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AS MÍDIAS COMO INCENTIVO AO ENSINO DE INGLÊS Francisco Chagas da Silva (Prof. PDE –UNIOESTE) 1 Marlene Néri Sabadin (Prof a . Orientadora – UNIOESTE )2 RESUMO: A Inclusão Digital das escolas Públicas paranaenses, com instalação dos Laboratórios de Informática, remete-nos a uma nova realidade, até então, disponível apenas a alguns centros mais privilegiados tornando necessário rever e aprofundar estudos do referencial teórico- metodológico que embasa o uso dos recursos das mídias como instrumento pedagógico. O desenvolvimento desta pesquisa deu-se ao longo do programa PDE a partir de pesquisas de campo, para levantamento das diversas realidades dentro das escolas de Janiópolis; leituras das teorias sobre o uso das mídias, buscando o conhecimento do que já se produziu em termos de procedimentos didáticos; discussões e sínteses de leituras; através do GTR; produção de um OAC e aplicação de um Projeto de Intervenção com o uso da tecnologia da informática numa das escolas do município, visando à construção do conhecimento do aluno, com vista à melhoria de seu aprendizado. Com este estudo, pretende-se instrumentalizar os professores da disciplina, de Inglês, para o uso, dos recursos eletrônicos, visuais ou auditivos, disponíveis no âmbito da maioria das comunidades, especialmente o recurso da informática, bem como incentivar os professores da rede para a criação de um fórum permanente de discussão da democratização da escola pública como espaço de construção da cidadania. Palavras chave: Informática e Educação. Ensino de Inglês. 1 Professor PDE do Núcleo Regional de Goioerê, da Turma de 2007, Graduado em Letras, com especialização em Gestão Escolar. Diretor do CE. João XXIII, EM, de 1996 a 2004, mentor do primeiro Laboratório de Informática de Janiópolis. 2 Professora orientadora da Unioeste, Mestre em Letras Linguagem e Sociedade com pesquisa voltada para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Formação de Professor em Língua Inglesa; uma das autoras dos Fascículos “O Professor e o Ensino da Língua Estrangeira nas Séries Iniciais”. 3

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AS MÍDIAS COMO INCENTIVO AO ENSINO DE INGLÊS

Francisco Chagas da Silva (Prof. PDE –UNIOESTE)1

Marlene Néri Sabadin (Profa. Orientadora – UNIOESTE)2

RESUMO: A Inclusão Digital das escolas Públicas paranaenses, com instalação dos Laboratórios de Informática, remete-nos a uma nova realidade, até então, disponível apenas a alguns centros mais privilegiados tornando necessário rever e aprofundar estudos do referencial teórico-metodológico que embasa o uso dos recursos das mídias como instrumento pedagógico. O desenvolvimento desta pesquisa deu-se ao longo do programa PDE a partir de pesquisas de campo, para levantamento das diversas realidades dentro das escolas de Janiópolis; leituras das teorias sobre o uso das mídias, buscando o conhecimento do que já se produziu em termos de procedimentos didáticos; discussões e sínteses de leituras; através do GTR; produção de um OAC e aplicação de um Projeto de Intervenção com o uso da tecnologia da informática numa das escolas do município, visando à construção do conhecimento do aluno, com vista à melhoria de seu aprendizado. Com este estudo, pretende-se instrumentalizar os professores da disciplina, de Inglês, para o uso, dos recursos eletrônicos, visuais ou auditivos, disponíveis no âmbito da maioria das comunidades, especialmente o recurso da informática, bem como incentivar os professores da rede para a criação de um fórum permanente de discussão da democratização da escola pública como espaço de construção da cidadania.

Palavras chave: Informática e Educação. Ensino de Inglês.

1 Professor PDE do Núcleo Regional de Goioerê, da Turma de 2007, Graduado em Letras, com especialização em Gestão Escolar. Diretor do CE. João XXIII, EM, de 1996 a 2004, mentor do primeiro Laboratório de Informática de Janiópolis. 2 Professora orientadora da Unioeste, Mestre em Letras Linguagem e Sociedade com pesquisa voltada para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental e Formação de Professor em Língua Inglesa; uma das autoras dos Fascículos “O Professor e o Ensino da Língua Estrangeira nas Séries Iniciais”.

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ABSTRACT: The Digital Inclusion of the Public schools of the Paraná State, with the installation of the Information Technology Laboratories, bring us to a new reality so far available only to a few more privileged centers and leads us to a necessary review and further studies of the theoretical and methodological references that gives the basis to the use of the resources of media as a pedagogical tool. The development of this research along the PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) of the Paraná State, took place trough the field research, to survey the realities within the Janiópolis schools; the readings of the theories about the use of media, seeking for the knowledge of what has been produced in accordance with didactic procedures; summaries of readings and discussions, through the GTR (Grupo de Trabalho em Rede); the production of an OAC (Objeto de Aprendizagem Colaborativa) and implementation of an intervention project using the computers technology in one of the Municipality schools aiming to build the knowledge of the students, trough the improvement of their learning. With this study, we intend to give support to English teachers, to the use of electronic resources, visual or auditory, available within most communities, especially the use of computers, and also to be an incentive for the teachers to create a permanent forum for discussion about the democratization of public school as a space for the construction of citizenship.

