Brasil de Fato RJ - 164

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Cultura | pág. 9 Geral | pág. 3 Entrevista | pág. 4 RIO DE JANEIRO Ano 3 | edição 164 21 a 23 de março de 2016 distribuição gratuita Divulgação Divulgação Renam Brandão Advogados entraram, neste domingo (20), com um pedido de habeas corpus solicitando a anulação da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que impediu, na última sexta-feira (18), o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o Ministério da Casa Civil. No recurso, eles pedem também que as ações sejam mantidas com o ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato no Supremo. Até lá o processo está nas mãos do juiz federal Sérgio Moro. Cidades | pág. 5 Globo age como partido político”, diz professora da UFF Sylvia Moretzsohn, professora do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, fala sobre a cobertura manipuladora promovida pela emissora. Ocupação de escolas em SP vira documentário Obama está em Cuba Esta é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos visita Cuba nos últimos 88 anos Habeas corpus pode anular decisão de Mendes e devolver cargo a Lula CANTO DA DEMOCRACIA 70 mil pessoas ocuparam a Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, em defesa da democracia e em apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva Documentarista argentino Carlos Pronzato lança filme sobre a mobilização dos estudantes de São Paulo Cidades | pág. 5

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Transcript of Brasil de Fato RJ - 164

Cultura | pág. 9 Geral | pág. 3

Entrevista | pág. 4

RIO DE JANEIRO

Ano 3 | edição 164

21 a 23 de março de 2016 distribuição gratuita

Div

ulga

ção

Divulgação

Renam Brandão

Advogados entraram, neste domingo (20), com um pedido de habeas corpus solicitando a anulação da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que impediu, na última sexta-feira (18), o ex-

presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o Ministério da Casa Civil. No recurso, eles pedem também que as ações sejam mantidas com o ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato no Supremo. Até lá o

processo está nas mãos do juiz federal Sérgio Moro. Cidades | pág. 5

“Globo age como partido político”, diz professora da UFFSylvia Moretzsohn, professora do Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF, fala sobre a cobertura manipuladora promovida pela emissora.

Ocupação de escolas em SP vira documentário

Obama está em CubaEsta é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos visita Cuba nos últimos 88 anos

Habeas corpus pode anular decisão de Mendes e devolver cargo a Lula

CANTO DA DEMOCRACIA 70 mil pessoas ocuparam a Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, em defesa da democracia e em apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Documentarista argentino Carlos Pronzato lança filme sobre a mobilização dos estudantes de São Paulo

Cidades | pág. 5

As mazelas da democracia só se resolvem no sistema democrático e na legalidade

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Au-gusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:Fania Rodrigues

REPORTAGEM:André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana PItasse e Pedro Rafael Vilela

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

FOTÓGRAFO: Stefano Figalo

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 [email protected]

EDITORIAL

Segunda-feira, 21 de março, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F32Sol

PREVISÃO DO TEMPO

Font

e: G

oogl

e

Mais uma vez, em nos-sa história, a classe rica

ameaça as liberdades de-mocráticas e a legalidade do país. Vivemos um momen-to parecido com o que acon-teceu no Chile, em 11 de se-tembro de 1973, quando a pressão midiática de denún-cia de corrupção, sem base para tanto, resultou no assas-sinato do presidente Salva-dor Allende em bombardeio do Palácio de La Moneda.

Episódios como os golpes militares na América Latina, especialmente o no Brasil em 1o de abril de 1964, demons-tram que as elites, quando se sentem ameaçadas, rompem com a institucionalidade e ins-tauram regimes autoritários.

Nunca nos enganamos que os ricos, a depender da ocasião, são os primeiros a rifar todos os direitos conquistados e a pró-pria ordem constitucional.

LAVA JATODiversos juristas estão denun-ciando que a Constituição está sendo violada na condução das investigações da Opera-ção Lava Jato. Vejamos alguns exemplos: 1) o juiz federal Sér-gio Moro cuida exclusivamen-te da Operação, concentrando todos os processos sob seu jul-gamento; 2) a condução coer-citiva do investigado, o ex-pre-sidente Luiz Inácio Lula da Sil-va, desrespeitou seu direito ao silêncio, ainda mais quando

Mesmo diante de tantas ilegalidades, temos uma cer-teza: as mazelas da democra-cia só se resolvem no sistema democrático e na legalidade.

Neste momento precisa-mos fazer uso da legalidade constitucional para denun-ciar o crescimento das ilega-lidades do sistema jurídico. Justamente quem deveria lu-tar para conservar o Estado Democrático de Direito está contribuindo para o seu fim.

Resistiremos! Porque as arbitrariedades do Judiciá-rio, insufladas pela mídia, atingem cotidianamente os mais pobres e agora põem

em risco os avanços sociais dos últimos anos.

SOBERANIAAgora não será mais suficien-te uma reforma política por meio dos marcos políticos tão abalados e carentes de legiti-midade. É fundamental reto-mar o debate sobre o projeto de Brasil e a reorganização do campo popular. Neste senti-do, é urgente definir um cami-nho que passe pela retomada do poder constituinte para ga-rantir nossa soberania. Só com soberania teremos liberdade para traçar nosso futuro com nossas próprias mãos.

não se recusou a depor; 3) o escândalo dos grampos em li-gações telefônicas, envolven-do a Presidente da República

e advogados, atenta contra di-visão dos poderes e sigilo entre cliente e advogado.

Golpe midiático e jurídico ameaça democracia

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 20162 | Editorial

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,

e a primeira-dama, Michelle, chegaram a Cuba nessa se-gunda-feira (21).

Trata-se de uma viagem his-tórica que marca a retoma-das das relações diplomáticas e a aproximação entre os dois países. Obama será o primeiro presidente norte-americano a visitar a ilha desde 1928.

Durante os dois dias de via-gem, o presidente dos Esta-

mandoumal

mandoubem

SERVIDORES Mesmo debaixo de chuva, os servidores estaduais do Rio de Janeiro saíram para protestar na última semana. Após a manifestação, que terminou em frente ao Palácio Guanabara, o governo Pezão concordou em marcar uma audiência para negociar as reivindicações da categoria.

FRASE DA SEMANA

Sepe

Div

ulga

ção

Obama realiza visita histórica a Cuba

“Não podemos sair na rua com um pedaço de pau para bater em quem pensa diferente da gente”,

disse o ator Antônio Fagundes, sobre a tensão e o radicalismo que o país vive.

Divulgação

Divulgação/TV Globo

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a atriz Glória Pires mostrou que está engajada na luta femi-nista. “A mulher ainda tem um lugar difícil na socieda-de. É ela que sustenta a fa-mília muitas vezes, no en-tanto não tem o trabalho reconhecido e ganha me-nos na maioria das vezes”.

O youtuber Felipe Neto, muito conhecido nas redes sociais, mandou mal essa semana. Felipe fez ataques verbais a Chico Buarque e chamou o cantor de im-becil, em seu canal na in-ternet.

EBC

EDUCAÇÃO

Greve dos profissionais da educação no Rio

Os trabalhadores das es-colas estaduais anuncia-ram que vão manter a gre-ve por tempo indetermina-do até conseguirem uma resposta satisfatória do go-vernador Pezão para suas reivindicações. Eles que-rem 30% de reposição da inflação acumulada desde o primeiro governo Cabral, segundo o DIEESE.dos Unidos deve se reunir

com chefe do governo cuba-no, Raúl Castro, e manter con-tato com membros da socie-dade civil, empresários e cubanos comuns, de acordo com a agenda divulgada.

