Apostila Apicultura

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A ORIGEM DA APICULTURA Dados históricos revelam que as abelhas existem no mundo há mais de 50 milhões de anos e o mais curioso é que quase não sofreram mutações durante este tempo. Já o início da atividade apícola foi oficialmente reconhecido no Egito, há cerca de 2.400 anos a.C. As abelhas existem ha milhões de anos. Todos os povos primitivos da Ásia, África e Europa conheciam as abelhas e utilizavam seus produtos e derivados. Os egípcios são considerados os primeiros apicultores, uma vez que 2.400 anos a.C. já criavam abelhas em colméias de barro. Até hoje, os egípcios mantêm uma dança típica denominada “Passo da Abelha”. Do Egito, a apicultura difundiu-se entre os gregos e romanos que a aperfeiçoaram. As abelhas sempre foram muito importantes para estes povos, tanto que a valorizavam no comércio e na literatura, as estampavam em moedas, medalhas e roupas. Durante séculos a apicultura foi mantida no estado rudimentar e primitivo. Aristóteles foi o responsável pelos primeiros estudos formais sobre as abelhas. Somente no século XVII com a ajuda do microscópio é que se fizeram importantes descobertas sobre os aspectos biológicos das abelhas e foram criados os equipamentos especiais para sua cultura racional e exploração econômica. Nos dias atuais a apicultura se desenvolve através de métodos altamente técnicos e científicos. A apicultura no Brasil — Antes de 1840, as abelhas criadas no Brasil eram as nativas, ou seja, abelhas Melipônicas ou indígenas, cuja variedade é muito grande. Abelhas mansas e sem ferrão, as Melipônicas produzem mel de excelente qualidade, porém em menor quantidade. Depois desta época, as abelhas européias Apis mellifera mellifera foram trazidas para o Brasil por padres jesuítas. Por serem originarias de países que apresentam inverno rigoroso, estas abelhas tinham o hábito de estocar alimento em quantidade para hibernar durante as estações mais frias do ano. Elas se adaptaram muito bem ao clima brasileiro e por se tratarem de abelhas dóceis e de fácil manejo, o seu desenvolvimento se deu de forma acelerada, produzindo ótimos resultados. Entre os anos de 1845 e 1880, novas colônias foram introduzidas por imigrantes italianos e alemães que se estabeleceram no sul e sudeste do país. Em 1956, o Dr. Warwick Estevam Kerr trouxe da África, para fins científicos, cerca de 50 abelhas rainhas das subespécies Apis mellifera

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A ORIGEM DA APICULTURA

Dados históricos revelam que as abelhas existem no mundo há mais de 50 milhões de anos e o mais curioso é que quase não sofreram mutações durante este tempo. Já o início da atividade apícola foi oficialmente reconhecido no Egito, há cerca de 2.400 anos a.C.

As abelhas existem ha milhões de anos. Todos os povos primitivos da Ásia, África e Europa conheciam as abelhas e utilizavam seus produtos e derivados. Os egípcios são considerados os primeiros apicultores, uma vez que 2.400 anos a.C. já criavam abelhas em colméias de barro. Até hoje, os egípcios mantêm uma dança típica denominada “Passo da Abelha”.

Do Egito, a apicultura difundiu-se entre os gregos e romanos que a aperfeiçoaram. As abelhas sempre foram muito importantes para estes povos, tanto que a valorizavam no comércio e na literatura, as estampavam em moedas, medalhas e roupas. Durante séculos a apicultura foi mantida no estado rudimentar e primitivo. Aristóteles foi o responsável pelos primeiros estudos formais sobre as abelhas.

Somente no século XVII com a ajuda do microscópio é que se fizeram importantes descobertas sobre os aspectos biológicos das abelhas e foram criados os equipamentos especiais para sua cultura racional e exploração econômica. Nos dias atuais a apicultura se desenvolve através de métodos altamente técnicos e científicos.

A apicultura no Brasil — Antes de 1840, as abelhas criadas no Brasil eram as nativas, ou seja, abelhas Melipônicas ou indígenas, cuja variedade é muito grande. Abelhas mansas e sem ferrão, as Melipônicas produzem mel de excelente qualidade, porém em menor quantidade. Depois desta época, as abelhas européias Apis mellifera mellifera foram trazidas para o Brasil por padres jesuítas. Por serem originarias de países que apresentam inverno rigoroso, estas abelhas tinham o hábito de estocar alimento em quantidade para hibernar durante as estações mais frias do ano. Elas se adaptaram muito bem ao clima brasileiro e por se tratarem de abelhas dóceis e de fácil manejo, o seu desenvolvimento se deu de forma acelerada, produzindo ótimos resultados. Entre os anos de 1845 e 1880, novas colônias foram introduzidas por imigrantes italianos e alemães que se estabeleceram no sul e sudeste do país.

Em 1956, o Dr. Warwick Estevam Kerr trouxe da África, para fins científicos, cerca de 50 abelhas rainhas das subespécies Apis mellifera adansonii e Apis mellifera capensis e as introduziu em Piracicaba, interior de São Paulo. Acidentalmente houve uma fuga destas abelhas que acabaram cruzando com as européias já existentes no pais. Desse cruzamento resultaram as abelhas africanizadas, causando problemas sérios na apicultura nacional. Agressivas e migratórias, elas se reproduziram rapidamente e hoje a população de abelhas africanas e africanizadas no Brasil é estimada em 90 %. Atualmente, alguns apicultores têm trabalhado para aumentar as populações de abelhas européias puras no país, já que são mansas e muito produtivas.

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PRINCIPAIS RAÇAS

Algumas são bem produtivas, outras nem tanto. O ideal é que antes de iniciar a atividade se conheça as características de cada uma das raças

As abelhas são pertencentes à família Apidae, que é dividida em duas sub-famílias; a Meliponinae e a Apínae. A primeira é constituída pelas chamadas abelhas indígenas, que habitam regiões tropicais e subtropicais. Entre estas abelhas, algumas possuem ferrão e outras não. Elas são subdivididas em três gêneros; Lestriinellitini, Trigonini e Meliponini.

Já na sub-família Apinae, são encontrados os gêneros Apis e Bonibus, cujas abelhas apresentam ferrão. No gênero Apis estão as principais espécies responsáveis pela produção de mel no mundo.

Abelhas indígenasA maior parte de abelhas indígenas existentes no mundo estão no Brasil. O gênero meliponini é o maior e, embora não seja largamente utilizado para fins comerciais, já que a sua produção de mel é baixa em comparação às abelhas do gênero Apis, é possível encontrar no país alguns meliponicultores dedicados ao seu cultivo.

As abelhas indígenas são fundamentais para a fecundação de inúmeras espécies vegetais de nossa flora. Muitas delas foram extintas em razão da degradação ambiental. Menores e com comportamento diferenciado das abelhas do gênero Apis, a maioria das indígenas não têm ferrão e formam suas colônias em oco de árvores ou em galerias cavadas no solo. Os ninhos de algumas espécies apresentam o formato de um túnel. Não são todas as espécies que aceitam habitar colméias artificiais. Entre as mais conhecidas no Brasil, destacam-se nomes como;

Jataí Mandaçaias Mandaguaris Tuiuvas Tiúba Jrapua Mombuca Moçabranca Uruçu Jandaira Mirim Manduris Guarupus Uruçú-boca-de-renda Mamangava

Abelhas do gênero Apis De grande importância econômica, as abelhas do gênero Apis e espécie Apis mellifera são divididas em várias subespécies, descritas a seguir:

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Apis mellifera lamarckii —Também conhecidas como abelhas egípcias, esta subespécie é encontrada no vale do rio Nilo. Não são indicadas para a prática apícola, já que são muito agressivas e apresentam baixa produtividade.

Apis mellifera ligustica —Conhecida como abelha italiana, está entre as abelhas mais cultivadas no mundo. Foram introduzidas no Brasil em 1879, pelo apicultor Frederico Hanneman. O corpo apresenta coloração amarelo ouro e é coberto por pêlos compridos. No zangão, a cor é mais acentuada e uniforme. A rainha pode ser facilmente localizada entre as operárias. Muito mansas, as abelhas italianas são de fácil manuseio. Ficam muito calmas nos favos e são pouco enxameadoras. Reproduzem-se bem e costumam produzir opérculos de cor clara.

Apis nicllifera carnica — É originária do Sul da Áustria e de uma parte da Iugoslávia. Apresenta coloração cinza e, por ter passado por um processo de seleção genética durante quase um século na Alemanha, é bem grande em tamanho.

Apis mellifera caucásica —Conhecida como abelha caucasiana, teve sua origem nos vales do Cáucaso Central, na Geórgia. Trata-se de uma abelha grande, mas não maior que a A.m.carnica. Apresenta coloração cinza-clara, é muito mansa, de fácil manuseio e pouco enxameadora. Os zangões possuem pêlos pretos no tórax.

Apis mellifera mellifera —Originárias dos Alpes europeus e da Rússia central, foram as primeiras abelhas do gênero introduzidas no Brasil pelo padre Antônio Carneiro, missionário da Companhia de Jesus. São conhecidas como abelhas-do-reino, abelha-europa, abelha preta ou negra. Apresentam coloração totalmente negra, são grandes, com abdômen largo e peludas. São muito mansas, mas ficam agitadas durante o manuseio. Adaptaram-se muito bem ao Brasil, reproduzindo-se de maneira excelente. Estas abelhas são pouco enxameadoras.

Apis mellifera escutelata —Originária do continente africano, foram introduzidas no Brasil por volta de 1956. Seu comportamento é bem diferente quando comparado ao das abelhas européias. As africanas são abelhas muito agressivas, polinizadoras e enxameadoras. Não têm o habito de estocar grandes quantidades de alimento. Apresentam porte menor e cor amarelo-limão no abdômen. São caracterizadas por listras negras transversais que vão aumentando de largura até formar uma parte negra e brilhante.

ANATOMIA

Conhecer as características das abelhas é o primeiro passo para quem pretende explorar a apicultura e obter bons resultados econômicos

O corpo da abelha é constituído de três partes: cabeça, tórax e abdômen. Cada uma dessas partes é responsável por diversas funções exercidas diariamente em uma colônia.

Cabeça

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Na cabeça se encontram os olhos simples, também conhecidos corno ocelos, e os compostos. Os simples se localizam na frente da cabeça e servem para enxergar o que acontece dentro da colméia. A percepção de movimento por parte da abelha se dá em câmara lenta e sua visão é capaz de captar as cores amarela, verde-azulada, azul e ultravioleta. Já os olhos compostos estão localizados na lateral da cabeça e são usados para enxergar todos os ângulos do campo.

No zangão, os olhos são muito maiores e o olfato bem mais apurado. Seus dois olhos são compostos de 6 a 7 mil omatídeos e suas antenas apresentam mais de 30 mil cavidades olfativas, enquanto as operárias têm de 5 a 6 mil e a rainha de 2 a 3 mil. Os principais órgãos sensoriais das abelhas localizam-se nas antenas. O sistema sensorial é tão desenvolvido que um zangão consegue localizar uma rainha virgem a uma distância aproximada de até dez quilômetros durante um vôo nupcial.

Ainda na cabeça se localiza o aparelho bucal, cuja função, no caso das operárias é mastigar e moldar a cera, além de sugar o néctar do interior das flores. Na rainha e no zangão, as mandíbulas são usadas para abrir as células. As abelhas possuem também glândulas salivares e faciais.

TóraxNa região torácica existem quatro asas e três pares de pernas.

Para as operárias, as asas não servem apenas para voar e se locomover; Elas também as utilizam para ventilar a colméia e ajudar na desidratação do mel. No caso da rainha, suas asas são mais largas e compridas em comparação às das operárias. O tórax também é maior e mais largo. Nas abelhas, o par de pernas traseiro contém uma estrutura conhecida como corbícula, adaptada para transportar pólen. As pernas dianteiras apresentam uma estrutura cuja função é limpar as antenas e reter o pólen na corbicula. Já as pernas medianas são cobertas por muitos pêlos que têm a finalidade de limpar o tórax das abelhas.

AbdômenNo abdômen encontram-se os principais órgãos internos das abelhas. Na extremidade do seu corpo também tem o ferrão. Na rainha, o aparelho reprodutor costuma ser bem desenvolvido em razão de sua função procriatória. Seu abdômen é bem mais longo que o das operárias e apresenta dois ovários compostos de cerca de 200 ovaríolos. Nessa região encontra-se um ferrão liso, que normalmente só é acionado em disputas com outra rainha pelo domínio da colônia.

O zangão também possui aparelho reprodutor ativo, mas sua função é justamente fecundar a rainha. Ele é maior que a operária, apresentando abdômen mais longo e arredondado. Em comparação à rainha, ele é menor em comprimento e maior em diâmetro de tórax e abdômen.

Já nas operárias, o aparelho reprodutor é atrofiado, uma vez que elas não procriam e seu abdômen termina em formato de ponta. As operárias também são dotadas de glândulas de cheiro que facilitam o agrupamento da família e de glândulas cerígenas que produzem as placas de cera a serem usadas na construção e reparos dos favos de mel. As operárias apresentam aparelhos de ferrão que são acionados na defesa da colônia, contra possíveis inimigos.

