Trabalho Teorias de Aprendizagem
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS
DISCIPLINA: TEORIA DE APRENDIZAGEM
TRABALHO DAS PRINCIPAIS TEORIAS APRESENTADAS DURANTE O
PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO DE 2013
Discente: Alessandro Batista de Araújo Docente: Carlos Rinaldi
Rondonópolis – MT
2013
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SUMÁRIO:
1- Lista de Figuras
02 - Resumo
03 – Introdução
04 – Teoria Comportamentalista ou Teoria Behaviorista
05 – Teoria Cognitiva ou Cognitivismo
06 – Teoria Humanista
07 – Robert Gage
08 – Jerome Bruner
09 – George Kelly
10 – Johson Laird
11 – Jean Piaget
12 – Lev Semenovitch Vygotsky
13 – Carl Rogers
14 – David Ausubel
15 – Joseph Novak
16 – D. Bob Gowin
17 – Marco Antõnio Moreira
18 – Paulo Freire
19 – Educação Ética
20 – Considerações Finais
21 – Referências Bibliográficas
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01 – Lista de Figuras:
Figura 01: Robert Gagné
Figura 02 – Jerome Bruner
Figura 03 – George Kelly
Figura 04 – Johson Laird
Figura 05 – Jean Piaget
Figura 06 – Lev Semenovitch Vygotsky
Figura 07 – Carl Rogers
Figura 08 – David Ausubel
Figura 09 – Joseph Novak
Figura 10 – D. Bob Gowin
Figura 11 – Marco Antõnio Moreira
Figura 12 – Paulo Freire
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02 – Resumo:
Esse trabalho faz parte de uma simples e resumida tarefa de tentar organizar as principais
teorias de aprendizagem que conhecemos tentar e entender as metodologias, o contexto histórico, os
fatores que corroboraram para seu próprio surgimento, em fim, o que realmente é relevante e
necessário para favorecermos a reflexão das práticas pedagógicas que vivenciamos no nosso dia a
dia na vida educacional.
03 - Introdução:
De maneira mais genérica, podemos pensar que uma teoria, é uma tentativa de se explicar de
maneira mais simplificada e clara possível algo que está relacionado com uma problematizarão, que
necessita de uma observação mais específica para alcançarmos respostas e compreender melhor os
aspectos que envolvem o assunto observado.
Logo, pensar em como a aprendizagem acontece e como ela se apresenta na vida humana, é
uma forma de buscarmos uma teoria ou algumas teorias que facilitem o entendimento desse
processo. Refletindo nesse sentido, podemos tentar esclarecer como acontece a aprendizagem, quais
as maneiras e os métodos que favorecem o aprender, quando, onde e quanto tempo esse processo
necessita para acontecer, quais as influências externas e internas envolvidas e quais as intervenções,
a partir de observações, podemos sugerir para favorecer o processo de aprendizagem; são alguns
questionamentos que uma teoria de aprendizagem deve propor e analisar.
É importante lembrar que as teorias de aprendizagem que conhecemos, foram pensadas em
diferentes momentos históricos, sendo relevante refletir os aspectos socioculturais e econômicos
que influenciaram nos pensamentos dos teóricos e epistemólogos, além das suas próprias crenças e
dificuldades de acessibilidades para tecnologias e descobertas científicas que ainda não eram
conhecidas em determinadas épocas e localidades.
Assim, podemos afirmar que ao analisarmos algumas dessas teorias de aprendizagem,
podemos perceber que a limitação de alguns pontos questionáveis e a forma com que os autores
colocam suas ideias, são maneiras de manifestações e interpretações que muitas vezes acarretam de
uma dependência do momento vivido nas sociedades onde esses personagens se relacionavam e que
às vezes a própria maneira de se apresentar uma teoria foi necessariamente reestruturada e
reanalisada, ocorrendo certas mudanças nos seus princípios com o passar do tempo e com as trocas
de experiências e observações. Logo, percebemos em algumas teorias uma evolução e em outras
uma readaptação nas divulgações sequenciais das obras de alguns desses teóricos.
Nesse sentido, as teorias comportamentalistas, cognitivas, humanistas e socioculturais ou
interacionistas merecem uma observação mais detalhada, por nos oferecer um leque de
pensamentos sobre a aprendizagem que até hoje influenciam na nossa maneira de agir, sentir e
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refletir em relação as nossas práticas educativas e estratégias de ensino. Essas teorias serão
apresentadas de acordo com a afinidade de pensamentos daqueles teóricos que compõem essa forma
de pensamento. Por mais antiga, ou mais nova que seja essa teoria, todos elas trazem algum aspecto
que de certa forma contribui com os nossos saberes e fazeres educacionais do cotidiano; mesmo
promovendo uma influência mínima. Portanto, não se pensou aqui, em excluir e nem categorizar em
grau de importância essas teorias.
04 - Teoria Comportamentalista ou Teoria Behaviorista
O Behaviorismo busca compreender o comportamento e de que maneira ele se manifesta sob
a influência de estímulos ambientais, um fator importante nas nossas ações. Nessa perspectiva, o
estabelecimento da relação entre o comportamento observável e as influências externas criou uma
metodologia de análise determinada por estímulo-resposta. Essa teoria trabalha na tentativa de
encontra um ajuste, através do método empírico científico, para analisar os efeitos das ações dos
indivíduos, quando um estímulo programado e orientado é imposto, e em quais condições eles são
apresentados para que se obtenha aquela determinada resposta. Nesse sentido, os fatores externos
do ambiente devem ser ajustados e adaptados para que se alcance o comportamento desejado.
Logo após o final da segunda guerra mundial, os americanos perceberam a necessidade de
continuar o fortalecimento da indústria e aumentar os incentivos tecnológicos e científicos, já que
essa estratégia foi à base para o fortalecimento da produção interna nos anos de conflito. A partir
do ano de 1950, a crescente urbanização e industrialização americana, forçaram a expansão do
sistema escolar, com tarefa de criar mão de obra qualificada ao sistema industrial e científico.
Vivendo uma época em que exames, provas e testes serviam como controle de rotulação e
classificação para as devidas seleções, os estados mentais ou cognitivos eram vistos como
conhecimentos que tinham pouca relevância, pois não podiam estabelecer estudo empírico e serem
demonstrados experimentalmente. Como esses aspectos não eram importantes, a preocupação se
voltava para as análises das relações entre os estímulos e o comportamento, ou as respostas que
poderiam ser medidas e comparadas por métodos científicos e estatísticos, buscando estabelecer a
relação entre estímulo-resposta e demonstrar como as funcionalidades dos fenômenos e as
condições e as mudanças exercidas no ambiente externo poderiam influenciar nessa relação. Nesse
sentido podemos citar alguns nomes lembrados pelas suas abordagens em relação ao
comportamentalismo:
Para Ivan Pavlov (1849-1936), o importante era analisar como se dava a relação dos
estímulos condicionados e incondicionados em relação à resposta no caso de animais.
