2008/09 - Guia Do Prof Musica AEC

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ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR Expressão e Educação Musical GUIA DO PROFESSOR DOMINGOS MORAIS (desenhos de Carlos Guerreiro; foto da capa de José Melo) Movimento Português de Intervenção Artística e Educação pela Arte Escola Superior de Teatro e Cinema Amadora, 2008

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ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR

Expressão e Educação MusicalGUIA DO PROFESSOR

DOMINGOS MORAIS(desenhos de Carlos Guerreiro; foto da capa de José Melo)

Movimento Português de Intervenção Artística e Educação pela Arte

Escola Superior de Teatro e Cinema

Amadora, 2008

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Sons vocaisRecurso primordial nas actividades de expressão e educação musical, a

voz é, por vezes, considerada como perturbadora do normal decorrer dasactividades escolares.

Ao solicitar os alunos para situações de jogo de descoberta dascapacidades expressivas da voz, o professor terá de aceitar o modo pessoalcomo cada aluno entende e responde ao que se lhe pede. Não há certo eerrado nestas situações, onde se procura aproveitar e enriquecer aspotencialidades de cada aluno.

As actividades sugeridas fazem apelo, de início, a situações do seuquotidiano. Dizer e entoar com expressividade nomes próprios de plantasou animais ou imitar os sons do meio ambiente e da natureza são situaçõesfamiliares para os alunos. A novidade estará na solicitação do professor, aoincluí-las na sua prática pedagógica, tirando partido e valorizando o quecada aluno é capaz de fazer. Os jogos colectivos de criação de ambientes

s o n o ros gradualmente mais complexos, ao serviço de textos e histórias,são o culminar do domínio das potencialidades vocais.

Rimas e cançõesAs rimas e canções decorrem dos saberes e práticas (repertórios) da

tradição oral, diferentes de país para país e com características próprias emcada região e para cada povo.

Para os alunos que se expressam mal em português, a possibilidade demostrarem o que sabem na sua língua materna, em situações decorrentesda aula de Educação pela Arte, contribui para a sua integração escolar enão impede o gradual domínio da língua portuguesa. A seu tempo, comose sugere, virão os textos ditos e entoados em português que contribuempara o domínio da oralidade e o enriquecimento do vocabulário. Osrepertórios na língua materna e em português dos países de língua oficial

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Expressão e Educação Musical(Guia do Professor)

1. VOZ

O desenvolvimento da musicalidade é um processo gradual, dependente do domínio

de capacidades instrumentais, da linguagem adequada, do gosto de fazer, da capacidade

de escutar. Para isso contribuem as vivências musicais proporcionadas que deverão ter

uma forte componente lúdica, por forma a evitar situações de puro exercício que afastam

os alunos.

As quatro rubricas propostas - Voz, Corpo, Instrumentos e Representação do Som -

são apresentadas pela sua ordem de importância, a que corresponde uma maior atenção

e tempo dedicados ao trabalho vocal e percussão corporal, sendo os instrumentos e a

representação gráfica complementos das rubricas anteriores.

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portuguesa são as fontes que devem alimentar a maior parte dasactividades de expressão musical nos quatro primeiros anos deescolaridade. De início, haverá uma maior atenção às rimas e cançõesinfantis, dando-se clara preferência às que pertencem ao patrimóniotradicional. Os textos e canções sugeridos são meramente indicativos dosrepertórios em português que consideramos adequados. A sua escolha ousubstituição compete ao professor, que terá ainda de seleccionar osrepertórios próprios de cada grupo linguístico, os quais, dada a sua

diversidade, não podem ser referidos no Guia.A abertura às músicas do mundo dos adultos deverá ser feita com

critério e no respeito do que é considerado localmente adequado para asidades dos alunos. O que não impede o professor de dar a conhecer outrosuniversos musicais, contribuindo assim para uma sensibilização ecuriosidade por outras maneiras de ser.

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O domínio das capacidades expressivas da voz e a prática dosrepertórios sugeridos de rimas e canções infantis devem fazer parte,sempre que possível, das actividades diárias do professor. Os jogos, rimase canções podem ser realizados num tempo mínimo de 10 a 15 minutos,

podendo excepcionalmente durar até 30 minutos. O domínio da expressãoe extensão vocais, da pronúncia e articulação dos textos, da entoação e dotimbre só assim são possíveis.

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1º e 2º Anos

AprenderSons vocais- Inflexões próprias da linguagem:chamamentos, respostas, monólogos,diálogos, silêncios, entoação.

- Prosódia: articulação ritmada e entoada depalavras agudas, graves e esdrúxulas. (Nota: não ensinar às crianças esta classificação).

- Estalos de língua, assobio, sopro e outrossons.

Operacionalização

- Dizer e entoar nomes próprios, profissões, animais, plantas, etc.1) O professor pede a cada aluno que diga o seu nome; todos os alunos repetem.2) Um aluno de cada vez, numa ordem pré-estabelecida, diz o nome de um animal (ou profissão,objecto da sala, etc,); todos repetem.Nota: Este jogo pode ser entoado com pequenas melodias conhecidas dos alunos (presentes nas canções infantis da comunidade a

que pertencem)

- Palavras graves com duas sílabas (ex: Paulo, Marta, cravo, cama, lápis, banco, rato, peixe, etc.).1) O professor diz uma palavra; os alunos repetem sem interromper a pulsação.2) O professor diz uma palavra, batendo uma palma na sílaba tónica; os alunos repetem.3) Os alunos, individualmente e numa ordem pré-estabelecida, dizem uma palavra; todos repetem.

Nota: Este jogo pode ser realizado com palavras agudas com três sílabas, palavras graves com quatro sílabas, monossílabos, etc.

[Martins (1987: pp 7 a 13)]

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Rimas infantis em português (alguns exemplos)[Simões (s/d: pp 23 a 28); Martins (1987: pp 27 a 31)]

Nota: Referimo-nos ao “conjunto dos textos rimados do folclore infantil português de transmissão

oral, usados com e entre crianças, e que tradicionalmente acompanha o desenvolvimento destas

desde o nascimento até um limite pouco definido, que se pode situar por volta dos 14-15 anos. Esta

expressão recobre assim toda uma série de outros termos: lengalengas, parlendas, adivinhas, trava-

línguas, provérbios, canções de roda, rimas de jogos infantis, rimas de “a ver quem fica”, orações e

orações jocosas, romances infantis, canções de embalar, antifiguri, rimas de fim de conto ...” [Costa

(1992: p.24)]

- Fórmulas de selecção para jogos (“a ver quem fica”). Sola / sapata / Rei / Raínha / Foi ao mar / Buscar sardinha / Para o filho /Do juíz / Que está preso / P’lo nariz / Salta a pulga / Na balança / Dá umsalto / Até à França / Os cavalos / A correr / As meninas / A aprender /Qual será / A mais bonita / Que se irá / Esconder?

