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UNIVERSIDADE CATLICA DE
BRASLIA
PR-REITORIA DE GRADUAO TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
Relaes Internacionais
PORTOS SECOS DA REGIO CENTRO-OESTE DO BRASIL COMO
INSTRUMENTO FACILITADOR PARA O COMRCIO EXTERIOR DA REGIO E
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Autora: Camila Coelho de Paula
Orientador Especfico: Prof. Msc. Carlos Augusto de Souza
BRASLIA
2007
CAMILA COELHO DE PAULA
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CAMILA COELHO DE PAULA
PORTOS SECOS DA REGIO CENTRO-OESTE DO BRASIL COMO
INSTRUMENTO FACILITADOR PARA O COMRCIO EXTERIOR DA REGIO E
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Monografia apresentado ao Curso de Relaes
Internacionais da Universidade Catlica de Braslia
como requisito parcial para obteno do ttulo de
Bacharel em Relaes Internacionais.
Orientador Geral: Prof. Dr. Wilson de Jesus
Beserra de Almeida
Orientador Especfico: Prof. Msc. Carlos Augusto
de Souza
Braslia
2007
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iii
TERMO DE APROVAO
PORTOS SECOS DA REGIO CENTRO-OESTE DO BRASIL COMO
INSTRUMENTO FACILITADOR PARA O COMRCIO EXTERIOR DA REGIO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Camila Coelho de Paula
Monografia defendida como requisito parcial para a obteno do titulo de bacharel
em Relaes Internacionais, em Novembro de 2007, pela banca examinadora
constituda por:
Braslia-DF, _____ de ______________ de 2007
_______________________________________ Presidente Prof
____________________________________________________ Orientador Geral: Prof. Dr. Wilson de Jesus Beserra de Almeida
_______________________________________
Orientador Especfico: Prof. MSc. Carlos Augusto de Souza
Braslia-DF
2007
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DEDICATRIA
Dedico ao meu pai Srgio, minha
me Vilma e minha irm Carolina que
muito contriburam para o xito deste
trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus pelas infinitas maravilhas que tem operado em minha vida.
A minha famlia pelo amor incondicional.
Ao meu cunhado Clodoaldo, por toda ajuda, mesmo que indiretamente.
Aos meus amigos de curso que fizeram desses anos de Universidade uma poca
inesquecvel, em especial ao grande amigo Cssio Bruno pelas incontveis trocas
de arquivos via e-mail e pelo apoio desde o incio deste trabalho.
Aos professores do curso, em especial ao Professor Carlos Augusto, no tenho
palavras para agradecer o precioso apoio deste professor.
Ao meu orientador, Wilson Almeida, que me acompanhou desde a definio do
tema.
Ao Professor Rooney Santos que, apesar da distncia, muito contribuiu para a
obteno de dados para a pesquisa.
Aos portos secos Porto Seco Cuiab, Porto Seco Centro Oeste, AGESA e Porto
Seco DF pelo fornecimento de dados para a realizao deste estudo.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Quantidade de Portos Secos existentes no Brasil .................................... 19 Tabela 2 - Participao nas importaes totais do estado de Gois (2000-2006) .... 50 Tabela 3 - Movimentao da mo-de-obra em Cuiab (2000-2006) ......................... 50 Tabela 4 - Participao nas importaes totais do estado de Gois (2000-2006) .... 54 Tabela 5 - Movimentao de mo-de-obra em Anpolis (2000-2006) ...................... 55 Tabela 6 - Exportaes via Porto Seco de Corumb (1996 2006) ......................... 56 Tabela 7 - Importaes Via Porto Seco de Corumb (1996-2006) ............................ 56 Tabela 8 - Movimentao de mo-de-obra em Corumb (2000-2006) ..................... 57 Tabela 9 - Participao nas importaes totais do Distrito Federal ........................... 60 Tabela 10 - Movimentao de mo-de-obra no Distrito Federal (2000-2006) ........... 60
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Importao de colheitadeiras pelo estado de Mato Grosso (2000-2006) 48 Grfico 2 Importao de motocicletas pelo estado de Mato Grosso (2000-2006) .. 48 Grfico 3 - Importao de peas para colheitadeiras pelo estado de Mato Grosso (2000-2006) ............................................................................................................... 49 Grfico 4 - Importao de veculos automotores pelo estado de Gois (1994-2006) 51 Grfico 5 - Importao de produtos farmacuticos pelo estado de Gois (1994-2006) .................................................................................................................................. 52 Grfico 6 - Importao de mquinas e produtos de informtica pelo estado de Gois (1994-2006) ............................................................................................................... 53 Grfico 7 - Importao de produtos qumicos orgnicos pelo estado de Gois (1994-2006) ......................................................................................................................... 53 Grfico 8 - Importao de produtos farmacuticos pelo Distrito Federal (2001-2006) .................................................................................................................................. 58 Grfico 9 - Importao de produtos qumicos orgnicos pelo Distrito Federal (2001-2006) ......................................................................................................................... 58 Grfico 10 - Importao de mquinas e produtos de informtica pelo Distrito Federal (2001-2006) ............................................................................................................... 59
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2 - Distant Dry Port ......................................................................................... 29 Figura 3 - Mid-range Dry Port .................................................................................... 30 Figura 4 - Close Dry Port ........................................................................................... 30 Figura 5 - Lahore Dry Port ......................................................................................... 32 Figura 6 - Porto Seco Cuiab .................................................................................... 36 Figura 7 - Porto Seco Centro Oeste .......................................................................... 38 Figura 8 - AGESA ...................................................................................................... 41 Figura 9 - Porto Seco DF........................................................................................... 43
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LISTA DE ABREVIAES E SIGLAS
AGESA - Armazns Gerais Alfandegados de Mato Grosso do Sul
ALCA - rea de Livre Comrcio das Amricas
ANVISA - Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
BRB - Banco Regional de Braslia
CD - Centro de Distribuio
CLIA - Centro Logstico e Industrial Aduaneiro
CNI - Confederao Nacional da Indstria
DAIA - Distrito Agroindustrial de Anpolis
DIICC - Distrito Integrado Industrial e Comercial de Cuiab
DAC - Depsito Certificado Alfandegado
DTA - Declarao de Trnsito Aduaneiro
EADI - Estao Aduaneira do Interior
EAF - Estao Aduaneira de Fronteira
ESCAP - Economic And Social Commission For Asia And The Pacific
FCA - Ferrovia Centro-Atlntica
FIEMS - Federao da Indstria do estado de Mato Grosso do Sul
FOB - Free on Board
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis
ICMS - Imposto de Circulao de Mercadorias e Servios
IN - Instruo Normativa
IIRSA - Integrao da Infra-estrutura Regional Sul-Americana
INLOC - Integrating Logistics Centre Networks in the Baltic Sea Region
INTERMAT - Instituto de Terras de Mato Grosso
MDIC - Ministrio do Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior
MTE - Ministrio do Trabalho e Emprego
MT - Ministrio dos Transportes
NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul
OMC - Organizao Mundial do Comrcio
PEDET - Programa de Disseminao de Estatsticas do Trabalho
PIB - Produto Interno Bruto
PRODEIC - Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial
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Pr-DF - Programa de Promoo do Desenvolvimento Econmico Integrado e
Sustentvel
RAAAE - Regimes Aduaneiros Aplicados em reas Especiais
RAE - Regimes Aduaneiros Especiais
SRF - Secretaria da Receita Federal
SDE - Secretaria de Desenvolvimento Econmico do Distrito Federal
SEPLAN - Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Gois
SEBRAE - Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas
TRA - Terminais Retroporturios Alfandegados
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SUMRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................. vi LISTA DE GRFICOS .......................................................................................... vii LISTA DE GRFICOS .......................................................................................... vii LISTA DE FIGURAS .............................................................................................viii LISTA DE FIGURAS .............................................................................................viii LISTA DE ABREVIAES E SIGLAS ............................................................... ix RESUMO...................................................................................................................xiii ABSTRACT .............................................................................................................. xiv 1. INTRODUO ........................................................................................................ 1
1.1 Problema e sua Importncia .............................................................................. 1 1.2 Hiptese ............................................................................................................. 3 1.3 Objetivos ............................................................................................................ 3 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 3 1.3.2 Objetivos Especficos...................................................................................... 3 1.4 Metodologia ....................................................................................................... 4
2. REFERENCIAL TERICO ...................................................................................... 5 2.1 Reviso Bibliogrfica ......................................................................................... 5 2.2 Marco Terico .................................................................................................. 10 2.2.1 Teoria das Vantagens Absolutas .................................................................. 10 2.2.2 Teoria das Vantagens Comparativas ............................................................ 11 2.2.3 Teoria de Heckcsher-Ohlin ........................................................................... 11 2.2.4 Teoria da Vantagem Competitiva ................................................................. 12 2.2.5 Destruio Criadora ...................................................................................... 13 2.2.6 Regimes Aduaneiros Especiais .................................................................... 14 2.2.7 Recintos Alfandegados ................................................................................. 16 2.2.8 Portos Secos ................................................................................................ 16 2.2.9 Logstica ....................................................................................................... 17
3. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 18 3.1 Panorama dos Portos Secos no Brasil e no exterior ....................................... 18 3.1.1 Evoluo dos Portos Secos no Brasil e Legislao ...................................... 18 3.1.2 Benefcios e funcionamento dos Portos Secos ............................................. 24 3.1.3 Portos Secos no Exterior .............................................................................. 28 3.2 Portos Secos da Regio Centro-Oeste do Brasil ............................................. 35 3.2.1 Porto Seco Cuiab ........................................................................................ 36 3.2.2 Porto Seco Centro Oeste .............................................................................. 38 3.2.3 AGESA Armazns Gerais Alfandegados de Mato Grosso do Sul ............. 41 3.2.4 Porto Seco DF .............................................................................................. 43 3.3 Contribuio dos Portos Secos da Regio Centro-Oeste do Brasil para o Comrcio Exterior e gerao de Empregos ........................................................... 46 3.3.1 Mato Grosso ................................................................................................. 47 3.3.3 Mato Grosso do Sul ...................................................................................... 55 3.3.4 Distrito Federal ............................................................................................. 57
4. Concluso ............................................................................................................. 61 5. REFERNCIA BIBLIOGRFICA ........................................................................... 63
5.1 Obras Impressas ............................................................................................. 63 5.1.1 Livros ............................................................................................................ 63
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xii
5.1.2 Revistas e Jornais......................................................................................... 64 5.1.3 Dissertaes ................................................................................................. 64 5.1.4 Peridicos ........................................................ Erro! Indicador no definido.
