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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA JÉSSICA VALESCA TOSCANO PEREIRA A CURADORIA DE CONTEÚDOS EM BIBLIOTECAS: proposta de aplicação na Biblioteca Central do IFRN campus Natal-Central NATAL/RN 2017.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

JÉSSICA VALESCA TOSCANO PEREIRA

A CURADORIA DE CONTEÚDOS EM BIBLIOTECAS: proposta de aplicação na

Biblioteca Central do IFRN campus Natal-Central

NATAL/RN

2017.2

JÉSSICA VALESCA TOSCANO PEREIRA

A CURADORIA DE CONTEÚDOS EM BIBLIOTECAS: proposta de aplicação na

Biblioteca Central do IFRN campus Natal-Central

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Andréa Vasconcelos Carvalho.

Co-orientadora: M.a Tatiana Nascimento A. Dutra Alves

NATAL/RN

2017.2

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

Sistema de Bibliotecas - SISBI.

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do CCSA

Pereira, Jéssica Valesca Toscano.

A curadoria de conteúdos em bibliotecas: proposta de aplicação na Biblioteca Central

do IFRN Campus Natal-Central / Jéssica Valesca Toscano Pereira. - 2017.

95 f.: il.

Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciência da Informação.

Natal, RN, 2017.

Orientador: Profa. Dra. Andréa Vasconcelos Carvalho.

Coorientadora: Me. Tatiana Nascimento Augusto Dutra Alves.

1. Curadoria de conteúdos – Monografia. 2. Bibliotecas - Monografia. 3. Curadoria –

bibliotecas - Monografia. 4. Planejamento da curadoria - Monografia. I. Carvalho, Andréa

Vasconcelos. II. Alves, Tatiana Nascimento Augusto Dutra. III. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/BS/CCSA CDU 025.4:004

JÉSSICA VALESCA TOSCANO PEREIRA

A CURADORIA DE CONTEÚDOS EM BIBLIOTECAS: proposta de aplicação na

Biblioteca Central do IFRN campus Natal-Central

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia.

Aprovado em: ____/____/______.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Andréa Vasconcelos Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

(Orientadora)

_______________________________________________________

Ma. Tatiana Nascimento Augusto Dutra Alves

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)

(Co-orientadora)

_______________________________________________________

Profª. Drª. Luciana Moreira Carvalho

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

(Membro da banca)

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas comentavam que escrever um Trabalho de Conclusão de

Curso exige muito comprometimento, responsabilidade e paciência. Hoje eu posso

confirmar que é verdade, e que por vezes eu pensei que não iria conseguir. Mas

graças a Deus eu estou cercada de pessoas maravilhosas, que me apoiaram e me

deram forças todas as vezes que eu entrei em desespero e não sabia mais o que

fazer. Assim, eu não poderia deixar de registrar a minha imensa gratidão.

Agradeço primeiramente a Deus pela minha vida, pelas minhas conquistas e

por tudo o que sou hoje. Eu sei que o Senhor me guarda e abençoa, e que está

comigo em todos os momentos, tristes ou felizes. É reconfortante e fortalecedor

saber que alguém tão especial, repleto de amor, cuida de mim e não me abandona.

Aos meus pais, Flávio e Gorete, por todo o carinho e amor, pelas palavras de

incentivo, por demostrarem o quanto eu sou importante e capaz, e por me

ensinarem, desde pequena, a ser comprometida com tudo o que faço. Eu não tenho

nem palavras para descrever a gratidão que eu sinto por tê-los em minha vida. Com

certeza são um presente de Deus e sem vocês nada seria possível.

Aos meus avós, Raimundo e Creusa, que me acolheram durante longos

meses e que sempre comemoraram as minhas vitórias e me encheram de amor e

mimos. Eu os amo demais e espero que façam parte de muitos outros momentos

importantes da minha vida.

Ao meu irmão, pois sei que mesmo não demonstrando muito, estava torcendo

por mim e para que eu conseguisse concluir tudo com sucesso. E a todos os amigos

e colegas de curso que me apoiaram por meio de mensagens e gestos de carinho, e

que torceram para que tudo desse certo.

Ao meu namorado e melhor amigo, Márcio, por todo apoio e compreensão

nesse período em que estive mais ausente. Muito obrigada pelos incentivos e

comemorações a cada capítulo escrito, seu bom humor e carinho foram essenciais

nessa caminhada.

A minha orientadora Andréa Carvalho, por sua paciência, gentileza e

incentivo. Obrigada por ter me acolhido tão bem na Iniciação Científica e por todos

os conhecimentos compartilhados.

A minha co-orientadora, amiga e eterna “chefinha” Tatiana Alves, que

acreditou em mim e nas minhas capacidades, oportunizando que eu crescesse tanto

profissionalmente, como pessoa. Muito obrigada por ser sempre tão atenciosa e por

toda paciência para lidar com minhas inúmeras inseguranças. Ainda é tudo muito

novo para mim, mas sei que você compreende isso e apoia minhas decisões.

Por fim, agradeço a todos que torceram por mim e que me apoiaram nessa

caminhada, desde a escolha do curso até a minha formação. A todos os

professores, amigos, colegas e familiares que me auxiliaram diretamente ou

indiretamente. Muito obrigada a todos!

RESUMO

Diante do contexto de superprodução de informação, ocasionado especialmente

pelo advento da Internet e das mídias sociais digitais, o presente estudo evidencia a

curadoria de conteúdos como uma atividade essencial por possibilitar encontrar,

filtrar, selecionar, agregar valor, organizar e compartilhar informações relevantes a

públicos determinados, engajando e avaliando os resultados. Por ser uma temática

relativamente nova, produções científicas em âmbito nacional na área de Ciência da

Informação ainda são muito escassas e não existem estudos sobre sua realização

em bibliotecas. Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo geral propor diretrizes

para a realização da curadoria de conteúdos na Biblioteca Central Sebastião

Fernandes (BCSF), situada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Natal-Central, e mais especificamente: a)

caracterizar o processo de curadoria de conteúdos; b) identificar e caracterizar

ferramentas tecnológicas úteis para realizar a curadoria de conteúdos; e c)

caracterizar a curadoria de conteúdos e suas aplicações práticas em bibliotecas,

buscando contribuir para o preenchimento da lacuna no âmbito da produção

científica nacional. Para tanto, este estudo configura-se como uma pesquisa

aplicada, bibliográfica, exploratória e documental, realizando também entrevistas

semiestruturadas com dois bibliotecários, com vistas a coletar dados para auxiliar na

elaboração da proposta de estruturação da curadoria de conteúdos para a Biblioteca

Central do IFRN, na qual verificou-se a preocupação em implementar uma seção

especificamente voltada para a realização da curadoria e a gestão de conteúdos

online, mas que ainda não possui uma estrutura para a efetivação da atividade.

Logo, a contribuição desta pesquisa encontra-se na elaboração da proposta,

contendo os principais elementos para estruturar a curadoria de conteúdos na

Biblioteca, tais quais: a) delimitação dos objetivos e público-alvo; b) temáticas

sugeridas; c) guia de fontes de informação; d) processo para assegurar a curadoria

de conteúdos; e) ferramentas capazes de auxiliar no processo; f) frequência de

publicação; e g) critérios para avaliação dos resultados. Conclui-se evidenciando que

o exercício da curadoria de conteúdos em bibliotecas é uma ótima oportunidade não

só para informar o público, mas também para se conectar com ele, estabelecendo

uma ligação a partir de novos serviços, produtos e ferramentas.

Palavras-chave: Curadoria de conteúdos. Bibliotecas. Curadoria – bibliotecas.

Planejamento da curadoria.

ABSTRACT

Given the context of overproduction of information, especially caused by the advent

of the Internet and digital social media, this study evidences content curation as an

essential activity because it allows finding, filtering, selecting, adding value,

organizing and sharing information relevant to audiences determined, engaging and

evaluating the results. Because it is a relatively new topic, national scientific

productions in the area of Information Science are still very scarce, and there are no

studies on their realization in libraries. Therefore, this research has as general

objective to propose guidelines for content curation at the Central Sebastião

Fernandes (BCSF), located at the Federal Institute of Education, Science and

Technology of Rio Grande do Norte (IFRN), Natal-Central Campus, and more

specifically: a) characterize the content curation process; b) identify and characterize

useful technological tools to perform content curation; and c) characterize content

curation and its practical applications in libraries, seeking to contribute to fill the gap

in the scope of national scientific production. In order to do so, this study is

characterized as an applied, bibliographic, exploratory and documentary research,

also conducting semi-structured interviews with two librarians, with a view to

collecting data to assist in the elaboration of the proposal for structuring the content

curation for the IFRN Central Library , in which the concern was expressed to

implement a section specifically aimed at conducting curation and online content

management, but still does not have a structure for the effectiveness of the activity.

Therefore, the contribution of this research is in the preparation of the proposal,

containing the main elements to structure the content curation in the Library, such as:

a) delimitation of the objectives and target audience; b) suggested topics; c) guide of

sources of information; d) process to ensure content curation; e) tools capable of

assisting in the process; f) frequency of publication; and g) criteria for evaluating

results. It concludes by showing that curating content in libraries is a great

opportunity not only to inform the public, but also to connect with it, establishing a link

from new services, products and tools.

Keywords: Content curation. Libraries. Curation – libraries. Curatorial Planning.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Os 5 modelos de curadoria de conteúdos de Bhargava (2011) ....... 41

Figura 2 – Amostra de ferramentas para curadoria de conteúdos ..................... 45

Figura 3 – Proposta de estratégia de curadoria com etapas e ferramentas para docentes ................................................................................... 48

Figura 4 – Perfis profissionais entre informação e comunicação ....................... 50

Figura 5 – Tipos de guias temáticos e sugestões de ferramentas para bibliotecas ......................................................................................... 54

Figura 6 – Etapas para desenvolvimento da pesquisa ...................................... 59

Figura 7 – Fachada da BCSF............................................................................. 60

Figura 8 – Perfil oficial da BCSF no Facebook .................................................. 62

Figura 9 – Canal oficial da BCSF no Youtube ................................................... 62

Figura 10 – Processo para realização da curadoria de conteúdos na BCSF ...... 73

Figura 11 – Área de trabalho do Feedly ............................................................... 74

Figura 12 – Área de trabalho do Pocket .............................................................. 75

Figura 13 – Página de edição do Documentos Google ....................................... 76

Figura 14 – Página de criação de designs do Canva .......................................... 77

Figura 15 – Página de criação de nova história do Storify ................................... 78

Figura 16 – Página principal do Scoop.it ............................................................. 78

Figura 17 – Página inicial do Animaker ................................................................ 79

Figura 18 – Feed do Pinterest .............................................................................. 80

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Descrição de competências do bibliotecário .................................. 26

Quadro 2 – Características das bibliotecas contemporâneas ........................... 34

Quadro 3 – Comparação das etapas de curadoria de conteúdos apresentadas .................................................................................. 44

Quadro 4 – Lista de ferramentas e serviços participativos ................................ 46

Quadro 5 – Lista de ferramentas de acordo com etapas da curadoria de conteúdos ....................................................................................... 47

Quadro 6 – Relação do processo de curadoria com os conhecimentos, habilidades e atitudes do PI............................................................. 52

Quadro 7 – Indicadores e critérios escolhidos de avaliação de fontes de informação para a construção do guia preliminar de fontes............ 70

Quadro 8 – Páginas do Facebook elencadas para o guia de fontes de informação ...................................................................................... 71

Quadro 9 – Canais do Youtube elencados para o guia de fontes de informação 71

Quadro 10 – Portais e blogs elencados para o Guia de fontes de informação.... 72

Quadro 11 – Relação de etapas e ferramentas elencadas para curadoria na BCSF .............................................................................................. 81

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 12

2 NOVO CONTEXTO INFORMACIONAL ................................................. 16

2.1 A INFORMAÇÃO COMO RECURSO DO SÉCULO XXI ........................ 16

2.2 A INTERNET COMO NOVA PLATAFORMA DA INFORMAÇÃO ........... 17

2.3 A WEB DE HOJE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ............. 19

2.3.1 As mídias sociais digitais ..................................................................... 20

2.4 OS NOVOS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO .......................................... 22

2.5 O PERFIL DO MODERNO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO ........... 24

3 BIBLIOTECAS CONTEMPORÂNEAS: PERFIL E TENDÊNCIAS ........ 29

3.1 TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA ................................. 29

3.2 O PERFIL DA BIBLIOTECA CONTEMPORÂNEA E AS TENDÊNCIAS 31

4 A CURADORIA DE CONTEÚDOS ......................................................... 36

4.1 ORIGEM E CONCEITOS ........................................................................ 36

4.2 ESTRUTURA PARA REALIZAÇÃO DA CURADORIA DE CONTEÚDOS ......................................................................................... 38

4.2.1 Planejamento ......................................................................................... 39

4.2.2 Métodos e processos ............................................................................ 40

4.2.3 Ferramentas ........................................................................................... 45

4.3 O PERFIL DO PROFISSIONAL CURADOR ........................................... 49

4.4 A CURADORIA DE CONTEÚDOS EM BIBLIOTECAS .......................... 52

5 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................. 56

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ...................................................... 56

5.2 ETAPAS DA PESQUISA ......................................................................... 57

5.3 CONTEXTO DA PESQUISA: A BIBLIOTECA CENTRAL SEBASTIÃO FERNANDES .......................................................................................... 59

5.3.1 Sobre a BCSF ........................................................................................ 60

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS ........................ 64

6.1 CARACTERIZAÇÃO DOS INFORMANTES ........................................... 64

6.2 ANÁLISE CRUZADA DOS DEPOIMENTOS ACERCA DA COMPREENSÃO SOBRE A CURADORIA DE CONTEÚDO E SUAS EXPECTATIVAS NA BCSF ..................................................................... 65

7 PROPOSTA DE ESTRUTURAPARA REALIZAÇÃO DA CURADORIA DE CONTEÚDOS NA BCSF .................................................................. 68

7.1 DELIMITAÇÃO DOS OBJETIVOS E PÚBLICO-ALVO ........................... 68

7.2 TEMÁTICAS SUGERIDAS ...................................................................... 69

7.3 GUIA DE FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................... 69

7.4 PROCESSO PARA REALIZAÇÃO DA CURADORIA DE CONTEÚDOS 73

7.5 FERRAMENTAS ..................................................................................... 73

7.5.1 Feedly ..................................................................................................... 74

7.5.2 Pocket ..................................................................................................... 75

7.5.3 Documentos Google ............................................................................. 75

7.5.4 Canva ...................................................................................................... 76

7.5.5 Storify ..................................................................................................... 77

7.5.6 Scoop.It .................................................................................................. 78

7.5.7 Animaker ................................................................................................ 79

7.5.8 Pinterest ................................................................................................. 80

7.6 FREQUÊNCIA DE PUBLICAÇÕES ........................................................ 81

7.7 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 81

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 83

REFERÊNCIAS ....................................................................................... 85

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista com o coordenador da Biblioteca Central Sebastião Fernandes (Sujeito 1) .......................... 92

APÊNDICE B – Roteiro da entrevista com a responsável pela Seção de Curadoria da Informação da BCSF (Sujeito 2) ................... 94

12

1 INTRODUÇÃO

A sociedade tem se defrontado com uma nova lógica de produção e consumo

de informação. Os avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)

colaboraram diretamente para o surgimento de um novo contexto informacional, no

qual a informação passou a transitar de forma flexível, em variados formatos, e isso

somado à uma variedade de suportes proporcionou maior mobilidade e rapidez à vida

em sociedade, impactando na forma como nos comunicamos e interagimos.

A partir da formação da rede mundial de computadores, a Internet, instituiu uma

comunidade global, ampliando as possibilidades de comunicação e do “informar-se”.

A web, principal aplicação da Internet, e suas respectivas evoluções, proporcionaram

a criação de ambientes virtuais que incentivam a participação e a troca gratuita e livre

de informações em rede. Assim, as pessoas têm acesso a um número cada vez maior

de informações de todos os tipos, de múltiplas fontes, dentre as quais se incluem

também os outros usuários.

Com efeito, as profissões e os profissionais contemporâneos passaram a se

preocupar com a imposição do espaço virtual enquanto uma nova realidade, que

passou a ditar o ritmo das relações, do consumo e, consequentemente, do trabalho

(ALVES, 2016). Essa nova dinâmica por que passam os serviços de informação, cada

vez mais ricos em conteúdos, interatividade e atividade social, faz com que os

Profissionais da Informação, nesse caso em específico os Bibliotecários, busquem

novas formas de organizar e tornar acessíveis conteúdos relevantes na Internet, assim

como compreender esses novos usuários e suas necessidades. O “informar” não deve

estar mais restrito apenas ao âmbito de documentos físicos, e é importante estar

atento a isso, procurando atualizar-se cada vez mais.

Diante disso, faz-se necessário ampliar os limites do “fazer” bibliotecário,

visualizando a necessidade de modernizar o seu trabalho, desenvolvendo novas

habilidades, visto que boa parte da base de conhecimento e ativos intelectuais de

instituições e indivíduos estão agora disponíveis virtualmente, e um dos obstáculos da

Biblioteconomia nos tempos atuais está na organização e disseminação de conteúdos

na Internet (BASTOS, 2013; BEAGRIE, 2006).

Neste contexto, evidencia-se a curadoria de conteúdos, temática central desta

pesquisa, como uma forma de filtrar e agregar valor a informações que já estão

disponíveis em rede, reutilizando-as de forma direcionada, tendo em vista encaminhar

13

conteúdos relevantes a um público determinado, com temáticas pré-estabelecidas, e,

dessa forma, auxiliar tanto no processo de gestão de conteúdos online, quanto a não-

produção de mais informação sendo disponibilizada demasiadamente na rede, tendo

em vista a sobrecarga com que já lidamos na atualidade. A atividade serve para

pensarmos em novas formas de produção, distribuição e disseminação de conteúdos

e conhecimento considerando a cultura baseada na rede (TERRA, 2012).

Acredita-se, portanto, que a realização da curadoria de conteúdos em

bibliotecas pode trazer muitos benefícios, visto que é uma especialidade que deve

propiciar a disponibilização de conteúdos relevantes e a divulgação de produtos e

serviços de um modo mais atrativo, utilizando formatos diferenciados, com o intuito de

chamar a atenção da comunidade extramuros. Salienta-se a indispensabilidade de

inserção das bibliotecas nessa nova conjuntura, uma vez que as pessoas têm

procuraod a Internet para saciar suas necessidades informacionais.

Isto posto, emerge o interesse pelo caso da Biblioteca Central Sebastião

Fernandes (BCSF), situada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Rio Grande do Norte (IFRN), Campus Natal-Central, na qual verificou-se a

preocupação em implementar uma seção especificamente voltada para a realização

da curadoria e a gestão de conteúdos online, mas que ainda não possui uma estrutura

para a efetivação da atividade nas mídias sociais digitais.