Obama e Raúl devem dialogar sobre temas com prisão manti-da pelos EUA

em Guantánamo, comércio bilateral e migração entre os países.

ESTATUTO

Não às privatizações das estatais

“Somente a unidade e a mobilização dos trabalha-dores poderão impedir a aprovação do projeto que altera o estatuto das esta-tais, que ameaça o patri-mônio público brasileiro e a função social de institui-ções, através de uma nova onda de privatizações no Brasil”, alerta o vice-presi-dente do Sindicato dos Ban-cários do Rio, Paulo Matile-ti. O projeto de lei que cria o Estatuto das Estatais facili-ta a privatização da Petrob-rás, da Caixa Econômica Fe-deral e da Eletrobrás. A pro-posta está no Senado.

SINDICALpor Claudia Santiago

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016 Geral l 3

Mariana Pitassedo Rio de Janeiro (RJ)

Ildo Nascimento

O modo como a Rede Glo-bo está noticiando os úl-

timos acontecimentos polí-ticos tem repercutido de vá-rias formas pelo país. Na últi-ma quarta-feira, uma edição estendida do Jornal Nacional foi dedicada apenas a inter-pretar gravações sigilosas de Lula e da presidente Dilma, parte de investigações da Po-lícia Federal liberadas direta-mente pelo juiz federal Sér-gio Moro. Nas redes sociais, o Jornal Nacional foi um dos assuntos mais comentados, principalmente no Twitter, em que a maioria das posta-gens fazia críticas à “cober-tura manipuladora promovi-da pela emissora”. Para Sylvia Moretzsohn, professora do Instituto de Artes e Comuni-cação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), está crescendo a consciência de que existe uma manipula-ção de informações articula-da pela Rede Globo.

Brasil de Fato - Você acredita que o jornalismo produzido pela Globo está trabalhando como partido político?Sylvia Moretzsohn - Há mui-to tempo. A ação do Jornal Nacional é muito clara. Não é à toa que a Dilma tenha tido tanto espaço nas últimas edi-ções, porque sempre que ela aparece é uma chamada para as pessoas baterem panela. Com a internet e whatsapp, as pessoas se comunicam muito rápido. Então, toda vez que o Lula e a Dilma entram no ar é a mesma coisa. Vão criando uma disposição, um

“A Globo não está mais preocupada em fingir”, afirma pesquisadora

efeito cascata. É claro que a Globo não está mais preocu-pada em fingir.

Brasil de fato - Como isso funciona na prática?Sobre as gravações gram-peadas de Lula e Dilma, por exemplo, o Jornal Nacional anunciou como se os pilares da república estivessem cain-do, mas eu sinceramente não vi nada naquela gravação em que os dois conversam. A pri-meira coisa que me veio à ca-beça foi: grampearam o Palá-

cio do Planalto. Essa é a notí-cia. Só que a Globo ficou mar-telando a noite toda sobre in-terpretações das gravações, sem apuração. Não questio-naram o fato de um juiz fede-ral quebrar o sigilo e divulgar dessa forma para a imprensa.

Brasil de fato - Na internet, houve uma grande repercus-são negativa sobre a cobertu-ra da Globo. Como você acre-dita que a população em ge-ral interpreta o que a emisso-ra está fazendo?

Está crescendo uma cer-ta consciência de que exis-te uma manipulação. Mas eu acho que ainda é uma mino-ria que protesta contra o oli-gopólio da Globo e sobre o conteúdo de suas transmis-

sões. Acredito que se hou-vesse consciência, as pessoas não atenderiam as chama-das para bater panela.

Brasil de fato - Qual a prin-cipal consequência dessa ação da emissora?Com certeza criar condi-ções para um golpe de Esta-do. Querem fazer com que a opinião pública se manifeste

Está crescendo uma certa consciência de que existe uma manipulação

Sylvia Moretzsohn, professora e pesquisadora da UFF

Para Sylvia Moretzsohn, cobertura da emissora sobre acontecimentos políticos cria condições para golpe de Estado no Brasil

a favor da derrubada de Dil-ma, mas sempre em nome de uma causa nobre, que é o combate à corrupção. Exis-tem pessoas que vão às ruas pedir intervenção militar, mas ninguém vai à rua pedir pela corrupção. Eles colocam como se estivessem defen-dendo o Brasil e a democra-cia, mas segundo a cobertu-ra da Globo, a marca da cor-rupção só está em um parti-do (PT), que hoje representa toda a esquerda brasileira.

Brasil de Fato - O que a po-pulação pode fazer diante disso?Denunciar, se manifestar con-tra isso. Precisamos debater sobre a democratização da comunicação, é mais do que urgente uma legislação para os meios de comunicação no Brasil. A Globo não pode con-tinuar imperando com tan-to poder sobre uma conces-são pública. A mídia não tem o papel de produzir palpites, mas sim de informar.

4 | Entrevista

Professora da UFF defende debate sobre democratização da comunicação

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Fotos: Talles Reis

Na última sexta-feira (18), o Brasil foi para as ruas e

em várias cidades uma mul-tidão se manifestou contra a tentativa de derrubar a presi-dente Dilma Rousseff e em de-fesa da democracia. No Rio de Janeiro, 70 mil pessoas lota-ram a Praça XV, em ato que fi-cou conhecido como o “Canto da Democracia”. Os manifes-tantes também levaram carta-zes de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criti-caram as violações cometidas pela Polícia Federal e pelo juiz federal Sérgio Moro.

Artistas como Serjão Loroza, Tereza Cristina, Geraldo Azeve-do, Otto, Osmar Prado, Letícia Sabatella, Bete Mendes e Moa-cyr Luz cantaram, recitaram poesia e manifestaram sua opi-nião em defesa da democracia.

VOZ DAS RUAS O fotógrafo Miguel Lie-senberg foi, com o filho, ma-nifestar sua opinião nesse im-

Povo ocupa as ruas contra impeachment e em defesa da democraciaAlém de movimentos populares e organizações de esquerda, participaram do ato artistas e cidadãos contrários ao golpe

portante momento que o país vive. “Estou assustado com o que está acontecendo no Brasil. Nunca defendi o go-verno Dilma, inclusive tenho muitas críticas. Mas a forma como estão querendo tirar a presidente vai fazer muito mal ao país e à democracia”, disse Miguel, que fez questão de destacar que não pertence a nenhum partido.

Essa preocupação também é compartilhada pela assisten-te social Vanda Lúcia Branco Guimarães. “Acho que a gen-te precisa fazer uma discussão, que saia do debate entre parti-

Seis respeitados juristas brasileiros entraram com pedido de habeas corpus, no domingo (20), no Supre-mo Tribunal Federal, con-tra decisão do ministro Gil-mar  Mendes, que afastou o ex-presidente Luiz Inácio

Juristas pedem anulação de decisão do ministro Gilmar Mendes contra LulaLula da Silva do cargo do Mi-nistério da Casa Civil. Gilmar também devolveu o processo que investiga Lula ao juiz fede-ral Sergio Moro.

Em nota, o Instituto Lula afir-ma que no habeas corpus enca-minhado ao presidente do STF,

ministro Gilmar  Mendes já teria declarado publicamen-te sua posição política con-tra o governo Dilma e o ex-presidente Lula, o que, se-gundo o Instituto, o torna-ria impedido de julgar qual-quer ação desse processo.

