UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE …objdig.ufrj.br/51/teses/862915.pdf · registros...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CINCIAS DA SADE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAO DE PS-GRADUAO
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
NCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM HOSPITALAR
ANTONIA MARIA DOS SANTOS SILVA
REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A
PACIENTES NA HEMODILISE
RIO DE JANEIRO
2017
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CINCIAS DA SADE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAO DE PS-GRADUAO
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
NCLEO DE PESQUISA ENFERMAGEM HOSPITALAR
REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A
PACIENTES NA HEMODILISE
Dissertao de Mestrado em Enfermagem da Escola
de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ), Ncleo de Pesquisa
Enfermagem Hospitalar do Departamento de
Enfermagem Mdico Cirrgica.
Aluna:
Antonia Maria dos Santos Silva
Orientadora:
Prof. Dr. Slvia Teresa Carvalho de Araujo
RIO DE JANEIRO
2017
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ANTONIA MARIA DOS SANTOS SILVA
REGISTROS DE ENFERMAGEM: O PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS A
PACIENTES NA HEMODILISE
Dissertao de Mestrado em Enfermagem da Escola de
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), Ncleo de Pesquisa Enfermagem
Hospitalar do Departamento de Enfermagem Mdico
Cirrgica.
Aprovada em 30 de maro de 2017.
Banca examinadora:
Prof. Dr. SLVIA TERESA CARVALHO DE ARAUJO
Escola de Enfermagem Anna Nery - UFRJ
Prof. Dr. CLEOTILDE GARCIA-REZA
Universidad Autonoma del Estado de Mexico
Prof. Dr. FRANCES VALRIA DA COSTA E SILVA
Faculdade de Enfermagem - UERJ
Prof. Dr. JAQUELINE DA SILVA
Escola de Enfermagem Anna Nery UFRJ
Prof. Dr. JOYCE ARIMATEA BRANCO
Faculdade de Enfermagem - UERJ
Rio de Janeiro
2017
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DEDICATRIA
A todos que me querem bem.
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AGRADECIMENTOS
Inicialmente a Deus que colocou pessoas especiais na minha vida que trouxeram
oportunidades para o meu desenvolvimento.
Prof. Dr. Silvia, minha orientadora, que alm dos ensinamentos forneceu apoio, amizade,
pacincia, compreenso e estmulo, contribuindo imensamente para o meu desenvolvimento
profissional e pessoal.
minha famlia, especialmente minha me Adalvia, com seu apoio; ao meu esposo Edson
com seu amor e compreenso de dividir o nosso quarto como ambiente de estudos; aos meus
filhos Ananssa, Raphael e Ananda pelo apoio e principalmente pela ajuda nas atividades de
informtica.
todos os professores que compartilharam saberes e experincias, agradeo por mostrar o
lado acadmico da Enfermagem.
Aos colegas do grupo de estudos CEHCAC, especialmente Dris, Viviane, Alessandra,
Bruna, Albert, Keila e Lidiane, pelo apoio, ajuda e dicas cientficas.
Aos colegas de trabalho pelo incentivo.
Aos funcionrios enfermeiros do HUCFF que me receberam muito bem.
s secretrias da ps-graduao da EEAN e do CEP pela colaborao.
Ao pessoal do HESFA e da EEAN, em especial da biblioteca setorial da ps-graduao, os
vigilantes e os colaboradores dos servios gerais pelo atendimento atencioso.
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Devemos ser livres no nico lugar onde no podemos ser prisioneiros
Augusto Cury
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RESUMO
SILVA, A.M.S. Registros de Enfermagem: o planejamento dos cuidados a pacientes
na hemodilise. 2017. 141f. Dissertao (Mestrado em Enfermagem) Escola de
Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro.2017
Introduo: No pronturio do paciente os registros de enfermagem constituem uma
forma de comunicao entre as equipes de enfermagem e multiprofissional na rea da sade.
Durante a sesso de hemodilise so realizadas anotaes dos cuidados diretos ao paciente
portador de Doena Renal Crnica. No hospital cenrio o Processo de Enfermagem
informatizado est institucionalizado em todos os setores, com exceo do setor de
hemodilise, ainda preenchido de forma manual. O presente estudo visa demonstrar como os
registros de enfermagem esto sistematizados no setor de terapia renal substitutiva constituem
demonstrativos do raciocnio diagnstico no planejamento da assistncia de enfermagem
atuante no servio. Objetivos: analisar como a sistematizao dos registros refletem as
intervenes nos cuidados de enfermagem institudos no servio de hemodilise, analisar
como os registros levantados nos impressos institucionais refletem as intervenes de
enfermagem na hemodilise e discutir como os registros se relacionam com a linguagem
diagnstica de enfermagem preconizada como uma das etapas da sistematizao exigida.
Metodologia: estudo de abordagem quantitativa, qualitativa descritiva e exploratria, com
base na pesquisa dos registros de enfermagem do setor de hemodilise um hospital
universitrio de grande porte, inicialmente explanados em planilhas de sistema Excel e
posteriormente analisados no Programa R. os dados pesquisados em quarenta e oito
pronturios ativos nos meses de junho e julho de dois mil e dezesseis. Resultados: observado
nos registros analisados, as anotaes que indicavam os fatores relevantes necessrios para
que o enfermeiro realizasse o planejamento da assistncia (diagnstico e intervenes)
durante as sesses de hemodilise. Concluso: Nos registros levantados foram identificados
os fatores que contribuem para a formulao do planejamento de enfermagem e concludo que
o enfermeiro que atua em um setor complexo tem que apresentar peculiaridades para
documentar em um pequeno espao para registro, a sistematizao e os diagnsticos que no
esto claramente identificados devido falta de formulrio especfico, mas est implcito nas
diversos registros realizados.
Palavras chave: Registros de enfermagem. Hemodilise. Diagnsticos de enfermagem
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ABSTRACT
SILVA, A.M.S Nursing records: planning the care of patients on hemodialysis. Dissertation
(Master in Nursing) Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de
Janeiro. 2017
Introduction: In the patient's chart, nursing records are a form of communication between the
nursing and multiprofessional teams in the health area. During the hemodialysis session,
direct care notes are made to the patient with Chronic Renal Disease. In the scenario hospital
the computerized Nursing Process is institutionalized in all sectors, with the exception of the
hemodialysis sector, still filled manually The present study aims to demonstrate how the
nursing records are systematized in the renal replacement therapy sector are demonstrative of
the diagnostic reasoning in the planning of the nursing care in the service. Objectives: to
analyze how the systematization of records reflect the interventions in nursing care instituted
in the hemodialysis servicee to analyze how the records collected in the institutional forms
reflect nursing interventions in hemodialysis and to discuss how the records relate to the
recommended diagnostic nursing language as one of the required systematization steps.
Methodology: descriptive and exploratory qualitative and quantitative study, based on the
research of the nursing records of the hemodialysis sector, in a large university hospital .
Initially explained in Excel worksheets and later analyzed in Program R. Results:data were
searched in forty-eight active charts in the months of June and July of two thousand and
sixteen. Observing in the records, the annotations that indicated the relevant factors necessary
for the nurse to perform care planning (diagnosis and interventions).Conclusion: The
collected records identified the factors that contribute to the formulation of nursing planning
and concluded that the nurse works in a complex sector due to its therapeutic characteristic
that requires speed in the interventions and consequently the systematization is not clearly
elaborated, but is implicit in the various observations made.
Key words: Nursing records. Hemodialysis. Nursing Diagnosis
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RESUMEN
SILVA, A.M.S. Los registros de enfermera: la planificacin de la atencin a los
pacientes en hemodilisis. Disertacin (Maestra en Enfermera). Escola de Enfermagem
Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro.2017
Introduccin: En los registros mdicos del paciente, registros de enfermeira son una forma de
comunicacin entre el personal de enfermera y multidisciplinaria en la salud. Durante la
hemodilisis notas de las sesiones se hacen de la atencin directa a los pacientes con
enfermedad renal crnica. En el ambito hospitalrio, el proceso de enfermera informatizado
que ha sido institucionalizada en todos los sectores, con la excepcin de la unidad de
hemodilisis del hospital, todava llena manualmente. Este estudio pretende demostrar cmo
los registros de enfermera estn sistematizadas en el sector RRT. son declaraciones de
razonamiento diagnstico en la planificacin del servicio de atencin de enfermera activo.
Objetivos: Analizar la sistematizacin de los registros reflejan las intervenciones en los
cuidados de enfermera establecidas en el servicio de hemodilises Analizar cmo se plantean
en los registros institucional impresa reflejan las intervenciones de enfermera en hemodilisis
el lenguaje de diagnstico de enfermera recomendado como uno de los pasos necesarios
sistematizacin Metodologa: Estudio, cuantitavo, cualitativo, descriptivo y exploratorio,
basado en la investigacin de los registros de enfermera del sector de la hemodilisis un gran
hospital universitario. Resultados: Se realiz un estudio de cuarenta y ocho registros activos
en junio y julio de dos mil diecisis, la observacin de los registros, anotaciones que indican
los factores relevantes necesarios para que las enfermeras realizan la planificacin de la
atencin (diagnstico e intervencin). Conclusin: En los registros fueron identific los
factores que contribuyen a la formulacin de la planificacin de enfermeiraSe lleg a la
conclusin de que la enfermera acta en un sector complejo, debido a su funcin teraputica
que requiere velocidad en las intervenciones y por lo tanto, en su forma actual (pequeo
espacio para grabar), la sistematizacin no es claramente redactado, pero est implcita en las
diferentes observaciones.
