AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO...

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ISSN 2176-1396 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: AS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS DE 2001-2014 Viridiana Alves de Lara 1 - UEPG Mary Ângela Teixeira Brandalise 2 - UEPG Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Básica Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Esta comunicação apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado na qual foi realizado um mapeamento das produções científicas sobre avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental. A questão norteadora que se pretendeu responder foi: quais foram as pesquisas realizadas sobre avaliação da aprendizagem do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, desenvolvidas na forma de dissertações e teses no contexto educacional brasileiro nos últimos quatorze anos? O levantamento foi realizado em meio eletrônico nas seguintes bases de dados: Scielo, Google Acadêmico, Portal de Periódicos da Capes, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações. Para fundamentar as discussões foi estabelecido diálogo com Afonso (2005), Camargo, Justus (2013), Depresbiteris, Tavares (2009), Fernandes (2009), Ferreira (2002), Luckesi (2011), Soares, Maciel (2000). O estado da arte, das produções acadêmicas mapeadas, foi construído em três etapas: na primeira, as pesquisas foram organizadas por natureza, ano de publicação, autoria e região de origem; na segunda elas foram agrupadas em categorias conforme a similaridade dos objetos de pesquisa; e na terceira etapa os resumos dos trabalhos foram organizados num corpus textual e processados no software IRAMUTEQ, para realização da análise lexicográfica e a da análise de similitude. Os resultados dessa revisão evidenciaram que as pesquisas realizadas se concentraram nas regiões sudeste e sul, com maior produção sobre a avaliação da aprendizagem relacionada ao currículo e as práticas pedagógicas dos anos iniciais do ensino fundamental, seguida de pesquisas relacionadas aos instrumentos de avaliação, saberes e formação docente, avaliação e alfabetização. Destaca-se também, nas análises lexicográfica e de similitude, a forte conexidade entre a prática social da avaliação, o papel do professor, a organização da escola e as práticas pedagógicas. Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Anos iniciais do Ensino Fundamental. Estado da arte. ´ 1 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR. Professora no Departamento de Pedagogia da UEPG/PR. Professora da Educação Básica, na rede municipal de ensino de Ponta Grossa. E-mail: [email protected]. 2 Doutora em Educação/Currículo pela PUC/SP. Professora Associada do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de Ponta Grossa e no Programa de Pós-graduação em Educação - PPGE/ UEPG. E-mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL: AS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS DE 2001-2014

Viridiana Alves de Lara1 - UEPG

Mary Ângela Teixeira Brandalise2 - UEPG

Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Básica

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Esta comunicação apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado na qual foi realizado

um mapeamento das produções científicas sobre avaliação da aprendizagem nos anos iniciais

do ensino fundamental. A questão norteadora que se pretendeu responder foi: quais foram as

pesquisas realizadas sobre avaliação da aprendizagem do 1º ao 5º ano do ensino fundamental,

desenvolvidas na forma de dissertações e teses no contexto educacional brasileiro nos últimos

quatorze anos? O levantamento foi realizado em meio eletrônico nas seguintes bases de

dados: Scielo, Google Acadêmico, Portal de Periódicos da Capes, Biblioteca Digital de Teses

e Dissertações. Para fundamentar as discussões foi estabelecido diálogo com Afonso (2005),

Camargo, Justus (2013), Depresbiteris, Tavares (2009), Fernandes (2009), Ferreira (2002),

Luckesi (2011), Soares, Maciel (2000). O estado da arte, das produções acadêmicas

mapeadas, foi construído em três etapas: na primeira, as pesquisas foram organizadas por

natureza, ano de publicação, autoria e região de origem; na segunda elas foram agrupadas em

categorias conforme a similaridade dos objetos de pesquisa; e na terceira etapa os resumos

dos trabalhos foram organizados num corpus textual e processados no software IRAMUTEQ,

para realização da análise lexicográfica e a da análise de similitude. Os resultados dessa

revisão evidenciaram que as pesquisas realizadas se concentraram nas regiões sudeste e sul,

com maior produção sobre a avaliação da aprendizagem relacionada ao currículo e as práticas

pedagógicas dos anos iniciais do ensino fundamental, seguida de pesquisas relacionadas aos

instrumentos de avaliação, saberes e formação docente, avaliação e alfabetização. Destaca-se

também, nas análises lexicográfica e de similitude, a forte conexidade entre a prática social da

avaliação, o papel do professor, a organização da escola e as práticas pedagógicas.

Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Anos iniciais do Ensino Fundamental. Estado

da arte.

