A ERGONOMIA COMO QUALIDADE DE VIDA - TCC 2.docx
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COLÉGIO ADÉLIA CAMARGO CORREA
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
A ERGONOMIA COMO QUALIDADE DE VIDA
GUARUJÁ
2015
COLÉGIO ADÉLIA CAMARGO CORREA
CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO
Danilo de Araújo Batista
Debora Almeida
Genicleide Alves da Silva Alicino
Ourivaldo de Oliveira Filho
A ERGONOMIA COMO QUALIDADE DE VIDA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Colégio Adélia Camargo Correa como requisitado
para obtenção parcial do título de técnico em segurança
do trabalho.
Prof. Orientador: Vanderlei Fonseca e Frederico Paiva.
GUARUJÁ
2015
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
“Segurança não basta saber, tem que se aplicar, acidente não basta
temer tem que se evitar.”
Autor: Alexandre Carilli Simarro
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
LER: Lesões por Esforço Repetitivo.
DORT: Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho.
NR: Norma Regulamentadora
GL: Ginástica Laboral
MTE: Mistério do Trabalho e Emprego
DRT: Delegacia Regional do Trabalho
SSMT: Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho
INRS: Institut National de Recherche en Sécurité (Instituto Nacional de Pesquisas de
Segurança)
APPD: Associação de Profissionais de Processamento de Dados
FIESP: Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FEBRABAN: Federação Brasileira dos Bancos
CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas
IEA: Associação Internacional de Ergonomia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
O tema foi escolhido por acreditar que a ergonomia tem como objetivo estruturar o
ambiente de maneira, mais confortável possível, e bem-estar do colaborador e da empresa. A
Ergonomia estuda vários aspectos ligados ao trabalho ou ao cotidiano das pessoas, a postura e
os movimentos corporais, fatores ambientais como ruídos, vibrações, iluminação,
temperatura, umidade, pressões. De acordo com o site www.significados.com.br/ergonomia, a
ergonomia é uma área da ciência econômica que aborda tópicos relacionados com o contexto
moderno de trabalho.
Como bem sabemos os problemas relacionados à ergonomia já existem há muito
tempo, mas atualmente existe uma preocupação maior em questão disso, a forma como
vivemos rotineiramente, lazer, trabalho, atividades físicas, todas estas ações têm relação com
a ergonomia. Há muito tempo atrás grandes estudiosos como Bernardino Ramazzini (1633)
estudava esta ciência, as formas como os trabalhadores da época executavam suas atividades,
pois muitos sentiam dores insuportáveis e a cada dia mais suas doenças se desenvolviam, sem
saber que era proveniente do próprio trabalho.
No momento em que a empresa passa a se preocupar com a saúde e bem estar do seu
colaborador, é reduzido o número de acidentes laborais, que na maioria das vezes ocorrem por
stress, cansaço, doenças ocupacionais, dentre outros motivos. O trabalhador se sente motivado
não só quando recebe um aumento, mas também quando a empresa atende suas necessidades,
principalmente quando estas estão relacionadas à sua saúde e qualidade de vida no trabalho.
Atualmente, podemos observar que a ergonomia surgiu como uma necessidade
humana principalmente na atividade laboral, como uma forma de trabalho preventivo
buscando corrigir as situações causadoras de afastamentos, por motivos de dor e desconforto,
melhorando a qualidade vida do trabalhador e por consequência aumentando a produtividade
da empresa.
1. A HISTÓRIA DA ERGONOMIA
Há muito tempo na era dos homens primitivos, sem imaginar começaram criar
utensílios que facilitavam sua forma de ergonomia, foram criados alguns artefatos para que o
homem pudesse se proteger, sobreviver e ter maior eficiência na caça, como por exemplo,
tacapes (clava), lanças, machados, facas ou utilizar troncos de árvores como alavancas para
facilitar a remoção de obstáculos de uma maneira que ele pudesse exercer suas atividades com
mais conforto e menos esforço. A ergonomia não foi algo planejado, surgiu sem querer, mas
por algum motivo empregou-se na vida dos seres humanos.
