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    UNIJUUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

    RIO GRANDE DO SUL

    DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAO

    CURSO DE EDUCAO FSICA

    COMPREENSO DO COMPORTAMENTO TTICO DE JOGADORES

    DE FUTEBOL DE DIFERENTES CATEGORIAS DE BASE EM

    SITUAO DE JOGO REDUZIDO: um olhar da idade e da

    experincia

    Mario Dessbesell

    IJU (RS)

    2014

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    MARIO DESSBESELL

    COMPREENSO DO COMPORTAMENTO TTICO DE JOGADORES

    DE FUTEBOL DE DIFERENTES CATEGORIAS DE BASE EM

    SITUAO DE JOGO REDUZIDO: um olhar da idade e da experincia

    Trabalho de Concluso de Cursoapresentado ao Curso de Licenciatura emEducao Fsica, da UniversidadeRegional do Noroeste do Estado do RioGrande do Sul (UNIJUI), como requisitoparcial obteno do Grau deLicenciatura em Educao Fsica.

    Orientador: Prof. Doutor Fernando Jaime Gonzles

    Iju (RS)

    2014

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    A Banca Examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia:

    COMPREENSO DO COMPORTAMENTO TTICO DE JOGADORES

    DE FUTEBOL DE DIFERENTES CATEGORIAS DE BASE EM

    SITUAO DE JOGO REDUZIDO: um olhar da idade e da experincia

    Elaborada por

    MARIO DESSBESELL

    Como requisito parcial para obteno do Grau de Licenciado em Educao Fsica;

    BANCA EXAMINADORA

    ____________________________________________

    Prof. Dr. Fernando Jaime Gonzalez

    Orientador

    ___________________________________________

    Prof. Dr. Paulo Carlan

    Banca

    IJU (RS), JANEIRO DE 2014.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por ter me dado o dom precioso da vida, pela fora,

    coragem, determinao para que eu pudesse chegar at aqui,

    que esteve sempre comigo em todos os momentos felizes e

    difceis e que jamais permitiu que eu desanimasse diante dos

    obstculos.

    A meu professor e orientador, Professor Fernando Jaime

    Gonzles pela confiana depositada em mim, pela leitura

    atenta e pela orientao segura e experiente com que me

    mostrou o que poderia ser melhorado.

    Aos demais professores e funcionrios do Curso de

    Educao Fsica da Universidade Regional do Noroeste do

    Estado do Rio Grande do Sul, pelos conhecimentos e novas

    possibilidades que nos mostraram.

    Aos colegas da graduao por partilharem o mesmo sonho,

    por dividirem as lutas, por esquentarem os debates e pelo

    companheirismo ao longo dos anos.

    Aos meus pais, pela vida, pelo amor, pela educao e por

    sempre terem me ensinado.

    minha amada esposa, companheira, pela pacincia de todos

    os anos, companhia e por ter se tornado uma pessoa muitoespecial na minha vida.

    Aos amigos de perto e de longe, pelo constante incentivo,

    apoio, compreenso, parceria, estmulo e tolerncia.

    A todos (as)as pessoas que durante esse sonho me deram

    as mos para que eu pudesse seguir, o meu sincero

    agradecimento.

    Muito Obrigado!

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    DEDICATRIA

    A todos os alunos que, ao longo dos anos, participaram dasescolinhas as quais exerci a funo de professor/treinador.

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    RESUMO

    O presente estudo tem como objetivo identificar e analisar o comportamento ttico econsequentemente demonstrar como se deu a aplicao do teste GR3 x 3GR,oportunizando subsdios para o melhor ensino-aprendizagem do aluno/atleta. Paratanto, optou-se em analisar as aes tticas em campo reduzido por atletas decategoria de base. Para fins de comparao, o teste foi aplicado nas categorias sub13, sub 15 e sub 17 do Centro de Formao Esportiva Grmio Desportivo Panambi(CFEGDP) na cidade de PanambiRS. O estudo se constituiu em uma pesquisa

    exploratria, embasada em materiais bibliogrficos, sites de pesquisa e vdeos paraa coleta de dados. No contexto do estudo, foram abordados assuntos referentes aprincpios tticos, treinamentos esportivos, futebol e tomada de deciso em um jogoesportivo. O foco central do trabalho trata sobre a anlise de cinco princpios tticos,que so: penetrao, cobertura ofensiva, mobilidade, espao e unidade ofensiva. Oestudo demonstrou que a anlise ttica uma ferramenta importante, poisproporciona subsdios para que se possa avaliar o nvel de conhecimento ttico doaluno/atleta. No entanto, na anlise ttica que h a maior viso de aes dosalunos/atletas, e tambm possibilita maior conexo com a equipe atravs de novasaes e estratgias de jogos, melhorando o desempenho individual e coletivo daequipe.

    Palavras-chave: Comportamento Ttico. Futebol. Teste GR3 x 3GR. Tomada de

    Deciso.

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    ABSTRACT

    The present study aims to identify and analyze the tactical behavior and therebydemonstrate how was the application of x GR3 3GR test providing opportunities forbetter education grants student learning / athlete. For that we chose to analyze thetactical actions reduced field athletes from the base category. For purposes ofcomparison test was applied in 13 sub categories , sub 15 and sub 17 Center ofSports Training Sports Gremial Panambi ( CST - GDP). The study consisted in anexploratory study, based on published materials, research sites and videos to collectdata. In the context of the study were discussed issues concerning tactical principles,

    sports training, football, and decision making in a sports game. The central focus ison the analysis of five tactical principles, namely: penetration, offensive coverage,mobility, space and offensive unit. The study demonstrated that the tactical analysisand an important tool because it provides subsidies so that we can assess the levelof tactical knowledge of the student / athlete. However, analysis and tactical visionthat we have the largest shares of students / athletes, and also allows a greaterconnection with the team through new actions and strategies of games, improvingindividual and collective performance of the team.

    Keywords: Tactical behavior. Game. GR3 x 3GR. Decision making.

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    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - Modelo de ensino dos jogos para a sua compreenso .......................... 29

    FIGURA 2 - Desenho representativo do teste GR3 X 3GR ....................................... 32

    FIGURA 3 -Quadro de variveis, referncias espaciais, aes tticas e indicadores

    de performance do Instrumento de avaliao do teste .............................................. 34

    FIGURA 4 - Quadro de categorias, subcategorias, variveis latentes e definies

    utilizadas para a avaliao do comportamento ttico de jogadores de futebol ......... 34

    FIGURA 5 - Categorias, subcategorias, variveis latentes e variveis observadas,relacionados aos Princpios tticos fundamentais dofutebol.........................................................................................................................35

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Aes tticas em funo dos princpios tticos ........................................ 36

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    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 - Penetrao ............................................................................................. 38

    Grfico 2 - Cobertura ofensiva .................................................................................. 39

    Grfico 3 - Mobilidade... ............................................................................................ 41

    Grfico 4 - Espao .................................................................................................... 42

    Grfico 5 - Unidade Ofensiva .................................................................................... 44

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    SUMRIO

    1. INTRODUO ................................................................................................... 12

    2. REFERENCIAL TERICO ................................................................................. 14

    2.1. FUTEBOL ..................................................................................................... 14

    2.2. COMPORTAMENTO TTICO .................................................................2019

    2.3. TOMADA DE DECISO ............................................................................... 25

    3. METODOLOGIA .............................................................................................3231

    3.1. SUJEITOS DA PESQUISA ......................................................................3231

    3.1.1. Categoria sub 13 ................................................................................... 32

    3.1.2. Categoria sub 15 ...............................................................................3634

    3.1.3. Equipe sub 17 ....................................................................................3938

    3.2. COLETA DE DADOS ...............................................................................4139

    4. APRESENTAO DOS DADOS ...................................................................4543

    4.1. PENETRAO ........................................................................................4644

    4.2. COBERTURA OFENSIVA ........................................................................4745

    4.3. MOBILIDADE ...........................................................................................4846

    4.4. ESPAO ..................................................................................................5048

    4.5. UNIDADE OFENSIVA ..............................................................................5149

    4.6. ANLISE IDADE E EXPERINCIA ..........................................................5250

    4.7. ANLISE EMBASADA .............................................................................5553

    5. CONSIDERAES FINAIS ...........................................................................5755

    6. REFERNCIAS ..............................................................................................5957

    7. ANEXO ...........................................................................................................6159

    7.1. ANEXO A - SCOUTSUB 13 ...........................................................................6159

    7.2. ANEXO B -SCOUTSUB 15 ...........................................................................6260

    7.3. ANEXO C - SCOUTSUB 17 ...........................................................................6361

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    1. INTRODUO

    O futebol, nestes tempos atuais de constantes mudanas, um tema muito

    complexo, construindo um campo de trabalho no qual, a todo o momento,

    defrontam-se vrios desafios, da a importncia de discutir os problemas a ele

    relacionados com fundamento em estudos cientficos.

    Pesquisas recentes como as de Silva (2013) e Costa, Garganta, Greco et al

    (2011), levam a pensar o futebol sob um novo enfoque. Muitos estudos encontrados

    contemplam a parte fsica e tcnica, (chute, passe, quantos quilmetros o atleta

    correu) e estes pesquisadores enfatizam este novo enfoque na compreenso ttica

    do jogo. So estudos que possibilitam a compreenso de estratgias, e o

    comportamento ttico uma delas, mostrando, por exemplo, como solucionar as

    situaes que se defrontam no decorrer do jogo. Pois esse um campo que carece

    de sustentao terica e prtica que permita predizer informaes fidedignas sobre

    o rendimento dos jogadores e das equipes durante uma partida. (GRHAIGNE et

    al.1997. p.37)

    Diante do futebol, os alunos/atletas apresentam aes diversas relacionadas

    ao comportamento ttico e, de um modo geral, este comportamento est relacionado

    com a tomada de deciso. possvel o professor/treinador trabalhar o

    comportamento ttico atravs de diversas atividades preparando o atleta para que

    possa praticar as atividades esportivas da melhor forma possvel.

    O comportamento ttico do atleta est relacionado com a tomada de deciso.

    Conforme Barbanti (2005), nas categorias de base necessrio trabalhar essas

    situaes, preparando o atleta para que possa praticar e resolver as situaes

    decorrentes das atividades esportivas da melhor forma possvel, para que ele tenha

    conhecimento do jogo.