6. ANEXOS.................................................................................................................69
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xiii
RESUMO
O presente estudo analisa os portos secos da regio Centro-Oeste do Brasil
como instrumentos capazes de impulsionar o comrcio exterior dos estados e a
gerao de empregos para os municpios nos quais os mesmos esto instalados. Os
estados da regio representam parcela importante do comrcio exterior brasileiro e
esto distantes do mar. Estes fatores influenciaram na realizao desta pesquisa,
pois a distncia entre as aduanas e os exportadores e importadores da regio por
vezes se torna um entrave para os mesmos. Para se chegar ao objetivo da pesquisa
foi feita uma anlise das importaes totais dos estados para aqueles produtos mais
movimentados nos portos secos e anlise da movimentao de mo-de-obra nos
municpios. No primeiro momento, por meio da legislao para os portos secos e por
meio de documentos de centros especializados, foi feita uma abordagem do histrico
e funcionamento no Brasil e no exterior. Os resultados obtidos demonstraram um
breve histrico da descentralizao dos servios aduaneiros nos portos martimos
brasileiros e demonstraram, tambm, o funcionamento dos portos secos existentes
no exterior. Por meio de envio de questionrio para os representantes dos portos
secos da regio, foi possvel traar o perfil de cada um. Para se chegar ao objetivo
da pesquisa foram utilizadas as bases de dados do Ministrio do Desenvolvimento
Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) e Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE). O
estudo mostra que h contribuio principalmente para as importaes das
empresas que esto localizadas prximo ao porto seco, no entanto, o mesmo no
notado para as exportaes. Demonstra, tambm, que movimentao de mo-de-
obra apresenta aumento somente nos anos posteriores instalao dos mesmos.
Destarte, o estudo mostra que muito ainda deve ser feito para tornar o trabalho dos
portos secos mais eficiente.
Palavras chave: portos secos, comrcio exterior, logstica, mo-de-obra,
aduanas.
-
xiv
ABSTRACT
The current study analizes the dry ports in the Center West region in Brazil as
instruments capable of boosting the States foreign trade and the generation of jobs
for the municipalities in which they are established. The States of the Region
represent an important part of the Brazilian foreign trade and they are far from the
sea. These factors influenced the conduct of this research, for the distance among
the customs, exporters and importers in the region sometimes becomes an obstacle
for them. To reach the goal of the research was held an analysis of the total imports
of states for those products more busy in the ports and dry analysis of the movement
of the workforce in the municipalities. In a first moment, through the legislation to the
dry ports and through documents from specialized centers, has been made an
approach to history and operation in Brazil and abroad. The determined results
showed a historical brief of the of the decentralization of customs ports in Brazil and
also the operation of the existing dry ports abroad. By means of sending the
questionnaire to the representatives of the dry ports in the region, it was possible to
draw a profile of each one. To achieve the goal of the research were used the
databases from the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIFT)
and Ministry of Labor and Employment (MLE). The study shows that there is
contribution mainly to imports of the companies that are located next to the dry port,
however, it is not noticed for exports. It also shows that movement of the workforce
presents only increase in the subsequent years to the installation of the same.
Therefore, the study shows that much still needs to be done to make the work of the
dry ports more efficient.
Keywords: dry ports, foreign trade, logistics, labor, customs.
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1
1. INTRODUO
1.1 Problema e sua Importncia
Fomentar o crescimento do comrcio exterior brasileiro gera benefcios tais
como a ampliao das reservas internacionais, o que garante a cobertura dos
dficits nas contas externas (CARVALHO E SILVA, 2000), impulsiona a criao de
novos empregos, o acesso a novas tecnologias e melhores padres de produo e,
tambm, o estmulo para incrementar a eficincia e a competitividade das empresas.
No entanto, no momento de deciso acerca de como importar ou exportar
uma mercadoria, alguns fatores devem ser observados. A atividade de comrcio
exterior est estruturada em muitas variveis, sendo os procedimentos das aduanas
inerentes importao e exportao de valor fundamental. Por ser esta atividade
importante para a economia nacional, faz-se necessrio a observao de questes
tais como o regime aduaneiro adotado no processo de trocas comerciais com o
exterior, o local no qual essa mercadoria ser estocada, entre outras questes
(ROCHA, 2003).
Proporcionar maior insero brasileira no comrcio internacional incrementa a
participao do Brasil no contexto internacional, mormente no mbito da OMC e,
ainda, tem o intuito de consolidar a caracterstica brasileira como lder da Amrica do
Sul o que contribui para as relaes internacionais do Brasil (FONSECA E
MARCONINI, 2006).
Para um crescimento sustentado e concreto do comrcio exterior brasileiro
faz-se necessrio investir na aplicao de processos logsticos adequados (KEEDI,
2004a) de modo que o tempo de resposta entre o pedido do importador e a resposta
do exportador seja realizado com maior celeridade.
O comrcio exterior brasileiro vem evoluindo positivamente. Segundo dados
do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC) no ano de
2006 o Brasil exportou US$ 137,50 bilhes (FOB)1 e importou US$ 91,40 bilhes
(FOB), aumento de 16,22% nas exportaes e 24,2% nas importaes em relao
ao ano de 2005. Tem-se, portanto, uma corrente de comrcio da ordem de US$
228,90 bilhes, com participao no PIB de 24,63% (dados do MDIC). Com o 1 FOB: free on board correm por conta do vendedor todas as despesas e riscos por perdas e danos at o
momento da colocao da mercadoria a bordo do navio indicado pelo comprador, no porto de embarque. (Carvalho e Silva, 2000, p. 110).
-
2
aumento do volume de trocas comercias com o exterior, houve, tambm, sobrecarga
nos portos brasileiros, conseqentemente ocorrem atrasos no processo de
importao ou exportao, aumento do nmero de mercadorias perdidas,
danificadas ou at mesmo extraviadas gerando perda de tempo e tornando o
processo mais oneroso. medida que o comrcio exterior brasileiro se desenvolve,
surge a busca por melhora no fluxo das mercadorias como forma de incrementar a
competitividade das empresas e dos produtos brasileiros. Como fator importante
para que a balana comercial continue com saldo positivo, percebe-se a
necessidade de novas ferramentas que garantam a eficincia logstica. Para que o
Brasil se torne um competidor de peso no mercado internacional, ser requisito a
aplicao de processos logsticos que sejam capazes de acompanhar a evoluo do
comrcio exterior.
A regio Centro Oeste do Brasil composta pelos Estados do Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso, Gois e o Distrito Federal tem como principal atividade econmica
a agricultura, produo de milho, soja, algodo e carne e representa
aproximadamente 40% do total da produo agrcola nacional, segundo dados do
MDIC.
De acordo com artigo publicado pela Confederao Nacional da Indstria
(CNI), em 2005 a regio Centro-Oeste representou 5,4% do total de exportaes do
Brasil. Para os empresrios da regio um dos maiores problemas est associado ao
apoio logstico tanto na importao quanto na exportao. Faltam regio mais
investimentos em infra-estrutura para tornar mais gil o escoamento das
mercadorias.
A dificuldade em escoar as mercadorias destinadas a importao ou
exportao, bem como a distncia entre os produtores ou importadores e as
aduanas, tm desestimulado a atividade de comrcio exterior entre as empresas que
esto localizadas no interior do pas.
Consoante o exposto por Keedi (2004a), o comrcio exterior faz-se importante
para a retomada do crescimento brasileiro. Faz-se necessrio um aumento das
exportaes, bem como das importaes para que haja modernizao da indstria e
no complemento daquilo que o pas no produz por falta de condies para tal. Os
efeitos dessa importao devem influenciar direto na modernizao da economia e
serem capazes de impulsionar a qualidade e a competitividade dos produtos
nacionais.
-
3
Para Keedi (2004a), a competitividade a nvel internacional no envolve
somente matria-prima e mo-de-obra de qualidade e a baixo custo, pois
consenso dentro e fora do Brasil a alta competitividade e qualidade dos produtos
nacionais, segundo o autor, os problemas da produo nacional esto fora das
fbricas.
Nesse contexto, o estudo das Estaes Aduaneiras do Interior, tambm
chamadas de Portos Secos, como mecanismo de alavancagem do comrcio exterior
da regio Centro-Oeste do Brasil se faz importante uma vez que esses instrumentos
facilitadores do processo importao e exportao assumem cada vez mais papel
considervel na participao do desenvolvimento econmico do Brasil.
1.2 Hiptese
Os Portos Secos localizados na regio Centro-Oeste do Brasil contribuem
positivamente para o desenvolvimento do comrcio exterior da regio, bem como
para o incremento do emprego.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a contribuio dos Portos Secos para as importaes e exportaes
dos estados nos quais os mesmos esto instalados, bem como para a gerao de
empregos nos municpios onde esto localizados.
1.3.2 Objetivos Especficos
Apresentar um panorama dos portos secos no Brasil e no exterior;
Apresentar os portos secos localizadas na regio Centro-Oeste do Brasil;
Analisar a contribuio dos Portos Secos para o Comrcio Exterior dos
estados da regio Centro-Oeste e a gerao de empregos nos municpios
onde esto localizados.