´

1 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa - PR. Professora no Departamento de

Pedagogia da UEPG/PR. Professora da Educação Básica, na rede municipal de ensino de Ponta Grossa. E-mail:

[email protected]. 2 Doutora em Educação/Currículo pela PUC/SP. Professora Associada do Departamento de Matemática e

Estatística da Universidade Estadual de Ponta Grossa e no Programa de Pós-graduação em Educação - PPGE/

UEPG. E-mail: [email protected].

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Introdução

A mudança na forma de organizar o tempo escolar vem ocorrendo desde a

implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9.394/96,

conforme consta no art. 23:

a educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,

alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,

na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre

que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar (BRASIL, 1996, p. 9).

Desde a promulgação da Lei 9.394/96 os ciclos de aprendizagem vêm sendo

implantados em diferentes redes de ensino. Essa forma de organização escolar propõe a

progressão continuada, ou seja, os alunos passam automaticamente de um ano para o outro,

podendo ser retidos apenas ao final de cada ciclo, que corresponde ao 3º e 5º anos do ensino

fundamental.

A nova forma de organização também exige uma reflexão quanto à concepção

avaliativa, bem como aos instrumentos que são utilizados para investigar a aprendizagem do

aluno, como se pode verificar no proposto no art. 24, inciso V, alínea “a” da Lei 9.394/96:

“avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais

provas finais” (BRASIL, 1996, p. 10).

Os ciclos de aprendizagem também exigem uma nova postura avaliativa, conforme

consta no Parecer CNE/CEB nº 4/2008, que orienta que a avaliação da aprendizagem deverá

ser processual, participativa, formativa, cumulativa e diagnóstica e, portanto,

redimensionadora da ação pedagógica. Nessa perspectiva, a escola não pode repetir a prática

tradicional limitada a avaliações pontuais que valorizam apenas os resultados finais

traduzidos em notas ou conceitos, ou como mera verificação de conhecimentos.

Na avaliação da aprendizagem na escola em ciclos a postura formativa de avaliação

que se apregoa pressupõe que ela seja integrada ao processo ensino e aprendizagem, portanto,

é indispensável a elaboração de instrumentos e procedimentos de observação, de

acompanhamento contínuo, de registro e de reflexão permanente sobre o processo de ensino e

de aprendizagem. Numa perspectiva formativa de avaliação da aprendizagem a proposta da

4054

escola organizada em ciclos tem melhores condições de romper com processos de retenção e

exclusão no ensino fundamental.

A necessidade de mudança de uma cultura de avaliação centrada em notas, provas,

comparações, classificações da escola seriada, para uma cultura de avaliação formativa e

contínua prevista para a escola organizada em ciclos de aprendizagem, desencadeou nos

programas de pós-graduação stricto sensu brasileiros o desenvolvimento de estudos e

pesquisas sobre a avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental.

Considerando que há quase duas décadas foi possibilitado aos sistemas de ensino a

organização da escola em ciclos (LDBEN, 9.394/96), é que se propôs a presente pesquisa a

fim de se fazer um balanço das produções científicas, teses e dissertações, sobre avaliação da

aprendizagem no Brasil, com o propósito de expandir, organizar e difundir essa produção

acadêmica, bem como analisá-la por diferentes aspectos: os temas abordados, as contribuições

desses trabalhos para a compreensão das diferentes temáticas relacionadas a avaliação, os

avanços e as lacunas de pesquisas.

Diante do crescimento das pesquisas após a implantação dos ciclos de aprendizagem,

argumenta-se que o levantamento e a análise aprofundada dessa produção adquirem

significado e relevância porque podem subsidiar uma discussão quanto aos possíveis avanços,

e contribuições da produção acadêmica para uma maior compreensão das concepções

avaliativas e suas implicações no contexto escolar.

A revisão de literatura ou estado da arte possibilita reunir trabalhos com foco em um

mesmo objeto de estudo. São pesquisas que se constroem considerando um determinado

recorte temporal, respeitando as características teórico-metodológicas próprias de cada

período investigado. Pesquisas dessa natureza, segundo Soares, Maciel (2000, p. 9) “[...] é

que podem conduzir à plena compreensão do estado atingido pelo conhecimento a respeito de

determinado tema, sua amplitude, tendências teóricas, vertentes metodológicas”.

De natureza qualitativa, as pesquisas do tipo estado da arte têm:

[...] o desafio de mapear e de discutir certa produção acadêmica em diferentes campos de conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo

destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que

condições têm sido produzidas dissertações de mestrado, teses de doutorado,

publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e seminários

(FERREIRA, 2002, p. 258).

Nesta comunicação apresenta-se os principais resultados dessa pesquisa, a qual

envolveu o mapeamento de teses e dissertações sobre a avaliação da aprendizagem nos anos

4055

iniciais do ensino fundamental, defendidas no período de 2001 a 2014. A questão norteadora

que se pretende responder é: quais foram as pesquisas realizadas sobre avaliação da

aprendizagem, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, desenvolvidas na forma de dissertações

e teses no contexto educacional brasileiro nos últimos quatorze anos?

