Revista Tai Chi Brasil - Nº 6 - Jul-Ago 2010

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Tai Chi Brasil Revista Edição nº 6 - Julho/Agosto 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br Chan Si Jin A habilidade de desenrolar a seda Chen Yingjun Mestre de Tai Chi Chuan vem ao Brasil Seminário de Tai Chi Chuan Por que fazer um? Tai Chi Estilo Dong As palavras de um mestre Estilo Chen

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Revista Tai Chi Brasil - Edição Nº 6 - Julho/agosto 2010www.RevistaTaiChiBrasil.com.brSumário6 Mestre Chen Yingjun - O conhecimento e a experiência10 Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan - A trajetória16 Galeria de fotos - Crianças e o Tai Chi18 Tai Chi Chuan - Família Yang - Forma longa tradicional estilo Yang (Parte VI)21 Tai Chi Pai Lin - O Tai Chi e a longevidade e a longevidade do Tai Chi22 Chan Si Jin - A habilidade de desenrolar a seda23 Relatos. Tai Chi Chuan Estilo Yang Tradicional. Tai Chi Chuan para uma vida longa e saudável. Tai Chi Chuan e dependência química25 Tai Chi - Estilo Lam Kam - Forma do pequeno círculo (Parte Final)26 Por que assistir a um seminário? - A opinião de quem entende28 Tai Chi Chuan - Estilo Dong - Uma entrevista com o mestre Alex Dong32 Tan Tien - O significado do campo de cinábrioSEÇÕES4 CARTAS5 EDITORIAL13 RÁDIO CORREDOR20 LIVROS

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Tai Chi BrasilRevista

Edição nº 6 - Julho/Agosto 2010 - Distribuição gratuita e dirigida www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Chan Si JinA habilidade de

desenrolar a seda

Chen YingjunMestre de Tai Chi Chuan

vem ao Brasil

Seminário de Tai Chi Chuan Por que fazer um?

Tai Chi Estilo DongAs palavras

de um mestre

EstiloChen

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Pratique Tai Chi Chuan!

Praticante:Vania Batista dos Santos

Recupera-se de cirurgia de hernia de disco através da prática do Tai Chi Chuan da Família Yang

Postura: Lou Si Ao BuDefender o Joelho

Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan

São Paulo - SP

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Revista Tai Chi Brasil

revistataichibrasil.com.brCaixa Postal 2233

Curitiba - PR - 80011-970 - Brasil

Edição nº 6 | julho/agosto | 2010

® Todos os direitos reservados

Registro nº 401.197 4° ofício de registro de documentos

editor: levis litz

na capamestre chen yingjun

colaboraram nesta edição adriano joaquim d´avila,

alex silva costa, anderson rosa, arthur dalmaso,

dorival da silva, eduardo molon, hildo honório do couto,

joão pedro sol sandi, josé roberto batalha, levis litz, ligia neves,

maria angela soci, mateus e luciana,

octávio augusto contatore, sergio villasboas

e valesca giordano litz.

agradecimentos alex dong, amandinha, beatriz,

begoña javares, camilinha, chen yingjun,

josé de paulo lara, marcio luis zaqueu,

vania batista dos santos e wang hai jun.

revisãoviviane giordano

contato | publicidade [email protected]

[email protected]

jornalista responsável diplomado levis litz - mtb 3865/15/52v pr

Sumário

Distribuição gratuita e dirigida. Todos os tex-tos e fotos aqui publicadas são colaborações voluntárias gratuitas. Não são de responsa-bilidade desta revista os artigos de opinião e também as opiniões emitidas em entrevistas e depoimentos, por não representarem, ne-cessariamente, o pensamento do editor. Por questões de espaço, objetividade e clareza, a equipe editorial reserva-se o direito de resumir os textos recebidos. Foto com pouca definição é de responsabilidade do autor. Os exempla-res impressos em papel desta publicação serão doados para bibliotecas públicas.

6 Mestre Chen Yingjun O conhecimento e a experiência

10 Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan A trajetória

16 Galeria de fotos Crianças e o Tai Chi 18 Tai Chi Chuan - Família Yang Forma longa tradicional estilo Yang (Parte VI)

21 Tai Chi Pai Lin O Tai Chi e a longevidade e a longevidade do Tai Chi 22 Chan Si Jin A habilidade de desenrolar a seda

23 Relatos . Tai Chi Chuan Estilo Yang Tradicional . Tai Chi Chuan para uma vida longa e saudável . Tai Chi Chuan e dependência química

25 Tai Chi - Estilo Lam Kam Forma do pequeno círculo (Parte Final) 26 Por que assistir a um seminário? A opinião de quem entende 28 Tai Chi Chuan - Estilo Dong Uma entrevista com o mestre Alex Dong 32 Tan Tien O significado do campo de cinábrio

SEÇÕES4 CARTAS5 EDITORIAL13 RÁDIO CORREDOR 20 LIVROS

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Cartas e Fotos de LeitoresRevista Tai Chi Brasil. Caixa Postal 2233, Curitiba - Paraná - Brasil. CEP: 80011-970. [email protected] | editor: [email protected] questões de espaço, a equipe editorial reserva-se o direito de editar mensagens, depoimentos, fotos e textos recebidos.

4 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Mestre Wang Hai Jun---------------------------------------------------------

“Quero agradecer sensibili-zada por estar recebendo a revista Tai Chi Brasil; sempre senti a neces-sidade de mais embasamento teóri-co sobre as diferentes práticas; sou da linha do Taichi Pai Lin e comecei há mais de 20 anos ainda na Igre-ja Chinesa na Santa Justina, com o salão repleto de mestres e aprendi-zes; continuei sempre seguindo os passos dos professores e do nosso mestre Pai Lin, na Pe. Machado, onde passei por tratamentos a base de chás e da massagem Tuiná, que tão bem me fizeram; o Taichi sem-pre caminhou paralelo à minha vida, dando suporte e aumentando minhas reservas de energia; tive excelentes professores e cada um me tocou de

uma forma; Marta, Tarcisio, Ernes-to, Jerusha, Lúcio e as palavras sá-bias de Pai Lin, traduzidas por sua neta ou Jerusha, ainda guardo como uma relíquia; hoje já sou instrutora e espero estar a altura destes mes-tres tão queridos; é muito bom po-der agradecer através desta revista maravilhosa e imprescindível.”

Luciana AlbaFlorianópolis, SC

“Sou praticante de Tai Chi Chuan e leitor da sua revista. Achei uma excelente iniciativa para unir os praticantes brasileiros em torno de um ideal.”

RossanoSanto André, SP Niall O`Floinn

“Parabéns pelo trabalho. Encaminho o link do Jornal de nos-sa academia: “Folha Peng Lai” que está disponível para download no link: www.penglai.com.br/folha. Estamos com o nosso site novo no ar e também farei a divulgação da Revista Tai Chi. Também dedica-mos um artigo sobre Tai Chi Chuan. Queremos junto a vocês que a arte cresça ainda mais no Brasil.”

Shifu Élen NatisSão Paulo, SP

“Escrevo para dizer que recebi a Revista Tai Chi Brasil. Muito obrigada! Dei uma olhada rápida pela manhã, mas já li todo o artigo do Anderson. Ficou mui-to bom! Ele escreve muito bem. As edições ficaram lindas! Estou pensando em fazer uma cópia sim-ples em casa, para manusear dia-riamente, e outra bem bacana para guardar e mostrar aos amigos (e, talvez, futuros praticantes).”

Maria CelesteCuritiba, PR

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Editorial Fique informado, aproveite o melhor Os praticantes de Tai Chi Chuan, em sua grande maioria, têm um discernimento de que a aprendizagem dessa arte nunca vai se expirar; é inesgotável. São experiências individuais aglutinadas, deta-lhes a serem incorporados que corroboram esse sentimento. Que bom que é assim! Imaginemos como seria enfadonho, após um ou dois anos de prática de Tai Chi, percebermos que não ha-veria mais nada a aprender? Entretanto há um pensamento não raro de que, quando se fez um curso, workshop ou seminário, com o certifi-cado em mãos, já se sabe aquilo e ponto final. Por vezes, confunde-se frequência com a assimilação empírica do conhecimento – a vivência. Quando se fala em aprender o Tai Chi, muitos nem pensam nas implicações de uma forma ampla – que envolvem esforços de um grupo ou de uma escola para trazer um mestre ou alguém altamente qualificado – e nem no entendimento restrito – que envolve o indiví-duo em seu aproveitamento máximo da presença de um mestre. As-sim, faz-se vir à tona alguns questionamentos: por que ir a um semi-nário, se já se sabe o encadeamento? Ou devo ainda treinar por algum tempo somente com o meu professor? Para nos ajudar a compreender um pouco esses “dilemas”, esta edição conta com um texto que expõe alguns motivos da importância de se participar de um seminário. Na onda desses seminários de Tai Chi que, afortunadamente, afloram em todo o Brasil, apresentamos também nesta edição um pouco das trajetórias e peculiaridades de mestres de Tai Chi, por isso, deleite-se, leia as páginas seguintes, há muitas dicas, e, na me-dida do possível, coloque-as em prática, pois há 3 segredos seculares que foram passados, de boca a ouvido, de mestres a sérios aprendi-zes, para melhorar e muito a nossa vivência no Tai Chi: 1º praticar, 2º praticar mais e 3º praticar mais ainda e praticar bem. Sete dias por semana, com certeza absoluta, não faria mal a ninguém. Uma ótima prática a todos! E um abraço de toda a Equipe!

Levis Litz O editor

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Campinas, São Paulo

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

Av. Oscar Pedroso Orta, 222. Barão Geraldo.-------------------------------------------

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Biblioteca Pública do ParanáRua Cândido Lopes, 133. Centro.

Academia ParamittaAv. Visc do Rio Branco, 84. Mercês.

Colégio Estadual do ParanáRua João Gualberto, 250. Alto da Glória.

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NutribioformaR. Jaime Balão,1150. Casa 1. Hugo Lange.

SESC Paraná – Unidade Água VerdeAv. República Argentina, 944. Água Verde.-------------------------------------------

Ribeirão Preto, São Paulo

Equilibrius - Centro de Tai Chi Chuan, Acupuntura e Cultura Oriental

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Espaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan)Av. Pe. Antonio José dos Santos, 1371.

Brooklin Novo.

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Academia Budô KanRua Benjamin Monteiro, nº 64. Centro.

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... se sua biblioteca tem um exemplar impresso da Revista Tai Chi Brasil.