Um dos primeiros homens que deixou registros sobre a preocupação com as doenças
profissionais foi Hipócrates (c. 460-c. 377 a.C.), que na época se tratava da extração de
minerais como chumbo, uma das doenças mais decorrentes na época era a cólica. Também
Leonardo da Vinci em suas invenções focou a maneira em que o homem se posicionava em
seus inventos no que se diz homem-máquina.
Bernardino Ramazzini foi um clínico médico, não só um médico do trabalho, mas um
médico prevencionista, ele achava que é melhor prevenir do que remediar, a melhor forma de
saber quais as causas das doenças era chamar trabalhador por trabalhador para fazer um
diagnóstico geral, verificar as causas e as possíveis soluções para prevenção das doenças
decorrentes do trabalho.
Ramazzini fazia uma entrevista para saber as causas das doenças; “Qual é sua
profissão?”; “Onde dói?”; “Quando começou?”; “Como começou?”; “Qual o tipo da dor?”;
“Qual a intensidade da dor?”, com estas perguntas ele conseguia obter um diagnóstico do
estado de saúde do trabalhador. Ramazzini foi discriminado por seus colegas médicos por
visitar os locais de trabalho de seus pacientes a fim de identificar as causas de seus problemas.
Em meados de 1857, o termo da ergonomia foi utilizado pela primeira vez pelo
polonês W. Jastrzebowski, que publicou um artigo intitulado “Ensaio de ergonomia ou ciência
do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza”.
Mas, foi com a revolução industrial que a ergonomia começou a dar os seus
primeiros passos, na junção dos homens com as máquinas, o homem tinha que se habituar às
novas formas de trabalho, saindo do trabalho artesanal para o industrial e a partir daí surgiram
os problemas de saúde. Quando houve a mudança do trabalho artesanal para o industrial
aumentou o índice de produtividade das empresas, assim começou a surgir os problemas
relacionados às atividades ocupacionais.
As condições nas fábricas eram precárias com péssimas condições de
iluminação, abafadas e extremamente sujas, não havia altas remunerações e o trabalho laboral
era realizado por cerca de 18 horas consecutivas, os trabalhadores ainda eram castigados por
seus patrões e não tinham os direitos trabalhistas, quando eram demitidos não tinham auxílio
desemprego passando por dificuldades financeiras e sem condição alguma de cuidar dos
problemas acarretados pelo trabalho.
Na segunda guerra mundial quando estavam sendo fabricados tanques, aviões,
submarinos e outros equipamentos de transporte, tinham que ser adaptados exatamente a
estrutura física dos soldados para que tivesse facilidade para se mover e exercer suas funções.
Também na fabricação dos armamentos em grande escala para suprir a demanda durante o
período de guerra, assim foram observados que os trabalhadores começaram a ter problemas
de saúde em relação à postura corporal e estresse devido à longa jornada de trabalho.
Figura 1: Evolução do homem – máquina.
2. O QUE É ERGONOMIA?
O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). Nos,
Estados Unidos, usa-se também, como sinônimo, human factors (fatores humanos).
Resumidamente pode-se dizer que a ergonomia é uma ciência aplicada ao projeto de
máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com objetivo de melhorar a segurança, a saúde,
conforto e eficiência no trabalho. A definição forma da ergonomia adotada pela Associação
Internacional de Ergonomia (IEA) é:
Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina cientifica que estuda as interações dos
homens com os outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e
métodos de projeto, com objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho global de
sistema.
Nos projetos do trabalho e das situações cotidianas, a ergonomia focaliza o homem. As
condições de segurança, insalubridade, desconforto e ineficiência são eliminadas adaptando-
as às capacidades e limitações físicas e psicológicas do homem.