ASPECTOS BIOLÓGICOS DAS ABELHAS

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Nos favos, mais especificamente nos compartimentos denominados alvéolos, as abelhas passam por todas as fases de seu desenvolvimento.

As abelhas são insetos disciplinados e extremamente organizados, costumam formar famílias com uma população em torno de 60 a 80 mil operárias, uma rainha e algumas centenas de zangões.

Nos favos, mais especificamente nos compartimentos denominados alvéolos, as abelhas passam por todas as fases de seu desenvolvimento, ou seja, ovos, larvas e pupas. Também nos favos estão o pólen e o néctar. Este último é transformado em mel com o auxilio de enzimas salivares das operárias associadas à desidratação.

Uma colméia é composta de 60 até 100 mil abelhas, em condições normais. Em certas épocas do ano, esse número cai bastante. As operárias têm tarefas disciplinadas dentro da colméia de acordo com a sua idade. As colméias de abelhas melíferas apresentam vários favos, que são utilizados como berço de crias e para armazenar o mel e o pólen. Nos favos formados por varias células, que são chamadas também de alvéolos, encontram-se todas as crias de zangão e abelhas operárias. Já as células da rainha, conhecidas como realeiras, são maiores que a das abelhas operárias e dos zangões, e são feitas na posição vertical.

Construção dos favos — Para a concepção do favo existe um tipo de abelha operária que faz esse trabalho. São abelhas jovens que constroem os favos, alimentam as larvas e limpam as celas depois que uma abelha nasceu para que a rainha possa botar novamente. Essas abelhas operárias têm uma idade que varia do 12º dia até o 15º dia. Elas constroem o favo porque têm as glândulas cerígenas em operação. São oito glândulas existentes na parte inferior do abdômen da abelha que vão se desenvolvendo de acordo com a idade.

Para que haja a construção do favo há a necessidade de ter reservas de alimento. Se ocorrer o contrário, elas param a construção. E preciso também ter florada na natureza e reserva de alimento na colméia. Dentro dos alvéolos, as abelhas depositam pólen e néctar; que posterior-mente passa por uma transformação físico-químico, ou seja, é desidratado e recebe a adição de enzimas. Mesmo não havendo a operação total de desidratação, que é a retirada da água do néctar, as operárias transferem o mel de um alvéolo para outro até produzirem a desidratação.

Ciclo evolutivo das Abelhas Rainha:- 3 dias na fase de ovo- 5 na fase de larva- 8 na fase de pupa- Emerge de uma realeira aos 16 dias e tem vida útil de até 5 anos, mas seu vigor

reprodutivo permanece até os 2 anos de vida

A abelha rainha tem a função de postura, ou seja, de colocar os ovos nas celas. Esses ovos dão origem às operárias, aos zangões e até mesmo às abelhas princesas, que são as substitutas da rainha.

Operária:- 3 dias na fase de ovo- 6 dias na fase de larva- 12 dias na de pupa

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- Emerge do alvéolo aos 21 dias e morre aos 42 dias, aproximadamente

O ciclo das operárias é de 21 dias até o nascimento. A rainha faz a postura dos ovos em celas menores. Todas as abelhas do sexo feminino nascem de óvulos fecundados pela rainha. Depois do terceiro dia, origina-se mais uma etapa do ciclo que são as larvas, sendo que nestes três dias a larva é alimentada por geléia real.

No caso das operárias, que são do sexo feminino, o abdômen é atrofiado, pouco desenvolvido. Após o período de seis dias na fase de larva, é dado início ao estágio de pupa. O alvéolo permanece fechado com uma camada de cera até o 21 dia, quando ela emerge, caracterizando então o nascimento.

Zangão:- 3 dias na fase de ovo- 7 na fase de larva- 14 na fase de pupa- Emerge de alvéolos sobressalentes nos favos em 24 dias.

No caso do zangão, seu ciclo é mais ou menos parecido com o da operária. Só que levam para nascer 24 dias, possuindo o mesmo ciclo de evolutivo até o nascimento, que acontece no 24 dia. A rainha desova em celas maiores e salientes que dão origem aos machos. Além disso, ela não fecunda o óvulo. Os zangões levam uma vida de 60 dias, em média. Em casos naturais de reprodução com a fêmea eles podem perder a vida tão logo copulem com a rainha.

ReproduçãoA partir do nono dia de vida, o zangão inicia seus vôos de orientação. Mas somente após doze dias de idade ele atinge a maturidade sexual. A rainha é fecundada pelos zangões nos vôos nupciais que duram cerca de três dias, até que a espermateca esteja cheia. Os espermatozóides, cerca de 10 milhões, permanecem guardados na espermateca, uma bolsa esférica de 1 milímetro cúbico e serão usados pela vida inteira da rainha. Por isso, ela nunca mais realizará outro vôo nupcial.

Para realizar a fecundação, a rainha comprime a espermateca liberando os espermatozóides. Os ovos colocados nas células menores são fecundados, originando as abelhas fêmeas. Quando a rainha deposita os ovos numa célula maior, eles não são fecundados pelos espermatozóides, dando origem a machos.

Assim que as abelhas dos alvéolos centrais vão nascendo, a rainha volta e reinicia a postura nos alvéolos vazios.

O TRABALHO DAS ABELHAS E SUA ORGANIZAÇÃO

As abelhas são extremamente organizadas e cada uma é responsável por uma função dentro da colméia.

Quanto ao trabalho desenvolvido pelas abelhas de forma individual nas colméias, temos a seguinte distribuição:

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Operárias: São fêmeas que não reproduzem e exercem diversas funções dentro da colônia que variam conforme as mudanças fisiológicas. Nos primeiros dias de vida, só executam serviços de faxina na colméia. Depois, quando as glândulas que produzem geléia real já estão desenvolvidas, passam a trabalhar como nutrizes, alimentando as larvas. Quando começam a produzir cera, estão aptas a assumir tarefas como a construção dos favos e, por último, quando desenvolvem as glândulas do veneno e do cheiro, as operárias exercem funções de guarda e sinalização. De maneira geral, as operárias podem exercer as seguintes funções durante o ciclo de vida:

- nutrizes- guardiãs

- construtoras- campeiras- coletoras de água, resina, néctar e pólen

- aquecedoras do ambiente interno- ventiladoras do ambiente

Zangão: Não possui ferramenta de trabalho, sua principal função é fecundar a rainha.

Rainha: Só há uma rainha em cada colméia. Sua função principal é manter o equilíbrio populacional da colônia, por isso é a única fêmea fértil. E ainda responsável pela união e harmonia da colônia. As rainhas não coletam pólen ou néctar, nem produzem mel, geléia real ou cera.

Assim que nasce, sua primeira atividade é procurar outras realeiras para destruir. Logo no 5 dia após o seu nascimento, a rainha inicia vôos nupciais que duram três dias, em média. Ela é fecundada por cerca de 10 a 20 zangões durante os vôos nupciais.

Após ser fecundada, a rainha retorna à colônia e inicia uma fase de postura que pode chegar até 3 mil ovos por dia. Nunca mais ela voará para o acasalamento e será alimentada diariamente por geléia real. Se, por algum motivo, a rainha não voltar de seu vôo nupcial, a colônia certamente será extinta.

Sistema de comunicação e orientação das abelhas

O sistema de comunicação das abelhas pode ocorrer de diversas maneiras e com finalidades diversas. Elas se conhecem pelo feromônio próprio de cada colméia, que é o cheiro próprio de cada rainha. As antenas servem também para se comunicar e localizar a fonte de alimento.

Os odores específicos, conhecidos como feromônio, por exemplo, podem ser emitidos pela rainha para atrair os zangões durante o vôo nupcial, para atrair as operárias ou ainda para controlar a enxameação. Já o feromônio das operárias tem a finalidade de defesa e orientação da colônia.

Normalmente as abelhas se comunicam quando estão nos favos. Uma das formas mais comuns de comunicação entre as abelhas se dá quando as operárias campeiras retornam às colméias com algum alimento. Para informar às demais onde se encontra o alimento, ela executa diversos tipos de dança que podem ser descritos da seguinte forma:

-Quando a fonte de alimento se localiza a menos de 100 metros do local da colméia, ela

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executa uma dança em círculos.-Quando a fonte se localiza a mais de 100 metros ela executa uma dança em oito ou requebrado, tendo sempre o sol como referencial. Quanto mais intensa for a dança da operária campeira, maior será a fonte de alimento a ser explorada.

INICIANDO UM APIÁRIO

Antes de iniciar a criação de abelhas é preciso considerar fatores como localização das instalações, clima e vegetação!

O local destinado às instalações do apiário deve ser escolhido cuidadosamente, obedecendo às exigências das abelhas e visando a segurança do homem. E muito importante que o terreno seja bem drenado e de fácil acesso, mas é preciso evitar instalações em fundos de quintais. O local deve ser protegido contra ventos fortes e frios, evitando alterações de temperatura dentro da colméia. O sol deve ser abundante e o sombreamento moderado.

A presença de vegetação vasta nas proximidades da colméia é fundamental, já que nela se encontra a fonte de alimento para as abelhas e quanto maior for a facilidade de acesso aos nutrientes, maior será a produção. O apicultor deve ficar atento quanto ao número de colméias existentes e a capacidade de florada apícola. A primeira não pode ser maior que a segunda.

A região escolhida para instalar o apiário deve ser protegida de barulhos excessivos e, de preferência, estar localizada a uma distância mínima de 500 metros de residências e estradas principais, onde se locomovem pessoas e veículos. Propriedades rurais são as mais indicadas para manter uma criação de abelhas.

Outro detalhe a ser observado é a presença de água corrente e pura nas proximidades do apiário, pois as abelhas consomem muita água para a sua manutenção. Para adquirir o enxame, o apicultor pode optar por comprar colônias de abelhas de outros criadores ou capturá-las na natureza através de caixas-isca.

Construção das colméias

A colméia é todo tipo de habitação fornecida pelo homem às abelhas. Existem vários modelos, mas a apicultura moderna brasileira se utiliza somente de dois.

Toda colméia deve ser construída dentro dos padrões técnicos recomendados ou adquirida diretamente de produtores credenciados e habilitados. E importante que o apicultor fuja da tentação de baratear seus custos construindo ou adquirindo materiais inadequados, pois a aparente economia inicial poderá se transformar num prejuízo futuro.

Existem inúmeros tipos de colméias, desde as mais antigas confeccionadas em tubos de barro ou madeira e cestos de palha e barro, até as mais modernas que permitem além de abrigar as abelhas, uma melhor administração da colônia por parte do apicultor.

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As colméias modernas, criadas por apicultores europeus e americanos, incluem o sistema de quadros móveis, dispostos verticalmente dentro de caixas. Nestes quadros, as abelhas são induzidas a construir seus favos. Para isso, os quadros são montados aramados e, sobre o arame, e incrustada uma lâmina de dera feita com os fundos dos alvéolos estampados com o desenho de hexágono. Essa lâmina serve de guia para as abelhas.

Até hoje, o modelo de colméia mais utilizado no mundo é o americano, chamado também de colméia Langstroth. Desenvolvido pelo reverendo americano Lorenz Lonaine Langstroth, em meados do século XIX, o modelo passou por diversas modificações ao longo do tempo, mais ainda é a base para quase todas as colméias atuais. Esse tipo de colméia é feito levando em conta as distâncias entre os favos, quadros e paredes, cuja medida é chamada de Espaço Abelha. A medida, que é de 4,8 milímetros no v~o inferior e 9,5 milímetros no espaço superior, é o menor espaço livre que pode existir no interior da colméia, onde duas abelhas podem passar ao mesmo tempo.

1 INSTALAÇÕES

O modelo americano de colméia apresenta medidas que a deixam mais comprida e larga do que alta, dificultando a seqüência de postura da rainha, que tem conformação esférica. Por isso, o apicultor que adota esse modelo de colméia costuma utilizar duas câmaras de cria, conhecidas como ninho e sobre-ninho. Ao perceber este problema, o apicultor brasileiro Bruno Schirmer, do Rio Grande do Sul, desenvolveu a colméia brasileira que tem o seu nome. O trabalho foi desenvolvido através de várias pesquisas que duraram cerca de 40 anos. Na colméia Schirmer, a caixa de crias apresenta medidas de altura e largura quase iguais, com o comprimento um pouco maior. Nela, a esfera de postura não excede os limites físicos dos favos.

O apicultor iniciante pode optar pelo modelo de colméia que melhor lhe convier mas não deve misturar os modelos no apiário para não prejudicar o intercâmbio de favos entre as colônias. Um componente básico na apicultura, independente do tipo de colméia escolhida para a criação, é o núcleo. Trata-se de uma colméia desenvolvida em tamanho menor que comporta a metade dos quadros do ninho. Ela serve para abrigar colônias de população pequena.

Colméia Langstroth –

O modelo de colméia Langstroth é constituído basicamente por um fundo ou assoalho móvel que protege sua parte inferior e abriga o alvado, que é o orifício de entrada e saída das abelhas; um ninho, com dez quadros móveis de madeira, reservado à rainha e á área de cria e onde são moldados os favos para depósito de mel e pólen; uma melgueira que abriga quadros com favos, utilizada para armazenar o mel; uma tela excluidora que impede a passagem da rainha para a melgueira; e uma tampa de proteção para cobrir a colméia.