Diante disso, manifesta-se o desejo em delinear e propor uma estrutura para

organização e disseminação de informações na web mediante a realização da

curadoria de conteúdos para a Biblioteca Central do IFRN. A problemática que propõe-

se entender é: Como a curadoria de conteúdos digitais pode ser realizada em

bibliotecas, em especial na Biblioteca Central Sebastião Fernandes campus Natal-

Central do IFRN? Bem como compreender: O que é necessário para sua realização?

Que métodos são recomendados para tal, e quais as ferramentas que podem auxiliar

o processo?

Com o intuito de responder a esses questionamentos, a presente pesquisa tem

como objetivo geral propor diretrizes para a realização da curadoria de conteúdos na

Biblioteca Central do CNAT/IFRN. Além disso, foram elencados os seguintes objetivos

específicos:

a) caracterizar o processo de curadoria de conteúdos;

b) identificar e caracterizar ferramentas tecnológicas úteis para realizar a

curadoria de conteúdos;

14

c) caracterizar a curadoria de conteúdos e suas aplicações práticas em

bibliotecas.

O interesse pela temática surgiu, inicialmente, a partir da disciplina Redes e

Serviços de Informação II, ofertada no curso de Biblioteconomia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ministrada pela Prof.ª. Dr.ª Andréa

Vasconcelos Carvalho. Os conhecimentos obtidos por meio da disciplina aguçaram o

interesse pela curadoria de conteúdos, e estimularam a participação no projeto de

Iniciação Científica (IC), denominado “Curadoria de informação: processo e

ferramentas”, possibilitando uma maior proximidade com o assunto e sua visualização

prática. Em consonância com isso, enquanto estagiária da Biblioteca Central do

CNAT/IFRN manifestou-se o interesse em colaborar com as atividades relacionadas

à temática, que aos poucos já estavam sendo realizadas, e oficializá-las a partir de

um plano efetivo.

Por ser uma temática relativamente nova, publicações científicas em âmbito

nacional, especificamente na área de Ciência da Informação, ainda são muito

escassas. Não existe um processo para a sua realização consolidado, especialmente

no que se refere à metodologia de aplicação e ferramentas, e nem como ela pode ser

aplicada às bibliotecas. Desta forma, esta pesquisa busca contribuir para o

preenchimento desta lacuna no âmbito da produção científica nacional, no que se

refere ao planejamento de etapas e recursos para a realização da curadoria de

conteúdos em bibliotecas.

Com relação a sua estrutura, esta monografia está dividida em oito momentos.

Primeiramente, nesta introdução se contextualiza a curadoria de conteúdos,

apresentando também a delimitação do problema, o objetivo geral e os específicos,

bem como a justificativa do estudo, levando em conta os aspectos pessoais e sociais.

Posteriormente, no segundo momento, faz-se uma análise sobre o novo contexto

informacional no qual a sociedade está imersa, buscando compreender as novas

tendências em ação e discutir sobre informação, Internet, mídias sociais digitais,

novos usuários e o perfil do moderno profissional da informação diante dessas

atualizações.

O terceiro momento, por sua vez, apresenta aspectos mais voltados às

bibliotecas contemporâneas, buscando analisar como os avanços das TICs têm

influenciado diretamente na prestação de serviços e no perfil dessas organizações,

que não devem ficar para trás diante das transformações observadas. Por

15

conseguinte, a quarta seção está exclusivamente voltada para a curadoria de

conteúdos, conceituando-a e descrevendo sua origem, assim como evidenciando

métodos e processos, ferramentas, e outros aspectos que auxiliam na sua execução.

O percurso metodológico é evidenciado no quinto momento, no qual é realizada a

caracterização do estudo, descrevendo os métodos utilizados para sua realização,

bem como as etapas e os procedimentos empreendidos e, ainda, a apresentação do

contexto da pesquisa, no qual se evidencia a Biblioteca Central do CNAT/IFRN

enquanto objeto de estudo e a análise dos dados coletados por meio de entrevista. A

análise dos dados coletados por meio de entrevista é apresentada na sexta seção.

No sétimo e penúltimo momento apresenta-se a “Proposta para realização da

curadoria de conteúdos na Biblioteca Central do CNAT/IFRN”, apontando aspectos da

curadoria voltados especificamente para os objetivos e as necessidades da unidade

de informação, e descrevendo o processo e ferramentas recomendadas. Por fim, as

considerações finais do estudo, onde apresenta-se uma síntese dos assuntos

abordados anteriormente e os resultados obtidos, levando em conta os desafios que

foram observados no percurso, e o alcance dos objetivos propostos inicialmente.

16

2 NOVO CONTEXTO INFORMACIONAL

As novas tecnologias, a nova economia, os novos mercados e as novas mídias

da era da informação transformaram o mundo em uma grande sociedade globalizada,

provocando uma série de mudanças em todos os contextos, inclusive no

informacional. Essas transformações devem-se especialmente à transição dos

paradigmas industriais para os tecnológicos, estimulando a adequação de valores

enraizados aos novos princípios de orientação para uma sociedade informacional,

globalizada e em rede.

Diante disso, esta seção tem por objetivo caracterizar sucintamente o novo

contexto informacional no qual a sociedade está imersa, a fim de compreender as

novas tendências em ação e, mais especificamente, explanar sobre o valor que a

informação adquiriu a partir da revolução tecnológica, impulsionada pela criação da

Internet e, ainda, caracterizar a web e como ela alterou o modo como nos

comunicamos e acessamos informações. Aborda também os aspectos referentes às

mídias sociais digitais, como novos meios de comunicação e compartilhamento de

conhecimento na Internet, assim como sobre os novos usuários participantes e ativos,

e sobre o perfil do moderno profissional da informação e suas possibilidades de

atuação diante dessas transformações em todos os aspectos da sociedade.

2.1 A INFORMAÇÃO COMO RECURSO DO SÉCULO XXI

Os processos de transformação da sociedade recebem diversas denominações

como, por exemplo: “era da informação”, “sociedade da informação”, “sociedade

informacional”, “sociedade em rede”, “sociedade da informação e do conhecimento”,

entre outras. (CASTELLS, 2010, BURKE, 2003; PORÉM; SANTOS; BELUZZO, 2012).

Observando-as é possível perceber que todas possuem um fator em comum: a

informação. Ela está em destaque pois passou a ser interpretada como fator

estratégico importante para o desenvolvimento da sociedade global, e de

competitividade para as organizações de todo o mundo.

Borges (2000, p. 29) caracteriza sinteticamente a sociedade da informação e

do conhecimento como resultado das transformações tecnológicas e da nova

economia, no qual destacam-se alguns aspectos, tais quais: o conhecimento humano

é a principal alavanca para o desenvolvimento; a informação é um produto, um bem

17

comercial; o saber é um fator econômico; e as tecnologias de informação e

comunicação (TICs) revolucionaram a noção de agregação de valor à informação.

Diante disso, a autora ressalta que a informação sempre foi um fator essencial para o

desenvolvimento da humanidade, pois quando “[...] o homem associou a fala e a

imagem e criou a escrita, ele permitiu a transmissão e a armazenagem de informação.”

(BORGES, 2000, p. 31). A diferença é que hoje as tecnologias da informação e da

comunicação, que revolucionaram o século XX, aceleram consideravelmente seu

acesso, uso e intercâmbio.

Atualmente as organizações trabalham a informação e o conhecimento como

capitais estratégicos, considerados fatores de produção que precisam ser gerenciados

como qualquer outro recurso organizacional, como pessoas, equipamentos e capital.

Nesse contexto, Sodré (2002, p. 12), expõe que para o mercado, a informação atende

à uma variedade de formas (imagens, sons, vídeos, notícias, etc.), estabelecidas

como “fontes de dados”, e são caracterizáveis economicamente como produtos, no

qual refletem principalmente a remodelação, favorecendo seu intercâmbio ampliado e

acelerado pelo mundo.

Logo, a informação, enquanto “dados significativos” convertidos a partir de um

contexto útil (DETLOR, 2010), tem se constituído como um instrumento imprescindível

ao desenvolvimento do mundo globalizado. E o uso crescente de ferramentas

tecnológicas concede um maior valor a sua produção, tratamento, gerenciamento,

armazenamento e compartilhamento. Pois, as TICs são capazes de transmitir a

informação em poucos segundos, acelerando, assim, o processo completo de

interação global, até a geração de conhecimento.

Salienta-se, então, que dentre essas tecnologias destaca-se a Internet, base

tecnológica que propiciou o compartilhamento de informações e a comunicação global

da forma que conhecemos hoje, como será explanado melhor na próxima seção.

2.2 A INTERNET COMO NOVA PLATAFORMA DA INFORMAÇÃO

O sociólogo Manuel Castells evidencia as transformações presentes em

variados campos da atividade humana no que tange à revolução tecnológica, e afirma

que um dos principais fatores que influenciaram a sua efetivação foi a criação da

Internet. Em sua obra “A galáxia da Internet” (2004), Castells afirma que:

18

Se as tecnologias de informação são o equivalente histórico do que foi a eletricidade na era industrial, na nossa era poderíamos comparar a Internet com a rede eléctrica e o motor eléctrico, dada a sua capacidade para distribuir o poder da informação por todos os âmbitos da atividade humana” (2004, p. 15)

Nessa perspectiva, a Internet concebeu o suporte tecnológico que tornou ainda

mais propícias todas essas transformações que caracterizam a sociedade da

informação e do conhecimento: a rede. Enquanto um conjunto de nós interligados, as

redes são formas muito antigas da atividade humana, e que ganharam um novo

aspecto ao se converterem em redes de informação, impulsionadas pela Internet

(CASTELLS, 2004, p. 15).

Entretanto, é interessante ressaltar que a Internet não é uma tecnologia nova,

pois em 1969 criou-se a primeira rede de comunicação entre computadores,

denominada de ARPANET. Desse projeto originou-se o próprio termo Internet, em

meados dos anos 80, que passou a ser utilizado como uma denominação geral para

todas as redes conectadas entre diferentes máquinas (CAMPELLO; CENDÓN;

KREMER, 2003). No entanto, o uso da Internet como sistema de comunicação teve a

sua popularização apenas a partir de 1995, especialmente por conta da criação da

aplicação World Wide Web (WWW) por Tim Berners-Lee (CASTELLS, 2010). Assim,

a Internet é a rede informática mundial e a WWW, ou simplesmente web, é um de

seus serviços mais populares, que viabiliza a consulta de documentos multimídia (com

textos, imagens, sons, etc.) distribuídos em milhões de computadores

interconectados, com links (vínculos para outros documentos) que permitem ao

usuário se locomover rapidamente entre páginas contidas em websites, por exemplo,

por meio de um navegador (browser) (PISANI; PIOTET, 2010).

O fato é que atualmente as principais atividades econômicas, sociais, políticas

e culturais de todo o mundo estão estruturadas em meio a Internet. Conforme Castells

(2004), ela é o meio que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos para

muitos em uma escala global. O número de empresas, órgãos governamentais,

universidades e indivíduos que oferecem e trocam informações na Internet só

aumenta. E é possível que a rede adquira ainda mais expressão com o passar do

tempo, pois se acredita que futuramente muitas informações só estarão disponíveis

por meio dela, se tornando o repositório de boa parte do conhecimento popular,

científico e comercial do mundo. (CAMPELLO; CENDÓN; KREMER, 2003, p. 274).

19

Nesse contexto, Carlos Nepomuceno (2010) afirma que estamos vivendo uma

mudança de plataforma, e por isso são observadas tantas transformações ao mesmo

tempo. Campello, Cendón e Kremer (2003) complementam esse pensamento quando

afirmam que a ampla interconectividade, interatividade e facilidade com que os

recursos podem ser criados e acessados, assim como o crescimento do número de

usuários conectados à rede, fazem da Internet um meio muito atrativo para divulgação

de uma variedade de informações. Essa combinação de fatores supõe que o seu ritmo

de expansão será mantido e ela tende a se consolidar ainda mais como uma

plataforma de informação e comunicação indispensável.

Assim, na próxima seção, discute-se aspectos pertinentes a web de hoje e

como ela têm transformado o mundo, bem como sobre a emergência das mídias

sociais digitais diante desse contexto, alterando o modo como nos informamos e

compartilhamos conhecimentos.

2.3 A WEB DE HOJE E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Como exposto anteriormente, o desenvolvimento da web foi um marco que

atingiu sobremaneira a sociedade, proporcionando a potencialização da participação

dos usuários na difusão de arquivos e informações na Internet. Todavia, com o passar

do tempo, mais transformações começaram a ser observadas, especialmente no

modo como as pessoas passaram a lidar com a aplicação, e a atenção que agora

estava se voltando progressivamente aos seus usuários. De acordo com Bressan

(2007, p. 2),

Cada vez mais os sites passam a se fundamentar em dados recolhidos e postados (disponibilizados online) pelos próprios internautas. Assim, até mesmo as plataformas e interfaces foram se transformando: alguns softwares tiveram seus códigos-fonte abertos, o conteúdo passou a ser ouvido e visto no próprio site, o design e o funcionamento se tornaram passíveis de modificações por parte dos usuários, entre outras mudanças em curso – determinados estudiosos chamam tal “abertura” de Web 2.0.

. Nesse contexto, falar de web hoje nos leva a tratar sobre “web 2.0”, expressão

muito popular no mundo todo que surgiu em 2004 durante uma conferência entre a

O’Reilly Media e a MediaLive International, empresas voltadas principalmente às

tecnologias da informação. Em linhas gerais, web 2.0 pode ser conceituada como uma

20

evolução de serviços e aplicativos provenientes da web, com recursos que permitem

maior interatividade e colaboração em sua utilização.

De acordo o precursor do termo, Tim O’Reilly, em entrevista concedida a Pisani

e Piotet (2010, p. 29), a web 2.0 não se refere exatamente a uma coisa, e sim à

descrição de um “ponto de inflexão” do momento em que um fenômeno único e isolado

se tornou popular. Portanto, a mudança para a web 2.0 não é necessariamente o

resultado de uma mudança na tecnologia, mas sim na ideologia, na qual o usuário

passou de apenas consumidor de conteúdos, para um usuário criador, participante e

colaborador da rede, tornando a web bidirecional e interativa.

Nesse contexto, Peltier-Davis (2009, p. 18) evidencia as principais tecnologias

e ferramentas sociais da web 2.0, incluindo: blogs, wikis, RSS (Really Simple

Syndication) feeds, comentários, classificações e resumos adicionados pelo usuário,

mensagens instantâneas, podcasts e vodcasts, folksonomias, social bookmarking,

sites de redes sociais, comunidades de compartilhamento de fotos, e comunidades de

compartilhamento de livros (publicações), entre outros.

No entanto, por mais importantes e revolucionárias que sejam as

transformações surgidas ao longo dos últimos anos, elas só constituem o início. O

notável desenvolvimento dos dispositivos móveis a par das redes sem fios (Wi-Fi),

proporciona um reforço da conectividade e ubiquidade. Este último ponto, combinado

“à tendência da mobilidade, que se torna mais forte a cada dia, deve, em um futuro

bem próximo, transformar o modo como nos relacionamos e utilizamos os objetos

comuns do nosso cotidiano.” (INTERNET…, 2014).

A web, acessível em todos os lugares, tornou-se uma plataforma robusta para

as diversas formas de colaboração e criação em rede. O surgimento e a rápida difusão

das funcionalidades demarcadas a partir da web 2.0, aliados aos baixos custos para

o armazenamento de dados online, tornaram possível que a Internet se transformasse

em um instrumento de comunicação de “massa”, que acabou ocasionando o

surgimento de um fenômeno denominado mídias sociais digitais.

2.3.1 As mídias sociais digitais

De acordo com Wasike (2013, p. 8), a expressão “mídia social” envolve duas

palavras diferentes: mídia e social. A mídia como um instrumento de comunicação, e

o social referindo-se ao relacionamento entre indivíduos. Portanto, a grosso modo

21

pode-se dizer que elas se referem a instrumentos de comunicação com um aspecto

mais social, e assim podem se adaptar a diversos ambientes e interpretações,

inclusive a grupos anteriores às tecnologias digitais, como os de troca de

correspondência e clubes do livro, por exemplo (GOTTSCHALG-DUQUE, 2017).

Desse modo, objetivando evitar equívocos na compreensão deste trabalho,

adota-se a nomenclatura “mídias sociais digitais”, definindo-as como aplicações e

ferramentas ofertadas por meio da web 2.0, que propiciam a criação e troca de

informações entre seus usuários, sejam eles indivíduos ou organizações,

principalmente enquanto portais voltados para o relacionamento, pois oferecem meios

para que indivíduos possam interagir uns com os outros.

Diante disso, Kaplan e Haenlein (2010) apresentam uma classificação para as

mídias sociais digitais, agrupando-as em seis categorias diferentes, considerando

suas características inerentes à presença social e riqueza de mídia, sendo elas:

a) projetos colaborativos: permitem a criação conjunta e simultânea de

conteúdo por muitos usuários (wikis e bookmarking social);

b) blogs: são o equivalente às páginas web pessoais e podem vir em uma

infinidade de variações diferentes, temáticos ou diários pessoas, por

exemplo;

c) comunidades de conteúdo: proporcionam o compartilhamento de mídias

em diversos formatos (Flickr, YouTube e Slideshare);

d) sites de redes sociais: permitem a conexão entre usuários, criando perfis

pessoais, convidando amigos e trocando mensagens instantâneas

(Facebook, Twitter);

e) mundos de jogos virtuais: plataformas que replicam um ambiente

tridimensional no qual os usuários aparecem sob forma de avatares e

interagem entre si (World of Warcraft);

f) mundos sociais virtuais: como no mundo de jogos virtuais, seus usuários

aparecem na forma de avatares e interagem em um ambiente virtual

tridimensional. No entanto, neste domínio os habitantes essencialmente

vivem uma vida virtual (Second Life).

Com efeito, o mundo tem se voltado para as mídias sociais digitais. No âmbito

informacional e de comunicação, elas dizem respeito aos novos meios de

disponibilização e compartilhamento de informações e conhecimentos, além dos

22

aspectos referentes à socialização. No âmbito dos negócios e das organizações, as

mídias sociais são importantes pois propiciam a interação com o consumidor a baixo

custo, de forma eficiente e rápida.

A tendência é que a mobilidade se torne cada vez mais forte e transforme

progressivamente o modo como nos relacionamos e gerenciamos informações

pessoais, com a ponta dos dedos. Desse modo, as mídias sociais móveis são um forte

e crescente cenário, e com o passar dos anos as transformações tendem a continuar

em um ritmo cada vez mais acelerado (KAPLAN; HAENLEIN, 2010).