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Revista Tai Chi Brasil - RTCB . website: www.RevistaTaiChiBrasil.com.br . e-mail e msn: [email protected] . orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=92660461

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Mestre Chen Yingjun “Conheci Chen Yingjun em Maio de 2001, quando viajei

pela primeira vez para Sydney para aprender com ele. Fiquei hospedado na casa de seu pai, o Grão-Mestre Chen Xiaowang, que, muito gentilmente, pediu-lhe que me ensinasse. O pedido do Grão-

Mestre foi necessário porque Chen Yingjun cumpre diariamente uma rotina exaustiva de treinamento e abrir mão de seu tempo para treinar alguém é, na verdade, um gesto de grande generosidade, se

considerarmos que a sua meta é chegar a equiparar-se aos seus antepassados e, assim, continuar transmitindo

a arte criada por Chen Wangting para as gerações futuras.

Yingjun Chen34 anos de idadeNatural de Wen Xian

Condado de WenProvíncia de Henan

ChinaVive em SydneyAustrália

Quando então comecei a aprender, pude perceber que Chen Yingjun era um professor muito mais talentoso do que eu poderia imaginar. Com isto não quero dizer que eu achei sua técnica muito aprimorada ou algo parecido: como poderia eu julgar a qualidade técnica de um herdeiro da 20ª Geração da Família Chen? Seu talento não reside apenas na técnica e na força,

mas em como ele consegue transmitir com transparência e simplicidade o ensinamento, em quanto se dedica ao aluno durante a aula, em como se preocupa com o aprendizado

deste a longo prazo e na sua paciência aparentemente infinita. O hexagrama 61 do I Ching chama-se Chung Fu e, na tradução de Wilhem, há uma passagem dele que diz, quando um sentimento é expresso com sinceridade e pureza, quando um

ato é uma manifestação clara do que se sente e se pensa, exercem uma influência misteriosa que se propaga mesmo à distância. Esta é a imagem que tenho de Chen Yingjun, um mestre

que ensina pelo exemplo da sua disciplina, humildade, generosidade e perseverança. Tendo tido a sorte de conviver durante bastante tempo com ele e com sua família,

ouvi muitas instruções inesquecíveis sobre princípios e dedicação, mas uma das que creio que retrata mais fielmente o seu caráter é:

Aqueles que aprenderam foram os que treinaram nos tempos bons e que continuaram treinando nos tempos difíceis”.

Eduardo Molon

Revista Tai Chi Brasil - Mestre Yingjun, com que idade o senhor começou a praticar Taijiquan e como foi seu treinamento? Como pratica atualmente?Mestre Yingjun - Eu comecei a praticar quando era muito jovem, com uns 8 anos de idade. Eu praticava todos os dias depois da escola e nos feriados escolares. Atualmente eu pratico 6 horas por dias, todos os dias.

Como a filosofia do Taijiquan influencia em sua vida?O Taijiquan é a minha vida, ou pode-se dizer que é o meu modo de vida. Taiji trata-se de equilíbrio, tanto mental quanto físico. Mentalmente o Taiji me confere uma

maneira equilibrada de encarar a vida - por exemplo, não desejar coisas materiais em excesso, mas ter a disponibilidade mental de olhar mais profundamente para o meu Taiji e tentar melhorá-lo. Dessa forma a mente tem a oportunidade de ser feliz e aproveitar mais a vida, em vez de estar sempre perseguindo o desejo de um carro melhor ou um relógio mais caro. Fisicamente o Taiji faz meu corpo ser mais forte e dá-me confiança para encarar o mundo.

Já praticou outra arte marcial, além de Taijiquan?Não, nunca.

Entrevista

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Houve alguma ocasião em que o senhor tenha precisado usar o Taijiquan para defesa pessoal?Sim, eu precisei usar algumas vezes. Uma delas foi uma luta com um homem chinês, que simplesmente queria testar se eu era bom ou não. Ele veio ao local onde eu estava ensinando e perguntou se nós poderíamos lutar. Eu disse que sim, então evitei alguns ataques dele, socos e chutes. Então eu ataquei, dei três socos e o terceiro eu parei logo antes do nariz dele. Desferi então alguns chutes e o último eu parei logo antes do

peito dele. Ele ficou convencido de que o Taijiquan é bom, e então quis aprender comigo.

Por que alguém deveria escolher praticar Taijiquan em especial?As pessoas devem escolher o Taijiquan porque é uma arte marcial baseada na saúde. Basicamente, o Taijiquan tenta cuidar primeiro do seu corpo e fazer com que ele fique forte, e então você poderia lutar com este corpo mais forte. O corpo pode ficar muito forte,

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mas não agressivo em excesso porque o Taiji também dá ao praticante uma visão equilibrada da vida.

Como o senhor equilibra sua prática com sua vida familiar?O Taijiquan não interfere com a minha vida familiar, eu faço minha prática e então fico com a minha família.

O senhor já viu alguma situação curiosa ou engraçada envolvendo o Taijiquan?Sim, quando eu vejo 9 pessoas tentando empurrar meu pai e elas não conseguem, eu acho bem engraçado.

Qual é a principal qualidade que um praticante de Taijiquan deve desenvolver?Qualquer um que pratique um bom Taijiquan terá um corpo forte, boa saúde e equilíbrio mental.

Quais são os mestres que o senhor mais admira?Meu bisavô Chen Fake, meu avô Chen Zhaoxu e meu pai Chen Xiaowang.

Algumas pessoas presumem que o Taijiquan é uma

atividade apenas para idosos. É correto isso?As pessoas formam suas opiniões com base no que elas veem e poucas pessoas viram o Taijiquan real até hoje. Todos os membros da minha família começaram a treinar muito novos, por exemplo, eu iniciei com 2 anos e comecei a treinar rotineiramente com 8 anos.

Na sua opinião, qual o real objetivo de praticar a arte do Taijiquan atualmente?Eu acho que atualmente muitas pessoas desejam coisas materiais em excesso e aparência. Elas deveriam olhar para o seu interior para terem uma vida equilibrada, então a felicidade verdadeira é uma consequência natural. Eu realmente acredito que nós deveríamos usar menos coisas materiais, produzir menos poluição e estar mais em equilíbrio com a natureza. Eu acho que nós estamos destruindo a Terra porque nossas vidas não estão em equilíbrio com a natureza.

O Taijiquan é busca e a percepção do equílibrio?Eu já falei bastante sobre equilíbrio, para mim existe uma medida que é o suficiente. Eu poderei sustentar minha família, então eu tentarei melhorar meu próprio Taiji,

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porque segundo a nossa teoria o Taijiquan é infinito, não tem fim, é um caminho de melhora perpétua. Ou, se eu ganhar muito dinheiro, poderei usar o dinheiro para ajudar os menos afortunados.

Qual é a importância de aprender Taijiquan, presencialmente, com um bom professor?É muito importante ter um bom professor no início, para que ele mostre o caminho correto, até que o aluno saiba algumas coisas básicas e então possa praticar por conta própria. Se alguém for pelo caminho errado, nunca chegará ao seu destino.

Que método de ensino o senhor usa nas suas aulas regulares?Nós fazemos um pouco de alongamento, uns 10 minutos, e zhanzhuang em pé por 20 minutos. Então praticamos chansigong, formas e fazemos as correções.

O senhor pratica ou ensina o Taijiquan como uma arte marcial?Sim, como o Taijiquan foi criado como uma arte marcial há aproximadamente 400 anos pelos meus ancestrais, eu gostaria de seguir a tradição e ensinar as pessoas a se defenderem.

Depois de quanto tempo de prática é possível observar algum desenvolvimento nos alunos?

Não é há quanto tempo você faz que importa, mas sim o quanto você praticou e se você seguiu as instruções. Pode ser alguns meses, ou um par de anos.

É necessário que o professor monitore constan-temente o desenvolvimento dos seus alunos?Um aluno não precisa de um professor junto dele o tempo todo, o caminho correto é que deve ser apontado. Nós temos muitos professores locais para cuidar dos alunos e nós viajamos para ensinar as habilidades mais profundas.

Que conselho o senhor daria àqueles que estão começando a praticar?Taijiquan é a melhor coisa para o seu corpo do ponto de vista da saúde e vale cada minuto do seu tempo, porque o retorno é tão abundante: boa saúde, um corpo forte, mente equilibrada. O que mais se pode desejar na vida?

O senhor gostaria de enviar uma mensagem aos leitores da Revista Tai Chi Brasil?Eu tenho praticado Taijiquan por toda minha vida, por cerca de 26 anos, e eu mal posso acreditar como é bom. Eu recebi muitas coisas boas do Taijiquan: corpo forte, saúde boa, capacidade de defender-me e à minha família, tenho uma vida equilibrada e feliz. Eu gostaria de dizer: se você deseja tudo isto, junte-se ao caminho do Taijiquan da Família Chen!

Créditos. As fotografias desta matéria foram cedidas gentilmente pelo Mestre Chen Yingjun. A Introdução foi um depoimento de Eduardo Molon. Elaboração das perguntas em inglês: Levis Litz. Editor da RTCB. Tradução das respostas para o idioma português brasileiro: Eduardo Molon Eduardo Molon é Secretário-Geral da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil - Seção Bahia - http://taijiquan.pro.br

