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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULDEPARTAMENTO DE CINCIAS DOS ALIMENTOSITA 01114 - INTRODUO BIOQUMICA DE ALIMENTOS

ARIADNE KCHEFLVIA COSTA SONAGLIOJUSTINE FREO SAGGIN

MTODOS DE DETERMINAO DE LIPDEOS

Porto Alegre, 2014.UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULDEPARTAMENTO DE CINCIAS DOS ALIMENTOSITA 01114 - INTRODUO BIOQUMICA DE ALIMENTOS

ARIADNE KCHEFLVIA COSTA SONAGLIOJUSTINE FREO SAGGIN

MTODOS DE DETERMINAO DE LIPDEOS

Trabalho apresentado junto atividade de ensino Introduo biqumica de alimentos (ITA 01114), como requisito parcial para formao na disciplina.Prof. Dr. Eliseu Rodrigues

Porto Alegre, 2014.Sumrio

1.RESUMO12.INTRODUO23.MTODOS DE EXTRAO DE LIPDEOS43.1.Extrao por solvente quente53.1.1.Mtodo do Soxhlet53.1.2.Mtodo de Goldfish63.2.Extrao por solvente a frio83.2.1.Mtodo de Bligh-Dyer83.3.Mtodos que no empregam solventes93.3.1.Hidrlise cida93.4.Hidrlise Alcalina123.4.1.Mtodo de Roese Gottlieb e de Mojonnier123.5.Extrao de Alta Presso (Acelerada com Solventes ou com Fluidos Supercrticos)134.PRINCIPAIS MTODOS PARA CARACTERIZAO DE LEOS E GORDURAS134.1.ndice de Iodo134.1.1.Procedimento Experimental134.2.ndice de Saponificao144.2.1.Procedimento Experimental154.3.ndice de acidez (rancidez hidroltica)164.3.1.Procedimento Experimental164.4.ndice de perxido174.4.1.Procedimento experimental175.MTODOS INSTRUMENTAIS185.1.Cromatografia gasosa185.1.1.Procedimento experimental para anlise de cido graxo por cromatografia gasosa195.2.Espectroscopia no infravermelho205.2.1.Procedimento de preparao de amostra215.3.Outras anlises instrumentais216.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS23ANEXO 125Contribuio dos integrantes do grupo na realizao do trabalho25

1. RESUMO

Os lipdeos so componentes do alimento, de origem animal e vegetal, tendo como principal definio a insolubilidade em gua e a solubilidade em solventes orgnicos, tais como ter de petrleo, clorofrmio, benzeno e alcois. A famlia de compostos designada por lipdeos bastante extensa, entretanto podemos considerar como principal categoria de lipdeos os triacilgliceris, que so formados por produtos de condensao entre cido graxo e glicerol. Como as propriedades qumicas e funcionais dos lipdeos esto ligadas diretamente sua composio, realizam-se mtodos de determinao que tem por objetivo analisar a estrutura dos cidos graxos.Com base na solubilidade dos lipdeos em solventes orgnicos e na capacidade de hidrlise em meio alcalino e cido, o presente trabalho mostra mtodos de determinao de lipdeos por anlises de extrao com solvente quente, extrao com solvente frio e extrao da gordura ligada a outros compostos, por hidrlise cida e alcalina, alm de alguns mtodos instrumentais como: cromatografia gasosa e espectroscopia no infravermelho.Um grande problema na tecnologia dos lipdeos a ocorrncia de rancificao oxidativa, consequncia de reaes em cadeia de radicais livres dos cidos graxos insaturados, que altera odor e sabor de leos e gorduras. Por esse motivo, necessrio tambm anlises da qualidade desses leos realizadas por ndice de iodo, ndice de saponificao, ndice de acidez e ndice de perxido.

2. INTRODUO

Lipdeos so compostos que apresentam diferentes grupos funcionais, com caractersticas distintas. Por isso, o critrio mais aceito para sua definio baseado na solubilidade, o qual os define como compostos solveis em solventes orgnicos e insolveis em gua. Sabe-se tambm que os triacilgliceris so uma categoria majoritria de lipdeos, formados por cidos graxos. E da relevncia destes compostos surgiu outra definio para lipdeos, a qual afirma que eles so compostos formados por cidos graxos e seus derivados, bem como substncias relacionadas biossinteticamente ou funcionalmente a estes cidos. cidos graxos so compostos que possuem cadeia linear e aliftica com nmero par de tomos de carbono. Alm disso, eles podem ser saturados ou insaturados, neste ltimo caso, com ligaes duplas no conjugadas, e possuem um grupo carboxila. Geralmente se apresentam com configurao cis, o que se pode verificar na figura 1.

