Revista Brasileira 59-Poesia Estrangeira

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Jeannette Lozano Clariond

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Poeta e tradutora. Dedicou grande parte de seu exercício profissionalao estudo do pensamento e da religião no México antigo.Realizou palestras e leituras em diversos centros de estudo e ensinosuperior, como a Universidade de Murcia, Espanha, e a St. JohnsUniversity de New York. Seus artigos, poemas e traduções têm sidopublicados em jornais como El País, o ABC, Reforma, El Norte, DallasNews, San Antonio News e o Diario de Chihuahua, entre outros, e também em revistas literárias como Letras Libres, Cuadernos Hispanoamericanos, Revista de la Universidad Autónoma de Nuevo León, Movimiento Actual y La Tempestad,entre outras.

Transcript of Revista Brasileira 59-Poesia Estrangeira

  • Jeannette Lozano Clariond

  • Poemas de JeannetteLozano Clariond

    Traduo deReynaldo Valinho Alvarez

    Poeta e tradutora. Dedicou grande parte de seu exerccio profis-sional ao estudo do pensamento e da religio no Mxico antigo.Realizou palestras e leituras em diversos centros de estudo e ensinosuperior, como a Universidade de Murcia, Espanha, e a St. JohnsUniversity de New York. Seus artigos, poemas e tradues tm sidopublicados em jornais como El Pas, o ABC, Reforma, El Norte, DallasNews, San Antonio News e o Diario de Chihuahua, entre outros, e tambmem revistas literrias como Letras Libres, Cuadernos Hispanoamericanos, Re-vista de la Universidad Autnoma de Nuevo Len, Movimiento Actual y La Tempes-tad, entre outras. Fez parte do Consejo para la Cultura y las Artes deNuevo Len, do Centro Cultural Alfa, do Consejo del Museo deMina Nuevo Len, e do Consejo del Museo de Historia Mexicana.Durante 15 anos, foi revisora da Revista Movimiento Actual e, atualmente,faz parte do conselho da revista Animal Sospechoso y la Tempestad. H doisanos, exerce a direo da editora Vaso Roto. Alm de ganhar vriosprmios importantes, teve parte de sua obra traduzida para o ingls, ofrancs, o romeno, o italiano e o rabe.

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    Publicou 38 livrosde poesia, fico,ensaio e literaturainfanto-juvenil.Participou denumerosas antologias.Traduzido para osueco, o italiano, ofrancs, o espanhol,o galego, o persa,o corso e omacednio, foipremiado no Brasil,em Portugal, naItlia e no Mxico,alm de editado emPortugal, na Sucia,na Itlia, no Canade na Espanha. O livroDispora ou Aprendiz deGalego rene 30sonetos escritos emgalego e traduzidospara o portugus peloautor. El ltimo Diacontm os seuspoemas em espanhol.

    Poes ia Estrange ira

  • Primeiro esboo de sede

    Tenho sede. Fala-me de tua sede. No vs que minha lngua est seca? No quero que bebas gua. Minha sede est em minha voz. No recorras ao papel, usa tua memria. Necessito que me escutes. Eu te escuto. S os mortos escutam. E eu? Tu no me podes entender. Quero que me fales e que no bebas gua. Falas do meu deserto? Falo do que vs. Deserto e sede. Meus lbios esto secos, sinto uma fina pelcula

    [branca no cu da boca. Fala-me disso: da tua sede de carcias, de ternura... J o disse no poema. Podes deix-lo comigo? No, queria ler-te o que escrevi no impulso. Tu o trazes amanh? Amanh serei outra.

