Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC KATIA SIMONI CECOTOSTI DA SILVA MÍDIAS DIGITAIS: CONSUMO, COMPORTAMENTO E VIDA SAUDÁVEL SÃO PAULO 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

KATIA SIMONI CECOTOSTI DA SILVA

MÍDIAS DIGITAIS: CONSUMO, COMPORTAMENTO E VIDA

SAUDÁVEL

SÃO PAULO

2015

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Cecotosti, Katia

C387m Mídias Digitais: Consumo, comportamento e vida saudável / Katia Cecotosti – São Paulo, 2015. 50 f. : il. color. : 23 cm Orientador: Profa. Dra. Soledad Galhardo Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Senac – Unidade Lapa Scipião, São Paulo, 2015.

1. Mídias digitais 2. Comportamento do consumidor 3. Vida saudável 4. Gabriela Pugliesi

CDD 302.23

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KATIA SIMONI CECOTOSTI DA SILVA

MÍDIAS DIGITAIS: CONSUMO, COMPORTAMENTO E VIDA

SAUDÁVEL

Trabalho de conclusão de curso de Pós-Graduação

de Gestão da Comunicação em Mídias Digitais, realizado

sob orientação da professora Soledad Galhardo

SÃO PAULO

2015

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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa ao meu filho, Lorenzo, e

ao meu marido, Edson, que me apoiaram durante toda esta trajetória

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado saúde e perseverança para trilhar este caminho até

aqui. Ao Senac, seu corpo docente, direção e administração, que

oportunizaram a realização e conclusão deste trabalho.

À minha orientadora, Soledad Galhardo, pelo suporte no pouco tempo que lhe

coube, pelas suas correções e incentivos.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E a todos que direta

ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

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EPÍGRAFE

“Diga-me com quem andas e te direi o que consomes”

Ernesto Michelangelo Giglio

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RESUMO

O elemento central desta pesquisa foi investigar como o comportamento do

consumidor de vida saudável e de bem-estar pode influenciar comportamentos,

hábitos e decisões de consumo.

Pesquisas teóricas de autores clássicos e contemporâneos, estudos e teorias

comportamentais e pesquisas atuais de mercado foram fundamentais para apoiar a

investigação sobre o tema.

Foi realizada também pesquisa de observação no perfil da blogueira Gabriela

Pugliesi, objeto deste estudo, a fim de analisar o grau de influência e os tipos e

conteúdos de que os consumidores mais gostam.

Ao traçar um paralelo entre as pesquisas teóricas e os dados coletados,

observa-se que consumidores de vida saudável buscam nas mídias digitais

inspiração e autorrealização para uma vida melhor.

No entanto, os blogs de vida saudável parecem fomentar a obsessão pelo

corpo perfeito e pelos valores voltados à beleza estética. Alinhados com essa

questão, milhares de seguidores e marcas patrocinadoras sustentam esse ciclo.

Espera-se, portanto, que o presente estudo venha contribuir para futuras

investigações nas áreas de vida saudável, saúde, bem-estar, fitness e mídias

digitais.

Palavras-chave: mídias digitais, comportamento do consumidor, consumo, internet,

bem-estar, vida saudável, Gabriela Pugliesi

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ABSTRACT

The crucial element of this study was to investigate how a consumer with a healthy

lifestyle cans influence behaviors, habits, and purchasing decisions.

Theoretical researches of classic and contemporary authors added to behavioral

studies, theories and current market examinations were essential to support the

investigation on this field.

Also was realized an observation inquiry of Gabriela Pugliesi blog’s profile, object of

this study, in order to analyze the degree of influence and the kinds of contents that

consumer prefer the most.

Drawing a parallel between theoretical research and the data collection it’s possible

to understand that consumers with a healthy lifestyle seek into digital media for

inspiration and self-realization for a better life.

However, blogs about fitness lifestyle seem to embolden the obsession per perfect

bodies and values only related to aesthetic beauty. Allined with this, thousands of

followers and sponsoring brands encourage this cycle.

The present study will contribute to future investigations about healthy life, welfare,

wellness, fitness and digital media.

Keywords: digital media, consumer behavior, consumption, internet, welfare, healthy life, Gabriela Pugliesi

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Arpanet, a primeira rede de computadores .......................................... p. 12

Figura 2 – Primeira rede social, Classmates.com ................................................. p. 13

Figura 3 – AOL Instant Messenger ........................................................................ p. 14

Figura 4 – LinkedIn, rede social para conexões profissionais ............................... p. 15

Figura 5 – Orkut – rede social filiada ao Google ................................................... p. 15

Figura 6 – Rede social Facebook .......................................................................... p. 16

Figura 7 – YouTube, rede social para compartilhamento de vídeos ..................... p. 17

Figura 8 – Instagram, rede social de compartilhamento de fotos .......................... p. 19

Figura 9 – Clube de assinaturas NaturalBox ......................................................... p. 26

Figura 10 – Compartilhamentos com a hashtag vida saudável ............................. p. 27

Figura 11 – Perfil da blogueira Gabriela Pugliesi no Instagram ............................ p. 28

Figura 12 – Gabriela Pugliesi fala sobre seu propósito ......................................... p. 29

Figura 13 – Polêmica envolvendo o namorado de Gabriela Pugliesi .................... p. 30

Figura 14 – Seguidores se posicionam sobre polêmica de Ricardo Barbato ........ p. 31

Figura 15 – Gabriela Pugliesi e Ricardo Barbato ministrando aulas de ginástica p. 32

Figura 16 – Seguidora inspirada por Gabriela Pugliesi ......................................... p. 33

Figura 17 – Seguidora repetindo o mesmo exercício de uma blogueira ............... p. 33

Figura 18 – Home do Instagram de Gabriela Pugliesi ........................................... p. 35

Figura 19 – Exemplo de post do tipo publicitário ................................................... p. 36

Figura 20 – Exemplo de post do tipo alimentação com viés publicitário ............... p. 37

Figura 21 – Exemplo de post do tipo mídia ........................................................... p. 38

Figura 22 – Exemplo de post do tipo treino ........................................................... p. 38

Figura 23 – Crítica de educador físico e resposta de Gabriela Pugliesi ................ p. 44

Figura 24 – Críticas ao culto pelo corpo magro ..................................................... p. 44

Figura 25 – Críticas de seguidores ao post sobre mesoterapia ............................ p. 46

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Figura 26 – Observação sobre publicidade do produto Ati Latte ........................... p. 48

Figura 27 – Críticas ao post sobre congelados da marca Keep Light ................... p. 50

Figura 28 – Seguidores defendem a blogueira ...................................................... p. 52

Figura 29 – Críticas ao post e à academia do Hotel Vitória .................................. p. 53

Figura 30 – Críticas de seguidores sobre o post do ato político ............................ p. 55

Tabela 1 – Comparação entre Marketing 1.0, 2.0 e 3.0 ........................................ p. 22

Tabela 2 – Adaptação dos princípios do existencialismo aplicados ao consumo . p. 24

Tabela 3 – Amostragem geral da coleta de dados de 72 posts ............................. p.33

Tabela 4 – Análise por tipo de post ........................................................................ p.40

Gráfico 1 – Frequência de postagem no Instagram de Gabriela Pugliesi ............. p. 41

Gráfico 2 – Nível de engajamento no Instagram de Gabriela Pugliesi .................. p. 42

Imagem 1 – Gravação para o programa Mais Você .............................................. p. 43

Imagem 2 – Refeição pré-treino ............................................................................. p.44

Imagem 3 – Divulgação do Studio de Ciclismo Velocity ........................................ p. 45