Figura 1: cido Linoleico

Fonte: RODRIGUES, 2014.

Lipdeos podem ser classificados de acordo com seu estado fsico nas condies normais de temperatura e presso em leos e gorduras, sendo as gorduras slidas e os leos lquidos. Nos alimentos os lipdeos se apresentam em formas simples, como os triacilgliceris, na forma de compostos que contm lipdeos, como os fosfolipdeos ou ainda em compostos derivados, como as vitaminas lipossolveis, os esteris e os lcoois de cadeia longa. Os compostos mais estudados em alimentos so os triacilglicerois, presentes, por exemplo, nos leos vegetais e no leite bovino. A degradao dos lipdeos ocorre principalmente via oxidao. Este processo ocorre basicamente atravs de dois mecanismos, via oxignio singlete e via oxignio triplete. O primeiro mecanismo mais rpido, mas necessita da presena de agentes fotossensibilizadores. O segundo mecanismo trata-se de um processo radicalar de difcil controle. Ambos ocorrem simultaneamente e devem ser evitados, para garantir as condies de consumo do alimento.

3. MTODOS DE EXTRAO DE LIPDEOS

A determinao de lipdeos em alimentos feita geralmente atravs da extrao com solventes, baseando-se na solubilidade e nas propriedades fsico-qumicas dos mesmos. Existem diversos mtodos de extrao sendo que para cada alimento um, em especial, mais adequado. Os mtodos de extrao a quente dependem de uma srie de fatores, como a natureza do material a ser extrado, o tamanho de partculas (quanto menor, melhor a penetrao do solvente), o teor de umidade (quanto menor melhor a interao lipdeo-solvente), a natureza do solvente, a velocidade do refluxo (deve ser mdia, para uma melhor penetrao do solvente) e a quantidade de solvente (quanto maior a quantidade, mais eficiente a extrao). Mtodos de extrao a frio apresentam uma srie de vantagens em relao aos mtodos a quente. A possibilidade de extrair todas as classes de lipdeos, inclusive os polares, bem como o no uso de aquecimento garante a integridade dos extratos que podem, posteriormente, passar por outras determinaes, como de carotenoides e composio de cidos graxos esteris. Em matrizes contendo altos teores de protenas, carboidratos e umidade necessrio o emprego dos seguintes mtodos de extrao: com solvente a frio (Bligh-Dyer ou Folch), hidrlise cida (Gerber ou Stoldt-Weibull), ou hidrlise alcalina (Roese Gottlieb Mojonnier). Em matrizes com baixo teor de gua os mtodos de extrao a quente, como do Sohlet e de Goldfish, so mais simples. Alm disso, a extrao pode ser feita com uma mistura de solventes, como ter etlico, lcool e hexano. Abaixo trataremos dos principais mtodos de extrao com solvente. No entanto, alm destes mtodos possvel determinar-se o teor de lipdeos em alimentos via mtodos instrumentais, como cromatografia gasosa, infravermelho e outros. Estes procedimentos so aplicveis em alimentos especficos para controle da qualidade e geralmente requerem uma correlao com um padro de extrao com solvente. A vantagem destes mtodos a maior rapidez de anlise. Sero tratadas tambm algumas tcnicas de caracterizao de cidos graxos presentes nos lipdeos, a fim de caracterizar e avaliar a qualidade de leos e gorduras.3.1. Extrao por solvente quente

3.1.1. Mtodo do Soxhlet

Soxhlet um mtodo de extrao a quente com uso de refluxo semicontnuo com solvente. A vantagem deste mtodo que se evita a decomposio da gordura da amostra, visto que ela no fica em contato direto com o solvente quente. A desvantagem o uso de um grande volume de solvente e a possvel saturao deste a qual dificulta a extrao. Os dois solventes mais utilizados so o ter de petrleo e o ter etlico.O mtodo de Soxhlet um mtodo bastante eficiente para amostras secas, sendo possvel determinar cidos graxos e fosfolipdios. As amostras secas garantem uma melhor extrao, visto que o solvente assim melhor adsorvido.

