior ministro da Saúde, Fer-
nando Leal da Costa, no cargo menos
de um mês, que publicou uma nova
rede de urgências, extinguindo for-
malmente 11 serviços.
“Estamos a estudar e a procurar
recolher a informação necessária
para que a decisão seja ponderada”,
precisou Adalberto Fernandes, sem
se comprometer a “revogar ou deixar
de revogar” o despacho publicado no
Ministro da Saúde estuda novo mapa de urgências, mas não sabe se o revoga
dia 20 para entrar em vigor dentro
de seis meses. “O interesse geral será
estudado, será reavaliado em função
daquilo também que é o interesse do
país”, acentuou.
Quanto ao anúncio de que oito das
principais associações que apoiam
doentes com VIH/sida se arriscam a
fi car sem fi nanciamento público já no
fi nal do ano, o ministro lembrou que
esta é “uma responsabilidade parti-
lhada com a Segurança Social”, mas
adiantou que já deu indicações para
que os serviços verifi quem o que está
a acontecer, de forma a que se possa
ultrapassar este “constrangimento”.
Se a ameaça se concretizar, são perto
de 1 500 doentes com VIH/sida em
situação de elevada dependência que
fi cam sem apoio.
Antes, o novo ministro, que é mé-
dico e ex-administrador hospitalar,
quis deixar bem claro, perante uma
plateia de colegas, que vai governar
para todas as profi ssões do sector.
“Sou médico e, circunstancialmente,
sou ministro da Saúde, mas vou ser
ministro com todas as profi ssões da
saúde”, enfatizou, no encerramento
do XVIII Congresso Nacional de Me-
dicina, na Secção Regional do Norte
da Ordem dos Médicos.
Sublinhando que há que recuperar
a confi ança “perdida” nos últimos
anos, Adalberto Fernandes disse
que “conta muito com os médicos”,
a quem pediu que o ajudem a de-
sempenhar a complexa tarefa “sem
crispação”. Mas crispação foi aquilo
que o novo governante encontrou
à saída do congresso. Questionado
pelos jornalistas sobre a ameaça feita
por alguns médicos — que se mos-
tram dispostos a ir para tribunal, se
tiverem de cancelar férias marcadas
para o Natal ou Ano Novo —, o minis-
tro defendeu que há que cumprir a
lei, e reafi rmou que também há que
garantir o interesse público.
“Não podemos repetir este ano
aquilo que aconteceu no ano passado
[nalguns serviços de urgência, onde
houve esperas de mais de 20 horas].
Preocupa-me que os portugueses te-
nham uma resposta atempada, mas
também garanto que será cumprida
a lei”, disse.
Esta medida foi igualmente deter-
minada pela anterior equipa minis-
terial liderada por Leal da Costa e
integra o plano de contingência pa-
ra o frio e a epidemia de gripe deste
Inverno.
No congresso, o bastonário da Or-
dem dos Médicos (OM), José Manuel
Silva, revelou ter “expectativas muito
positivas” sobre a futura actuação do
novo ministro e elegeu a “reforma
dos cuidados de saúde primários” co-
mo a principal preocupação. “Todo
o sistema de saúde estará desequili-
brado, enquanto houver portugueses
sem acesso a um médico de família”,
justifi cou. Mas reconheceu que a mis-
são de gerir hoje o sector da saúde
é “uma missão quase impossível”.
“Curar as cicatrizes recentes do SNS
[Serviço Nacional de Saúde] não é
tarefa fácil”, corroborou Miguel Gui-
marães, presidente da OM Norte.
CongressoAlexandra Campos
Médicos ameaçam ir para tribunal, se tiverem de mudar férias no Natal. Ministro diz ser preciso “garantir interesse público”
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ESTREIA 28 DE NOVEMBRO ÀS 22:30NÃO PERCA O CONCURSO ONDE IMPERA
A ARTE DE CONTAR BOAS HISTÓRIAS,
APRESENTADO POR ANTÓNIO RAMINHOS:
SE SÓ PUDÉSSEMOS DIZER A VERDADE,
O MUNDO PERDIA BOAS HISTORIAS
24 | LOCAL | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Documentário desvenda parte da Lisboa romana sob os nossos pés
FOTOS: DR
Recriação da cidade romana de Olisipo (Lisboa) feita pelo ilustrador César Figueiredo
Ordem da Cavalaria do Sagrado Portugal participou nas filmagens
A descoberta de um fundeadouro
romano no subsolo de Lisboa, feita
pelos arqueólogos durante a constru-
ção de um parque de estacionamento
na Praça D. Luís I, deu origem a um
documentário. Com esta obra, que
inclui uma recriação em três dimen-
sões de Olisipo, Raul Losada quer dar
a conhecer a cidade com cerca de
dois milénios que se esconde debai-
xo dos nossos pés.
O documentário Fundeadouro Ro-
mano em Olisipo, apresentado como
“um projecto de divulgação do pa-
trimónio arqueológico”, foi exibi-
do pela primeira vez em Outubro,
no Museu Nacional de Arqueologia
(MNA). Depois disso, o fi lme com 55
minutos foi também projectado na
Ordem dos Arquitectos e no Museu
Marítimo de Ílhavo.
A expectativa do autor do do-
cumentário é que ele venha a ser
exibido por um canal de televisão
português, mas enquanto isso não
acontece sabe-se já que a recriação
arqueológica virtual de Olisipo que
foi produzida para o fi lme e um ex-
certo do mesmo estarão patentes na
exposição Lusitânia Romana — Ori-
gem de dois povos, que será inaugu-
rada em Dezembro no MNA.
Segundo Raul Losada, para o início
de 2016 está também prevista a sua
projecção no Cinema S. Jorge, em Lis-
boa, numa parceria com a empresa
municipal EGEAC e com o Centro de
Arqueologia de Lisboa. A expectativa
do realizador do documentário é que
ele seja também exibido, nos próxi-
mos dois anos, em vários festivais de
arqueologia fora de Portugal.
A história deste documentário
começa, como conta Raul Losada,
com uma notícia do PÚBLICO, de Fe-
vereiro de 2013. Nela, dava-se conta
de que na Praça D. Luís I tinha sido
descoberto, pelos arqueólogos da
empresa ERA — Arqueologia, um
fundeadouro romano, durante a
construção de um parque de esta-
cionamento subterrâneo da empresa
Empark.
Nesse local de ancoragem de em-
barcações, que terá sido usado pelo
menos entre os séculos I a.C. e V d.C.,
foram também encontradas meia
centena de ânforas e algumas peças
de cerâmica. Entre os achados feitos
delas com a Ordem da Cavalaria do
Sagrado Portugal, que assegurou os
momentos de reconstituição históri-
ca que integram o documentário.
Também envolvido no projecto
foi César Figueiredo, um mestre em
ilustração que nos últimos anos tem
trabalhado na área da arqueologia e
do património. A posposta inicial era
que desenhasse um navio romano,
mas o trabalho de “ilustração e ar-
queologia virtual em três dimensões”
realizado para o documentário aca-
bou por incluir uma reconstituição
da cidade romana de Olisipo.
“Foi um trabalho monstruoso”,
sublinha Raul Losada, para quem
se trata de “uma inédita e surpreen-
dente recriação”. César Figueiredo
confi rma que este foi “um trabalho
que demorou muitos, muitos meses”
a concluir, acrescentando que tal se
deveu à necessidade de consultar
uma série de fontes de informação
e de promover várias reuniões com
investigadores da área.
O ilustrador admite que fazer “uma
espécie de retrato-robot” da cidade
há cerca de dois milénios envolveu al-
gum risco, dado que o conhecimento
que se tem dessa época “ainda é par-
co”, apesar haver “estudos recentes
de vários investigadores” sobre a ma-
téria. César Figueiredo adianta que a
recriação em três dimensões foi feita
tendo por base informações já dadas
como certas, como “os limites da ci-
dade”, “o traçado da muralha” e a lo-
calização de alguns “pontos-chave”,
como as fábricas de produção de pre-
parados de peixe e o teatro romano.
“Não é 100% a cidade que existia.
É uma visão aproximada”, constata
o ilustrador. “É a imagem do que era
expectável ser a cidade”, corrobora
Raul Losada, reconhecendo que são
muitos os “pontos negros” por des-
vendar e que fazer esta recriação foi
quase como montar um puzzle.
“Todos os dias se estão a descobrir
coisas em Lisboa”, remata. Essa ideia
é também sublinhada no documentá-
rio, no qual se diz que, “aos poucos,
a Lisboa romana vai sendo revelada,
muitas vezes por mero acaso”. “De-
baixo da cidade esconde-se uma ou-
tra Lisboa, praticamente desconhe-
cida”, acrescenta-se no fi lme, que in-
clui o depoimento de investigadores
e arqueólogos e se centra essencial-
mente no “achado singular” que foi o
fundeadouro romano, no qual foram
também encontrados “um notável
conjunto de ânforas” e a madeira de
uma embarcação, classifi cada como
“um achado raro e uma das peças
mais valiosas deste encontro feliz
com o mundo romano”.
Numa exibição do documentário
que teve lugar na Ordem dos Arqui-
tectos, o administrador da ERA —
Arqueologia considerou que este é
“um documento paradigmático do
que devia ser feito na arqueologia
portuguesa” e que é “comunicar de
forma alargada”. “Tendencialmen-
te a arqueologia é muito escondida,
muito envergonhada”, lamentou Mi-
guel Lago, para quem isso “não faz
sentido”. Para este responsável, o do-
cumentário Fundeadouro Romano em
Olisipo “é um trabalho excepcional”,
que “seguramente vai ter um impac-
to muito grande”. “Curiosamente foi
feito não por uma instituição, mas
por uma pessoa”, notou ainda Mi-
guel Lago.
Tanto Raul Losada como César Fi-
gueiredo têm a expectativa de que a
concretização deste projecto, e a de-
monstração de que não só é possível
fazer algo assim como de que há um
público interessado, lhes abra portas
e permita que este seja apenas o pri-
meiro documentário de arqueologia
desta dupla.
Fundeadouro Romano em Olisipo, de Raul Losada, inclui uma recriação em três dimensões da cidade na época romana. O ponto de partida foi uma notícia do PÚBLICO sobre escavações na Praça D. Luís I
“Inicialmente a ideia era fazer um pe-
queno vídeo para publicar no Portu-
gal Romano”, explica, acrescentando
que o projecto foi crescendo até se
perceber que havia “potencial” para
um documentário.
Seguiu-se uma tentativa, gorada,
junto de várias entidades, de obter
apoios para a sua concretização. Mas
Raul Losada não desistiu: dedicou os
seus “tempo livres, folgas e férias” a
este projecto, em redor do qual con-
seguiu criar “muitas parcerias”. Uma
HistóriaInês Boaventura
nessa altura estava ainda uma madei-
ra, com cerca de 8,5 metros de com-
primento, que mais tarde se concluiu
ser parte de uma embarcação roma-
na que terá navegado no Atlântico.
Raul Losada, que trabalha como
operador de imagem e mantém há
vários anos no Facebook a página
Portugal Romano (criada para di-
vulgar a arqueologia romana em
Portugal), leu a notícia e dirigiu-se às
escavações com a intenção de obter
autorização para fazer o seu registo.
26 | ECONOMIA | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Antigo fornecedor e 1,5 milhões dão novo fôlego à Throttleman
NELSON GARRIDO
Parceria entre a Crivedi e a Explorer para revitalizar a marca de vestuário tem a duração de, no mínimo, oito anos
Pela mão de um antigo fornecedor,
a Crivedi, e com a injecção de 1,5 mi-
lhões de euros do fundo de capital
de risco privado Explorer, a marca
Throttleman sobreviveu a um atri-
bulado processo de insolvência e já
tem 18 lojas abertas, seis em outlets.
Os planos para os próximos dois
anos incluem a abertura de mais
seis pontos de venda próprios, to-
dos no mercado nacional.
António Archer, fundador e maior
accionista da Crivedi, uma têxtil da
Trofa, explicou ao PÚBLICO que a
ligação à Throttleman existiu desde
a primeira hora. Criadas no mesmo
mês e no mesmo ano, a Archer for-
necia colecções de roupa à marca
portuguesa, que não tinha produ-
ção própria. A relação evoluiu nos
últimos anos para a exploração, por
parte da têxtil, de seis lojas da mar-
ca, em regime de franquia.
Mas a compra da insígnia e o seu
relançamento só foi possível graças
a uma aliança com a Explorer, em-
presa de capital de risco que, atra-
vés do Fundo Revitalizar Norte, in-
jectou 1,5 milhões de euros na têxtil
da Trofa, assumindo uma posição
de 25% do seu capital, um “casa-
mento” com um prazo de duração
mínimo de oito anos.
Criada pela Brasopi, a Throttle-
man chegou a ter 60 lojas, algumas
das quais em Angola e nos Emirados
Árabes Unidos. O plano de expan-
são, fi nanciado maioritariamente
com recurso a fi nanciamento ban-
cário, asfi xiou a empresa a partir
da crise de 2008, obrigando-a a
recorrer a um Plano Especial de
Recuperação, a que se seguiu a um
plano liquidação. O total de créditos
reclamados à empresa, que também
lançou a Red Oak, outra marca in-
solvente, aproximou-se dos 30 mi-
lhões de euros.
Já com novos donos, e depois da
recente abertura de duas lojas, uma
no Marshopping, em Matosinhos, e
outra no Almada Fórum, a insígnia
quer aumentar o número de unida-
des e ter, pelo menos, mais seis nos
próximos dois anos, nas regiões da
Grande Lisboa, Braga, no Algarve
e na Madeira. Mas a estratégia de
crescimento é cautelosa, passando
apenas pela aposta em locais consi-
dominado pelas grandes cadeias
internacionais.
Num horizonte de dois anos,
a internacionalização não é uma
prioridade. O empresário explica
que há ainda muito trabalho de
consolidação da marca a fazer no
mercado interno. E mais do que o
número e lojas, a empresa olha para
o volume de vendas que a anterior
gestão conseguiu em 2010 e 2011,
que se aproximou dos 30 milhões
de euros.
A Throttleman deverá terminar
o corrente ano com um volume de
vendas de 3,2 milhões de euros, va-
lor que em 2016 deverá evoluir para
5,2 milhões de euros, avança o em-
presário, que prefere não fazer pro-
jecções para os próximos anos.
Apesar de não ser uma priorida-
de, António Archer diz que vai estar
atento a eventuais oportunidades
noutros mercados, sustentando que
“a expansão internacional pode ser
a mais barata, se se encontrar o par-
ceiro certo”.
O investimento de 1,5 milhões de
euros na marca tem subjacente a
perspectiva de recuperação do con-
sumo no mercado nacional. E de-
pois de um ano (2015) em que não
se verifi cou uma quebra de vendas,
ao contrário do que se passou entre
2010 e 2014, António Archer tem
expectativas de que 2016 seja um
ano de alguma recuperação.
A Crivedi, criada em 1991, produz
vestuário para o mercado nacional
e para exportação. A empresa tem
uma equipa de perto de três deze-
nas de trabalhadores, que fazem
o desenvolvimento de colecções,
incluindo a confecção de protóti-
pos, que depois são propostos aos
clientes. O fabrico dos artigos é de-
pois subcontratado em têxteis da
região.
Marca de roupa portuguesa sobreviveu a um atribulado processo de insolvência e quer, agora, recuperar mercado. Com 18 lojas, tem planos para abrir mais seis em dois anos. Em 2016 planeia facturar 5,2 milhões
ComércioRosa Soares
senvolvimento de colecções muito
grandes, o que “não é o mais acer-
tado”, adiantou o responsável.
“O plano de expansão pode ser
acelerado mas através de fran-
quias”, conta. Este é um modelo
já testado pela Throttleman e pela
própria Crivedi.
A estratégia dos novos investido-
res da marca contempla outros mo-
delos de negócios, como a aposta no
canal de vendas online, e na presen-
ça em lojas multimarca, que levarão
ao reforço da equipa de vendedores
já nos próximos dias.
A linha condutora da marca está a
ser mantida e, em termos de preços,
também vai continuar a posicionar-
se no segmento médio/alto. Isso não
é uma opção, “é uma estratégia de
sobrevivência”. António Archer ex-
plica que a sua empresa não tem
dimensão, nem volume para entrar
na guerra do preço médio/baixo”,
As lojas são mais pequenas, o que acautela o peso excessivo das rendas e do número de trabalhadores
derados estratégicos. “Os bons sho-
ppings estão um bocadinho repletos
e os maus não nos interessam”, ex-
plica António Archer.
A dimensão das lojas é menor, en-
tre os 100 e os 200 metros quadra-
dos (na gestão anterior chegavam
aos 350 metros quadrados), uma
decisão que pretende acautelar o
peso excessivo das rendas e do nú-
mero de trabalhadores. O modelo
anterior também implicava o de-
Lim
itad
o ao
sto
ck e
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BATMAN NOIRO HOMEM MORCEGO, NO TRAÇO INCONFUNDÍVEL DO ARTISTA ARGENTINO EDUARDO RISSO.
“ B A T M A N N O I R ” . O C A V A L E I R O D A S T R E V A S C O M O N U N C A
N I N G U É M V I U A N T E S , N U M A C O M P I L A Ç Ã O D E H I S T Ó R I A S
S O M B R I A S E V I O L E N T A S , E S C R I T A P O R B R I A N A Z Z A R E L L O ,
E T O TA L M E N T E I L U S T R A D A S A P R E T O E B R A N C O P O R E D U A R D O R I S S O .
E D I Ç Ã O I N É D I T A D E C A P A D U R A C O M O P Ú B L I C O P O R A P E N A S 1 1 , 9 0 € .
28 | ECONOMIA | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
De acordo com o estudo How’s Life
— Measuring well-being, divulgado
pela OCDE, e que analisa o bem-
estar social das pessoas, Portugal
faz parte do grupo de países que
mais sofrem as “sequelas sociais”
da crise fi nanceira internacional de
2007/2008, sendo os portugueses
dos mais insatisfeitos com a vida.
E esta opinião justifi ca-se acima de
tudo pelo aumento da incerteza
em manter um emprego (e receio
de fi car desempregado) assim
como pela ampliação dos períodos
normais de trabalho “muito
longos”, de 50 ou mais horas
semanais que, segundo o estudo,
“quase duplicou” entre 2009 e
2013. O documento indica que,
desde 2009, o número de pessoas
a trabalhar regularmente 50 horas
ou mais por semana aumentou
em vários países (por exemplo, no
Reino Unido, Irlanda e República
Eslovaca), mas foi em Portugal
e no Chile que se registaram os
aumentos mais signifi cativos (e,
ao contrário, em países como a
Áustria, República Checa ou Israel,
verifi cou-se uma redução dos
períodos normais de trabalho).
A OCDE evidencia o facto de
terem sido os países mais afectados
pela crise — como Grécia, Portugal
e Espanha — a registar as quebras
mais graves em vários indicadores
de bem-estar desde 2009 e, em
especial no caso de Portugal,
sublinhando que as “sequelas
sociais” não atingiram os níveis da
Grécia, alerta para o aumento dos
períodos normais de trabalho.
Como se sabe, em matéria da
organização do tempo de trabalho,
a história da regulação laboral,
legal e convencional, mostra que o
propósito de redução dos tempos
de trabalho tem sido um sinal
progressista de desenvolvimento
das condições de trabalho, tanto
mais que se entende que, em nome
do princípio da dignidade pessoal
e social, a prestação de trabalho
deve permitir conciliar a vida
pessoal e familiar com o trabalho
e que se trata de uma exigência de
proteção da saúde e segurança das
pessoas que trabalham.
No nosso país, desde 1919 que,
também por estas razões, o limite
máximo legal para o período
normal de trabalho diário se
encontra fi xado nas 8 horas de
trabalho. Contudo, na sequência
de transformações económicas,
foram ultimamente consagradas
no ordenamento jurídico-laboral
algumas alterações em matéria
de organização do tempo de
trabalho, que têm tido como
consequência um aumento dos
períodos normais de trabalho. De
entre elas é de destacar o banco
de horas individual: se em 2009
se tinha previsto o banco de horas
por regulamentação coletiva, em
2012 consagrou-se o banco de
horas individual (acordado entre
empregador e trabalhador, sob
proposta daquele) e que permite
o aumento do período normal de
trabalho até duas diárias, no limite
de 50 horas semanais.
Ora, quando falamos de
progresso social e de bem-estar
social, pensamos também na
promoção da melhoria das
condições de trabalho, com vista
a uma vida social condigna. E,
neste aspecto, é crucial atentar
na evolução média do período
normal de trabalho no nosso país
já que qualquer reconfi guração da
organização do tempo de trabalho
repercutir-se-á, inevitavelmente,
OpiniãoGlória Rebelo
no direito à vida pessoal e familiar
e no direito ao repouso dos
trabalhadores.
A este propósito, e num sentido
oposto, refi ra-se que na Suécia, por
exemplo, começou a implementar-
se, faseadamente, as 6 horas
de trabalho diárias. E, segundo
uma recente notícia do jornal
The Guardian, apesar da redução
horária, os salários manter-se-
ão, sendo o objetivo principal
desta medida o de promover
um aumento da produtividade,
contribuindo para o bem-estar
da população. A ideia é de a
procurar que os trabalhadores se
concentrem mais sobre o trabalho
ganhando, simultaneamente,
tempo para a sua vida pessoal e
familiar. Certos serviços, como
lares de idosos e hospitais,
implementaram já a mudança
e a generalidade das pessoas
— incluindo os empregadores —
parece aceitar bem esta alteração.
E se, em Portugal, em virtude da
destruição de emprego ocorrida
nos últimos anos, persistem
elevados níveis de desemprego,
particularmente de desemprego
de longa duração, ante esta
tendência para o aumento dos
períodos normais de trabalho,
importa realçar o papel crucial do
direito do trabalho em matéria de
organização do tempo de trabalho
— designadamente, robustecendo
soluções jurídicas que garantam
partilha do trabalho; caso
contrário, a maioria da população
trabalhará cada vez mais tempo,
em prejuízo não só do seu bem-
estar, mas também do propósito de
reduzir o desemprego.
Tempo de trabalho: que progresso social?
ADRIANO MIRANDA
Os períodos normais de trabalho têm aumentado
Qualquer reconfi guração da organização do tempo de trabalho repercutir-se-á no direito à vida pessoal e familiar
Renegociação com a PSA ficou concluída em Maio
A renegociação do contrato de con-
cessão com a PSA, a autoridade por-
tuária de Singapura que explora o
Terminal XXI, em Sines, permitiu
um incremento de 11% nas receitas
da Administração do Porto de Sines
(APS) no segundo trimestre deste
ano. No relatório em que dá conta
dos principais fl uxos fi nanceiros das
concessões no segundo trimestre de
2015, a Unidade Técnica de Acom-
panhamento de Projectos (UTAP)
recorda que este foi o único conces-
sionário com o qual o Estado deu por
concluída a ronda de renegociação
dos contratos no sector portuário,
num acordo que permitiu o aumen-
to da capacidade anual do terminal
para 2,5 milhões de TEU (unidade de
medida equivalente a um contentor
de 20 pés), “sem necessidade de re-
alização de investimentos a cargo da
APS ou prorrogação do prazo con-
tratual”.
O objectivo assumido destas rene-
gociações, que estavam sob tutela do
então secretário de Estado Sérgio
Monteiro, passava por não só dimi-
nuir a chamada “factura portuária”
e os encargos pagos pelos utilizado-
res (os exportadores), mas também
por garantir investimentos na me-
lhoria da infra-estrutura sem peso
para o erário público. E isso só foi
conseguido em Sines, com a PSA a
avançar para os investimentos sem
pedir contrapartidas ao Estado. As
obras de ampliação do Terminal XXI
arrancaram em Maio, mas o novo
contrato impõe a realização de três
pagamentos fi xos anuais, entre 2015
e 2017, e um pagamento variável que
tem por base valores anuais.
No segundo trimestre de 2015, a
UTAP destaca que não só se manti-
nham em curso essas negociações co-
mo ainda decorriam os estudos de
avaliação da sustentabilidade eco-
nómico-fi nanceira de alguns inves-
timentos de expansão nas áreas
concessionadas do Porto do Douro
e Leixões.
E, durante o período de consulta
pública do estudo sobre a concor-
rência no sector portuário — levado a
cabo pela Autoridade da Concorrên-
cia, em que, entre outras medidas,
Porto de Sines aumenta receitas em 11% com renegociação de Terminal XXI
defendia, inclusive, o encurtamento
dos prazos dos actuais contratos de
concessão, defendendo que estes
deviam voltar mais rapidamente ao
mercado —, percebeu-se pelas críticas
então ouvidas que tanto os privados
como as administrações portuárias
não consideravam que o desfecho
negocial conseguido em Sines se iria
repetir noutros portos.
Segundo o relatório da UTAP, as re-
ceitas auferidas pelas administrações
portuárias relativamente aos termi-
nais concessionados registaram no
segundo trimestre de 2015 um acrés-
cimo da ordem dos 6% face ao perí-
odo homólogo de 2014, ascendendo
a 19,2 milhões de euros. Quem mais
contribui para esta receita (com um
peso de 39%) é Porto do Douro e Lei-
xões, curiosamente, o único que, no
fi nal do primeiro semestre deste ano,
apresentou quebras de receitas na
ordem dos 3%. Em sentido contrário
estiveram os aumentos signifi cativos
de receitas das administrações por-
tuárias em Sines (17%), Lisboa (10%)
e Aveiro (12%).
Na origem desta evolução positiva
está “a tendência de crescimento a
que se assistiu ao nível do movimen-
to global de mercadorias (incluindo
as contentorizadas)”, mas o caso de
Lisboa tem ainda a explicação acres-
cida da entrada em operação de um
novo concessionário no Terminal de
Santa Apolónia. “O novo contrato de
concessão no Porto de Lisboa, ori-
ginou um incremento da receita na
ordem dos 10%”, contabiliza a UTAP.
O novo contrato de concessão do Ter-
minal de Santa Apolónia foi assinado
em Abril e tem um prazo de seis anos
(termina Fevereiro de 2021), mas pre-
vê a possibilidade de renovação anu-
al durante dez anos.
Infra-estruturas Luísa Pinto
Receitas das administrações portuárias com concessões atingiram os 19,2 milhões de euros no segundo trimestre de 2015
Professora universitária e investigadora
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | ECONOMIA | 29
A SEMANAO ex-secretário de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro está no Banco de Portugal (BdP) com a missão de vender o Novo Banco. O seu contrato com a instituição tem a duração de 12 meses e, por mês, receberá uma remuneração bruta de 30 mil euros, valor que inclui outras componentes além do
salário, como os pagamentos à Segurança Social que estão normalmente a cargo do trabalhadores. Sérgio Monteiro recebe mais do que o presidente do Novo Banco e o valor do vencimento está a gerar mal--estar no BdP e no grupo CGD, onde era administrador antes de ir para o Governo PSD-CDS
30
Bruxelas acordou há uma semana sob a ameaça “iminente” de um atentado. Os analistas antecipavam dias de negociação voláteis nas praças europeias e o episódio deixou os investidores mais receosos. Mas o balanço da semana acabou por ser positivo para os principais índices bolsistas da Europa. A subida do preço do petróleo tem-se reflectido em ajustamentos em alguns preços de acções e de índices bolsistas. O PSI-20
encerrou do lado positivo, a subir 0,99% nas cinco sessões. Entre as maiores subidas estiveram dois bancos, com as acções do BPI a valorizarem-se 6,03% e os títulos do BCP a crescerem 3,9%. Já o Banif voltou a ter um dos piores desempenhos, ao revelar uma queda semanal de 4,17%. Também o sector energético teve esta semana um balanço misto: na lista dos melhores desempenhos ficaram a EDP Renováveis, a subir 4,07%, e a Galp, a crescer 3,53%,
ao contrário da EDP, que teve uma quebra de 2,76%. Ao todo, das 18 empresas actualmente cotadas no PSI-20, 12 fecharam em alta e seis perderam valor. As duas primeiras sessões da semana foram negativas, mas a partir de quarta-feira o desempenho foi sempre positivo, embora com subidas ligeiras, sempre inferiores a 1%. Nesse mesmo dia em que o índice inverteu a tendência, Portugal foi ao mercado emitir dívida pública a dez anos. O Tesouro
captou 995 milhões de euros, suportando uma taxa de juro de 2,429%, ligeiramente acima da operação anterior, em que a taxa foi de 2,398%. Do outro lado do Atlântico, o aumento moderado do consumo nos Estados Unidos e os dados positivos em relação ao mercado de trabalho voltaram a alimentar as expectativas de que a Reserva Federal dos EUA ainda poderá aumentar este ano as taxas de juro de referência. Pedro Crisóstomo
Valor das acções em euros8,10
8,35
8,85
9,10
272625242320 Nov.
8,65 8,827
Var.
Valor das acções em euros9,0
10,0
10,5
11,0
272625242320 Nov.
9,553 9,89
Var.
Valor das acções em euros0,040
0,045
0,055
0,060
272625242320 Nov.
0,04870,0506
Var.
Valor das acções em euros1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
272625242320 Nov.
1,061
1,125
6,03%Var.
Valor das acções em euros6,00
6,50
6,75
7,00
272625242320 Nov.
6,3716,63
Var.2,05% 3,53% 3,9% 4,07%
CTT Galp Energia EDP RenováveisBCP BPI
Valor das acções em euros0,40
0,45
0,50
0,60
272625242320 Nov.
0,55
0,498
-9,45%Var.
Impresa
Valor das acções em euros0,002125
0,002219
0,002313
0,002500
272625242320 Nov.
0,0024
0,0023
-4,17%Var.
Banif
Valor das acções em euros3,1
3,2
3,3
3,4
3,5
272625242320 Nov.
3,33
3,238
-2,76%Var.
EDP
Valor das acções em euros0,350
0,375
0,425
0,450
272625242320 Nov.
0,401
0,394
-1,75%Var.
Teixeira Duarte
Valor das acções em euros12,50
12,75
13,25
13,50
272625242320 Nov.
12,99512,89
-0,81%Var.
Jerónimo Martins
Var.Índice em pontos
4500
5000
6000
6500
20 Nov.15 Jun.
0,99%
5360,51Última semana
5627,05
AS CINCO MAIS
AS CINCO MENOS
PSI 20
A FIGURA MARIA LUÍS ALBUQUERQUEEsteve fora dos holofotes mediáticos nos derradeiros dias do Governo de Pedro Passos Coelho, mas nem pela sua ausência deixou de ser “a” figura omnipresente da última audição da equipa do Ministério das Finanças no Parlamento.Na passada quarta-feira, na Comissão de Orçamento e Finanças, Maria Luís Albuquerque não esteve presente, fazendo-se representar por dois secretários de Estado: Paulo Núncio, que nos últimos quatro anos teve consigo a alçada dos assuntos fiscais, e Hélder Reis, responsável pela
pasta do orçamento. A síntese da execução orçamental de Outubro, publicada nessa manhã de quarta-feira, véspera da mudança de governo, veio confirmar que a estimativa do crédito fiscal é agora de zero, quando antes das eleições o pico das receitas fiscais do IVA e do IRS colocou esta previsão em 35%. O tema já tinha agitado o debate político na semana anterior, depois de o Jornal de Negócios ter antecipado estes números. Era inevitável que o Governo cessante fosse confrontado no Parlamento com a descida abrupta da
projecção de reembolso da sobretaxa. As explicações da ministra ficaram por dar. Coube aos secretários de Estado responder em seu nome. Maria Luís Albuquerque não foi poupada pelos partidos à esquerda, que lembraram as declarações da ministra durante a campanha eleitoral a salientar a evolução das receitas, que então permitiam antecipar um reembolso significativo, algo que agora os números já não antevêem.
Paulo Núncio fez um mea culpa em relação à “metodologia” escolhida pelo Governo para
divulgar as projecções do crédito fiscal, ao criar um simulador no Portal das Finanças em que cada contribuinte pôde acompanhar a evolução das receitas do IVA e do IRS. Da ministra não se ouviu uma palavra. Agora de regresso ao Parlamento como deputada da oposição, Maria Luís Albuquerque continuará a ter os holofotes apontados a si. Em Janeiro, serão desfeitas as dúvidas, quando se souber efectivamente se os contribuintes vão, ou não, receber alguma parte do que estão a pagar este ano em sede de sobretaxa. P.C.