Key words: Information Technology and Education, English Teaching.

1 INTRODUÇÃO

A implementação dos Laboratórios de Informática do Programa

Paraná Digital em todas as Escolas Públicas do Estado, no ano de 2007, e

mais recentemente, neste ano de 2008, das Tvs Pendrive, torna

necessário o aprofundamento do referencial teórico metodológico sobre o

uso dos meios, como recurso pedagógico e conhecer as diversas formas

de aplicação da informática no ensino de Língua Inglesa bem como as

diferentes práticas com informática. Se até este momento a escola tem se

limitado ao uso de meios tradicionais para o ensino-aprendizado de Língua

Inglesa, o uso desta ferramenta de comunicação tornará prática o que

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preconizam as Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE), (2006) de Língua

Estrangeira Moderna de que o aluno “vivencie, na aula de língua

estrangeira, formas de participação que lhe possibilite estabelecer

relações entre ações individuais e coletivas” para que, “ao final do Ensino

Fundamental, seja capaz de usar a língua em situações de comunicação

oral e escrita”.

Para Sabadin (2003, p. 57) com a nova realidade “abrem-se as

possibilidades de um redimensionamento e uma dinamização do processo

de ensino-aprendizagem como uma profunda alteração na pedagogia

tradicional”, sem que isto signifique sua negação. A nova situação, de per

si, tem força de mudança exigindo uma nova postura do professor, que

terá que se preparar mais, tanto para o uso instrumental do laboratório de

informática, quanto para a compreensão da dimensão político-pedagógica

dessa ferramenta. Não se trata de deixar de lado os recursos até então

utilizados, mas de usar, tanto um quanto outro de forma complementar.

Ao optarmos pelo estudo do uso das novas tecnologias, em vista da

formação de professores, tivemos como principal objetivo buscar

responder aos anseios pessoais com relação ao papel da informática no

ensino de Inglês, nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino

Médio, aproveitando-nos do ensejo do Programa de Desenvolvimento

Educacional, PDE, da Secretaria de Estado de Educação do Estado do

Paraná, SEED, cujas características são “diferenciadas dos cursos de pós-

graduação tradicionais, por direcionar-se para a melhoria das práticas

docentes” SEED (2006) e que traz uma oportunidade singular de se poder

aprofundar conhecimentos nesta área e de colocar tais conhecimentos à

disposição dos professores de Língua Inglesa.

2 METODOLOGIA DE TRABALHO

Os estudos realizados compreenderam quatro etapas, a saber:

simultaneamente aos estudos gerais e específicos do programa; elaborou-

se um plano de trabalho que contemplava: o GTR (Grupo de Trabalho em

Rede) destinados aos professores da rede estadual de ensino; o Projeto de

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Intervenção na Escola, com vistas aos alunos, como forma de trabalho

diferenciado na sala de aula, com o objetivo de superar alguma dificuldade

específica; a elaboração de um OAC (Objeto de Aprendizagem

Colaborativa também destinado aos professores e finalmente a

elaboração deste artigo.

Para se ter uma base de dados que mostrasse a realidade do

município de Janiópolis, em 2007, quando se iniciou o estudo, encetamos

uma pesquisa de campo, com um questionário que permitiu saber a

situação econômica e social dos alunos na Escola D. Pedro II e no Colégio

Estadual João XXIII, na cidade de Janiópolis e nas Escolas, Vila Serrana, no

distrito de Bredápolis e Cosmo Inácio Coelho, no Distrito de Arapuan. O

resultado da pesquisa demonstrou que o número de alunos com acesso á

internet, nas escolas da sede era de 63% contra apenas 5%, de acessos

nas escolas da zona rural.

Na cidade de Janiópolis, está instalado um tele centro do Programa

Paraná Digital, gerenciados pela Prefeitura Municipal, com 10

computadores e em vias de instalação mais um telecentro com mais 10

computadores, a partir de um convênio da Prefeitura com o Ministério das

Comunicações. Também existem mais quatro Lan Houses que cobram de

R$ 1,00 (um real) a R$ 1,75, a hora navegada, além do serviço de internet

banda larga e via rádio. Nos distritos, além dos laboratórios do Paraná

Digital foi instalado equipamento de acesso à internet via rádio.

Com isto, pode-se afirmar que hoje, 100% dos alunos do município,

têm acesso fácil à tecnologia da internet, o que cria um quadro muito

favorável a um novo tempo da educação básica e aumenta a demanda de

professores melhor preparados com relação à tecnologia, para bem

responderem a esse novo tempo.