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A Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental estabelecida com este nome foi fundada em 1987, mas, antes disso, nós tínhamos o Centro de Estudos do Movimento. Este local, que ficou conhecido como a academia da Rua Augusta, foi fundada em 1980 pelo Prof. Roque e eu. Desde o início nós trabalhávamos para a difusão do Estilo Yang de Tai Chi Chuan. O Prof. Roque havia aprendido uma forma antiga do estilo com seu Mestre na Argentina, Ma Tsun Kuen, discípulo de Yang Chengfu. Quando veio da Argentina ele trouxe para São Paulo este conhecimento e começou a difundir e ensinar a arte do Tai Chi Chuan Yang. Em 1978 ele deu início aos cursos de formação para instrutores, eu fiz parte da primeira turma naquele ano. O estabelecimento deste curso de formação acabou exigindo a necessidade de formalizar a instituição relacionada à difusão da arte e decidimos assim modificar o nome da escola para Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan. Isto ocorreu em 1987. Em 1990 iniciou-se o nosso contato com a Família Yang, quando nós recebemos um comunicado que o Mestre Yang Zhenduo, o 4º detentor do estilo da Família, estaria nos EUA oferecendo um seminário. O Prof. Roque foi até lá e participou deste seminário trazendo para o Brasil as modificações necessárias a serem feitas dentro da estrutura da forma que estava sendo ensinada aqui. Desde aí passaram-se oito anos do nosso desenvolvimento e durante este tempo fizemos algumas tentativas de trazer o Mestre Yang Zhenduo para o Brasil. As dificuldades econômicas do nosso país naquela época não permitiram este intento. Finalmente, em 1998, pudemos retomar nosso relacionamento com o Mestre Yang Zhenduo,

quando tive a oportunidade de ir à China no mesmo ano por duas vezes e lá fazer um treinamento particular com ele, recebendo as instruções e as correções da forma de acordo com as técnicas exigidas pela Família Yang. Naquele momento nós estabelecemos um vínculo de discipulado, no sentido de que minha missão aqui no Brasil seria difundir o estilo de acordo com os ensinamentos que eu recebi diretamente do Mestre Yang Zhenduo na China e o compromisso de ampliar o trabalho no Brasil e na América latina. Em 1999 houve a primeira visita do Mestre Yang Zhenduo ao nosso país, justamente para firmar este vínculo e para que ele conhecesse o nosso trabalho que havia começado em 1978, observar o que estávamos fazendo e, ao mesmo

tempo, motivar os nossos alunos para que junto conosco aderissem ao estilo da Família Yang. Este encontro foi muito importante e o Mestre ficou encantado e feliz ao perceber o trabalho que estávamos desenvolvendo aqui já há tanto tempo em nome da Família Yang. A partir daí, anualmente, nós desenvolvemos seminários. O Mestre Yang Zhenduo veio duas vezes ao Brasil, 1999 e 2001, e, desde 2002, todos os anos o próprio Mestre Yang Jun, a 5ª

Geração, vem dar estes seminários com o objetivo de observar nosso trabalho, fiscalizar a qualidade técnica das instruções que oferecemos, avalizar nossos instrutores, incrementar com novos ensinamentos no aspecto teórico e no aspecto técnico, para que o estilo com todas estas características não seja perdido em hipótese alguma. O estabelecimento do vínculo com o Mestre Yang Zhenduo e a Família Yang foi um movimento radical da nossa parte porque nós já praticávamos aquela forma

TrajetóriaSociedade Brasileira

de Tai Chi ChuanPor Maria Ângela SociRepresentante da Família Yang para o Brasil e América Latina Diretora da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuanhttp://www.sbtcc.org.br - Fotos: Acervo/SBTCC

“queríamos era ter a orientação de um mestre

vivo de uma linhagem, para termos verdadeiras

condições de manter o conhecimento original

e compartilhá-lo com os brasileiros”

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anterior há muitos anos. De qualquer maneira, para nós foi uma escolha consciente porque o que queríamos era ter a orientação de um mestre vivo de uma linhagem, para termos verdadeiras condições de manter o conhecimento original e compartilhá-lo com os brasileiros, sob a orientação de nosso mestre. A maioria dos nossos alunos e instrutores permanece-ram conosco aderin-do às transformações que foram propostas, reconhecendo a impor-tância de termos um mestre vivo de uma linhagem verdadeira acompanhando o nosso desenvolvimento dentro da arte, isto é extremamente importante que aconteça para qualquer praticante de Tai Chi. Também em 1999, o Mestre Yang Jun mudou-se da China para os EUA e lá desenvolveu a Associação Internacional do Estilo Yang. Eu fiz parte deste primeiro encontro em Seattle, fundando junto com outros diretores esta Associação. Neste momento a SBTCC incorpora ao seu estatuto o Centro Yang Chengfu de difusão do Tai Chi da Família Yang, e assim nós nos tornamos formalmente representantes da Família no Brasil e América Latina. Dentro da nossa escola incluímos outros cursos relacionados com o I Ching, palestras, conferências, cursos de Chi Kung, e isto faz com que a SBTCC tenha uma amplitude cultural, e o Centro Yang Chengfu é aquilo que nos conecta diretamente à Família Yang. Formalmente a SBTCC existe desde 1987, mas nós poderíamos nos remeter a 1978 ou 1980, quando estabelecemos um espaço para a prática do Tai Chi Chuan da Família Yang. Nestes 30 anos muita coisa mudou e esta foi uma mudança muito bonita, porque fomos passando por um processo de desenvolvimento. Inclusive uma grande evolução na própria sociedade mundial, quando a China se abre para o mundo a partir dos anos noventa e começa a haver uma curiosidade maior sobre a Cultura Chinesa com o implemento da acupuntura na medicina, o entendimento das

energias, uma abertura no vocabulário científico, uma compreensão da necessidade de ampliar o conhecimento e abrir os olhos para o que o oriente estava oferecendo. Esta mudança foi gradativa e fez com que pessoas que já tinham uma procura diferenciada começassem a estudar uma arte chinesa deliberadamente como um processo de desenvolvimento completo. Hoje, além dos alunos que procuram a prática do Tai Chi Chuan para melhorar a sua saúde, temos uma razoável quantidade de pessoas que vêm prontos para serem formados como instrutores porque não tem apenas uma pequena base técnica, mas procuram a arte sabendo dos seus benefícios à saúde física, emocional e compreendendo isto como um caminho, uma abertura de trabalho e até como um campo para o desenvolvimento profissional. Muitas pessoas vêm a nossa escola para receber a instrução específica, com a aspiração e o desejo de serem representantes do estilo da Família Yang em sua cidade ou mesmo aqui em são Paulo, e isto reafirma nossa escola como referência para a formação de novos profissionais no mercado. Nossa atuação como entidade formadora de instrutores fez com que a própria Associação Internacional abrisse os olhos para o trabalho que estamos desenvolvendo aqui no Brasil. No ano de 2008, em sua visita anual ao Brasil, o Mestre Yang Jun tomou contato com nossos instrutores formados e em formação. Hoje nosso

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quadro abrange aproximadamente 150 pessoas de São Paulo, interior e outros estados. Naquela ocasião, muito surpreso com a quantidade de interessados em divulgar o Tai Chi Chuan da Família Yang que o Brasil possui, Mestre Yang Jun nos confessou que estamos realizando um sonho antigo que ele tem: fundar uma espécie de Faculdade sem paredes, dando ao curso de formação de Tai Chi característica de gradua-ção superior. Naquele momento ele me convidou a partilhar em nossa reunião de diretores bienal, que acontece em Seattle, a meto-dologia que desenvolvemos aqui no Brasil para formação de nossos instrutores. Com base nisso e a colaboração de nossos colegas dos centros da Itália e do Canadá, formamos uma comissão para estabelecer o curso oficial de formação de instrutores da Família Yang, que vai funcionar num modelo internacional. Ou seja, o praticante de Tai Chi que tenha interesse em

se profissionalizar nas técnicas pode estudar em algum centro e também pode viajar a outros locais e receber instruções de professores estrangeiros, cumprir créditos universitários e ter uma graduação universitária no Tai Chi Chuan.

Desta forma, considero que o trabalho da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan está atingindo o seu propósito maior na difusão do Tai Chi Chuan da Família Yang, que se sustenta na manutenção da alta qualidade dos ensinamentos transmitidos por nossos mestres. Ao longo de todos estes anos posso afirmar que mais de mil pessoas passaram por nossas salas de aula e de alguma forma beberam de um conhecimento fundamentado nas tradições

superiores da cultura chinesa. Quero deixar aqui nosso convite pessoal para que todos os praticantes interessados e simpatizantes venham conhecer o Tai Chi Chuan da Família Yang.

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Rádio Corredor I Tai Chi nos

Parques e PraçasCuritiba, PR

Aconteceu no dia 5 de junho deste ano a aula inaugural do projeto “Curitiba: Tai Chi nos Parques e Praças”. Estiveram presentes professores e praticantes de Tai Chi, em destaque o professor de Tai Chi Chuan, Alex Santos da cidade de Santos, SP. O objetivo do projeto é levar para a comunidade a prática gratuita aos finais de semana. Essa iniciativa é da Associação Internacional de Praticantes de Tai Chi Chuan (AIPT) e conta com a participação de muitos professores de Tai Chi Chuan de Curitiba e o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. A coordenação deste projeto é composta pelos professores de Tai Chi Chuan Bruno Davanzo, Péricles Z. Abrahão e Levis Litz. Para obter detalhes sobre o projeto basta visitar a página da AIPT na internet - www.aipt.org.br

Mestre Yang Jun no Brasil São Paulo, SP

A Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e o Yang Chengfu Tai Chi Chuan Center São Paulo irão realizar o 11° Seminário Internacional de Tai Chi Chuan com o Mestre Yang Jun, descendente direto do criador do Estilo da Família Yang, Mestre Yang Lu Chan. Data: de 28 de Outubro a 03 de Novembro de 2010. Local: SESC Pompeia. São Paulo, SP. Haverá também uma programação gratuita que acontecerá paralela ao Seminário. Maiores informações em www.sbtcc.org.br.

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Grão-Mestre Chen Xiaowang

na ArgentinaRio de Janeiro, RJ

No ano passado praticantes de vários países, inclusive do Brasil,

tiveram a oportunidade de fazer as formas antigas tradicionais do Tai Chi Chuan Estilo Chen: Lao Jia Yi Lu e Lao Jia Er Lu (Pao Chui) com o Grão-Mestre Chen Xiaowang. Este ano, o evento se realizará entre 13 e 17 de outubro em Bariloche, Argentina, com práticas das formas: Xin Jia e Tai Chi com Sabre do Estilo Chen. Maiores informações: www.chenxiaowangbrasil.com.br.