30 | MUNDO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
A máquina de fazer dinheiro do Estado Islâmico no Iraque e na Síria
O autoproclamado Estado Islâmico
(EI) é talvez a organização terrorista
mais bem fi nanciada de sempre, nas
palavras do actual vice-director da
CIA, David Cohen. Ao contrário da
Al-Qaeda e outros grupos terroristas,
que dependem de dadores simpati-
zantes das suas causas, o EI controla
um território na Síria e no Iraque on-
de vivem pelo menos oito milhões de
pessoas e que governa como se fosse
um Estado. Impõe a quem lá vive os
mais variados impostos, com inspi-
ração no Corão, e explora recursos
naturais, como o petróleo.
Uma ressalva: não há muitos dados
concretos, nem uma pista electróni-
ca das contas e transacções do EI que
permita conhecer com pormenor as
fi nanças do califado autodeclarado
pelo líder Abu Bakr al-Baghdadi em
Junho de 2014, depois de o grupo
ter conquistado Mossul, a segunda
maior cidade iraquiana. Mas estima-
tivas apresentadas ao Congresso dos
Estados Unidos no fi nal desse ano pe-
la Rand Corporation apontam para
que o Estado Islâmico ganhe entre 1
e 3 milhões de dólares por dia pro-
venientes de várias fontes. Fez um
longo caminho desde 2008, quando
apenas conseguia ganhar um milhão
de dólares num mês.
Os rendimentos anuais do EI, neste
momento, rondam os 2700 milhões
de euros, diz o Le Monde, que faz algu-
mas comparações que ilustram bem
as capacidades fi nanceiras desta or-
ganização: estima-se que o orçamen-
to dos talibans, no Afeganistão, osci-
le entre 49,7 milhões e 300 milhões
de euros, e o que Hezbollah libanês
entre 150 e 341 milhões de euros.
O acesso aos poços de petróleo da
Síria e do Iraque é, certamente, uma
das principais fontes de rendimento
do EI. Mas não é a única e, neste mo-
mento, nem será a principal. A diver-
sifi cação é a chave do sucesso.
PetróleoA dúvida é: até que ponto os bom-
bardeamentos da coligação interna-
cional estão a impedir a exploração
petrolífera pelo Estado Islâmico na
Síria e no Iraque? Em Outubro, uma
investigação do Financial Times con-
cluía que os jihadistas estavam a ga-
nhar cerca de 1,5 milhões de dólares
diários com o petróleo, mas estes
números foram contestados.
No entanto, o EI terá a capacidade
de produzir 44 mil barris de crude
por dia na Síria e 4000 no Iraque,
que depois é vendido na Turquia, a
intermediários, a preços muito re-
duzidos — por vezes a 20 dólares. É
apenas uma fracção da capacidade
de produção total do Iraque (três
milhões de barris por dia), mas qua-
se 10% da Síria, que antes da guerra
civil começar a todo fôlego, diz a
revista Newsweek, rondava 385 mil
barris diários.
Em alguns casos, o petróleo é re-
fi nado ainda na Síria, com sistemas
transportáveis, baratos e simples
de operar. Este combustível é usa-
do localmente e é ainda mais fácil
canalizá-lo para o mercado negro na
Turquia, misturando-o com outro
combustível.
Em teoria, quando abastece o seu
carro, parte do gasóleo ou gasoli-
na pode ter vindo daquele petróleo
que o EI extrai na Síria ou no Iraque.
Na verdade, as próprias tropas do
Presidente Bashar al-Assa, contra
quem combatem os homens do EI,
devem usá-lo, tal como os curdos,
que lhes têm sido os mais efi cazes
a dar-lhes luta.
O tráfi co é feito através de cami-
ões-cisterna para a Turquia — mui-
to provavelmente conduzidos por
civis, que não são propriamente
cúmplices dos jihadistas, apenas
usam rotas que têm décadas, utili-
zadas durante os anos das sanções
impostas ao regime de Saddam
Hussein, no Iraque. Os guardas
de fronteira recebiam baksheesh
(pagamento às escondidas, subor-
no) para deixar passar os camiões
com contrabandos variados, entre
os quais petróleo, que era vendido
a intermediários na Turquia, que
se encarregavam de o colocar no
mercado regular.
O Estado Islâmico aproveita-se
dessas mesmas redes e fará pelo
menos 500 milhões de dólares de
As populações que vivem nas cidades ocupadas pelo EI são sujeitas a todo o tipo de extorsões
Dominar um território é fundamental para a organização terrorista fi nanciar uma guerra. Mercado negro, fronteiras porosas, acesso a recursos naturais e roubo são as suas estratégias
Terrorismo Clara Barata
Sob seu controlo estão também
cinco fábricas de cimento — que
poderiam render 583 milhões de
dólares anuais, diz a Reuters — e
várias instalações de extracção de
enxofre.
Um dia antes dos atentados de
Paris, os Estados Unidos tinham
anunciado uma intensifi cação dos
ataques contra os locais de produ-
ção petrolífera nas mãos do EI, com
o objectivo de os desactivar durante
pelo menos seis meses — até agora,
os bombardeamentos não tinham
consequências de maior, dentro
de uma semana, no máximo, vol-
tavam a estar funcionais. Havia a
preocupação de manter as estrutu-
ras operacionais para poderem ser
aproveitadas pela Síria, num futuro
em que houvesse paz.
Durante um ano, o EI lutou pe-
lo controlo da refi naria de Baiji, a
maior do Iraque, mas em Outubro
foi obrigada a recuar.
“Os argumentos para não atacar a
infra-estrutura petrolífera nas mãos
do EI são bem conhecidos — os cus-
tos da reconstrução pós-confl ito e
a destruição dos meios de ganhar a
vida daqueles que dependem desta
indústria”, escreveu no New York
Times Tom Keating, director do Cen-
tro de Estudos de Crime Financeiro
lucro anuais — o petróleo represen-
tará cerca de um terço dos seus ac-
tuais rendimentos anuais.
Outros importantes recursos na-
turais que estão no território do EI
são as minas de fosfatos de Khnai-
fess, localizadas à beira da estrada
entre Damasco e Palmira, a cidade
Património da Humanidade da qual
os jihadistas se apropriaram. A Sí-
ria tem uma das maiores reservas
de fosfatos do mundo — em tempos
de paz, as minas rendiam cerca de
60 milhões de dólares anuais. Não
é claro, no entanto, se o grupo te-
rá capacidade para explorar as mi-
nas.
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | MUNDO | 31
e Estudos de Segurança no Royal
United Services Institute (Reino
Unido). “Mas o preço de atrasar os
bombardeamentos vê-se em Beiru-
te, no Egipto e Paris”, onde houve
atentados do EI.
Quanto ao bombardeamento
das longas fi las de camiões cister-
nas que muitas vezes se vêm rumo
à Turquia, os militares da coliga-
ção internacional contorcem-se de
dúvidas: podem ser apenas civis a
conduzi-los, que tentam ganhar a
vida num ambiente de guerra. “Os
apelos para que se bombardeiem
alvos petrolíferos exageram a de-
pendência do Estado Islâmico dos
rendimentos do petróleo”, afi rma,
no mesmo jornal, Hassan Hassan,
analista da Chatham House e co-
autor do livro ISIS: por dentro do
Estado do Terror (Leya).
“Os bombardeamentos, em espe-
cial no Leste da Síria, estão a pôr em
causa as formas de vida de muitas
pessoas que dependiam do comér-
cio, transporte e outras actividades
relacionadas com o petróleo, antes
do EI controlar as áreas em que vi-
vem”, sublinha Hassan. O mercado
negro foi a forma de continuarem a
ter meios de sobrevivência, depois
do colapso do Governo de Bashar
al Assad. “Algumas famílias estão a
REUTERSenviar os seus fi lhos para as fi leiras
do EI, como a única forma de obter
um rendimento mensal”, frisa.
Taxas e extorsãoTer o controlo efectivo de um terri-
tório é a originalidade do Estado Islâ-
mico. É o seu ponto forte, pois pode
impor as mais variadas taxas às pes-
soas que lá vivem, e apropriar-se dos
recursos produzidos. A extorsão e a
imposição de taxas com inspiração
corânica podem render 600 milhões
de dólares anuais (565 milhões de eu-
ros) ao EI e deve ser a sua principal
fonte de rendimento, dizem vários
analistas. Só na cidade iraquiana de
Mossul, deverá obter oito milhões de
dólares em impostos por mês, diz um
relatório da Thomson Reuters.
No entanto, pode também ser o
seu ponto fraco, pois tem de admi-
nistrar o território, assegurar os ser-
viços mínimos a quem lá vive. Isto
ao mesmo tempo que mantêm uma
guerra sangrenta contra Assad e seus
aliados, contra outros grupos rebel-
des e são bombardeados pela coliga-
ção internacional liderada pelos EUA
e agora também pela Rússia.
Os jihadistas “impõem um con-
trato social em que os muçulmanos
consentem em pagar taxas e contri-
buições de caridade obrigatórias em
troca de protecção e benefícios, en-
quanto súbditos do califado”, expli-
ca num artigo do think tank Brookin-
gs Institution Mara Revkin, que está
a fazer um doutoramento sobre os
processos de governação de grupos
rebeldes como o EI.
O sistema de taxas do EI baseia-se
numa leitura selectiva de interpreta-
ções medievais do Corão, diz Mara
Revkin, para impor três grandes ti-
pos de taxas: o zakat é a contribui-
ção obrigatória de uma percentagem
dos ganhos totais dos muçulmanos
— tradicionalmente é de 2,5%, mas
o EI aumentou-a para 5%. Para além
dos salários, pode ser aplicada a pro-
dutos agrícolas, por exemplo — e o
EI deitou mão a grande parte dos
territórios agrícolas da Síria e do Ira-
que, onde é produzida grande parte
do trigo e da cevada daqueles paí-
ses. Mesmo vendendo estes cereais
no mercado negro a 50% do preço
normal, a Reuters estima que o EI
obtenha cerca de 200 milhões de
dólares anuais
Fay é o tributo pago em dinheiro
ou terras pelos não-crentes — e há re-
latos de valores diferentes impostos
a cristãos e outras minorias. A ghani-
ma refere-se aos bens móveis retira-
dos pela força aos não muçulmanos
numa campanha militar, como es-
cravos e armas. Um quinto (khums)
deve ser destinado para o erário pú-
blico, e os restantes 80% podem ser
distribuídos entre os combatentes,
explica a investigadora.
Mas todas estas taxas podem mul-
tiplicar-se, tornando-se verdadeiras
extorsões: é preciso pagar uma taxa
para usar os serviços de telecomuni-
cações, para tirar dinheiro do banco,
para comprar seja o que for. Os ca-
miões e outros veículos que passem
pelas estradas do Norte do Iraque
têm de pagar 800 dólares de porta-
gem, diz ainda a Reuters.
Dentro dos esquemas de extorsão
cabem ainda os raptos para obter
resgates. Os EUA e o Reino Unido
recusam-se a pagar por cidadãos
seus que tenham sido raptados, mas
outros países terão pago alguns mi-
lhões de dólares ou euros — em 2014,
o EI poderá ter recebido cerca de
45 milhões de dólares, estima um
relatório do Congresso norte-ameri-
cano. E mesmo cidadãos locais serão
raptados frequentemente — embora
nestes casos os resgates pedidos se-
jam muito menores, com valores que
podem rondar os 500 dólares.
A insatisfação com o sistema de
taxas e extorsão do EI estará a cres-
cer, pelo que se conclui dos relatos
que chegam ao Ocidente. Talvez pela
falta de perspectivas para a popula-
ção sob o seu jugo, ou por causa da
evolução do sistema de controlo do
território posto em prática pelos jiha-
distas, explicado por Mara Revkin.
Quando o EI se apropria de um no-
vo território, as suas prioridades são
restaurar os serviços básicos, como
a água e a electricidade. Em alguns
locais, pôs a funcionar as panifi ca-
ções, para fornecer pão grátis ou a
preços subsidiados. Os produtos que
entram no território são adquiridos
pelo EI e depois vendidos à popu-
lação — com taxas, que se foram
agravando. Começam depois uma
campanha de repressão do crime
vulgar — ladrões, trafi cantes, viola-
dores, assassinos comuns.
Só então é que o EI começa a
regular a moral pública e as práti-
cas religiosas. Primeiro, as pesso-
as começam por ser encorajadas a
deixar de beber e fumar de forma
educada. Se não o fazem a bem, co-
meçam a ser sujeitas a violência, e
são introduzidos castigos corporais
para quem for apanhado a vender
ou a consumir cigarros ou álcool. O
medievalismo do EI e a sociedade
em dois estratos — guerrilheiros e o
resto da população — afi rma-se com
o avançar do tempo.
Tráfi co de antiguidadesEsta será a segunda maior fonte de
rendimentos do Estado Islâmico. Vá-
rios museus fi caram sob o seu con-
trolo, e vários locais arqueológicos
também. Algumas relíquias são des-
truídas para efeitos de propaganda,
como está a acontecer na cidade de
Palmira. Mas as peças facilmente
transportáveis são trafi cadas para o
estrangeiro, sobretudo para a Euro-
pa, onde há compradores para peças
que, a não ser ilegalmente, nunca
seriam transaccionadas.
Quem quiser escavar — ou roubar
o que encontrar — nos sítios arqueo-
lógicos sírios paga uma taxa: 20% so-
bre o valor do que encontrar em Ale-
po, depois de efectuada a transacção
com receptadores autorizados pelo
EI, 50% em Raqqa. Um relatório do
Congresso dos EUA estima em 100
milhões por ano os rendimentos do
EI com a venda ilícita de objectos
arqueológicos.
A questão é descobrir o percurso
que estas peças fazem, depois de saí-
rem da Síria ou do Iraque, através da
Turquia ou de Beirute, e de terem si-
do branqueadas com documentação
falsa sobre a sua origem. Começam
a surgir algumas denúncias de que
estarão a ser vendidos em leilões na
Europa, ou em lojas sem escrúpulos
em relação a peças vindas de regiões
de confl ito. Por exemplo, o especia-
lista em Médio Oriente também do
University College de Londres Mark
Altaweel encontrou numa loja da ca-
pital britânica objectos que “muito
provavelmente vêm do Iraque e da
Síria”, contou ao Guardian.
Um fragmento de vidro rudimen-
tar, uma estatueta minúscula, um
baixo-relevo em osso — peças com
características tão distintivas que só
podem ter vindo de uma zona espe-
cífi ca, na área controlada agora pelo
Estado Islâmico, afi rmou. “O facto
de estarem à venda tão abertamente
em Londres diz-nos a escala deste
tráfi co — estamos a ver apenas a pon-
ta fi nal”, comentou Altaweel.
O EI terá a capacidade de produzir 44 mil barris de crude por dia na Síria e 4000 no Iraque
O EI “impõeum contrato social em que os muçulmanos consentem em pagar taxas e contribuições de caridade obrigatórias”
32 | MUNDO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Os tiroteios e massacres em escolas
são acontecimentos frequentes nos
EUA, mas o que aconteceu na manhã
de sexta-feira no estado do Colorado
pôs o país a discutir questões para
além da facilidade com que os ame-
ricanos podem comprar armas. Por
volta das 11h30, um homem de 57
anos, armado com uma espingarda
semelhante às que são usadas por
militares, entrou numa clínica que
realiza abortos e começou a dispa-
rar, matando dois civis e um dos po-
lícias que tentaram travá-lo.
Um dos primeiros a alertar a po-
lícia sobre o que estava a acontecer
na clínica da organização Planned
Parenthood em Colorado Springs foi
Ozy Licano, um músico de 61 anos
que tinha o carro parado no parque
de estacionamento. Licano viu o ati-
rador a dirigir-se para a entrada da
clínica e a disparar contra um ho-
mem que estava a rastejar, tentando
encontrar um refúgio.
Num depoimento captado em
vídeo pelo jornal The Gazette, de
Colorado Springs, Licano diz que
escapou à morte por pouco: “Vi
um homem a rastejar em direcção
à porta e vi os vidros a estilhaçarem-
se. Logo a seguir vi um homem a
disparar, e entrei em pânico. Saí do
carro e pensei em fugir, mas mudei
de ideias e voltei a entrar no carro,
para sair dali. Nesse momento ele
viu-me. Olhámo-nos olhos nos olhos
e ele fez pontaria e começou a dis-
parar. As balas fi zeram dois buracos
no pára-brisas e passaram por mim.
Ele não parava de disparar.”
Ozy Licano escapou com ferimen-
tos ligeiros, provocados pelos esti-
lhaços dos vidros, mas diz que não
esquecerá a “face fria e sem expres-
são” do atirador, identifi cado como
Robert Lewis Dear, um homem de
57 anos nascido na Carolina do Sul.
As autoridades judiciais ainda não
estabeleceram o que levou Dear a
entrar aos tiros na clínica. Sabe-se
que esteve no edifício durante cinco
horas, e que alternou momentos de
silêncio com períodos de extrema
violência, tentando atingir, através
das paredes, as pessoas que se iam
refugiando nas várias salas — devi-
Ataque no Colorado faz três mortos e lança questões sobre armas, terrorismo e racismo
do às constantes manifestações anti-
aborto e ameaças, os responsáveis
da clínica mandaram construir uma
“sala de pânico”, mas muitos só tive-
ram tempo de se esconder nos locais
mais próximos de si.
Os relatos dos jornais Denver Post
e The Gazette indicam que a polícia
entrou no edifício horas depois do
início do ataque, devido ao receio
de que o atacante tivesse deixado
explosivos à sua passagem. Quan-
do entraram, os agentes foram rece-
bendo instruções para chegarem ao
compartimento onde se encontrava
o atirador, guiados a partir do exte-
rior através das imagens transmiti-
das pelas câmaras de segurança.
Sem nunca terem conseguido es-
tabelecer contacto por telefone com
o atacante, os agentes acabaram por
conseguir convencê-lo a render-se ao
fi m de cinco horas, gritando de um
andar para o outro. Por essa altura
a polícia já tinha pedido um atirador
especial para matar o atacante.
Para além das três vítimas mortais
— uma delas um polícia que estava de
serviço na Universidade do Colorado,
mas que se juntou aos colegas que
cercaram o edifício —, fi caram feridas
outras nove pessoas, cinco também
polícias. Foram hospitalizados, mas
não correm riscos de vida.
A direcção da Planned Parenthood
(que presta cuidados de saúde re-
produtiva, da contracepção a tes-
tes de detecção de doenças sexual-
mente transmissíveis, e dos quais os
abortos representam apenas uma
pequena parte) disse partilhar “das
preocupações de muitos americanos
de que extremistas estão a criar um
ambiente venenoso que alimenta o
terrorismo interno no país”.
O Presidente dos EUA, Barack
Obama, pôs a tónica na limitação do
porte de armas. “Não é normal. Não
podemos deixar que se torne nor-
mal. Se estamos preocupados com
isto — se queremos rezar e apresen-
tar condolências com a consciência
limpa —, temos de fazer algo sobre
o fácil acesso a armas de guerra nas
nossas ruas. Ponto fi nal. Já chega.”
Várias pessoas compararam o
ataque aos atentados em Paris e ao
vídeo em que se vê um jovem negro
a ser morto por um polícia branco
com 16 tiros, em Chicago.
“O homem que matou três pessoas
na clínica da Planned Parenthood
é referido como um ‘atirador’ pela
CNN. Se fosse muçulmano, a CNN
usaria a palavra terrorista”, criti-
cou no Twitter Craig Considine, do
Departamento de Sociologia da Uni-
versidade Rice em Houston.
“O atirador da Planned Paren-
thood foi detido pacifi camente de-
pois de ter atingido cinco polícias.
Nós já fomos mortos por muito me-
nos”, escreveu o activista negro De-
Ray McKesson.
EUAAlexandre Martins
Um norte-americano entrou numa clínica que realiza abortos e matou três pessoas. Há quem exija que lhe chamem “terrorista”O Papa Francisco visitou ontem o
santuário mais sagrado do Uganda,
homenageando os mártires cristãos
mortos no século XIX pela sua fé e
pela oposição que fi zeram a um rei
que abusava de jovens rapazes na
corte real.
Esta é a segunda de três paragens
na sua primeira visita a África como
Papa. Perto de Kampala, capital do
Uganda, o Papa celebrou uma missa
com dezenas de milhares de pessoas
que se juntaram em ladeiras lama-
centas, que circundam o santuário
moderno, feito de ferro e em forma
de cone, fazendo lembrar uma ca-
bana da tribo baganda.
“Hoje recordamo-nos com gra-
tidão do sacrifício dos mártires
ugandeses. Recordamos também os
mártires anglicanos, cuja morte por
Cristo é um testemunho do ecume-
nismo de sangue”, disse Francisco,
citado pela agência AFP.
Entre 1884 e 1887, foram mortos
25 anglicanos e 22 católicos em per-
seguições. A maioria foi queimada,
devido às ordens do rei Buganda
Mwanga II, que em 1984 tomou
posse com 16 anos.
O mais famoso dos mártires foi um
católico convertido chamado Char-
les Lwanga, um prefeito na corte do
rei que era responsável pelos pajens
rapazes e foi morto porque tentou
proteger as crianças dos avanços
sexuais do rei.
Depois da sua conversão, ten-
taram espalhar a sua fé a outros
grupos. Hoje, o Uganda tem 40%
de católicos e 30% de anglicanos.
Muitas igrejas dirigem escolas e hos-
pitais em todo o país. “Eles fi zeram
aquilo em tempos perigosos”, disse
o Papa, citado pela Reuters. “Não
só as suas vidas foram ameaçadas
mas também as vidas dos jovens de
que eles tomavam conta”, disse o
Papa.
Depois de na sexta-feira ter visita-
do o Quénia e ontem ter estado no
Uganda, o Papa Francisco parte hoje
para a República Centro-Africana, a
paragem mais perigosa da visita. Du-
rante cerca de três anos, o país viveu
um confl ito inter-religioso. Milhares
de pessoas foram mortas e um em
cada cinco cidadãos fugiu do país
ou emigrou.
Papa homenageia mártires no Uganda
África
Esta é a segunda de três paragens que Francisco faz em África. Segue-se a República Centro-Africana
Breves
Crise dos migrantes
Terrorismo
Arame farpado na fronteira da Grécia com a Macedónia
Três mortos em ataque a campo da ONU no Mali
O Exército macedónio começou ontem a erguer uma cerca de arame farpado na fronteira sul com a Grécia, num ponto por onde os migrantes tentam atravessar em direcção à Europa Ocidental. Um porta-voz do Governo explicou à Reuters que o objectivo da nova barreira é “direccionar o fluxo de pessoas em direcção aos pontos controlados de entrada no país para que possam ser registadas e tratadas humanamente”. Aleksandar Gjorgjiev sublinhou que “a fronteira vai continuar aberta” e que a Macedónia vai continuar “a autorizar a passagem de pessoas que vêm de regiões afectadas pela guerra tal como fez até agora”. Ou seja, apenas passam sírios, afegãos e iraquianos. Os outros estão a ser impedidos de continuar viagem.
Dois soldados guineenses da ONU e um civil foram mortos e 14 pessoas ficaram feridas num ataque com um rocket contra um campo da missão da ONU no Mali em Kidal, no Nordeste do país. Em Março de 2012 o Norte do Mali ficou sob o controlo de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda que conseguiram derrotar o Exército. Os jihadistas foram depois em grande parte derrotados por uma intervenção internacional liderada pela França, lançada em Janeiro de 2013 e que ainda está a decorrer. Mas há zonas inteiras da região que escapam ao controlo das forças malianas e estrangeiras e é daí que têm partido ataques como o de ontem e o que, no dia 20, fez 27 mortos num hotel de Bamaco.
ISAIAH J. DOWNING/REUTERS
Robert Lewis Dear rendeu-se ao fim de cinco horas
Mecenas Casa da Música Mecenas Principal Casa da Música Mecenas Serviço Educativo Apoio InstitucionalPatrocinador Oficial Ano AlemanhaPatrocinadores Ano Alemanha
Dezembrona Casa da Música
01 TERFIM DE TARDE · NOVOS VALORES DO JAZZESMAE Big BandAbe Rábade direcção musical Obras de Eduardo Cardinho, Adrián Rey, João Grilo, Artur Castro, André B. Silva, Vini Baschera, Diego Alonso Álvarez, Jeffery Davis (arr. Rogério Francisco) e Tiago Mourão 19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4
04 SEX SÉRIE CLÁSSICA · ALEMANHA Orquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaÓPERA EM VIENALeopold Hager direcção musical Ana Quintans soprano Obras de Mozart, Gluck e Beethoven 21:00 Sala Suggia · € 19 · Cartão Amigo € 14,25 Lugar Coro € 14,25 · Jovem/Sénior € 15,2
05 SÁBVamos CantarJoana Araújo e Tiago Oliveira formadoresSERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS MÚSICA EM FAMÍLIA10:30 ou 14:30 Sala de Ensaio 2€ 4 (€ 15 para família de 4 pessoas)
06 DOMNa ponta dos dedosAntónio Miguel Teixeira e Sofia Nereida formadoresSERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS PRIMEIROS SONS10:30 (0-23 meses), 11:45 (2-3 anos) e 15:00 (4-6 anos) Sala de Ensaio 2€10 (criança+adulto) · €7,5 (segundo acompanhante com mais de 12 anos)
07 SEG30 anos do IPPOrquestra Sinfónica e Coro Geral da ESMAE Coro da Escola Superior de Educação / IPP Coro da Universidade de Aveiro Alunos do 3º ano da Licenciatura em Teatro da ESMAE Alunos do 2º ano do Mestrado em Comunicação Audiovisual da ESMAE António Saiote direcção musical Bárbara Francke direcção coral Lee Beagley encenação Sinfonia nº 2, A Ressurreição de Gustav Mahler21:30 Sala Suggia · € 10 · Cartão Amigo € 7,5 Jovem/Sénior € 8
08 TER FIM DE TARDE · MÚSICA DE CÂMARA ALEMANHA Arte Music EnsembleLuis Filipe Sá pianoCarlos Alves clarineteJosé Despujols violinoMateusz Stasto violaVicente Chuaqui violonceloObras de Beethoven e Brahms 19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4
12 SÁBO Natal dos Irmãos GrimmJorge Queijo e Maria Mónica direcção musicalEnsemble de Gamelão Casa da Música e Filipe Caco interpretaçãoSERVIÇO EDUCATIVO · CONCERTOS PARA TODOS16:00 Sala 2 · € 7,5 · Menores de 18 anos € 5
12 SÁB DESCOBERTAS SINFÓNICAS · ALEMANHA PORTRAIT HELMUT LACHENMANN VII INTEGRAL DOS CONCERTOS PARA PIANO DE BEETHOVEN VOrquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaArditti QuartetCONCERTO IMPERADORPeter Rundel direcção musical Pedro Burmester pianoObras de Lachenmann e Beethoven 18:00 Sala Suggia · € 17 · Cartão Amigo € 12,75 Lugar Coro € 12,75 · Jovem/Sénior € 13,6-17:15 CibermúsicaPalestra pré-concerto por Rui Pereira
06 DOM SINFÓNICA AO DOMINGO CONTINENTE CONCERTO COMENTADO · ALEMANHA Orquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaA PINTURA DE BEETHOVEN José Eduardo Gomes direcção musical Concerto comentado por Helena MarinhoSinfonia nº 2 de Beethoven12:00 Sala Suggia · € 6 · Cartão Amigo € 4,5 Lugar Coro € 4,5 · Menores de 18 anos € 3 Cartão Continente: na compra de 1 bilhete para adulto, oferta de 2 entradas para menores de 18 anos
09 QUACICLO JAZZOmar Sosa Quarteto AfroCubanoOmar Sosa piano e vozErnesto Simpson percussão Leandro Saint-Hill saxofone, flauta e clarineteChildo Tomas baixo22:00 Sala Suggia · € 16 · Cartão Amigo € 12
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Arditti Quartet © DR
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12 SÁB NOS Club22:30 Sala Suggia · Preço Conjunto € 12 · Cartão Amigo € 9De-Phazz · € 9 · Cartão Amigo € 6,75Deau · € 9 · Cartão Amigo € 6,75Sala 2 · € 12 · Cartão Amigo € 9We TrustX-WifeBar Casa da Música · € 5 (consumo mínimo)Peter Kruder DJ SetDJ Firmeza (Príncipe Discos) DJ SetCibermúsica · Entrada LivreBandas NOS discos:Savanna Chibazqui Bares 1 e 2 · Entrada LivreKing LeerVicente AbreuSala de Ensaio 10 · Entrada LivreÁlvaro Costa apresenta “Jimi Hendrix - Névoa Púrpura 3.0”Corredor Nascente · Entrada LivreDigitópia CollectiveFoyer · Entrada LivreDub Video Connection
13 DOMBebé WakaBruno Estima e Paulo Neto formadores SERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS PRIMEIROS SONS10:30 (0-23 meses), 11:45 (2-3 anos), 15:00 (4-6 anos) Sala de Ensaio 2€10 (criança+adulto) · € 7,5 (segundo acompanhante com mais de 12 anos)
13 DOMCICLO JAZZ OJM + Chris Cheek21:00 Sala Suggia · € 12 · Cartão Amigo € 9 Lugar Coro € 9 · Jovem/Sénior € 9,6
19 SÁB Banda Sinfónica PortuguesaJosé Rafael Pascual Vilaplana direcção musicalElisabete Matos sopranoExcertos das óperas La Forza del Destino, Un Ballo in Maschera, Lady Macbeth e Aïda de Verdi; Norma de Bellini; Madame Butterfly de Puccini; Cavalleria Rusticana de Mascagni; Excertos das zarzuelas El Tambor de Granaderos de Chapí; El Huésped del Sevillano de Guerrero; La del Soto del Parral de Soutullo/Vert; La Gran Vía de Chueca/Valverde; La Boda de Luis Alonso e La Tempranica de Giménez; Los Gavilanes de Bretón18:00 Sala Suggia · € 15 · Cartão Amigo € 11,25
20 DOMAnikibebéAna Bento e Bruno Pinto formadores SERVIÇO EDUCATIVO · WORKSHOPS PRIMEIROS SONS10:30 (0-23 meses), 11:45 (2-3 anos) e 15:00 (4-6 anos) Sala de Ensaio 2€10 (criança+adulto) · €7,5 (segundo acompanhante com mais de 12 anos)
20 DOM ALEMANHAOrquestra Barroca & Coro Casa da MúsicaPaul Hillier direcção musical Obras de Schütz e Bach 18:00 Sala Suggia · € 15 · Cartão Amigo € 11,25 Lugar Coro € 11,25 · Jovem/Sénior € 12
21 SEG20 anos do Conservatório do Vale do SousaOrquestras e coros do Conservatório do Vale do Sousa 21:00 Sala Suggia · € 5Promotor: Associação de Cultura Musical de Lousada
MÚSICA PARA O NATAL15-20 DEZ
15 TER FIM DE TARDE · MÚSICA DE CÂMARA Prémio Jovens Músicos/Antena 2Daniel Rodriguez Hart piano Obras de Beethoven, Liszt e Lecuona19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4
18 SEX FORA DE SÉRIEOrquestra Sinfónica do Porto Casa da MúsicaTEMAS DE NATALAndrew Gourlay direcção musical Obras de Humperdinck, Britten, Prokofieff e Tchaikovski21:00 Sala Suggia · € 15 · Cartão Amigo € 11,25 Lugar Coro € 11,25 · Jovem/Sénior € 12
22 TERFIM DE TARDE · MÚSICA DE CÂMARAPrémio Conservatório de Música do Porto/Casa da MúsicaMaria Sá e Silva harpaHugo Peres piano19:30 Sala 2 · € 8 · Cartão Amigo € 6 Jovem/Sénior € 6,4
26 SÁBTwoPianists: Nina Schumann eLuís Magalhães CONCERTO DE NATAL A FAVOR DO IPO-PORTOLuís Magalhães e Nina Schumann pianoObras de Barber, Copland, Rzewski, Bolcom e Adams 18:00 Sala Suggia € 20 · Maiores de 65 anos € 15 Menores de 18 anos: € 10
De
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Tru
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DR
Apoio Portrait HelmutLachenmann
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | MUNDO | 35
PONTO DE VISTA
DANIEL ROCHA
A maioria de esquerda não existia
no dia 4 de Outubro. Hoje, depois
de chumbar o segundo Governo
PSD-PP e de António Costa ter
tomado posse como primeiro-
ministro, passou a existir e a ter
de prestar provas. A querela da
legitimidade fi ca para trás. O que
agora se torna determinante é a
relação entre o PS e o PCP perante
o imperativo de governar no mais
difícil dos contextos económicos.