    A partir do trabalho desenvolvido h onze anos em escolinhas de futsal e

    futebol de campo na cidade de Panambi RS, possvel perceber as dificuldades

    que professores/treinadores e alunos/atletas encontram no processo de

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    entendimento do ensino-aprendizagem a respeito do comportamento ttico em jogo.

    Como trabalhar para que professores/treinadores e alunos/atletas de categoria de

    base possam ter um ganho na melhora da compreenso do comportamento ttico e

    tomada de deciso em situao de jogo, (o que trabalhar, quais as atividades

    desenvolver e quando aplicar essas atividades) que contemplem essa melhora?

    Depara-se, ento, com numerosos entraves, entre os quais saber como

    ocupar o espao livre no campo, se movimentar criando linhas de passe, de acordo

    com os objetivos do jogo, tanto individualmente quanto coletivamente. Tais

    experincias impulsionam a pesquisar mais sobre o futebol, o comportamento ttico

    e a tomada de deciso.

    A escolha do tema justifica-se para melhor compreenso ttica do atleta em

    situao de jogo e por apresentarem-se poucas pesquisas futebolsticas que

    envolvem a anlise do comportamento ttico nas categorias de base, [...] existe

    uma escassez de estudos dessa dimenso [...].(SILVA, 2013, p.76).

    Esta pesquisa tem como objetivo realizar uma reviso bibliogrfica sobre

    questes na rea do treinamento esportivo, apresentando os conceitos de anlise

    ttica, tomada de deciso em um jogo de futebol e o mtodo de anlise do Teste GR

    3 x 3 GR.

    Para tanto, foi realizado levantamento bibliogrfico nas bases de dados

    Google acadmico, Scielo e livros, com a utilizao das palavras-chaves

    comportamento ttico, futebol, Teste GR3 x 3GR e Tomada de deciso, abrangendo

    os principais autores como Costa, Garganta, Mesquita e Greco (2011).

    A pesquisa apresenta dados introdutrios, no segundo captulo aborda

    conceitos sobre futebol, comportamento ttico, tomada de deciso. No terceiro

    captulo apresenta o mtodo de pesquisa e o mtodo de anlise do teste GR3 x

    3GR. O quarto captulo fala sobre as anlises da aplicao do teste em

    alunos/atletas das categorias de base, sub 13, sub 15 e sub 17. Em seguida, as

    consideraes finais e referncias estudadas.

    No captulo a seguir sero abordados os conceitos chaves da pesquisa,

    detalhados atravs das principais pesquisas no tema.

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    2. REFERENCIAL TERICO

    2.1. FUTEBOL

    O futebol uma prtica que faz parte da cultura mundial, est entre os

    esportes mais populares do mundo, despertando nos seres humanos o interesse

    devido sua forma de disputa e magia que cerca toda essa paixo. A importncia

    dada ao futebol varia de acordo com o pas e sua cultura, por isso, o Brasil destaca-

    se por ser o pas que mais pratica o futebol, bem como tem identificado em sua

    tradio a conquista de cinco ttulos mundiais.

    Ser apaixonado pelo futebol, ser pentacampeo campeo mundial no

    garantia de que somos conhecedores do futebol, existe uma frase que diz o

    seguinte: O futebol admirado por milhes, praticado por muitos e estudado por

    poucos, Medina (2013, p. 1).

    A viso futebolstica, na qual se baseia a populao, se d em funo da sua

    forma de disputa atraente, caracterizando o ser humano como ldico, por vrias

    razes, as quais citam Falk e Pereira (2010, p.91), todo ser humano gosta de jogar,

    competir, participar, pois englobam vrios benefcios com o aprimoramento fsico, a

    evoluo da capacidade motora, a cooperao e o convvio em grupo, entre tantos

    outros.

    Na viso de Gomes e Souza (2008), o futebol extraordinrio, relacionando-o

    com os demais desportos coletivos, pois so movidos pela competio entre

    equipes. Para Filgueira e Greco (2008, p.59), O futebol um jogo coletivo,

    inteligente, ttico. Para Garganta (1998) apudSilva (2013, p.76), o futebol pertence

    ao grupo dos esportes coletivos, sendo caracterizado como um jogo de

    cooperao/oposio, no qual duas equipes realizam aes simultneas sobre a

    bola em contexto aleatrio.

    A busca em pertencer a um grupo de jogos coletivos envolve toda a

    humanidade desde os primrdios, sendo este jogo a oportunidade de integraoentre os envolvidos, um agrupamento de equipes em busca de um objetivo.

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    Destacando os estudos de Falk e Pereira (2010), o futebol teve sua origem oficial

    com a fundao da Associao de Futebol (The Football Association), em 26 de

    outubro de 1863, na Inglaterra, sendo que houve a definio de que jogariam bola

    com os ps, diferenciando-os do Rugby.Existem registros da histria sobre pases

    precursores do futebol, entre os quais se destacam China, Japo, Grcia, Roma,

    Frana e Itlia.

    Buscou-se, atravs do tempo, a organizao deste esporte, evoluindo para

    muitas modificaes desde novas associaes, a elaborao do cdigo de futebol, a

    instituio do rbitro, a realizao de jogos internacionais, a utilizao de sistemas

    tticos, modificaes de leis, regras, entre outros, melhorando, assim, as condies

    de prtica e possibilitando aos envolvidos uma capacidade de melhorar o jogo.

    possvel definir, conforme Schellenberger (1990) apud Tavares (2002, p.

    289), observando todas as modificaes, que a capacidade de jogo uma

    capacidade complexa que combina uma diversidade de capacidades psicolgicas e

    fsicas, assim como um grande nmero de habilidades tcnicas, com aes de jogo

    complexas.

    Bota e Colibab-Evulet (2001) apud Gomes e Souza (2008, p. 21) fazem uma

    definio entre jogo e jogo desportivo, sendo o jogo [...] uma atividade complexa,

    preponderantemente motora e emocional, desenvolvida espontaneamente segundo

    regras preestabelecidas, com fim recreativo, desportivo e ao mesmo tempo de

    adaptao realidade social. J para o jogo desportivo apontam como um

    conjunto de exerccios fsicos praticados sob forma de jogo, com certo objeto (bola),

    no qual duas equipes ou dois adversrios competem entre si sob certas regras de

    organizao e desenvolvimento. (p.21)

    Os autores Gomes e Souza (2008) citam Epuran (1976), que descreve as

    caractersticas especficas do jogo,

    [...] umaatividade natural (fonte de necessidades ldicas; uma atividadelivre (participao isenta de constrangimento); uma atividade espontnea(o ser humano est sempre disposto a brincar); uma atividade atraente

    (provoca estados afetivos positivos, prazer sensorial, estado tencional,satisfao, etc.); uma atividade total (mobiliza todos os componentes doser humanofsico psquico, sociais, etc.); uma atividade desinteressada(diferente do trabalho, tendo uma finalidade em si, alegria pela prtica

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    autnoma e gratuita) e atividades criativo-compensatrias (atividadesrecreativas dos adultos, sobre atividades de lazer com que a pessoaprocura alvio, o divertimento, etc.;). (EPURAN 1976 apud GOMES ESOUZA 2008, p.23)

    Para definir os jogos esportivos, Gomes e Souza (2008) citam Bota e Colibab-

    Evulet (2001) levando-se em considerao trs elementos, abaixo relacionados,

    [...] a atividade do jogador (est relacionada com o que ele faz como secomporta e qual a atividade motora realizada pelo futebolista durante o jogo;aideia do jogo (trata-se do conjunto de princpios-regras subordinados ao

    conceito de julgamento, opinies, perspectivas, etc.; e o regulamento dojogo ( um ato normativo elaborado oficialmente para cada modalidadedesportiva); (GOMES E SOUZA 2008, p.23)

    O jogo desportivo, segundo Nitsch (1986) apud Tavares, Greco, Garganta

    (2006, p.286), um processo intencional dirigido e regulado psiquicamente, ou seja,

    a intencionalidade das aes determinada pelos objetivos tticos especficos na

    situao concreta de jogo.

    O futebol um jogo, e num jogo cada jogador pode fazer escolhas, tomardecises e executar aes de acordo com as restries (constrangimentos)impostas pelo regulamento (Van Lingen, 1997). Numa partida de futebol, oquadro do jogo organizado e conhecido, mas o seu contedo sempresurpreendente, porque no existem duas situaes iguais e que aspossibilidades de combinao so inmeras, o que torna invivel recri-lasno ensino/treino. (GARGANTA, 2006, p.314,)

    Uma partida de futebol regida por um conjunto de aes, como, por

    exemplo, as regras do jogo, mas, mesmo sabendo todas as regras que regem um

    jogo de futebol, no possvel prever as sequncias dessas aes. possvel dizer

    que no existem duas situaes iguais e que as possibilidades de combinao so

    inmeras. Ter sucesso no futebol resultado de tal complexidade de fatores que

    no se pode reduzi-los a este ou quele em separado ou mesmo sorte ou ao azar.

    As discusses at pouco tempo atrs eram feitas sem parmetros cientficos.Hoje, discutir qual a ttica mais eficaz no faz sentido se no revisar, de modo

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    crtico, vrias questes relacionadas ao futebol, em particular: a compreenso do

    comportamento ttico e a tomada de deciso, significando o que abrange uma nova

    concepo para atletas, principalmente nas categorias de base, alm de um novo

    conceito de jogo e o que ele implica.

    A importncia do ensino-aprendizagem nas categorias de base referente

    compreenso do comportamento ttico e da tomada de deciso se d atravs de

    atividades. Nelas, o aluno/atleta pode ser desafiado a viver em conjunto com outras

    pessoas, trabalhar em equipe, aprender a fazer e agir, descobrir e criar, pois

    objetivo formar jogadores pensantes, que durante uma partida de futebol faro suas

    aes conscientes e no mecanizadas.

    Para Oliveira, (2009, p.1)

    [...] a metodologia de processo de ensino/aprendizagem do futebol deveestar permeada de inovao, criatividade, situaes problemas, jogos emespao reduzido, pequenos, mdios e grandes jogos, alm, claro, deatividades ldicas que requeiram a execuo de habilidades motoras efundamentos tcnicos.

    Para Mesquita (2004), nos jogos desportivos varia a interdependncia das

    dimenses eficincia, eficcia e adaptao, conforme as caractersticas estruturais e

    funcionais da modalidade em que as habilidades tcnicas so executadas e das

    caractersticas das prprias habilidades.