- Rimas para zombar das pessoas. Qual é coisa / Qual é ela / Que mal entra em casa / Se põe logo à janela?(o botão)

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AprenderRimas

- Textos rimados em português e nas línguasfaladas pelas crianças

- Rimas infantis em portuguêsportuguês e naslínguas faladas pelas crianças

Operacionalização

- O professor pede aos alunos para dizerem rimas infantis que conhecem1) Todos os alunos repetem.2) Batem o ritmo com palmas.3 ) Experimentam diferentes maneiras de dizer, sem desvirtuar o sentido original (depressa,devagar, todos ao mesmo tempo, em pequenos grupos, com gestos, movimentos, ...).

- O professor diz ou entoa uma rima1) Os alunos aprendem frase por frase, que repetem a seguir ao professor2) Acrescentam gestos, quando for o caso.

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- Trava-línguas. Perto daquele ripado / Está palrando um pardal pardo / - Pardal pardo,porque palras? / - Eu palro e palrarei, / Porque sou o pardal pardo /Palrador d’el rei.. O rato roeu a rolha da garrafa do rei da Rússia

- Lengalengas. A vida do macacoDo meu rabo fiz navalha / Da navalha fiz sardinha / Da sardinha fizfarinha / Da farinha fiz menina / Da menina fiz camisa / Da camisa fizviola / Ferrum, frum, frum que vou pr’ Angola

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AprenderCanções- Canções infantis nas línguas faladas pelascrianças- Canções infantis em português

Operacionalização

A canção é ponto de encontro de vários ingredientes, sendo cada uma das sessões que lhe sãodedicadas diferente, consoante o tipo de dificuldades a resolver. Algumas canções têmdificuldades rítmicas ou melódicas, outras de pronúncia do texto e da sua articulação entoada.Sugere-se que em cada sessão se recorde sempre o que se conseguiu na sessão anterior, antes deapresentar ou trabalhar uma nova canção. Outro aspecto a que o professor deverá dar atenção seráao registo escrito dos textos das canções, que poderá ser acompanhado por desenhos dos alunos.Estes registos podem fazer parte de um livro de canções da classe, que permite recordar o que seaprendeu em qualquer momento.

Aprender e ensinar uma canção depende mais do entusiasmo e vontade do que da musicalidadede quem ensina ou aprende. Cante e faça cantar os seus alunos, ajude-os a vencer as dificuldades,dando tempo aos que não o conseguem de imediato. Pode-se gostar de cantar e de o fazer comtodo o grupo, mesmo quando não se consegue ser perfeito. Não impeça nenhum dos seus alunosde participar por esse motivo.

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33 Canções infantis em português (sugestões)

- [Maria de Lurdes Martins (1991)]“A Barca Virou”, “Lá Vai Uma”, “Senhora Dona Anica”, “Pantaleão”,“Passa, Passa, Gabriel”, “Ó Terrá, Tá Tá”, “Que Linda Falua”, “Eu Fui aoJardim Celeste”, “Marcha Soldado (Brasil)”, “Rosa Branca”, “AsPombinhas da Catrina”, “A Machadinha”, “Ó Malhão”, “Ó seuLadrãozinho”, “Mata Tira”, “Dom Solidom”, “Na Ponte da Viola”, “ARolinha, Andou, Andou”, “O Senhor do Meio”, “A Galinha Pintada”,“Capelinha de Melão (Brasil)”, “Pombinha Rolinha (Brasil)”,“Barqueiro”, “Larau, Larito”, “Joga a Laranjinha”, “Ora Bate, Bate”, “AModa da Rita”, “Papagaio Louro”, “Indo Eu”, “A Loja do Mestre André”,“No Alto Daquela Serra”.

- [Michel Giacometti (1981)]“Disse o galo prá galinha”, “Lá vem a nau Catrineta”.

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Os 10 a 15 minutos diários dedicados a actividades musicais nos doisprimeiros anos de escolaridade podem, com vantagem, ser substituídos porsessões mais longas, até 30 minutos, a realizar duas vezes por semana. Oque não impede que se cante ou realize uma outra actividade musical doagrado dos alunos nos momentos considerados adequados pelo professor.Algumas das sugestões apontam de forma explícita para um trabalho

i n t e r d i s c i p l i n a r, nos trabalhos escritos e teatralizados, nos livros decanções e rimas, na audição de programas de rádio, na atenção aos saberesda comunidade, subordinando-se assim ao planeamento de actividades dasrestantes disciplinas. As festas e ocasiões especiais da vida escolar terãotambém um papel importante ao solicitar dos alunos a preparação deactividades musicais através de projectos específicos.

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3º e 4º Anos

AprenderSons vocais

- Utilizar, com gosto e a propósito, sonsvocais na ilustração sonora de textos ehistórias

- Reproduzir com maior precisão sons etexturas sonoras (ambientes) do meiopróximo e da natureza

Operacionalização

- Os textos e histórias, em prosa ou em verso, devem ser escolhidos pelo professor tendo ematenção as suas potencialidades para serem sonorizados, lidos de forma expressiva e entoados. Ostextos adiante transcritos pertencem a uma colectânea de poesias para crianças dos países onde sefala português [Andresen (1991)]. O professor deverá lê-los aos alunos, propondo a sua realização dediversas formas:1) Ditos em simultâneo por toda a classe, depois de se ter encontrado o ritmo próprio para cadaverso2) Dividir a classe em grupos, em que um fará a sonorização, e os outros os diferentespersonagens e a narração3) Registo escrito das decisões tomadas

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O Mostrengo O mostrengo que está no fim do marna noite de breu ergueu-se a voar;À roda da nau voou três vezes,voou três vezes a chiar,e disse, "Quem é que ousou entrarnas minhas cavernas que não desvendo,meus tectos negros do fim o mundo?"E o homem do leme disse, tremendo,"El-Rei D. João Segundo!"

"De quem são as velas onde me roço?De quem as quilhas que vejo e ouço?"Disse o mostrengo, e rodou três vezes,três vezes rodou imundo e grosso,"Quem vem poder o que eu só posso,que moro onde nunca ninguém me vissee escorro os medos do mar sem fundo?"E o homem do leme tremeu, e disse,"El-Rei D. João Segundo!"

Três vezes do leme as mãos ergeu,três vezes ao leme as reprendeu,e disse ao fim de tremer três vezes,"Aqui ao leme sou mais do que eu:sou um Povo que quer o mar que é teu;e mais que o mostrengo que me a alma temee roda nas trevas do fim do mundo,manda a vontade, que me ata ao leme,de El-Rei D. João Segundo!"

Fernando Pessoa (Portugal)

Trem de Ferro

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Café com pão Café com pãoCafé com pão

Virgem Maria que foiisto maquinista?

Agora simCafé com pãoAgora simVoa, fumaçaCorre, cercaAi seu foguistaBota fogoNa fornalhaQue eu precisoMuita forçaMuita forçaMuita força

Oô...Foge, bicho

Foge, povoPassa pontePassa postePassa pastoPassa boiPassa boiadaPassa galhoDe ingazeiraDebruçadaNo riachoQue vontadeDe cantar!

Oô...Quando me prenderoNo canaviáCada pé de canaEra um oficiá

OôMenina bonitaDe vestido verde

Me dá tua bocaPra matá minha sede

Oô...Vou m’imbora voum’imboraNão gosto daquiNasci no sertãoSou de OuricuriOô...