Ricardo Lewandowski, a defe-sa do ex-presidente e os juristas pedem que a decisão de Gil-mar seja anulada. A justificati-va é que o caso deveria ser jul-gado pelo ministro Teori Zavas-cki, relator da operação Lava Jato no Supremo.

O habeas corpus é assina-do pelos juristas Celso Antônio Bandeira de Mello, Weida Zan-caner, Fabio Konder Compara-to, Pedro Serrano, Rafael Valim e Juarez Cirino dos Santos, jun-to com três advogados de Lula.

A nota também frisa que o

70 mil pessoas participaram do ato na Praça XV, na última sexta-feira (18)

dos. Temos que discutir qual é o país que a gente quer, um país que seja inclusivo para todas as pessoas. Para além dos partidos, a gente preci-sa aprofundar a democracia, porque ela é nova no Brasil e temos que defendê-la”, afir-mou Vanda.

O geógrafo Carlos Umber-to da Silva Filho defendeu as políticas raciais implantadas nos últimos anos nos governos Lula e Dilma. “Não venho aqui por conta desse movimento polarizado de esquerda ou di-reita. Não vim aqui porque sou a favor do PT, do Lula ou da Dil-ma. Vim aqui porque sou a fa-vor da política de ações afirma-tivas (como cotas para negros nas universidades) e pelo fim dos homicídios que a juven-tude negra vem sofrendo. Sou a favor da liberdade e da de-mocracia, que nesse momen-to estão em risco”.

Já a líder comunitária Cris dos Prazeres, moradora do Morro dos Prazeres, falou so-bre a importância de o povo participar e defender o que pensa nas ruas. “Como lide-rança social vim para a rua, junto com essa massa de gen-te, em busca de um país de-mocrático. Nesse momento o país está em colapso e a úni-ca maneira da gente se salvar é vindo para a rua. Nós já sofre-mos muito com golpes e nesse momento passamos por um momento delicado na políti-ca do Brasil. O povo tem mais é que vir para a rua mesmo”.

Cris dos Prazeres, líder comunitária Miguel Liesenberg, fotógrafo

Vanda Lúcia, assistente social

Carlos Umberto da Silva Filho, geógrafo

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016 Cidades l 5

O Brasil de Fato MG declara seu repúdio às ofensivas de parte da mídia tradicional, que se une descaradamente a setores interessados em pro-mover um ataque à democracia brasileira. Nesta edição especial, busca esclarecer porque esse processo é ilegal e apresenta outras análises sobre o atual momento político.

Minas Gerais • Março de 2016 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Eles querem desestabilizar a democracia

Nós dizemos:

GOLPE, NÃO!

EDIÇÃO E

SPECIAL

“Me preocupa a justiça brasileira estar trabalhando sob a influência de uma agenda política. Ou sob influência do círculo midiático

fazendo com que parte da população bata palma. Sou a favor das investigações, mas mais a favor da democracia.”

Wagner Moura

Ameaça à democracia provoca reação e milhares vão às ruas

Entidades brasileiras repudiam impeachment da presidenta

O ódio vem tomando con-ta dos protestos pelo impe-achment. Na última sema-na, sindicatos foram invadi-dos, sedes de partidos e da União Nacional dos Estu-dantes (UNE) foram picha-das. “O resultado disso é im-previsível e com certeza não é bom para o país”, lamenta Beatriz Cerqueira, presiden-ta da Central Única dos Tra-balhadores (CUT) de Minas Gerais. Junto com a violên-cia, “as propostas destes gru-pos ainda não são claras”, diz Beatriz.

Segundo o sociólogo Fre-derico Santana, os protes-tos a favor da saída da pre-sidenta Dilma Rousseff têm, na verdade, outros motivos. “O que está por trás do gol-pe é a aplicação das medidas neoliberais, e não a retirada da presidenta”, explica. Libe-rar a terceirização trabalhista e aumentar a idade de apo-sentadoria, através da refor-ma da previdência, seriam duas das medidas defendi-

Em meio à conjuntura polarizada do Brasil, di-versas instituições lança-ram, nas últimas sema-nas, notas e manifestos a favor da democracia e contra o impedimento da presidenta Dilma Rous-sef.

O Conselho Nacio-nal de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) defen-deu a investigação e pu-nição de todos os casos

REAÇÃO Movimentos populares promoveram grandes manifestações em todo o país na última sexta-feira (18). Novo ato está programado para o próximo dia 31/3

das pelo grupo que pede o impeachment.

Para fazer contraponto aos protestos de rua, a Fren-te Brasil Popular organizou na sexta (18), manifestações nas maiores cidades do Bra-sil. E no dia 31, ato em Bra-sília.

Mais de 200 organizaçõesA Frente Brasil Popular se

formou há um ano pela reu-nião de mais de 200 sindica-tos, movimentos populares e lideranças políticas. Suas principais reivindicações são a defesa da democracia e crí-tica à política econômica do

governo federal.As organizações se reú-

nem desde 2015, quando os setores conservadores au-mentaram a ofensiva pela re-tirada de direitos, afirma Fre-derico Santana. “Os dirigen-tes sociais perceberam que o golpe vai atingir todos os se-tores da sociedade, e avançar sobre os direitos”, declara.

Além das manifestações, a Frente Brasil Popular apre-sentou ao governo federal, em fevereiro, um documen-to com 22 propostas para enfrentar a crise econômi-ca brasileira. Entre os pontos estão o imposto sobre gran-des fortunas, a retomada do PAC e a rejeição à reforma da previdência.

Manifestações nas capitais e em Brasília

Os organizadores reuni-ram milhares de pessoas na sexta-feira (18). Em Belo Ho-rizonte, foi marcado para as 16h na Praça Afonso Arinos, terminando com apresen-

tações culturais na Praça da Estação. “Não vamos acei-tar o impeachment pois não há nenhuma prova que en-volva a Dilma”, declara Enio Bohnenberger, da coordena-ção nacional do Movimen-to dos Trabalhadores e Tra-balhadoras Rurais Sem Ter-ra (MST).

O presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), José Antônio de La-cerda, o Jota, avalia que es-se ato teve mais apoio que os realizados até aqui. “Di-ferente dos outros, os mo-vimentos e bairros popula-res estão animados a parti-cipar. Acho que a persegui-ção ao Lula mudou o cená-rio”, avalia.

Já no dia 31 de março, a Frente Brasil Popular está or-ganizando um ato nacional em Brasília, cujo objetivo, além da luta contra o golpe, é barrar os projetos contrá-rios aos interesses dos traba-lhadores no Congresso Na-cional.

de corrupção no país, mas criticou alguns julgamen-tos. “Percebe-se que, para determinados julgamen-tos, não se têm observado o amplo direito à defesa, ao contraditório e à impar-cialidade do julgamento, garantidos pela Constitui-ção. É necessário que se-jam respeitados os princí-pios da inocência e afasta-dos os riscos de julgamen-tos sumários”.

Promotores de Justiça,

Procuradores/as da Re-pública e Procuradores/as do Trabalho assinaram uma nota criticando as ati-tudes da grande mídia e a

“relação obscura entre au-toridades estatais e im-prensa”, expressada no va-

zamento seletivo de dados sigilosos de investigações. “Não se trata de proteger possíveis criminosos da ação estatal, mas de res-peitar as liberdades que foram duramente con-quistadas para a consoli-dação de um Estado De-mocrático de Direito”.