Para John Watson (1878-1958), o comportamento compunha-se inteiramente de impulsos
fisiológicos. Devido à influência de Pavlov, focalizou seu estudo muito mais nos estímulos
do que nas consequências e, assim, encarou a aprendizagem na forma do condicionamento
clássico: o estímulo condicionado, depois de ser emparelhado um número suficiente de
vezes com o estímulo incondicionado, passa a eliciar a mesma resposta e pode substituí-lo.
Para Edward Thorndike (1874-1949), o importante era enfatizar o reforço onde à
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aprendizagem era facilitada quando uma conexão era ligada a uma resposta satisfatória.
Para Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), o relevante era criar sistemas instrucionais que
visam o controle do comportamento individual em relação a objetivos preestabelecidos
dando ênfase no estudo científico do comportamento humano.
Os professores que possuem como práticas de ensino a teoria behaviorista, às vezes de
forma inconsciente, normalmente também foram acostumados no passado e na sua própria
formação, com os métodos que levavam em consideração o comportamento. Acreditam que existe
sempre a necessidade de notas, classificação e rotulação; para que certa dose de competição não se
perca entre os alunos; que outros incentivos para aprender e cumprir tarefas são fundamentais; que a
disciplina e o cumprimento das regras sejam padronizados de maneira uniforme para todas as
classes; que o currículo deve manter uma sequencia organizado de temas que devem ser cumpridos
como meta de um programa não flexível. Esse comportamento padronizado é aprendido e deve ser
uma resposta da condição passada e presente, sendo analisado e avaliado com a utilização de
diferentes métodos de reforço. Ou seja, o professor é responsável por reforçar sempre para a
construção de um comportamento correto e padronizado dos seus alunos.·.
Cabe aos alunos, o papel de observadores da aprendizagem, sem muita autoridade para
discussão e questionamento; onde o senso crítico das informações apresentadas não é relevante;
cada aluno deverá receber as instruções e seguir os programas de maneira uniformizada e sem
muitas chances de divergências em torno da quantidade de conteúdos absorvidos, memorizados e
reestruturados, utilizando os exames, provas e testes para mensurar esse tipo de aprendizagem, o
comportamentalismo joga a responsabilidade pelo sucesso ou não nesse processo de avaliação para
o aluno.
05 - Teoria Cognitiva ou Cognitivismo
O cognitivismo propõe a verificação dos processos mentais, analisar a mente, o ato de
conhecer; como o homem desenvolve seu conhecimento acerca do mundo, analisando os aspectos
que intervém no processo comportamental. Contrapondo-se ao comportamentalismo que se importa
na atenção no comportamento humano. Seguindo esse modo de compreensão Moreira (1982, p. 3)
ratifica que “a psicologia cognitiva preocupa-se com o processo de compreensão, transformação,
armazenamento e utilização das informações, envolvida no plano da cognição.”.
A corrente cognitivista preocupa-se com os processos de compreensão, transformação,
armazenamento e o uso da informação responsável pelos significados, procurando relacionar esses
processos mentais em etapas ou fases do desenvolvimento Humano. Alguns autores relacionados
com o cognitivismo são considerados construtivistas com foco na cognição, outros por sua vez, dão
maior relevância para a afetividade.
A construção do conhecimento passa a ser vista como uma experimentação e cooperação,
onde a compreensão acontece de modo gradativo dispondo a criança à percepção, observação e
experimentar através da manipulação de objetos; mas considerando cada estágio de
desenvolvimento de cada aluno. As interações ocorridas em sala de aula entre os alunos mostram-se
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importantes ao desenvolvimento das construções cognitivas individuais, favorecendo os conflitos,
oposições de opiniões, atitudes de decisão.
O professor como orientador propõe desafios oferecendo aos alunos oportunidades de
aprendizagens diferenciadas, o domínio do conhecimento e do processo de conhecer; provocando
desequilíbrios na mente do estudante para que ele busque o reequilíbrio com uma reconstrução de
novos esquemas. Ele não é apenas um transmissor de conhecimento.
A aprendizagem é avaliada levando em consideração cada estágio de desenvolvimento dos
alunos, e o educador deve conhecer o nível cognitivo dos seus alunos e criar mecanismos de
interferência que estimule a construção das estruturas em desenvolvimento, relativas ao período em
que se encontra em sua escolarização, na tentativa de progredir rumo ao sucessivos estágios.
06 - Teoria Humanista
Na perspectiva dos teóricos humanistas o ser humano independentemente das circunstâncias
que o envolvem possui a capacidade inata de assumir o controlo da sua vida e de promover o seu
próprio desenvolvimento por meio de das capacidades exclusivamente humanas de escolha,
criatividade e auto-realização.
A ideia humanista trata dos valores da pessoa, da sua satisfação e do ser humano como um
todo, propondo que o homem não está determinado pela situação imediata ou pela experiência
passada, pois tem autonomia e condições de sobrepor-se a determinações de qualquer natureza; o
importante é a auto valorização da pessoa e seu crescimento pessoal.
A teoria humanista questiona o tipo de educação centrada no professor, no ensino, propõe
uma educação centrada na pessoa do aluno ou ainda no professor enquanto aluno, tomando-o como
ativo no processo de ensino-aprendizagem.
O professor está ao seu serviço, para auxilia-lo possibilitando uma autoaprendizagem, pois
agora o aluno é possuidor de forças de crescimento, tem a possibilidade de ser livre e com
responsabilidades, digno de confiança. O professor não ensina diretamente o estudante, ele facilita a
sua aprendizagem.
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07- Robert Gagné (1916-2002)
Figura 01
Robert Mills Gagné Nasceu em 1916, na cidade de Andover Norte, Massachutts, EUA.
Recebeu PhD em Psicologia em 1940, e lecionou na Universidade de Connectitck para mulheres de
1940 a 1949; Foi diretor de pesquisa do laboratório da formação aérea dos EUA e consultor do
departamento de defesa; em 1962, publicou o artigo Treinamento Militar e princípios de
aprendizagem; em 1968 publicou Hierarquias da Aprendizagem; em 1985 a última edição de
condições de aprendizagem; em 1992 Princípios de Design Instrucional; faleceu em 2012.
A teoria de Gagné evoluiu do behaviorismo para o cognitivismo, pois ele se baseia nas
ideias de estímulo-resposta, mas com o tempo passa a dar importância para os processos internos de
aprendizagem sendo um dos pioneiros da teoria do processamento da informação.