Além desta introdução, que traz a contextualização do objeto de pesquisa e dos

procedimentos metodológicos adotados, o texto está estruturado em três partes. A primeira

apresenta as bases de dados utilizadas no levantamento, a organização das produções

conforme o ano de publicação e a origem regional, e a categorização das pesquisas em grupos

conforme a semelhança dos temas de pesquisa. A segunda parte é constituída pela análise

estrutural dos resumos das produções científicas mapeadas com auxílio do software

IRAMUTEQ, a partir dos relatórios de análise lexicográfica e análise de similitude. Por fim,

são tecidas as considerações finais.

Mapeamento e organização das produções

Os trabalhos que integram esta revisão da literatura abordam questões relacionadas à

avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O levantamento foi

realizado em meio eletrônico nas seguintes bases de dados: Scielo3, Google Acadêmico

4,

Portal de Periódicos da Capes5, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

6.

Na primeira etapa os trabalhos localizados foram organizados conforme a instituição e

a região de origem, o ano de publicação, a autoria e o título do trabalho. Na segunda etapa os

resumos das pesquisas mapeadas foram agrupados em categorias, conforme a similaridade

dos objetos investigados. E, na terceira, os resumos das pesquisas foram organizados em um

único corpus textual, processados no software IRAMUTEQ e analisados a partir dos

relatórios de análise lexicográfica e de análise de similitude.

A busca pelas produções científicas, teses e dissertações realizada em meio eletrônico,

foi pelo descritor “avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental"7.

3 O SCIELO - Scientific Electronic Library Online (Biblioteca Científica Eletrônica em Linha) é um modelo

para a publicação eletrônica cooperativa de periódicos científicos na internet. 4 O Google Scholar (Google Acadêmico em português) é uma ferramenta de pesquisa do Google, que permite

pesquisar em trabalhos acadêmicos, literatura escolar, jornais de universidades e artigos variados. 5 O Portal de Periódicos da Capes é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituição de ensino e

pesquisa no Brasil e o melhor da produção científica internacional. 6 A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações disponibiliza teses e dissertações das universidades brasileiras. 7 Durante a pesquisa, foi verificado que havia um levantamento de teses e dissertações já realizado por

Mainardes; Stremel7 (2015) entre os anos de 2000 a 2014. A busca, no entanto, realizou-se com a palavra-chave

4056

Após o levantamento dos trabalhos, procedeu-se a leitura e a síntese dos resumos de cada uma

das obras selecionadas. Foram localizados 51 trabalhos, entre teses e dissertações, conforme

apresentado na tabela 1:

Tabela 1 - Produção acadêmica brasileira sobre avaliação da aprendizagem nos

anos iniciais do Ensino Fundamental - 2001-2014

Ano de publicação Dissertações Teses

2001 02 00

2002 01 00

2003 04 01

2004 01 00

2005 03 00

2006 11 01

2007 04 02

2008 05 01

2009 04 00

2010 01 01

2011 02 01

2012 02 00 2013 02 00

2014 02 00

Total 44 07

Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nos sites de busca pesquisados.

A produção acadêmica foi organizada conforme a origem regional de sua produção,

ou seja, conforme a localização dos programas de pós-graduação. Na região Sudeste foram

encontradas (39%) delas, seguidas pela região Sul (28%), Nordeste (18%), Centro-Oeste

(11%) e Norte (4%).

Os resumos dos trabalhos mapeados no período de 2001-2014 foram lidos, analisados

e agrupados conforme a semelhança de seus objetos de estudo em quatro categorias:

"Currículo e Práticas Pedagógicas", "Saberes e Formação Docente", "Instrumentos de

Avaliação" e "Avaliação e Alfabetização". Na tabela 2 está apresentada a distribuição das

produções científicas (dissertações/teses) conforme as categorias definidas.

Tabela 2 - Distribuição das produções acadêmicas conforme as categorias temáticas

n. Categorias Teses Dissertações Total Total (%)

1 Currículo e Práticas Pedagógicas 06 25 31 61

2 Saberes e Formação Docente 00 08 08 15

3 Instrumentos de Avaliação 01 08 09 18 4 Avaliação e Alfabetização 00 03 03 06

Total 07 44 51 100

Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nas pesquisas inventariadas.

“avaliação da aprendizagem no ciclo” e está disponível em:

http://www.pitangui.uepg.br/gppepe/downloads.php.