Mais de 70 entidades do movimento negro ma-nifestaram sua posição contrária à tentativa de

golpe com o apoio da mí-dia e de parte do Judiciá-rio e criticaram a política econômica do governo fe-deral. “Somos contra o im-peachment da atual pre-sidenta e não toleraremos qualquer tentativa de gol-pe à nossa frágil e insufi-ciente democracia. Mas é preciso uma mudança de rumo desse governo. A po-pulação negra não pode pagar pela crise econômi-ca e política do país”.

“O que está por trás do golpe é a aplicação das medidas neoliberais”, diz liderança da Frente Brasil Popular

“Não se tem observado o amplo

direito à defesa”

Lidyane Ponciano

“Nossa elite lança mão de uma artimanha fascista. E de repente temos um ministério público politizado e uma polícia federal a serviço

de um grupo no país, de um partido político. Uma grande mídia que teve associada à ditadura militar. Não se trata de defender o governo.

Trata-se de defender a democracia.”Chico César

Juristas criticam métodos empregados pela Lava Jato

Conheça alguns do time da direita

Deflagrada em março de 2014, a fase ostensiva da Operação Lava Jato teria como meta investigar a cor-rupção na Petrobras, mas tornou-se um instrumen-to do espetáculo midiáti-co e do julgamento público sem a conclusão do proces-so criminal. Juristas de todo o país têm criticado os mé-todos empregados na ope-ração, considerando que eles abririam precedentes para a violação de direitos fundamentais de qualquer cidadão. Veja alguns casos:

Vazamentos seletivos, es-petáculo na mídia

Informações têm sido publicadas quase em tem-po real pelos maiores veí-culos de imprensa. A con-dução coercitiva de Lula no dia 4, por exemplo, foi an-tecipada horas antes, pe-lo editor da revista Época. Procuradores, promotores e agentes da polícia fede-ral dão entrevistas coleti-vas, expondo detalhes das investigações.

“Os cidadãos têm que ter

FORA DA LEI Especialistas em direito questionam manobras como vazamentos seletivos

preservada sua intimidade. Quem faz um vazamento, faz um vazamento pontu-al, criminoso, orquestrado para minar a investigação”, comenta o jurista Antônio Carlos de Almeida.

Nem todos os citados nos vazamentos são investiga-dos. Um caso emblemáti-co é o do presidente nacio-nal do PSDB, senador Aécio Neves. Desde novembro de

2014, Aécio já foi citado por quatro delatores, em seis diferentes delações.

Condução coercitiva No dia 4 de março, o ex-

-presidente Lula foi condu-zido coercitivamente a pe-dido do Ministério Públi-co Federal e autorizado pe-lo juiz Sérgio Fernando Mo-ro. Centenas de juristas re-pudiaram o procedimento. “Só se conduz coercitiva-

mente o cidadão que resis-te. E o Lula não foi intima-do. Vamos consertar o Bra-sil, mas não vamos atrope-lar. O atropelamento só ge-ra incerteza jurídica para todos os cidadãos”, comen-tou o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Au-rélio Mello.

Prisão preventiva foi bana-lizada

No dia 10 de março, pro-motores do MP de SP pedi-ram a prisão preventiva do ex-presidente Lula e de ou-tras seis pessoas, acusadas de falsidade ideológica e la-vagem de dinheiro, no pro-cesso de aquisição de um apartamento da coopera-tiva Bancoop, em Guaru-já (SP). Um grupo de 129 promotores e procurado-res lançaram um manifesto (disponível no link migre.me/tflIS) contestando: “A banalização da prisão pre-ventiva e de outras medi-das de restrição da liberda-de vai de encontro a princí-pios caros ao Estado Demo-crático de Direito”.

“O atropelamento só gera incerteza

jurídica”

AÉCIO NEVESO senador Aécio Neves, presidente nacional do

PSDB e ex governador de Minas Gerais (entre 2013 e 2010), já foi citado cinco vezes na Operação Lava Jato, sendo a última vez na delação de Delcídio Amaral.

SÉRGIO MOROSérgio Fernando Moro é um juiz federal brasileiro

da 13ª Vara Federal de Curitiba. O juiz é questionado por diversos juristas por arbitrariedade e cumplicidade com a grande mídia.

MOVIMENTO BRASIL LIVRE E KIM KATAGUIRI

O Movimento Brasil Livre (MBL) foi criado em no-vembro de 2014. Fundado por membros do Estudantes pela Liberdade – braço da Students for Liberty – para se manifestarem em protestos pelo impeachment e atra-vés do ativismo digital de direita. A principal liderança é o estudante Kim Kataguiri.

GLOBO/ GRANDE MÍDIAA grande mídia brasileira expõe seu conservadoris-

mo político e seu lado na sociedade. Folha de São Pau-lo, Estadão e a Globo, têm dado prioridade às denún-cias contra o PT e, principalmente, à investigação do ex--presidente Lula, e chegam a convocar os protestos de direita. Esses veículos apoiaram a ditadura militar de 1964.

VEM PRA RUAO Movimento Vem pra Rua, liderado pelo empresá-

rio Rogério Chequer, surgiu em outubro de 2014 como uma página de Facebook para mobilizar e liderar ma-nifestações contra o PT e pelo impeachment da presi-denta Dilma Rousseff. Chequer teve seu nome vincula-do a Stratfor, conhecida como “The Shadow CIA”, acu-sada de envolvimento em tentativas de golpe.

FIESPA Federação das Indústrias do Estado de São Pau-

lo (FIESP) é presidida pelo empresário e político brasi-leiro Paulo Skaf (PMDB), candidato ao governo de São Paulo em 2014, e tem participado de manifestações an-ti PT e pró Impeachment.

de vida. É uma necessidade dos movimentos organiza-dos serem contra o golpe e exigirem mudanças na polí-tica do governo: são dois la-dos da mesma moeda.

Qual seria a saída para as crises econômica, política e social que vivemos?

As forças populares reuni-das na Frente Brasil Popular elaboramos um programa de

emergência para enfrentar a crise econômica, com 16 me-didas, que vão desde baixar os juros, suspender o paga-mento da dívida interna com dinheiro público, usar as re-servas em dólar que estão nos Estados Unidos, e apli-car esses recursos em proje-tos industriais, na constru-ção massiva de casas popu-lares, em obras de infraestru-tura e de transporte público nas grandes cidades, refor-ma agrária, investimentos na saúde e educação. Essas me-didas não resolveriam a crise de uma hora para outra, mas indicariam o caminho.

vador, tem raiva de pobre, que são os que foram às ru-as no dia 13 de março. Esse pequeno setor imagina que tirar a Dilma é a saída. E so-bretudo é esse setor que im-pediria que o governo reto-me as políticas que benefi-ciaram os mais pobres.

Parece positivo que a Jus-tiça investigue crimes e queira punir a corrup-ção. Mas quais os proble-mas por trás dessa investi-da contra o PT?

