Exegese Por Samuel Leitzke

download Exegese Por Samuel Leitzke

of 33

Transcript of Exegese Por Samuel Leitzke

ANLISE EXEGTICA DE FILIPENSES 1.1-6 Samuel Leitzke I. A PROPOSTA E METODOLOGIA DA ANLISE EXEGTICA O presente artigo apresenta um estudo exegtico do texto bblico de Filipenses 1.1-6. Para o desempenho desta tarefa, adota-se uma metodologia que visa de maneira criteriosa averiguaodorealsentidodoescritoaseranalisado.Umasriedepassoscientficos contemplada.Inicia-secomasbuscaspelaautoriadotexto,dataelocaldaescritaeestudo acercadosdestinatrios.Depoisdisso,realizadaatraduodapercope,tendoporbaseo escrito original grego (Coin). Estas etapas so seguidas pelo trabalho de crtica textual e pela anlise do conjunto onde o texto objeto deste estudo est inserido. D-se uma nfase especial noscontextosliterrioevivencial.Aps,parte-seanlisedosdetalhes,ondesealmejaa verificaodaestruturadoescrito(coeso,paralelismos,antteses...).Nestemesmo momento,efetuadoumexameaprimoradodostermosrelevantesdestapercope.Porfim, busca-seextrairasnteseteolgicadotrechoestudado,visandocomissosuaatualizao atravs de um esboo homiltico. II. QUESTES INTRODUTRIAS 1. Autoria SamuelLeitzkeestudantedo4.SemestredocursodebachareladoemTeologiadaFaculdadeLuteranade Teologia FLT. A presente anlise exegtica representa uma verso levemente modificada do trabalho entregue nocontextodadisciplinaMtodosExegticosdoNT,quefazpartedainiciaocientficarealizadanaFLT. Para publicao na forma deste artigo, no foramfeitas alteraes no estilo cientfico da redao do trabalho, o que deixa transparecer o Sitz im Leben original desta anlise exegtica na academia. 2A carta aos Filipenses possivelmente foi escrita por Paulo (vide Fp 1.1), uma vez que sevoseuestilo(paulino)expressonaredaodoautor.1Oquesedeveconsiderar,que existe uma sria discusso acerca da unidade desta epstola. O fundamento desses estudos so as trocas de tema, tom e situao no transcorrer do texto. Desta forma, existem pesquisadores quedividemaunidadedeFilipensesemduasoutrscartasqueteriamsidoartificialmente reunidasemumnicocorpo.2SegundoKmmel,adivisocronolgicapropostaadeque os textos encontrados em Fp 4.10-20 ou 4.10-23 comporiam uma epstola de agradecimento escrita logo depois da chegada de Epafrodito, Fp 1.1-3.1, seria visto como uma segunda carta redigidaapsorestabelecimentodomesmo,efinalmente,Fp3.1-4.3ou3.1-4.9,teriasido lavradaapsPauloreceberalgumasnovasinformaes.Deve-se,pormressaltar,que existemopiniesdequeestacartanosejatodadeautoriadePaulo.Osdefensoresdesta opiniodizemqueemFp2.6-11setratadeumhinopr-paulino,tomadopeloApstoloe incorporado sua carta.Tambm se discute acerca de Fp 3.2-4.1, cuja escrita considerada detomdiferenciadoaorestantedolivro.J.Weiss,concluiqueporessemotivo,estetrecho possivelmente seja de outra carta paulina e que por acidente, veio a fazer parte da epstola aos Filipenses.3 2. Data e Local Fica claro, ao longo da carta, que quando Paulo a escreveu, estava preso (1.7, 13, 17), pormnadasabemosdalocalizaodapriso.Sabe-sequeoapstoloestevecativoem Cesariapordoisanos(At23.33;24.27)etambmemRoma(At28.16).Calcula-se, entretanto que esteve mais vezes preso do que temos conhecimento pelolivro de Atos (2Co 11.23).Clementecitaseteprises(1Clem5.6),masnosesabeemqualdelaseleestava quando escreveu aos filipenses.4 Embora nada se mencione de claro, tradicionalmente considera-se Roma como o local deorigem.5Emvriasocasiesassituaesparecemharmonizar-se.Comoporexemplo:a referncia guarda pretoriana (1.13); a casa deCsar (4.22); as condies de coordenar o trabalho,enviandoTimteoeEpafrodito,seharmonizamcomascondiesdepriso 1 CARSON, D. A., MOO, Douglas J., MORRIS, Leon. Introduo ao Novo Testamento. 1 ed. So Paulo: Vida Nova, 1997, p. 350-351. 2 SCHKEL, Lus Alonso. Bblia do Peregrino Novo Testamento. 2 ed. So Paulo: Paulus, 2000, p. 575. 3 MARTIN, Ralph P. Filipenses introduo e comentrio.So Paulo: Vida Nova, p. 23. 4 CARSON, D. A., MOO, Douglas J., MORRIS, Leon, op. cit., p. 351. 5DefendemaorigemdacartaemRoma:BOOR,MACKENZIE,WITHERINGTON,HENDRIKSENe BARTH. 3domiciliar que Paulo estava submetido; o prlogo marcionita;6 a idia da carta de que Paulo situava-se em uma igreja forte;7 e tambm as semelhanas lingsticas entre esta epstola e a destinada aos romanos.8 Uma objeo a ser feita, seria o fato de Filipos ficar a cerca de 1900 quilmetros de Roma,9oquedificultariaasmuitasviagensaseremfeitas:anotciadaprisodePaulo, Epafroditolevandoospresentes(2.25),notciadadoenadeEpafroditoemaisumaparaa notcia da preocupao dos filipenses chegar ao enfermo. Outro problema, que Paulo deixa clarasuaintenodeiraFilipos,casofossesolto.Porm,nacartaaosRomanosele mencionaquepretendiairEspanhadepoisdeterestadoentreeles(Rm15.24,28).As viagenspressupostasentreolocaldaescritaeFilipos,tantoaguardapretoriana,quantoos servosdeCsarpodemserencontradostambmemoutrascidadesdoImprio,estes argumentos fazem com que diversos pesquisadores levantem a hiptese de feso ser o local da escrita.10 Pode-se ainda citar que a situao ameaadora (1.20-23, 30; 2.17), no combina com os seus privilgios na priso de Roma.11 SefosseconsiderarrealmenteRomacomoolocaldeorigem,aindapermaneceriaa questo,sefoinoincioounofimdoperododeseucativeiro.Asopiniesnestaparteso bastantedivididas,existembonsargumentosparaambososlados.Otemponecessriopara as viagens j haverem sido realizadas, um argumento de bom peso para defender a escrita tardia da epstola. Mas nada de concreto pode ser sentenciado.12 Pode-se citar Cesaria como uma terceira opo.13 Quantoa Cesaria, sabe-se que o apstolo ficou preso alipor dois anos (At 24.27) e o pretrio bem poderia ser o deHerodes (At23.25).Entretanto,comoemRoma,tem-seomesmoproblemadadistncia;portanto, nada indica que esta igreja era forte, o que vai contra a idia da carta. Nada se sabe ao certo sobreumaprisoemfeso,massesabedasmuitasprisesnocitadas,eaafirmaode 6 Cf. Subscriptio em Nestl-Aland. 7 CARSON, D. A., MOO, Douglas J., MORRIS, Leon, op. cit., p. 351-352. 8MARTIN,RalphP.,op.cit.,p.49.AindaarrolamosmesmosargumentosafavordeRoma:KMMEL, WernerG.IntroduoaoNovoTestamento.3ed.SoPaulo:Paulus,2004,p.422-423.BOOR,Wernerde. CartasaosEfsios,FilipenseseColossensesComentrioEsperana.Curitiba:Esperana,2006,p.164-166. WITHERINGTONIII,Ben. HistriaeHistriasdoNovoTestamento.SoPaulo:Vida Nova,2005, p.70-71. HENDRIKSEN,William.EfsioseFilipenses:ComentriodoNovoTestamento.2ed.SoPaulo:Cultura Crist, 2005, p. 376-378. BARTH, Gerhard. Carta aos Filipenses.So Leopoldo: Sinodal,1983, p. 7-8. 9 CARSON, D. A., MOO, Douglas J., MORRIS, Leon, op. cit., p. 352. 10CARSON,D.A.,MOO,DouglasJ.,MORRIS,Leon,op.cit.,p.352;SHEDD,RussellP.Alegrai-vosno Senhor, So Paulo: Vida Nova, 1984,p. 10-12; SHEDD, Russel P. et al. Epstolas da Priso. So Paulo: Vida Nova, 2005, p. 79-81; KMMEL, Werner G., op. cit, p. 431-432; MARTIN, Ralph P, op. cit., p. 61-69. 11 MARTIN, Ralph P., op. cit., p. 52. 12 MARTIN, Ralph P., op. cit., p. 49. 13 Para esta opo vide: MARTIN, Ralph P. Epstola aos Filipenses. in: J. D. DOUGLAS,Novo dicionrio da Bblia.2ed.SoPaulo:p.624-627;RalphP.MARTIN,op.cit.,p.58-60;D.A.CARSON,op.cit.,p.353; KMMEL, Werner G., op. cit. , p. 428. 4Paulo,dequeteriapassadoporapurosnestacidade(1Co15.32),queficavaprximade Filipos.Asviagensseriampossveis,eattalvezestivessemmencionadasquandoPaulo enviaTimteoaMacednia(At19.22)equando eleprpriovaidefesoparal(At20.1). Inscries tambm mostram que uma guarda pretoriana estava em feso. Representantes do imperador que estavam em feso podem muito bem ser quem Paulo tem em mente quando se refere aos Santos da casa de Csar (4.22).14 EntretantoapartirdeFp2.19-30entende-sequeseriamnecessriasduasviagens entre o local da escrita e Filipos. Primeiro Epafrodito vai a Filipos (v. 25), aps ele retorna e adoecemortalmente(v.27),ummensageirovaiaFiliposeinformasobreadoenade EpafroditoeretornaaPaulo(v.26).SeforconsideradaadistnciaentreRomaeFilipos,o tempodeviagemeotempoquePaulopassounaprisoemRoma,oargumentoafavorde Roma, possui consistncia para ser acatado. A data depende do local de origem.15Se em Roma, atribui-se uma data prxima ao fim da vida de Paulo, se em Cesaria, um pouco antes, se em feso, alguns anos antes ainda. Nada de mais especfico pode ser afirmado do que o fim da dcada de 50 e incio da de 60. 3. Destinatrios Pode-seafirmarqueaEpstolaaosFilipensesforadestinadacomunidadesituada na cidade de Filipos, que tem o nome proveniente do seu fundador, o rei macednio Felipe II(382-336a.C.),16paideAlexandreMagno(356-323a.C.).17Foi18elequemfirmouas basesdaexpansohelnicarealizadaporseufilho.Nossculosseguintes,arotadeMarco Antnio,foradaporOtaviano(nabatalhadeActius31a.C.)estabeleceunolocaluma colniamilitar,quegarantiuprivilgiosparaseuscidados.19Filiposeraumadascidades maisinfluentesdodistritoeprovavelmentedesenvolveucertarivalidadecomacapital Tessalnica,dadasuaimportnciaestratgicaecondiescivis.20Eraumaprsperacolnia romana, e isso significa que os cidados de Filipos eram tambm cidados da prpria Roma. Seu progresso econmico e trnsito intenso eram devidos, acima de tudo, por sua localizao 14 CARSON, D. A.,op. cit., p. 354. 