Psicologia Positiva e TCC

download Psicologia Positiva e TCC

of 27

description

trabalho sobre psicologia positiva e tcc

Transcript of Psicologia Positiva e TCC

(Fazer folha de Rosto)

1

Universidade do Estado do Rio de JaneiroDisciplina: Psicologia PositivaProfessor: Edna Lcia Tinoco Ponciano

Associao da Psicologia Positiva TCC no tratamento da Depresso

Por:Evlyn RodriguesLuisa Soares dos SantosMarcelo Lucindo de Souza

Rio de Janeiro, janeiro de 2014

ndice

Resumo1Introduo2Depresso2O problema segundo a viso cognitiva3A TCC6Histrico da TCC6O Mtodo6Tcnicas Cognitivas7Tcnicas Comportamentais8Tratamento Cognitivo-Comportamental da Depresso9Trade Cognitiva9Esquemas Depressognicos9Pensamentos Automticos10 possvel combinar a Psicologia Positiva com a TCC no tratamento da Depresso?11A Psicologia Positiva11Preveno e Potencializao11TCC e Psicologia Positiva: aproximaes tcnicas12Trabalhando com Foras de Carter13Emoes Positivas a servio da Reestruturao Cognitiva14THS e TSP15 Uma proposta de interveno clnica: TCC e Psicologia Positiva ..................................................18Concluso19Referncias Bibliogrficas21

Positiva e TCCResumo

No campo da sade mental, a psiquiatria e a psicologia em geral tradicionalmente se concentram no combate aos sintomas e aspectos negativos das doenas. Na depresso, os aspectos negativos so ainda mais aparentes, pois normalmente o paciente est inativo, aptico, e sente-se triste. Apresentamos aqui uma viso introdutria da depresso, enfocando a viso da psicologia cognitiva. Esse trabalho aprofunda-se tambm no detalhamento das tcnicas da TCC, a qual tem obtido notveis progressos ao combinar tcnicas cognitivas e procedimentos comportamentais no tratamento da depresso. Seus resultados tm obtido sucesso concentrada na remisso dos sintomas e no aumento da funcionalidade do indivduo.Percebemos que as qualidades ou pontos fortes dos deprimidos, ou a busca guiada por emoes felizes e sentimentos de bem-estar ainda no so alvo do trabalho com a TCC. Em nosso entendimento, essa questo implica na possibilidade de a TCC vir a alcanar resultados ainda mais duradouros para a sade mental dos pacientes deprimidos. Discutimos, ento, uma possibilidade de integrao da TCC com a psicologia positiva, vislumbrando a possibilidade de reforo cruzado dos efeitos teraputicos benficos provenientes das duas abordagens, com a hiptese de assim alcanar aumento, tanto nas possibilidades de preveno dessa doena em populao saudvel e na aderncia ao tratamento por parte de pacientes deprimidos, quanto na promoo de mudanas cognitivas que se revelem ainda mais duradouras e efetivas para a resilincia de pacientes deprimidos e tratados pela TTC.