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Torneio e Confraternização

Curitiba, PR

Em setembro, dia 26, domingo, próximo ao ínício da primavera, acontecerá o 2º Torneio de Confraternização de Tai Chi Chuan. Realização: AIPT e SESC Paraná - Unidade Água Verde. Informações: aipt.brasil@gmail. Serão sorteados entre os presentes: . 10 exemplares da obra “O Pequeno Livro do Tao”, de Jerusha Chang, cortesia da OP Livros (http://oplivros.com.br), de São Paulo, SP; . um exemplar do livro “Tai Chi Chuan - Saúde e Equilíbrio”;

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14 www.RevistaTaiChiBrasil.com.br

Rádio Corredor II . um exemplar do livro “Pa Tuan Chin”, estes dois são cortesias do autor Fernando De Lazzari, da Equilibrius (www.taichichuan.com.br), de Ribeirão Preto, SP; . um voucher-rafting para uma pessoa com acompanhante fazer um rafting no Rio Ribeira em Cerro Azul, Paraná, cortesia da Praia Secreta Expedições (www.praiasecreta.com.br);. exemplares em papel da Revista Tai Chi Brasil; . camisetas da Associação Interna-cional de Praticantes de Tai Chi Chuan (AIPT);. camisetas da Academia Paramitta; . e muitos outros brindes. Contato: [email protected]

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4º. Campeonato Internacional

de Tai Chi do Estilo Tradicional Yang na China em 2012

São Paulo, SP

Um grupo de praticantes de Tai Chi Chuan do Estilo Tradicional Yang, em 2007, participou do Campeonato Internacional de Tai Chi do Estilo Tradicional Yang. Aquela foi uma ótima oportunidade para os brasileiros também conhecerem Pequim e outros pontos interessantes da China. O próximo evento, o 4º. Campeonato Internacional de Tai Chi do Estilo Tradicional Yang, deve acontecer em 2012. A dica do professor de Tai

Chi, Arthur Dalmaso, é começar a economizar um pouquinho de reais desde agora para a viagem, pois as compras na China são tentadoras. Fique por dentro acompanhando o Boletim Informativo Espaço Bem-Estar: www.taichichuanyang.org.

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Dia do Desafio e de 3º Ano do Grupo de Práticas Corporais

da M.T.C.São Paulo, SP

O grande desafio no ensino de Tai Chi Chuan, Liang Gong, Tai Ji Qi Gong, Dao Yin Bao Jian Gong e muitos outros exercícios da M.T.C. para um grupo misto onde se deve ter preocupação especial com os participantes da melhor idade que já possuem alguma patologia instalada em seu corpo. Ensino hoje para um grupo misto entre 14 e 88 anos. A dedicação maior, por incrível que pareça, é das pessoas mais idosas que sentem logo no início os benefícios dessas artes. São os depoimentos que, geralmente feitos de forma espontânea, me fazem refletir que é impossível aplicar todos os fundamentos, todas as bases e filosofia das artes marciais. São pessoas que nem sempre tiveram acesso à cultura e/ou educação e têm uma dificuldade na compreensão de palavras ou teorias, o que faz com que eu desenvolva uma linguagem simples na tentativa de me fazer entender. As aberturas, os alongamentos, a respiração, todos, ou quase todos os sentidos, já estão

comprometidos de alguma forma, o equilíbrio não existe, bronquite, asma, artrite, artrose, osteoporose, diabetes, hipertensão, hipotensão, cardíacos, que são as patologias crônicas. Num grupo misto, a meu ver, o mais importante são os benefícios à saúde dos praticantes do que a prática impecável e muitas vezes esteticamente agradável aos olhos. O esforço aplicado por um idoso é muito maior do que o de um jovem, pois é muito mais pesado, desgastante e cansativo. Muitas vezes vemos o idoso esforçando-se ao máximo, pois ele sabe que daquilo depende sua saúde e a aquisição dos benefícios. Procuro sempre corrigir, mas levando em consideração os limites de cada um, pois o simples fato de um idoso estar se movimentando, saindo de casa de manhã para se dedicar a um esporte já é um lucro enorme para a saúde do mesmo. O desafio maior ainda é marcar um evento e conseguir levar apenas 20% dos participantes. Desinteresse? Não! Final de semana, sábado, domingo é o dia da família, os filhos, noras, genros e netos vão todos para as casas dos pais e avós na visita semanal. Vários comentários do tipo: ”Eu adoraria, mas meus filhos virão no sábado/domingo.” Então para mim o desafio, além de ensinar, é conseguir com que esse percentual de 20% seja tão importante quanto os 100%, pois sei que todos gostariam de estar participando, mas a obrigação, a devoção, a dedicação aos dependentes é muito mais forte, principalmente para um público 99% feminino. Este, para mim, é o verdadeiro desafio e ouvir depoimentos do tipo: “Eu estava deprimida antes de fazer

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monitores auxiliares seus diri-gem as atividades voluntariamente e por se sentirem bem. Temos frequentadores desde crianças até pessoas de mais de 90 anos. Desde pessoas humildes, como balconistas e cabeleireiros, até diplomatas, políticos, empresários e ministros de tribunais de justiça. Temos também pessoas de diversas nacionalidades. Há frequentadores com mal de Parkinson e de Alzheimer. Para maiores informações, pode-se consultar o site: www.phu.org.br

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Seminário Internacional com Niall O`Floinn

Curitiba, PR

Em março deste ano esteve em Curitiba o professor irlandês Niall O’Floinn. O organizador Bruno Davanzo disse que o evento foi um sucesso tão expressivo que o professor O`Floinn irá novamente a Curitiba para ministrar mais quatro seminários em agosto. “Quando professor Niall esteve aqui em março, fomos agraciados com conhecimento técnico de alto nível, uma didática aprimorada e um cuidado e atenção

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Rádio Corredor III

Foto

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SESC Água VerdeCuritiba - Paraná

3 TURMASÀs 2ªs, 4ªs e 6ªs: das 08h às 09h

Às 3ªs e 5ªs: das 18h20 às 19h20

Às 5ªs: das 16h30 às 18h

as aulas, agora nem remédio tomo mais.” “Não sinto mais dores nas costas, joelhos, braços” etc. [Por José Roberto Batalha - [email protected]]

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Tai Chi na Praça da Harmonia Universal

Brasília, DF

Por Hildo Honório do Couto --------------------------------- Desde 1974 o Dr. Moo Shong Woo vem praticando e ensinando tai chi chuan na EQN 104/105, em Brasília. Esse local passou a ser conhecido como Praça da Harmonia Universal (PHU). Em 16 de janeiro de 2007, a PHU foi declarada patrimônio cultural imaterial de Brasília, pela Lei Distrital número 3.951. Atualmente, existem três horários de prática diária: das 6h às 7h, das 07h30min às 8h30min (exceto domingos) e das 19h às 20h, às segundas, quartas e sextas. Além disso, temos tai chi infantil aos sábados, 9h. Há também práticas com espada, bastão, leque, pa kua (bagua) e outras. Tanto o mestre quanto os cerca de 30

a cada aluno que cativou a todos. Fomos surpreendidos pela sua forma de ensinar, que conseguiu tornar proveitoso cada momento dos seminários. Assim, teremos um fim de semana dedicado aos exercícios do Desenrolar o Fio de Seda, que nos ajuda a desbloquear nossas articulações e o fluir do chi através do corpo, servindo como uma base para o aprendizado do Tai Chi.

Além disso, teremos um seminário para iniciantes nos 18 movimentos do estilo Chen e 2 seminários para aqueles que querem se aperfeiçoar na prática.”, diz Davanzo, que concede descontos para inscrições antecipadas. Informações: [email protected]

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FOTOS Nº 1, 2 e 3

“As fotos de crianças praticando Tai Chi foram tiradas nos eventos do Dia Mundial do Tai Chi e Chi Kung, em Niterói. Uma em 2005, outra em 2008 e a outra em 2009. O estilo é o Yang. As meninas (lourinhas) são alunas da Professora Begoña, de Petrópolis, RJ.

Galeria de Fotos I Crianças e o Tai Chi

FOTO Nº 1

FOTO Nº 3

A chinesinha é da Professora Chang, de Niterói, RJ. As duas moreninhas na foto nº 3, uma de blusa branca e outra de “macaquinho” jeans, são minhas alunas.”

Sergio VillasboasNiterói, RJ

TAOCHIA - Grupo de Terapias e Artes Orientais - www.taochia.pro.br

Fotos: Acervo/Sergio Villasboas

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Galeria de Fotos II

Ao lado, três meninas: “a de roxo é a Beatriz, a de vermelho é a Camilinha e a de branco é a Amandinha.

Esta é uma das inovações do Diretor Geral de Tai Chi Chuan da Confederação Brasileira de Kung Fu

Wushu o Sr. Prof. Paulo Sakanaka , que todos os professores e instrutores motivem as crianças a

desenvolverem o Tai Chi como garantia do futuro.”Marcio Luiz Zaqueu

São Sebastião do Paraíso, [email protected]

FOTO Nº 2

Na foto ao lado, João Pedro Sol Sandi, natural de Caxias do Sul, RS.Aluno do professor Levis Litz.

Fotos: Acervo/LL

Fotos: Acervo/Marcio L.Zaqueu

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o quadril para a esquerda, até que sua mão direita chegue na diagonal esquerda, circulando ao mesmo tempo o braço esquerdo, protegendo o centro do peito. O cotovelo direito vai coincidir com o joelho direito neste momento. Feche o quadril para a direita, levando o braço esquerdo a frente do direito, formando um “X”, com os antebraços encostados. Empurre todo o peso para a perna direita, suba o joelho esquerdo, olhe para a diagonal esquerda e chute com a ponta de seu pé esquerdo, ao mesmo tempo abra seus braços, palmas na altura dos ombros, cotovelos baixos, braço esquerdo na direção da perna esquerda e braço direito na sua diagonal.

44 – Chuan Shen Tso Tun Tuei – Girar o corpo e chutar com calcanhar esquerdo. Do movimento anterior, dobre o joelho da perna esquerda, feche seu quadril na direção da diagonal direita, estenda novamente a perna esquerda, pé esquerdo ponta para a frente, deixe seus braços arredondarem em direção à diagonal direita, altura de ombros, preparando-se para o giro. Dê um impulso para a esquerda com o quadril girando no calcanhar direito até que o pé esteja num ângulo de 45º, atrás de sua posição original, ou seja seu tronco deve efetuar um giro de 180º, ao mesmo tempo seus braços cruzam a sua frente em “X”, com o esquerdo por fora, erga seu joelho esquerdo até a altura da cintura e chute com o seu calcanhar, dedos dos pés apontados para cima, abrindo os braços como nos movimentos anteriores, esquerdo seguindo a direção do chute e direito na sua diagonal.