15 A respeito da datao arrolamos a seguinte literatura consultada: WITHERINGTON III, Ben., op. cit. , p. 71; KMMEL,WernerG.,op.cit.,p.433;D.A.CARSON.,op.cit.,p.355;MARTIN,RalphP.,Epstolaaos Filipenses,in:J.D.DOUGLAS,NovodicionriodaBblia,2ed.SoPaulo:p.624-627,p.624;BARTH, Gerhard. Carta aos Filipenses. So Leopoldo: Sinodal, 1983, p. 8. 16 A incluso das datas um acrscimo do exegeta dentro da citao. 17 Idem ao anterior. 18 BARTH, Gerhard, op. cit., p.5. 19 GUTHRIE, Donald. New Testament Introduction. Illinois: Inter-Vartsity-Press, p. 523. 20Cf.em:HARRISON,Heveset.IntroducinalNuevoTestamento.GrandRapids:SubcomisinLiteratura Cristiana de la Iglesia Cristiana reformada, p. 338. 5na Via Egnatia, uma estrada que ligava as regies leste-oeste do imprio com Roma. Devido grandecirculaodosmaisdiferentestiposdepessoaseculturas,constatava-seum acentuadosincretismoreligiosoque,certamente,afetouavidacomunitriadestaigreja primitiva. Provavelmentehaviapoucosjudeusnacidade,apontodesequerencheremuma sinagoga.Haviaumlocaldereuniodeoraopraticamentemargemdacidade,aondese encontravampredominantementemulheresestefoiolocalondePauloplantouaprimeira sementedoEvangelho(At16.23).OrelatobblicotambmrevelaqueSilasvisitouesta comunidade (At 18.5). provvel que oapstolo tenha chegado aFilipos por volta dosanos 49/50, e sua procednciaanteriorprovavelmenteteriasidoTrade.EmAt16.6-10nosrelatadoque PaulohaviatidoumavisoqueochamaraparaaMacednia,eemAt16.13-40setema narraodafundaodareferidacomunidade(FiliposfoiaprimeiracidadeondePaulo fundou uma igreja crist). Nas palavras de Gundry: A comunidade de Filipos foi a favorita de Paulo e a carta mais pessoal que ele escreveu a uma igreja local.21 Entre os membros destaigrejatemosLydiaesuafamlia(cf.episdiorelatadoemAt16.11-15),afamliado carcereiro (cf. episdio em At.16.27-34), alm dos que so citados nominalmente na carta aos Filipenses:Epafrodito,Evdia,SyntiqueeClemente.Provavelmenteeramgentios convertidos, pois Paulo refere-se a eles, destacando a caracterstica circuncidados (3.3). Deduz-sequeprovavelmentePauloostinhamaiscomoamigosdoqueumamera comunidadecrist.NonosrelatadooquantooapstoloesteveemFilipos,contudo pressupe-sequefoimuitotempo.22Porfim,maistardeprudentesepensarquePaulo tenhapassadomaisduasoutrsvezespelacomunidade,combasenostextos1Co16.5ss; 2Co2.13e7.5;At20.6.WilliamHendriksensalientaqueaEpstolaaosFilipensessem dvida o primeiro reconhecimento escrito, parecendo estar implcito em Fp 4.10-18.23 Contudo,existeumaquestoemdestaqueconcernenteintegridadedacarta,ou seja,quantoinvestigaosobreseacartatoda,comoatemoshoje,pertenceu originalmente ao documento enviado por Paulo aos filipenses.24 Existem argumentos tanto contrrioscomoafavordatese,dentreosquaisdestacamososseguintes:(1)Policarpo escreve uma carta sobre Paulo dizendo: ele (Paulo)25 escreveu cartas pelas quais, se vs as 21 GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 2005, p. 351. 22 BOOR, Werner de. Die Briefe des Paulus an die Philipper und an die Kolosser Vol. 12, p. 23. 23 HENDRIKSEN, William. Exposio de Filipenses. So Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992. 24 MARTIN, Ralph P., op. cit., p. 23. 25 Insero intencional do autor da exegese. 6estudardes;26(2)Umaprimeiracesuraencontradaentre3.1e3.2;(3)Entre3.2-4.3 extinguem-se os relatos acerca da priso de Paulo; (4) O trecho 4.10-20 parece constituir uma unidade coesa em si mesma; (5) Os trechos 4.4-7 e 4.8-9 parecem constituir duas finalizaes (despedidas)paulinasdistintasentresi;(6)Otrecho4.4seligaperfeitamenteao3.1,em semelhanadeperfeitacontinuidade.Contrariamentesediz27/28:(1)Estasjustaposies pressupemaeliminaodesaudaes,endereos,despedidasettulos;(2)Emoutras epstolasPaulotambmapresentamudanabruscaemseuestilo(Rm16.17ss;1Co15.58); (3)Asvriasexpressesdocaptulo4queindicamconclusonosignificamquequalquer uma delas tenha sido usada com esta inteno; (4) As cartas de que Policarpo faz meno no necessariamente tenham sido combinadas entre si. Portanto, conclu-se que, mesmo sendo composta por uma compilao de cartas (2 ou 3), todas as referidas partes eram destinadasaFilipos,29 tal como tambm o atestaa prpria saudao inicial:.:tcse:et: sat etase|et:.30 O problema, portanto, recai sobre o local e a data da escrita. III. TRADUO E CRTICA TEXTUAL31 1Eaue: sat Tt+e).e: eeuet Xctceu `Inceu :act| et: avtet: .| Xctca`Inceu et: euct| .| 1tt::et: cu| .:tcse:et:32 sat etase|et:, 26 MARTIN, Ralph P., op. cit. (cf. Fil. 3.2), p.24. 27 Argumentos (1, 2 e 3) defendidos por: KMMEL, Werner G., op. cit., p. 435-438. 28 Argumentos (4, 5 e 6) defendidos por: CARSON, D. A., MOO, Douglas J., MORRIS, Leon., op. cit., p.360. 29 OutrosPais da Igreja comprovam os destinatrios como sendo os filipenses, tais como: Tertuliano, Irineu, Clemente de Alexandria e Incio. Cf. em: CRABTREE, A. R. Introduo ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Casa Publicadora, 1943, p. 248-249. 30 WEINGARTNER, Lindolfo.Em Dilogo com a Bblia Filipenses. Curitiba: Encontro, 2002, p. 09. 31Paraotrabalhodetraduoecrticatextual,foramutilizadososseguinteslivros:NESTLE,Eberhardet Erwin.,ALAND,BarbaraetKurt.NovumTestamentumGreace.Stuttgart:DeutscheBibelgesellschaft,2001;FRIBERG,Barbara&Timothy.ONovoTestamentoGregoAnaltico.SoPaulo:VidaNova,1987. SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. Coin Pequena Gramtica do Grego Neotestamentrio. 8 ed. CEIBEL: Minas Gerais, 1998. GINGRICH, F. Wilbur., DANKER,Frederick W. Lxico do N.T. Grego / Portugus. So Paulo: Vida Nova, 1984. RUSCONI, Carlo. Dicionrio do Grego do Novo Testamento. 2 ed. So Paulo: Vida Nova, 2005. RIENECKER, Fritz., ROGERS, Cleon. Chave Lingstica do Novo Testamento Grego. So Paulo: VidaNova,1985;WEGNER,Uwe.ExegesedoNovoTestamentoManualdeMetodologia.2ed.So Leopoldo: Sinodal / So Paulo: Paulus, 2001; PAROSCHI, Wilson. Crtica Textual do Novo Testamento. 2 ed. So Paulo: Vida Nova, 1999. 32 A expresso cu| .:tcse:et: substituda por cu|.:tcse:et: em alguns manuscritos, tais como B D K Pvid075.33.1241s.1739.1881alr;Casspt.Aoolhar-seapalavracu|.:tcse:et:saltaaosolhosa possibilidade de se tratar de uma contrao dos termos cu| .:tcse:et:. Ao se considerar essa possibilidade, 7PauloeTimteo,servosdeCristoJesus,atodosossantosemCristoJesus,queestoem Filipos com os Bispos e Diconos, 2act: u+t| sat .tcn|n a:e ).eu :ace: n+a| sat sucteu `Inceu Xctceu. graa e paz a vs de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. 3Euactca a ).a33 +eu .:t :acn n +|.ta u+a| Dou graas ao meu Deus por toda a recordao (que tenho) de vs 4:a|e. .| :acn e.nc.t +eu u:.c :a|a| u+a|, +.a aca:34 n| e. nct| :eteu+.|e:, sempre em toda minha petio em favor de vs, com alegria a fao, 5.:t n set|a|ta u+a| .t: e .uavv.te| a:e n:35 :can: n+.ca: act eu |u|,

surge alguns questionamentos, tais como o porqu da contrao no contemplar a totalidade das duas palavras. Teriamoscopistasrealizadoumajunodepalavrasporerro?Almdomais,percebe-sequeseest trabalhandocomumvocbulo(cu|.:tcse:et:)quenopossuitraduopossvelnalnguaportuguesa. Diantedetalsituao,toma-seaposiodeoptarpelotextodeNestle-Aland,umavezqueasevidncias mostramqueaocorrnciadotermocu|.:tcse:et: estlimitadaaalgunspoucosmanuscritosconsiderados como testemunhas consistentes de primeira ordem, relacionados carta de Filipenses (cf. p. 60 do GNT). Dentre eles encontramos B, D (porm ambos com correes posteriores), 075, 1739 e 1881. 33NolugardeEuactcaa).a +euencontra-seavariante.va+.|.u.asuctan+a| testemunhadaporD* FGb;AmbstCasspt .Sugerem-se,nosescritosjcitados,asubstituiodaexpresso DougraasaomeuDeusporEucertamenteagradeoaonossoSenhor.Curiosamente,v-seapresena do vocbulo .u. na expresso suscetvel de alterao. Porm, o termo .u. no passa de uma mera abreviao realizadapeloscopistas,dapalavra.uactca,umavezquenoencontra-senalnguagrega(coin)uma traduo possvel para .u. A principal alterao trazida pela sugesto de substituio apresentada, diz respeito maneira como Paulo se direciona comunidade de Filipos. No texto de Nestle-Aland, o Apstolo diz que d graas ao seu Deus por toda a recordao que possua em relao ao povo daquela cidade, enquanto que no texto sugeridoparasubstituio,elefalaquelaspessoasrelatandoquegratoaonossoSenhor,ouseja,peloseu Senhor que o mesmo dos habitantes de Filipos aos quais estaria direcionando aquela epstola. Ao verificar-se o contexto em que este verso est includo, percebe-se que Paulo referia-se, sim, ao seu Senhor que era o mesmo Senhordosdestinatriosdacarta,razopelaqualsevque,emboraaexpressoapareatestemunhadaem algumasoutrasfontesconfiveisemrelaoaolivrodeFilipenses,taiscomoosUnciaisFeG,opta-seainda, pelo texto de Nestle-Aland, pois no h qualquer alterao de sentido na percope se for realizada esta troca.34 Sugere-se a insero do termo sat em F G T 2495 pc vgmss syh. Muito embora esta insero esteja sugerida emalgunsmanuscritosbastanteconfiveis,comoocasodeFGT,porexemplo,v-sequeainclusoda conjuno sugerida, no alteraria o significado do verso, e ainda, no faria muito sentido a incluso do vocbulo satdentrodestaorao.Destaforma,opta-sepelanoinserodestapalavra,umavezqueosentidooriginal dotextosemostrabastanteclaro,eainclusodovocbulosatemnadanosajudariaparaumamelhor interpretao deste versculo. 35Achamadaaoaparatocrticosugereaomissodotermon:,aquitraduzidopelovocbuloo,dentrodo corpo do versculo cinco. Essa referida palavra um artigo definido feminino singular, n:. Deve-se observar, 8pela vossa comunho com o evangelho, desde o primeiro dia at agora, 6:.:et)a: aue eue, et e .|ac:a+.|e: .| u+t| .cve| ava)e| .:t..c.t act n+.ca: Xctceu `Inceu36 convencidomesmodisto,queoquecomeouemvsboaobra,acompletaratodiade Cristo Jesus. IV. ANLISE HISTRICO-CONTEXTUAL Neste passo exegtico, busca-se situar o texto estudado (Fp 1.1-6) dentro do contexto da epstola aos Filipenses. Para isso, ser feita uma anlise do contexto maior do livro, e suas parties,paraentochegarmosaocontextomenornoqualseencontrainseridaa mencionada percope. 1. Contexto Maior Paulo direciona sua carta, ou cartas comunidade de Filipos, motivado por uma srie derazes,principalmente,elesedetmnademonstraodadifcilsituaoemquese encontraessareferidasociedade(Fp1.15,17),querdarnimoparaessespoderemenfrentar diversas perseguies (Fp 1.27-30), traz uma srie de recomendaes a Epafrodito e Timteo