A corrupção sempre exis-tiu no Brasil, sempre foi uma forma de setores da burgue-sia e do empresariado enri-quecerem com recursos pú-blicos. Isso acontece no go-verno federal, nos estados e

“Tirar a Dilma da presidência não

resolve os problemas da crise econômica, política e ambiental”

“O que vai salvar o Brasil da corrupção é uma reforma política

profunda”

“Sou contra este golpe, quando deveríamos fazer pressão por reforma política, pautas ambientais, justiça. Estão querendo tirar o

roto pra colocar no lugar quem fez o rasgo!”Letícia Sabatella

“Ser contra o golpe não é contraditório com exigir mudanças na política econômica”

Confira análise de João Pedro Stedile, do Movimen-to dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Fren-te Brasil Popular.

Por que os movimentos so-ciais estão falando em gol-pe? Quem teria interesse em dar esse golpe?

Nossa normalidade de-mocrática estabelece a re-alização de eleições a ca-da dois anos, e que todo po-der político do país emana da vontade do povo, expres-so na maioria dos votos. Ti-rar a Dilma agora é um gol-pe porque desrespeita a von-tade dos 54 milhões que a elegeram. Ela não come-teu nenhum crime. Acredi-to que a maioria da socieda-de e das forças políticas do país sabem que tirar a Dil-ma da presidência não resol-ve os problemas da crise eco-

nômica, política e ambiental. Porém, há um setor da pe-quena burguesia, que repre-senta 8% da população, que é muito reacionário, conser-

nas prefeituras. Por isso a es-querda e os trabalhadores devemos sempre denunciar e nos rebelar contra qual-quer tipo de corrupção. E para isto existe a lei, que po-de punir. O que está aconte-cendo com a operação Lava Jato é que o juiz Sergio Mo-ro só está vazando as infor-mações para a Globo, e ela manipula como se o proble-ma fosse apenas do PT. Não podemos ter a hipocrisia de achar que a operação La-va Jato vai salvar o Brasil da corrupção. O que vai salvar o Brasil da corrupção é uma reforma política profunda, que proíba o financiamento privado das campanhas, que estabeleça critérios do siste-ma político, que garanta que

todos os setores da socieda-de tenham direitos e oportu-nidades de eleger seus ver-dadeiros representantes. Mas essas mudanças só vi-rão se o povo for para a rua para pressionar pela convo-cação de uma assembleia constituinte...que ainda vai demorar.

O governo federal tem ado-tado medidas antipopula-res, como a proposta de re-forma da previdência, ajus-te fiscal e lei antiterroris-mo. Não é contraditório pautar a defesa do gover-no?

O governo Dilma come-teu muitos erros. Acossa-do pela mídia, mesmo de-pois das mobilizações popu-lares contra o golpe, o gover-no assumiu parte da agenda neoliberal, que é do candi-dato Aécio, derrotado. E is-so, mais que contraditório, foi uma burrice. Muitos se-tores populares que poderão ser atingidos pela reforma da previdência, pela entrega do pré-sal, pela lei antiterroris-mo, pararam de apoiar o go-verno. Mas defender a de-mocracia, ser contra o gol-pe, não é contraditório com a ideia de criticar os erros do governo e exigir que ele mude a política econômica, adote as medidas para que o povo melhore as condições

Pesquisa mostra perfil elitizado de manifestantes pró impeachment

Semelhante ao ano passado, pesquisa mostra que são ricos e brancos (77%) que saíram às ruas no do-mingo 13 de março. Os dados, coletados em São Pau-lo pelo Datafolha, demonstram que a maioria dos participantes eram homens (57%) e com idade su-perior a 36 anos. 77% dos entrevistados tinham cur-so superior, enquanto no município esse índice é de 28%. A maioria, equivalente a 63%, afirmou ter uma renda mensal maior que cinco salários mínimos, sen-do que 12% alegaram ser empresários.

Mídia NINJA

Waldemir Barreto / Agência Senado

Variedades l 11

Tânia Rego / Agência Brasil

A FIM DE PAPO | MC Leonardo

No último dia 13, uma significativa parte da po-pulação brasileira foi pra rua pedindo o impeach-ment da presidente Dilma Rousseff.

Se buscarmos o resultado da última eleição presiden-cial, veremos que foi signifi-cativa a parte dos brasileiros que não votaram na Dilma, e tenho a certeza de que fo-ram eles que foram pra rua.

Tenho a certeza também de que a grande maioria de-les jamais foi pra rua recla-mar de coisa alguma. Assim se viu de tudo naquele dia.

SELFIE COM POLICIAISGente dizendo que a Dilma mentiu na eleição e por isso deveria ser impedida de go-vernar, gente dizendo que se o povo desaprova a pre-sidente tem que ir pra rua e demostrar isso, gente tirando selfie com policiais e dizendo não à desmilitarização.

Essas foram algumas coi-sas estranhas que pude ver nas manifestações.

Primeiro, querem que a presidente Dilma seja a primeira pessoa no mun-do a perder o cargo por ter mentido na eleição.

Segundo, estão esque-cendo que os dias e as horas que o povo tinha que ir para

Amig@s, o conflito está se tornando muito diferen-

te do que era até agora.Não é mais uma questão

partidária ou ideológica ou mesmo de interpretação do que é constitucional ou não. Tornou-se um embate entre civilização e barbárie. Fascis-mo e antifascismo.

E isso é só o começo. Que-riam o impeachment, têm a totalidade da mídia e a maio-ria do Judiciário ao lado deles, multidões nas ruas, mas per-cebem que isso não é suficien-te pra depor um governo legí-timo. Ao menos, não do jeito que eles querem. Sabem que isso não é pra já. Então que-rem ganhar no grito. Por isso agora gritam “renúncia”. A po-lícia está do lado deles, não só a PF como a PM. Nas universi-dades, e em toda parte, já sur-gem sinais de caça às bruxas.

Os brucutus correm con-tra o tempo. Sabem que se as pessoas começarem a pen-sar, refletir, verão que o cená-rio não é exatamente como eles pintam. Precisam manter a excitação no ponto máximo, envenenar e reenvenenar os espíritos, o tempo todo, antes que as pessoas comecem a se perguntar onde estão afinal as provas contra Lula, a se per-guntar por que mesmo a Dil-ma “precisa” ir embora…

HORA É GRAVEDa nossa parte, só há um ca-minho: serenidade e firmeza. Resistir, resistir sempre, sem recuar um só passo, ao mes-mo tempo sem cair em pro-vocações. Mostrar que os de-mocratas somos nós. A turma do diálogo somos nós. A hora é grave, a mais grave desde o fim da ditadura.

Mais do que nunca, a es-querda, e eu digo aqui, a es-querda inteira, precisa se unir. Mais do que a esquerda, todas as pessoas decentes, aqueles

Manifestações estranhas

a rua dizer se apoiava a Dil-ma ou não já aconteceram. Isso se deu no primeiro e no segundo turno das eleições.

Todo mundo que está acostumado a protestar sabe que o nosso maior proble-ma em fazer isso sempre foi a

polícia, mas na manifestação do dia 13 isso não foi proble-ma. Aliás, a manifestação só foi pacífica porque a polícia concordou com o ato.

RESPEITO AO VOTONão fui e nem vou a ma-nifestações que desrespei-tem a vontade do povo, principalmente onde ela tem que ser respeitada, ou seja, nas urnas.

Em minha opinião, o go-verno de Dilma é indefen-sável, mas o seu mandato precisa ser defendido.