45 – Tsou Lou Xi Ao Bu – Defender o joelho à esquerda e empurrar. Do movimento anterior comece movendo o braço direito, circulando pelo cotovelo à sua frente até que ele passe pelo antebraço esquerdo, palma para baixo, comece então a girar o braço esquerdo para a direita e ao mesmo tempo vá descendo na perna direita, abrindo um passo arco com a esquerda continue levando o braço direito para a diagonal direita e o braço esquerdo a sua frente

Tai Chi Chuan - Família Yang Forma Longa Tradicional Estilo Yang

(Parte VI)Arthur DalmasoProfessor de Tai Chi Chuan - Estilo Tradicional da Família YangEspaço Bem Estar (Yoga e Tai Chi Chuan) - São Paulo, SP. www.taichichuanyang.org

41 – Kao Ta Ma | Patada do Cavalo. Do movimento anterior, recue em parte o peso para a perna direita, abra a mão direita, palma para baixo, cotovelo baixo, ao mesmo tempo gire a palma da mão esquerda para cima. Continue a empurrar o peso para trás até o limite, dobrando ao mesmo tempo o cotovelo direito até que sua mão se posicione na frente de seu ombro, palma para baixo, abrindo o quadril, gire então seu quadril para a esquerda, estendendo o braço direito na altura da garganta, arredondado à frente e trazendo o esquerdo, palma para cima, na altura da cintura apoiando então a ponta do pé esquerdo no chão, num passo cheio e vazio.

42 – You Fun Jiao – Chutar com a ponta do pé, separando à direita. Da postura anterior gire seu quadril para a direita, até que seu braço esquerdo chegue na diagonal direita, alongado, palma para cima, ao mesmo tempo circule seu braço direito, protegendo o centro do peito. O pé esquerdo, abre um passo arco num ângulo menor que 45º, gire então o quadril para a esquerda, fechando o braço direito na frente do esquerdo, formando um “X”, com os antebraços encostados, olhe para a diagonal esquerda. Empurre todo o peso para a perna esquerda, suba o joelho direito, altura da cintura, olhe para a diagonal direita e chute com a ponta de seu pé direito, ao mesmo tempo abra seus braços, palmas na altura dos ombros, cotovelos e ombros baixos, braço direito na direção da perna direita e braço esquerdo na diagonal esquerda, dando equilíbrio para seu corpo durante o chute.

43 – Tsuo Fun Jiao – Chutar com a ponta do pé, separando à esquerda. Do movimento anterior, enquanto dobra o joelho direito após o chute, mantendo-o ainda na altura da cintura, dobre o braço esquerdo trazendo a mão até a lateral de seu rosto, palma para baixo, ao mesmo tempo gire a palma da mão direita para cima, altura de ombro. Desça então na perna esquerda e ponha o pé direito em arco num ângulo menor do que 45º a sua frente, vá girando

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arredondado. Gire o quadril para a esquerda levando a mão esquerda na direção do joelho esquerdo, palma para baixo e a mão direita vem próxima do seu ombro direito, palma à frente, cotovelo baixo, costas arredondadas, empurre o peso à frente até o limite da perna esquerda e mova simultaneamente o braço direito esticando-o à frente, palma para fora e a mão esquerda até a altura da coxa esquerda, palma para baixo, dedos para a frente.

46 – You Lou Xi Au Bu Defender o joelho à direita e empurrar. Veja o movimento n.13.

47 – Jin Bu Tsai Chuei Avançar o passo e socar embaixo. Da postura anterior, afaste um pouco o peso para trás para poder abrir o ângulo do pé direito 45º, a mão direita que está ao lado da coxa, gira a palma para dentro, dedos apontando para o antebraço esquerdo, a mão esquerda vai proteger a sua frente, palma para baixo, recolha o punho direito fechando-o, ao lado do quadril, palma para cima, dê o passo arco com a perna esquerda, no giro do quadril à esquerda, a mão esquerda volta a estar ao lado da coxa esquerda, num movimento circular, palma para baixo, o punho direito soca na altura do joelho, com o punho paralelo ao chão, olhe para onde está socando.

48 – Chuan Shen Pie Shen Chuei Girar o corpo e bater com o punho. Veja o movimento n.32.

49 – Jin Bu Ban Lan Chuei Avançar o passo, bloquear e socar. Veja o movimento n.17.

50– You Tun Tuei Chutar com o calcanhar direito. Afaste um pouco o peso atrás, abra o ângulo do pé esquerdo 45º, arredondando o braço esquerdo, e o punho direito se inclina num ângulo de 45º, empurre o peso à frente, girando ao mesmo tempo o braço direito, até que ele forme um “X” em frente do seu tórax, braço direito por fora encostando os antebraços. Suba na perna esquerda, levante o joelho até a altura de cintura e chute em frente com o calcanhar direito, ao mesmo tempo separe os braços, direito em direção a perna direita, esquerdo na diagonal, dedos das mãos para cima.

51– Tsou Ta Hu Shi Bater no tigre à esquerda. Abaixe na perna esquerda e coloque o pé

direito paralelo ao esquerdo, o braço esquerdo arredonda a sua frente em direção a diagonal direita, dedos apontados para o antebraço direito. Mantenha as axilas abertas, ou seja costas arredondadas e ombros puxando para baixo, braço direito também para a diagonal direita, dedos para cima. Dê um passo arco com a perna esquerda, gire o quadril para a esquerda, passando o peso à frente, ao mesmo tempo que seus braços circulam, esquerdo primeiro para baixo e depois acima de sua cabeça e braço direito para baixo parando a frente da cintura, durante o movimento vá fechando os punhos, o esquerdo palma para fora e o direito palma para dentro, como se segurasse um bastão bem reto na frente do seu corpo, não deixe seus ombros se elevarem.

Shia fei shie - Voo na diagonal

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Livros

Ler sobre tai chi, além de importante, é bom!

Você pode adquirir essas obras nas melhores livrarias ou pela internet:Livraria Cultura: www.livrariacultura.com.br | Submarino: www.submarino.com.brAmazon: www.amazon.com | Redwing Book Company: www.redwingbooks.com

Tai Ji Quan (Tai Chi Chuan)Este livro, para os gostam de ler sobre a arte do Tai Chi, apresenta informações numa linguagem didática. Contém as sequências dos movimentos do grande encadeamento (Yang-Jia) com gravuras com explicações; considerações sobre o ying e o yang; ilustrações do pequeno encadeamento, também conhecida como a Forma de Pequim; Ji Ben Dong Zuo que são Os Exercícios de Base; Introdução ao Shi Shan Shi (As 13 Posturas), entre outros. Autor: Roland Habersetzer. Editora Pensamento. 208 páginas.

Tai Chi Ch´uan - The Chinese WayEste livro, fácil de manusear, apresenta o passo a passo dos 24 movimentos da Forma Simplificada de Tai Chi (Forma de Pequim). Escrito de forma simples e com muitas fotos e ilustrações, é mais uma opção literária para aqueles que, na falta de um professor qualificado, desejam se iniciar na prática do Tai Chi Chuan. Traduzido para o idioma inglês por Elizabeth Reinersmann. Autor: Foen Tjoeng Lie. 126 páginas. Sterling Publishing, New York. 1988.

Expansão e Recolhimento A Essência do T´ai ChiEntendido como o princípio mais sutil do taoísmo, isto é, o wu-wei, a ‘não ação’. É a aprendizagem do mover-se com o vento e a água, sem violência, não só nos exercícios, mas também no cotidiano. Assuntos abordados: filosofia taoísta, Tai Chi Chuan, arte taoísta, artes marciais, Tao Te Ching. Autor: Al Chung-liang Huang. Editora: Summus.

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Combat Techniques of TaiJi, XingYi, and BaGuaO autor passou sua vida estudando os estilos internos de Taijiquan, Xingyiquan e Baguazhang. Em 1970, estudou artes marciais internas com o Mestre Luo Shuhuan e Wang Peisheng. Tem ensinado em Pequim desde 1984, onde é instrutor de artes marciais do Wu Pequim Style Tai Chi Chuan Association. Autor: Lu ShengLi. Tradutor e editor Zhang Yun. Pequim, China.

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Tai Chi Pai LinO Tai Chi e a Longevidade

e a Longevidade do Tai ChiOctávio Augusto Contatore

Tai Chi Pai Lin Campinas - http://taichipailincampinas.blogspot.com

Numa aula de Tao In (meditação taoísta), orientada pelo Mestre Liu Pai Lin, em que ele nos ensinava os treinamentos de “União de Céu, Terra e Homem”, uma moça perguntou o porquê em se falar tanto na tradição do Tai Chi Chuan em Saúde e Longevidade. O Mestre Liu, com uma expressão curiosa no rosto, fez uma pausa antes de responder e, em seguida, já com uma risada marota como às vezes costumava esboçar, começou a sua brincalhona e profunda resposta. Iniciou sua fala com um comentário que deixou a moça que perguntara sem jeito, dizendo-lhe que, às vezes, tinha vontade de não responder certas perguntas e que, ao ouvir aquela, veio-lhe um pensamento: “que boba”. Mesmo assim, disse que a vida é uma grande dádiva, um acontecimento único, comparando-a a situação de alguém, no alto de uma montanha, jogar um grão de arroz e outra pessoa, no pé da mesma montanha com dois pauzinhos (utensílio utilizado para comer), conseguir apanhá-lo no ar. A vida é preciosa demais para não ser desfrutada plenamente. A partir do momento que a pessoa nasce é para viver, cultiva-se a saúde para viver bastante e busca-se a longevidade para se ter tempo suficiente de aprender tudo o que a vida tem a nos ensinar. A pessoa sem saúde não consegue desfrutar tão bem das muitas possibilidades oferecidas pela vida, por estar grande parte do

tempo em busca de alívio aos seus males e, na falta de longevidade, não tem tempo de ir além dos erros que todos cometemos e poder aprender com eles. O caminho do Tao é a união de Céu, Terra e Homem. Para acontecer este caminho de união, do micro com o macrocosmo, é preciso que nosso pequeno Céu (Lin Tai) - localizado na cabeça, com a nossa pequena Terra (Yin Chiao) - localizada atrás do púbis, unam-se no Tai Chi a raiz do corpo físico, que fica na região do umbigo. Só

assim, ao obter-se a união interna destes centros de energia, será possível ao micro unir-se ao macro, e o grande Céu e a grande Terra, na sua contínua união criadora de vida, serem atraídos a realizar sua união no interior do nosso corpo. Esta fala do Mestre Liu nos remete à questão de quanto nós realmente compreendemos a intenção subjacente na prática do Tai Chi, vista pelo ângulo de um Mestre Taoísta. Será que nossa noção de saúde e de longevidade é a mesma que para os Mestres da tradição do Tai Chi? O Tai Chi Chuan vem nos mostrando, em sua longa história,

“É do recolhimento que vem

a verdadeira expansão.”

a capacidade de trazer benefícios a quem o pratica, por uma razão muito simples: ao praticá-lo se intercalam os movimentos de recolhimento e de expansão, criando uma pulsação no corpo que promoverá uma melhora na circulação do sangue e da energia vital, na flexibilidade corporal e na capacidade de se obter interiorização e serenidade, o que consequentemente refletirá em aumento da saúde. Na orientação do Mestre Liu, a saúde é dependente da capacidade do indivíduo gerar, circular e sustentar sua energia vital e está diretamente relacionada ao princípio taoísta que diz: “é do recolhimento que vem a verdadeira expansão”, bem como do sentido da expressão Yin e Yang, no qual o Yin simboliza o recolhimento e antecede o Yang, que representa a expansão. O Tai Chi Chuan, como prática corporal, nasceu desta tradição taoísta e engloba tais princípios.