Alguns apicultores utilizam a melgueira com a mesma altura do ninho. Outros preferem usar a chamada meia-melgueira, que apresenta altura de 14,2 centímetros.

Colméia Schiriner

A colméia Schirmer apresenta medidas diferenciadas quando comparadas à Langstroth. Os quadros, transversais ao comprimento da caixa, são quase quadrados. Além disso, a área de

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cria tem doze favos, ao invés de dez, cuja disposição abriga uma esfera perfeita e ainda permite um espaço para armazenamento de pólen junto às crias.

Esse tipo de colméia também é composto por ninho, quadros, fundo alvado, melgueira e tampa. Sua única diferença está na medida de cada componente que forma a colméia.

Regras básicas para a construção e disposição das colméias

Para a instalação de um apiário é muito importante que a colméia não seja colocada diretamente no solo, pois a umidade fará com que a estrutura de madeira apodreça. Por isso, é recomendável o uso de cavaletes que suportem uma ou duas colméias, no máximo. Esses cavaletes podem ter uma altura de 50 a 60 centímetros do chão para que o apicultor trabalhe comodamente na colméia quando for fazer o manejo.

Existem vários tipos de cavaletes, desenvolvidos em materiais diferenciados. Entre os mais utilizados pelos apicultores brasileiros destacam-se: o de madeira, utilizando a própria madeira da natureza que tem durabilidade grande; as armações de tijolos; e cavaletes confeccionados em tubos de PVC e ferro galvanizado.

Na construção do cavalete, também deve ser planejada a instalação de um suporte com água, evitando que as formigas, inimigas naturais das abelhas, subam pelos pés do cavalete e venham roubar o mel ou até mesmo destruir as crias.

O apicultor pode utilizar ainda outras técnicas para o combate às formigas. Uma delas écolocar graxa ou óleo queimado junto ao pé do cavalete para evitar a subida das formigas. A outra, mais higiênica e visual-mente mais agradável, é colocar na parte superior dos pés do cavalete um fundo de garrafa plástica furada no centro.

No apiário, podem ser confeccionados suportes que comportam duas colméias e outros que comportam somente uma família de abelhas, ou seja, modelo duplo ou individual. Para o iniciante, o ideal é colocar um suporte individual, principalmente se a raça de abelha escolhida for agressiva. Assim, ao iniciar o trabalho de manejo numa colméia, é possível evitar o contato da família vizinha de abelhas e, conseqüentemente, a agressividade.

Para facilitar o manejo, a madeira utilizada na construção das colméias deve ser leve e livre de cheiros fortes. O pinho está entre as preferidas pelos apicultores. A pintura das colméias também é de extrema importância e deve seguir algumas regras básicas. Tonalidades escuras deixam as abelhas mais agressivas. Já as cores encontradas na natureza como azul claro, verde, amarelo e branco são bem aceitas e, portanto, as mais indicadas para as colméias. As colméias podem ser pintadas com esmalte sintético e dispostas no apiário alternadamente, em cores diferentes, facilitando assim o reconhecimento pelas abelhas.

As colméias podem ser distribuídas no apiário paralelamente, a uma distância de meio metro uma da outra.

Os alvados podem estar voltados pra o nascer do sol, mas nunca na direção dos ventos mais fortes.

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EQUIPAMENTOS

A atividade exige a aquisição de roupas e

equipamentos especiflcos, voltados príncipalmente

para o manejo da colméia.

A apicultura racional, alguns acessórios são obrigatórios para evitar prejuízos e acidentes. Estes equipamentos específicos são indispensáveis em qualquer ramo da atividade apícola e estão divididos em duas partes: uma voltada ao apicultor e outra à colméia.

Todas as pessoas que terão contato com as abelhas devem dispor dos seguintes utensílios:

fumegador; roupa de proteção individual; formão; escova; gaiolas de transporte e introdução; desoperculadores; centrífuga; mesa desoperculadora; e tanque decantador.

Já entre as ferramentas necessárias para equipar as colméias destacam-se: aumentador; tela excluidora, coletores de pólen e própolis; e tampa de ventilação para transporte. Conheça, a seguir, as características de cada um destes equipamentos, todos encontrados com facilidade no mercado.

ACESSÓRIOS PARA O APICULTOR:

Fumegador de Fole ManualTrata-se de um recipiente de metal, cuja principal função é produzir fumaça simulando fogo no ambiente. Com o aparente perigo, as operárias engolem todo o mel que conseguem para uma suposta fuga. Com o abdômen cheio de mel, elas não têm disposição suficiente para acionar o ferrão, ficando assim neutralizadas para um eventual ataque.

A fumaça tem uma ação especifica dentro da colméia que é a desorganização da família. A rainha abandona a área de postura e vai para as laterais da colméia ou para cima, na tampa. Como as abelhas são insetos organizados, essa organização se dispersa com a fumaça, facilitando o trabalho do apicultor.

A coloração da fumaça produzida deve ser branca e a sua intensidade é um detalhe que deve ser considerado pelo apicultor. Em épocas de carência de alimento, por exemplo, quando existe pouca reserva de mel e pólen, não é indicado colocar um volume de fumaça muito grande dentro da colméia, pois a tendência é que as abelhas abandonem o local.

COMPONENTES DE UM FUMEGADOR

Fornalha e grelha — Tem a função de permitir a passagem permanente do ar para manter acesa a brasa no fundo do tacho. Também apresenta um bico direcionador de fumaça que serve para espalhar a fumaça nos quadros.Fole — é o que mantêm a emissão da fumaça quando acionado.Materiais para combustão —Podem ser usados materiais com raspas de madeira, folha de eucalipto ou aromática. Nunca se deve usar vegetação que possa produzir cheiras fortes. Dejetos de animais também não

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devem ser usados em hipótese alguma.

Roupas de proteção individualAs roupas de proteção individual impedem que a abelha ferroe o apicultor e são fabricadas em diversos modelos. O importante é que sejam largas, confortáveis e preferencialmente em cores claras. Não é aconselhável a utilização de roupas confeccionadas em cores escuras porque as abelhas ficam mais agressivas.

Estas roupas são constituídas basicamente dos seguintes componentes:- Máscara de tecido claro com véu de cor preto fosco, que nunca deve ser encostada no rosto ou no pescoço.- Macacão de brim ou náilon, de cor clara e bem folgado. Os punhos e barras da calça devem possuir elástico. As barras podem permanecer presas sobre a bota.- Botas de cano médio, também de cor clara.- Luvas emborrachadas com parte antiaderente ou de couro, usadas sobre o punho do macacão.

FormãoEquipamento usado para abrir e remover as partes móveis da colméia, separar os quadros e raspar própolis e cera.

VassourinhaApresenta pêlos longos e bem macios. É utilizada para varrer, afastando as abelhas de favos e caixas.

Gaiola de transporteUma pequena caixa com tela, desenvolvida para transportar a rainha com algumas abelhas. Possui um espaço destinado para o fornecimento de alimentação. Pode ser usada até para remessas via Correios.

Gaiola de introduçãoDesenvolvida para introduzir rainhas em colônias estranhas, a gaiola Miller permite que a rainha permaneça dentro da colônia sem contato direto com as abelhas, até que elas se acostumem com a nova mãe. Após o período de adaptação, a rainha é libertada pelas próprias abelhas.

DesoperculadoresA finalidade dos desoperculadores é retirar a camada de cera para a extração de mel dos favos. Podem ser encontrados em diversos formas e tamanhos. Os manuais, utilizados geralmente por pequenos apicultores, incluem garfos e facas. Já na apicultura industrial é comum o uso de máquinas desoperculadoras.

CentrifugaTrata-se de um cilindro de metal que pode ser manual ou automático. Nele, são colocados os favos de mel já desoperculados. Ao girar, a centrífuga expulsa o mel dos alvéolos. Esse mel escorre pelo cilindro e sai por uma torneira que existe no fundo do equipamento.

DecantadorAo sair da centrífuga, o mel não está totalmente livre de cera. Por isso, é utilizado o decantador, que consiste num cilindro de metal com tampa. Nele, o mel já centrifugado

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permanece descansando por cerca de dois a sete dias até que a cera flutue na superfície.

ACESSÓRIOS PARA A COLMÉIA:

AlimentadorÉ um dos principais equipamentos na criação de abelhas. Ele serve para fornecer ou complementar a alimentação das colônias em períodos ou locais de escassez de pastagem apícola. No mercado, existem diversos modelos de aumentador para fornecimento liquido ou sólido.

Alimentador Boardmann —Recomendado para fornecimento de pequenas quantidades de alimento. Comporta de meio até 1 litro e é colocado na entrada da colméia.

Alimentador de cobertura— Tem capacidade para grandes quantidades de alimento e é instalado abaixo da tampa da colméia.

Alimentador Doolittle ou cocho — Ocupa o espaço de um quadro e é colocado dentro da rnelgueira ou da câmara de crias. Dependendo da quantidade de alimentação necessária, o apicultor pode optar por substitui-lo por apenas um dos quadros ou ainda fazer uma melgueira somente com cochos ao invés de quadros.

Tela excluidoraTrata-se do equipamento que impedirá a passagem da rainha e dos zangões para a melgueira. Pode ser feita de uma chapa com furos de dimensões de 4,1 3mm x 25rnm a 4,24rnm x 25mrn ou ainda de arames montados em estrutura de ferro ou madeira com fios apresentando distância entre si de 4,1 3mrn a 4,24mrn. Estas medidas permitem somente a passagem das operárias que possuem o tórax mais estreito que as rainhas e zangões.

Coletor de pólenExistem vários modelos no mercado, mas todos estão localizados entre a entrada da colméia e a câmara de crias. Desenvolvidos para reter uma parte ou o total de pólen recolhido pelas abelhas, os coletores de pólen apresentam um obstáculo em sua estrutura por onde as abelhas são obrigadas a passar quando retomam à colméia. Coletores que retiram mais de 60% do pólen transportado pelas abelhas devem ser utilizados em dias alternados, já que o pólen é o alimento protético das abelhas.

Coletor de própolisTambém estão disponíveis em vários tipos e formatos. Em geral, o coletor de própolis é confeccionado com algumas frestas para que as abelhas, com a finalidade de conservar a temperatura necessária ao ambiente da colméia (36 C) e se proteger de ventos frios, cubram estas frestas com própolis dependendo-se também dos inimigos predadores.

TÉCNICAS DE MANEJO

É durante o manejo que o apicultor verifica em que condições estão as colméias e o que deverá fazer para melhorar o seu

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desenvolvimento

A colméia é a casa das abelhas e tem o nome do homem que a inventou - LANGSTROTH - ela é formada por um núcleo na parte inferior onde ficam a rainha, crias, operárias e algumas dezenas de zangões. As duas partes inferiores são chamadas de “melgueiras”. A população média de uma colméia é de 30 mil abelhas. Cada modelo tem capacidade para até 60 mil abelhas com uma durabilidade de 10 anos e uma produção de 50 quilos de mel por ano.

O interior da colméia é escuro e o trabalho das abelhas é perfeito. Elas confeccionam milimetricamente os hexágonos dos favos proporcionando o local para postura de ovos da rainha no centro da colméia e o estoque de mel e pólen nas laterais. O conhecimento que se tem hoje no mundo sobre as abelhas das raças européias e. particularmente no Brasil, sobre a raça africana, e a comodidade que os equipamentos modernos proporcionam ao apicultor permitem ao homem interferir na vida da colônia de abelhas conforme seus interesses. Esta interferência pode visar apenas um socorro imediato à colônia ou mudar profundamente as condições de toda a comunidade de abelhas com o propósito de alterar o seu comportamento.

As operações que têm por objetivo efeito imediato de socorro às colônias são: a introdução de rainhas, a união pacífica de colônias e a permuta. Todos os métodos de introdução de rainhas têm por objetivo enganar a colônia de abelhas de maneira que elas aceitem o “elemento estranho” e o acatem como parte da colônia. Quando, por acidente, uma colônia fica órfã e não há tempo hábil para a introdução de uma rainha, o apicultor tem, na união de duas famílias, a sua melhor, e talvez, única opção.

Introdução de rainhas – Existem três situações básicas nas quais o apicultor deve recorrer a introdução de rainhas: quando por acidente a rainha é morta (seja pela invasão de predadores ou pelo próprio apicultor); quando o apicultor, por algum motivo, está descontente com a rainha e deseja substitui-la para obter mais produção na colméia e como medida regular de manutenção para ter sempre colônias dirigidas por rainhas jovens e mais vigorosas.

A forma mais prática para introduzir uma rainha sem grandes traumas para a colméia é a “gaiola Miller”. Sua função é permitir o contato da rainha estranha com as abelhas da colônia órfã através de uma tela, evitando o contato direto entre elas, o que poderia representar riscos tanto de ataque e rejeição.