Para ele a aprendizagem é ativada pela estimulação do ambiente exterior e provoca uma
modificação do comportamento humano. Portanto existem eventos externos e internos que
associados promovem a aprendizagem. Os eventos que acompanham a aprendizagem são: fase de
motivação (expectativa), fase de apreensão (atenção; percepção seletiva), fase de aquisição (entrada
de armazenamento), fase de retenção (armazenamento na memória), fase de rememoração
(recuperação), fase de generalização (transferência), fase de desempenho (resposta) e fase da
retroalimentação (reforço).
Gagné observar os resultados da aprendizagem por algumas características como pelas
estratégias cognitivas, que são as capacidades internamente organizadas das quais o aluno faz uso
para guiar sua própria atenção, aprendizagem, rememoração e pensamento; pelas atitudes, que são
capacidades de adotar um comportamento específico em concordância com valores e crenças
adquiridas, é também definida como domínio afetivo; pelas habilidades motoras, que são
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capacidades de desempenhar tarefas físicas segundo padrões estabelecidos; e pelas capacidades
intelectuais, que são capacidades que necessitam de hierarquias para aquisição delas (pré-requisitos).
O professor deve organizar as condições exteriores próprias à aprendizagem com a
finalidade de ativar as condições internas promovendo a aprendizagem através da instrução que
consistiria de um conjunto de eventos externos planejados com o propósito de iniciar, ativar e
manter a aprendizagem do estudante.
08 - Jerome Bruner (1915-)
Figura 02
Jerome Bruner nasceu em New York in 1915; graduou-se na Universidade de Duke em 1937
e posteriormente em Harvard em 1941, obteve o título de doutor em Psicologia e tem sido chamado
o pai da Psicologia Cognitiva, pois desafiou o paradigma do behaviorismo.
De forma análoga a Piaget, Bruner propõe três modos de representações no desenvolvimento
humano: A representação ativa, na qual a criança estabelece relações entre experiência e ação
manipulando o mundo ao seu redor, ocorrendo no período pré-escolar; representação icônica, onde
a criança manipula diretamente objetos de forma operacional e símbolos de maneira mentalmente
interna, criando relações entre eles, ocorrendo no período em que a criança está no início da sua
escolarização; e a representações simbólicas que ocorrem com a habilidade da criança conseguir
elaborar operações lógicas e pensamentos abstratos dando expressão formal e axiomática às ideias
concretas, ocorrendo basicamente no término do ensino fundamental e em todo o ensino médio.
Bruner considera que é possível ensinar qualquer assunto para qualquer criança,
independente do seu estágio de desenvolvimento, pois o que é realmente importante no ensino é a
interação entre a criança, assunto e modo com que sua estrutura, suas ideias e suas relações
fundamentais serão apresentadas. Sugere a aplicação de um currículo em espiral para quando o
aluno estiver acomodado com o conhecimento adquirido, o professor possa oferecer-lhe novos
questionamentos para que a dúvida apareça e a busca de nova acomodação transforme o aluno em
um ser ativo na aprendizagem.
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Bruner propõe um método da descoberta que consiste de conteúdos de ensino percebidos
pelo aprendiz em termos de problemas, relações e lacunas que ele deve preencher, a fim de que a
aprendizagem seja considerada significante e relevante. Com isso, o ambiente para a aprendizagem
por descoberta deve proporcionar alternativas, resultando no aparecimento de relações e
similaridades. O currículo em espiral, por sua vez, significa que o aprendiz deve ter a oportunidade
de ver o mesmo tópico mais de uma vez, em diferentes níveis de profundidade e em diferentes
modos de representação.
Nesse sentido, O aluno se sente liberado de expectativas quanto à pré-existência de uma
resposta correta, situação em que nada haveria para ser descoberto, ativando deste modo todo o
potencial intelectual disponível, libertando o aluno do controle por meio de recompensas ou do
castigo imediato e, assim, motivando para o trabalho e permitindo o desenvolvimento pessoal de
processos de descoberta que podem ser generalizados para as mais variadas situações, com o
favorecimento de invocação de informações, já que elas foram retidas dentro de uma estrutura
cognitiva construída pela própria pessoa.
Diferente de Piaget em relação à linguagem, para Bruner o pensamento da criança evolui
com a linguagem e dela depende. Para Piaget, o desenvolvimento da linguagem acontece
paralelamente ao do pensamento, caminha em paralelo com a lógica.
09 - George Kelly (1905-1967)
Figura 03
Graduou-se em matemática e física em 1926, seguido de um mestrado em sociologia
educacional e em 1931 recebeu o título de doutor em psicologia. Durante esse período lecionou em
diversas instituições não apenas psicologia, mas também oratória, cidadania e teatro dramático.
Kelly elaborou uma teoria formal, com um postulado e onze corolários, que ele chama de
Psicologia dos Construtos Pessoais. Seu postulado fundamental diz que os processos de uma pessoa
são psicologicamente canalizados pelas maneiras nas quais ela antecipa eventos.
1. Corolário da construção - uma pessoa antecipa eventos construindo suas réplicas.
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2. Corolário da individualidade - as pessoas se diferenciam uma das outras nas construções de
eventos.
3. Corolário da organização - cada pessoa caracteristicamente desenvolve, para sua conveniência
em antecipar eventos, um sistema de construção que possui relações ordinais entre construtos.
4. Corolário da dicotomia - o sistema de construção de uma pessoa é composto por um número
finito de construtos dicotômicos.
5. Corolário da escolha - uma pessoa escolhe para si aquela alternativa, em um construto
dicotomizado, por meio da qual ela antecipa a maior possibilidade de extensão e definição de seu
sistema de construção.
6. Corolário de faixa - um construto é conveniente para a antecipação de apenas uma faixa finita de
eventos.
7. Corolário da experiência - o sistema de construção de uma pessoa varia quando ela constrói,
sucessivamente, réplica de eventos.
8. Corolário da modulação - a variação no sistema de construção de uma pessoa é limitada pela
permeabilidade dos construtos em cujas faixas de conveniência se encontram as variantes.
9. Corolário da fragmentação - uma pessoa pode sucessivamente empregar uma variedade
subsistemas de construção que são inferencialmente incompatíveis entre si.
10. Corolário da comunidade – na medida em que uma pessoa emprega uma construção da
experiência que é similar àquela empregada por outra pessoa, seus processo psicológicos é similar
ao da outra pessoa.
11. Corolário da sociabilidade - na medida em que uma pessoa constrói o processo de construção de
outra, ela pode desempenhar um papel num processo social envolvendo a outra pessoa.
A visão de Kelly sobre pessoa é explícita. Na sua perspectiva, o indivíduo, tal como um
cientista, procura testar as suas teorias pessoais (chamadas constructos pessoais) sobre o mundo,
sobre o seu funcionamento e sobre si próprio. O indivíduo utiliza esses constructos para prever
acontecimentos e esforçar-se por controlar a sua vida e o seu comportamento. Kelly considerava
que existiam sempre construções alternativas à interpretação do mundo.