    Os jogos desportivos coletivos integram:

    [...] o grupo dos designados desportos de cooperao/oposio, nos quais aao de jogo resultante das interaes dos jogadores, realizadas de modoque uma equipe coopera entre si para opor-se outra que atua tambm emcooperao e que por sua vez se ope anterior. (MORENO 1994, apudTAVARES, p.132, 2002)

    A integrao nos jogos coletivos fundamental para que o prprio jogo possa

    ocorrer, em uma ao resultante das interaes entre os jogadores da mesma

    equipe e equipe adversria, com um objetivo comum do jogo, de vencer, de praticar

    a atividade fsica, observando que, para haver um bom andamento procedimental

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    necessria a cooperao e a oposio, como cita o autor, causando partida todos

    os tipos de aes e movimentaes tticas entre os envolvidos.

    O futebol um jogo desportivo que domina conceitos e aes de cooperaoe oposio constituindo condies bsicas reversveis, tanto no ataque quanto na

    defesa. As sucessivas configuraes que o jogo vai experimentando decorrem da

    forma como os jogadores e as equipes geram as relaes de vantagem e

    desvantagem, e funo do objetivo.

    O futebol se caracteriza pela existncia simultnea de cooperao e oposio

    que a cada momento induz uma dinmica relacional e coletiva. (Costa et.al.2011, p.

    512).

    Oposio e cooperao constituem condies bsicas reversveis, tanto noataque como na defesa, e as sucessivas configuraes que o jogo vaiexperimentando decorrem da forma como os jogadores e as equipes geremas relaes de vantagem e desvantagem, em funo dos objetivos.(GARGANTA, p.315, 2006)

    Segundo Garganta (2006, p.318), Treinar/ensinar implica induzir

    transformao de comportamentos e atitudes, pelo que a forma como se configura e

    se conduz o processo influi diretamente nas competncias para jogar, ou

    estimulando-as ou inibindo-as. O autor enfatiza que a conformidade entre ensino /

    treino um elemento primordial na formao especfica dos jogadores e das

    equipes.

    Como grande jogo desportivo coletivo, o futebol, segundo Garganta (2006),

    permite apresentar algumas dessemelhanas com outros tipos de jogos coletivos,

    verificando consequncias relevantes para a orientao do processo de

    ensino/treino, sendo,

    a) dimenso do terreno de jogo e nmero de jogadores (quanto maior for oespao de jogo, mais elevada ter de ser a capacidade para o cobrir, querao nvel das tarefas motoras propriamente ditas, quer do ponto perceptivo);

    b) controle de bola ([...] passa pela necessidade do praticante ter que jogara bola predominantemente com os membros inferiores, estando estes,simultaneamente implicados, no equilbrio do corpo e nos deslocamentos; c)frequncia das concretizaes (a obteno do gol[...]); d) colocao dos

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    alvos (colocao dos alvos, reveste-se de grande importncia na construodo pensamento ttico); e) fases do jogo (quatro grandes fases: a fase doataque, a fase do gol, a fase da defesa e as transies de posse de bola).(GARGANTA, 2006, p.320-321)

    Tais caractersticas favorecem a complexidade do jogo desportivo, por isso

    se torna necessria interveno do ensino/treino em fases. Tavares (2002, p. 129)

    destaca que cada jogo desportivo, definido pelas suas regras, possui uma lgica

    interna bem precisa, que vai coordenar os comportamentos dos jogadores.

    Tavares (2002) expe os diferentes componentes da estrutura dinmica dos

    jogos desportivos, citando Moreno (1984), o qual abrange que o desenvolvimento do

    jogo est determinado por seis parmetros, assim configurando a lgica interna do

    jogo, e eles so:

    [...] o regulamento do jogo um dos parmetros configuradores daestrutura dos jogos desportivos, s tem sentido quando est integrado nojogo, sendo parte de sua essncia; a tcnica - refere-se aos modelos deexecuo e constitui-se num dos parmetros bsicos de sua estrutura; oespaouma das caractersticas mais significativas do jogo desportivo est

    representada pelo espao de aco ou espao de jogo. [...] Participar numjogo evoluir no interior de um espao definido; o tempo toda acomotora, em geral, d-se num espao num tempo determinado. [...] Qualqueraco desportiva que se realiza desenvolve sempre de acordo com umritmo temporal que pode ser observado e analisado; a comunicao motora directamente relacionado com a interaco ou relaes entre osparticipantes, em cujas actividades se d de forma simultnea a intervenoou participao de vrios indivduos. [...] possvel o desenvolvimento e aexecuo de determinados esquemas e sistemas de jogo cujas acesnecessitam de uma srie de sinais, gestos e smbolos; a estratgia(constituindo nela a tctica)funo resultante na qual incidem a conjunodos parmetros que configuram a estrutura (tcnica, regulamento, espao,tempo e comunicao). (TAVARES 2002, p.134 - 137)

    O cenrio do futebol desenvolve muitas questes relevantes sua prtica.

    Embora complexa para alguns, torna-se importante abordar o comportamento ttico

    dos atletas para compreender tal complexidade. A seguir, sero apresentados os

    principais conceitos que demandam do comportamento ttico pelos autores

    pesquisados, como Costa, Garganta, Mesquita e Greco (2011).

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    2.2. COMPORTAMENTO TTICO

    Ao assistir ao jogo de futebol, muitas vezes o telespectador/torcedor no

    percebe o envolvimento dos atletas e de toda a equipe antes, durante e aps jogo.

    Para esse telespectador torcedor o jogo de futebol emoo, alegria, tristeza,

    distrao, lazer, sair da rotina do dia a dia, onde por algumas horas ele pode

    extravasar suas emoes. O jogo de futebol complexo, devido a fatores como

    condies climticas, movimentao do oponente, relao de atacar e defender,

    as regras do jogo, situaes que fogem do controle que previamente haviam sido

    programadas, entre outros.

    Para quem assiste a uma partida de futebol, jogo configura-se simples.Contudo, quem joga apercebe-se que est em presena de um fenmenocomplexo, pelo fato de ter que, a um tempo, referenciar a posio da bola,aferir a situao de colegas e adversrios, em relao aos alvos e atacar ea defender, e agir num ambiente estvel (GARGANTA 2006, p. 318)

    Por muito tempo, segundo Garganta (2002), a tcnica foi considerada como

    elemento fundamental do jogo, o tempo foi evoluindo e as concepes foram

    modificando. Conforme procedimento de anlises de jogo passou-se a considerar ocomportamento ttico como fator chave de um jogo, evidenciando a comunicao

    entre os jogadores como um fator chave do comportamento ttico-estratgico.

    Arruda e Bolanos (2010, p. 267) enfatizam autores renomados que relatam

    sobre futebol e esquemas:

    O futebol considerado uma das tarefas de mxima complexidadeperceptiva (Castillo et al., 2000) que, ao longo dos anos, tem passado porntidas mudanas na movimentao dos jogadores no campo, mudanasque so, sem dvida, o resultado de cuidadosos esquemas elaboradosantes os desafios, mais do que improvisaes (Morris, 1981). Porm, necessrio reforar e enriquecer constantemente esses esquemas nosjogadores (Cano, 2001) com o objetivo de promover adaptaespermanentes durante o jogo.

    A tcnica e ttica, para Tavares (2002, p. 299), devem ser entendidas como

    expresses vitais duma mesma realidade, o jogo e a aco do jogador, tornando-se

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    conveniente perceber que conexes devem estabelecer entre estes factores do

    rendimento, no intuito de maximizar a prestao desportiva.

    A adoo de princpios tticos do processo de ensino e treino importanteporque proporciona aos jogadores possibilidades de conseguirem solues tticas

    eficazes para as situaes de jogo (COSTA et al. 2011, p.513).

    A transmisso e operacionalizao dos conceitos, assim como o

    desenvolvimento da conscientizao dos jogadores sobre esses princpios atravs

    do processo de ensino e treino, ajudam na seleo e na execuo da ao ttica

    necessria situao de jogo. (KIRK, 1983 apudCOSTA et al. p.513, 2011)

    Para Teodorescu (1984) apud Tavares (2002, p.133), a tctica pressupe a

    existncia duma concepo unitria para desenrolar do jogo, isto , o

    desenvolvimento e coordenao racional das aes de jogo (individuais e

    coletivas). O sucesso nos jogos tcticos depende legalmente do nvel de

    desenvolvimento das faculdades perceptivas e intelectuais dos atletas [...]

    (FILGUEIRA, GRECO, p.54, 2008)

    Segundo McPherson (1994) apud Costa et al (2011, p. 70), a organizaoinerente ao jogo de futebol justifica que as capacidades tcticas e os processos

    cognitivos subjacentes tomada de deciso sejam considerados requisitos

    essenciais para o desempenho dos jogadores.

    Para Castelo (1996) apud Tavares (2002, p. 137), a ttica e a estratgia so

    considerados elementos significativos para os jogos desportivos em carter

    especifico, pois estabelecem a necessidade de uma cooperao constante (cdigos

    de comunicao e sistemas de aco que regem o jogo) entre os vrios jogadores

    de uma equipe para poder atingir os objectivos pr-estabelecidos.

    A estratgia nos jogos desportivos coletivos est ligada capacidade dos

    jogadores agirem em condies adversas de imprevisibilidade com algum grau de

    complexidade, partindo de um conjunto de dados previamente definidos.

    Esses objetivos pr-estabelecidos devem ser estruturados durante os treinos

    da semana ou conforme planejamento, e devem ser trabalhadas situaes de jogo

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    que exijam do atleta a compreenso de aes tticas, o que levar a montar

    estratgias individuais e coletivas de como se comportar na situao do jogo, como

    atacar e como se defender.

    Tavares (2002, p.138) relata que o sucesso tctico em competio, depende,

    em grande parte, do nvel de percepo dos jogadores. O autortambm expe que

    necessria a anlise da estrutura dos jogos desportivos, estabelecendo

    procedimentos de capacidade de jogo.

    Para Filgueira e Greco (2008, p. 54), o sucesso nos jogos tcticos depende

    do alargamento do nvel de desenvolvimento das faculdades perceptivas e

    intelectuais dos atletas, especialmente em associao com outros fatores quedeterminam a performance.

    Para Garganta (2002, p. 281), o processo do treino visa induzir alteraes

    positivas observveis, no comportamento dos jogadores e das equipes, em uma

    ressalva na qual conforme se quer jogar assim se deve treinar.