Declarou em Outubro António
Costa ao Financial Times a
propósito das negociações do PS
com a esquerda da esquerda: “É
como se estivéssemos a deitar
abaixo o que resta do Muro de
Berlim.” O “muro” seria a divisão
das “duas esquerdas”, a socialista e
a comunista, desde 1975.
Ao optar pelo acordo com
o PCP e o Bloco, o PS mudou
as regras do jogo. A mudança
está na polarização da disputa
política entre esquerda e direita,
suspendendo o chamado
“arco da governação”. Carlos
Gaspar chamou-lhe “o fi m do
25 de Novembro” e precisou: “A
coligação PSD-CDS e a maioria
aritmética das esquerdas são
fórmulas simétricas. Partem
ambas do reconhecimento da
incapacidade dos dois grandes
partidos para voltarem a obter
maiorias absolutas sozinhos.”
(PÚBLICO, 16/11/2015.)
Partido tribunícioA bipolarização é normal em
muitos países. Mas, no caso
português, rapidamente começam
as complicações. O PCP e o
PS, afi rmando-se ambos de
“esquerda”, não só pertencem
a famílias e tradições políticas
opostas como são incompatíveis.
Centro a análise no PCP e não no
Bloco. Este teve (e terá) um papel
activo na operação “maioria de
esquerda”, mas a sua identidade
política não está consolidada.
Levantei o problema num
texto anterior (8 de Novembro), a
propósito da União da Esquerda
em França — socialistas,
comunistas e radicais — na era
Mitterrand, nas décadas 1970-
80. Resumo: a estratégia do
Partido Comunista Francês (PCF)
assentava numa função tribunícia,
tal como a defi niu o politólogo
Georges Lavau. Era o porta-voz
do descontentamento social,
organizava o protesto, mas não
queria partilhar responsabilidades
de governo. Só teria interesse em
governar se pudesse ter um papel
hegemónico. A função tribunícia
é uma alternativa à incapacidade
de exercer o poder e um método
de garantir a infl uência política. É
ao mesmo tempo perturbadora e
útil para a estabilidade do sistema
político: ao dar voz ao protesto,
desempenha o papel de válvula de
segurança para as tensões sociais.
Os estudiosos portugueses não
o ignoram. Resumiu José Pacheco
Pereira: “A parte estratégica do
PCP corresponde a um aspecto
fundamental da acção do partido,
a sua função tribunícia, o reverso
da ‘responsabilidade de partido
de governo’ que anima o PS. (...)
O PCP vive da conjugação entre
uma acção tribunícia, com os seus
efeitos de propaganda, identidade
e afi rmação, e o seu papel na
protecção da sua ‘clientela’
eleitoral, nos sindicatos e nas
autarquias.” (Abrupto, 1/7/12.)
Noutra vertente, o PCP “faz
gala da sua excepcionalidade,
acentuando a ortodoxia
doutrinária, a intransigência
dogmática e o sectarismo político”,
escreveu Vital Moreira a propósito
do congresso de 2008. “Não deixa
de ser surpreendente, depois do
soçobrar do comunismo soviético,
uma tão grande fé nos dogmas
do ‘marxismo-leninismo’ e nas
virtudes do socialismo real’, lá
onde ele persiste.” Conclui: “Pelos
exemplos alheios por esse mundo
fora, receia que mudar pode
signifi car morrer depressa. Por isso
prefere não mudar, na esperança
de adiar continuamente o fi m,
ou morrer devagar.” (PÚBLICO,
2/12/2008.)
Observações sobre a novíssima maioria de esquerda
Até agora sobreviveu — dando
aparente razão à intransigência
de Cunhal perante coisas como o
eurocomunismo ou a perestroika.
De resto, ele seguiu com atenção
a experiência francesa, que
culminou no irreversível declínio
do PCF.
Jerónimo abre o jogoJerónimo de Sousa fez o convite
à dança a 9 de Outubro: “O PS só
não forma governo se não quiser.”
Não escondeu ter em mente uma
coligação negativa: “Uma solução
política para isolar a travar a
ofensiva da coligação PSD-CDS.”
Alguns socialistas terão a
expectativa de uma mudança
de natureza do PCP. Será uma
miragem. O PCP sempre teve uma
cultura de fl exibilidade táctica,
o que não se deve confundir
com rupturas estratégicas, de
que não há qualquer sinal. Por
que fez a abertura ao PS? A
direcção comunista não teria
querido assumir o ónus da
“divisão da esquerda” perante
uma oportunidade única de
derrubar a coligação PSD-CDS.
Mas não será a única razão. A
sua táctica é racional. O acordo
com o PS permite-lhe defender
interesses vitais, como a anulação
das propostas do PS sobre a
fl exibilização dos despedimentos
ou a travagem da privatização
dos transportes colectivos, chave
da capacidade grevista da CGTP.
Gostaria ainda de esvaziar a
Concertação Social e marginalizar
a UGT. Reformas estruturais? Nem
pensar. E faz estas “conquistas”
sem entrar no Governo e sem
abdicar da sua liberdade de acção.
É um equívoco falar na exclusão
do PCP do “arco da governação”.
É uma “auto-exclusão” decorrente
do seu programa, do marxismo-
leninismo e da estratégia
tribunícia. O apoio ao Governo
não autoriza que se fale na ruptura
desta lógica. Não se trata de um
julgamento moral ou ideológico.
O PCP cumprirá os compromissos
que assumir e apenas esses. É
assim que funciona. É difícil
pedirem-lhe que mude a estratégia
e a ortodoxia em que crê assentar
a sua sobrevivência e a sua
infl uência. Não se vislumbra onde
estão os famosos “restos do Muro
de Berlim”.
PS sob pressãoNa ausência de um acordo
programático como o que
Mitterrand pôde impor aos
comunistas e depois forçar a
sua participação no Governo —
porque sempre teve a iniciativa
e estava em posição de força —,
o executivo socialista estará sob
permanente pressão dos aliados,
agravada pela rivalidade entre
PCP e Bloco. Esta pressão será
particularmente sensível no caso
dos compromissos europeus
e dos equilíbrios fi nanceiros.
Costa precisa que os aliados
votem sempre ao seu lado.
Se tivesse ganho as eleições,
poderia governar como “partido
charneira”, fazendo acordos à
esquerda e à direita. Mas não foi o
que aconteceu.
O garante da unidade da nova
maioria reside num argumento
de bom senso que só tem valor
transitório: “Se se dividem, vão
todos ao fundo.” E este argumento
tem um reverso: se hoje a maioria
de esquerda é popular nas bases
do PCP, a sua elasticidade para
digerir “medidas impopulares”
ou desmentidos à sua estratégia é
evidentemente limitada.
Hoje, na sequência de uma
implacável disputa do poder,
a polarização esquerda-direita
tornou-se forte. Mas há uma
outra divisão mais poderosa e
que envolve os constrangimentos
externos: europeístas e
eurocépticos. A nova e
contraditória maioria assenta
em 50,8% dos votos. A maioria
pró-europeia teria representado
mais de 70%. Depressa as
“duas maiorias” entrarão em
competição.
Perante o agravamento das
crises europeias, o PCP pode ser
tentado a explorar uma viragem
soberanista e eurocéptica. Mas
este é um caminho vedado ao PS
e a António Costa. O resto é terra
incognita.
AnáliseJorge Almeida Fernandes
36 | CULTURA | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Vinham aos magotes, de todas as
outras salas do festival Vodafone
Mexefest, dirigindo-se na direcção
do Coliseu dos Recreios. Era a
hora do músico inglês, de coração
parisiense, Benjamin Clementine,
naquele que era o concerto mais
esperado da noite de sexta-feira,
em Lisboa, no festival Vodafone
Mexefest.
Chegavam ainda com o espírito
com que haviam estado na maioria
dos outros concertos: falando com
o parceiro do lado sobre as novas
amizades, rindo-se de copo na
mão, tirando com sorriso inevitável
auto-retratos com o iPhone ou
discorrendo sobre a situação
económica do país. O habitual. As
trivialidades da vida.
Havia de tudo: a maior parte,
curiosos, porque tinham ouvido
o álbum de estreia, At Least for
Now — mas ao vivo a experiência
de ouvir aquelas canções é
totalmente diferente —, e outros
porque o haviam visto no festival
Super Bock Super Rock em Julho.
E outros ainda, os mais cínicos ou
desconfi ados, que os há sempre
nestas ocasiões, para averiguar se
o fenómeno não seria “banha da
cobra”.
E, de repente, ouviram-se notas
de piano, ténues ainda, com ele a
acariciar apenas o instrumento,
como habitualmente, alto, esguio,
aristocrático no porte, mas
descalço, cabeleira afro, de casaco
comprido, sentado de forma
peculiar na ponta de um banco alto.
As frivolidades do mundo nem
por isso se silenciaram. Havia
desassossego na sala repleta.
O som do piano foi subindo de
intensidade, ligeiramente. Depois
ouviu-se aquela voz, qualquer coisa
de sobrenatural: das entranhas do
mundo se fez escutar e o Coliseu,
e a Avenida da Liberdade e —
temos a certeza — Lisboa inteira,
humedeceram, mudos, de olhos
brilhantes, totalmente atónitos,
deixando por momentos as
miudezas da vida, virando-se para
o essencial, para a humanidade
daquela voz, daquela música.
No fi m, a sala veio abaixo. Aliás,
não parou de vir abaixo ao longo
do concerto. Entendamo-nos.
É fácil fascinarmo-nos pela sua
biografi a, já aqui contada várias
vezes. É também fácil admirar a
voz, a presença magnetizante e a
sua música, como quem olha com
alguma frieza para um quadro na
parede. Mas depois ele tem o resto:
é como nós, ou assim fantasiamos,
toca-nos, revira-nos, expõe
desespero, raiva, violenta doçura
e também satisfação — e em vez de
o admirarmos apenas, passamos a
amá-lo.
E foi assim ao longo de todo o
concerto. Uma relação de devoção.
Da plateia ouviram-se juras de
amor. Houve quem não parasse
de chorar. Bateram-se palmas
a compasso. Entoaram-se em
uníssono cantilenas. E, do palco,
ele, emocionado mas sempre
humilde, curvando-se perante
aquela celebração. Sim, foi tão
comovente, tão bonito como isto.
Uma daquelas noites que não se
esquecem.
Já o havíamos visto em três
ocasiões anteriores, e é sempre
diferente. Em Brighton, por
exemplo, deu um recital quase
próximo do silêncio, fazendo-
se acompanhar ocasionalmente
por uma violinista. Noutras duas
situações, como no festival Super
Bock Super Rock, apresentou-
se com uma formação mais
convencional, e ontem foi
acompanhado apenas por um
baterista.
Os arranjos e as soluções
musicais engendradas também
se vão modifi cando, e até a sua
presença em palco se foi alterando.
Entre o músico que há uns
meses apenas ruminava frases
imperceptíveis com a assistência
e o cantor que agora agradece em
português e consegue interagir
com o auditório vão anos-luz.
Por vezes, o som do piano sai
em cascata, coadjuvado pela
bateria, as notas perseguindo-se
até ele soltar aquela voz elástica de
barítono. Às vezes, é pianíssimo,
o Coliseu silencia-se, um arrepio
parece instalar-se, para logo ser
majestoso, como se a sua voz,
sublimando letras autobiográfi cas,
fi zesse ricochete no terceiro
balcão, enquanto a música, nem
jazz, nem clássica, nem soul, nem
blues, mas tudo isso ao mesmo
tempo, fosse pairando no espaço.
Algumas vezes, fecha os olhos,
transcende-se, puxa a voz aos
limites, expõe uma expressividade
emocional arrebatada,
para de seguida desaguar
numa intensidade elegante,
vislumbrando-se os seus longos
dedos e os gestos eloquentes.
As canções não possuem uma
estrutura rígida. As que a
audiência reconhece vão sendo
desfi adas (London, Condolence,
Adious, Nemesis, Cornerstone),
mas também há lugar para outras
canções, com swing e ritmo, com
bateria, piano e voz em duelos
ondulantes.
Às tantas, detém-se a cantar,
mas quem não pára é o público,
como se em vez de um espectáculo
para voz desnudada e piano
estivéssemos num concerto de
estádio. No fi nal, regressa para
um encore triunfal e irá voltar
certamente mais vezes. Nunca
mais teremos oportunidade de
ouvir em palco Nina Simone, Chet
Baker, Jacques Brel ou Jeff Buckley,
algumas das suas ascendências
possíveis, mas muitos já poderão
dizer que num serão de Novembro,
em Lisboa, viram e ouviram
Benjamin Clementine, numa noite
única e irrepetível.
Ontem, estava previsto ser ainda
possível vê-lo em Faro, no Teatro
das Figuras, encerrando a pequena
digressão que iniciou no domingo
passado em Braga e que também
passou pelo Porto e Aveiro. O ano
de 2015 é seu. E Portugal rendeu-
se-lhe.
Concertos em simultâneoA sua voz quase silenciou,
simbolicamente, todas as outras.
E foram muitas as que se fi zeram
ouvir na primeira noite do festival,
em que cada um é convidado a
desenhar o seu próprio itinerário
de concertos, com muitos deles
a acontecer em simultâneo.
Uma dessas vozes foi a da norte-
-americana Caroline Polachek, a
cantora dos Chairlift, que deram
um espectáculo abaixo das
expectativas no Coliseu.
O som esteve defi ciente e a
aposta quase integral nas canções
do novo álbum (Moth, a editar
em Janeiro) veio a revelar-se
equivocada, não só porque
ninguém as conhecia (com
excepção do single Ch-ching),
como pelo facto de serem mais
atmosféricas do que celebrativas,
longe da exuberância pop que se
lhes reconhece. Assim, a energia
esfuziante que quem já os viu ao
vivo com eles identifi ca foi abafada
e o que se viu e ouviu foi um grupo
ainda a apurar a melhor forma de
expor as novas canções.
Já se sabe, parte da atracção
do evento vive dos espaços que
Lisboa, todos os anos, não se
cansa de revelar. A edição de 2015
haverá de ser também recordada
como aquela que deu a conhecer o
Tanque a muitos dos espectadores
que circularam entre o Rossio, a
Rua das Portas de Santo Antão
e a Avenida da Liberdade. Abriu
há pouco tempo, é um espaço
recuperado de uma antiga piscina,
e é adjacente ao Coliseu. Foi aí
que, digamos assim, mais se suou,
com toda a gente a dançar ao som
do rap e outras urbanidades, seja
com Karol Conka, seja com os
Foi um daqueles momentos irrepetíveis. Sexta-feira, na primeira noite do festival Vodafone Mexefest, o público rendeu-se por completo à voz sobrenatural, à presença magnetizante e ao piano do músico inglês de coração parisiense
A noite em que a voz de Benjamin Clementine arrebatou Lisboa
E, do palco, Benjamin Clementine, emocionado mas sempre humilde, curvando-se perante aquela celebração. Sim, foi tão comovente, tão bonito como isto. Uma daquelas noites que não se esquecem
ReportagemVítor Belanciano
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | CULTURA | 37
brasileiros Zegon & Loudz, com
uma mistura efi caz de hip-hop
saudavelmente gordurento e sons
latinos.
Onde também se dançou foi no
Palácio da Foz, onde evoluíram
Bison & Squareff ekt ou o imparável
DJ Firmeza, exemplos da vitalidade
actual da música portuguesa
de inspiração globalizada, com
incidência em África, com ritmos
urbanos, como o tarraxo ou o
kuduro, a porem em sobressalto os
corpos mais afoitos.
Outros espaços que vale sempre
a pena visitar são a Casa do
Alentejo, onde, ao início da noite
de sexta-feira, o português Janeiro
tratou de aquecer os espíritos
com pop portuguesa de balanço
abrasileirado, ou a monumental
Sociedade de Geografi a, onde a
guitarra de Tó Trips e a bateria
de João Doce, apesar da difícil
acústica da sala, conseguiram
restituir melancolia e evocar
outras latitudes, numa viagem
instrumental por África, Américas
e Europa.
Para muita gente, uma das
surpresas aconteceu no Tivoli.
Foi aí que evoluiu LA Priest, ou
seja, o inglês Sam Dust, que nem
sempre consegue apresentar
consistência, com uma música
tão esfuziante quanto esquizóide,
algures entre Jamie Lidell e
Prince, com electro, funk,
house e uma voz elegante, mas
quando acerta fá-lo com grande
requinte, manuseando sozinho
sintetizadores e programações, e
interagindo com à vontade com a
assistência.
A grande desilusão foi o
cancelamento do concerto do
rapper inglês Roots Manuva, por
doença súbita, substituído pelo
português Mike El Nite. Mas,
claro, ninguém se irá lembrar
disso. A noite de sexta-feira fi cará
para sempre gravada na memória
daqueles que estiveram no
Coliseu por causa daquela voz.
O festival terminava ontem com
concertos de Ariel Pink, Petite
Noir, Patrick Watson, Jenny Hval
ou Peaches.
MIGUEL MANSO MÁRCIA LESSA/FCG
Um quadro projectado represen-
tando uma mulher com um luxuo-
so vestido branco dá o mote kitsch
ao “concerto visual sinfónico” feito
a partir da ópera Prima Donna de Ru-
fus Wainwright, cantor pop e com-
positor, que afi rma ser “fanático”
da ópera desde os seus 13 anos. Na
verdade, quem está representada lá
atrás (na pintura projectada) é a ac-
triz Cindy Sherman como uma prima
donna imaginária. Mas já lá vamos.
Antes de a música começar, sur-
preende o próprio Rufus Wainwright:
“Hello!” E apresenta o espectáculo e
os cantores. Wainwright adverte os
espectadores que o que se seguirá
são “os dois lados da [sua] natureza
complicada”. É o lado pop e o lado
clássico, mas é também a afi rmação
da sua homossexualidade que está
em causa. Num tom brincalhão, ex-
plica porque diz em português “obri-
gada”, mesmo sendo um homem. De
certa forma, a diva é ele próprio, o
autor com identidade “complicada”
e a star: “Não saiam da sala na pri-
meira parte, que na segunda venho
eu.” E assim foi.
A primeira desilusão começa com
o vídeo que a pintura projectada
anuncia. Fotos emolduradas de Ma-
ria Callas constroem uma referência
previsível e de uma constrangedora
falta de imaginação. Em todo o vídeo,
o “piroso” fi ca preso à constante câ-
mara lenta. O único momento forte
do fi lme é quando vemos Cindy Sher-
man a desmaquilhar-se, já perto do
fi m. Mas até aí a cena é desastrada-
mente fi lmada, coisa estranha para
um tão conceituado realizador de
vanguarda, Francesco Vezzoli.
A segunda desilusão é a música.
Prima Donna começa a bom ritmo e
parece podia ser uma refl exão mu-
sical sobre a ópera, mas fi ca-se à su-
perfície, nostalgicamente embalado
por imagens pastosas. Não é bem a
ópera que está em causa, aliás, mas
“a diva” como fi gura mítica — uma
imagem sem história. Está lá também
o excessivo da ópera, a exaltação
sentimental, o travestimento. Mas
O capricho da diva
o mais importante são as imagens e
os mitos da prima donna: o abando-
no dos palcos, o regresso da diva, a
fusão com o “grande papel” da sua
carreira, o fi m da carreira, o último
autógrafo. Numa cena, a Diva Regina
(a excelente soprano Sarah Fox) faz
vocalizos para provar a si mesma que
é capaz de cantar como dantes. Mas
nem os clichés parecem servir como
material criativo. O resto é pastiche
e referência reconhecível da ópera
neo-romântica, em francês. O proble-
ma é que aqui o kitsch nunca vai mais
longe, como se vendesse à moda o
seu manifesto nostálgico contra o es-
quecimento. O kitsch poderia tirar as
coisas do seu lugar, sobrepondo ele-
mentos que não colam, desafi ando o
clássico, o arrumadinho e o straight
(como faz, por exemplo, Schroeter
no seu cinema, em que a diva da ópe-
ra também é uma fi gura central). Mas
aqui tudo fi ca afi nal arrumadinho e
sem a mínima força provocatória.
A contradição musical é também
resultado desta atitude complacente
para com os seus materiais. Wainwri-
ght procura aceder directamente às
emoções como um neo-romântico
inspirado e intuitivo, ao mesmo tem-
po que se debruça sobre a ópera num
gesto que exige distância. Ficamos
a meio, num pastoso consenso. O
falhanço visual do espectáculo é
acompanhado por um fracasso mu-
sical. Modernização conservadora?
Actualização conformista?
Incapaz de refl ectir sobre a diva,
o espectáculo fi ca-se pelo capricho.
Wainright tem jeito para se rodear de
nomes (Vezzoli, Sherman, Joana Car-
neiro e um conjunto de muito bons
cantores), e mostrou na segunda par-
te, com as suas canções, saber con-
quistar o público com a sua simpa-
tia e sentido de humor, criando uma
imagem de autenticidade descontra-
ída (o oposto da tensa artifi cialidade
da ópera, não é?). E, na verdade, as
canções da segunda parte, acompa-
nhadas com profi ssionalismo pela
Orquestra Gulbenkian e a maestrina
Joana Carneiro, são uma espécie de
Crítica de ópera
Prima Donna
De Rufus Wainwright
Orquestra Gulbenkian
Maestrina: Joana Carneiro
Com Sarah Fox (soprano), Kathryn
Guthrie (soprano), Antonio Figueroa
(tenor); Vídeo: Francesco Vezzoli;
Actriz: Cindy Sherman
Pedro Boléo
mmmMM
continuação de Prima Donna.
Com a sua voz de timbre tenso e
as suas melodias cheias de retardos,
Rufus aspira, afi nal, a ser o inspirado
romântico que compõe árias de ópe-
ra para os tempos de hoje, cantando
o banal como drama: o amor entre
gomas, telemóveis e leite com choco-
late. O gesto pop podia até ser inte-
ressante e as canções foram compe-
tentemente executadas (fi ca sempre
aquela no ouvido). Mas qual drama?
“So let it all go by, looking at the sky”
— não há drama nenhum. O que in-
teressa é ser star, porque é divertido.
No fi m, aplausos entusiásticos de pé.
Uma diva precisa de fãs.
COLECÇÃO BERNARD PRINCEA AVENTURA EM MANHATTAN
REGRESSOU A PORTUGAL
Vol. 4 Aventura em ManhattanNa primeira história deste álbum, o Cormoran é arrestado no âmbito de uma investigação
policial. Barney, que está em NY, recebe uma proposta: fazer-se passar, a troco de uma
recompensa choruda, por um magnata da Boslávia. Aceitam a “encomenda”. O problema
é que entram em cena dois jornalistas abelhudos e um concorrente desonesto do boslavo.
Na segunda história, Miss Moran, filha de um milionário, chega ao Cormoran
e pede para a levarem para Honolulu.
Copyright © ÉDITIONS DU LOMBARD (DARGAUD-LOMBARD S.A.) 2015, by Hermann, Greg, Dany.
QUARTA, 2 DEZCOM O PÚBLICO
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EmpregoPrecisa-se
Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 16 de Dezembro de 2015, pelas 10:00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Santarém, Entroncamento - Inst. Central - Secção de Execução - J2, pelos interessados na compra do se-guinte imóvel (relativamente à 1/2 (metade) titularidade do executado Rui Jorge Nunes Carvalho);Fracção autónoma designada pela letra A, correspondente ao rés-do-chão esquerdo, destinado a habi-tação, do prédio urbano em sito Almeirim, denominado Milheiras, Cerrado ou Charneca de Almeirim, Lote 121, freguesia e concelho de Almeirim, descrito na Conservató-ria do Registo Predial de Almeirim sob o n.º 5238/20070615 A, da freguesia de Almeirim, e inscrito na
respectiva matriz predial urbana, sob o n.º 8649O bem será adjudicado a quem melhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 40.000,00 euros (quarenta mil eu-ros), ou seja, 34.000,00 (trinta e quatro mil euros).É fi el depositário o executado Rui Jorge Nunes Carvalho, que a pedi-do deve mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) jun-tar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execução, no montante corres-pondente a 5% do valor anunciado para a venda.
A Agente de ExecuçãoHelena Chagas
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal
Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]
Público, 29/11/2015 - 2.ª Pub.
COMARCA DE SANTARÉMEntroncamento - Inst. Central - Secção de Execução - J2
HELENA CHAGASAgente de Execução
Cédula 2621ANÚNCIO
Venda mediante propostas em carta fechada
Processo: 168/14.9T8ENTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: Rui Jorge Nunes Carvalho e Maria Margarida Lopes Ferreira Moreira
PRECISA-SEComercial comexperiência na áreaaudiovisual.Telf. 21 837 26 62
MensagensBARBARA,ESTUDANTE -Elegante, 1ª Vez, 20A,linda. Atende só16/21h.Espaço perfeito.Telm.: 963 989 488
GRUPO AFINIDADESFACEBOOK-Jantar Natal 5/12.Inscrição até 30/11.Traga amigos (as). Lx.Telm.:934 108 152
COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTESINTRA - JUÍZO DO COMÉRCIO
Processo 38/13.8T2SNT - Insolvência Pessoal ColetivaInsolvente: Stone4You, S.A.
ANÚNCIO - VENDA POR PROPOSTA EM CARTA FECHADAAdministrador da Insolvência: Domingos Lopes de MirandaNos Autos acima identifi cados foi designado o dia 7 de Dezembro de 2015, pelas 11h30m, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvên-cia, para abertura de propostas que sejam entregues até às 18h do dia anterior, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, pelos interessados na compra das seguintes verbas:Verba n.º 1 do Auto de ArrolamentoPrédio Urbano, composto por terreno destinado a indústria, sito em Alandroal (Nossa Senhora da Conceição) - Lote n.º 7. Descrito na Conservatória do Registo Predial de Alandroal, freguesia de Alandroal (Nossa Senhora da Conceição), sob o n.º 1309/20060209, matriz predial artigo n.º 2411, valor-base de 45.951,00€Verba n.º 2 do Auto de ArrolamentoPrédio Urbano, composto por terreno destinado a indústria, sito em Alandroal (Nossa Senhora da Conceição) - Lote n.º 8. Descrito na Conservatória do Registo Predial de Alandroal, freguesia de Alandroal (Nossa Senhora da Conceição), sob o n.º 1310/20060209, matriz predial artigo n.º 2412, valor-base de 45.951,00€;Valor-base: 91.902,00€ (Noventa e Um Mil e Novecentos e Dois euros).Condições da Venda:1. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram, sendo
o fi el depositário dos bens o Sr. Administrador da Insolvência, Dr. Do-mingos Lopes de Miranda. Os interessados poderão contactar atra-vés do telefone 253272385/6, ou por email: [email protected], onde será facultada toda a informação sobre os bens, bem como a visita aos mesmos no dia 4 de Dezembro de 2015 entre as 15:00 e as 16:30 horas sob prévia marcação.
2 Serão aceites propostas no limite mínimo de 85% do valor-base;3. Os proponentes devem juntar à sua proposta, como sinal e princípio
de pagamento, numerário, cheque visado/bancário emitido à ordem da Massa Insolvente Stone 4 You, S.A., no montante correspondente a 20% do valor ofertado (n.º 4 do Artigo 164.º do CIRE);
4. Os interessados deverão enviar as suas propostas em carta fechada para os escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, devendo mencionar no exterior do envelope “Contém Proposta”, identifi car o n.º do Pro-cesso de Insolvência, e vir acompanhada dos elementos identifi cati-vos do Proponente (nome completo, endereço, fotocópia do Bilhete de Identidade ou NIPC, e contactos);
5. O Administrador de Insolvência e a Comissão de Credores reservam-se na faculdade de não aceitar ou rejeitar qualquer proposta que con-siderem não adequar os interesses da Massa Insolvente;
6. Os bens são vendidos no estado jurídico e físico em que se encon-tram, sendo que aos bens móveis acresce IVA à taxa legal, e os bens imóveis estão sujeitos aos impostos legais aplicáveis.
7. O proponente cuja proposta for aceite, após a notifi cação dos prefe-rentes e em caso de não exercício destes, será notifi cado para que no prazo máximo de quinze dias a contar da notifi cação, pagar o valor da adjudicação dos bens, através de cheque visado, contra o qual se procederá à entrega dos bens.
O Administrador de InsolvênciaDomingos Lopes de Miranda
Público, 29/11/2015
TRIBUNAL DO COMÉRCIO DE LISBOA3.º JUÍZO
PROCESSO 1122/11.8TYLSB - INSOLVÊNCIA DE“ANTÓNIO FERREIRA CLETO, LDA.”
ANÚNCIO - VENDA POR PROPOSTA EM CARTA FECHADAProcesso 1122/11.8TYLSB - LiquidaçãoAdministrador da Insolvência: Domingos Lopes de MirandaInsolvente: António Ferreira Cleto, Lda.Nos Autos acima identifi cados foi designado o dia 7 de Dezembro de 2015, pelas 10h30m, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, para abertura de propostas que sejam entregues até às 18h do dia anterior, nos escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, pelos interessados na compra do seguinte lote:ImóveisLote n.º 1Fracção autónoma BH, destinada a escritório, com entrada pela Calçada de Arroios, n.º 16-A, descrita na CRP de Lisboa sob o n.º 1003, freguesia de S. Jorge de Arroios e registada na matriz predial urbana sob o n.º 2037-BH, avaliado no valor de € 21.741,57Valor-base: 21.741,57€ (Vinte e Um mil e Setecentos e quarenta e um euros e cinquenta e sete cêntimos).Condições da Venda:1. Os bens são vendidos no estado físico em que se encontram, sendo o fi el depositário dos
bens o Sr. Administrador da Insolvência, Dr. Domingos Lopes de Miranda. Os interessados poderão contactar através do telefone 253272385/6, ou por email: [email protected], onde será facultada toda a informação sobre o imóvel, bem como a visita aos mesmos no dia 4 de Dezembro entre as 16:30 e as 17:30 horas sob prévia marcação.
2. Os proponentes devem juntar à sua proposta, como sinal e princípio de pagamento, um cheque visado/bancário emitido à ordem da Massa Insolvente António Ferreira Cleto, Lda., no montante correspondente a 20% do valor ofertado (n.º 4 do Artigo 164.º do CIRE), sendo que serão aceites proposta a partir de 85% do valor-base acima fi xado; Não serão aceites sinais em numerário, sendo que serão consideradas nulas as propostas que não venham acompanhadas de cheque visado ou bancário.
3. Os interessados deverão enviar as suas propostas em carta fechada para os escritórios do Sr. Administrador de Insolvência, sito na Rua Gabriel Pereira de Castro n.º 77, 4700-385 Braga, devendo mencionar no exterior do envelope “Contém Proposta”, identifi car o n.º do Processo de Insolvência, e vir acompanhada dos elementos identifi cativos do Proponente (nome com-pleto, endereço, fotocópia do Bilhete de Identidade ou NIPC, e contactos);
4. O Administrador de Insolvência e a Comissão de Credores reservam-se na faculdade de não aceitar ou rejeitar qualquer proposta que considerem não adequar os interesses da Massa Insolvente;
5. O proponente cuja proposta for aceite, após a notifi cação dos preferentes e em caso de não exercício destes, será notifi cado para que no prazo máximo de quinze dias a contar da notifi cação, pagar o valor da adjudicação dos bens, através de cheque visado, contra o qual se procederá à entrega dos bens.
O Administrador de InsolvênciaDomingos Lopes de Miranda
Público, 29/11/2015
PAULA MARIA DE FÁTIMADE ALBUQUERQUE DA COSTA
CABRAL DE FARIAE SEU FILHO JOSÉ MARIA DA COSTA CABRAL VALPASSOS
Missa e Agradecimento
Sua família participa que na próxima segunda feira, dia 30 de Novembro, às 19.00 horas na Igreja de Santa Isabel, será celebrada Missa pelo seu eterno descanso e agradece antecipadamente a todas as pessoas que se dignarem par-ticipar neste acto.
P.N. A.M.