Vou depressaVou correndoVou na todaQue só levoPouca gentePouca gentePouca gente

Manuel Bandeira(Brasil)

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Quero ser tambor Tambor está velho de gritarÓ velho Deus dos homensdeixa-me ser tamborcorpo e alma só tamborsó tambor gritando na noite quente dos trópicos

Nem flor nascida no mato do desesperoNem rio correndo para o mar do desesperoNem zagaia temperada no lume vivo do desesperoNem mesmo poesia forjada na dor rubra dodesespero

Nem nada!

Só tambor velho de gritar na lua cheia da minhaterraSó tambor de pele curtida ao sol da minha terraSó tambor cavado nos troncos duros da minha terra.

EuSó tambor rebentando o silêncio amargo da MafaldaSó tambor velho de sentar no batuque da minhaterraSó tambor perdido na escuridão da noite perdida

Ó velho Deus dos homenseu quero ser tambor

E nem rioe nem flore nem zagaia por enquantoe nem mesmo poesiaSó tambor ecoando como a canção da força e da vida

Só tambor noite e diadia e noite só tamboraté à consumação da grande festa do batuque!Ó velho Deus dos homensdeixa-me ser tambor!

José Craveirinha (Moçambique)

Nota: Os textos e poemas atrás transcritos poderão ser complementados ou substituidos por outros.

O professor procurará, de colaboração com o professor titular, seleccionar em livros e revistas os

textos que melhor sirvam os seus propósitos e as necessidades dos seus alunos.

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Rimas em português (sugestões)

O laranjal (romance) Indo eu por’i abaixo,À procura dos amoresEncontrei um laranjalCarregadinho de floresDeitei-me à sombra deleP’ra que não me queimasse o solEspertei descoradinhaAo cantar do rouxinol

- Rouxinol que tão bem cantasOndes foste aprender?- Ao palácio da raínha,Onde o rei estava a escrever.O rei estava na varandaA raínha no quintal;Atiravam-se um ao outroCom pedrinhas de cristal

AprenderRimas- Memorizar rimas

- Modificar rimas que conhece

Operacionalização

O domínio das rimas infantis permite aceder a textos da tradição oral mais longos ecomplexos, que, depois de trabalhados pelo professor, poderão ser memorizados pelos alunos(pelos menos algumas partes).

As rimas permitem ainda o desenvolvimento de actividades complementares, de que se dãoalguns exemplos:- Teatralização[Costa (1992: p. 166)]

1) Reconhecer personagens ou rimas infantis expressas através da mímica2) Caracterizar personagens de rimas através de expressões, gestos e/ou movimentos (modo deandar, por exemplo)3) Mimar uma personagem ou uma situação4) Representar uma rima através de mímica5) Encenar e representar uma rima infantil narrativa (romance, por exemplo)

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Casamento da franga (lengalenga)(adaptação de Jaime Cortesão)

Diz o galo para a galinha:- Quando casaremos a nossa filhinha?Casaremos, ou não casaremos:Agora o noivo, d’onde o arranjaremos?

Salta o Gato do seu mural:- “Eu estou pronto para me ir casar.”- Agora o noivo já nós cá temos;agora a madrinha, d’onde a arranjaremos?

Salta a Cabra da sua casinha;- “Eu estou pronta p’ra ser a madrinha.”- Agora a madrinha, já cá nós temos;Agora o padrinho, d’onde o arranjaremos?

Salta o Rato do seu buraquinho;“Eu estou pronto p’ra ser o padrinho.”- Agora o padrinho, já nós cá temos; Agora o padre, d’onde o arranjaremos?

Salta o escaravelho do seu escaravelhar“Eu estou pronto para os ir casar.”- Agora o padre já nós cá temos.Agora o chibo, d’onde o arranjaremos?

Salta o Lobo do seu lobal:“Eu estou pronto p’ró chibo dar.”Chibo já nós cá temos; Agora o vinho, d’onde o arranjaremos?

Salta o mosquito, do seu mosquital:“Eu estou pronto p’ró vinho dar.”- Agora o vinho, já nós cá temos;Agora o trigo, d’onde o arranjaremos?

Salta o pardal, do seu ninho estar:“Eu estou pronto p’ra o trigo dar.”

Acabou-se a boda com tal desatino;Veio o noivo, engoliu o padrinho.

36 Canções em português (sugestões)

- [Maria de Lurdes Martins (1991)]“Eu Fui à Baía (Brasil)”, “Ti’anica”, “O Ladrão doNegro Melro”, “Pirolito (Brasil)”, “Teresinha de Jesus(Brasil)”, “Ainda Não Comprei (Brasil)”, “Peixe Vi v o(Brasil)”, “A Pomba”, “A Agulha (Brasil)”, “Ó Ciranda”.

- [Raquel Simões (s/d, pp 101 a 125)]“Os passarinhos”, “Os olhos da Marianita”, “Ó Minhaamora madura”, “A oliveira da serra”, “Olá papagaio”,“ Tr a i - t r a i ” .

- [Michel Giacometti (1981)]“Dorme, dorme, meu menino”, “Ó, ó menino, ó”, “Lá vaio comboio, lá vai”, “Senhora do Almortão”,“Sant’António se levantou”, “Senhores donos da casa”,“O milho da nossa terra”, “Faixinha verde”, “Vóschamais-me moreninha”, “Não se me dá que vindimem”,“As guerras se apregoaram”, “Estando a D. Infanta”, “Tuque tens, ó D. Fernando”, “São Macário deu à costa”,“Meu lírio roxo do campo”, “Era ainda pequenina”, “Fui-te ver, ‘stavas lavando”, “Meu amor me deu um lenço”,“O anel que tu me deste”, “Tristes novas me vieram”.

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A estreita relação entre música e movimento é uma constante q u epodemos encontrar nas culturas e povos de todo o Mundo, reflectindo-s emesmo, por vezes, na utilização de uma mesma palavra paramúsica/dança. Aprender música é simultaneamente aprender com o corpo,quer se trate de tocar instrumentos, cantar ou dançar (em algumas línguasdiz-se “dançar” o instrumento). É também aprender os ciclos de 8, 12, 16 emais pulsações e as frases rítmicas de referência que estruturam amúsica.

A percussão corporal e a géstica devem por isso ser entendidas comodois dos meios mais adequados ao ensino do que de mais essencialcaracteriza as formas próprias da música/dança.

O professor não precisa de ser um especialista, nem de conhecer no seu

pormenor a riqueza das escolas tradicionais e dos seus processos detransmissão de saberes musicais. Compete-lhe, no entanto, tirar partidodos jogos rítmicos tradicionais e ensinar algumas das actividades sugeridasno programa de actividades. Há, aliás, inúmeros pontos de encontro entreas mais recentes metodologias de ensino musical ocidental e as formas deensinar música em comunidades de todo o Mundo, permitindo umafecunda utilização de propostas decorrentes de ambas.

Visa-se proporcionar aos alunos o domínio rítmico do corpo, enquantoinstrumento musical, e a capacidade de expressar e comunicar, pelomovimento e pela dança, variáveis musicais.