A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentados, em pé,
empurrando, puxando e levantando cargas), fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação,
clima, agentes químicos), informação (informações capacitadas pela visão, audição e outros
sentidos), relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas
adequadas, interessantes). A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes
seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana.
A ergonomia baseia-se em conhecimentos de outras áreas cientificas como a antropometria,
biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia mecânica, desenho industrial,
eletrônica, informática e gerência industrial. Ela reuniu, selecionou e integrou os
conhecimentos relevantes dessas áreas. Desenvolveu métodos e técnicas especificas para
aplicar esses conhecimentos na melhoria do trabalho e das condições de vida, tanto dos
trabalhadores, como da população em geral.
A ergonomia difere de outras áreas do conhecimento pelo seu caráter interdisciplinar e pela
sua natureza aplicada. O caráter interdisciplinar significa que a ergonomia se apoia em
diversas áreas do conhecimento humano. O caráter aplicado configura-se na adaptação do
posto de trabalho e do ambiente às características e necessidades do trabalhador.
Dois fatores principais no âmbito da ergonomia são a segurança no trabalho e a
prevenção dos acidentes laborais, por este motivo a ergonomia sugere a criação de locais
adequados para executar o trabalho e faz a criação de métodos laborais. A Ergonomia se
aplica à qualidade de adaptação de uma máquina ao seu operador, proporcionando um eficaz
manuseio e evitando um esforço extremo do trabalhador na execução do trabalho. As lesões
por esforços repetitivos (LER) são um dos problemas físicos mais comuns que pode causar
limitações ou mesmo incapacidade de executar a tarefa. Utilizar recursos ergonômicos no
local de trabalho é uma iniciativa que pode aumentar significativamente os níveis de
satisfação do trabalhador em consequência reduzir os custos das empresas com afastamentos e
melhorando sua competitividade.
2.2 FASES DA ERGONOMIA
2.2.1 Ergonomia Física
A ergonomia física lida com as respostas do corpo humano à carga física e
psicológica. (Tópicos relevantes incluem manuseio de materiais, arranjo físico de estações de
trabalho, demandas do trabalho e fatores tais como repetição, vibração, força e postura
estática, relacionada com desordens musculoesqueléticas).
2.2.2 Ergonomia Cognitiva
Também conhecida engenharia psicológica, refere-se aos processos mentais, tais como
percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação de memória,
como eles afetam as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema.
Tópicos relevantes incluem carga mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão,
desempenho de habilidades, erro humano, interação ser humano-computador e treinamento.
2.2.3 Ergonomia Organizacional
Ou também conhecida como macro ergonomia, relacionada com a otimização dos
sistemas sócio técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos. Tópicos
relevantes incluem trabalho em turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria
motivacional, supervisão, trabalho em equipe, trabalho à distância e ética.
2.3 TIPOS DE ERGONOMIA
2.3.1 Ergonomia de Correção
Atua de maneira restrita, modificando os elementos parciais do posto de trabalho,
como: Dimensões, Iluminação, Ruído, Temperatura, etc.
2.3.2 Ergonomia de Concepção
Interfere amplamente no projeto do posto de trabalho, do instrumento, da máquina ou
do sistema de produção, organização de trabalho e formação de pessoal (boa postura, uso
adequado do equipamento e implementação).
2.3.3 Ergonomia de Conscientização
Ensina o trabalhador a usufruir os benefícios de seu posto de trabalho. Isto é: Manter a
boa postura, uso adequado de mobiliários e equipamentos, como usar uma cadeira
adequadamente, por exemplo, implantação de pausas, ginástica laboral (antes, durante e
depois da atividade). Como conscientizar as pessoas da alimentação do seu corpo, como
treinar as pessoas a serem mais eficientes com o seu corpo, dos seus subordinados, dos seus
amigos e parentes.