Imagem 4 – Prática de acroyoga ........................................................................... p. 45

Imagem 5 – Divulgação do método de mesoterapia ............................................. p. 46

Imagem 6 – Almoço no restaurante Oasis Brasil, da Academia Body Tech ......... p. 47

Imagem 7 – Post Ati Latte ..................................................................................... p. 48

Imagem 8 – Jantar e divulgação da marca Keep Light ......................................... p. 49

Imagem 9 – Site da Keep Light com a divulgação do produto .............................. p. 49

Imagem 10 – Academia Vitória Fitness ................................................................. p. 53

Imagem 11 – Posts da viagem ao Norte da Califórnia ........................................... p.54

Imagem 12 – Post sobre ato político do dia 15 de março ..................................... p. 54

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SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................... p. 10

Capítulo 1. Mídias digitais e a internet ............................................................. p. 12

1.1 – O poder do consumidor na era das mídias digitais ...................................... p. 20

Capítulo 2. O consumo e os novos consumidores digitais ............................. p. 23

2.1 – O consumidor digital de vida saudável p. 26

Capítulo 3. Consumidores buscam inspiração em webcelebridades ............ p. 35

3.1 – Marcas e produtos ganham ênfase no Instagram ........................................ p. 38

3.2 – Consumidores criticam publicidade e pedem mais conteúdo p. 42

Considerações gerais ......................................................................................... p. 57

Bibliografia ........................................................................................................... p. 59

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tenta descrever o comportamento do consumidor de vida

saudável e de bem-estar nas mídias digitais e de que forma as redes sociais podem

influenciar comportamentos, hábitos e decisões de consumo.

A pesquisa apresenta ainda uma análise de como se comporta esse grupo e

como a tecnologia tem contribuído com o tema vida saudável. O presente estudo

aborda a maneira como as mídias digitais se tornaram uma ferramenta estratégica

para um novo marketing das empresas, o Marketing 3.0, em que “o marketing está

centrado no ser humano e não mais em produto ou na ideia apenas de consumo”

(KOTLER, P. KARTAJAYA, H. SETIAWAN, I, 2010).

A alimentação saudável é um dos mercados que mais crescem globalmente,

ficando entre as dez tendências globais de consumo em 2014 e a segunda tendência

global nesse ranking (http://migre.me/pwMEp).

Juntamente com esse crescimento em consumo, o tema alimentação saudável

e bem-estar também ganhou um espaço significativo nas mídias digitais. As redes

sociais se tornaram um importante canal tanto para consumidores que desejam

informações sobre dietas, nutrição e exercícios físicos quanto para marcas do

segmento que desejam vender seus produtos.

Para sustentar as conclusões deste estudo, a pesquisa bibliográfica se pauta

em livros clássicos e contemporâneos sobre o comportamento do consumidor. Foram

analisadas obras que descrevem estudos e teorias comportamentais, teorias da

motivação, conceitos de grupos sociais, teorias sociais sobre o consumo, modelos de

influência social no comportamento do consumidor, o comportamento do consumidor

na internet etc. Foram utilizados também artigos científicos para análise dos temas de

comportamento do consumidor, vida saudável e marketing aplicado à internet.

A metodologia escolhida é a pesquisa bibliográfica e pesquisa de observação,

com abordagem qualitativa. Foram analisados o grau de influência, fatores e

estímulos de comportamento por meio do tipo de conteúdo e as interações realizadas

em 72 posts no período de 12 dias.

A população estudada é a base de seguidores do perfil da blogueira Gabriela

Pugliesi, por se tratar da blogueira mais famosa das redes sociais hoje e também por

não ser formada em educação física, mas mesmo assim compartilhar exercícios

físicos. O perfil foi analisado em diferentes horários, seguindo critérios por tipo de

post, quantidade de posts por tipo, número de curtidas e comentários.

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CAPÍTULO 1

MÍDIAS DIGITAIS E A INTERNET

O conceito de rede social é bem mais antigo do que o próprio nascimento da

internet. Rede social representa toda interação social entre um grupo de pessoas

que desejam compartilhar um interesse em comum. Desde o início da civilização, o

homem já participava de redes sociais, seja ao se reunir em torno de uma fogueira

para compartilhar interesses e gostos, seja, em épocas mais atuais, reunindo-se em

clubes de futebol, igrejas, salas de aula etc.

O ser humano sempre teve a necessidade de interagir em grupos, e o

surgimento da primeira internet, na década de 60, para fins militares, foi o início de

uma comunicação que permitiu essa conexão mais rápida e direta entre as pessoas.

A internet trouxe uma revolução para os meios de comunicação e telecomunicações,

tornando-se um divisor de águas na história. Mudaram a tecnologia, a forma de se

fazer negócios e as relações humanas.

A primeira rede operacional de computadores, chamada de Advanced

Research Projects Agency Network (Arpanet), foi criada pelos Estados Unidos

durante a Guerra Fria contra a União Soviética (Figura 1). No fim da década de

1960, foi transmitida a primeira mensagem eletrônica, ou o que se pode chamar de

primeiro e-mail da história. A troca de e-mails foi feita entre professores de duas

universidades.

Figura 1 – Arpanet, a primeira rede de computadores

Fonte: março, 2015, http://migre.me/pAYS2

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Após esse período, muitas mudanças ocorreram no uso da internet, que

deixou de ser somente para uso militar e passou a ter seu acesso livre a partir da

década de 1990, graças ao britânico Timothy John Berners-Lee, físico, cientista da

computação e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Seu

acesso começou a ser utilizado em universidades, e somente em 1993 tornou-se um

produto comercial público, próximo do que conhecemos hoje.

A partir de então, começaram a surgir provedores de acesso, houve aumento

na venda de computadores e o número de brasileiros conectados não parou de

crescer. Segundo dados de outubro de 2013 do Ibope Media, o Brasil soma 105

milhões de internautas, sendo o quinto país mais conectado. Já os resultados da

nona pesquisa TIC Domicílios, divulgada pelo Cetic.br, mostra que o número de

brasileiros que acessam a internet pelo celular atingiu a marca de 52,5 milhões em

2013, o que representa 31% da população do país. Entre as atividades realizadas,

30% das pessoas acessam redes sociais, 26% compartilham fotos, textos ou vídeos,

25% acessam e-mails e 23% baixam aplicativos.

A primeira rede social tem como data 1995 e se chamava Classmates.com

(Figura 2). Era uma rede para reencontro de amigos de faculdade e de escola que já

se conheciam presencialmente. Fez um grande sucesso nos Estados Unidos e

Canadá.

Figura 2 – Primeira rede social, Classmates.com

Fonte: Classmates, março, 2015, http://www.classmates.com

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Em 1997 surgiu o AOL Instant Messenger (Figura 3), um dos pioneiros de

bate-papo e mensagens instantâneas, criado pela America Online, um dos primeiros

provedores de internet.

Figura 3 – AOL Instant Messenger

Fonte: março, 2015, http://migre.me/pwNBH

No mesmo ano surgiu outra rede social, SixDegrees, baseada na teoria dos 6

graus de separação, com origem em um estudo científico que explica que no mundo

são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas

quaisquer estejam ligadas. Esse modelo de rede social já permitia a visualização de

perfis de terceiros.

A partir da criação do SixDegrees, muitas redes sociais semelhantes

começaram a ser criadas. Em 2002 surgiu o Friendster, em 2003 o My Space e o

LinkedIn, a rede social dos empresários. Com uma proposta totalmente diferenciada

das outras redes sociais da época, o LinkedIn (Figura 4) utilizava o termo “conexão”

entre os usuários, e não “contatos”, como as outras redes.

