Brasil de Fato RJ - 006

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | ano 11 | edição 06 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Vasco bate Galo e volta a sonhar O Mercado de Notícias Cruzmaltino vence time de Mi- nas em Volta Redonda, pela quarta rodada do Brasileiro. A equipe voltou a vencer após duas derrotas consecutivas. O roteirista e diretor gaúcho Jorge Fur- tado fala sobre o seu filme O Mercado de Notícias. O diretor decidiu realizar um documentário que refletisse sobre o jornalismo político brasileiro. esporte | pág. 16 brasil | pág. 8 cidades | pág. 7 cultura | pág. 11 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Reprodução Marcelo Sadio/vasco.com.br Pablo Vergara Leilão do petróleo vai atingir 76 assentamentos Hospital de Hospital de Acari não tem Acari não tem emergência emergência Assassinato de indígena A morte de Oziel Gabriel no municí- pio de Sidrolândia (MS) fez explodir entre as comunidades do povo Te- rena a sede por justiça na luta pela retomada de suas terras. Para lide- ranças, Estado não assume compro- misso assumido em leis. brasil | pág. 9 Povo turco ocupa as ruas Os protestos, que inicialmente que- riam impedir a destruição do Par- que Gezi, em Istambul, se espalha- ram para mais 67 cidades turcas. A última novidade foi o apoio dos 240 mil funcionários públicos que ante- ciparam a greve geral no país. mundo | pág. 10 Privatizado, o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, conhecido como hospital de Acari, foi planejado para ter setor de emergência funcio- nando 24 horas. Porém, desde 2008, quando foi inaugurado na gestão do ex-prefeito César Maia, a população não tem acesso a esse serviço. Os blocos de petróleo leiloados em terra na 11ª Rodada da Agência Nacional do Petróleo (ANP) vão afetar famílias de assentados da reforma agrária e comunida- des quilombolas. Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Greenpeace, Fase e Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) aponta que alguns blocos estão localizados exatamente no território de 76 assentamentos no nordeste do país. Comunidades indígenas e pescadores tradicionais também serão afetados. No Piauí, a empresa portuguesa Galp Ener- gia desembolsou R$ 4,788 milhões para explorar um dos blocos.

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | ano 11 | edição 06 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Vasco bate Galoe volta a sonhar

O Mercado de Notícias

Cruzmaltino vence time de Mi-nas em Volta Redonda, pela quarta rodada do Brasileiro. A equipe voltou a vencer após duas derrotas consecutivas.

O roteirista e diretor gaúcho Jorge Fur-tado fala sobre o seu fi lme O Mercado de Notícias. O diretor decidiu realizar um documentário que refl etisse sobre o jornalismo político brasileiro.

esporte | pág. 16

brasil | pág. 8

cidades | pág. 7

cultura | pág. 11

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

ReproduçãoMarcelo Sadio/vasco.com.br

Pablo Vergara

Leilão do petróleo vai atingir 76 assentamentos

Hospital de Hospital de Acari não tem Acari não tem emergênciaemergência

Assassinato de indígena A morte de Oziel Gabriel no municí-pio de Sidrolândia (MS) fez explodir entre as comunidades do povo Te-rena a sede por justiça na luta pela retomada de suas terras. Para lide-ranças, Estado não assume compro-misso assumido em leis.

brasil | pág. 9

Povo turcoocupa as ruasOs protestos, que inicialmente que-riam impedir a destruição do Par-que Gezi, em Istambul, se espalha-ram para mais 67 cidades turcas. A última novidade foi o apoio dos 240 mil funcionários públicos que ante-ciparam a greve geral no país.

mundo | pág. 10

Privatizado, o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, conhecido como hospital de Acari, foi planejado para ter setor de emergência funcio-nando 24 horas. Porém, desde 2008, quando foi inaugurado na gestão do ex-prefeito César Maia, a população não tem acesso a esse serviço.

Os blocos de petróleo leiloados em terra na 11ª Rodada da Agência Nacional do Petróleo (ANP) vão afetar famílias de assentados da reforma agrária e comunida-des quilombolas. Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Greenpeace, Fase e Instituto de Estudos Socioeconômicos

(Inesc) aponta que alguns blocos estão localizados exatamente no território de 76 assentamentos no nordeste do país. Comunidades indígenas e pescadores tradicionais também serão afetados. No Piauí, a empresa portuguesa Galp Ener-gia desembolsou R$ 4,788 milhões para explorar um dos blocos.

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o respaldo do Departamento de Estado estadunidense.

Para se passar o Brasil a lim-po para valer é preciso que a Comissão da Verdade e his-toriadores mergulhem fundo nessas questões.

É uma afronta ao povo bra-sileiro silenciar sobre fatos históricos que podem aju-dar a entender melhor os dias atuais e a ação das mídias de mercado.

É preciso também que os brasileiros sejam informados sobre como se comportaram alguns setores que ontem fi -nanciavam a repressão e, ho-je, além de se apresentarem como defensores da demo-cracia, chegam até a fi nanciar candidatos em campanhas eleitorais.

O silêncio e a impunidade só interessam a quem tem cul-pa no cartório.

dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos indicam uma estabilização das taxas de menores infratores priva-dos de liberdade desde 2007. O que temos, na realidade, é o crescimento do índice de jo-vens enquanto vítimas de ati-vidades criminosas.

Os estudos de criminologia demonstram que o recrudes-

cimento da lei não produz o efeito desejado. Exemplo dis-so é a extorsão mediante se-questro, que era um crime ra-ro no Brasil até o começo dos anos de 1980, apesar de ter pena mais branda que a atual. Em 1990, após casos de reper-cussão, foi aprovada a Lei dos Crimes Hediondos, que au-mentou severamente a pena

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta,Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR),Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (OrienteMédio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador:Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira •Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca:Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, JoséAntônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dosSantos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

O direito de nossas criançasOS SETORES mais conserva-dores empunham a bandei-ra da redução da maioridade penal, como uma solução pa-ra reduzir a criminalidade em nosso país.

O projeto quer alterar o Es-tatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA). Atualmente, a internação máxima previs-ta pelo estatuto é de três anos, mas uma pessoa pode fi car internada até os 20 anos e 11 meses, se ela for pega na vés-pera de completar 18 anos.

Não é verdade que exista um crescimento da participa-ção de jovens em atividades criminosas. Ao contrário, os

editorial | Brasil

Os empresários e a ditadura

e agravou seu regime de cum-primento (progressão de pe-na e livramento condicional). Apesar disso tudo, não houve diminuição desses crimes.

O sistema prisional adulto não chega a ser nenhuma al-ternativa às situações de vio-lência que vivemos hoje no Brasil. Ao contrário, a lógica punitiva é incapaz de reduzir a criminalidade.

O exemplo dos Estados Unidos onde a população en-carcerada é gigantesca é a maior prova da falência desta proposta.

É preciso defender as con-quistas democráticas do Esta-

tuto da Criança e do Adoles-cente aprofundando-as pa-ra assegurar o efetivo respei-to à integridade das criançase adolescentes, bem como osencarar, enfi m, como sujeitosde direitos na contínua conci-liação entre democracia e se-gurança pública.

Não podemos aceitar o re-trocesso que se apoia no dis-curso simplista da redução damaioridade penal. Esta é umabandeira fundamental para osmovimentos sociais e organi-zações populares, que devemenfrentar esse debate ideoló-gico e impedir mais essa ofen-siva conservadora.

Os estudos de criminologia demonstram que o recrudescimento da lei não produz o efeito desejado

NO RELATÓRIO de um ano de trabalho, a Comissão Nacio-nal da Verdade praticamente silenciou sobre a participação do setor empresarial em apoio à ditadura e à repressão.

A Comissão identifi cou 1.500 agentes do Estado que torturaram oposicionistas lo-go após o golpe de 1964 e com maior rigor a partir da decre-tação do AI-5, em dezembro de 1968.

Tais fi guras cometeram cri-mes de lesa humanidade e não poderiam ser contempladas pela Lei da Anistia.

Para se passar o país a lim-po será necessário ir a fun-do nessas questões. Ironica-mente, muitos apoiadores dos anos de chumbo hoje se apre-sentam como democratas.

A área da mídia também merece uma investigação pro-funda, porque muitos veícu-

los na época deram apoio os-tensivo ao regime ditatorial, tornando-se na prática, como, por exemplo, O Globo, uma es-pécie de diário ofi cial da dita-dura. Alguns, como o grupo Folha, cederam até veículos para a repressão.

De que adianta nos dias de hoje o povo brasileiro ler, ver ou ouvir opiniões sobre em-presários midiáticos que mor-reram nestes últimos dias co-mo se fossem heróis da liber-dade?

Não é essa a melhor forma de informar sobre quem teve responsabilidade pela ruptura do regime constitucional em abril de 1964.

Nada os absolve, mesmo que alguns em etapas poste-riores tenham rompido com os detentores do poder que ajuda-ram a instalar através de cam-panhas antidemocráticas com

editorial | Rio de Janeiro

iconoclasistas.com.ar/CC

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Telebras, milhares de traba-lhadores demitidos e terceiri-zados”.

Assim, de um lado, perdem conquistas históricas e têm sa-lários e benefícios regidos por outras convenções coletivas de trabalho, propiciando a preca-rização; e de outro lado, com a introdução de novas tecnolo-gias, multiplicam a produtivi-dade com uso de equipamen-to de informática e sistemas ul-tra sofi sticados, o que permite grande retorno fi nanceiro. Ou seja, assumem multiplicidade de tarefas com redução de salá-rios, maximizando o lucro.

Francisco Izidoroé diretor do Sinttel-RJ

Paulo PassarinhoTiago Silva

O Rio de Janeiro sob ataqueOS TURCOS FORAM à luta. A televisão mostrou. Arazão foi a entrega de um espaço público – no caso,um parque – para a construção de um centro comer-cial privado.

Frente à dura repressão promovida pelo governo,uma onda de protestos se generalizou por dezenasde cidades do país.

Esses episódios deveriam nos fazer pensar. Espe-cialmente os moradores da cidade do Rio de Janeiro.

Afi nal, sob o pretexto de “preparar a cidade paraa Copa do Mundo e as Olimpíadas”, uma aliança for-mada pelos governos federal, estadual e municipaltem praticado uma série de iniciativas, ao arrepio dalei, do interesse público e do chamado bom senso.