É fundamental para obtenção dos objetivos propostos pelo projeto ergonômico, pois é
pela realização de treinamento, palestras, cursos de aprimoramentos e atualização constante
que é possível educar o funcionário acerca dos meios de trabalho menos prejudiciais para sua
saúde individual e, ao mesmo tempo, mostrar-lhe em todos os benefícios das propostas
ergonômicas para a saúde da coletividade. (Capacitação de Pessoas).
2.3.4 Ergonomia Participativa
Estimulada pela presença de um Comitê Interno de Ergonomia (CIE) que engloba
representantes da empresa e dos funcionários, utiliza as ferramentas da ergonomia de
conscientização para que haja o pleno usufruto do projeto ergonômico, seja essa
implementação pela ergonomia de concepção ou de correção.
2.4 MODALIDADES DA ERGONOMIA
2.4.1 Ergonomia na Organização do Trabalho Pesado
Trata-se de planejar o sistema de trabalho em atividades fisicamente pesadas, ou seja,
atividade de alto dispêndio energético no sentido de que não sejam fatigantes; a fadiga
decorrente das atividades fisicamente pesadas é aquela que vem com acúmulo de ácido lático
no sangue, com a possibilidade de acidose metabólica; nesta área da ergonomia, também
estudamos o trabalho em ambientes de altas temperaturas, devido à enorme frequência com
que o trabalho pesado é compilado pelas condições adversas de temperatura do ambiente.
2.4.2 Biomecânica Aplicada ao Trabalho
Biomecânica significa os estudo dos movimentos humanos sob a luz da mecânica; esta
é, sem dúvida, a área de maior aplicação prática da Ergonomia em relação ao trabalho; nesta
área, estudamos a coluna vertebral humana e a prevenção das lombalgias; estudamos as
diversas posturas de trabalho e prevenção da fadiga e outras complicações; estudamos a
mecânica dos membros superiores e as causas de tenossinovites e outras lesões por traumas
cumulativos nas “ferramentas de trabalho” do ser humano; e ainda, estudamos o que acontece
com o ser humano quando trabalha na posição sentada; naturalmente, deduz-se as principais
regras para se organizar o posto de trabalho sentado.
2.4.3 Adequação Ergonômica Geral do Posto de Trabalho
Através principalmente da “antropometria”, pode-se medir as dimensões humanas e
seus ângulos de conforto/desconforto, e com base nisso, planejar postos de trabalho corretos,
tanto para se trabalhar sentado quanto para se trabalhar de pé semi sentado, tanto para o
trabalho leve, quanto para o trabalho pesado, etc. Como regra básica, a Ergonomia se contenta
quando se consegue planejar um posto de trabalho/condição de trabalho que atenda a 90% da
população e para isso, o conhecimento do padrão antropométrico da população trabalhadora
se constitui em item fundamental.
2.4.4 Prevenção da Fadiga no Trabalho
Em geral, a Ergonomia trata da prevenção da fadiga física e as demais atividades de
recursos humanos nas organizações tratam de prevenir a fadiga psíquica; neste caso procura-
se entender a fundo por que o trabalhador entra em fadiga e a Ergonomia propõe regras
capazes de diminuir ou compensar os fatores tal de sobrecarga.
2.4.5 Prevenção do Erro Humano
Está é uma área relativamente nova da Ergonomia que procura fundamentalmente
adotar as medidas necessárias para que o indivíduo acerte no seu trabalho ; naturalmente nem
toda forma de erro humano é devida a condições ergonômicas adversas , porem estas
constituem em causas relativamente frequente de erro humano do desenho de painéis e demais
elementos do posto de trabalho se constitui mandatório , principalmente quando a ocorrência
de erro humano pode originar tragédias, pôr exemplo , na condução de aeronaves ou mesmo
na supervisão do funcionamento de uma planta química perigosa.