3 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DO GRUPO DE TRABALHO EM REDE

O GTR (Grupo de Trabalho em Rede), hospedado no sítio www.e-

paraná.pr.gov.br, em plataforma Moodle é a ferramenta de educação à

distância através da qual os professores PDE têm a oportunidade de

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discutirem suas propostas de trabalho com um grupo específico de

professores da rede pública estadual de ensino. No nosso caso, apenas

três professores de doze inscritos, concluíram o trabalho. A colaboração do

grupo não foi a esperada, em vista das dificuldades no trato com

máquina, ou com as dificuldades técnicas de acesso, ou dificuldade de se

lidar com a ferramenta Moodle. Conforme Raduan e Trindade quando se

trata do contato professor-máquina, muitos preferem desistir a expor suas

fragilidades de aprendizado de informática. Logo se pôde perceber essa

fragilidade ao se trabalhar com os grupos de estudo desenvolvidos via

internet. A interatividade entre os participantes, ou destes com o tutor foi

pouquíssima ou nenhuma, não havendo o feedback esperado. Queremos

crer que pelas dificuldades já explicitadas, quem interagiu, não o fez de

forma completa, conforme as propostas de atividade. Nem sempre

interagiram usando todas as ferramentas do Moodle, nem houve uma

discussão provocativa da proposta, desejável, para o enriquecimento do

projeto, ficando claro certo escrúpulo dos cursistas que se limitaram a

elogiar ou, o mais diplomaticamente possível, a ensaiar alguma sugestão.

Os que escreveram seus planos de intervenção, não o fizeram tratando da

informática, mas de outros temas, com os quais já haviam, inclusive,

trabalhado. Outra tentativa de se explicar a desistência que aconteceu foi

o fato de que as inscrições não foram feitas, como no GTR de 2008, em

que os cursistas puderam escolher os temas de seus interesses. Como

exemplo, citamos uma professora que, embora formada em letras,

trabalhava com sala especial.

Diferentemente do GTR (trabalho realizado com os professores), foi o

trabalho com O Plano de Intervenção na Escola (realizado com os alunos)

que se destinava às séries finais do Ensino Fundamental, em vista da

facilidade de acesso dos grupo. O mesmo não aconteceu no trabalho

anterior, que não sendo presencial, exigia do professor um conhecimento

além do técnico; como navegar na plataforma Moodle.

Retornando ao trabalho com os discentes, aplicou-se, em contra

turno, na Escola na Escola Estadual Vila Serrana, para os alunos de 5ª a 8ª

Séries, um curso de Informática Instrumental, em que se ensinaram

técnicas de pesquisa pelo acesso à internet e a criação de apresentações

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para a da TV Pendrive. No horário rotineiro de aulas, foram ensinadas

técnicas de relaxamento e concentração, visando a que o aluno ficasse

mais centrado para o exercício de suas tarefas. O projeto foi muito bem

aceito, e como já preconizado nos estudos relacionados, pôde-se

comprovar que não existem, entre os alunos, situações de recusa, ou de

timidez quando se trata do trabalho com o computador. Não importa o

grau de experiência do aluno, ele sempre tenta resolver o que se lhe

propõe bem como, tenta interagir com outro colega que julga conhecer

mais sobre a ferramenta. Há uma troca dinâmica de informações e de

aprendizados entre eles. Algumas vezes, por conta dessa interação, o

próprio professor é dispensado de intervenções mais freqüentes. Outras

vezes é o aluno que ensina, na sua interação com o professor, sem que

isso sinalize, ou se concretize em falta de respeito ou perda de autoridade

do professor. Pelo contrário, a interação na sala de informática estende-se

para a sala de aulas e o resultado é um relacionamento muito melhor e

mais proveitoso, mesmo em trabalhos outros que não em sala de

informática.

Quanto ao desempenho dos ambientes, ainda se depara com

bastantes limitações: nem sempre as máquinas funcionam na sua

totalidade e nem sempre se consegue conexão à internet, tendo-se que

enfrentar, ainda, uma lentidão muito acentuada, especialmente quando da

tentativa de se acessar a internet em todos os terminais. Acresce-se

ainda, o bloqueio dos blogs, do Orkut e do Windows live Messenger, que

são os mais procurados pelos adolescentes. Por outro lado, o sistema

permite o acesso a sítios alternativos como o PRAL (Professor-Aluno) que é

um sítio que pretende ser espaço de relacionamento, como o Orkut, mas

com caráter pedagógico, que pode ser monitorado pelo professor e é

também, um fórum de discussão que oferece alguns recursos como editor

de texto, agenda de compromissos, jogos on line, um banco de questões,

com gerador de provas e em desenvolvimento um recurso de e-learning. O

sítio permite o cadastramento de turmas de alunos conforme os seguintes

planos de adesão: básico de 1 MB, para 3 turmas: gratuito. Os planos

seguintes são pagos: plano intermediários, 5 MB, para 10 turmas; plano

avançado de 15 MB 20 turmas e o plano máster de 25 MB, para um

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número ilimitado de turmas. Além dessa opção, tem-se, ainda, o Google

groups como alternativa de recurso de ensino-aprendizagem pela internet.

A propósito das limitações dos laboratórios de informática e

conhecimento tecnológico do professor para lidar com essa ferramenta,

Murro (2008), afirma que no atual estágio do processo de informatização

das escolas essas limitações impostas pelo sistema são compreensíveis e

normais. Neste momento, o laboratório ainda não totalmente ajustado é só

para o professor, considerando-se que alguns professores também não

estão de todo preparados para trabalhar com o instrumental tecnológico

em sala de aula, necessitando assim, de capacitação através dos órgãos

competentes e que de certa forma vem acontecendo lentamente pela

SEED por meio dos Núcleos Regionais que prestam esse suporte ao

professor.