4057

A categoria 1 foi formada a partir de resumos que tratam sobre "Currículo e Práticas

Pedagógicas". Esta categoria apresenta o maior percentual de trabalhos (61%), das quais 25

são dissertações. São elas: Concepções de alunos sobre avaliação de sua aprendizagem;

Avaliação da aprendizagem na Escola Plural: o que acontece na prática?; Avaliação da

aprendizagem: manifestações sobre a prática pedagógica e o discurso de novas possibilidades;

O ensino/aprendizagem do português e a avaliação emancipatória: repensando a experiência

da Escola Cabana; A organização escolar em ciclos na rede Municipal de Araraquara - 2001 a

2005; A progressão continuada e suas implicações na avaliação da aprendizagem; Concepções

e práticas: o dilema da avaliação da aprendizagem; Os ciclos de formação e sua repercussão

na prática pedagógica de avaliação da aprendizagem em Cáceres - MT; Uma experiência

desafiadora em relação à avaliação da aprendizagem; Organização do ensino em ciclos e

práticas avaliativas no ensino fundamental: um estudo de uma escola pública estadual

paulista; Avaliação da aprendizagem escolar: do fazer mecânico à intencionalidade teórico-

metodológica emancipatória; A construção do discurso oficial sobre a avaliação da

aprendizagem escolar nas políticas públicas em educação no município de Queimados/RJ

entre os anos de 2001 e 2007; A avaliação na escola: um olhar além da sala de aula; A Prática

avaliativa em uma organização escolar por ciclos de aprendizagem; Implicações da Avaliação

da Aprendizagem no ensino fundamental: série e ciclo; Concepções de avaliação da

aprendizagem: um balanço de produções de 1999 a 2008; Pais/responsáveis e a avaliação das

aprendizagens: percepções e significados; Uma análise da proposta pedagógica da avaliação

da aprendizagem no contexto dos ciclos de formação da rede municipal de educação de

Goiânia de 1998 a 2010; Ciclos de aprendizagem em São Luís: implicações nas práticas

avaliativas; Avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental: concepções

docentes no ciclo de aprendizagem; Avaliação escolar como instrumento de mediação da

aprendizagem na educação inclusiva: desafios no cotidiano escolar; Avaliação da

aprendizagem e inclusão escolar: trajetórias dos ciclos de formação; Avaliação do potencial

de aprendizagem de alunos com deficiência intelectual; A avaliação no contexto dos ciclos em

Minas Gerais nos anos 1990: política, saberes e práticas; Avaliação da aprendizagem nos

ciclos e na progressão continuada a partir das concepções de atores do processo educacional, e

6 teses: Práticas avaliativas bem sucedidas de professores dos ciclos da Escola Cabana de

Belém; Avaliação da aprendizagem: do discurso teórico ao discurso jurídico; Avaliação da

aprendizagem no contexto dos ciclos: sentidos da prática avaliativa docente; A reprovação

4058

escolar como ameaça nas tramas da modernização pedagógica; Avaliação da recuperação da

aprendizagem em escolas públicas do ensino fundamental; A avaliação da aprendizagem no

contexto da inclusão de alunos com necessidades especiais na Escola Pública.

Na categoria 2, "Saberes e Formação Docente", foram agrupados 8 trabalhos

científicos, todos dissertações, que corresponde a um percentual de 15% do material

selecionado, sendo elas: Tessituras docentes de avaliação formativa; O sistema de progressão

avaliação em Santos na voz dos professores; Avaliação da aprendizagem e formação de

professor: concepções e experiências; Saberes mobilizados pelos docentes em suas práticas

avaliativas: um estudo com professores da rede municipal de ensino de Lajeado – RS; Táticas

de professores: uma reflexão sobre o cenário avaliativo no regime de progressão continuada;

A avaliação da aprendizagem em uma “escola ciclada” de Juiz de Fora/MG: o que pensam as

professoras; O coordenador pedagógico em escolas públicas da rede municipal de Santos/SP:

contribuições nas questões da avaliação na etapa inicial do Ensino Fundamental; A

recuperação do processo ensino-aprendizagem: legislação e discurso de professor.

A categoria 3 é constituída pelas pesquisas cujo tema são os "Instrumentos de

Avaliação". Essa categoria foi constituída por 9 trabalhos científicos, sendo 8 dissertações:

Instrumentos de avaliação do processo ensino-aprendizagem no ensino fundamental;

Pareceres descritivos de avaliação da aprendizagem: conteúdo e o processo de elaboração; A

produção de sucesso e fracasso escolar por meio de fichas de avaliação: uma investigação

junto aos ciclos de desenvolvimento humano em Goiânia; Avaliação da aprendizagem na

escola ciclada de Mato Grosso: o caso dos relatórios descritivos de avaliação; Avaliação,

registro de classe e professoras: escutamento no CIEP Bento Rubião; O que dizem os

pareceres descritivos de alunos de séries iniciais do ensino fundamental sobre a aprendizagem

da língua materna?; Concepções de aprendizagem em relatórios de avaliação; Um estudo dos

mapas conceituais como instrumento de autoavaliação em ciências: concepção de alunos/as

do ensino fundamental I; e uma tese: Parecer pedagógico: um gênero textual construindo a

prática docente. Essa categoria representa 18% dos trabalhos analisados.