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Figura 4 – LinkedIn, rede social para conexões profissionais

Fonte: LinkedIn, março, 2015, https://www.linkedin.com/

No ano seguinte, em 2004, foi criada a primeira rede social que se tornou

uma febre, o Orkut (Figura 5), que tinha a proposta de possibilitar aos usuários a

criação de novas amizades. No início foi lançada para usuários americanos, mas o

sucesso aconteceu no Brasil e na Índia.

Figura 5 – Orkut, rede social filiada ao Google

Fonte: Wikipedia, março, 2015, http://migre.me/pzbWK

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Foi em 2004 também que surgiu a rede social Facebook (Figura 6), criada

pelos estudantes Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Chris Hughes e Dustin

Moskovitz. No início era acessada somente por alunos da Universidade Harvard,

mas nos meses seguintes passou a ser utilizada em outras universidades, e em

2006 se tornou aberta para todos os usuários. Mas somente em 2008 o Facebook

lançou a versão em português da rede social; em 2009 surgiu o botão “Curtir”, que

se tornou uma nova febre.

Figura 6 – Rede Social Facebook

Fonte: site https://www.facebook.com, 2015, março

Em dez anos, o Facebook se tornou a rede social mais acessada no Brasil.

Em 2011, a rede atinge 30 milhões de usuários e ultrapassa o Orkut, que tinha 29

milhões. Em 2013, o Facebook registra mais de 1,23 bilhão de usuários no mundo;

no Brasil são 83 milhões de usuários ativos (http://migre.me/pwNIg).

Em fevereiro de 2005, surgiu o YouTube (Figura 7), rede social para

compartilhamento de vídeos criada por dois jovens para dividir vídeos com os

amigos.

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Figura 7 – YouTube, rede social para compartilhamento de vídeos

Fonte: site https://www.youtube.com, 2015, março

Cerca de 20 meses depois, foi comprado pelo Google. Hoje essa rede social

tem mais de 1 bilhão de usuários únicos por mês; mais de 6 bilhões de horas de

vídeos são visualizados por mês; e 40% dos vídeos do mundo todos são exibidos

em celulares e dispositivos móveis (http://migre.me/pwNU4).

Segundo Charlene Li (2011, p. 17), é difícil encontrar atualmente qualquer

usuário da internet que não tenha assistido a pelo menos um vídeo no YouTube.

Pouco tempo depois do seu lançamento, teve uma adesão rápida. Em setembro de

2006, apenas 32% de todos os internautas ativos no mundo haviam assistido a um

videoclipe on-line; em março de 2009, esse número havia subido para 83%.

Em 2006 foi criado o Twitter, considerada a rede social mais rápida no que se

refere à velocidade da informação, com apenas 140 caracteres para a publicação de

algum conteúdo. Em 2009, o Twitter também se tornou uma das principais redes

sociais do mundo. De abril de 2008 a abril de 2009, o número de tuiteiros1 aumentou

1.298%. Essa mídia é considerada muito mais simples do que os blogs, pois os

usuários podem facilmente enviar comentários de seus celulares. Em 2009 também,

a Technorati, plataforma de anúncios para websites, registrou a existência de 13

milhões de blogs ativos ao redor do mundo (KOTLER: 2010, p. 8).

Em 2010 foi criada a rede Pinterest, voltada para o compartilhamento de

fotos, com o diferencial de personalização, gestão das imagens e divisão de temas e

categorias. Em 2012, a rede começou a se tornar popular no Brasil, porém longe do

sucesso alcançado pelo Facebook.

                                                                                                               1  Tuiteiros são usuários ativos da plataforma Twitter.  

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Em 2010 surgiu também a rede social Instagram, um aplicativo somente para

smartphones que permite a postagem de fotos diretamente pelo celular e objeto

desta pesquisa. O Instagram foi lançado em outubro de 2010, mas oficialmente em

2013. No mesmo ano se tornou uma febre. Inicialmente foi desenvolvido somente

para Apple, e depois para Android. Em apenas três anos, alcançou 150 milhões de

usuários ativos. Atualmente as pessoas gastam, em média, 257 minutos por mês no

Instagram (http://migre.me/pwPtJ).

O Instagram (Figura 8) é hoje uma das redes sociais mais utilizadas no

mundo, com cerca de 150 milhões de usuários e mais de 50 milhões de fotos

postadas por dia. Tais fotos totalizam mais de 1 bilhão de likes a cada dia. Além

disso, 90% dos usuários têm menos de 35 anos e a maioria é mulher.

Dos usuários, 57% acessam a plataforma todos os dias, sendo que 35% o

fazem mais de uma vez por dia. Em média, um usuário gasta 257 minutos por mês nela.

Desde o lançamento, 16 bilhões de fotos já foram publicadas. Atualmente, o ritmo é de

55 milhões de novas fotos por dia. A cada segundo, há 8.500 likes e 1.000 comentários.

Calcula-se que o nível de interação seja 15 vezes maior que o do Facebook

(http://migre.me/pwPyV).

Figura 8 – Instagram, rede social de compartilhamento de fotos

Fonte: site https://instagram.com/, 2015, março

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Em 2011 surgiu o Google Plus, com a ideia inicial de permitir uma interação

dos usuários de maneira seletiva, dividindo em círculos cada grupo de amizade. No

início, a rede social teve um pico de 90 milhões de cadastros. Porém, o Google Plus

registra uma interação muito baixa. Dos 2,2 bilhões de usuários ativos, apenas 9%

postam conteúdo regularmente (http://migre.me/criar-­‐url/).

Com o surgimento de todas as redes sociais, nasceu também a cultura do

compartilhamento, que passou a crescer com o uso generalizado de sites sociais.

Da mesma maneira, o acesso às comunidades virtuais saltou de 27% de usuários

globais on-line para 63% de todos os usuários com idade entre 18 e 54 em todo o

planeta. Sendo assim, quando as pessoas estão on-line, gastam um tempo

desproporcional em conteúdos criados por elas próprias (CHARLENE LI: 2011, p. 30).

Segundo a mesma autora (2011, p. 31), com o nascimento das redes sociais

se deu a ascensão da “cultura do compartilhamento”, o ato de compartilhar inerente

ao comportamento humano que está profundamente arraigado aos indivíduos. A

cada nova onda tecnológica (imprensa, telégrafo, telefone e e-mail), tal

compartilhamento se torna mais rápido, mais barato e mais fácil.

A dimensão de compartilhamento foi mudando junto com os recursos

tecnológicos. O surgimento do smartphone, por exemplo, e as melhorias feitas para

o acesso à internet pelo celular tornaram muito simples e rápida a troca de textos,

fotos, vídeos e áudios entre pessoas do mundo todo.

Além disso, toda essa cultura das mídias digitais gerou necessidades de

consumo tanto de produtos quanto de informações. A nova onda de tecnologia

transforma as pessoas de consumidores em “prosumidores”, indivíduos que se

diferenciam do consumidor comum por estarem mais envolvidos no processo de

compra e não se deixarem enganar pela publicidade de modo geral.

Se no passado o consumidor era impactado de forma passiva quando ligava

a TV e o rádio ou quando abria um jornal ou revista, hoje ele é impactado com

informações diretamente em seu celular 24 horas por dia, sete dias por semana

podendo interagir em tempo real. Tudo atualmente acontece de uma forma muito

rápida e acelerada, o que tornou o consumo e as relações muito mais frágeis

também.

Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, explica que vivemos em tempos

“líquidos”, em que tudo muda muito rapidamente e nada é feito para durar, para ser

“sólido”. Trata-se de um mundo líquido moderno, com seu culto da velocidade e da

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aceleração, da novidade e da mudança em nome da transformação

(http://migre.me/pwZyC).

Pode-se observar que a internet parece ter promovido esse estado na

sociedade que busca no consumo as soluções para todos os seus problemas. O

objeto deste estudo, os blogs de vida saudável e suas autoras que se tornaram

webcelebridades2 do mundo fitness, mostra a obsessão que ainda existe pelo corpo

perfeito.

O que se observa analisando a história das redes sociais e o comportamento

de consumidores que seguem blogueiros é uma forte identificação dos

consumidores com esses perfis. As pessoas buscam um “selo de aprovação social”

dado por uma comunidade que oferece segurança e uma oportunidade de

socialização e de “pertencimento”, que nada mais é do que um recurso do próprio

ego (BAUMAN: 2011, p. 25).

1.1 O poder do consumidor na era das mídias digitais

A nova onda de tecnologias trouxe também uma grande mudança na forma

como os consumidores interagem com as marcas. As mídias digitais deram mais voz

ao consumidor e um poder de influenciar outros consumidores, muito mais do que a

propaganda das empresas. O que tem acontecido é que consumidores também

estão fazendo marketing para outros consumidores.

Como descreve Kotler (2010, p. 34), os consumidores acreditam mais uns nos

outros do que nas empresas. A ascensão das mídias sociais é apenas reflexo da

migração da confiança dos consumidores das empresas para outros consumidores.

De acordo com a Nielsen Global Survey, menos consumidores confiam na

propaganda gerada por empresas. Cerca de 90% deles confiam nas recomendações

de conhecidos. Além disso, 70% dos consumidores acreditam nas opiniões dos

clientes postadas na internet, ou seja, confiam mais em estranhos em sua rede

social do que em especialistas (KOTLER: 2010, p. 34).

Segundo Kotler (2010, p. 4), estamos vivendo a Era dos Valores, em que o

consumidor é mais do que um simples comprador. Pois o consumidor tem

preocupações coletivas e ambientais e aspira por uma sociedade melhor.

                                                                                                               2 Pessoas que se tornaram famosas por meio da internet e alcançaram fama de forma repentina.

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Em um mundo confuso, eles buscam empresas que abordem as mais

profundas necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua missão,

visão e valores. Buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também

satisfação espiritual, nos produtos e serviços que escolhem.

O que foi deixado para trás diz respeito ao Marketing 1.0, cujo foco era o

produto, e o Marketing 2.0, cujo foco era o consumidor e a satisfação das suas

necessidades. O Marketing 3.0 é esta fase na qual as empresas mudam a

abordagem centrada no consumidor e passam à abordagem ao ser humano, em que

a lucratividade anda junto com a responsabilidade corporativa. Na Tabela 1, pode-se

observar essas três grandes forças que transformaram os consumidores, tornando-

os mais colaborativos, culturais e voltados para o espírito.

Tabela 1 – Comparação entre Marketing 1.0, 2.0 e 3.0

Marketing 1.0

Marketing centrado no

produto

Marketing2.0

Marketing voltado para

o consumidor

Marketing 3.0

Marketing voltado

para os valores

Objetivo Vender produtos Satisfazer e ter os

consumidores

Fazer do mundo um

lugar melhor

Forças

propulsoras Revolução industrial

Tecnologia da

informação

Nova onda de

tecnologia

Como as

empresas veem

o mercado

Compradores de massa,

com necessidades

físicas

Consumidor inteligente,

dotado de coração e

mente

Ser humano pleno,

com coração, mente

e espírito

Conceito de

marketing

Desenvolvimento de

produto Diferenciação Valores

Diretrizes de

marketing da

empresa

Especificação do

produto

Posicionamento do

produto e da empresa

Missão, visão e

valores da empresa

Proposição de

valor Funcional Funcional e emocional

Funcional, emocional

e espiritual

Interação com

consumidores

Transação do tipo um-

para-um

Relacionamento um-

para-um

Colaboração um-

para-muitos

Fonte: Kotler P., Kartajaya H., Setiawan, I., 2010, p.6

Na era atual, os consumidores buscam significados no momento de consumir

um produto ou uma informação. A satisfação espiritual citada por Kotler (2010, p. 4)

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é algo que está muito além do que o dinheiro pode comprar, é a busca pela

autorrealização. Portanto, os consumidores buscam soluções para os seus

problemas e esperam que as marcas tragam transformações em suas vidas.

O que passa a existir, então, é um novo sistema de confiança do consumidor

e a “comunização”, conceito de tribalismo em marketing, em que os consumidores

desejam estar conectados aos outros consumidores, e não às empresas (KOTLER:

2010, p. 38).

Esse cenário, portanto, dá ao consumidor o “empowerment”, que poderíamos

traduzir para o português como “empoderamento”, significando o poder coletivo do

consumidor. Tal poder vem do valor coletivo dos consumidores e está enraizado no

valor de uma rede, muito maior do que o poder de qualquer empresa (KOTLER:

2010, p. 70).

Page 24: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    22

CAPÍTULO 2

O CONSUMO E OS NOVOS CONSUMIDORES DIGITAIS

No capítulo anterior, abordaram-se o poder dos consumidores e a forma

como eles têm ditado comportamentos, principalmente quando se organizam em

grupos, como é o caso das redes sociais. Tais consumidores buscam na internet

criar uma identidade com autores de blogs, gerando uma relação de consumo tanto

de informação quanto de produtos e, principalmente, estilo de vida. Os blogs de vida

saudável representam esse conceito, pois milhares de mulheres desejam e anseiam

por ter e consumir as mesmas experiências que as autoras desses perfis.

Segundo Giglio (2010, p. 101), a identidade é uma construção mental, uma

teoria do sujeito sobre si próprio, construída a partir de experiências nos níveis de

relações: com o corpo, as ideias, as emoções, conceitos, objetos, limites e

capacidades. Já a identidade grupal é o conjunto de adjetivos e regras de

comportamento de cada indivíduo dentro de um grupo.

Quando as regras de identidade e comportamentos são bem identificadas,

pode-se compreender melhor os hábitos dos consumidores desse grupo, como os

consumidores de vida saudável e bem-estar.

Analisando as diversas teorias do comportamento do consumidor

apresentadas por Giglio (2010, p. 33), as que se mostram como melhores suportes

para embasar o estudo da área de bem-estar e vida saudável são as teorias sociais

e as teorias existenciais. As teorias sociais sustentam o consumo de artigos de

identificação social, como é o caso dos produtos que promovem uma vida mais

saudável, pois, aparentemente, apesar do comportamento individual, a decisão de

compra e uso desses consumidores é influenciada por regras de grupos.

Os princípios do existencialismo (teorias existenciais) aplicados ao consumo

conduzem ao entendimento das quatro fontes básicas de informação sobre

consumidores. O existencialismo afirma que o ser humano é único na sua

existência, mesmo que, por recursos metodológicos, possamos representá-lo dentro

de tendências de grupo. Isso mostra e confirma a tendência do marketing de estudar

o consumidor em grupo, porém oferecer cada vez mais soluções e opções

customizadas e personalizadas a esse ser, que é único (GIGLIO: 2010, p. 54)

Na Tabela 2, observa-se uma adaptação dos princípios do existencialismo

aplicados ao consumo. São experiências ou fatos em torno de um conjunto de

Page 25: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    23

variáveis como corpo, psiquismo, ideias, emoções e valores, meio físico e meio

social.