Isto posto, na próxima seção pretende-se aprofundar o olhar sobre os novos

usuários da informação, atores participantes da web, imersos no ambiente virtual e

nas mídias sociais digitais, e influentes no ciclo informativo.

2.4 OS NOVOS USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO

O advento da web, especialmente em seu segundo momento, caracterizado

pela interação e colaboração, proporcionou a oportunidade de atuação dos usuários

enquanto produtores de conteúdos na Internet. Desse modo, Silva (2006, p. 3)

observa que:

[...] a vida digital em termos de informação será cada vez mais modelável pelo usuário, que poderá decidir de forma personalizada o momento mais adequado para a sua interação, uma vez que novas ferramentas estão sendo criadas e disponibilizadas na web e que podem ser acessadas de qualquer lugar do mundo, bastando que o usuário disponibilize dos recursos necessários para tal tarefa.

De acordo com Pisani e Piotet (2010), os primeiros usuários da Internet eram

inicialmente viajantes (internautas), que passavam de sites em sites na web, e não

podiam fazer outra coisa senão a coleta das informações que necessitavam. A partir

dos avanços da web, as páginas foram ficando cada vez mais abertas e mais fáceis

de serem criadas e desenvolvidas, permitindo que os usuários passassem de simples

internautas para atores da web, construindo sites, propondo serviços próprios, criando

seus conteúdos e discutindo as informações já disponíveis.

Nesse contexto, um primeiro aspecto que requer atenção sobre os novos

usuários é a geração a qual pertencem. Prensky (2001) evidencia a recente geração

de indivíduos, denominada por ele de Nativos Digitais. Conforme o autor, essa nova

geração possui uma grande intimidade com a linguagem digital dos computadores e

23

Internet, pois nasceram e cresceram em meio a este ambiente de interação com a

tecnologia e, por conta disso, pensam e processam informações de modo diferente

das gerações anteriores, que ele caracteriza como Imigrantes Digitais, pois buscam

se adaptar às constantes evoluções tecnológicas. Assim, os Nativos Digitais são

profundamente familiarizados com as TICs hoje existentes e reconhecidos por sua

necessidade de estarem conectados permanentemente à Internet, por meio de

dispositivos diversos.

Logo, Villaseñor Rodríguez e Calva González (2015), destacam que esses

novos usuários participam de uma nova cultura, nascida a partir do avanço da web

2.0. Essa cultura, denominada por alguns autores como cultura 2.0, baseia-se numa

nova concepção das relações humanas, fundamentada no desejo de ser informado e

de se comunicar. Diante disso, os autores os caracterizam como “usuários 2.0”,

desenvolvendo novos usos sociais e novas formas de comunicação, promovendo a

livre circulação de informações, a colaboração e o intercâmbio de conhecimentos

graças à democratização das novas tecnologias, que não estão mais restritas aos

especialistas.

Em qualquer caso, o novo usuário age, contribui, cria, informa e difunde, além

de utilizar com maior propriedade ferramentas e serviços projetados para incentivar a

participação e a troca gratuita e livre de informações na web, como: fóruns para

discussão de mensagens ou opiniões; blogs; portais web, e-mails, bate-papos,

mundos virtuais, wikis, sites de redes sociais, etc. (VILLASEÑOR RODRÍGUEZ;

CALVA GONZÁLEZ, 2015). Evidencia-se, então, um usuário colaborador,

comunicador e disseminador de informações, que utiliza estratégias que lhe permitem

superar as limitações de acesso e gerenciamento da informação.

Diante do exposto, salienta-se que é difícil definir com exatidão um perfil único

de usuário de informações, pois existem muitos indivíduos participando na Internet de

modos e gerações diferentes. Apesar disso, é possível enfatizar alguns traços mais

comuns para expor:

a) fazem parte de uma nova cultura, fundamentalmente caracterizada em

uma nova concepção social de ser humano que tem a ver com o desejo

de compartilhar, ser informado e se comunicar;

b) utilizam as ferramentas advindas da web 2.0 para compartilhar

conteúdos de todos os tipos e se comunicar com outros indivíduos;

24

c) não são apenas consumidores de informação, mas também produtores,

cultivando uma inteligência coletiva, onde todos podem declarar suas

opiniões e compartilhar seus conhecimentos (VILLASEÑOR

RODRÍGUEZ; CALVA GONZÁLEZ, 2015);

d) tendem a desenvolver cada vez mais intimidade com as tecnologias e

suas ferramentas.

Diante desse cenário, novos desafios surgem para os Profissionais da

Informação (PI) visto que as atenções se voltam para usuários interativos que agora

organizam seu próprio modo de aprendizagem e meio para adquirir conhecimentos,

especialmente por conta da Internet. Nesse sentido, a seção a seguir pretende tratar

das transformações que são observadas na atuação desses profissionais e as

competências e habilidades exigidas pelo mercado de trabalho contemporâneo.

2.5 O PERFIL DO MODERNO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO

Muitas profissões veem a necessidade de se adaptar às demandas sociais e

do mercado cada vez mais globalizado, enquanto outras ocupações estão surgindo.

Desse modo, o desenvolvimento tecnológico aliado as atuais demandas por parte dos

usuários, as exigências do mercado e a nova dimensão da informação, que está

desvinculada de espaços e suportes restritos, trazem à tona reflexões sobre o papel

do profissional da informação, com ênfase no bibliotecário, ampliando horizontes de

atuação, competências1 e interação.

O termo “Profissional da Informação” surgiu nas últimas décadas como

consequência dos avanços tecnológicos, do início da era da informatização e das

recentes tecnologias de informação. Fatos esses que geraram a necessidade de

aperfeiçoamento por parte de diversos profissionais para lidar com o tratamento da

informação, disponível em variados suportes (SOUTO, S. M., 2005). Diante disso, de

acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), os profissionais da

informação:

Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e correlatos, além de redes e sistemas de informação. Tratam tecnicamente e desenvolvem recursos informacionais; disseminam informação com o objetivo de facilitar o acesso e geração do

1 Diz respeito a capacidades, aptidões (FERREIRA, 2000).

25

conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão cultural; desenvolvem ações educativas. Podem prestar serviços de assessoria e consultoria. (BRASIL, 20022).

Além disso, ainda conforme a CBO, dentre os profissionais da informação

estão: bibliotecários, documentalistas e analistas de informação. Nessa perspectiva,

novas possibilidades de atuação surgem para o bibliotecário. Se antes suas atividades

estavam mais restritas aos espaços físicos de uma biblioteca, agora, com o uso

difundido da tecnologia a serviço da informação, as barreiras institucionais podem ser

excedidas (MADUREIRA; VILARINHO, 2010).

Contudo, um dos grandes desafios percebidos na literatura é fazer com que o

bibliotecário desenvolva habilidades e competências que o possibilitem perceber

nichos de mercado que necessitam de serviços especializados de informação. Nesse

cenário, Ferreira (2017) apresenta uma análise sobre as competências do profissional

bibliotecário, representada no Quadro 1, no qual faz uma síntese descritiva com base

em estudos considerados marcos da área.

2 Documento online não paginado

26

Quadro 1 - Descrição de competências do bibliotecário.

Fonte: Ferreira (2017, p. 82).

Percebe-se, assim, que o perfil dos novos bibliotecários se modificou e algumas

habilidades, técnicas e conhecimentos gerenciais básicos já são uma realidade no

contexto social no qual estão inseridos (SOUTO, L. F., 2005). Desse modo,

Tarapanoff; Araújo Júnior e Cormier (2000, p. 93) afirmam que é o momento de o

bibliotecário agregar valor a produtos e serviços, o que significa “[...] imprimir aos

mesmos uma diferenciação que os torna mais atraentes aos olhos dos consumidores,

seja em termos de qualidade, rapidez, durabilidade, assistência ou preço”.

Nesse cenário, Caruso (20153) comenta que planejar e prover serviços de

informação orientados a experiência intelectual dos usuários em diferentes contextos

é uma das principais missões do bibliotecário contemporâneo, com “[...] a criação de

serviços de informação voltados para os distintos níveis de intelecto profissional ou

em pesquisa.” O referido autor salienta que a democratização da Inteligência é a

3 Documento online não paginado.

27

norteadora para o desenvolvimento de serviços de informação centrados nas

pessoas, e existem pelo menos três linhas de atuação profissional possíveis:

Curadoria Digital, Colaboração e Capacitação.

Destarte, Peltier-Davis (2009) salienta que as possibilidades disponíveis para

os novos profissionais da informação bibliotecários de se adaptarem e instituírem

contribuições únicas à este universo virtual são diversas e inegáveis, e envolvem: o

comprometimento com a aprendizagem contínua; a compreensão do poder e o uso

das ferramentas da web 2.0, criando oportunidades para criatividade e colaboração

centradas nos usuários; a flexibilidade para experimentar novas abordagens

destinadas a ajudar os usuários a encontrar, identificar e selecionar os recursos que

desejam, como o exercício da curadoria, por exemplo, sem necessariamente perder

características eminentes à profissão; e aproveitar as oportunidades disponíveis de

uso das tecnologias para oferecer serviços inovadores e centrados no usuário,

consumidor de informações e participante do ciclo informativo.

No entanto, não para por aí. Estudos como o de Alves (2015) apresentam a

evolução do mercado profissional bibliotecário, impulsionada pelos avanços das

tecnologias que transformaram o trabalho informacional, no qual se desenvolvem

funções além dos ambientes de trabalho tradicional, como a de gestor de recursos

informacionais, gerente de sistemas de informação, gestor de conhecimento, e

atividades voltadas à arquitetura da informação, aperfeiçoamento da gestão de

conteúdo na web e da usabilidade de ferramentas e softwares, entre outros aspectos

emergentes da profissão. Desse modo, o bibliotecário moderno vai além do trabalho

com documentos físicos e exerce atividades relacionadas a fluxos de informação e

conhecimento, atuando em diversos outros espaços, como centros de informação,

empresas, centros de pesquisa, além das bibliotecas tradicionais, por exemplo.

Cabe ressaltar que o mundo virtual, cada vez mais presente em nosso

cotidiano, têm propiciado novas relações, novos conhecimentos e novas maneiras de

pensar e aprender (BORGES, 2000). Desse modo, conhecer os mecanismos virtuais

existentes tornou-se essencial e o uso da Internet passou a ser um instrumento

obrigatório de trabalho do bibliotecário. O profissional capaz de dominar esses

mecanismos pode se adaptar a outras áreas e serviços, além de obter um melhor

desempenho de suas atividades.

Nessa perspectiva, a diversidade das funções do PI estabelece um conjunto de

novas competências que podem ser aplicadas a diversos contextos e ambientes, mas

28

antes de tudo são necessárias novas atitudes e a transformação da mentalidade do

profissional. Assim, Tejada Artigas (2011 apud FERREIRA, 2017) afirma que as

mudanças requerem por parte dos profissionais: flexibilidade para permitir a

adaptação às condições e mudanças constantes; ter uma visão global e

conhecimentos diversos que permitam a integração completa dos serviços de

informação; buscar um aprimoramento de habilidades em diversas áreas, mas

prioritariamente em comunicação, pois ouvir, transmitir informações e buscar

feedback tornam-se fundamentais, bem como o trabalho em equipe e a integração em

grupos multidisciplinares; ter um compromisso com a excelência, visto que em um

momento tão competitivo entre profissões somente sobreviverão aqueles que

demonstrem o valor dos seus serviços.

Diante do exposto, os bibliotecários, ligados à uma unidade de informação

tradicional ou atuando de forma independente em outros ambientes, como empresas

e centros de pesquisa, por exemplo, precisam estar conscientes de que é necessário

adotar a concepção de que seu trabalho tem se voltado para os fluxos da informação

e não apenas está restrito a documentos. O reconhecimento da informação como uma

necessidade básica e estratégica e de desenvolvimento pessoal já está consolidado.

No entanto, é interessante a valorização da Biblioteconomia como uma área

profissional capaz de atuar sobre a informação e transformá-la em bens e serviços.

Nesse cenário, tendo em vista que as bibliotecas ainda se caracterizam como

campos tradicionais de atuação e os serviços prestados à comunidade são de extrema

importância, a seção a seguir tem por intuito evidenciar as transformações promovidas

nas bibliotecas com o passar do tempo e destacar as adequações feitas em serviços

e produtos, levando em consideração os novos usuários e novos meios de acesso à

informação, além de evidenciar algumas tendências futuras.

29

3 BIBLIOTECAS CONTEMPORÂNEAS: PERFIL E TENDÊNCIAS

Diante das novas possibilidades dinâmicas de acesso a informações e serviços

online, as bibliotecas enquanto instituições informacionais enfrentam diversos

desafios neste novo milênio, uma vez que as transformações têm impactado

diretamente nas estratégias de ação, mediação da informação, objetivos dos serviços

prestados, assim como a finalidade dos produtos pensados para os diferentes

públicos (VALENTIM, 2017). À vista disso, as bibliotecas reconsideram as formas de

disponibilização de seus produtos e serviços informacionais utilizando as TICs. Faz-

se necessário ampliar os papéis e as responsabilidades dessas instituições, aderindo

à plataforma digital como meio de comunicação e disponibilização de conteúdos e

serviços de informação dinâmicos, sustentáveis e inovadores.

Desse modo, esta seção tem por intuito iniciar uma reflexão sobre o perfil das

bibliotecas contemporâneas4, ressaltando seu papel na sociedade e buscando

evidenciar as novas possibilidades de atuação, tendo em vista o novo contexto

informacional e as mudanças de atitude dos usuários das gerações mais novas, além

de apresentar algumas perspectivas futuras. No entanto, antes de tudo, apresenta-se

a seguir um breve histórico de transformações sofridas pelas bibliotecas, com o intuito

de demonstrar brevemente o percurso dessas instituições dentre diversos contextos.

3.1 TRANSFORMAÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA

Desde os primórdios de sua criação, as bibliotecas têm como principal

característica a guarda de registros, suportes que carregam informação. O termo

“biblioteca” tem sua origem do grego biblíon (livro) e teke (caixa, depósito), e a grosso

modo diz respeito à depósito de livros (HOUAISS, 2001). Contudo, de acordo com

Morigi (2005, p. 189), nem sempre foram os livros que preencheram as bibliotecas.

Os suportes para a informação variaram de formato seguindo a tecnologia

utilizada pelo homem no momento e, desse modo, os impactos sociais causados pelos

avanços tecnológicos em informação e comunicação na atualidade não são um fato

novo para as bibliotecas. Durante toda sua história essas instituições passaram por

diversas transformações, o que faz dela uma unidade adaptativa, adquirindo novas

4 O adjetivo “contemporâneo”, cuja origem procede do Latim contemporaneus e contemporanii, indica

algo que é vivenciado no tempo atual, no mesmo tempo (VALENTIM, 2017).

30

características com base nas tendências e exigências dos usuários e das inovações

tecnológicas da época.

Segundo Ohira e Prado (2002, p. 61), baseando-se em Landoni et al. (1993), a

história e a evolução das bibliotecas pode ser segmentada em três momentos bem

particulares:

a) Em um primeiro momento, que compreende de Aristóteles até o início

da automação em bibliotecas, tem-se uma biblioteca mais tradicional,

com um espaço físico bem demarcado e com serviços e produtos

oferecidos de forma mais mecânica. Antes da criação da imprensa por

Gutenberg, o seu acervo era formado por tabletas de argila, rolos de

papiro e pergaminhos, além dos grandiosos códices, ou codex,

passando para o suporte de registro da informação em papel em

seguida. A revolução aconteceu com a introdução dos catálogos em

fichas e o abandono do catálogo sob a forma do livro.

b) No segundo momento, a biblioteca começa a utilizar a tecnologia dos

computadores, advindos da Segunda Guerra Mundial, para serviços

básicos como catalogação, indexação e organização do acervo.

Posteriormente, o acesso online aos bancos de dados por meio de redes

de telecomunicações permitiu a dinamização dos processos de

recuperação e disseminação da informação.

c) Em um terceiro momento, a biblioteca contemporânea passa a utilizar a

informação no suporte digital. A biblioteca eletrônica é pensada a partir

de novas estratégias para o resgate de informações, onde o texto

completo de documentos está disponível online. Desse modo, com o

surgimento da Internet, a biblioteca ganha nova dimensão: deixa de ter

somente um espaço físico e tenta se inserir no ciberespaço.

Assim, Cunha (2000) observa que a passagem dos manuscritos para os textos

impressos, o acesso à base de dados bibliográficos e o advento das bibliotecas

digitais5, demonstram que as bibliotecas têm conseguido acompanhar com sucesso

as transformações tecnológicas.

5 Enquanto “[...] um conjunto de mecanismos eletrônicos que facilitam a localização da demanda

informacional, interligando recursos e usuários.” (CUNHA, 2000).

31

Diante disso, Santa Anna (2016) afirma que é possível observar mudanças de

paradigmas responsáveis pela adequação das bibliotecas ao contexto em que

estavam inseridas, considerando as tendências e costumes presentes nas

civilizações, influenciadas por necessidades diferentes.

A referida autora (2015), cita dois principais paradigmas que influenciam a

diferenciação entre bibliotecas tradicionais e contemporâneas: o paradigma da posse

e o paradigma do acesso à informação. De um modo geral, antes do uso das TICs as

bibliotecas forneciam produtos e serviços com o intuito de garantir a posse da

informação, estando ela materializada em diferentes suportes físicos, constituindo os

grandes acervos bibliográficos. No paradigma do acesso, contudo, as atenções dos

profissionais transferiram-se do acervo para o próprio usuário. Assim, as

preocupações estão mais voltadas para a satisfação das necessidades de tais

usuários mediante o acesso à informação (SANTA ANNA, 2015).

Portanto, é possível constatar que as bibliotecas refletem as sociedades em

que estão inseridas e se configuram como produtos das relações sociais. O

desenvolvimento da tecnologia trouxe transformações para a biblioteca em vários

aspectos, como na relação com seu público, seus profissionais e até com seu acervo,

tornando-se bastante diferente da biblioteca antiga de Alexandria, por exemplo

(MORIGI, 2005). Ainda assim, discussões acontecem sobre o papel das bibliotecas

contemporâneas mediante os avanços tecnológicos e seus reais objetivos.

Emerge, então, a necessidade de evidenciar um perfil para as bibliotecas

contemporâneas, tendo em vista esclarecer funcionalidades e atividades exercidas

pelos bibliotecários perante as transformações ocorridas nos últimos anos, assim

como algumas perspectivas futuras.