3.1.1.1. Procedimento Experimental

Amostras com concentrao superior a 10% de gua devem ser aquecidas em estufa a 95-100C durante 5h. A amostra pesada, ou o um algodo saturado caso a amostra seja lquida, colocada em um cartucho do equipamento de Soxhlet e ento fixada no sistema de refluxo (figura 2).

Figura 2: Sistema de Soxhlet

Fonte: Nielsen, 2010.

Este sistema permanece em refluxo quente com ter etlico por um perodo de quatro a dezesseis horas. A fase lquida obtida ento evaporada ou destilada e assim se obtm o extrato livre de solvente, que deve ser aquecido em estufa a 105C por 30 minutos. Depois de resfriado em dessecador, o balo contendo o extrato pesado at peso constante e assim se determina o teor total de lipdeos no alimento. Sendo assim, este mtodo mais indicado para amostras com baixo teor de umidade, visto que o tempo de anlise muito longo. Alm disso, o fato da extrao ser a quente pode acarretar a degradao dos lipdeos da amostra, via oxidao.

3.1.2. Mtodo de Goldfish

O mtodo de Goldfish um mtodo utilizado em amostras secas em um sistema de refluxo contnuo de solvente a quente em um equipamento capaz de realizar a extrao em mais de uma amostra simultaneamente. Possui as vantagens de utilizar uma menor quantidade de solvente e de ser mais rpido que o mtodo que Soxhlet, pois pelo mtodo ser contnuo a amostra permanece em contato constante com o solvente. No entanto, esse procedimento mais adequado para amostras com maior resistncia degradao.

3.1.2.1. Procedimento Experimental

A amostra seca colocada no aparelho (figura 3) e mantida em refluxo contnuo com ter etlico por quatro horas. Aps, o extrato obtido levado estufa a 100C por 30 minutos para evaporar o solvente. A quantificao dos lipdeos feita via pesagem gravimtrica.A secagem da amostra, assim como para o mtodo de Soxhlet, aumenta a eficincia da extrao. Este mtodo aplica-se apenas para amostras slidas.

Figura 3: Sistema de Goldfish

Fonte: Expotech, USA.

3.2. Extrao por solvente a frio

3.2.1. Mtodo de Bligh-Dyer

O mtodo se caracteriza por ser realizado frio e pela distino de fases que ocorre no sistema formado basicamente pela amostra, metanol, clorofrmio e gua, numa proporo de maneira que forme uma s fase com a amostra. O mtodo de Bligh-Dyer apresenta diversas vantagens em relao aos mtodos de extrao com solvente quente como Soxhlet e Goldfish. O mtodo pode ser usado para alimentos secos ou para produtos com altos teores de gua, como peixes e vegetais verdes, por exemplo. Outra vantagem do mtodo o fato de ser possvel a extrao de todas as classes de lipdeos, inclusive os polares, devido ao uso de clorofrmio, que um solvente orgnico para qualquer classe de lipdeos. Como os lipdeos so extrados sem aquecimento, o extrato pode ser utilizado para avaliar o grau de deteriorao dos lipdeos atravs do ndice de perxidos e da porcentagem de cidos graxos livres. O teor de carotenides, de vitamina E, de esteris e a composio de cidos graxos tambm podem ser determinados no mesmo extrato. Alm disso, a determinao completa no necessita de equipamentos especializados e sofisticados.

3.2.1.1. Procedimento Experimental

Inicialmente, a amostra pesada de acordo com o teor de gordura presente nela (pesar menos as amostras com teor acima de 20%). Mistura-se, ento, a amostra com clorofrmio e metanol, numa proporo que forme somente uma fase com a amostra. Em seguida, adiciona-se mais clorofrmio e gua de maneira a formar duas fases distintas, que se separam naturalmente. Uma das camadas contm metanol, gua e as substncias no lipdicas, e a outra contm clorofrmio e os lipdeos. A fase de clorofrmio com gordura isolada, filtrada, e aps evaporao do clorofrmio em uma estufa, obtm-se a quantidade de gordura por pesagem. De acordo com o esquema 1, o tubo de ensaio I contm o clorofrmio, o metanol e a amostra, que formam uma nica fase. No tubo de ensaio II so adicionados clorofrmio e gua, formando duas fases no sistema. As fases so separadas num funil de separao.