queesteartigosucedidopelapalavra:can:,equetrata-sedeumadjetivoordinal(numeral),onde,pelo contextoemqueseencontrainserido,exigeocomplementodoartigoparasepoderterumaboaeclara compreensodoversoapresentado.InteressantequeessaomissocontidaemdiversosmanuscritosUnciais que so de grande autoridade em relao carta aos Filipenses, tais como D, F, G, 075 e 0278. Essa supresso poderia ser sem dvida considerada nesta anlise exegtica. Porm, como nosso objetivo buscar umamelhor interpretao possvel desse texto, e isso dentro da sintaxe da lngua portuguesa, opta-se pela verso de Nestle-Aland, por ser esta a que melhor se enquadra na elocuo verncula.36 Sugere-se a inverso dos termos Xctceu `Inceu(Cristo Jesus) para `Inceu Xctceu (Jesus Cristo) em alguns manuscritos, tais como a, A, F, G, K, P. V-se que a expresso Cristo Jesus bem prpria de Paulo, em especial nesse caso, onde o Apstolo se refere ao Dia de Cristo Jesus. Se for olhado um pouco mais adiante no texto de Filipenses 1, v-se que no verso 8 feita uma nova meno a Cristo Jesus (Xctceu `Inceu), s que agorasemqualquerchamadaaoaparatocrticonosentidodeestarocorrendoumapossvelinversodaordem naturaldaspalavrasnodiscurso.Noversculo10,v-seaexpresson+.ca| Xctceu(diadeCristo),no mesmo sentido em que este termo empregado no verso 6. Tambm se vem estas palavras sendo utilizadas por duasvezesnoprimeiroversculoanalisado.Destamaneira,opta-sepelamantenadaexpressoXctceu `Inceu,umavezquemostraserestaumaexpressotpicadoApstolo,nofazendoqualquerespciede diferena ma inverso da ordem dos termos. 9(Fp 2.19-30), e ainda, busca preveni-los contra uma srie de falsas doutrinas que estariam se inserindojuntoquelescrentes(Fp3.2-3).Comoqueparafinalizarsuaescrita,oApstolo agradece por uma oferta por parte dos filipenses enviada atravs de Epafrodito (Fp 4.10-20). Pelasdiferentesmotivaesetambmpelaobservaodeumasriedequebrasdenexono pensamentodoautor,presume-sequeestamoslidando,possivelmentecomtrscartas distintas que ento comporiam o texto original.37

Combasenasconsideraestecidasacima,serentoapresentadaamacro-estrutura sugerida carta aos Filipenses, qual seja: I. Carta da priso: 1.1 3.1; 4.4-9,21-23 1. Saudao e agradecimentos: 1.1 11 2. Relato sobre a situao do apstolo: 1.12 26 - o avano do evangelho: 1.12 14 - amigos e inimigos de Paulo: 1.15 20 - o andamento do processo: 1.21 26 3. Recomendaes comunidade: 1.27 2.18 - referentes vivncia crist, humildade e concrdia: 1.27 2.11 - hino cristolgico: 2.6 11 - referentes ao empenho pela salvao: 2.12 18 4. Recomendao de Timteo e Epafrodito: 2.19 30 5. Ponte para a parnese; convite alegria: 3.1 6. Parnese geral: 4.4-9 7. Saudaes e bno: 4.21 23 II. Carta polmica contra adversrios: 3.2 4.3 1. Polmica: 3.2 - 3 2. O apstolo como judeu e cristo: 3.4 14 3. Advertncia contra os hereges: 3.15 4.1 4. Recomendaes pessoais: 4.2 3 III. Carta de agradecimento pela ajuda recebida da comunidade: 4.10 20.38 Percebe-sequeaepstoladePauloaosFilipenses,assimcomoatemoscompilado contemporaneamente, pode ser dividida em trs grandes seces ou cartas. A primeira, seria a 37 Roteiro para a Leitura da Bblia, 2 ed. So Leopoldo: Sinodal, 1996, p. 83. 38 Roteiro para a Leitura da Bblia, p. 83-84. 10chamadacartadapriso,umasegunda,aquidenominadadecartapolmicacontra adversrios, e por fim, uma terceira, designada de carta de agradecimento pela ajuda recebida da comunidade. 2. Contexto Menor Otexto,objetodestaanliseexegtica(Fp1.1-6),encontra-seinseridonocorpoda primeira carta (carta da priso), dando este a abertura ao livro como um todo. Est arraigado no primeiro bloco de toda a epstola, aqui designado por saudao e agradecimentos (Fp 1.1-11). A percope inicia a carta atravs de um prefcio e saudao, seguido por um conjunto de aodegraasesplicas.interessanteserdestacadoqueaestruturadecartaque encontramos nesta epstola, difere das estruturas modernas que possumos. Naqueles tempos (os de Paulo), uma epstola, como a de Filipenses, iniciava com o nome do redator, seguido pelonomedapessoaoupessoasaquemsedestinariaessamissiva.Aps,comumente constava de aes degraas, o corpo da carta propriamente dito, e por fim, as saudaes de despedidaebno.39Interessante,queessaestruturabsicainicialdeumacarta, encontrada no texto em anlise (conforme o j mencionado). Deve-se salientar ainda, que no se tem texto precedente, por razo lgica de ser esta a primeira inscrio do livro de Filipenses. Porm, o escrito posterior ao analisado, segue os mesmospadresdeste(aodegraasesplicas)atoverso11,quandoentooprimeiro bloco da carta se encerra. 3. Contexto Vivencial ImportantefalarumpoucosobreacidadedeFilipos.Municpiodegrande importncia na Macednia localizava-se s margens de uma importante estrada (Via Egnatia) que ligava a Itlia com a sia, dois dos maiores centros do mundo do Novo Testamento. Era umimportantecentrocomercialemilitar,demodoqueeraconsideradacomoumacidade residnciaparasoldadosaposentados.Deve-sedestacarqueFiliposeraumacolnia Romana,cujaexistnciarepresentavaemmuitoavidamilitar.Porm,ao ladodossoldados romanos, vivia a antiga populao da cidade e muitos outros imigrantes provenientes de todas as partes do Imprio.40

39HENDRIKSEN,William.ComentriodoNovoTestamentoFilipenses.SoPaulo:CasaEditora Presbiteriana, 1992, p. 65.40COMBLIN,Jos.ComentrioBblicoNT-EpstolaaosFilipenses.SoLeopoldo:Ed.Sinodal,Petrpolis: Vozes, Imprensa Metodista, 1985, p. 7-8. 11Estacidade,juntocomoutrascidadesdaMacednia,foievangelizadanasegunda viagemmissionriadoapstoloPaulo(At16.11-15).EstandoPauloemTria,aoreceber uma viso instigado apassar pela Macednia a fim de transmitir a mensagem da salvao paraaquelepovo.ParecequeosjudeusdeFiliposnopossuamlumaSinagoga,mas somente uma casa de orao (At 16.13), ao chegarem l os missionrios, dentre eles o prprio apstoloPaulo,Silas,equasecomtodacertezaLucas,encontraramumgrupodemulheres que acolheram muito bem a mensagem do evangelho por eles trazida. Dentre essas mulheres, havia uma, procedente de Tiatira, que se deixou batizar e ofereceu sua casa como residncia provisriaaesseshomens.AmensagemdeCristocomeouaserpregada,pessoasforam alcanadas, e alguns milagres ali aconteceram, tais como a cura de uma jovem adivinhadora (At16.16-18)eomilagredapriso(At16.26).Saliente-sequePauloeSilasforam encarceradosjustamenteporestaremabalandoasestruturasdeFilipos.Apsomomentode priso seguido de liberdade, a pedido dos pretores locais, Paulo e Silas retiraram-se daquela localidade,ficandoprovavelmenteLucasnaquelanovacomunidade.Paulo,porm,visitou algumasvezesestaigreja,conformetestemunhamostextosdeAt20.1ss;2Co2.13;7.5; 8.1.41 A epstola aos Filipenses, conforme o j mencionado, pode ser dividida em trs cartas (cf.contextomaior).SerochamadasaquidecartasA,BeC.AcartaA(amaisantiga) correspondedelimitaoIIIdocontextomaior,acartaB(posteriorcartaA)equivale seco I, e finalmente a carta C (a ltima) relaciona-se ao item II.42 NacartaA,PauloestpresoeacomunidadedeFilipos,alarmada,enviaum mensageiro de nome Epafrodito com uma oferta para o apstolo. Mesmo no sendo do perfil de Paulo, este aceita a oferta e a agradece atravs desta carta. NacartaB,Pauloaindapreso,aredige,sobaperspectivadeumamortequese aproximava,oapstoloexprimeseudesejodeestarcomCristo,medianteamortee ressurreio (Fp 1.21-24 e 2.17), porm muitos exegetas afirmam no ser este um indcio de que estaria o apstolo prevendo seu falecimento. NacartaC,anfaseredacionalmudada.NoexistealusoprisodePaulo,o crceredeixadeserocentro,quepassaaserocupadoporumaviolentacontrovrsiaque envolvecertoscontendoresdoapstoloqueestoameaandoacomunidadedeFilipos.O 41 BALLARINI, P. Teodorico. Introduo Bblia V. 2. Petrpolis: Vozes, 1969, p. 35-37. 