A categoria 4, está constituída por 6% das produções mapeadas o que corresponde a

três dissertações sobre o tema "Avaliação e alfabetização". São elas: A avaliação nas práticas

de alfabetização: um estudo sobre o processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita

em classes de ciclo básico; Avaliar na alfabetização: uma reflexão sobre as dificuldades

4059

docentes; A avaliação no bloco inicial de alfabetização: a realidade de uma escola do Distrito

Federal.

Análise estrutural dos resumos das produções científicas com o software IRAMUTEQ

A análise documental realizada nas etapas anteriores evidenciou os temas de pesquisa

desenvolvidos no contexto brasileiro sobre avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do

ensino fundamental, bem como sua origem e data de publicação. No entanto, outras

possibilidades de análise das pesquisas podem ser realizadas.

Buscando aprofundar a análise do conjunto das pesquisas mapeadas foi utilizado o

software IRAMUTEQ8, o qual possibilitou realizar uma análise lexical para identificar as

palavras de maior frequência utilizadas nos resumos dessas pesquisas e, também, a análise de

similitude, a qual possibilita identificar as coocorrências e o grau de conexidade entre as

palavras. Esse tipo de análise baseia-se na teoria dos grafos9 tendo como finalidade descobrir

a informação essencial contida no texto, através de uma análise textual. Segundo Camargo e

Justus (2013) esse tipo de análise de dados textuais embora seja quantitativo possibilita

analisar a qualidade do fenômeno estudado, conferindo um caráter inovador para análise de

dados textuais.

O software IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de

Textes et de Questionnaires) possibilita realizar análises estatísticas sobre corpus textuais,

sendo estes, resumos, tabelas, palavras, entre outros. Por meio, da análise textual é possível

comparar produções diferentes em função de variáveis específicas que descrevem quem

produziu o texto.

Inicialmente foi necessário organizar um único texto (corpus), composto pelos

resumos das dissertações e teses, os quais são denominados pelo programa IRAMUTEQ de

segmentos de texto. O corpus é organizado por linhas de comando chamadas de "linhas de

asteriscos", na qual é informado o número de identificação do texto, seguido de algumas

8 O IRAMUTEQ é um software para análise de textos e tabelas de dados, que se apoia no software R (http://www.r-project.org) e está escrito sobre a linguagem python (http://www.python.org). Ele estabelece uma interface com o software R e prepara a análise multidimensional dos textos. O software realiza a leitura dos dados a partir de um único arquivo, que varia conforme a natureza da pesquisa. Esse arquivo é formado por unidades de texto, chamadas de unidade de contexto inicial (UCI), os quais coletivamente constituirão o corpus de análise do programa. 9 A teoria dos grafos estuda objetos combinatórios - os grafos - que são um bom modelo para muitos problemas em vários ramos da matemática, da informática, da engenharia e da indústria. Muitos dos problemas sobre grafos tornaram-se célebres

porque são um interessante desafio intelectual e porque têm importantes aplicações práticas. Para aprofundamento consultar:

Uma Introdução Sucinta à Teoria dos Grafos http://www.ime.usp.br/~pf/teoriadosgrafos/ de autorias de P. Feofiloff Y.

Kohayakawa Y. Wakabayashi (2011).

4060

variáveis indispensáveis para a análise. No presente trabalho as variáveis são chamadas de

natureza (nat_01 dissertação e nat_02 tese) e as categorias são chamadas de grupo (grup_1,

grup_2, grup_3, grup_4). A linha de comando para inserção do corpus fica da seguinte

maneira:

Após a preparação do corpus textual, conforme definido pelo programa, os resumos

foram processados pelo IRAMUTEQ gerando vários tipos de relatórios. Somente dois tipos

de análises integram este trabalho:

a) a análise lexicográfica, que identifica a quantidade de palavras denominadas de

"formas ativas" com maior frequência no corpus analisado;

b) a análise de similitude, que se baseia na teoria dos grafos e possibilita identificar

as coocorrências entre as palavras e traz também as indicações da conexidade

entre elas.