4 INFORMÁTICA EM JANIÓPOLIS

A primeira informação que se tem da chegada do computador a

Janiópolis, foi a aquisição (não documentada) de um TK 500, bastante

rudimentar, pelo Técnico em Eletrônica, João Daniel Tecachuck, que

provocou o desejo deste autor de também possuir a novidade. Em 1987,

finalmente foi adquirido da Hermes Macedo S/A, (não documentado)3 um

MSX, Expert da Gradiente, tido na época como “um microcomputador

extremamente versátil” (CRUZ, 1987, p.6), que usava o televisor como

monitor e periféricos, não integrados. Os Cartuchos de jogos, Drive de

disquete 5 ¼, Expansão de memória RAM, Gravador Cassete, Impressora e

Joystick foram comprados mais tarde e separadamente, conforme

disponibilidade financeira. No final do mesmo ano apareceu outra máquina

Hotbit, da Sharp, pertencente a um Engenheiro da Acarpa (Emater), já

com uma configuração um pouco diferenciada, como monitor

monocromático, impressora e cartuchos do MSX Word e Supercalc

3 As notas fiscais referentes a compra de todo o sistema, exceto a do gravador cassete, foram todas extraviadas

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Segundo Maldonado et all, (1986, p. 9) “o padrão MSX nasceu de

uma associação da Microsoft americana com algumas das maiores

empresas japonesas do ramo de eletrônica”. Com características

absolutamente aquém do que se tem hoje, a máquina era extremamente

limitada: Freqüência de Clock: 3,58 MHZ, Memória Residente: 32kb de

ROM e 80kb de RAM, 16kb de VRAM, linguagem de programação: Basic

MSX, quantidade de cores disponíveis, dezesseis. Conexões externas:

saída externa de RF (rádio freqüência) RGB4 analógico, para televisor

colorido comum, saída de vídeo para monitor de monocromático, Slots

para Cartucho (cartridge) e um barramento para expansão de memória.

Teclado: 87 teclas, 10 funções programáveis, 06 modalidades de níveis,

256 caracteres e Interface residente para Som,

4.1 UM NOVO APRENDIZADO

O que se conhecia de informática era o que se ouvia falar, sobre “as

maravilhas do computador”. Não existia, em absoluto, nenhuma leitura.

Somente a partir da data da compra é que se teve uma vaga idéia do que

se falava e passou-se a ter contato constante com as leituras necessárias

e possíveis para aquele momento histórico; em principio os manuais da

máquina, que não eram de fácil compreensão; e, então, os cursos de

Basic5 I e II, como se classificavam os cursos dessa linguagem de

programação. Junto com a máquina a expansão da mente e todos os

novos termos e conceitos ligados à tecnologia. As longas horas de

entretenimento com as centenas de joguinhos interessantes e desafiantes,

que tinha sempre que ser recomeçado porque não havia um sistema de

gravação das fases. Pouquíssimos jogos permitiam avançar por meio de

palavra chave conquistada ao final das fases. O jogo Castle the Excellent,

por exemplo, um quebra cabeças de cem fases, demorou

aproximadamente seis meses para ser concluído. A cada etapa era uma

4 RGB – (R)ed, (G)reen, (B)lue, são os três sinais decodificados a parti do sinal de vídeo composto.5 BASIC – Segundo o Aurélio, “do Inglês: acrônimo. de beginner’s all-purpose symbolic instruction code”, como, aliás, sucede em todas a linguagem da informática.- algo parecido com “código simbólico para a instrução dos iniciantes”, grifo nosso.

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festa e havia até torcida, quando um grupo se reunia para auxiliar no jogo.

Era também um exercício de paciência, pois se tinha que refazer, fase por

fase, todos os passos da jogada, que exigiam raciocínio e destreza. Muitas

vezes o jogador ficava preso, sem possibilidade de encontrar a solução do

desafio. Neste caso, a saída era reiniciar a máquina.

Aos poucos o termo informática começou a delinear-se também para

os pequenos centros. Ano a ano, foram crescendo os conceitos de

informática aplicada à educação e não se tinha idéia de onde chegar,

como ainda não temos essa clareza em se tratando dessa tecnologia.

No colégio João XXIII, a informática só chegou no ano de 1994, com a

aquisição de um PC 286, destinado ao serviços de secretaria e em 1996, a

APM (Associação de Pais e Mestres) adquiriu um sistema de rede Novel,

com servidor 486 com sete terminais burros, destinado ao uso dos alunos

dos cursos Técnicos em Administração e Contabilidade. Com este

equipamento foi possível a entrada do Colégio no Projeto Aprendiz do

Futuro, que visava à inclusão digital. Em princípio cuidamos, apenas, de

informática instrumental, evoluindo para um espaço de discussão de

cidadania, a partir dos livros Cidadão de Papel e Aprendiz do Futuro de

Gilberto Dimenstein. Aquele projeto rendeu a instalação, em 2003, de um

sistema digital de acesso à internet, via satélite, do telecentro Federal

GESAC, (Governo Eletrônico, Serviço de Atendimento ao Cidadão)

programa do Governo Federal, que “dispõe de acesso à internet e mais um

conjunto de outros serviços de inclusão digital a comunidades excluídas do

acesso e dos serviços vinculados à rede mundial de computadores”; ainda

ativo no Estabelecimento. Em 1998, a APM, através de convênio com a

SEED, adquiriu seis máquinas do programa Proem (Programa de Expansão

e Melhoria do Ensino Médio), destinadas ao laboratório de informática que

sempre esteve à disposição dos alunos e ex-alunos do Colégio.