Introduo

DepressoO termo Depressopode significarum sintomaque faz parte de inmeros distrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significaruma sndrometraduzida por muitos e variveis sintomas somticos ou ainda, pode significaruma doena, caracterizada por alteraes afetivas. A depresso no se constitui por um episdio ou fase de tristeza, com motivao aparente na histria do indivduo, como uma perda de emprego, de parente prximo (luto) ou do casamento. A depresso se caracteriza pela cronificao dos episdios de apatia e tristeza ou de alteraes do humor.Alguns deprimidos podem apresentarsintomas somticos(fsicos), juntamente ou ao invs dos sintomas emocionais de tristeza, angstia e medo. Em crianas e adolescentes adepressopode se dissimular sob a forma de um humor irritvel ou rabugento, revoltado e irrequieto, ao invs da tristeza e abatimento. Outras pessoas podem manifestar suadepressocom irritabilidade aumentada, como por exemplo, crises de raiva, explosividade, sentimentos exagerados de frustrao, tendncia para responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros.Nadepressotambm muito frequente umprejuzono pensamento, na concentraoe na tomada dedecises. Os depressivos podem se queixar de enfraquecimento da memria ou mostrar-se facilmente distrados. A produtividade ocupacional costuma estar tambm prejudicada, notadamente nas profisses intelectualmente exigentes. Em crianas deprimidas pode haver uma queda abrupta no rendimento escolar, como resultado da dificuldade de concentrao.Frequentemente existem pensamentos sobre a morte nos quadros depressivos. Trata-se, no apenas da ideao suicida tpica, mas, sobretudo, de preferir estar morto a viver "desse jeito". Nos idosos as dificuldades de memria podem ser a queixa principal, confundindo isso com os sinais iniciais de demncia.NaHipotimia(humor baixo) ouDepresso, verifica-se o aumento da resposta e da sensibilidade para os sentimentos desagradveis, podendo variar desde o simples mal-estar, at o estupor melanclico, ou seja, uma apatia extrema por melancolia.Esse estado deHipotimiaouDepressose caracteriza, essencialmente por uma tristeza profunda, normalmente imotivada, que se acompanha delentido e inibio de todos os processos psquicos. Em suas formas leves aDepressose revela por um sentimento de mal-estar, de abatimento, de tristeza, de inutilidade e de incapacidade para realizar qualquer atividade. Faz parte ainda dessa inibio a baixo desempenho global,a lentido e pobreza dos movimentos, a mmica apagada, a linguagem lenta, montona e as dificuldades pragmticas.Os pacientes hipotmicos esto dominados por um profundo sentimento de tristeza imotivada. No doente deprimido, as percepes so acompanhadas de uma tonalidade afetiva desagradvel: tudo lhe parece negro. Os doentes perdem completamente o interesse pela vida.Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), o risco para desenvolver umTranstorno Depressivo Maior (classificao do DSM-IV) durante a vida tem variadoentre 10 e 25% para as mulheres eentre 5e 12% para os homens.OTranstorno Depressivo Maiorpode comear em qualquer idade, situando-se a mdia em torno dos 25 anos. Dados sugerem que a idade de incio est baixando atualmente. O curso doTranstorno Depressivo MaiorouRecorrente varivel. Alguns indivduos tm episdios isolados, separados por muitos anos e sem quaisquer sintomas depressivos entre eles, outros tmEpisdios Depressivossucessivos, outros ainda, tm episdios progressivamente frequentes medida que envelhecem.Existem algumas evidncias de que os perodos de remisso, ou seja, entre os episdios, em geral duram mais tempo no incio do transtorno. O nmero de episdios anteriores que prediz a probabilidade de desenvolver um novo episdio subsequente.

O problema segundo a viso cognitivaNosso funcionamento cognitivo constantemente avalia e interpreta as situaes conscientes. Na dcada de 60 do sculo passado, Albert Ellis e Aaron Beck chegaram importante concluso de que a depresso resulta de hbitos de pensamentos extremamente arraigados e descreveram os conceitos fundamentais da TCC (BECK, KNAPP, 2008). Beck observou que humor e comportamentos negativos eram usualmente resultados de pensamentos e crenas distorcidas e no de foras inconscientes como sugerido pela teoria freudiana. Em outras palavras, a depresso podia ser compreendida como sendo decorrente das prprias cognies e esquemas cognitivos disfuncionais. Os pacientes com depresso acreditam e agem como se as coisas estivessem piores do que realmente so. Desse modo, esquemas depressognicos disparam pensamentos automticos negativos que contm vrios tipos de erros sistemticos de interpretao dos fatos pelo deprimido e preservam as crenas disfuncionais do paciente na validade de seus conceitos negativistas.Vrios tipos de erros de processamento ou distores cognitivas podem ser encontrados em pacientes deprimidos tais como: Inferncia Arbitrria: refere-se ao processo de se chegar a uma concluso especfica na ausncia de provas para sustent-la, ou quando as provas so contrrias concluso; Maximizao ou Minimizao: reflete-se em erros na avaliao do significado ou magnitude de um acontecimento, grosseiros a ponto de se constiturem em distores; Pensamento Dicotomizado ou Absolutista: manifesta-se na tendncia a colocar todas as experincias em uma de duas categorias opostas, por exemplo, perfeito ou defeituoso, imaculado ou imundo, santo ou pecador. Na descrio de si mesmo o paciente seleciona a categorizao negativa extrema; Hipergeneralizaes: refere-se ao padro segundo o qual se chega a uma regra ou concluso geral na base de um ou mais incidentes isolados, e se aplica o conceito, em espectro amplo, a situaes relacionadas e no relacionadas ao(s) incidente(s); Personalizao: diz respeito propenso do paciente a relacionar ocorrncias externas a si mesmo, quando no existe base para estabelecer essa relao; Abstrao Seletiva: consiste em focalizar um detalhe retirado do contexto, ignorando outros aspectos mais salientes da situao e conceituando a totalidade da experincia com base nesse fragmento.Considerando um caso hipottico de paciente deprimido, com crena central de desvalor, segue abaixo um exemplo de relao entre suas possveis pressuposies e suas respectivas consequncias afetivas:Crena (Esquema) Central:Eu no tenho valorSuposio primria:Se eu for bom e dedicado todos gostaro de mim e no sofrerei nada de mal.Suposio secundria:Se algo de ruim acontece culpa minha, porque no sou suficientemente bom.Pensamentos automticos:Decepcionei todos com o meu fracasso profissional.Minha esposa infeliz por minha causa.Viu: meus filhos me desprezam. por que no sou bom!Afeto de tristeza e/ou de raiva:A vida injusta, pois apesar de tentar ser bom o mal me ocorre.Por mais que tente tudo sempre d errado.Viu: apesar de fiel fui trado!Fulano (chefe) nunca reconhece meu esforo! porque o que vale a lei de Gerson!