3. NORMA REGULAMENTADORA 17 - ERGONOMIA
A atual redação da Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia foi estabelecida pela
Portaria nº 3.751, de 23 de novembro de 1990. O Ministério do Trabalho e Emprego, no ano
de 2000, realizou treinamentos para auditores-fiscais do trabalho com especialização em
Saúde e Segurança no Trabalho em todo o País, analisando a aplicação desta Norma pela
fiscalização. Nesses cursos, verificou-se uma ampla diversidade de interpretação, o que
representa um obstáculo à efetiva implantação da Norma.
A Norma Regulamentadora nº 17 é comentada, item por item, com o objetivo de
esclarecer o significado dos conceitos expressos, caracterizando o que se espera em cada
enunciado e definindo os principais aspectos a serem considerados na elaboração de uma
Análise Ergonômica do Trabalho, ressaltando que a realização desta análise tem como
objetivo principal a modificação das situações de trabalho. É necessária a participação dos
trabalhadores no processo de elaboração da Análise Ergonômica do Trabalho e na definição e
implantação da efetiva adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores.
Segundo a NR 17:
NR 17 – item 17.1 – Esta norma regulamentadora visa estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho as características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente.
Item 17.1.1 – As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao
levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e as
condições ambientais do posto de trabalho e a própria organização do trabalho.
A inclusão da organização do trabalho dentro do que se entende por condições de
trabalho e sujeita à atuação é o avanço mais significativo da nova redação. Até então, a
organização do trabalho era considerada intocável e passível de ser modificada apenas por
iniciativa da empresa, muito embora os estudos comprovassem o papel decisivo
desempenhado por ela na gênese de numerosos comprometimentos à saúde do trabalhador
que não se limitam aos distúrbios osteomusculares.
Item 17.1.2 – Para avaliar a adaptação das condições de trabalho as características
psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do
trabalho, devendo a mesma abordar no mínimo, as condições de trabalho, conforme
estabelecido nesta norma regulamentadora.
Este é o subitem mais polêmico da Norma. Ele foi colocado para ser usado quando o
auditor-fiscal do trabalho tivesse dificuldade para entender situações complexas em que fosse
necessária a presença de um ergonomista. Evidentemente, nesse caso, os gastos com a análise
devem ser cobertos pelo empregador. Têm-se pedido análises ergonômicas de uma forma
rotineira e protocolar. Isso só tem dado margem a que se façam análises grosseiras e
superficiais que em nada contribuem para a melhoria das condições de trabalho. Na
solicitação da análise ergonômica, deve-se ter clareza de qual é a demanda, enfocando-se um
problema específico. Sempre que o auditor-fiscal do trabalho solicitar uma análise, deve
explicitar claramente qual é o problema que quer resolver e pelo qual está pedindo ajuda a um
ergonomista.
Teoricamente, podemos dizer que uma análise, seja lá qual for, só é empreendida
quando temos de solucionar um problema complexo, cujo entendimento só é possível se
decompusermos o todo complexo em partes menores em que apreensão possa ser evidenciada.
Compreendendo-se as partes, compreende-se o todo. Por exemplo, se há casos de DORT em
uma empresa, devemos primeiramente saber em que setor ela incide mais. Se esse setor
comportar diversas tarefas, procura-se saber em qual atividade há maior número de casos.
Finalmente, decompõe-se a atividade em suas diversas partes e verifica-se em qual delas há
um ou mais fatores que sabidamente causam DORT. Resumindo, não há análise em abstrato.
Analisa-se algo para compreender um problema.
Este documento não se propõe a fornecer soluções para todas as diferentes condições
de trabalho existentes, mas caracteriza a legislação em vigor e a Ergonomia como um
importante instrumento para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, bem como a
produtividade das empresas.
3.1 O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA NR-17
A descrição do processo de elaboração dessa norma é importante para que, expondo o
contexto social e os atores envolvidos, possamos compreender seus avanços e limitações.