2. CORPO

Motivo musical: Pequenas células rítmicas ou melódicas, de sons vocais ou instrumentais,

passíveis de serem isoladas, à semelhança das palavras ditas ou escritas.

Percussão corporal: Conjunto de sons musicais produzidos directamente pelo corpo sem o recurso

a instrumentos e excluindo os sons vocais.

Pulsação: Termo derivado do latejar rítmico das artérias no pulso. À semelhança da pulsação

cardíaca, diferente de pessoa para pessoa, a pulsação musical é indicada pelo número de

pulsações por minuto, permitindo aos músicos conhecerem com precisão a velocidade das músicas

que tocam.

Nota:

Tentou-se limitar ao mínimo a utilização de termos musicais menos familiares aos professores.

Ainda assim foi-nos difícil não recorrer a alguns, de que se dão, abreviadamente, os respectivos

significados.

Frase musical: Sequência de sons e silêncios, vocais ou instrumentais, que constituem uma unidade

musical, com um sentido mais ou menos completo, à semelhança das frases constituídas por

palavras, ditas ou escritas.

Géstica: Conjunto de sinais e gestos corporais utilizados para comunicar variáveis musicais.

Inicia-se pela movimentação corporal livre a partir de estímulos musicais, sendo ainda facilitada

pela dança e pelo movimento expressivo. Os gestos e sinais ganham assim precisão e significado,

sendo um dos recursos fundamentais para a coordenação de grupos musicais.

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1º e 2º Anos

AprenderPercussão corporal

- Formas elementares de percussão corporal. Jogos de imitação[Martins (1987, 15-20)]

Operacionalização

Os ritmos sugeridos permitem ao professor compreender qual o seu papel no desenvolvimentorítmico dos alunos. De início, ao mesmo tempo que o professor (imitação em simultâneo),passando depois a fazê-los a seguir ao professor (imitação em diferido). Haverá uma naturalcomplexidade dos ritmos propostos ao longo do ano escolar.

Nota: A notação utilizada para escrever os ritmos é para uso exclusivo do professor, nas 1ª e 2ª classes. Os alunos aprendem por

imitação do professor, de início, podendo gradualmente inventar motivos e frases rítmicas que o professor poderá registar,

utilizando os símbolos propostos.

Os jogos rítmicos devem ser realizados com uma pulsação rápida (120 a 150 pulsações por minuto), sugerindo-se que o professor

tome como referência o dobro das pulsações normais de um adulto (pulso a ~ 70 pulsações por minuto).

A maior parte dos jogos e actividades de percussão corporal e gésticadeve ser realizada em estreita relação com a voz.

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Motivos rítmicos elementares (em simultâneo) com palmas

(x = som; • = pulsação em silêncio)

a) x x x • x x x • etc.b) x • x x x • • • x • x x x • • • etc.c) x x x x x • • • x x x x x • • • etc.d) x • • • x • • • etc.e) x • • x x • • • etc.

Motivos e frases rítmicas elementares (em diferido) com palmas, estalosde dedos, joelhos ou pés(o número 8 indica um ciclo de 8 pulsações)

a) prof. x • x • x • • • • • • • • • • • x • x x x • • • • • • • • • • •8 etc.aluno • • • • • • • • x • x • x • • • • • • • • • • • x • x x x • • •

b) prof. x • x x x • x x x • x • x • • • • • • • • • • • • • • • • • • •16aluno • • • • • • • • • • • • • • • • x • x x x • x x x • x • x • • •

prof. x • x • x • x x x x x x x • • • • • • • • • • • • • • • • • • •16 etc.aluno • • • • • • • • • • • • • • • • x • x • x • x x x x x x x • • •

Frases rítmicas

D - Estalos de dedosM - Palmas (mãos)J - Joelhos (palmadas nos joelhos)P - Pés (bater com os pés no chão)Nota: Os dois pontos (:) são o sinal de repetição

a) M x x x x x x x x • • • • • • • •16 : :J • • • • • • • • x • x • x • • •

b) M • • • • • • • • x • x • x • • • 16 : :P x x x • x x x • • • • • • • • •

c) D x • x • • • • • • • • • • • • • 16 : :M • • • • x x x • • • • • • • • •16 : :J • • • • • • • • x x • x x • • •

d) D x • x • x • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 32 : :M • • • • • • • • x x • x x • • • • • • • • • • • • • • • • • • •32 : :J • • • • • • • • • • • • • • • • x x x x x • x • x• • • • • • •

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3º e 4º Anos

Aprender

- Memorização de frases rítmicas decomplexidade crescente[Wuytack (1970): 13-19]

Operacionalização

- O professor ensina as frases rítmicas 1) Faz a frase completa2) Divide-a em partes, ensinando uma de cada vez3) Junta as partes Nota: Estes ritmos podem ser também realizados com instrumentos que se juntam à percussão corporal.

Visa-se o domínio do corpo enquanto instrumento musical e naexpressão/comunicação de variáveis musicais. Em cada uma das duassessões semanais sugeridas, de 30 minutos, os alunos deverão ser solicitadosa utilizar os recursos percutivos do corpo, de forma pessoal e criativa,realizando, recriando e inventando acompanhamentos para as músicas

vocais e instrumentais. Podem também utilizar as notações rítmicas. Os gestos serão mais precisos, permitindo o controlo de grupos de

colegas, em variantes do jogo da orquestra. A memorização e audiçãointerior de frases rítmicas de complexidade crescente permite avaliar osprogressos realizados.

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Frases rítmicas com palmas

(tt = dois sons numa pulsação)

a) 8 x • x • x x x • x x x x x • x •

b) 8 x x x • x x x • x x • x x • • •

c) 8 x • • x x • • x x • x x x • x •

d) 8 x x • x x x • x x • x • x • • •

e) 8 x • x • x x x x tt tt tt tt x • • •

f) 8 x x • x • x • x x x x x x • • •

g) 12 x • x x • x x x x x x x x • x x • x x • x x • •

h) 12 x x • x x • x • x x x x x tt x x tt x x x • x • •

i) 12 x tt tt x tt tt x x x x • x x tt tt x tt tt x x x x • •

j) 12 x • • x • x x x x tt tt tt x • • x x x x • x x • •

Frases rítmicas utilizando várias sonoridadesa) D • • • • • • • • x • x • • • x • • x • x • • x • • • • • x • • •

16 : :M • • x • • x x • • • • • • • • • • • • • x tt x x • • • • • • • • 16 : :P x • • • x • • • • • • • x • • • x • x • x • • • • • • • x • • •

b) D • • • • • • • • x • x • • • • • • • • x • • • • • • • • • • • • x • x • • • • • • • • • • • • • 24 : :M • • x x x • • • • • • • • x x x x x • • • • • • • • x x x • • • • • • • • x x x x x x • • • • • 24 : :P x • • • • • x • • • • • • • • • • • x • • • x • x • • • • • x • • • • • • • • • • • x • • • • •

c) D • • • • • • • • • • x • • • x • • • • • • • • • • • x • • • • • 16 : :M x x • x x x •x • • • • • • • • • x x x x x x x • • • • • • • • 16 : :P • • • • • • • • x • • • x • • • x • • • • • • • • • • • x • • •

d) D x x x x x • • • • • x x x x x • • • • • x • • x x • • • • • • • • • • • • • • •20 : :M • • • • • • x x • x • • • • • • x • x • • • • • • • x x x x x tt x x x x • • • • 20 : :P • • • • • x • • x • • • • • • x • x • • • x x • • x • • • • • • • • • x • • • •