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4.2 A LINGUAGEM BASIC

A máquina só interage interpretando restritamente uma

programação que se lhe é colocada. Uma linguagem de programação

exige organização, destreza, paciência e persistência. Por vezes esse

trabalho se torna, vários “recomeçar” porque a máquina só responderá

com acerto se for programada acertadamente. É um ótimo treinamento da

noção de erro e do conceito de que é preciso reavaliar, refazer, retomar.

Hoje já não existe a necessidade de programar e a interação do

usuário com a máquina fica ao nível da interação simples e mesmo para os

que gostariam de aprender programação existem maneiras mais fáceis,

através de softwares de como o Delphi e o Visual Basic.

Este foi o início de nossa inclusão digital, por hobby. Diferentemente

do que se dá hoje, o custo era bastante alto, não sendo qualquer pessoa

que podia ou que estivesse disposta a pagar por ele. Embora a maior

experiência fossem os jogos eletrônicos, com uma coleção de centenas

deles, em disco 5¼, hoje peças de museu, houve a oportunidade de

avançar, pelo menos, ao nível de usuário, razoavelmente capaz. A partir

do ano de 1988, começou-se a conhecer o PCs, já com a configuração

parecida com a de hoje, através do Professor João Freire, que foi o primeiro

usuário, em Janiópolis, dos famosos 286 da Itaú Tec. A partir de então, os

microcomputadores MSX saíram de linha, dando lugar ao PCs como os

conhecemos hoje. Máquinas cada vez mais poderosas que integram

recursos multimídia, sempre mais eficientes, vêm ocupando espaço, sendo

as escolas, na comunidade, em vista da informatização das matrículas,

pelo SERE (Sistema Estadual de Registro Escolar), as instituições que

primeiro passaram a utilizar-se do computador para os serviços

burocráticos.

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5 INCLUSÃO DAS ESCOLAS NO PROGRAMA DE INFORMATIZAÇÃO DO

ESTADO DO PARANÁ

As Escolas Estaduais do Município de Janiópolis tiveram instalados,

no ano de 2007, os seus laboratórios de Informática, através do Programa

Paraná Digital, tornando o acesso a tecnologia da informática uma

realidade pedagógica para as nossas escolas, mesmo as situadas nas

zonas rurais mais distantes do município, como as Escolas Cosmo Inácio

Coelho, no Distrito de Arapuan e a Vila Serrana, no distrito de Bredápolis.

O sistema dos Laboratórios Multiterminal Four Head (um terminal para

quatro usuários), do Programa Paraná Digital, em todas as escolas, consta

de um servidor com boot remoto, com plataforma Linux Paraná Digital,

instalado nas Secretarias dos Estabelecimentos, assim distribuídos: João

XXIII - Ens. Médio; 20 terminais; D. Pedro II - Ens. Fundamental; 16

terminais; na cidade de Janiópolis; Cosmo Inácio Coelho - Ens.

Fundamental; no distrito de Arapuan,12 terminais e Vila Serrana - Ens.

Fundamental; no distrito de Bredápolis, 12 terminais, respectivamente.

Todas esses estabelecimentos receberam, também, as TVs Pendrive, que

são mais uma ferramenta à disposição do professor.

6 O SIGNIFICADO DO SOFTWARE LIVRE

O sistema operacional Linux, por ser Software Livre, é o escolhido

como plataforma dos laboratórios de informática, porque o volume de

capacidade instalada, exigida para todo o estado, tornaria inviável, pelo

custo operacional, o uso de softwares comerciais. Segundo a Celepar, um

software é chamado livre por ter seu código fonte aberto, podendo ser

livremente utilizado por todos, possibilitando seu próprio avanço e

oferecendo liberdade de uso, cópia, modificações, por profissionais

brasileiros, bem como redistribuição. Em não existindo uma entidade que

detenha os direitos de propriedade sobre o código fonte dos programas,

um software livre transforma-se em bem público, disponível para toda a

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comunidade podendo ser adaptado convenientemente a cada indivíduo,

grupo, empresa ou corporação com muitas vantagens sobre o software

proprietário, Por estas características é ideal, especialmente para uso

educativo.

O Governo do Paraná, um dos principais usuários e desenvolvedores

de software livre de todo o país e responsável por uma série de projetos

que propiciam o desenvolvimento de programas de computador para

auxílio das secretarias e outros órgãos estatais, emitiu por decreto

governamental uma Licença Pública Geral (GPL), baseada na legislação

internacional de copyright, o que garante cobertura legal para o software

licenciado,

A dinâmica de desenvolvimento do software livre tem produzido

protocolos extremamente confiáveis, especialmente em se considerando

as características de heterogeneidade, multi-plataforma e distribuição

geográfica da Internet, que mantém compatibilidade entre várias gerações

de tecnologia, há mais de trinta anos.