Tudo justifi cado por supostas exigências de du-as entidades para lá de suspeitas – a FIFA e o COI –verdadeiras “centrais” internacionais de subornos ecorrupção.

Remoções de milhares de moradores de suas ca-sas; desrespeito ao Plano Diretor e ao Estatuto dasCidades; construção de corredores de ônibus, co-mo se fossem alternativa válida para a carência detransportes de massa; aumento vertiginoso nos pre-ços dos aluguéis; concessão de uma das áreas maisimportantes da cidade – a região do Porto – para umconsórcio de construtoras são exemplos dos desca-labros na cidade, agora, maravilhosa para os esper-talhões.

Em meio a uma crise sem precedentes do setorde saúde pública, já se gastou mais de R$ 1 bilhãocom a chamada reforma do Maracanã. O estádio en-contrava-se reformado, por conta da realização dosJogos Pan-Americanos de 2008. Obra superfaturadana ocasião e, agora, desperdiçada.

Afi nal, ao arrepio da lei, o venerando e popularMaraca foi transformado em uma luxuosa arena deespetáculos, onde o povão não terá vez. Quem ob-servou o público do jogo inaugural entre o Brasil ea Inglaterra, realizado no último domingo, não terádúvidas. Sequer as bandeiras dos clubes ou os tam-bores das torcidas estão permitidos na nova “arena”.

Mais grave: através de um processo viciado, o es-tádio foi privatizado. Irá explorá-lo – por 35 anos!!! –a construtora Odebrecht, junto com uma empresade Eike Batista e uma “administradora” norte-ameri-cana, a AEG. A IMX, a empresa de Eike, foi a respon-sável pela elaboração da proposta de privatização.

A tramoia chegou a ser suspensa pela Justiça, emcaráter liminar. Contudo, a presidente do Tribunalde Justiça do Rio, Leila Mariana, garantiu o “negó-cio”, cassando a liminar.

Tá tudo dominado! A Justiça parece, de fato, ce-ga. Somente o povo na rua poderá dar um basta àbandalha!

Paulo Passarinhoé economista

Trabalho doméstico

Fábricas modernas

A Justiça parece, de fato, cega. Somente o povo na rua poderá dar um basta à bandalha!

A PRIVATIZAÇÃO do setor de telecomunicações no país se deu acompanhada da política de demissão dos antigos traba-lhadores do Sistema Telebras. O objetivo foi viabilizar a ter-ceirização com intensa precari-zação dos salários, benefícios e condições de trabalho dos ope-radores de call center.

Mais de meio milhão de tra-balhadores se encontram ho-je nestas condições, predomi-nantemente mulheres e jovens em seu primeiro emprego. A maioria ainda recebe um salá-rio mínimo e vale refeição entre R$ 3,00 e R$ 6,00.

Duas grandes empresas do ramo, Atento e Contax, estão

as mulheres fi quem sobrecar-regadas, com difi culdades de conciliação entre as responsa-bilidades domésticas e as pro-fi ssionais.

Não existe ‘dom’ ou ‘aptidão’ para realizar as atividades do-mésticas, mas um aprendizado que cabe aos homens e às mu-lheres compartilharem.

É preciso que superemos os preconceitos, o machismo e que o trabalho doméstico se-ja reconhecido como uma ati-vidade econômica como qual-quer outro trabalho, dignifi -cando quem o realiza.

Maria L. D. A. Barbosaé Militante da Marcha Mundial

das Mulheres- RJ

QUESTIONAR DE quem é a responsabilidade pelas ativi-dades do lar como: lavar, pas-sar, cozinhar, limpar e cuidar dos fi lhos é debate posto atual-mente.

As mulheres, historicamen-te, foram culturalmente res-ponsabilizadas por essas fun-ções como se fosse “destino na-tural”.

Quem nunca ouviu alguém dizer que trabalho doméstico é coisa de mulher?!

Um dos aspectos, por conse-quência dessa situação, é que o trabalho doméstico, ao lon-go dos anos, não foi valorizado socialmente e reconhecido co-mo uma atividade econômica. Com isso, as mulheres foram

excluídas socialmente/econo-micamente.

Atualmente, as brasileiras ainda têm realizado quase a to-talidade dos afazeres do lar – em média 28 a 32 horas de tra-balho doméstico semanal.

Os homens dedicam em média 10 horas por semana e ainda trabalham fora, têm um ou mais empregos remunera-dos. Isto é, fazendo dupla ou tripla jornada de trabalho du-rante o dia.

Essa mudança social das mulheres trabalharem fora de casa é visível e é consequência, principalmente, da necessida-de das mulheres de terem o seu próprio dinheiro.

Contudo, não é justo que

entre as maiores empregadoras do país, cada uma com mais de 100 mil empregados.

A segunda, do Grupo Oi, foi capaz de dividir o país em dois: a) Sul/Sudeste, com salários e benefícios melhores e b) Nor-te/Nordeste com proventos menores.

O 4ª Congresso da Federa-ção Nacional dos Trabalhado-res em Telecomunicações (Fe-nattel), realizado em maio, com mais de 400 delegados, apro-vou a “Carta de São Paulo”. Ne-la, eles denunciam a terceiriza-ção e a precarização e anuncia uma campanha nacional para unifi car as lutas.

São telefonistas do Sistema

Maria Luiza Duarte Azevedo Barbosa

Francisco Izidoro

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FATOS EM FOCO

O município de Niterói e a Empresa Municipal de Moradia, Urbaniza-ção e Saneamento-E-MUSA foram condena-dos a pagar R$ 600 mil, além de pensão vitalí-cia no valor de 1 salário mínimo, a Luanda Fer-reira Gama e família. A ação se deve ao desa-parecimento de Regi-naldo Vicente Sejano-que, marido de Luan-da, após desabamen-to de encostas ocorri-do no Morro do Bumba (Niterói), em 2010.

O Curso Realidade Bra-sileira é uma ativida-de de formação política e de resgate do pensa-mento crítico acerca da realidade do país. Vol-tado a educadores, lide-ranças e militantes de movimentos sociais, o curso tem oito módulospresenciais, um fi nal de semana a cada mês. Se-rão estudados textos de pensadores como Dar-cy Ribeiro, Caio Prado Jr, Celso Furtado, entre outros. As inscrições são gratuitas e estão abertas até o dia 14/06, pela internet: http://cr-briodejaneiro.blogspot.com.br/

Na Favela do Jacarezi-nho, há dezenas de de-sabrigados devido a in-cêndios ocorridos no mês de março. Em so-lidariedade, morado-res do Horto se orga-nizaram para coleta de doações. São necessá-rios, em especial, rou-pas e alimentos. To-dos os itens devem ser entregues aos cuida-dos de Gal, no seguinte endereço: Rua Pache-co Leão, 1235, casa 14 – Fundos, no bairro do Jardim Botânico.

Moradoresindenizados

Curso RealidadeBrasileira

Solidariedade

Pablo Vergara

O juiz Rubens Casara, da 43ª Vara Criminal do Estado do Rio

Sheila Jacobdo Rio de Janeiro (RJ)

O juiz Rubens Casara, da 43ª Vara Criminal do Estado do Rio, investe na aproximação entre a so-ciedade civil e o poder ju-diciário. Ele faz parte da Associação de Juízes pela Democracia (AJD).

Casara critica a ten-dência de o Judiciário agir de acordo com a opi-nião dos grandes meios de comunicação. Ele também fala ao Brasil de Fato sobre a difi culda-de de se combater o au-toritarismo no meio jurí-dico, já que muitos juízes que se calaram frente às barbaridades da ditadu-ra militar continuaram a atuar após a abertura de-mocrática.

Você organizou recente-mente o seminário “Re-sistência Democrática: diálogos entre política e justiça”. Por que realizá-lo hoje?

A ideia foi aproximar os movimentos sociais dos atores jurídicos, com-prometidos com as tradi-cionais bandeiras da es-querda. É importante in-vestir nessa união, pois

Justiça enviesadaDEMOCRACIA? Para juiz, a tortura é naturalizada sempre que usada contra o pobre

acredito que o momento atual é bem complicado.

A defesa dos direitos humanos e as ideias mais progressistas têm perdi-do espaço. Pessoas que antes tinham vergonha de assumir certas postu-ras autoritárias agora o fazem com muita natu-ralidade. Um exemplo é a transformação do Ca-pitão Nascimento, perso-nagem do Tropa de Elite, em herói nacional. O ído-lo é o policial que, embo-ra honesto, é um tortura-dor, um criminoso.

Como o senhor avalia a relação do Judiciário com a sociedade?

O Judiciário é um re-fl exo das contradições da sociedade. A sociedade é autoritária e, portanto, o poder judiciário é autori-tário. A maioria é levada a acreditar no uso da força para resolver os mais va-riados problemas sociais. A população que sofre a violência policial muitas vezes aceita essa situa-ção, como o “toque de re-colher” que existe em di-versas comunidades.

E qual a relação do Ju-diciário com a chamada

“grande mídia”? Existe uma “tentação

populista” muito perigo-sa. Procura-se agradar a “opinião pública”, a qual muitas vezes não passa da opinião publicada pe-los meios de comunica-ção de massa. Isso é ex-tremamente complicado, pois o poder judiciário deve julgar contra maio-rias para defender os di-reitos fundamentais.

Por que é tão difícil combater o conserva-dorismo do poder judi-ciário?

O Judiciário tem uma origem aristocrática, pa-ra manter as coisas do jei-to que estão. Além disso, juízes que atuavam na di-tadura civil-militar, e fe-

chavam os olhos para a barbaridade que estava acontecendo, continua-ram a atuar após a rede-mocratização. Muitos vi-raram desembargado-res e os novos juízes, pa-ra ter facilidades na car-reira, acabam reprodu-zindo as decisões daque-les velhos juízes. Ou seja: quem pode gerar ruptu-ras acaba reproduzindo o autoritarismo.

“O Judiciário tem uma origem aristocrática, para manter as coisas do jeito que estão”

É interessante citar a di-tadura, pois os crimes daquele tempo continu-am ocorrendo...