    De nada adiantar o professor/treinador durante uma partida de futebol cobrar

    de seu aluno/atleta determinado comportamento, se no decorrer da semana ouperodo no o tiver instrudo, para que atravs de atividades decorrentes da pratica

    pudesse dar a resposta necessria e satisfatria.

    Mahlo (1969) apud Tavares (2002) descreveu o processo comportamental

    que o jogador deveria realizar para solucionar as aes de jogo, requerendo uma

    deciso e, em consequncia, sua estratgia. Para tal ato motor necessitaria de trs

    fases: 1) percepo e anlise da situao de jogo (conhecimento da situao); 2)

    soluo mental do problema (representao da aco); 3) soluo motora ou

    execuo motora. (p.138)

    No h como relatar sobre conhecimento ttico sem relatar aspectos do

    treinador. Garganta (2002, p. 282) afirma que o treinador tem a tarefa de perceber

    quais os condimentos necessrios para que sua equipe seja bem sucedida. Assim,

    consequentemente, poder realizar a sua concepo de jogo mais indicada,

    procurando atravs de exerccios induzir nos atletas o modelo de comportamento

    desejado.

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    Os instrumentos para a avaliao do comportamento ttico, descritos naliteratura, se distinguem com base em dois tipos de conhecimento

    avaliados: o conhecimento declarativo (refere-se capacidade em declararde forma verbal e/ou escrita qual a melhor deciso a ser tomada em umadeterminada situao de treino e o porqu desta deciso. E o conhecimentoprocessual (est relacionada capacidade do jogador em operacionalizarrespostas apropriadas aos problemas advindos das situaes de treino ejogo). (COSTA et.al. 2011, p. 511)

    Garganta (2006, p. 318) afirma que no h uma resposta nica pergunta de

    como treinar? Assim, os professores/treinadores devem ter constitudo para a sua

    prtica uma prpria concepo de jogo e treino, e a partir da, tendo um modelo/concepo de jogo, conseguir que o controle pedaggico do ensino/treino faa

    sentido.

    Garganta (2002) pressupe a eficcia da ao do jogador, que depende da

    estreita adequao do seu comportamento s alteraes produzidas em seu

    envolvimento, na dimenso ttica passando a existir uma matriz configuradora em

    diferentes aes de opes de tticas, constituindo o jogo.

    Garganta et al. (2011, p.70) explicitam no que se refere ao processo de

    ensino e treino da capacidade tctica, os princpios tcticos fundamentais do jogo de

    futebol possuem elevada importncia por proporcionar aos jogadores a possibilidade

    de conseguirem solues eficazes para as movimentaes em campo.

    Garganta (2006) distingue que o processo de aprendizagem/treino visa a

    induzir alteraes comportamentais e atitudinais nos atletas, em uma formao

    baseada na compreenso e na harmonizao das habilidades para treinar e jogar.Enfatiza o autor que treina-se para se ser melhor do que j se era, procurando-se

    saber cada vez mais a fazer cada vez melhor. Por isso, ao professor/treinador

    compete formar e capacitar jovens, no respeito pela trade: saber, saber fazer, saber

    estar. (p. 314)

    Tavares, Greco e Garganta (2006) explicam sobre a capacidade para jogar,

    que envolve o desenvolvimento de saberes, que para tanto necessrio,

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    Saber o que fazer, o que se prende com um conhecimento declarativo,factual; e saber como fazer, isto , possuir um conhecimento sobre aexecuo da ao propriamente dita. O primeiro refere-se forma dedeclarar, explicar, narrar como um fato se constitui. Por exemplo, explicarcomo se deve realizar uma determinada combinao ttica entre dois

    jogadores, mas no forosamente saber execut-la. O segundo, por suavez, mesmo que no possa ser explicado verbalizado, sabe-se executar eest diretamente ligado formao de padres de comportamentos e ouesquemas motores. (TAVARES, GRECO E GARGANTA 2006, p. 392-293)

    Para Filgueira e Greco (2008), as questes descritas so decises

    importantes no jogo, pois possibilitam a inteligncia ttica do jogador em perceber,

    antecipar e decidir.

    Segundo Garganta (2006, p. 319), percebe-se que no futebol seja essencial

    desenvolver nos praticantes, competncias relacionadas com a assimilao de

    regras e ao e princpios de gesto do jogo, tendo em vista a comunicao entre os

    jogadores da mesma equipe e a contra comunicao com os jogadores da equipe

    contrria. Conforme o autor, ainda a concepo e a materializao dessas

    competncias so veiculadas pela estratgia e pela ttica. (p.318)

    Tavares, Greco e Garganta (2006) relatam que a resoluo de problemas nos

    jogos desportivos um processo que envolve diferentes processos cognitivos,

    como o pensamento, a memria, a percepo, a ateno e a tomada de deciso,

    todos relacionados entre si e apoiados em estruturas de conhecimento (ttico-

    tcnico). (p.293)

    O professor/treinador deve estar atento a todas essas situaes para que se

    possa no ensino/treino trabalhar todos esses processos, e no somente situaes

    que abrangem a parte fsica e tcnica do aluno. Pois de nada adiantar durante umjogo o professor/treinador cobrar uma determinada ao ttica de seu aluno/atleta

    se, durante a semana de treinos, no foi trabalhada essa situao.

    Filgueira e Greco (2008) em sua pesquisa apresentam a classificao da

    capacidade ttica, representada por aes individuais e coletivas dos jogadores de

    uma equipe, apontando Greco e Benda (2001) na especificao do conjunto de

    aes, nas quais jogadores devem recorrer nos jogos esportivos, sendo a ttica

    individual, a ttica em grupo e a ttica coletiva.

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    Ttica individual: ao isolada do jogador atravs das capacidades fsicas,tcnicas, tticas, tericas e psicolgicas, e a capacidade de percepo dasituao de jogo visando atingir um objetivo determinado (ex: finta).

    Ttica em grupo: aes coordenadas entre dois ou trs jogadores

    proporcionando a continuidade da ao e o objetivo final do jogo. (ex:cruzamento visando finalizar a gol)

    Ttica coletiva: aes simultneas de trs ou mais jogadores estabelecidapreviamente por um plano de ao determinado, de acordo com as regrasdo jogo, relacionando as aes do adversrio e as respostas comosituaes ofensivas para atingir o objetivo pretendido. (ex: triangulao porsetor visando finalizao). (GRECO e BENDA, 2001 apudFILGUEIRA eGRECO 2008, p. 58)

    Filgueira e Greco (2008) colocam que a ttica pode ser

    considerada/classificada como geral, acontece em aes observadas antes de uma

    competio e em especfica onde s aes so relacionadas a situaes na prpria

    competio.

    Para Tavares, Greco e Garganta (2006), o desenvolvimento da capacidade de

    jogo realiza-se em um processo contnuo, observando trs tipos de contedos,

    sendo: 1) as capacidades tticas bsicas principalmente entre os 6 10 anos; 2)

    os jogos para desenvolver a inteligncia ttica, a partir dos 8 anos; 3) as estruturas

    funcionais, a partir da faixa dos 8-10 anos.(p.295)

    Filgueira e Greco (2008, p. 57) relatam que as aes tticas so realizadas

    atravs da tomada de deciso e implicam em relacionar processos cognitivos com

    processos motores.

    2.3. TOMADA DE DECISO

    Quanto mais conhecemos como se realiza o processo de tomada de deciso,

    melhor compreendemos como treinar o atleta. A tomada de deciso aliada s

    observaes das especificidades do modo de jogar abre maiores possibilidades para

    o treinamento de um time.

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    Em uma partida de futebol os atletas no perodo do jogo so constantemente

    colocados a ater informaes das jogadas executadas, em uma necessidade e

    cobrana de repentinamente tomarem decises tticas apropriadas s aes do

    momento. Cada ao e cada deciso so de extrema importncia para o bom

    andamento do jogo e sucesso da sua equipe. Para Greco (1999), a tomada de

    deciso pode ser considerada uma das mais importantes capacidades do jogador,

    destacando a importncia da interao da capacidade tcnica com a capacidade

    ttica, como fator decisivo dos processos necessrios tomada de deciso.

    Teodoresco (1984) apud Silva (2013, p. 76) diz que todas as decises

    tomadas pelos jogadores durante uma partida, com ou sem bola, na relao

    individual ou coletiva de cooperao ou oposio, so de ordem ttica.

    A ttica a capacidade baseada em processos cognitivos de recepo,transmisso, anlise de informaes, elaborao de resposta e execuoda ao motora, concretizada com uso de uma tcnica especfica,implicando em tomada de deciso, a qual reflete o nvel da capacidadettica e experincia motora do atleta. O jogador deve saber inter-relacionare organizar informaes relevantes s aes de jogo, entre elas: o que fazer

    (situao); quando fazer ( tempo); onde fazer (espao) como fazer (forma),sendo que o por que da tomada de deciso se rene nas quatroquestes[...] (FILGUEIRA, GRECO, p.57, 2008).

    importante conhecer as diferenas entre as vrias posies do jogo, a fim

    de que se possa assumir uma ligao entre a ttica escolhida e os fundamentos em

    que o atleta se baseia. Compreender claramente a diferena entre as vrias

    posies fator primordial para que se possa extrair jogadas coerentes com as a

    partir de estratgias e aes tticas e adotar uma prtica consciente e refletida.

    Para a tomada de deciso, os estudiosos defendem posies diversas. Para

    Filgueira et al(2008), necessrio, na tomada de deciso, o atleta ter a capacidade

    de tomar decises rpidas e taticamente exatas, sendo uma importante

    caracterstica do atleta, o que fazer, como fazer e quando fazer.

    Para Bianco (1999) apud Filgueira e Greco (2008), dentre as capacidades que

    implicam numa correta tomada de deciso, a capacidade do atleta de perceber

    corretamente as informaes relevantes na situao parece ser de suma

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    importncia para uma correta tomada de deciso. A capacidade de tomar decises

    uma das mais importantes capacidades do atleta e de grande valor na organizao

    do jogo.