Descriptores: Registros de enfermera. La hemodilisis. Los diagnsticos de enfermeira.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 01 anotaes dos sinais vitais temperatura..............................................................44
Tabela 02 anotaes sobre mensurao do peso corporal......................................................45
Tabela 03 anotaes sobre observaes de edema.................................................................46
Tabela 04 anotaes sobre mensurao da presso arterial...................................................46
Tabela 05 anotaes sobre alteraes do apetite....................................................................47
Tabela 06 anotaes sobre avaliao de funo renal residual..............................................48
Tabela 07 anotaes sobre avaliao de exames laboratoriais hematcrito.......................48
Tabela 08 anotaes sobre avaliao de exames laboratoriais glicemia.............................49
Tabela 09 anotaes sobre grau de ansiedade........................................................................49
Tabela 10 anotaes sobre sobre dor apresentada pelo paciente...........................................50
Tabela 11 anotaes sobre alteraes das eliminaes intestinais.........................................50
Tabela 12 anotaes sobre alteraes intestinais apresentadas pelos pacientes....................51
Tabela 13 anotaes abordando padres de sono alterado.................................................. .51
Tabela 14 anotaes sobre avaliaes do estado de sade.................................................. .52
Tabela 15 anotaes sobre sensao de desconforto pelo paciente.................................... ..53
Tabela 16 anotaes sobre alteraes de concentrao apresentadas pelo paciente..............53
Tabela 17 anotaes sobre alteraes na rotina observadas...................................................54
Tabela 18 anotaes sobre funo motora do paciente..........................................................54
Tabela 19 anotaes sobre traumas apresentados pelos pacientes.........................................55
Tabela 20 anotaes sobre comportamento alterado apresentado pelo paciente...................55
Tabela 21 anotaes sobre padro de higiene apresentado pelo paciente..............................56
Tabela 22 alterao sobre alterao na marcha apresentado pelo paciente...........................56
Tabela 23 anotaes sobre seguimento de instrues dadas ao paciente...............................57
Tabela 24 anotaes sobre comportamento indeciso apresentado pelo paciente...................57
Tabela 25 anotaes sobre alteraes de relacionamento com a equipe de enfermagem......58
Tabela 26 anotaes sobre alteraes de viso e audio apresentadas pelo paciente..........58
Tabela 27 anotaes sobre alteraes no equilbrio corporal apresentados pelo paciente.....59
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Tabela 28 anotaes sobre exame fsico realizados no paciente pelo enfermeiro.................59
Tabela 29 anotaes sobre tremores apresentados pelo paciente...........................................60
Tabela 30 anotaes sobre hbitos de tabagismo do paciente 60
Tabela 31 anotaes sobre o turgor da pele do paciente 61
Tabela 32 anotaes sobre peso ps dilise 61
Tabela 33 - anotaes sobre a idade do paciente 62
Tabela 34 anotaes sobre as funes cognitivas do paciente 62
Tabela 35 anotaes sobre uso de drogas pelo paciente 63
Tabela 36 anotaes sobre a expresso facial do paciente 63
Tabela 37 anotaes sobre estado de hidratao do paciente 64
Tabela 38 anotaes sobre auto-estima apresentada pelo paciente 64
Tabela 39 anotaes sobre o estado de imunizao do paciente 65
Tabela 40 anotaes sobre agitao e apatia apresentados pelo paciente 65
Tabela 41 anotaes sobre controle inadequado da glicemia 66
Tabela 42 anotaes de intervenes junto prescrio mdica pelo enfermeiro............... ..66
Tabela 43 anotaes sobre intervenes em curativos pelo enfermeiro................................67
Tabela 44 anotaes sobre orientaes prescritas por enfermeiros.......................................67
Tabela 45 anotaes sobre comunicao interdisciplinar sobre o paciente...........................68
Tabela 46 anotaes sobre intervenes relacionado locomoo do paciente....................68
Tabela 47 anotaes sobre prescrio do enfermeiro relativas ao repouso de pacientes.......69
Tabela 48 anotaes sobre intervenes relativas ultrafiltrao.........................................69
Tabela 49 anotaes sobre conduta do paciente balana....................................................70
Tabela 50 anotaes sobre observaes de frequncia de pacientes ao tratamento...............70
Tabela 51 demonstrativo dos dados coletados.......................................................................72
Tabela 52 fatores do diagnstico em frequncia simples e relativa.......................................78
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CBA CONSRCIO BRASILEIRO DE ACREDITAO
CFM CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CIPE CLASSIFICAO PARA A PRTICA DE ENFERMAGEM
COFEN CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM
DE DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM
DRC - DOENA RENAL CRNICA
EEAN ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
EPI EQUIPAMENTO DE PROTEO INDIVIDUAL
FAV FSTULA ARTERIO VENOSA
KDOQI KIDNEY DISEASE OUTCOME QUALITY INITIATIVE
MEDTRAK -SOFTWARE DE GERENCIAMENTO DE PRTICA MDICA
NANDA - NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION
NFK NATIONAL KIDNEY FOUNDATIONS
NHB NECESSIDADES HUMANAS BSICAS
NIC CLASSIFICAO DAS INTERVENES DE ENFERMAGEM
NOC CLASSIFICAO DOS RESULTADOS DE ENFERMAGEM
ONA ORGANIZAO NACIONAL DE ACREDITAO
PE PROCESSO DE ENFERMAGEM
PTFE - POLITETRAFLUOETILENO
SAE SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM
SBN SOCEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA
SIDA SNDROME DA DEFICINCIA ADQUIRIDA (AIDS)
SUS SISTEMA NICO DE SADE
TRS TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA
UFRJ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
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SUMRIO
1 INTRODUO...................................................................................................................16
1.1 OBJETO DE ESTUDO.......................................................................................................19
1.2 QUESTO NORTEADORA.............................................................................................20
1.3 DELIMITAO DO TEMA..............................................................................................20
1.4 OBJETIVOS.......................................................................................................................21
1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA................................................................................21
1.6 CONTRIBUIES DO ESTUDO....................................................................................22
2 BASES CONCEITUAIS.....................................................................................................24
2.1 A PESSOA, A DOENA RENAL E A TERAPIA SUBSTITUTIVA..............................24
2.2 FORMAO PROFISSIONAL, PLANEJAMENTO E LEGISLAO DA
ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA
HEMODILISE.......................................................................................................................26
2.3 DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM: UM ITEM ESSENCIAL DA
SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NA
HEMODILISE......................................................................................................................28
2.4 COMUNICAO ESCRITA NA HEMODILISE: O REGISTRO EM DESTAQUE...31
3 CAMINHO METODOLGICO........................................................................................35
3.1 MTODO............................................................................................................................35
3.2 CENRIO...........................................................................................................................35
3.3 ETAPAS DE PRODUO................................................................................................36
3.4 ANLISE............................................................................................................................39
3.5 DESAFIOS DA PESQUISA..............................................................................................39
3.6 ASPECTOS TICOS..........................................................................................................40
4 RESULTADOS, ANLISE E DISCUSSO.....................................................................41
4.1 RESULTADOS...................................................................................................................41
4.2 DISCUSSO E ANLISES..............................................................................................65
4.3 RECOMENDAES.........................................................................................................80
5 CONCLUSO......................................................................................................................83
REFERNCIAS......................................................................................................................86
APNDICE A - Cronograma de atividades.........................................................................91
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APNDICE B - Autorizao para pesquisa em pronturio clnico...................................92
APNDICE C Instrumento de coleta de dados................................................................93
APNDICE D Parecer consubstanciado do CEP...........................................................101
APNDICE E - Termo de confidencialidade....................................................................105
APNDICE F Aceite do artigo 1......................................................................................106
APNDICE G Artigo 1......................................................................................................107
APNDICE H Aceite do artigo 2......................................................................................121
APNDICE I Artigo 2.......................................................................................................122
APNDICE J Pronturio..................................................................................................137
APNDICE K Folha mensal de prescrio de dilise....................................................139
APNDICE L Declarao de Instituio Coparticipante..............................................141
APNDICE M Carta de anuncia para autorizao de pesquisa.................................142
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16
CAPTULO 1
1 INTRODUO
A comunicao no servio de enfermagem realizada atravs dos registros que tem
por finalidade assegurar a continuidade das informaes nas vinte e quatro horas da
assistncia entre os membros da equipe multidisciplinar e a enfermagem.
A escolha do tema registros de enfermagem vem da experincia da autora, atuando
desde mil novecentos e oitenta e cinco com o atendimento a pacientes portadores de Doena
Renal Crnica (DRC), submetidos hemodilise, nos servios de Terapia Substitutiva Renal
(TRS), em estabelecimentos pblicos e privados, e do uso de pronturio eletrnico aplicado
para a rea de nefrologia, que facilita o registro da assistncia em um ambiente dinmico em
que as intercorrncias devem ser minimizadas e atendidas prontamente e seu registro
realizado preferencialmente imediatamente aps a atividade a ser registrada.
Atuando em diferentes espaos foi possvel observar que o uso contnuo de pronturio
eletrnico com itens especficos para a rea de nefrologia no algo comum nas instituies
por onde atuei, ou conheci. E em todas elas foram constatadas que o registro facilita a
assistncia prestada e preserva a memria documental sobre a interveno realizada. A
importncia dos registros favorece aos profissionais recorrer histria clnica e evolutiva para
assistncia dos pacientes; ajudam a definir estratgias, estabelecer decises clnicas e
gerenciais; so, ainda, critrios de avaliao de qualidade da prestao do servio de sade.
Os registros permitem estabelecer a continuidade dos cuidados no momento que possibilitam
equipe multiprofissional compartilhar informaes sobre as aes e os resultados
decorrentes dos cuidados implementados. (DOMICIANO et al, 2010).
Os registros pautados na legislao especfica, atendem resoluo 358 do Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN), que dispe sobre a Sistematizao da Assistncia de
Enfermagem e, ao consider-los como uma das etapas que a compe, podem apontar como as
intervenes se apresentam no atendimento durante a sesso de hemodilise.