A tortura sempre exis-tiu no Brasil, mas an-tes era voltada exclusiva-mente para o pobre. Na época da ditadura mili-tar, essa violência atingiu

a parcela da classe média que se opôs ao regime, o que lhe deu visibilidade.

Quando ocorre a abertura política, a tor-tura volta a seu públi-co preferencial, e por is-so passa a ser silencia-da. A tortura é naturali-zada sempre que é usa-da contra o pobre, con-tra quem não interessa à sociedade de consumo. Da mesma maneira, o ti-ro que atinge um meni-no da favela tem reper-cussão diferente do tiro dado na zona sul.

E essa diferenciação também está presente nas decisões judiciais?

Infelizmente sim. Is-so ocorre na desqualifi -cação do espaço públi-co destinado às cama-das populares. Já vi co-legas emitirem manda-dos de busca e apreen-são coletiva que autori-zam a polícia a entrar, in-clusive com o uso de for-ça, em qualquer casa de uma favela, mesmo que nada exista de concreto contra a grande maioria dos moradores. Nunca vi um mandado desse tipo ser cumprido na Avenida Vieira Souto.

Sheila Jacob

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 cidades |

zenda Cambahyba. Cícero foi morto numa

emboscada quando vol-tava de bicicleta de uma reunião, no dia 26 de ja-neiro deste ano. A usina Cambahyba foi utilizada para incinerar corpos de presos políticos durante a ditadura, e hoje é ocu-pada por 200 famílias do MST.

Três órgãos do estado têm tido hoje papel de-cisivo para que a reforma agrária não saia do papel: o Incra, o Instituto Esta-dual do Ambiente (Inea) e o Judiciário.

A advogada Fernanda Vieira explica que o In-cra é a autarquia que re-aliza a reforma agrária, mas antes é necessária a licença ambiental con-

Somente em 2013, dois militantes do MST foram assassinados na região

Alan Tygeldo Rio de Janeiro (RJ)

A reforma agrária no estado do Rio de Janei-ro anda a passos lentos e não é prioridade do go-verno. Essa é a avaliação do Movimento do Traba-lhadores Rurais Sem Ter-ra, o MST.

“Infelizmente, temos que dizer que não avan-ça a situação de quem vi-ve no campo hoje”, afi r-ma Cosme Gomes, da co-ordenação estadual do MST.

A última vez que uma área foi desapropriada no estado e se transformou em assentamento foi em 2007, no município de Cardoso Moreira.

ViolênciaTanta demora na de-

sapropriação das ter-ras promove a violência no campo. Somente em 2013, dois militantes do MST foram assassinados na região de Campos dos Goytacazes. Um deles foi Cícero Guedes, que coor-denava a ocupação da fa-

cedida pelo Inea. “Se pa-ra os grandes empreen-dimentos essa licença é concedida de forma rápi-da, quando se trata de fa-mílias de trabalhadores rurais sem terra o que se percebe é uma lentidão atrasando o processo de desapropriação”, afi rma.

LentidãoUm dos símbolos des-

sa demora é o acampa-mento Sebastião Lan II, em Silva Jardim. Ocupa-da em 1997, a área já era destinada à reforma agrá-ria, mas estava sendo gri-lada por fazendeiros.

No acampamento Ter-ra Livre, em Resende, a espera já completa 13 anos. Em Quatis, região sul do estado, campone-ses do acampamento Ir-mã Dorothy aguardam o título da terra há 7 anos.

O nome deste acam-pamento foi dado em ho-menagem à missioná-ria americana que atuava em defesa dos campone-ses no Pará e foi assassi-nada na época da ocupa-ção, em 2005.

áreas urbanas. “A reforma agrária é

fundamental para o pro-cesso de desconcentra-ção da população urba-na e, com isso, permi-tindo uma intervenção mais racionalizada do poder público na efeti-vação das políticas pú-blicas, garantindo-se o acesso aos direitos fun-

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Manifestação do MST em frente à sede do Inea em abril de 2013

Acampamento Hugo Chávez, em Brasília

Alan Tygel

Wilson Dias/ABr

do Rio de Janeiro (RJ)

Em Brasília (DF), foi montado, em abril deste ano, o acampamento na-cional Hugo Chávez.

Homenageando o lí-der venezuelano, os acampados denunciam a paralisia da reforma agrária no país. Além

Reforma agrária está paralisada no RioLUTA PELA TERRA Famílias completam 15 anos de espera debaixo da lona preta

Distribuição de terras resolveria problemasA reforma agrária é fundamental para o processo de desconcentração da população urbana

do Rio de Janeiro (RJ)

Para a advogada Fer-nanda Vieira, do centro de assessoria jurídica popular Mariana Criola, a reforma agrária ainda é necessária.

Segundo a advogada, o Rio de Janeiro possui uma enorme concen-tração populacional nas

Acampamento no DFdisso, cobram o assen-tamento imediato das 90 mil famílias que vi-vem hoje em beiras de estrada e em acampa-mentos sem condições de saneamento, saúde e educação.

Em carta entregue à presidenta Dilma, o mo-vimento afi rma que “o

damentais, dentre eles à terra”, afi rma.

Segundo dados do IBGE, 4281 fazendeiros têm áreas com mais de 100 hectares, ocupando 64,21% da área agricul-tável do estado.

Enquanto isso, 52.300 pequenos produtores dividem os 35,79% de terras restantes. (AT)

Incra parou a políticade criação de assenta-mentos, mesmo existin-do 69.233 grandes pro-priedades improduti-vas no país, que contro-lam 228 milhões de hec-tares de terra, que deve-riam ser destinadas à re-forma agrária pela Cons-tituição.” (AT)

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | cidades

es me deu dois socos no rosto”, afi rma Botika.

“Estava no Horto, quando passei e vi que o prefeito estava acom-panhado de um amigo meu. Cumprimentei es-se amigo e perguntei ao Paes se era ele mesmo; ele respondeu, irônico, ‘não, é o César Maia’. En-tão, eu respondi que ele era o Paes, disse que ele é um bosta e o mandei à merda”, sentencia ele.

O delegado-titular da 15ª DP Orlando Zaccone explica que, com a desis-tência de Botika e Ana Maria, não será dado prosseguimento ao caso. “O Estado só pode ins-talar inquérito em caso

Daniel Israeldo Rio de Janeiro

No dia 26 de maio, o prefeito Eduardo Paes se tornou notícia por conta de uma agressão ao mú-sico e escritor Bernardo Botkay, conhecido como Botika. Paes deu dois so-cos no músico e, em se-guida, os seguranças do prefeito afastaram o artis-ta e a namorada, a produ-tora cultural Ana Maria Bonjour. Ana Maria caiu no chão e machucou os joelhos, e Botika fez exa-me de corpo de delito, no Instituto Médico-Legal (IML), mas os socos não deixaram hematomas. O caso ocorreu em um res-taurante da zona sul e foi registrado na 15ª DP (Gá-vea), sendo arquivado dias depois.

Botika revela que não viu quando Paes se apro-ximou e lhe agrediu fi si-camente. “Minha namo-rada questionava o pre-feito sobre as remoções e a política cultural na ci-dade, mas ele só debo-chava dela. Eu estava de perfi l quando pedi a ela que fôssemos embora, e nesse momento o Pa-

de o músico representar contra o prefeito, já que foi ele, especifi camente, a pessoa agredida. Isso pode ocorrer até seis me-ses após o arquivamen-to”, lembra Zaccone.

DebateSobre ter retirado a

queixa contra o prefei-to, Botika argumenta que “o assunto não merece ser criminalizado, mas debatido publicamen-

te. Precisamos discutir de forma política”. Além disso, de acordo com ele, um segundo motivo le-vou ele e a namorada a desistir da acusação. “Se a questão fosse levada adiante, eu corria o ris-co de ser julgado na Jus-tiça comum, sem direito a um advogado para me defender, enquanto ele teria foro privilegiado”, esclarece.

Em trecho de carta, li-

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SINDICAL

Os professores e os de-mais trabalhadores da Educação do Estado do Rio estão em cam-panha pelo reajuste de 23% nos salários, va-lor calculado segundo números do Sepe e do Dieese. O reajuste pro-posto pelo governa-dor Sérgio Cabral, e já aprovado pelos depu-tados, é de apenas 8%, o que, de acordo com professores, não cobre suas perdas salariais da educação.

Foi publicado, no dia 21, o acórdão do STJ garantindo o retorno da aposentadoria es-pecial para os eletrici-tários após 25 anos de trabalho. No momen-to de pedir a aposen-tadoria ao INSS, o tra-balhador deve ter em mãos uma cópia des-se acórdão, recomen-da a Federação Nacio-nal dos urbanitários (FNU).

Foi realizada, no dia 4, a segunda negociação da campanha sala-rial deste ano dos tra-balhadores da Empre-sa Municipal de Infor-mática (IPLANRIO). A Prefeitura se recu-sa a aceitar reivindica-ções como auxílio pa-ra acompanhamento de idosos, auxílio-ca-pacitação e ajuda para educação.

O contribuinte que se aposentou, mas conti-nuou trabalhando e re-colhendo o INSS, tem agora a possibilidade de pedir o recálculo do valor do seu benefício – segundo decisão do Su-perior Tribunal de Jus-tiça (STJ) em processos julgados recentemente.

Alerj vota reajuste

IPLANRIO

Eletricitários

Recálculo daaposentadoria

“Minha namorada questionava o prefeito sobre as remoções e a política cultural na cidade, mas ele só debochava dela”

Artista desiste de ação contra PaesVIOLÊNCIA Agredidos, Botika e namorada decidem que melhor caminho é politizar o debate, e não via judicial

da para alguns jornalis-tas na porta da delega-cia no dia em que ele e a namorada retiraram a queixa contra Paes, Bo-tika reprova a atitude do atual prefeito. “Um ho-mem público deveria estar preparado para re-agir de forma correta a qualquer manifestação engasgada de insatisfa-ção que um cidadão di-rija a ele e ao que ele re-presenta”, fi naliza.

Tânia Rêgo/Abr

Foto : Uanderson Fernandes/ Folhapress

O prefeito do Rio, Eduardo Paes

Botika e sua esposa deixam o 15ª DP após retirar queixa contra o prefeito

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 cidades | 07

do Rio de Janeiro (RJ)

Além de não oferecer Emergência, as pessoas que buscam atendimen-to em Acari costumam madrugar para agendar consultas. Todos os dias, 450 senhas são distribuí-das a partir das 7h.