A gaiola Miller é uma “câmara de aclimatação” confeccionada em estrutura de madeira e tela, possui dois canaletes de entrada que serão preenchidos com pasta cândi depois que a rainha for alojada na gaiola. Estes canaletes são de comprimentos diferentes para que as abelhas consumam a pasta do canalete mais curto em dois dias e a do mais longo em três dias. O canalete curto é provido de uma abertura interna que permite a entrada das abelhas, mas impede a saída da rainha. A gaiola é instalada na Colméia apoiada por uma travessa entre dois quadros. A técnica visa promover a aceitação da Rainha estranha pelas abelhas através da convivência pacífica no decorrer dos dias.

1- Coloca-se a rainha sem acompanhantes na gaiola, preenchendo os canaletes com pasta cândi (alimento artificial feito basicamente de mel e açúcar). Inicialmente impede-se o acesso das abelhas à pasta com rolhas plásticas ou de madeira.2- Elimina-se a rainha “velha” da colônia e no mesmo dia introduz-se a gaiola com a nova rainha entre os favos centrais do ninho das crias. Se as abelhas, no caso, forem africanizadas

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ou africanas, é recomendável afastar a colméia 20 metros distante do local original para perder as campeiras, que estão em vôo para coleta de alimentos, e que são geralmente as responsáveis pela morte das rainhas introduzidas. Estas campeiras voarão em círculos durante algum tempo, até encontrarem abrigo na colônia mais próxima.3- Realiza-se a 1 revisão após o período de 7 dias completos. No decorrer deste tempo, as abelhas, sentindo falta de uma rainha em postura, providenciam sucessoras para a função.4- Nesta revisão eliminam-se TODAS as realeiras, libera-se o acesso à pasta cândi e recoloca-se a gaiola entre os favos centrais do ninho das crias.5- As abelhas ao consumirem a pasta cândi do canalete curto iniciam o contato direto com a nova Rainha; um dia depois, consomem toda a pasta cândi do canalete longo libertando-a e integrando-a na colônia6- Se a introdução foi feita em colônia de abelhas de raça européia, pode-se fazer a 2a revisão dentro de uma semana para confirmar a postura da rainha. No caso de abelhas africanas ou africanizadas, a revisão não deve ser feita antes de 30 dias da eliminação das realeiras, pois corre-se o risco da rainha ser eliminada pelas abelhas da colônia.

União pacífica de colônias -A união de colônias é feita quando uma das colônias perdeu a Rainha e se deseja aproveitar a força da sua população durante a próxima florada iminente. Geralmente, esta técnica é usada quando a colônia tornou-se zanganeira, quando não há rainhas disponíveis ou não há tempo hábil para a colônia crescer antes da florada.

Procedimento:1- Retirar a tampa da colméia sem rainha e, em seu lugar, colocar uma folha de jornal dupla, umedecida com água, mel ou xarope. Se utilizar mel ou xarope, estes devem ficar restritos à área do jornal que fica na parte interna da colméia, sobre os quadros. O excesso ou alimento aparente incentiva a pilhagem.2- Colocar por cima do jornal a colméia com a colônia com rainha, sem o fundo.

As abelhas da colméia superior, aprisionadas, buscam uma saída roendo o jornal. Instintivamente também procuram eliminar o corpo estranho indesejado. As abelhas da caixa inferior percebem o zumbido agitado das abelhas em desespero procurando saída. À medida que o jornal é roído, formam-se pequenos buracos, por onde as línguas das abelhas das duas colônias se comunicam transferindo alimento e informações importantes através dos feromônios. As abelhas da parte inferior ficam sabendo da existência de uma rainha acima do jornal e as abelhas da parte superior descobrem a saída que procuravam. Com esta troca de informações, as abelhas das duas colônias aceitam-se mutuamente e 12 horas depois, já estão devidamente integradas.

Ao aplicar este método, o apicultor deve lembrar que as abelhas acima do jornal estarão dentro de uma caixa fechada, sem ventilação e em desespero, agitadas, procurando uma saída. A falta de aeração aliada à agitação das abelhas gerará calor, que será tão mais intenso quanto mais abelhas existirem na colméia. Portanto, quando, por força das circunstâncias, se fizer necessária a união com uma colônia populosa, o trabalho deve ser feito no um do dia, ou com mais uma câmara vazia colocada por cima o que dará mais espaço para dispersão da temperatura.

Esta tradicional técnica deve ser usada nos seguintes casos:1- unir duas ou mais colônias fracas para formar uma forte2- introduzir rainhas estocadas em minifamílias em famílias populosas orfanadas.3- salvar uma colônia órfã quando não se pode momentaneamente introduzir uma rainha

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4- aproveitar a força de trabalho de uma colônia zangadeira condenada à extinção.5- na união de duas ou mais colônias onde todas têm rainhas, o apicultor deverá escolher uma rainha e eliminar as outras antes de iniciar os trabalhos.

Permuta - Baseando-se no fato de que as campeiras da colônia estão orientadas a retornarem exatamente para o local de onde partiram, o apicultor deve trocar de lugar duas colônias, uma fraca e uma forte, para que as campeiras de uma colônia sejam acolhidas pela outra. A colônia fraca em ritmo normal, teria de esperar o aumento de postura da rainha, o nascimento das crias e, finalmente, que estas se tomassem campeiras, o que não aconteceria antes de 60 dias.

Desta maneira, a colônia mais fraca é fortalecida pelo acréscimo das campeiras da colônia forte que, repentinamente, ganha uma força de trabalho que lhe traz grande estímulo na forma de alimento. A colônia forte fica desfalcada de grande parte de sua força de trabalho externo, mas em compensação tem estoque de alimento, e um grande contingente de crias para nascer -— além de caseiras próximas de tomarem-se campeiras. Isso significa que pouco sofrerá com a diminuição temporária do número de campeiras, recuperando-se rapidamente.

Desta maneira, com a intervenção humana, alcança-se o equilíbrio da força populacional das colônias do apiário, adiantando o desenvolvimento das mais fracas através da introdução da força de trabalho das colônias mais populosas.

Técnicas de manejo visando dirigir o comportamento da colônia

A alimentação artificial estimulante visa o aumento populacional. Muito diferente da alimentação complementar de apoio que visa compensar a falha natural, ou seja, é utilizada em regiões onde a floração não é muito abundante. A alimentação estimulante visa criar uma idéia de abundância típica da Primavera e despertar nas abelhas seus instintos de reprodução. A alimentação artificial é feita de um xarope de açúcar dissolvido em água (a proporção é de 1/1), que as abelhas recebem em alimentadores colocados dentro da colméia. Elas não o diferem do néctar das flores, por ter consistência líquida e ser adocicado, transferindo-os para dentro dos alvéolos que ficam ao redor e acima do ninho das crias, processando e transformando-o em mel.

Este comportamento primaveril vai durar enquanto durar o alimento, criando uma euforia e aumentando as outras atividades da colônia, principalmente a produção de crias.

Técnicas de controle de enxameação – As quatro técnicas de controle de enxameação têm por objetivo sincronizar o auge da florada e o maior volume da população das colônias.

Uma das vantagens da utilização de colméias padronizadas na atual apicultura é a possibilidade de se adequar o seu espaço interno ao tamanho da colônia. Isto é de suma importância em regiões frias ou com instabilidade climática, com tendência a mudanças bruscas de temperatura, pois possibilita que as abelhas gastem energia para aquecer apenas o espaço que realmente utilizam.

Em contrapartida, à medida que as colônias crescem, estimuladas pela alimentação natural ou artificial, aumenta-se o espaço sobre-pondo outra colméia, de maneira a não desencadear o processo de enxameação, situação que costuma ocorrer com o congestionamento do ninho. O

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aumento artificial de espaço funciona até a colônia atingir o seu tamanho natural máximo, o que naturalmente ocasionará o processo de enxameação natural.

O aumento de espaço consiste apenas em colocar uma colméia com os quadros e a tampa sem o fundo, sobre a caixa superpovoada sem tampa. As vantagens desse método é que é de rápida execução e requer pouco conhecimento para ser aplicado, causando pouca interferência na vida da colônia. A desvantagem é que só pode ser aplicada em colônias alojadas em colméias com menos espaço que o necessário, ou que ainda não atingiram o tamanho necessário para desencadear o processo natural de enxameação.

Método de despejo - O método de despejo fornece às abelhas facilidades para executarem três tarefas que estão gravadas na estrutura genética das abelhas quando a colônia atinge seu tamanho natural máximo:

1) procurar nova habitação2) construir favos novos3) estimular a rainha a iniciar postura

Esse comportamento será desencadeado como forma instintiva de perpetuar a espécie, conhecido como enxameação. Na enxameação a colônia desprende uma parte de suas abelhas que formarão uma nova colônia. O método de despejo visa facilitar estas tarefas, através de uma simulação. Quando possível, o apicultor realiza ele próprio as obrigações artificialmente, quando não é possível, cria situações que levam as abelhas a realizá-las.

As operações desse método são as seguintes:1- Providenciar nova câmara de crias vazia (quadros com cera alveolada) para receber as abelhas despejadas da colônia2- Retirar da colméia que abriga a colônia, todos os favos com crias e estoque, deixando na caixa apenas as abelhas.3- Deslocar a colméia com as abelhas e no seu lugar, colocar a colméia nova sobre fundo próprio com os quadros com cera alveolada.4- Aprisionar temporariamente a rainha em gaiola Miller para evitar que seja morta pelas operárias enquanto buscam desesperadamente as crias desaparecidas. O aprisionamento deve ser feito com uma bolinha de pasta cândi suficiente para ser removida pelas abelhas, em no máximo, duas horas.5- Instalar a rainha aprisionada e despejar todas as abelhas na colméia nova. As campeiras voltarão ao local ao qual estavam orientadas, independentemente da caixa que estiver ali assentada, sendo recebidas e reconhecidas pelas abelhas caseiras, suas irmãs.6- Sobre a câmara de crias, abaixo da tampa, colocar uma melgueira de cochos com xarope para estimular a construção dos favos novos e repor o alimento que perderam.7- Distribuir TODOS os favos originais para as outras colônias do apiário, o que permitirá, também, um pequeno fortalecimento delas.8- Fazer uma revisão três dias depois, para confirmar a postura da rainha e a construção dos favos e conferir se existe a necessidade de mais xarope nos cochos.

Dessa forma, o apicultor cria uma perfeita simulação de uma enxameação natural pois:a) satisfaz a necessidade das abelhas de mudarem de casa, providenciando uma nova colméia.b) atende a necessidade do enxame de construir novos favos, fornecendo-lhe quadros de cera alveolada.

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c) simula a situação de florada plena, fornecendo alimentação abundante.

O resultado é a renovação da colônia com favos recém-construídos e uma rainha estimulada a continuar pondo ovos, afastando temporariamente a necessidade de multiplicação da colônia.

A vantagem desse método é que é simples, rápido e não requer equipamentos especiais. Os favos originais são utilizados para fortalecer outras colônias do apiário e a colônia na qual se aplica o método não precisa de nova interferência contra enxameação por, no mínimo, 40 dias.

A desvantagem é ser um método muito drástico, em que a colônia perde subitamente todas as suas crias e, conseqüentemente, sofrerá baixas diárias de centenas de campeiras que morrem por envelhecimento durante 21 dias, até o nascimento da primeira abelha. Causa um trauma profundo no conjunto, que levará de 40 a 50 dias para se recuperar. E um método pouco flexível, pois seu curso não poderá ser alterado no transcorrer da aplicação nem pode ser adaptado para outros propósitos e exige que o apicultor tenha pelo menos 6 colônias em seu apiário para receber favos originais sem desperdício.

Método da divisão - No método da divisão, retarda-se o crescimento da colônia através da retirada de grande parte de sua crias nascentes:1 - Providenciar nova câmara de crias vazia (quadro com cera alveolada)2- Retirar da colméia que abriga a colônia, quatro favos com crias predominantemente operculadas, juntamente com suas abelhas aderentes. Retirar também todos os favos que contenham apenas estoques de mel e pólen. Tomar cuidado para deixar a rainha na câmara velha.3- Deslocar os favos restantes para o centro da câmara de crias e completar os espaços vazios com quadros com cera alveolada da câmara nova.4- Colocar os favos com crias e estoques no centro da câmara de crias nova, completando as laterais com os quadros com cera alveolada. Transferir as abelhas aderentes de mais três favos de crias para a câmara nova sacudindo os favos sobre esta, novamente tornando o cuidado de manter a rainha na câmara original.5- Sobre a colméia original, abaixo da tampa, colocar uma rnelgueira de cochos com xarope para estimular a construção de novos favos e a repor o alimento perdido.6- A colméia nova deve ser afastada pelo menos cinco metros do local original.7- A introdução da rainha deverá ser feita visando efeito imediato.

A vantagem desse método é a simplicidade e rapidez com que é executado. É indicado principalmente para apicultores em fase de expansão, já que o método leva à criação de nova colônia. A desvantagem é que pode ser utilizado exclusivamente para controlar a enxameação. Apesar de causar menos danos para a colônia é, ainda assim, um método que interfere fortemente na vida e no equilíbrio da colônia.