A comunicao escrita na rea da enfermagem se d por meio das anotaes
registradas no pronturio do paciente. Florence Nightingale destacou a importncia da
observao, ensinou a observar o que era importante ou no, os sintomas que poderiam
indicar melhora ou piora da enfermidade, as negligncias, o que poderia ser revertido e
indicava que todas essas informaes deveriam ser relatadas ao mdico e, ela prpria
registrou com cautela as suas observaes e utilizou-as para estabelecer as suas intervenes.
-
17
Seu discpulo, Carrijo, definiu que os registros servem para comunicar e compartilhar
informaes relativas ao paciente, (OGUISSO, 2011).
Segundo o artigo primeiro da Resoluo COFEN 429/2012: responsabilidade e
dever dos profissionais da Enfermagem registrar, no pronturio do paciente e em outros
documentos prprios da rea, seja em meio de suporte tradicional (papel) ou eletrnico, as
informaes inerentes ao processo de cuidar e ao gerenciamento dos processos de trabalho,
necessrias para assegurar a continuidade e a qualidade da assistncia Sendo assim, os
registros de enfermagem constituem um instrumento de comunicao do cuidado entre os
profissionais da equipe de enfermagem, entre a enfermagem e a equipe multiprofissional. So
importantes tambm para o paciente ter aceso s informaes do seu tratamento.
Geralmente os registros de cuidados diretos ao paciente em cada sesso de
hemodilise so realizados em formulrios impressos que compem o pronturio
individualizado, contendo colunas sequenciadas realizadas por cada servio prestador, porm
mantendo os itens fundamentais para lanamento dos registros relativos aos dados pessoais e
clnicos do paciente. Dentre esses dados temos o peso seco, peso de entrada e sada,
temperatura axilar, local de acesso, presso arterial horria, doses de anticoagulante,
medicamentos e lquidos administrados, meta de ultrafiltrao e espao reservado ao registro
das intercorrncias e evoluo mdica e de enfermagem.
A essncia da prtica de enfermagem o Processo de Enfermagem (PE), que indica
as aes de um trabalho profissional constituindo uma tecnologia, um conhecimento a ser
utilizado e a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE) um mtodo de aplicar esse
processo.
Para Paulina Kurcgant, (1991) a sistematizao da assistncia importante como
agente na comunicao, pois o seu registro serve de intercomunicao para toda a equipe
prestar o atendimento individualizado e contnuo. Ao escrever Notes on Nursing (1859),
Florence Nightingale deixou clara a importncia da observao detalhada dos doentes e do
ambiente, bem como o registro dessas observaes para desenvolver o conhecimento sobre os
fatores que influenciavam na promoo da cura.
A identificao de evidncias que indiquem os problemas de enfermagem (as
necessidades e o grau de dependncia), constituem uma das competncias do enfermeiro,
sendo necessrio um olhar atento por parte do profissional, para captar com sensibilidade e ter
a capacidade de comunicar para transmitir a percepo da realidade. A educao sistemtica
durante a graduao permite que o graduando de enfermagem tenha a aquisio de
experincias de forma ordenada; ampliando a capacidade de apreender com as experincias
-
18
prticas e experincias tericas prpria da rea possibilitando-lhe assim a pensar e agir
conforme um comportamento adquirido atravs da aprendizagem e assimilao de contedo
com vistas a desenvolver aes de enfermagem adequadas, (OGUISSO e MORBIN, 2011;
COTRIM e PARISI, 1984).
Da mesma forma ocorre com o profissional de enfermagem que dispe de
possibilidades de constante atualizao e em sua formao tm contato com diferentes
tecnologias que cumulativamente possibilitaro o desenvolvimento e refinamento do
raciocnio clnico para atuao nas situaes que exijam assertividade para definir as aes de
cuidado (DOMICIANO, 2010).
Em mais de trs dcadas de assistncia direta a pacientes portadores de doena renal
observo o avano tecnolgico proporcionado ao enfermeiro para o planejamento da
assistncia e a possibilidade de, em posse dos dados do histrico de sade-doena clnica e da
observao direta, definir estratgias de atendimento para fornecer uma boa assistncia e
principalmente documentar essa interveno.
Em terapia renal substitutiva, a dinmica do cuidado envolve aes de diagnstico,
atendimento e tratamento ao paciente renal, que so executadas de forma concomitantes s
equipes de enfermagem, medicina, assistncia social, nutrio, psicologia; e em servios que
o dispem: musicoterapia.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), Resoluo 1638/2002, o pronturio
do paciente um conjunto de informaes (sinais e imagens) registradas a partir de fatos,
acontecimentos e situaes sobre a sade do paciente e a assistncia a ele prestada. um
documento de carter legal, cientfico e sigiloso; que possibilita a comunicao entre os
membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistncia. O pronturio do
paciente serve como fonte para pesquisa por interessados em histria das doenas ou pelos
doentes do ponto de vista clnico, biomdico, sociolgico, antropolgico, de enfermagem e de
outras cincias afins.
Com a adoo dos programas de informtica especficos para os servios de terapia
renal substitutiva, as evidncias mais comuns so apresentadas, e de acordo com a sua
experincia, seu olhar apurado, associado s informaes da histria pregressa do paciente,
cabe ao enfermeiro a documentao dos diagnsticos estabelecidos. Figueiredo (2009),
explica que a realizao de diagnsticos de enfermagem difcil, principalmente por conta da
importao de ideias que no advm da nossa prtica.
Em passagem pelo setor de hemodilise do hospital cenrio, em atividade de ensino
com graduandos de enfermagem em dois mil e quinze; chamou-me a ateno na hemodilise,
-
19
que os diagnsticos de enfermagem pareciam reduzidos ou inexistentes na forma escrita,
comparado a listagem existente em literatura, principalmente em um hospital de atendimento
a situaes complexas, com pessoal de enfermagem especializado, atuantes em situaes
documentadas em pesquisas.
Vale destacar que s intervenes de enfermagem, segundo o COFEN, devem estar
relacionadas a linguagem diagnstica independente do tratamento ao cliente, com ou sem
doena renal e verificamos, que embora haja programa informatizado incluindo prescries de
enfermagem na Instituio, essas no esto especificamente utilizadas dentro da unidade de
hemodilise durante a sesso dialtica.
A presente pesquisa prope um mergulho atento sobre os registros que ocorrem em
todas as etapas da assistncia na hemodilise para verificar como os saberes e prticas dispe
de linguagem diagnstica no planejamento do cuidado de enfermagem clientela atendida no
setor de TRS.
1.1 OBJETO DO ESTUDO
Constituem o objeto do estudo os registros dos cuidados diretos de Enfermagem na
hemodilise pacientes submetidos terapia renal substitutiva em um hospital de grande
porte da cidade do Rio de Janeiro, por considerar que esses registros evidenciam a prtica
diria do planejamento da assistncia.
A Resoluo COFEN 272/2002 determina que a SAE dever ser registrada
formalmente no pronturio do paciente. Sendo assim os enfermeiros buscam formas de
documentar o processo de enfermagem no pronturio de forma simples, adaptadas e excluindo
etapas, mas ficando a impresso de um cuidado no humanizado ou no individualizado.
(CHAVES, 2009). A tendncia a informatizao no ambiente hospitalar e os profissionais
da sade devem estar preparados para manusear esta ferramenta tanto na assistncia direta
como na rea administrativa e a cooperao entre quem necessita do sistema e quem vai
desenvolv-lo. (LEO et al, 2008).
Nas instituies de sade j esto disponibilizados programas de informtica
especficos para gerenciar o pronturio eletrnico em servios de terapia renal substitutiva,
com o objetivo de: alm da documentao da atividade da assistncia de hemodilise,
organizar o faturamento das contas, prover dados para auditorias e arquivamento de
informaes do paciente. Em relao ao uso desta ferramenta pela enfermagem com o
objetivo de sistematizao da assistncia durante a sesso de hemodilise, esse tipo de
-
20
programa pode disponibilizar o preenchimento de pgina destinada com os dados a serem
compilados pelo enfermeiro, ficando a cargo do profissional a insero do diagnstico e das
intervenes no programa ou formulrio de anotao.
Acompanhando a dinmica dos atuais programas, a atividade de registrar assistncia
prestada ao paciente deve ser realizada em tempo hbil para o cuidado ser prestado e
registrado adequadamente a fim de completar o pronturio preenchido ao final de cada sesso
dialtica, notificando aa intercorrncias e atendendo resoluo 358/2009 do COFEN, que
dispe sobre a SAE em todos os setores onde ocorra assistncia de enfermagem.
1.2 QUESTO NORTEADORA
Para responder o objeto registros de cuidados diretos de Enfermagem ao paciente em
hemodilise foram traados como questes norteadoras da pesquisa:
Como o enfermeiro registra as etapas de sua assistncia na unidade de
hemodilise?
Quais so os diagnsticos de enfermagem mais prevalentes nessa clnica?
Quais so as intervenes especficas para cada diagnstico de enfermagem?
1.3 DELIMITAO DO TEMA
A observao da assistncia prestada e dos registros de enfermagem, de como o
enfermeiro planeja os cuidados de enfermagem aos pacientes submetidos hemodilise,
poderia ser um item administrativo descrito, considerando a expertise na especialidade e na
vasta experincia da autora no atendimento pacientes portadores de doena renal.
Entretanto, para manter a vigilncia epistemolgica, a imparcialidade da
pesquisadora sobre o objeto, foi buscado um distanciamento cientfico para a preciso do
fenmeno a ser investigado e para assegurar a confiabilidade dos dados. Outro caminho para
esse conhecimento, poderia ter sido a busca sobre o assunto at mesmo por consulta a outros
profissionais de notrio saber; (muitos especialistas, mestres e doutores na rea). Mas, optou-
se por adentrar no cenrio escolhido para uma observao constante e ampliada durante as
atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem e o mergulho na leitura e releitura dos
registros do dia a dia para chegar aos resultados apresentados e analisados no captulo quatro.