“As fi las são imensas e começam 4 horas da ma-nhã. É tão grande que tem até uma pessoa que aluga um banquinho por

Segundo Darze, o or-çamento da Secretaria Municipal de Saúde é R$ 4 bilhões e o repasse para Oss gira em torno de 35% deste valor. “Quase a metade do re-curso vai para iniciativa privada. Isso é uma de-monstração que o pre-feito Eduardo Paes tra-balha com a lógica de desfazer da gestão pú-blica para entregar ao

Privatizado, hospital de Acari até hoje não tem emergênciaSAÚDE Unidade na zona norte registra extensas fi las para agendamento de consultas

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Segundo maior do Rio, o Hospital Municipal Ro-naldo Gazolla, mais co-nhecido como hospi-tal de Acari, foi plane-jado para ter setor de emergência funcionando 24 horas. Porém, desde 2008, quando foi inaugu-rado na gestão do ex-pre-feito César Maia, a popu-lação não tem acesso a esse serviço.

Este hospital foi o pri-meiro projeto de entre-ga total de uma unidade pública ao setor privado: uma Organização Social (OS) administra e contra-ta médicos e profi ssionais da enfermagem.

Filas enormes para senhaEspera começa de madrugada A Empresa Pública de Saúde (Rio Saúde) foi

aprovada por vereadores no mês passado

R$ 0,70”, conta Maria. Para ser atendido, é

necessário fazer uma consulta anterior em um posto de saúde ou hospi-tal da rede pública.

Concurso?O Sindicato dos Médi-

cos também critica o fa-to de nenhum médico ter se submetido a concurso público.

“É mais uma unida-de aberta cheia de gen-te com roupa branca, mas ninguém fez con-curso público. O mode-lo de privatização pas-sa por cima dessa que é a

Promessa“Em Acari, a Emer-

gência fi ca só na promes-sa. Se alguém passa mal aqui, só consegue socor-ro no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Se in-fartar, morre no caminho. Além disso, muitas pes-soas têm consulta marca-da e o médico não apare-ce”, contou Gentil, mora-dor de Acari.

A cabeleireira Maria Garcia Honorido, de 66 anos, de Campo Gran-de, passou por esse pro-blema nesta quarta-fei-ra (5). “Tinha uma con-sulta com ginecologis-ta marcada há seis me-ses. Só que ele não apare-ceu. Médico clínico geral também não se encontra”, contou.

LucrosPara o Sindicato dos

Médicos do Rio, não exis-te setor de emergência em Acari porque a OS quer aumentar seus lucros.

“Esse hospital foi pla-nejado para ter emergên-cia funcionando, mas isso exige equipe médica 24

horas e centro cirúrgico. Isso não representa lucro para o setor privado”, dis-se o presidente do sindi-cato, Jorge Darze.

“Se atender muita gente o lucro vai ser re-duzido”, acrescenta. O contrato com a empre-

Este hospital foi o primeiro projeto de entrega total de uma unidade pública ao setor privado

única garantia da popula-ção de que o médico pos-sui competência”, expli-ca Darze. Nessas OSs, os

PRIVATIZAÇÃO

setor privado. Ele aper-feiçoou esse processo criando a Rio Saúde”, ex-plica. A Empresa Pública de Saúde (Rio Saúde) foi aprovada na Câmara de Vereadores no mês pas-sado. Essa empresa vai gerir todas as unidades de saúde do município, incluindo hospitais, pos-tos de saúde e Clínicas da Família. (VV)

Rio Saúde aprovadamédicos recebem salá-rios que variam de R$ 8 mil a 15 mil. No serviço público, é R$ 2 mil. (VV)

“Esse hospital foi planejado para ter emergência funcionando, mas isso exige equipe médica 24 horas e centro cirúrgico”

sa GPS Total termina no ano que vem.

A liderança comu-nitária Vanderley da Cunha, conhecido como Deley de Acari, lamen-ta que os moradores do bairro não tenham aces-so à emergência.

“Enganaram o po-vo dizendo que a solu-ção seria a terceiriza-ção. Queremos fi scalizarse a empresa está fazen-do o que foi contratado,mas até hoje não vimoso contrato e nem a licita-ção”, afi rmou Deley.

Em Acari, emergência só na promessa

Pablo Vergara

Pablo Vergara

Hospital de Acari: sem atendimento de emergência e fi las para consultas que demoram meses

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | cidades

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Blocos de petróleo lei-loados em terra na 11ª Rodada da Agência Na-cional do Petróleo (ANP) vão afetar diretamente fa-mílias de assentados da reforma agrária e comu-nidades quilombolas.

Levantamento fei-to pelo Instituto Bra-sileiro de Análises So-ciais e Econômicas (Iba-se), Greenpeace, Fase e Instituto de Estudos So-cioeconômicos (Inesc) aponta que alguns blo-cos estão localizados exatamente no território de 76 assentamentos no nordeste do país.

IrracionalidadePesquisador do Ibase,

o historiador Carlos Bit-tencourt informou que a maioria dos assentamen-tos estão em municípios

no Piauí e que, em alguns casos, as populações po-derão vir a ser removidas.

“É uma irracionalida-de do ponto de vista dos recursos públicos investi-dos naqueles territórios”, criticou Bittencourt.

O cruzamento de da-dos georreferenciados le-vou em consideração in-formações fornecidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Refor-ma Agrária (Incra), Fun-dação Nacional do Índio (Funai), Instituto Chico

do Rio de Janeiro (RJ)

Os mapas também re-velam que os limites de alguns blocos foram de-senhados de forma a evi-tar sobreposição dire-ta com terras indígenas e unidades de conserva-ção. Desta forma, a atua-ção da Funai e ICMBio fi -ca impedida.

Ainda assim, diversos blocos fazem limite ou estão no entorno dessas terras. O caso mais gra-

ve é o dos índios isolados da Terra Indígena Arari-bóia, no Maranhão, onde um bloco está localizado a aproximadamente 150 metros da região.

Este bloco foi adqui-rido pela empresa bra-sileira Petra Energia S.A pelo valor de R$10.800 milhões.

Prejuízos Para Rosana Diniz,

do Conselho Indigenis-ta Missionário (Cimi)

do Maranhão, este cená-rio aumentará os prejuí-zos aos povos Guajajara e Awa Guajá que ali re-sidem.

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Leilão do petróleo vai impactar 76 assentamentosPRIVATIZAÇÕES Comunidades indígenas e pescadores tradicionais também serão afetados

No Piauí, a empresa portuguesa Galp Energia desembolsou R$ 4,788 milhões para explorar um dos bloco

Até índios isolados serão impactadosO caso mais grave é o dos índios isolados da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão

“Os problemas que os indígenas já vivenciam por conta da exploração ilegal de recursos naturais vão aumentar”

“Não tivemos tem-po de analisar esta ques-tão, mas se alguns desses blocos leiloados se apro-ximam de terra indíge-

na, os problemas que os indígenas já vivenciam por conta da exploração ilegal de recursos natu-rais vão aumentar. Con-sequentemente, essa dis-puta leva à insegurança e ao aumento de assassina-tos”, explicou.

Rosana informou queessa região já é a que maisregistra números de vio-lência na disputa por ter-ra no Maranhão.

A equipe de pesquisa-dores que desenvolve es-se levantamento planejaampliar a pesquisa.

“Pretendemos avançarna consolidação destesdados, incrementandocom informações sobreassentamentos estaduais,áreas pesqueiras, confl i-tos socioambientais, den-tre outros. A ideia é criaruma plataforma colabo-rativa juntando, além dedados, também fotos etabelas”, contou Bitten-court. (VV)

Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICM-Bio) e Ministério do Meio Ambiente (MMA).

RepúdioO Movimento dos Tra-

balhadores Rurais Sem Terra (MST) repudiou a possibilidade de que as-sentados sejam prejudi-

cados no processo de ex-ploração do petróleo nes-sas áreas.

“O MST considera ina-ceitável qualquer remo-ção ou transferência de famílias. Esperamos que o governo honre com sua obrigação e garanta to-dos os direitos de repara-ção por prováveis danos

causados. E vamos pes-quisar se temos direito a parte dos royalties”, disse o coordenador nacional João Pedro Stedile.

“Consideramos ina-ceitável a entrada de em-presas estrangeiras em nossas áreas de assenta-mentos e faremos de tudo para infernizar seus em-

preendimentos. O petró-leo pertence ao povo bra-sileiro, e a ANP não temprocuração do povo pararepassá-lo a empresas es-trangeiras”, completou.

No Piauí, a empresaportuguesa Galp Energiadesembolsou R$ 4,788milhões para explorar umdos bloco.

Blocos de petróleo leiloados em terra vão afetar diretamente famílias de assentados

Corte e queima de madeira na fl oresta da Terra Indígena Araribóia

Samuel Tosta

Antônio Cruz/Abr

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 brasil |

das na ação na qual a Po-lícia Federal (PF) e o ba-talhão de Operações Es-peciais (Cigcoe) da Polí-cia Militar de Mato Gros-so do Sul usaram bom-bas de efeito moral, spray de pimenta e tiros de ar-mas de fogo letal e não le-tal. Cápsulas de munição de calibres 12, 40 e nove milímetros foram encon-tradas nos locais de onde partiram os tiros. Ao todo, 28 vítimas de tiros de ba-la de borracha foram para delegacia fazer exame de corpo delito.

Além de Oziel, outras duas pessoas foram le-vadas para o hospital em Aquidauana (MS) com projéteis no corpo. O ido-so Cleiton França Terena foi atropelado por uma caminhonete da PF.

A terra onde Oziel morreu está sob a posse do ex-deputado estadual Ricardo Bacha (PSDB), lí-der da Federação da Agri-cultura do Mato Grossso do Sul (Famasul).