Método Demaree - Este é um método que se destaca por sua simplicidade, versatilidade e eficiência. Porém é mais técnico e sofisticado. A vantagem é que pode ser aplicado diversas vezes em uma mesma colônia, pois sua principal característica é impedir a enxameação da colônia sem diminuir o número de abelhas da sua população. O método é aplicado da seguinte maneira:1- Deslocar a colméia original com a colônia que apresenta tendências a enxamear para, em seu lugar, sobre fundo próprio, colocar nova câmara de crias com quadros de cera alveolada apenas.2- Retirar da colméia original um favo com crias abertas, abelhas aderentes e a rainha e

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colocar na nova câmara de crias, substituindo um dos quadros com cera alveolada centrais e colocar em cima desta câmara de crias uma tela excluidora.3- Colocar o quadro com cera alveolada na câmara de crias da colméia original, próximo de uma de suas paredes, e colocar a colméia original com o restante das abelhas, favos, crias e estoque de alimento em cima da tela excluidora.4- Sobre a câmara de crias superior, abaixo da tampa, colocar uma rnelgueira de cochos com xarope para estimular a construção dos favos novos na câmara de crias inferior.5- Após 7 dias completos, fazer uma revisão eliminando todas as realeiras que foram construídas na câmara superior, acima da tela excluidora. Estas realeiras são formadas porque as abelhas nutrizes, produtoras de geléia real, ao receberem baixa quantidade de feromônios da rainha, por estarem distantes, reagem no sentido de substituir a rainha “debilitada”. Se o apicultor não destruir as realeiras, as abelhas eliminarão a rainha original, preferindo a juventude da nova rainha. Se isto ocorrer, a nova rainha, impedida pela tela excluidora, não poderá descer para a parte inferior da colméia e sair para ser fecundada. Assim, se eventualmente entrar em postura, produzirá zangões.

Finalizada a operação, todas as crias do velho ninho nascerão e se desenvolverão naturalmente. Porém, como a partir do nono dia não existem crias para serem alimentadas na câmara superior, as abelhas que atingem a idade de produzir geléia real só terão ocupação no ninho em formação abaixo da tela excluidora. Assim, novamente, a câmara inferior será o abrigo do ninho das crias. Completados 21 dias, o criador pode repetir o método adotando-se, agora, a câmara acima da tela excluidora como sendo a nova, invertendo-se os papeis.

Com o método Demaree engana-se as abelhas, fazendo com que elas realizem diversas atividades instintivas típicas do período de enxameação:a) mudança para a nova casab) construção de novos favosc) geração de novas rainhasd) estímulo à rainha para continuar a postura

Como resultado, obtém-se o dobro do espaço do ninho das crias, com uma metade da área acima da tela excluidora e a outra metade abaixo. A vantagem é que o método pode ser aplicado em uma única colônia e pode ser repetido várias vezes, por tempo indeterminado. E um método dinâmico e flexível, podendo ser adaptado para dirigir a colônia para a produção de favos novos, favos exclusivamente com crias operculadas, favos com mel de xarope para alimentação de colônias fracas.

A desvantagem é ser trabalhoso, exigindo diversas visitas e manipulações, além de equipamentos acessórios como a tela excluidora. A revisão do sétimo dia é obrigatória, repetindo-se a cada 21 dias.

Proteção contra intempéries e predadores - O apicultor ao escolher o local para instalar seu apiário, deve optar por uma área que tenha sol durante todo ano, poucos ventos e baixa umidade, em região provida de boas floradas e água limpa que pode estar a uma distância de até 500 m. As colméias feitas de material isolante térmico e com proteção individual ou coletiva contra chuvas ou excesso de insolação, poupam as abelhas de maiores desgastes, já que elas não precisam gastar energia no combate à umidade da chuva ou do excesso de calor. A colméia sem frestas não apenas impede a entrada de ventos que prejudicam as crias com a oscilação de temperatura, como também dificulta a invasão de predadores.

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Os cavaletes individuais ou coletivos, providos de proteção contra formigas; as cercas ao redor dos apiários, os combates periódicos das teias de aranhas nas árvores que cercam o apiário, são cuidados que protegem as abelhas da maioria de seus predadores naturais.

As variações climáticas (chuvas, temperatura e insolação) podem ter efeitos devastadores nas floradas das quais as abelhas são totalmente dependentes. Quanto ao clima pouco se pode fazer, mas em relação à alimentação das abelhas, sempre há a opção de fornecer xarope de açúcar ou mel de uma safra anterior, em substituição ao néctar das flores, e proteína vegetal em substituição ao pólen.

Durante o manejo o apicultor deve:

- olhar o estado da colméia e cavaletes- fazer os reparos necessários- inspecionar as colméias para verificar a presença da rainha, produção e armazenamentos de alimentos (mel, pólen)- postura de ovos- presença de inimigos e doenças- providenciar a troca de quadros quando os mesmo estiverem quebrados, enegrecidos e deformados

Durante o maneio o apicultor deve evitar:

- cores fortes como vermelho, preto e marrom- perfumes e desodorantes ativos- bater e sacudir os favos- esmagar as abelhas com o formão ou entre os quadros- dias nublados e com ventos fortes- ficar na frente do alvado durante o manejo- deixar o fumegador apagar

O MEL

Composição, usos e principais características do mel que é, sem dúvida, o mais conhecido entre todos os produtos fornecidos pelas abelhas

O mel floral é um produto elaborado pelas abelhas a partir do néctar coletado nas flores. A composição do néctar pode variar em função das características da flora da região, bem como das condições climáticas. Alguns tipos podem apresentar predominância de sacarose, enquanto outros não.

A quantidade de água encontrada no néctar também pode variar entre 40% e 95%. Todas estas características são transferidas para o mel. Por este motivo, vários tipos de mel podem ser encontrados no mercado com sabor, aroma, cor e densidade diversificados. Mas, apesar dessa diferenciação, a composição do mel é quase sempre a mesma. Ele é basicamente constituído de água, frutose, glicose, sacarose, maltose, sais minerais, vitaminas, enzimas, hormônios, proteínas, ácidos, aminoácidos e fermento.

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Para a fabricação do mel, as abelhas ingerem o néctar, retiram o excesso de água e o metabolizam através de enzimas, transformando a sacarose em glicose e frutose. Além de servir como fonte de alimento para as abelhas, o mel é também consumido pelo homem, como alimento ou para usos medicinais

Composição do mel- água: de 12,7% a 19,0%- glicose: de 24,7 a 36,9%- levulose: de 40,2 a 43,6%- sacarose: de 00,0 a 10,1%- cinzas: de 00,03 a 00,9%

Exigências para uma boa produção de mel

O primeiro passo para obter uma boa produção de mel floral é contar com colônias populosas durante a florada, tela excluidora e diversas melgueiras colocadas sobre as câmaras de crias de cada colméia.

A produtividade vai depender de diversos fatores como a raça de abelhas escolhida para a criação, a estabilidade climática, uma boa florada e principalmente a saúde da colônia.

Para se ter uma idéia, uma colméia de abelhas européias com uma população de 80 mil abelhas poderá produzir cerca de 80 quilos de mel por ano, desde que a região tenha florada abundante. Já a média de produção para as abelhas canadenses é de 60 quilos anuais, enquanto para as africanas a quantidade cai para 30 quilos por ano. Alguns relatos afirmam que apicultores do Estado do Mato Grosso conseguiram atingir uma produção anual de 120 quilos de mel com abelhas carnicas.

Umidade — O apicultor deve ficar atento quanto à presença de umidade no mel. Ela é normal, mas não deve ser inferior a 16,8% e superior a 17%. Em geral, quando o favo apresenta cerca de 90% de sua área operculada, significa que o mel depositado ali foi considerado pelas abelhas pronto para ser estacado. Todo mel caiu menos de 19% de umidade não corre o risca de fermentar.

A umidade elevada do ar em determinadas regiões pode ter influência na umidade do mel. Em casos como este, o apicultor pode adotar algumas medidas, evitando possíveis prejuízos. O primeiro passo é dispor de um equipamento para medir a umidade do mel, conhecido como refratômetro. Os favos devem ser retirados da colméia somente quando estiverem totalmente operculados.

Antes de centrifugá-los, devem ser deixados por um período de 24 horas numa sala com temperatura de 350C. A centrifugação e o processamento do mel devem ser realizados em dias secos, que apresentem baixa umidade.

Principais usos

Além de servir como fonte de alimento na colméia, o mel é largamente utilizado pelo homem. Ele vem sendo usado há muito tempo como adoçante natural. Na culinária, pode substituir o açúcar, em bolos, pudins, cereais, pães e muitos outros.

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Rico em componentes nutritivos e terapêuticos, o mel apresenta minerais como cálcio, enxofre, ferro, cobre, cloro, sódio, fósforo e magnésio. Possui ação estimulante, digestiva e reconstituinte.

O mel é um dos poucos alimentos de ação antibactericida e de fácil digestão. É muito utilizado no tratamento das afecções das vias respiratórias, além de possuir ação eficaz no alivio de dores provenientes de queimaduras.

Mel de xarope

Quando o apicultor passa a fornecer xarope artificial de açúcar às abelhas e elas fabricam o mel a partir deste xarope, o processo é o mesmo realizado com o néctar das flores.

No entanto, o mel de xarope, embora possa ser normalmente consumido, apresenta composição nutricional mais pobre em relação ao mel floral. Isso ocorre porque não há predominância de substâncias naturais encontradas nas plantas.

Por outro lado, no mel de xarope estarão presentes algumas substâncias químicas utilizadas para o refino do açúcar, o que faz cair a sua qualidade.

Alguns efeitos do mel no organismo humano- imunológico- antibacteriano- antiinflamatório- analgésico e sedativo- expectorante e hiposensibilizador

Curiosidade

Ao contrário do que muitos imaginam, o mel cristalizado não apresenta diferenças na sua composição. Ele conserva a mesma natureza, tanto em estado líquido como em estado sólido, açucarado ou granulado.

A granulação nada mais é do que a separação da glicose. O processo é natural e não prejudica o mel. Para fazer com que o mel volte ao estado natural, basta retirar a tampa do recipiente, aquecê-lo em banho-maria a uma temperatura de aproximadamente 500C

RÓPOLIS

Resinas, bálsamo, cera, óleos essenciais e pólen são os componentes básicos da própolis, um produto que para as abelhas serve para limpar, proteger, fechar frestas na colméia e até mumificar cadáveres de predadores intrusos. Já o homem a utiliza como um excelente antibiótico natural

A denominação da própolis vem do grego pro (antes) e polis (cidade). Ela consiste em uma

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substância resinosa colhida pelas abelhas de determinadas espécies de plantas que contêm o produto na casca, nas gemas que estão para florescer ou ainda em folhas verdes.

Com a ajuda das mandíbulas, as abelhas raspam a substância e a transportam para a colméia da mesma forma que fazem com pólen. Para a colônia, a própolis têm diversas finalidades. E utilizada para construir, limpar e desinfetar a habitação, impermeabilizar as paredes dos favos e quadros, fechar frestas impedindo ventos frios e na proteção contra inimigos naturais que não podem ser retirados da colméia. Neste ultimo caso, as abelhas cobrem o predador com a própolis, embalsamando-o.

O homem há muito tempo percebeu as qualidades terapêuticas da própolis, que têm sido estudadas e comprovadas por pesquisadores do mundo inteiro. Um excelente antibiótico natural, ela apresenta propriedades antibactericidas, cicatrizantes, antiinfecciosas, energéticas e regeneradoras de tecidos. Pode ser usada interna ou externamente, através de tinturas, pomadas, balas, sabonetes, xampu, ungüentos e xaropes.

Segundo estudiosos de vários países, a resina brasileira contém substâncias que a tornam uma das melhores do mundo. O Japão é um dos maiores consumidores da própolis brasileira.

Principais usos terapêuticos.- Cicatrização de tecidos- Infecções intestinais- Bronquite, renite, tosse, pneumonia e tuberculose.- Amidalite, faringite, laringite, aftas e rouquidão.- Herpes- Doenças renais- Vaginite- Acne, calos, dermatose.- Verrugas, urticárias, picada de insetos e queimaduras.- Eczemas agudos e crônicos- Halitose, gengivite.- Micoses

Composição média da própolis

Resinas e bálsamos 55%Cera 30%Óleos essenciais 10%Pólen e outras substâncias 5%

O que o apicultor deve saber

Para quem pretende direcionar a criação de abelhas para a produção de própolis, é importante saber que a qualidade do produto vai depender das espécies vegetais disponíveis na região do apiário, de onde as abelhas coletam a substância.

O apicultor pode adquirir no mercado os equipamentos voltados para a produção de própolis, que consistem em caixas com aberturas para serem preenchidas com resina pelas abelhas ou ainda em telas plásticas, colocadas dentro da colméia. Além destas técnicas, toda própolis encontrada na tampa e nos quadros pode ser coletada.

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Para fazer a coleta, basta raspar a substância e acondicioná-las em sacos plásticos ou embalagens de vidro.

A melhor época para induzir artificialmente a produção de própolis numa colméia é no outono, quando não há grande produção de mel.