Esquema 1

3.3. Mtodos que no empregam solventes

3.3.1. Hidrlise cida

3.3.1.1. Mtodo de Gerber

O mtodo de Gerber foidesenvolvido pelo qumico suo Niklaus Gerber em 1891. utilizado para determinao de lipdeos em alimentos ricos em protenas, as quais esto associadas s gorduras, assim como alguns carboidratos. Trata-se de um mtodo que dispensa o uso de solventes para os lipdeos. O mtodo utiliza a hidrolise cida para extrair a gordura do alimento (separando-a das protenas) e comumente utilizado em leites e produtos lcteos. A gordura que est presente na forma de emulso leo/gua cercada por um filme de protena liberada aps a adio de cido sulfrico. A separao facilitada usando lcool amilico e reduz-se, assim, o efeito de carbonizao do cido sulfrico sobre o lipdeo. Aps extrada, a amostra centrifugada num tubo calibrado com escala volumtrica chamado butirmetro o contedo de gordura lido diretamente neste equipamento, a partir da fase de gordura distinta da de protenas. O mtodo possui dois requisitos muito importantes para obteno de bons resultados: O cido sulfrico deve ter uma densidade de 1,82 e, portanto, o cido concentrado que possui uma densidade de 1,84 deve ser diludo; a leitura final da gordura no butirmetro deve ser feita a 71C. Gerber desenvolveubutirmetros, pipetas e centrfugas especializadas. Tambm costuma se usarbanhos de gua especificamente construdos para os tubos de Gerber. Existem vrios tipos de butirmetro com escalas diferentes para medir diferentes produtos lcteos, como creme de leite e queijos, e at para alguns produtos no lcteos, como produtos processados de carnes.Assim pode-se utilizar o mtodo de Gerber para determinao de lipdeos nestes produtos. A diferena do mtodo convencional est na densidade dos reagentes e no preparo da amostra, que deve ficar em banho de 60 65C em cido para separar a protena do lipdeo. O peso da amostra deve ser o mais preciso possvel para no haver erro devido ao fator de converso.Ainda que seja considerado um mtodo com timos resultados, no considerado exato, necessitando sofrer padronizao por um mtodo gravimtrico (tal como o de Rose-Gottlieb). importante observar que, no mtodo de Gerber, a manuteno do butirmetro por tempo prolongado no banho de gua a 65C pode levar a uma esterificao do lcool isolamlico, com conseqente aumento no volume da camada de gordura. Pode-se, ento, utilizar temperaturas um pouco mais baixas e se realizar mais vezes o processo de centrifugao. Este mtodo no determina a quantidade de fosfolpidos, mas no h problemas com o leite integral, que tem apenas 1% de fosfolpidos na gordura total. A manteiga tem cerca de 24% de fosfolpidos e, portanto, deve-se utilizar os mtodos de Goldfish ou Soxhlet.Figura 4: Sistema de GerberFonte: http://yunelijo-k.blogspot.com.br/

3.3.1.2. Mtodo Stoldt-Weibull

Semelhante ao mtodo de Gerber, utilizado cido para a digesto do alimento e liberao dos lipdeos das protenas e carboidratos para posterior determinao. Entretanto, ao invs de utilizar cido sulfrico, usa-se cido clordrico. O alimento triturado e adicionado o cido. Ento, trata-se a soluo em temperaturas elevadas por 30-60 min. Aps, adiciona-se gua quente destilada e se filtra a soluo com um papel especial para lipdeos. Seca-se e, finalmente, pode ser extrado o contedo de lipdeos do papel filtro (geralmente pelo mtodo de Soxhlet).

3.4. Hidrlise Alcalina

3.4.1. Mtodo de Roese Gottlieb e de MojonnierNo processo de Rose-Gottlieb e Mojonnier, a amostra tratada com hidrxido de amnio (NH4OH) e lcool para hidrolisar a ligao protena-gordura (se necessrio, pode-e adicionar gua e aquecer para facilitar a disperso na soluo).O lcool faz precipitar a protena que se dissolve na amnia. A gordura separada ento extrada repetidamente com etanol, ter de petrleo e ter etlico. Os extratos combinados so secados e purificados. Essa extrao eficiente em amostras com muito acar como, por exemplo, leite condensado ou sorvetes, mas ainda empregado na maioria dos laticnios.O processo descrito caracteriza o mtodo Roese Gottlieb. No mtodo conhecido como Mojonnier no h essa purificao, portanto encontra-se resultados com valores um pouco maiores no mtodo Mojonnier. O mtodo de Mojonnier consiste, ento, em uma modificao do mtodo de Roese Gottlieb.