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Criança observa o caixão de Oziel Gabriel, morto durante a reintegração de posse da terra indígena Buriti

Comunidade mobilizada na retomada da Fazenda Buriti

Cristiano Navarro

Cristiano Navarro

de Sidrolândia (MS) e Brasília (DF)

Logo após a morte de Oziel Gabriel, durante reintegração de posse de fazenda na Terra Indíge-na Buriti, outras terras fo-ram retomadas por parte dos Terena no Mato Gros-so do Sul. Na madrugada do dia 31, indígenas ocu-param 3 mil hectares de um total de 12 mil da Fa-zenda Esperança, muni-cípio de Aquidauana, a 140 quilômetros da capi-tal Campo Grande.

A área faz parte da Terra Indígena Taunay/Ypeg, vizinha à Terra In-dígena Buriti, reivindica-da pelos Terena e já iden-

“Como faremos justiça? Quando vão punir quem mata índio? A terra é nossa e sempre foi”

Indígenas se mobilizam contra a violência do governoCONFLITO Morte do guerreiro terena, Oziel Gabriel, alimenta a sede por justiça na luta pela retomada de suas terras

Terras retomadasPara lideranças, Estado não assume compromisso assumido em leis

Cristiano Navarro e Renato Santana

de Sidrolândia (MS) e Brasília (DF)

A morte de Oziel Ga-briel na manhã do dia 30 de maio, durante a reinte-gração de posse da terra indígena Buriti, no muni-cípio de Sidrolândia (MS) fez explodir entre as co-munidades do povo Tere-na a revolta e a sede por justiça na luta pela reto-mada de suas terras tra-dicionais.

Oziel tinha 35 anos, morava na aldeia Córre-go do Meio e desde crian-ça participava da luta pe-la ocupação da terra tra-dicional do povo Tere-na, ao lado do avô. Deixa uma esposa e dois fi lhos. Há dois meses participou da retomada da Fazen-da Santa Helena (Córrego do Meio), uma das áreas da Terra Indígena Buri-ti, declarada com 17.200 hectares, dos quais os Te-rena ocupam pouco mais de 1 mil.

“A esposa está muito chocada, à base de me-dicamentos. O fi lho es-tá em desespero. Como faremos justiça? Quan-do vão punir quem ma-ta índio? A terra é nossa e sempre foi”, relata Otoniel Gabriel, irmão de Oziel.

É difícil precisar quan-tas pessoas fi caram feri-

tifi cada com 33 mil hec-tares de terra de ocupa-ção tradicional.

“Essas ações das co-munidades (Terena) se devem ao fato de que o governo brasileiro não tem interesse de resolver a questão indígena. As re-tomadas são nosso últi-

mo recurso para que as leis e nossos direitos se-jam garantidos”, afi rma Lindomar Terena.

Quase 7 mil indíge-nas da Taunay/Ypeg vi-vem atualmente nos 6 mil hectares de uma reser-va demarcada pelo Ser-viço de Proteção ao Índio (SPI), na primeira meta-de do século 20, depois de serem retirados de ter-ritório em que os 12 mil hectares da Fazenda Es-perança incidem.

No Brasil, das 1.043 terras indígenas, 40 de-las – 3,83% – são reser-vadas, ou seja, demarca-das como reservas indí-genas, caso da Taunay/Ypeg, ou dominiais, em

situações em que os pró-prios indígenas compra-ram suas terras tradicio-nais. Depois da Consti-tuição de 1988, os indíge-nas passaram a ter o di-reito de questionar juri-dicamente a demarcaçãode tais reservas.

“Queremos mostrarque o povo indígena estácom um pensamento só.Estamos tristes e revolta-dos com a morte de Oziel.A Justiça passa a ser in-justiça, na prática. Os po-vos indígenas estão sen-do massacrados sem queo Estado assuma o com-promisso assumido emleis, como a Constitui-ção e a Convenção 169 daOIT”, fi naliza. (CN e RS)

“As retomadas são nosso último recurso para que as leis e nossos direitos sejam garantidos”

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | mundo10

FATOS EM FOCO

A Anistia Internacio-nal confi rmou que as bombas de gás lacri-mogênio produzidas no Brasil e em outros países têm sido usadas pela polícia turca para dispersar manifestan-tes nos protestos dos últimos dias. A organi-zação condenou o uso do gás.

O governo sírio reto-mou o controle da ci-dade de Al Qusair, si-tuada no oeste do pa-ís e próxima à frontei-ra com o Líbano. A cidade de Qusair é considerada estraté-gica para os oposito-res em função de sua localização conectar o norte do Líbano – de maioria sunita – com aprovíncia central síria de Homs. Esse canal de comunicação entre os países garante aos opositores o constanteabastecimento de ar-mas e munição.

O soldado estaduni-dense Bradley Man-ning, que vazou cente-nas de milhares de documentos diplomáti-cos confi denciais dos Estados Unidos ao Wikileaks, começou a ser julgado na segunda-feira, 3 de junho, por um tribunal militar no Forte George Meade, estado de Maryland. Está previsto que o jul-gamento dure até 23 de agosto. Centenas de pessoas permanecem nas proximidades do Forte, em defesa do mi-litar, considerado um herói pelos manifestan-tes e defensores da li-berdade de expressão. Manning pode ser condenado à prisão perpétua.

Made in Brazil

Síria

Bradley Manning

occupygezipics.tumblr.com

occupygezipics.tumblr.com

Milhares de jovens saíram às ruas não apenas em Istambul, mas em diversas outras cidades

Manifestantes foram vítimas de imensa violência policial

da Redação

Há dias, o ar que se respira em Istambul cheira a gás lacrimogê-neo. A polícia continua a usar armas químicas.

Os protestos, que ini-cialmente visavam im-pedir a destruição do Parque Gezi, no fi m de maio, em Istambul, se espalharam para mais 67 cidades turcas.

A última novidade foi a antecipação da de-claração de greve geral por dois dias da Confe-deração dos Funcioná-rios Públicos da Turquia (KESK) – 11 sindicatos e cerca de 240 mil traba-lhadores-, em apoio aos protestos.

As manifestações lan-çaram uma nova luz so-bre o governo do primei-ro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan.

Os protestos crescem, e a repressão acompa-nha o ritmo. As forças policiais têm usado ca-nhões de água e força ex-cessiva, na tentativa de evacuar locais e impe-dir que prosseguissem os discursos, cantos, pala-

População População ocupa as ruas ocupa as ruas da Turquiada TurquiaREVOLTA 240 mil trabalhadores unem-se aos protestos

vras de ordem e monta-gem de acampamentos. Há relatos de que a polí-cia tem atacado as pes-soas, sem sequer ser pro-vocada. Muitos têm saí-do feridos, outros mor-tos, atropelados por ca-minhões militares ou por carros de polícia. Os hos-pitais estão lotados.

Erdogan A repressão violenta

contra os cidadãos, nes-sas manifestações, não foi noticiada nos canais comerciais de televisão. Foram mostrados, no mesmo horário, o con-curso de Miss Turquia e

programas de culinária. O governo de Erdo-

gan mantém a mídia sob um dos mais duros regi-mes de censura em to-do o mundo. Aliás, mani-festantes relatam que os protestos só estão sendo possíveis porque todos distribuem e recebem

informação pelas mídias sociais.

A falta de discus-são com a sociedade de medidas governamen-tais diversas é outra das grandes razões para a insatisfação dos jovens com o governo.

Apesar de ter chegado ao poder com promes-sas de prosperidade eco-nômica e democratiza-ção, há dez anos, e ape-sar de sempre ter conta-do com apoio popular, o partido Justiça e Desen-volvimento de Erdogan, o AKP, também enfren-ta crescente desconten-tamento.

Desde 2009, o Parti-do AKP iniciou investi-gações contra a União da Comunidade Curda, me-diante as quais o gover-no tomou por alvo inte-lectuais, jornalistas e es-tudantes. Erdogan ale-gou que seriam medidas para prevenir ações ter-roristas.

Erdogan comanda um partido islâmico, ainda que moderado, mas que tem imposto medidas de controle social. Pouco antes do levante do Par-que Gezi, o partido go-vernante, AKP, foi dura-mente criticado por me-didas para proibir a ven-da de bebidas alcoóli-cas em estabelecimentos abertos ao público.

O neoliberalismo crescente – a comercia-lização das relações so-ciais na Turquia – é ou-tra razão pela qual, ago-ra, a população está to-mando as ruas. Esse pro-cesso está avançando às custas de prédios históri-cos, por exemplo.

Todos esses fatores têm gerado grande insa-tisfação na população.(com agências)

O governo de Erdogan mantém a mídia sob um dos mais duros regimes de censura em todo o mundo

Mostraram, no mesmo horário, o concurso de Miss Turquia e programas de culinária

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 cultura |

News), escrita em 1625, apenas quatro anos de-pois do surgimento do primeiro jornal em língua inglesa (O Coranto Bri-tânico, de 1621). Jonson faz uma crítica certeira, precisa, sobre as mazelas de uma atividade recém-criada. O texto é assusta-doramente atual.

Ao realizar um fi lme que discute “o mercado de notícias”, ou seja, a mídia, você tenta de al-guma forma resgatar es-te papel de intelectual que interfere em ques-tões candentes de seu tempo?

Não sou um intelectu-al (conheço alguns inte-lectuais de verdade), mas

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Divulgação

O diretor Jorge Furtado ao lado de atrizes durante intervalo das fi lmagens

A defesa da verdade factual, princípio básico do jornalismo, é vital para a sobrevivência humana

Maria do Rosário Caetanode São Paulo (SP)

“Se você não está em dúvida é porque foi mal informado”. Esta frase, concebida para o car-taz do novo fi lme de Jor-ge Furtado – O Mercado de Notícias – defi ne bem o estado de espírito do roteirista e diretor gaú-cho, desde que, sete anos atrás, decidiu realizar do-cumentário que refl etisse sobre o jornalismo políti-co brasileiro.

O fi lme O Mercado de Notícias se compõe com 13 depoimentos de gran-des nomes do jornalis-mo brasileiro, material de arquivo (sobre a im-prensa) e trechos da pe-ça de Ben Jonson. “Fil-mei, com atores gaúchos (entre eles, Janaína Kre-mer, Nelson Diniz, Sér-gio Lulkin e Zé Adão Bar-bosa), todo o processo de ensaio, desde a primeira leitura. Esta é a primei-ra montagem da peça no Brasil e foi feita especial-mente para o fi lme”.