3.2 O PERFIL DA BIBLIOTECA CONTEMPORÂNEA E AS TENDÊNCIAS

Tendo em vista os diversos e importantes avanços tecnológicos supracitados

e que as fontes de informação agora ultrapassam os limites físicos da biblioteca por

meio de novas plataformas e modos de apresentação, Valentim (2017) e Serra (2013)

destacam, o surgimento da preocupação com o acesso de informações tanto in loco

quanto remoto. Logo, diversas instituições têm realizado esforços na formação,

adaptação e disponibilização de conteúdos e coleções importantes existentes em

seus acervos para a plataforma virtual, por meio de bibliotecas digitais, buscando,

32

assim, atender uma de suas funções primordiais que é a democratização do acesso

à informação, bem como a preservação da informação e do conhecimento.

No entanto, salienta-se que esta demanda não significa que as obras

tradicionais em formato impresso estão sendo substituídas totalmente pelos

conteúdos digitais. Porém, são compreendidas como mais uma possibilidade de

acesso à informação, oportunizando ao usuário decidir sobre o tipo de suporte que

deseja utilizar (SERRA, 2013). Desse modo, destaca-se que as bibliotecas

contemporâneas se constituem, em sua maioria, como ambientes híbridos, compostos

por distintos suportes informacionais, entre materiais impressos, eletrônicos e digitais,

que necessitam de ações específicas.

Para tanto, evidencia-se também a necessidade de enfocar na representação

dos conteúdos, uma vez que as tecnologias atuais reivindicam o compartilhamento de

dados, e por essa razão,

[...] representar os conteúdos por meio de protocolos que propiciem a cooperação de dados em redes de computadores é essencial. Além disso, a análise dos diferentes conteúdos distribuídos em acervos e coleções necessita ajustar-se ao ambiente web, cujas possibilidades são múltiplas. Aplicar taxonomias, folksonomias e ontologias é essencial para que o público usuário possa de fato recuperar a informação de que necessita. (VALENTIM, 2017, p. 38, grifo do autor).

Além disso, atividades básicas voltadas ao tratamento da informação dentro do

próprio acervo físico também tem sofrido alterações, mesmo que ainda não muito

visíveis nas bibliotecas brasileiras, em que Valentim (2017) destaca: os Requisitos

Funcionais para Registros Bibliográficos (Functional Requirements for Bibliographic

Records – FRBR) para representação descritiva da informação; e o Resource

Description and Access (RDA) como novo padrão de catalogação que substituirá o

Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2). Ambos se atualizam com o intuito

de se adaptar aos novos recursos e as novas mídias.

Todavia, vale salientar que uma das principais diferenças entre a biblioteca

contemporânea e suas antecedentes é que as ações desenvolvidas pelo profissional

da informação não estão engessadas unicamente aos fazeres tradicionais e técnicos,

como as atividades de tratamento informacional, mas devem extrapolar essas práticas

(SANTA ANNA, 2016).

É fato que as bibliotecas contemporâneas visam a garantia de acesso às

informações, sendo essa uma das atividades essenciais para as coleções

33

disponibilizadas e gerenciadas por meio das novas tecnologias. Porém, conforme

Santa Anna (2016, p. 237), é consenso na literatura que a biblioteca ampliou suas

funções ao longo dos tempos, oferecendo produtos e serviços que vão além da

prestação de informação, e acaba por garantir a produção de conhecimentos,

consolidando um papel mais social (SANTA ANNA, 2016).

Nesse sentido, embora as bibliotecas tenham sido concebidas em uma era de

escassez de informações, o mundo globalizado e em rede de hoje trata de uma

questão de abundância, exigindo novas habilidades essenciais. Assim, conforme

relatório do The Aspen Institute (2014), atualmente as bibliotecas podem ser

reconhecidas como curadoras de informação e conhecimento. Esse papel envolve a

organização de informações, o fornecimento de contexto e a conexão de conteúdos

para adquirir valor e disponibilizar à comunidade.

Por conseguinte, o uso da Internet e as diversas ferramentas da web 2.0, que

se tornou um fenômeno onipresente, aplicada a diversas áreas e manifestações,

também tem se voltado ao contexto das bibliotecas, ampliando as possibilidades de

atuação mais sociais do bibliotecário, pois servem como instrumentos importantes de

comunicação com o público. Desse modo, passou-se a falar sobre Biblioteca 2.0, que

de acordo com Arnal (2007), faz referência a determinadas aplicações, tecnologias e

princípios oriundos da web 2.0, utilizados para o contexto bibliotecário.

O referido autor explica que não se trata de migrar de tecnologias ou

simplesmente criar blogs e participar de sites de redes sociais, mas é sobre utilizar

um moderno sistema de comunicação com o usuário para que ele possa enriquecer

seus produtos de conhecimento. Diante disso, a Biblioteca 2.0 de várias formas “[...]

é uma realidade virtual para bibliotecas, uma manifestação web da biblioteca como

lugar.” (MANESS, 2007, p. 45), na qual as pessoas podem não apenas procurar por

materiais informativos, mas interagir com a comunidade e compartilhar conhecimento

com eles. O novo desafio, então, é criar serviços atrativos que sejam úteis para os

usuários e convidá-los a participar e contribuir com seus conhecimentos (ARNAL,

2007).

Todavia, a estratégia de divulgação e comunicação virtual das bibliotecas

através das ferramentas da web social é apenas a ponta do iceberg (MARQUINA-

ARENAS, 2015). Vale salientar que o importante não é apenas a difusão que pode

ser dada aos seus serviços e atividades e a interação com o usuário, mas também a

transfiguração de conteúdos para o ambiente virtual a baixo custo e de forma

34

sustentável, que caracteriza a economia digital na atualidade, a qual deve ter

igualmente a atenção por parte dos bibliotecários.

Nesse contexto, percebe-se que algumas características tradicionalmente

conhecidas ainda são responsáveis pela visão da biblioteca hoje, pois continua sendo

reconhecida pela função que exerce no processamento e na disseminação da

informação e do conhecimento. No entanto, em uma nova configuração a biblioteca

apresenta-se também como um centro dinâmico da informação, redefinido como um

espaço de troca e aquisição de conhecimentos, se reafirmando como um local de

pesquisa e estudo, porém agregando a condição de espaço de lazer e atualização

(SANTA ANNA, 2016).

Com base no exposto, o Quadro 2 a seguir evidencia as principais

características do perfil da biblioteca contemporânea, com o intuito de destacá-las

para uma melhor visualização.

Quadro 2 – Características das bibliotecas contemporâneas.

Foco no acesso à informação

Ambiente híbrido composto por suportes e conteúdos impressos, eletrônicos e digitais

Preocupação com o acesso de informações tanto in loco quanto remoto

Representação de materiais e conteúdos por meio da aplicação de formatos e modelos que contemplam a cooperação de dados em meio a rede

Implementação de tecnologias que proporcionam eficiência aos serviços bibliotecários

Serviços e produtos informacionais customizados, podendo ser gratuitos ou pagos, dependendo do tipo de público usuário

Ambiente customizado, visando privilegiar os espaços de interação entre o usuário e a informação

Produção de conteúdos informacionais voltados ao público

Contribuição com a aprendizagem

Curadoria de informação e do conhecimento, buscando oferecer o melhor aos usuários

Fonte: Adaptado de Valentim (2017, p. 37).

No entanto, salienta-se que as mudanças ocorreram e tendem a continuar

ocorrendo. David Weinberger (2012) observa que possibilidades interessantes se

abrem se pensarmos em bibliotecas como plataformas abertas, voltadas para o

conhecimento e a comunidade, permitindo que novos produtos e serviços sejam

35

construídos pelas pessoas, integrando tudo o que a biblioteca conhece sobre o

ecossistema da rede.

Os usuários poderiam "personalizar" a plataforma e adaptar seus recursos às

suas necessidades, sejam elas quais forem, por meio de sua comunidade delimitada

geograficamente ou por determinados interesses. Assim, a biblioteca como plataforma

cria um diálogo que abre espaço para novos conhecimentos, inclusive o social, e um

dos objetivos desta mudança é pensar em uma biblioteca como uma infraestrutura

onipresente (THE ASPEN INSTITUTE, 2014; WEINBERGER, 2012).

Nessa perspectiva, Li (2006) acredita que as bibliotecas tendem a se tornar

“portais” ubíquos de entrega e divulgação de recursos e serviços de informação,

provenientes de catálogos, bibliotecas digitais, repositórios digitais, bases de dados,

dentre outros. Ultrapassando, assim, as limitações das bibliotecas tradicionais

disponibilizando serviços especializados a qualquer momento e em qualquer lugar.

Com base no exposto, ressalta-se que conhecer as transformações que

influenciam a mediação da informação junto aos diferentes públicos de usuários é

essencial para as bibliotecas contemporâneas (VALENTIM, 2017). Evidencia-se,

desse modo, uma atuação transformadora que, por sua vez, exige uma nova maneira

de pensar e agir, e um novo papel a cumprir junto à sociedade, e é essencial que os

profissionais da informação estejam atentos a essas inovadoras perspectivas e

procurem sempre adaptar seus serviços e produtos, buscando a melhoria contínua da

qualidade e a satisfação dos usuários.

Destarte, a seção seguinte tem por intuito apresentar a curadoria de conteúdos,

uma especialidade que surgiu nos últimos anos voltando-se à filtragem e

gerenciamento de informações disponíveis na web, e que tem instigado diferentes

profissões e áreas relacionadas à informação digital.

36

4 A CURADORIA DE CONTEÚDOS

Os avanços tecnológicos observados nas últimas décadas proporcionaram um

ambiente informacional muito rico, com uma variedade de formatos e recursos,

acessíveis por meio de diversos canais de comunicação. Por conta disso, muitas

informações são disponibilizadas a todo momento, em todo lugar e por qualquer

pessoa. Estudos recentes apontam que a produção de dados e informações em todo

o mundo nos últimos 40 anos supera tudo aquilo que a humanidade produziu ao longo

de cinco milênios, de forma registrada (CASTILHO, 2015).

Diante disso, destaca-se o conceito de curadoria, que no âmbito digital admite

diversas nomenclaturas. Dentre elas destacam-se “curadoria de informação” e

“curadoria de conteúdos”. Embora neste trabalho se adote a expressão curadoria de

conteúdos, entendemos que ambas apresentam igual propósito e sentido: selecionar,

tratar e enriquecer informações relevantes em meio a tantas para atender um público

específico (CALFA, 2012).

Destarte, esta seção tem por objetivo evidenciar a curadoria de conteúdos,

temática central deste trabalho, que se volta especialmente para o gerenciamento de

informações digitais com grande utilização das mídias sociais digitais, pois se origina

“[...] de uma web social e multimídia em crescimento contínuo, acessada a partir de

uma variedade de dispositivos.” (GUALLAR; LEIVA-AGUILERA, 2014, p. 10).

Logo, nesta seção, pretende-se: a) explanar a respeito da origem do termo e

conceituar a curadoria de conteúdos; b) descrever uma estrutura para a prática da

curadoria de conteúdos, apresentando aspectos de planejamento, métodos e

ferramentas; c) expor sobre o perfil profissional do curador de conteúdos; d) evidenciar

a aplicação da curadoria de conteúdos em bibliotecas e suas vantagens.

4.1 ORIGEM E CONCEITO

A curadoria transcorreu de um processo evolutivo de anos tal como a

sociedade, e passou a ser aplicada a diversos contextos, com diferentes finalidades.

A definição no dicionário para curadoria é “ato ou efeito de curar, função, atributo,

cargo, poder de curador, curatela” (FERREIRA, 2000, p. 198). Por sua vez, a palavra

“curador” tem sua origem relacionada ao direito e às ordens monásticas, e é a partir

37

disso que o seu significado é disseminado para outros campos de atuação (GRAÇA

et al., 2016).

A figura histórica do Curator Bonorum surge no Império Romano, como

responsável pela administração de bens materiais recolhidos de devedores da época.

Assim, o curador tinha a função de zelar pelo patrimônio confiscado e dos interesses

do devedor até que um veredicto fosse dado para resolver a situação (GROFF, 2010).

Nesse cenário, Ramos (2012) evidencia que posteriormente a curadoria também foi

aplicada ao âmbito religioso, a partir da institucionalização da Igreja Católica, sendo

representado pelo “cura” católico, responsável por cuidar espiritualmente de sua

paróquia.

Posteriormente, o termo evoluiu e passou a estar mais relacionado ao campo

das artes, aos acervos de museus e ao planejamento e realização de exposições

artísticas. Assim, no perfil do curador de arte encontra-se boa parte do que atualmente

caracteriza os curadores da era digital, pois ambos selecionam, organizam e partilham

o melhor e mais relevante conteúdo de um assunto específico, dando sentido ao que

foi criado por outros (GRAÇA et al, 2016).

O conceito de curadoria foi alargado pelo contexto social e hoje está sendo

amplamente utilizado no ambiente digital com diferentes nomenclaturas. Como

demonstram Corrêa e Bertocchi (2012, p. 29) ao afirmarem que a “[...] diversidade de

associações semânticas ligadas ao termo revela a amplitude de sua apropriação:

curadoria de conteúdo, cuidador de informação, filtrador, curadoria digital, editorial,

social, jornalística, educativa, do conhecimento, do consumidor, de comunidades,

entre outros”. Portanto, de acordo com Santos (2014, p. 135) a curadoria hoje “[...]

pode ser entendida como um termo amplo utilizado para designar atividades

essencialmente necessárias à gestão da informação em meio digital.”

A referida autora (2014, p. 130) acentua ainda que a curadoria se desdobrou

“[...] da curadoria de museus e do mundo da arte, da curadoria de dados e da

preservação digital [...] para a curadoria digital e de conteúdos, estas atreladas a

criação, disseminação e acesso da informação em rede.” Nesse contexto, a curadoria

de conteúdos como uma das adequações do termo que tem ganhado cada vez mais

atenção, estando transposta à web e seus canais de comunicação.

Cabe salientar, portanto, que a curadoria de conteúdos é um conceito recente,

usado pela primeira vez em 2009 pelo profissional de marketing Rohit Bhargava em

uma reflexão sobre o futuro da informação na web, na qual demonstra sua

38

preocupação com a superprodução de informações. Nesses termos, o autor enfatiza

a necessidade de criação de uma nova categoria de trabalho individual online, que

denomina como curador de conteúdo, cuja função não é criar mais conteúdo, mas dar

sentido ao conteúdo que outros estão criando, atuando como filtro humano,

selecionando e tratando informações para satisfazer a necessidade das pessoas por

tópicos relevantes.

Nesse cenário, Javier Guallar e Javier Leiva-Aguilera (2014) explicam que a

curadoria de conteúdos consiste na pesquisa, seleção, caracterização e disseminação

contínua de conteúdos relevantes a partir de várias fontes de informação na Internet

sobre determinados assuntos, temas ou campos específicos, voltando-se para um

público particular, acrescentando valor às informações coletadas e estabelecendo,

assim, uma ligação com o público.

Com efeito, a curadoria de conteúdos diz respeito tanto à seleção de

informação relevante em meio ao crescente volume de informações, quanto ao arranjo

de informações em novos formatos, reinterpretando-as e adicionando valor, e é isso

que a faz ganhar uma importância considerável no contexto atual (BEZERRA, 2017).

Mas, mais do que isso, “[...] o gesto curatorial é uma importante modelização na

cultura e adquire papel central no contexto da sociedade informativa. Por isso, a

informação é um bem do patrimônio individual imaterial contemporâneo.” (RAMOS,

2012, p. 19)

Diante do exposto, ressalta-se que a curadoria não diz respeito a simples

reunião e disseminação de conteúdos coletados de variadas fontes na rede sem uma

caracterização ou promoção de engajamento com o público. Pois, para que seja

realizada de forma satisfatória devem ser estabelecidas algumas questões estruturais

básicas, como será abordado a seguir.

4.2 ESTRUTURA PARA REALIZAÇÃO DA CURADORIA DE CONTEÚDOS

De acordo com Peio Archanco (2014), antes de iniciar a curadoria de conteúdos

é necessário criar uma estratégia para tal. Nesse sentido, é essencial que haja um

planejamento, com temáticas previamente definidas, fontes de informação pré-

estabelecidas, metodologias bem elaboradas e ferramentas bem delineadas. Além

disso, todo o processo deve estar de acordo com os objetivos determinados, que

devem passar por uma avaliação.

39

Desse modo, evidencia-se nas próximas seções as características essenciais

que estruturam a realização da curadoria de conteúdos, iniciando com os elementos

pertinentes ao planejamento e, na sequência, evidenciando métodos para sua

execução e apresentando ferramentas que auxiliam essencialmente o processo.

4.2.1 Planejamento

O planejamento da curadoria de conteúdos é vital para o seu sucesso, e tomar

decisões estratégicas desde o início fazem toda a diferença. Desse modo, com base

nos autores Guallar6 e Leiva-Aguilera7 (2014), autores do livro El content curator: Guía

básica para el nuevo profesional de internet, pretende-se apresentar os elementos

essenciais que devem ser delimitados antes de iniciar a curadoria de conteúdos, tais

quais: objetivos, temáticas, fontes de informação, produtos resultantes, frequência de

publicação e avaliação.

Isto posto, a delimitação dos objetivos deve ser o ponto de partida. O que se

pretende alcançar com a curadoria? Sem ter a resposta para essa pergunta em mente,

o seu exercício não fará sentido, visto que não haverá metas a serem cumpridas e as

formas de avaliação serão ineficazes. Salienta-se ainda que os objetivos podem ser

muito variados, visto que existem muitas oportunidades de curadoria, como, por

exemplo: para documentar-se, para obter reconhecimento, para melhorar o resultado

nos buscadores, para aumentar a reputação de sua marca, entre outros. Por isso, é

importante que eles sejam formulados de modo mais claro possível, para que não haja

erros de interpretação e que possam ser avaliados corretamente.

Um outro ponto importante do planejamento é a decisão sobre os temas, pois

o sucesso da curadoria depende em grande parte da escolha dos tópicos que serão

abordados. Assim, Guallar e Leiva-Aguilera (2014) enfatizam que o ideal na hora de

identificar temáticas é observar se elas passam por três filtros: a) destaque diante da

concorrência que trata temas similares; b) quantidade suficiente de conteúdo

existente; c) interesse do público. Além disso, as temáticas devem ser dominadas e

6 Professor de Documentação e Comunicação da Universidade de Barcelona (UB) e da Universidade Aberta da Catalunha (UOC), editor (revista O profissional de informação, Livros O profissional de informação e EPI Scholar), conferencista e treinador. 7 Especialista em Estratégia web e redes sociais, Reputação online, Gerenciamento de conteúdo digital, Tecnologias de aprendizagem e Curadoria de conteúdo.

40

de interesse da organização. Logo, se ela perpassa esses pontos satisfatoriamente,

a curadoria tem boas chances de adquirir sucesso.

Por conseguinte, a localização de fontes para coleta de conteúdos também é

um ponto relevante, visto que facilitará o trabalho do curador. Para tanto, salienta-se

a importância de elaborar um guia de fontes, onde deve constar uma lista fruto do

processo de busca e seleção de informações de acordo com as temáticas abordadas

e cuja consulta servirá para dar andamento ao processo de curadoria de conteúdos.