7 A INFORMÁTICA COMO FERRAMENTA DE ENSINO.

O texto de apresentação do programa GESAC, dá conta de que “a

internet é uma importante via de comunicação e de cidadania” e de que

conhecer e fazer uso dessa tecnologia já é uma possibilidade importante

para todos os cidadãos. Tendo em vista a expansão e barateamento do

acesso à informática, a facilidade de se conectar, que se tem hoje em

todas as comunidades é extremamente positiva para que o uso dessa

ferramenta possa “transformar-se em um extraordinário fator de

promoção social. possibilitando, inclusive, abertura de oportunidades de

trabalho para milhões de pessoas” Sobretudo, em se tratando da

educação, podemos ter a certeza de que a informática congrega recursos

que, sem bem usados, podem enriquecer sobremaneira o processo de

ensino-aprendizagem.

Segundo Raduan et all, até 1950, as novas tecnologias, não tinham

nenhum papel no mercado de ensino de línguas e somente a partir de

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então, os gravadores, os LP (Long Playing Record, ou discos de vinil), e

demais avanços científicos do pós-guerra alcançaram as salas de aulas e,

embora não se tenham transformado numa panacéia, cimentaram o

método áudio lingual. Somente nos anos 70, com a metodologia do ensino

da linguagem comunicativa, a tecnologia teve influência mais significativa,

no ensino de Língua Inglesa. O vídeo só se tornou ferramenta útil e efetiva

em 1980, tornando-se onipresente nas escolas e nas casas das pessoas,

somente nos anos 90. Neste período, segundo pontua o autor, a maioria

dos materiais que se tinha disponível para o uso do computador era em

CD ROM.

Somente mais tarde, a internet veio a revolucionar o conceito de

tecnologia e alterar o modus vivendi da população mundial, chegando, ou

quase, ao seu apogeu. Nestes dias, com o advento da banda larga, rápida

e barata para um grande número de lares. Para a cidade de Janiópolis,

chegou somente a partir de 1996.

Com base no fato acima descrito, permitiu-se um lugar comum para

todo tipo conhecimento de mídia de comunicação. Mesmo nas localidades

mais interioranas, entre os mais carentes, existe largo emprego do celular,

do CD Player, dos tocadores de MP3 e outros equipamentos tecnológicos

recentes. Sem contar o uso mais democrático do microcomputador, quer

na própria casa, quer nos telecentros espalhados por todos os municípios

paranaenses, quer nas “lan houses”, muito populares e a custos muito

acessíveis.

Todo este quadro traz uma inquietação que se acentua com a

instalação dos Laboratórios de Informática nas escolas, que permitirão

ainda maior acesso da comunidade a mais poderosa ferramenta de

comunicação de todos os tempos e cujo conhecimento teórico e prático é

imprescindível.

Neste momento, segundo Sabadin (2003, p. 57) há a necessidade de

“um redimensionamento e uma dinamização do processo de ensino-

aprendizagem, aceitar a provisoriedade do conhecimento, na abertura ao

diálogo e na integração das novas idéias”, isso quer dizer que devemos

todos estar abertos ao novo, aprender a trabalhar com o aparato

tecnológico.

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A nova situação das escolas tem em si mesma força de mudança.

Segundo Weininger (2006), com as inovações tecnológicas impostas pela

globalização, própria linguagem e suas funções se redefinem, de maneira

comparativa à revolução da linguagem, iniciada com Gutenberg há cinco

séculos atrás. Esta realidade exige uma nova postura do professor, que

tem que se preparar mais, tanto para o uso instrumental do laboratório de

informática, quanto para a compreensão da dimensão político-pedagógica

dessa ferramenta. Não se trata de deixar de lado os recursos até então

utilizados; mas de complementá-los com o uso das tecnologias. Mercado

(1999) vai além, afirmando que a esta aprendizagem requer mudanças

profundas, (também) na escola, no ensino e na formação dos educadores.

Supõem novas atitudes também dos alunos e da equipe pedagógica

(inclusive).

Para a Secretaria de Estado da Educação (SEED), “a educação deve

prover os meios necessários para que se assimilem, tanto o saber, quanto

o processo de sua produção, bem como, as tendências de sua

transformação”, cabendo à escola a função de “informar, mostrar,

desnudar, ensinar regras, não apenas para que sejam seguidas, mas

principalmente para que possam ser modificadas” (SEED-DCE, 2006, p.18)

A comunidade ganha uma ferramenta que poderá, pelos atributos

que lhe são próprios, mudar as características do ensino da Disciplina de

Língua Inglesa. Usada com objetividade e equilíbrio, torna possível, ao

aluno, aprender a dar significados aos processos de comunicação. Ter

acesso a tai ferramenta, antes de ser luxo, é condição de inclusão digital,

para uma maior eficácia na aquisição do conhecimento. A opção por

estudar o uso desta ferramenta com vista à formação do professor

respalda-se, ainda, na afirmação de que:

O professor terá diferentes papéis a desempenhar, o que torna necessários novos modos de formação que possam prepará-lo para o uso pedagógico do computador, bem como para refletir sobre sua prática (reflexão na prática e sobre a prática, conforme Schön, 1992), acerca do desenvolvimento, da aprendizagem, do domínio da Língua Inglesa e seu papel de agente transformador (SABADIN,2003, p.55).