Nesta entrevista ao Brasil de Fato, Jorge Fur-

“Se você não está em dúvida “Se você não está em dúvida é porque foi mal informado”é porque foi mal informado”ENTREVISTA Cineasta gaúcho Jorge Furtado debate a mídia no fi lme O Mercado de Notícias

tado, 53 anos, autor do seminal Ilha das Flores, fala de jornalismo e dos dois fi lmes que o ocupam neste momento, pois, além de O Mercado de Notícias, ele está pré-pro-duzindo Beleza, sua volta à fi cção.

Brasil de Fato – O lon-gametragem O Merca-do de Notícias, que vo-cê está fi lmando, é uma ideia nova ou a matriz dele vem de “O Povo e Em Nome do Povo”, pro-jeto que desenvolveu (e acalentou) por muitos anos?

Jorge Furtado – O pro-jeto é relativamente novo (tem sete anos), embora alguns temas já estives-sem presentes no projeto O Povo e no Em Nome do Povo (este bem mais anti-go). Jornalismo é um as-sunto que me interessa, escrevo às vezes sobre o tema em meu blog, cur-sei a faculdade de jorna-lismo. Lendo A História-Social da Mídia (de Pe-ter Burke e Asa Briggs), fi quei sabendo da exis-tência desta peça de Ben Jonson (Th e Staple of

isso não me impede de pensar. (Como ensinou o Millôr, “livre pensar é só pensar”.). A defesa da verdade factual, princípio básico do jornalismo, é vital para a sobrevivência humana. Sem jornalistas, pessoas que se dedicam a buscar e compartilhar a verdade, não há demo-cracia. Espero que o fi lme possa ser usado nas esco-las, universidades, pois trata-se de uma defesa do bom jornalismo.

Como se deu a seleção dos 13 jornalistas que dão depoimento ao fi lme?

Convidei jornalis-tas que admiro, respeito, leio, embora nem sempre concorde com tudo o que eles dizem ou escrevem, é claro, eles mesmos dis-cordam entre si sobre vá-rias coisas. A democracia pressupõe confl itos e ne-nhum debate deve ser in-terditado. Evidentemen-te, há muitos outros bons jornalistas no país, mas havia um limite de tem-po do fi lme. Tentei, mas não consegui, por proble-mas de agenda, entrevis-

tar o Caco Barcelos, e o Marcelo Tas, não foi pos-sível. Convidei o Elio Gas-pari, ele não aceitou, não dá entrevistas.

O polêmico ministro Jo-aquim Barbosa, presi-dente de STF, disse, em palestra na Costa Rica, que a imprensa brasilei-ra é branca, conserva-dora e nada pluralista. Você concorda com ele?

Ele disse mais: que a grande imprensa brasi-leira é de direita, o que é a pura verdade. Pena que o ministro Joaquim Barbo-sa, com sua metralhado-ra giratória (não esque-çam que ele acusou seu colega de corte Gilmar Mendes de ter capan-gas e de estar destruindo a credibilidade da justi-ça brasileira), frequente-mente provoque estragos nas instituições demo-cráticas, que deveria de-fender, incluindo a Cons-tituição e o Congresso. Sua atuação no julga-mento do mensalão te-ve momentos constran-gedores e suas críticas ao Congresso Nacional são por vezes grosseiras.

Haverá espaço, em O Mercado de Notícias, para debater o trata-mento que a imprensa dá a personagens como o ex-presidente Lula, ou você trabalhará em pla-no mais geral, sem se ater a casos específi cos?

O fi lme pretende serdurável, falar do jornalis-mo em tese, mas sim, ha-verá espaço para algunscasos exemplares sobrea cobertura da impren-sa em diferentes gover-nos, incluindo os gover-nos Lula e Dilma. O pro-jeto inclui, além do fi l-me, um site (www.omer-cadodenoticias.com.br)que deve entrar no arjunto com o fi lme. O sitevai ter as entrevistas comos 13 jornalistas em ver-são completa, algumasduram quase uma hora.Também faremos umaedição por tema, que po-de ser útil nas escolas. Osite também trará trechosmais longos da peça e to-das as fontes de pesqui-sa do fi lme Beleza. (A ín-tegra desta entrevista en-contra-se na Agência Bra-sil de Fato – www.brasil-defato.com.br)

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Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | cultura

CULTURA Além do bloco, associação promove saraus e rodas de funk como formas de ocupação do espaço público

la. O meu maior medo é saber que o autoritaris-mo e a agressão não fi -cam parados, eles avan-çam, e, desta forma, fi ca cada vez mais difícil fre-ar a ação policial” afi r-ma MC Leonardo, mem-bro do conselho fi scal da Apafunk e ex-presidente da associação.

A “Zero Treze” atin-ge diretamente o funk, principalmente nas fave-

las com Unidades de Po-lícia Pacifi cadora (UPPs),onde os eventos cultu-rais são proibidos devidoa militarização das áreas.

Além disso, a Resolu-ção contraria diversos di-reitos fundamentais, co-mo a livre iniciativa, a li-berdade de acesso à cul-tura, a liberdade de reu-nião de pessoas para fi nspacífi cos, previstos naConstituição Federal.

SarauDurante o sarau, reali-

zado toda segunda quin-ta-feira do mês, às 19h,em frente à ocupaçãoManoel Congo, o micro-fone é aberto ao público.

mais tradicional qua-drilha da cidade faz cin-co apresentações en-tre sábado (8) e domin-go (9). No primeiro dia, a Quadrilha do Sam-paio estará no Sesc de Ramos, às 18h, e em se-guida na Igreja N. Sra. das Cabeças (Penha), às 21h30. Já no dia 9, a primeira dança come-çará às 17h30, na Igreja de São Pedro (Encanta-do) e prosseguirá a par-tir das 20h, na Igreja N. Sra. Aparecida (Moneró – Ilha do Governador). A última apresentação do fi m de semana ocor-rerá às 21h30, na Igre-ja N. Sra. da Conceição (Engenho Novo).

Calafate, no festival Cinesul

Divulgação

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AGENDA

ARTES PLÁSTICASVai até domingo (9) a exposição “Nossos Tra-ços, Novos Espaços”, do grupo de artistas mul-timídia Máfi a 44. Com origem em Niterói e São Gonçalo, o coleti-vo é formado por grafi -teiros, fotógrafos e um mestre de cerimônias. O Máfi a 44 expõe seus grafi tes no Estúdio Be-las Artes, na Tijuca (R. Major Ávila, 430). A en-trada é gratuita. Tel: 2204.1004.

CINEMAO Centro Cultural Ban-

co do Brasil (CCBB) se-dia, entre 4 e 16 de junho, a 20ª edição do Festival Ibero-Americano de Ci-nema e Vídeo (Cinesul). As produções foram re-alizadas por equipes da América Latina, Portu-gal e Espanha. Nesta edi-ção, o homenageado se-rá o diretor argentino Eli-seo Subiela. O CCBB-RJ

fi ca aberto de terça a do-mingo, das 9h às 21h, e está localizado no Centro (Rua Primeiro de Março, 66). Telefone: 3808.2020. Ingressos a R$ 6 (meia a R$ 3).

MÚSICAO cantor e compositor João Bosco comemora 40 anos de carreira, nos dias 8 (sábado, às 20h) e 9 (domingo, às 19h). Re-pleto de canções que marcaram época, como “O Bêbado e a Equilibris-ta”, “O Mestre-Sala dos Mares”, Bosco se apre-senta no Espaço Furnas Cultural. Além do reper-tório que o consagrou, ele interpreta músicas

de Noel Rosa, Tom Jo-bim, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e ou-tros. O Espaço Furnas fi -ca em Botafogo (Rua Re-al Grandeza, 219). Tel: 2528.4613. Serão distri-buídas senhas das 14h às

17h, e a sala de 170 luga-res está sujeita à lotação. É necessário levar do-cumento de identidade com foto.

FESTA DE SÃO JOÃOExistente há 57 anos, a

João Bosco se apresenta no Espaço Furnas

Roda de funk no sarau da Apafunk na Cinelândia

Organização contra o preconceito e a criminalização do gênero

Divulgação

Apafunk

Apafunk

Luísa Côrtesdo Rio de Janeiro (RJ)

A Associação dos Pro-fi ssionais e Amigos do Funk (Apafunk) já es-tá em clima de carna-val. Através de uma pla-taforma colaborativa pe-la internet, a organização conseguiu a contribui-ção fi nanceira de mais de 80 pessoas para comprar instrumentos de percus-são e formar a bateria do Bloco Apafunk.

Além dos preparati-vos para a estreia no car-naval, a associação pro-move os saraus mensais, que ocorrem na Rua Al-cindo Guanabara, na Ci-nelândia, Centro do Rio, rodas de funk, deba-tes sobre os direitos dos funkeiros, contra o pre-conceito e a criminaliza-ção do gênero.

BateriaSegundo um dos coor-

denadores do Bloco Apa-funk e membro da orga-nização, Guilherme Pi-mentel, as inscrições para fazer parte da ba-teria começam na próxi-ma semana, e os interes-sados devem enviar um e-mail para [email protected] com o assun-

Apafunk prepara bloco

to Bloco Apafunk. O mestre de bateria

Carlos Carvalho já traba-lha com o ensino de per-cussão em escolas e pro-mete preparar os inte-grantes para o carnaval de 2014.

“O único pré-requisito é ter disponibilidade pa-ra participar dos ensaios, que vão ocorrer às segun-das-feiras, em local de fá-cil acesso, ainda a ser de-fi nido”, garante Pimentel.

Dos 28 ritmistas que vão colocar o bloco cola-borativo na rua, dez se-rão bolsistas, enquanto os outros irão pagar ape-

nas uma mensalidade de custo para a remune-ração dos instrutores de percussão.

“A ideia é o bolsista se qualifi car na área musi-cal, para poder tocar em outros lugares”, completa.

O presidente da Apa-funk Mano Teko diz que

o lema é: quem é de so-mar, cola!. “Nossa bateria é aberta e coletiva, mas vai exigir compromisso de quem se envolver”.

LutaA Apafunk luta ativa-

mente contra a Resolu-ção 013 da Secretaria de Segurança Pública, co-nhecida como “Zero Tre-ze”, que proíbe a realiza-ção de eventos sociais, culturais e esportivos sem a autorização prévia da polícia.