Figura 5: Frasco de Mojonnier

Fonte: http://i.imgur.com/3I2QQmQ.jpg3.5. Extrao de Alta Presso (Acelerada com Solventes ou com Fluidos Supercrticos)

Qualquer fluido, quando submetido a presses e temperaturas acima do seu ponto crtico, torna-se supercrtico. Deste modo, algumas das propriedades dos fluidos passam a assemelhar-se s de alguns gases e lquidos (a densidade idntica dos lquidos, a viscosidade dos gases, etc.)Estes novos fluidos difundem-se mais facilmente pelos slidos, o que aumenta o seu rendimento nas extraces. Alm disso, durante todo o processo no h libertao de resduos txicos no ambiente, sendo portanto uma tecnologia limpa.O grande problema desta tcnica a necessidade de elevadas presses, o que requer equipamentos especializados e dispendiosos.

4. PRINCIPAIS MTODOS PARA CARACTERIZAO DE LEOS E GORDURAS

4.1. ndice de Iodo

O ndice de iodo usado para medir o grau de insaturao de leos e gorduras pela absoro de halognios nas cadeias graxas. um importante idicador de provvel degradao da matria graxa, sendo usado para determinar propriedades qumicas e fsicas dos leos.Vaores elevados para o ndice de iodo podem indicar maior propenso ocorrncia de processos oxidativos na molcula do cido graxo insaturado, uma vez que os cidos graxos contendo ligaes duplas reagem com o iodo, de modo que, quanto maior o nmero de insaturaes maior o ndice de iodo.

4.1.1. Procedimento Experimental

A determinao do ndice de iodo consiste na adio de um halognio a uma massa determinada de amostra, com posterior determinao da quantidade de halognio que reagiu. Como o I2 pouco reativo, comum adicionar-se ICl e adicionar KI antes da titulao do excesso de halognio. O I2 proveniente do excesso do ICl titulado com tiossulfato de sdio (Na2S2O3), com amido como indicador, conforme o esquema abaixo.

Esquema 2. Passos para determinao do ndice de iodo

Fonte: Estgio em qumica, Aldo Jos Tofanini, Florianpolis, SC 2004

4.2. ndice de Saponificao

O ndice de saponificao uma indicao da quantidade de cidos graxos de baixo e alto peso molecular. definido como a quantidade de hidrxido de potssio requerido para saponificar um grama de leo ou gordura. Durante a saponificao formado sabo, de acordo com a reao.

Figura 6: Transesterificao de leos vegetais ou gorduras animais

Fonte: Tese de mestrado, Marcelo Adriano Aliske, Curitiba 2010

O ndice de saponificao inversamente proporcional ao peso molecular dos cidos graxos presentes nos triacilgliceris, devido ao fato de que os steres de cidos graxos de baixo peso molecular necessitam de mais hidrxido de potssio para saponificar.

4.2.1. Procedimento Experimental

Primeiramente, a amostra aquecida em banho-maria com soluo alcolica de KOH em refluxo, por 30 minutos ou 1 hora. Adicionar fenolftalena soluo e titular o excesso de soda com cido clordrico padronizado, conforme esquema abaixo.

Esquema 3: Passos para a determinao do ndice de saponificao

Fonte: Estgio em qumica, Aldo Jos Tofanini, Florianpolis, SC 2004

4.3. ndice de acidez (rancidez hidroltica)

O ndice de acidez revela o estado de conservao de leos e gorduras, podendo ser definido como a quantidade de hidrxido de potssio necessrio para neutralizar os cidos graxos livres. A hidrlise da ligao ster por lpase acelerada por aquecimento e luz com formao de cidos graxos livres. Esses cidos graxos livres, na maioria dos casos, causam um sabor e odor desagradveis. Entretanto, quando no se tem essa caracterstica da rancidez para indicar a decomposio do leoou gordura, necessrio, ento, determinar o ndice de acidez.

4.3.1. Procedimento Experimental

A amostra pesada e diluda com uma soluo de ter de petrleo e etanol e, ento, adicionadas gotas do indicador fenolftalena. A titulao realizada com hidrxido de potssio, conforme esquema abaixo.

Esquema 4: Passos para determinao do ndice de acidez

Fonte: Trabalho de estgio em qumica, Aldo Jos Tofanini, Florianpolis, SC 2004

4.4. ndice de perxido

O ndice ou teor de perxidos a indicao do grau de oxidao de leos e gorduras. A sua presena indcio de deteriorao, que poder ser verificada com a mudana do sabor e odor caractersticos dos leos.