DERIVADOS DA CERA DE ABELHA

As abelhas, além de ser extremamente organizadas na vida na colméia, remontam ao período jurássico. Assim como as borboletas e joaninhas, têm 120 milhões de anos na Terra. Elas viveram junto com o Apatossauro (brontossauro) e o famoso Tiranossauro Rex, o mais terrível de todos os lagartos. Graças ao seu pequeno tamanho e organização e também á existência das flores, as abelhas vêm se reproduzindo e ajudando o homem a viver melhor e de forma mais saudável através de seus produtos.

A abelha é uma incansável trabalhadora e foi trazida para o Brasil por volta de 1839. As abelhas são insetos sociais e que têm como principal função fazer a polinização cruzada perpetuando o mundo vegetal em troca do néctar como alimento. Seus produtos são, para o homem, uma rica fonte de alimento e, dentre todos, a cera é a mais conhecida:

CeraA cera é produzida pelas abelhas operárias através de suas glândulas cerígenas. Localizadas na parte central do abdômen. A cera é usada pelas abelhas na construção de favos. Entre outras substâncias, é composta por um complexo de ácidos graxos. E macia e fiável - quando quente, e quebradiça - quando frio. Sua produção é cerca de 2% da produção de mel da colméia.

A cera é matéria prima para a fabricação de velas de alta qualidade e lustração de móveis e veículos, é utilizada tanto pela indústria de componentes eletrônicos quanto de cosméticos. Tem grande utilidade na indústria farmacêutica.

Cera brutaA cera bruta é obtida de favos velhos, retirados nas revisões regulares. do aproveitamento dos opérculos e das aparas de favos dos enxames coletados. A cera extraída será, posteriormente, beneficiada através da fusão por aquecimento em fogo brando ou derretedor solar, filtrada em saco de aniagem e colocado em formas. Nunca se deve misturar a cera com a parafina.

Cera alveoladaO apicultor poderá alveolar a cera num cilindro próprio ou fazer a permuta com centros que alveolam a cera, o que é mais recomendável para o apicultor iniciante. Os álveos serão utilizados pelas abelhas na construção dos favos desde que estejam em bom estado, sem quebras e sem misturas.

Principais usos da cera:

*É utilizada pelas abelhas na construção e manutenção dos favos

* Produção de velas e impermeabilizantes

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* Confecção de cosméticos

* Isolantes

* Lápis de cera e velas de excelente qualidade, entre outros usos.

GELÉIA REAL A FONTE DA JUVENTUDE

Definitivamente, na natureza não existe outro alimento tão rico e poderoso como a Geléia Real, uma substância cremosa, secretada pelas glândulas hipofaringeanas de abelhas jovens - com 3 a 12 dias de vida adulta -para alimentar as larvas e a rainha!

A abelha rainha é mantida exclusivamente com geléia real que é, provavelmente, o fator responsável por seu incrível tamanho e longevidade. Quando a colméia fica órfã, as abelhas alimentam algumas larvas e lhes fornecem a geléia real, até que se transformem em ninfas. Essas larvas, se não fossem alimentadas com geléia real, seriam uma abelha comum, levariam 21 dias para nascer e seriam do tamanho das outras abelhas, tendo uma duração de até 4 meses no máximo. Por serem alimentadas com geléia real nascerão em apenas 16 dias, poderão durar até 5 anos, tendo a capacidade de reprodução girando em torno de 2500 ovos por dia.

Qualquer larva, até três dias de idade, serve para ser uma rainha. As abelhas, não se sabe por que critérios, escolhem as larvas que serão as futuras rainhas que serão alimentadas com a geléia real, responsável pelo seu crescimento. Após dezesseis dias a rainha nasce. No nono dia de vida faz o seu vôo nupcial num dia quente, ensolarado e sem ventania. Ela voa veloz a grandes altitudes liberando o seu feromônio sexual. Somente os zangões mais fortes e mais rápidos conseguem alcançá-la após detectar o feromônio. Localizada, dá-se início à cópula. No entanto, os vários zangões que conseguirem a façanha terão morte certa e rápida, pois seus órgãos genitais ficarão presos no corpo da rainha que continuará a copular com quantos zangões forem necessários para encher a sua espermateca. Ao regressar do seu vôo nupcial a rainha se apresenta bem maior e mais pesada. A geléia real será seu único alimento até morrer dentro de 5 ou 6 anos.

Produção de geléia real.Produzir geléia real é quase tão simples como produzir mel. mas exige alguns conhecimentos básicos importantes e muita experiência apícola. Basicamente, em nível doméstico ou comercial, deve-se utilizar o mesmo procedimento técnico empregado para a criação natural ou artificial de rainhas, com a diferença de que o apicultor não permite o desenvolvimento das larvas acima de 72 horas, interrompendo a fase de crescimento das mesmas, sacrificando-as para coletar a geléia real depositada na realeira pelas abelhas para alimentação das larvas.

Entre as várias técnicas existentes, todas se baseiam em orfanar ou não a colméia para induzir nas abelhas operárias da colônia a necessidade de criar uma nova rainha. Na produção da geléia real são utilizados os seguintes métodos:

* Puxada Natural

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* Colméia produtora órfã~* Colméia produtora com rainha* Colméia dupla com 2 rainhas

Para atender a necessidade familiar do apicultor ou a disponibilidade de geléia real para a primeira transferência de larvas numa produção comercial, o método se baseia no aproveitamento das realeiras puxadas voluntariamente pelas abelhas de uma colônia órfã ou quando da intenção natural de enxamear, retirando a larva e colocando a geléia real nas realeiras. Quando o apicultor não pode esperar pela decisão voluntária das abelhas, de criar uma nova rainha, pode-se incentivar e forçá-las através da alimentação.

Na produção comercial de geléia real as realeiras naturais puxadas pelas abelhas são substituídas por cúpulas feitas de cera ou então de plástico, que são as mais utilizadas no mercado brasileiro.

Como fazer:1- Examine as colméias mais populosas que mostram sintomas de enxameação próxima para localizar e tirar a geléia real das eventuais realeiras em formação.2- Ou então, orfane uma boa colônia de abelhas, retirando a sua rainha e mantendo-a aprisionada e guardada em outra colméia para posterior devolução à matriz, em três ou quatro dias.3- A colméia orfanada deve conter favos com ovos ou de preferência, larvas bem novas para viabilizar a criação de novas rainhas e a conseqüente produção de geléia real.4- Depois de três ou quatro dias de orfandade da colméia, fazer uma revisão para coletar a geléia real encontrada nas realeiras em desenvolvimento. Após coletada, alimentar a colônia e devolver-lhe a rainha que foi retirada e guardada no banco.

Neste método natural, a produção de geléia real fica dependendo do número de realeiras produzidas por colméia, que em média é de duas a quatro, resultando em torno de uma a duas gramas de geléia real por colméia. Da realeira, a geléia real pode ser sugada com uma bomba de sucção acionada por um pequeno compressor.

Conservação da geléia real -A retirada ou coleta da geléia real das realeiras naturais ou cúpulas artificiais é processada a cada três dias ou 72 horas, a partir da orfanação da colméia ou enxertia das larvas. Após retirada quando pura, guardar na geladeira, em baixas temperaturas (menos de 100 C) em frasco escuro bem fechado por cerca de 18 meses. Quando misturada com mel, pode ser guardada em ambiente natural, sem colocar na geladeira, em lugar fresco e escuro. A melhor técnica para conservação é a liofilização ou sua transformação em pó.

Fatores que prejudicam a conservação da geléia real são: luz, calor excessivo, ar e processamento inadequado.

Benefícios e propriedades terapêuticas Vários estudos e citações bibliográficas falam sobre as propriedades e ações deste produto da colméia. A geléia real é um produto dietético, podendo ser utilizado por todas as pessoas. Não é um remédio, é um preventivo para quem deseja ter longevidade, beleza e bem-estar, pois possui uma qualidade preventiva e regeneradora.

A geléia real age como um estimulante biológico e energético das diferentes funções orgânicas melhorando o estado geral, aumentando a capacidade física e intelectual, atuando favoravelmente sobre a arteriosclerose, as úlceras, anemias, depressão, facilitando o

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metabolismo celular agindo como estimulante, fortificante. A geléia real acelera a recuperação e tonifica o organismo, evita o envelhecimento precoce e é um excelente antibiótico e antiinfeccioso.

Composição Química da Geléia Real

Água 66%Glicídios 14%Protídeos 10%Lipídios 6%Outras 3%

Dias Procedimentos

01 Montar a colméia produtora de geléia real Orfanar uma colméia para obter geléia real Alimentar as duas colméias

04 Pela manhã, fazer as cúpulas Coletar geléia real no período da tardeColocar geléia real nas cúpulas Fazer a transferência de larvas para as cúpulas Levar e introduzir as cúpulas com larvas na colméia produtora Alimentar a colméia produtora

07 Produzir as cúpulas, no período da manhãColetar geléia real da produtora, a tardeColocar geléia real nas cúpulas Fazer a transferência de larvas Introduzir as cúpulas com larvas na colméia produtora Alimentar a colméia produtora

10 Fazer cúpulas pela manhã Coletar geléia real da colméia produtora à tarde Trocar os quadros vazios da câmara de cúpulas com quadros de cria nascente (operculados) do ninho Colocar geléia real nas cúpulas Fazer a transferência de larvas para as cúpulasIntroduzir as cúpulas com larvas na colméia produtora Alimentar a colméia produtora

Composição cientifica da Geléia Real

Vitaminas B1, B2 e B6BiofinaInositolÁcido Fólico

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Traços de vitamina CAminoácidosOligoelementos minerais

APITOXINA: O VENENO QUE CURA

De todos os produtos da abelha, a apitoxina é talvez o mais polêmico e o que suscita mais cuidados por parte do ser humano. Como tudo na natureza, é um paradoxo, mata em grandes quantidades, mas cura na dose certa.

A pesar de ser letal para o homem, quando aplicado em grandes proporções, o veneno da abelha é, paradoxalmente, um consagrado medicamento contra diversos distúrbios e problemas. O veneno da abelha, também chamado de apitoxina, é produzido por glândulas existentes no abdômen e introduzido no corpo das vítimas através do canal existente no ferrão, provocando reações que variam de intensidade de acordo com a sensibilidade de cada pessoa, podendo levar até a morte.

E uma substância química complexa formada por águas e aminoácidos, açúcares, histamina e outros componentes. O veneno da abelha é indicado para a saúde humana, mas ainda faltam publicações científicas a respeito do assunto. A obtenção exige técnicas de laboratório e situa-se num plano mais sofisticado da atividade apícola. Introduzida por Ciro Gomes Protta há vinte anos, a apitoxina chegou a ser comercializada em escala industrial em forma de pomada pelo laboratório Protta Apícola do Brasil, mas foi retirada do mercado por excessivas exigências do Ministério da Saúde, que não fornece O registro definitivo de comercialização do produto como medicamento novo, por não ter uma legislação específica para o assunto. Ciente da necessidade de um estudo científico, o laboratório se debruçou sobre o assunto que já tem dois laudos positivos emitidos pela Universidade de São Paulo — USP e UNIVALE, segundo Ciro Protta.

“Atualmente estamos trabalhando com quatro universidades que estão debruçadas em estudos da apitoxina no organismo animal e humano. Dentro de mais um ano teremos todos os dados para ser publicado em revistas científicas, o que deve validar a pesquisa dentro e fora do país”, afirma. ~Cerca de 60 pessoas estão sendo tratadas com a pomada oficialmente, mas quando eu ainda fabricava e vendia o produto, mais de 100 mil pessoas puderam comprovar a eficácia da apitoxina como agente antiinflamatório, no tratamento de artrite, reumatismo, tendinite, bursite e inflamações comuns”.

Apitoxina - O uso da apitoxina é muito antigo e veio provavelmente da observação de que os primeiros apicultores recebiam muitas picadas e não tinham problema de reumatismo. A apitoxina pode ser encontrada no mercado de forma clandestina (pois não tem autorização do Ministério da Saúde para ser vendida como remédio) em injeções subcutâneas, pomadas, inalações e até mesmo em comprimidos. A picada natural da abelha também é um método empregado, principalmente por acupunturistas. E recomendada para doenças como artrites, nevrites, afecções cutâneas, doenças oftalmológicas, no tratamento de esclerose múltipla, porém é importantíssimo ressaltar que nenhum desses tratamentos têm embasamento

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científico, e sim são todos baseados em observações e crendice popular. “Como pesquisador do produto eu recomendo que a apitoxina seja usada somente em pomada, pois em forma de injeção e comprimido sub—lingual, o veneno é absorvido rapidamente pela mucosa e pela corrente sanguínea. Dependendo da quantidade absorvida pela pessoa pode causar problemas”, alerta Ciro Piotta que é membro da APACAME —Associação Paulista de Apicultores, Criadores de Abelhas Melíferas Européias.