“A polícia hoje tomou conta de todos os assun-tos que existem na fave-

“A polícia hoje tomou conta de todos os assuntos que existem na favela.”

“O único pré-requisito é ter disponibilidade para participar”

Page 13: Brasil de Fato RJ - 006

Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

A semana favorece para a resolução de an-tigas pendências. Cuidado para não agir por impulsos em função de falsas impressões. Na vida amorosa, cuidado com o individualismo.

Áries(21/3 a 20/4)

O momento possibilita vivenciar relações com mais afi nco. Período bom para questões profi ssionais. No amor, mais atenção com quem você ama.

Câncer(21/6 a 22/7)

Momento bom para questões profi ssionais. Há tendências para lidar com novas res-ponsabilidades. Seja cuidadoso com quem você ama, inclusive familiares.

Libra(23/9 a 22/10)

A semana pode ser proveitosa para aspectos criativos. As relações no trabalho estarão fa-vorecidas. Procure ser mais parceiro(a). Na vida amorosa, momento para decisões de longo prazo. O sentimento afl ora neste período.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

A semana traz um clima de romantismo nos assuntos amorosos. Período bom para retomar laços com pessoas de antigas convivências. No amor, relaciona-mentos duradouros.

Touro(21/4 a 20/5)

Período bom para reavaliar sua rotina. Valo-rize as atividades coletivas, seja prestativo. Busque o equilíbrio entre solidariedade e sacrifício. No amor, evite a rotina.

Leão(23/7 a 22/8)

A semana é especial para novas respons-abilidades profi ssionais. Seja mais paciente, evite atritos desnecessários. No amor, momento bom para sentimentos sérios. Observe mais quem está perto de você.

Escorpião(23/10 a 21/11)

Período de maior intensidade nas questões profi ssionais. Bom para solucio-nar assuntos pendentes. No amor, atente para novos sentimentos. Dê mais atenção a quem sempre se dedicou a você.

Aquário(21/1 a 19/2)

Momento bom para criatividade coletiva. Cuidado para não agir de maneira radical no convívio diário. A semana exige soli-dariedade com quem você gosta.

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Período para rever gastos fi nanceiros. Evite o consumismo e supérfl uos. A semana é boa para questões do trabalho e novos projetos. Na vida amorosa, tenha mais cuidado com opiniões radicais.

Virgem(23/8 a 22/9)

Momento bom para rever sua rotina. Cuidado com a saúde, busque equilíbrio na refl exão dos problemas. Evite desgaste ao lidar com trabalho e negócios. No amor, paciência e diálogo vão ajudar.

Sagitário (22/11 a 21/12)

Semana boa para traçar novos rumos e metas. Cuidado com a saúde e evite a ansiedade nas questões profi ssionais. No amor, boas conversas vão ajudar e podem trazer momentos especiais.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 49

(?)Suplicy,política

brasileira

Medida dedistânciascósmicas

Integrantede uma

organiza-ção

O Rei dasSelvas(HQ)

Fiscal do orçamen-to de umaempresa

Filhotecriado no

haras

Item doenxovaldo bebê

Ensina;instrui

Isso, emespanhol

Nome daletra “M”De estatu-ra elevada

Peritos(fig.)

Épocashistóricas

Escola doBudismoParceirona dança Nociva

Parteflexível do

chapéu

Habitat da emaCerto

(abrev.)

Moedajaponesa

(pl.)

Deus-Soldo EgitoAntigo

Raiz, tronco e copa

Partidopresidido

por Kassab(sigla)

Volt(símbolo)Rato, em

inglêsVenda be-neficentede igreja

Capaz degrande

destruição

O irmãode Jacó(Bíblia)

Doce deaçúcar

mascavo

Extrater-restre doCinema

Folhear (o livro)

Elétron(símbolo)

Órgão dedefesa do consumi-dor (sigla)

Peixe queaparece

em “O Ve-lho e o

Mar” (Lit.) 16ª letra

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ASTROLOGIA - Semana de 6 a 12 de junho de 2013Período exige cuidados com o corpo e a saúde; A semana traz tendências para lidar de maneira mais intensa com assuntos profi ssionais.

Page 14: Brasil de Fato RJ - 006

Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | esporte

Diego Forlán. Deschamps testou

novidades no time titu-lar, mas vem ao Brasil com dores de cabeça pe-la derrota.

Sexto colocado nas Eliminatórias para a Co-pa do Mundo de 2014, o Uruguai volta a campo na próxima terça-feira para encarar a Venezuela fo-ra de casa e tentar voltar à zona de classifi cação. Já a França entra em cam-po domingo para encarar o Brasil em amistoso na Arena Grêmio.

(Com agências)

14

FATOS EM FOCO

José Mourinho, ex-trei-nador do Real Madrid, criticou o atacante por-tuguês Cristiano Ro-naldo, maior artilhei-ro durante sua passa-gem pelo clube espa-nhol. O técnico portu-guês afi rmou que a re-lação com seu compa-triota não foi fácil. “Ele não aceitou muito bem [algumas críticas de or-dem tática], pois pen-sa que sabe tudo e que um treinador não pode ajudá-lo a crescer ain-da mais”, disse.

Campeã olímpica do salto em distância em Pequim, em 2008, Maurren Maggi esteve reunida com dirigentes do São Paulo. Atual-mente sem patrocínio, a atleta espera acer-tar com o clube do Mo-rumbi e poder voltar a treinar com tranquili-dade para as Olimpí-adas de 2016. Com 36 anos, Maggi pretende encerrar sua carreira após a competição.

Mourinho

Tênis

Deco

Depois de ser fl agrado em exame anti-doping e suspenso preventi-vamente por 30 dias, o meia Deco do Flumi-nense já tem data mar-cada para ir a julga-mento. O Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ)anunciou nesta quar-ta-feira que o meio campista será julgado no dia 14 de junho, às 14 horas (de Brasília).

Luis Suárez comemora o gol que deu a vitória ao Uruguay

Para o Ministério Público, processo favoreceu a IMX

Reprodução

Reprodução

Fernando Torres/Fluminense F. C.

da Redação

A seleção uruguaia derrotou a França por 1 a 0 no lotado estádio Cen-tenário de Montevidéu, na tarde de ontem, e le-vantou a taça Capital Ibe-ro-Americana de Cultura de 2013.

Os donos da casa co-meçaram melhor a par-tida, principalmente em jogadas pelo alto que fo-ram desperdiçadas por Cáceres e Cavani. Os eu-ropeus acordaram e por pouco não marcaram por três vezes em joga-das criadas pelo habili-doso Payet.

Com quatro altera-ções para a etapa com-plementar, Óscar Tabá-rez mostrou estrela e viu dois dos escolhidos par-ticiparem ativamente do gol da vitória. Gaston Ra-mírez lançou, a bola pas-sou por Maxi Pereira e chegou aos pés certeiros de Luis Suárez, que che-gou a 32 gols pela Celes-te Olímpica, um a menos do que o maior artilheiro:

Sexto colocado nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, o Uruguai volta a campo na próxima terça-feira para encarar a Venezuela

FUTEBOL Em Montevidéu, Suárez saiu do banco e derrota próximo adversário do Brasil

Uruguai derrota a França

Governo ofi cializa entrega do Maracanã a Eike e Odebrecht PRIVATIZAÇÃO Grupo lucrará 35 anos com estádio

da Redação

Após gastar R$ 1 bi com a reforma do Mara-canã, o governo do Rio de Janeiro assinou, na terça-feira (4), o contra-to de concessão do está-dio com o grupo deno-minado de “Consórcio Maracanã”.

O grupo formado por Odebrecht (empresa lí-der, com 90%), IMX Ve-nues e Arena S.A (de propriedade de Eike Ba-tista, com 5%) e AEG Administração de Está-

dios do Brasil comanda-rá o estádio nos próxi-mos 35 anos.

O Ministério Públi-co questionou a lega-lidade da participação da empresa IMX, de Ei-ke, no processo de lici-tação, uma vez que foi ela a responsável pelo estudo de viabilidade da concessão.

Segundo o órgão, to-do o processo favoreceu a IMX, já que a empresa teve acesso a informa-ções privilegiadas e ex-clusivas.

01Uruguai X

Mandanda, Sagna, Koscielny, Mangala e Trémoulinas; Capoue (Guilagovi), Matuidi (Cabaye), Payet, Valbuena

(Grenier) e Gourcuff (Lacazette); Giroud (Gomis)

Muslera, Maxi Pereira, Lugano (Scotti), Coates e Cáceres; Arévalo (Eguren), Gargano e Álvaro Pereira; Lodeiro (Gaston

Ramírez), Forlán (Suárez) e Cavani (Hernández)

Gol de Suárez | Centenário | Montevidéu (UR) | 05/06 | 16:00

FICHA TÉCNICA

França

Page 15: Brasil de Fato RJ - 006

Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 esporte |

mas não conseguiramevitar o empate por 2 a2 na reinauguração doMaracanã.

O forte calor em Goi-ânia fez com que Felipãointerrompesse os traba-lhos, que duraram poucomais de uma hora. A es-calação desta quarta foia seguinte: Júlio César;Daniel Alves, David Luiz,Th iago Silva e Filipe Luís;Luiz Gustavo, Paulinhoe Oscar; Neymar, Fred eHulk.

Depois do atendimen-to aos jornalistas, o gru-po verde-amarelo volta-rá a treinar, às 15 horas(de Brasília), no mesmolocal. Nesta sexta, a Sele-ção embarcará para a ca-pital gaúcha. O amistosocom a França está mar-cado para as 16 horas, naArena do Grêmio.

15

se redescobriram como maioria, tão esmagadora que soou até uniforme.

Imaginava-se, por um instante, estar em um país europeu.

Pela TV, podia-se ver quase 60 mil pessoas que não lembram uma torcida de futebol.

Há uma alma pró-pria de torcedor que ali não se via.

O que havia ali, era uma plateia que poderia perfeitamente estar no Teatro Municipal.

Faltavam os desden-tados geraldinos, os su-burbanos arquibaldos, misturados ali com a plateia elegante e bran-ca. Era esta mistura que empurrava qualquer ti-me para dentro do gol.

Para uma seleção que, há anos, foge de seu próprio país, aquilo pas-sava a impressão de um jogo em Londres.