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4
1.4 Metodologia
O desenvolvimento do presente estudo foi pautado em pesquisa em livros,
dissertaes, monografias, legislao, revistas, questionrios enviados aos
representantes dos portos secos e publicaes em stios da Internet pertinentes ao
assunto proposto.
Esta pesquisa descritiva e explicativa. Segundo Vergara (2000) a pesquisa
descritiva visa expor caractersticas de determinado fenmeno e visa explicar as
relaes de causa e efeito desses fenmenos. Enquanto a explicativa visa
esclarecer quais fatores e como contribuem para a ocorrncia de tal fato.
Neste estudo a pesquisa descritiva apresenta a estrutura e funcionamento
das estaes aduaneiras de interior. J a explicativa esclarece os impactos
causados pelos Portos Secos no comrcio exterior da Regio Centro-Oeste
Brasileira.
Para comprovar a hiptese proposta, foram analisadas as importaes totais
dos estados para os principais produtos importados via porto seco e a base de
dados de movimentao de mo-de-obra dos municpios onde esto os portos
secos. Para a obteno desses dados foram utilizadas ferramentas especializadas
do Governo, mormente o AliceWeb, do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e
Comrcio Exterior (MDIC), bem como o Servio de Apoio s Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE) e Programa de Disseminao de Estatsticas do Trabalho
(PEDET), do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE).
A organizao das informaes obtidas foi feita de forma que demonstre a
contribuio dos portos secos para o comrcio exterior bem como para o incremento
do emprego nos municpios.
Para demonstrar um panorama dos portos secos no Brasil e no exterior foram
utilizados revistas, relatrios e estudos que apresentem a relevncia dos portos
secos no crescimento do comrcio exterior e no desenvolvimento da regio onde os
mesmos esto instalados, o funcionamento e o objetivo de cada um e em cada pas
abordado. Foram analisados, ainda, livros com o arcabouo conceitual e a legislao
pertinente acerca dos portos secos.
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5
2. REFERENCIAL TERICO
2.1 Reviso Bibliogrfica
Na Reviso Bibliogrfica sero analisados trabalhos cujos temas versam
sobre a importncia do comrcio exterior para a Nao. Da mesma infere-se o intuito
de identificar a aplicabilidade de algumas teorias que abordam o comrcio
internacional bem como a importncia de processos aduaneiros eficientes para a
atividade mencionada.
Segundo o exposto por Keedi (2004b) diversos so os motivos que levam os
pases a estabelecerem trocas comerciais entre si. Caso um pas tenha um
determinado recurso natural em abundncia, poder exportar tal recurso para aquele
pas que tem este recurso em escassez, bem como poder importar bens de
produo para obteno do seu recurso natural. Destarte, tanto a disponibilidade
quanto a escassez de recursos naturais ou bens de produo, dentre outros, so
agentes motivadores para a realizao de trocas comerciais entre pases. Keedi
(2004b) considera o clima como outro fator impulsionador do comrcio exterior, pois
o mesmo poder ou no beneficiar a produo de determinados produtos.
A escassez de mo de obra ou capital determinam a quantidade produzida de
um bem e sua competitividade, dessa forma ser determinado se o pas ser
importador ou exportador desta mercadoria, dependendo da abundncia ou
escassez.
No s a abundncia ou escassez de recursos determina as trocas
comerciais entre os pases, mas tambm, de acordo com Keedi (2004b), a
necessidade de relacionamento entre os mesmos, no qual a troca comercial pode
"fazer parte de um conjunto mais abrangente de contatos e aes entre os pases"
(KEEDI, 2004b, pg. 19).
A abertura do comrcio nacional s mercadorias importadas acarreta
melhoria da qualidade dos produtos nacionais, uma vez que os produtos importados
seriam concorrentes dos mesmos.
Keedi apresenta a importncia da diluio de riscos, na qual o pas no tem
no mercado interno seu principal cliente ou fornecedor. Com um nmero
-
6
considervel de pases fornecedores e compradores, o produto nacional no fica a
merc das variaes econmicas de um nico pas.
Em seu livro, o autor aponta a importncia da atividade exportadora e
importadora. A exportao proporciona a diversificao de mercados o que,
conseqentemente, proporciona menor risco de reduo do consumo, dado a
quantidade de clientes demandando aquele produto. Exportar para o maior nmero
de pases possvel acarreta aumento na produo e na quantidade vendida.
O aumento da produo ocasionado pela exportao tem como resultado
gerao de empregos, o que leva ao aumento do consumo da populao e, como
conseqncia, impulsiona a economia nacional. Deve ser levado em conta tambm,
segundo Keedi, a quantidade produzida, ou seja, quanto mais unidades produzidas,
menor ser o custo fixo.
Com o aumento das exportaes h o incremento tecnolgico e o
aquilatamento da mo-de-obra, uma vez que o mercado importador exige produtos
de alta qualidade.
A atividade exportadora garante ao pas a entrada de moeda forte2, o que
gera aumento de divisas para a liquidao das compras internacionais, dos juros e
dvidas, entre outros.
No tocante a importncia da importao, o autor aponta que a mesma garante
ao pas um leque de opes de compra diminuindo, assim, a dependncia em
relao aos produtos nacionais e diminuindo o impacto das crises de produo em
outros mercados fornecedores sobre o consumo nacional. O ingresso de novas
mercadorias no pas representa aumento de produtos oferecidos, maior variedade e
menores preos, pois os produtos importados representam concorrncia para o
produto nacional. A importao garante, tambm, a renovao e expanso do
parque industrial e inovao tecnolgica.
Arbache e De Negri (2001 apud ARBACHE 2002) apresentam em sua
pesquisa evidncias empricas ligadas ao comrcio internacional, emprego e renda.
Os autores concluem que a mo-de-obra mais qualificada nas empresas que
trabalham com comrcio exterior, ou seja, a abertura comercial impulsiona o
mercado de trabalho a demandar mais mo-de-obra qualificada. Como
conseqncia, capital humano superior implica em nvel tecnolgico igualmente
2 Keedi determina como moeda forte a moeda dos pases economicamente estveis, exemplo: dlar norte-
americano e euro. (Keedi, 2004b, pg. 23)
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superior. No entanto, no h somente a gerao de empregos para trabalhadores
qualificados, mas h, tambm a gerao de empregos para os trabalhadores no
qualificados, principalmente na indstria.
Para Arbache (2002) existe relao entre o tamanho das firmas dedicadas ao
comrcio exterior e os salrios praticados nas mesmas. Tal concluso est
fundamentada na percepo de que os maiores salrios esto nas firmas
exportadoras e estas so maiores que as firmas no exportadoras. Dessa forma
conclui-se que nas empresas participantes do comrcio exterior haja maior nvel
tecnolgico, esquemas de salrios de eficincia baseados nos modelos de
monitoramento. (ARBACHE, 2002, p. 13).
Em sua pesquisa, Pinheiro (2002) defende o argumento de que seria
interessante para o Brasil obter aumentos na conta de comrcio exterior exportando
mais sem diminuir o volume de importaes. Permitir o aumento das importaes
estimula o incremento da produtividade e da eficincia, alm de diminuir a
vulnerabilidade externa. O autor defende o aumento das exportaes brasileiras
para que o pas se integre aos fluxos de comrcio internacional.
A poltica de promoo do comrcio exterior brasileiro nos anos 80 era
pautada em subsdios pblicos, no entanto, a atuao da Organizao Mundial do
Comrcio (OMC) est focada em impedir esse estmulo. Mas a proibio
proporcionou estimulo s exportaes por meio de incentivos s atividades de
pesquisa e desenvolvimento e ao desenvolvimento da regio cuja produo
destinada exportao.
Pinheiro admite que as pequenas e mdias empresas enfrentam, devido ao
seu tamanho, o problema da competitividade. Nesse contexto, a atividade de
comrcio exterior pode ser um instrumento de apoio s empresas de pequeno porte.
Infere-se do texto de Pinheiro que a partir da unio dessas empresas para lanarem
seus produtos alm das fronteiras, mesmo no trabalhando no mesmo setor, gera
benefcios tais como reduo do risco, fomento capacidade gerencial e o
incremento da infra-estrutura, dentre outros.
Segundo Abreu (n.d. apud PINHEIRO 2002), a diplomacia comercial fator
importante nas estratgias de expanso do comrcio exterior, bem como da
construo da participao do Brasil no cenrio econmico mundial. Para tanto, o
autor sinaliza a importncia do posicionamento dos negociadores brasileiros perante
as negociaes no mbito da OMC, haja vista o no desgaste da imagem brasileira
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8
perante os principais participantes dessas negociaes, quais sejam: Unio
Europia, Estados Unidos e Japo.
Fonseca e Marconini (2006) apontam que com o uso da importncia do
comrcio exterior, bem como da capacidade diplomtica em negociaes
internacionais, o Brasil tem se configurado no cenrio mundial de comrcio como um
dos principais atores. Os autores citam a participao brasileira como lder do G20, o
grupo dos pases em desenvolvimento, e as importantes vitrias alcanadas no
sistema de soluo de controvrsias da OMC contencioso do algodo com os
Estados Unidos e o caso do acar com a Unio Europia. Em mbito regional, o
Brasil o lder do Mercosul e, como tal, vem estabelecendo negociaes com a rea
de Livre Comrcio das Amricas (Alca) e o Mercosul-Unio Europia com forte
empenho da tradicional diplomacia brasileira. Fora do continente, em 2003 o Brasil
firmou acordos de preferncias comerciais com frica do Sul e ndia.
Para os autores a corrente de comrcio3 como fator integrante do PIB
demonstra a importncia do comrcio exterior para a economia brasileira. Aps a
abertura comercial o Brasil teve ganhos de produtividade da ordem de 2,7% ao ano
no perodo entre 1996 e 2000. Na dcada de 1990 o crescimento da produtividade
foi observado nos setores que mais se relacionaram economicamente com o
exterior.