Tabela 2 – Adaptação dos princípios do existencialismo aplicados ao consumo

As quatro fontes básicas da origem

do consumo

Os comportamentos relativos às quatro

fontes básicas

A. A relação do consumidor com seu

corpo

A maneira como o trata, como o utiliza, se aceita,

se reprime e se maltrata são indicativos de bases

do consumo

B. A relação do consumidor com suas

ideias, emoções e valores

Qual o conjunto de ideias, valores, crenças e

emoções da pessoa? É mais analítico ou mais

sintético? Como aborda um problema? Tem

valores conservadores? Como analisa o mundo

atual? Considera-se liberal? Criativo? Libera

emoções? É introvertido? Valoriza mais o

passado ou o futuro?

C. A relação do consumidor com os

objetos e o mundo físico

Como se organiza o espaço ao seu redor? Como

é a decoração de sua casa? O quarto? O que faz

com seus objetos? Guarda tudo ou usa? Explora

objetos desconhecidos? Tem resistência a

novidades?

D. A relação do consumidor com outras

pessoas e as regras de grupos

Que papéis assume nos grupos? De líder? De

rebelde? Passivo? Aceita o seu grupo? Rebela-

se? Quebra regras? Interfere, apenas segue ou é

ditador?

Fonte: GIGLIO, 2010, p. 23

Observando o quadro, pode-se dizer que o consumidor de bem-estar e vida

saudável tem como fontes básicas da sua origem de consumo o item A (Tabela 1),

que trata da relação do consumidor com seu corpo, e o item B (Tabela 1), que trata

da relação do consumidor com suas ideias, emoções e valores.

Os horizontes básicos do existencialismo nos ajudam a compreender o

comportamento humano e sua relação com o espaço, tempo, com o outro, com o

corpo, com o simbólico e com o transcendente. No estudo presente de

consumidores de bem-estar e vida saudável, os horizontes do corpo, do simbólico,

da transcendência e do tempo permitem um melhor entendimento dos fatores que

motivam esse consumidor.

Page 26: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    24

A questão do consumo ligado ao horizonte do corpo mostra que os

consumidores almejam melhorar o corpo que têm e transcender seus limites,

alcançando o imaginário de outra vida e buscando a autorrealização, seja

conquistando maior força e velocidade – como é o caso dos atletas –, seja

investindo na beleza ou na permanência da juventude.

Esse transcender pode ser percebido em inúmeros comportamentos

humanos. Pode-se citar as dietas, os exercícios físicos, o fato de frequentar uma

academia e o consumo por produtos e serviços que possibilitem ter um corpo melhor

(GIGLIO, 2010 p. 57).

Quando se fala em consumo, o tempo se mostra como uma das dimensões

mais importantes, principalmente em relação aos planos, no que se pretende

alcançar, quanto o resultado é importante e por quanto tempo as pessoas estão

dispostas a esperar que o plano se realize. Nos perfis de vida saudável, observa-se

que esse horizonte é um dos que mais influenciam o comportamento do consumidor.

A questão da simbologia também é bem forte no grupo estudado e cria uma

relação direta com o consumo. Quem faz parte de um grupo precisa e quer ostentar

seus símbolos, que representam sinais de inclusão. Alimentar-se de forma saudável,

praticar uma atividade física ou consumir produtos específicos mostra como esse

consumidor está inserido socialmente.

Os consumidores de bem-estar e vida saudável demostram a busca por

questões ligadas à autoestima, à confiança, à conquista, ao respeito dos outros,

entre outras. Observa-se também a autoafirmação pelo status: autores de perfis

fazem esforços para serem vistos como inteligentes, fortes, independentes e

detentores de qualidades valorizadas pelo grupo.

Um levantamento realizado pela pesquisadora por meio da sua empresa

NaturalBox (www.naturalbox.com.br), um clube de assinaturas de kits saudáveis

(Figura 9), mostra o perfil desse tipo de consumidor. Do universo de assinantes

pesquisado, 65% se consideram pessoas pouco saudáveis e 35% se consideram

muito saudáveis. Para se manterem informados sobre vida saudável, os

consumidores buscam informações em uma ou mais fontes. Mais da metade das

pessoas (59%) busca informações nas redes sociais, 41% recorrem a conversas

com amigos, 29% buscam informações na academia que frequentam e 35% contam

com nutricionista.

Page 27: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    25

Figura 9 – Clube de assinaturas NaturalBox

Fonte: site NaturalBox, abril, 2015, www.naturalbox.com.br

2.1 O consumidor digital de vida saudável

Em busca de exemplos, com o desejo de mudar o estilo de vida e conquistar

o corpo tão sonhado, consumidores passaram a buscar inspiração nas redes

sociais. As mídias sempre ditaram padrões de comportamentos femininos e

masculinos de beleza, e a busca pela imagem perfeita e a obsessão por corpos

magros se tornaram mais evidentes com as mídias digitais.

Atualmente, a rede social Instagram tem sido uma mídia bastante

influenciadora do ponto de vista desse tema. Conforme se observa na Figura 10, até

o fechamento desta pesquisa o Instagram contava com mais de 1 milhão de

compartilhamentos de imagens com a hashtag3 #vidasaudavel.

                                                                                                               3  Símbolo utilizado nas redes sociais para agrupar uma informação, tópico ou discussão.

Page 28: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    26

Figura 10 – Compartilhamentos da hashtag “vida saudável”

Fonte: site Websta 2015, abril, http://websta.me/tag/vidasaudavel

Considerado uma das redes sociais mais utilizadas no mundo, o Instagram

soma cerca de 150 milhões de usuários e mais de 50 milhões de fotos postadas por

dia. Tais fotos totalizam mais de 1 bilhão de curtidas diariamente. Além disso, 90%

dos usuários têm menos de 35 anos e a maioria é mulher (http://migre.me/px07B).

Na temática desta pesquisa, nota-se que essa plataforma se tornou uma

ferramenta poderosa de comunicação para compartilhar e disseminar informações

sobre dietas, exercícios, marcas, produtos e alimentação saudável como um todo.

Assim como o surgimento de “webcelebridades fitnistas”4, que conquistam novos

seguidores todos os dias. Essas webcelebridades, ou musas fitness5, tornaram-se

ainda evangelizadoras e advogadas de marcas e produtos6, passando a ser um

canal importante para as empresas do segmento.

São blogueiras que se dedicam a ter uma vida saudável, com um rotina

pesada de exercícios físicos, e que compartilham nas redes sociais seu dia a dia.

Esse movimento começou a tornar-se uma tendência no início de 2013, quando a

blogueira Gabriela Pugliesi (Figura 11) deu início a esse tipo de postagem. Objeto

deste estudo, o perfil da blogueira tinha 150 mil seguidores no período

(http://migre.me/px0vJ).

                                                                                                               4  Blogueiras que ficaram famosas na internet por postarem conteúdos de exercícios físicos. 5 Mulheres que têm uma forte presença nas redes sociais quando o tema é corpo saudável. 6 Termos criados e usados por profissionais de marketing nas mídias digitais para definir os consumidores que falam bem de uma marca.

Page 29: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    27

Em dois anos, o número já passa de 1 milhão, e a blogueira se consagrou

como a musa fitness mais famosa da internet. O site Tips4life

(http://www.tips4life.com.br/) é um dos canais para compartilhar rotinas e dicas de

alimentação, treinos e moda. A fanpage no Facebook, com 74.55 curtidas

(http://migre.me/pxreX), e o canal no YouTube (http://migre.me/pxryY)

complementam as mídias utilizadas.