Talvez por isso a In-glaterra tenha se sentido tão à vontade.

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

Há tempos que o cântico da torcida do Flamengo não fazia tanto sentido quan-to na reinauguração do Maracanã.

Antes, a torcida rubro-negra exaltava-se em sua própria festa, que reunia desde os afortu-nados das cadeiras nu-meradas até os desden-tados das gerais. Hoje, o sentido do canto é uma oposição ao anterior.

Passando pelo entor-no, às vésperas do início da partida, a intensa mo-vimentação de pessoas que chegavam a pé pe-los acessos ao estádio re-velava que, além do tes-te para a Fifa, havia outro em curso.

Ali, estava em teste também a “mudança de perfi l do público”, des-crita na proposta vence-dora da licitação do es-tádio.

No Censo de 2010, “descobriu-se” que os brancos eram minoria perante negros, índios, amarelos e pardos.

Neste Maracanã, eles

Que torcida é essa?

brasileirão | 5ª rodada

XVasco BahiaSab | 08/06 | 18h30 | Raulino de Oliveira

XCruzeiro InternacionalSab | 08/06 | 16h20 | Arena do Jacaré

XCriciúma FlamengoSab | 08/06 | 6h20 | Heriberto Hulse

XCorinthians PortuguesaSab | 08/06 | 18h30 | Pacaembu

XPonte Preta BotafogoSab | 08/06 | 21h00 | Moisés Lucarelli

XFluminense GoiásDom | 09/06 | 18h30 | Moacyrzão

XVitória Atlético PRDom | 09/06 | 18h30 | Joia da Princesa

XCoritiba NáuticoDom | 09/06 | 18h30 | Couto Pereira

XSantos Atlético MGQua | 12/06 | 19h30 | Vila Belmiro

XGrêmio São PauloQua | 12/06 | 22h00 | Arena do Grêmio

Wander Roberto/VIPCOMM

Bruno Haddad/Fluminense F.C.

da Redação

Sob forte calor, o elen-co da Seleção Brasileira voltou a treinar na ma-nhã de ontem, no CT do Goiás. Preparando o ti-me para o amistoso com a França, neste domingo, em Porto Alegre, o técni-co Felipão não fez substi-tuições na equipe.

Os jogadores de linha começaram o treina-mento com o tradicional bobinho. Já os goleiros Júlio César, Diego Cava-lieri e Jéff erson conver-saram com o prepara-dor Carlos Pracidelli. Já no coletivo, o treinador cobrou posicionamen-to e a marcação da saída de bola adversária aos atletas.

Felipão também tra-balhou a bola parada.

Felipão deve manter equipe contra FrançaSELEÇÃO Técnico sinaliza que titulares serão os mesmos do último amistoso

Enquanto isto, nas co-branças de faltas diretas, Neymar, Hulk e David Luiz fi zeram um rodízio. Em uma delas, o ex-san-tista acertou a trave.

Após estas ativida-

des, o comandante trei-nou as fi nalizações. No amistoso com a Ingla-terra, no último fi nal de semana, os brasileiros deram mais chutes ao gol do que os ingleses,

FluminenseCoritiba

X

Couto Pereira | Curitiba (PR) | 06/06 | 21:00

FICHA TÉCNICA

da Redação

O Fluminense bus-ca nesta quinta-feira (6), contra o Coritiba, a ter-ceira vitória consecuti-va no Brasileirão. Elimi-nado da Libertadores, o tricolor quer manter os 100% de aproveitamen-to no campeonato pa-ra afastar de vez o de-sânimo por mais uma campanha frustrada na competição interconti-nental.

O duelo contra o Coxa, às 21h no Couto Pereira, na capital paranaense.

Destaque da vitória de 3 a 0 sobre o Criciú-ma, no último domingo, marcando os dois pri-meiros gols da partida, o zagueiro Digão, recém-promovido à titularida-

BRASILEIRÃO Equipe de Abel tenta emplacar a terceira vitória seguida

Flu em busca dos 100%

de, se mostrou feliz com a noite de artilheiro e re-velou que as jogadas não aconteceram por acaso.

“A última vez que mar-quei dois gols em um jo-go foi nos juniores, há bastante tempo. Essa é uma jogada trabalhada, que o professor treina diariamente, e que se ca-racterizou como um dos fortes do Fluminense”, destacou o zagueiro.

Wellington NemO Flu não poderá mais

contar com Wellington Nem, que acertou com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por cerca de R$ 25 milhões. O jovem ata-cante de 21 anos embar-cou na terça-feira para a Ucrânia para realizar exa-mes médicos no clube.

Seleção treina no CT do Goiás em preparação para o amistoso

Tiago Neves em treino comandado por Abel Braga nas Laranjeiras

Page 16: Brasil de Fato RJ - 006

Rio de Janeiro, de 6 a 12 de junho de 2013 | esporte

BRASILEIRÃO Fernandão marcouos dois gols do Bahia 10

NáuticoFlamengo

X

Gol de Rogério para o NáuticoOrlando Scarpelli | Florianópolis (SC) | 05/06 | 22:00

FICHA TÉCNICA

12BotafogoBahia

X

Gols de Fernandão (Bahia) e Vitinho (Botafogo)Batistão | Aracaju (SE) | 05/06 | 22:00

FICHA TÉCNICA

02Atlético MGVasco

X

Victor, Marcos Rocha, (Rosinei), Leonardo Silva, Gilberto Silva,

Richarlyson, Pierre, Leandro Donizete, Josué, (Cláudio Leleu), Guilherme,

(Alecsandro), Luan, Jô

Michel Alves, Elsinho, Renato Silva, Luan, Nei, Sandro Silva, Wendel,

Pedro Ken, (Abuda), Alisson, Carlos Alberto, (Dakson), Edmílson,

(Carlos Tenório)

Gols de Alisson e Abuda para o VascoRaulino de Oliveira | Volta Redonda (RJ) | 05/06 | 21:00

FICHA TÉCNICA

ALÍVIO Gigante da Colina volta a vencer após duas derrotas, se reabilita, e deixa time mineiro em último

16

Carlos Alberto domina a bola em partida em que o Vasco venceu o Atlético MG

Luciano Belford/Folhapress

Vasco supera Galo e respira

da Redação

Com gols de Alisson e Abuda, o Vasco bateu o Atlético-MG por 2 a 0 na noite de quarta-fei-ra (5) no Raulino de Oli-veira, em Volta Redon-da, pela quarta rodada do Brasileiro. Em jogo aber-to e equilibrado, a equipe voltou a vencer na com-petição após duas der-rotas consecutivas, para São Paulo e Vitória. Com o resultado, o time minei-ro cai para a lanterna do campeonato e o Vasco fi -ca a um ponto do segun-do colocado.

As duas equipes se al-ternavam nos lances de perigo. O goleiro vascaí-no Michel Alves impediu dois gols do Atlético-MG nos minutos fi nais da pri-meira etapa. O primei-ro deles foi com Donize-te, que facilitou a defesa com um chute fraco. No

da Redação

Na noite desta quarta-feira, (5), o Bahia venceu o Botafogo de virada, por 2 a 1. O ex-fl amenguis-ta Fernandão, marcou os dois gols do Bahia. Viti-nho marcou para o Bota-fogo.

Com esse resultado, o Bahia chega aos se-te pontos subindo para sexta colocação. O Fogão continua com sete pon-tos caindo para a quinta posição.

O Botafogo precisa-va de um empate para vi-rar líder do Campeona-

da Redação

O Flamengo perdeu de 1 a 0 na noite desta quarta-feira (5) para o Náutico, em Florianópo-lis (SC) e segue sem ven-cer no Campeonato Bra-sileiro.

Apresentando um fu-tebol fraco, o time da Gávea completou qua-tro rodadas sem obter resultado positivo na competição.

Mesmo buscando o primeiro resultado po-sitivo na competição, o

Fogão perde de virada

Fla perde mais uma BRASILEIRÃO Time carioca joga mal novamente e perde para Náutico

segundo, o arqueiro evi-tou gol em boa cabeçada de Jô, aos 43min.

Na segunda etapa, o Vasco foi pra cima. O ti-me chegou perto de abrir o placar com chute de Pe-dro Ken, mas Victor esta-va bem posicionado e im-pediu o gol.

to Brasileiro, já que São Paulo e Vitória foram der-rotados nesta rodada.

O Alvinegro até saiu na frente com Vitinho, mas viu o Bahia reagir e con-seguir a virada. O Bota-

Com pouco destaque, Alisson apareceu aos 24 min. O meia arriscou de fora da área e marcou um belo gol para abrir o pla-car.

A partir daí o jogo se-guiu em banho-maria. O Atlético-MG esboçou re-ação, mas mostrou ter

pouca criatividade sem Ronaldinho Gaúcho. Aos 48 min, o Vasco ainda te-ve tempo de ampliar o marcador, com Abuda, em contra-ataque.

Ao fi m do jogo Alisson, meia do Vasco pede con-fi ança no time: “O Vas-co vem acreditando em

mim e me dando força”. Já para Pierre, volante

do Atlético-MG, agora émomento de ligar o aler-ta vermelho: “Precisamosdar um poquinho mais,acordar. Depois, para re-cuperar, será muito difí-cil”. O time está na últimaposição da tabela.

Flamengo não conse-guiu pressionar o Náuti-co no primeiro tempo.

O panorama não se al-terou no segundo tem-po. O Flamengo não de-monstrou que poderia abrir o placar.

O técnico Jorginho bem que tentou alterar a dinâmica do jogo com substituições, colocan-do o volante Val, o cami-sa 10 Gabriel e o atacan-

te Adryan. No lugar deuma equipe mais ofen-siva, porém, o que se viufoi um time ainda maisdesorganizado.

Com a inefi ciênciarubro-negra, o Náuti-co abriu o placar aos36min, após uma bolaperdida por Adryan. Otime pernambucano li-gou contra-ataque rápi-do e Rogério balançouas redes.

O atacante Fernandão

Reprodução

fogo iniciou o jogo procu-rando se ambientar com o gramado do Estádio Ba-tistão, em Aracaju.

A equipe carioca não demonstrou força para arrancar o empate.

Michel Alves, o goleiro vascaíno impediu dois gols do Atlético-MG nos minutos fi nais da primeira etapa