FUNERÁRIA TRIUNFO, LD.ª N.º Nacional Grátis 800 100 106
Nos autos acima identifi cados, encon-tra-se designado o dia 28 de Janeiro de 2016, pelas 10.00 horas, neste Tri-bunal para a abertura de propostas, devendo as mesmas ser entregues até às 14.00 horas da véspera, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3, pelos interessados na compra do seguinte bem imóvel:Verba 2: Fracção autónoma desig-nada pela letra A, correspondente a subcave esquerda, sito em Rua Ca-milo Castelo Branco n.º 1, Agualva, freguesia de União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra, concelho de Sintra, descrito na Conservatória do Registo Predial de Agualva-Cacém, sob o n.º 839/20031121-A, da fregue-sia de Agualva, e inscrito na respecti-va matriz predial urbana da freguesia de União das freguesias de Agualva e Mira-Sintra sob o n.º 2104 (teve
origem no art.º 1817 da freguesia de Agualva);O bem será adjudicado a quem me-lhor preço oferecer, igual ou superior a 85% do valor-base de 15.740,00 eu-ros (quinze mil setecentos e quarenta euros), ou seja, 13.379,00 euros (treze mil trezentos e setenta e nove euros) São fi éis depositários os executados José Ângelo Gomes Santos Pereira e Maria José Custódio Almeida Pereira, que a pedido devem mostrar o bem.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execu-ção, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.
A Agente de ExecuçãoHelena Chagas
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do Pinhal
Tel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]
Público, 29/11/2015 - 1.ª Pub.
COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3
HELENA CHAGASAgente de Execução
Cédula 2621ANÚNCIO
Venda mediante propostas em carta fechada
Processo: 8454/13.9T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: José Ângelo Gomes Santos
Pereira e Maria José Custódio Almeida Pereira
Nos autos acima identifi cados, encontra-se desig-nado o dia 04 de Fevereiro de 2016, pelas 14.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propos-tas, que até esse momento sejam entregues na referida Comarca de Lisboa Oeste, Sintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3, pelos inte-ressados na compra do seguinte bem imóvel:Verba 2: Fracção autónoma designada pelas letras EX correspondente a cave direita (piso zero) – Bloco E, destinado a habitação, com ar-recadação com o n.º 7, do prédio urbano, sito em Rua Doutor Coutinho Pais, n.ºs 84, 84-A e 84-B (Bloco A), 86, 86-A e 86-B (Bloco B), 88 e 88-A (Bloco C), 90 (Bloco D) e 92 (Bloco E), Algueirão, freguesia de Algueirão e Mem Martins, concelho de Sintra, descrito na 1.ª Conservatória do Re-gisto Predial de Sintra, sob o n.º 3321/19890704 EX, da freguesia de Algueirão - Mem Martins, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o n.º 10555;Verba 3: Fracção autónoma designada pelas le-tras FN correspondente ao terceiro andar esquer-do (piso quarto) - Bloco E, destinado a habitação, do prédio urbano, sito em Rua Doutor Coutinho Pais, n.ºs 84, 84-A e 84-B (Bloco A), 86, 86-A e 86-B (Bloco B), 88 e 88-A (Bloco C), 90 (Bloco D) e 92 (Bloco E), Algueirão, freguesia de Algueirão e Mem Martins, concelho de Sintra, descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial de Sintra,
sob o n.º 3321/19890704 - FN, da freguesia de Algueirão - Mem Martins, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o n.º 10555;O bem será adjudicado a quem melhor preço ofe-recer, igual ou superior a 85% do valor-base de:Verba 2: 6.120,15 euros (seis mil cento e vinte euros e quinze cêntimos), ou seja, 5.202,13 euros (cinco mil duzentos e dois euros e treze cêntimos);Verba 3: 57.490,03 euros (cinquenta e sete mil quatrocentos e noventa euros e três cêntimos), ou seja, 48.866,53 euros (quarenta e oito mil oitocentos e sessenta e seis euros e cinquenta e três cêntimos);São fi éis depositários os executados Teresa Simone Josephine Maduro Batista Serrão e Carlitos Batista Serrão, que a pedido devem mostrar o bem.Os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, cheque visado, à ordem da Agente de Execução, no montante correspondente a 5% do valor anunciado para a venda.
A Agente de Execução - Helena ChagasRua Alberto Serpa, 19-A
2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353
E-mail: [email protected]úblico, 29/11/2015 - 1.ª Pub.
COMARCA DE LISBOA OESTESintra - Inst. Central - 1.ª Secção de Execução - J3
HELENA CHAGASAgente de Execução
Cédula 2621ANÚNCIO
Venda mediante propostas em carta fechada
Processo: 21974/13.6T2SNTExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.
Executados: Tessa Simone Josephine Maduro Batista Serrão e Carlitos Batista Serrão
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40 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
FICAROs mais vistos da TVSexta-feira, 27
FONTE: CAEM
SICTVITVI
RTP1RTP1
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RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
Coraçao D'ouroA Única Mulher IIJornal das 8O Preço CertoTelejornal
15,5%1,8
17,723,3
31,2
CINEMAUm Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na ExistênciaTítulo original: En duva satt på en gren och funderade på tillvaronDe: Roy AnderssonCom: Holger Andersson, Nils Westblom, Viktor GyllenbergNOR/ALE/SUE/FRA, 2014, Cores, 101 min.TVC2, 22h00Jonathan e Sam são dois
vendedores ambulantes, a viver
numa casa abandonada, que
refl ectem sobre a vida, a morte e
a inevitabilidade do sofrimento. O
fi lme decorre em vários sketches
que, segundo o realizador, Roy
Andersson, “consistem numa
série de histórias quotidianas e
fora do normal que retratam a
nossa existência em toda a sua
grandeza e pequenez, beleza e
tragédia, exagero e tristeza — com
uma visão panorâmica, como se
fossem contadas por um pássaro
a refl ectir sobre a condição
humana”. Uma comédia negra
sobre o peso da existência, que
completa a Trilogia dos Vivos,
iniciada em 2000 com o fi lme
Canções do Segundo Andar e
continuada em 2007 com Tu,
Que Vives. Estreado na 71.ª
edição do Festival de Cinema de
Veneza, Um Pombo Pousou Num
Ramo a Refl ectir na Existência foi
galardoado com o Leão de Ouro.
O Cavaleiro das Trevas Renasce [The Dark Knight Rises]RTP1, 17h00Oito anos antes, Batman limpou
Gotham City de organizações
criminosas, em colaboração com
o tenente Jim Gordon e com o
procurador Harvey Dent. Porém,
ao assumir-se culpado pela morte
de Dent, transformou-se num
criminoso perseguido por todas as
instituições policiais que antes o
respeitavam e com quem sempre
colaborou. Agora, a cidade volta
a mergulhar no caos criado
pelo cruel Bane, um adversário
mascarado que planeia destruir
Gotham City e os seus habitantes.
Bruce Wayne regressa à pele de
morcego e luta de novo por tudo
aquilo em que sempre acreditou,
num fi lme com argumento e
realização de Christopher Nolan.
Colombiana [Colombiana]AXN, 20h00Bogotá, Colômbia,1992. Com
apenas 9 anos, Cataleya (Zoe
Saldana) assiste, impotente, ao
brutal assassinato dos seus pais.
Depois de jurar vingança, vai viver
para os EUA com a única família
que lhe resta: o seu tio Emilio
Restrepo (Cliff Curtis), um homem
ligado ao submundo do crime.
Quinze anos depois de uma
vida difícil de treino intensivo,
Cataleya trabalha como assassina
a soldo. Porém, presa ao passado,
está determinada a cumprir a sua
promessa e todos os momentos
da sua vida servem para o simples
propósito de vingar a morte dos
pais.
O Excêntrico Mortdecai [Mortdecai]TVC1, 21h30Charles Mortdecai é um distinto
negociante de arte conhecido
pelo carisma e pela autoconfi ança
inabalável. De aparência elegante
e aristocrática, possui um talento
inato para atrair clientela. Os seus
conhecimentos na área, assim
como os seus contactos no mundo
dos negócios, fazem dele a pessoa
certa para ajudar a recuperar uma
pintura desaparecida de Goya,
não tanto pelo valor artístico da
obra em si, mas pela lenda que
desperta. Segundo os rumores,
o quadro tem inscrito um código
para encontrar um grande
tesouro nazi.
Cidade das Sombras[City of Ember]AXN Black, 22h00Ember é uma cidade próspera e
com uma iluminação radiosa. Mas
um dia o gerador da cidade começa
a falhar e as lâmpadas e candeeiros
a tremelicar. Dois adolescentes
tentam então descobrir as pistas
que lhes permitirão não só
descobrir o mistério ancestral da
existência da cidade, mas também
ajudar os seus habitantes a fugir
antes que as luzes se apaguem para
todo o sempre.
O Caminho entre o Bem e o Mal [A Walk Among the Tombstones]TVC4, 23h00Matt Scudder foi, durante
anos, um polícia honrado e
respeitado. Uma tarde, num
assalto à mão armada num
café que frequentava, uma
bala perdida tirou a vida a uma
criança de 7 anos. Esse incidente
traumático fê-lo desistir da
carreira. Hoje, sobrevive como
detective particular. Certo dia,
é abordado por um homem
que lhe pede que encontre o
assassino da mulher. Embora
relutante, Scudder aceita. Com
o desenrolar das investigações,
percebe que existem vários
crimes relacionados e que, muito
provavelmente, outras pessoas
estarão em perigo.
Planeta dos Macacos [Planet of the Apes]AMC, 23h00Remake do clássico dos anos
1960 realizado por Tim Burton.
Regressa a história do planeta
onde, ao contrário da Terra, foram
os macacos a desenvolver-se,
escravizando os seres humanos.
Este é um lugar violento, onde
os símios reinam e os homens
são os verdadeiros animais —
primitivos, caçados, dominados,
implorando pela sua vida. Mas
um dia, de repente, cai um
estranho do céu. Mark Wahlberg
interpreta o piloto que vai parar
ao planeta dos macacos após uma
aterragem forçada da sua nave. O
“estrangeiro” vai tornar-se num
autêntico messias, liderando a luta
contra a opressão e catalisando a
revolta dos humanos.
Perigo Íntimo [The Devil’s Own]Hollywood, 1h35Frankie McGuire (Brad Pitt) é um
dirigente do IRA que se refugia
em Nova Iorque (EUA), sob uma
falsa identidade, em casa de Tom
O’Meara (Harrison Ford), um
polícia irlandês que desconhece
as actividades do seu hóspede.
A história complica-se quando
Tom O’Meara começa a suspeitar
de que McGuire estará envolvido
numa transacção de armas. Um
fi lme forte, com desempenhos
inesperados e de uma grande
intensidade, que foca os
Um Pombo Pousou Num Ramo a Reflectir na Existência
Decifrando o Estado Islâmico
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 41
problemas sociopolíticos vividos
na Irlanda do Norte. Perigo Íntimo
foi o último fi lme de Alan J.
Pakula, que morreu em 1998 num
acidente de viação.
DOCUMENTÁRIOS
BreakthroughNational Geographic, 22h30Com os avanços científi cos que
fi zeram aumentar a esperança
média de vida ao combater
doenças que antigamente
impediam que se conseguisse
chegar sequer à meia-idade,
surgem novos desafi os para a
medicina. Agora que chegar
aos 80 anos é bastante comum,
prolongando-se o período de
tempo em que as pessoas podem
estar doentes no fi nal das suas
vidas, há que prolongar também a
esperança média da saúde. Neste
episódio da série documental
científi ca que segue investigadores
em projectos pioneiros ligados
à ciência moderna e tecnologia,
dá-se a conhecer um grupo de
cientistas que acredita poder
abrandar os mecanismos
da idade. Com realização
de Ron Howard, A Idade do
Envelhecimento mostra esta nova
abordagem ao envelhecimento e à
longevidade, refl ectindo também
sobre prementes alterações nas
mentalidades.
Decifrando o Estado IslâmicoOdisseia, 21h45Estreia. Documentário italiano
realizado este ano por Riccardo
Mazzon, Antonio Albanese e
Graziella Giangiulio que revela
um trabalho de investigação em
torno da organização terrorista
mais temida do mundo, o
autoproclamado Estado Islâmico.
O fi lme analisa o poder da
máquina de propaganda da
organização, que conta com a
ajuda de mais de 100 técnicos
ocidentais e 40 empresas de
produção audiovisual para
continuar a fazer chegar à
Internet centenas de vídeos
produzidos e editados para
horrorizar o público ocidental e
incitar os seus seguidores.
INFANTIL
As Aventuras dos Marretas [The Muppet Movie]TVC3, 13h35
O Cocas e a Miss Piggy são hoje
internacionalmente conhecidos
e protagonistas de inúmeras
aventuras, quer em séries de
televisão, quer no cinema. Mas
ainda alguém se lembra de como
é que tudo começou? Este foi
o primeiro fi lme, datado de
1979, adaptado da famosa série
Os Marretas, iniciada em 1976.
Coloca o outrora desconhecido
sapo a cantar, num pequeno
pântano, antes de descobrir
que há uma grande audição na
cidade onde todos os sonhos
se realizam. É assim que
Cocas se faz à estrada, tendo
como destino Hollywood. Pelo
caminho, descobre uma bela
actriz — Miss Piggy —, o cómico
urso Fozzie e mais uma série de
talentosos que o acompanham
na viagem pelos EUA.
DESPORTO
Futsal: Campeonato NacionalRTP2, 14h57 | Benfi ca x Modicus
Ténis: Taça DavisSPTV3, 12h00 e 14h30 | Bélgica-
Grã-Bretanha
Andebol: 1.ª DivisãoPorto Canal, 18h30 | FC Porto
x Maia
Futebol: 1.ª LigaSPTV1, 19h15 | P. Ferreira
x Estoril
RTP16.30 Zig Zag 8.00 Bom Dia Portugal Fim-de-Semana 10.00 Eucaristia Dominical - Directo 11.00 Cuidado com a Língua! 11.15 BBC Terra 12.15 Animais Anónimos 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Sociedade Recreativa 15.15 Arrow 17.00 Filme: O Cavaleiro das Trevas Renasce 20.00 Telejornal 21.30 The Voice Portugal 22.45 Hora da Sorte: Sorteio do Joker 23.30 Filme: Getaway - Em Fuga 1.15 Filme: Manobras na Casa Branca 3.15 Sociedade Recreativa
RTP 27.00 Euronews 8.00 Zig Zag 10.55 Caminhos 11.24 70x7 11.50 Vidas de Chapa, Vidas com Sonhos 12.17 Surf Total 12.30 Literatura Aqui 12.58 Portugal 3.0 13.47 Voz do Cidadão 14.04 Pais Desesperados 14.57 Futsal: Benfica x Modicus - Directo 16.47 Desporto 2 - Directo 18.42 Parlamento 19.30 Palcos Agora - Teatro Nacional Dona Maria II 19.57 Grandes Quadros Portugueses - Carlos Reis 20.30 Universidade de Coimbra 725 Anos - Coimbra e o Brasil 21.00 Jornal 2 21.40 Vida Matemática 22.31 Os Influentes 23.26 A Entrevista de Maria Flor Pedroso - Ana Catarina Mendes 00.42 Os 20 Anos dos Santos e Pecadores - Música 1.40 Olhar o Mundo 2.22 Sabia Que? 2.45 Euronews
SIC6.30 Julius Jr. 6.45 Lego Ninjago 7.15 H2O - Aventuras de Sereias 7.45 Phineas & Ferb 8.45 Pac-Man e as Aventuras Fantasmagóricas 9.15 Sonic Boom 9.45 Os Vingadores 10.15 Violetta 11.15 E-Especial 12.00 Vida Selvagem 13.00 Primeiro Jornal 14.00 Portugal em Festa 20.00 Jornal da Noite 21.30 Poderosas 22.30 Peso Pesado Teen
TVI6.15 Batanetes 6.30 Animações / Kid Kanal 9.45 Querido, Mudei a Casa 10.30 Missa + Oitavo Dia 12.30 Câmara Exclusiva 13.00 Jornal da Uma 14.00 Somos Portugal 20.00 Jornal das 8 21.45 A Quinta - Gala 00.45 Querido, Mudei a Casa 1.45 Anel de Fogo 2.30 Ora Acerta 2.45 Sonhos Traídos
TVC110.10 Uma Senhora Herança 12.00 Perseguição Perigosa 13.50 Joe 15.50 Quando Tudo Está Perdido 17.40 Doidos à Solta, de Novo 19.30 The
Railway Man - Uma Longa Viagem 21.30 O Excêntrico Mortdecai 23.20 John Wick 1.05 Perseguição Perigosa 2.55 O Excêntrico Mortdecai 5.15 John Wick
FOX MOVIES10.03 Força Delta 2 - Operação Estrangulamento 11.55 A Janela Secreta 13.28 Forrest Gump 15.46 Top Gun - Ases Indomáveis 17.32 Lara Croft: Tomb Raider 19.05 Assalto ao Arranha-Céus 21.15 Assalto ao Aeroporto 23.21 Blood: O Último Vampiro 00.54 12 Desafios 2.39 Polícia Sem Lei 4.16 Um Dia
HOLLYWOOD9.20 Regras para Ser Feliz 11.10 Morte Num Funeral 12.45 Não Há Família Pior! 14.25 Um Corpo Perfeito 16.15 A Jóia do Nilo 18.05 Antárctida - Da Sobrevivência ao Resgate 20.10 Paranóia 22.00 Nunca É Tarde Demais 23.45 Doom - Sobrevivência 1.35 Perigo Íntimo 3.25 Borat: Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão 4.50 Obsessão e Vingança
AXN14.01 Castle 16.01 Filme: Estratégia Brilhante 17.56 Filme: Um Cidadão Exemplar 20.03 Filme: Colombiana 21.55 Ataque ao Poder 00.22 Filme: Indetectável 2.14 Filme: Colombiana 3.54 O Mentalista 4.37 Filme: Ataque ao Poder
AXN BLACK13.54 Armas, Gajas e Jogo 15.23 Mentiras e Ilusões 16.55 Kill Bill - A Vingança Vol. 1 18.38 24 Horas para Viver 20.09 Scott Pilgrim Contra o Mundo 22.00 Cidade das Sombras 23.37 A Casa de Rosewood Lane 1.12 24 Horas para Viver 2.42 Scott Pilgrim Contra o Mundo 4.33 Cidade das Sombras
AXN WHITE13.20 Melissa e Joey 13.43 Cougar Town 14.53 Póquer de Rainhas 15.16 Suburgatory 15.40 Filme: Linhas Cruzadas 17.15 Filme: Loiras à Força 19.04 Filme: Linhas Cruzadas 20.39 A Teoria do Big Bang 22.40 Filme: O Padrasto 00.18 Filme: A Colega de Quarto 1.46 Suburgatory 2.10 Póquer de Rainhas 2.34 A Teoria do Big Bang
FOX13.12 Filme: Ocean’s 12 15.32 Filme: Força Explosiva 17.22 Filme: Contrabando 19.38 Investigação Criminal: Los Angeles 21.20 Da Vinci’s Demons 22.15 Filme: Perseguição Diabólica 00.10 Sleepy Hollow 1.07 The Walking Dead 2.05 Spartacus, A Revolta dos Escravos
FOX LIFE13.05 Filme: Power 13.54 Filme: Edição Limitada 14.04 Filme: O Diário de Bridget Jones 15.53 Filme: LOL 17.50 Filme: Presumed Dead in Paradise 19.36 Clínica Privada 22.20 Filme: Alguém Tem que Ceder 00.34 Filme: Duplex 2.20 Empire 3.21 Rizzoli & Isles
DISNEY15.20 Jessie 15.45 Liv e Maddie 16.10 Riley e o Mundo 16.35 Boa Sorte, Charlie! 17.00 O Meu Cão Tem Um Blog 17.25 Austin & Ally 17.50 Riley e o Mundo 18.15 K.C. Agente Secreta 18.40 Violetta 19.35 Nail Art Os Descedentes - Evie 19.40 Jessie 20.05 Austin & Ally 20.30 O Meu Cão Tem Um Blog 20.55 Boa Sorte, Charlie! 21.20 A.N.T. Farm - Escola de Talentos 21.41 Os Descendentes - Wicked World 21.50 Rapaz-Ostra 22.14 O Meu Cão Tem Um Blog l
DISCOVERY17.30 Top Gear 19.15 O Império da Sucata 21.00 Pacific Warriors 23.50 Alasca: A Última Fronteira 00.40 A Ascensão do Partido Nazi 2.20 Contrabando Radical de Drogas 3.05 Lou Ferrante: À Margem da Máfia 3.50 Os Caçadores de Mitos
HISTÓRIA17.51 Alienígenas 18.35 O Preço da História 19.18 História Perdida 21.17 O Preço da História 22.00 Alienígenas 23.29 O Preço da História 1.36 Um Dia Na Vida de Um Ditador 3.10 O Preço da História
ODISSEIA17.02 Leões Brancos da África do Sul 17.56 Desde os Confins com Peter Lik 18.39 A Modelo e os Boximanes 19.31 Car Matchmaker 21.00 Armas Empenhadas 21.44 Decifrando o Estado Islâmico 22.37 A Toda Velocidade 23.24 Decifrando o Estado Islâmico 00.17 A Toda Velocidade 1.52 Gigantes da Engenharia
Televisã[email protected]
Getaway — Em Fuga, RTP1, 23h30
42 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
SAIR
CINEMALisboa @CinemaAv. Fontes Pereira de Melo - Edifício Saldanha Residence. T. 210995752The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h15; O Leão da Estrela M12. 13h35, 15h55 Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040007 Spectre M12. 15h, 21h30; As Sufragistas M12. 13h15, 17h20, 19h25; A Viagem de Arlo M6. 11h10, 13h, 15h15, 17h45 (V.Port./2D); Steve Jobs M12. 13h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h50; A Ponte dos Espiões M12. 15h40, 18h30, 21h20; Deus Não Está Morto M12. 19h40; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h20; O Leão da Estrela M12. 13h, 15h10, 17h30, 19h40, 21h50 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Montanha M12. 16h15, 20h; Minha Mãe M12. 14h15, 18h, 21h45 CinemaCity Campo PequenoCentro Lazer do Cp Pequeno. T. 217981420007 Spectre M12. 13h15, 15h25, 16h10, 18h25, 19h05, 21h25, 22h, 00h25; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h35, 17h40, 19h35; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; A Viagem de Arlo M6. 11h40, 13h50, 16h, 18h45 (V.Port./2D), 11h20, 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h35 (V.POrig./2D); Upsss! Lá Se Foi a Arca... M6. 11h25 (V.Port.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h20 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h35 (V.Port.); Mune, O Guardião da Lua M6. 11h35, 15h45 (V.Port./2D); Steve Jobs M12. 13h20, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 18h40, 21h30, 21h45, 00h05 (2D), 23h45 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h30, 21h40, 00h30; O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50, 24h Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Cp Grande. T. 16996007 Spectre M12. 13h30, 16h50, 20h45; Profissionais da Crise 13h50, 16h25, 19h10, 21h40; O Último Caçador de Bruxas M12. 13h35, 16h, 19h05, 21h35; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h40, 18h35, 21h30; A Ponte dos Espiões M12. 14h, 17h, 21h10; A Viagem de Arlo M6. 11h15, 13h40, 16h30, 19h (V.Port./2D), 11h, 13h20, 15h50, 18h20 (V.Port./3D), 21h (V.Orig./2D); O Leão da Estrela M12. 16h10, 18h45, 21h20, 21h50; Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 12h50, 15h30, 18h10, 21h10; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 13h45, 16h20, 18h55 (V.Port./2D); À Procura de Uma Estrela M12. 13h15, 16h40, 19h15, 21h45; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 21h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h10, 15h20, 17h30 (V.Port.); Steve Jobs M12. 21h15 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996A Ponte dos Espiões M12. 14h, 17h10, 21h, 24h; A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h10, 18h10 (V.Port./2D), 15h30 (V.Port./3D), 21h40, 00h10 (V.Orig./2D); Mune, O Guardião da Lua M6. 12h50 (V.Port.); As Sufragistas M12. 15h20, 21h50, 00h25; Steve Jobs M12. 18h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h40, 21h20, 00h20; 007 Spectre M12. 13h40, 16h50, 20h50, 00h05; O Leão da Estrela M12. 13h, 16h10, 18h40, 21h30, 00h15; O Segredo dos Seus Olhos 13h20, 15h50, 18h20, 21h10, 23h40
Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Steve Jobs M12. 18h15; Profissionais da Crise 12h50, 15h25, 21h30, 00h10; A Ponte dos Espiões M12. 13h15, 17h, 21h10, 00h20; A Viagem de Arlo M6. 10h45, 13h05, 15h30, 18h (V.Port./3D) 21h25, 23h55 (V.Port./2D); A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h35, 16h, 18h30 (V.Port./2D); 007 Spectre M12. 13h, 16h30, 20h50, 00h05 ; Mune, O Guardião da Lua M6. 10h50, 13h25 (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h35, 15h35, 18h35, 21h35, 00h35; O Leão da Estrela M12. 21h15, 24h; O Último Caçador de Bruxas M12. 15h45, 20h55, 23h40; 007 Spectre M12. Sala IMAX ? 13h30, 17h30, 21h20, 00h30; As Sufragistas M12. 18h20; O Leão da EstrelaM12. 13h20, 15h55, 18h40, 21h45, 00h25 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h20, 16h, 18h20, 21h10, 23h40 (V.Port./2D); O Leão da Estrela M12. 13h, 15h50, 18h10, 21h20, 24h; 007 Spectre M12. 14h, 17h40, 21h, 00h10; As Sufragistas M12. 18h50; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h50, 15h40, 21h40, 00h40 (2D), 18h40 (3D); O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 16h10, 21h50, 00h20; A Ponte dos EspiõesM12. 12h40, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Minha Mãe M12. 12h, 14h05, 15h, 17h, 19h, 21h30; Casamento à Italiana 13h; 007 Spectre M12. 19h10; A Ponte dos EspiõesM12. 11h30, 14h, 16h40, 22h; As SufragistasM12. 16h10; O Segredo dos Seus Olhos19h50, 22h; Da Natureza M12. 18h15;Montanha M12. 14h20, 16h10, 18h, 19h50, 21h45; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 11h45 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Amnésia M12. 13h30, 15h30, 17h30, 21h45; More M16. 19h30 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221À Procura de Uma Estrela M12. 11h30, 14h15, 19h20; 13 Minutos 16h50, 21h55, 00h20; Profissionais da Crise 11h30, 14h05, 16h30, 18h55, 21h40, 00h05; Sicario - Infiltrado M12. 00h25; O Estagiário M12. 16h10, 21h50; O Senhor Manglehorn M12. 13h45, 19h15; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 11h30, 13h40, 16h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 18h15; A Viagem de Arlo M6. 21h25, 23h45; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 00h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 21h45; A Viagem de Arlo M6. 11h30, 14h, 16h15 (V.Port./2D), 18h40 (V.Port./3D); A Ponte dos Espiões M12. 14h20, 17h3, 21h20, 00h20; A Canção de Uma Vida M12. 11h30, 14h25, 16h45, 21h25, 23h40; Tudo Vai Ficar Bem 18h50; A Hora do Lobo M12. 19h; Steve Jobs M12. 13h45, 16h20, 21h40, 00h20; 007 Spectre M12. 14h30, 18h, 21h10, 00h15; Minha Mãe M12. 11h30, 13h55, 16h25, 19h, 21h35, 00h05; As Sufragistas M12. 11h30, 14h10, 16h35, 19h05, 21h35, 00h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h, 17h, 21h30, 00h20; O Leão da Estrela M12. 11h30, 14h15, 16h45, 19h10, 21h50, 00h15; O Segredo dos Seus Olhos 13h50, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 16h10, 20h40, 23h50; A Ponte dos Espiões M12. 13h10, 16h40, 21h05, 00h20; O
A Ponte dos EspiõesDe Steven Spielberg. Com Tom Hanks, Mark Rylance, Scott Shepherd, Amy Ryan, Sebastian Koch, Alan Alda. GB/Índia/EUA/ALE. 2015. 141m. Drama, Biografia. M12. Início da década de 1960. Os EUA
e a União Soviética encontram-
se em plena Guerra Fria. A 1
de Maio de 1960, um avião de
reconhecimento sobrevoava o
território soviético quando é
atingido pelo inimigo. Francis
Gary Powers, o piloto, é
capturado e feito prisioneiro.
A sua captura transforma-se
num problema de Estado, pois
se Powers ceder, pode revelar
informações fundamentais que
porão em causa muitas das
estratégias militares dos EUA.
É então que James B. Donovan,
o advogado encarregado de
defender Rudolf Abel, um espião
do KGB capturado anos antes
pelo FBI, é contactado para
negociar a libertação do piloto
em troca da libertação do seu
ex-cliente, a cumprir 30 anos de
pena de prisão.
A Viagem de ArloDe Peter Sohn. Com Raymond Ochoa (Voz), Jeffrey Wright (Voz), Steve Zahn (Voz). EUA. 2015. 100m. Animação, Comédia. M6. Como seria o Mundo se o
asteróide que chocou com a
Terra há aproximadamente
65 milhões de anos tivesse
passado ao largo? Neste cenário
hipotético, os dinossauros e
os seres humanos teriam de se
habituar à presença uns dos
outros, partilhando habitats.
Este fi lme segue esta premissa
e conta-nos a história de
amizade entre Arlo, um jovem
apatossauro, e de Spot, uma
pequena cria de Homo Sapiens.
Juntos, os dois amigos embarcam
numa aventura pelas paisagens
assombrosas do planeta Terra
onde as diferenças entre eles
apenas são superadas pelo
companheirismo, generosidade e
confi ança mútua.
Minha MãeDe Nanni Moretti. Com Margherita Buy, John Turturro, Giulia Lazzarini, Nanni Moretti, Beatrice Mancini. FRA/ITA. 2015. 107m. Drama. M12. Margherita é uma realizadora
de sucesso que se prepara
para iniciar as fi lmagens da
sua mais recente obra. O novo
fi lme conta com uma estrela
conhecida, tanto pelos papéis
que desempenha, como pelo
seu feitio irascível. Ela sente-se
assoberbada pelas expectativas
dos seus colegas de profi ssão e
do público e por tudo o que lhe
é exigido durante as rodagens.
O seu único apoio é Giovanni, o
irmão, com quem mantém uma
relação constante e de grande
proximidade. Giovanni quer
ajudá-la e, para isso, dá-lhe um
conselho que se revela muito
difícil de seguir.
O Leão da EstrelaDe Leonel Vieira. Com Miguel Guilherme, Sara Matos, Dânia Neto, Ana Varela, Manuela Couto, André Nunes, Aldo Lima. POR. 2015. 110m. Comédia. M12. Para além da família, que sempre
foi a sua prioridade, Anastácio
é fanático por futebol. A sua
equipa de eleição são os Leões
de Alcochete, um clube de bairro
que pode regressar à velha
glória se conseguir uma vitória
em Barrancos do Inferno, nos
confi ns do Alentejo. Este é um
jogo que Anastácio não pode, de
modo algum, perder...