Figura 11: Perfil da blogueira Gabriela Pugliesi no Instagram

Fonte: site Websta abril, 2015, http://migre.me/pzbJf

A proposta é o compartilhamento do próprio estilo de vida, a fim de estimular

uma vida mais saudável. Segundo a legenda da Figura 12, o hábito de praticar

exercícios a transformou de corpo e alma, e essa mudança é o que a blogueira

deseja transmitir aos seus seguidores.

Page 30: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    28

Figura 12 – Gabriela Pugliesi fala sobre seu propósito

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzbJf

A história de Gabriela Pugliesi é contada no livro Raio X, em que ela relembra

sua infância e adolescência, quando estava acima do peso. A blogueira seguia

diversas dietas, mas afirma só ter conseguido alcançar resultados depois de uma

mudança de hábitos e um novo estilo de vida. O fato de ter sido casada com um

personal trainer facilitou o desenvolvimento de uma rotina diária de malhação

(http://migre.me/pxs5a).

Porém, a blogueira não tem formação em educação física, fisioterapia ou

nutrição e, por conta disso, tem sido alvo de diversas críticas. Recentemente, alguns

veículos noticiaram polêmicas envolvendo seu nome e de seu novo namorado,

Ricardo Barbato, personal coach.

Ricardo foi autuado pelo Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região

(Cref 4/SP), órgão responsável pela fiscalização do exercício profissional de

educação física, por dar aulas de treinamento funcional e ginástica sem habilitação

profissional no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. As denúncias foram feitas por

educadores físicos e começaram nas redes sociais, conforme a Figura 13

(http://migre.me/pxvNC).

Page 31: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    29

Figura 13 – Polêmica envolvendo o namorado de Gabriela Pugliesi

Fonte: site Ego, abril, 2015, http://migre.me/pxvNC

Durante a polêmica, seguidores de Gabriela Pugliesi se manifestaram em seu

perfil com algumas críticas (Figura 14). Ricardo publicou em seu Instagram um vídeo

em que Gabriela aparece ao fundo, com a seguinte legenda: “A inveja e a fofoca

estão tomando conta do Brasil. Um salve para a galera recalcada”. Até o fechamento

desta pesquisa, o vídeo não estava mais disponível.

Page 32: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    30

Figura 14 – Comentários com críticas a Ricardo Barbato

Page 33: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    31

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzbJf

Mesmo após a polêmica, o casal fez uma palestra e ministrou uma sessão de

exercícios num espaço improvisado durante o lançamento de um empreendimento

imobiliário em São Paulo. Para evitar problemas jurídicos, o namorado de Gabriela

Pugliesi levou um professor registrado para supervisioná-lo.

Figura 15 – Gabriela Pugliesi e Ricardo Barbato ministrando aulas de ginástica

Fonte: Jornal da Band, abril, 2015, http://migre.me/pxpKP

Nota-se que o poder de uma webcelebridade é acompanhado de

responsabilidades, principalmente quando se trata de exercícios físicos. Muitas

pessoas se sentem inspiradas e seguem o que suas musas fitness ensinam e

praticam (Figura 15).

Figura 16 – Seguidora inspirada por Gabriela Pugliesi

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzbHB

Porém, a busca pelo corpo perfeito a qualquer preço pode trazer sérias

consequências. Reportagem do Jornal da Band mostra o exemplo de uma

professora de inglês que ficou temporariamente paraplégica por conta de uma grave

lesão na coluna. Ela acompanhava um blog de fitness e, ao realizar um exercício

Page 34: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    32

abdominal em que se segurava somente pelas pernas, caiu ao chão de costas e

fraturou a coluna (Figura 16).

Figura 17 – Seguidora repetindo o mesmo exercício de uma blogueira

Fonte: Jornal da Band, abril, 2015, http://migre.me/pxpKP

Para o Conselho de Educação Física, qualquer atividade física deve ser

ministrada por um profissional habilitado com conhecimento científico e técnico. O

órgão tem tentado alertar a população para que tome cuidado com prescrições de

exercícios dados pela internet sem a orientação de um profissional

(http://migre.me/pxpKP).

Page 35: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    33

CAPÍTULO 3

CONSUMIDORES BUSCAM INSPIRAÇÃO EM WEBCELEBRIDADES

O surgimento das redes sociais parece ter impulsionado ainda mais o

consumo, o culto ao corpo e às webcelebridades. Os conceitos do sociólogo polonês

Zygmunt Bauman (http://migre.me/px0EO) deixam claro que todos os aspectos da

aparência corporal são atualmente objetos de moda, sendo que o grande público

precisa ainda de pessoas que estejam no centro das atenções.

Tais celebridades se tornam foco de “assuntos-chave” por um certo período,

mas, como todas as celebridades, não tardam por desmoronar e dar lugar a outras

celebridades momentâneas. Dados coletados neste estudo confirmam a busca dos

consumidores por essa inspiração.

A pesquisa de observação de Gabriela Pugliesi (Figura 13) teve como

objetivo identificar algumas regras de identidade e comportamento de um grupo de

seguidores. O objetivo desta pesquisa é compreender: a) quais os tipos de temas de

que os consumidores mais gostam; b) qual o tipo de assunto que gera mais

engajamento por quantidade e tipo de comentários; e c) qual o assunto de que os

consumidores menos gostam ou que desaprovam.

Figura 18 – Home do Instagram de Gabriela Pugliesi

Fonte: site Instagram, abril, 2015, https://instagram.com/gabrielapugliesi/

Page 36: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    34

Neste estudo foram analisados o grau de influência e os principais fatores e

estímulos de comportamento, por meio do tipo de conteúdo e das interações

realizadas em posts publicados no período de 16 dias.

A análise foi feita a cada 20 posts, totalizando cinco cortes de amostragem no

período observado. A pesquisa levou em consideração os posts relacionados

diretamente ao tema “vida saudável e bem-estar”, agrupados em quatro categorias:

mídia, alimentação, treino e publicidade.

A categoria do tipo publicitário apresenta como conteúdo de maior evidência a

citação de produtos, serviços, marcas, patrocínios, estabelecimentos e indicação de

profissionais (Figura 14).

Figura 19 – Exemplo de post do tipo publicitário

Fonte: site Instagram, abril, 2015, http://migre.me/px0KL

A categoria de post do tipo alimentação apresenta como conteúdo de maior

evidência dicas de receitas, indicação de alimentos ou restaurantes e rotina

alimentar. Em alguns casos, o mesmo post também é publicitário (Figura 15).

Page 37: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    35

Figura 20 – Exemplo de post do tipo alimentação com viés publicitário

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px0IV

A categoria de post do tipo mídia apresenta como conteúdo de maior

evidência o compartilhamento de atividades relacionadas a jornais, revistas,

emissoras de televisão, recebimentos de prêmios, sessão de fotos, entre outras

(Figura 16).

Figura 21 – Exemplo de post do tipo mídia

Fonte: site Instagram, abril, 2015, http://migre.me/px0Mj

Page 38: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    36

A categoria de post do tipo treino apresenta como conteúdo de maior evidência o

compartilhamento de posts e vídeos com séries de exercícios físicos (Figura 17).

Figura 22 – Exemplo de post do tipo treino

Fonte: site Instagram, abril, 2015, http://migre.me/px0Tv

3.1 Marcas e produtos ganham maior ênfase no Instagram

Por meio da pesquisa de observação, foram analisados e coletados dados de

72 posts no período de 12 a 27 de março de 2015. Em média, são publicados no

perfil de Gabriela Pugliesi oito posts por dia.