Análise lexicográfica

Conforme explicitado anteriormente os resumos pertencentes aos quatro grupos de

produções científicas foram organizados em único texto. O programa IRAMUTEC

reconheceu 83,78% do corpus textual processado. O relatório da análise lexicográfica

identificou a quantidade de palavras denominadas de “formas ativas”, as quais apresentaram

maior frequência no corpus textual analisado. Elas estão apresentadas no quadro 1 e

representadas na figura 1:

Quadro 1 - Formas ativas geradas no programa IRAMUTEQ – 2015

Formas ativas Frequência Formas ativas Frequência Formas ativas Frequência

Professor 155 Aprendizagem 62 Publicar 32

Avaliação 146 Ciclo 56 Educação 32

Escola 135 Avaliação da aprendizagem

56 Utilizar 31

Praticar 117 Trabalho 45 Realizar 31

Pesquisa 94 Ensino 39 Proposta

educacional

30

Analisar 90 Entrevista 38 Organização 30

Processo 89 Concepções 37 Presente 27

Avaliativo 74 Rede municipal 36 Considerar 26

Estudo 73 Ensino

Fundamental

34 Resultado 25

Aluno 69 Qualitativo 33 Formação 24

**** *text_01 *nat_01 *grup_01

4061

Escolar 67 Docente 2 Ensino

aprendizagem

23

Fonte: IRAMUTEQ - 2015

Figura 1 - Nuvem de pontos das palavras ativas com maior frequência

Fonte: IRAMUTEQ – 2015

As palavras também são representadas numa nuvem de pontos conforme se observa na

figura 1. O tamanho da fonte é proporcional a frequência das palavras no corpus analisado.

Considerando que o levantamento realizado foi pela busca de produções científicas sobre

avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental é possível observar que

nos trabalhos analisados há uma forte ligação entre as formas ativas: "avaliação",

"professores", "escola", "praticar", "processo", "analisar", "pesquisar", "ciclo", "avaliação de

aprendizagem", "concepções", "trabalho" e "aprendizagem" no centro da figura, o que

possibilita inferir que elas são os conceitos/palavras aglutinadoras das demais no conjunto do

resumos analisados, ou seja, elas tem forte conexidade entre elas e entre as demais à elas

interligadas.

Análise de similitude

Outra análise realizada pelo IRAMUTEQ foi análise de similitude que possibilitou

observar a conexidade ou a força de ligação entre os elementos expressos nos resumos das

produções acadêmicas inventariadas. Na árvore máxima (figura 2) gerada no programa

4062

constata-se a presença de quatro blocos distintos, com alto grau de conexidade entre elas

palavras: "Avaliação", "Escola", "Professor" e "Praticar". Neles é possível identificar as

coocorrências entre elas por meio da largura das linhas de ligação com outras destacadas na

árvore. Em menor grau de aglutinação na árvore máxima estão representadas as palavras

"pesquisa", "analisar", "estudo", "escolar", "aprendizagem", "aluno", "processo", "avaliativo",

"avaliação da aprendizagem" e "ciclo".

A árvore máxima (figura 2) apresenta os resultados da análise de similitude das

produções científicas sobre avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino

fundamental.

No bloco representado pela palavra "Avaliação" há uma grande concentração de

palavras relacionadas ao processo pedagógico de ensino-aprendizagem (formar, romper,

estabelecido, projeto, avaliar, mudança, vincular, sistema, entender, diagnosticar, pedagogia,

significativo, parecer, metodologia, instrumento, realizar, diferenciar e coerente). Além disso,

fica evidente a fortíssima conexidade com os demais blocos: escola, professor e praticar.

Todas essas ligações observadas, na árvore máxima, nos levam a refletir que

"podemos conceber a avaliação como forma de controle do educando ou como forma de

viabilizar satisfatoriamente sua aprendizagem" (LUCKESI, 2011, p. 159). Para tanto, é

preciso compreender que:

a avaliação que se faz no dia a dia das salas de aula talvez nunca seja demais dizê-lo, não é uma mera questão técnica, não é uma mera questão de construção e de

utilização de instrumentos, nem um complicado exercício de encaixar

conhecimentos, capacidades, atitudes, ou motivações dos alunos numa qualquer

categoria de uma qualquer taxonomia. Não, a avaliação é uma prática e uma

construção social, é um processo desenvolvido por e para seres humanos que

envolve valores morais e éticos, juízos de valor e questões de natureza sociocultural,

psicológica e também política. (FERNANDES, 2009, p. 64).