42Deve-semencionarqueadelimitaodequaisostextoscompemocorpodecadaumadastrscartas, objetodecontrovrsiaentreospesquisadores.Adota-senestetrabalhodedelimitaocontextual,aestrutura propostapeloRoteiroparaaLeituradaBbliadaEditoraSinodal,muitoembora,outrasdelimitaestenham sido citadas. 12contedo dessa carta o mesmo da carta B, ou seja, a libertao encontrada na cruz de Jesus Cristo.43 O texto objeto deste estudo encontra-se inserido na carta aqui chamada de B, o qual redigidodapriso.Nesteescrito,oapstolobuscaexpressarsuavontadedeestaromais prximopossveldoFilhodeDeus,comisso,enfatizandoocaminhoquelevasalvao, qual seja a cruz de Jesus Cristo. VI. ANLISE DOS DETALHES 1. Estrutura do Texto 1.1 Estrutura e caractersticas do texto44 43 COMBLIN, Jos, op. cit., p. 10-13. 44 As palavras destacadas em azul, correspondem aos paralelismos que ocorrem no texto. Os destaques em verde esto relacionados anttese, e as expresses grifadas de amarelo, equivalem ao eixo central do pensamento do escrito. 13V. 1 Eaue: sat Tt+e).e: eeuet Xctceu `Inceu :act| et: avtet: .| Xctca `Inceuet: euct| .| 1tt::et: cu| .:tcse:et: sat etase|et:, Paralelismo cumulativo V. 2 act: u+t| sat .tcn|n a:e ).eu :ace: n+a| sat sucteu `Inceu Xctceu. Anttese V. 3 Euactca a ).a +eu .:t :acn n +|.ta u+a| V. 4 :a|e. .| :acn e.nc.t +eu u:.c :a|a| u+a|, +.a aca: n| e. nct| :eteu+.|e:, V. 5 .:t n set|a|ta u+a| .t: e .uavv.te| a:e n: :can: n+.ca: act eu |u|,Paralelismo culminativo V. 6 :.:et)a: aue eue, et e .|ac:a+.|e: .| u+t| .cve| ava)e| .:t..c.tParalelismo culminativo act n+.ca: Xctceu `Inceu NapercopedeFp1.1-6,encontram-seumasriedeparalelismossintticose culminativos. Verifica-se tambm a ocorrncia de um caso de anttese. Passa-se a realizar agora uma anlise de cada caso acima especificado.Paralelismossintticos:Soaquelesondeumapalavracontinuaaidiadeoutra, acrescentando-lhenovasopinieseexplicaes.45Notextoobjetodesteestudoexegtico, percebe-se a ocorrncia desta espcie de paralelismo logo no primeiro versculo de Filipenses, ondeoapstolosedirigeatodosossantos(avtet:)queestoemFilipos,comosBispos (.:tcse:et:)eDiconos(etase|et:).Tantoapalavra.:tcse:et:comoovocbulo etase|et:, so empregados para dar seguimento ao sentido de avtet:. Paulo primeiramente escreveatodosossantosemCristoJesusqueresidemnacidadedeFilipos,edepois,na mesmafalacomplementasuasaudaoenfatizandoasfigurasdosBisposeDiconos.Estas 45 WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento. 4aed. So Leopoldo: Sinodal, So Paulo: Paulus, 2005, p. 91.Paralelismo sinttico 14referidas menes seriam dispensveis, uma vez que estes j teriam sido includos na missiva atravs da citao de santos, que abarcaria a todos os cristos daquela localidade. Paralelismosculminativos:Soumavariantedoparalelismosinttico,acima mencionado.Suaprincipalcaractersticaodesenvolvimentodeumpensarprogressivoque finalizaemumclmax.46Percebe-seestasocorrnciasnarelaoexistenteentreaexpresso primeirodia(:can:n+.ca:),noversculo5,ediadeCristoJesus(n+.ca:Xctceu `Inceu),noverso6.V-sequePaulorelacionaoprimeirodia,ouseja,o diaemqueaquela comunidade foi fundada, com o dia de Cristo Jesus (dia da vinda do Senhor). Esta aluso est alicerada em toda a alegria do apstolo pela fidelidade dos filipenses, bem como na certeza de queaquela boa obra iniciada teria seu trmino at o dia do Senhor. De semelhanteforma este tipo de paralelismo empregado pelo escritor na relao feita entre a expresso primeiro dia (:can: n+.ca:) e a palavra agora (|u|), ambas no versculo 5. Neste caso, feita uma ligaoentreoinciodaquelacomunidadeeapocadaescritadaepstola.Cumpreainda, salientar que no verso 6, percebe-seque o termo obra (.cve|) est sendo diretamente ligado palavracompletar(.:t..c.t).Ovocbulo. :t..c.t,alicolocadocomoumtermo que expressa o clmax do versculo, palavra esta estreitamente ligada ao completar a boa obra ento iniciada naqueles convertidos. Antteses:Nota-seaocorrnciaclaradeumaanttese,narelaoexistenteentreas expresses Deus nosso Pai ().eu :ace: n+a|), presente no versculo 2, e meu Deus ().a +eu)noverso3.Nosparecequeaidiadoapstolocontraditria,poisemumprimeiro momentoeleescrevequelaspessoascomumaexpressoinclusiva(Deusnosso Pai)elogo aps enfatiza sua devoo pessoal a esse Pai (meu Deus). Tambmsedevemencionarovnculoexistenteentreaspalavras.:tcse:et:e etase|et: (v.1). Nestes vocbulos, Paulo utiliza-se de um paralelismo cumulativo, buscando com isso, destacar as pessoas dos Bispos e Diconos daquela localidade. Ainda,asexpressesgraaepaz(v.2),alegria(v.4)evossacomunhocomo evangelho(v.5),existemcomoumaespciedeeixodestesversculos.Atpicaexpresso paulinadesaudao,graaepazestdiretamenteassociadaalegriadoapstolopela comunho dos filipenses com o evangelho, nada mais justo, pois se trata de uma comunidade muito estimada por Paulo, em virtude de sua conduta e persistncia na comunho gerada pela Palavra de Deus. 46 WEGNER, Uwe, op. cit., p. 91-92. 15 1.2 Estrutura do contedo Remetentes: V. 1 Eaue: sat Tt+e).e: eeuet Xctceu `Inceu Destinatrios::act|et:avtet:.|Xctca`Inceuet:euct|.| 1tt::et: cu| .:tcse:et: sat etase|et:, Saudao: V. 2 act: u+t| sat .tcn|n a:e ).eu :ace: n+a| sat sucteu `Inceu Xctceu.Agradecimentoeintercesso:V.3Euactcaa).a+eu.:t:acnn+|.ta u+a| V.4:a|e. .| :acn e.nc.t +eu u:.c :a|a| u+a|, +.a aca: n| e.nct| :eteu+.|e:, V. 5 .:t n set|a|ta u+a| .t: e .uavv.te| a:e n: :can: n+.ca: act eu |u|, V.6 :.:et)a: aue eue, et e .|ac:a+.|e: .| u+t| .cve| ava)e| .:t..c.t act n+.ca: Xctceu `Inceu 1.3. Coeso Deve-sedestacar,queacrticaliterria,especialmentenosculoXIXeprimeira metade do sculo XX, dedicou-se intensivamente ao estudo da coeso e integridade dos textos bblicos. A pergunta maior, era se o texto que chegou at ns estava ainda em sua formulao original, ou se havia ocorrido alguma espcie de alterao posterior. Contudo, atualmente este questionamentonoestsomentefundamentadonabuscaporalteraesouacrscimos posterioresaoescrito,poissecompreendeeseconsideraquemesmohavendorupturas textuais,odocumentopodeaindatersidoredigidopelomesmoautor,squeemsituaes diversas, ou ainda em uma seqncia diferente daquela que se encontra atualmente nos textos sagrados que se tem a disposio.47 Considerandoestesapontamentos,eaoanalisar-seotextoobjetodesteestudo exegtico, pode-se perceber que este possui uma seqncia lgica quanto a sua narrativa, no possuindo uma quebra no que diz respeito sua linha de argumentao. Tambm no possui duplicaes,disparidadesinternas,ouaindamudanasabruptasdecontedo,estiloou destinatrios.claro,quesetratadeumacartadirecionadaaoscrentesdeFilipos,bastante claranoquedizrespeitoasuaestrutura.Primeiramenteoredatorseidentifica,logoaps determina a quem esta remetendo sua missiva, depois disto, sada o povo, agradece pela boa condutadestesefinalmente,intercedepelosmesmos.Destaforma,pode-seconcluirquea 47 WEGNER, Uwe, op. cit., p. 99. 16percope de Fp 1.1-6, trata-se de um texto ntegro, cuja coeso no possui qualquer espcie de motivoparaserquestionada.Tambmsedeveenfatizarqueotextonocontmqualquer espcie de hapax legmena. 1.4 Gnero literrio Comtodaaclareza,pode-senotarqueolivrodeFilipensesfoiescritonognero epistolar. Especialmente na percope analisada, v-se que o estilo de correspondncia presente tpicodoOrientePrximo,ondenaAntiguidadesecostumavareunirnocabealho remetente e destinatrio, acrescidos de uma saudao constante na segunda frase.48 Percebe-se exatamenteestaocorrncia,noversculo1,ondeosremetentes,PauloeTimteo,se direcionamaossantosemFilipos,aosBisposeaosDiconos,taispalavrassoseguidasde umabreveetpicasaudaopaulinanoverso2.Estacartasurpreendepelabrevidadeda apresentaodosremetentesedestinatrios,bemcomopelaconcisodasaudao,oque contrastacomoutrosescritospaulinos,taiscomoRomanoseGlatas.Tambmsedeve mencionar que nos chama muito a ateno, a ocorrncia do nome de Timteo como remetente destamissiva.Sabe-sequeeleeraumdosmaiorescolaboradoresdePaulo,porm,no existem indicaes consistentes no restante da carta, que indiquem ser este um dos redatores damesma,poisFilipensessetratadeumescritoemtpicoestilopaulino.Interessanteque Paulonosecaracterizacomoapstolonestaepstola,assimcomoeleofezemRomanos, Glatas e 1 e 2 Corntios.49 Possivelmente isto seja decorrncia do forte lao afetivo existente entre ele e os crentes de Filipos, de modo que o apstolo no precisou demonstrar sua posio deautoridadeperanteelessecolocandoquaseemgraudeigualdadefrenteaseusirmos filipenses. Assim como na maioria das cartas de Paulo, segue-se a saudao por um trecho onde eleexpressasuagratidoaDeuspeloestadodefdosdestinatrios.Especialmentequando eleserecordadosfilipenses,suaalegriatremenda,poissetratamdepessoascom participao no evangelho. Paulo entende esta participao como simplesmente o estado de f dos filipenses, uma f pura e genuna, inspirada pelo Esprito Santo de Deus.50 2. Termos Relevantes Segue-se anlise dos termos e/ou expresses relevantes da percope de Fp 1.1-6. 48 BARTH, Gerhard, op. cit., p. 10. 49 BARTH, Gerhard, op. cit., p. 11. 50 BARTH, Gerhard, op. cit., p. 16-17. 