Os autores concluem que o comrcio exterior responda a determinadas
questes de ordem macroeconmica e, concomitantemente, como instrumento para
o exerccio de uma diplomacia ativa (FONSECA E MARCONINI, 2006, pg. 87).
Nesse contexto, Pinheiro e Giambiagi (n.d.) apontam que o Brasil necessita
de maior abertura comercial, exemplo daquela realizada na dcada de 1990, para
que se possa alcanar maior grau de integrao economia mundial. Os autores
atestam que com o aumento do comrcio exterior o Brasil estar menos vulnervel
aos choques externos e, como conseqncia, no haver interferncia no
crescimento ou elevao dos juros domsticos, o que leva a menores riscos
macroeconmicos, promovendo, assim, o aumento dos prazos no mercado de
crdito. Para tanto, o Brasil precisa exportar e importar mais, pois com a economia
aberta haver desvalorizao do cmbio e as empresas tero acesso a bens de
3 Corrente de comrcio definida por Fonseca e Marconini como soma do total das exportaes e
importaes.
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capital e insumos modernos, acarretando mais competitividade e incentivos para
buscar o mercado externo.
Castro (2004) aponta que a importncia do comrcio exterior se d pela soma
das exportaes e importaes, pois o "comrcio exterior uma via de duas mos, a
exportao e importao, com uma no existindo sem a outra" (CASTRO, 2004, pg.
05). Dessa forma, o autor aponta o aumento das exportaes, com peso maior para
os manufaturados, como gerador de divisas para liquidar a dvida externa e os juros,
enquanto as importaes de bens e novas tecnologias permitem o crescimento
sustentado da economia brasileira. corolrio que o aumento das exportaes
brasileiras tem proporcionado maior segurana queles que investem no Brasil,
tanto na captao de recursos quanto no fornecimento dos mesmos, uma vez que,
por esse motivo, as agncias de risco reduzem o rating 4 brasileiro.
Segundo Rocha (2003) a participao competitiva no comrcio internacional
exige subsdios que auxiliem nos processos logsticos e proporcionem agilidade nos
desembaraos aduaneiros. Para tanto, faz-se importante a aplicao de regimes
especiais aduaneiros. Segundo o autor, a participao efetiva das Estaes
Aduaneiras do Interior apontada como instrumento eficiente de competitividade,
uma vez que as mesmas so autorizadas pela Secretaria da Receita Federal a
abrigar atividades de industrializao, quais sejam: embalagem, reembalagem para
rotulagem, reparos e montagem.
Para Keedi (2004a) o comrcio exterior formado por uma gama de
atividades "cujas partes formam um todo completo e necessrio, e sem as quais ele
no existe". Desse infere-se a importncia dos mecanismos que agilizam o processo
de trocas comerciais internacionais.
Keedi (2004a) salienta a importncia dos processos aduaneiros para o
comrcio exterior. Para o autor a economia brasileira quando comparada
economia mundial, demonstra carncia de processos aduaneiros eficientes. Embora
muitas melhorias foram implementadas, muito ainda pode ser feito.
4 Rating o resultado da avaliao se um determinado pas cumpre com suas obrigaes financeiras, ou risco de
inadimplncia de um pas. (Sheng e Saito, 2004)
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2.2 Marco Terico
De acordo com o problema exposto, a hiptese e os objetivos apresentados,
o marco terico foi baseado em teorias que versam sobre o comrcio internacional e
visa aprofundar os conceitos fundamentais sobre os termos: regimes aduaneiros,
recintos alfandegados, portos secos, logstica e indicadores de desenvolvimento
econmico.
2.2.1 Teoria das Vantagens Absolutas
A existncia de trocas comerciais entre os pases objetiva a obteno de
vantagens. O trabalho Teoria Clssica do Comrcio Internacional (n.d.), apresenta a
teoria do comrcio internacional formalizada por Adam Smith, a teoria das vantagens
absolutas, a qual propunha demonstrar as vantagens do comrcio internacional.
Para Smith, o pas deve se especializar naquele produto que feito com menor
custo e em menor espao de tempo. Destarte, a teoria absoluta prope que no se
deve produzir de tudo, mas sim exportar aquele produto no qual identificada a
teoria mencionada e importar os produtos nos quais os outros pases so mais
eficientes.
Nesse contexto, ao se abrir para o exterior h ganhos para ambos os pases
envolvidos na troca comercial, ou seja, sem que a balana comercial de um dos
pases tenha que se tornar negativa, e ganhos, conseqentemente, para a economia
mundial.
De acordo com o exposto por Carvalho e Silva (2000), a teoria de Smith
defende o livre comrcio como um mecanismo capaz de incentivar o aumento da
produo por meio da especializao e, com as trocas, aumento do consumo e,
como conseqncia o bem-estar das populaes dos pases envolvidos no comrcio
internacional.
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2.2.2 Teoria das Vantagens Comparativas
A teoria das vantagens comparativas de David Ricardo estabelece que o pas
deve se especializar na produo daquele bem que possui relativamente maior
vantagem, ou seja, observada a importncia dos custos comparativos da
produo, que so determinados pela produtividade do trabalho. Para David
Ricardo, o comrcio internacional deve ser um jogo de soma positiva, no qual todos
os pases envolvidos na troca so beneficiados.
De acordo com Teoria Clssica do Comrcio Internacional (n.d.), o conceito
de vantagem comparativa permite determinar padres de especializao e troca,
levando em considerao o custo relativo de produo de cada bem em um dado
pas em comparao com outro.
Segundo o exposto por Peixoto et. al. , (2003) a teoria de Ricardo admite que,
ao se especializar na produo dos bens com vantagem comparativa, a produo
que no fosse demandada no mercado interno deveria ser exportada. Os outros
produtos seriam importados a um preo menor que se tivessem sido produzidos
internamente. Gerando, assim, benefcio para ambos os pases envolvidos no
comrcio.
2.2.3 Teoria de Heckcsher-Ohlin
A teoria de Heckcsher Ohlin abarca a diferena entre as quantidades de
fatores de produo disponveis em cada pas, intervindo, assim, nos custos de
produo desses bens. Segundo Krugman e Obstefeld (2001 apud PEIXOTO et.
al.2003), os pases possuem tecnologia similar, no entanto, o mesmo no
observado quanto aos fatores de produo tais como terra, mo-de-obra, recursos
naturais entre outros. Por esse motivo o pas no qual o fator relativamente
abundante for o trabalho, o pas poder se empenhar em produzir o bem intensivo
em trabalho a um custo relativamente menor, o que gera vantagem comparativa na
produo do bem.
Destarte, a teoria de Heckcsher-Ohlin nos leva a concluso de que o pas se
especializar na produo do bem que demandar mais o fator de produo
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relativamente abundante, exportando tal bem e importando aquele que demandar o
fator de produo escasso no pas.
Nesse sentido, Carvalho e Silva (2000) explicitam que a teoria de Heckcsher-
Ohlin surge para explicar os diferentes custos de produo de uma mesma
mercadoria em diferentes pases. Nas palavras de Carvalho e Silva (2000, pg. 25) a
teoria de Hecksher-Ohlin afirma que cada pas se especializa e exporta o bem que
requer utilizao mais intensiva de seu fator de produo abundante.
2.2.4 Teoria da Vantagem Competitiva
A internacionalizao das indstrias levou a uma nova realidade: a
competitividade das mesmas nas relaes comerciais alm das fronteiras. Nesse
sentido, destacam-se as indstrias e os pases que possuem vantagens competitivas
em relao aos outros. Porter (1999) defende a teoria da vantagem competitiva.
Para o autor a competitividade de uma nao depende da capacidade da indstria
nacional em melhorar e inovar, nesse sentido, a produtividade traduz o significado
de competitividade no nvel nacional. O autor continua afirmando que a
produtividade determina o padro de vida de um pas; a produtividade dos
trabalhadores determina seus salrios e a do capital determina o lucro gerado para
seus detentores.
A capacidade de um pas de proporcionar um alto e prspero padro de vida
para seus cidados depende da produtividade do trabalho e do capital. Depende da
qualidade e das caractersticas dos produtos bem como da eficincia na produo
dos mesmos. Dessa forma, as empresas devem melhorar a produtividade dos
setores existentes desenvolvendo a tecnologia dos produtos e impulsionando a
eficincia da produo. Em suma, o autor afirma que as empresas devem se
desenvolver para competir em setores com alto grau de complexibilidade.
Porter (1999) conclui que na competitividade no mbito internacional, as
empresas concorrem com estratgias envolvendo no s o comrcio internacional
como tambm os investimentos externos. A competitividade envolve, tambm, a
base domstica para a empresa criar e sustentar suas vantagens competitivas e,
destarte, elaborar produtos com qualidades caractersticas da inovao.
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2.2.5 Destruio Criadora
De Souza (2005) apresenta a teoria de desenvolvimento econmico de
Schumpeter como mudanas revolucionrias que transformam uma dada situao.
O autor cita como exemplo a substituio das diligncias pelas ferrovias, sendo as
transformaes sempre presentes na produo e no no consumo.
A teoria de Schumpeter admite que as novas formas de produo e novas
combinaes de insumos e habilidades geram novos produtos com melhor qualidade
e custos menores (DE SOUZA, 2005).
A abertura de novas firmas pode provocar o fechamento de firmas veteranas,
ou seja, o surgimento de novas combinaes causa a suplantao de combinaes
antigas gerando, assim, a destruio criadora.
Nesse sentido, Schumpeter aponta como exemplos de inovao: novos
produtos, novos mtodos de produo, novos mercados tantos nacionais quanto
internacionais e novas fontes de matria prima. Destarte, segundo De Souza, o lucro
estimula novos investimentos, provocando o surgimento de outros novos lucros.