4.4.1. Procedimento experimental

adicionada uma soluo de iodeto de potssio saturada amostra, adicionando-se indicador de amido e titulando-se com tiossulfato de sdio (Esquema 5). Assim, a quantidade de tiossulfato consumida proporcional quantidade de perxidos presentes na amostra.

Esquema 5 : Passos para determinao do ndice de perxido

Fonte: Trabalho de estgio em qumica, Aldo Jos Tofanini, Florianpolis, SC 2004

5. MTODOS INSTRUMENTAIS

5.1. Cromatografia gasosa

A composio de leos e gorduras pode ser determinada por cromatografia gasosa analisando os cidos graxos que os compem, bem como o grau de oxidao desses leos e gorduras. Cromatografia gasosa um mtodo fsico-qumico que consiste em separar compostos que podem ser vaporizados sem decomposio. A fase em movimento (ou fase mvel) um gs transportador, normalmente inerte como hlio e argnio. A fase estacionria uma camada microscpica de lquido ou polmero sobre um slido inerte dentro de uma coluna que, na maioria das vezes metlica. A amostra, que pode ser gasosa ou lquida voltil, injetada no cromatgrafo por meio de uma microsseringa, onde aquecida e vaporizada. Aps a injeo ela arrastada pelo gs de arraste (fase mvel) para a coluna que contm a fase estacionria. Os diferentes componentes da amostra saem em tempos diferentes, dependendo da reteno na fase estacionria. O sinal gerado pelo detector, na cromatrografia a gs, um pico cuja rea proporcional massa do analito. A rea do pico permite determinar a concentrao de cada um dos componentes da amostra, separados na coluna durante a anlise.

Figura 7: Diagrama de um cromatgrafo gasoso

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cromatografia_gasosa

5.1.1. Procedimento experimental para anlise de cido graxo por cromatografia gasosa

De modo a viabilizar a anlise cromatogrfica de leos vegetais, estes passam por um processo de esterificao, onde os cidos graxos so convertidos em compostos mais volteis, como steres metlicos ou etlicos destes cidos graxos, favorecendo o processo de eluio da amostra. O processo de esterificao necessrio para evitar reaes entre os cidos graxos presentes nos leos e a fase estacionria das colunas capilares utilizadas nas anlises. Para o processo de transesterificao, basicamente so adicionados hidrxido de potssio em metanol com aquecimento e ter de petrleo com agitao e aps isso deixar repousar para que ocorra a separao das fases, ficando a soluo dos metil-steres na fase superior. Com isso, tira-se uma alquota da fase de ter de petrleo e injeta-se no cromatgrafo, que gerar um cromatograma com picos e tempos de reteno de cada cido graxo.

Figura 8: Exemplo de um cromatograma de leo de soja refinado

Fonte: AUED-PIMENTEL, Sabria et. al, 2009

5.2. Espectroscopia no infravermelho

A espectroscopia de infravermelho (IV) um tipo de espectroscopia de vibrao que utiliza a regio do infravermelho do espectro eletromagntico (1mm a 700nm).A espectroscopia no infravermelho baseada nas vibraes dos tomos em uma molcula. Um espectro no infravermelho obtido pela radiao infravermelha que passa por uma amostra e pela determinao da frao da radiao incidente que absorvida em cada frequncia ou comprimento de onda. O espectro de infravermelho aparece na forma de bandas. Cada frequncia de absoro presente num espectro de infravermelho corresponde a uma frequncia de vibrao de uma parte da molcula da amostra. O IV utilizado para identificao de compostos orgnicos em praticamente qualquer estado fsico. Os lipdeos originam uma absoro a 5,73 micrometros.A tcnica de IV tambm utilizada para determinao de cidos graxos trans, presentes na margarina, por exemplo, na regio de 966 cm-1, onde ocorre a absoro das insaturaes que possuem hidrognio na configurao trans. 5.2.1. Procedimento de preparao de amostra

As amostraslquidaspodem ser prensadas entre duas placas de umsalde alta pureza como ocloreto de sdio. Essas placas tm de ser transparente luz infravermelha e, dessa forma, no introduzirem nenhuma linha no espectro da amostra.As amostras slidas normalmente so preparadas misturando-se a amostra com um sal altamente purificado (brometo de potssio, por exemplo). Essa mistura triturada e prensada a fim de se formar uma pastilha pela qual a luz pode passar.