    Alves e Arajo (1996) afirmam que desde o incio do estmulo at a sua

    finalizao a atividade provm de cinco fases, sendo: recepo, percepo, deciso,

    programao e execuo. Os autores acrescentam que, quanto mais complexas as

    decises, mais os expertos se distinguem dos iniciados. Os jogadores iniciantes

    percebem um nmero menor de informaes e objetos de estmulos fortes, como o

    caso de crianas que praticamente se preocupam com a bola, porm, aos poucos

    iro percebendo outros aspectos da situao de jogo, como o companheiro de

    equipe e adversrios.

    Para Abernethy, Wann e Parks (2000), o processo de tomada de deciso e

    seu treinamento esto relacionados com fatores como: os processos sensoriais

    (perceptivo), a seleo rpida e precisa da resposta correta, a relao com o

    desempenho esportivo e mtodos e implicaes para o treinamento. Estes fatores

    fornecero resultados apropriados e associados aos atletas, tudo isso em

    consequncia do treinamento especfico.

    J para Gaspar, Ferreira e Perez (2005), a tomada de deciso est motivada

    a um estado em que o atleta pode se sentir instigado a ter que atuar de uma

    determinada maneira, a qual poder responder ou ater-se. As tomadas de deciso,

    conforme os autores, envolvem processos adaptativos, a habilidade de reagir

    rapidamente ao inesperado e desconhecido e antecipar. (2005, p. 105)

    A tomada de deciso influencia o movimento do atleta durante a partida,

    dando boa condio ttica, resultando em um bom andamento do jogo.

    Considerando toda a fase de formao do atleta, possvel trein-lo para que essa

    tomada de deciso seja consciente no andamento do jogo, elaborando cada vez

    mais as suas jogadas em conjunto com o time, de forma a favorecer seu

    crescimento individual e de grupo.

    No caso do futebol, o espao compartilhado por 22 jogadores. Na execuo

    das aes, exige-se do jogador um tempo reduzido para resolver os problemas dojogo. O jogador deve saber inter-relacionar e organizar informaes relevantes s

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    aes de jogo, entre elas: o que fazer (situao); quando fazer (tempo); onde fazer

    (espao) e como fazer (forma).

    Quanto mais conhecimento um atleta tem, mais rpida e precisamente podedecidir sobre uma ao. Portanto, ao acessar a tomada de deciso, a velocidade e a

    preciso das decises no esporte oferecem informao sobre o tamanho da base de

    conhecimento de um atleta.

    O objetivo da tomada de deciso consiste em realizar a avaliao de

    informaes relevantes, selecionar a melhor de forma rpida para se atingir um

    objetivo desejado concretizando uma ao motora. (FILGUEIRA, GRECO, p.62,

    2008).

    A tomada de deciso influenciada pelo conhecimento prvio que o atleta

    possui sobre o futebol e tambm sobre seu estado emocional. Essas condies

    pertencem aos atletas desde a sua formao nas categorias de base, demonstrando

    assim as suas dificuldades e habilidades.

    Observa-se que neste contexto alguns atletas demonstram mais dificuldades,

    dependendo do seu estado emocional. A qualidade e a velocidade na tomada dedeciso so fatores que influenciam na eficcia da tomada de deciso do jogador

    (tempo de reao) (FILGUEIRA, GRECO, p.62, 2008).

    Para Tavares, Greco e Garganta (2006), o xito da equipe depende da

    coordenao das decises efetuadas pelos jogadores, no qual tomar uma deciso

    dever ter em conta um conjunto de fatores que a condicionam, sendo necessrio

    reunir rapidamente o maior nmero de elementos para decidir.

    Esse conjunto de fatores poder estar relacionado a situaes de seu estado

    emocional, condies fsicas e tcnicas, posio no campo de jogo ao tipo de

    ambiente e ao adversrio.

    Os autores enfatizam a importncia de criar condies que possibilitem o

    jogador cumprir com suas decises tticas a respeito da estrutura do jogo, criando

    assim uma autonomia do jogador em relao ao jogo. Mesquita e Graa (2006, p.

    272) registram que, recentemente,

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    [...] as perspectivas cognitivistas e construtivistas recentraram ainvestigao e as abordagens sobre os jogos a domnios tradicionalmentenegligenciados, como sejam o domnio da ttica e da sua interaocomplexa com a tcnica, envolvendo o conhecimento, a compreenso, atomada de deciso e a capacidade de ao em situao de jogo.

    Em concepes construtivistas, o jogador deve enfrentar o problema do jogo,

    tomar decises e execut-las; avaliar o resultado das decises e execues e

    deduzir necessidades de exercitao para melhorar a qualidade de jogo, colocando

    o jogador como participante do processo, sendo construtor ativo de suas ideias,

    desenvolvendo suas prprias capacidades de jogo e aumentando o gosto e a

    participao no jogo, conduzindo a um estilo de vida ativo. Mesquita e Graa (2006).

    J em uma concepo cognitiva, as formas de jogo so progressivas e a

    capacidade de entendimento dos problemas tticos que suscita o interesse e a

    necessidade de serem aprendidas as habilidades tcnicas. Para Bunker e Thorpe

    (1982) apudMesquita e Graa (2006, p.272), o ensino do jogo procede por fases

    que configuram as tarefas de ensino-aprendizagem.

    Conforme a Fig. 1, o modelo apresenta as seis fases de um ciclo.

    Figura 1Modelo de ensino dos jogos para a sua compreenso(adaptado de Bunker e Thorpe, 1982) apudMesquita e Graa (2006, p.272)

    Conforme os autores Mesquita e Graa (2006), constata-se a descrio de

    cada fase. Na primeira, obedece a apresentao de uma forma de jogo, conforme aidade e nvel dos atletas. Na segunda fase, chamada apreciao do jogo, o atleta

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    defronta-se com as regras do jogo, adaptando a sua funcionalidade e lgica das

    aes. Na terceira fase, privilegiada a compreenso das tticas. J na quarta fase,

    [...] preconiza a contextualizao da tomada de deciso nesta fase, opraticante confrontado com a resoluo de questes (o que fazer? E comofazer?), no sentido de conferir significado ao uso da tcnica, em funo dosproblemas tticos suscitados pelos constrangimentos do jogo. Comoconsequncia natural da necessidade do praticante dominar a execuotcnica no sentido de obter a eficcia. (MESQUITA E GRAA, 2006, p. 273)

    Na quinta fase, realizado o aperfeioamento das habilidades tcnicas, e por

    fim a sexta fase, que abrange a integrao de todas as fases anteriores pela buscado desempenho.

    Para Tavares, Greco e Garganta (2006, p.285), as competncias cognitivas,

    fundamentalmente no que diz respeito s capacidades de antecipao e tomada de

    deciso, tm um papel fundamental na formao e preparao dos jovens

    jogadores, na fase inicial deste processo, podero determinar o sucesso da

    competio.

    Para Abernethy, Wann e Parks (2000), o treinamento dos jogadores pode ser

    direcionado, melhorando assim a aprendizagem e as habilidades, bem como o

    desempenho atltico. As caractersticas que atletas com bom desempenho

    apresentam so formas caracterizadas por Abernethy, Wann e Parks (2000) como:

    Tomada de deciso corretas (regularmente as aes apropriadas ao jogo e

    competio); tem todo o tempo do mundo (reagem aos fatos rapidamente,mas de maneira aparentemente calma, sem pressa); leem bem o jogo(reconhecem rapidamente as situaes e os padres de jogo, respondendoa eles prontamente); adaptam-se s condies de jogo (so capazes de seadaptar s exigncias de novas tarefas enquanto, paradoxalmente,permanecem altamente regulares); so leves e fceis (produzemmovimentos eficientes, exigindo aparentemente o mnimo de esforo);fazem o servio (respondem aos fatos de modo a atender da melhor formapossvel os objetivos da tarefa); (ABERNETHY, WANN E PARKS 2000, p.22)

    Para o desempenho tcnico essas so chaves fundamentais, oportunizando

    um bom desempenho. Sendo que o desempenho esportivo habilidoso resultado de

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    uma srie de processos, de tomada de deciso, de execuo e de controle dos

    movimentos, estes mais aprimorados e associados aos outros em consequncia do

    treinamento especfico. (Abernethy, Wann, Parks, 2000).

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    3. METODOLOGIA

    O presente estudo compreendeu uma investigao de campo exploratrio,

    descritivo e analtico, com delineamento atravs de uma pesquisa qualitativa de

    carter analtico da relao entre teoria e prtica. Segundo Minayo (1996, p.21-22),

    a pesquisa qualitativa definida como:

    A pesquisa qualitativa responde a questes muito particulares. Ela se

    preocupa, nas cincias sociais, com um nvel de realidade que no pode serquantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,aspiraes, crenas, valores e atitudes, o que corresponde a um espaomais profundo das relaes, dos processos e dos fenmenos que nopodem ser reduzidos operacionalizao de variveis.

    Conforme Marconi & Lakatos (2002, p.20), [...] a pesquisa consiste em:

    delinear o que , aborda tambm quatro aspectos: descrio, registro, anlise e

    interpretao de fenmenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente.

    Para atingir os objetivos deste estudo, optou-se compreender o comportamento

    ttico de jogadores de futebol de diferentes categorias de base em situao de jogo

    reduzido, pontuando questes relativas ao tema de pesquisa.

    3.1. SUJEITOS DA PESQUISA

    As equipes participantes da pesquisa so formadas por alunos/atletas das

    categorias sub 13, sub 15 e sub 17 do Centro de Formao Esportiva Grmio

    Desportivo Panambi, Panambi RS. Os alunos/atletas possuem diferentes trajetrias

    de formao esportiva. A seguir, se apresentam detalhes de cada uma delas.

    3.1.1. Categoria sub 13

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    No ms de fevereiro de 2013 iniciaram-se os treinamentos com um grupo

    pequeno de mais ou menos 10 alunos/atletas, nascidos no ano de 2000, todos com

    passagens em escolinha de futebol. Dessa forma, todos os alunos contavam com

    alguma experincia no que diz respeito ao comportamento relacionado estrutura

    de organizao do futebol, como disciplina, respeito s regras, organizao

    individual, coletiva, etc.

    No decorrer do perodo que compete aos meses de fevereiro a maio, o grupo

    foi aumentando. Foram includos novos alunos/atletas e, destes, a grande maioria

    no possua experincia de escolinha de futebol, mas sim a experincia do futebol

    da escola e da rua.

    Com as atividades desenvolvidas no decorrer do ano de 2013, esse grupo foi

    se transformando em uma equipe, segundo os critrios de Weinberg e Gould (2001),

    processo esse que passa por alguns estgios. Para Weinberg e Gould (2001 p.