Além disso, torna-se necessário decidir também como se dará a divulgação dos

produtos da curadoria. Se serão divulgados em blogs, se em uma ou mais mídias

sociais digitais, ou se dois ou mais tipos serão combinados. Tendo isso em mente, o

planejamento deve considerar ainda a frequência de publicação dos produtos,

podendo ser diária, semanal, irregular, contínua (em tempo real), entre outras.

Dependendo dos aspectos previamente decididos, o curador deve ajustar a frequência

mais apropriada.

Tendo em vista que todas as atividades de curadoria respondem a objetivos

pré-estabelecidos, cabe evidenciar a importância de definir meios de avaliação, para

detectar erros e visualizar possibilidades de melhoramento. Assim, a definição de

indicadores a serem coletados é realizada quando os objetivos são estabelecidos, e

devem corresponder à necessidade de obter uma medida para compará-los, como os

resultados relacionados ao engajamento (número de comentários, compartilhamentos

ou curtidas de uma publicação), ou de disseminação (número de visualizações de um

conteúdo), por exemplo.

Entretanto, salienta-se que por vezes alguns autores inserem esse elemento

no próprio processo de desenvolvimento da curadoria, como se pode observar na

seção a seguir, que apresenta outro aspecto importante para a realização da curadoria

de conteúdos: o estabelecimento de métodos e processos.

4.2.2 Métodos e processos

Ao falar sobre métodos de curadoria de conteúdos, Guallar e Leiva-Aguilera

(2014) afirmam que pode-se partir de duas abordagens: considerando os produtos da

curadoria que são oferecidos ao público; ou considerando-a como um processo que

segue uma série de estágios. Diante disso, referindo-se à curadoria voltada aos

resultados, destaca-se "Os 5 modelos de curadoria de conteúdo" apresentados por

41

Bhargava (2011) que, como o nome já sugere, considera cinco modelos de curadoria:

agregação, destilação, elevação, mistura e cronologia.

Assim, a agregação (aggregation), diz respeito ao ato de curar as informações

mais relevantes sobre um tópico específico em um único local, sendo essa a forma

mais comum. O segundo modelo, destilação (distillation), é o ato de curar informações

em um formato mais simples onde somente as ideias mais importantes ou relevantes

são compartilhadas. Dando continuidade, a elevação (elevation) refere-se à curadoria

com a missão de identificar tendências ou novas ideias. O quarto modelo, a mistura

(mashup), é quando ocorre a fusão de conteúdos existentes para criar um novo ponto

de vista e compartilhá-lo em um único local. E o último modelo, a cronologia

(chronology), consiste na reunião de informações históricas para mostrar a evolução

de um assunto específico, criando uma cronologia.

Diante disso, a Figura 1 abaixo apresenta a síntese dessas observações com

vista a facilitar a compreensão.

Figura 1 - Os 5 modelos de curadoria de conteúdos de Bhargava (2011).

Fonte: Elaboração própria (2017).

Esses modelos já podem auxiliar bastante no desenvolvimento da curadoria de

conteúdos, porém, acredita-se que para uma visão mais completa é preferível pensar

a curadoria enquanto um processo, com passos a serem seguidos. Desse modo, entre

42

os métodos que explicam a curadoria a partir da consecução de etapas destacam-se

nesse trabalho as visões de cinco autores: Beth Kanter (2011), Guallar e Leiva-

Aguilera (2014), David Rodríguez (2015), Corinne Weisgerber (2012), Eliana Rezende

(2016) e Elizandra Bezerra (2017).

Para Beth Kanter (2011) a curadoria de conteúdos é um processo segmentado

em três partes, o conhecido 3S: procurar (seek), caracterizar (sense making) e

compartilhar (share). Assim, conforme destaca a autora, na fase de busca as fontes

são organizadas e os tópicos são separados, tendo em vista que conteúdos com baixa

qualidade não serão selecionados. No estágio de criação de sentido o produto da

curadoria é produzido, incluindo a agregação de valor e a escolha de formatos. Já na

fase de compartilhamento o produto recebe os devidos créditos e é partilhado com o

público-alvo, buscando interagir com o mesmo.

Esse processo definido por Kanter (2011) inspirou os autores Guallar e Leiva-

Aguilera (2014, p. 45) a criar o famoso método dos “4S da curadoria de conteúdos”,

citado por diversos pesquisadores da área, que considera o processo em quatro fases:

buscar (search), selecionar (select), caracterizar (sense making) e compartilhar

(share). Desse modo, o processo consiste em buscar as informações, selecionar o

que for interessante, acrescentar valor às informações recolhidas e, por último,

compartilhar o produto da atividade.

Diferindo-se dos autores apresentados anteriormente, Corinne Weisgerber

(20128) descreve um processo de curadoria mais detalhado, composto por oito etapas,

sendo elas:

a) encontrar (find): identificar a temática e as fontes de informação;

b) selecionar (select): filtrar o conteúdo, selecionando-o pela qualidade,

originalidade e relevância;

c) editorar (editorialize): contextualizar o conteúdo e adicionar uma

perspectiva;

d) organizar (arrange): escolher o tipo de conteúdo e classificá-lo;

e) criar (create): decidir sobre um formato e creditar as fontes;

f) compartilhar (share): divulgar o conteúdo nas mídias onde o público está;

g) engajar (engage): fornecer espaço, participar e animar os leitores;

h) monitorar (track): acompanhar o envolvimento e buscar melhorias.

8 Documento online não paginado.

43

Rezende (2016), por sua vez, diferencia sua proposta da de Weisgerber (2012)

quando remodela as etapas relacionadas à criação e compartilhamento. A autora

considera que as principais fases da curadoria de conteúdos são discriminadas em

sete passos, descritos abaixo:

a) coleta: momento em que o curador tem contato com o grande volume de

informação disponível, onde fará uma busca pelo que é interessante

para os seus leitores;

b) seleção e criação de filtros: fase em que o curador mostra o seu valor

enquanto pesquisador e agregador, buscando critérios para selecionar

aquilo que de fato é importante e merece investimentos em divulgação;

c) edição e elaboração: cabe ao curador acrescentar contexto ao conteúdo

e fazer a adaptação do mesmo para o público, seja por meio de

adequação de idioma, formato para publicação, links, entre outros;

d) arranjar/formatar: destina-se a fazer a categorização do conteúdo, criar

hierarquias e dar um layout ao que foi elaborado;

e) criar a estratégia de disponibilização/distribuição: momento de creditar

as fontes utilizadas e decidir por um canal de divulgação mais adequado

ao conteúdo produzido;

f) engajamento: fase em que é preciso motivar e dialogar com o público

como forma de estabelecer uma relação mais estreita com ele;

g) análise, monitoramento: última etapa que sugere a análise dos

resultados obtidos como algo fundamental, pois eles determinam se

houve êxito e se os objetivos foram atingidos.

Por último, destaca-se a visão de Bezerra (2017, p. 25), que apresenta uma

contribuição recente sobre o processo de desenvolvimento da curadoria de

conteúdos, constituído por sete fases:

1. Reunir: esse é o primeiro contato que o curador terá com a informação, por isso ele precisará colher todo o conteúdo que considerar importante para o processo. 2. Filtrar: separar o que realmente importa do que não importa. 3. Agregar valor: adicionar conteúdo às informações de acordo com sua área de especialização. 4. Editar: inserir elementos como imagem e/ou vídeos e adequá-los da melhor maneira possível.

44

5. Compartilhar: disponibilizar o conteúdo através de sites, blogs, Facebook, Twitter, Instagram, Linkedin e outros. 6. Interagir: interação com sua audiência. Gerando assim, uma troca mútua de informações e aperfeiçoamento do seu trabalho. 7. Monitorar: acompanhar o impacto de suas publicações por meio dos recursos de análise disponíveis em algumas ferramentas de disponibilização como o Facebook.

Com base no que foi exposto, o Quadro 3 abaixo demonstra a comparação das

propostas de processos de curadoria de conteúdos apresentadas pelos autores, em

que é possível visualizar melhor as semelhanças e diferenças entre cada um deles.

Quadro 3 - Comparação das etapas de curadoria de conteúdos apresentadas.

AUTORES

Kanter Guallar e

Leiva-Aguilera Weisgerber Rezende Bezerra

Procurar Procurar Encontrar Coletar Reunir

Selecionar Selecionar Selecionar Filtrar

Caracterizar Caracterizar

Editorar Editar Agregar

Organizar Formatar Editar

Criar

Compartilhar Compartilhar Compartilhar Disponibilizar Compartilhar

- - Engajar Engajar Interagir

- Avaliar Monitorar Monitorar Monitorar

Fonte: Elaboração própria (2017).

Salienta-se, então, que existe uma variedade de propostas a respeito das

etapas do processo para o desenvolvimento da curadoria de conteúdos, visto que o

conceito se difundiu rapidamente e ganhou importância para diversas áreas. Assim,

não há como afirmar qual é a melhor metodologia a seguir nem a mais conveniente,

pois dependerá das necessidades e dos objetivos do curador. No entanto, é possível

observar que muitas das etapas apresentadas acima são essenciais para o

desenvolvimento da curadoria de conteúdos, por exemplo: a busca e seleção dos

conteúdos, a caracterização (ou agregação de valor) e a edição, além do

compartilhamento.

Isto posto, na sequência são apresentadas algumas ferramentas tecnológicas

disponíveis para o processo de curadoria de conteúdos.

ET

AP

AS

45

4.2.3 Ferramentas

As ferramentas tecnológicas são instrumentos importantes utilizados para

auxiliar e tornar possível o desenvolvimento de várias etapas do processo de

curadoria. No entanto, as opções disponíveis de ferramentas voltadas para

manutenção e execução da curadoria em si são inúmeras, como se pode observar no

Figura 2 a seguir. Além disso, elas possuem diferentes características, podendo estar

disponíveis em versão para computador ou mobile, serem gratuitas ou pagas

(BEZERRA, 2017).

Figura 2 - Amostra de ferramentas para curadoria de conteúdos.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Salienta-se, portanto, que cada ferramenta possui suas particularidades e

formas de operar. Assim, José A. Merlo Vega9 (2014b) apresenta uma interessante

seleção categorizada de recursos e ferramentas para gestão de comunidades e

curadoria, da qual se destacam dezoito tópicos, indicados no Quadro 4 abaixo.

9 Professor de Biblioteconomía y Documentación da Universidad de Salamanca.

46

Quadro 4 - Lista de ferramentas e serviços participativos.

SERVIÇO FERRAMENTAS

Subscrição Digg Reader, Feedly, Feedspot, The Old Reader

Gerenciamento de redes Friendfeed, Gremlin, HootSuite, Lifestream, Plaxo, Sendible,

Sobees, TweetDeck, Twitter Listmanager

Alertas Google Alerts, Mention, Talkwalker

Marcadores Blinklist, Delicious, Diigo, Google Bookmarks

Leitura adiada Evernote, Instapaper, Pocket, Readability

Gestores bibliográficos Google Mi biblioteca, Mendeley, Worldcat Listas, Zotero

Encurtamento de URL Bit.ly, Dlvr.it, Google Shortener, Ow.ly

Planejamento de divulgações Buffer, IFTTT, Twitterfeed

Auto-publicação Tagboard, Tweed Times

Placas (publicação visual) List.ly, Padlet, Pinspire, Pinterest, Quiet.ly, Visualize.us

Cronologias Storify, Storyful

Curadoria Curata, Paper.li, RebelMouse, Scoop.it

Redes sociais 500px, Academia, Facebook, Google+, Instagram, Ivoox,

Linkedin, Researchgate, Tagged, Twitter

Blogs e sites web About.me, Blogger, Flickr, Google Sites, Slideshare, Tumblr,

Vimeo, Weebly, Wikispaces, WordPress, Youtube

Newsletters Issuu, Mach5, Mailchimp, Scribd

Agregadores Flipboard, Google Currents, News 360, Pulse, Zite

Reputação Hubspot’s Grader, Klout, Kred, Peerindex, Social Mention

Métricas Alexa, Altmetric, Buzzdock, Google Analytics, Google

Tendências, Plum Analytics, SocialBro, Topsy, Trendinalia.

Fonte: Adaptado de Vega (2014b10).

No entanto, normalmente as ferramentas para realização da curadoria são

escolhidas logo após o estabelecimento das etapas do processo a ser seguido, para

que seja possível visualizar quais ferramentas se adequam ao trabalho que será

realizado. Nesse sentido, evidencia-se o exemplo dos autores Guallar e Leiva-

Aguilera (2014), que apresentam diversas possibilidades de ferramentas e as

10 Documento online não paginado.

47

classificam de acordo com as etapas do processo de curadoria, como se observa a

seguir.

Quadro 5 - Lista de ferramentas de acordo com etapas da curadoria de conteúdos.

FASES CATEGORIAS FERRAMENTAS

Busca

Sistemas de alerta Google Alerts, Talkwalker Alerts, Yahoo! Alerts, Mention

Sistemas RSS e agregadores para dispositivos móveis

Feedly, The Old Reader, Feedspot, AOL Reader, Digg Reader, Tiny Tiny RSS, Zite, Flipboard, Pulse, Google notícias

Monitoramento direto de redes sociais

Twitter, Facebook, Linkedin, Google+

Sistemas de pesquisa em redes sociais e marcadores sociais

Hootsuite, Socialmention, Boardreader, Delicious, Diigo

Seleção - Pocket, Evernote

Caracterização

Baseada em listas Zeef, Listly

Baseada em blogs e sites da web Wordpress, Blogger, Tumblr

Em tempo real Twitter, Storify

Baseada em serviços de mídias sociais

Scoop.it, Pinterest, Paper.li

Outras ferramentas Curata, Pearltrees, ContentGems, Bagtheweb, MyCurator

Disseminação

Na plataforma de curadoria Scoop.it, Flipboard, Storify, Paper.li,

Em outros canais Facebook, Twitter, Pinterest, Linkedin, Google+, Socialbro, Buffer, IFTTT

Fonte: Adaptado de Guallar e Leiva-Aguilera (2014).

Um outro exemplo de classificação de ferramentas de acordo com as etapas

do processo é apresentado por Crossetti et al. (2013), que propõem uma estratégia

de curadoria de conteúdos voltando-se para a formação e atualização de professores,

elencando etapas e ferramentas condizentes com o ciclo proposto para tais objetivos,

demonstrado na Figura 3 abaixo.

48

Figura 3 – Proposta de estratégia de curadoria com etapas e ferramentas para docentes.

Fonte: Crossetti et al. (2013, p. 166).

Contudo, salienta-se que esses são apenas exemplos, e tais classificações não

podem ser consideradas como definitivas, visto que estão contextualizadas e,

consequentemente, não são generalistas. Além do mais, sempre aparecem novas

aplicações, e estas podem adquirir diversas funções e serem moldadas em diferentes

fases do processo de curadoria, como o Scoop.It, por exemplo. Desse modo, cabe ao

profissional ter conhecimento sobre as possibilidades existentes e ter as habilidades

necessárias para fazer uso das ferramentas que necessita.

Deveras, a curadoria de conteúdos é uma atividade de grande relevância em

um cenário de sobrecarga de informação e deve ser preferencialmente gerida por

especialistas ou pessoas com conhecimentos na área. Mas, como definir esse

profissional? Quem está apto para exercer tal função? Essas indagações nos levam

a tratar, na sequência, sobre o perfil do curador, onde se pretende discutir habilidades

e oportunidades de atuação.

49

4.3 O PERFIL DO PROFISSIONAL CURADOR

A curadoria de conteúdos é uma especialidade que tem ganhado espaço nos

últimos anos e tem se expandido do marketing online, ao qual está originalmente

ligada, passando a afetar diferentes profissões e áreas relevantes à informação digital

(GUALLAR, 2016). Nesse cenário, o curador de conteúdos, indivíduo responsável por

exercer a curadoria, apresenta um perfil profissional muito recente, visto que foi

abordado pela primeira vez em 2009. Assim, nos últimos anos surgiram muitos

debates e controvérsias quanto ao seu alcance e especialização, como acontece com

outras especialidades relacionadas com a Internet.

Conforme destacam Guallar e Leiva-Aguilera (2014, p. 20), para alguns ele é

um perfil profissional totalmente novo; para outros, nada que não tenha sido exercitado

há anos. Para alguns, ele deve estar vinculado ao campo de informação e

documentação; para outros, marketing ou jornalismo. Para alguns, é uma

especialidade ou uma função, para outros, um pronunciamento de um ou outro sinal.

Esta diversidade de pontos de vista deixa claro que se trata de um papel profissional

bastante novo e ainda não estabelecido.

Nesse contexto, Crossetti et al. (2013) destacam que dependendo das

finalidades e nuances, é possível encontrar termos que definem perfis profissionais

com funções muito semelhantes ao do curador de conteúdos voltando-se às

comunidades virtuais, e que por vezes podem ser confundidos, como a figura do

Community Manager (Gerente de comunidades), por exemplo, que de acordo com

Sanz-Martos (2012, p. 43, tradução nossa), "[...] é a voz da organização na mídia

online e elo de união entre o mundo digital e o mundo físico.", mas que não trabalha

com foco na filtragem, tratamento e caracterização de informações, como ocorre com

a curadoria propriamente dita.

Diante disso, o estudo realizado por Guallar e Leiva-Aguilera (2014) sobre as

diferentes orientações a partir das quais o curador de conteúdos pode ser abordado,

como as áreas de informação e documentação, marketing e jornalismo, demonstra

que o curador ideal é um profissional cujo treinamento e habilidades o colocam entre

a documentação e a comunicação, como se observa na Figura 4.

50

Figura 4 - Perfis profissionais entre informação e comunicação.

Fonte: Adaptado de Guallar (2012, p. 21).

Assim, as competências centrais e fundamentais do curador de conteúdos

podem ser de dois tipos (GUALLAR; LEIVA-AGUILERA, 2014, p. 27):

a) Competências em gerenciamento de informações: habilidades de

pesquisa, seleção e disseminação de todos os tipos de conteúdo, bem

como conhecimento de tecnologias, técnicas, fontes de informação e

recursos relacionados.

b) Competências em comunicação: conhecimento do público e técnicas de

comunicação com ela, bem como a escrita de conteúdo, com as

tecnologias, técnicas e recursos associados.