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Conforme visto na citação acima há necessidade de dominar a

língua alvo e a partir do uso do aparato tecnológico nas aulas, mais do que

nunca, deve-se conhecer muito bem essa ferramenta de trabalho. Dessa

forma, é hora de otimismo e de certeza, embora ainda existam, segundo

admitem Raduan e Trindade (2007, p 26) “resistências ao charme da

tecnologia, inseguranças, tecnofobias e até mesmo rejeições absolutas ao

computador”.

It’s fair to say that some teachers have resisted the charms of technology and have become certified technophobes, a few even refusing to use computers at all. Many also feel extremely insecure and do not related in any way to the digital world. But really, they are not to blame. The fact is there has been very Internet-related innovation in language instruction. (RADUAN et TRINDADE, 2007, p.26)6

Antes de se sentir sufocado e apreensivo a ponto de chegar ao

extremo de rejeitar a tecnologia, o professor precisa encarar a nova

situação, com paciência e sem receio de parecer atrasado, ou retrógrado.

A chegada da tecnologia da informática não é o fim da carreira do

magistério,

mais do que nunca os professores são necessários como contrapartida de calor humano à frieza das altas tecnologias (...) e quanto mais tecnológica é uma sociedade, mais é necessária compensação dos valores humanos e da afetividade do contato com o outro. (PENHA, 2001, p. 14-15)

Mesmo integrando num único circuito, a mais ampla possibilidade de

uso dos recursos de áudio, vídeo, texto e cálculo o computador não pode

fazer as inferências, de que o professor é capaz, para levar o aluno a

descobrir seu lugar na sociedade. O professor, grosseiramente falando, é

parte do “pacote”, de provisão dos meios de aprendizagem devidos pelo

Estado. Parafraseando um dito religioso, é o rosto humano da tecnologia,

6 “É justo dizer que alguns professores resistiram ao charme da tecnologia e se tronaram tecnófobos, alguns se recusando, absolutamente a usar o computador. Muitos também se sentem extremamente inseguros e de modo algum, afetos ao mundo digital. Mas, realmente não se há que culpá-los. O fato é que tem acontecido muita inovação em relação ao ensino de línguas e a internet” (Tradução nossa).

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ainda que necessite da ajuda de um ou de outro de seus alunos. Segundo

Sabadin (2003, pág. 57), “o aluno pode fazer uso da Internet, para

construir conhecimento de forma cooperativa ou para a busca de

informações”; em outras palavras, é hora de se aceitar que, embora

legitimado pela academia, o profissional professor não detém todo o

saber, e nesse momento, mais do que nunca ele deverá ser o mediador

neste processo de aprendizagem, apontando caminhos, sinalizando as

páginas e sites que irão contribuir em sua formação. Em alguns aspectos

da realidade é necessário e até sadio que se dê ao aluno à oportunidade

de partilhar seu conhecimento com o professor. Mercado (1999, pág. 11),

chama a “internet, ferramenta-mídia, rica para o trabalho coletivo de

ensino” e, para este autor, é chegado o momento em que “o professor

deveria assumir posturas, que englobem grande possibilidade de trocas,

trabalho em grupo, na elaboração de projetos e formas de interação com o

aluno, num ambiente de rede em que o aluno tem inúmeros caminhos a

seguir”.

Conforme visto anteriormente, o laboratório de informática, na

escola, deixa de ser sonho. O computador, que era simples desejo no

ideário dos professores mais preocupados com a melhoria da logística da

sala de aulas, está presente, requerendo “clima favorável à mudança,

altamente motivador para o professor e para o aluno e um ambiente

facilitador” e “além do recurso telemático, requer autonomia e liberdade

de trabalho cooperativo e solidário” (MERCADO, 1999, p. 17). Isto equivale

a dizer que a escola terá nova configuração: ambiente mais proativo,

maior colaboração dos professores entre si e entre esses e seus alunos.

Não cabem, nesta situação, os receios de que o professor possa ter de

expor sua falta de conhecimento em relação a algumas tecnologias. Em

muitas situações ele se colocará na condição de ter que confiar ao aluno a

condução de alguns procedimentos, sem constrangimentos e sem

sentimento de culpa. Esta é uma oportunidade singular de cativar o aluno

para o ambiente de aprendizagem. É preciso, além disso, da lembrança de

que a nova geração de alunos nasceu sob a égide da tecnologia. Segundo

(Moran, 2007), a geração, chamada por ele de nativa no terreno da

tecnologia, que nasce a partir da década de oitenta tem, relação natural

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com a máquina, podendo, ser capaz de relacionar-se com a tecnologia

com grande facilidade; enquanto os mais velhos podem-se considerar

como migrantes nesta mesma realidade, a criança não teme o

desconhecido, já o adulto devido às suas crenças é mais resistente.