A investigao sobre os registros da enfermagem pode colocar em relevo o valor e a
importncia do registro e pode nos permitir uma avaliao sobre as condies reais do
-
21
processo de enfermagem para recomendaes que possam auxiliar melhor a sistematizao
realizada por enfermeiros na rea clnica da nefrologia.
Pode-se destacar que os registros tanto podem auxiliar na informatizao das
prescries e dos registros de evoluo; como tornar o enfermeiro mais crtico na sua
avaliao (desde o momento da recepo do paciente at sua sada do setor de hemodilise),
assim como na avaliao diria tanto do ponto de vista clnico, legal e para fins de
faturamento.
Como o resultado da pesquisa proposta pode contribuir para a prtica de outros
profissionais e de outras instituies, cito:
Juntar consistncia terica e relevncia social na direo de, no
processo de anlise, direcionar a reflexo e os resultados para descobrir
ou compreender aspectos da realidade que necessitam de interveno,
orientando-os para nveis de especificidade. MINAYO (2014)
A fim de justificar meu objeto enfatizo o cuidado, que segundo Boff (2014), possui a
funo de prevenir danos futuros e regenerar os danos passados com o intuito de reforar a
vida, zelando pelas condies fsico-qumicas, ecolgicas, sociais e espirituais para permitir a
reproduo da vida e sua evoluo, e o registro , portanto, a prova daquilo que realizamos
durante o nosso planto.
1.4 OBJETIVOS
Foi traado como objetivo geral:
- Analisar como a sistematizao dos registros refletem as intervenes nos cuidados
de enfermagem institudos no servio de hemodilise em um hospital pblico universitrio de
grande porte;
Como objetivos especficos:
- Levantar os registros de enfermagem realizados nos impressos institudos no
servio de hemodilise em um hospital universitrio;
- Analisar como os registros levantados nos impressos institucionais refletem as
intervenes de enfermagem na TRS;
- Discutir como os registros se relacionam com a linguagem diagnstica de
enfermagem preconizada como uma das etapas da sistematizao pelo COFEN (Conselho
Federal de Enfermagem).
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1.5 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA
No cenrio escolhido, hospital pblico de grande porte, universitrio, com pronturio
eletrnico amplamente utilizado pela enfermagem e com sistematizao da assistncia
implantado, foi constatado que na hemodilise o registro da assistncia feito de forma
manual, diferindo do modelo adotado no setor de internao da mesma especialidade
(nefrologia), onde dispe de plataforma informatizada e sistematizada para facilitar o
processo de enfermagem no dia a dia hospitalar, ou seja, o mesmo paciente possui formas de
registro de sua assistncia diferenciada se estiver internado e sendo submetido ao tratamento
de hemodilise; sendo assim o registro digital da sistematizao da assistncia se limita ao
setor de internao, excluindo as sesses de dilise peritoneal e hemodilise.
A verificao das condies propostas se justifica pela anlise promovida em
diferentes registros de enfermagem, destacando como as intervenes so registradas e
sistematizadas nos servios de hemodilise que so classificados como terapia de alta
complexidade devido possibilidade de alto consumo de servios assistenciais. A terapia
renal substitutiva oferecida pelo Sistema nico de Sade (SUS).
1.6 CONTRIBUIES DO ESTUDO
Esta pesquisa busca contribuir para a disseminao do conhecimento em relao aos
registros na rea de enfermagem em Nefrologia, sempre necessrio nos campos de atuao,
principalmente nas unidades de hemodilise; dando abertura a este espao para novas
discusses em todos os nveis de ateno sade, caracterizando assim troca de saberes.
As contribuies fortalecero o acervo cientfico do grupo de pesquisa
Comunicao em Enfermagem Hospitalar Clientes de Alta Complexidade (CEHCAC), do
Ncleo de Pesquisa Enfermagem Hospitalar (NUPENH), Departamento de Enfermagem
Mdico Cirrgica; da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ); e colaborar como produo cientfica de Enfermagem nesse
cenrio especfico (hemodilise). Pretende-se que se torne um ponto de interesse por parte dos
enfermeiros no que diz respeito ao seus registros, bem como aos aspectos assistenciais na
hemodilise. A anlise dos registros dever servir para nortear as intervenes de cuidado, o
que confere maior comprometimento com o cuidar sistematizado.
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A aplicabilidade da avaliao do registro na prtica assistencial do enfermeiro, na
anamnese e exame fsico simplificado, bem como na evoluo diria de enfermagem,
proporciona reanlise dos processos assistenciais nas unidades de hemodilise. A construo
de roteiro informatizado sobre registro no cuidado ao paciente em hemodilise faz parte da
proposta final com vistas a divulgao dos resultados.
Espera-se que os resultados permitam reflexo sobre registros de modo a contribuir
para ampliar o alcance da informatizao para o setor de hemodilise, visto que o pronturio
eletrnico uma realidade na instituio. Dispor dos registros sistematizados sobre o cuidado
prestado ao paciente em sua permanncia na terapia substitutiva renal consolida o processo de
cuidado continuamente durante todo o atendimento de sade.
Para solucionar a falta de registro no programa informatizado existente na
instituio, mas no adotado na hemodilise, poderiam ser propostas duas solues: adquirir
um dos programas disponveis no mercado que permitem relacionar evidncias e
possibilidade de diagnstico, relacionando-os s evidncias observadas, mas demanda
investimento, licitao, pesquisa de mercado ou implantao de um programa prprio,
adequado realidade do setor, e que os resultados dessa investigao podero servir como
base terica inicial mudana.
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CAPTULO 2
2 BASES CONCEITUAIS
2.1 A PESSOA, A DOENA RENAL E A TERAPIA SUBSTITUTIVA
Colocar a pessoa no centro das questes que envolve sade e doena no coisa
fcil, principalmente quando nossa formao profissional est voltada para os sistemas
orgnicos. Mais difcil ainda colocar em relevo o registro sobre cuidados de enfermagem
pautados na prtica assistencial no contexto da hospitalizao, em espcie na terapia de
hemodilise, cujas pessoas atendidas apresentam insuficincia renal crnica.
A insuficincia renal ocorre quando os rins no conseguem mais operar parcialmente
ou totalmente, ou seja, deixando de filtrar e eliminar os resduos presentes no sangue, funo
necessria para manuteno da homeostase. A doena renal pode ser de carter agudo ou
crnico, de acordo com o carter extensivo da leso renal.
Se o paciente for diagnosticado com insuficincia renal crnica - leso de carter
irreversvel - surge a necessidade de: encaminh-lo para terapias com o intuito de suprir a
funo excretora dos rins (terapia substitutiva renal TRS); regularizar a sua alimentao; e,
administrar frmacos com o objetivo de substituir a funo secretora desse rgo. O processo
mais utilizado para tratar esses enfermos a hemodilise (SOUSA, 2014).
A National Kidney Foundations (NFK) Kidney Disease Outcome Quality Initiative
sugeriu o estadiamento da doena renal crnica desde o estgio mais leve (Grau 1) at o
estgio 5D (o mais grave), levando em considerao a taxa de filtrao glomerular estimada
normalizada para a superfcie corporal. (BARRETO et al. 2014). No estgio em que a
filtrao glomerular insuficiente para manuteno do bem-estar do paciente instituda a
dilise; quando no cabe mais a instituio de intervenes nas causas passveis de correo e
reduo dos fatores de risco; o que preconizado nas fases iniciais da doena. As causas
principais da insuficincia renal crnica so as glomerulonefrites crnicas, o diabetes mellitus
e a hipertenso arterial sistmica (SCHORR, 2004), sendo comorbidades relevantes para o
planejamento da assistncia de enfermagem.
De acordo com o censo de dilise finalizado em dois mil e quatorze pela Sociedade
Brasileira de Nefrologia (SBN), nas setecentos e quinze unidades de dilise ativas com
programa crnico cadastradas no Brasil, existiam poca mais de cento e doze mil portadores
de insuficincia renal crnica em tratamento de hemodilise, sendo assistidos pela
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enfermagem, demonstrando que a demanda para informatizao dos registros da assistncia
de enfermagem na hemodilise constitui uma realidade em mbito nacional.
A hemodilise a terapia utilizada quando o enfermo tem o diagnstico de doena
renal crnica ou aguda e tem a finalidade de depurar o sangue de resduos metablicos
indesejveis - ureia, creatinina, entre outros, e do excesso de lquidos. Todo o processo ocorre
num meio extracorpreo que com uma bomba sangunea, recircula o sangue atravs de
artrias e veias sintticas (denominados circuitos) conectadas a um dialisador com um
compartimento duplo em que o sangue circula por membrana semipermevel envolvida por
soluo de dilise em um dispositivo plstico denominado dialisador (local responsvel pelas
trocas sanguneas com o dialisado) a fim de substituir a funo dos rins (e sua recuperao,
quando possvel) a partir de fenmenos fsico-qumicos, dentre esses: difuso e ultra filtrao
(RIELLA, 2008).
A periodicidade das sesses de hemodilise varia conforme a necessidade metablica
e a mdia que o procedimento acontea normalmente trs vezes por semana, com durao
mdia de quatro horas. A hemodilise um tratamento invasivo ao paciente, devido,
principalmente, ao uso de cateteres vasculares ou agulhas que tornam o tratamento
desconfortvel, demandando assistncia direta de enfermagem e prontido para atendimento
de intercorrncias (DAUGIRDAS, 2008).