Coleta do Veneno - Desde meados dos anos 50, o método do choque elétrico tem sido visado para estimular as abelhas a picar O coletor normalmente é colocado na entrada da colméia e conectado a um dispositivo que provê impulsos elétricos. O coletor é feito de madeira ou plástico e segura uma armação de arame. Debaixo dos arames está colocada uma folha de vidro que pode ser coberta com plástico ou material de borracha para evitar a contaminação do veneno. Durante a coleta, as abelhas entram em contato com a armação de arame e recebem um choque elétrico moderado. Elas picam a superfície da folha do coletor, pois identificam a excitação elétrica no momento como uma fonte de perigo. O veneno é então depositado entre o vidro e o material protetor, onde seca e depois é raspado e vendido pai-a a indústria farmacêutica ou laboratório especializado. Todo o processamento da transformação do veneno em pomada demora dois dias.

O apicultor que trabalha com geléia real não trabalha com a apitoxina, pois a coleta do veneno gera muito estresse nas abelhas que ficam muito agressivas após esse trabalho. E aconselhável, inclusive não ter nada móvel (animais e movimentação de pessoas) a pelo menos 300 metros. A coleta deve ser feita somente 1 hora por dia e para coletar 1 grama de veneno é preciso extrai-lo de 10 colméias. A operação, na mesma colméia, só poderá ocorrer após três dias. As abelhas mais indicadas para a extração de veneno são as africanas ou africanizadas.

A previsão de ter o produto totalmente estudado e autorizado pelo Ministério da Saúde é de final de 2002, pois a fase de pesquisas em animais já foi concluída, falta agora a comprovação da eficácia do produto em seres humanos. Mesmo em Cuba e Estados Unidos, a apitoxina ainda não é considerada oficialmente “novo remédio”, isso só poderá ser feito após publicação dos estudos. ‘”A minha industria está com uma pesquisa séria, muito grande, feita de forma detalhada e correta, para que possamos oferecer de forma legal e comprovada o que todo mundo já sabe, que a apitoxina é um excelente remédio. Quando isso acontecer a apicultura brasileira vai tomar um outro rumo e ter mais fôlego,já que a estimativa de produção para consumo gira em torno de 5 quilos de veneno por mês. Hoje, um quilo do produto está estimado em 30 mil reais”, finaliza Ciro Protta.

APITOXINA – PRINCIPAIS DUVIDAS

Conheça as perguntas mais comuns a respeito do assunto e tire também suas dúvidas. E importante ressaltar que as afirmações contidas abaixo não têm comprovação cienti[fica!

1- Pra que serve a apitoxina?A terapia com uso do veneno é reconhecida e aceita no tratamento de certas doenças humanas. O veneno da abelha melífera pode ser usado de diversas formas e modos, Pois é uma fonte rica de componentes fàrmaceuticamente ativos. Em doze países europeus, na categoria de droga, nós podemos achar vinte e quatro produtos que contêm veneno de abelha.

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Esses produtos incluem formas de creme, linimentos, ungüentos, pomadas ou injeção no tratamento de diversas doenças humanas. Eles estão disponíveis através de prescrição ou não, dependendo do pais.

2- O veneno da abelha pode ser administrado oralmente?Na categoria de droga, informação limitada está disponível sobre o uso de veneno de abelha na forma de tablete, cápsula ou gota. Não obstante, há dúzias de produtos no mercado europeu na categoria homeopática contendo o extrato de bolsa de veneno. Nesta categoria, o veneno de abelha também está misturado com venenos de serpente e centopéia e é administrado oral-mente no tratamento de doenças especificas. Foram desenvolvidas cápsulas de veneno de abelha e testadas na região da Calgária no tratamento de dor crônica. Deve-se notar que os resultados são preliminares e requerem pesquisas adicionais.

3- A solução de veneno é tão efetiva quanto as picadas de abelha?O veneno de abelha tem muitos componentes ativos, porém, durante sua coleta, pode perder suas frações voláteis. Atualmente é desconhecido se estas frações representam um papel importante no efeito curativo. Métodos de preparação impróprios também podem diminuir sua efetividade. O veneno de abelha de uma fonte desconhecida pode ser velho, oxidado ou impropriamente armazenado e, por conseguinte menos efetivo quando usado. Com um método de preparação apropriado é possível fazer uma solução de veneno quase tão eficaz quanto as picadas de abelha. A solução de veneno de abelha foi usada com êxito no tratamento de dor crônica, problemas auditivos, traumas, esclerose múltipla, cicatrizes e todos os tipos de artrite. Algumas das vantagens do uso da solução de veneno são: o tratamento pode ser administrado sob supervisão de um médico; a dosagem e os componentes do veneno são padronizados; e o tratamento é independente das mudanças sazonais dos componentes e da disponibilidade de abelhas vivas.

4- A solução de veneno de abelha é considerada efetiva no tratamento de esclerose múltipla?Em princípios dos anos 80 acreditava-se que a solução de veneno de abelha era tão efetiva quanto o veneno da abelha viva. Mais tarde este pensamento foi modificado, baseado nos resultados e na única solução de veneno de abelha disponível no mercado norte-americano. Tratamentos com a solução de veneno estão sendo realizados principalmente em clínicas privadas o que limita a informação disponível dos médicos. O tratamento da esclerose múltipla com picadas de abelhas vivas tem só unia década de história reportada e o tratamento com solução de veneno de abelha até menos que isso. A falta de um estudo cientificamente controlado, além de documentação apropriada tem dificultado a determinação e comprovação da efetividade do tratamento. Pacientes com esclerose múltipla respondem individualmente á terapia com picadas de abelhas vivas. Alguns deles podem melhorar dentro de pouco tempo, enquanto outros precisam de um período mais longo. Em vários casos não houve melhora da condição do paciente. É desconhecido o que causa estas diferenças.

5- Quais são as prováveis causas dessa diferença no resultado do tratamento?É preciso entender que a simples administração do veneno de abelha não assegurará sua efetividade. E importante seguir diretrizes de tratamento. Porém, qualquer que seja o tratamento não tem embasamento científico, todos são baseados em observações. Algumas possíveis causas podem ser: concentração e/ou quantidade insuficiente de solução de veneno, administração imprópria, ingestão insuficiente de vitamina C, carência nutricional, alergias, medicamentos, bloqueios mentais.

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6- Com o que se parece o veneno da abelha e quanto tempo pode ser armazenado?O veneno da abelha melífera é um líquido incolor. Após a secagem, é um pó branco se este for protegido da oxidação. Se não protegido, a oxidação mudará a cor de branco para castanho-amarelado. Mudanças causadas pela oxidação de certos componentes do veneno podem diminuir seu efeito curativo. Há tipos diferentes de veneno como: o inteiro puro e seco, o inteiro seco a frio (liofilisado). O tipo inteiro puro e seco é o mais puro veneno. E de cor branca, não contaminado com materiais externos e incolor quando é usado em solução. O tipo inteiro e seco pode ser contaminado com pólen, fezes, pó, néctar e mel. Sua cor varia de amarelo para castanho-amarelado dependendo da oxidação dos componentes. Em forma de solução tem também a mesma cor.

O veneno de abelha seco a frio é um veneno altamente processado e purificado. Durante a preparação, seu conteúdo de umidade e qualquer outro contaminante são removidos de modo a purificar e preservá-lo. Alguns dos componentes ativos também podem ser removidos se um método descontrolado de purificação é usado. É extensamente usado em cremes, linimentos e ungüentos. Na forma de tablete, pode ser usado para preparar a solução de veneno para aplicações de eletroforese ou de ultrasonoforese. É fácil de esterilizar com filtração de seringa. Se o veneno da abelha é protegido da umidade e luminosidade este pode ser armazenado durante dois anos. Não perderá sua toxidade. Secagem a frio é talvez, o método mais efetivo de ser preservar o veneno.

7- Como a solução de veneno de abelha (BVS-Bea Venom Solution) é preparada?Um dos métodos mais simples de preparar a solução de veneno de abelha é dissolver o veneno em uma solução salina, quente, isotônica, previamente esterilizada e passada por um filtro de microporos. A desvantagem deste método é que a solução salina quente pode destruir parcialmente os componentes ativos do veneno. Conseqüentemente, seu efeito de cura pode não ser comparado à efetividade de unia picada direta da abelha. Há outros métodos para se preparar uma solução de veneno mais efetiva, tais como: através do “método de preparação a frio” ou pelo uso do veneno seco a freezer. São exigidos estudos completos e metodologias precisas para se preparar uma solução efetiva.

8- Existe algum método para se usar a solução de veneno (BVS) sem ter que injetá-la?A solução de veneno de abelha pode ser administrada por eletroforese ou ultrasonoforese. Ambos os métodos usam o BVS altamente diluído, porém a ultrasonoforese exige que esta solução seja misturada com um ungüento. A solução de veneno ou ungüento é colocada então sobre a área afetada e penetra o corpo com a ajuda de uma corrente elétrica ou ultra-som. Outro método usa um tablete de veneno de abelha que contém unia quantidade controlada de veneno dissolvido em um volume específico de água destilada e assegurando desta forma urna concentração segura e apropriada. Estes métodos são seguros e indolores.

Eles não requerem o uso de qualquer instrumentação sofisticada diferente do que já está em uso nas instituições médicas. Além disso, estes métodos asseguram a administração controlada do veneno através de médico ou terapeuta. A solução de veneno de abelha pode ser usada na acupuntura também. Durante as últimas três décadas os chineses combinaram métodos de acupuntura tradicional com o uso da solução de veneno de abelha no tratamento da epilepsia, impotência e várias outras condições passíveis de serem tratadas com picadas de abelhas vivas. Um dos métodos usa urna agulha de acupuntura que foi imersa na solução de veneno e administrada em pontos de acupuntura.

9- É necessário esterilizar a área afetada antes de se administrar o ferrão da abelha ou

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BVS?Alguns dos mais comuns desinfetantes como álcool ou tintura de iodo não deveriam ser usados para BVS. Estes desinfetantes destroem os componentes ativos do veneno rapidamente. Na prática, a área afetada pode ser lavada com sabão e água morna e ser seca com uma toalha. Antes da administração de uma injeção de veneno de abelha a área afetada deve ser limpa com éter ou benzina.

10 - Como eu posso usar na terapia mim creme, linimento, ungüento ou pomada contendo veneno de abelha?Foram desenvolvidos produtos de veneno de abelha nestas formas para o tratamento de artrite, reumatismo, tendinite, bursite, inflamações comuns. Não há nenhuma evidência científica ou informal para este tipo de administração do veneno em condições de esclerose múltipla.

11- Quantas injeções podem ser preparadas com 1.0g de veneno de abelha?Os resultados de pesquisa mostraram que a bolsa de veneno da abelha melífera tem aproximadamente 0,1 mg de peso seco. Então, 10.000 bolsas contêm 1.0 g de veneno. Preparando-se uma solução inicial 3x concentrada, cada 1 ml conterá 1.0 mg de veneno. Administrando 0.1 mi da solução de veneno na área afetada será equivalente à picada de uma abelha. Como resultado, 1,0 g de veneno de abelha pode resultar em 10.000 injeções. Durante os últimos 30 anos, a solução 3x concentrada tem sido considerada uma preparação homeopática e foi provado ser seguro o seu uso. O tratamento sempre foi administrado por médicos e não existem informações a respeito de choques anafiláticos sérios ou mortes. A mais recente pesquisa indicou que uma bolsa de veneno comum contém aproximadamente 40-50% mais veneno que aquela quantia previamente mencionada. Então, aproximadamente 7.000 injeções podem ser preparadas de 1.0g de veneno de abelha. Porém, estes resultados têm que ser ainda amplamente pesquisados e aceitos.

MERCADO APÍCOLA

Um apiário é uma fonte quase inesgotável de produtos, basta que o apicultor saiba como estocá-lo e escoá-lo. Claro que, como em todo negócio, antes de investir é preciso se estudar o mercado. No caso da apicultura, entrepostos e cooperativas, além das indústrias cosmética e farmacêutica, são algumas das opções.

A colheita do mel deve ser realizada nas épocas de florada abundante. Os favos prontos para a colheita são os escuros e cobertos por uma camada de cera. Quando estão assim, fechados, diz-se que estão completos e operculados. Nesse caso, o apicultor deve retirar os quadros maduros, coloca-los em caixas de transporte e levá-los para o local da extração do mel. No lugar dos quadros retirados devem ser colocados quadros vazios para que as abelhas voltem a enche-los com mel.

A colheita do mel é o inicio de uma operação delicada, pois o mel colhido não deve ticar exposto ao ar por mais de 10 minutos, é que ao absorver a umidade existente, o mel pode estragar. A qual idade dos produtos obtidos pelo apicultor vai determinar o lucro que ele vai ter apos um longo período de trabalho junto ao apiário.

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Méis com umidade superior a 22% geram fermentações indesejáveis s e perda final do produto em condições de armazenamento prolongado. Quadros que não atendam a estas condições devem ser retornados à colméia até que apresentem a maduração do mel. Os quadros são transportados até o local do beneficio, onde se submete ao seguinte procedimento:

Na área de armazenamento recebem-se os quadros contendo o mel para logo entrar no processo de extração. Este lugar de armazenamento em geral é de alta ventilação e protegido com malhas para evitar tanto a entrada de insetos como os desperdícios de mel.

Na área de desoperculaçào são eliminados os opérculos de cera contidos nos quadros, para facilitar posteriormente sua centrifugação, que se efetua a temperaturas entre 28 e 30 graus para facilitar a separação dos desperdícios.