Não fui e nem vou a manifestações que desrespei-tem a vontade do povo, principal-mente onde ela tem que ser res-peitada, ou seja, nas urnas

Da nossa parte, só há um caminho: serenidade e firmeza. Mostraremos que os democratas somos nós. A turma do diálogo somos nós

Igor Fuser

que ainda são capazes de pen-sar, os que ainda não se deixa-ram bestificar, precisamos rea-gir. Com todas as nossas forças, nossa inteligência, nossas der-radeiras reservas de energia.

Não se trata de ser a favor de um governo em relação ao qual quase todos temos críti-cas, em alguns casos críticas devastadoras. Já não é o mo-mento de discutir o que nos divide, o que nos separa, mas de defender o espaço político e cidadão conquistado com tanta luta sob a ditadura, nos sindicatos e oposições sindi-cais, nas universidades, nas igrejas, nos bairros, nas cam-panhas da anistia e das dire-tas, na Constituição de 1988, nos grupos de teatro popular, nos jornaizinhos clandestinos ou não, no hip-hop, no grafite,

nos cárceres, no pau-de-arara e cadeira-do-dragão.

GOLPE NÃO PARA POR AÍSe hoje eles conseguem dar o golpe de Estado, não vão pa-rar por aí. Vão atrás dos sem-terra, dos sem-teto, da mo-çada do passe livre, dos gua-ranis-kaiowás, das mulheres em luta pelo direito ao aborto, dos gays em luta pelo respei-to, dignidade e direitos iguais. A palavra “direito” vai desapa-recer da agenda pública, jun-to com as garantias trabalhis-tas. Vão censurar nossas au-las, proibir nossos blogs. Vão exigir atestado ideológico como hoje se pergunta pelo CPF. É tudo isso, e muito mais, o que está em jogo nesses dias tensos, como há muitas déca-das não se via neste país.

Sexta-feira 18 de março é o nosso dia. Nem um passo atrás. Vamos mostrar que o Brasil também somos nós. O futuro é nosso, a razão, a ver-dade e os sentimentos mais puros estão com a gente, na nossa voz, no nosso coração. Vamos resistir, todos e todas. O fascismo não passará. Pá-tria livre, venceremos!

Igor Fuser é jornalista e professor na Universidade

Federal do ABC (UFABC)

Fascismo X Antifascismo

Desaprovação de Dilma não pode alterar resultado das urnas

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016 Opinião l 7

Espaço abrirá ao público com exposição “Origem Vegetal”

EBC

O quê: Sessão especial de filmes de curta e longa-metragem traz debates sobre sexualidade e identidade de gênero.Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Avenida Rio Branco, 241, Centro.Quando: Sábado (26), 17h e 19h.Quanto: R$ 8 (R$ 4 meia)

O quê: Atividade oferece o contato com a dança (prática e aprendizagem) dos “passinhos de charme”.Onde: Arena Carioca Dicró – Parque Ary Barroso, Penha. Entrada pela Rua Flora Lobo. Quando: Terça (22), 17h30 (8 a 15 anos) e 19h30 (a partir de 16).Quanto: 0800

O quê: Exposição coletiva questiona a arte em tempos de crise. Obras discutem o lugar da arte como produto de consumo.Onde: Escola de Artes Visuais do Parque Lage – Rua Jardim Botânico, 414.Quando: De terça a domingo, de 10h às 17h. Até 1/5. Quanto: 0800

O quê: Festa trash reúne as pérolas das últimas décadas, como Mamonas Assassinas, Rouge, Terra Samba, Molejo, Katinguelê, Serginho e Lacraia, Sandy & Junior, Raça Negra, entre outros.Onde: Casa Verde – Rua Piraí, 10, Seropédica.Quando: Quarta (23), 22h.Quanto: R$ 15

O quê: Grupo de samba, pagode e MPB se apresenta com a promessa de levar uma overdose de alegria a todos os presentes.Onde: Estação 40º – Piedade (Ao lado da Universidade Gama Filho).Quando: Quinta (24), 22h. Quanto: Mulheres 0800 e homens R$ 15 (até meia-noite)

O quê: Espetáculo conta história de Laurindo, um tocador de cuíca que se aventura na escola de samba da Mangueira nos anos 40.Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro.Quando: De quarta a segunda, 19h. Até 15/5.Quanto: R$ 10 (R$ 5 meia)

A cuíca do Laurindo

Cineclube Gêneros e Sexualidades

Sambalaiê

Depois do futuro

Túnel do Tempo

Dança Charme

AGENDA DA SEMANA

Divulgação

Divulgação

EBC

EBC

Arquivo

EBC

Artesanatos terão visibilidade ampliada com centro inaugurado

Localizado em três pré-dios históricos recém-re-formados na Praça Tira-dentes, no centro do Rio, foi inaugurado, neste mês, o Centro Sebrae de Refe-rência do Artesanato Bra-sileiro (Crab). O objetivo é ser uma plataforma de re-posicionamento e quali-ficação, além de ampliar a comercialização das pe-ças brasileiras. Segundo o presidente do Sebrae, Gui-lherme Afif Domingos, a entidade pretende levar os trabalhos para outros pon-tos da cidade durante as Olimpíadas.

O espaço, aberto ao pú-blico no dia 22 de março, inaugurará a exposição “Ori-gem Vegetal: a biodiversi-dade transformada”, que apresentará trabalhos que utilizam elementos como madeira, palha, sementes e resina como matérias-pri-mas. São 800 peças feitas por artesãos das 27 unida-des da federação que po-derão ser vistas até o dia 11 de setembro. Estarão ex-postos jogos americanos, luminárias, móveis, ces-tas, bolsas, talheres, joias, painéis decorativos, flores, brinquedos, tecidos, tape-

Centro de artesanato é inaugurado no Rio

tes, almofadas, chapéus, man-tas e esculturas. Parte do acer-vo também será comercializa-do e o local vai contar com um restaurante e um café/bistrô.

INVENTIVIDADESegundo a curadora da ex-posição, Adélia Borges, não é possível identificar uma ca-racterística única no artesa-nato brasileiro. Mas ela ressal-ta que a inventividade percor-re todo o país. “O que eu vejo como característica que per-

corre o Brasil de norte a sul é a capacidade do artesão de usar a sua inteligência criativa para transformar os materiais que estão à sua volta”.

Na exposição, foram prio-rizados trabalhos de auto-ria coletiva e selecionadas cerca de 50 associações ou cooperativas artesanais ru-rais e urbanas e 20 etnias indígenas espalhadas pelo país. (Com informações da Agência Brasil)

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 20168 | Cultura

Fotos: EBC

A ocupação das escolas pú-blicas no ano passado em

São Paulo virou documentário. Inspirado na revolta dos estu-dantes secundaristas chilenos em maio de 2006, o documen-tarista argentino Carlos Pron-zato, de 56 anos, deu o nome do filme de “Acabou o amor! Isto aqui vai virar o Chile! – Es-colas Ocupadas em São Paulo”. No longa-metragem de uma hora, Pronzato entrevista alu-nos, pais, professores e demais pessoas que, de alguma forma, fizeram parte da mobilização.

O filme retrata a ocupação por meio das mobilizações que ocorreram principalmen-te em duas escolas: na Escola Estadual Fernão Dias Paes, no bairro de Pinheiros, na capi-tal paulista, e na Escola Esta-dual Diadema, no interior do Estado. Basicamente, o longa-metragem explora as motiva-ções dos estudantes para rea-lizarem os protestos: falta de estrutura e precarização nas escolas públicas, desvaloriza-ção do trabalho do professor e a ameaça do governador Ge-raldo Alckmin (PSDB-SP) de fechar 94 colégios para “reor-ganizar” o sistema de educa-ção. Além disso, Pronzato es-tabelece no documentário uma relação entre a ocupação das escolas em São Paulo e as manifestações que ocorreram em junho de 2013.