    171), um grupo de indivduos no forma necessariamente uma equipe. Embora

    todas as equipes sejam grupos, nem todos os grupos podem ser considerados

    equipes.

    Isso nos diz que os grupos esto em um constante crescimento, passando

    por uma srie de processos evolutivos, e o conhecimento prvio de cada indivduo

    de extrema importncia para o desenvolvimento de uma equipe. Esse processo

    evolutivo nos diz respeito a passar por quatro estgios1na sua formao.

    Atravs desses conceitos percebe-se que a equipe sub 13 vem passando

    por esses estgios de formao, sendo possvel visualizar os aspectos desses

    estgios na formao desse grupo. Os trs primeiros estgios, o de formao,

    agitao e normalizao, so importantes e tambm o estgio de atuao que est

    em processo de aplicao e estruturao.

    1[...] esses quatro estgios so: Formao: Seus membros se familiarizam com os outros membros

    de equipe. Eles se envolvem em comparaes sociais, avaliam as foras e fraquezas uns dos outros.Agitao: caracterizado por resistncia ao lder, por resistncia a controle pelo grupo e por conflitosinterpessoais. Surge uma grande resistncia emocional medida que cada membro do grupoexperimenta algum conflito devido s demandas impostas a ele. Normalizao: a hostilidade

    substituda por solidariedade e cooperao. Os conflitos so resolvidos, e forma-se um senso deunidade. Em vez de cuidar de seu bem- estar individual, os atletas trabalham juntos para alcanarobjetivos comuns. Atuao: Os membros da equipe unem-se a fim de canalizar suas energias para osucesso da equipe. (WEINBERG; GOULD, 2001 P. 171 -172)

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    Devido s vrias experincias vividas por todos os alunos/atletas em relao

    s vivncias do futebol, sendo elas em escolinhas ou nas ruas, possvel constatar

    as diferenas em relao ao comportamento ttico de cada jogador em relao ao

    jogo propriamente dito. Os alunos que vieram com experincias de escolinhas de

    futebol se comportam de maneira mais organizada, principalmente no que diz

    respeito organizao defensiva, apresentando maior facilidade em se

    posicionarem defensivamente. Estes alunos tambm apresentam certa dificuldade

    em se organizarem ofensivamente, caracterizando as aes de ataque, que por

    vezes ocorrem individualmente, mas com certa dificuldade e, quando atacam

    coletivamente, demoram a se organizar.

    J os alunos sem a experincia em escolinhas, mas com experincia do

    futebol de rua, no encontram dificuldades em atacar, usando tambm na maioria

    das vezes o ataque individualizado. So alunos/atletas que tm mais facilidades no

    drible, no confronto de um contra um, mas que encontram alguma dificuldade no

    momento de defender, no conseguem se organizar defensivamente.

    No grupo sub 13 no possvel ainda identificar os alunos/atletas com perfil

    de comando, h os que se sobressaem, mas no que diz respeito s capacidadesmotoras e cognitivas.

    Fazendo esta anlise, possvel ver nesta categoria sub 13 que todos os

    alunos/atletas trazem consigo uma experincia de vida, experincia esta vivida no

    futebol, cada um com uma concepo do que o jogo. E, reunindo todas essas

    experincias com estratgias de treino, ser possvel transformar esse grupo em

    uma equipe.

    Os alunos/atletas das equipes vermelha e amarela nesta pesquisa foram

    identificados conforme o seu posicionamento de um jogo formal 11 x 11, no

    identificando seu nomes verdicos para o teste, apresentando caractersticas

    individuais, coletivas, tticas, entre outras.

    Para tal, temos a equipe vermelha composta pelo centroavante, que um

    aluno/atleta que participa ativamente da escolinha de futebol, desde seus noves

    anos. um aluno/atleta que apresenta uma estatura maior comparada com a idade,

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    participante, mas no se envolve com o grupo, porm tem compreenso e

    capacidade em desenvolver todas as atividades aplicadas no treino.

    O centroavante um aluno/atleta que no participa muito nos treinos, desdepequeno frequentou escolinhas de futebol, um jogador que ora se envolve e ora

    no se envolve, participando quando solicitado em diversas atividades. Apresenta

    uma estatura mdia para a idade, tem compreenso e capacidade para desenvolver

    as atividades do treino.

    O meia-direita um aluno participativo, apresenta iniciativa nas aes

    dirias, bem como dentro do campo, colaborando com as atividades diversas que

    envolvem a preparao do treino e finalizao do treino (organiza o material, comobolas, cones, carrega o fardamento, entre outros). um aluno que participa a cinco

    anos de escolinhas de futebol, se apresenta como lder de grupo, tem capacidade e

    compreenso das atividades realizadas no treino.

    O goleiro um aluno/atleta no assduo nos treinos, tem uma experincia de

    dois anos de escolinhas de futebol, apresenta uma estatura mdia para a idade.

    Tem dificuldades em relao s habilidades relacionadas coordenao motora e

    tcnica, apresenta dificuldade em relacionar-se com o grupo de alunos/atletas da

    escolinha.

    J a equipe amarela composta pelo goleiro, um aluno/atleta participativo

    nos treinos, com boas habilidades tcnicas em relao mdia do grupo e da idade.

    Apresenta uma estatura corporal baixa, porte fsico franzino, relaciona-se bem com o

    grupo. Em seu histrico, este o primeiro ano de escolinha.

    Faz parte da equipe o meia-atacante, um aluno/atleta participativo nos

    treinos, com boa estatura em relao idade. Tem facilidade de driblar, boa relao

    com o grupo, e observador. Em seu histrico, este o primeiro ano de escolinha.

    O meio de campo, um aluno/atleta participativo, colabora com o andar do

    treinamento, sempre est disponvel para auxiliar nas atividades relacionadas

    organizao dos treinos. Nos jogos se apresenta participativo. Baixa estatura.

    E o atacante um aluno/atleta participativo, que colabora com o andar dotreinamento, mostra-se disponvel para auxiliar nas atividades relacionadas

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    organizao dos treinos, est sempre junto com o professor, questionando, atrs de

    informaes. Nos jogos se apresenta participativo, tem bom relacionamento com o

    grupo, baixa estatura.

    3.1.2. Categoria sub 15

    Na categoria sub 15, oitenta por cento dos atletas treina junto desde o ano

    de 2005, quando tinham apenas seis anos de idade. Do ano de 2005 at 2010, osalunos treinaram somente o futsal, sendo o grupo formado na poca por 15 atletas,

    bem homogneo desde a sua formao. O que j chamava a ateno desde o incio

    era a questo de que se reuniu por acaso um grupo de meninos com talento para o

    futsal, com capacidades motoras e cognitivas acima da mdia em relao a

    meninos de mesma idade. Esses alunos/atletas sempre demonstraram grandes

    facilidades no aprendizado do futsal, tanto tecnicamente quanto taticamente e, alm

    disso, j se identificava no grupo alguns alunos/atletas com perfil de comando.

    Essa equipe formada por alunos/atletas, todos nascidos no ano 1998,

    comeou sua trajetria em competies muito cedo. Sua primeira competio de

    futsal foi em 2006 e a ltima em 2010, sendo campe em todas as competies de

    futsal disputadas nestes cinco anos. As finais do ano de 2008 e 2009 foram

    disputadas e ganhas contra equipes nascidas no ano de 1997. Claro que ttulos no

    so indicativos para comprovar que esses alunos/atletas so melhores que os

    outros, mas, j nos d parmetros para analisarmos esta situao. Jordan, Michael,(apud WEINBERG; GOULD, 2001 p.170) fala justamente disso quando diz: Talento

    vence jogos, mas o trabalho de equipe ganha campeonatos.

    A partir do primeiro semestre do ano de 2010 houve uma grande mudana,

    esses alunos/atletas passaram a treinar o futebol de campo. Essa mudana ocorre

    devido estruturao da escolinha conforme a idade dos alunos/atletas e a

    participao em uma competio a nvel estadual de futebol de campo. Depois de

    cinco anos treinando somente futsal, eles passam a enfrentar vrias mudanas

    relacionadas ao tamanho do campo, calado, bola, a influncia do clima, a forma de

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    jogar, as posies, tamanho da goleira, nmero de jogadores, etc. Mas como se

    esperava, em pouco tempo eles superaram essas mudanas.

    Neste perodo foram entrando no grupo novos atletas, alguns ficaram, outross passaram, e com essas mudanas o grupo necessitou de reformulaes para que

    voltasse a ser uma equipe novamente. A equipe sub 15 encontra-se hoje no estgio

    de atuao que definido por Weinberg e Gould (2001, p. 172) como um estgio

    onde,

    [...] os membros da equipe unem-se a fim de canalizar suas energias para o

    sucesso da equipe. A equipe focaliza-se em resolver um problema, usandoprocessos de grupo e relacionamentos para realizar tarefas e testar novasideias. Questes estruturais foram resolvidas e os relacionamentosinterpessoais estabilizaram-se. Os papis esto bem definidos e osjogadores ajudam-se para vencer; o objetivo principal o sucesso daequipe.

    Nessa equipe sub 15 h alunos/atletas que apresentam variadas

    experincias de jogos, alguns com mais e outros com menos experincias em jogos

    e competies, Estas experincias so por participaes em competiesmunicipais, regionais, estaduais e internacionais. Somando isso com o trabalho

    desenvolvido, pode-se afirmar que temos uma equipe com um bom relacionamento

    entre si e que busca os mesmos objetivos em comum. So alunos/atletas com suas

    qualidades tcnicas e tticas bem definidas, mas no que a equipe se destaca no

    trabalho coletivo, no qual eles tm grande facilidade em se organizar, tanto

    defensivamente quanto ofensivamente.

    No jogo ofensivo a equipe se destaca pela preparao e organizao da

    jogada, com a caracterstica de inverses de bola, usando todo o campo em largura,

    com infiltrao do lateral oposto at chegar ao meio campo ofensivo, onde se

    organiza para a jogada de finalizao.

    Na defesa a equipe sem a posse da bola se organiza com facilidade

    fechando os espaos do adversrio onde joga com dez jogadores atrs da linha da

    bola, fazendo o balano dos jogadores de meio e ataque, preparando-se para

    recuperar a posse da bola.