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Je=Joelho esquerdo; Jd= Joelho direitoe= mão esquerda ; d= mão direita

e) Jd • • d • e • d • • d e d e d e d • • d • e • d • • d e d • • • • 16 Je e • • • • • • • e • • • • • • • e • • • • • • • e • • • e • • •

f) D • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • x • • • 32M • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •32Jd d • • • d • • • d • • • d • • • d • • • d • • • • • • • • • • •32Je • e d e • • • • • e d e • • • • • e d e • • • • • • • • • • • •3P • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • x • x • • • • • • •

D • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • x • • •

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Jd • • • • • • • • • • • • • • • • d • • • d • • • • • • • • • • •

Je • • • • • • • • • • • • • • • • • e d e • • • • • • • • • • • •

P • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • x • x • • • • • • •

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g) D • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • x • x • • • • • • • • • • • • • • • x • x • • • • • • • 24M • • • • • • • • • • • • • • x x x • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • x • • • • •24Jd d • • • • • d • • • • • • • • • • • • • • • • • d • • • • • d • • • • • • • • • • • • • • • • •24Je • e d e d e • e d e d e • • • • • • • • • • • • • e d e d e • e d e d e • • • • • • • • • • • •24P • • • • • • • • • • • • x • • • • • x • • • • • • • • • • • • • • • • • x • • • • • • • • • • •

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1. A presença de uma pulsação de referência mental (não explícita)consistindo em unidades de pulsação iguais habitualmente muito rápidas. 2. As formas musicais organizam-se de modo a que os motivos e temas sedesenvolvam de acordo com um número regular dessas pulsaçõeselementares, habitualmente ciclos de 8, 12, 16, 24 pulsações ou os seusmúltiplos. Mais raramente de 9, 18 ou 27 pulsações.

Algumas pulsaçõs são tocadas, permitindo aos músicos saberem ondeestá o início e o final do ciclo.

Exemplos:

3. Os ciclos podem ser divididos de mais do que uma maneira, permitindoassim a combinação simultânea de unidades métricas diferentes. Porexemplo, o número 12 pode ser dividido por 2, 3, 4 e 6. Exemplo:

12 x • • x • • x • • x • • 1º instrumento ou palmas: :

12 x • x • x • x • x • x • 2º instrumento ou palmas ::12 x • x x • x • x • x x • 3º instrumento ou palmas

: :12 x • x x x x x x x x x • Ritmo resultante

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Operacionalização

O professor deverá, sempre que possível, contar com a colaboração de músicos e jovens ouadultos conhecedores das formas próprias de ensinar ritmos. Os sistemas de divisão do tempoem música baseiam-se, pelo menos, em cinco conceitos fundamentais: [Kubik (1981)]

Ciclo(nº de pulsações)

812162024

Estruturado ciclo

3+55+77+99+11

11+13

Notação(x = palma ou som instrumental

• = pulsação)

[x x• | x• x x • ][ x • x x • | x • x • x x •]

[ x • x • x x • | x • x • x • x x • ][ x • x • x • x x •| x • x • x • x • x x • ]

[ x • x • x • x • x x • | x • x • x • x • x • x x • ]

Aprender

- Colaboração da comunidade (pais, jovens eadultos conhecedores)

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4. Motivos com o mesmo número de pulsações podem ser conjugados entre side tal forma que os seus pontos de início se cruzem (ritmos cruzados). Emalguns casos eles cruzam-se de tal forma que ficam entrelaçados, não havendoduas notas a soar em simultâneo (combinação entrelaçada). Exemplo:

12 x • • x • • x • • x • • 1º instrumento ou palmas

12 x x • x x • x x • x x • 2º instrumento ou palmas

12 x x x x x x x x x x x x Ritmo resultante

5. Em algumas culturas existe um outro conceito de tempo: as designadasfrases rítmicas de referência. São curtas, habitualmente com um únicosom, de estrutura assimétrica, tocadas num sino, garrafa, ou num tamboragudo, no corpo do tambor ou com palmas. Uma frase rítmica dereferência é o coração estruturante de uma peça musical, algo como arepresentação condensada das possibilidades de movimento e ritmo àdisposição dos executantes (músicos ou bailarinos). Cantores,instrumentistas e bailarinos sabem os seus limites quando escutam asbatidas da frase rítmica de referência, que se repete sem alterações develocidade durante toda a execução. Exemplos:

a) 12 x x • x • x x • x • x •

b) 16 x x • x • x x • x • x • x • x •

c) 16 x x • x • x • x x • x • x • x •

Os motivos musicais são habitualmente concebidos como frases verbaisem muitas culturas. O mesmo é válido para os motivos de movimento. Porexemplo, as maracas são ensinadas com sílabas como cha-cha-cha-cha ouKa-cha-ka-cha-ka-cha, dependendo do motivo que se espera que o alunotoque. O exemplo seguinte é uma mnemónica cuja estrutura fonéticacontém o timbre, ritmo e acentuações que estruturam o motivo que deveser tocado numa maraca.

ma cha ki li ma cha ki li ma: :

pulsação 8 • • • • • • • •: :

maraca na mão x • • • x • • •

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Utilização directa de materiais e objectose

Fontes sonoras elementares

Os materiais e objectos ao alcance dos alunos têm forma, cor, peso, porvezes cheiro e sabor. E também são potencialmente s o n o ro s. É o quequeremos dizer quando falamos de utilização directa de materiais eobjectos.

As fontes sonoras elementares são o resultado das experiências deobtenção de som com materiais e objectos. A escolha que se faz dos quemelhor servem e a sua transformação, se necessária, através de operaçõessimples de desbaste, corte, colagem, junção com cordas ou pregos,isolamento acústico e outras, permitem aos alunos conhecerem alguns dossegredos do som instrumental.

Há que distinguir numa fonte sonora elementar o que soa (vibrador),como é que se pode provocar o som (excitador) e modificá-lo (ressoador).Os vibradores podem ser corpos sólidos (de madeira, metal, pedras, ...),flexíveis (peles, plásticos, cordas e fibras vegetais, ...) ou gasosos ( acoluna de ar que está dentro de uma flauta, por exemplo).

Para obter som, há que excitar os vibradores, daí o nome de excitador.São as mãos e os dedos, os paus, os arcos, o sopro do músico e mesmo ovento, quando faz soar as folhas das árvores e ramos secos ou a água do

mar e dos rios, quando faz rolar pedras ou bate em concavidades.Os re s s o a d o re s permitem modificar o som dos v i b r a d o re s. São as

cabaças e as caixas de madeira dos instrumentos de corda, os corposcilíndricos onde se prendem as peles dos tambores, as canas de bambu ouos tubos de papelão que se colocam por baixo de lâminas de madeira oumetal, para aumentar a intensidade sonora e modificar o timbre, o troncode bananeira para isolar os vibradores.