Herdman e Kamitsuru (2015) listam os seguintes itens inerentes ao paciente portador
de doena renal em Diagnsticos de enfermagem da NANDA (2015-17: definies e
classificaes): estilo de vida sedentrio nos intervalos das sesses, comportamento de falta
de adeso, falha em alcanar resultados, falta s sesses de dilise, vmitos, no aceitao da
mudana no estado de sade; ausncia de interesse em melhorar comportamentos de sade,
alterao no paladar, diarreia, monitorao inadequada da glicemia, ingesta de lquido
excessivo, edema, ganho de peso em um curto perodo, inquietao, alterao no padro
respiratrio, eliminao urinria diminuda, alteraes no apetite, aumento na frequncia
cardaca, diminuio do enchimento venoso, fraqueza, pele/mucosas secas, perda sbita de
peso (perda excessiva de lquidos durante a sesso), sede, alterao na ausculta
cardaca/pulmonar, alterao no hematcrito, ansiedade, inquietao, constipao, cefaleia,
dor abdominal, informao de alteraes nas fezes (mudana no padro intestinal informada),
indigesto, urgncia intestinal, distrbios no padro de sono (sonolncia), estado de sade
comprometido, energia insuficiente, desconforto aos esforos, alterao na concentrao,
cansao, capacidade prejudicada para manter as rotinas habituais; letargia, funo motora
alterada; extremos de idade, infeco, trauma, hipertenso, dor em extremidades; alterao no
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padro de higiene, alteraes nas funes cognitivas, comportamentos inapropriados
(agitao, hostilidade, apatia), seguimento inadequado de instrues, comportamento
indeciso, contato visual insatisfatrio, culpa, enfrentamento ineficaz da doena, desesperana,
estar irrequieto, agonia, angstia, apreenso, incerteza, anorexia, tremores, imunizao,
anemia.
2.2 FORMAO PROFISSIONAL, PLANEJAMENTO E LEGISLAO DA
ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA -
HEMODILISE
Na formao profissional do enfermeiro, durante a graduao, espera-se que
professores tenham a oportunidade de ministrar contedo relativo a especialidade de
nefrologia, essencial ao cuidado dessa clientela com doena renal. E, na especializao, para
fortalecimento do contedo comum ministrado durante a graduao, faz-se necessria aulas
por diferentes mtodos de ensino, como simulao, estudo de caso; e oferecimento de
atividades de estgio, proporcionando a oportunidade de estimular o pensamento crtico,
compartilhar conhecimentos e identificar o que importante saber nessa clnica de cuidados
especiais e complexos de sade-doena.
Uma boa formao profissional confere ao enfermeiro conhecimentos especficos para
justificar a tomada de deciso adequada, qual seja: identificao, priorizao dos problemas
que necessitam interveno imediata, implementao das aes para corrigir ou minimizar os
riscos sade (CHAVES, 2009).
Estudos sobre prevalncia de diagnsticos de enfermagem e de seus indicadores em
populaes especficas, como a populao dos pacientes renais, so importantes para auxiliar
a prtica clnica dos enfermeiros. A especializao na rea traz ao enfermeiro conhecer
caractersticas inerentes sua assistncia especfica, possibilita que ao conhecer a realidade
dos diagnsticos de enfermagem presentes em determinada populao e seus indicadores mais
comuns, facilite o planejamento das intervenes, resultando na prestao de uma assistncia
adequada e com resultados eficazes.
Atravs da Resoluo do COFEN, a sistematizao realizada nos estabelecimentos de
sade, pblico ou privado, em que ocorra o cuidado profissional de enfermagem e o avano
das tecnologias da informao e a produo de literatura sobre cuidados de enfermagem
fornecem subsdios para a transferncia de conhecimentos para o planejamento dos cuidados a
pacientes submetidos hemodilise; com isso, imprescindvel que o enfermeiro registre em
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pronturio a sua avaliao sobre as necessidades do paciente, assegurando a continuidade da
assistncia.
Tratando-se de um setor complexo, onde a particularidade do tratamento envolve
acesso direto ao sangue do paciente (o risco iminente), exigindo especializao, atitude atenta,
assertividade, iniciativa e conhecimento tcnico; e se torna relevante a atuao do enfermeiro
no processo de enfermagem, facilitando a aproximao entre profissional e o indivduo a ser
cuidado, assim como o registro eficiente das intercorrncias, de uma forma dinmica e
prtica.
Para destacar a legislao da assistncia, ressalta-se a Portaria n 389 de 13 de maro
de 2014 que define como diretrizes o desenvolvimento de medidas que garantam a difuso
das aes e cuidados pessoa com doena renal crnica em todos os pontos de ateno da
linha de cuidado, bem como a comunicao entre os servios de sade para promoo do
cuidado compartilhado.
Mesmo com a portaria 389/2014 a RDC 154 de junho de 2004 que estabelece o
regulamento tcnico para o funcionamento dos servios de dilise, continua sendo base para o
funcionamento todo servio de TRS e nela preconiza que o servio deve estabelecer, por
escrito, em conjunto com o responsvel o Programa de Preveno e Controle de Infeco em
Servios de Sade (PCPIEA), uma rotina de funcionamento, assinada pelo mdico
responsvel tcnico e pelo enfermeiro responsvel tcnico pelo servio de hemodilise,
compatvel com as exigncias tcnicas previstas neste regulamento onde destacamos os
seguintes itens: procedimentos de enfermagem, controle e atendimento de intercorrncias,
controle dos parmetros de eficcia do tratamento dialtico.
O ato de diagnosticar uma atividade privativa do enfermeiro; sua atuao durante a
sesso de hemodilise exige atitudes e aes pautadas no conhecimento especializado. Para
Alfaro-Lefreve (1996, apud CHAVES 2009), o enfermeiro frente constante necessidade de
tomada de decises complexas, necessita utilizar o pensamento crtico para realizar
julgamentos clnicos baseados nas evidncias e no mtodo cientfico.
Para alcanar uma assistncia de enfermagem especializada, o enfermeiro deve-se
utilizar do planejamento como base de suas funes administrativas, de pesquisa, ensino e
assistenciais, alm de suporte para realizao de mudanas. Essa pesquisa objetiva indicar que
o enfermeiro durante a sesso de hemodilise, com suas limitaes de tempo, aplica o
processo de enfermagem durante a assistncia.
O mbito dessa pesquisa ocorre na Nefrologia, mais especificamente no ambiente de
hemodilise, onde o enfermeiro atua durante todo o processo de atendimento ao paciente com
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doena renal submetido ao tratamento de depurao das escrias nitrogenadas adquiridas na
alimentao e no funcionamento do organismo, sendo necessrio registrar a assistncia para
fins de manuteno do pronturio, comprovao do atendimento e registro das respostas do
paciente para evoluo e acompanhamento.
2.3 DIAGNSTICO DE ENFERMAGEM: UM ITEM ESSENCIAL DA
SISTEMATIZAO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM NA HEMODILISE
Define-se a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem (SAE) como
metodologia que organiza o trabalho profissional quanto ao mtodo, pessoal e instrumentos,
tornando possvel a operacionalizao do processo de enfermagem. E esse processo orienta o
cuidado de enfermagem e a documentao da prtica profissional. A operacionalizao e a
documentao evidenciam a contribuio da enfermagem na ateno sade da populao,
aumentando a visibilidade e o reconhecimento profissional (COFEN, 2009). Esse
movimento permite que o enfermeiro reconhea sua assistncia permeando um conhecimento
tcnico-cientfico coerente na identificao das necessidades do cliente na hemodilise,
agindo nas intercorrncias, coordenando a assistncia e mantendo o funcionamento do setor.
A sistematizao da assistncia de enfermagem ao cliente submetido terapia renal
substitutiva favorece ao profissional de enfermagem a garantir a qualidade dos cuidados
proporcionados ao portador de doena renal crnica submetido hemodilise trazendo
segurana ao procedimento.
Para contribuir com a assertiva sobre a importncia do registro da clnica do portador
de doena renal, em 2011, o Consrcio Brasileiro de Acreditao (CBA, 2010), junto
Organizao Nacional de Acreditao (ONA) e representando a Joint Commission
International (JCI) publicou o Manual Internacional de Acreditao Hospitalar, que define
padres para a assistncia hospitalar e inclui metas internacionais de segurana do paciente.
Um dos critrios pontuados no manual a avaliao do paciente e descreve que o
enfermeiro deve analisar o estado de sade do cliente focando aspectos biopsicossociais e
econmicos, promovendo a elaborao de um plano de cuidados especficos para o indivduo.
Diante disso, uma avaliao por parte do enfermeiro que inclua o estado do cliente se faz
necessria para compreender fatores desencadeadores que influenciam nas respostas relativas
doena e ao seu tratamento, facilitando a elaborao do diagnstico de enfermagem.
A estruturao do mtodo de trabalho em enfermagem, evoluiu no decorrer do
tempo, chegando a sistematizao da assistncia, processo de enfermagem, taxonomia da
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North American Nursing Diagnoses Association (NANDA), Classificao dos Resultados
(NOC), Classificao das Intervenes de Enfermagem (NIC), processo de enfermagem
informatizado, corrobora a experincia da aplicabilidade do conhecimento e a compreenso
do resultado obtido (CHAVES, 2009).Classificao Internacional para a Prtica de
Enfermagem (CIPE) ou pode estar baseado na Teoria de Enfermagem das Necessidades
Humanas Bsicas (NHB) proposta por Wanda Horta e Joo Mohana.
Diagnstico de Enfermagem (DE) uma parte do processo de cuidar, uma das etapas
do processo de enfermagem. Figueiredo (2009) cita Paim: diagnstico uma abordagem mais
individualizada do paciente, centrando nas suas necessidades bsicas, nos seus problemas
identificados. Herdman e Kamitsuru (2015), definem o De como um julgamento clnico sobre
uma resposta ou vulnerabilidade humana a uma condio de sade. O DE possui como
elementos o fator que contribui para um resultado; o fenmeno identificado na pessoa
cuidada; o risco que constitui num perigo, ou possibilidade de perigo (FIGUEIREDO, 2009) e
na Taxonomia da NANDA, descritor ou modificador e foco diagnstico.