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    Nessa equipe temos alunos/atletas com perfis diferentes, os calmos, os

    falantes, os quietos, os nervosos e os que j se identificava anos anteriores sobre os

    alunos com perfil de comando. Outro fator que devemos levar em considerao o

    momento em que eles esto passando, o de afirmao no meio social, o bombardeio

    de informaes a que eles so submetidos diariamente e a transformao fsica

    devido aos hormnios.

    Essa categoria sub 15 uma equipe excelente para se trabalhar devido

    facilidade de compreenso que eles tm daquilo que se quer, tanto em relao ao

    ensino/aprendizagem quanto ao respeito, comportamento, organizao e dedicao.

    Claro que h problemas, mas utiliza-se estes problemas para melhorar cada dia

    mais.

    A equipe amarela composta pelo goleiro, que participa de um treino

    durante a semana, devido aos estudos na parte da tarde. um aluno/atleta bem

    participativo, est sempre junto com o professor/treinador, colabora com a equipe,

    tem facilidade no relacionamento de grupo, apresenta uma estatura mdia para a

    sua idade, no possui postura de liderana. Participa de escolinhas em mdia uns 8

    anos, apresenta habilidades tcnico-tticas, com algumas habilidades motorasdeficientes. O aluno apresenta quadro clinico de hiperatividade.

    O lateral esquerdo um aluno/atleta participativo, apresenta boa relao

    com os alunos/atletas do grupo. competitivo e apresenta grande respeito os

    colegas, professores, rbitros, etc. Tem estatura mediana para a sua idade.

    Apresenta excelente habilidade tcnica, sempre prestativo com o professor e

    colegas para ajudar no que for necessrio. Desde a sua infncia participa de

    escolinhas de futebol, possvel perceber o envolvimento da famlia nos treinos enas competies.

    O meiaarmador um aluno/atleta com excelentes habilidades tcnicas e

    tticas, com uma estatura alta para a sua idade, porte fsico forte e com voz de

    comando perante o grupo. assduo nos treinos, bastante competitivo com respeito

    aos colegas, professores. Tem bom relacionamento com os colegas de grupo.

    E o centroavante um aluno/atleta que apresenta uma estatura mdia para a

    sua idade, tem boas habilidades tticas e tcnicas, bom relacionamento com o

    grupo, assduo nos treinos, participativo, tem facilidade nas finalizaes das

    jogadas.

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    J a equipe vermelha desta categoria composta pelo seu goleiro, um

    aluno/atleta que participa dos treinos uma vez por semana, devido s aulas

    escolares no turno da tarde. Apresenta uma estatura alta para a sua idade, e por

    causa disso tem algumas dificuldades motoras. No apresenta voz de comando no

    jogo e treinos, tem dificuldade em relacionar-se com o grupo num todo. Realiza

    aulas particulares no turno da manh de futebol (goleiro). Apresenta um quadro

    clinico de hiperatividade. Participa de escolinhas de futebol desde os 7 anos de

    idade.

    Pelo seu zagueiro, um aluno/atleta participativo, comunicativo, habilidoso,

    apresenta voz ativa no grande grupo e na equipe. Tem boas habilidades tticas e

    tcnicas, colabora com colegas e professor nas atividades de treino, competitivo,respeitando todos os envolvidos. Apresenta estatura mdia para a sua idade, tem

    fora e porte fsico normal para a idade. Sempre disponvel para auxiliar e

    preocupado com as situaes de treino e jogo. Participa de escolinhas de futebol

    desde 8 anos de idade.

    O volante, um aluno/atleta participativo, assduo nos treinos, com boas

    habilidades tcnicas e tticas, apresenta estatura normal para a sua idade, calmo,

    colabora com as atividades de treino e com os colegas. Tem bom relacionamentocom os colegas e professor. Participa de escolinhas de futebol desde os 9 anos.

    E o atacante, um aluno/atleta que participa dos treinos, comunicativo,

    apresenta estatura alta para a sua idade, tem bom porte fsico e velocidade. Possui

    bom relacionamento com os colegas e professor. Participa de escolinhas de futebol

    de os 9 anos de idade.

    3.1.3. Equipe sub 17

    A equipe sub 17 foi formada no incio do ano de 2013 para a disputa do

    campeonato estadual da categoria. Portanto, consistem em atletas nascidos nos

    anos de 1996 e 1997, oriundos de vrias cidades, como Panambi, Condor, Iju, Julio

    de Castilhos e um do estado do Paran.

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    Todos os alunos/atletas que compem essa equipe tem ou tiveram

    experincias de escolinhas de futebol, o que no se pode dizer como que foi esta

    passagem pelas escolinhas e quais mtodos de ensino/treino que cada

    professor/treinador utilizava para o ensino/aprendizagem desses alunos/atletas.

    O que se pode dizer que essa equipe foi formada no incio pelas

    capacidades e habilidades individuais de cada um; alguns alunos/atletas j

    conhecidos, outros vieram por indicao. Montada a equipe, foi possvel identificar

    no decorrer dos treinos que ela era dividida em duas; um grupo defensivo com

    jogadores de menos qualidade tcnica, mas bons marcadores, e o ataque com

    jogadores habilidosos, mas com deficincia na marcao, tendo ainda dois

    jogadores de ataque com o perfil de segurar a bola procurando primeiro dar drible noadversrio para depois jogar com o companheiro.

    Alm de serem alunos/atletas que j tiveram passagem por escolinhas de

    futebol, identificou-se no grupo alunos/atletas com mais experincia de jogo do que

    outros. Outro detalhe que chamou a ateno diz respeito ao empenho, dedicao,

    ao foco no objetivo, que ficou alm do esperado. Estes atletas selecionados para o

    teste obedeceram aos critrios da assiduidade, empenho nos treinos e qualidades

    tcnicas e tticas individuais e coletivas.Psiclogos chamam essas situaes de ociosidade social, fenmeno no qual

    indivduos dentro de um grupo ou de uma equipe aplicam menos de 100% de

    esforo devido a perdas na motivao. (Weinberg e Gould, 2001 p. 183).

    Para o sucesso da equipe cada atleta deve assumir a responsabilidade de

    dar o mximo dentro de seus limites, tanto fsico, tcnico e de conhecimento

    relacionados a aes tticas e estratgias de jogo, no esperando que seu

    companheiro de equipe v se responsabilizar por tudo.Pode-se considerar essa categoria sub 17 como um grupo, e no como uma

    equipe, pois era notvel que no grupo havia alunos/atletas que no tinham os

    mesmos objetivos e ambies.

    Nesse sentido, foi possvel observar o comportamento de jogadores de

    equipe sub 13, sub 15 e sub 17 que frequentam as categorias de base do Centro de

    Formao Esportiva no Grmio Desportivo Panambi, sendo participantes na coleta

    de dados.

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    3.2. COLETA DE DADOS

    As anlises tericas e crticas so um projeto prvio necessrio para a

    compreenso de qualquer pesquisa, fornecendo subsdios para o saber acadmicoe prtico. Para obter os resultados da pesquisa, utilizou-se como instrumento de

    coleta e anlise dos dados com a aplicao do teste GR3 x 3GR desenvolvido na

    Universidade do Porto (Costa et al. 2009).

    O teste tem como objetivo avaliar as aes tticas executadas pelos

    jogadores com posse de bola de acordo com os cinco princpios tticos

    fundamentais do jogo de futebol. (Costa et al, 2010, p. 142).Segundo Costa et al

    (2009, p. 42), este teste [...]aplicado em um campo de futebol com as dimensesde 36 m de comprimento por 27 m de largura, durante 4 min de jogo. O teste GR3 x

    3GR permite avaliar as aes tticas desempenhadas por cada um dos jogadores

    participantes.

    Figura 2Desenho representativo do teste GR 3 x 3 GRFonte: Costa et al (2009, p. 43)

    Este teste GR3 x 3GR conforme Costa et al (2010) consiste em duas equipes

    de quatro atletas sendo um goleiro e trs jogadores de linha, onde jogam entre si

    durante quatro minutos de bola rolando. As dimenses do terreno do campo usadas

    neste teste foram calculadas com base nas medidas do campo de futebol.

    Recomendadas pela International Football Association Board e no clculo e

    proporo entre o espao de jogo e nmero de jogadores de linha.

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    A coleta de dados concedeu-se no CFE- GDP Panambi - RS, os jogadores

    foram organizados aleatoriamente em equipes, recendo informaes sobre o

    objetivo do teste. Foram concedidos aos jogadores 30 segundos de familiarizao

    do jogo.

    Conforme Costa et al (2009), a quantidade de tempo foi estabelecida atravs

    de um estudo piloto no qual se verificou que quatro minutos, comparativamente com

    o tempo de durao de at oito minutos, seriam suficientes para que todos os

    jogadores realizassem aes relacionadas com todos os princpios tticos a serem

    avaliados pelo instrumento de observao.

    O quadro 1 abaixo citado por Costa et al (2010) servir como referncia paraa analise ttica, tornando-se um instrumento de observao do teste GR3- 3GR.

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    Figura 3Quadro de variveis, referncias espaciais, aes tticas e indicadores deperformance do Instrumento de avaliao do teste

    Fonte: Costa et al(2010, 85

    Na Fig. 4, o quadro abaixo citado por Costa et al(2011) indicar variveis

    latentes, que serviram para avaliao do comportamento ttico dos jogadores de

    futebol.

    Figura 4 Quadro de categorias, subcategorias, variveis latentes e definies utilizadas paraa avaliao do comportamento ttico de jogadores de futebolFonte: Costa et al(2011, p.515)

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    O quadro demonstrado na Fig. 5 abaixo, citado por Costa et al(2011), indicar

    variveis latentes e variveis observadas, relacionados aos princpios tticos

    fundamentais do futebol.

    Figura 5 - Categorias, sub categorias, variveis latentes e variveis observadas, relacionadosaos Principios tticos fundamentais do futebol.

    Fonte: Costa et al(2011, p. 517)

    A realizao do estudo teve trs meses de pesquisa, envolvendo trs etapas.

    A primeira etapa foi de preparao dos aspectos para anlise no qual foi recolhido

    material bibliogrfico como livros e pesquisas na internet; a segunda etapa foi da

    realizao das filmagens do teste GR3 x 3GR; e a terceira etapa compreendeu aanlise da filmagem, observando os aspectos estudados na primeira etapa.