Mestre Liu Pai Lin

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Habilidade de Desenrolar a Seda

Levis LitzProfessor de Tai Chi Chuanwww.TaiChiCuritiba.com.br

FRENTE DIREITA

Postura

. Ficar em pé com os pés separados aproximadamente o dobro da distância da cintura; . Manter os joelhos levemente flexionados com as pernas abertas em forma de um arco, como se estivesse sentado numa cela de cavalo;. Deixar o pé esquerdo apontado para frente;. Abrir o pé direito para a direita entre 30 e 45º;. Colocar aproximadamente dois terços do peso do corpo sobre a coxa direita e manter um terço do peso na perna da esquerda;. Manter as pontas dos dedos dos pés tocando suavemente o chão, mas não os pressione com força;. Colocar a palma da mão esquerda sobre o lado esquerdo da cintura com o polegar para trás e os outros dedos voltados para frente da cintura;. Estender o braço direito (não esticar ou travar) à frente do lado direito, ou melhor, na frente diagonal direita do corpo com a palma da mão direcionada para a frente, cuidado para não dobrar o braço que deve permanecer estendido;. Para iniciar o movimento, olhar na direção da mão direita.

Movimento

. Começar um pequeníssimo giro do corpo para a direita;

. Girar, em seguida, o corpo suavemente para a esquerda;

. Mover a mão e o braço direito para baixo;

. Ao descer, a palma da mão gira para cima e o braço desce no sentido horário, seguindo o movimento do corpo, passando pela frente do abdômen aproximadamente na altura do umbigo, Dan Tian;

. Deixar um espaço sob a axila, que em nenhum momento deve ficar fechada;. Passar dois terços do peso do corpo para a esquerda;. Continuar virando o eixo do corpo para a esquerda;. A mão direita começa a subir;. Girar o polegar por dentro até que a palma da mão fique voltada para frente;. Levar o braço pela linha do horizonte até o ponto inicial à frente diagonal direita;. O olhar acompanha a direção da mão quando esta estiver na linha do horizonte na altura dos ombros;. Durante o movimento, relaxar o quadril;. Transferir dois terços do peso quando a mão passar pela frente do eixo do corpo e não quando a mão estiver nas laterais;. O movimento de transferência de peso não deve ser como um pêndulo, indo de um lado ao outro, mas sim girar o eixo do corpo de forma circular, como em espiral.. O Chan Si Jin, desta maneira, perfaz um círculo completo;. Repetir o movimento 8, 16 ou 32 vezes;. A princípio, o praticante deve prestar mais atenção no direcionamento do movimento, na transferência do peso, no giro do tronco e na rotação do braço.. Quanto a respiração, deve ser incorporada ao movimento; no início inspirar suavemente, como se pegasse a energia do ar fresco, a partir do centro da palma e levando-o para baixo até o Dan Tian, exalando o ar na sequência do movimento para que a energia interna flua do Dan Tian para os dedos até o fim do movimento.

Chan Si Jin

A Habilidade de Enrolar a Seda, Chan Si Jing, em chinês, ou também conhecido como Desenrolar o Fio

de Seda (Chan Si Gong) são práticas de Chi Kung (Qi Gong) incorporados em alguns estilos de Tai Chi (Tai Ji). São utilizadas como exercícios para melhorar a coordenação motora, concentração e para se adquirir

uma boa fundamentação de uma prática de base. Normalmente serve de aquecimento

antes da prática do Tai Chi Chuan (Tai Ji Quan).

Foto: Acervo/LL

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Tai Chi Chuan Estilo Yang Tradicional

- Instrutor José de Paulo Lara - “Eu, com 45 anos, casada, dois filhos, professora em Escola Especial, sofria de dores agudas e forte tensão muscular por todo o corpo há mais de 20 anos. Sempre fazia exercícios físicos, caminhadas, mas à medida que as dores foram se intensificando, não conseguia fazer nada. E, passando por vários médicos à procura de tratamento para alívio dessas tão terríveis dores, fui diagnosticada como portadora de fibromialgia (síndrome dolorosa não inflamatória, caracterizada por dores musculares difusas, fadiga, cansaço, dor em pontos dolorosos específicos sob pressão, com causa desconhecida). Tratamento: analgésicos, anti-inflama-tórios, antidepressivos, relaxan-tes musculares, exercícios físicos leves, massagem, acupuntura, dentre outros. Fiz uso de medicamentos por longo tempo, que aliviavam temporariamente, mas também produziam efeitos colaterais indesejáveis. Certa vez, fui aconselhada por meu tio a fazer Tai Chi Chuan, pois este já praticava a algum tempo, chegando até a trazer para a escola da qual é diretor, um projeto pioneio no

estado de Minas Gerais: aulas de Tai Chi Chuan e Kung Fu para alunos, funcionários e comunidades, devido aos inúmeros benefícios proporcionados por estas artes marciais chinesas, inclusive como tratamento terapêutico para dores. Foi então em 2007 que eu e mais duas colegas da escola iniciamos o tão desconhecido e misterioso Tai Chi Chuan. Como incentivo, tivemos o privilégio de ter um professor experiente, empenhado e totalmente envolvido com a técnica, o jovem José de Paulo Lara, que, por ser apaixonado e conhecedor do que faz, consegue

transmitir toda a sua essência. A medida que fui executando as aulas, que são compostas de exercícios de alongamento específicos, de respiração e dos movimentos do Tai Chi Chuan, fui me sentindo cada vez melhor, com as dores diminuindo e sem medicação. Esta arte milenar chinesa, que eu considero uma ‘meditação em movimento, possibilita uma concentração tamanha e uma leveza

e sincronismo ao imitar os movimentos dos animais, permitindo uma paz e harmonia entre corpo e mente. Inegavelmente, o Tai Chi Chuan foi uma solução prazerosa e saudavél para o meu problema, tendo se tornado para mim uma filosofia de vida.”

Ligia M. S. NevesSão Sebastião do Paraíso, MG

Tai Chi Chuan para uma vida longa e saudável

“Há praticamente quatro meses iniciei os exercícios relativos, com o mestre Adriano d Avila, no Centro Cultural Tao. Ao fazer minha ficha, Adriano ficou surpreso ao ver as inúmeras limitações impostas por dois tipos de reumatismo: síndrome de Renault e fibromialgia. Duas cirurgias de pulmão, me levaram a uma bronquite asmática, um transplante de músculo, na perna esquerda, em função de uma osteomielite. Pela síndrome de Renault se sente muito frio e, principalmente, falta de circulação nas extremidades do

corpo, tornando-os gelados, principalmente no inverno. No decorrer deste período, obtive uma melhora muito grande, inclusive o chiado do peito desapareceu, as dores

melhoraram 60%, estou com uma disposição bem maior. Mas sigo os exercícios em casa, procuro por em prática toda orientação recebida e me sinto muito bem disposta. Nunca imaginei que pudesse obter uma melhora tão boa como a que estou conseguindo e tenho certeza que, com a continuação das tarefas, ficarei cada vez melhor. Quero deixar aqui meus agradecimentos ao Adriano, pela sua paciência, carinho e dedicação.”Maria Eugênia Bitencourt, 74 anos

Porto Alegre, RS

Relatos I

“Tai Chi Chuan foi uma solução prazerosa e saudavél para o meu problema, tendo se

tornado para mim uma filosofia de vida.”

“Nunca imaginei que pudesse obter uma

melhora tão boa como a estou conseguindo e,

tenho certeza que com a continuação das tarefas, ficarei cada vez melhor.”

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Relatos II Tai Chi Chuan

e Dependência Química “Nos últimos 7 anos desenvolvo um trabalho com adictos em vários tipos de drogas, na Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer, em Lomba Grande-RS, com um grupo de 60 à 65 jovens e adultos, do sexo masculino, onde já tive contato com pelo menos 700 pessoas. O Tai Chi Chuan é uma arte marcial chinesa, que tem como base filosófica o estudo do Tai Chi ou a justaposição dos opostos. Em cada movimento aprende o praticante a compreender uma harmonia presente em seu corpo físico, em sua mente, em suas

emoções, enfim, em sua vida, mas, mais do que isto, aprende a construir um novo homem. Ideia principal para a recuperação do dependente químico. Dentro do trabalho que a direção da fazenda desenvolve, baseada nos 12 passos de AA e numa agenda baseada em trabalho, disciplina e espiritualidade, o Tai Chi Chuan se encaixou perfeitamente. Os benefícios têm sido:

maior concentração, percepção da realidade, menor irritabilidade, melhoria da auto-estima, espírito de grupo, melhor condição respiratória, melhor condição digestiva, reforço da capacidade psico-motora, melhor condição física.”

Mestre Adriano d Avila www.centroculturaltao.com.br

Porto Alegre,RS

Unidade Água Verde - Academia BackStageRua Prof. Guido Straube, 52-B

(41) 3013-6114 – 8809/0730 - Prof. Aparecido de Lira------------------------------------------------------------------------

Unidade Colombo - Academia Fit CompanyR. Manoel da Silva Rosa, 11. L.13

(41) 3621-6629 – 8809-0730 - Prof. Romildo Andrade ------------------------------------------------------------------------

Nova Unidade Almirante TamandaréRua São Rafael, 162 - Jd. Monte Claro

(41) 9679-3284 – 8809-0730 - Prof. [email protected]

www.institutofuhok.com.br

CURITIBA - PARANÁ

“Os benefícios têm sido: maior concentração,

percepção da realidade, menor irritabilidade,

melhoria da auto-estima, espírito de grupo.”

Revista Tai Chi Brasil

[email protected] [email protected]

Participe!Escreva sobre sua relação com o Tai Chi.

Faça seu depoimento; dê sua opinião!

Caixa Postal 2233 - Curitiba - Paraná

Mande pra nós.