A área de centrifugação se dispõe de tal maneira que facilite a abertura da válvula da torneira, podendo fazer-se em cima do coador ou passando-a diretamente a um recipiente ou decantador. O mel extraído se coloca em um recipiente sem tampa, para que saia a umidade contida.

CentrifugaA centrifuga é utilizada para retirar o mel de dentro dos favos. O apicultor usa uma faca desoperculadora para tirar a primeira camada do favo depois os deposita na centrífuga que com a velocidade faz vazar o mel nas paredes que depois de filtrado está pronto para ser embalado. Depois de passar pela centrífuga, de onde ele sai por uma torneira, o mel é passado para o depósito que em geral tem forma de funil de ferro pintado em alumínio por dentro e tinta comum por foi-a. Possui uma torneira em seu vértice, que fica virado pai-a baixo. O ideal é o depósito de aço inox estanhado.

Antes de usá-lo, deve ser bem lavado e esterilizado com água fervendo, inclusive deixando-a passar pela torneira para esteriliza-la também. Não há necessidade de ser muito grande, variando de tamanho de acordo com a produção do apiário.

Filtração e decantaçãoUrna vez terminada a extração, os tanques e extratores são lavados com água quente. O mel é coado a frio, condição que exige mais tempo, embora resulte melhor coar quente, porém nunca a uma temperatura não menor que 50 C porque em tais condições sofre transformações que o desvalorizam.

Colocado o mel, cobrimos sua boca com um pano limpo e a tampa para que fique bem vedado. Deve ficar em repouso durante de 48 a 72 horas para que todas as suas impurezas bóiem e sejam retiradas com uma espumadeira. Esse prazo também é útil para que ele perca grande parte da espuma que adquiriu durante a centrifugação.

No processo de filtração e decantação, busca-se que as bolhas e impurezas subam à superfície para serem eliminadas na capa superior para que o mel saia limpo e pronto para ser envasado. Devemos evitar ao máximo seu contato direto com o ar, para que o mesmo não perca corpo, fique ralo ou azede. Na prática podemos verificar que o mel do fundo escorre mais devagar por sei mais grosso que o da superfície, que é mais aguado.

Para que isso não aconteça, e importante recortar um plástico do formato e tamanho do

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depósito e colocá-lo aderido diretamente à superfície do mel. Este depósito deve ficar a uma altura que permita a retirada do mel com facilidade, através de uma torneira existente no fundo, para ser embalado.

EnvasamentoApós todos os processos realizados, o mel deve ser colocado em vasilhames próprios, higienicamente tratados e rotulados. O envasamento pode ser feito em vidros esterilizados ou plásticos virgens, em forma de favos, envelopados em plástico ou papel celofane. O vasilhame deve sei colocado o mais próximo possível, da torneira para que o mel não caia do alto, formando bolhas de ar ou “colarinhos”.

Melhor ainda é que a coluna de mel saia da torneira e vá deslizando pela parede do vaso até o seu fundo. Não se deixar um espaço muito grande entre a superfície do mel e a tampa da vasilha, mas apenas o suficiente para permitir uma certa dilatação do mel e do ar dentro da embalagem, isso evita que as tampas saltem ou que as embalagens estourem por pressão interna.

Quanto mais cedo o mel foi embalado, melhor pai-a que não cristalize, se isso acontecer dará muito trabalho, pois terá que ser aquecido (máximo de 55 a 60 C), perderá sua cor natural, ficará escuro e terá seu sabor alterado. diminuindo a qualidade do produto.

ComercializaçãoO comércio do mel e produtos derivados do apiário pode ser local, nacional e internacional. O Japão, por exemplo, é um grande consumidor de própolis fabricado no Brasil. A própolis pode sei comercializada “ín natura”, em extrato concentrado, mesclas de mel e própolis. E importante para o apicultor fazer parcerias com entrepostos e outros tipos de comércio como a indústria de cosméticos e farmacêutica, para ter o escoamento do seu produto. Grandes redes de supermercados são também uma boa opção. O mel pode ser comercializado diretamente pelo produtor ou através de associações de classe. Ao atacadista, pode ser vendido em latas de 18 litros.

Produtos a serem comercializados

O primeiro ser a experimentar o doce mel das abelhas talvez tenha sido o grande urso pardo e foi esse animai que mostrou ao homem onde encontrar esse saudável alimento. Com seu faro aguçado o urso localizava as abelhas que faziam suas colméias nos troncos das árvores e nas fendas das cavernas e rochas.

Tendo muita força, ele arrancava os troncos até alcançar os favos e então devorava tudo que encontrava: mel, crias, ceras, tudo era destruído para que o urso indiferente às picadas saboreasse o delicioso néctar. Ao retirar-se deixava tudo espalhado. O homem primitivo aproveitava as sobras para também banquetear-se.

Desde então, o homem vem aperfeiçoando a criação desses insetos tão organizados e úteis e aprendendo com as abelhas uma maneira mais saudável de viver. Graças à apicultura, inúmeros são os produtos que estão à disposição das pessoas tanto na indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética como sabonetes, gel após barba à base de própolis e mel, pomadas anti-rugas feitas a partir de extrato de própolis e geléia real, cremes feitos com cera de abelha, loções hidratantes, sem falar nos vários tipos de méis, pois tal como o vinho, possui características próprias conforme o seu gosto, aroma, consistência e propriedades, como: mel

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da flor do eucalipto, mel da flor do campo, mel de laranjeira, etc. O pólen, por exemplo, pode ser utilizado como complemento alimentar, pois contém vitaminas A, D. E, C, além de enzimas e sais minerais. A geléia real é um revitalizante natural e estimulador biológico. A própolis é um antibiótico natural que serve para combater gripes, resfriados, dores de garganta, é excelente cicatrizante e eficiente no combate ao mau hálito. Vários doces podem ser feitos à base de mel como; balas, trufas, bolachas, bolos e pães. Com a cera que é retirada da colméia pode-se fazer alvéolos, velas ornamentais, giz de cera, só para citar alguns produtos.

Tem também o veneno da abelha, conhecido como apitoxina que é muito difundido nos Estados Unidos e Europa no tratamento de várias doenças. No Brasil, ainda engatinhamos nessa tecnologia. Aliás, o Brasil ainda não explora o potencial gigantesco que tem, por possuir uma apicultura ainda em expansão. De qualquer maneira, já temos um mercado que consome esses produtos de forma efetiva internamente, mas que como tudo em nosso país está “em desenvolvimento”.

Distribuição de equipamentos- mesa para desoperculação- bandeja para coleta de cera desoperculada- faca ou garfo desoperculador- peneiras finas para filtrar o mel- depósito para recolhimento do mel filtrado- depósito maior para decantação (100 litros) dotados com torneiras especiais, próprias

para o mel

Sala de processamento- tela de proteção nas janelas- piso impermeável e de fácil limpeza- água encanada- luz elétrica- ventilação adequada

Processo para extração e envasamento do mel- área de armazenamento- área de desoperculação- área de centrifugação- área de filtração e decantação- área para envasamento

Alta produtividade

O mel e o principal produto apícola no mercado brasileiro. No ano passado, o país

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produziu cerca de 26 mil toneladas de mel, já o consumo foi maior, atingindo entre 32 a 35 mil toneladas.

A apicultura tem se mostrado uma atividade rentável e de fácil exploração em razão das muitas fontes de néctar; pólen e própolis existentes na natureza. A criação de abelhas e a exploração comercial de seus produtos têm se mostrado uma atividade lucrativa e relativamente fácil de ser desenvolvida.

Mas apesar do consumo de mel ser maior que a produção, o mercado nacional anda saturado do produto em função do mel clandestino que entra no país, proveniente da Argentina e Uruguai. Proprietários de entrepostos que envasam mel clandestino como se fosse nacional precisam ter mais consciência porque os produtos de fora são suscetíveis a doenças que não temos aqui”, adverte Irone Martins de Sampaio, presidente da Conap - Cooperativa Nacional de Apicultura. Ainda assim, Sampaio diz que o momento é bom pai-a investir na apicultura. ~O mercado é promissor. Nosso mel tem qualidade. E orgânico. totalmente livre de pesticidas. Para sobreviver da atividade, basta respeitar o consumidor e estar ligado a entidades sérias”.

Neste ano, a partir da iniciativa de apicultores preocupados com a qualidade dos produtos distribuídos no mercado, foi fundada a Fernap — Federação Mineira de Apicultura, cujo principal objetivo é criar um SeIo Apícola para certificar os produtos comercializados no Estado. Voltada para entidades jurídicas, a Fernapjá conta com 21 filiados, entre eles, entrepostos de cera e mel e algumas associações.

Alternativas de mercado —Além do mel, outros produtos originados da abelha como a própolis, geléia real, cera e pólen estão se popularizando no Brasil em função da crescente preocupação com a qualidade de vida e dos benefícios que estes produtos representam à saúde.

Para se ter uma idéia, a composição da própolis brasileira tem sido indicada através de vários estudos como uma das melhores do mundo. E apesar do mercado interno apresentar um crescimento em torno de 10% ao mês, os apicultores nacionais chegam a exportar 70% da própolis produzida no pais.

Segundo informações da Conap, o mercado da própolis passa por altos e baixos. O mundo asiático é o nosso maior consumidor. No Japão, país que lidera o consumo de própolis no mundo, cerca de 90% do produto consumido é brasileiro. Além do Japão, a cooperativa exporta para Taiwan, Suíça, Bruxelas e Estados Unidos.

Como o mercado exige qualidade, a entidade investe muito no controle laboratorial de concentração de flavonóíde, princípio ativo da própolis. Pan elaborar o extrato tradicional, a Conap trabalha com 13% de flavonóides para o produto tipo exportação e com 7% o para o interno, quando o percentual regulamentado e exigido pelo Ministério da Agricultura é de apenas 20%.

No caso do mel, a situação é bem diferente. O mercado interno sempre foi mais forte e a exportação se tornava inviável até pouco tempo, já que o Brasil não apresentava preço competitivo. De acordo com Sampaio, somente após a desvalorização da moeda nacional foi possível pensar na exportação do produto. “Mas ainda estamos iniciando”, diz.

A produção de cera representa 20% da produção de mel, mas geralmente é reutilizada para suprir as necessidades da colméia. Transformada em placas alveoladas, a cera acaba voltando para o produtor. Uma pequena quantidade da produção abastece o crescente mercado nacional de velas.

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Embora represente alta lucratividade, a geléia real ainda não é produzida em grande quantidade no país. Alguns produtores a utilizam na melhora genética de abelhas rainhas, mas o consumidor já pode encontra-la em lojas especializadas.

Investimentos necessáriosA apicultura não exige grandes investimentos quando comparada a outras atividades rurais como a agricultura e pecuária. Com um capital de R$ 15 mil é possível montar um apiário completo com 60 colméias, incluindo todos os materiais e equipamentos necessários para as instalações. O retorno se dá em curto prazo e com ótima lucratividade.

Com manejo adequado e florada abundante, cada colméia pode produzir anualmente 20 quilos de mel, 1.2 quilo de própolis e 4 quilos de cera. Além disso, o apicultor pode investir ainda na apitoxina, que é o veneno da abelha.

Mas para quem pensa em viver somente da apicultura, é preciso dobrar o número de colméias. Segundo Sampaio, um apiário com 120 colméias representa cerca de R$ 2 mil mensais em faturamento. Uma família consegue perfeitamente dar conta de um apiário deste tamanho.

Alta produtividade Os apicultores profissionais costumam ter, em média, 400 colméias, muitas vezes alcançando anualmente até 80 quilos de mel por ano. Para conseguir essa produtividade alta por colônia alguns apicultores praticam a apicultura migratória. Com a utilização de técnicas adequadas é possível transferir um enxame de uma região para outra, podendo assim o empreendedor escolher o melhor local para desenvolver o seu cultivo.

Nos Estados Unidos essa prática é muito utilizada. No entanto, a atenção deve ser redobrada quanto aos defensivos agrícolas usados em algumas culturas. Na apicultura migratória existem a, vantagens e desvantagens que devem ser consideradas pelo apicultor. De maneira geral, as colméias acabam produzindo mais e permanecem populosas, sem a necessidade de alimentação complementar. Por outro lado, o apicultor terá que investir em especialização, mão-de-obra e equipamentos especiais e transporte.

Além disso, será necessário substituir as rainhas antes do período normal de produtividade, que são 2 anos. Induzidas a produzir excessivamente em função das floradas, as rainhas têm sua vida reprodutiva interrompida antes do tempo.

Estimativas atuais do mercado* Aproximadamente 80 mil apicultores* 9 federações estaduais* 240 associações e cooperativas* 1.500 empresas entre micro e pequenas (oficialmente)* Cerca de 10.000 postos de trabalho diretosFonte: cooperativa Nacional de Apicultura (conap)

Produção (estimativa anual)Mel — 26 mil toneladas Faturamento médio — 78 milhões de reaisCera — 5,2 mil toneladas Faturamento médio —46 milhões de reais Própolis — 56 toneladas Faturamento médio — 4,4 milhões de reais

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