Em 1986, diante dos numerosos casos de tenossinovite ocupacional entre digitadores, os
diretores da área de saúde do Sindicato dos Empregados em Empresa de Processamento de
Dados no Estado de São Paulo – SINDPD/SP fizeram contato com a Delegacia Regional do
Trabalho, em São Paulo – DRT/SP, buscando recursos para prevenir as referidas lesões.
Foi constituída uma equipe composta de médicos e engenheiros da DRT/SP e de
representantes sindicais que, por meio de fiscalizações a várias empresas, verificou as
condições de trabalho e as repercussões sobre a saúde desses trabalhadores, utilizando a
análise ergonômica do trabalho. Em todas as avaliações, foi constatada a presença de fatores
que sabidamente contribuíam para o aparecimento das Lesões por Esforço Repetitivo – LER:
o pagamento de prêmios de produção, a ausência de pausas, a prática de horas-extras e a
dupla jornada de trabalho, dentre outros.
Exceto nos aspectos referentes ao iluminamento, ao ruído e à temperatura, a legislação
em vigor não dispunha de nenhuma norma regulamentadora em que o MTE pudesse se apoiar
para obrigar as empresas a alterar a forma como era organizada a produção, com todos os
estímulos possíveis à aceleração da cadência de trabalho.
Durante 1988 e 1989, a Associação de Profissionais de Processamento de Dados
(APPD nacional) realizou reuniões com representantes da Secretaria de Segurança e Medicina
do Trabalho – SSMT em Brasília, da FUNDACENTRO e da DRT/SP para elaborar um
projeto de norma que estabelecesse limites à cadência de trabalho e proibisse o pagamento de
prêmios de produtividade, bem como estabelecesse critérios de conforto para os trabalhadores
de sua base, que incluíam o mobiliário, a ambiência térmica, a ambiência luminosa e o nível
de ruído SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO – SIT.
Nesse mesmo período, o Ministério do Trabalho convocou toda a sociedade civil para
que organizasse seminários e debates com o objetivo de recolher sugestões para a melhoria de
todas as Normas Regulamentadoras – NR. Nesses seminários, chegaram várias sugestões de
alteração da NR-17, mas eram propostas de alterações pontuais conservando a estrutura geral
em vigor. Não havia nenhuma proposta concreta que fosse ao âmago da questão: o controle da
cadência e do ritmo do processo produtivo.
Durante o segundo semestre de 1989, a DRT/SP elaborou um manual e um
documentário em vídeo sobre o trabalho com terminais de vídeo (Rocha et alii, 1989), a partir
da tradução e da adaptação do texto “Les écrans de visualisation: guide méthodologique pour
médecin du travail”, publicado pelo INRS (Institut National de Recher che en Sécurité), em
1987, na França. Esse material foi usado em seminário nacional realizado em dezembro de
1989, em São Paulo, com médicos e engenheiros de 10 Delegacias Regionais do Trabalho.
Nesse seminário, foi decidido que não deveria ser elaborada uma norma apenas para os
profissionais em processamento de dados, pois as LER eram observadas também em várias
outras atividades profissionais. Além disso, o Secretário de Segurança e Medicina do
Trabalho também não concordava com a ideia de se elaborar uma norma que abrangesse
apenas o setor de processamento de dados, argumentando que, dentro em breve, todos os
setores produtivos exigiriam uma norma específica.
Em meados de 1989, a SSMT pediu à equipe de fiscalização das empresas de
processamento de dados da DRT/SP que elaborasse uma nova redação da NR-17 que incluísse
as sugestões coletadas, os resultados das discussões do seminário nacional, bem como a
proposta de regulamentação das atividades de processamento de dados elaborada pela APPD
nacional. O prazo estabelecido para essa atividade foi de apenas 10 dias.