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. sua foto de tai chi

. sua história tai chi

. sua sugestão

Escreva!

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Tai Chi - Estilo Lam KamForma do Pequeno Círculo (Parte Final)

Anderson RosaCoordenador Gerente do Estilo Lam Kam de Tai Chi da AIPTInstrutor de Qigong | http://oraculo.cih.org.br

Levar o tigre para a montanha 69. Desmanche o “gancho” abrindo a mão esquerda. Cruze os braços adiante, colocando a parte de dentro do pulso direito, contra as costas do pulso esquerdo. Os dois pulsos são cruzados na altura do pescoço. 70. Abra os braços, fazendo um grande arco lateral. À medida em que os braços começam o movimento de descida, flexione os joelhos como se estivesse sentando. Mantenha as costas retas e as palmas das mãos voltadas uma para a outra. Fechamento do Tai Chi 71. Levante suas mãos diante de si até a altura do peito, como se estivesse erguendo uma grande vasilha. Mantenha os ombros relaxados. Enquanto os braços se erguem, comece a se levantar. 72. Transfira o peso do corpo para o pé esquerdo. Traga o pé direito mais próximo ao esquerdo, deixando-os na mesma distância dos ombros. Deixe o peso distribuído nos dois pés. 73. Vire a palma das mãos para baixo, na altura do centro do peito. 74. Baixe as mãos lentamente, como se empurrasse dentro da água, uma grande bola de praia, sentindo a resistência da mesma para descer. À medida em que as mãos descerem, comece a endireitar os joelhos, sem que eles fiquem no entanto, totalmente esticados. O movimento acaba ao se estar totalmente ereto, voltado para frente, relaxado, com as mãos na altura dos quadris à sua frente, e os cotovelos suavemente flexionados. Os dedos apontam para frente e as palmas das mãos estão voltadas para baixo. 75. As mãos descem lentamente, pendendo ao

lado do corpo, ficando exata-mente na mesma posição inicial da sequência. Permaneça nessa posição por alguns instantes para que a energia se acalme e se distribua uniformemente dentro do seu corpo e na região do dantien.

Foto: Anderson Rosa na postura de Chicote Simples (Lam Kam)-------------------- Amplie seu conhecimento Mestre Lam Kam Chuen nasceu em Hong Kong e formou-se ainda jovem em Ortopedia Tradicional Chinesa. Iniciou os seus treinos em artes marciais aos 11 anos de idade e, entre outras artes, estudou o Tai Chi Chuan estilo Sun. Tornou-se aluno do Professor Yu Yong-Nian, um discípulo do Grande Mestre Wang Xiang Zhai. Atualmente vive em Londres e continua o seu trabalho em conjunto com um grupo avançado de instrutores e praticantes. Mestre Lam Kam Chuen www.lamkamchuen.com Livros de Lam Kam Chuen:. Tai Chi: Passo a Passo. Manual Pessoal do Feng Shui Lam Kam Chuen;. O Livro do Feng Shui. Feng Shui na Cozinha. O Caminho da Energia. O Caminho da Cura: o Chi Kung para a Energia e a Saúde

Anderson RosaQigong

AcupunturaCromopuntura

MoxibustãoVentosa-terapiaAuriculoterapia

http://oraculo.cih.org.brfone: (041) 9916-3989

Foto: Acervo/LL

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Opinião Por que assistir a um seminário?

Eduardo MolonSecretário-Geral da World Chen Xiaowang Taijiquan Association Brasil - [email protected] | http://taijiquan.pro.br

Ao ver um anúncio ou um artigo sobre a vinda de um mestre mundialmente reconhecido ao Brasil, um praticante muitas vezes pergunta-se se vale mesmo a pena ir ao seminário. Se ele mora na cidade onde o seminário acontecerá o investimento de tempo e energia não costuma ser alto, mas se a residência é em outra cidade, ir ao seminário envolve uma viagem, com custos de passagem aérea, estada, alimentação e uma ou outra falta ao trabalho. Em geral, as três questões que um praticante faz a si mesmo ao pensar em inscrever-se num seminário são: por que ir ao seminário, se já sei a forma? Por que ir ao seminário, se ainda não sei a forma e vou ficar perdido? E, será que eu estou no ponto para aprender com um mestre, ou devo ainda treinar por algum tempo somente com o meu professor? Estas perguntas revelam, na verdade, alguma incompreensão do papel da forma no sistema didático, do objetivo real do treinamento e da importância de um mestre de alto nível. O que é fundamental compreender é que ao aprender Taijiquan, o objetivo não é aprender certas técnicas especiais de artes marciais, nem técnicas para melhorar a força e a saúde e, menos ainda, aprender coreografias de movimentos. Tampouco o objetivo seria conhecer um modo exótico de se mover ou de respirar. O objetivo ao praticar Taijiquan, e é impossível frisar isto o suficiente, é transformar o corpo. Isto é um conceito que se originou nos meios Taoístas na China

e chegou às artes marciais aproximadamente no século XVII (Shahar, 2008). Para atingir este objetivo, o único modo é seguir as instruções de alguém que já conheça o caminho: não apenas as instruções verbais e não apenas de alguém que conheça o caminho intelectualmente. É imprescindível ter acesso a um professor que já tenha feito pelo menos em grande medida esta transformação e é necessário que ele corrija a postura do aluno com as próprias mãos. Existem poucos professores neste nível em todo mundo, por um motivo simples. Conseguir atingir um nível avançado da transformação do corpo (e da mente) requer dedicação profissional, em todos os sentidos. É o mesmo que dizer: conquistar uma medalha de ouro em uma Olimpíada requer dedicação profissional, ou seja, é necessária instrução com os melhores treinadores disponíveis, desde a infância, e por muitas horas por dia. É necessário fazer do Taijiquan uma carreira, um modo de vida, para atingir um grau alto na arte. Não é nada demais, é assim com qualquer carreira: se você quiser ser um grande violinista, ou um físico renomado, ou um professor titular numa universidade respeitada, ou um médico cuja opinião sobre casos difícies é sempre requisitada, é a mesma coisa. Por algum motivo curioso a fantasia de que no Taijiquan é diferente está muito disseminada no Ocidente. Suponhamos que você deseje aprender a pilotar um Fórmula 1 a 300 km/h, e suponhamos que você tenha à sua disposição um campeão de Fórmula 1 para

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te ensinar a pilotar carros de competição desde o mais simples até chegar ao seu objetivo, passando por todos os estágios. Suponhamos também que você possa ter aulas com um piloto de Fórmula 3000, em vez de ter com o campeão de Fórmula 1. Ora, o campeão conhece todo o caminho, e é capaz de escolher com exatidão cada correção a ser feita, cada instrução a ser dada, visando sempre o objetivo final, que ele já atingiu. Por que ter instrução com o piloto de Fórmula 3000? Existe um bom motivo: porque nem sempre o campeão de Fórmula 1 está presente, a agenda dele é muito cheia e ele dá aulas em vários países. Então, a solução é ter aulas com o campeão sempre que possível e com o piloto de Fórmula 3000 regularmente. Os dois são complementares e necessários. E se você observar bem, verá que os pilotos de Fórmula 3000 que desejam progredir aprendem com os campões de Fórmula 1 sempre que podem. Quanto à forma, seu papel método didático é o de um instrumento para aprender a mover o seu corpo de um modo novo, que resulta da transformação do corpo e ao mesmo tempo a orienta. Embora a forma principal de um sistema marcial possa ser chamada de “a joia” do sistema, por ser o repositório dos ensinamentos mais importantes, não podemos perder de vista que ela é o repositório e não o ensinamento. Assim, se alguém já conhece uma forma, este é um excelente motivo para assistir a um seminário sobre esta mesma forma, pois a atenção ao

modo como o mestre se move poderá ser ainda maior. Se alguém não conhece a forma que será objeto de um seminário, basta combinar as duas perspectivas: quem melhor para ensiná-la do que um mestre? Como já dissemos, a forma não é o principal, mas sim, o modo como o mestre se move. Para aprender uma nova forma basta comprar um DVD, existem inúmeros

disponíveis, editados pelos próprios mestres. Contudo, para aprender como mover o corpo dentro da forma, é necessária instrução especializada, correções individuais e ensinamentos teóricos. Mestres de mais de um estilo de Taijiquan têm visitado regularmente o Brasil. Estes profissionais de alto nível e de fama mundial não vêm ao nosso país em

busca de alunos, nem de reconhecimento. Se qualquer um deles ficasse todo o ano na sua cidade de residência, o fluxo de alunos que iria até eles seria suficiente para lotar sua agenda. Seu desejo é disseminar informações de qualidade pelo mundo, possibilitar o acesso à arte das suas famílias a quem não dispõe de tempo ou

recursos para viajar para o exterior e nutrir os professores locais para que estes possam orientar bem os alunos. A sua recompensa está em honrar os seus ancestrais e enaltecer o nome das suas famílias e é claro, em ver seus alunos aprenderem e progredirem. Sejamos gratos por esta oportunidade inédita na história, pois já houve um tempo em que ensinamentos valiosos como os seus eram guardados com segredos.

“Estes profissionais de alto nível (...) não vêm ao nosso país em busca

de alunos, nem de reconhecimento. Se qualquer um deles ficasse

todo o ano na sua cidade de residência, o fluxo de alunos que iria até eles

seria suficiente para lotar sua agenda. Seu desejo é disseminar

informações de qualidade pelo mundo.”

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Qual é a origem do estilo Dong e quais são as principais diferenças entre o estilo Yang e o estilo Dong? Meu bisavó Dong (Tung Ying Jie) estudou sob a instrução de dois talentosos mestres. O primeiro foi o mestre Li Xiang Yuan que lhe ensinou o estilo Hao de Tai Chi Chuan, tendo sido um discípulo do fundador do estilo Hao, Hao Wei Jeng. Depois de muitos anos de estudo com o Mestre Li, ele recomendou Dong Ying Jie ao Mestre Yang Cheng Fu, para com ele aperfeiçoar seus estudos em Pequim. Dong Ying Jie se tornou o discípulo mais próximo de Yang Cheng Fu e foi tratado como um membro da família. Ele e seu professor passaram os próximos 15 anos viajando juntos e transmitindo este estilo pela China. O nosso estilo evoluiu desde então com a combinação dos estilos de família Yang, Hao e Dong. Existem certas diferenças entre o estilo Yang e o estilo Dong, mas ainda assim eu sinto que eles são em parte semelhantes. Hoje em dia, existem várias variações do estilo Yang e muitos novos estilos de Tai Chi Chuan. As variações mais óbvias entre a família Yang tradicional e a família Dong é que nesta última o estilo é mais arredondado, nos dobramos e estendemos nossos cotovelos um pouco mais e o nosso joelho de trás é também mais flexionado. Nós arredondamos a postura bem como o nosso tronco, enquanto outros estilos mantêm as costas totalmente alongadas. Nós também abrimos o corpo (expandindo) e fechamos (contraindo) mais. Estas diferenças criam muitas sutilezas, mas o princípio da arte (Yang e Dong) permanecem o mesmo.