Kelly sugere que o modo como nos percebemos a respeito de nós mesmos, se reflete em
nosso comportamento e não o contrário. Dessa maneira se houver mudança na representação, no
sistema de construções, é possível que haja mudança de comportamento.
Nesse sentido o professor precisa reconhecer que essas teorias são viáveis em seus contextos
e que algumas podem estar firmemente inseridas em um sistema de relações com outras teorias.
Uma tarefa do professor, segundo o construtivismo de Kelly, consiste em apresentar aos estudantes
situações através das quais seus construtos pessoais possam ser articulados, estendidos ou
desafiados pelos construtos formais da visão científica. Adotar o ponto de vista kellyano não
significa que os alunos deveriam ser deixados a si mesmos para que construam suas visões do
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mundo sem que lhes sejam apresentadas as teorias científicas (e relativamente melhores). Entretanto,
o essencial é que tal conhecimento formal seja apresentado como hipotético e passível de
reconstrução e avaliação por parte do aluno.
10 - Johnson-Laird (1936-)
Figura 04
Nasceu em Leeds, Inglaterra; é um professor do Departamento de psicologia da
Universidade de Princeton, Nova Jérsey, Estados Unidos, e autor de vários livros sobre a cognição
humana e psicologia do pensamento.
Estudou na Escola Culford e no Colégio da Universidade de Londres, na Inglaterra, onde foi
condecorado com a Medalha Rosa e James Morrison em 1964. Teve bolsa de estudos entre 1964 e
1966. Graduou-se em psicologia em 1964 e doutorou-se em 1967 no Colégio da Universidade de
Londres.
Laird propôs uma teoria que relaciona os modelos mentais tanto às representações
proposicionais quanto às imagens, que são tratadas como uma classe especial de modelos existindo
três tipos de representações mentais: os modelos mentais, as representações proposicionais e as
imagens. Nesse sentido, as pessoas não se utilizam da lógica formal ou do pensamento dedutivo
para raciocinar, elas o fazem através da construção de modelos mentais. Por esse motivo, a Teoria
dos Modelos Mentais de Johnson-Laird é dita não racionalista.
Para Johnson-Laird, uma representação proposicional é uma representação mental de uma
proposição verbalmente expressável. São sequências de símbolos que correspondem à língua
natural, ao qual qualquer representação mental pode ser reduzida, e podem ou não fazer parte de um
modelo mental.
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12 - Jean Piaget (1896 – 1980)
Figura 05
Um dos mais importantes pesquisadores de educação e pedagogia, Jean Piaget nasceu na
cidade de Neuchâtel (Suíça) em 9/08/1896 e morreu em 17/9/1980. Especializou-se em psicologia
evolutiva e também no estudo de epistemologia genética. Seus estudos sobre pedagogia
revolucionaram a educação, pois derrubou várias visões e teorias tradicionais relacionadas à
aprendizagem. Foi morar na cidade de Zurique em 1918, onde trabalhou num laboratório de
psicologia e estagiou numa clínica de psiquiatria. Estudou psicopatologia na Universidade de
Sorbonne na França. Piaget fez pesquisas sobre as características do pensamento infantil com
crianças francesas e também com deficientes mentais. No ano de 1921 escreveu suas primeiras
teorias pedagógicas. Foi diretor do Instituto Jean-Jacques Rousseau na Suíça e lecionou psicologia
infantil na Universidade de Genebra.
Para Piaget, a psicogênese possibilitava estudar transformações ocorridas durante o
desenvolvimento cognitivo dos indivíduos, numa investigação das funções mentais a partir de sua
gênese. Seus estudos se basearam na teoria biológica, evolucionária e cognitiva.
Nesse sentido, o desenvolvimento cognitivo é caracterizado por uma busca permanente do
equilíbrio através da adaptação de propriedades constitutivas da vida em sua dupla vertente
orgânica e psicológica, ocorrendo o ajustamento de antigas estruturas a novas funções, bem como o
desenvolvimento de novas estruturas a fim de preencher funções antigas. É com a adaptação de
novas e diferentes circunstâncias que acontece a mudanças nas estruturas mentais.
Essa adaptação acontece pela assimilação e pela acomodação, onde a mente incorpora a
realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio. Muitas vezes, os esquemas de ação da
pessoa não conseguem assimilar determinada situação. Neste caso, a mente modifica, ocorre o que
Piaget chama de acomodação. As acomodações levam à construção de novos esquemas de
assimilação, promovendo, com isso, o desenvolvimento cognitivo. Piaget considera as ações
humanas e não as sensações como a base do comportamento humano.
A teoria de Jean Piaget é propriamente uma teoria de desenvolvimento mental que distingue
quatro períodos de desenvolvimento cognitivo:
Sensório-motor (0 a 2 anos) - A inteligência vem antes da linguagem, o comportamentos do tipo
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reflexo, a criança é o centro e os objetos existem em função dela, o universo que a circunda é
conquistado mediante a percepção e movimentos.
Pré-operacional (2 a 6 ou 7 anos) - Uso da linguagem, dos símbolos e imagens mentais; seu
pensamento começa a organizar, mas ainda não é reversível; continua egocêntrica; suas explicações
podem não serem coerentes com a realidade; idade dos por quês.
Operacional-concreto (7 aos 12 anos) – A descentralização é progressiva em relação á perspectiva
egocêntrica; pensamento mais organizado; características lógicas de operações reversíveis; pensa no
todo e nas partes simultaneamente; consolida a conservação de quantidade; constrói o conceito de
número; precisão no contraste e comparação de objetos reais; a criança não é capaz de operar com
hipóteses, recorre ao concreto.
Operacional-formal. (dos 12 anos até a fase adulta) – Possui a capacidade de raciocinar com
hipóteses verbais e não apenas com objetos concretos; apresenta construção de conceitos partindo
de estruturas lógicas; ao raciocinar manipula proposições; raciocínios hipotético-dedutivo; tem
capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta; adquire sua forma
final de equilíbrio, alcança o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta.
Na educação, as ideias de Piaget apresentam um ensino centrado no aluno pela
fundamentação de estudos sobre o desenvolvimento de modo gradativo e não mediante a
transmissão pura e simples do professor. A aquisição do conhecimento acontece por meio das
relações que o estudantes mantêm com o meio para atender suas necessidades, criando assim
processos de desenvolvimento e de aprendizagem dos indivíduos.
Os conflitos, opiniões, divergências e concordâncias nas experiências entre os alunos, são
fundamentais nesse processo de desenvolvimento, pois as interações ocorridas em sala de aula nas
atividades e coletivas irão fortalecer as construções cognitivas individuais.