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    Primer esbozo de sed

    Tengo sed. Hblame de tu sed. No ves que est seca mi lengua? No quiero que bebas del agua. Mi sed est en mi voz. No vayas al papel, usa tu memoria. Necesito que me escuches. Te escucho. Slo los muertos escuchan. Y yo? T no me puedes entender. Quiero que me hables y que no bebas del agua. Hablas de mi desierto? Hablo de lo que ves. Desierto y sed. Mis labios estn secos, siento una fina tela blanca

    [en el techo de mi paladar. Hblame de eso: de tu sed de caricias, de ternura Lo dije en el poema. Me lo puedes dejar? No, quera leerte lo que escrib en el vuelo. Lo traes maana? Maana ser otra.

  • A casa

    A casa, esse lugar incerto. A meninasem lmpada, brancaa origem, arde em silncioa revelao.Toda origem branca,a composioda forma, caladaa nvoa, a rvore. A meninacalada, o que alto, o que ar. Toda origem branca, o acaso. Caladaa nvoa, cujamsica silncio, slabasdispersas.

    Mina 1004

    Arder, eu vi minha av arder.Agosto. Chihuahua, 1963. Ela ardeupor fora e por dentro, ardeu na rua Mina 1004.Vi meu pai envolv-la num lenol, o colcho ardia:as cortinas, o tapete, seu vestidoenegreceram. Ele tudo guardou.No faam rudo, sua me est cansada.Vi-o sair de luto nessa tarde de agosto com sua gravata preta.Guardou-a. Cinza e pranto ele guardou.

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    La Casa

    La casa, ese sitio incierto. La niasin lmpara, blancoel origen, arde en silenciola revelacin.Todo origen es blanco,la composicinde la forma, calladala niebla, el rbol. La niacallada, lo alto, loaire. Todo origenes blanco, el azar. Calladala niebla, cuyamsica es silencio, slabasdispersas.

    Mina 1004

    Arder, yo vi a mi abuela arder.Agosto. Chihuahua, 1963. Ella ardi,su fuera y su dentro, ardi en la calle Mina 1004.Vi a mi padre envolverla en una sbana, el colchn arda;las cortinas, la alfombra, su vestidoennegrecieron. Todo lo recogi.No hagan ruido, su madre est cansada.Lo vi salir de luto esa tarde de agosto con su corbata negra.La recogi. Ceniza y llanto recogi.

  • O fumo da av no saguo, as tiassorvendo, speros, os grumos do caf.

    Era preciso desfazer a escurido que doa,dissolver o sal, o pranto, abraar-se,sufocar o tremor da viagem, escutarPaul Anka, por exemplo, na falta de firmeza,riscar o disco de 45 rotaes por minuto.

    Por instantes vivia, por instantestudo foi prpura: a mulher, ocansao, as copas dos lamos. Depoiso vidro, o vidro no cedro,o rosto queimado pela fumaa.

    Tambm minha me ardeu. Em lgrimas, seu sorriso apagado:Ajeita-me o cabelo, me disse, deixa-me sairpara ver se a roupa j est seca.

    Tive medo. De que seus passos lentos no voltassem, da limpidezda folha, do corroer silencioso,do peso ressecado da hera, j sem muro, dafloreira na cozinha, sem flores. Tive medo desse aposento cego com sua morte.De mim mesma e do infiltrar-se do ventoque levava consigo a poeira dos sicmoros.

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    El humo de la abuela en el zagun, las tassorbiendo, speros, los grumos del caf.

    Haba que borrar lo oscuro que dola,disolver la sal, el llanto, abrazarse,sofocar el temblor del viaje, escuchara Paul Anka, por ejemplo, a falta de pulso,rayar el disco de 45 revoluciones por minuto.

    Por instantes viva, por instantestodo fue prpura: la mujer, elcansancio, las frondas de los lamos. Despusel vidrio, el vidrio en el cedro,el rostro quemado bajo el humo.

    Tambin mi madre ardi. En lgrimas su sonrisa apagada:Arrglame el pelo, me dijo, djame salira ver si ya est seca la ropa.

    Tuve miedo. De que sus pasos lentos no volvieran, de la tersurade la hoja, del sigiloso carcomer,del reseco peso de la hiedra, ya sin muro, delflorero en la cocina, sin flores. De ese cuarto ciego con su muerte tuve miedo.De m misma y el filtrarse del vientoque se llevaba el polvo de los sicomoros.