O planejamento da assistncia a terceira etapa do processo de enfermagem e consiste
em estabelecer prioridades frente aos diagnsticos identificados, fixar os resultados esperados,
determinar as intervenes de enfermagem e garantir o registro do plano de cuidados
(CHAVES, 2009). No setor de hemodilise, devido urgncia de suas aes, as aes de
cuidado devem ter respostas imediatas e no cessar at os resultados esperados ficarem
evidentes.
Aps a consulta, e seguindo a prescrio, o cliente deve ser encaminhado para realizar
sua primeira sesso de hemodilise, conforme a prescrio mdica e deve ser coletado
material para exames laboratoriais principalmente para definio (caso no tenha sido
realizada) do padro de doenas infecciosas como hepatite e sndrome da imunidade adquirida
(SIDA), que implicam em condies diferenciadas para isolamento e reutilizao dos
dialisadores (capilar). Nem sempre a consulta de enfermagem prvia e exames so possveis
e a prescrio do tratamento ao paciente em carter emergencial faz com que o processo de
enfermagem ocorra concomitantemente ao atendimento na sala de hemodilise levando-se em
considerao protocolos de isolamentos para pacientes sem sorologia definida que implica em
no reuso de material e desinfeco especial do rim artificial aps o uso.
Foram relacionadas as evidncias conforme os diferentes autores citaram para
definio dos seus diagnsticos de enfermagem em unidades de terapia renal substitutiva,
modalidade hemodilise. Alguns foram encontrados repetidos, pois foram mantidas as
citaes originais e como forma de descrever o ponto de partida utilizado para definir os
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fatores a serem observados nos registros de enfermagem que foram pesquisados.
Em Diagnsticos de enfermagem em pacientes submetidos hemodilise, Poveda et
al (2014), listaram percepo sensorial perturbada (viso), fadiga, padro de sono alterado,
dor aguda, baixa autoestima, risco de glicemia instvel, no aderncia, volume excessivo de
lquidos, risco de desequilbrio eletroltico, eliminao urinria afetada, mobilidade fsica
diminuda e risco de infeco.
Mendona et al (2013) citam em Diagnsticos de enfermagem de pacientes
hemodialticos em uso de cateter duplo lumen: hipotermia, risco de quedas, insnia, falta de
conhecimento sobre a doena, dor crnica, percepo sensorial perturbada (audio), proteo
ineficaz, baixa autoestima situacional, dficit no autocuidado, integridade da pele prejudicada,
constipao, risco de leses, percepo sensorial prejudicada (tctil), nutrio desequilibrada
(menos que as necessidades corporais) e diarreia; risco de sndrome por estresse por
mudanas, integridade tissular prejudicada, risco de trauma vascular, estilo de vida sedentrio,
dbito cardaco diminudo e medo.
Frazo et al (2012) em outro trabalho atravs da comparao dos diagnsticos da
NANDA com o modelo terico de adaptao de Sister Callista Roy evidenciam os
diagnsticos risco de infeco, volume de lquido excessivo, hipotermia, edema, mobilidade
fsica prejudicada, mobilidade andar e/ou coordenao restritos, integridade da pele
prejudicada, dor crnica, percepo sensorial perturbada (visual auditiva e ttil), fadiga, baixa
autoestima e diarreia como diagnsticos identificados.
Em observao aos fatores e diagnsticos listados, muitos no se encaixam nas
observaes a serem realizadas por enfermeiros durante a sesso de hemodilise a no ser que
ocorresse uma consulta de enfermagem prvia a cada sesso de tratamento, o que no
constitui rotina nos centros de dilise; a consulta de enfermagem inicial e subsequentemente
mensal a nvel ambulatorial; mas as observaes pelo enfermeiro nas repetidas sesses
constituem subsdios para julgamentos clnicos por parte do profissional. O registro de
enfermagem visa destacar os itens de avaliao e respostas clnicas do indivduo atendido e
constar de seus registros quando alteraes, intensas ou no, ocorrem.
Com a identificao dos fatores relevantes ao diagnstico de enfermagem inerentes ao
profissional que atua em hemodilise foi construdo instrumento de coleta de dados para
identificao dos fatores a serem pesquisados nos pronturios O reconhecimento dos
diagnsticos de enfermagem, alm de facilitar a associao entre os dados clnicos e o
cuidado de enfermagem, eleva a qualidade da assistncia.
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O diagnstico de Enfermagem um julgamento clnico sobre uma resposta humana a
condies de sade /processos de vida ou a uma vulnerabilidade; para efeito de roteiro de
anlise dos registros foram listados os fatores comuns aos principais diagnsticos de
enfermagem observados nos pacientes portadores de doena renal em terapia renal
substitutiva modalidade hemodilise presentes na literatura pesquisada nas bases de dados
(CHAVES, 2009).
2.4 COMUNICAO ESCRITA NA HEMODILISE: O REGISTRO EM
DESTAQUE
O processo comunicacional envolve emisso, compreenso e recepo de mensagens
verbais e no verbais, e a comunicao uma competncia a ser desenvolvida pelo
enfermeiro. Como indica o documento que define as Diretrizes Curriculares do Curso de
Enfermagem - Comunicao: os profissionais de sade devem ser acessveis e devem manter
a confidencialidade das informaes a eles confiadas, na interao com outros profissionais de
sade e o pblico em geral. O processo da comunicao envolve comunicao verbal, no
verbal e habilidades de escrita e leitura; alm do domnio de, pelo menos, uma lngua
estrangeira e de tecnologias de comunicao e informao.
necessrio ao enfermeiro o desenvolvimento da competncia em comunicao, e
na unidade de terapia substitutiva renal (TRS) existem particularidades na comunicao
escrita que remetem s intervenes de enfermagem (registro da prtica assistencial),
responsabilidades legais (manuteno dos registros no pronturio do paciente atualizados),
segurana do paciente (melhoria da comunicao entre profissionais), avaliao do servio
(processo de acreditao hospitalar de servios) e na comunicao humana para o
relacionamento interpessoal, seja ele entre os profissionais de sade, os pacientes e gestores
em mbito regional ou nacional, objetivando demonstrar a necessidade do desenvolvimento
de competncias em comunicao no profissional especializado em enfermagem em
nefrologia, que como qualquer indivduo comunica-se todo o tempo, atravs dos sentidos
corporais (ARAUJO, 2000).
Alm disso, o conhecimento acumulado sobre os indivduos no longo convvio do
tratamento permite registrar como se comportam, durante as sequenciadas sesses. Ao
considerar as caractersticas pessoais manifestadas no comportamento, torna-se possvel a
identificao de uma srie de problemas relevantes manifestados por alteraes fisiolgicas
significativas. Conhec-los e identific-los a partir dos comportamentos possibilita uma
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interveno precoce nas situaes de alguma mudana, e podem impedir/prevenir
complicaes futuras e que precisam ser registradas em pronturio.
Machado Neto (2012), indica que a comunicao profissional escrita deve ser
precedida da apreenso de conceitos e atitudes necessrios para o desenvolvimento de
raciocnio ao processo de comunicao; pr-requisito para cumprir objetivos fundamentais
como facilitar a organizao e estruturao do raciocnio para comunicar por escrito, facilitar
a expresso da capacidade e da competncia de quem comunica atravs de qualquer tipo de
documentao profissional com qualidade e produtividade.
A comunicao escrita est presente nas atividades de enfermagem em todas as
unidades de assistncia e nas unidades de Terapia Renal Substitutiva o preenchimento de
pronturios, formulrios, comunicaes de glosa, escalas, tabelas, constitui ferramenta de
gesto para controle, avaliao e informao do servio prestado.
Muitas intercorrncias sobre o cuidado e o planejamento das atividades so
registradas e nesse setor faz-se necessrio inclusive o consentimento livre e esclarecido
assinado a cada dilise na forma de autorizao ao procedimento de dilise, dentre eles
destacamos o controle de infeco, registro de controle do reprocessamento de dialisadores,
desinfeco do tratamento da gua, manuteno do pronturio do paciente atualizado e,
porque no destacar ainda a necessidade do registro sobre o processo de aprendizado do
paciente para o autocuidado.
Lembrar que o usurio tem o direito de ter acesso ao seu pronturio e o enfermeiro
deve proporcionar condies para a compreenso dos seus registros, que devem estar
presentes de forma completa.
Outros itens importantes acompanham os registros em pronturio, tais como
comunicao interdisciplinar, comunicao de estatsticas necessrias vigilncia sanitria e
comunicao de eventos adversos.
Nos registros de enfermagem, a documentao dos cuidados integra terminologias
padronizadas (termos que representam conceitos reconhecidos por uma determinada profisso
como relevantes para a prtica), estruturada pelo processo de enfermagem que podem utilizar
os sistemas de classificao vigentes
Diante da necessidade do registro para nortear o cuidado de enfermagem, vale
destacar que o pronturio do paciente uma fonte de informaes clnicas e administrativas
para tomadas de deciso e um meio de comunicao compartilhado entre os profissionais da
equipe de sade (COFEN, 2012), e, por isso, o registro sobre as condies clnicas do
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cliente, deve estar contido em pronturio para direcionar a ateno s intervenes da equipe
multiprofissional.
No registro de enfermagem podemos encontrar elementos importantes que
contenham informaes objetivas e subjetivas sobre o cliente e fornecem indcios para o
cuidado de enfermagem, em prol de um planejamento adequado s suas necessidades de
sade.
Sabe-se que o registro de enfermagem possui carter legal em situaes
administrativas teis para fins de auditoria, fins jurdico e tambm imprescindvel para o
faturamento dos gastos. Tambm podem ser fontes de informaes necessrias para pesquisas
cientficas, epidemiolgicas e de indicadores de sade, com vista s melhorias de processos
assistenciais e administrativos e, nesse sentido, o registro da evoluo realizada auxilia a
equipe de sade a elucidar situaes que possam indicar agravos sade do prprio paciente e
assim intervir de modo que novas complicaes no venham surgir com a mesma intensidade.