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    4. APRESENTAO DOS DADOS

    A apresentao e discusso dos dados busca a confirmao na prtica das

    aes do teste GR 3 x 3 GR. Para tal, as filmagens foram realizadas com o intuito de

    obter, de forma comparativa, os comportamentos tticos que os alunos/atletas

    apresentam na situao de campo reduzido, que conforme os dados do teste

    indicam o campo com os tamanhos de 36 m de comprimento por 27 m de largura.

    Essa avaliao/anlise dos comportamentos tticos tem a finalidade de verificar as

    aes tticas dos alunos/atletas desenvolvidas durante o jogo de futebol.

    Na realizao da anlise, os vdeos foram visualizados em um total de 60

    vezes, nas quais 20 vezes para a equipe sub 13, 20 vezes para a equipe sub 15 e

    20 vezes para a equipe sub 17. As visualizaes foram subdivididas nos princpios

    tticos, e cada princpio foi analisado quatro vezes, sendo uma vez assistindo ao

    vdeo sem fazer pausa, nas outras trs vezes realizando pausa, a fim de analisar e

    anotar os aspectos do estudo.

    Com estes procedimentos, possvel descrever abaixo as anlises referentes

    aos vdeos assistidos. Na tabela abaixo, observa-se a soma de todas as aestticas relacionadas aos cinco princpios tticos ofensivos, observando a diviso das

    equipes nas categorias sub 13, sub 15 e sub 17.

    Tabela1. Aes tticas em funo dos princpios tticos

    Princpios Equipesub 13

    Equipesub 15

    Equipesub 17

    N de aes N de aes N de aesPenetrao 10 17 12Coberturaofensiva

    28 46 31

    Mobilidade 06 13 04Espao 05 12 09Unidade ofensiva 06 13 11Total das aes 55 101 67

    Fonte: Dados da Pesquisa. Dessbesell, Mario. 2014

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    Na tabela 1 pode-se observar a frequncia com que cada princpio ttico

    ofensivo foi executado por cada uma das equipes. Foram analisadas duzentos e

    vinte e trs aes tticas do princpio ttico ofensivo desempenhado pelos jogadores

    das categorias de base sub 17, sub 15 e sub 13 do Centro de Formao Esportiva

    Grmio Desportivo PanambiCFE GDP.

    Deste total de aes, sessenta e sete foram realizadas pela equipe sub 17,

    cento e uma aes pela equipe sub 15 e cinquenta e cinco aes pela equipe sub

    13. No foram somadas neste estudo, as aes relativas reposio de bola do

    goleiro e reposio de bola de linha lateral. Se analisados isoladamente as aes

    tticas, desenvolvida pelos alunos/atletas em cada principio ttico, pode-se perceber

    que a equipe sub 15 leva vantagem em relao s aes tticas sobre as equipes

    sub 17 e sub 13 em todos os princpios tticos.

    Com o intuito de analisar e descrever as aes dos cinco princpios tticos

    ofensivos de cada categoria, nos grficos a seguir ser apresentado o comparativo

    dos cinco princpios tticos ofensivos analisados no teste GR 3 X 3 GR.

    4.1. PENETRAO

    Tendo como referncia Costa et al(2010, p.451), abordamos o conceito de

    penetrao, que indica a,

    Conduo da bola pelo espao disponvel (com ou sem defensores frente). Conduo de bola em direo linha de fundo ou ao gol adversrio. Realizao de dribles que coloquem a equipe em superioridadenumrica em ao de ataque. Realizao de dribles que propiciem condies favorveis a umpasse/assistncia para o companheiro dar sequncia ao jogo. (Costa et al2010, p.451)

    No grfico a seguir, percebemos os indicativos do princpio ttico da

    penetrao nas trs categorias.

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    Grfico 1 - PenetraoFonte: Dados da Pesquisa. Dessbesell, Mario. 2014

    No grfico 1 pode-se observar que a equipe sub 15 leva vantagem sobre as

    equipes sub 17 e sub 13 em relao ao ttica de penetrao, onde a equipe sub

    15 demonstrou ter uma maior conduo de bola no jogo, com dribles que

    possibilitaram condies de passe/assistncia para o companheiro dar sequencia ao

    jogo e realizao de dribles que coloquem a equipe de superioridade numrica. J

    as equipes sub 13 e sub 17 se equivalem nas aes, ficando abaixo das aes

    desenvolvidas pela categoria sub 15.

    4.2. COBERTURA OFENSIVA

    Para Costa et al(2010), a cobertura ofensiva indica:

    Disponibilizao de linhas de passe ao portador da bola. Realizao de tabelas e/ou triangulaes com o portador da bola. Apoios prximos ao portador da bola que permitem manter a posseda bola. Apoios prximos ao portador da bola que permitem assegurarsuperioridade numrica ofensiva. (Costa et al2010, p.451)

    No grfico a seguir, percebemos os indicativos do princpio ttico da cobertura

    ofensiva nas trs categorias.

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    PENETRAO

    SUB 13

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    Grfico 2 - Cobertura ofensivaFonte: Dados da Pesquisa. Dessbesell, Mario. 2014

    No grfico 2 pode-se observar que a equipe sub 15 leva vantagem sobre as

    equipes sub 17 e sub 13 em relao ao ttica de cobertura ofensiva. A equipe

    sub 15 demonstrou maior criao de linhas de passe possibilitando manter a posse

    de bola atravs de tabelas e triangulaes, consequentemente dando apoio ao

    portador da bola para permitir a superioridade numrica ofensiva. A ao de

    cobertura de ofensiva foi a ao em que as equipes tiveram os melhores resultados.

    A categoria sub 15 teve quase que a metade de suas aes relacionadas

    cobertura ofensiva sendo igual para a categoria sub 13 e sub 17, mas a categoria

    sub 17 foi melhor no desempenho dessa ao.

    4.3. MOBILIDADE

    Conforme Costa et al(2010), a mobilidade indica:

    Movimentaes em profundidade ou em largura, nas costas do

    ultimo defensor em direo linha de fundo ou ao gol adversrio.

    Movimentaes em profundidade ou em largura, nas costas doultimo defensor que visem ganho de espao ofensivo.

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    COBERTURA OFENSIVA

    SUB 13

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    Movimentaes em profundidade ou em largura, nas costas doultimo defensor que propiciem receber a bola. Movimentaes em profundidade ou em largura, nas costas doultimo defensor que visem criao de oportunidades para a sequencia dojogo. (Costa et al2010, p.451)

    No grfico a seguir, percebemos os indicativos do princpio ttico da

    mobilidade nas trs categorias:

    Grfico 3- MobilidadeFonte: Dados da Pesquisa. Dessbesell, Mario. 2014

    No grfico 3 possvel observar que a equipe sub 15 leva grande vantagem

    sobre as equipes sub 13 e sub 17 em relao ao ttica de mobilidade. Tambm

    pode-se observar que a equipe sub 13 da mesma forma superou a equipe sub 17

    nesse quesito.

    A equipe sub 15 demonstrou maior movimentao nas costas do ltimo

    defensor, possibilitando ganho de espao ofensivo, propiciando receber a bola para

    dar sequncia ofensiva ao jogo. J a categoria sub 17 teve seu desempenho em

    relao movimentao nas costas do ltimo defensor, possibilitando ganho de

    espao ofensivo, propiciando receber a bola para dar sequncia ofensiva ao jogo

    inferior a categoria sub 13. A ao de mobilidade foi o princpio ttico em que

    superou a categoria sub 13 superou a categoria sub 17.

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    MOBILIDADE

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    4.4. ESPAO

    De acordo com Costa et al(2010, p.451), o espao indica:

    Movimentao de ampliao do espao de jogo que propiciemsuperioridade numrica no ataque. Movimentaes que permitem (re)iniciar o processo ofensivo emzonas distantes daquela onde ocorreu a recuperao da posse da bola. Busca por espaos no ocupados pelos adversrios no campo dejogo. Drible ou conduo para trs/linha lateral que permitem diminuir a

    presso adversria sobre a bola. (Costa et al2010, p.451).

    No grfico a seguir, percebemos os indicativos do princpio ttico do espao

    nas trs categorias.

    Grfico 4 - EspaoFonte: Dados da Pesquisa. Dessbesell, Mario. 2014

    No grfico 4 nota-se que a equipe sub 15 tem vantagem sobre as equipes sub

    13 e sub 17 em relao ao ttica de espao. A equipe sub 15 demonstrou maior

    movimentao em busca pelo espao no ocupado pelo adversrio, propiciandosuperioridade numrica no ataque e com constantes condues e dribles que

    permitiram o (re)incio do processo ofensivo. A ao de espao foi a ao que a

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    equipe sub 13 menos criou demonstrando dificuldades nessa ao, j para a

    categoria sub 17 foi uma das aes em que mais se aproximou da categoria sub 15.

    4.5. UNIDADE OFENSIVA

    Afirmam Costa et al(2010, p.451) que a unidade ofensiva indica:

    Avano da ltima linha de defesa, permitindo que a equipe jogue embloco. Avano dos jogadores da defesa propiciando que mais companheirosparticipem das aes no centro de jogo. Sada da linha de defesa dos setores defensivos e aproximao damesma. Linha a linha de meio-campo. Movimentao dos laterais em direo ao corredor central quando asaes do jogo so desenvolvidas no lado oposto. (Costa et al2010, p.451).

    No grfico a seguir, percebemos os indicativos do princpio ttico da unidade

    ofensiva nas trs categorias.

    Grfico5 Unidade ofensivaFonte: Dados da Pesquisa. Dessbesell, Mario. 2014

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    UNIDADE OFENSIVA

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    No grfico 5, visualiza-se que a equipe sub 15 e sub 17 tm praticamente o

    mesmo aproveitamento dessa ao ttica e que a equipe sub 13 est bem abaixo no

    aproveitamento desta ao. As equipes sub 15 e sub 17 demonstram maior

    incidncia de sadas da linha de defesa para maior participao das aes no centro

    do jogo, e com os laterais opostos participando do jogo com movimentaes em

    direo ao corredor central.

    4.6. ANLISE IDADE E EXPERINCIA

    Os alunos/atletas da categoria sub 13 so todos nascidos no ano 2000. H na

    equipe os com mais experincia no futebol e os com menos experincia, mas no

    possvel precisar quanto tempo. Os que tm mais experincia vm mais ou menos

    uns cinco anos de um processo de ensino/aprendizagem em escolinhas de futebol e

    o que se supe que os de