Em [email protected]@publico.pt A Viagem de Arlo
Leão da Estrela M12. 12h40, 15h20, 18h15, 20h55, 23h30; A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h25, 16h, 18h30 (V.Port./2D), 11h(so dom) 13h40, 16h20, 18h45 (V.Port./3D), 21h15, 23h40 (V.Orig./2D); Profissionais da Crise 12h55, 15h35, 21h45, 00h25; O Leão da Estrela M12. 21h30, 00h10; Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h, 13h35 (V.Port.); Montanha M12. 18h55; Steve Jobs M12. 12h40, 15h30, 21h10; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 17h, 21h05, 00h10; O Último Caçador de Bruxas M12. 20h40, 23h20; Guia do Escuteiro Para o Apocalipse Zombie M12. 18h50, 24h; 007 Spectre M12. 13h40, 15h10, 17h15, 18h25, 20h50, 21h40, 00h05; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h20, 15h40, 17h50 (V.Port.); Crimson Peak: A Colina Vermelha M12. 23h55; As Sufragistas M12. 12h50, 15h35, 18h10, 21h; O Segredo dos Seus Olhos 12h45, 15h20, 18h45, 21h25, 00h05; Minha Mãe M12. 13h, 15h30, 18h, 21h55, 00h30
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030O Estagiário M12. 13h30; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 17h50, 21h10, 24h; A Viagem de Arlo M6. 11h20, 13h30, 15h40, 17h40, 19h45, 21h45 (V.Port./2D), 11h40, 13h50, 16h10, 18h20 (V.Port./3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 00h30; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h10, 15h50, 17h55, 18h50, 21h20, 21h40, 00h10 (2D), 21h45, 00h30 (3D); Perdido em Marte M12. 00h20; Lendas do Crime M12. 00h10; 007 Spectre M12. 13h10, 15h, 16h15, 18h30, 19h10, 21h25, 21h55, 23h55; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h15, 13h15, 16h00, 17h35 (V.Port./2D); As Sufragistas M12. 17h55, 20h, 22h05; As Sufragistas M12. 13h15, 17h55, 20h, 22h05; Steve Jobs M12. 00h25; Profissionais da Crise 13h25, 15h30, 19h20, 22h10; O Leão da Estrela M12. 13h20, 15h30, 17h25, 19h35, 21h50, 00h15; Mínimos M6. 11h25, 15h20 (V.Port.); A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h25 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h15 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h15 (V.Port.) UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, EN 249/1. T. 707232221The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.13h35, 16h20, 21h45 (2D), 19h05 (3D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12.18h15, 21h15 (2D), 15h (3D); O Principezinho15h (V.Port.); Home: A Minha Casa M6. 11h, 14h, 16h15 (V.Port.); 007 Spectre M12. 21h10; Abelha Maia - O Filme M6. 10h45, 12h45, 14h50, 16h50 (V.Port.); Profissionais da Crise 19h05, 21h40; Mortadela e Salamão: Missão Não Possível M6. 10h15, 14h40 (V.Port.); A Canção de Uma Vida M12. 21h50; Steve Jobs M12. 19h15; Os Feitiços de Arkandias M6. 12h35 (V.Port.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 19h10, 21h20; O Último Caçador de Bruxas M12. 19h20, 21h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 10h30, 12h30, 14h45, 16h45 (V.Port.); Os Pinguins de Madagáscar M6. 11h30, 14h30, 17h (V.Port.); O Segredo dos Seus Olhos 19h15, 21h45; O Leão da Estrela M12. 1h, 16h30, 19h, 21h30; A Viagem de Arlo M6. 13h45, 16h15, 18h45 (V.Port./2D), 21h15 (V.Port./3D); A Ponte dos Espiões M12. 14h25, 17h50, 21h20
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingEN 9, Alcabideche. T. 16996A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 16h30,
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 43
Bruno Nogueira e Miguel Guilherme, encenados por Beatriz Batarda, pegam na obra de Jean-Claude Grumberg e apresentam uma visão de humor cáustico sobre o retorno do “conflito entre ‘nós e os outros’” e do “despertar das reacções mais primárias a tudo o que se alimenta do medo e da ansiedade”. Num prédio onde vivem vários casais,
numa das maiores cidades da Europa, a ignorância junta-se à curiosidade quando um morador ingénuo, atordoado pela obsessão da sua mulher pelo povo judeu, interpela o vizinho de baixo para saber a sua identidade. O Meu Vizinho é Judeu está em cena no Auditório do Casino Estoril, de quinta a sábado, às 21h30, e domingo, às 17h. O bilhete custa 16€.
Pensar questões sérias a rirFILIPE FERREIRA
A s AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
A Canção de uma Vida – mmmmm mmmmm
Amnésia mmmmm mmmmm –Da Natureza mmmmm – –Ela é Mesmo... o Máximo mmmmm mmmmm mmmmm
O Leão da Estrela A – –Minha Mãe mmmmm mmmmm mmmmm
Montanha mmmmm mmmmm mmmmm
A Ponte dos Espiões mmmmm – –Steve Jobs mmmmm mmmmm –A Viagem de Arlo mmmmm – –
21h10, 00h10; A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h30, 16h, 18h30 (V.Port./2D), 11h(Dom), 13h20, 15h40, 18h (V.Port./3D), 21h05, 23h30 (V.Orig./2D); O Leão da Estrela M12. 12h40, 15h10, 17h40, 21h, 21h30, 23h40, 00h05; 007 Spectre M12. 13h10, 17h20, 20h50, 24h; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h (V.Port.); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h20, 21h20, 00h20 (2D), 18h20 (3D); Steve Jobs M12. 18h10; Profissionais da Crise 15h30, 21h25, 23h50 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 14h30, 17h10, 21h45; Minha Mãe M12. 19h45; O Leão da Estrela M12. 14h, 16h30, 19h15, 21h30; A Ponte dos Espiões M12. 19h25, 22h; A Viagem de Arlo M6. 13h45, 15h35, 17h25 (V.Port.)
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. C. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Minha Mãe M12. 15h30, 18h15, 21h30; O Segredo dos Seus Olhos 21h30; A Viagem de Arlo M6. 15h, 17h (V.Port.)
Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643007 Spectre M12. 15h10, 18h20, 21h20; A Ponte dos Espiões M12. 12h40, 15h30, 17h50, 21h25; As Sufragistas M12. 13h30, 15h35, 17h45, 21h45; Steve Jobs M12. 19h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 18h40, 21h30, 22h; O Segredo dos Seus Olhos 13h, 15h, 22h05; A Viagem de Arlo M6. 11h35, 13h40, 15h45, 17h55, 20h (V.Port./2D), 11h20, 13h25, 15h30, 17h50, 19h55, 21h40 (V.Port./3D); O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; A Ovelha Choné - O Filme M6. 11h15 (V.Port.); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h40, 13h45 (V.Port.); Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 11h20, 15h35 (V.Port.); Ela é Mesmo... o Máximo M12. 19h50; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h15, 13h30, 15h25, 17h20 (V.Port.) Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h, 21h40 (2D), 13h, 18h50 (3D); 007 Spectre M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20; O Último Caçador de Bruxas M12. 19h15, 21h50; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h05, 15h15, 17h15; A Viagem de Arlo M6. 15h10, 17h20, 21h35 (V.Port./2D), 12h50, 19h30 (V.Port./3D); O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h40, 18h30, 21h30; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h15, 15h, 17h (V.Port.); Steve Jobs M12. 18h50; Profissionais da Crise 21h15; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h50, 18h40, 21h25
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003 . O Leão da Estrela M12. 14h40, 17h, 19h20, 21h40; 007 Spectre M12. 15h10, 18h10, 21h10; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h30, 15h20, 17h20 (V.Port.); Profissionais da Crise 19h30, 21h50; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20; A Viagem de Arlo M6. 14h30, 18h50 (V.Port./3D), 16h40, 21h (V.Port./2D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30; O Último Caçador de
Bruxas M12. 19h50, 22h10; Ela é Mesmo... o Máximo M12. 13h; Steve Jobs M12. 15h; O Segredo dos Seus Olhos 17h30
Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996A Viagem de Arlo M6. 11h, 13h20, 18h10, 21h (V.Port./2D), 15h40 (V.Port./3D); 007 Spectre M12. 14h30, 17h40, 20h50; O Leão da Estrela M12. 13h, 15h50, 18h30, 21h10; O Último Caçador de Bruxas M12. 21h40; Mune, O Guardião da Lua M6. 11h, 13h10, 15h10, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h40, 21h30; A Ponte dos Espiões M12. 12h30, 15h20, 18h20, 21h20
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996O Último Caçador de Bruxas M12. 13h, 15h20, 20h50; 007 Spectre M12. 14h45, 17h50, 21h; Steve Jobs M12. 18h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10; A Viagem de Arlo M6. 10h50, 13h10, 15h40, 21h20 (V.Port./2D), 18h10 (V.Port./3D)
Oeiras Cinemas Nos Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996As Sufragistas M12. 18h45; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 16h, 21h45, 00h25; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h30, 15h40, 21h35, 00h30 (2D), 18h40 (3D); A Ponte dos Espiões M12. 12h30, 15h30, 18h30, 21h30, 00h30; A Viagem de Arlo M6. 10h50, 13h15, 15h45, 18h20 (V.Port./3D), 10h30, 12h50, 15h10, 17h50 (V.Port./2D), 21h, 23h55 (V.Orig./2D); 007 Spectre M12. 14h30, 17h40, 21h15, 00h10; O Leão da Estrela M12. 12h45, 15h20, 18h10, 21h10, 21h40, 24h, 00h20
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresAv. das Túlipas. T. 707 CINEMAMune, O Guardião da Lua M6. 11h, 15h (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 15h30, 18h30, 21h30; 007 Spectre M12. 17h20, 21h; A Viagem de Arlo M6. 11h, 15h20, 17h40, 19h50, 21h20 (V.Port./2D); The Hunger
Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h10, 18h10, 21h10
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h45, 14h50, 17h, 19h (2D); Knock Knock - Perigosas Tentações M16. 15h, 17h10, 21h25; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 18h20; O Segredo dos Seus Olhos 13h10, 15h40, 21h10; 007 Spectre M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 15h50, 21h30 (2D), 13h, 18h40 (3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 21h50; A Viagem de Arlo M6. 12h50 (V.Port.); O Leão da Estrela M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h40
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Minha Mãe M12. 16h, 21h30 Cinema City Alegro SetúbalC. Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Mune, O Guardião da Lua M6. 11h50, 13h50, 15h55 (V.Port./2D) ; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 11h45, 15h45, 17h50, 18h35, 21h25, 21h35, 00h15 (2D), 13h20, 16h10, 19h, 21h45, 00h30 (3D); O Último Caçador de Bruxas M12. 00h20; O Segredo dos Seus Olhos 16h20, 22h, 23h55; A Viagem de Arlo M6. 11h30, 13h40, 15h45, 17h50, 19h55 (V.Port./3D), 11h20, 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h45 (V.Port./2D); Sininho e a Lenda do Monstro da Terra do Nunca M6. 11h45, 13h35 (V.Port./2D); Lendas de Oz: O Regresso de Dorothy M6. 11h15 (V.Port.); 007 SpectreM12. 13h25, 15h25, 18h20, 19h10, 21h30,22h05, 00h25; A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao AfeganistãoM12. 00h25; O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h20, 17h30, 19h45, 21h55, 00h05
Faro Cinemas Nos Fórum AlgarveC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Pan: Viagem à Terra do Nunca M12. 14h40 (V.Port.); O Último Caçador de Bruxas M12. 14h40, 19h40; 007 Spectre M12. 12h20, 15h20, 21h, 24h; Ela é Mesmo... o Máximo
M12. 14h30, 19h; O Segredo dos Seus Olhos16h40, 21h; O Segredo dos Seus Olhos 8h40; A Ponte dos Espiões M12. 12h30, 15h25, 18h20, 21h20, 00h15; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 12h40, 15h35, 18h30, 21h30, 00h20; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 16h50, 22h; A Viagem de Arlo M6. 10h40, 13h, 18h15 (V.Port./2D), 15h55 (V.Port./3D), 10h50, 21h10, 23h40 (V.Orig./2D); O Leão da Estrela M12. 13h10, 15h45, 18h10, 21h40,00h05; Mune, O Guardião da Lua M6. 13h20, 15h20, 17h10 (V.Port.); As SufragistasM12. 21h50; Rock the Kasbah - Bem-vindo ao Afeganistão M12. 17h; Steve Jobs M12. 19h20; Profissionais da Crise 19h10, 21h30;A Viagem de Arlo M6. 15h10, 19h30 (V.Port./3D), 13h, 17h20 (V.Port./2D), 21h40 (V.Orig./2D); A Ponte dos Espiões M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h20; O Leão da Estrela M12. 14h, 16h20, 18h50, 21h10; 007 Spectre M12. 15h, 18h, 21h; The Hunger Games: A Revolta - Parte 2 M12. 13h, 15h50, 18h40, 21h30
TEATROLisboaCasino LisboaParque das Nações. T. 218929000 Nome Próprio Enc. Fernando Gomes. De 9/9 a 20/12. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. ChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Em Directo - TV Show De Criação colectiva. Enc. Alex Navarro. Até 29/11. Sáb e Dom às 17h. M/4. Duração: 60m. Hospital Júlio de MatosAv. Brasil, 53. T. 217917000 E Morreram Felizes para Sempre De Nuno Moreira. Enc. Ana Padrão. De 11/9 a 19/12. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 22h. De 29/11 a 13/12. Dom às 19h. M/18. Duração: 90m. Maria Matos Teatro MunicipalAv. Frei Miguel Contreiras, 52. T. 218438801 Parece Um Pássaro Enc. Raimundo Cosme. De 21/11 a 29/11. Sáb e Dom às 16h30 (na Sala de Ensaios). Leitura-encenada. Dos 5 aos 7 anos. Duração: 25m. Museu Nac. de Hist. Natural e da CiênciaR. da Escola Politécnica, 58. T. 213921800 Os 3 Mosqueteiros Comp.: Byfurcação. Enc. Paulo Cintrão. CDe 1/11 a 28/2. Dom às 11h e 16h. M/3. Duração: 50m. Museu Nacional do Teatro e da DançaEstrada do Lumiar, 10. T. 217567410 Branca de Neve e os Sete Anões Comp.: Companhia Palco de Chocolate. Hoje às 10h30. Dos 1 aos 5 anos. Duração: 35m. O Macaco do Rabo Cortado Grupo: Teatro da Raposa. Hoje às 16h. Dia 5/12 às 16h. M/4. Teatro BocageR. Manuel Soares Guedes, 13A. T. 912249909 A Fábrica do Pai Natal Grupo: Teatro Bocage. Enc. Leone de Lacerda. De 29/11 a 20/12. Dom às 11h e 16h. M/4. Duração: 50m. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 Depois o Silêncio De Arne Lygre. Enc. Álvaro Correia. De 26/11 a 20/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. De 6/1 a 17/1. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Salta para o Saco De António Torrado. Comp.: Comuna Teatro de Pesquisa. Enc. João Mota. De 13/11 a 27/12. Sáb às 16h. Dom às 11h30 e 16h. M/6. Teatro da CornucópiaRua Tenente Raúl Cascais, 1A. T. 213961515 Da Imortalidade De Gilgameš (a partir). Comp.: Propositário Azul. Enc. Nuno Nunes. De 25/11 a 13/12. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. 4ª às 19h. M/12. Duração: 180m.
Teatro da LuzLargo da Luz. T. 217120600 Conto de Natal De Charles Dickens. Comp.: Companhia da Esquina. Enc. Jorge Gomes Ribeiro. Coreog. Joana Furtado. De 14/11 a 27/12. Sáb às 16h. Dom às 11h. 2ª a 6ª às 11h e 14h (para escolas). Reservas: 968060047. Teatro da TrindadeLargo da Trindade, 7A. T. 213420000 A Bela e o Monstro De Jeanne-Marie de Beaumont. Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. De 21/11 a 27/12. Sáb às 11h e 16h. Dom às 11h e 15h. Feriados às 16h. M/3. Allo, Allo! De Jeremy Lloyd, David Croft. Enc. Paulo Sousa Costa, João Didelet. De 11/11 a 27/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 18h. M/6. Os Pés no Arame De Rodrigo Guedes de Carvalho. Enc. Renato Godinho. De 19/11 a 20/12. 5ª a Sáb às 21h45. Dom às 17h. M/12. Teatro Maria VitóriaAv. da Liberdade (Parq. Mayer). T. 213461740 Revista Quer... É Parque Mayer! De Mário Raínho, Flávio Gil. Enc. Mário Raínho. A partir de 29/10. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb e Dom às 16h30 e 21h30. M/12. Teatro MeridionalR. do Açúcar, 64 (Pç do Bispo). T. 218689245 A Colectividade Enc. Natália Luíza. Até 6/12. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Teatro Municipal São LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 Neva De Guillermo Calderón. De 26/11 a 29/11. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. Sabotage Enc. Miguel Castro Caldas, Lígia Soares. De 27/11 a 29/11. 6ª, Sáb e Dom às 19h (Festival Temps d’Images 2015). Teatro Nacional D. Maria IIPraça Dom Pedro IV. T. 800213250 O Fosso dos Heróis De Christa Wolf (a partir). Enc. Ágata Pinho. De 28/11 a 29/11. Sáb às 21h30. Dom às 16h30 (Festival Temps d’Images 2015, na Sala Estúdio). M/16. Teatro PoliteamaR. Portas de Santo Antão, 109. T. 213405700 A República das Bananas De Filipe La Féria. Maestro Mário Rui, Telmo Lopes. Coreog. Marco Mercier. A partir de 30/9. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. Tarzan - O Musical De Edgar Rice Burroughs. Enc. Filipe La Féria. A partir de 21/11. Sáb e Dom às 15h. M/4. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Para Uma Encenação de Hamlet Enc. Carlos J. Pessoa. De 19/11 a 29/11. 4ª a Dom às 21h30. M/12. Duração: 70m. Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 Plaza Suite Enc. Adriano Luz. De 24/9 a 20/12. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12. Teatro TurimEstrada de Benfica, 723A. T. 217606666 A Menina Que Detestava Livros De Manjusha Pawagi. Comp.: Umbigo. Enc. Rogério Paulo. De 7/11 a 29/11. Sáb às 16h. Dom às 11h. M/4. Duração: 50m. Medos Comp.: Umbigo - Companhia de Teatro. Enc. Rogério Paulo. De 26/11 a 29/11. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/6. Teatro VillaretAv. Fontes Pereira de Melo, 30. T. 213538586 Commedia à la Carte De Carlos M. Cunha, César Mourão, Ricardo Peres. De 10/9 a 29/11. 5ª a Dom às 21h30. M/16. Duração: 90m. Pippi das Meias Altas - O Musical Enc. Henrique Feist. Coreog. Paulo Jesus. De 21/11 a 1/12. Sáb e Dom às 11h. 3ª às 21h. M/6. Teatro-Estúdio Mário ViegasLargo do Picadeiro. T. 213257650 É Impossível Viver De Franz Kafka (a partir). Enc. Ana Luena. De 19/11 a 29/11. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. M/14.
44 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
1.º Congresso do Bombo na Aula Magna, em Lisboa
DR
SAIRAlmada
Cine-Teatro da Academia de Instrução e Recreio Familiar AlmadenseR. Capitão Leitão, 64. T. 212729750 Quarto para Raparigas De Anton Tchekhov. Grupo: NNT - Novo Núcleo de Teatro. Enc. Sandra Hung. Hoje às 19h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/12. Duração: 50m.
CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Macbeth De William Shakespeare. Comp.: TEC. Enc. Carlos Avilez. De 13/11 a 27/12. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 16h. M/12.
Costa de CaparicaAuditório Costa da CaparicaCentro Comercial O Pescador. Uma Tal de Lisístrada De Aristófanes (a partir). Grupo: Teatro na Gandaia. Enc. Ana Nave. Hoje às 22h (19.ª Mostra de Teatro de Almada). M/12. Duração: 75m.
EstorilCasino EstorilAvenida Dr. Stlanley Ho. T. 214667700 A Noite das Mil Estrelas De Filipe La Féria. Maestro Telmo Lopes. Coreog. Marco Mercier. Até 20/12. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 17h e 21h30. Dom às 17h. M/12. O Meu Vizinho é Judeu Enc. Beatriz Batarda. A partir de 26/11. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/12.
Linda a VelhaAuditório Municipal Lourdes NorbertoLargo da Piramide, 3N. T. 214141739 Onde É Que Fica o Futuro? Comp.: Intervalo Grupo de Teatro. Enc. Fernando Tavares Marques. Coreog. Paulo de Jesus. De 21/11 a 7/2. Sáb às 16h. Dom às 11h. Dia 9/2 às 16h.
LouléCine-Teatro LouletanoAvenida José da Costa Mealha. T. 289414604 Mala de Viagem De Ana Sêrro. Enc. Ana Sêrro, Catarina Caetano. Hoje às 15h30. Dia 30/11 às 09h45 , 11h e 14h (para escolas).
Paio PiresCinema São VicenteAv. Gen. Humberto Delgado. T. 214099896 Bartolina e os seus Botões De Susana Ferreira Cardoso (a partir). Comp.: Valdevinos Teatro de Marionetas. Enc. Fernando Cunha. Hoje às 16h. M/4.
SintraCasa de TeatroRua Veiga da Cunha,20. T. 219233719 A Cigarra e a Formiga na Cidade De Criação Colectiva. Enc. João de Mello Alvim. De 21/11 a 13/12. Sáb e Dom às 16h. M/4. Quinta da RegaleiraRua Barbosa du Bocage. T. 219106650 Conto de Natal Comp.: bYfurcação. Enc. Paulo Cintrão. Até 28/2. Sáb às 16h. Dom às 11h. M/3. Duração: 50m. Dias 5/12, 26/12, 27/12 não se realizam sessões. Os Lusíadas - Viagem Infinita De Luís Vaz de Camões. Comp.: Musgo Produção Cultural. Enc. Paulo Campos dos Reis, Ricardo Soares. Até 20/12. Sáb e Dom às 17h.
da Revolta De 16/10 a 6/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Museu de CiênciaRua da Escola Politécnica, 56. T. 213921808 Jogos Matemáticos Através dos Tempos A partir de 24/4. 3ª a 6ª das 10h às 17h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio, 24 e 25 de Dezembro). Sáb e Dom das 11h às 18h. Exposição Interactiva. Museu de Lisboa – Santo AntónioLg de Santo António da Sé, 22. T. 808203232 Núcleo de Santo António do Museu de Lisboa A partir de 18/7. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (Encerra feriados, excepto 13 de Junho). Objectos, Outros. Museu de São RoqueLargo Trindade Coelho (antiga Casa Professa da Companhia de Jesus). T. 213235065 Exposição Permanente - Museu de São Roque A partir de 20/12. 3ª, 4ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro). 5ª das 14h às 21h (encerra 1 de Janeiro, Dom de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro). Pintura, Escultura, Ourivesaria, Outros. Museu do OrienteAv. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. T. 213585200 A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente De 19/11 a 6/3. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h30. 3ª das 10h às 22h. Objectos, Outros. Sombras da Ásia A partir de 28/6. 3ª, 4ª, 5ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. 6ª das 10h às 22h (gratuito das 18h às 22h). Objectos, Outros. Picadeiro Real/Museu dos CochesPç. Afonso de Albuquerque. T. 213610850 As Far As The Eye Can’t See De vários autores. De 13/11 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 17h30. Design. EXD’15 Praça do Comércio (Terreiro do Paço)A Luz de Lisboa De Nuno Cera, Maria do Rosário Pedreira, Jorge Martins. De 16/7 a 20/12. 3ª a Dom das 10h às 20h Até 25/10, das 10h às 18h A partir de 27/10. Fotografia, Pintura, Outros. Zaratan - Arte ContemporâneaRua de São Bento, 432. T. 965218382 We Only Want The Intangible De Alice Geirinhas, Bruno Humberto, Diana Combo, Evelyn Grzinich, Giuseppe Mele, Jérémy Pajeanc, João Pedro Trindade, John Grzinich, Maria Trabulo, Michele Eversham, Rowena Boshier. De 5/11 a 5/12. 6ª, Sáb e Dom das 16h às 20h. 5ª das 19h às 21h. Escultura, Instalação, Vídeo, Obra Gráfica, Desenho, Performance, Outros.
MÚSICALisboaAula MagnaAlameda da Universidade (Cidade Universitária). T. 217967624 1.º Congresso do Bombo De 28/11 a 29/11. Sáb e Dom às 09h. Casino LisboaAlameda dos Oceanos Lote 1.03.01 - Parque das Nações. T. 218929000 Chronicle News De 27/11 a 29/11. 6ª, Sáb e Dom às 21h (Arena Lounge).
Centro Cultural de BelémPraça do Império. T. 213612400 Jazz: A Arte de Tocar em Liberdade Com António-Pedro e Ana Araújo. De 26/11 a 29/11. 5ª e 6ª às 10h. Sáb às 15h30. Dom às 11h30. Oficina de música. Espaço Fábrica das Artes. Duração: 2h. M/8. Schostakovich Ensemble Hoje às 17h (no Pequeno Auditório. M/6). Grandes Quintetos com Piano II. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Christian Zacharias Com Christian Zacharias (piano). Hoje às 19h (no Grande Auditório). Oceanário de LisboaEsplanada Dom Carlos I - Doca dos Olivais. T. 218917000 Fado Miudinho A partir de 4/7. Dom às 09h (1.º e 3.º Dom de cada mês). Concertos para Bebés até aos 4 anos. Marcação necessária: 218917002/06, [email protected]. Sabotage ClubRua de São Paulo, 16. T. 213470235 Dirty Fences + Mighty Sands + Sky Manta + David Polido Hoje às 22h30.
Caldas da RainhaCentro Cultural e Congressos das Caldas da RainhaRua Dr. Leonel Sotto Mayor. T. 262889650 Mário Laginha e Orquestra Ligeira de Óbidos Com Mário Laginha (piano). Hoje às 16h.
ÉvoraIgreja de S. FranciscoPç. 1º de Maio. António Carrilho e Rafael Reis Com António Carrilho (flauta de bisel), Rafael Reis (órgão). Hoje às 16h30 (Música nas Igrejas - Concertos de Órgão).
DANÇALisboaColiseu dos RecreiosRua das Portas de Santo Antão, 96. T. 213240580 O Lago dos Cisnes Com Russian Classical Ballet. Comp.: Russian Classical Ballet. Coreog. Marius Petipa, Lev Ivanov. Hoje às 17h. Museu da MarionetaRua da Esperança, 146 - Convento das Bernardas. T. 213942810 Tarará-tchim - Dança e música para bebés Com António Machado, Ricardo Mondim, Rita Carvalho, Sérgio Oliveira. Comp.: DançArte. Coreog. Sofia Belchior. De 28/11 a 29/11. Sáb às 16h. Dom às 11h30. Dos 0 aos 36 meses.
AmadoraCentro Comercial Alegro AlfragideAv. dos Cavaleiros. T. 217125403 A Branca de Neve no Gelo Enc. João A. Guimarães. Com Maria Henrique, Isaac Alfaiate, Afonso Vilela. Coreog. Joana Quelhas. De 20/11 a 10/1. Todos os dias (vários horários). Reservas: 707100079 ou [email protected]. Espaço Cultural Recreios da AmadoraAvenida Santos Mattos, 2. T. 214369055 10 Anos em Movimento Comp.: Quorum Ballet. Coreog. Daniel Cardoso. De 28/11 a 29/11. Sáb às 21h30. Dom às 16h.
SAIR
EXPOSIÇÕESLisboaA MontraCalçada da Estrela, 132. T. 213954401 Cabelo e Mãos De Pedro Barateiro. De 24/10 a 29/11. Todos os dias 24h. Performance. Centro de Arte ModernaR. Doutor Nicolau Bettencourt. T. 217823474 As Casas na Colecção do CAM De Ana Vieira, Rachel Whiteread, José Pedro Croft, Heimo Zobernig, Thomas Weinberger, Gil Heitor Cortesão, Leonor Antunes, entre outros. De 20/11 a 31/10. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Escultura, Instalação, Pintura, Vídeo, Fotografia. Hein Semke. Um Alemão em Lisboa De 20/11 a 22/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. O Círculo Delaunay De Robert e Sonia Delaunay. De 20/11 a 22/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Pintura. Willie Doherty. Uma e Outra Vez De 20/11 a 22/2. 2ª, 4ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom das 10h às 18h. Vídeo, Fotografia. ChiadoLargo do Chiado. Coming Out De vários autores. De 29/9 a 1/1. Todos os dias 24h. Outros. Cordoaria NacionalAvenida da Índia. T. 213646128 From Hands To Mind De vários autores. De 14/11 a 20/12. 4ª, 5ª e 6ª das 17h às 21h No Torreão Poente. Sáb e Dom das 16h às 22h. Design. EXD’15 Real Bodies - Descubra o Corpo Humano De 2/11 a 20/12. Todos os dias das 10h às 20h. Documental, Ciência, Objectos. CulturgestR. Arco Cego - Ed. Sede CGD. T. 217905155 nenhuma entrada entrem De Projecto Teatral. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h (Última entrada 17h30). Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h (Última entrada 18h30). Escultura, Performance, Outros. Oximoroboro De Von Calhau!. De 24/10 a 23/12. 3ª a 6ª das 11h às 18h. Sáb, Dom e feriados das 11h às 19h. Instalação. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 No Atelier De Teresa Magalhães. De 30/9 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Galeria Av. da ÍndiaAvenida da Índia, 170. T. 218170847 Retornar - Traços de Memória De 4/11 a 28/2. 3ª a 6ª das 10h às 13h e das 14h às 18h. Sáb e Dom das 14h às 18h. Fotografia, Outros. Largo do IntendenteLargo do Intendente. Kit Garden De Joana Vasconcelos. A partir de 5/10. Todos os dias. Escultura, Instalação. Lisboa Story CentreTerreiro do Paço - Torreão Nascente. T. 916440827 Memórias da Cidade A partir de 11/9. Todos os dias das 10h às 20h (última admissão às 19h). Documental, Interactivo, Outros. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Civilizações de Tipo I, II e III De Rui Toscano. De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura, Desenho, Vídeo, Outros. Narrativa de uma Colecção - Arte Portuguesa na Colecção da Secretaria de Estado da Cultura (1960-1990) De vários autores. De 15/7 a 12/6. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Pintura. Prémio Sonae Media Art 2015 De Diogo Evangelista, Musa paradisiaca, Patrícia Portela, Rui Penha, Tatiana Macedo.