Nesse fluxo, Marquina (2013) elenca as principais habilidades profissionais que

o curador de conteúdos precisa ter para executar as funções definidas em seu

trabalho, dentre elas:

a) Ser um profissional esperto e conhecer sobre os assuntos tratados;

b) Ter a capacidade de análise, avaliação e valorização para distinguir as

informações relevantes daquelas que não são;

c) Ser empático e conhecedor das comunidades ou de sua organização;

d) Ser sedutor e estrategista: capacidade de seduzir com os conteúdos que

são compartilhados com o público, nos momentos mais oportunos;

51

e) Ter habilidades de comunicação e escrita;

f) Ter habilidades para trabalhar em equipe;

g) Gerente de tempo: capacidade de adaptação a tempos marcados;

h) Ser curioso e criativo na forma como apresenta a informação para criar

um maior impacto em sua comunidade;

i) Ser proativo: capacidade de assumir o controle da situação através das

melhores ações e iniciativas.

Destarte, de acordo com Reig (201011), pode-se dizer que um curador de

conteúdos é um "intermediário crítico do conhecimento" que busca, agrupa e

compartilha continuamente o que é mais relevante em sua área de atuação, e dedica-

se a fazer uma seleção personalizada do melhor conteúdo e dos melhores recursos

em tópicos específicos, oferecendo um serviço extremamente valioso para aqueles

que procuram informação online de qualidade. Portanto, acredita-se que os curadores

de conteúdo serão consolidados como figuras indispensáveis, desempenhando

inicialmente diversas funções relacionadas ao conteúdo e às comunidades digitais,

como a escrita de conteúdo, a gestão de comunidades online ou a estratégia de redes

sociais digitais (SANZ-MARTOS, 2012; LEIVA-AGUILERA; GUALLAR, 2014).

Com base no que foi exposto, é inegável que este perfil se aproxima das

competências dos profissionais da informação. De acordo com Sanz-Martos (2012, p.

42, tradução nossa), “[...] é evidente que os curadores de conteúdo [...] são novos

rótulos para se referir aos documentalistas em ambientes web 3.0.” As características

próprias da curadoria de conteúdos demonstram “[...] a semelhança existente entre o

curador e o bibliotecário, pois além do processo de busca e recuperação da

informação esses objetivam primordialmente suprir as necessidades informacionais

de um público sejam eles uma comunidade usuária ou usuários da rede.” (BEZERRA,

2017, p. 56).

Diante disso, Bezerra (2017, p. 52) relaciona, em seu estudo sobre o

profissional da informação como curador, as etapas elencadas para a realização da

curadoria de conteúdos com os conhecimentos, habilidades e atitudes do profissional

da informação, como é possível observar no Quadro 6 a seguir.

11 Documento online não paginado.

52

Quadro 6 - Relação do processo de curadoria com os conhecimentos, habilidades e atitudes do PI.

Fonte: Bezerra (2017, p. 52).

A partir dessa análise é possível observar a semelhança entre o processo de

curadoria de conteúdos com a prática dos Profissionais da Informação, no que

concerne especialmente a suas competências técnicas, pessoais, conhecimentos e

habilidades. Salienta-se, portanto, que apesar de se tratar de apenas um recorte de

algumas características do profissional vinculado ao processo de curadoria, é possível

perceber a inegável relação existente entre as áreas (BEZERRA, 2017).

Isto posto, embora no campo da informação e documentação sejam

encontrados estudos consideráveis, especialmente em blogs, sobre a discussão

referente ao perfil emergente e sua identificação com o bibliotecário, são escassas,

por outro lado, pesquisas que tratem de aspectos mais específicos, como o uso da

curadoria de conteúdos em bibliotecas, por exemplo (GUALLAR, 2014a).

Emerge, então, o interesse em evidenciar na seção a seguir a importância do

exercício de curadoria de conteúdos no âmbito das bibliotecas, enquanto unidades de

informação que buscam se adaptar às novas tendências informacionais e às novas

funções proporcionadas pela web, capazes de oferecer serviços de informação que

os usuários exigem de forma mais rápida e colaborativa.

4.4 A CURADORIA DE CONTEÚDOS EM BIBLIOTECAS

Diante de tantos avanços tecnológicos em informação e comunicação e das

mudanças de paradigmas sociais evidenciadas nas seções anteriores, destaca-se a

importância das bibliotecas não permanecerem alheias às tecnologias participativas,

que aumentaram as possibilidades de relacionamento direto com seus usuários

através das mídias sociais digitais, gerenciando e compartilhando informações

53

(VEGA, 2014a; ARROYO VÁZQUEZ, 2009). Além disso, em meio a tanta informação

disponível em rede, torna-se essencial a atividade de mediação das bibliotecas em

relação aos usuários também em meio digital, destacando assim a realização da

curadoria de conteúdos.

Acredita-se, nesse contexto, que a curadoria de conteúdos aplicada em

bibliotecas é uma grande oportunidade não só para informar, mas também para se

conectar e estabelecer ligações com o público por meio de novas ferramentas e da

oferta de novos produtos, tendo em vista que a informação está cada vez mais

virtualizada, e as dinâmicas sociais estão em constante transformação. Para tanto, as

bibliotecas devem tentar “[...] legitimar-se como curadoras de determinados temas ou

de assuntos de sua especialização e interesse para que, assim, os usuários tenham

interesse em segui-las e se relacionar com elas via mídias sociais de forma favorável

e positiva.” (TERRA, 2012, p. 68).

Todavia, Guallar (2016) observa que não seria suficiente falar de curadoria em

bibliotecas se apenas fosse relacionada à seleção ou filtragem de conteúdos, sem a

agregação de valor e o engajamento dos usuários. Nesse sentido, Vega (2014a)

acredita que as bibliotecas são verdadeiras curadoras de conteúdos quando utilizam

ferramentas participativas para receber informações e estabelecem procedimentos de

agregação, análise e divulgação das mesmas, tendo em vista a sua relevância para

seus usuários.

Destarte, Guallar (2014b) evidencia a possibilidade de aplicação das técnicas

de curadoria de conteúdos em bibliotecas por meio da construção de guias temáticos,

caracterizados como agrupamentos de conteúdos digitais com temas específicos

voltados para seu público. Assim, eles seriam guias dinâmicos, publicados em

diversos tipos de plataformas online, permitindo um grau de segmentação temática e

flexibilidade na adição de valor ou na periodicidade de publicação. Desse modo, o

supracitado autor exemplifica os tipos de guias temáticos e demonstra ferramentas

aplicáveis, como pode-se observar na Figura 5 abaixo.

54

Figura 5 - Tipos de guias temáticos e sugestões de ferramentas para bibliotecas.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Em consonância a isso, Guallar (2016) evidencia casos representativos do uso

da curadoria de conteúdos em plataformas sociais online pelas bibliotecas,

destacando ferramentas características do trabalho da curadoria, como o Pinterest,

Scoop.it, Paper.li, Flipboard, Storify, Milq, List.ly, Facebook e Twitter. Pode-se

observar, por meio desse estudo, que o fator diferencial da qualidade da curadoria

não só é uma boa seleção de conteúdos, mas também a realização de

contextualização, adicionando comentários, orientação, opinião, entre outros pontos.

Portanto, é fundamental que a biblioteca tenha sua própria "voz" como curadora de

conteúdo para sua comunidade, e que os usuários apreciem isso em seus produtos,

como se observa, por exemplo, no Twitter do Biblioteca Nacional da Espanha ou no

Milq de Biblioteques L'H, citados pelo autor.

No entanto, Guallar (2016) salienta que ainda há muito o que melhorar nesse

aspecto. Ele afirma que as etapas relacionadas à pesquisa, seleção e disseminação

são consideravelmente bem aplicadas, mas é essencial obter melhorias no que diz

respeito ao sense making (atribuição de sentido ao conteúdo). De toda forma, os

exemplos apresentados são interessantes para compreender o poder da curadoria de

conteúdos em bibliotecas, e executá-la pode se tornar um desafio estimulante para

qualquer profissional de informação.

Diante do exposto, percebe-se que no campo da Ciência da Informação e no

contexto das bibliotecas, a curadoria de conteúdos tem um caminho importante a

seguir, mas que agora está dando os primeiros passos. Assim, buscando aprofundar

55

essas reflexões, emergiu o interesse em elaborar uma proposta de aplicação da

curadoria de conteúdos, cujas informações são apresentadas no percurso

metodológico, descrito na próxima seção.

56

5 PERCURSO METODOLÓGICO

Para compreender o processo de curadoria de conteúdos e suas aplicações

práticas em bibliotecas, viabilizou-se a elaboração de uma proposta para estruturação

da atividade na Biblioteca Central Sebastião Fernandes (BCSF). Para tanto, fez-se

necessário realizar, antes de tudo, uma investigação bem planejada, com métodos

adequados ao alcance dos objetivos pretendidos.

Nesse sentido, Marconi e Lakatos (2010) evidenciam que não existe ciência

sem a utilização de métodos. Para as autoras,

[...] o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 65)

Isto posto, destaca-se a seguir a caracterização deste estudo, possibilitando a

visualização do que foi desenvolvido e os métodos e técnicas empreendidas para

resolver o problema de pesquisa e atender aos objetivos propostos, assim como a

descrição das etapas para sua efetivação e o contexto da pesquisa.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este estudo caracteriza-se, quanto a sua natureza, como uma pesquisa

aplicada, pois tem o objetivo de “[...] contribuir para fins práticos, visando à solução

mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade.” (BARROS;

LEHFELD, 2004, p. 78). Assim, neste trabalho, a pesquisa aplicada tem como

motivação a necessidade de adquirir conhecimentos para contribuir com fins práticos

por meio da estruturação de uma proposta para efetivação da curadoria de conteúdos

na unidade de informação foco do estudo.

Esta pesquisa caracteriza-se ainda como exploratória, pois tem o intuito de

desenvolver e esclarecer conceitos e ideias, aumentando a familiaridade com o tema

em questão, que até então é pouco explorado (GIL, 2008). Assim, a abordagem de

pesquisa qualitativa favorece a visão e compreensão do problema, uma vez que o

explora com base em percepções e comportamentos sobre questões específicas, no

qual o ambiente é uma fonte direta para coleta de dados, interpretação de fenômenos

e atribuição de significados (VIANNA, 2013).

57

Com relação a obtenção de informações, este estudo possui natureza

bibliográfica, uma vez que contemplou a pesquisa em publicações relacionadas com

a temática de estudo, incluindo livros, teses, dissertações, trabalhos apresentados em

eventos, artigos científicos, entre outros (MARCONI; LAKATOS, 2010). A pesquisa

bibliográfica foi realizada para o cumprimento dos objetivos específicos, que dizem

respeito ao conhecimento do processo de curadoria de conteúdos e a identificação de

fatores e ferramentas tecnológicas que favorecem sua desenvoltura e aplicação

prática em bibliotecas.

Destarte, a realização de pesquisas documentais para coletar informações

sobre o local de estudo também foi fundamental, tendo como fontes documentos em

sentido amplo, como relatórios, e-mails, fotografias, depoimentos orais e escritos,

documentos informativos, entre outros (SEVERINO, 2016). Além disso, foi realizada

uma pesquisa de campo com vistas a compreensão do processo de curadoria de

conteúdos na biblioteca estudada. Para tanto, adotou-se a entrevista semiestruturada

como técnica para coleta de dados, com questões direcionadas ao gestor da

Biblioteca em estudo e à responsável pela Seção de Curadoria da Informação.

Diante do exposto, buscando contribuir para o entendimento dessas

considerações, na sequência são descritas as etapas e atividades empreendidas para

a elaboração do presente trabalho.

5.2 ETAPAS DA PESQUISA

O primeiro passo para a constituição do estudo foi a pesquisa bibliográfica,

buscando fontes que tratavam dos temas abordados neste estudo: novo contexto

informacional, bibliotecas contemporâneas e curadoria de conteúdos. Para tanto, a

pesquisa foi realizada com delimitação linguística em português, espanhol e inglês, e

delimitação temporal de 2000 a 2017. Assim, foram feitas buscas em bases de dados

como a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD-IBICT), Google Acadêmico,

Portal de Periódicos CAPES, Portal brasileiro de publicações científicas em acesso

aberto (OASISBR); Scientific Electronic Library Online (Scielo), assim como consultas

a materiais bibliográficos na Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM-UFRN).

Para a recuperação da informação de modo mais eficiente sobre o novo

contexto informacional e as bibliotecas contemporâneas foram empregados alguns

termos de busca, tais quais: sociedade da informação e do conhecimento; a

58

informação como recurso; web 2.0; perfil do profissional da informação; habilidades

profissionais do bibliotecário; competências do bibliotecário; novos usuários de

informação; bibliotecas contemporâneas; bibliotecas do século XXI; bibliotecas 2.0.

Outrossim, termos de busca também foram definidos para a recuperação da

informação sobre a curadoria de conteúdos, tais quais: curadoria de conteúdos;

curadoria da informação; processo de curadoria de conteúdos; ferramentas para

curadoria de conteúdos; curador de conteúdos; curadoria de conteúdos em

bibliotecas. Todavia, salienta-se que houve uma necessidade maior de se expressar

em outros idiomas devido à escassez de trabalhos sobre a temática em âmbito

nacional. Assim, foram utilizados os seguintes termos em espanhol: curación de

contenidos; proceso de la curación de contenidos; herramientas de curación de

contenidos; curación de contenidos em bibliotecas. E em inglês: content curation;

content curation process; content curation tools; content curation in libraries.

Após a realização do levantamento bibliográfico foi possível iniciar a elaboração

do referencial teórico do trabalho, condizente com a segunda etapa da pesquisa. Feito

isso, partiu-se para a coleta de dados por meio da pesquisa documental e realização

das entrevistas semiestruturadas, com vistas a entender aspectos da Instituição

participante do estudo e a respeito da realização da curadoria de conteúdos na

mesma. Com os dados coletados, a descrição, análise e interpretação dos resultados

se fez essencial à compreensão das informações, auxiliando no desenho dos

próximos passos.

Diante disso, a pesquisa se concretiza com a elaboração da proposta do plano

de curadoria de conteúdos para a biblioteca participante do estudo, que indica: a) os

objetivos que se pretende atingir; b) o público a ser beneficiado; c) a identificação das

medidas que podem contribuir para aprimorar a curadoria; d) os procedimentos a

serem adotados para assegurar o seu exercício; e) as ferramentas capazes de auxiliar

no processo; e f) a determinação das formas de avaliação de seus resultados.

A Figura 6 a seguir evidencia as cinco etapas principais em que a pesquisa foi

desenvolvida, com o intuito de evidenciar suas principais atividades.

59

Figura 6 - Etapas para desenvolvimento da pesquisa.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Na sequência descreve-se o contexto da pesquisa, enfatizando as principais

características e serviços da Biblioteca Central Sebastião Fernandes (BCSF) do IFRN

Campus Natal-Central.

5.3 CONTEXTO DA PESQUISA: A BIBLIOTECA CENTRAL SEBASTIÃO

FERNANDES

Partindo do desejo em delinear uma proposta para organização e realização da

curadoria de conteúdos na Biblioteca Central do IFRN, esta seção tem por objetivo

apresentar a unidade de informação participante do estudo, assim como a análise da

60

entrevista semiestruturada que foi realizada com o atual gestor da biblioteca e com a

responsável pela Seção de Curadoria da Informação da mesma.

5.3.1 Sobre a BCSF

A BCSF tem por objetivo ser um centro de informações capaz de dar suporte

ao processo ensino-aprendizagem e à pesquisa da Instituição no âmbito do campus

em que atua, além de promover a democratização do acesso ao conhecimento. A

unidade foi instituída em outubro de 1972, conforme certificado de registro expedido

pelo Ministério da Educação (MEC), e seu nome é uma homenagem ao primeiro

diretor do IFRN, que na época se chamava Escola de Aprendizes Artífices, o Dr.

Sebastião Fernandes de Oliveira.

Desde a sua instauração, a Biblioteca passou por diversas mudanças em sua

localização física dentro do Campus Natal-Central (CNAT) do IFRN, além de

renovações do seu acervo e gestão. Atualmente, ela está estrategicamente situada

próximo a entrada do campus e ocupa uma área física de aproximadamente 1.816m²

no total, divididos em dois pisos. O acervo da BCSF engloba assuntos gerais e

específicos nas áreas de atuação de cada um dos cursos do CNAT, objetivando

atender as necessidades informacionais dos alunos, professores e servidores. Os

tipos de suportes de informação disponíveis na unidade são: livros, periódicos,

monografias, dissertações, teses, obras de referência, CDs, DVD’s e folhetos.

Figura 7 - Fachada da BCSF.

Fonte: Portal IFRN (2015).

61

O público-alvo da Biblioteca é a comunidade acadêmica, incluindo servidores,

alunos e docentes, visando atender as demandas do campus, que possui cursos em

quatro modalidades:

a) técnico integrado: para alunos que concluíram o ensino fundamental;

b) técnico subsequente: para alunos que já concluíram o ensino médio;

c) graduação: modalidade de ensino superior em tecnologia e licenciaturas;

d) pós-graduação: cursos de especialização e mestrado para graduados.

Nas seguintes áreas de abrangência: Recursos Naturais e Segurança; Gestão

e Tecnologia da Informação; Ciências e Educação Profissional; Controle e Processos

industriais; e Construção Civil. Os serviços oferecidos pela Biblioteca abrangem:

orientação em normalização de trabalhos acadêmicos e publicações científicas,

elaboração de ficha catalográfica, levantamento bibliográfico, aulas de normalização,

pesquisa virtual, renovação online via SIABI e a realização de visitas programadas.

No âmbito digital a BCSF atua nas mídias sociais por meio do Facebook e

Youtube. Em sua página no Facebook ela está avaliada em 4.9 pelos seguidores de

um total de 5 pontos, e possui 855 curtidas até o momento12. Esse número cresceu

consideravelmente após a concretização do projeto “Normalize & Descomplique!”, que

surge com o objetivo de auxiliar alunos e docentes do CNAT com relação a

normalização de trabalhos acadêmicos e científicos de acordo com as normas da

Associação Brasileira de Normas de Técnicas (ABNT) por meio da disponibilização de

vídeos e guias explicativos de normalização online, preparados em conjunto pelos

bibliotecários. Logo abaixo estão ilustrados os perfis oficiais da BCSF nas mídias

sociais:

12 Em 28 de novembro de 2017.

62

Figura 8 - Perfil oficial da BCSF no Facebook.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Figura 9 - Canal oficial da BCSF no Youtube.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Diante do exposto, para que fosse possível realizar um diagnóstico sobre a

curadoria no âmbito da Biblioteca Central do IFRN foram realizadas entrevistas com

dois bibliotecários sobre suas percepções e expectativas acerca da curadoria de

conteúdos. Assim, as entrevistas foram conduzidas por meio de perguntas

previamente estruturadas, realizadas no dia 28 de novembro de 2017 nas

dependências da biblioteca, respeitando a disponibilidade de horário de cada um.