17 Fp 1.1 Nov.1osseguintestermossedestacam:eeuet,avtet:,.:tcse:et:e etase|et:. - eeuet (os servos): Este termo ocorre 124 vezes no NT, sendo destas 30 em Paulo, 30 em Mateus e 26 em Lucas.51 Este vocbulo pode assumir significados relacionados s palavras escravo (Mt 18.27), e servo (Rm 1.1; Fp 1.1 e Gl 1.10). Paraogregotico,aliberdadepessoaleraapossemaisimportantequeumhomem poderia ter. O doulos52 no pertencia a si mesmo, ele era tido como uma propriedade de outro homem.Avidadesteeradetrabalhoforosoepesado,caracterizandoumasituao vergonhosa de total subordinao.J no AT, o que determinava a utilizao deste termo, era justamente a lembrana do cativeiro israelita no Egito (Dt 15.12). O doulos era algum posto disposio de outrem,53 totalmente submisso ao seu senhor, algum que no possua poder de escolha e deveria estar sob a vontade de seu soberano, tendo sido, por vezes considerado como um bem mvel. Muitoemboraestetermonogeraltragaumsignificadorelacionadopalavra escravido,noNT,oapstoloPauloquandosedirecionaacomunidadedeFilipos,usa-se destaparasedesignarservo,ouseja,homemqueestsubmetidovontadedeseuSenhor. Pauloseconsideracomoalgumquefoichamadofunodeapstolo,especialmente, quando no primeiro versculo de Filipenses, apresenta-se como possuidor de um ttulo, qual sejaservodeCristoJesus(eeuetXctceu`Inceu).Oquedistinguenestecasoa significaodedoulos54tosomenteasuanaturezadesubordinao,obrigatriano relacionamentocomoSenhor.InteressantequetodosaquelesquesochamadosporJesus Cristo liberdade, so igualmente colocados em uma posio de subservincia ao Salvador e tambm conduzidos no servio ao seu prximo no amor, o que se v presente em Gl 5.3. O prprio Deus encarnado assumiu a forma de escravo e se fez servo por amor a ns (Rm 8.3). Expressessemelhantespercopeemanlise,encontram-seempregadasemRm1.1eGl 1.10.55

51 TUENTE, Rudolf, doulos, in: HARRIS, R. Laird, et al, DITNT. 2 ed. So Paulo: Vida Nova, 2004, p. 676. 52 Transliterao do grego Coin. 53HOAD,J.W.L.,servo,in:DOUGLAS,J.D.,etal.ONovoDicionriodaBblia.3ed.SoPaulo:Vida Nova, 2006, p. 1261. 54 Transliterao do grego Coin. 55 TUENTE, Rudolf, doulos, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 673-678. 18Outras ocorrncias do termo: Ef 6.6, 8; Cl 3.22; 4.12; 2Tm 2.24 e Tt 1.1.56

Passa-se anlise do prximo termo. -avtet: (aossantos):Estevocbuloaparece222vezesnoNT.57Otermohgios,58 podedescrevertantoasantidadedeDeus(Jo17.11;1Pe1.15,16;Ap4.8;6.10),comoa santidadedaquelesquetmaJesusCristocomoseuSenhoreSalvador(Rm1.7;1Co1.2; 2Co 1.1).Otermohgios,damaneiracomofoiusadapeloapstoloestdiretamenteligado pessoadoEspritoSanto.JesusCristoasantificaodosdestinatriosdacarta,queaps sua ressurreio continuou a operar naquele povo por meio da terceira pessoa da Trindade. A santificao relaciona-se transformao moral e espiritual do crente que foi justificado pelo sacrifciodeCristo.59Destamaneira,pode-seentenderasantidadecomoumacondiode entradanaheranaparaopovodeDeus,qualseja,avidaeterna(Cl1.12).Portanto,a santificao como o crescimento de um fruto que resulta nesta vida eterna ao lado de Deus (Rm6.19-22).Cumpresalientarqueossantosnosoapenaspessoasagradveisedebom convvio,masmuitomais,soaquelesqueforamchamadosporDeusepossuemamore fidelidade em relao aos demais crentes (Rm 12.13; Ef 1.15).OlivrodeHebreusapresentaCristocomosendoosumo-sacerdote,ouseja,aquele que santifica o seu povo (Hb 13.12). V-se descrito em Hb 10.10, que o cristo santificado deumavezportodaspelaofertadocorpodeJesusCristoemsuamortedecruz.60E justamente queles que em Filipos eram considerados santos que Paulo aborda nesta carta. Oapstoloenviaseusconselhosparaaquelacomunidadecompostaporhomensemulheres quehaviamreconhecidoasalvaoporgraamedianteaf,salvaoesta,oferecidapelo Senhor Jesus.Outras ocorrncias do termo: Ef 1.1, 4, 15, 18; Fp 4.21, 22; Cl 1.2, 4, 12; 1Ts 3.13. 61 Segue-se a anlise do termo .:tcse:et:. -.:tcse:et:(aosbispos):Termoqueocorrepor5vezesnoNT,nasseguintes passagens: At 20.28; Fp 1.1; 1Tm 3.2; Tt 1.7 e 1Pe 2.25.62 Trata-seestetermodeumttulo,queerautilizadoparadesignarumsupervisor. Aplicou-se em um primeiro momento na designao de divindades, tais como Artmis, que 56 Concordncia Fiel do Novo Testamento. Volume I. So Jos dos Campos: Fiel, 1994, p. 1402. 57 Concordncia Fiel, p. 40. 58 Transliterao do grego Coin. 59 WALTERS, G., santos, in: DOUGLAS, J. D., et al, op. cit., p. 1234. 60 BROWN, Colin, SEEBASS, Horst, hagios, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 2257-2265. 61 Concordncia Fiel, p. 7. 62 Concordncia Fiel, p. 298. 19possuaafunodevigiarumpase,sobretudo,zelarpelocumprimentodetratados celebrados. Este ttulo tambm era conferido a oficiais gregos que possuam uma posio de responsabilidadefrenteaoEstado,suasfuneseramadevelarpelagarantiadaordem pblica e o fiel cumprimento das constituies daquele povo (Grcia Antiga).No AT, encontram-se ocorrncias semelhantes na LXX, em 2Cr 24.11 e Ne 11.9. Este ttulo depois tambm foi estendido s comunidades religiosas. JnoNT,PauloescrevespessoasemFiliposquepossuamoreconhecimentode seremBispos,ouseja,aoshomenscujatarefaconsistiaemsupervisionaraquelepovo. PossivelmentenapocadePaulo,estapalavraseriatambmtidaporsinnimodePastor, designandodestaforma,umldervinculadoaumacomunidadeespecficaquepossuaa funodedespenseirodosensinamentosdeCristo.Interessantequeesteshomenseram supervisores de pessoas e no de estruturas.63 No possuam esse relacionamento hierrquico queconhecemoshoje,tantoquePaulosedirecionaaospiskpos64(plural)daquela localidade, portanto, sinal de que havia mais de um Bispo em Filipos.65 O prximo termo, etase|et:, est estreitamente ligado a este agora analisado. -etase|et:(aosdiconos):Estetermoocorrepor29vezesnoNT.Passagensde maior importncia em relao a este estudo: Rm 16.1; 1Co 3.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8, 12.66 No grego secular, esta palavra era empregada largamente para situaes como o servir mesa,cuidardasnecessidadesdolareapartirdisto,servirdeumamaneirageral.Este termopoderiaserutilizadonosentidodesubmisso,oqueseriadesonrosoaumhomem livre, bem como no servio de uma causa para o bem da comunidade. NoAT,muitoemboraopovodeIsraelconhecesseoconceitodeservio,etinhana Lei,omandamentodoamoraoprximo(Lv19.8),naspoucasvezesqueseencontraesta palavra na LXX, ela utilizada para designar o servio corte. J no NT, dicono tambm utilizado como sinnimo daquele que serve mesa (Mt 22.13).Pauloutiliza-sedestapalavra,eatribuiaesta,umsentidoespecificamentecristo, diconopassaadesignarumministrodanovaalianaemCristo(2Co3.6).Oprprio messias chamado de dicono de Israel (Rm 15.8), ou seja, aquele que veio para servir o seu povo. Notextoemanlise(Fp1.1),assimcomoem1Tm3.8-13,diaknos,67utilizado especificamenteparaassinalarumcargoeclesial,relacionadodiretamenteliderana.Diz 63 SHEDD, Russel P., et al. Epstolas da Priso. So Paulo: Vida Nova, 2005, p. 89. 64 Transliterao do grego Coin. 65 COENEN, Lothar, episkopos, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 220-223. 66 Concordncia Fiel, p. 1247.20respeito a um cargo especial que se desenvolveu dentro da Igreja no transcorrer dos sculos. Possivelmenteestatenhasidoaprimeiravezqueestevocbulotenhasidousadopara designar uma funo, que deveria serexercida por homens e tambm mulheres (Febe Rm 16.1),queservemseussemelhantesemnomedeCristoecomissopreocupam-secoma salvao de seus semelhantes.68 Resumo:Fp1.1trata-sedeumcabealhodeumacartaquecontempla especificamente os nomes dos remetentes e dos destinatrios. Paulo e Timteo se apresentam comoservosdeCristocomunidadedeFilipos.InteressantequePaulonosecaracteriza nesta carta como apstolo (o que ele faz em outras epstolas como Romanos, 1 e 2 Corntios eGlatas)esimcomoservodeCristo.Istopossivelmenteestejadiretamenteligado situaoemqueestamissivaforaescrita,poisemCorintoenaGalcia,seuapostolado estavasendoatacadoeemRomaelepraticamentenoeraconhecido.JemFilipos,Paulo possua uma autoridade inquestionvel, desta forma ele se coloca diante daquela Igreja como um servo de Cristo dentro da liberdade do Esprito. O apstolo se dirige a todos os santos em Cristo JesusqueestoemFilipos,ouseja,atodaacomunidadecristalireunidaequeera toestimadaporele.InteressantequePaulodestacaafiguradosBisposeDiconosneste verso. Possivelmente tenha tomado tal atitude para realar a responsabilidade destes homens frente aos filipenses.69 Fp 1.2 No v. 2 os seguintes termos se destacam: act: sat .tcn|ne sucteu. -act:sat.tcn|n(agraaeapaz):ManeirapeculiardePaulosaudaras comunidades s quais remetia suas cartas. Encontra-se cumprimento semelhante por parte do apstolo em Romanos, 1 e 2 Corntios, Glatas, Efsios, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timteo, Tito e Filemon. Passa-seagoraaanliseseparadadostermosmencionadosquevemaformara expresso. NaLXX,chris10aparecepor190vezes,demonstrandoosignificadodefavor, inclinao.Rarassoasvezesqueestapalavraexpressaatratividade,beleza,ouencanto.O emprego deste termo denota que o mais forte vem ao encontro do mais fraco, isso em virtude das circunstncias em que esse se encontra, ou at por sua prpria inclinao natural.