Todo servio de dilise deve manter um pronturio para cada paciente, com todas as
informaes sobre o tratamento dialtico, sua evoluo e intercorrncias. Os pronturios
devem estar preenchidos, de forma clara e precisa, atualizados, assinados e datados pelo
profissional responsvel por cada atendimento. Na hemodilise, essa atividade torna-se uma
atividade complexa pois h a diviso do planto em turnos, na maioria dos centros de dilise e
o atendimento pela enfermagem de um grupo de pacientes de cada vez, exigindo registros
mltiplos e reviso de todas as anotaes realizadas pela equipe no caso do enfermeiro lder.
Os pronturios devem estar acessveis para autoridade sanitria e outros representantes
dos rgos gestores do SUS e de convnios; e para consulta dos clientes ou seus responsveis,
desde que asseguradas s condies de sigilo previstas no cdigo de tica mdica e de direito
e de deontologia de enfermagem, alm das previstas no cdigo de Defesa do Consumidor.
O pronturio escrito do paciente composto com preenchimento dos campos com os
dados do paciente: histrico, diagnstico principal e secundrio, dados clnicos, prescrio da
sesso de hemodilise, administrao de medicamentos, controle do acesso vascular,
vacinao, laudos e exames, controle do dialisador, controle de eventos, clculo de
indicadores, campos especficos dos servios Mdico, de Enfermagem, Psicologia, Nutrio e
Servio Social. O pronturio do paciente deve ter registro de sua evoluo clnica e nome dos
profissionais envolvidos no atendimento. O texto exige que sejam registradas no pronturio
todas as informaes referentes evoluo clnica e a assistncia prestada ao paciente, assim
como sejam feitos registros de todos os profissionais envolvidos diretamente no atendimento
(KURCGANT, 1991).
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Os registros de enfermagem preferencialmente devem ocorrer, na medida do possvel
em tempo real ou logo aps o ocorrido, para prover evidncias da realizao da assistncia
logo aps a medio de todos os controles da sesso dialtica, exemplo: peso pr-dilise,
controle de presso arterial a cada hora, peso ps-dilise, intercorrncias dialticas,
administrao de medicamentos, alm de resultado do teste de resduo do produto qumico
utilizado na desinfeco dos dialisadores e registro da medida do volume interno das fibras do
dialisador, (registros sobre o reuso) e material utilizado. Essas informaes devem ser
legveis, identificveis e recuperveis.
O enfermeiro deve lanar mo da habilidade mental e da criatividade para olhar
profundamente para quem cuida e assim tentar captar o que est fora de quem olha e de quem
olhado. Com o tempo de convvio, alm dos sinais que o corpo indica e conseguimos captar
(evidncias como sexo, idade, aparncia pessoal, autocuidado, expresso verbal, odor), o
enfermeiro deve lanar mo de captar a personalidade, o jeito de ser, a simpatia, a capacidade
cognitiva, a afetividade, o carter e somado histria individual e familiar, faz com que possa
aplicar sua experincia prtica, compreendendo as situaes. Saber assim, como abordar o
paciente (KOEPPE & ARAUJO, 2009).
O estudo da comunicao no verbal possibilita ao profissional perceber os
sentimentos do paciente, suas dvidas e dificuldades para verbalizar seus problemas e anseios.
O profissional deve estar atento para compreender que o cliente ou seu corpo tenta dizer
atravs de expresses no verbais (KOEPPE & ARAUJO, 2009).
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CAPTULO 3
3 CAMINHO METODOLGICO
3.1 Mtodo
A experincia da pesquisadora facilitou entender os fenmenos segundo a perspectiva
do grupo da enfermagem; os quais foram responsveis pelos registros analisados.
A anlise de documentos um mtodo de coleta de dados onde o pesquisador no
pode tirar partido da reao do objeto estudado e sendo necessrio um esforo de
objetividade; elimina a eventualidade de qualquer influncia a ser exercida pela presena ou
interveno do pesquisador. O documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa
para o pesquisador, insubstituvel e o testemunho, por pouco que seja, de atividades
particulares ocorridas. Embora tagarela, o documento permanece surdo (POUPART et al,
2014).
Este estudo apresenta uma abordagem qualitativa, quantitativa, descritiva e
exploratria, com base na pesquisa dos registros de enfermagem que o mtodo que se
adequa s propostas do estudo, pois permite a obteno de dados atravs do contato direto do
pesquisador com o material escrito pela enfermagem no prprio contexto vivido, e
fundamental que o pesquisador conhea e entenda os fenmenos segundo a perspectiva dos
profissionais do setor. A abordagem quantitativa, quando em conjunto com a qualitativa,
segundo Minayo (2014), permite uma mais elaborada e completa construo da realidade, ao
invs de atuarem de forma oposta.
A pesquisa qualitativa tem sido utilizada para explicar determinadas questes que
mtodos quantitativos dificilmente poderiam abordar e possibilita fornecer informaes
contextuais para desvendar o como de um cotidiano de uma determinada cultura
organizacional (POUPART et al, 2014).
3.2 Cenrio
O local de estudo, foi o Hospital Universitrio Clementino Fraga Filho (HUCFF -
UFRJ), no servio de terapia renal substitutiva hemodilise, no turno diurno em dias teis
sequenciais. O total de pronturios analisados foi de quarenta e oito, ativos no perodo de
coleta; lidos integralmente. A escolha desse cenrio se justificou por ser um hospital de
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grande porte, de referncia na nefrologia, com registro da assistncia de enfermagem e
sistematizao da assistncia implantada na unidade de nefrologia, especificamente no setor
de internao hospitalar; exceto na hemodilise.
O paciente internado possui registros de todas as atividades de enfermagem e suas
intervenes no pronturio eletrnico menos aqueles gerados durante o cuidado nas sesses
de hemodilise e os pacientes externos da hemodilise possuem apenas pronturio escrito de
forma manual).
Os enfermeiros que prestam assistncia so pertencentes unidade de nefrologia
realizam planto no apenas hemodilise, tendo contato com o programa informatizado do
hospital, MEDTRAK, que a base do pronturio eletrnico, e permite o acompanhamento
de todo o fluxo dos pacientes, gerenciando as informaes clnicas e administrativas que
contm prescries de enfermagem.
O servio de hemodilise realiza as atividades assistenciais por turnos de dilise
manh e tarde, com oito mquinas de rim artificial em uso por turno. Relacionado ao
quantitativo de funcionrios, a equipe composta por enfermeiras diaristas e plantonistas,
tcnicos de enfermagem diaristas e plantonistas, com carga horria total de 30h semanais e
escala de 12h de trabalho por 60h de descanso quando plantonistas, totalizando por dia, no
setor de hemodilise dois enfermeiros (um lder e o chefe do setor) e seis tcnicos de
enfermagem no planto.. A autorizao de pesquisa em pronturio foi obtida junto direo
do Hospital atravs de carta de anuncia para autorizao de pesquisa em pronturio.
3.3 ETAPAS DE PRODUO
A coleta de dados foi realizada aps a aprovao do projeto nos comits de tica da
Escola de Enfermagem Anna Nery e da instituio coparticipante atravs da Plataforma
Brasil, protocolo nmero 1.646.111.
A pesquisa de campo, com anlise dos registros de enfermagem constantes em
pronturios ativos no servio de hemodilise, em hospital pblico no estado do Rio de Janeiro
foi realizada no perodo de junho a julho de 2016. Os registros institucionalizados nos
pronturios foram analisados em busca de anotaes relevantes que denotassem evidncias
clnicas ou fatores de risco indicativos de uma resposta humana relativos a um diagnstico de
enfermagem. Os critrios de incluso foram pronturios ativos de pacientes cadastrados e
atendidos no programa de dilise de um hospital universitrio no Rio de Janeiro. Por ser uma
pesquisa em pronturios de pacientes que demandam longo perodo de tratamento foi levado
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em considerao registros de funcionrios que usufruam de frias e/ou licenas de curta
durao no perodo de coleta de dados.
Para iniciar a coleta de dados foi realizado aprofundamento prvio sobre registros de
diagnsticos de enfermagem a partir das bases de dados Literatura Latino-Americano e do
Caribe em Cincias da Sade (LILACS) = 12, Scientific Electronic Library Online (SciELO)
= 13 , Bases de Dados Especfica da Enfermagem (BDENF) = 13 e Cumulative Index to
Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) = 33; utilizando os seguintes descritores
contemplados nos Descritores em Cincias da Sade (DeCs).Diagnstico de enfermagem e
Hemodilise. A partir da combinao desse descritores foram localizados 71 artigos dos quais
aps implantar os critrios de incluso texto completo disponvel e excluir os artigos
repetidos, foram analisados treze artigos em sua totalidade, identificados neles os diagnsticos
de enfermagem e extrados os fatores relevantes para sua definio pelos enfermeiros do
setor.
Foram pesquisados os artigos nas bases de dados mencionadas; a seleo foi
realizada atravs da leitura dos ttulos e dos resumos selecionados e com as seguintes
consideraes: texto completo disponvel em portugus, e referentes ao saber/fazer do
enfermeiro. Aps a seleo dos artigos, houve a leitura minuciosa e enunciao dos DE
relativos ao paciente e que fossem passveis de identificar durante a sesso de hemodilise.
Experincias constantes da literatura tambm foram levadas em considerao, onde
para a informatizao do SAE tornou-se imprescindvel que a padronizao da linguagem
inerente ao setor fosse capturada e identificada previamente para que, na formulao do
instrumento ficasse demonstrado que a finalidade seria facilitar para o profissional que
realizar a anotao identificar a forma de registrar suas observaes e seu processo
assistencial. A padronizao pressups a utilizao de um conjunto de termos pr-
estabelecidos (exemplo: peso seco, banho, pesado); que expressaram: situaes do processo
sade/doena que puderam ser modificadas por intervenes de enfermagem; e resultados
obtidos com a efetivao dessas aes.