O resultado sonoro depende sempre destes três componentes - vibrador,excitador e ressoador - e da habilidade de os dosear. É assim que seconseguem resultados surpreendentes com uma simples cana de bambu ouuma corda presa a um coco.

Por fim, há que tirar partido do que se escolheu ou construiu. A sfontes sonoras são para fazer música. Devem também ser personalizadas,com o recurso às tecnicas de expressão plástica conhecidas dos alunos.

Brinquedos e instrumentos musicais

O recurso a brinquedos e instrumentos musicais na escola poderá sergerador de actividades musicais e interdisciplinares do maior interessepedagógico.

Serão raros os povos que não têm formas próprias de proporcionar às

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3. INSTRUMENTOS

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novas gerações a u t i l i z a ç ã o e c o n s t rução de brinquedos musicais p a r ajogos, brincadeiras e actividades em que as crianças prestam um pequenoserviço ou desempenham tarefas ao seu alcance na família e nacomunidade. Alguns brinquedos musicais são feitos para festas ecerimónias do ciclo anual, com materiais frágeis (folhas, canas, papéis)que rapidamente se deterioram. Outros, mais duráveis, são utilizadosdurante algum tempo, cedendo gradualmente lugar a i n s t ru m e n t o smusicais, quando chega o tempo e idade próprios. Ao professor competeconhecer e decidir quais os brinquedos musicais que podem ser utilizadosna escola, pedindo a colaboração da comunidade, que deverá serrespeitada nos seus usos e costumes, nomeadamente no que é consideradomais ou menos próprio para as crianças de determinada idade.

Os i n s t rumentos musicais são parte integrante da identidade e culturamaterial dos povos, estando por vezes o seu uso sujeito a regras einterdições a que o professor deverá estar atento. Algumas escolas estãoainda inseridas em comunidades que promovem de forma eficaz aaprendizagem musical e instrumental, cabendo ao professor encontrar

formas equilibradas e sensatas de tirar partido desses saberes, que devem“visitar” a escola. Alguns desses instrumentos podem mesmo vir a integraro equipamento pedagógico da escola.

Deve também, se possível, promover o contacto com instrumentosmusicais de âmbito nacional e de outras culturas, recorrendo a gravações,textos e imagens.

A construção de instrumentos musicais com fins pedagógicos, mesmoque não inseridos nas tradições locais, é desejável, podendo sempreadaptar-se aos materiais mais acessíveis na comunidade.

As sugestões de actividades da rubrica Instrumentos prestam-se a serrealizadas sob a forma de projectos, com uma determinada duração eobjectivos a atingir, a par de uma preparação prévia (do espaço emateriais) pelo professor, como se refere adiante.

A motivação dos alunos poderá ser facilitada se o professor trouxerpara a escola algumas fontes sonoras elementares ou instrumentosmusicais feitos por si, exemplificando a sua utilização e referindo osmateriais e processos da sua construção.

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As experiências com materiais e objectos sonoros e a utilização debrinquedos e instrumentos musicais podem ser consideradas como deapoio ocasional às actividades da voz e do corpo. Prestam-se a serem

programadas em pequenos projectos com o máximo de 3 dias de duração esessões diárias de 15 a 30 minutos, incluídas no tempo diário dedicado aactividades musicais. Sugere-se a realização de 3 projectos anuais.

1º e 2º Anos

AprenderUtilização directa de materiais e objectos

- Potencialidades sonoras de materiais eobjectos

Operacionalização

- O professor experimenta com os alunos a sonoridade de materiais e objectos da sala de aula etrazidos pelos alunos1) Solicitar aos alunos a recolha de pedras lisas, pedaços de madeira e caniços, pedaços de metal,garrafas de vidro e plástico, latas vazias (de bebidas, farinhas, ...), tubos ocos de papelão ou deplástico, etc,.Nota: Limpar e secar bem. Os metais com ferrugem não devem ser usados.

2) Arrumar por tipos de material em caixas de papelão3) Propor várias formas de obter som: entrechocar, percutir, esfregar, sacudir, pendurar, soprar, ...4) Seleccionar os materiais e objectos preferidos dos alunos pela sua sonoridade. Decorá-los,recorrendo a técnicas de expressão plástica adequadas.

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Experiências elementares de acústica instrumental[Kaner (1993)]

- O som das garrafas (colunas de ar postas em vibração pelo sopro)1) São necessárias 5 a 8 garrafas de vidro ou plástico grandes. Coloque-

as em cima de uma mesa, alinhadas. Deite água na 1ª até atingir cerca de 8cm de altura. As garrafas seguintes devem ficar com 10 cm, 12 cm, etc.

2) Ensine os alunos a soprar no gargalo para pôr o ar dentro da garrafa avibrar e obter som. A borda do gargalo fica encostada ao lábio inferior e osopro deve ser dirigido para o rebordo oposto. Quanto mais água tiveremas garrafas, mais agudo é o som.

3) Acrescente e retire pequenas quantidades de água às garrafas atéconseguir os sons necessários para tocar uma melodia ou cançãoconhecida. Cada aluno fica com uma garrafa, que toca na altura própria.

Nota: Com garrafas de vidro, é possível verificar um fenómeno curioso. Quando se percutem

com um pauzinho, o som é muito diferente do que se obtem soprando, por ser o vidro que é posto

em vibração e não a coluna de ar. Quanto mais água tiverem as garrafas, mais grave é o som. É

possível fazer um instrumento com garrafas afinadas percutidas.

- E m p a relhar caixas que soam (timbres diferentes, dependendo domaterial utilizado)

1) São necessárias duas caixas pequenas ou latas de refrigerante paracada aluno. Todas as latas devem ser iguais. Na base, o aluno escreve oseu nome.

2) As duas latas devem ter dentro o mesmo tipo e quantidade dematerial para terem o mesmo som. (p.e., pedrinhas pequenas, areia,sementes, sal, ...)

3) O jogo consiste em o professor misturar sobre uma mesa as caixas de5 alunos (5 pares) e pedir a um aluno de cada vez para vir formar um par.O jogo termina quando todos os pares forem encontrados

Nota: Podem surgir pares de latas com sons idênticos ou muito parecidos feitos por alunos

diferentes.

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A construção de fontes sonoras elementares deverá ser realizada sob aforma de projecto, com sessões diárias suficientemente longas (mínimo de60 minutos) para se terminarem os trabalhos. Sugere-se uma cuidadapreparação das condições materiais e organização da classe que permitaobter os produtos previstos no máximo de 3 sessões, ao longo de uma ouduas semanas. Sugere-se a realização de 3 projectos anuais.

As duas sessões semanais de 30 minutos farão apelo à utilização dasfontes sonoras elementares resultantes e dos instrumentos musicaisdisponíveis, à semelhança da percussão corporal, realizando, recriando einventando músicas instrumentais, acompanhamentos para as músicasvocais e ilustração sonora de textos e histórias, de forma pessoal e criativa.