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2.2.6 Regimes Aduaneiros Especiais
Como afirma Muto (n.d.) regime aduaneiro o tratamento tributrio e
administrativo incidentes s mercadorias sob controle aduaneiro. Os regimes
aduaneiros so divididos em comum e especial.
O regime comum implica no pagamento do imposto de importao ou, em
casos especiais, a iseno ou reduo desses pagamentos. Nos regimes especiais
h as excees ao regime comum. Os regimes especiais, segundo Muto, abarcam
situaes provisrias de mercadorias no territrio aduaneiro ou o benefcio fiscal. O
autor destaca algumas mudanas aps a implementao do Novo Regulamento
Aduaneiro, Decreto n 4.543, de 26.12.2002. Este aboliu os regimes especiais
tpicos e atpicos. Alguns regimes considerados atpicos passaram categoria de
Regimes Aduaneiros Especiais (RAE). As Zonas Francas e reas de Livre Comrcio
so agora chamados de Regimes Aduaneiros Aplicados em reas Especiais
(RAAAE).
De acordo com o exposto por Santos Filho (2004) os regimes aduaneiros
especiais so instrumentos aptos a incrementar as exportaes e o aumento da
competitividade do produto no mercado externo.
Conforme apresentado por Santos Filho, os regimes aduaneiros especiais
so:
Trnsito Aduaneiro: permite o deslocamento, de um ponto ao outro do
territrio aduaneiro, de veculos e mercadorias sob controle aduaneiro
com suspenso do pagamento de tributos. Este regime especial
possibilita o transporte da mercadoria da zona primria para
secundria, desobstruindo, assim, as zonas primrias.
Admisso Temporria: consiste na admisso de bens provenientes do
exterior, com suspenso total ou parcial dos impostos de importao,
com prazo pr-determinado para a mercadoria retornar ao exterior sem
sofre qualquer modificao.
Drawback: com a finalidade de estimular as exportaes, os bens
importados sob esse regime sero destinados fabricao ou
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complementao de produtos a serem exportados. A importao
isenta ou passvel de restituio dos tributos inerentes importao.
Entreposto Aduaneiro: pode ser de importao, sem cobertura cambial,
ou exportao. Este regime permite a guarda de mercadorias sem
pagamentos de tributos at a nacionalizao ou reexportao das
mercadorias. A legislao permite o entreposto aduaneiro em recintos
alfandegados de uso pblico.
Entreposto Industrial sob Controle Informatizado RECOF: permite a
importao de mercadorias, com ou sem cobertura cambial, sem
pagamento de tributos, sob controle aduaneiro informatizado, que
sero submetidas operao de industrializao e, posteriormente,
destinadas exportao.
Exportao Temporria: permite a sada de mercadoria nacional ou
nacionalizada do territrio nacional, com suspenso do imposto de
exportao, com reimportao em prazo estipulado, no mesmo estado
que foi exportado.
Depsito Especial: permite a estocagem de componentes de reposio
ou manuteno de veculos, mquinas, aparelhos e instrumentos,
podendo permanecer nesse regime por at cinco anos contados da
data do desembarao para admisso.
Depsito Afianado: permite a estocagem de materiais importados
sendo estes destinados manuteno e ao reparo de embarcaes e
aeronaves de transporte comercial internacional, com suspenso do
pagamento de impostos de importao.
Depsito Alfandegado Certificado: ao ser depositada em recinto
alfandegado e expedido o contrato de venda ao exterior, a mercadoria
considerada exportada para todos os efeitos fiscais, creditcios e
cambiais.
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2.2.7 Recintos Alfandegados
Rocha (2003) apresenta os recintos alfandegados como reas nas quais so
realizados servios de controle ou armazenamento de veculos e mercadorias
destinados importao ou exportao. O autor afirma que os recintos
alfandegados podem ser portos, aeroportos e pontos de fronteira. Nestes locais so
realizados os controles de entrada e sada de veculos ou de mercadorias do
territrio nacional e, ainda dentro dos recintos alfandegados, existem locais prprios
para armazenamento de mercadorias e estacionamento de veculos.
Segundo o autor existem, tambm, os terminais alfandegados de uso pblico.
Estes so instalaes nas quais so realizados servios de movimentao e
armazenamento de mercadorias sob controle aduaneiro, desde que no estejam
localizados em rea de portos ou aeroportos. Segundo Rocha os terminais
alfandegados de uso pblico so os portos secos.
2.2.8 Portos Secos
No tocante conceituao de Portos Secos, estes so, segundo a Receita
Federal, recintos alfandegados de uso pblico nos quais so executadas operaes
de movimentao, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de
bagagem, sob controle aduaneiro, no podendo ser instalados em zonas primrias
de portos e aeroportos alfandegados. Eles so autorizados a trabalhar com
importao e exportao ou somente com exportao dependendo das
necessidades e condies do local onde for instalado (Decreto n 4.543, de 26 de
dezembro de 2002).
Existem, ainda, as Estaes Aduaneiras de Fronteira (EAF). De acordo com o
exposto por Santos Filho (2004), as EAFs so terminais alfandegados instalados em
zona primria de ponto alfandegado de fronteira onde so executados os servios
de controle determinados pela autoridade aduaneira. Em 2002 pelo Decreto n
4.543/2002 as Estaes Aduaneiras do Interior e de Fronteira passaram a
denominar-se Portos Secos.
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2.2.9 Logstica
Segundo Christopher (2002) a logstica definida como:
Logstica um processo de gerenciar estrategicamente a aquisio, movimentao e armazenagem de matriais, peas e produtos acabados (e os fluxos de informaes correlatas) atravs da organizao e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura atravs do atendimento dos pedidos a baixo custo
Segundo Ballou (1993) a logstica est voltada para diminuir o espao de
tempo entre a produo e a chegada do produto ao consumidor final, de modo que
os consumidores possam adquirir estes produtos no momento e na forma que
desejarem, pois os consumidores no residem prximos de onde os bens so
produzidos.
Para o autor a logstica abarca a movimentao e a armazenagem de
produtos com a finalidade de facilitar seu fluxo desde a aquisio at o consumo da
matria prima a custos reduzidos.
O autor defende que os custos logsticos so capazes de estimular o
comrcio entre os pases, uma vez que a diferena nos custos de produo pode
compensar os custos logsticos inerentes ao transporte entre os pases. Destarte,
quanto mais a logstica de um pas for desenvolvida, maior ser a troca de
mercadorias, bem como a especializao do trabalho.
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3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Panorama dos Portos Secos no Brasil e no exterior
A presente seo tem como objetivo apresentar os portos secos brasileiros
identificando seus principais benefcios, seu histrico e sua legislao. Pretende,
ainda, apresentar os portos secos existentes em outros pases e suas principais
caractersticas.
3.1.1 Evoluo dos Portos Secos no Brasil e Legislao
A insero de novos pases no comrcio internacional trouxe consigo
dificuldades logsticas, dentre elas dificuldades ligadas ao desembarao aduaneiro5
de mercadorias. No caso do Brasil os processos aduaneiros levam muito tempo para
serem executados e, como conseqncia, acarretam perda de competitividade para
as empresas que participam do comrcio exterior. Nesse sentido, de acordo com a
Revista do Mercosul (n 72, 2001) os portos secos esto sendo muito solicitados por
oferecerem, alm de vantagens econmicas, os processos administrativos mais
geis do setor alfandegrio brasileiro e, por estarem localizados prximos aos
centros com expressivas trocas comerciais internacionais, garantem a vantagem
logstica uma vez que reduz os custos de distribuio das mercadorias.
Os atuais portos secos, antigas Estaes Aduaneiras do Interior (EADI),
foram estabelecidos na dcada de 1970 com o nome de Centrais Aduaneiras, no
entanto, somente em meados da dcada de 1990 elas passaram a ser mais
solicitadas quando o governo licitou grande nmero de unidades passando do
nmero inicial de 15 estaes para 49. Atualmente so 62 portos secos operando no
Brasil, os quais esto consolidados na Tabela 1, na pgina seguinte:
5 O Desembarao Aduaneiro o processo final do despacho aduaneiro, a liberao por parte da Alfndega para
que o bem possa ser entregue ao seu proprietrio. (Rocha, 2003)
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Tabela 1- Quantidade de Portos Secos existentes no Brasil
Em funcionamento Licitados A serem licitados
Sudeste
So Paulo 27 1
Rio de Janeiro 3 2
Esprito Santo 3
Minas Gerais 5
Sul
Paran 6 2 1
Santa Catarina 2 1 1
Rio Grande do Sul 8 1
Centro Oeste
Distrito Federal 1
Gois 1
Mato Grosso 1 1
Mato Grosso do Sul 1 1
Nordeste
Bahia 2
Pernambuco 1
Maranho 1
Cear 1
Rio Grande do Norte 1
Norte
Amazonas 1
Par 1
Total 62 6 9
Fonte: Adaptada Receita Federal /2007
Legalmente, a liberao para despacho aduaneiro6 no interior do pas teve
incio na dcada de 1960. Nos Artigos 46 e 49 do Decreto Lei n 37 de 18 de
6 Despacho Aduaneiro o procedimento fiscal mediante o qual verificada a exatido dos dados declarados
pelo exportador em relao s mercadorias, aos documentos apresentados e a legislao especfica, com vistas a
seu desembarao aduaneiro e a sua sada para o exterior (BRASIL, 2007).
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novembro de 1966 encontramos permisso de desembarao aduaneiro, para
produtos importados, fora das zonas primrias da seguinte maneira:
Art 46. O Departamento de Rendas Aduaneiras poder estabelecer regime
especial para simplificao do despacho, quando se tratar de mercadoria:
I - De importadores habituais;
II - Importada frequentemente;
III - De fcil identificao;
IV - Perecvel ou suscetvel de danos causados por agentes externos.