  • Tempo da gua

    Submerges teu corpo no brilhopressagiando o que a areia tem escrito para ti.

    Na dor a brisa resume o destino.

    Melhor deixar-se arrastar, a gua nunca se engana.Escutars um estranho resplendor, o incndio e seu tombar de ramos.

    Brilho cinzelado na gota, isso a eternidade,reflexo de uma esferaonde no cabe o pensamento.

    Uma fibra o universo inteiro.

    Contra o vidro de teu carro a mesma gota procuras desfazer com o parabrisaenquanto diriges para o lugar indicado.Porm o cristal guarda uma distncia, e no a alcanas.

    Trs horas e o frio no consegue arranc-la de seu lugar.Treme, permanece. Tempo da gua que a velocidade no muda.

    No mar suspensa fica.

    Como um diamante o olhar da gua imprime seu brilho na pedra. gua,gua arrebatada pela gua, gua, apenas gua.

    Aeroporto Romnia15 de julho de 2006

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    Tiempo del agua

    Sumerges tu cuerpo en el brillopresagiando lo que la arena tiene escrito para ti.

    En el dolor la brisa cifra el destino.

    Mejor dejarse arrastrar, el agua nunca se equivoca.Escuchars un extrao resplandor, el incendio y su desplome de ramas.

    Brillo cincelado en la gota, eso es la eternidad,reflejo de una esferadonde no cabe el pensamiento.

    Una brizna es el universo entero.

    Contra el vidrio de tu coche la misma gota buscas borrar con el parabrisasmientras conduces al sitio asignado.Pero el cristal guarda una distancia, y no la alcanzas.

    Tres horas y el fro no logra arrancarla de su sitio.Tiembla, permanece. Tiempo del agua que la velocidad no cambia.

    En la mar suspensa queda.

    Como un diamante la mirada del agua sella su brillo en la piedra. Agua,agua arrebatada por el agua, agua, agua sin ms.

    Aeropuerto RumaniaJulio 15 / 2006

  • Minha irm

    Passava as horas recostada no sof, elaera chuva e cascata do beiral.Aumentava o volume para no ouvir os passosfatigados no corredor.

    Ela sabia correr e encher de ar seus pulmes,afundar-se quatro metros sob a guaat obter importantes trofus de bronze.

    Alguma vez pensei quanto perigoso prender por longos minutos a respirao,cheguei a crer que ela desapareceria para sempre.Vivia a iluso do no regresso: sumir-se por debaixo do nvel,alguns centmetros mais abaixo do nvel. Ningum se sente bem exposto

    [sempre intemprie.

    Para permanecer necessria a descida.

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    Mi hermana

    Pasaba las horas recostada en el sof, ellaera lluvia y cascada del alero.Suba el volumen para no or los pasosfatigados en el pasillo.

    Ella saba correr y llenar de aire sus pulmones,hundirse cuatro metros bajo el aguahasta obtener altos trofeos de bronce.

    Alguna vez pens lo peligroso que es detener largos minutos el aliento,llegu a creer que desaparecera para siempre.Viva la ilusin del no regreso: sumirse por debajo del nivel,unos centmetros ms abajo del nivel. Nadie se siente bien a la intemperie

    [siempre.

    Para permanecer es necesario el descenso.

  • Linden 197

    O mar est s, como ns os nascidos na gua.Nele se afunda a noite sob a lua crescente sua poeira em nossos rostos.

    A primavera a estao da morte.Inscrevemos o epitfio, nossos nomes no altopara fazer crer aos desnudos cus que ao menos uma sbia palavraresvalou de nossas bocas apertadas, junto a umas quantas flores.

    Vimos para desfolhar, no para contar pulsaes.

    Enredados os cabelos,maltratados nossos corposregressam voraz melancolia.