O professor deverá provocar desafios que possibilite aprender de forma significativa através
do desequilíbrio, mas este não pode ser tão grande a ponto de não permitir a equilibração majorante
que levará a um novo equilíbrio criando possibilidades de o estudante reconstruir novos esquemas
dependendo sempre da maturação e de aquisições que cada fase do desenvolvimento apresenta.
Logo, o professor deixa se for visto com a função de transmissor de conhecimento, para se
transformar num orientador que oferece estímulos adequados a cada etapa de desenvolvimento e
avalia de acordo com as competências próprias de cada fase dos alunos.
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12 - Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934)
Figura 06
Lev Semenovich Vygotsky nasceu em 17 de novembro de 1896, na cidade de Orsha, em
uma prospera família judaica.
Em 1917 formou-se em Direito pela Universidade de Moscou. Dois anos mais tarde,
contraiu de se irmão mais novo, tuberculose.
No ano de 1924, foi convidado por Kornilov para trabalhar no Instituto de Psicologia de
Moscou. Neste mesmo ano, casou com Rosa Smekhova, com quem teve duas filhas.
Um ano mais tarde, em 1925, escreveu Psicologia da Arte, que só será publicado apenas em
65. Organiza o Laboratório de Psicologia para crianças deficientes – que em 1929 seria
transformado no Instituto de Estudos de Deficientes e, após sua morte, no Instituto Cientifico de
Pesquisas sobre Deficientes da Academia de Ciências Pedagógicas. No dia 11 de junho de 1934,
com 37 anos, morreu de tuberculose.
Principal representante da chamada Psicologia Histórico-Cultural ou Psicologia Sócio-
Interacionista, Vygotsky buscou embasamento científico para a pedagogia, apontando relações
sociais, como a mediação e a cultura, como instrumentos chaves para o processo de
desenvolvimento de todos os indivíduos em sociedade.
Além disso, estudou a relação entre o pensamento e a linguagem, o processo de
desenvolvimento da criança e o papel da educação formal nesse desenvolvimento;
Utilizando o método materialista histórico e dialético desenvolvido por Marx e Engels,
Vygotsky compreendeu que os processos psicológicos devem ser compreendidos em sua totalidade
e em movimento, numa visão dialética do processo integral do comportamento, que depende de
processos biológicos vinculados às ações do homem sobre a natureza por este ser um membro
social e histórico.
O modelo de arquitetura funcional de Vygotsky diverge um pouco da visão de Piaget no
sentido de que a sociedade e da cultura, além de serem ativantes das estruturas endógenas da razão,
como para Piaget, também tem a função efetivamente formante, onde a mediação e a interação são
elementos primordiais nesse modelo.
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Para Vygotsky, o desenvolvimento infantil é caracterizado por funções que estão em
processo de amadurecimento prestes a consolidarem-se com a ajuda e mediação de um adulto ou
colega mais experiente por meio de pistas, demonstrações, questionamentos intencionais, presentes
na zona de desenvolvimento proximal, levando a criança ir além de suas aprendizagens atuais, pois
é nessa zona que o limite entre o real/atual se encontra, mas garantindo sua capacidade em resolver
um problema de modo independente. Trata-se de uma espécie de desnível intelectual avançado
dentro do qual uma criança, com o auxílio direto ou indireto de um adulto, pode desempenhar
tarefas que ela, sozinha, não faria, por estarem acima do seu nível de desenvolvimento.
Nesse sentido, a educação escolar se torna um dos mais importantes processos de
humanização do homem, pois permite o desenvolvimento de suas aptidões, numa apropriação das
obras da cultura historicamente constituídas pela humanidade, através das interações sociais
estabelecidas. Logo o objetivo geral da educação, na perspectiva vygotskyana, seria o
desenvolvimento da consciência construída culturalmente.
Para Vygotsky, o aprendizado orientado para níveis de desenvolvimento que já foram
atingidos é ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento global da criança, ao contrário de outras
teorias pedagógicas, como a piagetiana, que sugerem a necessidade de o ensino ajustar-se a
estruturas mentais já estabelecidas.
13 - Carl Rogers (1902-1987)
Figura 07
Carl Rogers nasceu no dia 8 de Janeiro de 1902, em Oak Park, nos arredores de Chicago. Os
pais de Rogers vinham de uma cultura protestante moralmente rígida, um tanto conservadora e
bastante fixada em valores tradicionais. Tanto o pai como a mãe tinha formação universitária e
estimulavam uma atmosfera intelectual na família. Carl Rogers foi um psicólogo americano, que
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atuou como psicoterapeuta por mais de 30 anos e trouxe grandes contribuições para a prática clínica
e para a educação.
No Brasil suas ideias tiveram difusão na década de 70, em confronto direto com as ideias do
Comportamentalismo (Behaviorismo), que teve em Skinner um de seus principais representantes.
Rogers é considerado um representante da psicologia humanista e da corrente humanista em
educação. Teve grande atuação política, especialmente na resolução de conflitos, a ponto do seu
nome ter sido indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 1987. Estudiosos da linha da psicologia
transpessoal também reconhecem contribuições de Rogers, especialmente nos últimos anos de sua
obra, quando ele passou a dedicar atenção à espiritualidade humana e a um estado especial de
consciência que ele identificou durante suas sessões como psicoterapeuta.
Rogers colocou em discussão a problemática das relações interpessoais, o uso da
psicoterapia aplicada na educação e a defesa de uma perspectiva de ensino centrado no aluno. Nesse
sentido, Rogers não se preocupou com o controle do comportamento, o desenvolvimento cognitivo
ou a formulação de um bom currículo e sim com o crescimento pessoal do aluno.
Ele acreditava que existiriam algumas condições favoráveis para o desenvolvimento dos
indivíduos como um todo, onde a liberdade para aprender, a tendência que todas as pessoas
possuem para se realizar e a busca de um crescimento pessoal em sua plenitude, são fatores
fundamentais para que o indivíduo consiga se desenvolver.
Considerando o aluno como pessoa, Rogers achava que o ensino deveria facilitar a sua auto-
realização, visando à aprendizagem "pela pessoa inteira", que transcende e engloba as
aprendizagens afetivas, cognitivas e psicomotoras. O professor e o aluno se desenvolvem e
aprendem a viver como indivíduos em processo, onde o objetivo do ensino deverá ser o de facilitar
a aprendizagem.
O educador, ao exercer o papel de facilitador, não poderá se eximir do seu papel de
informante não diretivo da atividade no processo de autoaprendizagem, pois a utilização de alguns
recursos didáticos e de habilidades de transmitir as informações não deixa de ser um maneira
significativa de ensinar. Assim, os estudantes necessitam ser compreendidos, não avaliados, não
julgados, não ensinados. Facilitação exige compreensão e aceitação empática.