3º e 4º Anos

Aprender

- Fontes sonoras elementares

- Instrumentos musicais

Operacionalização

As fontes sonoras elementares, de que se juntam desenhos e indicações de construção, são,pela sua simplicidade, adaptáveis aos materiais locais. Como ferramentas, previmos uma pedra(ou martelo) para pregar e uma faca afiada para desbastar, cortar ou furar. Os buracos em canaspodem ser feitos com um ferro aquecido em brasa. O professor deve acompanhar os alunos nautilização das ferramentas, até serem autónomos.

Os desenhos dos instrumentos sugeridos mostram o que é necessário para os fazer, adaptando-os às condições locais. O professor deverá ajudar os alunos na escolha dos materiais e na suaconstrução. Tocá-los é o mais interessante, podendo haver novas experiências de construção paraobter uma determinada sonoridade

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Uma folha entre os polegaresEncoste os lábios no sítio onde os polegares deixam um espaço livre esopre. As mãos fazem de caixa de ressonância.

Palheta de canaProcure uma palha ou cana fina e faça um golpe na direcção do nóaberto. A parte levantada é a palheta, que deve ficar dentro da bocaquando sopra.

Apito de águaNuma cana fina, faça um bisel e coloque uma rolha. Coloque-onuma cana maior, onde se põe água. Para tocar, sopra-se no bisel.

L a t a(ou coco) com cordaUma lata ou coco e um pau. Faça um furo com um prego e prenda a cordapelo lado de dentro, com nós ou um botão. O pau tem um entalhe onde acorda fica presa, não muito apertada, para poder girar. Toca-se, segurandoo pau com uma das mãos puxando-o até a corda ficar tensa. A outra mãosegura a lata. Dedilha-se a corda com os dedos de uma das mãos, fazendovariar o som com a maior ou menor força com que se puxa o pau. Pode-setambém tocar fazendo a lata girar num círculo, cujo centro é o pau seguronuma das mãos.

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Fontes sonoras elementares

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Lata com elásticos (ou cordel fino)Uma lata pequena, 6 elásticos ou cordel fino e duas canas.Os elásticos dão a volta à lata, passando por cima das canas. Ospedacinhos de cana por baixo dos elásticos servem para afinar as cordas.Toca-se com os dedos ou com um pauzinho em cada mão.

Xilofone de duas notasDuas tábuas pequenas de 15 a 30 cm de comprimento. Toca-se com um pau.Nota: Pode-se também fazer com canas de bambu (três canas cortadas, como mostra o desenho)

Latão com cordaUm latão grande (40 a 50 cm de altura e mais de 20 cm de diâmetro),uma corda e um pau. Toca-se segurando o pau com uma mão na

extremidade onde está atada a corda e dedilhando a corda com a outramão. O latão fica seguro com um pé ou joelho do aluno, colocado na basesuperior.

LixasDois pedaços de madeira e uma folha de lixa. Cole ou pregue a lixa namadeira. Toca-se esfregando uma na outra.

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Xilofone de teclas soltasSão necessários dois troncos de bananeira (ou dois pedaços de esferovitecom forma idêntica), dois rolos de palha atados (por baixo das tábuas),tábuas e vários pauzinhos.O comprimento de cada tábua condiciona a altura do som, sendo a maior aque tem o som mais grave.

Tambor de águaDuas cabaças cortadas ao meio, água e dois paus. Toca-se percutindo ascabaças que boiam na água.

AssobioUm pedaço de cana de bambu de 5 a 7 cm de comprimento e 1,5 a 2,5 cmde diâmetro. Um tubo fino de cana.Os dedos do polegar e indicador, tapando e destapando as extremidades dacana, fazem variar a altura do som.

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Alguns instrumentos musicais de construção simples

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Flautas de bisel de vários tipos (globulares, transversal e em tubos separados)Bambus e esferas vegetais ocas. Os buracos são abertos com um ferro embrasa. Nas flautas em forma de esfera, o buraco maior serve para soprar.

Cítara de tábuaArame fino ou fio de nylon e uma tábua. O arame ou fio é atado noespigão e passa por todos os buracos da tábua, atando-se a ponta no últimoburaco. O travessão de madeira ou cana, oblíquo em relação às cordas,serve para fazer variar a afinação. Os pedacinhos de madeira ou cana, porbaixo de cada uma das cordas, servem para fazer pequenos ajustes deafinação. A cabaça serve para amplificar o som (ressoador). To c a - s eabafando as cordas que não se querem ouvir com os dedos.

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R e p resentar o som quer dizer escrever símbolos e sinais (n o t a ç ã om u s i c a l) e utilizar grafismos (linhas, manchas, pontos, imagens...), quesignificam, com maior ou menor precisão, acontecimentos sonoros ouprocedimentos instrumentais.

O registo gráfico é o prolongamento natural do gesto e do movimento.Ao propor que as primeiras experiências sejam livres, visamos permitir aosalunos encontrar os grafismos que lhes servem no momento para selembrarem das suas experiências sonoras e musicais. Ao falarem do quefizeram com os colegas e o professor, adquirem vocabulário adequado emelhoram os processos de escrita.

O professor poderá também propor textos musicais com sinais esímbolos simples, que, de início (1ª e 2ª classes), representam situações(vocais e instrumentais) realizadas, dando lugar nas 3ª e 4ª classes apropostas a realizar, levando os alunos a descobrir o que se pretende apartir de partituras e tablaturas.

O contacto com textos musicais publicados em livros e revistas, mesmoquando os alunos e o professor não conhecem o seu significado natotalidade, é recomendado. A partitura de uma canção, que se coloca nol i v ro de rimas e canções, contribui para familiarizar os alunos com aescrita musical e pode despertar o seu interesse em a aprender.

Nota:

Notação musical: conjunto de sinais convencionais que se destinam a fixar por escrito os sons

musicais e a sua interpretação.

Partitura: Quadro que possibilita a leitura separada de várias partes vocais e instrumentais de uma

obra musical ou a leitura simultânea, pela sobreposição das partes, com linhas verticais de

referência comuns.

Tablatura: Disposição em forma de tabela de letras, números e outros símbolos, permitindo

visualizar os procedimentos motores necessários à execução de instrumentos musicais (onde se

inclui a percussão corporal). Pode também recorrer a sinais convencionais da notação musical em

complemento aos procedimentos instrumentais.

Textos musicais: Designação genérica das indicações gráficas necessárias à execução de obras

musicais. Pode incluir partituras, tablaturas, textos explicativos e imagens.

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4. REPRESENTAÇÃO DO SOM

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A representação gráfica livre das actividades musicais, a par dautilização de vocabulário adequado, são parte integrante das actividadesdecorrentes da voz, corpo e instrumentos. A título indicativo, sugere-seque uma das sessões diárias, em cada semana, solicite os alunos nessesentido.

a) A criação de texturas sonoras simples (com sons vocais, imitando ovento, a chuva, profissões, etc,) podem, depois de realizadas, serrepresentadas pelo professor no quadro da sala.

A textura sonora (vento, chuva, p. ex.) é feita por todos os alunos queseguem as indicações gestuais do professor. Durante cerca de 30 segundosé possível imaginar o início, crescimento e desaparecimento do som que setenta imitar.