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    Traduo de Reynaldo Valinho Alvarez

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    Linden 197

    El mar est solo, como nosotros los nacidos en el agua.En l se hunde la noche bajo la luna creciente su polvo en nuestros rostros.

    La primavera es la estacin de la muerte.Inscribimos el epitafio, en alto nuestros nombrespara hacer creer a los desnudos cielos que al menos una sabia palabraresbal de nuestras bocas angostas, junto a unas cuantas flores.

    Venimos a deshojar, no a contar latidos.

    Enredados los cabellos,maltrechos nuestros cuerposregresan a la voraz melancola.

  • Derramada luz

    Pensa tuas emoes, me dissse, faz um dilogo com os personagensinteriores que criaste ao longo da vida.

    De imediato, vi o camelo, um homem caminhava diante dele, e o sol,vi um sol

    numa paisagem de cegueira em distncia: derramada luz.Dize-me, eu lhe disse, dize-me onde esto. Encolheu-se em sua poltronae calou. O sol desfez a crista. No havia vozes. S um canto distantede minarete. O brilho do peitoril me recorda quem sou:a noite, a forma das sombras. Firmo a vista em canteiros sem gua,procuro ver tudo e o olhar alcana frgeis manchas em muros

    de adobe.Inflam-se os pulmes, h a imagem fazendo aparecer

    o interior de um bosque,secreto, vertical, seguro.

    Deserto de Chihuahua1996

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    Traduo de Reynaldo Valinho Alvarez

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    Desparramada luz

    Piensa tus emociones, me dijo, haz un dilogo con los personajesinteriores que has creado a lo largo de tu vida.

    De pronto vi el camello, un hombre caminaba delante de l, y el sol,vi un sol

    en un paisaje de ceguera en lejana: desparramada luz.Dime, le dije, dime en dnde estn. Se incorpor en su sillay call. El sol desvaneci la cresta. No haba voces. Slo un canto lejanode minarete. El brillo del alfizar me recuerda quin soy:la noche, la forma de las sombras. Fijo mi vista en arriates sin agua,busco verlo todo y la mirada alcanza frgiles manchas en muros

    de adobe.Se hinchan los pulmones, hay la imagen haciendo suceder

    el interior de un bosquesigiloso, vertical, seguro.

    Desierto de Chihuahua1996

  • A Tia Jeannete

    Ela lia a xcara de cafe dava o dinheiro para os cegos.O resplendor da janelaatravessava sua escassa cabeleiraat alcanar a demi-tasse que sua mo sustinha.

    Vejo tormenta, disse um dia.No soube se falava de mim.

    Minha me encerrava nos livros sua dor. E Jeannette,que trazia no nome sua sina, preferia a leitura do caf.

    A cada tarde em sua casa a fila de mentes desesperadas:ora uma viagem, ora a amante, ora a morte,um encontro, qualquer coisaque tornasse extraordinria sua vida simples.

    Ela, Jeannette, era a essncia imperfeita do amor,cega entre cegos velava a tormenta.

    Escreve tudo, eu lhe disse, escreve tudo o que vs.Nunca me escutou, ausente,sob o vu da lua.

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    Traduo de Reynaldo Valinho Alvarez

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    La ta Jeannette

    Ella lea la taza del cafy el dinero lo daba a los ciegos.El resplandor de la ventanaatravesaba su escasa cabellerahasta alcanzar la demi-tasse que sostena su mano.

    Veo tormenta, dijo un da.No supe si hablaba de m.

    Mi madre en los libros encerraba su dolor. Y Jeannette,que llevaba en el nombre su sino, prefera la lectura del caf.

    Tarde a tarde en su casa la fila de mentes desesperadas:que un viaje, que la amante, que la muerte,un encuentro, cualquier cosaque volviera extraordinaria su vida simple.

    Ella, Jeannette, era la esencia imperfecta del amor,ciega entre ciegos velaba la tormenta.