14 - David Ausubel (1918-2008)
18
Figura 08
David P. Ausubel nasceu em 1918 e cresceu no Brooklyn, NY. Ele frequentou a
Universidade da Pensilvânia, fez o curso pré-médico com especialização em Psicologia. Depois de
se formar na faculdade de medicina na Universidade de Middlesex, ele completou um estágio
rotativo em Gouveneur Hospital (NY Secretaria Municipal de Hospitais), localizado na parte
inferior do lado leste de Manhattan, incluindo a Little Italy e Chinatown de 1944. Foi para o
serviço militar em seguida, trabalhando no Serviço de Saúde Pública dos EUA. Ele foi designado
para atuar no Centro de Socorro das Nações Unidas e Administração de Reabilitação, em Stuttgart,
na Alemanha trabalhou com pessoas com sequelas de combates. Fez três residências psiquiátricas
no Serviço de EUA Public Saúde, em Kentucky, no Centro de Psychiatric Buffalo, e no Bronx
Centro de Psychiatric. Com a ajuda da GI Bill, ele ganhou um PH D em Psicologia do
Desenvolvimento pela Universidade de Columbia. Obteve uma série de prêmios na área de
psicologia pela Universidade de Illinois, Universidade de Toronto, e nas universidades europeias
em Berna, na Universidade Salesiana em Roma, e Escola de Formação de Oficiais, em Munique.
Ele recebeu uma Bolsa de Investigação Fulbright em 1957-1958 para fazer um estudo comparativo
da motivação profissional dos Maoris e Europeus. Em 1973 ele se aposentou da vida acadêmica
para se dedicar em tempo integral a seu prática psiquiátrica. Seus principais interesses em
psiquiatria têm sido psicopatologia geral, o desenvolvimento do ego toxica dependência, e da
psiquiatria forense. Dr. Ausubel publicou extensivamente vários artigos em psicologia e livros de
desenvolvimento e educação sobre temas especializados, como a dependência de drogas,
psicopatologia e desenvolvimento do ego, e mais de 150 artigos em revistas psicológicas e
psiquiátricas. Em 1976 ele recebeu o Prêmio Thorndike, da Associação Americana de Psicologia
para "Ilustres Contribuições Psicológicas à Educação". Ele se aposentou da vida profissional em
1994, para dedicar-se a integralmente, com a idade de 75 anos, à escrita; escrevendo quatro livros.
Dr. Ausubel faleceu em 9 de July, 2008.
Revoltado contra os castigos e humilhações pelos quais passara na escola, afirma que a
educação violenta e reacionária, relatando um dos episódios que o marcou profundamente nesse
período.
Ausubel prioriza a aprendizagem cognitiva, a integração do conteúdo aprendido numa
edificação mental ordenada (Estrutura Cognitiva), a representação de todo conteúdo informal
armazenado e organizado (Ponto de Ancoragem) e a interação de novas informações (Associação
de informações inter-relacionadas). Para Ausubel a Aprendizagem Mecânica é necessária e
inevitável no caso de conceitos inteiramente novos para o aprendiz, mas posteriormente ela passará
a se transformar em Significativa.
Para que ocorra essa aprendizagem significativa é necessário que o material a ser assimilado
seja potencialmente significativo, ou seja, arbitrário em si. Mesmo materiais arbitrários então,
19
podem ser tomados significativos através de organizadores prévios. Além disso, deve ocorra um
conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do indivíduo, com subsunçores em suficiência para suprir
as necessidades relacionais e que o aprendiz apresente uma disposição para o relacionamento e não
para simplesmente memorizá-lo mecanicamente muitas vezes até simulando uma associação
(exercícios e avaliação repetitivos e rigidamente padronizados).
Ausubel divide a aprendizagem significativa em três tipos:
1. Aprendizagem Representacional: É basicamente uma associação simbólica primária.
Atribuindo significados a símbolos como, por exemplo, valores sonoros vocais a caracteres
linguísticos.
2. Aprendizagem de Conceitos: É uma extensão da Representacional, mas num nível mais
abrangente e abstrato, como o significado de uma palavra por exemplo.
3. Aprendizagem Proposicional: É o inverso da Representacional. Necessita é claro do
conhecimento prévio dos conceitos e símbolos, mas seu objetivo é promover uma
compreensão sobre uma proposição através da soma de conceitos mais ou menos abstratos.
Por exemplo, o entendimento sobre algum aspecto social.
Para Ausubel, a aprendizagem significativa pode ter a seguinte natureza:
Subordinada: Onde a informação nova é assimilada pelo subsunçor passando a alterá-lo;
Superordenada: Quando a informação nova é ampla demais para ser assimilada por qualquer
subsunçor existente, sendo mais abrangente que estes e então passa a assimilá-los. Por ex.: Se o
indivíduo tem subsunçores para Catolicismo, Protestantismo e Kardecismo, e depois aprende o
conceito geral de Cristianismo. Esse último conceito é que na realidade assimilará os 3 originais;
Combinatória: Quando a informação nova não é suficientemente ampla para absorver os
subsunçores, mas em contrapartida é muito abrangente para ser absorvida por estes.
No ensino, a aprendizagem significativa deve auxiliar os professores a identificar os
subsunçores dos estudantes para que o potencial significante da aplicação do método seja alcançado,
além de focar na consolidação do aprendizado. O professor, ao observar as emoções dos estudantes,
pode ter pistas de como o meio escolar os afeta: se está instigando emocionalmente ou causando
apatia por ser desestimulante. Dessa forma, consegue reverter um quadro negativo, que não
favorece a aprendizagem.
20
15 - Joseph Novak (1932-)
Figura 09
Joseph Novak além de ser um bem sucedido empresário, formou-se em Ciências e
Matemática em 1952 na Universidade de Minnesota, concluiu seu Mestrado em Ciências da
Educação, (1954) na Universidade de Minnesota, e concluiu sua graduação em Biologia e Ciências
da Educação na Universidade de Minnesota, em 1958. Foi um professor de biologia no Kansas
State Teachers College em Emporia (1957-1959), e na formação de professores na Purdue
University (1959-1967). Desde 1998 ele é também pesquisador visitante na Universidade de West
Florida, no departamento Institute for Human & Machine Cognition. Trabalha atualmente também
para a NASA, a Marinha, a CIA etc. Além disso, atuam como consultor para mais de 400 escolas,
universidades e corporações, incluindo a Procter and Gamble, e NASA, Departamento de Marinha,
e EPRI. Recebeu uma série de prêmios e honrarias: Doutor Honor is Causa pela Universidade de
Comahue, Nuquen, Argentina (1988); doutoramento honorário pela Universidade Pública de
Navarra, Pamplona, Espanha, (2002); Doutor Honoris Causa pela Universidade de Urbino (2006); e
o primeiro prêmio de contribuições para a educação científica do Council of Scientific Society
Presidents.