Segundo Pronzato, a ideia de filmar o documentário surgiu a partir de quando ele soube que, nas ocupações, os estudantes exibiam um filme

“Quero mostrar que a luta é possível”, diz documentaristaAutor de diversos filmes sobre lutas populares, Carlos Pronzato lança documentário sobre ocupação de escolas em São Paulo

de sua autoria, “A Rebelião dos Pinguins” (2007). Trata-se de um registro da luta do mo-

dam lutas populares, como “Dandara – Enquanto mo-rar for um privilégio, ocu-par é um direito” (2013) e “MSTB – 10 anos de lutas e resistência” (2014), Pron-zato conta que deseja pas-sar esperança para o públi-co. “Quero mostrar que a luta é possível, que há como avançar em pautas funda-mentalmente propositivas, com ações concretas”, con-ta o documentarista.

Para ele, a ocupação foi essencial para que os es-tudantes pudessem refle-

tir sobre o papel da escola. “O Estado se propõe a criar uma engrenagem para o mercado capitalista. Os es-tudantes fizeram o contrá-rio: foram a pedra na en-grenagem. Tentaram pa-rar esse processo para criar outro, que a gente não sabe ainda qual é, mas já se trata de uma mobilização impor-tante”, acrescenta.

Pronzato diz ainda que o que mais chamou atenção foi o apoio dos pais dos alu-nos na mobilização. “Isso foi um fato surpreendente”,

Estudantes pautaram precarização das escolas e desvalorização do professor. Mobilizações evitaram fechamento de 94 escolas em São Paulo

conta. A colaboração popu-lar, inclusive, deu forças para que a mobilização conquis-tasse a suspensão do projeto de “reorganização”, evitando assim o fechamento das de-zenas de escolas que esta-vam no alvo de Alckmin.

ACESSOOs documentários de Pron-zato estão disponíveis no site de busca de vídeos Youtube. O catálogo do documentaris-ta pode ser conferido no en-dereço www.lamestizaaudio-visual.blogspot.com.

Quero mostrar que a luta é possível, que há como avançar com ações concretasCarlos Pronzato, 56, documentarista

Victor Ohana do Rio de Janeiro (RJ)

vimento estudantil no Chile, que ocupou escolas exigindo não só melhorias na educa-ção, mas também mudanças estruturais no país.

PEDRA NA ENGRENAGEMAutor de filmes que abor-

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016 Cultura l 9

10 | Variedades

Berinjela à parmegianaDiv

ulga

ção

Ingredientes

• 4 berinjelas

• 2 kg de tomates para molho

• 200 g de farinha de trigo

• 350 g de mussarela

• 150 g de parmesão ralado

• 100 ml de vinagre

• 1 folha de louro

• 1 talo de salsão

• 1 cenoura

• 1 cebola

• 2 dentes de alho amassados

• 1 colher (sopa) de pimenta do reino em grãos

• 1 colher (sopa) de sal

• 300 ml de óleo para fritar

• Parmesão para gratinar

Modo de preparCorte as berinjelas no sentido longo em fatias finas e numa tigela com água deixe descansar por no mínimo 40 minutos adicionando o vinagre.

Com uma faca faça uma cruz no fundo dos tomates, e coloque numa panela grande com água fervente, o salsão, a cebola, a cenoura, o louro, os grãos de pimenta do reino e o sal. Cozinhe só até a cruz dos tomates abrirem levemente, uns dois minutos. Retire os tomates e depois de frios tire a casca e sementes, passe numa peneira, refogue rapidamente numa panela com o alho, coloque o sal e reserve.

Retire da água as fatias de berinjela e seque com um pano, empane na farinha de trigo e frite em óleo quente até dourar e reserve.

Num refratário faça um fundo com o molho de tomate e disponha uma camada de berinjelas, cubra com mussarela e mais molho. Vá intercalando as camadas deixando por último uma camada de queijo, regue com um pouco de molho e polvilhe o parmesão.

Leve ao forno pré-aquecido em temperatura alta 250º até gratinar.

Divulgação

Amiga, será que você poderia me ajudar? Tenho intestino preso e sofro muito com isso. O que eu faço?

Janaína, 26 anos, atendente

Dúvidas? [email protected] Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf

Cara Janaína, nosso in-testino funciona bem

através de três ingredien-tes fundamentais: 1) Beber muita água, cerca de 2 litros por dia.  Se você bebe pouca água, suas fe-zes ficam secas e têm difi-culdade de se locomover no intestino.2) Praticar exercícios regu-lares. Eles ajudam na mo-vimentação do intestino e melhoram a circulação sanguínea.3) Ingerir alimentos ricos em fibra e evitar massas. Elas absorvem água e por isso deixam as fezes mais

BOMBOU NA INTERNET AMIGA DA SAÚDE

pela manhã ajuda a poten-cializar a movimentação in-testinal e costuma ser um bom estímulo. Persista na mudança de hábitos que você terá bons resultados.

moles, facilitando o trânsito in-testinal. São alimentos ricos em fibras: verduras, frutas, legu-mes, castanhas, sementes, etc.

Tomar água ou alimentar-se assim que levanta da cama

Receita

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016

Divulgação ABCD

Governo garante antidoping no Brasil durante os JogosCom Código Brasileiro Antidopagem, país cumpre exigências da WADA

Dois meses após o rom-pimento do contrato en-tre a Prefeitura do Rio e o Consórcio que executava as obras no Centro de Tênis olímpico, enfim o restante do serviço foi retomado.

Restando apenas 10% da execução a realizar, com um

Obras no Centro de Tênis são retomadas após dois mesesRompimento de acordo entre Prefeitura e Consórcio anterior paralisou obras

custo de R$ 63,4 milhões, o montante gasto na arena não excederá os R$ 191,1 mi-lhões. Para concluir a parte de acabamento, instalações elétricas, iluminação, imper-meabilização e informatiza-ção, a nova empresa foi con-tratada sem licitação.

O novo acordo firmado pela Prefeitura, além de dispen-sar a licitação, pagará cerca de um terço do valor da obra à empreiteira por apenas um décimo de todo o serviço. A Prefeitura afirma estar tran-quila com relação ao término em tempo hábil. (BP)

Medo de falta de luz?

O Flamengo vem cole-cionando vexames nos úl-timos anos, daqueles ines-quecíveis, pelas mais varia-das razões.

Quem não se lembra do “terrível” Cabañas, o gor-dinho matador do Améri-ca do México? Ou do Santo André, campeão da Copa do Brasil de 2004?

Pois é. Dá para contabili-zar até outros vexames, em uma lista que parece não querer parar de crescer.

O último deles foi a der-rota para o Confiança-SE, na estreia da Copa do Bra-sil, na última semana, por 1 a 0, em Aracajú.

Pode-se ressaltar que o time rubro-negro teve mui-to mais posse de bola, criou inúmeras chances de gol, poderia ter feito pelo menos uns três no primeiro tempo. Poderia, mas não fez.