63

Cabe salientar que os entrevistados não responderam às mesmas questões,

mas que o discurso de ambos se cruzam pois tratam a respeito da curadoria de

conteúdos na instituição e suas percepções a respeito. Desta forma, as questões

abordadas no roteiro de entrevista voltado ao atual gestor da biblioteca em estudo

(APENDICE A) foram pensadas especialmente para adquirir informações sobre a

compreensão do bibliotecário enquanto gestor acerca da realização da curadoria de

conteúdos na unidade de informação e como ele percebe essa atividade.

Já as questões que compõem o roteiro de entrevista voltado à responsável pela

Seção de Curadoria da Informação da BCSF (APENDICE B) tiveram o intuito de

adquirir informações concretas sobre a idealização dessa seção, que atua em duas

vertentes, e como ela enxerga a curadoria de conteúdos especificamente, quais

seriam os objetivos e quantas pessoas estão envolvidas efetivamente na atividade.

Assim, essas informações serviram imprescindivelmente para a elaboração da

proposta de estruturação da curadoria de conteúdos.

Tendo isso em mente, na seção a seguir são apresentadas a análise e

discussão dos dados coletados por meio das entrevistas.

64

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS

De acordo com Marconi e Lakatos (2010), ao concluir a coleta de dados o

pesquisador detém uma boa quantidade de informações que, após estarem

organizadas, devem ser analisadas e interpretadas. Desse modo, a análise das

informações coletadas neste estudo se dá de forma qualitativa, por meio da

apreciação de conteúdo. Optou-se por apresentar as questões através das seguintes

temáticas centrais: a) caracterização dos informantes, b) análise cruzada dos

depoimentos acerca da compreensão sobre a curadoria de conteúdo e suas

expectativas na BCSF.

6.1 CARACTERIZAÇÃO DOS INFORMANTES

A primeira entrevista foi realizada com o bibliotecário e atual coordenador da

BCSF, caracterizado como Sujeito 1, que está entre a faixa etária de 41 a 50 anos, é

graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN) e Especialista na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. O

entrevistado trabalha a menos de 6 meses no setor, mas já possui mais de 5 anos de

Instituição.

Por conseguinte, a segunda entrevista foi realizada com a bibliotecária e

responsável pela Seção de Curadoria da Informação da BCSF, caracterizada como

Sujeito 2, que está na faixa etária dos 35 a 40 anos, é graduada em Biblioteconomia

pela UFRN e Mestre na área de Comunicação pela mesma instituição. Possui mais

de 5 anos de IFRN e foi coordenadora da BCSF de 2013 até meados de julho de 2017,

quando instituiu a Seção de Curadoria, se tornando responsável pela mesma.

Diante dessas informações, foi realizada a análise e interpretação das

informações coletadas nas questões temáticas, apresentadas a seguir, de modo a dar

destaque às principais colocações dos entrevistados, essenciais para a realização

deste trabalho.

65

6.2 ANÁLISE CRUZADA DOS DEPOIMENTOS ACERCA DA COMPREENSÃO

SOBRE A CURADORIA DE CONTEÚDO E SUAS EXPECTATIVAS NA BCSF

Os profissionais entrevistados foram levados a tratar sobre a percepção que

possuem acerca da curadoria de conteúdos e como eles visualizam a sua importância

no âmbito da Biblioteca em que atuam.

Diante disso, o Sujeito 1 demonstrou entender a curadoria de conteúdos como

um serviço importante, que deve existir principalmente por conta do considerável uso

das ferramentas digitais como meios de comunicação. Ele explanou a respeito das

bibliotecas enquanto unidades de informação, que devem tratar seu objeto de

trabalho, a informação, independentemente do suporte, seja físico ou digital, e afirmou

que por estarmos em tempos modernos, onde a disseminação da informação nas

plataformas digitais é um “caminho sem volta”, não se pode ficar alheio a isso.

Por outro lado, o Sujeito 2 deu ênfase ao papel da curadoria hoje para a

biblioteca estar mais relacionado à comunicação, visto que “[...] o nosso público já

está atuando nessa outra plataforma, então eu acho que a importância maior dela é

ampliar mercados, formas de acesso [...]”. Portanto, oferecer meios de informação e

comunicação dentro da biblioteca se tornou essencial, em seu ponto de vista.

Segundo o Sujeito 2, foi pensando nessa necessidade de obter meios

estratégicos para fazer com que a informação chegue ao público da Instituição, que a

Seção de Curadoria da Informação foi estabelecida. Ele complementa afirmando que

buscou-se instituir canais de comunicação estratégicos com os alunos, para expor

sobre o que a Biblioteca possui, o que é oferecido a eles e como funciona. Nesse

cenário, a bibliotecária expõe que:

Hoje se a informação não estiver fácil, não estiver acessível, ela continua no anonimato, por que pouca gente procura, em relação aos alunos, ou até mesmo conhece os serviços, o que a gente oferece. [...] então eu vejo a curadoria, a importância maior dela é disponibilizar, divulgar o que fazemos aqui, um pouco do nosso potencial, e acredito que a gente não executa nem 70% do que poderíamos fazer (SUJEITO 2, 201713).

Um outro ponto positivo entre o cruzamento das informações recolhidas entre

os entrevistados é que, em relação a curadoria de conteúdos, ambos se mostram

13 Informação verbal.

66

muito abertos às atividades sugeridas por ela. O Sujeito 1 comentou sobre o assunto

ainda ser algo a se buscar mais informações, pois ele acredita não ter um bom

conjunto de conhecimentos práticos, de abrangência de serviços ou produtos que

possam ser oferecidos por meio da curadoria de conteúdos, o que reflete a incipiência

dessa atividade na área de Ciência da Informação em nosso país.

Nesse sentido, ele comenta que

[...] é bem verdade que tudo é novo pra gente, né? Mesmo tendo estudado sobre a coisa, mesmo tendo pesquisado sobre a coisa, né? Mas na prática é novo, é novo. Mas as coisas só crescem a partir do começo, né? Não já vem pronto. [...] já estamos trabalhando com essa perspectiva (SUJEITO 1, 201714).

Por sua vez, o Sujeito 2 afirma que o maior serviço que a curadoria de

conteúdos pode oferecer é o da informação. Quando questionada sobre quais os

objetivos que se pretende atingir por meio da realização efetiva da curadoria em meio

às mídias sociais digitais da Biblioteca, ele afirmou que é, principalmente,

[...] divulgar o que a gente faz, de fidelizar o nosso canal como um meio que corresponde a critérios de qualidade, o que o aluno sabe que o que vem desse canal é consistente. Então o nosso objetivo maior é se colocar. [...] é firma-se como um canal importante para os alunos, para os professores, para os servidores, para a Instituição... que a gente consiga alcançar esse patamar (SUJEITO 2, 201715).

Finalmente, conforme relato do Sujeito 2, a Seção de Curadoria da Informação

atende atualmente a duas demandas principais: a) Repositório Institucional Memoria,

fazendo a validação e armazenamento dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs)

de discentes e docentes do Campus; e b) a curadoria de conteúdos, que visa a

disseminação seletiva de conteúdos por meio das mídias sociais digitais, mas que

ainda não está sendo realizada efetivamente, pois é preciso finalizar sua estrutura.

Além disso, fica a cargo também da Seção a elaboração de manuais técnicos,

templates, tutoriais e demais documentos permanentes. Para tudo isso, a Seção conta

com dois funcionários: a bibliotecária e uma estagiária de Biblioteconomia.

Portanto, com esses depoimentos foi possível registrar e constatar que ambos

entrevistados consideram importante o desenvolvimento da curadoria de conteúdos,

14 Informação verbal. 15 Informação verbal.

67

bem como demonstram interesse em legitimar uma estrutura para essa atividade, que

diz respeito ao objetivo central deste trabalho, apresentado na seção a seguir.

68

7 PROPOSTA PARA REALIZAÇÃO DA CURADORIA DE CONTEÚDOS NA

BIBLIOTECA CENTRAL SEBASTIÃO FERNANDES

O desenvolvimento da curadoria de conteúdos requer um planejamento para

definir as linhas de ação e recursos necessários, bem como a definição do fluxo do

processo que viabilize sua realização, a especificação das ferramentas de apoio, além

de outros aspectos importantes.

Assim, o objetivo desta seção é apresentar uma proposta com os elementos

essenciais para estruturar a curadoria de conteúdos na Biblioteca Central Sebastião

Fernandes, tendo em vista as informações coletadas e analisadas. Para tanto, serão

apresentados a seguir: a) delimitação dos objetivos e público-alvo; b) temáticas

sugeridas; c) guia preliminar de fontes de informação; d) processo para assegurar a

curadoria de conteúdos; e) ferramentas; f) frequência de publicações; e g) critérios

para avaliação dos resultados.

7.1 DELIMITAÇÃO DOS OBJETIVOS E PÚBLICO-ALVO

Conhecer e esclarecer os objetivos que envolvem a curadoria de conteúdos

acaba por nortear todo o processo e demais pontos estruturais, portanto é algo

essencial antes de começar. À vista disso, por meio das entrevistas realizadas para

coleta de dados, analisadas anteriormente, foi possível constatar que os principais

objetivos a serem alcançados por meio da curadoria de conteúdos na Biblioteca

Central do IFRN são:

a) posicionar a BCSF nas mídias sociais e aumentar sua visibilidade;

b) firmar-se como canal importante para a comunidade acadêmica da

Instituição, divulgando conteúdos relevantes e de qualidade.

Com base nisso, um outro ponto importante que deve ser evidenciado é a

audiência: o público que a curadoria deve atingir e cativar para que tenha sentido.

Assim, tendo em vista que a BCSF é um setor importante que está vinculado à uma

Instituição de ensino pública, considera-se que seu público-alvo é especialmente a

comunidade acadêmica do IFRN-CNAT, abarcando discentes e docentes de cursos

em diversas modalidades, como os técnicos integrado e subsequente, graduação e

pós-graduação do campus, reconhecendo as diversas faixas etárias e perfis de

69

usuários. Por esse motivo, considera-se que a Biblioteca deve possuir um perfil

“global”, que aborda temáticas comuns a todos os públicos da instituição a que

pertence. Contudo, cabe salientar que o serviço de curadoria é digital, e por isso pode

envolver um público muito mais amplo, embora não seja um dos objetivos.

7.2 TEMÁTICAS SUGERIDAS

Levando em consideração as informações anteriormente explicitadas, sugere-

se três grupos temáticos centrais para a curadoria de conteúdos pela BCSF, tais quais:

a) Educação e apoio à pesquisa: abarcando assuntos educacionais da

Instituição e atualidades sobre o mundo da pesquisa acadêmica, dicas

sobre trabalhos acadêmicos e científicos e questões relacionadas;

b) Ciência e Tecnologia: envolvendo novidades e notícias em nível nacional

e internacional sobre os avanços tecnológicos e científicos, pertinentes

ao público;

c) Carreira e bolsas estudo: incorporando guias e dicas sobre carreira,

desenvolvimento pessoal e oportunidades de bolsa e capacitações em

outros Estados ou Países.

Esses grupos temáticos foram pensados para atender, de maneira ampla, os

interesses do público, e ambos passaram pelos filtros apresentados anteriormente

(seção 4.2.1), pois possuem valor competitivo, uma boa densidade de informações,

aspiram atender as necessidades informacionais básicas do público-alvo e são de

conhecimento do curador.

7.3 GUIA DE FONTES DE INFORMAÇÃO

Nesse entendimento, objetivando auxiliar no processo de busca e seleção

inerentes à curadoria de conteúdos, realizou-se um levantamento de vinte fontes de

informação correspondentes às temáticas escolhidas. Para tanto, foi empreendida

uma análise de indicadores e critérios de qualidade, embasando-se no trabalho de

Maria Inês Tomaél et al. (2008) sobre Fontes de Informação na Internet.

Nesse sentido, foram considerados os três indicadores mais condizentes com

os objetivos previstos para a formulação do Guia de fontes, sendo eles: a) aspectos

70

intrísecos; b) credibilidade e c) indicadores contextuais, visto que eles se relacionam

especificamente com a qualidade e credibilidade da informação fornecida pelas

fontes, e os demais indicadores se referem estritamente à arquitetura da informação

e usabilidade dos sites.

Quadro 7 - Indicadores e critérios escolhidos de avaliação de fontes de informação para a construção do guia preliminar de fontes.

INDICADORES CRITÉRIOS CARACTERÍSTICAS

Aspectos intrínsecos

Precisão Veracidade, informação correta e objetiva

Facilidade de compreensão Interpretação, entendimento, qualidade do texto

Objetividade Baseada em fatos, imparcialidade

Consistência e relevância Coerência na abordagem da informação; exatidão

Atualização Últimas atualizações recentes; preocupação com a manutenção da fonte

Integridade Completude da informação, sem excessos

Alcance Amplitude e profundidade da informação

Credibilidade

Autoridade/confiabilidade Informações sobre o autor; identificador do domínio

Responsabilidade Identificação do responsável pelas publicações e da fonte

Contextuais

Conveniência Disponibilidade da informação e atualização

Estabilidade Informações possíveis de serem recuperadas

Adequação Coerência entre linguagem empregada, usuários de informação e propósitos

Facilidade de manuseio Uso fácil perante as necessidades

Fonte: Elaboração própria (2017).

Isto posto, foram elencadas fontes de informação em três modalidades

diferentes: sites e blogs, páginas do Facebook e canais do Youtube. Os sites e blogs

foram pensados para serem incluídos nas ferramentas agregadoras, que reúnem em

71

um só lugar as atualizações mais recentes, evitando que o curador precise acessar

diretamente cada fonte para buscar informações.

As páginas do Facebook foram selecionadas tendo em vista que, por vezes, o

conteúdo apresentado nessa mídia se diferencia positivamente do que é encontrado

nos sites e blogs oficiais, agregando mais valor às informações. Já os canais do

Youtube possuem a especificidade da plataforma, o que nos leva a observar algumas

opções interessantes e únicas.

Nesse contexto, o Quadro 8, 9 e 10 abaixo apresenta a relação das fontes de

informação sugeridas para uso na realização da curadoria de conteúdos pela BCSF,

estando classificadas de acordo com o tipo de modalidade em que consistem.

Quadro 8 – Páginas do Facebook elencadas para o guia de fontes de informação.

PÁGINAS DO FACEBOOK

FONTES DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO

CENTRO DE INFORMAÇÕES NUCLEARES - CIN

Apresenta muitos conteúdos e dicas interessantes sobre a pesquisa científica e suas características.

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÕES E

COMUNICAÇÕES

Informações sobre o que acontece de novo no País com relação à ciência, inovação, tecnologia e comunicação.

IFRN OFICIAL Principais notícias e acontecimentos sobre o IFRN.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Quadro 9 – Canais do Youtube elencados para o guia de fontes de informação.

CANAIS DO YOUTUBE

FONTES DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO

YOUTUBE EDUCAÇÃO Seleciona os melhores vídeos em formato de aula de outros canais, reunindo o melhor da educação online em um só canal.

MINUTOS PSÍQUICOS Diversos vídeos dinâmicos sobre psicologia, ciência e universo.

NA PRÁTICA Trata sobre temas como autoconhecimento, mercado de trabalho, liderança, conexão, produtividade e propósito.

Fonte: Elaboração própria (2017).

72

Quadro 10 – Portais e blogs elencados para o Guia de fontes de informação.

PORTAIS E BLOGS

FONTES DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO

PORTAL IFRN - CNAT Principais informações e notícias sobre o que acontece no IFRN Campus Natal-Central.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Principais informações e notícias sobre a educação no País e diversos programas do Governo.

BLOG DO ENEM Reúne dicas e conteúdos gratuitos sobre Enem, Fies, Prouni, Sisu, Pronatec e Vestibular.

CANAL DO ENSINO Apresenta diversas dicas e notícias sobre educação, tanto ensino médio como a nível superior.

BRASIL ESCOLA

Reúne conteúdos educacionais e disponibiliza materiais variados aos visitantes, além de exercícios, dicas, exames, notícias e cursos online.

GUIA DO ESTUDANTE

Disponibiliza conteúdos voltados para alunos do ensino médio, vestibulandos, graduação e pós, trazendo diversos temas, desde orientações acadêmicas a orientações profissionais.

PÓS-GRADUANDO

Apresenta diversas dicas sobre redação científica, guias e tutoriais, primeiros passos e até postagens de humor sobre a pós-graduação.

BLOG ESPECIALIZAÇÃO Possui postagens, artigos e dicas sobre o mundo da pós-graduação.

ESTUDAR NA PRÁTICA

Disponibiliza conteúdos sobre desenvolvimento pessoal, autoconhecimento, gestão de carreira profissional, mercado e liderança para jovens e recém-formados.

GUIA DA CARREIRA

Apresenta postagens explicando sobre a importância do plano de carreira no crescimento profissional e de como montar o próprio plano.

ESTUDAR FORA

Possui publicações sobre oportunidades de bolsas no exterior e postagens explicando o que é necessário e como funciona o processo para estudar fora.

BLOG DISAL Disponibiliza dicas e artigos de conceituados profissionais sobre idiomas e aprendizagem de línguas estrangeiras.

TECMUNDO

Apresenta notícias, vídeos, ilustrações, infográficos, análises e comparações sobre as principais novidades em tecnologia de uma maneira simples e descomplicada.

OLHAR DIGITAL Apresenta notícias e conteúdos especiais voltados para tecnologia.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Diante disso, o objetivo central da criação do Guia de fontes de informação é

de auxiliar o trabalho do curador na busca e seleção de informações para a realização

73

da curadoria de conteúdos. Contudo, isso é apenas uma amostra e faz-se necessário

sempre atualizar as fontes e buscar novas possibilidades.

7.4 PROCESSO PARA REALIZAÇÃO DA CURADORIA DE CONTEÚDOS

Para que o trabalho do curador seja desenvolvido de forma satisfatória é

necessário pensar qual metodologia prática seguir, de acordo com os objetivos

propostos e o público a ser atingido. Considerando isso e com base nas informações

apresentadas no decorrer deste estudo, estruturou-se um processo para realização

da curadoria de conteúdos para a BCSF, por meio da comparação e diferenciação

com outros métodos, conforme observa-se na Figura 10 abaixo.

Figura 10 - Processo para realização da curadoria de conteúdos na BCSF.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Destarte, a realização de cada uma das etapas requer atividades específicas,

como descrito na imagem, assim como o emprego de ferramentas para auxiliar esse

processo. Desse modo, foram elencadas oito ferramentas visando auxiliar o trabalho

do curador especialmente na coleta, seleção, edição e disponibilização dos

conteúdos, como é apresentado na seção a seguir.

7.5 FERRAMENTAS

Com base no processo de curadoria sugerido, foram pesquisadas ferramentas

gratuitas, simples e intuitivas que pudessem auxiliar essencialmente o trabalho

exercido pelo curador na BCSF, tendo em vista a pequena equipe que compõe a

74

Seção da Biblioteca responsável pela atividade. Nesse sentido, as sete ferramentas

escolhidas foram: Feedly, Pocket, Documentos Google, Canva, Storify, Scoop.It,

Animaker e Pinterest, que serão descritas na sequência.