De 20/11 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Outros. Progresso De Ana Cardoso. De 23/10 a 29/11. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura. Rui Toscano De 31/10 a 31/1. 3ª a Dom das 10h às 18h (Última entrada 17h30). Desenho, Vídeo. Temps D’Images Loops. Lisboa De vários autores. De 15/10 a 24/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Vídeo. We Shall Over Come De Rita GT. De 5/11 a 10/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Performance, Outros. Mosteiro dos JerónimosPç. Império. T. 213620034 Alexandre Herculano - Guardar a Memória - Viver a História A partir de 17/12. 3ª a Dom das 10h às 17h (encerra 25/12, 1/1, 1/5 e Dom de Páscoa). Biográfico, Documental, Outros. Um Lugar no Tempo A partir de 16/12. 3ª a Dom das 10h às 17h. Documental. Exposição permanente. Mude - Museu do Design e da ModaRua Augusta, 24. T. 218886117 Design em Portugal (1960-74): Expor, Debater, Protagonizar De 22/10 a 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design, Documental. Ensaio para um Arquivo: O Tempo e a Palavra Design em Portugal (1960-1974) De 22/10 a 7/2. 3ª a Dom das 10h às 18h. Design. Único e Múltiplo. 2 Séculos de Design A partir de 27/5. 3ª a Dom das 10h às 18h (horário de Inverno), das 10h às 20h (horário de Verão). Design. Exposição permanente. Vocação Infinita De 12/11 a 27/3. 3ª a Dom das 10h às 18h. Documental, Outros. Museu Colecção BerardoPraça do Império - CCB. T. 213612878 Colecção Berardo De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. 3ª a Dom das 10h às 19h. Pintura, Outros. Quatro variações à volta de nada ou falar do que não tem nome De Nicolás Paris. De 18/11 a 6/3. Todos os dias das 10h às 19h. Instalação, Outros. Stan Douglas. Interregnum De Stan Douglas. De 21/10 a 14/2. 3ª a Dom das 10h às 19h. Filme, Outros. Your Body Is My Body. O Teu Corpo É o Meu Corpo. Colecção de Cartazes de Ernesto de Sousa De 17/4 a 3/4. 3ª a Dom das 10h às 19h. Obra Gráfica, Design, Outros. Museu da Cidade de LisboaCampo Grande, 245. T. 217513200 Lisboa 1755. A Cidade à Beira do Terramoto - Reconstituição virtual da Lisboa pré-pombalina A partir de 25/11. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h (encerra 24, 25, 31 de Dezembro e 1 de Janeiro). Documental, Outros. Permanente. Tambor De Armanda Duarte. De 21/11 a 21/2. 3ª a Dom das 10h às 13h e das 14h às 18h. Outros. Museu da ElectricidadeAvenida Brasília - Edifício Central Tejo. T. 210028190 Afinidades Electivas. Julião Sarmento Coleccionador De Andy Warhol, Cristina Iglesias, Nan Goldin, Eduardo Batarda, Fernando Calhau, entre outros. De 16/10 a 3/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Pintura, Desenho, Escultura, Fotografia, Vídeo, Instalação. One’s Own Arena De José Pedro Cortes. De 16/10 a 13/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Fotografia. Suite Rivolta: O Feminismo Radical de Carla Lonzi e A Arte
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 45
TAROT DA MAYALisboaServiço PermanenteFrazão (Baixa - Coliseu) - R. das Portas de Santo Antão, 70 - 72 - Tel. 213428180 Marluz (Picheleira - Olaias) - Calçada da Picheleira, 140 A - B - Tel. 218437550 Patuleia (Lumiar) - Alameda das Linhas de Torres, 262-B - Tel. 217590332 Sepol (Boa-Hora) - Calçada da Boa-Hora, 98 - B - Tel. 213631958 Varzea (Campo Grande) - Rua Tomás da Fonseca, 44A - Tel. 217279628 Parque das Nações (Santa Maria dos Olivais) - Jardim dos Jacarandás, Lote 4.28.01, H - Tel. 218947001/218947000/218947000
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Mota Ferraz Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Alcacerense Alcanena - Ramalho Alcobaça - Campeão Alcochete - Cavaquinha , Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Rito , Varela Aljustrel - Pereira Almada - Nita (Charneca de Caparica) , Cerqueira (Cova da Piedade) Almeirim - Mendonça Almodôvar - Ramos Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - D. João V, Dias e Brito Ansião - Teixeira Botelho , Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Barreiro - Santo António Batalha - Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Fonseca Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Miguens, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Misericórdia , Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)) Caldas da Rainha - Perdigão Campo Maior - Campo Maior Cartaxo - Abílio Guerra Cascais - Alvide (Alvide) , Vilar (Carcavelos), Primavera (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Joaquim Maria Cabeça Constância - Baptista , Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Frazão Covilhã - Santana (Boidobra) Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Lux Entroncamento - Carvalho Estremoz - Godinho Évora - Galeno Faro - Helena Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna (Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc. Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Avenida Gavião - Gavião , Pimentel Golegã - Salgado Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) , Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Monsantina (Monsanto/Beira Baixa), Freitas (Zebreira) Lagoa - José Maceta Lagos - Neves Leiria - Lis (Gandara dos Olivais) Loulé - Pinto, Algarve (Quarteira), Paula (Salir) Loures - De Frielas, Vale de Figueira Lourinhã - Marteleirense, Ribamar (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Rolim (S. Cosme) , Nogueira (Venda do Pinheiro) Marinha Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Sousa , Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Odemira - Confiança Odivelas - Santo Adrião , Torres (Arroja) Oeiras - Santarita (Algés) , Maria (Carnaxide), Ribeiro Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa Ourém - Iriense , Verdasca Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense Palmela - Centro Farmacêutico Lda. Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Melo Peniche - Proença Pombal - Barros Ponte de Sor - Matos Fernandes Portel - Misericordia Portimão - Amparo Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Reguengos de Monsaraz - Moderna Rio Maior - Almeida Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São Brás Sardoal - Passarinho Serpa - Central Sertã - Lima da Silva , Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia , Nurei Setúbal - Carmo Sobral , Fuzeta Silves - Algarve , Edite, Ass. Soc. Mutuos João de Deus Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo) , Central Sintra - Clotilde Dias , Neves, Cargaleiro Lourenço (Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Dias Costa Torres Novas - Palmeira Torres Vedras - Santa Cruz Vendas Novas - Santos Monteiro Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Simões Dias (Bom Sucesso) , Higiénica (Póvoa de Santa Iria), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Monte Alvito - Baronia Montijo - João XXI
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PontaDelgada
Funchal
Sol
Viana do Castelo
Braga3º 18º
Porto7º 17º
Vila Real2º 12º
4º 16º
Bragança0º 12º
Guarda2º 12º
Penha Douradas0º 10º
Viseu5º 14º
Aveiro7º 18º
Coimbra6º 17º
Leiria4º 19º
Santarém8º 19º
Portalegre6º 18º
Lisboa10º 18º
Setúbal7º 21º Évora
6º 18º
Beja9º 18º
Castelo Branco6º 16º
Sines11º 19º
Sagres13º 19º
Faro13º 21º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
13º 18º
14º 18º
Flores
Terceira15º 18º
16º 20º
17º 20º
14º 18º
18º
18º
07h38
QuartoMinguante
17h15
07h4003 Dez.
1-1,5m
2-3m
18º
2m
21º1-1,5m
20º 2-3m
17h16 3,205h35* 3,3
11h03 0,623h13 0,8
10h29 0,716h56 3,1
22h39 0,905h18* 3,2
2,5-3,5m
2-3m
2m
16º
18º
17º
16h53 3,205h11* 3,3
10h38 0,722h47 1,0
16h53 3,205h11* 3,3
10h38 0,722h47 1,0
Farmácias
HORÓSCOPO SEMANAL DE 29 DE NOVEMBRO A 5 DE DEZEMBROCapricórnio22 de Dezembro a 20 de JaneiroXIX O SOLO momento é de sorte e proveito. A atenção está
focada sobre si de forma positiva. No plano afectivo
não fuja à necessidade de tomar decisões, mes-
mo que lhe pareçam brutais. No plano material,
bom momento para desenvolver novos empreen-
dimentos e levar por diante iniciativas. Na saúde,
semana estável.
Carneiro21 de Março a 20 de AbrilIV O IMPERADOR O IMPERADOR fomenta boas energias. No plano
afectivo revela poder de sedução muito acentuado.
No plano material, possibilidade de poder assumir
novas responsabilidades que terão que ver com car-
gos de chefi a. Pode e deve fazer novos investimen-
tos. Na saúde controle as calorias que ingere.
Touro21 de Abril a 21 de MaioV O PAPA O PAPA marca uma semana de passos seguros e
boa capacidade de intervenção. No plano afectivo
colherá os frutos do que investiu; terá bom retorno
dos seus afectos. No plano material terá grande
capacidade de se adaptar a todas as situações. Na
saúde, cansaço intelectual passageiro.
Gémeos22 de Maio a 21 de JunhoXII O DEPENDURADO Esta semana sentir-se-á mais condicionado do que
deseja. No plano afectivo não seja obstinado. Afas-
te-se de pessoas incompatíveis. No plano material
poderá sentir-se um tanto ultrapassado nas suas
competências. Na saúde tenha atenção ao estado
físico de crianças.
Caranguejo22 de Junho a 23 de JulhoII A PAPISA Esta semana terá de aliar prudência e refl exão a
uma boa capacidade de intervenção. No plano afec-
tivo muitas coisas podem ainda mudar ou ser clari-
fi cadas. No plano material deve guardar muito bem
os seus trunfos e ideias até à última hora. Na saúde
dê mais atenção aos sinais do seu organismo.
Leão24 de Julho a 23 de AgostoXIV A TEMPERANÇA A TEMPERANÇA traz uma semana tranquila, em-
bora com problemas constantes mas já esperados.
No plano afectivo tente não complicar as situações,
a conjuntura é auspiciosa. No plano material conse-
guirá um número satisfatório de resultados. Na saú-
de tendência para problemas de trato urinário.
Virgem24 de Agosto a 23 de SetembroVII O CARRO O CARRO defi ne uma conjuntura favorável à busca
dos seus objectivos. No plano afectivo pode sentir
algumas difi culdades. No plano material a sema-
na faz-se de pequenas vitórias que o vão ajudar a
perspectivar um futuro mais risonho. Na saúde
tenha atenção aos outros em deslocações.
Balança24 de Setembro a 22 de OutubroX A RODA DA FORTUNA Há movimentações positivas na sua vida, com dis-
sipação de dúvidas. No plano afectivo afastam-se
receios e dúvidas. No plano material terá alguns
altos e baixos, mas os resultados globais são posi-
tivos. Na saúde a semana pode ser instável.
Escorpião23 de Outubro a 22 de NovembroVI O AMOROSOO AMOROSO aconselha-o a seguir impulsos. No
plano afectivo a busca de bons momentos senti-
mentais está patente nos seus comportamentos.
No plano material mostre fi rmeza nas suas deci-
sões, mesmo que não tenha a certeza de estar cer-
to. Na saúde, combata o nervosismo e a fadiga.
Sagitário23 de Novembro a 21 de DezembroVIII A JUSTIÇA Todos os seus actos devem ser previamente pon-
derados. No plano afetivo, bom período para
defi nir um relacionamento e assumi-lo perante
familiares e amigos. No plano material pode fi -
nalmente ver defi nida uma situação laboral. Na
saúde tome mais atenção à qualidade de produtos
alimentares.
Aquário 21 de Janeiro a 19 de FevereiroXIII A MORTE Passará por difi culdades súbitas para as quais não
encontrará saída imediata. No plano afectivo as
relações serão de grande intensidade passional.
No plano material terá novas opiniões e opções a
nível profi ssional; entrará numa fase mais positiva.
Na saúde terá alguns aborrecimentos.
Peixes20 de Fevereiro a 20 de MarçoXXI O MUNDO As conquistas e os êxitos pessoais estão ao seu
alcance. No plano afectivo as relações sentimen-
tais tendem a desenvolver-se de acordo com os
seus interesses. No plano material mostre-se mais
receptivo e activo a trabalhos pedidos por supe-
riores. Na saúde dedique mais tempo a cuidados
de imagem.
46 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
JOGOSCRUZADAS 9359 CRUZADAS BRANCAS
XADREZ
SOLUÇÕES
SUDOKUDESCUBRA AS 8 DIFERENÇAS
Horizontais: 1. Casualidade. Molusco que vi-ve nos rochedos ou no costado dos navios. 2. North Atlantic Treaty Organization. Maquinar (fig.). 3. Cerne. Bolsa usada pelas senhoras. 4. Fileira. Diz-se do mel puro extraído do cortiço, quando se expulsam as abelhas sem recorrer ao fumo. 5. Razões justificativas. 6. Ouro (s.q.). Autores (abrev.). Haste horizontal da charrua. 7. Fímbria. Malograr. 8. Presidente da República (abrev.). Coluna que sustenta uma construção. Parte mais larga e carnuda da perna das reses. 9. Agrupa. Magnetizar. 10. Ir além de. Velo. 11. Prefixo (montanha). Prestar para. Princípio (fig.). Verticais: 1. Caminhada. Estômago (figu-rado). 2. Haste de plantas. Debruar. 3. Retardar o andamento de. Elemento de formação de pa-lavras que exprime a ideia de igual. 4. Produz som. Pecados. 5. Perverso. Suspiro. Abreviatura de Anno Domini. 6. Cada uma das peças de um teclado. Símbolo da música. 7. Crómio (s.q.). Extinguem o fogo ou a luz de. 8. Ladeira. Verbal. 9. Tornar manso. Partícula de negação. 10. Endurecimento da pele. Sumo Pontífice. 11. Altar. Tabela que indica as horas de serviços.
Horizontais: 1. Cidade. Argamassa com que se revestem as paredes. 2. Mulher ou qualquer fêmea que teve um ou mais filhos. Parceiro. Cloreto de sódio. 3. Cobrir com manteiga, cre-me, etc. Noroeste (abrev.). 4. Lengalenga. As re-giões superiores da atmosfera. 5. Recitei. Sobre (prep.). Recém-nascido. 6. Sétima letra do alfa-beto. Dignidade militar entre os Turcos. Senão, dificuldade. 7. Que anda com rapidez. A unida-de. Rádio (s.q.). 8. Que é de bronze. Guarnecida de asas. 9. Contr. da prep. de com o art. def. a. Sem asas. 10. Designa o fim de tempo, distância (prep.). Altar cristão. Que te pertence. 11. Praça pública. Divindade. Verticais: 1. Alguma. Fazer fermentar. 2. Batráquio Aquele que cultiva a lite-ratura. 3. Criança de colo. Naquele lugar. Existes. 4. Centésima parte do hectare. Serve para cha-mar ou saudar (interj.). 5. Que ocupa o primeiro lugar. Progenitor. 6. Extraordinária. Tenebroso. 7. Época notável. Enjoo acompanhado de vómi-to. 8. Indivíduo contra quem se intenta proces-so judicial. Grande massa de água salgada 9. Aqueles. Possui. Conjunto de bens próprios que a mulher leva quando se casa. 10. Abrira canelu-ras em. A minha pessoa. 11. Aromática. Direito.
D. Petrov – 1º prémio, 1973(As brancas ganham)
Solução: 1.Te6+ Rf7 2.Ce5+ Rg8 3.d6! [3.Tg6+? Rh8 4.d6 Txd6 5.Txd6 cxd6 6.Cg6+ Rg8 7.Bd5+ Tf7 8.Bxb3 d5 9.Bxd5=] 3...cxd6 [3...b2 4.Tg6+ Rh8 5.Bd5 b1=D 6.Tg8+! Txg8 7.Cf7#] [3...Txd6 4.Txd6 cxd6 5.Bd5] 4.Tg6+ [4.Bd5? dxe5] 4...Rh8 5.Tg8+!! Rxg8 6.Bd5+ Tf7 [6...Rh8 7.Cg6#] 7.Cxf7! Te8 [7...Tb8 8.Ce5+ Rf8 9.Cd7+] [7...Td7 8.Ce5+] 8.Ce5+ Rf8 9.Cg6# 1 – 0
Palavras cruzadas 9358Horizontais: 1. Provir. OPEP. 2. Tupi. Eirado. 3. DA. Namorar. 4. Fe. Bago. Oco. 5. Retiro. 6. Ar. Curtir. 7. Secar. Arena. 8. Cai. Enlatar. 9. Alteza. Roda. 10. Casaca. Mal. 11. Bera. Olhar.Verticais: 1. Pt. Frasca. 2. Rude. Realce. 3. OPA. Citar. 4. Vi. Beca. Esa. 5. NATUREZA. 6. Reagir. Naco. 7. Imortal. Al. 8. Oro. Oirar. 9. Paro. Retomar. 10. Edace. Nadar. 11. Poro. Varal.Título do Filme: Da Natureza.
Palavras cruzadas brancasHorizontais: 1. Urbe, Reboco. 2. Mãe, Par, Sal. 3. Barrar, NO. 4. Léria, Éter. 5. Li, Em, Nuelo. 6. Eta, Agá, Mas. 7. Veloz, Um, Ra. 8. Eril, Asada. 9. Da, Áptero. 10. Até, Ara, Teu, 11. Rossio, Deus. Verticais: 1. Uma, Levedar. 2. Rã, Literato. 3. Bebé, Ali, És. 4. Are, Olá. 5. Primaz, Pai. 6. Rara, Atro. 7. Era, Náusea. 8. Réu, Mar. 9. Os, Tem, Dote. 10. Canelara, Eu. 11. Olorosa, Jus.
Soluções: A árvore é mais alta; Falta uma folha no chão; A mancha na pata da vaca; Falta a cauda da vaca; Há menos um símbolo ao pé da vaca; O chapéu do médico da frente; A cerca; A nuvem.
Problema 6492 Dificuldade: fácil
Problema 6493 Dificuldade: muito difícil
Solução do problema 6490
Solução do problema 6491
© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
Depois do problema resolvido encontre o provérbio nele inscrito (4 palavras).
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 47
Desafios José Paulo Viana e Cristina Sampaio
Campeonato em cinco sériesUm campeonato consta de cinco provas. Em cada uma delas, o primeiro classificado marca cinco pontos, o segundo três, o terceiro dois e o quarto apenas um ponto, não existindo empates. O campeão será o concorrente que, no final, tiver maior número de pontos.Qual é a pontuação mínima que garante a vitória isolada no campeonato?Qual é o mínimo de pontos que garante o segundo lugar?
Mais vale um pássaro na mão…
Solução do Desafio da semana passada
O Desafio proposto na semana passada foi o seguinte:“No jardim zoológico há uma gaiola enorme onde estavam cem pássaros. Hoje de manhã, quando o tratador lá chegou, verificou que a porta se abrira durante a noite e algumas das aves se tinham escapado. Entrou então lá para dentro, fechando a porta atrás de si.Quando agarrou um pássaro, verificou que, nesse momento, o número dos que estavam pousados era igual aos que voavam assustados. Ao apanhar o segundo, os que voavam atarantados eram o dobro dos que se mantinham parados nos ramos. Quando teve três nas mãos, os que voavam espavoridos eram o triplo dos que continuavam pousados. Com quatro nas mãos, os que voavam já eram o quádruplo. Finalmente, quando já tinha cinco imobilizados, os que voavam eram o quíntuplo dos outros.Quantos pássaros fugiram durante a noite?”Seja N o número de pássaros que estavam na gaiola nessa manhã.Para que, quando o tratador tem um deles na mão, haja tantos pousados como a voar, é necessário que N-1 seja um número par.Para que, com dois agarrados, os que voam sejam o dobro dos
restantes, é necessário que N-2 seja um número divisível por 3.Para que, com três nas mãos do tratador, os que voam sejam o triplo dos outros, é necessário que N-3 seja um número divisível por 4.Para que, com quatro agarrados, os que voam sejam o quádruplo, é necessário que N-4 seja um número divisível por 5.Por fim, para que, com cinco agarrados, os que voam sejam o quíntuplo, é necessário que N-5 seja um número divisível por 6.Se N-1 é par, então o número N+1 também é par (porque somámos duas unidades).Se N-2 é divisível por 3, então o número N+1 também o é (porque somámos 3).Se N-3 é divisível por 4, então o número N+1 também o é (porque somámos 4).Se N-4 é divisível por 5, então o número N+1 também o é (porque somámos 5).Se N-5 é divisível por 6, então o número N+1 também o é (porque somámos 6).Podemos agora concluir que N+1 é um múltiplo de 2, 3, 4, 5 e 6.O menor múltiplo comum daqueles números é 60 e portanto N+1 tem de ser múltiplo de 60. Mas o único múltiplo de 60 inferior a 100 é precisamente 60. Logo, N+1 = 60 e N=59.Nessa manhã estavam 59 pássaros na gaiola e portanto tinham fugido 41.
O ano de 2009 trouxe-nos algumas
novidades, desde logo porque a
Tertúlia Policiária da Liberdade
organizou o seu convívio anual em
Cabanas de Viriato, prestando uma
homenagem ao cônsul proscrito
Aristides de Sousa Mendes, mas
também porque assistimos a uma
vitória espectacular do confrade
Rip Kirby, saudoso policiarista
recentemente desaparecido do nosso
convívio e que hoje pretendemos
homenagear, pela sua persistência e
empenho.
Recordemos o que foi aqui escrito no
fi nal de mais uma época de intensa
competição:
Rip Kirby é Campeão Nacional
Zé-Viseu Vence Taça De Portugal,
É Policiarista do Ano
E N.º 1 Do Ranking
Estão encontrados os grandes
vencedores da época 2008/2009 que
agora terminou!
Os resultados da prova n.º 8 foram
publicados à meia-noite de segunda-
feira no blogue CRIME PÚBLICO, em
http://blogs.publico.pt/policiario e
desde logo os nossos “detectives”
fi caram a saber quem foram os
vencedores das duas principais provas
competitivas da época.
O confrade do Barreiro, membro
fundador da Tertúlia Policiária
Valtejo e que há alguns anos se fi xou
no Brasil, RIP KIRBY levou a melhor
sobre a concorrência directa e, em
cima da meta, arrecadou o título de
Campeão Nacional, que tão bem lhe
assenta. Com uma actividade policiária
particularmente longa e uma excelente
qualidade, quer como decifrador quer
como produtor, o confrade Rip Kirby
é um dos símbolos maiores do amor
ao policiário, mesmo quando afastado
geografi camente do seu habitat de
tantos e tantos anos.
Surpresa, ou talvez não, o segundo
lugar alcançado por uma “detective”
da nova geração de decifradores, de
enorme capacidade e potencialidade,
a escalabitana DETECTIVE JEREMIAS,
na senda dos grandes vultos que o
Ribatejo foi dando ao Policiário, em
sucessivas gerações.
Fecham o pódio os BÚFALOS
ASSOCIADOS, uma dupla de grande
qualidade que, uma vez mais,
demonstrou à saciedade que reúne
todas as condições para aspirar aos
voos mais altos que o policiário pode
proporcionar.
Destaque ainda para o magnífi co 4.º
lugar da dupla A. RAPOSO & LENA
e uma referência para o confrade
ZÉ-VISEU, na próxima época apenas
ZÉ (Viseu), que soçobrou somente
na última prova, depois de longo
tempo no comando das operações,
mas não deixou os seus créditos por
mãos alheias, conquistando a Taça
de Portugal numa fi nal de grande
competição, em que se sobrepôs ao
confrade bracarense DANIEL FALCÃO.
Referência ainda e novamente para ZÉ-
VISEU, brilhante vencedor dos troféus
de Policiarista do Ano, e do Ranking.
Homenagem da Tertúlia
Policiária da Liberdade
A ARISTIDES DE SOUSA MENDES
Este texto foi lido pelo confrade
Rui Mendes, um dos membros dos
Búfalos Associados, por ocasião do
descerramento de uma placa alusiva à
homenagem que a Tertúlia Policiaria
da Liberdade prestou ao cônsul, em
Cabanas de Viriato, no convívio anual
que ocorreu em 17 de Maio de 2009.
“Desde pequeninos que todos à
nossa volta nos dizem que devemos
obedecer. Dizem-nos que devemos
obedecer, a Mãe, o Pai, os Avós, o
Professor, o patrão, a polícia, as
religiões, os governos. É conhecida
a lei do Regulamento de Disciplina
Militar que nos diz que devemos
obedecer primeiro, e só depois,
eventualmente, discutir a justeza
da ordem. À medida que vamos
avançando na vida, vamos percebendo
que o segredo do poder está na
capacidade de se fazer obedecer. Os
poderosos sabem-no bem, os ditadores
não vivem sem o pôr em prática.
No século XVI um célebre pensador
francês de nome Étienne de La Boétie,
encontrou naquilo que chamou de
“Mistério da Obediência” o segredo
do poder político. Concluiu ele que
a escolha a fazer pelos humanos se
limitaria a “obedecer ou morrer”.
Para exercer o poder tratava-se de
obrigar a obedecer, até que aquele que
obedece se consiga esquecer de que
o faz. Consiga mesmo chegar a atingir
a alegria da submissão, como bem
supremo de uma vida feliz. La Boétie
inspirou não poucas revoltas e não
poucas insubmissões. Felizmente!
A tal ponto que hoje podemos
ter a consciência de que não foi a
obediência que fez a humanidade
avançar. Bem pelo contrário. Não foi
pela obediência que se fi zeram as
revoluções que, a pouco e pouco, e só
elas, têm vindo a imprimir um pouco
mais de justiça nas relações entre os
humanos.
Aristides de Sousa Mendes foi
um desobediente. Consciente e
lúcido. Por singular coincidência
faz hoje exactamente 69 anos que
Aristides passou os primeiros vistos
desobedientes. Em 24 de Junho de
1940, quando o exército nazi avançava
pela França dentro, espalhando o
terror e a iniquidade, o Dr. Salazar
telegrafava ao Cônsul português em
Bordéus, proibindo-o de continuar
a conceder vistos aos refugiados que
procuravam escapar aos horrores
do extermínio nazi. A 4 de Julho (dez
dias depois) o mesmo Dr. Salazar
ordenava um processo disciplinar
contra o desobediente pela “concessão
abusiva de vistos em passaportes de
estrangeiros”. De uma penada chegava
ao fi m a carreira diplomática de 30
anos de Aristides de Sousa Mendes.
Cito palavras de Sousa Mendes:
“Todos eles são seres humanos e o seu
estatuto na vida, religião ou cor, são
totalmente irrelevantes para mim. Sou
cristão e como tal acredito que não
devo deixar estes refugiados sucumbir.
E assim declaro que darei, sem
encargos, um visto a quem quer que o
peça”. Com estas palavras argumentou
Sousa Mendes na sua defesa perante
as acusações que o Estado Novo do
Dr. Salazar lhe dirigiu na sequência
do seu acto heróico. O Cônsul pagou
cara a sua desobediência. Condenado
à inactividade num processo
disciplinar manipulado, arruinado
fi nanceiramente e impedido de
exercer advocacia, teve de recorrer à
caridade alheia para se sustentar e à
sua numerosa família. A Pátria pagou-
lhe com a desonra a sua coragem e a
sua abnegação.
Anos mais tarde, quando os
criminosos nazis se defendiam
alegando que obedeciam a ordens, o
Tribunal de Nuremberga estabelecia
que ninguém poderá atentar contra
os valores humanos sob pretexto
da obrigação de obedecer a ordens
injustas. Foi essa a grande importância
de Sousa Mendes: obedecer aos
valores da humanidade e não à
iniquidade de ordens criminosas.
A desobediência do Cônsul de
Bordéus terá salvo da morte perto
de 30.000 inocentes, mas condenou
à humilhação e à agonia um homem
honrado e a sua família. Um português
bom e justo para quem a obediência
cega e passiva se tinham tornado um
impossível moral. Aristides de Sousa
Mendes é hoje um herói reconhecido
por todo o mundo civilizado.
A Tertúlia Policiária da Liberdade,
um grupo de amigos que, entre
outras coisas, cultiva a procura da
verdade e da justiça, veio a Cabanas
de Viriato, onde nasceu este notável
português do século XX, prestar esta
modesta homenagem, tão simples
quanto sincera, na certeza de que é na
memória dos homens que mereceram
a nossa admiração, que poderemos
encontrar os caminhos para um futuro
melhor para os que vierem depois de
nós.”
POLICIÁRIO 1269 LUÍS PESSOA
Rip kirby e Aristides Sousa Mendes em homenagem policiária
48 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
André André, utilizado em várias posições, voltou a ser o verdadeiro patrão do meio-campo do FC Porto
MIGUEL VIDAL/REUTERS
Vilão contra o Dínamo Kiev, Iker
Casillas demorou quatro dias para
redimir-se. O guarda-redes espanhol
defendeu um penálti contra o Ton-
dela, a oito minutos do fi m, evitando
um segundo deslize consecutivo do
FC Porto que, apesar de ter merecido
a vitória em Aveiro (1-0), voltou a rea-
lizar uma exibição muito pouco con-
vincente. Um grande golo de Brahimi
salvou a noite a Julen Lopetegui.
Depois da primeira ida ao tapete
do FC Porto nesta época, quem es-
perava que Lopetegui deixasse de
ser Lopetegui enganou-se. Como
tantas vezes aconteceu no primeiro
ano de “dragão” ao peito, o treinador
respondeu às críticas e aos desaires
com criatividade. Contestado pelas
suas opções contra o Dínamo Kiev,
o espanhol não jogou pelo seguro.
Após abdicar de Imbula e Corona na
dio Ramos nos primeiros 27 minu-
tos, mas aos 28’ a arte de Brahimi
resolveu o jogo: o argelino recebeu
a bola sobre a direita, fi ntou um rival
e, com classe, colocou a bola em arco
no canto superior direito da baliza.
Na primeira oportunidade, os por-
tistas chegavam à vantagem.
O golo nada mudou no jogo. O Ton-
dela manteve a estratégia defensiva,
Lopetegui continuou muito nervoso
— seria expulso aos 35’ — e apenas so-
bre o intervalo a monotonia foi que-
brada, com boas oportunidades para
André André e Aboubakar.
Na segunda parte foi mais do mes-
mo e assistiu-se a um longo arrastar
dos minutos rumo ao inevitável: a
justa, mas pálida, vitória do FC Porto.
Os “dragões” colocaram-se sempre a
jeito de uma surpresa e ela podia ter
surgido aos 82’: Manuel Mota consi-
derou que Maicon derrubou Murillo,
assinalou penálti, mas Chamorro tre-
meu perante Casillas. E o espanhol
salvou Lopetegui.
Crónica de jogoDavid Andrade
Arte de Brahimi e Casillas salvam o FC Porto de novo fi asco
O extremo argelino marcou o único golo da vitória dos “dragões” frente ao Tondela, enquanto o guarda-redes espanhol esteve em destaque ao defender uma grande penalidade aos 82 minutos
convocatória, Lopetegui inovou e,
em Aveiro, surpreendeu lançando no
“onze” Herrera e Bueno, apresentan-
do o sétimo desenho de meio-campo
nos últimos sete jogos.
Com a entrada do mexicano ( já
não era titular há dois meses) e do
espanhol (tinha actuado apenas 31
minutos no campeonato), André
André vestiu o fato de Champions e
jogou sobre a direita. Na teoria, os
“azuis e brancos” surgiam mais ofen-
sivos, com Bueno no apoio a Abou-
bakar, mas o que se viu na prática foi
o mesmo FC Porto de outros jogos:
previsível, apático e lento.
A segurar a incómoda “lanterna
vermelha” e longe de Tondela, Rui
Bento jogou com as poucas armas
que tem: montou a sua equipa em
4x5x1, apostando no povoamento do
meio-campo, e equilibrou o braço-
de-ferro com Lopetegui, mas a qua-
lidade da matéria-prima à disposição
do espanhol fez a diferença.
O FC Porto não incomodou Cláu-
Tondela 0
FC Porto 1Brahimi 28’
Estádio Municipal de AveiroEspectadores 3.449
Tondela Cláudio Ramos, Edu Machado (Jhon Murillo, 73’), Kaká a73’, Bruno Nascimento, Dolly Menga, Lucas Souza, Hélder (Piojo, 73’), Raphael Guzzo, Oto’o Zue, Nathan Júnior (Chamorro, 74’), Romário Baldé. Treinador Rui Bento
FC Porto Casillas, Maxi Pereira, Martins Indi a17’, Marcano a26’ (Rúben Neves, 68’), Layún, Danilo, Herrera, Alberto Bueno (Tello, 56’), André André, Brahimi (Maicon, 77’ a82’), Aboubakar. Treinador Julen Lopetegui
Árbitro Manuel Mota (AF Braga)
Positivo/Negativo
CasillasO penálti defendido pelo espanhol a oito minutos do fim pode valer ouro para o FC Porto no final da temporada. Após um erro contra o Dínamo Kiev, que resultou no segundo golo dos ucranianos, Iker Casillas foi decisivo e evitou que os “dragões” voltassem a fracassar. BrahimiO argelino voltou a não fazer um grande jogo, mas a verdade é que tem talento para dar e vender e desbloqueou o problema ao FC Porto com um dos melhores golos do campeonato até à data. Julen LopeteguiO treinador espanhol parece ter uma vertiginosa atracção pelo risco. Após o desaire contra o Dínamo Kiev, com as suas opções a serem contestadas, Lopetegui surpreendeu novamente nas escolhas iniciais e nas substituições, e por muito pouco não voltou a dar-se mal.
REACÇÕES
“Fizemos um excelente jogo. O Brahimi inventou um golo só ao alcance de grandes jogadores. A equipa está viva”
“Podíamos ter ido para o intervalo com mais golos. Na segunda parte, deixámos de circular tanto a bola, mas ganhámos bem”
Rui BentoTondela
Rui BarrosFC Porto
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESPORTO | 49
Sérgio Conceição obteve ontem o segundo triunfo pelo Vitória
Dezassete anos depois, o Vitória de
Guimarães voltou a vencer no Está-
dio do Bessa em jogos para o cam-
peonato, triunfando ontem sobre
o Boavista por 2-1, em jogo da 11.ª
jornada. Foi o segundo triunfo dos
vimaranenses na Liga desde que Sér-
gio Conceição assumiu o comando
técnico da equipa, mas este só acon-
teceu de reviravolta e com um golo
no último minuto. Já os “axadreza-
dos” vão em mais de dois meses sem
ganhar no campeonato e, após o jo-
go, Petit anunciou a saída do cargo
que ocupava desde 2012-13.
A equipa orientada por Petit entrou
francamente melhor no jogo, com
várias boas situações de golo. Logo
aos 8’, o jovem guarda-redes Miguel
Silva, a estrear-se na equipa principal
do Vitória, deteve um bom remate
de Tengarrinha. Pouco depois, aos
13’, o mesmo Tengarrinha teve um
remate que saiu ligeiramente ao lado
e, aos 24’, Miguel Silva defendeu um
cabeceamento de Vinicius, com Idris
a falhar a recarga.
O melhor que o Vitória conseguiu
fazer foi um remate de Tomané que
Mika defendeu sem grande difi cul-
dade. O ascendente “axadrezado”
deu os seus frutos quase a fechar a
primeira parte. Numa jogada rápida
de contra-ataque, o jovem brasileiro
Abner surge isolado perante o guar-
dião do Vitória e dá a merecida van-
tagem aos homens da casa.
Reviravolta vimaranense no Bessa
Na segunda parte, o Boavista ar-
riscou pouco para consolidar a van-
tagem, ao contrário do Vitória, que
tinha de fazer alguma coisa, depois
de uma primeira parte medíocre.
Aos 66’, na sequência de um can-
to, Henrique Dourado faz o empate
de cabeça e, aos 71’, tem nova boa
oportunidade para marcar, com Mi-
ka a opor-se bem.