Pargrafo nico. O descumprimento de qualquer obrigao importar
cancelamento do regime especial, a juzo da autoridade aduaneira.
Em seu artigo 49, temos:
Art 49. A conferncia aduaneira da mercadoria ser efetuada na zona
primria, ou em outros locais admitidos pelo Departamento de Rendas
Aduaneiras.
Em 1976, o Artigo 14 do Decreto Lei 1.455 complementava a
descentralizao do despacho aduaneiro permitindo que este fosse realizado em
terminais rodovirios ou ferrovirios:
Art 14. A Secretaria da Receita Federal, a fim de possibilitar a simplificao
e a descentralizao do processamento do despacho aduaneiro, conforme
previsto nos artigos 46 e 49 do Decreto-lei nmero 37, de 18 de novembro
de 1966, poder permitir, nos termos e condies fixados em regulamento,
que a conferncia e o desembarao aduaneiro das mercadorias importadas
sejam efetuados em terminais rodovirios e ferrovirios, ou em outros locais
que admitir
Segundo Mascarenhas (2005 apud LOUZADA 2005) anterior s EADIs foram
instalados os Terminais Retroporturios Alfandegados (TRA), os quais eram
conhecidos como portos secos com calado, ou seja, prximo ao porto martimo. Os
TRA eram terminais ou instalaes porturias presentes em reas adjacentes dos
portos martimos no podendo ultrapassar cinco quilmetros de distncia da zona
primria. Nos TRA eram executados servios com cargas de exportao e de
importao. No entanto, o art. 725 do Novo Regulamento Aduaneiro, Decreto
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4.543/2002, determinou que os TRA subsistissem at a data limite de 23 de maio de
2003 (SANTOS FILHO, 2004), passando a denominao de portos secos.
Os termos Estao Aduaneira Interior e Estao Aduaneira de Fronteira foram
delimitados em 1989 pelo Decreto n 98.097:
Art. 17. A estao aduaneira pode ser:
I - de fronteira, quando situada em zona primria de ponto alfandegado de
fronteira, ou em rea a ela vinculada;
II - interior, quando situada em zona secundria
Com base na legislao acerca dos atuais portos secos infere-se que o
mesmo foi designado por vrios termos: Centrais Aduaneiras Interiores, Estaes
Aduaneiras de Fronteira, Terminais Retroporturios Alfandegados e Entrepostos
Aduaneiros de uso pblico, sendo a diferena entre eles relacionada localizao e
permisso para realizar regimes aduaneiros comuns ou especiais. No entanto, o
Decreto nmero 2.168 de 1997 determina que todos esses terminais alfandegados
passem a denominar-se Estaes Aduaneiras Interiores:
Art. 3 Passam a denominar-se Estaes Aduaneiras Interiores:
I as Centrais Aduaneiras Interiores;
II as Estaes Aduaneiras de Fronteira, os Terminais Retroporturios
Alfandegados e os Entrepostos Aduaneiros de uso pblico, quando
autorizados na forma dos incisos I a III do art. 1
Com o Novo Regulamento Aduaneiro, seu artigo 724 determina que as
estaes aduaneiras do interior e as estaes aduaneiras de fronteira passem a
denominar-se porto seco.
Ainda no Novo Regulamento Aduaneiro, nmero 4.543 de 26 de dezembro de
2002, em seus artigos 11 e 12 estabelecem o que so portos secos e onde podero
ser instalados:
Art. 11. Portos secos so recintos alfandegados de uso pblico nos quais
so executadas operaes de movimentao, armazenagem e despacho
aduaneiro de mercadorias e de bagagem, procedentes do exterior ou a ele
destinadas.
1o Os portos secos no podero ser instalados na zona primria de portos
e aeroportos alfandegados.
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22
2o Os portos secos podero ser autorizados a operar com carga de
importao e de exportao, ou apenas de exportao, tendo em vista as
necessidades e condies locais.
Art. 12. As operaes de movimentao e armazenagem de mercadorias
sob controle aduaneiro, bem assim a prestao de servios conexos, em
porto seco, sujeitam-se ao regime de concesso ou de permisso (Lei no
9.074, de 7 de julho de 1995, art. 1o, inciso VI)
O Decreto nmero 4.765 de 24 de junho de 2003 traz modificaes ao Novo
Regulamento Aduaneiro, entre elas, modifica o conceito de porto seco sem alterar
essencialmente sua definio, em seu artigo 11 temos:
Art. 11. Portos secos so recintos alfandegados de uso pblico nos quais
so executadas operaes de movimentao, armazenagem e despacho
aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro
Os portos secos so implantados sob permisso da Secretaria da Receita
Federal, por meio de licitao pblica formando um contrato de permisso, nesse
caso o imvel pertence a um particular, ou concesso, quando o imvel pertence
Unio. A localizao, estabelecida pelas autoridades aduaneiras, definida de
acordo com o fluxo de comrcio exterior da regio. Todo investimento em infra-
estrutura, manuteno e modernizao do porto seco ficam a cargo do
permissionrio que ir oper-lo.
De acordo com o Decreto 98.097 de 1989 as estaes aduaneiras interiores
eram instaladas em imvel da Unio e administradas pela Secretaria da Receita
Federal ou por empresa permissionria. O artigo 20 do referido Decreto permitia a
instalao da estao aduaneira interior em regies onde houvesse expressiva
concentrao de carga de importao ou de exportao.
A Lei nmero 8.987 de 13 de fevereiro de 1995 estabelece novas regras para
o regime de concesso e permisso da prestao de servios pblicos, passando a
ser precedida de processo de licitao. Em julho do mesmo ano, foi lanada a lei
nmero 9.074 na qual o inciso IV do artigo 1 apresenta a incluso de estaes
aduaneiras e outros terminais alfandegados, no localizadas em rea de porto ou
aeroporto, sujeio ao regime de concesso ou permisso para seu
funcionamento.
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No ano de 1996, o Decreto n 1.910 estabelece a necessidade de processo
de licitao para pessoas jurdicas de direito privado e para empresas em consrcio
que tenham como principal objeto a armazenagem, a guarda ou o transporte de
mercadorias. A concorrncia para explorao dos servios precedida de
publicao da Secretaria da Receita Federal, a qual determina qual tipo de terminal,
a quantidade de terminais e o prazo da concesso ou permisso, o qual era por
prazo de dez anos.
Em 1997, a lei nmero 2.168 prorroga por mais cinco anos os prazos de
concesso ou permisso de recintos alfandegados.
O Decreto n 2.763 de 31 de agosto de 1998 aborda a transferncia da
concesso ou permisso ou do controle societrio em caso de ciso, fuso,
incorporao, transformao societria ou desestatizao da empresa
concessionria ou permissionria prestadora de servio alfandegado de uso pblico.
No tocante s mercadorias admitidas em porto seco, segundo o exposto por
Louzada (2005), produtos cuja importao ou exportao so proibidas e bens
importados com cobertura cambial, salvo as mercadorias destinadas exportao,
no podero ser admitidos no porto seco. Bens usados tambm no podero ser
admitidos, salvo aqueles destinados a reposio ou reparo de aeronaves e
embarcaes.
As Instrues Normativas (IN) da Secretaria da Receita Federal (SRF) para
os portos secos so: nmero 55 de 23 de maio de 2000, Estabelece termos e
condies para instalao e funcionamento de terminais alfandegados de uso
pblico. Baseado no Decreto 2.763 anteriormente mencionado, foi estabelecido
pela Receita Federal a Instruo Normativa nmero 109 de 8 de dezembro de 2000,
a qual estipula termos e condies para a transferncia dos direitos de concesso,
permisso ou do controle societrio das concessionrias ou das permissionrias de
terminais alfandegados de uso pblico. A Instruo Normativa nmero 55 de 2000
alterada pela IN SRF 70 de 24 de agosto de 2001, que altera o 3 pargrafo do
artigo 22, e pela IN SRF 212 de 7 de outubro de 2002, que altera os artigos 6, 9 e
28. A Instruo Normativa nmero 241 de 6 de novembro de 2002 Dispe sobre o
regime especial de entreposto aduaneiro na importao e na exportao.
Morini e Pires (2005) admitem que as constantes alteraes na legislao
aduaneira e a burocracia do processo aduaneiro dificultam a escolha do regime
aduaneiro por parte das empresas. No entanto, segundo Louzada (2005), a
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24
constante atualizao da legislao aduaneira visa a adaptao das regras e leis
para o correto funcionamento dos portos secos para, assim, impulsionar o comrcio
exterior brasileiro.
No ano de 2006 foi dado incio ao novo processo de mudanas nos regimes e
nome dos portos secos. A medida provisria 320 de 25 de agosto de 2006 previa a
mudana da denominao Porto Seco para Centro Logstico e Industrial Aduaneiro
(CLIA), bem como a mudana do regime de concesso ou permisso, por meio de
processo de licitao, para a concesso de licenas (autorizaes). Segundo esta
Medida Provisria as empresas permissionrias ou concessionrias poderiam migrar
para o regime de licena sem prejuzos nas rescises de seus contratos. A mudana
visava a livre concorrncia, com o intuito de mais empresas privadas atuarem na
zona secundria e, assim, diminuir a alta concentrao de mercadorias nas zonas
primrias. No entanto, essa medida provisria no logrou xito e foi rejeitada pelo
Ato Declaratrio n 01 de 2006 e arquivada em dezembro do mesmo ano. Os CLIAs
que foram licenciados durante a vigncia da medida provisria passam a ser
disciplinados pelo Projeto de Decreto Legislativo n. 03 de 2007.
3.1.2 Benefcios e funcionamento dos Portos Secos
Para se inserirem no mercado internacional as empresas buscam ferramentas
capazes de agilizar as trocas comerciais internacionais e capazes de diminuir os
custos dessa operao.