As principais características do ambiente telemático, segundo

Mercado (1999) são a imaterialidade, a interatividade e a instantaneidade.

Sua matéria prima é a informação e a possibilidade de se criar novas

mensagens, permitindo a aquisição do pleno sentido de educação, didática

pela interação do educando com a máquina em continua adaptação

evolutiva e educativa. Para o autor, o ambiente permite criar e decidir

seqüências a seguir, estabelecer ritmo, quantidade e profundidade da

educação que se deseja além do rompimento das barreiras tempo-espaço,

inclusive de nações e culturas.

8 TRABALHO INTERDISCIPLINAR E CONTEXTUALIZADO

As Diretrizes Curriculares de Língua Estrangeira definem a

necessidade de se priorizar a comunicação por meio de jogos,

dramatizações. Deve-se lembrar que, em sendo uma língua, como objeto

de ensino, o Inglês perpassa todas as disciplinas e situações.

Possivelmente, por isso, optou-se por deixar aos professores a liberdade

de “considerar a diversidade de textos” e a adequação às diversas “faixas

etárias”, levando-se em conta, seus “elementos lingüísticos discursivos,

seus fins educativos, na medida em que tratem temas polêmicos” que

contemplem os interesses dos alunos. As diretrizes recomendam,

inclusive, que se dê aos alunos a oportunidade de participarem ativamente

da escolha das temáticas dos textos. (DCLEM, 2007, p.12-16 e 29). Ao

falar do ensino de Língua, é interessante destacar, também, a

interdisciplinaridade como um ponto forte, podendo-se abordar qualquer

assunto em língua estrangeira.

Quanto a contextualizar, parte-se do conceito de que é introduzir

qualquer assunto por alguma atividade em que se resgatem

conhecimentos prévios ou informações que os alunos trazem, criando-se,

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contexto de significação ao tema em questão. A partir daí, busca-se

problematizar, refletir sobre determinado tema, despertando seu

interesse, desafiando-o e estimulando-o a aprender mais a respeito do que

se vai tratar. Pode-se inferir que em sendo o recurso informática a mais

extraordinária invenção da humanidade, capaz de abarcar, sem exceção,

todas as situações imagináveis, é possível ao professor, fazer uso dessa

ferramenta tecnológica um meio privilegiado para implementar suas

aulas.

CONCLUSÃO

A experiência e estudo revelaram que como instrumento pedagógico

a informática, especialmente em se aproveitando a internet como

ferramenta, oferece um leque inesgotável de possibilidades de interação,

comunicação e criatividade, e de novos aprendizados. Seu uso pode ser a

concretização do modo de tornar práticos os estudos de Línguas, como

meio de comunicação, para a construção da cidadania, como preconizam

as DCE-LEM do Estado do Paraná. Quaisquer e quantas sejam as

pesquisas, não esgotam o assunto, sendo sempre possível e sempre

necessário um olhar diferente sobre o tema. Pretende-se que este seja o

primeiro de uma série de outros estudos científicos sobre o uso das

tecnologias para o fim específico do ensino de Línguas Estrangeiras, com

vistas à formação de professores, como forma de enriquecer, cada vez

mais o processo de ensino-aprendizagem da escola pública paranaense. A

partir desse trabalho e pela oferta de singela colaboração aos demais

professores da rede de ensino, que desejarem empreender a mesma

caminhada do conhecimento científico da aplicação da tecnologia, é

possível implementar o processo de inclusão digital e a busca de maior

qualidade do ensino público que é direito inalienável do povo com vista a

construção de uma vida cidadã.

Importante, também, é frisar que chegar ao termo do PDE significou

termos participado de uma grande rede de cooperação que nos permitiu

significativo crescimento, frente ao que nos propusemos a estudar. Muitos

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foram os profissionais da educação: docentes das Ies, colegas de curso,

colegas de trabalho, diretores e, alunos nas nossas escolas, dentre outros,

que participaram dessa mobilização em prol da melhoria da qualidade de

nosso trabalho docente, a quem somos agradecido. Pela limitação de

espaço, contudo, elegemos apenas alguns nomes que representem a

totalidade dos membros desse grupo de pessoas que sempre terão nossos

eternos agradecimentos.7

7 A meus pais (in memorian), cujas vidas foram inteiramente dedicadas à realização do sonho de terem “um filho estudado”;À Professora MS. Marlene Néri Sabadin, pela dedicação e paciência durante o tempo em que trabalhamos na concretização deste estudo;Ao Professor, colega de estudos do PDE, Carlos Augusto Bussola e Família, que gentil e graciosamente acolheram-nos em sua casa, quando em trânsito para os eventos;Às Diretoras do Colégio e Escolas Estaduais do Município de Janiópolis, pela disposição em colaborar, especialmente à Professora. Alessandra Sanches Aguera Peguin, Diretora da Escola Estadual Vila Serrana, que gentilmente permitiu a aplicação do Plano de Intervenção, naquele Estabelecimento..

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__________ Resolução Secretarial Nº. 1905/07, Art. 2º, Curitiba:SEED, 2006.

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