4063

Figura 2: Árvore Máxima representando o grau de conexidade entre as palavras ativas

Fonte: IRAMUTEQ – 2015

Por isso, aparece tão forte a ligação entre os blocos: avaliação, escola, professor e

praticar, fatores essenciais para uma construção social da avaliação. Esta também envolve

uma ligação forte com a palavra "romper", em que podemos perceber a intenção ou prática

avaliativa numa perspectiva formativa, ou seja, a avaliação para além de uma escala

numérica, expressa em notas ao final do processo. Romper com uma concepção tradicional,

significa compreender que a avaliação da aprendizagem:

[...] configura-se como um ato de investigar a qualidade da aprendizagem dos educandos, afim de diagnosticar impasses e consequentemente, se necessário, propor

soluções que viabilizem os resultados satisfatórios desejados. Significa investigar e,

com base nos conhecimentos produzidos, tomar decisões de intervenção quando

necessário. A avaliação em si, é dinâmica e construtiva, e seu objetivo, no caso da

prática educativa, e dar suporte ao educador (gestor da sala de aula) para que aja da

forma o mais adequada possível, tendo em vista a efetiva aprendizagem do educando (LUCKESI, 2011, p. 175-176).

4064

Faz-se necessário que os alunos tenham acesso ao conhecimento mediado e também a

oportunidade de receber uma intervenção pedagógica, com intuito de aprender de forma

efetiva, sendo assim, a avaliação "ganha 'ares' de investigação-ação, observação, reflexão, e

nova ação, evitando a mecanização das ações avaliativas" (DEPRESBITERIS, TAVARES,

2009, p. 45).

A investigação desse processo de ensino-aprendizagem cabe ao "Professor", como

representado no bloco, que aglutina algumas palavras importantes como: “construir,

progresso, frente, sucesso, trabalhar, pedagógico, pesquisar, alfabetização, educação, sujeito,

realizar, atuar, programa, concepções, avaliação da aprendizagem, avaliativo, aluno, processo,

ensino, ação, política, pesquisa, aprendizagem, escola, ciclo”. O professor ao assumir esse

papel de investigador, deve possibilitar:

[...] por meio de sua prática pedagógica, ajudar o educando a construir um modo de ser que integre o seu passado, o seu presente e seu futuro. Nesse contexto, o

educador, não tem a solução completa para todas as experiências de aprendizagem

do educando, mas deve ser aquele que, amorosamente, acolhe, nutre, sustenta e

confronta suas experiências, seus anseios e caminhos, para que o outros construa sua

trajetória pessoal enquanto aprende e se desenvolve. Assim sendo, o educador, na

prática educativa, deve garantir ao educando, por meio das múltiplas alternativas de

atividade pedagógica, a possibilidade de uma organização criativa de sua vida, o que

tem como finalidade direta a organização presente e futura de sua personalidade,

indiretamente, a restauração daquilo que não foi realizado no passado ou foi

efetivado de modo insatisfatório, impedindo a vida de fluir como deve (LUCKESI,

2011, p. 134-135).

Para que tal processo se efetive e o aluno tenha acesso a uma aprendizagem

significativa é importante o papel da instituição escolar, representado no terceiro bloco pela

palavra "Escola", com alta conexidade com o seguinte grupo de palavras: “pedagogia,

direção, trabalho, qualidade, direção, condições, projeto político pedagógico, movimento

coletivo, cidade, resistências, acreditar, implementar, ações, etapa, organizar, acompanhar,

significado”.

É função da escola organizar e acompanhar todo o processo de ensino-aprendizagem-

avaliação, com respaldo nas políticas educacionais vigentes, como a dos ciclos de

aprendizagem para o ensino fundamental ou como as políticas curriculares, entre outros

documentos que servem de base para a construção do Projeto Político Pedagógico – PPP. Este

precisa conter as concepções epistemológicas, filosóficas e metodológicas, que vão organizar

e direcionar o trabalho pedagógico enquanto ação-implementação-acompanhamento-

resultados, portanto, devem nortear as práticas pedagógicas no contexto escolar.

4065

É possível analisar essas práticas por meio da avaliação dos alunos, porque ela "[...]

desempenha não só um papel importante na relação pedagógica como também intervém no

controle de que as instituições escolares exercem sobre os trabalhos dos professores"

(AFONSO, 2005, p. 40). Tal fato, em alguns momentos, gera resistência por parte dos

professores. No entanto, eles precisam ter conhecimento e ser orientados do que se quer

desenvolver enquanto prática pedagógica, num processo de ensino e aprendizagem que

valorize o aluno enquanto sujeito ativo do processo, e, consequentemente, a avaliação numa

perspectiva formativa e de inclusão, e não somativa e de exclusão social.

A palavra "Praticar" representa o quarto bloco também com forte ligação com as

palavras: “avaliação, professor, escola, conteúdo, linguagem, produzir, contribuição,

desenvolvimento, avaliação formativa, formações, observação, docente, avaliador, concepção,

discurso, tradicional, reflexão, paradigma, fundamento, seriado, medida”. Essa relação

existente no quarto bloco evidencia que:

[...] o educador é o líder da prática educativa, propondo conteúdos e atividades que, respectivamente apreendidas e exercitadas, ajudem os educandos a desenvolver-se,

na perspectiva de sua própria autonomia. Para tanto, servir-se-á de todos os

mediadores anteriormente mencionados - projeto político-pedagógico, conteúdos

escolares, recursos didáticos - como meios para garantir aos educandos as

possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento significativos (LUCKESI, 2011,

p. 143).