Alex Dong39 anosNascido na Província de Hebei,ChinaVive em New York, EUAEstilo DongEnsina há 24 anos.Iniciou aos 5 anos com seu pai,o Grão-Mestre Chen Dong Zengwww.alexdongtaiji.com

Tai Chi Chuan - Estilo Dong

Quantas sequências existem no estilo Dong? Nós praticamos 4 sequências de mãos vazias, 5 de armas, “ pushing hands ”(Tui Shou) e Qi Qong. O número de movimentos em cada sequência varia de 30 a mais de 100. A forma mais rápida leva de 2 a 3 minutos e a sequência longa (sequência lenta) leva de 30 a 40 minutos. Nós temos sequências que variam desde lenta até rápida, suave até intensa, desde fluida até “faijin”. Existem também as sequências de armas.Cada sequência trabalha uma energia diferente. Eu acho que a escola Dong é única neste sentido. A prática do Tai Chi Chuan influencia e ajuda na sua vida pessoal? Sim, claro. Para aprender Tai Chi a pessoa deve primeiramente estudar os movimentos e integrá-los ao corpo. Então as pessoas estudam os princípios e os integra a sua vida. Com o tempo, tudo se torna uma segunda natureza. Mas para mim, se tornou minha verdadeira natureza, minha essência. Quando eu uso meu corpo ou minha mente, sem pensar ou fazer esforço, eu estou usando o caminho do Tai Chi. Meu bisavó disse em seu livro: “Enquanto você está tentando fazer, significa que você ainda não está inteiro.” Na minha vida pessoal, como eu lido com os outros e com as situações na vida são naturalmente o “caminho do Tai Chi”. Você já participou em um campeonato? Você considera importante os alunos participarem? Eu já participei uma vez e senti que não era

Foto: Acervo/Alex Dong

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a coisa certa para mim, então eu parei. Eu teria que modificar meu treinamento para continuar neste caminho. Eu pratico Tai Chi para mim mesmo e quero dividir o que eu sei com aqueles que estão interessados. Eu acho que se as pessoas focam muito em uma coisa como torneios ou arte marcial, isto tirará a qualidade global do Tai Chi. Apesar de o Tai Chi Chuan ter sido uma arte marcial e ainda é, eu acho que o Tai Chi está em uma situação melhor com a civilização moderna. O Tai Chi pode ajudar uma pessoa muito mais que sendo somente uma arte marcial, ou qualquer outra coisa que você queira compará-lo. Mas quando eu digo Tai Chi eu não quero dizer todos os Tai Chis. Enquanto todos os Tai Chis podem ajudá-lo de alguma maneira, somente o bom Tai Chi pode proporcionar tudo.

Quais são as dicas que você pode dar para alguém que queira iniciar a prática? Se você é disciplinado, eu acho que você deve se dedicar a encontrar um bom professor, o professor que seja certo para você. Esteja preparado para dedicar uma parte de sua parte para a prática. Uma vez que o Tai Chi pode ser uma parte de sua vida, ele requer ajustamentos físicos e mentais. Esteja preparado para aceitar, seguir e evoluir.

Quais são as principais características que uma pessoa tem que desenvolver se elas estão praticando o Tai Chi? O mais óbvio é a paciência, equilíbrio e relaxamento do corpo e da mente. Mas a coisa mais importante para um aluno é saber como ser um aluno e como aprender. Alunos avançados têm que ser capazes de manter o espírito da arte e o entusiasmo e estarem sempre dispostos a aprender. É também importante avaliar seu desenvolvimento de vez em quando, independente do nível que você esteja. Eu quero sempre certificar-me que estou constantemente melhorando no meu Tai Chi e também desenvolvendo como Ser Humano.

E o professor, que qualidades precisa desenvolver? Um professor deve ser aberto, amigável e gostar de ensinar. Ensinar é uma arte por si mesma e

nem todos os especialistas em arte marcial chegam a ser bons professores. Nós precisamos enxergar o que o aluno precisa, ensiná-los de um jeito que eles se sintam confortáveis e ter técnicas diferentes para ensiná-los.Quando uma coisa não funciona podemos tentar de outra maneira. Nós devemos também desenvolver uma boa relação com os alunos para se ter um grupo maior. Nós devemos confiar e ganhar a confiança como professores. O tipo de ambiente também faz o aprendizado mais fácil.

Você enfatiza os aspectos marciais do Tai Chi Chuan em seu ensinamento? Eu não enfatizo uma coisa mais que outra.

A arte marcial é um dos muitos aspectos que eu ensino, mas todos são igualmente importantes. O espírito marcial é mais importante, assim como entender a energia marcial quando eu ensino. O Ying-Yang deve ser entendido para verdadeiramente se dominar a arte. Nos dias de hoje as pessoas tendem a praticar utilizando-se de muito Yin ou de muito Yang. Eu não acredito em agressão, então eu não foco muito na luta de fato.

Em sua opinião, quais são os verdadeiros objetivos do Tai

Chi hoje em dia? Cada um tem um objetivo diferente, mas a maioria pratica Tai Chi como um exercício e para relaxamento. Por outro lado, há aqueles que também procuram o Tai Chi e o praticam como parte de suas vidas, estes o integram em todos os aspectos. Muitos dos meus alunos seguiram meus passos para transmitir o Tai Chi para o maior número de pessoas possível.

Como você vê o ensino de Tai Chi Chuan no mundo hoje em dia? Nos velhos tempos, era muito mais difícil para uma pessoa estudar, porque as pessoas eram menos abertas e mesmo se você encontrasse um bom professor era muito improvável ele te aceitar como um aluno. Mas agora existem mais professores, bons professores que viajam pelo mundo. Os alunos também podem se deslocar rapidamente em um dia para qualquer parte

“Se somente 10 ou 100 pessoas praticam Tai Chi,

é quase impossível achar um aluno talentoso,

mas se 1000 ou maispraticam, é mais fácil

achar alguns queverdadeiramente dominam

o Tai Chi e continuam a propagar a arte.”

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do mundo, as oportunidades são maiores e os alunos têm que tirar vantagem disto. Existem hoje muito mais pessoas praticando também, o futuro é promissor. Se somente 10 ou 100 pessoas praticam Tai Chi, é quase impossível achar um aluno talentoso, mas se 1000 ou mais praticam, é mais fácil achar alguns que verdadeiramente dominam o Tai Chi e continuam a propagar a arte.

Quanto tempo dura sua aula? Você pratica Qi Qong durante a aula? Eu não ensino em aulas regulares, na maior parte ensino em seminários e estes duram de três a cinco dias com 5 horas de treino por dia. Eu ensino Qi Gong como parte complementar e como aquecimento. O próprio Tai Chi praticado corretamente já é uma forma avançada de Qi Qong, está tudo na sequência.

E o “pushing hands”? Qual é a importância para a prática? Se o aluno quer dominar completamente a arte, principalmente os alunos avançados, ele deve praticar “Push hands” (Tui Shou) e isto também está

escrito no livro do meu bisavó. Muitos dos princípios essenciais do Tai Chi Chuan envolvem “pushing Hands” (tui shou). Se a pessoa não o praticar, ela não pode entender todas as forças que envolvem o Tai Chi.

Para os que pratican Tai Chi Chuan no Brasil, você teria alguma mensagem? Pelo que eu tenho visto até agora, o futuro do Tai Chi Chuan é muito promissor no Brasil. Os brasileiros

são atléticos e dedicados com as coisas que fazem.Vocês têm muitas qualidades de bons praticantes. Boa sorte ao Tai Chi no Brasil!

“Se o aluno quer dominar completamente a arte, principalmente os alunos avançados,

ele deve praticar Push hands

(Tui Shou).”

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Tai Chi Chuan2º Torneio e Confraternização

Entrada Franca!

Venha Ver e Participar!26 de Setembro – Domingo

Das 10h às 16h

SESC Água VerdeAv. República Argentina, 944 - Curitiba, PR

Programação

Apresentações de Tai Chi com espada, leque, sabre, entre outros Exercícios de Expressão Corporal Chinesa

Demonstrações de Kung Fu Wu ShuDança chinesa do Leão e do Dragão

Sorteio de brindes e muito mais

Realização

Apoio

Inscrições e Informações: [email protected]

taichichuan.com.br institutofuhok.com.br

RODRIGO APOLLONI

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Tan Tien

_________Referência / Para saber mais: Dan Tian. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dan_tian>. Acesso em 15 jun. 2010. Esta imagem encontra-se em domínio público em todo o mundo devido à data da morte de seu autor, ou devido à data de sua publicação. Deste modo, esta reprodução do trabalho também se encontra no domínio público.

Tan Tien ou Dan Tian, em pin yin: dāntián, é um termo de origem chinesa relacionado às artes mar-ciais, medicina tradicional, meditação e práticas orientais. Pode ser traduzido literalmente como “campo de cinábrio”, cujo significado está relacionado à alquimia chinesa, em que o termo cinábrio se relaciona aos processos de transmutação dos elementos. Encontra-se, para os taoístas, numa determinada região no corpo físico. É um ponto focal fundamental na prática da meditação Tao Yin e refere-se especificamente ao centro fí-sico de gravidade do corpo, situado no abdômen a cerca de 4 cm abaixo e para dentro em relação ao umbigo.

O feto imortal sendo cultivado na região do Tan Tien

O conceito de Tan Tien é um princípio elementar em diversas linhas de meditação e de artes marciais orientais, como o Tai Chi Chuan (Tai Ji Quan). O Tan Tien ambém é considerado muito importante na com-preensão da MTC: Medicina Tradicional Chinesa. Entre as ilustrações que podem ser tomadas como metá-foras das diversas etapas da realização no Tao Yin, o desenho desta página demonstra um taoísta meditando e assim gerando um feto imortal dentro de si, concebendo um novo corpo de energia em seu Tan Tien.