Embora não dispusesse de estudos sistemáticos de ergonomia em outros setores produtivos
além do processamento de dados, a equipe considerou que não se poderia perder a
oportunidade de fazer avançar a legislação. Procurou-se, então, colocar itens que abrangessem
o mais possível as diversas situações de trabalho, sem a preocupação com o detalhamento.
Um maior ajuste poderia ser feito posteriormente, após a realização de estudos em outras
atividades. Abaixo desses itens abrangentes, colocou-se o detalhamento no que se refere ao
trabalho com entrada eletrônica de dados (atenção, a Norma não usa a palavra digitação – que
é menos abrangente –, mas entrada eletrônica de dados), pois este já estava pronto e gozava
de relativo consenso.
3.2 MANUAL DE APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA Nº 17
Em março de 1990, às vésperas do término do Governo Sarney, a Ministra do
Trabalho Dorothéa Werneck assinou a portaria que alterava a NR-17 e a NR-5, enviando para
a publicação no Diário Oficial da União. Houve, inclusive, uma solenidade no momento da
assinatura, em São Paulo, com a presença de entidades representativas de trabalhadores.
Infelizmente, a nova NR-5 contrariava fortemente os interesses das classes patronais, e a
portaria não foi publicada.
Em junho de 1990, por interferência do Presidente do SINDPD/ SP, conseguiu-se que
o Ministro do Trabalho assinasse a portaria que dava nova redação à NR-17, cujo conteúdo
era o mesmo da portaria que não foi publicada em março.
Após a publicação, a classe patronal, principalmente Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo – FIESP e Federação Brasileira dos Bancos – FEBRABAN se deram conta das
possibilidades abertas pela nova redação e que as alterações não se limitavam à área de
processamento de dados. Foi solicitada imediatamente uma discussão dos técnicos do
Ministério do Trabalho e de representantes dessas instituições para modificar seu conteúdo.
A equipe de fiscalização em ergonomia realizou debates com uma legião de
advogados e outros representantes da FIESP e FEBRABAN, principalmente nos aspectos da
organização do trabalho. Como os artigos da CLT são regulamentados pelas Normas e a
Ergonomia possui relação apenas em dois artigos da CLT que se referem à prevenção da
fadiga, os empresários argumentavam que os aspectos da organização do trabalho diziam
respeito apenas às empresas. Felizmente, a redação havia sido baseada em sólidos argumentos
e conseguiu-se vencer a oposição patronal em quase todos os aspectos.
3.3 COMO SE APLICA A NR 17 NA SEGURANÇA DO TRABALHO
A NR17 se aplica na segurança do trabalho na seguinte forma, nos setores da empresa
os funcionários são analisados durante a sua atividade laboral, se o trabalhador sente
desconforto ao realizar sua atividade são realizadas medidas de prevenção sobre a NR17 para
que haja formas de corrigir este erro.
3.3.1 Jornada de Trabalho
Deve ser de acordo para evitar a sobrecarga do trabalhador.
3.3.2 Pausas Concedidas
Para prevenir a sobrecarga as empresas devem permitir a fruição de pausas de
descanso, intervalos para repousos e alimentação dos trabalhadores.
3.3.3 Repouso para Alimentação
As pausas não prejudicam o direito ao intervalo obrigatório para repouso e
alimentação
3.3.4 Registro das Pausas
Deve tem registro impresso ou eletrônico nas pausas para descanso, e os trabalhadores
devem ter acesso aos seus registros de pausas.
3.3.5 Escala de Revezamento
É garantido pelo menos 1(um) dia de descanso semanal remunerado , com o domingo a cada
mês independentemente de metas faltas ou produtividade .
As escalas devem ser informadas aos trabalhadores com antecedência
Devem ser levada em consideração na elaboração da escala , funcionários que tem
necessidades na vida familiar como dependentes de seus cuidados , especialmente no período
de aleitamento materno , incluindo a flexibilidade para trocas de horários e utilização de
pausas .