67 Transliterao do grego Coin. 68 HESS, Klaus, diakonos, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 2341-2346. 69 BARTH, Gerhard, op. cit., p.10-15. 70 Transliterao do grego Coin. 21Otermochris isoladamente,empregado155vezesnoNT,destas,100vezesnas epstolaspaulinasespecialmenteem1e2Corntios(28vezes),Romanos(24vezes)e Efsios (12 vezes).Para Paulo, a graa a essncia da salvao divina, que dada a todo aquele que por f, crer no ato salvficode Cristo na cruz. Chris, est diretamente ligada pessoa de Jesus Cristo,edElenopodeserseparada.Porisso,oapstoloabreeencerrasuascartascomo empregodestevocbulo,nodesejandosomenteumasaudao,ouumatodedespedida corts,massim,almejandoquetodososdestinatriossejamalcanadosporessagraa redentora de nosso Senhor.71 Jotermo,eirn, 72(paz-parteintegrantedestaexpressodesaudao)nogrego profano, denota uma anttese guerra; a paz o estado da lei e da ordem. NaLXX,estetermoaparecemaisde250vezes.Seusentidoestestritamente relacionadopazquevemdoprprioDeus,umaespciededescanso,seguranaque somente se encontra no Senhor (1Cr 4.4). O prprio YHWH esta paz. NoNT,eirnocorre91vezes,podendoassumirosentidoopostodapalavra desordem,oqueseverificaem1Co14.33(ondeenfatizadoqueonossoDeusnoum deusdedesordemesimdepaz),etambmpodeserusadodefinirapazqueprovmde Cristo. O messias o mediador da paz, o que veio para inaugurar o reino de Deus e trazer a reconciliao aos homens (Rm 5.1).73 Destaforma,sepercebequePauloaofazerusodestaexpresso,graaepaz, direciona-se aos seus leitores, com a inteno de que estes sejam atingidos por muito mais do que uma mera saudao pessoal sua, e sim pelo livre e imerecido favor de Deus, promovido pela morte vicria de Cristo a todos os santos de Filipos.74 Passa-se anlise do prximo termo, sucteu. - sucteu (do Senhor): O termo kyrios 75 aparece 718 vezes no NT,76 sendo a maioria destas ocorrncias nas epstolas paulinas (275). NaLXX,seencontraestaexpressopormuitasvezessendoutilizadacomouma designaodeYHWH,DeusSenhor(Sl32.2;Is10.22,23).Tambmpodeassumirum 71 ESSER, Hans-Helmut., charis, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 907-911. 72 Transliterao do grego Coin. 73 BECK, Hartmut, BROWN, Colin, eirn, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 1592-1598. 74 HAWTHORNE, Gerald F. Word Biblical Comentary Philippians. Volume 43. Waco: Word Books, 1983, p. 10-11. 75 Transliterao do grego Coin. 76 Concordncia Fiel, p. 452.22significado secular, indicando desta forma, o dono, o empregador, o senhor dos escravos (Mc 12.9; Lc 19.33; Gl 4.1).NoNT,quandoestevocbulopassaaseraplicadopessoadeJesusCristo,com certeza,representaumaformadetratamentorespeitosaporpartedoapstolo,etambmo reconhecimento do senhorio da liderana de Cristo. Nas cartas de Paulo se nota a utilizao desta expresso, especialmente nas palavras de saudao e de despedida, representando desta maneira uma tradio pr-paulina que teve incio na Ceia do Senhor (1Co 16.23). Ainda se v este termo sendo usado em outros versculos, tais como Rm 1.4,7; 16.22; 1Co 1.2,3; 16.23; 2Co 1.2; 13.13.77 Resumo:Fp1.2enfatizaodesejodequeagraa(espontneoeimerecidofavorde Deus) e a paz (convico da reconciliao mediante o sacrifcio da cruz) da parte do Senhor JesusCristoalcancematodosossantosdeFiliposetambmosBisposeDiconos mencionados no verso 1. Fp 1.3 No existem termos a serem analisados. Fp 1.4 No v. 4, devem ser observados os seguintes vocbulos: aca: e e.nct|. -aca:(daalegria):NoNTosubstantivoeoverboaparecemespecialmentenos evangelhos e nas epstolas de Paulo (o verbo 74 vezes e o substantivo 59). No AT, o termo alegria surge diretamente ligado a YHWH. Deus o doador de toda a alegria (1Rs 8.66). Tambm este termo utilizado para representar uma alegria escatolgica, uma esperana relacionada salvao e a paz que ser encontrada nos dias finais (Is 66.10; Zc 10.7). J no NT, especialmente no livro de Filipenses, v-se que Paulo mesmo em meio ao sofrimento e a angstia de estar aprisionado e no saber o que o esperava em relao ao seu futuro,mostratodoseuregozijopelaparticipaodosfilipensesnoevangelho(1.5)e tambm pela continuada proclamao de Cristo (Fp 1.8). Este tema (alegria) permeia toda a carta,buscandocomisso,umainjeodenimoparaqueaquelepovosemantivesse motivado na proclamao do evangelho (Fp 1.5, 6).Percebe-se este termo, ainda em Fp 2.2, 29; 4.1, 4, 10. 77 Concordncia Fiel, p. 454-455. 23Com isso, passa-se anlise do termo e.nct|. -e.nct|(apetio):NoNT,estetermosurge18vezes.NascartasdePaulo,o encontramos em Rm 10.1; 2Co 1.11; 9.14; Ef 6.18; Fp 1.4, 19; 4.6; 1Tm 2.1; 5.5; 2Tm 1.3.78 No NT assume os significados de perguntar, pedir, rogar e suplicar. NoAT,estetermoempregadopelaLXX,comosignificadoderogar.Esterrogou ao rei (Et 8.3). O suplicante roga a Deus, ansiando por sua misericrdia (1Rs 8.33-47). NoNT,apalavradesis79denotaospedidosfeitosaDeus,decorrentesdesituaes bemespecficas,diantedasnecessidadesedificuldadesqueacadadiavoaparecendona vida dos convertidos. Se a orao no for feita em prol prprio e sim deterceiros, uma boa possibilidadedetraduonalnguaportuguesaseriaapalavraintercesso,oquevemos explcitoemRm10.1;2Co1.11etambmnoversculoqueestsendoestudadoFp1.4.O apstolo atravs deste ato de estar intercedendo pelos filipenses, mesmo estando em situao difciledelicada(aprisionamento),mostraenosexortaquantoaoafetoqueoscristos devemnutrirunspelosoutros.Vem-senaspalavrasdePaulograndeentusiasmoecerteza dequesuassplicasseroouvidaspeloPai,eissoporsisjbasta.Estassplicas demonstram a intimidade de um homem com o seu Criador. So a evidncia mais marcante daverdadeirafemCristo(1Tm2.1),sendoconsideradaamarcadetodocristo(1Tm 5.5).80 Resumo:Fp1.4nosmostraaalegriadePauloemestarintercedendopelopovode Filipos. Estes lembraram de auxiliar o apstolo em suas necessidades e Paulo em gratido a estepovoafirmaqueestlouvandoaDeusesuplicandopelosfilipenses.Interessanteque toda esta alegria est presente com o apstolo mesmo em meio priso e a angstia de no saberoqueoesperanofuturo.Estaalegria,comojfoianteriormentemencionado, acompanha toda a redao da carta, a ponto de ser considerada o grande tema da Epstola aos Filipenses. 81 Fp 1.5 Nov.5,devemserobservadososseguintesvocbulos/expresses:set|a|t a, .uavv.te| e :can: n+.ca:. 78 Concordncia Fiel, p. 139. 79 Transliterao do grego Coin. 80 SCHNWEISS, Hans, desis, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 1440-1441. 81 MARTIN, Ralph P, op. cit., p. 76. 24-set|a|ta(comunho):Estapalavraaparece19vezesnoNT.Nostextos paulinos, assumindo significado semelhante ao de Fp 1.5, podemos encontr-la em 1Co 1.9; 10.16; 2Co 6.14; 8.4; 9.13; 13.13; Gl 2.9; Fp 2.1; 3.10 e Fl 6.82 Nahistriagrega,otermokoinonia83eraempregadoparadesignaracomunho existenteentreosdeuseseoshomens,noentantonaLXX,estapalavranoeraempregada neste sentido. No AT, koinonia um vocbulo usado para ressaltar a aliana de um indivduo com o seu povo. No entanto refere-se tambm ao rompimento da comunho dos homens com Deus, isto na histria de Gnesis, e este rompimento ocasionou a perda de unidade entre os homens. JnoNT,estapalavraocorreespecialmentenosescritospaulinos,ondeaparecepor 13vezes.Paulonuncaempregouestetermodemaneirasecular,massemprevisandoo sentidoreligiosodapalavra.Osentidopaulinonoequivalecompanheirismoouainda comunidade, mas se refere ao relacionamento estrito de f, de um homem com Cristo, o que sepercebeclaramenteem1Co1.9(acomunhodeSeuFilho),2Co13.13(acomunhodo EspritoSanto),Fp1.5(textoobjetodestetrabalhoexegticoacomunhodaPalavra)e aindaFp6(acomunhodaf).Quersignificarumaparticipaodohomemdiretamente ligada ao sagrado, que somente permitida atravs da interveno criativa de Deus.84 O seguinte termo, .uavv.te|est diretamente ligado set|a|ta. -.uavv.te|(oevangelho):Termoquesurge76vezesnoNT,destas,21em Paulo.Dostextospaulinosmaisrelevantessedevemencionaralguns,taiscomoGl2.7;Ef 1.13; 3.6; 6.15; Fp 1.5, 7, 12, 16, 27; 2.22; 4.3, 15; Cl 1.5 e 1Ts 1.5.85 Osubstantivoeuangelos86derivadodapalavraangelos,87mensageiro,tendo inicialmenteaconotaoderepresentaratodoaquelequetrazmensagensdevitrias,ou ainda outras notcias polticas ou sociais que provocam o sentimento de alegria nos ouvintes. J no perodo helenstico, este vocbulo passou a ser atribudo a algum que anuncia orculos e nesta conexo (com orculos), que a palavra comea a assumir um aspecto religioso.NoAT,assumiu-seoconceitodemensageirodeboasnovas.Ocontedodesta mensagem j era conhecido pelo prprio livro de Isaas, a grande expectativa estava em redor de quem seria o messias, o cumpridor do evangelho. 