Para esta análise foram realizados cinco cortes com 20 posts por amostra,

divididos em cinco períodos. Para a coleta de dados do número de curtidas e

número de comentários por post, foi selecionado um post por tipo (Tabela 3).

Page 39: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    37

Tabela 3 – Amostragem geral da coleta de dados de 72 posts

Período 1 Tipo de post Quantidade Curtidas Comentários

Alimentação 4 13.888 232

Mídia 4 14.301 179

Publicidade 6 25.170 366

Treino 5 25.730 301

 Período 2 Tipo de post Quantidade Curtidas Comentários

Alimentação 5 19.507 935

Mídia 1 27.697 320

Publicidade 10 12.761 369

Treino 6 23.956 378

 Período 3 Tipo de post Quantidade Curtidas Comentários

Alimentação 1 11.438 159

Mídia 1 18.570 173

Publicidade 3 19.701 319

Treino 3 16.006 1233

 Período 4 Tipo de post Quantidade Curtidas Comentários

Alimentação 1 24.533 208

Mídia 0 0 0

Publicidade 5 30.006 361

Treino 4 20.866 302

 Período 5 Tipo de post Quantidade Curtidas Comentários

Alimentação 2 23.209 660

Mídia 1 29.882 631

Publicidade 9 29.032 295

Treino 1 14.464 963

Fonte: Cecotosti, abril, 2015

Num segundo recorte foi analisada a quantidade de posts por tipo publicado

no período de 16 dias. Conforme a Tabela 4 e o Gráfico 1, observa-se que de todos

os posts publicados, a maioria (46%) é do tipo publicitário, seguidos por conteúdos

de treino (26%), conteúdos de alimentação (18%) e conteúdos de mídia (10%).

Tabela 4 – Análise por tipo de post

Tipo Quantidade Curtidas Comentários

Mídia 7 90.450 1303 Alimentação 13 92.575 2194 Publicidade 33 116.670 1710

Treino 19 101.022 3.177

Fonte: Cecotosti, março, 2015

Page 40: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    38

Fonte: Cecotosti, março, 2015

No terceiro recorte, foi realizada uma análise comparativa do volume de posts

versus o número de curtidas. No comparativo, o tipo de conteúdo que gera mais

curtidas, com 23% do total, foi o do tipo mídia, mesmo sendo o de menor frequência

de postagem, totalizando apenas 10% do volume total. Para gerar 23% do total de

curtidas, foi necessária a postagem de apenas 10% de todo o conteúdo.

Os seguidores parecem gostar mais de posts do tipo mídia, seguidos de

alimentação, treino e, por último, publicidade. Analisando esse resultado, parece

existir uma tendência de esse tipo de consumidor gostar de acompanhar os

bastidores de celebridades. Do ponto de vista de estratégia de marketing, observa-

se que o conteúdo com menor ênfase é o tipo que tem mais atraído a atenção dos

seguidores. Em contrapartida, o tipo publicitário, que apresenta a maior frequência

de postagem (46%), gerou 29% de curtidas.

Page 41: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    39

Conforme mostra o Gráfico 2, o nível de engajamento dos seguidores é maior

nos posts do tipo treino, seguidos por alimentação, publicidade e mídia.

Fonte: Cecotosti, abril, 2015

3.2 Consumidores criticam publicidade e pedem mais conteúdo

A análise realizada deu prioridade aos posts mais voltados à alimentação, e

também aos posts relacionados ao tema corpo e saúde com enfoque em exercícios

físicos. Ao todo foram analisados 12 posts e todos os comentários referentes aos

conteúdos.

Os posts mais relacionados à moda e à vida pessoal foram descartados.

Observou-se que a autora do blog compartilha as suas refeições, indica produtos e

ensina receitas aos seus seguidores.

Nota-se em alguns posts o patrocínio de empresas e grandes marcas como

Trident Brasil; Cia Marítima; Lojas Riachuelo; Hotel Vitória; Clínica Volpe

Dermatologia, Cosmiatria e Laser; e Academia BodyTech. A pesquisadora

identificou alguns posts com a hashtag publicidade e também alguns posts com a

referência de publicidade no próprio texto.

Atualmente os publiposts, ou posts pagos, tornaram-se uma nova forma de

negócio para blogueiros e também para marcas. Parcerias de permutas entre

blogueiros e serviços são bem comuns. Segundo informações da agência da

Page 42: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    40

blogueira Bella Falconi, atleta e modelo fitness com 1,5 milhão de seguidores, uma

postagem chega a custar R$ 2.000,00. Até o fechamento desta pesquisa, a agência

de Gabriela Pugliesi não informou os valores de parcerias com a blogueira.

No entanto, muitos seguidores não gostam da presença de publicidade e até

mesmo questionam tais produtos. Em alguns comentários, existe uma forte

presença de críticas por parte de alguns seguidores, principalmente em relação à

publicidade.

Em alguns posts de treino, a autora faz a observação de que o leitor deve

procurar um especialista, porém a blogueira ensina algumas sequências sem fazer

referência a um profissional. Muitos de seus seguidores dizem fazer os mesmos

exercícios.

Na Imagem 1, observa-se um post do tipo mídia. O conteúdo desse post se

refere à gravação de aspectos do estilo de vida de Gabriela Pugliesi para o

programa da Rede Globo Mais Você. Esse post recebeu mais de 10 mil curtidas e

mais de 120 comentários. Algumas pessoas questionaram o fato de a blogueira falar

sobre atividade física sem ter formação acadêmica. Observa-se que alguns

seguidores são leigos no tema e que outros são profissionais formados.

Imagem 1 – Gravação para o programa Mais Você

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1iS

Page 43: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    41

Figura 23 – Crítica de educador físico e resposta de Gabriela Pugliesi

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzby2

Na Imagem 2, o post analisado é do tipo alimentação, e o conteúdo é sobre a

refeição pré-treino. Esse post recebeu mais de 13 mil curtidas e mais de 200

comentários. Muitos seguidores criticam a legenda do post. Algumas pessoas

comentam sobre a importância de não se privar tanto da alimentação para

conquistar um corpo extremamente magro.

Imagem 2 – Refeição de pré-treino

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1l3

Figura 24 – Críticas ao culto pelo corpo magro

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1mA

Page 44: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    42

Na Imagem 3, o post é do tipo treino e recebeu mais de 25 mil curtidas e mais

de 300 comentários. O tipo de conteúdo do post faz referência ao Studio de Ciclismo

Velocity, que parece que fará parte da rotina de exercícios da blogueira. A maioria

dos comentários desse post é sobre a roupa e os acessórios que a blogueira está

usando. Os comentários sobre o Studio, assunto principal do post, são minoria.

Imagem 3 – Divulgação do Studio de Ciclismo Velocity

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1ol

Na Imagem 4, o post do tipo treino mostra a prática de uma modalidade de

yoga e divulga o trabalho da professora. Nesse post, que recebeu cerca de 13.750

curtidas e 922 comentários, a blogueira fala sobre a importância de diversificar as

formas de exercícios e explica a filosofia dela de manter corpo e mente conectados.

A blogueira afirma que não treina somente para ter um corpo magro, mas para ser

feliz e ter melhor qualidade de vida. No geral, os comentários sobre o post foram

positivos, tratando do desafio de praticar yoga.

Page 45: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    43

Imagem 4 – Prática de acroyoga

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1pd

Na Imagem 5, o post é do tipo publicidade com viés de estética e recebeu

mais de 25 mil curtidas e 360 comentários. O conteúdo faz a divulgação de sessões

de mesoterapia para tratamento antiqueda capilar. No mesmo post é feita a

divulgação da roupa que a blogueira usa, da marca Cia Marítima Beach Wear.