    Escrbelo todo, le dije, escribe todo lo que ves.Nunca me escuch, ausente,bajo el humo de la luna.

  • Eplogo

    Igua. gua sem luz sombra da luz. gua crescendo do fundo.Borbotes manam sob a ponte.Os pilares suportam a calamidade. Logo do remanso o fluirdos reflexos no rio.Falas da primeira voz, e no a escutas.O rio deixa seu rastro dolentee avana.Caminhas pela margem e observas o coro dos pssaros,o brilho dourado sobre as pedras.Paras diante do cristal.Um pequeno inseto de quartzo te recorda que existe um destino.Perguntas a data, anotas o dia no papel,sais da tenda e segues o curso do rio.

    IIPensativa, frente a um jarro de cerveja, chegam acordes de Mahler.Perto a a msica e, no entanto, se desvanece em teus ombros a histria.No, ele no chorou. A vontade tem seu limite.O ltego, a castrao do boi, o barrido do elefantee sua anca de chumbo.

    IIITomas um gole e a espumase desfaz em teus lbios.Olhar o rio sob a ponte te consola,o xido nas efgies dos reis,a corrente desbotando as pilastras de pedras trabalhadas.

    Cai o sol e mancha o ourodas telhas.

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    Traduo de Reynaldo Valinho Alvarez

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    Eplogo

    IAgua. Agua sin luz a la sombra de la luz. Agua creciendo desde el fondo.Borbotones manan bajo el puente.Las pilastras toleran la calamidad. Luego del remanso el fluirde los reflejos en el ro.Hablas de la primera voz, y no la escuchas.El ro deja su estela dolientey avanza.Caminas la orilla y observas el coro de los pjaros,el brillo dorado sobre las piedras.Te detienes frente al cristal.Un pequeo insecto de cuarzo te recuerda que existe un destino.Preguntas la fecha, anotas el da sobre el papel,sales de la tienda y sigues el curso del agua.

    IIPensativa, frente a una jarra de cerveza, llegan acordes de Mahler.Casi es la msica, y sin embargo, se desvanece en tus hombros la historia.No, l no llor. La voluntad tiene su lmite.El ltigo, la castracin del buey, el barritar del elefantey su grupa de plomo.

    IIIDas un sorbo y la espumarevienta en tus labios.Mirar el ro bajo el puente te consuela,el xido en las efigies de los reyes,la corriente deslavando las pilastras de sillar.

    Cae el sol y mancha el orode las tejas.

  • IVTu te encaminhas para o hotel e levas ainda o amargo sabor do malte.Oferecem-te florins por dlares, olhas as vitrinas repletas de antiqualhas,os cones contra a parede, os mveis de madeiras de Flandres,os entalhes inscrustados de prola.

    VAh, se apenas pudesses encher tua casa de belas coisas de outras pocas, repetiras palavras do proprietrio:Isto pertenceu ao arquiduque e seu neto...,simular uma histria que armas tal como o poeta o quebra-cabea,contar uma e outra vez o desabamento da casa queimada,o colcho ardendo, a tia cega gritando do saguo... No, ningum te acreditaria.Em poesia a histria calnia. As coisas da estirpe se calam.So outros os momentos da gua.

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    Poemas de Jeannette Lozano Clariond

    IVTe encaminas al hotel y llevas an el amargo sabor de la malta.Te ofrecen florines por dlares, miras las vitrinas repletas de antiguallas,los conos contra la pared, los muebles de maderas de Flandes,las tallas de perla incrustada.

    VAh, si slo pudieras llenar tu casa de bellas cosas de otras pocas, repetirlas palabras del propietario:Esto perteneci al archiduque y a su nieto,simular una historia que armas como el poeta el rompecabezas,contar una y otra vez el derrumbe de la casa quemada,el colchn ardiendo, la ta ciega gritando desde el zagun No, nadie te creera.En poesa la historia es calumnia. Las cosas de la estirpe se callan.Son otros los momentos del agua.

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