O foca da sua ideia e na aprendizagem significativa, onde a interação entre o conhecimento
prévio e o novo, é o que resulta num conhecimento mais elaborado e não o fato de que esse
conhecimento adquirido seja ou não correto do ponto de vista científico. O lógico passa para o
psicológico. Para analisar esse processo, Novak criou em 1972, junto com uma equipe de
pesquisadores, um instrumento chamado de mapas conceituais.
Para Novak, o ensino ocorre com a troca de significados e sentimentos entre professor e
aluno e o professor apresenta ao aluno conhecimentos aceitos como válidos em certo contexto e que
são compartilhados por uma comunidade de usuários valorizando a experiência afetiva. Essa troca
afetiva poderá ser benéfica ou maléfica para os estudantes.
Aprendizagem significativa, não é sinônimo de aprendizagem de conceitos corretos; Um
aluno pode aprender de maneira significativa conceitos errados. Para o aluno tal conhecimento é
significativo, mas para o professor é errado porque não são conhecimentos compartilhados por uma
21
comunidade de usuários.
Na educação, é importante que os alunos tenham disposição para aprender de forma
significativa, que as tarefas planejadas pelo o professor sejam também significativas, que os
conhecimentos prévios relevantes existentes na estrutura cognitiva dos alunos sejam levados em
conta, que a avaliação da aprendizagem busque evidências com essa característica, que a didática, o
conteúdo e o contexto também sejam avaliados; e que nesse processo de avaliação os mapas
conceituais e os diagramas em Vê sejam instrumentos fundamentais.
16 - D. Bob Gowin (1926-)
Figura 10
Bob Gowin é Professor Emérito da Universidade de Cornell – Estados Unidos Atuou na área
Filosofia da Educação, Fundamentos da Educação e estrutura do Conhecimento; é Doutor pela
Universidade de Yale, 1956; tem Pós-doutorado em Filosofia na Universidade de Yale- 1958; foi
Professor Assistente na Universidade de Chicago– 1958 a 1961; Eleito Presidente da Sociedade
para a Filosofia da Educação em 1969 – 1970; foi Professor associado da Universidade de Stanford
– 1970, onde apresentou o primeiro seminário de Filosofia e Pesquisa em Educação, que recebeu o
prêmio em Excelência em Ensino.
O foco da sua ideia é a de fazer entender a natureza e os objetivos do trabalho experimental
em ciências e a estrutura e o processo de construção do conhecimento, onde o processo de ensino-
aprendizagem deve compartilhar significados (a respeito de conhecimentos verificados pelos
materiais educativos); o professor deve atuar de maneira intencional (para mudar significados da
experiência do aluno); e o aluno também deve atuar intencionalmente (ao manifestar interesse, quer
captar o significado dos materiais educativos).
A análise do processo de produção do conhecimento proposta por D. B. Gowin partiu
inicialmente de um conjunto de cinco questões:
Qual a questão foco do trabalho?
Quais os conceitos chaves?
Qual a sequência de passo?
22
Quais asserções de conhecimento?
Quais as asserções de valor?
Nesse sentido Gowin, propõem a construção do Vê epistemológico, onde se encontra a
organização intencional do processo de busca do conhecimento com os eventos, as perguntas de
pesquisa, o domínio teórico, o domínio metodológico, domínio conceitual, teorias, princípios e
conceitos, transformações e registros; como elementos primordiais dessa estrutura.
17 - Marco Antônio Moreira
Figura 11
Marco Antônia Moreira é Licenciado em Física pela Faculdade de Filosofia da UFRGS em
1965; Mestre em Ensino de Física pelo Instituto de Física da UFRGS em 1972; possui Ph. D em
Ensino de Ciências, Área Complementar: Currículo e Instrução, pela Cornell University, USA em
1977.é professor Titular aposentado, Instituto de Física da UFRGS e Pesquisador 1A, CNPq, desde
1989. Moreira escreveu e publicou vários livros e artigos científicos em revistas, congressos e
seminários nacionais e internacionais.
Moreira tomou como base de seus estudos as ideias de Postman e Weingartner, que
questionava a forma com que a escola da década de 70 insistia em ensina conceitos tradicionais fora
do foco, favorecendo a construção de personalidades passivas, aquiescentes, dogmáticas,
intolerantes, autoritárias, inflexíveis e conservadoras que resistiriam à mudança para manter intacta
a ilusão da certeza. Além disso, concordando com as ideias de Ausubel e outros teóricos da
aprendizagem significativa, que valoriza o que já sabemos para continuarmos aprendendo, Moreira
pensou em estratégias para romper a barreira tradicional do ensino, visando dar significados aos
conhecimentos científicos totalmente dentro da necessidade vivida no contexto histórico atual.
23
Para Moreira, a educação ao invés de ajudar os alunos a construir significados para
conceitos, agregou novos conceitos fora de foco como informações exageradas, idolatrias
tecnológicas, consumismo globalizado e a ideia de que o mercado e o modo de vida da sociedade
dar conta de absorver essa estrutura de vida.
Assim, Moreira apresenta sua Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica, às vezes
caracterizada como subversiva, como uma estratégia necessária na contemporaneidade,
acrescentando uma série de princípios facilitadores da sua teoria no sentido de organizar o ensino
como uma atividade subversiva.
Os princípios pelos quais facilitariam a aprendizagem significativa crítica são:
1. Aprender que aprendemos a partir do que já sabemos. (Princípio do conhecimento prévio.).
2. Aprender/ensinar perguntas ao invés de respostas. (Princípio da interação social e do
questionamento.).
3. Aprender a partir de distintos materiais educativos. (Princípio da não centralidade do livro de
texto.).
4. Aprender que somos preceptores e representadores do mundo. (Princípio do aprendiz como
preceptor/representador.).
5. Aprender que a linguagem está totalmente implicada em qualquer e em todas as
Tentativas humanas de perceber a realidade. (Princípio do conhecimento como linguagem.).
6. Aprender que o significado está nas pessoas, não nas palavras. (Princípio da consciência
semântica.).
7. Aprender que o ser humano aprende corrigindo seus erros. (Princípio da aprendizagem pelo erro.).
8. Aprender a desaprender, a não usar conceitos e estratégias irrelevantes para a sobrevivência.
(Princípio da desaprendizagem.).
9. Aprender que as perguntas são instrumentos de percepção e que definições e metáforas são
instrumentos para pensar. (Princípio da incerteza do conhecimento.).
10. Aprender a partir de distintas estratégias de ensino. (Princípio da não utilização do quadro de
giz.).