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1º e 2º Anos

Aprender

- Representar de forma livre experiênciasmusicais

Operacionalização

- O professor pede aos alunos para fazerem desenhos, pinturas, colagens ou construções querepresentem os trabalhos de voz, corpo e instrumentos. As bolas, pontos, linhas e traços, a cor, asformas geométricas, o desenho dos instrumentos, são alguns dos meios a que os alunos recorrem.

Sugestões de representação de experiências sonoras realizadas pelos alunos

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O professor pode repetir o jogo utilizando um desenho (partitura) emvez dos gestos. Os traços e pontos representam a maior ou menordensidade sonora, servindo os números para indicar a divisão do tempo deduração em seis partes iguais. Com a mão ou um ponteiro percorre odesenho da esquerda para a direita, durante cerca de 30 segundos, avelocidade constante, indicando aos alunos a parte em que se encontram.

b) Partitura de uma lengalenga infantil, entoada com dois sons (agudo egrave), com indicação das sílabas onde se batem palmas.

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O professor desenha no quadro algumas das situações sonorasexperimentadas com os alunos, na realização de sons fortes, fracos esilêncios. Com a mão ou o ponteiro, percorre o desenho da esquerda para adireita.

d) Representação de pequenos motivos e frases rítmicas

O professor utiliza pedras ou sementes de dois tamanhos (pequeno egrande) para representar motivos e frases rítmicas anteriormente feitas emsimultâneo ou diferido com os alunos. A pedra ou semente granderepresenta o som e a pequena o silêncio.

- Com oito pulsações:

MM- Com 16 pulsações:

MP

Pode solicitar os alunos a construirem pequenos motivos rítmicos,indicando o número de pulsações (4 a 16).

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FORTE

FRACO

c) Partitura de jogos de intensidade sonora, com sons vocais ou percussão corporal.

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O som das garrafas com água soprada que os alunos experimentaramafinar para tocar uma pequena melodia ou canção conhecida, pode serdesenhado pelo professor numa tablatura em que cada linha representauma garrafa, tocada por um aluno. O sinal indica onde se sopra e osinal a duração do sopro. Recorda-se que, antes de escrever atablatura, o professor a deverá realizar com gestos (jogo do maestro).

f) Representação do som de caixas ou latas pequenas sacudidas

O professor poderá desenhar tablaturas para um ou mais alunos. Amenor ou maior amplitude do sinal ____________ corresponde a abanar,devagar ou depressa, a caixa ou lata.

- Para um ou mais alunos, com uma caixa em cada mão (e= esquerda; d= direita)

- Para dois grupos de alunos, cada aluno com uma caixa

e) Representação de sons de diferentes alturas (agudo a grave) e durações (curtos e longos)

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A invenção de grafismos e a decifração de textos musicais simples(tablaturas e partituras), propostas pelo professor ou pelos alunos, decorrecom naturalidade de uma prática musical continuada. Os alunos podem sersolicitados a propor aos colegas a realização de textos musicais simples. Ovocabulário sonoro/musical acompanha a experiência vivida permitindo aoaluno descrever com maior rigor o que fez e o que gostaria de fazer.

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Aprender

- Textos musicais simples (tablaturas epartituras) vocais e instrumentais

Operacionalização

- As sugestões apresentadas são meramente indicativas do tipo de trabalho pretendido. Nãohavendo a intenção de iniciar os alunos na escrita musical convencional, pode-se, no entanto,recorrer a representações que facilitem a compreensão da forma de tocar uma música, comgrafismos que permitam visualizar como se tocam os instrumentos, onde se toca mais forte, quaisas partes que se repetem, o que é que acontece ao mesmo tempo, etc,.

3º e 4º Anos

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1) - Tablaturas para percussão corporal

As tablaturas incluídas na rubrica referente ao Corpo prestam-se a serutilizadas pelos alunos. É conveniente a utilização de papel quadriculadono registo das partituras inventadas pelos alunos.

Alguns jogos introdutórios facilitam o seu domínio. Os alunos batempalmas em cada pulsação. O sinal < (acentuação) significa uma palmamais forte. Quando os alunos conseguirem realizar o jogo, podemsubstituir as palmas sem o sinal < por silêncios. Solicite os seus alunos aescreverem frases rítmicas usando este tipo de notação.

< < < < < < < < < < <8 X X X X X X X X X X X X X X X X

< < < < <8 X X X X X X X X

< < < < < < <12 X X X X X X X X X X X X

2) - Tablaturas para fontes sonoras elementares

a) Tablaturas para xilofone de duas notas

X X • X • X X • X • X •(12) : :

• • X • X • • X • X • X

X X • X • X X • X • X • X • X •(16) : :

• • X • X • • X • X • X • X• X

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b) Tablatura para xilofone de teclas soltas

Os dois tocadores, sentados frente a frente, tocam a frase indicada.Devem começar por tocar devagar, aumentando a velocidade quando sesentirem seguros.

O professor pode solicitar os seus alunos a inventarem frases com 8, 12,16 ou 24 pulsações para um ou dois tocadores. A utilização de papelquadriculado é recomendada.

- mão direita

- mão esquerda

1 4 8 12123456

123456

3) - Texto musical sobre provérbios portugueses[ Wuytack, Jos (1994: p.34)]

a) Entradas sucessivas de 3 grupos de alunos com uma sílaba entoada, atéà palavra “vale”, dita por um aluno com voz aguda e forte.

valeMai .........................................s

Mai..............................sMai......................................................s

b) Cada aluno diz de sua maneira o provérbio, de forma expressiva eteatral. O professor poderá sugerir formas contrastantes para diversificar oresultado final (depressa/devagar, agudo/grave, lento/rápido, entoar dograve ao agudo e vice-versa, etc.)

“Mais vale tarde do que nunca”

c) - Coro ritmado, sussurrado, sobre o provérbio “Mais vale prevenir queremediar”, repetido quatro vezes.

- Com entradas sucessivas de quatro grupos, que dizem quatro vezes oprovérbio.

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d) Improvisações vocais livres de três alunos sobre as palavras “maisvale”, enquanto os restantes alunos improvisam com o som “mmmm”(boca fechada), seguindo as indicações do professor (jogo do maestro).

e) Coro ritmado a vozes sobre o provérbio “Mais vale um pássaro na mão,que dois a voar”, que repete três vezes, entoado por cada aluno sobre umsom fixo (não previamente combinado, cada aluno começa com um somque mantém até ao final).

f) Improvisações vocais de três alunos sobre as palavras “Mais vale dimque dão”. Os restantes alunos formam um coro, que diz as palavras “dim”e dão” com sons curtos de diferentes alturas.

g) Repete-se a parte a), para terminar.

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*Amado, Maria Luísa (1999). O Prazer de Ouvir Música. Lisboa,Editorial Caminho.

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Brito, Margarida (1991).Canções infantis., Praia, InstitutoCaboverdiano do Livro e do Disco. Canções infantis em crioulo e português

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Nota: As obras assinaladas com um * são as que consideramos demaior utilidade para os professores. A sua consulta permitirádiversificar e complementar as sugestões de actividades do Guia doProfessor.

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