Num segundo nível de coocorrências aparecem as palavras: “estudo, aprendizagem,

avaliativo, processo, avaliação da aprendizagem, pesquisa”.

A palavra "pesquisa" está articulada as palavras: “procedimento, ciclo, interpretação,

qualitativo, organização, formação continuada, campo, desenvolver”. A palavra "estudo" está

envolta pelas palavras “refletir, orientar, pensamento orientação, compreensão, professor,

percepções, cotidiano e também pelas palavras testes, dissertações, semiestruturadas,

entrevista, levantamento, instituição”, revelando assim os aspectos metodológicos das

pesquisas inventariadas.

A palavra "processo" está articulada as palavras: “participação, família, conhecimento,

escolarização, planejamento, desafio, intervenções, favorecer, ciclo de formação, intervenção,

inclusão, sala de aula, orientar, dialogar, condição, educação, diária, seriação, aprender,

conceito, compreender, referir, metodológico”. A conexidade dessas palavras pode evidenciar

a busca pela efetivação da avaliação da aprendizagem numa perspectiva coletiva, assentada

em processos formativos de ensino e aprendizagem.

4066

As análises lexicográfica e de similitude, dos resumos das pesquisas mapeadas,

revelam as relações estabelecidas no contexto escolar em torno da avaliação da aprendizagem

nos anos iniciais do ensino fundamental.

Considerações finais

Nesta comunicação, ao tomar como ponto de partida o levantamento de teses e

dissertações, foi possível apresentar uma breve análise das produções científicas no contexto

brasileiro sobre avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental. Os

trabalhos inventariados oferecem elementos importantes para compreender a história da

produção de conhecimento, do período 2001-2014, evidenciar os conceitos e perspectivas de

avaliação da aprendizagem, e, ao mesmo tempo, as lacunas existentes nessa área de pesquisa.

O conjunto de trabalhos analisados, ainda que de forma sucinta, revelam alguns

aspectos importantes:

a) as pesquisas realizadas no período 2001-2014 concentram-se nas regiões Sudeste

(39%) e Sul (28%);

b) a maioria das pesquisas desenvolvidas têm como tema a avaliação da aprendizagem

relacionada ao currículo e práticas pedagógicas (61%) nos anos iniciais do ensino

fundamental;

c) as pesquisas sobre os saberes e a formação de professores representam (15%), sobre

os instrumentos de avaliação (18%) e sobre a avaliação e alfabetização (6%);

d) a análise lexicográfica oriunda do IRAMUTEC permitiu identificar as palavras com

maior frequência no conjunto de resumos das pesquisas. São elas: “avaliação, professor,

escola, praticar”.

e) a nuvem de palavras ativas gerada pelo software revela que as pesquisas trazem

informações relevantes sobre a prática social de avaliação, dada a forte conexidade com as

palavras: “processo, analisar, pesquisar, ciclo, concepções, trabalho, aprendizagem, pai,

profissional, responsáveis, sociedade, cidadania”.

f) na árvore máxima gerada pela análise de similitude no IRAMUTEQ ficou evidente

que nas pesquisas mapeadas há forte relação da avaliação da aprendizagem com a organização

da escola, com as práticas pedagógicas, com o papel do professor e do aluno, com a

participação da família no processo ensino-avaliação-aprendizagem.

4067

g) que há necessidade de investigar com mais profundidade as pesquisas

desenvolvidas e mapeadas na pesquisa, considerando os aspectos contextuais, históricos e

conceituais da avaliação da aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental, a partir da

promulgação da LDBEN 9394/96.

REFERÊNCIAS

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<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2015.

BRASIL. Parecer CNE/CBE nº/2008, de 20 de fevereiro de 2008. Salvador, 2008.

Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2008/pceb004_08.pdf >. Acesso

em: 13 ago. 2015.

CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados

textuais. Temas em Psicologia, v. 21, n. 2, p. 513-518, 2013.

DEPRESBITERIS, Léa; TAVARES, Marialva Rossi. Diversificar é preciso: instrumentos e

técnicas de avaliação da aprendizagem. São Paulo: SENAC, 2009.

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FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas "estado da arte".

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LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico.

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SOARES, Magda Becker; MACIEL, Francisca. Alfabetização. Brasília: MEC/Inep/Comped,

2000. 173 p. (Série Estado do Conhecimento, ISSN 1518-3653; n. 1). Disponível em:

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