Após uma fase em que ambas as
equipas reclamaram penáltis — Petit
acabaria mesmo por ser expulso —,
o Vitória conseguiu chegar ao triun-
fo, aos 89’. Numa jogada de insis-
tência, Cafú executa um remate de
fora da área que parece controlado
por Mika, mas que o guardião do
Boavista deixa passar, concretizan-
do a reviravolta e dando o primeiro
triunfo vimaranense no Bessa para
o campeonato desde 1998.
NFACTOS/FERNANDO VELUDO
FutebolMarco Vaza
Vitória de Guimarães triunfa sobre o Boavista. Petit abandona comando técnico dos axadrezados
Um golo ainda no primeiro quarto
de hora e outro a fechar o encontro
não foram sufi cientes para o V. Se-
túbal alcançar o quarto triunfo na
Liga. Na 11.ª jornada, os sadinos em-
pataram, no Estádio do Bonfi m, com
o União da Madeira (2-2) e correm
o risco de serem ultrapassados na
classifi cação por Paços de Ferreira
ou Estoril e pelo Belenenses.
O Vitória adiantou-se no marca-
dor aos 14’, quando André Claro as-
sistiu Arnold num lance que ainda
passou pelos pés de Suk. Os três jo-
gadores mais ofensivos dos sadinos
mostravam credenciais, mas seria
o congolês, que na época passada
representava o Desp. Chaves, a fazer
a diferença.
A reacção dos madeirenses, que
poderiam ter voltado a sofrer um
golo pouco depois do 1-0, chegou no
segundo tempo de uma assentada,
cortesia da dupla Amilton-Danilo
Dias. Aos 49’, o primeiro assistiu o
segundo; aos 52’, os papéis inverte-
ram-se e o resultado também.
Os anfi triões, que já tinham subs-
tituído Vasco aos 41’, com queixas
físicas, sofreram mais uma contra-
riedade aos 73’, quando Suk deixou
o relvado com dores na coxa. Has-
san foi o escolhido para render o sul-
coreano, mas o empate chegaria, ao
cair do pano, pelos pés de Arnold,
desta vez a passe de Ruca.
Foi o quarto empate caseiro do Vi-
tória com dois golos para cada lado,
nesta época, e o primeiro ponto do
União nos últimos quatro jogos.
V. Setúbal desaproveita inspiração de Arnold
Futebol
V. Setúbal 2Arnold 14’ e 90’
U. Madeira 2Danilo Dias 49’, Amilton 52’
Estádio do Bonfim, em SetúbalEspectadores cerca de 3.500
V. Setúbal Ricardo Nunes, William Alves, Frederico Venâncio, Rúben Semedo, Ruca, Dani (André Horta, 63’), Fábio Pacheco, Arnold a90+4’, Vasco Costa (Costinha, 41’ a77’), André Claro, Suk (Hassan, 73’). Treinador Quim Machado
U. Madeira André Moreira, Paulinho, Paulo Monteiro, Diego Galo, Joãozinho, Soares, Gian a43’, Shehu (Tiago Ferreira, 89’), Amilton a82’, Cadiz (Élio Martins, 81’), Danilo Dias (Breitner, 84’). Treinador Norton de Matos
Árbitro Manuel Oliveira (AF Porto)
Boavista 1Abner 42’
V. Guimarães 2Dourado 66’, Cafú 89’
Jogo no Estádio do Bessa, no PortoEspectadores cerca de 4.000
Boavista Mika, Inkoom a65’, Henrique, Paulo Vinicius, Anderson Correia, Tengarrinha a28’, Idris a58’ (Gabriel, 72’), Anderson Carvalho, Zé Manuel (Bukia, 79’), Douglas Abner (Uche, 77’), Luisinho a43’. Treinador Petit
V. Guimarães Miguel Silva a90’, Bruno Gaspar, Josué, João Afonso, Dalbert a23’, Bouba Saré, Licá (Ricardo Valente, 69’), Phete a29’ (Otávio, 46’), Cafú, Tomané (Xande Silva, 59’), Henrique Dourado a60’. Treinador Sérgio Conceição
Árbitro Fábio Veríssimo (AF Leiria)
CLASSIFICAÇÃOLIGAJornada 11Nacional-Marítimo 3-1V. Setúbal-União da Madeira 2-2Boavista-V. Guimarães 1-2Tondela-FC Porto 0-1Académica-Arouca 16h Rio Ave-Moreirense 16hPaços de Ferreira-Estoril 19h15, SP-TVSporting-Belenenses amanhã, 19h, SP-TVSp. Braga-Benfica amanhã, 21h, SP-TV
J V E D M-S P1. Sporting 10 8 2 0 19-5 262. FC Porto 10 7 3 0 19-4 243. Sp. Braga 10 6 2 2 17-4 204. Benfica 9 6 0 3 22-7 185. Rio Ave 10 5 3 2 17-12 186. V. Setúbal 11 3 6 2 18-16 157. Nacional 11 4 2 5 10-10 148. Estoril 10 4 2 4 9-12 149. Paços de Ferreira 10 4 2 4 9-12 1410. Marítimo 11 4 2 5 15-19 1411. V. Guimarães 11 3 4 4 9-15 1312. Belenenses 10 3 4 3 12-22 1313. Arouca 10 2 6 2 8-9 1214. Boavista 11 2 3 6 6-13 915. União da Madeira 9 1 4 4 5-8 716. Moreirense 10 1 4 5 8-15 7 17. Académica 10 1 3 6 5-16 618. Tondela 11 1 2 8 5-15 5
Próxima jornada Benfica-Académica, Belenenses-Vitória de Setúbal, FC Porto-Paços de Ferreira, Marítimo-Sporting, Arouca-Boavista, Estoril-Nacional, União da Madeira-Tondela, Moreirense-Braga, Vitória de Guimarães-Rio Ave
II LIGAJornada 17Mafra-V. Guimarães B 1-1Desp. Aves-Oliveirense 1-1Gil Vicente-Sporting B 1-1 Portimonense-Olhanense 1-0Santa Clara-Leixões 11hSp. Covilhã-FC Porto B 11h15, SP-TVSp. Braga B- Atlético 15hAcadémico de Viseu-D. Chaves 15hOriental-Freamunde 15hBenfica B-Famalicão 16h, BTVFarense-Varzim 16hFeirense-Penafiel 16h
J V E D M-S P1. FC Porto B 16 11 3 2 36-19 362. Sporting B 17 8 5 4 24-17 293. Portimonense 17 7 7 3 25-22 284. Desp. Chaves 16 7 6 3 19-13 275. Feirense 16 6 9 1 20-16 276. Freamunde 17 7 5 5 18-13 267. Desp. Aves 17 7 5 5 18-14 268. Gil Vicente 17 6 5 6 21-18 239. Famalicão 16 5 8 3 21-18 2310. Benfica B 16 7 2 7 21-20 2311. Ac. Viseu 16 6 5 5 16-17 2312. Farense 16 6 4 6 18-16 2213. Atlético 16 6 4 6 15-14 2214. Olhanense 17 6 4 7 16-18 2215. Varzim 16 6 4 6 18-20 2216. V. Guimarães B 17 5 6 6 17-20 2117. Sp. Braga B 16 5 5 6 16-18 2018. Penafiel 16 5 5 6 16-20 2019. Sp. Covilhã 16 4 7 5 15-21 1920. Mafra 17 4 6 7 13-16 1821. Santa Clara 17 5 2 10 16-21 1722. Leixões 16 2 7 7 15-22 1323. Oriental 16 3 3 10 18-26 1224. Oliveirense 17 1 7 9 12-25 10
Próxima jornada Atlético-Sporting da Covilhã, D. Chaves-D. Aves, FC Porto B-Farense, Leixões-Benfica B, Olhanense-Oriental, Oliveirense-Gil Vicente, Sporting B-Ac. Viseu, Vitória de Guimaraes B-Portimonense, Famalicão-Sp. Braga B, Penafiel-Mafra, Varzim-Feirense
MELHORES MARCADORESLiga8 golos Jonas (Benfica) 7 golos Slimani (Sporting) 6 golos Dyego Sousa (Marítimo)
II Liga9 golos André Silva (FC Porto B)8 golos Platiny (Feirense) 7 golos Gleison (FC Porto B), Pires (Portimonense)
Breves
Futsal
Andebol
Voleibol
Sp. Braga “escorrega” e pode atrasar-se na perseguição
ABC e Benfica estão na 4.ª eliminatória da Taça Challenge
Líder do campeonato vence sem problemas e continua invicto
A equipa de futsal do Sporting de Braga sofreu a segunda derrota em três jogos (3-1 na visita ao Burinhosa) e pode hoje ver o Benfica “fugir” na classificação. Os “encarnados” recebem o Modicus (15h, RTP2) e podem isolar-se provisoriamente na liderança. O Benfica soma 31 pontos, tantos quantos o Sporting, mas tem menos um jogo disputado do que os “leões”, que na terça-feira, em Odivelas, defrontam o Olivais.
Os dois representantes portugueses na Taça Challenge confirmaram os triunfos que tinham obtido na primeira mão da terceira eliminatória e avançam para a próxima ronda da prova. O ABC voltou a bater o Odorhei por 25-22, “vingando” a derrota sofrida frente aos romenos na final da mesma competição da época passada. O Benfica venceu a formação islandesa do IBV Vestmannaeyjar por 34-26.
Onze jogos, 11 vitórias. O Benfica reforçou ontem a liderança da Liga de voleibol, com um triunfo por 3-0 (25-16, 25-21, 25-15) sobre o S. Mamede, na Luz. Num jogo que permitia ao vencedor isolar-se no terceiro lugar (o segundo é a Fonte do Bastardo), o Sp. Espinho foi mais forte e impôs-se por 1-3 (25-19, 23-25, 25-21 e 25-18) na deslocação ao pavilhão do Castêlo da Maia.
50 | DESPORTO | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
OLI SCARFF/AFP
Um golo que colocou Jamie Vardy nas páginas dos livros de história
Esta não foi uma semana como as
outras para o Leicester City. Os fo-
xes foram líderes isolados da Premier
League, uma glória improvável para
uma equipa que na temporada tran-
sacta passou por difi culdades para
sobreviver no principal escalão do fu-
tebol inglês. Agora estiveram no cen-
tro de todas as atenções, até porque
iam jogar contra o poderoso Man-
chester United. O teste foi superado
com um empate (1-1) e a história de
encantar continua. Muito graças a
Jamie Vardy.
O avançado de 28 anos é, por estes
dias, um dos homens mais felizes do
mundo: lidera a tabela dos melhores
marcadores da Premier League, com
14 golos, e, ao marcar pelo 11.º jogo
consecutivo na Premier League (cria-
da em 1992), bateu o melhor registo
anterior, que pertencia a Ruud van
Nistelrooy. No ano em que o avan-
çado holandês estabeleceu esse re-
corde, Vardy jogava no Stocksbridge
Park Steels, uma equipa amadora do
oitavo escalão, onde recebia 30 libras
por jogo para complementar o orde-
nado que ganhava a trabalhar 12 ho-
ras por dia numa fábrica de próteses.
A marcar há 11 partidas consecutivas,
Vardy ainda tem desafi os pela frente:
se repetir a proeza no próximo en-
contro do Leicester City (frente ao
Swansea), igualará o recorde históri-
co do futebol inglês, estabelecido por
Jimmy Dunne, do Sheffi eld United,
em 1931-32.
Num King Power Stadium em eu-
foria, tudo começou da melhor ma-
neira para a equipa orientada por
Claudio Ranieri, que chegou à van-
tagem aos 24’. O guarda-redes Kasper
Schmeichel lançou Christian Fuchs,
que com um grande passe descobriu
Jamie Vardy. O homem do momento
passou com classe por Darmian e ba-
teu David de Gea. Porém, mesmo an-
tes do intervalo, o Manchester United
despejou um balde de água gelada
sobre os adeptos do Leicester City.
Schweinsteiger, após um canto, cabe-
ceou sem hipóteses para Schmeichel.
O alemão pareceu fazer falta sobre
Okazaki, mas o golo foi validado.
O segundo tempo começou com
o Manchester United ao ataque.
A equipa de Louis van Gaal esteve
perto de marcar logo aos 49’, quan-
do Schweinsteiger voltou a ameaçar.
Mas Schmeichel opôs-se com uma
grande defesa. Os foxes dispuseram
de uma excelente oportunidade para
regressar à vantagem quando, num
contra-ataque rápido, Riyad Mahrez
colocou a bola em Leonardo Ulloa. O
argentino passou por Chris Smalling
e disparou, mas David de Gea afastou
o perigo com uma defesa apertada,
com os pés (66’).
O Leicester City foi alcançado na
liderança da Premier League pe-
lo Manchester City, que voltou aos
triunfos diante do Southampton (3-1).
O português José Fonte foi titular nos
saints, mas saiu lesionado ainda na
primeira parte. Outros portugueses
em Inglaterra foram mais felizes: no
segundo escalão, Lucas João marcou
no empate do Sheffi eld Wednesday
e Nélson Oliveira “bisou” na vitória
do Nottingham Forest.
Em Espanha, o azar bateu à por-
ta de Tiago. O médio do Atlético de
Madrid fracturou a tíbia direita e
vai parar quatro meses, complican-
do uma eventual presença no Euro
2016. Após um longo período de
afastamento da selecção nacional,
Tiago tem feito parte das opções de
Fernando Santos, com 620 minutos
repartidos por oito jogos.
Os colchoneros receberam e vence-
ram o Espanyol com um golo solitá-
rio de Griezmann e seguem na per-
seguição ao Barcelona. A equipa de
Luis Enrique goleou a Real Sociedad
(4-0), embalada pela sua “sagrada
trindade”. O resultado começou a
ser desenhado aos 22’, com um golo
de Neymar. O uruguaio Luis Suárez
rubricou o 2-0 aos 41’, com uma be-
líssima fi nalização de primeira. Ney-
mar “bisou” aos 53’ e Lionel Messi,
que antes acertara na trave da baliza
adversária, juntou o seu nome à lis-
ta de marcadores já no período de
compensação.
E, nos campeonatos mais previ-
síveis do futebol europeu, o Bayern
Munique averbou a 13.ª vitória (2-0
frente ao Hertha Berlim) em 14 jor-
nadas da Bundesliga, comandando
a tabela com 11 pontos de vantagem
sobre o Borussia Dortmund, que
hoje recebe o Estugarda. Em Fran-
ça a incerteza é ainda menor: o Paris
Saint-Germain goleou o Troyes (4-1)
e já tem 15 pontos de avanço sobre o
segundo, o surpreendente Angers. O
Caen pode fi car a 13 pontos do PSG,
se hoje vencer o Bordéus.
Jamie Vardy já marca há 11 jornadas consecutivas na Premier League
Leicester City empatou 1-1 com o Manchester United e foi alcançado na liderança da Premier League pelo Manchester City, mas Vardy reforçou o estatuto de melhor marcador da prova e obteve um feito histórico
FutebolTiago Pimentel
CLASSIFICAÇÕESINGLATERRA ALEMANHA ESPANHAJornada 14Aston Villa-Watford 2-3Bournemouth-Everton 3-3Crystal Palace-Newcastle 5-1Manchester City-Southampton 3-1Sunderland-Stoke City 2-0Leicester City-Manchester United 1-1Tottenham-Chelsea 12h, BTV2West Ham-West Bromwich 14h05Liverpool-Swansea City 16h15, BTV2Norwich City-Arsenal 16h15
Jornada 14Darmstadt-Colónia 0-0Hanôver-Ingolstadt 4-0Hoffenheim-Borussia Mönchengladbach 3-3Bayern Munique-Hertha Berlim 2-0Werder Bremen-Hamburgo 1-3Mainz-Eintracht Frankfurt 2-1Borussia Dortmund-Estugarda 14h30, SP-TV2Augsburgo-Wolfsburgo 16h30, SP-TV4Bayer Leverkusen-Schalke 04 16h30, SP-TV2
Jornada 13Levante-Betis 0-1Barcelona-Real Sociedad 4-0Atlético de Madrid-Espanyol 1-0Málaga-Granada 2-2Las Palmas-Deportivo da Corunha 0-2Celta de Vigo-Sporting Gijón 2-1Getafe-Villarreal 11h, SP-TV2Eibar-Real Madrid 15h, SP-TV1Rayo Vallecano-Athletic Bilbau 17h15, SP-TV1Sevilha-Valência 19h30, SP-TV2
J V E D M-S P J V E D M-S P J V E D M-S PManchester City 14 9 2 3 30-14 29Leicester City 14 8 5 1 29-21 29Manchester United 14 8 4 2 20-10 28Arsenal 13 8 2 3 23-11 26Tottenham 13 6 6 1 24-11 24Crystal Palace 14 7 1 6 19-14 22Everton 14 5 6 3 27-19 21West Ham 13 6 3 4 24-20 21Southampton 14 5 5 4 20-17 20Liverpool 13 5 5 3 17-15 20Watford 14 5 4 5 15-16 19Stoke City 14 5 4 5 11-14 19West Bromwich 13 5 2 6 12-17 17Swansea City 13 3 5 5 14-18 14Chelsea 13 4 2 7 17-23 14Norwich City 13 3 3 7 16-24 12Sunderland 14 3 3 8 16-26 12Bournemouth 14 2 4 8 17-30 10Newcastle 14 2 4 8 14-30 10Aston Villa 14 1 2 11 12-27 5
Bayern Munique 14 13 1 0 42-5 40Borussia Dortmund 13 9 2 2 36-18 29Wolfsburgo 13 7 3 3 23-15 24B. Mönchengladbach 14 7 2 5 28-22 23Hertha Berlim 14 7 2 5 18-17 23Hamburgo 14 6 3 5 17-18 21Mainz 14 6 2 6 20-20 20Bayer Leverkusen 13 6 2 5 17-17 20Schalke 04 13 6 2 5 17-19 20Colónia 14 5 5 4 15-18 20Ingolstadt 14 5 4 5 10-14 19Darmstadt 14 3 6 5 14-19 15Eintracht Frankfurt 14 3 5 6 18-22 14Hanôver 14 4 2 8 17-24 14Werder Bremen 14 4 1 9 14-28 13Estugarda 13 3 1 9 17-31 10Augsburgo 13 2 3 8 17-25 9Hoffenheim 14 1 6 7 15-23 9
Barcelona 13 11 0 2 33-12 33Atlético de Madrid 13 9 2 2 18-6 29Real Madrid 12 7 3 2 26-11 24Celta de Vigo 13 7 3 3 24-21 24Deportivo da Corunha 13 5 6 2 20-13 21Villarreal 12 6 3 3 16-12 21Eibar 12 5 5 2 17-12 20Valência 12 5 4 3 17-9 19Betis 13 5 3 5 12-17 18Athletic Bilbau 12 5 2 5 18-16 17Espanyol 13 5 1 7 14-24 16Sevilha 12 4 3 5 17-18 15Rayo Vallecano 12 4 2 6 14-20 14Real Sociedad 13 3 3 7 14-18 12Sporting Gijón 13 3 3 7 12-20 12Granada 13 2 5 6 15-22 11Getafe 12 3 2 7 12-19 11Las Palmas 13 2 4 7 10-19 10Levante 13 2 4 7 10-24 10Málaga 13 2 4 7 7-13 10
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | DESPORTO | 51
1. É cíclico como os actos
eleitorais para a Assembleia da
República. Onde fi ca o desporto
no Governo? Nós próprios já
fi zemos um balanço, há uns anos,
das soluções recolhidas pelas
diversas orgânicas dos governos
constitucionais.
Crê-se comummente que a
“localização” governamental do
desporto, bem como o perfi l do
membro do governo responsável
por essa área, podem denotar,
a priori, se essa realidade social
merecerá a atenção que entende
reclamar ou se, pelo contrário,
o desporto se vê menorizado no
início de um novo governo.
2. O exercício, partindo de algo
que aparenta ser meramente
formal, pode revelar-se inútil em
face do agir concreto, no futuro,
desse membro do Governo.
Contudo, não podemos deixar de
reconhecer alguma validade na
leitura atenta e crítica daquilo que
cada governo entende dever ser a
“localização política” do desporto.
Assim sendo, digamos algo sobre a
presença do desporto sob a alçada
do ministro da Educação e, em
forma “delegada”, num secretário
de Estado da Juventude e do
Desporto.
3. Alguns pontos prévios.
É prática política — e por isso
aplicada também ciclicamente
— tudo ou quase tudo mudar
aquando de uma alternância
governativa. Esta mudança
— tipo pegada — estende-se,
inclusive, aos aspectos formais
e denominações. Para já tal
não acontece com o secretário
de Estado da Juventude e do
Desporto. Por outro lado,
quanto aos conhecimentos (e
experiência) da área do desporto
de que dispõem, quer o ministro
da Educação, quer o secretário
de Estado da Juventude e do
Desporto, não surgem carregados
de referências. Porventura regista-
se precisamente a ausência de
qualquer menção refl exiva sobre
o desporto. Porém, bem se sabe
que esse não é critério decisivo
para se ser membro responsável
por qualquer área da governação.
Acresce que de desporto todos
sabem.
4. Um último aspecto prévio:
a manutenção dessa ligação
(umbilical?) entre a Juventude
e o Desporto. Continuamos
a entender como errada essa
solução, não obstante o discurso
constitucional que privilegia
o desporto na idade jovem. O
desporto é muito mais do que
juventude.
5. Dito isto, encontrando-se,
pois, o desporto no Ministério
da Educação, assiste-se a uma
revolução? Não. Curiosamente
essa solução organizativa, quando
acolhida, foi mais pelo PSD e pelo
CDS do que pelo PS. O PS foi,
aliás, o único que chegou a criar
— por muito pouco tempo — um
ministério. O PS, por outro lado,
sempre recolheu soluções de
integração do desporto adentro
da Presidência do Conselho de
Ministros (ministro adjunto ou
ministro da Presidência). Esse
mesmo caminho foi ultimamente
percorrido pelo PSD-CDS.
6. Aqui, sim, é que se coloca a
questão, nos termos que no início
demos conta. O que é mais valioso
para o desporto, uma localização
política forte (ministro adjunto,
ministro da Presidência) ou um
ministério como o da Educação,
caracterizado por uma imensidão
de problemas e questões a
exigirem respostas urgentes?
7. Que o desporto é Educação
não nos restam dúvidas.
Só que o Desporto não é só
Educação, sendo certo, porém
— aqui furtando palavras de voz
amiga —, que há muito desporto,
em particular alguns agentes
do futebol, que bem precisam
de educação.
Desporto com Educação?
Opinião José Manuel Meirim
Andy e Jamie durante o encontro de pares de ontem, em Gent
Em 1906, Laurence e Reggie Doherty
conquistaram o terceiro ponto que
deu o triunfo às ilhas britânicas na
Taça Davis. Ontem, em Gent, Andy e
Jamie Murray colocaram-se em exce-
lente posição para se tornarem nos
primeiros irmãos britânicos em mais
de um século a vencer a mais antiga
competição desportiva por nações.
Em pouco menos de três horas, os
Murray derrotaram David Goffi n e
Steve Darcis, permitindo que a Grã-
Bretanha chegue ao último dia da
fi nal em vantagem (2-1).
“Foi o encontro de pares mais im-
portante da minha carreira. Conse-
guir vencer e jogar com o meu irmão
tem ainda mais signifi cado”, admitiu
Andy Murray, após a vitória da Grã-
Bretanha, por 6-4, 4-6, 6-3 e 6-2 — a
quarta dos Murray em outros tantos
encontros na Taça Davis.
Em contraste, Goffi n nunca tinha
vencido um encontro de pares até
há um mês, quando a aproximação
da fi nal o obrigou a competir num
par de torneios. Ao lado do compa-
triota Darcis não competia desde
2013 e nem a contratação recente
do francês e antigo número três do
ranking da variante, Michael Llo-
dra, conseguiu reduzir a diferença
de qualidade e entrosamento entre
as duplas.
O primeiro break-point do en-
contro, dirigido por Carlos Ramos,
surgiu no nono jogo, no serviço de
Andy Murray, mas o número dois do
ranking de singulares acabou por
fechar com o primeiro ás. A seguir,
Um par de Murrays vale a dobrar
Goffi n não aproveitou a vantagem
de 40-15 e depois de Darcis colocar
o smash fora, os Murray foram à rede
concretizar o primeiro set-point.
Na segunda partida, a dupla da
casa aproveitou uma dupla-falta
de Jamie para se adiantar para 2-1
e, apesar de um break-point enfren-
tado, conservou a vantagem até
fechar a partida. No terceiro jogo
do terceiro set, Goffi n e Darcis as-
sinaram o primeiro break, mas este
último não confi rmou a vantagem.
Os britânicos corrigiram o seu po-
sicionamento quando respondiam
ao serviço e assinaram uma série de
três jogos, interrompida quando, a
4-2, Jamie Murray foi “quebrado”.
Só que Darcis voltou a não evitar um
break, desta vez em branco. E Andy
Murray, com o serviço inviolável,
concluiu o set.
Darcis confi rmou ser o elo mais
fraco quando assinou a primeira du-
pla-falta belga em todo o encontro
e ofereceu um break-point que ori-
ginou o 2-1 para os britânicos. O par
belga reagiu de imediato no serviço
de Jamie, mas não aproveitou os sete
break-points à sua disposição. Foram
as últimas oportunidades para a Bél-
gica neste encontro, encerrado ao
fi m de 2h49m.
Hoje, Goffi n tem a difícil tarefa de
vencer Andy Murray e manter intac-
tas as esperanças da Bélgica em ga-
nhar a fi nal. “Enquanto equipa temos
de acreditar. Tudo pode acontecer na
Taça Davis”, lembrou o selecciona-
dor belga, Johan van Herck.
JASON CAIRNDUFF/REUTERS
Ténis Pedro Keul
Os irmãos escoceses colocaram a Grã-Bretanha a liderar a final da Taça Davis
4Número de ases registado ontem pela dupla britânica. Os belgas não assinaram nenhum ás durante o encontro
Breves
Hóquei em patins
Basquetebol
Fórmula 1
FC Porto triunfa sobre o Barcelona na Liga Europeia
Benfica prolonga registo perfeito no campeonato
Sexta pole position consecutiva para Nico Rosberg
Um golo de Reinaldo Garcia bastou para o FC Porto bater o Barcelona, na 3.ª jornada do Grupo A da Liga Europeia, isolando-se no comando, com nove pontos, mais três que os catalães. No Grupo B, o Benfica impôs-se no pavilhão do Bassano (8-2) e também lidera com nove pontos, tantos quantos tem, no Grupo D, a Oliveirense, depois de ganhar por 4-2 ao Liceo. O Valongo roubou pontos ao Forte dei Marmi (5-5), no Grupo C.
Com um triunfo em Ovar, por 82-73, o Benfica consolidou a liderança do campeonato de basquetebol. Na 10.ª jornada, o campeão derrotou a Ovarense, com João Soares (21 pontos) em plano de destaque, e soma agora 18 pontos, num percurso só com vitórias. O FC Porto também se impôs fora de portas, no pavilhão do CAB Madeira, por 82-66, e é segundo, com 17, mais três do que a Oliveirense, que folgou nesta ronda.
Nico Rosberg (Mercedes) conquistou ontem a sexta pole position consecutiva no Mundial de Fórmula 1, na sessão de qualificação para o Grande Prémio de Abu Dhabi, 19.ª e última prova do campeonato (hoje, às 13h). O alemão, de 30 anos, partirá na frente pela 22.ª vez na carreira, logo seguido pelo companheiro de equipa Lewis Hamilton e pelo finlandês Kimi Raikkonen (Ferrari).
Desporto é mais que juventude
52 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Reabilitar a pessoa com lesão medular
A lesão medular é uma das
situações mais dramáticas
que pode surgir na vida de
uma pessoa. Em muitos casos
instala-se de forma súbita após
um traumatismo, por vezes
minor, como uma queda em
casa, noutros casos instala-se
de forma insidiosa, ao longo
de semanas ou meses. De
qualquer forma, condiciona mudanças
importantes no modo de viver e de realizar
as tarefas do dia-a-dia, com impacto não
apenas no próprio indivíduo, mas também
na família. A reabilitação, através de uma
abordagem multiprofi ssional, contribui
de forma decisiva para maximizar as
capacidades funcionais, promover a
autonomia e a participação social.
O CMR Alcoitão, desde a fundação
em 1966, tem um serviço destinada à
reabilitação de lesões medulares. A equipa
de reabilitação, constituída por terapeutas,
enfermeiros, psicólogos, dietista,
ortoprotésicos e técnicos de serviço social,
é coordenada pelo médico fi siatra, que
é também o interlocutor privilegiado
com as outras especialidades médicas ou
cirúrgicas.
O programa de reabilitação é abrangente
e global, incidindo sobre todos os aspetos
do funcionamento do indivíduo, não só
as incapacidades motoras, mas também
as características individuais, sejam
psicológicas, culturais ou de envolvência
social. Deste modo, o programa de
reabilitação é individualizado, sendo
estabelecidos objetivos nas diversas áreas
de intervenção, pela equipa em conjunto
com o doente. O fi m último é sem dúvida
promover a participação da pessoa com
lesão medular na sociedade.
À luz dos conceitos da funcionalidade
humana, a tecnologia (enquanto produto
de apoio) é um dos fatores do ambiente
que pode facilitar a participação. As
pessoas com lesão medular dependem
de uma variedade de produtos de apoio
para manter o seu estado de saúde e para
realizar as atividades diárias. À medida
que o mundo se torna tecnologicamente
mais avançado, fi ca também mais acessível
em muitos aspetos para pessoas com
mobilidade reduzida. Contudo, num
futuro próximo,
colocam-se alguns
desafi os. O primeiro
prende-se com o
fi nanciamento: o
desenvolvimento
tecnológico
promete aumentar
as capacidades das
pessoas com lesão
medular; mas será
que o acesso aos
novos produtos
não será limitado
por questões
económicas? Como
garantir a equidade?
Que formas de
comparticipação
na atribuição de
produtos de apoio?
Outra questão a
considerar refere-
se à importância
de envolver os
utilizadores no
processo de
desenvolvimento do produto, design e
fabrico. Os produtos de apoio devem ser
A reabilitação contribui de forma decisiva para maximizar as capacidades funcionais, promover a autonomia e a participação socialcial
ESPAÇOPÚBLICO
concebidos em resposta a necessidades
concretas e adaptados ao que os indivíduos
que os vão utilizar realmente pretendem; a
visão do engenheiro/designer nem sempre
coincide com o ponto de vista da pessoa
que vai usar esse produto no seu dia-a-dia;
é por isso fundamental a participação dos
utilizadores desde o início do processo,
para que se adequa às suas efetivas
necessidades.
Reabilitar signifi ca tornar a habilitar,
ou seja, promover a capacitação para
aumentar a participação. Estamos certos
que a tecnologia irá desempenhar um papel
relevante nesse caminho.
Este é um dos temas que estará em
debate no I Simpósio Ibérico em Lesões
Vertebro-Medulares, uma iniciativa
conjunta da Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa, do Instituto de Investigação em
Ciências da Vida e Saúde da Universidade
do Minho (ICVS/3Bs) e da Associação
Salvador, que decorre de 30 de novembro
a 1 de dezembro, no Centro de Medicina de
Reabilitação de Alcoitão.
Directora de Serviço de Reabilitação de Adultos no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão
Tribuna Cuidados de saúdeFilipa Faria
CARTAS À DIRECTORA
Mais um escândalo
Segundo noticia o PÚBLICO online,
Sérgio Monteiro, que, quando
secretário de Estado do extinto
Governo, vendeu a TAP e outras
empresas de transporte públicas,
com a alegação de o fazer para
defesa do erário público, vai agora
receber 30 mil euros brutos por
mês, durante um ano, pagos pelo
Fundo de Resolução gerido pelo
Banco de Portugal — para vender o
Novo Banco.
E nem tem de descontar para a
Segurança Social. Isso é encargo
extra de quem agora o contratou,
porque já era assim na CGD — para
que, quando se reformar, receba
pensão nessa ordem de grandeza.
E, porque era administrador da
CGD e foi por esta dispensado em
regime de prestação de serviços
para ir para o Governo, venda ou
não venda o Novo Banco e por
quanto se o conseguir, voltará
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
para a CGD ao fi m desses 12
meses. A ganhar nessa ordem de
grandeza!
Tudo legal e “a bem do país”!!!!