82 Concordncia Fiel, p. 441. 83 Transliterao do grego Coin. 84 SCHATTENMANN, Johannes, koinnia, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 377-381. 85 Concordncia Fiel, p. 333. 86 Transliterao do grego Coin. 87 Transliterao do grego Coin. 25JnoNT,iremosnosaternafiguradePaulo.Emboranotenhasidooapstoloo primeiroaempregarestapalavra,considera-sequeeletenhafirmadoesteconceito.Este termo tornou-se o centro da teologia paulina, significando o agir concreto de Deus em prol da salvao do mundo atravs da encarnao, morte e ressurreio de Jesus.88 Passa-se anlise da prxima expresso, :can: n+.ca:. - :can: n+.ca: (do primeiro dia): Expresso utilizada pelo apstolo, para externar suagratidoaDeuspelacomunidadedeFiliposestarfielaoevangelho,desdeoprimeiro dia, ou seja desde que o evangelho chegou quela comunidade atravs da evangelizao de Ldia em Atos 16. O louvor a Deus oferecido por Paulo, diz especial respeito ao fato de que osFilipensesestavamsemantendofirmesemseuestadodefdesdesuainicial evangelizao. O apstolo mostra o evangelho como sendo a maior ddiva por parte de Deus, esealegraquandooshomenspossuemsuasvidasradicalmentetransformadaspelopoder desta boa nova (Rm 1.16).89 Cumpreaindasalientarqueseovocbulohemra90forconsideradoisoladamente,o encontraremospor389vezesnoNTecomissocontribuindoformaodediversas expresses,taiscomodiadoSenhorJesus(1Co5.5),diadeCristoJesus(Fp1.6),dia da tentao (Hb 3.8) e o dia se aproxima (Hb 10.25).91 Resumo:Fp1.5demonstraumsegundomotivodegratidoporpartedePaulo.O apstolodgraaspelacomunhonoevangelho,ouseja,pelorelacionamentontimodos FilipensescomaboanovadasalvaoecomoprprioCristo.Tambmexultapela fidelidade,pelolabormissionrio(especialmentenoquesereferecontribuioenviada) daquela comunidade que se mantm firme desde sua fundao (At 16), at os dias em que o apstolo redigiu sua carta.92 Fp 1.6 Nov.6,devemserobservadasespecialmenteasseguintesexpresses:.cve| ava)e|, n+.ca: Xctceu `Inceu. - .cve| ava)|(a boa obra): A palavra ergon93 possui 169 ocorrncias no NT. 94 J o termo agaths95 aparece 102 vezes no NT. Em algumas passagens das epstolas paulinas, 88 BECKER, Ulrich, euangelion, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 757-761. 89 BARTH, Gerhard, op. cit., p.17. 90 Transliterao do grego Coin.91 Concordncia Fiel, p. 359-361. 92 MARTIN, Ralph P., op. cit., p. 76-77. 93 Transliterao do grego Coin. 26esses dois vocbulos so unidos, gerando uma nica expresso (boa obra) que alm de Fp 1.6 encontradatambmem2Co9.8;Ef2.10;Cl1.10;2Ts2.17;1Tm2.10;5.10;2Tm2.21, 3.17; Tt 1.16; 3.1.96 Serfeitaumaanliseconjuntadestesdoistermos,pelomotivodequeosmesmos formam a expresso boa obra que largamente utilizada pelo apstolo. Apalavraergondenotaapartirdogregomiceneano,umaaoquecontrriaao estado de inrcia, podendo ser aplicado tambm a realizaes e trabalhos. J no AT, este vocbulo utilizado bem no comeo da LXX para descrever a obra do Criador(Gn2.2-3).TambmrepresentaasobrasdeDeusnoagirdahistria,nasquais demonstraparaIsraelaSuafidelidade.Noquetangeaossereshumanos,estapalavrapode assumirtantosignificadospositivos,comoaobedinciahumanaatravsdarealizaode tarefas dadas por Deus (Gn 2.15), como negativos, pela representao do trabalho rduo que cada homem ter que desempenhar para prover seu sustento aps a queda (Gn 3.17ss). Desta forma,otrabalho,aobravistacomoumamaldioimputadapeloCriadordevido desobedincia dos homens. Pode tambm assumir ainda um significado estritamente ligado palavra pecado, separao de Deus (J 11.11). No judasmo as boas obras eram necessrias para o cumprimento da Lei de Moiss e, portanto indispensveis salvao. No NT, especialmente nas epstolas de Paulo, v-se um contraste com o pensamento judaico.AsalvaoobraexclusivadeDeus,iniciadanopovodeFilipos,eElehde complet-la at o dia de Cristo Jesus. Esta salvao defendida por Paulo com base na graa imerecidadeDeus,quedomgratuitodoPai.Cristocumpriualei,portantoaredeno alcanada pelo totalcumprimeto daLei em Cristo Jesus, mediante a f no sacrifcio vicrio do Deus Filho. As boas obras se tornam conseqncia de uma vida entregue e consagrada a Jesus. As boas obras so o fruto de todo cristo (Rm 2.10; Gl 5.22, 23; 6.10). Em Tiago 2.17 setemaafirmaodequesemasobras,afestmorta.Asboasobrassetornam conseqncia de uma vida entregue e consagrada a Jesus.97 Com isso passa-se a anlise da ltima expresso, n +.ca: Xctceu `Inceu. - n+.ca: Xctceu `Inceu. (do dia de Cristo Jesus): Com relao s ocorrncias do termo hmera98 olhar a descrio apontada para a expresso :can: n+.ca:.

94 Concordncia Fiel, p. 310-311. 95 Transliterao do grego Coin. 96 Concordncia Fiel , 310-311. 97 HAHN, Hans-Cristoph, ergon, in: HARRIS, R. Laird, et al, op. cit., p. 2536-2541. 98 Transliterao do grego Coin. 27QuandoPaulofaladodiadeCristoJesus,eleestsereferindoaotempoemqueo Filho de Deus retornar em glria para ento colher os frutos de sua obra redentora. O plano paraahumanidadejustamenteasuasalvao(dahumanidade),planoestequeestsendo realizado entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. A garantia de que ser cumprido est ligadaaoamordeDeusparacomosseuseleitos,99ejustamentenestaperspectivaqueo apstolosedirecionaaoscrentesemFilipos,naesperanadeumasalvaoqueser cumprida at a segunda vinda do Senhor.Resumo: Em Fp 1.6, Paulo demonstra sua alegria e louvor ao Criador por ter sido Ele prprioquemcolocounocoraodosfilipensesoamoreoreconhecimentodasalvao atravs de Cristo. Aps todas suas aes de graas, o apstolo traz a nfase de que o prprio Deus ir completar a sua boa obra naquele povo at a segunda vinda de Cristo (dia de Cristo Jesus).100 VII. SINOPSE TEOLGICA 1. Escopo OtextodeFilipenses1.1-6,tratadeumasaudaoepistolar,naqualPaulose direciona aos crentes em Filipos demonstrando toda sua alegria pela comunho destes com o evangelhoproclamado.Oapstoloevidenciaseuregozijopelapersistnciadoutrinriados destinatrios, enfatizando a salvao a estes concedida pela graa redentora de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 2. Sntese Teolgica A percope analisada (Fp 1.1-6) trata da saudao carta aos Filipenses. O escritor se apresentacomgrandehumildadediantedestaspessoas,caracterizando-secomoservode Cristo(v.1).InteressantequePaulo,coloca-senomesmopatamardosdestinatriosda missiva. No se v qualquer espcie de soberba por parte deste (que em meio aos cristos era reconhecidopelorespeitvelttulodeapstolo).Coloca-secomoalgumquenopossui privilgios emrelaoqueles aos quais est sedirecionando.Admirvel seria que nos dias 99 WEINGRTNER, Lindolfo. Em Dilogo com a Bblia Filipenses. Curitiba: Ed. Encontro, Belo Horizonte: Misso Editora, 1992, p. 19.100 HENDRIKSEN, William, op. cit. , p. 416. 