3.3.6 Prorrogação da Jornada - Hora Extra
A prorrogação da jornada diária deve somente se prolongar-se, em casos excepcionais sendo
obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período
extraordinário de trabalho.
3.3.7 Mobiliário do Posto de Trabalho
Para um trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé deve ser proporcionado ao
trabalhador mobiliário que atenda os itens da norma Regulamentadora N°17.
4. GINÁSTICA LABORAL
A ginastica laboral tem como objetivo prevenir lesões relacionadas ao trabalho, ela
consiste em atividade física leve e de curta duração, realizada no local de trabalho onde são
aplicados exercícios preventivos. A ginástica laboral deve ser realizada por um profissional da
área de educação física ou fisioterapia.
4.1 Histórico da Ginástica Laboral
Denominada com “ginástica de pausa”, a ginástica laboral surgiu no ano de 1925 na
Polônia, depois foi sendo adaptada em outros países como a Holanda, a Rússia, a Bulgária, a
Alemanha, etc. E no Japão no ano de 1928, promovida pelos correios deste país com o
objetivo de descontrair e cultivar o bem-estar entre os carteiros. Mas foi após a Segunda
Guerra mundial que a ginástica laboral ficou conhecida em todos os países.
4.2 Ginástica Laboral no Brasil
No Brasil, a semente brotou em 1973, na escola de educação Feevale com um projeto
de Educação Física Compensatória e Recreação no qual a escola estabelecia uma proposta de
exercícios baseados em análises biomecânicas (MARCHESINI, 2001).
4.3 MODALIDADES DA GINÁSTICA LABORAL
4.3.1 Preparatória
Realizada antes da jornada de trabalho, tem como objetivo preparar o colaborador para
suas tarefas diárias, prevenindo distensões musculares.
4.3.2 Compensatória
Realizada durante o expediente de trabalho ela tem como objetivo aliviar a monotonia
e a tensão muscular, com exercícios de para esforços repetitivos e posturas inadequadas nos
postos operacionais.
4.3.3 Relaxamento
Realizada após o expediente de trabalho ela tem como objetivo recuperar o
funcionário do desgaste mental e físico exigido no seu local de trabalho.
4.4 QUAIS OS BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL
A ginástica laboral pode diminuir o índice de doenças ocupacionais e lesões de
esforços repetitivos, e desta forma atenuar o número de afastamentos dos empregados na
empresa. Além dos benefícios, a prática da ginástica laboral proporciona ganhos psicológicos,
diminuição do estresse e aumento no poder de concentração, motivação e moral dos
trabalhadores.
A ginástica laboral também pode trazer benefícios econômicos diretos para as
empresas ao diminuir o a produtividade dos empregados.
Além de exercícios físicos, a ginástica laboral consiste em alongamentos, relaxamento
muscular e flexibilidade das articulações. Apesar da prática da ginástica laboral ser coletiva,
ela é moldada de acordo com a função exercida pelo trabalhador.
4.4.1 Fisiológicos
- Provoca o aumento da circulação sanguínea em nível da estrutura muscular, melhorando a
oxigenação dos músculos e tendões e diminuindo o acúmulo do ácido lático;
- Melhora a mobilidade e flexibilidade músculo articular;
- Diminui as inflamações e traumas;
- Melhora a postura;
- Diminui a tensão muscular desnecessária;
- Diminui o esforço na execução das tarefas diárias;
- Facilita a adaptação ao posto de trabalho;
- Melhora a condição do estado de saúde geral.
4.4.2 Psicológicos
- Favorece a mudança da rotina;
- Reforça a autoestima;
- Mostra a preocupação da empresa com seus funcionários;
- Melhora a capacidade de concentração no trabalho.
4.4.3 Sociais
- Desperta o surgimento de novas lideranças;
- Favorece o contato pessoal;
- Promove a integração social;
- Favorece o sentido de grupo - se sentem parte de um todo;
- Melhora o relacionamento.