Figura 9: Exemplo de espectros no infravermelho para amostras de leo diesel e de steres metlicos de leo de soja

Fonte: Tese de mestrado, Marcelo Adriano Aliske, Curitiba 2010

5.3. Outras anlises instrumentais

Cromatgrafo lquido de alta eficincia (HPLC), que se distingue do cromatgrafo gasoso por utilizar a fase mvel em alta presso, o que promove uma separao mais eficiente dos compostos da amostra.Ressonncia Magntica Nuclear (RMN) uma tcnica que permite determinar propriedades de uma substncia atravs do correlacionamento da energia absorvida contra a frequncia, na faixa de megahertz (MHz) do espectromagntico. E utiliza as transies entrenveis de energia rotacionaisdosncleoscomponentes das espcies (tomos ou ons) contidas na amostra, que pode ser em soluo ou slida.RMN til para caracterizao e quantificao de compostos orgnicos.A amostra NMR preparada em um tubo de quartzo de paredes finas.

6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

CECCHI, Helosa Mscia. Fundamentos Tericos e Prticos em Anlise de Alimentos, 2 Edio, Campinas, SP, Editora da UNICAMP, 2003.

EXPOTECH, USA. Goldfish Fat Extraction Apparatus, Model 35001 Instruction Manual.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analticas do instituto Adolfo Lutz. v.1: Mtodos qumicos e fsicos para anlise de alimentos, 3. ed. So Paulo; IMESP,1985, p. 42-43.

NIELSEN, Suzanne S., Food Analysis. 4 Edio, University West Lafayette, USA. Editora Springer.

RODRIGUES, Eliseu. Lipdeos. Universidade Federal do rio Grande do Sul, Instituto de Cincia e Tecnologia de Alimentos, ppt., Porto Alegre, 2014.

AUED-PIMENTEL, Sabria et. al., cidos graxos trans em leos vegetais refinados poli-insaturados comercializados no estado de So Paulo, Brasil, Food Analysis, 29(3): 646-651, jul.-set. 2009

ALISKE ADRIANO, Marcelo, Medidas de Espectroscopia no Infravermelho mdio para Determinao de teor de biodiesel em leo diesel, Tese de Mestrado, Curitiba, 2010

TOFANINI, Aldo Jos, Controle de Qualidade de leos Comestveis, Trabalho de estgio supervisionado em qumica, Departamento de Qumica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2004

WIKIPEDIA, A enciclopdia livre, Cromatografia Gasosa. Disponvel em: . Acesso em: 22 jun. 2014

CARVALHO, Helosa Helena, Alimentos: Mtodos Fsicos e Qumicos de Anlise, Porto Alegre, Editora da Universidade?UFRGS, 2012

LOPES, Daniele Braum. Laticnios: determinaes fsico-qumicas e microbiolgicas, Pelotas, dezembro de 2007.

ANLISES DE ROTINA DO LEITE NA INDSTRIA. Associao Brasileira das Pequenas e Mdias, Cooperativas e Empresa de Laticnios.

CAMARGO, R; ANDRADE, M. D; NOGUEIRA, J.N,Tecnologia de Produtos Agropecurios, 1984.PEARSON, David;The Chemical Analisys of Foods, 1977.

ANEXO 1

Contribuio dos integrantes do grupo na realizao do trabalho

A aluna Flvia Costa Sonaglio escreveu sobre o mtodo de extrao a frio (Bligh-Dyer), os mtodos instrumentais de anlise (espectroscopia de infravermelho e cromatografia gasosa) e os mtodos de caracterizao dos cidos graxos Indice de acidez, ndice de perxido, ndice de saponificao e ndice de iodo).A aluna Ariadne Kche escreveu sobre os mtodos de anlise que no empregam solventes, como hidrlise cida (Mtodo de Gerber e Mtodo Stoldt-Weibull), hidrlise alcalina (Mtodo de Roese Gottlieb e de Mojonnier) e ainda Extrao de Alta Presso, acelerada com solventes ou com fluidos supercrticos.A aluna Justine Freo Saggin escfreveu sobre os mtodos de extrao por solvente a quente, como o mtodo de Soxhlet e o Mtodo de Goldifish, alm da introduo sobre lipdeos e uma introduo sobre os mtodos de anlise que so utilizados.