O custo de armazenamento das mercadorias apontado como uma das
vantagens em optar pelos portos secos. Por meio de comparao feita entre as
taxas cobradas pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroporturia
(INFRAERO), e o porto seco do Distrito Federal, este se mostra mais vantajoso. A
INFRAERO cobra 1,5% sobre o valor total da mercadoria por 10 dias. Enquanto no
porto seco o valor cobrado de 0,35% sobre o valor da mercadoria pelo mesmo
perodo (BRASIL, 2006, pg. 03). O transporte areo o modal mais utilizado para
mercadorias de pouco peso, mas de grande valor agregado, nesse sentido, o
armazenamento de mercadorias se mostra mais vantajoso no porto seco.
Os portos secos mantm suas mercadorias asseguradas contra roubo,
incndio, avaria, danos ou extravios (LOUZADA, 2005, pg. 34) e proporcionam
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servios tais como embalagem, limpeza de contineres, retirada de amostras,
ambientes refrigerados para cargas frigorficas, ambientes separados para produtos
qumicos, colocao de lacres e etiquetas entre outros servios. A pedido do cliente,
o porto seco providencia o transporte da zona primria at o recinto alfandegado e
deste at o destino final, e vice e versa.
De acordo com o exposto por Louzada (2005) dentre as vantagens oferecidas
pelos portos secos esto:
Proximidade do importador com a mercadoria e as aduanas;
Celeridade no processo de desembarao aduaneiro, uma vez que a
conferncia da mercadoria e o despacho da mesma so feitos no prprio
porto seco e acompanhados de fiscalizao das autoridades aduaneiras;
Menor custo de armazenagem em comparao com as zonas primrias;
Suspenso de impostos de importao enquanto as mercadorias
permanecerem no armazm do porto seco;
Importao ou exportao por regimes aduaneiros especiais;
A mercadoria importada pode permanecer nos armazns do porto seco e ser
nacionalizada aos poucos, de acordo com a demanda do importador;
As empresas que operam os portos secos oferecem tratamento personalizado
para seus clientes
O desembarao aduaneiro das mercadorias importadas ou a serem
exportadas so feitas diretamente nos portos secos. Em caso de importao, a
mercadoria transferida da zona primria para a secundria, para tanto, o
importador dever providenciar a emisso da permisso para a mercadoria transitar
at o porto seco, Declarao de Trnsito Aduaneiro (DTA), junto Secretaria da
Receita Federal. Ao chegar Estao Aduaneira a responsabilidade pela
mercadoria passa a ser da mesma, ficando a cargo do importador a deciso se a
mercadoria ser nacionalizada parcialmente ou totalmente. Enquanto a carga
destinada exportao ter seu desembarao realizado no porto seco e seguir
para o porto martimo para embarque. Para que o despacho aduaneiro seja feito de
forma rpida e eficiente, esto presentes um posto da Receita Federal, do Ministrio
da Sade e Agricultura (SEBRAE/MG, 2005).
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A Figura 1, a seguir, apresenta o caminho percorrido pela mercadoria quando
da importao ou exportao feita por porto seco:
Figura 1 - Fluxo de Operao de Porto Seco
Fonte: Sebrae/MG, 2005
Segundo Morini e Pires (2005) "os portos secos so recintos fsicos, em que
podem ser operados determinados regimes aduaneiros comum e especiais,
conforme habilitao do recinto. Nesse sentido, as mercadorias importadas em
regime comum (vide marco terico) podem permanecer armazenadas no porto seco
por at 120 dias antes de serem nacionalizadas e retiradas do armazm ou podem
ser nacionalizadas em lotes, sem a obrigao de liberar toda a carga estocada em
um s momento. Caso a mercadoria tenha sido importada por regime de entreposto
aduaneiro, o prazo para retirada varia entre um a trs anos.
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Os autores Morini e Pires (2005) demonstram, por meio de exemplo, os
benefcios gerados pelos portos secos tanto para o exportador quanto para o
importador que utiliza o regime especial de entreposto aduaneiro. Segundo os
autores este regime possibilita a reduo no espao de tempo entre a solicitao da
mercadoria do importador ao fornecedor e o recebimento da mesma, bem como para
desonerar custos de armazenagem.
Os autores analisam, por meio do exemplo que se segue, que a mercadoria
admitida no pas por meio de porto seco no regime especial de entreposto
aduaneiro, "sem cobertura cambial 7, no pertence ao importador, mas pertence ao
exportador que mantm a mercadoria armazenada no recinto alfandegado, no pas
do importador. No entanto, o custo de armazenagem do importador e a
responsabilidade pela guarda da mercadoria do porto seco. O regime especial de
entreposto aduaneiro permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto
alfandegado de uso pblico, com suspenso do pagamento dos impostos de
importao por um perodo que varia de um a trs anos.
Ao solicitar a nacionalizao do produto, que estava no armazm do porto
seco, o importador efetua o pagamento do exportador e dos impostos devidos. O
benefcio se estende para o exportador, pois os encargos da armazenagem so do
importador, alm de liberar maior espao em seu recinto, uma vez que a mercadoria
estava no armazm do porto seco. Este benefcio denominado pelos autores como
estoque estratgico para cargas com longo tempo de deslocamento entre o
fornecedor e o comprador.
7 Cobertura Cambial: a mercadoria ingressa no pas por meio admisso. Nesta, a mercadoria admitida sem ser
efetuado o pagamento ao exportador, ou seja, em consignao. (Morini e Pires, 2005).
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3.1.3 Portos Secos no Exterior
O Integrating Logistics Centre Networks In The Baltic Sea Region (INLOC),
realizou um projeto com o objetivo de arquitetar um sistema de transporte capaz de
atender o expressivo crescimento do comrcio exterior e do transporte de
mercadorias na Regio do Mar Bltico. Nesse contexto, o projeto analisa os portos
secos e a contribuio que os mesmos trazem para a atividade comercial da regio
e, ainda, cita outros exemplos de portos secos em vrios pases.
O conceito de porto seco utilizado pelo INLOC apresenta caractersticas mais
abrangentes que aquele utilizado no Brasil. Para o INLOC (2007) porto seco
representa o interior da regio servido por um porto e conceitua o mesmo como um
porto no interior do pas conectado com um ou mais portos martimos por meio de
transporte rodovirio ou ferrovirio para servir a indstria e o comrcio da regio com
servios logsticos. Este conceito no abrange somente as mercadorias
internacionais, mas tambm as mercadorias nacionais e at mesmo terminais para o
transporte de passageiros. Diferente dos portos secos brasileiros, os quais atendem
a todos os portos martimos presentes no territrio brasileiro, alguns portos secos,
mormente aqueles localizados na Europa, prestam servio para um nico porto
martimo. Os portos secos realizam os servios de consolidao8 de bens vindos ou
destinados ao porto martimo, coleta e distribuio local, regional ou internacional
desses bens, servios de armazenagem, bem como o gerenciamento das cargas
que sero destinadas a diferentes portos martimos. Os terminais multimodais no
interior do pas tambm podem se tornar portos secos desde que os mesmos
tenham conexo direta com o porto martimo por meio de rodovias ou ferrovias, ter
capacidade de trfego elevada e possuir condies de realizar o desembarao
aduaneiro das mercadorias.
De acordo com o exposto pelo INLOC (2007) com informaes adicionais de
CHALMERS (2006), os portos secos so classificados em trs diferentes categorias
baseadas no acesso na localizao dos mesmos. A primeira categoria o Distant
Dry Ports. O principal objetivo desta categoria aproximar o porto martimo dos
mercados que se encontram no interior do pas para tornar o desembarao
8 Consolidao de mercadoria o agrupamento de mercadorias pertencentes a vrios embarcadores para formar
uma carga.
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aduaneiro mais rpido e atender os importadores ou exportadores dessa regio com
servios logsticos mais geis. A ligao entre o distant dry port e a porto martimo
comumente feita por meio de linha frrea, sendo o transporte rodovirio menos
utilizado, o que resulta em menos congestionamento nos portos e nas regies
prximas a este. A subutilizao do modal rodovirio tida como uma demanda da
sociedade por transportes que agridam menos o meio ambiente, pois um trem
capaz de substituir 40 caminhes e, conseqentemente, h menos emisso de
poluentes.
Figura 1 - Distant Dry Port
Fonte: CHALMERS, 2006
A segunda categoria o Mid-range dry port o qual est situado na regio
distante do porto martimo geralmente coberta por transporte rodovirio. Nessa
categoria o porto seco pode ser utilizado como rea de armazenamento de
contineres e mercadorias sendo os benefcios do mid-range dry port similares
queles do distant dry port.
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Figura 2 - Mid-range Dry Port
Fonte: CHALMERS, 2006
A terceira e ltima categoria o Close dry port o qual servido tanto por
transporte rodovirio quanto por ferrovirio. O close dry port est situado nas
proximidades do porto martimo e sua principal utilidade disponibilizar maior
espao para armazenamento de mercadorias e contineres. Maior espao de
armazenamento possibilita o aumento da produtividade uma vez que o porto poder
atender um nmero maior de navios. O close dry port possibilita, ainda, a retirada do
continer do armazm para ser levado direto para o navio, o que diminui o
congestionamento de caminhes nos portes dos portos martimos.
Figura 3 - Close Dry Port
Fonte: CHALMERS, 2006
Segundo a pesquisa realizada pelo INLOC o trabalho dos portos secos da
Europa est empenhado em tornar o processo de transporte mais eficiente uma vez
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que o porto seco se torna um operador multimodal para os portos martimos e as
empresas de transporte em geral. Os principais servios oferecidos pelos portos
secos europeus so armazenamento e distribuio de mercadorias, diviso e
consolidao de cargas, transporte do porto seco at o porto martimo ou deste at o
porto seco, servios aduaneiros, bem como a guarda de contineres vazios e o
descarregamento e carregamento de caminhes e vages de trens. Alguns portos
secos europeus esto conectados diretamente com portos martimos de outros
pases como, por exemplo, o Dry Port Muizen na Blgica que possui conexo direta
por meio de transporte ferrovirio com os portos de Rotterdam e Dunquerke.