7.5.1 Feedly

O Feedly é uma ferramenta de leitura de feeds16. O agregador, como também

é denominado, é um serviço que reúne as atualizações de blogs e sites que possuem

o feed ativado. De modo geral, é uma ótima opção para acessar informações em um

só lugar, sem precisar entrar em todos os links para ter acesso a publicações novas e

demais conteúdos. Apesar de estar em inglês, o Feedly é bem intuitivo, de fácil uso,

e tem muitos recursos gratuitos, se não a maioria. Nele é possível organizar os feeds,

ler as publicações, procurar por novos blogs ou sites, salvar para ler depois,

compartilhar conteúdos e descobrir novos feeds a partir de temáticas de interesse. Ou

seja, é uma ótima fonte para coleta de informações.

Figura 11 - Área de trabalho do Feedly.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Ele possui ainda uma extensão para o navegador Chrome que permite

adicionar facilmente novos feeds, salvar páginas para acesso posterior ou até mesmo

tags. Desse modo, se caracteriza com uma ótima opção para busca e seleção de

conteúdos, visto que os links de sites e blogs elencados no Guia de fontes de

16 O termo “feed” vem do inglês e significa “alimentar”. Na Internet esse sistema também é conhecido

como “Feed RSS”. (GASPARETO, 2015).

75

informação (seção 6.3) podem ser agregados nessa ferramenta, evitando que o

curador tenha que acessar diversos portais para ter acesso às atualizações.

7.5.2 Pocket

A plataforma Pocket foi fundada em 2007 com a finalidade de ajudar as

pessoas a salvarem artigos, vídeos e outros itens interessantes extraídos da Internet,

para serem consultados depois. Uma vez salvo na Pocket, a lista de conteúdos fica

acessível em qualquer dispositivo (telefone, tablet ou computador), e pode ser

visualizada em qualquer lugar, até mesmo offline.

Figura 12 - Área de trabalho do Pocket.

Fonte: Elaboração própria (2017).

De forma simplificada, a Pocket permite salvar conteúdos tanto por meio de

extensão no navegador, como no próprio site, e a visualização dos mesmos é possível

por meio de diversas plataformas, o que a torna uma ótima opção para seleção e

guarda de conteúdos interessantes.

7.5.3 Documentos Google

O Documentos Google é uma ótima ferramenta para edição de documentos

online, especialmente porque possibilita atividades colaborativas, além de ser um

editor de textos completo e gratuito. É possível compartilhar documentos com outras

pessoas e membros de equipe para que visualizem ou possam editá-los, fazendo

76

alterações e comentários diretamente e simultaneamente, pois quando outra pessoa

está editando é possível visualizar seus movimentos à medida que alterações são

realizadas. Além disso, a ferramenta ainda possibilita a interação dos colaboradores

por meio de bate-papo.

Todas as alterações feitas no documento são salvas automaticamente à

medida em que se digita no documento, evitando que algo se perca, e é possível

utilizar o histórico de revisões para ver versões mais antigas do mesmo documento,

com a data e o nome de quem fez as modificações. Outrossim, tudo pode ser realizado

no smartphone, tablet ou computador, em qualquer lugar e a qualquer momento,

mesmo quando não há uma conexão, por conta dos recursos offline.

Figura 13 - Página de edição do Documentos Google.

Fonte: Elaboração própria (2017).

O Documentos Google ainda é compatível com o Microsoft Word, o que

possibilita abrir, editar e converter arquivos do Word em Documentos Google e vice-

versa, por meio do aplicativo ou extensão para o navegador Chrome. Assim, diante

das afirmações acima, considera-se que é uma ótima ferramenta para produzir textos

de forma colaborativa, o que auxilia bastante nas etapas de agregação e edição.

7.5.4 Canva

O Canva é uma ferramenta online e gratuita de design gráfico que permite a

criação de projetos profissionais. Reúne em uma simples plataforma um acervo de

77

mais de 1 milhão de fotografias, gráficos e fontes, e ainda o recurso de colaboração

com outras pessoas. Com o Canva todos podem projetar de graça.

Figura 14 - Página de criação de designs do Canva.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Deste modo, destaca-se que no Canva é possível criar projetos tanto para a

web, como para impressão, online e gratuitamente, com apenas alguns recursos

pagos, mas que são cabíveis de substituição e não influenciam diretamente na

elaboração do design. Além disso, são centenas de modelos prontos para inspirar a

criação e de fácil edição, incluindo posts para redes sociais, documentos, materiais de

marketing, anúncios, eventos, entre outros. Uma ótima ferramenta para auxiliar a

edição visual dos conteúdos curados.

7.5.5 Storify

O Storify17 é uma plataforma que permite compilar conteúdos disponíveis nas

redes sociais ou diretamente do Google Imagens e Youtube. É um recurso

interessante para criar e compartilhar histórias através da Internet. Seu uso é simples,

online e gratuito, basta clicar e arrastar os conteúdos de interesse para o corpo da

história que se está criando, podendo adicionar comentários e conectar a sequência

de informações.

17 Tutorial de como utilizar o Storify: https://youtu.be/hano1n_xHI0.

78

Figura 15 - Página de criação de nova história do Storify.

Fonte: Elaboração própria (2017).

7.5.6 Scoop.it

O Scoop.it é uma ferramenta que está voltada especialmente para o exercício

da curadoria de conteúdos. Nela pode-se realizar, com base em palavras-chave, uma

busca por informações interessantes sobre as temáticas desejadas. A ferramenta

possibilita criar “canais”, com título e descrição, e alimentá-los com os links

descobertos na navegação, e também é possível se subscrever em outros canais e

descobrir novos conteúdos. Além disso, a plataforma possui mecanismos inteligentes,

que apresentam sugestões relacionadas com o canal criado, facilitando o trabalho de

investigação.

Figura 16 - Página principal do Scoop.it.

Fonte: Elaboração própria (2017).

79

Embora alguns recursos interessantes do Scoop.it estejam disponíveis apenas

para versão paga, como análises estatísticas, programação de publicações e o

carregamento e compartilhamento de documentos, o Scoop.It é uma ótima opção para

encontrar e partilhar conteúdos interessantes e com maior credibilidade, e mesmo na

versão gratuita permite, coleta, reunião, agregação e compartilhamento.

7.5.7 Animaker

O Animaker é uma plataforma online que possibilita a criação de vídeos

animados com aspecto profissional. Se trata de uma ferramenta na qual é possível

criar cenas, arrastar personagens e criar um vídeo que, posteriormente, pode ser

exportado ao Youtube, por exemplo. As opções de exportação dependem do plano

adquirido do programa, assim como uso de personagens e alguns outros recursos.

Embora contem com uma opção gratuita que permite vídeos de até 2 minutos e

exportação com qualidade SD.

Figura 17 - Página inicial do Animaker.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Essa ferramenta já foi utilizada pela equipe da BCSF na construção dos vídeos

do “Normalize & Descomplique”, mas fica a sugestão para uso em projetos futuros ou

simplesmente para a edição de conteúdos com um aspecto diferente e divertido.

80

7.5.8 Pinterest

O Pinterest é uma rede social que permite a partilha de fotos e vídeos em

diferentes murais, de acordo com os gostos de cada utilizador. A ferramenta se

assemelha a um quadro de inspirações, onde os usuários podem compartilhar e

gerenciar imagens temáticas vinculadas a documentos da Web, assim como também

é possível conhecer coleções de muitos outros usuários.

Essa possibilidade de criar quadros temáticos sem limitações levou muitas

bibliotecas a utilizarem a rede social nos últimos anos, especialmente para mostrar

suas coleções e novidades (GUALLAR, 2016).

Figura 18 - Feed do Pinterest.

Fonte: Elaboração própria (2017).

Simplificando, o Pinterest é um grande mural de interesses que pode também

ser dividido em diversos outros murais, conforme o usuário julga necessário. Essa

ferramenta de interação vem despertando cada vez mais o interesse de muitas marcas

e lojas online pelo seu notável potencial de engajamento. Por isso, considera-se como

uma ótima ferramenta, tanto para a coleta de informações, como para a disseminação

de conteúdos.

Finalmente, com base no que foi exposto, o Quadro 11 abaixo visa esclarecer

a relação entre as ferramentas descritas e as etapas do processo de curadoria de

conteúdos, pretendendo evidenciar as possibilidades de uso.

81

Quadro 11 – Relação de etapas e ferramentas elencadas para curadoria na BCSF.

ETAPAS FERRAMENTAS

Busca Feedly; Scoop.It; Facebook; Youtube; Pinterest.

Seleção Pocket; Feedly.

Agregação Scoop.It18

Edição Microsoft Word; Documentos Google; PowerPoint; Canva; Storify; Animaker; Scoop.It.

Disponibilização e engajamento19 Facebook; Youtube; Pinterest; Storify, Scoop.It.

Avaliação

Fonte: Elaboração própria (2017).

7.6 FREQUÊNCIA DE PUBLICAÇÕES

Tendo em vista a pequena equipe de trabalho da Seção de Curadoria da

Informação da BCSF, sugere-se que as publicações sejam realizadas em média 3

vezes por semana, em dias alternados, como: segunda, quarta e sexta-feira. Assim,

as temáticas seriam distribuídas conforme as demandas e seus aspectos particulares,

como a quantidade de informação disponível, por exemplo.

Além disso, projetos de dias ou semanas temáticas podem ser criados com o

intuito de chamar a atenção do público para determinados assuntos, como uma

semana voltada para a apresentação de carreiras e oportunidades de trabalho, ou nos

meses antecedentes ao Enem elaborar um plano com diversas dicas sobre a prova,

uma ou duas vezes por semana. As possibilidades de atuação junto à comunidade

são diversas, basta adaptar ao calendário da Seção.

7.7 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Por fim, o último ponto importante a ser evidenciado nessa proposta é a

realização da avaliação da atividade como um todo, executada com base na

interpretação de indicadores, que comparados com os valores esperados devem gerar

conclusões apropriadas. Um exemplo de avaliação que pode ser inicialmente

realizada pela BCSF é acompanhar a evolução do número de curtidas e seguidores

18 Particularmente humano. 19 Particularmente humano.

82

da página no Facebook a partir do início efetivo da realização da curadoria de

conteúdos, assim como a resposta das pessoas com relação às publicações.

Destarte, é imprescindível que ela seja realizada em intervalos regulares, de

preferência mensalmente, e deve-se ter cuidado para coletar todos os indicadores

definidos e registra-los em relatórios criados para esse fim. No mais, é necessário

estabelecer um período de seis meses ou um ano para avaliações mais significativas,

que devem levar a revisão da estrutura como um todo e, eventualmente, ao

estabelecimento de novos objetivos gerais e específicos. Para isso, podem ser

utilizados mecanismos para coletar dados dos usuários, como questionários, por

exemplo, bem como ferramentas informáticas para auxiliar neste processo. Facebook

e Twitter oferecem algumas possibilidades, além de ferramentas como o How

sociable. Essas atividades somadas oferecem avaliações mais consistentes.

83

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As constantes evoluções das TICs colaboraram diretamente com diversas

transformações na sociedade, inclusive para o surgimento de um novo contexto

informacional. A Internet proporcionou o livre e facilitado acesso à informação,

transformando-se numa grande plataforma informacional, permitindo que muitas

informações fossem disponibilizadas e visualizadas por todos. Se antes a dificuldade

estava no acesso à informação, hoje ele se dá de maneira muito simplificada, e o

problema passou a ser o excesso.

A informação passou, então, a transferir-se em variados formatos, mídias e

suportes, permitindo que bibliotecários e bibliotecas ampliassem o seu fazer para além

das estantes e formas tradicionais de propor serviços. Com efeito, novas

possibilidades de atuação surgem para os profissionais da informação, que buscam

cada vez mais desenvolver conhecimentos e habilidades para atender as demandas

informacionais do contexto atual, inserindo-se na nova plataforma.

Assim, a curadoria de conteúdos surge como uma alternativa para lidar com as

novas demandas de tratamento e filtragem de informação, inerentes as competências

do bibliotecário, aliando isso com a necessidade de se comunicar com os usuários

nos meios em que se encontram, atendendo aos novos formatos da sociedade. Desse

modo, ao empreender uma análise da realização da curadoria de conteúdos e suas

aplicações práticas em bibliotecas, buscou-se evidenciar que o seu exercício é uma

grande oportunidade não só para informar o público, mas também para se conectar

com ele, a partir da proposição de novos serviços e produtos.

Com efeito, buscou-se entender e satisfazer a necessidade da Biblioteca

Central Sebastião Fernandes, elaborando uma proposta para estruturar mais

efetivamente a atividade de curadoria de conteúdos na unidade. À vista disso, para

que fosse possível identificar todos os aspectos inerentes à curadoria de conteúdos,

foram realizadas pesquisas bibliográficas em diversas fontes de informação sobre a

temática, o que serviu para fundamentar o estudo e auxiliar na elaboração dos

instrumentos para coleta de dados, propiciando a aplicação dos conhecimentos

obtidos por meio da elaboração da proposta.

Assim, considera-se que o problema de pesquisa e os objetivos deste trabalho

foram atendidos, tendo em vista que em um primeiro momento a temática foi

contextualizada com a nova conjuntura informacional, demostrando um panorama

84

geral das transformações ocorridas nas últimas décadas com relação à informação,

comunicação, o mercado de trabalho e as bibliotecas. Por conseguinte, apresentou-

se o conceito de curadoria de conteúdos e sua origem, bem como métodos e

processos, ferramentas que favorecem a sua realização e a caracterização do curador

e da curadoria aplicada em bibliotecas, atendendo, assim, aos objetivos específicos.

Por fim, a contribuição desta pesquisa encontra-se na apresentação da

proposta, contendo os principais elementos para estruturar a curadoria de conteúdos

na Biblioteca Central do IFRN: a) delimitação dos objetivos e público-alvo; b) temáticas

sugeridas; c) fontes de informação; d) processo para assegurar a curadoria de

conteúdos; e) ferramentas capazes de auxiliar no processo; f) frequência de

publicação; e g) critérios para avaliação dos resultados.

Logo, espera-se que este trabalho desperte o interesse pela curadoria de

conteúdos e incentive outros pesquisadores a explorarem mais sobre a temática. A

interdisciplinaridade precisa ser estimulada entre os profissionais da informação, uma

vez que novas possibilidades de atuação surgem e tendem a acrescentar à

Biblioteconomia e, consequentemente, à Ciência da Informação. Recomenda-se que

sejam realizados outros estudos que explorem mais sobre a curadoria de conteúdos

e seus benefícios, demonstrando os resultados de sua realização em bibliotecas.

85

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92

APÊNDICE A – Roteiro da entrevista com o coordenador da Biblioteca Central

Sebastião Fernandes (Sujeito 1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

Este roteiro de entrevista visa coletar informações para o trabalho de conclusão de

curso "A curadoria de conteúdos em bibliotecas: proposta de aplicação na Biblioteca

Central do IFRN campus Natal-Central" desenvolvido pela discente Jéssica Valesca

Toscano Pereira sob a orientação da Profª. Drª. Andréa Vasconcelos Carvalho como

requisito para conclusão do curso de graduação em Biblioteconomia.

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Primeira fase: Caracterização do informante

1. Nome: __________________________________________________________

2. Faixa etária:

( ) 35 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) Mais de 50 anos

3. Nível de escolaridade:

( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado

( ) Doutorado ( ) Pós-doutorado

4. Área de formação da última titulação: ________________________________

5. Cargo no IFRN: ____________________________________________________

6. Tempo de instituição:

( ) Entre 4 e 9 anos ( ) Entre 10 e 15 anos ( ) Mais de 15 anos

7. Tempo no setor:

( ) Entre 1 e 6 meses ( ) Entre 7 meses e 1 ano ( ) 1 ano a 3 anos

( ) Entre 3 a 7 anos ( ) Mais de 7 anos

Segunda fase: Percepções sobre a curadoria de conteúdos

93

8. Tendo em vista que a curadoria de conteúdos se volta para a divulgação de

conteúdos relevantes em meio as mídias sociais digitais, o senhor considera que o

seu desenvolvimento pode proporcionar benefícios para os usuários e para a

biblioteca? Quais seriam eles?

9. Como o senhor percebe a importância desse processo no âmbito das bibliotecas?

10. Há interesse de que a curadoria de conteúdos seja uma prática efetiva na BCSF?

11. Que tipos de atividades e/ou serviços o senhor acredita que podem ser viabilizados

por intermédio da curadoria de conteúdos na BCSF?

94

APÊNDICE B – Roteiro da entrevista com a responsável pela Seção de

Curadoria da Informação da BCSF (Sujeito 2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

Este roteiro de entrevista visa coletar informações para o trabalho de conclusão de

curso "A curadoria de conteúdos em bibliotecas: proposta de aplicação na Biblioteca

Central do IFRN campus Natal-Central" desenvolvido pela discente Jéssica Valesca

Toscano Pereira sob a orientação da Profª. Drª. Andréa Vasconcelos Carvalho como

requisito para conclusão do curso de graduação em Biblioteconomia.

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Primeira fase: Caracterização do informante

1. Nome: __________________________________________________________

2. Faixa etária:

( ) 35 a 40 anos ( ) 41 a 50 anos ( ) Mais de 50 anos

3. Nível de escolaridade:

( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado

( ) Doutorado ( ) Pós-doutorado

4. Área de formação da última titulação: __________________________________

5. Cargo no IFRN: ____________________________________________________

6. Tempo de instituição:

( ) Entre 4 e 9 anos ( ) Entre 10 e 15 anos ( ) Mais de 15 anos

7. Tempo no setor:

( ) Entre 1 e 6 meses ( ) Entre 7 meses e 1 ano ( ) 1 ano a 3 anos

( ) Entre 3 a 7 anos ( ) Mais de 7 anos

Segunda fase: Expectativas acerca da curadoria de conteúdos

95

8. Como surgiu o interesse pela implementação da Seção de Curadoria de Informação

na Biblioteca Central Sebastião Fernandes?

9. Quais são as atividades exercidas nessa seção?

10. Tendo em vista que a curadoria de conteúdos se volta para a divulgação de

conteúdos relevantes em meio as mídias sociais digitais, que tipos de atividades e/ou

serviços a senhora acha que podem ser viabilizados por intermédio dela?

11. Quais são os objetivos que se pretende alcançar com a realização da curadoria

de conteúdos?

12. Quantas pessoas estariam envolvidas nesse processo? Qual a formação dessas

pessoas?

13. Como a senhora percebe a importância da curadoria de conteúdos no âmbito das

bibliotecas?