11. Aprender que simplesmente repetir a narrativa de outra pessoa não estimula a compreensão.
(Princípio do abandono da narrativa.).
Na visão de Moreira, a escola do presente deve ensinar com significado, compreensão,
sentido, capacidade de transferência, valorizar o conhecimento prévio, dar relevância ao novo
conhecimento e criar condições que favoreçam a predisposição para aprender. O aprendiz deve
manifestar uma predisposição para relacionar de maneira não arbitrária e não literal o novo
conhecimento com o conhecimento prévio, sendo sujeito e fazendo parte de sua cultura e, ao
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mesmo tempo, estar fora dela, manejar a informação, criticamente, sem sentir-se impotente frente a
ela, usufruir a tecnologia sem idolatrá-la, cabendo à escola a responsabilidade desse conhecimento
não ser fora de foco. De acordo com o princípio do abandono da narrativa, o professor deve buscar
outras maneiras de ensinar, já que ele falará menos, narrar menos; e o aluno falará mais e será
sujeito ativo na sua aprendizagem.
18 - Paulo Freire (1921-1997)
Figura 12
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife, PE. Apesar de
pertencer a uma família de classe média, Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a
depressão de 1929. Uma experiência que o levou a se preocupar com os mais pobres e o inspirou a
construir seu revolucionário método de ensino. Paulo Freire participou do Movimento de Cultura
Popular (MCP) do Recife e do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, sendo,
inclusive, um dos seus fundadores e primeiro diretor. Destaca-se, principalmente, o trabalho
realizado em Angicos, no Rio Grande do Norte, em 1962, onde começaram as primeiras
experiências de alfabetização – o Método Paulo Freire. Em 1963, foi chamado à Brasília para
coordenar, no MEC, a criação do Programa Nacional de Educação. Por seu empenho em ensinar os
mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na
América Latina e na áfrica. Mas, em 1964, o golpe militar reprimiu todos os trabalhos de
mobilização popular. Paulo Freire foi acusado de subverter a ordem ao utilizar suas campanhas de
alfabetização, sendo preso e exilado por mais de 15 anos. Em 1980, voltou ao Brasil e assumiu
cargos de docência na PUC – SP e na Unicamp e, entre 1989 e 1991, trabalhou como secretário da
Educação da Prefeitura de São Paulo. É autor de uma vasta obra traduzida em várias línguas. Dentre
os livros mais conhecidos estão a Educação como Prática da Liberdade e a Pedagogia do Oprimido.
A teoria/método de Paulo Freire está voltada à educação popular para a escolarização e a
formação da consciência política, onde o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética
hegeliana e o materialismo histórico são fatores que relevantes a serem considerados nessa teoria.
Outra preocupação de Freire, foi com o processo de linguagem popular e com a associação
que deveria acontecer entre essa linguagem e o contexto histórico em que os indivíduos se
25
encontram, propondo um método de alfabetizando com palavras regionais e comuns desse público
obteve sucesso na aceitação e nos objetivos alcançados principalmente entre adultos que já tinham
passado da idade para frequentar a educação básica da época.
Percebe-se que a abordagem à questão docente e a reflexão sobre a prática-educativa
progressiva é uma preocupação sobre o objetivo de se estabelecer um favorecimento da autonomia
do ser dos estudantes, criticamente políticos e sujeitos de sua própria formação.
Para que isso ocorra, Freire critica a educação anti dialógica ou educação bancária, onde o
professor pesquisa individualmente as informações e transmite o que planejou de maneira mecânica
de reprodução, e o aluno tem a função de armazenar na memória essas informação, não ocorrendo
discussão sobre os assuntos. Essa educação bancária cria a oposição professor/aluno, pois põem os
homens em posição inferior de aceitação e não participantes da recriação do mundo, mantendo a
visão de sermos adaptados e ajustados para um determinado fim através da opressão; quanto mais
isso ocorre, menos somos capazes de refletir criticamente e politicamente.
19 - Educação Ética
O sentido de educação ética nos mostra que independente do método aplicado no processo
de educar as pessoas, se não praticarmos o respeito, a amizade, o compromisso e responsabilidade
das tarefas que assumimos solidariedade, afetividade, o sentido justiça e amor ao próximo; qualquer
metodologia e qualquer estratégia, por mais que seja muito bem elaborada e executada, corre o risco
de não conseguir alcança de maneira ampla a construção de uma sociedade realmente critica,
reflexiva e politizada. A Educação Ética somente pode ser compreendida e vivenciada em
perspectivas da filosofia humanista, não bastando saber o que seja fazer o bem, o importante é que
vale sempre tentar fazer o bem.
Nessa ideia, é importante refletimos que a modernidade com sua crenças da tecnologia e na
racionalidade; a pós-modernidade com suas dúvidas relativas e a incerteza do conhecimento; a
educação tradicional e depois a inovadora; e a educação politizadora; faz-nos pensarmos que todas
as formas de alguma maneira, não consegue contemplar por completo nossas necessidades e desejos
de melhoria da qualidade da educação que se almeja. Portanto, em qualquer que seja o contexto
metodológico, é de fundamental importância à reflexão, a reflexão na ação e a reflexão sobre a
reflexão na ação.
Parece que a desordem social está nas nossas cabeças porque pensamos, executamos e
concluímos por obrigação e concepções deontológica, por falta de opção e, raramente, porque
gostamos das nossas obrigações e compromissos. Em suma, o que existe é falta de amor pelo que
fazemos, pois para muitos, amor é um sentimento e caridade é esse mesmo sentimento em ação.
Assim, ser educador é estar em ação pelo amor social que o envolve, na tentativa de eliminar as
trevas das contradições éticas, sociais e iluminar os caminhos comportamentais da fraternidade pelo
conhecimento científico-tecnológico e social. Aquele que ama ensina. Aquele que aprende, também
aprende a amar, porque ensinar e amar são qualidades semelhantes de um personagem distinto: O
professor educador.
Não há como sermos educadores de verdade sem ética na educação, como em qualquer área
em que focamos o sucesso profissional e pessoal.
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20 – Considerações Finais:
Este trabalho teve como foco a reflexão sobre as principais teorias de aprendizagem e
discutir as suas implicações na educação. Pois acreditando que para se alcançar cada vez mais, a
qualidade de ensino que almejamos se faz necessário investigar o contexto histórico-cultural; os
motivos, causas e consequências vivenciadas por cada teórico; as influências que cada teoria
provoca e provocaram na sala de aula no nosso processo de escolarização. Para que posamos pensar
com propriedade qual a escola que queremos para o porvir.
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21 - Referências Bibliográficas:
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em Nível Superior, Curso de Licenciatura, de Graduação Plena. 2002.
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