Nos Estados Unidos os portos secos levam os benefcios dos portos
martimos para mais perto dos mercados localizados no interior do pas. Segundo o
exemplo do INLOC (2007) o Virginia Inland Port possui ligao com o porto martimo
por meio de estradas de ferro e possui um terminal multimodal. Os servios
oferecidos so o de carregamento e descarregamento de caminhes e vages de
trens, desinfeco de contineres, estivadores, armazenamento de mercadorias,
desembarao aduaneiro dentre outros servios. Alm do transporte ferrovirio e
rodovirio, alguns portos secos dos Estados Unidos contam com o apoio dos
aeroportos internacionais para o transporte das mercadorias.
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Figura 4 - Lahore Dry Port
Fonte: http://pakrail.com/hcontain.htm
No Paquisto o primeiro porto seco constitudo foi o Lahore Dry Port em 1973,
o qual administrado pelo Pakistan Railway. O Lahore foi estabelecido como
estao aduaneira para os bens importados e exportados para a ndia. No entanto,
com o desenvolvimento da indstria e o aumento das trocas comerciais com os
outros pases, o Lahore foi nomeado dry-dock, ou seja, um porto no interior do pas
para exportao e importao de bens trazidos do porto martimo e contava com
transbordo de mercadorias. As principais mercadorias exportadas pelo Lahore Dry
Port so roupas, tapetes de l, produtos de couro e acessrios esportivos, segundo
o relatrio feito pelo INLOC.
Na Tanznia o crescimento do comrcio internacional na regio e o trfego
intenso em direo Ruanda e Burundi impulsionou a transferncia de parte do
processo aduaneiro do Dar es Salaam Port para o interior do pas, destarte, em
1999, o antigo terminal de contineres adquiriu o status de porto seco se tornando o
Isaka Dry Port, distante 800 km do Dar es Salaam Port. A internalizao da aduana
reduziu de sete dias para dois dias o processo de documentao das mercadorias e
a colocao das mesmas no navio para ser entregue em seu destino final. O porto
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seco de Isaka oferece rpido desembarao aduaneiro, menores custos de
transportes, carregamento e descarregamento de contineres dentre outros
servios.
As fbricas e fazendas localizadas no interior do pas podem utilizar os
servios de liberao de documentos inerentes exportao e importao dos
portos secos, o que reduz o congestionamento e os atrasos nas fronteiras e nos
portos martimos e reduz os custos de transao entre os importadores e
exportadores. Nesse contexto, semelhante ao objetivo dos portos secos brasileiros,
os portos secos existentes em outros pases foram construdos para tornar o fluxo de
mercadorias mais gil e, como conseqncia, reduzir os custos de transporte. Outro
objetivo dos portos secos proporcionar proximidade entre as empresas
exportadoras ou importadoras localizadas distantes dos portos martimos e as
aduanas, bem como estimular a atividade industrial nas regies distantes do mar.
De acordo com arquivo disponibilizado pela Economic And Social
Commission For Asia And The Pacific (ESCAP), o advento da Globalizao
beneficiou substancialmente os pases da sia e do Pacfico. Pases como
Bangladesh e Camboja tm crescido aproximadamente 5% ao ano, crescimento este
gerado pelo trabalho altamente industrializado que tem sido empregado na
agricultura e na manufatura destinadas exportao. Ao examinar as regies mais
beneficiadas destes pases, percebe-se, em geral, maior desenvolvimento nas reas
prximas ao mar e menor desenvolvimento nas reas distantes. Fatores como maior
proximidade com os mercados internacionais influenciam este dado, enquanto o
interior do pas se torna menos competitivo e menos desenvolvido.
De acordo com ESCAP (2006) historicamente, medida que o crescimento
econmico e o comrcio se concentravam prximos aos portos martimos, havia,
conseqentemente, aumento de investimentos nesta regio. Nesse sentido,
observa-se a importncia do desenvolvimento para o interior destes pases. No
continente asitico a criao de novas ferramentas para expandir os benefcios da
Globalizao para o interior destes pases tem logrado xito.
Em vrios pases o objetivo principal da construo dos portos secos o
descongestionamento dos portos martimos, e no o desenvolvimento do interior do
pas. No entanto, o documento nos apresenta a viso de que possvel levar o
desenvolvimento para os grandes centros distantes dos portos por meio do estmulo
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economia, logo, fomentar a instalao de portos secos seria uma medida
significativa.
Segundo o exposto por ESCAP (2006), os portos secos atraem a instalao
de indstrias para a regio onde foram construdos, o que beneficiaria o
desenvolvimento de pequenas e mdias empresas. Eles estimulam o crescimento
regional, o que leva a criao de postos de trabalho e melhoria na qualidade de vida
da populao, alm de conter a migrao da populao para as regies costeiras.
Experincias anteriores com a construo de portos secos indicam que os
benefcios sociais para a regio so maiores que o retorno financeiro dos mesmos,
por esse motivo, o apoio governamental faz-se necessrio na fase inicial. medida
que o porto seco se desenvolve e incrementa seus servios, aps a fase de
construo da estao, o retorno financeiro tambm aumenta.
Para que os portos secos tenham sucesso preciso estar localizados
prximos a mercados consumidores de produtos importados e mercados produtores
de artigos que tenham demanda internacional, alm dos incentivos governamentais.
O desenvolvimento do porto seco tambm tem o potencial para promover
benefcios para o meio ambiente uma vez que a construo de novos portos ou o
aumento da rea dos portos j existentes prejudica o meio ambiente e se torna um
processo muito oneroso.
Com seus benefcios, suas facilidades e o baixo custo da utilizao dos portos
secos pelos participantes do comrcio exterior, os mesmos se mostram como
ferramenta de importncia capital para soluo de problemas ligados no s s
trocas comerciais internacionais, mas tambm, se mostram capazes de gerar novos
postos de trabalho e benefcios para o meio ambiente.
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3.2 Portos Secos da Regio Centro-Oeste do Brasil
Na regio Centro-Oeste do Brasil esto em funcionamento quatro portos
secos: um em Cuiab, capital do estado de Mato Grosso, um em Anpolis, no
estado de Gois, um em Corumb, no estado de Mato Grosso do Sul, sendo este
uma Estao Aduaneira de Fronteira (EAF) e um no Distrito Federal.
Portanto, esta seo tem como objetivo apresentar os portos secos da regio
Centro-Oeste do Brasil. As informaes presentes nesta seo foram retiradas dos
questionrios respondidos pelos representantes de cada porto seco com
informaes adicionais dos websites das empresas, bem como de sites do governo
do estado, no que concerne localizao, principais mercadorias movimentadas,
infra-estrutura e principais servios, bem como os principais entraves ao
funcionamento dos portos secos.
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3.2.1 Porto Seco Cuiab
Figura 5 - Porto Seco Cuiab
Fonte: Secretaria de Comunicao Social do estado do Mato Grosso/2006
O Porto Seco Cuiab est em funcionamento desde agosto de 2003.
Atualmente, possui 30 (trinta) funcionrios e est localizado no Distrito Industrial da
capital mato-grossense, s margens da BR-364, em uma rea de 32 mil m2 com a
seguinte estrutura fsica:
10.000 m2 de ptio asfaltado
9.000 m2 de armazm coberto dividido em trs mdulos
Espao para continer frigorfico com 24 tomadas
Sala refrigerada com 50 m2.
Dentre os principais servios oferecidos esto desembarao aduaneiro sobre
rodas, exportao pelo regime especial DAC (Depsito Alfandegado Certificado),
entreposto aduaneiro, drawback, transporte de cargas em continer pelo regime
especial de trnsito aduaneiro com frota prpria e rastreada por satlite,
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consolidao e desconsolidao de mercadorias, marcao, etiquetagem e
colocao de selos fiscais em mercadorias importadas.
As principais cargas movimentadas so colheitadeiras, motocicletas,
eletrnicos, peas e equipamentos para mquinas agrcolas e veculos, matrias
primas, azeite, azeitonas, vinhos, bolsas, calados e culos.
Os empresrios do estado de Mato Grosso, So Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais e Santa Catarina utilizam os servios de importao e os empresrios dos
estados de Rondnia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul utilizam tanto os servios
de importao quanto os servios de exportao.
Como destino das mercadorias exportadas esto o Mercado Comum
Europeu, sia, Amrica do Norte e Mercosul. As mercadorias importadas vm da
China, Korea, Estados Unidos, Argentina, Espanha e Panam.
Como principal problema enfrentado pelo porto seco, foi apontado o excesso
de burocracia exigida pela aduana.
O Porto Seco Cuiab est instalado no Distrito Integrado Industrial e
Comercial de Cuiab (DIICC). Segundo o Instituto de Terras de Mato Grosso
(INTERMAT), o distrito possui 166 empresas em funcionamento nos seguimentos de
computadores, fertilizantes, fabricao de mveis, confeco e cosmticos, dentre
outros, que geram 9.600 postos de trabalho e existem mais 32 empresas em fase de
construo.
O governo do estado de Mato Grosso implementou o Programa de
Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (PRODEIC), o qual
beneficia os importadores de mercadorias que no sejam produzidas no estado com
reduo de at 83% do Imposto de Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS). O
estado um grande produtor e exportador de soja, destarte, os importadores de
insumos tais como fertilizantes, peas e mquinas agrcolas, so os maiores
beneficiados com o PRODEIC.
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3.2.2 Porto Seco Centro Oeste
Figura 6 - Porto Seco Centro Oeste
Fonte: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/r