O segundo tempo foi da-queles para se esquecer. E é possível colocar a queda de rendimento na conta do cansaço. Esse lance de não ter casa para jogar no Rio, tendo que viajar a todo ins-tante, realmente cobra um preço alto.

Podem falar dos impe-dimentos irregulares, das faltas duras do time sergi-pano, que pararam o jogo com frequência.

Outra possível razão é o “ônibus estacionado” em

frente ao gol do Confiança. Após a expulsão de Eliel-ton, logo aos oito minutos de jogo, restou ao time en-fiar todo o time na defesa e ver no que dava.

Deu no que deu.Não existe desculpa ca-

paz de explicar que um time que custa milhões de reais não derrote, por dois ou mais gols de diferença,

O que dá motivo a mais essa vergonha para a torcida rubro-negra é o famoso “aqui é Mengão”

A fornecedora de ma-teriais esportivos do bas-quete e do atletismo bra-sileiro – a mesma que fornece para o futebol – lançou as novas vesti-mentas de competição para os dois esportes. Usando como modelos Duda e Keila Costa, do salto em distância, e Cla-rissa e Marcelinho Huer-tas, do basquete, os no-vos uniformes usam co-res como o petróleo e o verde fluorescente.

Depois da polêmica so-bre a geração de energia durante os Jogos do Rio 2016, será uma estratégia dos dirigentes em caso de apagão em meio a uma disputa?

um adversário cuja folha de pagamento custa cerca de R$ 150 mil.

O que dá motivo a mais essa vergonha para a torci-da rubro-negra é o famoso “aqui é Mengão”. Como se somente a camisa do Fla-mengo fosse capaz de re-solver os jogos.

Nem o Flamengo de Zico confiava nessa “máxima”. Por isso aquele time, raramente, dava um mole desses.

É preciso mais do que essa arrogância, que toma conta de torcida, dirigentes e o time, para vencer quem quer que seja.

Jorge Henrique /AD Confiança

Martin FernanfezO governo federal lançou o Código Brasileiro An-

tidopagem, cumprindo exi-gência da Agência Mundial Antidopagem (WADA, sigla em inglês), e garantiu que as análises dos atletas duran-te os Jogos Olímpicos e Pa-ralímpicos do Rio 2016 serão feitas no Brasil.

A WADA exigia maior rapi-dez no julgamento dos casos de doping para o país poder realizar as análises. Antes do novo Código, os julgamen-

Confiança X Soberba

tos eram feitos pelos Tribu-nais de Justiça Desportiva e o resultado saía em até 60 dias. Este tempo foi reduzi-do para 21 dias.

O Laboratório Brasilei-ro de Controle de Dopagem (LBCD), na UFRJ, será o res-ponsável pelas análises. A de-finição agradou a Marco Au-rélio Klein, o secretário nacio-nal para a Autoridade Brasi-leira de Controle de Dopagem (ABCD), em entrevista ao site Globoesporte.com. (BP)

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016 Esportes l 11

TOQUES CURTOS | Bruno PorpettaBINÓCULO

Há 74 anos, Flamengo e Fluminense disputaram pela primeira vez o clássico Fla-Flu no estádio do Pacaembu, em São Paulo, pelo Torneio Quinela de Ouro. Na ocasião, o jogo foi disputado debaixo de muita chuva, razão pela qual a partida já havia sido adiada por um dia.

Décadas depois, as duas equipes voltaram a se enfren-tar no charmoso estádio pau-listano. Desta vez, o dia en-solarado ajudou, mas em 74 anos tem uma coisa que nem Flamengo, nem Fluminense conseguiram: abrir o placar.

Da mesma forma que em 12 de março de 1942, a parti-da desse domingo (20) tam-bém terminou em 0 a 0. Se não houve chuva que atrapa-lhasse, a qualidade do jogo também não ajudou.

No primeiro tempo, o Fla-mengo buscou inicialmen-te o ataque, mas com pou-ca movimentação lá na fren-

Fla-Flu ‘paulista’ não sai do zeroFlamengo e Fluminense disputaram o segundo clássico entre eles no Pacaembu na história

Jogo teve grande público, mas não correspondeu dentro de campo

te acabou sem criar nada. De-pois, o Fluminense ficou mais com a bola, tendo mais de 60% de posse no fim da pri-meira etapa. Sem ter grandes chances também.

Emoção mesmo, na etapa inicial, apenas em um cru-zamento de escanteio em que Cícero quase marcou de cabeça para o Flu e nos pedidos de pênalti. O trico-lor pediu duas penalidades supostamente cometidas por Juan, enquanto o rubro-negro pediu pênalti em lan-ce onde Gum tocou o braço

na bola. Nenhum dos três foi marcado.

No segundo tempo, o jogo caiu muito. O que já não es-tava bom ficou pior ainda. O Flamengo sentia o cansa-ço da maratona de jogos e viagens, enquanto o Flumi-nense sentia falta de mais velocidade na frente.

Mesmo as substituições de Levir Culpi não deram resultado, e ninguém con-seguiu criar muita coisa. Placar justo para um jogo ruim, apesar da bela festa em São Paulo.

O grande clássico da Turquia, entre Galatasaray e Fenerbahçe, que aconte-ceria neste domingo (20), em Istambul, teve que ser cancelado por conta de uma ameaça terrorista na cidade turca.

O jogo aconteceria no Turk Telekom Arena,

Ameaça terrorista cancela clássico turcocasa do Galatasaray, e já contava com público pre-sente, quando houve o avi-so para todos saírem do lo-cal. Como a cidade já havia sido vítima de um ataque na véspera do jogo, as duas equipes concordaram com o adiamento.

O atacante do Galatasaray,

Umut Bulut, perdeu o pai na semana anterior em ataque com carro-bomba na cidade de Ankara, capital do país. O atentado deixou 37 mortos e 70 feridos. No estádio, ha-via faixas na arquibancada de apoio ao atacante quando todos foram obrigados a dei-xar o local. (BP)

O atacante Umut Bulut perdeu o pai após atentado em Ankara

O Botafogo venceu o Madureira por 1 a 0, com gol de Bruno Silva, no es-tádio de Los Larios, em Xerém, e assumiu a vi-ce-liderança da Taça Guanabara, com quatro pontos.

O gol foi marcado aos 33 minutos do primeiro tempo, após um erro de passe da defesa do Ma-dureira, interceptado por Gegê que bateu para o gol. O goleiro Rafael San-tos fez a defesa parcial, mas no rebote o volante Bruno Silva chegou com tudo para empurrar pa-ra a rede.

O jogo não foi excelente tecnicamente, mas valeu pela vitória alvinegra que

Ultraslansi

Gilvan de Souza/Flamengo

Botafogo FR

Botafogo vence e é vice-líder da Taça GB

o coloca em segundo lu-gar na classificação, após o empate na estreia con-tra o Fluminense, ficando dois pontos atrás do Vasco, que lidera o campeonato. O Botafogo tem a mesma pontuação do Flamengo, mas leva vantagem no nú-mero de gols marcados.

Apesar das poucas emoções, o Botafogo foi superior ao longo da par-tida. Tanto que o goleiro Rafael Santos, do Madurei-ra, foi o grande destaque do jogo.

O destaque negativo foi o público baixíssimo nas ar-quibancadas. Apenas 996 testemunhas pagaram in-gresso para ver a vitória botafoguense. (BP)

Jogadores comemoram gol que deu a vitória ao Fogão

12 | Esportes

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 21 a 23 de março de 2016