António J. M. Nunes da Silva, Oeiras
Novo primeiro-ministro ignora os...
... avisos de Cavaco Silva. É do
domínio público que faz parte
da personalidade de Cavaco
Silva, desde os tempos em que
foi primeiro-ministro, ser sisudo,
mas (...) na tomada de posse do
novo Governo mostrou um ar
mais do que carrancudo. Porquê,
senhor Presidente da República?
O Governo agora empossado não
vem da Assembleia da República,
e é ao Parlamento que responde
politicamente? Felizmente, senhor
Presidente, que o seu mandato
está a terminar, para seu bem,
e, de certeza, para milhões de
portugueses. E não se esqueça
deste velho provérbio: “O último a
rir é o que ri melhor...”
Tomaz Albuquerque, Lisboa
Obrigado, frei Bento Domingues!
Frei Bento Domingues é uma
das personalidades da Igreja
portuguesa que me habituei a
ler e com quem muito tenho
aprendido. Homem de muitas
e abrangentes leituras, é
sobretudo um homem de grande
Pensamento que consegue
magistralmente sintetizar nas
crónicas que partilha connosco.
Ensina-nos imenso, não
tanto pelo que nos diz, o que
já é muitíssimo, mas sobretudo
pelo que nos ajuda a refl ectir e a
descobrir por nós próprios.
E são estes, os caminhos que
desbravamos e abrimos com as
nossas próprias mãos, os únicos
que enquanto cidadãos inteiros
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
deveríamos todos percorrer.
No seu belíssimo artigo de
[dia 22] no PÚBLICO, frei Bento
Domingues alerta-nos para
o perigo dos que, do alto do
seu palco feito de certezas e
sobranceria, autoproclamando-
se únicos detentores da Verdade
Absoluta, anunciam ao som dos
tambores que “só a verdade tem
direito a afi rmar-se e a defender-
se publicamente. Para o erro não
pode haver nem tolerância nem
liberdade”.
Hoje são os demónios à solta
dos terroristas do Estado Islâmico,
como ontem foram os fascismos e
os estalinismos que atormentaram
a Humanidade! As vitórias dos
terroristas de hoje e dos herdeiros
dos criminosos genocidas de
ontem só podem prenunciar a
nossa Desgraça!
Ouçamos pois frei Bento
Domingues!
Hélder Pancadas, Sobreda
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 53
BARTOON LUÍS AFONSO
Deus não passa por nós a correr
1. Não esperava que me viessem pedir
contas por Deus não ter feito nada
para impedir o massacre de Paris.
Essas pessoas acabaram por concluir
que tinham batido à porta errada.
Sugeri-lhes, com toda a paciência,
que falassem directamente com
Ele e aproveitassem o encontro
para se esclarecerem acerca de
todas as guerras e violências que,
até em seu nome, foram desencadeadas ao
longo da História. Algumas das narradas na
Bíblia Hebraica até passaram a ser glorifi cadas
na Liturgia católica, como acontece, por
exemplo, na própria Vigília Pascal. Isto sem
falar na recitação e canto de alguns salmos
especialmente violentos!
Como não me lembro de ter, alguma vez,
atribuído a Deus as asneiras da iniciativa
humana ou os desconcertos da natureza, não
me sinto atraído a abordar casos de polícia
como altamente religioso-teológicos. Tanto os
que o culpabilizam como os que o absolvem
sabem demasiado da divindade. Não se
dão conta que Deus, em si mesmo, nos é
totalmente desconhecido (omnino ignoto).
Fui vacinado, muito cedo, pela corrente
mística da teologia negativa ou apofática. Esta
prática teológica tem o bom senso de fazer
acompanhar todas as afi rmações, acerca
da divindade, de uma luminosa negação
anti-idolátrica. A paradoxal oração do
dominicano alemão, Mestre Eckhart (1260-
1327) — Deus, livra-me de Deus — confessa, de
modo enérgico, que não nos podemos fi ar
nas fórmulas que julgam apanhar Deus na
sua rede. S. Tomás de Aquino sustentou que
a própria letra dos Evangelhos, sem o sopro
libertador do Espírito, se pode tornar uma
prisão, uma letra que mata.
Quando me entregaram o grande roteiro
da viagem teológica para principiantes, a
Suma Teológica, fui logo avisado, pelo autor,
de que não iria passar a saber como era
Deus, mas sobretudo como Ele não era, Deus
conhecido como desconhecido [i].
No âmbito religioso, pelo salto de
signifi cação que permite, a linguagem
metafórica é a menos inconveniente. Na
grande poesia e na grande música todas as
viagens são possíveis, mistério do Mundo,
mistério de Deus.
2. Ao falarmos tanto, sobretudo desde
o séc. XIX, da morte de Deus, do silêncio
de Deus, de se lançar a suspeita sobre tudo
o que se relacionava com as religiões, foi
esquecido um pequeno pormenor: tomou-
se uma importantíssima questão cultural
da modernidade europeia, como se fosse
o retrato da situação religiosa universal.
Resultado: não entendemos o que se está a
passar na Europa, nem no resto do mundo.
Não sabemos qual o sentido da civilização que
herdamos, nem a que estamos a construir.
Vivemos num mundo de negócios. Sem
negócios não se pode viver. Estes são cada vez
mais globalizados. Mas o negócio dos negócios
é o comércio de seres humanos e de armas.
Chegámos a um ponto em que sem a indústria
bélica, muita gente iria para o desemprego. Com
o seu uso, muita gente vai para o cemitério.
Quando se pensava que o tempo das guerras
religiosas, das Inquisições, das Cruzadas tinha
acabado, reaparece a união entre armas e
religião, em pleno coração da Europa. Os
pseudo-religiosos, os terroristas, usam as armas
em nome de Deus. Os laicos usam as armas para
se defenderem dessa religião, confessando,
e ainda bem, um respeito sagrado pelas
religiões que ignoram. Petróleo oblige.
3. Quando João Paulo II se opôs, da forma
mais fi rme, à guerra no Iraque, ignoraram-
no. Ele estaria a defender os interesses
cristãos da zona. Quando o Papa Francisco
advertiu que era urgente suster a calamidade
do Estado Islâmico, uns ignoraram-no,
outros comentaram: o pacifi sta converteu-se
à guerra justa. Também ele estaria a defender
os cristãos dos massacres que os tinham por
alvo preferencial.
Não basta intensifi car o diálogo inter-
religioso, embora seja muitíssimo importante
que todos confessem que um deus que incita
à violência gera uma religião diabólica, uma
anti-religião.
Religiosos e não religiosos, místicos ou ateus
teremos de aprender a viver no mesmo mundo,
não como uma fatalidade, mas como uma
oportunidade de nos tornarmos mais humanos,
com o contributo de todos. Os cépticos dirão
que não passa de uma utopia, mas que seria
de nós sem aquilo que nos faz andar?
A liturgia católica celebrou, no domingo
passado, Jesus Cristo Rei do Universo, ajuda
difícil para as monarquias em difi culdades.
É um rei coroado de espinhos e cravado na
cruz. Ele próprio confessou que não era o
poder que lhe interessava. Se assim fosse teria
organizado um exército. Para ele só contava a
alegria da vida humana, a sua verdade última.
Assim terminava o
ano litúrgico. Hoje
recomeça, com o
Advento, mas Deus
na sua caminhada
com os seres
humanos não passa a
correr.
Segundo o Novo
Testamento, adopta
os ritmos e os zigue-
zagues da história
humana, para que
ninguém se sinta
perdido. Insere-se
nos seus movimentos
para abrir brechas de
esperança.
Na situação
actual, parece que
ninguém sabe para
onde caminha a
nossa civilização que, ao mesmo tempo que
se globaliza, se despedaça em fragmentos
irreconhecíveis, esquecendo que somos todos
migrantes da mesma promessa.
Não passemos este Advento a correr.
Precisamos de tempo para nascer de novo,
para descobrir que outro rumo e outra vida
são possíveis.
[i] S.T, I, q.2, prol.; q, 13, a.4; Super Boet. De Trini.
q. 2 a. 2 ad 1.
Escreve ao domingo
Precisamos de tempo para nascer de novo, para descobrir que outro rumo e outra vida são possíveis
Frei Bento Domingues O.P.
Falar à bebezinho
É óptima a série Master of None de
Aziz Ansari. Ansari escreve com
humor, mas também com pontaria,
bondade e uma antiquada mas
hoje revolucionária boa educação.
O verdadeiro herói da série são
os EUA. É também o vilão, claro,
mas a esse papel já estamos mais
habituados. Numa só geração o
personagem principal, Dev, torna-
se americano sem esforço nenhum que
não conseguir comunicar com a geração
dos pais, imigrantes vindos da Índia e lutar
contra o racismo sempre presente, com
veemência mas com bonomia.
Dev é um indivíduo civilizado que se
diverte a tentar deixar-se corromper
pelo egoísmo, pela insensibilidade e pelo
superfi cialismo da vida de solteiros e
casados de Nova Iorque.
Inteligente e bem-educado, Dev é um
altruísta e um humanista confi dencial. É
para a empatia e para a solidariedade que a
alma dele o puxa. O pior é o resto, a começar
pela facilidade humaníssima com que, à
maneira de Wilde, é capaz de resistir a tudo
menos a uma tentação.
Dois senões: os melhores episódios são os
quatro primeiros, o que depois desanima um
bocadinho, embora não corte o vício de ver
a série até ao fi m. Pior (mas cada vez mais
típico da maioria das séries e dos fi lmes dos
EUA) é a maneira infantilizada e mimalha
de falar. O baby talk não só é irritante como
amiúde incompreensível. Começou com as
actrizes, mas agora chegou aos actores. Em
Master of None o pior linguajar de querubim
vem do próprio Aziz Ansari.
Será tarde de mais para arrepiar caminho?
Será.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
54 | PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015
Rupturas. À direita e à esquerda
1.Na noite de 4 Outubro, animados
por uma vitória já esperada, mas,
mesmo assim, saborosa ao fi m
de quatro anos de austeridade, a
anterior coligação PSD-PP suspirou
de alívio. Depois de uma campanha
perfeitamente orquestrada para
atrair o centro na linguagem (Passos
Coelho elegeu a desigualdade como
um dos grandes objectivos da sua
segunda missão), vazia de conteúdo e cheia
de falsas promessas, teria à sua disposição
um Partido Socialista vergado pela derrota,
com uma nova liderança mais disponível
para “salvar” a Pátria, servindo de apoio
ao novo Governo. O raciocínio seria válido,
porventura, se fosse outro o líder socialista.
Francisco Assis, que refl ecte bem nos seus
escritos sobre os conceitos que defi nem o
centro-esquerda e a democracia ocidental,
citando Bobbio, seria, precisamente
por isso, um líder fraco e maleável. Sem
qualquer antipatia pessoal, os líderes não
citam teóricos (embora seja recomendável
que os leiam) para afi rmar as suas posições,
e a crise europeia está a provocar uma
verdadeira tempestade na paisagem política
dos seus Estados-membros. Imagina-se e
até se desculpa a sua frustração, quando
perceberam que a estratégia socialista seria
outra, pela qual ninguém esperava. Traduz-
se numa profunda mudança no sistema
de partidos, que pode ser duradoura ou
acabar por revelar-se um engano. Mas não
se pode desculpar o PSD de duas coisas
fundamentais que contribuíram para
a situação que o fez entrar em choque.
Durante quatro anos Passos Coelho, que
se vê a si próprio como um líder com uma
missão, recusou qualquer acordo com os
socialistas, como fazem os líderes que têm
uma missão e querem cumpri-la sem a
adulterar. Quando Cavaco Silva tentou uma
conciliação entre o PS e o Governo para
encontrarem pontos comuns nas reformas,
teve com certeza mais esperança na
maleabilidade de Seguro do que na vontade
de Passos. De qualquer modo, a ideia de
fazer do PS uma muleta da coligação nunca
passou pela cabeça do novo primeiro-
ministro. E é caso para perguntar: qual das
duas soluções, o “bloco central” alargado
ou uma coligação com a esquerda radical,
seria melhor para evitar um destino
pouco feliz para o PS, esvaziando-o para
a esquerda e para a direita. Com Soares, o
“bloco central” foi criado para enfrentar
uma crise de pagamentos insuportável e
não para governar depois dela.
2. A segunda questão é a ideologia que
enformava a missão do anterior primeiro-
ministro. O programa de ajustamento
deu-lhe jeito para justifi car uma “ruptura”
dentro do seu próprio partido, deixando
cair a sua versão mais social-democrata
para impor uma visão neoliberal da
economia e da sociedade, empurrando o
PSD para a direita. Pôde fazer esse corte,
que pôs de cabelos em pé a muitas fi guras
do velho PSD, por ser um líder forte.
Poderia ter compreendido que tinha à sua
frente um líder igualmente forte, disposto,
também ele, a operar uma ruptura nas
águas mornas da política portuguesa.
Foi o que Costa fez, cumprindo todos os
preceitos constitucionais e democráticos e
conseguindo um “feito histórico” que não
era considerado como possível.
Durante anos e anos o PCP “serviu” a
direita, ao estar sempre contra o PS, defi nido
como o seu “inimigo principal”. Depois do
Governo anterior,
seria difícil fazer
a mesma coisa
sem desiludir o
eleitorado que lhe
resta. Jerónimo, com
toda a sua simpatia,
é um duro e um
crente na convicção
de que o marxismo-
leninismo viria a ter
um segundo fôlego
na próxima crise do
capitalismo (como
ensinava Marx,
embora se tenha
enganado). Era uma
questão de fé num
passado que não
voltará. Percebe-se a
sua incomodidade.
O peso da sua
história prende-o ao passado e não tem uma
ideia que se encaixe na realidade económica
e social das democracias. Este será o maior
risco que Costa enfrenta à sua esquerda,
não porque Jerónimo esteja a enganá-lo
deliberadamente, mas porque faz parte da
natureza das coisas. É bom lembrar que
hoje a capacidade de mobilização do PC
está quase exclusivamente centrada nos
funcionários públicos e nos trabalhadores
das empresas públicas. Como dizia, sempre
com enorme vigor, Silva Lopes, o PCP
defendia os protegidos e pouco ligava aos
desprotegidos. O Bloco é outra coisa. Tem
uma história bastante mais pequena e muito
menos “gloriosa” de oposição ao sistema
capitalista e às democracias liberais. Pode
mais facilmente adaptar-se à realidade
europeia, seguindo o exemplo do Syriza,
mesmo que a sua palavra seja menos fi ável
do que a de Jerónimo, a sua maleabilidade é
maior.
3. António Costa sabe que as obrigações
europeias que vai ter de cumprir tanto
deixam indiferente o Bloco como o PCP.
Como sabe que a instabilidade europeia e
mundial podem fazer falhar as previsões
mais optimistas. Mas a Europa é o quadro
em que tem de agir em muitos domínios.
Uma coisa é certa, a forma como geriu o
caminho para esta mudança radical: a sua
capacidade política, a sua endurance e a
sua determinação fi caram atestadas sem
espaço para qualquer dúvida, confi rmando
as razões pelas quais era ele o “desejado” e
o mais brilhante socialista da sua geração.
A direita entrou em histeria e passou ao
insulto, mesmo alguma que se previa mais
moderada. O PS aparou o golpe com alguma
turbulência que rapidamente desapareceu,
como se provou nas votações da comissão
política e da comissão nacional (foi aí
que Assis percebeu que estava sozinho).
Nada o conseguiu perturbar ou desviar da
trajectória que defi niu. Provou que tem
nervos de aço. O trabalho que desenvolveu
Portugal tem de se manter fiel às alianças que definem o seu espaço político e estratégico
Jornalista. Escreve ao domingo
com o novo ministro das Finanças,
Mário Centeno, e outros economistas
competentes ao longo de meses permitiu-
lhe estar preparado para as negociações à
sua esquerda. O Governo que escolheu é
moderado e, no geral, parece competente.
O discurso que proferiu no Palácio da Ajuda
foi claro, realista, sereno mas também
mobilizador.
4. Se Marcelo for eleito, Costa terá um
forte aliado institucional para ir resolvendo
as curvas mais apertadas. Até agora, em
todas as suas intervenções, Marcelo apenas
demonstrou bom senso, independência
e uma visão centrista que pode ajudar a
“reunir” de novo o país. Em profundo
contraste com o comportamento de Cavaco
Silva, crispado, amuado, ressabiado,
desorientado, anunciando um triste fi m
para a sua presidência, que foi a mais
impopular desde a democracia. Falhou
na tentativa de criar consensos entre o
Governo e o PS (nem Passos, nem a maioria
do PS os queriam). Tergiversou entre as
suas convicções keynesianas e o programa
liberal do Governo. Nesta fase fi nal, apenas
usava da palavra para se auto-elogiar e para
tentar apagar as nódoas que fi carão na sua
biografi a. O diálogo nunca foi o seu forte,
mas nos últimos dias ultrapassou tudo o
que se poderia imaginar.
5. Portugal tem de se manter fi el às
alianças que defi nem o seu espaço político
e estratégico: a União Europeia e a NATO.
Tem de estar presente, se quer contribuir
para as respostas aos desafi os enormes
que a Europa enfrenta. O PCP habituou-
se a utilizar, desde o tempo de Cunhal,
uma bengala para afastar as questões
incómodas sobre o regime soviético, com
os seus crimes e a sua miséria: “O que nos
interessa é Portugal.” Pode continuar a
dizer a mesma coisa? Mas quando ouvimos
Louçã dizer, com um ar de quem nos quer
orientar para a verdade, que a questão do
apoio militar à França contra o Daesh nem
sequer se põe, por tão absurda que é (diz
ele), fi camos a pensar que não é só no défi ce
que António Costa vai ter muito trabalho.
Terá também à sua frente uma direita ainda
ansiosa de vingança, que aposta tudo na
inevitabilidade de o PC e o Bloco roerem a
corda, abrindo as portas a novas eleições. Se
continuar com esta estratégia e o Governo
não cair tão depressa, não irá longe.
A minha geração, que lutou contra o
fascismo e contra o golpe comunista depois
do 25 de Abril, tem muita difi culdade
em olhar para o PCP com a mínima boa
vontade. Com as gerações mais novas
talvez seja diferente. Imagino muita gente
a perguntar-se a si própria quem é aquele
senhor careca e de barbicha que está em
cima da cabeça de António Costa no cartaz
da JSD. Mas, como sempre em democracia,
não há soluções perfeitas.
NUNO FERREIRA SANTOS
A capacidade política de Costa, a sua endurance e a sua determinação ficaram atestadas
Teresa de SousaSem fronteiras
PÚBLICO, DOM 29 NOV 2015 | 55
A legitimação dos comentaristas
O processo que se desenvolveu
na Assembleia da República
até à formação do Governo
que, na quinta-feira passada,
tomou posse fez colocar da
parte dos partidos vários
conceitos de legitimidade.
Legitimidade política,
legitimidade constitucional,
legitimidade parlamentar
foram invocadas conforme mais lhes
convinha. Mas a discussão destes conceitos
ainda é a componente mais cavalheiresca
de uma “guerrilha” discursiva partidária e
parlamentar que vai ser uma continuada
ordem do dia, sejam quais sejam os
pontos em agenda. E, prevendo este
conturbado contexto, talvez seja oportuno
falar da legitimidade comunicacional.
Mais concretamente da legitimação dos
narradores das situações, das palavras e
das coisas.
Não nos esqueçamos de que assim como
há deputados com assento permanente
na Assembleia da República, também
há narradores profi ssionais com assento
permanente na AR. A actividade política
e parlamentar sem o prolongamento que
lhes dão os media não existe.
Inspira-me nesta refl exão que hoje
trago a esta página um artigo de António
Guerreiro escrito na sua Estação
Meteorológica, inserta semanalmente no
Ípsilon, suplemento do PÚBLICO. Sob
o título “Comentaristas e politólogos”
(22/10/2015) diz António Guerreiro: “O
chamado ‘comentário político’ — na
televisão, na rádio, nos jornais — tornou-se
um lugar de convívio e de tertúlia, onde se
encenam consensos e polémicas, acordos
e beligerâncias. Um exército armado de
painelistas e comentadores capturou a
esfera pública e assegura a prossecução
desta festa diária que em momentos
críticos e de irrupção de algo novo, como
este que estamos a viver, se torna uma
torrente de discursos que nos sufocam
e sufocam tudo. Trata-se de um exército
de elite que tem a seu cargo a acção de
modifi car aquilo em que toca.”
De facto, parece-me ter havido
uma evolução do paradigma do
sistema jornalístico, hoje em dia
predominantemente dominado pelo
comentário (políticos transvertidos
em jornalistas, jornalistas na pele de
políticos), ou, se quiserem, sobretudo
focado no contar de estórias, no discorrer
das narrativas construídas para contrariar
o imediatismo da notícia que, neste
turbilhão vertiginoso dos acontecimentos
localizados num espaço global, nasce
e morre repentinamente. E esta nova
caracterização do sistema mediático não
é só verifi cável na informação digital, mas
também nos media audiovisuais e até na
imprensa, mesmo a mais circunspecta.
Daí, para o entendimento da ética
jornalística em novos parâmetros, parece-
me fundamental enunciar, perceber e
justifi car o papel
do comentador.
As televisões
e as rádios
multiplicaram esta
comunidade imensa
de comentadores.
Há painéis a
todas as horas e
simultaneamente
em quase todos
os canais de
informação. Não
há um noticiário
que não tenha um
“frente-a-frente”,
um debate, um
confronto entre “as
palavras e os actos”,
constituídos, aliás,
para dar ao grande
público (e daí a sua
responsabilidade) o próprio entendimento
a tirar das notícias, dos acontecimentos.
Este prolongamento do actual ecossistema
mediático é replicado nos jornais com
as suas longas páginas de comentários,
como acontece no PÚBLICO, com o seu
habitual Espaço Público. Aliás, registe-
se que, hoje, há jornais digitais que são
fundamentalmente comentário(s).
Não deixa, portanto, de ser oportuno
considerar a legitimação comunicacional
que os comentadores constroem sobre os
factos, os eventos, as situações. E não ter
em conta este seu papel e determinante
importância no sistema comunicacional
é destituir o funcionamento e a efi cácia
da ordem informativa. Os comentadores
Os comentadores são directos legitimadores da nova ordem mediática
Parece-me fundamental enunciar, perceber e justificar o papel do comentador
José Manuel Paquete de OliveiraProvedor do Leitor
Escreve ao [email protected]
Blogue – Provedor do Leitor do PÚBLICO http://blogues.publico.pt/provedordoleitor/
CORREIO LEITORES/PROVEDORTítulos e conteúdosDo leitor Pedro Carneiro recebi o seguinte reparo: “Na edição do hoje do PÚBLICO (25/11/15) a notícia da página 2, o novo Governo em formação, tem como título: ‘Governo de combate político coloca Assuntos Europeus nos Negócios Estrangeiros.’ Na página 4, sobre os membros que constituem o Governo, o título é: ‘Muitas caras conhecidas que conhecem os cantos aos ministérios.’ No editorial, sobre o mesmo tema, pode ler-se: ‘(...) Em vez de um governo de combate, com predomínio das áreas políticas e com forte tutela de ministros políticos, temos, pelo contrário, uma equipa com muita gente sem experiência governativa (...).’”Parece-me que o/a responsável pelo editorial não terá sido a mesma pessoa a decidir dos cabeçalhos das notícias sobre o novo Governo — o que me parece estranho, pois sei que os títulos das notícias não são, as mais das vezes, ou sempre, da responsabilidade do jornalista que assina
a notícia, mas sim da direcção editorial do jornal.
O fim dos exames do 4.º anoEscreve o leitor Pedro Félix: “Fui, até há 30 minutos, um leitor do PÚBLICO. Um leitor desde praticamente o início de publicação do jornal. Com o tempo, e com a ‘crise’, fomo-nos habituando a uma redução drástica da qualidade dos artigos. Habituámo-nos a que só veiculassem certas notícias, que tivessem pouco apetite para o contraditório, que até enchessem páginas de erros ortográficos e gramaticais dos mais básicos. Mas hoje, (27/11/2015), com o artigo ‘Fim dos exames do 4º ano: as crianças andaram três anos a treinar ‘para nada’?’ foi o chegar ao fim da linha. (...) É com muita pena que me despeço hoje do PÚBLICO. Foi em tempos um jornal sério.”Comentário:Contactei a jornalista Graça Barbosa Ribeiro, autora do texto, que me confirmou a opinião pessoal que eu próprio formara
sobre o artigo: “Fui fazer reportagem a uma escola e o que descrevi foi o que vi e ouvi (e que, aliás, me surpreendeu). As expressões ‘treinar’ e ‘para nada’ foram usadas por crianças. Mas também pelos professores e ainda, desde que os exames foram instituídos, pelos maiores críticos dessas provas. Ao usá-las não estou, naturalmente, a defender ‘o treino para exames’ como a solução para a melhoria da qualidade do ensino básico.”Sinceramente, interpreto que a reacção do leitor se fica a dever à sua discordância da anulação deste exame votada na Assembleia da República. Efectivamente, a construção do título pode induzir uma tomada de posição da jornalista ou até do próprio PÚBLICO.Pode ser discutível, mas a jornalista limita-se a transcrever uma série de depoimentos, devidamente identificados, e não toma posição. Por não ter espaço suficiente nesta página transcrevo no blogue, na íntegra, o seu comentário.
ENRIC VIVES-RUBIOsão directos legitimadores da nova ordem
mediática. Não admira, por isso, que,
quando confrontados, por exemplo, com
a nova ordem decisória do Parlamento
português, estejam ainda a rebuscar
novas fórmulas para os seus comentários.
Os narradores da actual vida política
têm difi culdade em compreender como
funciona um Parlamento com maiorias
de coligação e com maiorias de votação
somadas por quatro partidos que não se
fundiram uns nos outros, mas mantêm a
sua identidade, as suas linhas de força de
identifi cação, obviamente, muito diversas.
Não deixa, por isso, de ser interessante,
e signifi cativo, o tempo que gastam a
“pitonisar” o tempo de durabilidade desta
“nova ordem” de votação. Quando um
governo tem maioria coligada, é sempre
imediato o resultado de qualquer votação.
E não se pense que, com esta
generalização de tema, estou a escamotear
o que, porventura, se passa cá por casa,
no PÚBLICO, onde sou provedor do
Leitor. Esta teorização generalizada sobre
a função legitimadora do discurso dos
comentadores inclui, obviamente, as
responsabilidades dos nossos e até pode
ser entendida como uma recomendação
à refl exão da direcção, das editorias e dos
jornalistas comentaristas.
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ESCRITO NA PEDRA
“O tempo é um químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substâncias morais” Machado de Assis (1839-1908), escritor brasileiro
DOM 29 NOV 2015
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Marca de roupa portuguesa sobreviveu à insolvência e planeia abrir mais lojas p26
Norte-americano de 57 anos abateu dois civis e um polícia no Colorado p32
Goleador do líder Leicester City bateu recorde que era de Ruud van Nistelrooy p50
Antigo fornecedor e 1,5 milhões dão novo fôlego à Throttleman
Ataque a clínica que realiza abortos faz três mortos nos EUA
Vardey marca na liga inglesa há 11 jornadas seguidas
Totoloto
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OPINIÃO
A direita que tenha juízo
Oeleitorado da direita,
depois de andar uns dias
de cabeça perdida, como
se o dr. Costa fosse uma
nova versão do apocalipse,
começa agora a tentar
viver com o mundo que temos.
Uns, como sempre, e já disse
isso anteontem, procuram um
lugar quentinho neste inesperado
regime de esquerda: um ministro
conhecido, um secretário de
Estado vaidoso e abordável,
uma velha amiga que de repente
apareceu num lugar importante.
Vasco Pulido Valente
Outros, na televisão e nos jornais,
descobrem de mansinho virtudes
na política do PS e ajudam com
aprovação e o seu conselho. Era
de esperar. De resto, as várias
espécies, que se manifestam no
artigo e no queixume público,
tudo visto e considerado, não são
as mais perigosas. Perigosos são
os senhores de ontem, a quem
António Costa interrompeu um
futuro que julgavam brilhante.
A primeira ideia que lhes veio à
cabeça foi a de fazer uma oposição
geral e ferrenha a qualquer coisa
que saísse da esquerda, com a
marca infamante da ilegitimidade:
o que se compreendia se a
esquerda precisasse deles. Desta
carga de baioneta a intransigência
baixou para tácticas mais
subtis: votos sobre a Europa,
sobre o Orçamento ou sobre
assuntos miudinhos que não
incomodassem o português
pacífi co. Infelizmente a ambição (e
a frustração) de alguns rebanhos
de patetas do PSD e do CDS
descobriu que, temporariamente
impossível a ascensão no Estado,
ainda lhes fi cava uma carreira
no partido. Apareceram então
murmúrios sobre a utilidade do
fi m da coligação e da necessidade
que Costa haveria de ter, talvez
dentro de um ano ou menos, de
se voltar para a direita. O conúbio
com o inimigo não lhes parecia
torpe, passava por uma enorme
esperteza.
Só pensavam no afastamento
de Coelho e Portas, que seriam
sem dúvida um obstáculo, para
arranjar uma frincha por onde
se meter. Publicaram artigos
doutos nos jornais e mostraram
publicamente as suas dúvidas. Não
perceberam na sua ingenuidade
que a direita e a esquerda estão
separadas por mais do que um
incidente eleitoral e que hoje
a menor condescendência ou
entendimento com Costa (não
justifi cada por um óbvio interesse
nacional) equivaleria ao suicídio
do autor da façanha: na altura
em que o Bloco, o PC e o PS se
uniam, a coligação que aguentara
os quatro anos de crise caía aos
bocados por falta de poder e
disciplina ou, mais francamente,
por falta de bananas para a
macacada. Pedro Passos Coelho e
Paulo Portas não se propõem com
certeza cometer esse erro trágico.
MIGUEL MANSO
As autoridades egípcias estão “deses-
peradas por boas notícias” e ontem
puderam fi nalmente dá-las: os resul-
tados preliminares das análises con-
duzidas por uma equipa internacio-
nal liderada pelo egiptólogo Nicholas
Reeves apontam fortemente para a
existência de uma segunda câmara
funerária até aqui oculta por trás da
parede norte no túmulo de Tutancá-
mon. “Tínhamos dito que havia 60%
de hipóteses de haver alguma coisa
atrás destas paredes. Mas agora, após
uma primeira leitura das imagens ob-
tidas por radar, podemos afi rmar que
essa probabilidade é afi nal de 90%”,
afi rmou ontem, no Vale dos Reis, o
ministro das Antiguidades Egípcias
Mahmoud al-Damaty.
Tratando-se ou não do sarcófago
de Nefertiti, como Reeves ardente-
mente defende, as autoridades egíp-
cias acreditam que o que quer que ali
venha a ser encontrado, selado atrás
de uma parede há vários milhares de
anos, pode constituir “o achado do
século XXI” — na era moderna, ape-
nas o túmulo de Tutancámon foi des-
A descoberta do túmulo de Nefertiti pode estar mais perto do que nunca
coberto intacto, com o seu tesouro de
mais de cinco mil peças que demo-
rou quase uma década a catalogar.
Ao longo do próximo mês, as
imagens obtidas pelo especialista
Hirokatsu Watanabe com um radar
especialmente adaptado às difíceis
condições geotérmicas e à relativa
exiguidade do túmulo de Tutancá-
mon serão sujeitas a uma minuciosa
análise no Japão. Se tudo correr co-
mo espera o egiptólogo britânico que
convenceu as autoridades egípcias
a reavaliar aquele que é o grande ex
libris do Vale dos Reis, as conclusões
fi nais desta investigação confi rmarão
a sua tese de que o mausoléu ainda
não foi integralmente escavado.
“Parece claro que, como predisse,
o túmulo continua. O radar sugere
que a câmara funerária [de Tutan-
cámon] se prolonga ao longo de um
corredor que desemboca noutra
câmara funerária”, sublinhou Ree-
ves, secundado pelo perito japonês.
“Existe de facto um espaço vazio
atrás da parede, não há qualquer dú-
vida. Neste momento, porém, ainda
não podemos fazer cálculos”, disse
Watanabe, citado pela Reuters.
ArqueologiaInês Nadais
As análises conduzidas no túmulo de Tutancámon sugerem que é “90% certa” a existência de uma câmara funerária oculta
Autoridades egípcias crêem que o que quer que venha a ser encontrado pode ser “o achado do séc. XXI”
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