28de hoje os lderes da Igreja de Cristo, possussem no exemplo dado pelo apstolo Paulo, um modelo de ministrio e humildade a ser seguido no desempenho de suas funes. Os obreiros elderesdeveriamdemaneiraprimordialbuscarservircomunidadequeosinvestiunesta funo.Amensagemdoapstolofazrefletiracercadaimportnciadasubservinciana execuo de uma atividade dentro da congregao, quer sejaela pastoral, ou qualquer outra funo de liderana exercida.Paulo ao se colocar na condio de servo, se identifica com os convertidos de Filipos. NacartadoapstoloaosEfsios,captulo4,versculos1a3,percebe-serecomendao semelhantedadacomunidadeemfeso.Ahumildade,amansido,osuportar-seunsaos outrosemamor,eoesforar-separapreservaraunidadedoEspritosointensamente enfatizadas. Desta maneira podemos perceber que quando Paulo secoloca como prisioneiro deCristo,elesepeemsituaodemaiorcrceredoquealgumqueseencontra aprisionado aos muros de uma cadeia (circunstncia que ele prprio estava experimentando). ElesealocaemestadodetotalentregaedependnciadeJesusCristo.Oviverparaele Cristo(Fp1.21),testemunhardesteamor,dagraaredentoraqueoalcanoupormeiodo sacrifcio vicrio do Deus Filho. Desta mesma maneira, apresenta-se como algum que vibra pelo fato de que naquele lugar existem pessoas, que como ele, esto em total dependncia do Senhor, e a cada dia se esforam para manter viva a unidade do Esprito a estes concedida. Tambm,deve-seenfatizarquesuasituaodeapstolonorecebenfasenesta saudao.EsteaspectodiferenciaFilipensesdeoutrascartasporeleredigidas,taiscomo Romanos, 1 e 2 Corntios e Glatas, e vem a destacar toda a intimidade e apreo de Paulo por aquele povo. AfiguradosBisposrealadapeloremetente,tantoqueaepstolatambm endereadaaesteshomensquepossuamafunodepastorearossantosquecongregavam na igreja de Filipos. Grande destaque igualmente conferido aos Diconos, pessoas que at aquelemomentoeramencarregadasdetarefascomuns,taiscomootrabalhodeservirs mesas. Eram vistos como criados, homens que no possuam qualquer poder e que deveriam demaneirasubmissacumprirasordensenviadaspeloseusenhor.Paulo,porm,passaa utilizarestetermonadesignaodeumimportantecargodentrodacomunidadecrist. Inicia-se a ver o Dicono como algum possuidor da importante funo de servir ao prximo. Pareceestranhaestaafirmao,masPaulobuscanoexemplodeJesusCristo,oarqutipo daquelequeseapresentoucomoomaiorDiconodopovodeIsrael,oDeusqueveiopara servir.Atualmente,notam-sepessoasnaigrejacrist,quepossuemotalentodadopelo Criadordeserviraoseusemelhante,quersejaematosquesoevidenciadosdentroda 29congregao,comoemoutrosquemuitasvezesnosedestacamaosolhosdetodos.Paulo verificaaimportnciaqueestaspessoaspossuemdentrodavidaemcomunidade,dando valor a estes que dedicam seus dias no exerccio do amor ao prximo.Interessante que neste verso (v.1), quando se menciona a figura de Bispos e Diconos, nopensadoemumaestruturahierrquicacomohojetemosnaigrejacontempornea.O Bispo era algum investido de poder pela comunidade local sendo este possuidor da funo depastore-los,enquantoqueosDiconoserampessoasqualificadasnoministriode servios dentro da igreja. Na anlise do versculo2, verifica-se que apstolo escreve aosFilipenses, desejando que a graa e a paz da parte de Deus e do Senhor Jesus Cristo estivessem sobre aquele povo. Trata-se,estaexpresso,deumadeclaraobastantepeculiaraoredator,emuitobem empregadaporesteemsuasaudaoaosestimadosirmosdeFilipos.Agraa,como essnciadasalvaoporpartedeDeusaosquesemantmfirmesnosensinamentosdo SenhorJesus,eapazcomosendoosentimentoquemarcaavidadetodoconvertido,so anunciadas sobre os filipenses. Nosversos3e4,v-semanifestadaoregozijodoapstoloemestarredigindoesta epstolacomunidadedeFilipos.Talcontentamentoestdiretamenteligadopersistncia doutrinriadestescrentes.Estaalegriaalgoquesinalizaestesversculosetodoorestante da epstola, podendo inclusive ser considerada como o tema central deste escrito. Entende-se ser esta uma injeo denimo por parte de Paulo, buscando justamenteque os filipenses se mantivessemfirmesemsuafenodesanimassemfrentestribulaestopresentesna igreja daqueles tempos.Paulo tambm enfatiza a ao do Criador sobre aqueles homens. Est ele convencido dequeaboaobracomeadaporDeus,certamenteserconcludaatasegundavindade Cristo(DiadeCristoJesus).Verifica-seemFp2.12-13,queoapstoloexortaaquelepovo aodesenvolvimentodesuasalvao,enfatizandoqueestaboaobra(salvao)dom exclusivodeDeus,sendoElequemefetuatantooquerer,quantoorealizar.Elesealegra pelofatodequeosFilipensesestodesenvolvendosuasalvao,aopontodeafirmarsua certeza de que a boa obra iniciada nestes homens ser completada at o Dia de Cristo Jesus. Oregozijotamanho,poisasalvaoeratantoporPaulocomopelosfilipenses,vividaa cada dia sob a perspectiva escatolgica do Dia de Cristo. Porfim,deve-seaindadardestaqueaoqueperfazoeixocentraldestedocumento (vide item 5.1). A tpica saudao paulina de graa e paz, relaciona-se diretamente alegria do apstolo pelacomunho no evangelho doscrentes emFilipos. Paulo se mostra exultante 30pela conduta e persistncia daqueles homens, especialmente por se tratarem estes de pessoas ntegrasquetestemunhavamemseusatosoverdadeirosignificadodeumviveralcanado pela graa imerecida de Deus o Criador, e assim como o apstolo, diariamente desenvolviam sua salvao sob a expectativa do Dia de Cristo Jesus. VIII. ATUALIZAO Otextoobjetodesteestudoexegtico(Fp1.1-6)poderserpregadoemumsermo direcionado aos lderes de uma comunidade crist.Paraestaformadeatualizao,sugere-sequeoescritosejaabordadosobaticado tema Paulo, exemplo de liderana.Indicam-se alguns tpicos a serem trabalhados, quais sejam:1) A humildade de um lder; 2) A alegria de um lder; 3) A orao de um lder. Estes tpicos devero ser abordados tendo por base o exemplo de liderana dado por PaulonasaudaodaepstolaaosFilipenses.Oprimeirotpico,aquiintituladodeA humildadedeumlder,deverseratreladoaoversculo1,ondeoredatorsemostraem situao de submisso e igualdade frente Igreja de Filipos. J o segundo ponto A alegria deumlder,buscarenfocarocontentamentodoapstolopelaboacondutaefirmezade seus liderados (v.3), visando tambm dar nfase alegria que provm de Cristo no exerccio de uma funo que visa o engrandecimento do Reino de Deus. E por fim, o terceiro aspecto Aoraodeumlder,deververvistocombasenoverso4,edesenvolvidosoba perspectiva do valor que possui a orao dentroda vida de um lder ea grande importncia destes estarem orando pelos seus liderados. 31 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BALLARINI, P. Teodorico. Introduo Bblia V. 2. Petrpolis: Vozes, 1969. BARTH, Gerhard. Carta aos Filipenses.So Leopoldo: Sinodal, 1983. BOOR,Wernerde.CartasaosEfsios,FilipenseseColossenses.ComentrioEsperana. Curitiba: Esperana, 2006. BOOR,Wernerde.DieBriefedesPaulusandiePhilipperundandieKolosser.9ed. Wuppertal: Brockhaus, 1982. CARSON,D.A.,MOO,DouglasJ.,MORRIS,Leon.IntroduoaoNovoTestamento.So Paulo: Vida Nova, 1997. COMBLIN,Jos.EpstolaaosFilipenses.ComentrioBblicoNT.SoLeopoldo:Ed. Sinodal, Petrpolis: Vozes, Imprensa Metodista, 1985. Concordncia Fiel do Novo Testamento. Volume I. So Jos dos Campos: Fiel, 1994. CRABTREE, A. R. Introduo ao Novo Testamento. Rio de Janeiro: Casa Publicadora, 1943. DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionrio da Bblia. 2 ed. So Paulo: Vida Nova, 2006. FRIBERG, Barbara & Timothy. O Novo Testamento Grego Analtico. So Paulo: Vida Nova, 1987. GINGRICH,F.Wilbur,DANKER,FrederickW.LxicodoN.T.Grego/Portugus.So Paulo: Vida Nova, 1984. GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 2005. GUTHRIE,Donald.NewTestamentIntroduction.21ed.DawnersGrove:Inter-Vartsity Press, 1991. 32HARRIS,R.Laird,etal,DicionrioInternacionaldeTeologiadoNovoTestamento.2ed. So Paulo: Vida Nova, 2000. HAWTHORNE, Gerald F. Word Biblical Comentary Philippians. Volume 43. Waco: Word Books, 1983. HENDRIKSEN,William.EfsioseFilipenses:ComentriodoNovoTestamento.2ed.So Paulo: Cultura Crist, 2005. HENDRIKSEN,William.ComentriodoNovoTestamentoFilipenses.SoPaulo:Casa Editora Presbiteriana, 1992. HARRISON,EverettF.IntroducinalNuevoTestamento.GrandRapids:Subcomisin Literatura Cristiana de la Iglesia Cristiana Reformada, 1987. KMMEL, Werner G. Introduo ao Novo Testamento. 3 ed. So Paulo: Paulus, 2004. MARTIN, Ralph P. Filipenses introduo e comentrio.So Paulo: Vida Nova, 2005. NESTLE,EberhardetErwin.,ALAND,BarbaraetKurt.NovumTestamentumGreace, Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2001. PAROSCHI,Wilson.CrticaTextualdoNovoTestamento.2ed.SoPaulo:VidaNova, 1999. RIENECKER,Fritz,ROGERS,Cleon.ChaveLingsticadoNovoTestamentoGrego.So Paulo: Vida Nova, 1985. Roteiro para a Leitura da Bblia. 2 ed. So Leopoldo: Sinodal, 1996. RUSCONI,Carlo.DicionriodoGregodoNovoTestamento.2ed.SoPaulo:VidaNova, 2005. SCHALKWIJK,FranciscoLeonardo.CoinPequenaGramticadoGrego Neotestamentrio. 8 ed. Patrocnio: CEIBEL, 1998. SCHKEL,Lus Alonso. Bblia do Peregrino Novo Testamento. 2 ed. So Paulo: Paulus, 2000. 33SHEDD, Russell P., et al. Epstolas da Priso. So Paulo: Vida Nova, 2005. SHEDD, Russell P. Alegrai-vos no Senhor. So Paulo: Vida Nova, 1984. WEGNER,Uwe.ExegesedoNovoTestamentoManualdeMetodologia.2ed.So Leopoldo: Sinodal / So Paulo: Paulus, 2001. WEINGARTNER,Lindolfo.EmDilogocomaBbliaFilipenses.Curitiba:Encontro, 2002. WITHERINGTON III, Ben. Histria e Histrias do Novo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 2005.