Foi construdo um instrumento de pesquisa, no qual os fatores obtidos nas referncias
sobre os diagnsticos mais relevantes no mbito da hemodilise foram listados como
necessrios para a obteno dos diagnsticos; com esses fatores relevantes: constituiu-se em
um check-list para registrar as evidncias observadas e pontuar a avaliao de cada item como
existente, inexistente e existente diferente que foram avaliados como documentados com ou
sem variao e no documentados.. A elaborao do instrumento de pesquisa facilitou a
transcrio das observaes e lanamento dos registros e a preparao de um formulrio que
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devidamente descreve os itens de interesse que constituiu num prottipo para a
informatizao do setor.
O momento para observao dos registros institudos pela enfermagem ocorreu pela
anlise documental dos pronturios na sala de hemodilise durante as situaes de cuidado
(sesso dialtica) para visualizao no cenrio escolhido das intervenes registradas pela
equipe no cuidado com esse cliente em hemodilise que constituem subsdios prescrio de
enfermagem.
Foi realizada a anlise documental objetivando identificar a dinmica da produo de
prescries de enfermagem paralelamente observao no participante da forma de
produo da prescrio. A observao no participante foi realizada durante as sesses de
hemodilise, com produo de anotaes e inventrios nos dias de observao sobre as
situaes vivenciadas e dos registros nos formulrios (comunicao escrita dos enfermeiros).
Foram verificados os registros de enfermagem durante as sesses de hemodilise,
captando aqueles referentes ao cuidado de enfermagem prestado durante a mdia de quatro
horas de assistncia direta ao paciente em cada sesso e identificados nestes registros como a
assistncia de enfermagem est notificada para atendimento resoluo nmero 358 do
COFEN.
Para coleta dos dados foi utilizado caderno para transcrio dos registros de
enfermagem contidos no pronturio. A pesquisadora teve preocupao e o zelo de colocar-se
no lugar dos profissionais avaliando a dinmica das rotinas do dia-a-dia de um setor de
hemodilise e as dificuldades em registrar todas as ocorrncias acontecidas
concomitantemente aos afazeres e demandas de cuidados que os pacientes requeriam.
Inicialmente a pr-anlise consistiu na leitura e releitura dos pronturios em arquivo
corrente a serem analisados e transcrio das anotaes de enfermagem contendo
representatividade e pertinncia ao tema inicial (planejamento de enfermagem).
Anlise temtica consistiu em descobrir os ncleos de sentido dos registros em
pronturios, para pesquisar como eles se apresentavam, qual a frequncia registrada e como
eles se aproximam ou se distanciam dos diagnsticos e intervenes preconizados em
literatura.
Determinou-se a unidade de registro relevantes na pr-anlise e transcritas para uma
planilha Excel e depois os dados foram tratados em uma operao estatstica com o uso do
programa R que um programa para clculos estatsticos, onde ocorreu a definio das
porcentagens e determinao das frequncias relativas e simples. Em seguida houve a
classificao em categorias em palavras ou expresses significativas do mesmo assunto,
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buscando a inteno na anotao; inteno que pode estar clara (documentada) ou no (com
variao). No caso de inexistncia de documentao foi classificada como no documentada.
Foi dado nfase comunicao escrita, a qual est registrada em pronturios e a
anlise buscou demonstrar refletir nos registros da assistncia tambm toda a comunicao
teraputica desenvolvida no ambiente da dilise. Quanto aos dados de registros a pesquisadora
levantou os tipos de prescrio de enfermagem realizados e as intervenes relacionadas ao
diagnstico de enfermagem quando prescritas. Estas ltimas (as prescries) so de interesse
ao estudo e junto com as demais informaes e sero utilizadas para descrever como os
enfermeiros responsveis pelas sesses de hemodilise usam o recurso da sistematizao da
assistncia (avaliao e registro de enfermagem).
Aps os registros de enfermagem serem lidos pela pesquisadora e transcritas as
informaes que significavam a existncia de interveno de enfermagem, um julgamento
clnico ou prescrio de enfermagem propriamente explicitada; foi preenchido o formulrio
de coleta de dados onde os fatores relevantes aos diagnsticos de enfermagem eram
classificados como inexistente (no existe anotao sobre esse fator nos registros
pesquisados), existente (o registro do fator ocorreu com redao explcita) e existente
modificado (o registro ocorreu de uma forma diferente mas ficou implcita a informao
desejada). Os registros dos tcnicos de enfermagem foram analisados tambm, pois cabe a
eles a assistncia direta aos pacientes e o cumprimento das prescries institudas pelo
enfermeiro responsvel pela elaborao da prescrio.
Aps definio dos elementos predominantes nos registros foi elaborado formulrio
para agrupamento dos itens da assistncia divididas por conjunto de ideias comuns para
melhor gerenciamento das anotaes e visualizao dos dados relevantes.
3.4 ANLISE
A segunda fase foi a anlise do material produzido e pesquisado no preenchimento
do instrumento de coleta de dados descritivo com os fatores relevantes para a prescrio de
enfermagem na hemodilise. O tratamento dos dados obtidos a fim de situar a comunicao
escrita das anotaes de enfermagem com os diagnsticos e fatores relacionados pr-
estabelecidos da literatura, no intuito de correlacionar convergncias, divergncias e
inexistncias de item sistematizado e da anlise das anotaes mais representativas a cada
item do formulrio de coleta de dados.
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Uma generalizao estatstica (enunciado em termos de porcentagem de casos que
indica uma doena, ou que em determinada idade a proporo de pessoas sofram de
determinada doena) que fornea apoio para uma premissa so chamados: argumentos
indutivos e possuem a capacidade, quando disposio de um profissional de sade, de
funcionar como fatores para inferir a presena de um determinado problema (LAMBERT E
BRITTAN, 1972).
Foi assegurado o anonimato da identificao do pronturio atravs da recodificao
da identificao do registro analisado e do profissional que o realizou. O material produzido
ser mantido at a concluso da dissertao e os dados obtidos sero de interesse estritamente
cientfico, sendo utilizados apenas em eventos, artigos cientficos e na elaborao desta
dissertao de mestrado.
3.5 DESAFIOS DA PESQUISA
Uma das limitaes iniciais foi o tempo necessrio para a adaptao dinmica do
setor, e debruar na leitura dos diferentes pronturios para pesquisa. A investigao foi a
partir da leitura dos registros de enfermagem com explorao dos itens de observao da
comunicao escrita da enfermagem. A frequncia destes registros demonstrou a real noo
de como se registra o cuidado a partir das prescries do enfermeiro e do cuidado realizado
pelos tcnicos de enfermagem. Tambm constituiu desafios decifrar a real inteno do
profissional ao analisar seu registro sem cometer juzo ou julgamento de valor.
3.6 ASPECTOS TICOS
Assim instrumentada, a pesquisa foi realizada, aps aprovao do projeto no comit de
tica e no cenrio cujo ambiente tem uma forma de atendimento prpria, com uma
comunicao escrita determinada pelo contexto e um modo de cuidar especfico da unidade de
hemodilise de um hospital de grande porte do Rio de Janeiro. Sendo obedecidos os aspectos
ticos, conforme previsto no projeto submetido e aprovado pelo Comit de tica e Pesquisa
da Escola de Enfermagem Anna Nery / Hospital Escola / Universidade Federal do Rio de
Janeiro e autorizao da Instituio pesquisada. Foi respeitado o sigilo das informaes
conforme a resoluo 466/2012.
Considerando a importncia do plano de disseminao do conhecimento produzido, a
divulgao preliminar dos resultados de investigao da pesquisa foi atendida com a
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submisso de artigos com os ttulos Concepo de instrumento para anotao da sesso
de hemodilise a partir da anlise dos registros de enfermagem em um hospital
universitrio relato de experincia (Apndice); e Fatores relevantes para o
diagnstico de enfermagem durante a sesso de hemodilise uma reviso narrativa
(Apndice ).
Houve tambm a circulao da produo em eventos cientficos como o IX Seminrio
Internacional de Pesquisa em Enfermagem (SINPEN), realizado pela EEAN na UFRJ em
2016.
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CAPTULO 4
4 RESULTADOS, ANLISE E DISCUSSO
4.1 RESULTADOS
O enfermeiro, no Brasil possui em sua formao o comprometimento das
universidades de enfermagem na preparao de um profissional capaz de desenvolver uma
assistncia integral, organizada e com vistas a qualidade; Pereira et al, (2015), cita que a
formulao de diagnsticos de enfermagem serve como referncia para a organizao da
prtica assistencial e estabelecimento da natureza e objetivo da assistncia. Os autores citam
que a correta compreenso e incluso no cotidiano desta ferramenta permite estabelecimento
de metas e cuidados de sade especficos para satisfazer as necessidades identificadas no
indivduo, desenvolvendo habilidades constantes no raciocnio e prtica clnica de cuidados
eficazes que promova reconhecimento cientfico e tecnolgico pela sociedade enfermagem.
No Hospital cenrio, o pronturio eletrnico fica disponibilizado em terminais de
computador presentes na unidade em que exames laboratoriais e laudos de exames de imagem
podem ser acessados. Como pronturio escrito, na unidade de hemodilise, contm folha de
rosto de identificao e dados gerais do paciente, relatrio geral da hemodilise, folha de
controle mensal para acompanhamento do nmero do rim artificial que o paciente utilizou,
prescrio mdica (tempo da sesso de hemodilise, meta de ultrafiltrao, fluxo de sangue,
anticoagulao, volume de reposio de soro fisiolgico, perfil de sdio do dialisato),
anotaes da presso arterial inicial e horria, medi