Nesse post, existe uma falta de coerência entre os conteúdos, pois juntam-se

dois temas distintos: saúde e moda. Observam-se muitos comentários positivos

sobre a roupa e algumas críticas sobre o método de fisioterapia capilar e sobre o

fato de ser publicidade. Muitas pessoas leigas no assunto se mostram interessadas

em conhecer o método, porém é importante haver cuidado com a divulgação de um

novo método de tratamento estético.

Imagem 5 – Divulgação do método de mesoterapia

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1qU

Page 46: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    44

Figura 25 – Críticas de seguidores ao post sobre mesoterapia

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzbo5

Na Imagem 6, o post é do tipo alimentação com publicidade. O conteúdo

compartilhado é a refeição feita no restaurante Oasis Brasil, da academia Body

Tech. Nesse post, a blogueira fala sobre os alimentos que compõem o prato, e

também da academia que frequenta. No final do post, ela faz a observação de que

essa alimentação é o que ela normalmente consome. Muitas pessoas se mostram

inspiradas a se alimentar melhor, e a maioria dos comentários é positiva. O post

recebeu mais de 17 mil curtidas e mais de 200 comentários.

Page 47: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    45

Imagem 6 – Almoço no restaurante Oasis Brasil, da Academia Body Tech

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1tR

Na Imagem 7, o post é do tipo alimentação e publicidade, com o conteúdo

voltado ao lanche da noite da blogueira. Esse post, que recebeu mais de 18 mil

curtidas e mais de 150 comentários, divulga a marca Ati Latte. Alguns seguidores

deram retorno positivo, mas também houve críticas em relação à publicidade.

Imagem 7 – Post Ati Latte

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1v0

Page 48: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

    46

Observação sobre publicidade do produto Ati Latte

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/px1v0

Na Imagem 8, o post é do tipo alimentação e publicidade, e compartilha um

conteúdo referente ao jantar da blogueira. Diversos seguidores criticam o fato de o

prato não ser saudável pela quantidade de sódio e pelo fato de ser um congelado

(Imagem 9). Também criticam a blogueira diretamente por ela dizer que segue uma

alimentação saudável e indicar um prato congelado. Falam sobre a contradição de

postagens. Apresentam-se também muitas críticas referentes à questão da

publicidade. Entre os posts analisados, esse foi o que recebeu mais críticas.

Imagem 8 – Jantar e divulgação da marca Keep Light

Fonte: site Websta, abril, http://migre.me/pB49U

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Imagem 9 – Site da Keep Light com a divulgação do produto

Fonte: abril, 2015, http://keeplight.com.br

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Figura 27 – Críticas ao post sobre congelados da Keep Light

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    50

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzkUM

Figura 28 – Seguidores também defendem a blogueira

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzkUM

Page 53: Monografia - Mídias Digitais: consumo, comportamento e vida saudável

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Na Imagem 10, o post é do tipo treino e contou com mais de 16 mil curtidas e 70

comentários. O conteúdo é 100% post publicitário, e contém inclusive a hashtag

#publicidade. Observa-se que mesmo sendo um post claramente publicitário,

existem críticas em relação à qualidade do serviço anunciado.

Imagem 10 – Academia Vitória Fitness

Fonte: site Websta, abril, http://migre.me/px1BE

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Figura 29 – Críticas ao post e à academia do Hotel Vitória

Fonte: site Websta, abril, 2015, http://migre.me/pzkUM

No período de 14 a 21 de março, Gabriela Pugliesi viajou para uma estação

de esqui no norte da Califórnia. No post do embarque, foi tagueada7 a agência de

viagens Sete Mares Turismo. Ela se hospedou no hotel The Ritz Carlton, a convite

do próprio estabelecimento. Notam-se diversas postagens nesse período da viagem

com o tagueamento do hotel nas fotos e na legenda do post (Imagem 11).

                                                                                                               7 Taguear é uma forma de organizar e classificar informações nas redes sociais por palavra-chave. No Instagram usa-se o símbolo @ para classificar outros perfis e # para classificar assuntos.

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Imagem 11 – Posts da viagem ao norte da Califórnia

Fonte: site Websta abril, 2015, http://migre.me/pzkZx

Gabriela Pugliesi recebeu várias críticas também em seu post sobre a

manifestação política do dia 15 de março (Imagem 12). A blogueira embarcou para

os Estados Unidos dois dias antes. Nota-se a indignação de alguns seguidores

sobre a questão dos posts publicitários e também por ter sido usada imagem sem

crédito do fotógrafo.

Imagem 12 – Post sobre ato político do dia 15 de março

Fonte: site Websta abril, 2015, http://migre.me/pzkZx

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Figura 30 – Críticas de seguidores sobre o post do ato político

Fonte: site Websta abril, 2015, http://migre.me/pzkZx

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

A atual onda da tecnologia trouxe um novo comportamento da sociedade e do

consumidor de vida saudável. As mídias digitais passaram a fomentar novas

necessidades de consumo e os blogs têm aumentado e alimentado a obsessão pelo

corpo perfeito.

O ser saudável se tornou coadjuvante nesse cenário. Pesquisas mostram que

os consumidores acreditam muito mais na opinião de outros consumidores do que

em especialistas. As mídias digitais têm sido a maior fonte de informação dos

consumidores, ao invés de um profissional.

Daí a responsabilidade pela propagação de informações ser cada vez mais

importante. À medida que uma webcelebridade alcança mais seguidores, o nível de

responsabilidade também aumenta.

O consumidor busca autorrealizações, portanto é preciso respeitar esse

indivíduo, sem subestimar sua percepção. Segundo dados desta pesquisa, quando

os consumidores digitais se sentem subestimados, utilizam-se do poder das redes

para reivindicar justiça e expor a verdade.

As mídias digitais pedem transparência e originalidade de quem as utiliza.

Não basta criar um perfil, postar fotos atraentes, fechar contratos de publiposts8,

arrebanhar centenas de fãs e conquistar muitas curtidas. Tal estratégia pode até

oferecer um resultado rápido, mas não parece ser sustentável.

As marcas têm apostado e investido cifras expressivas em blogueiros.

Porém, é preciso ter cautela ao associar marcas e produtos às personalidades da

internet. Isso porque ainda não existe uma regulamentação específica que trate de

ética e publicidade nas redes sociais.

As webcelebridades ainda precisam encontrar o equilíbrio entre conteúdo e

publicidade em seus perfis. Os consumidores buscam inspiração para o seu dia a

dia, e não anúncios publicitários.

A pesquisa realizada pelo Instagram da blogueira Gabriela Pugliesi mostra

que os temas que os consumidores mais procuram e nos quais se engajam são

sobre exercícios físicos e alimentação. Publicidade é o tipo de conteúdo de que os

consumidores menos gostam.

                                                                                                               8 Conteúdos pagos pelas marcas ao blogueiro.

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Tais dados apontam que a blogueira poderia utilizar seu poder nas mídias

digitais para propagar mais dicas sobre alimentação saudável e exercícios físicos,

com respaldo de profissionais habilitados.

Todos os posts de conteúdo de treino e alimentação poderiam ter a chancela

de um profissional formado e também a ressalva de que é preciso acompanhamento

e orientação especializados.

A presença desse profissional poderia trazer mais credibilidade para a

blogueira, diminuir o volume de críticas e aumentar seu grau de responsabilidade

perante seus seguidores e a sociedade como um todo.

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