A TCC

Histrico da TCCA Terapia Cognitiva tem suas origens em correntes filosficas e religies antigas como o estoicismo grego, taosmo e o budismo, que postulavam a influncia das ideias sobre as emoes. Afirmavam que os homens no eram perturbados pelas coisas, mas sim pela viso que tinham das mesmas, e que as ideias no s podiam controlar os sentimentos mais intensos de uma pessoa, como tambm eram capazes de modific-los.George Kelly e Albert Ellis enfatizaram o papel das cognies no comportamento e propuseram formas de tratamento. Segundo Kelly (1955), a terapia visa alterar, atravs de confrontaes, as construes pessoais errneas que prejudicam a vida do indivduo. Ellis (1962) prope o ataque direto s crenas irracionais do paciente, para torn-lo consciente de sua presena e consequncias.Em fins da dcada de 50, Aaron Beck, insatisfeito com a formulao psicanaltica das neuroses, principalmente do conceito de depresso e com a longa durao do tratamento, iniciou com os pacientes deprimidos uma srie de pesquisas e observaes clnicas sistemticas. Sua formulao da depresso foi focalizada no contedo do pensamento negativo do deprimido: autopunio, exacerbao dos problemas externos e desamparo, como sintomas mais proeminentes. Mostrou que os aspectos cognitivos eram mais centrais nas depresses e mais verificveis que os processos dinmicos (motivacionais) ento postulados.

O MtodoInicialmente realizada a explicao da lgica do tratamento para o paciente, de forma a obter sua adeso. O estabelecimento de uma forte aliana fundamental, com os devidos cuidados para no haver um incentivo para a dependncia. Alm da aliana teraputica segura, fundamentada em uma relao de confiana e confidencialidade entre terapeuta e cliente, um acordo (contrato) para um trabalho cooperativo para alcanar as metas propostas deve ser estabelecido. As tcnicas teraputicas destinam-se a identificar, testar na realidade e corrigir conceitos distorcidos e crenas disfuncionais e, com isso, ajudar ao paciente a pensar mais objetiva e realisticamente. Envolvem:(a) Ativao do indivduo: Incentivos a um aumento e uma diversificao na atividade geral do indivduo; (b) Identificar, avaliar e controlar pensamentos automticos;(c) Perceber vnculos entre cognies e os afetos e comportamentos decorrentes;(d) Examinar evidncias favorveis ou contrrias a seus pensamentos automticos; (e) Substituir as cognies automticas tendenciosas por outras mais orientadas para a realidade;(f) Aprender a identificar e alterar crenas disfuncionais que fundamentam os pensamentos automticos negativos.

Tcnicas CognitivasAs tcnicas cognitivas destinam-se a identificar, testar com base nas evidncias da realidade e corrigir conceitos distorcidos e crenas disfuncionais, de modo a permitir que o paciente possa lidar consigo mesmo e com o mundo de uma forma mais objetiva e realista.O primeiro passo consiste em utilizar a prpria disforia do paciente como um demarcador ou indcio para detectar a presena de pensamentos automticos. O segundo momento envolve a anlise dos pensamentos automticos em confronto com a realidade concreta - para verificar se no h evidncias de distores (teste de realidade). Se houver, descobrir qual o tipo e procurar question-las para obter interpretaes mais realistas. As duas perguntas bsicas, em torno das quais muitas variaes so possveis, so: "qual a evidncia que existe para o seu pensamento?" e "h outras maneiras de se ver a situao?". As respostas ao questionamento socrtico em torno dessas perguntas iro provocar reestruturaes nas cognies do paciente. O meio mais satisfatrio e comumente empregado para produzir os dados necessrios mudana o Registro Dirio de Pensamentos Disfuncionais (RDPD). Consiste na anotao de todos os pensamentos disfuncionais associados com seus estados de disforia para posterior anlise ou para o prprio paciente tentar reestrutur-los. medida que a terapia progride e os sintomas abrandam, um novo foco se torna necessrio para que as melhoras sejam de fato duradouras: a identificao das crenas nucleares ou esquemas - que predispem o indivduo depresso (depressognicos). Elas precisam ser modificadas (reestruturao cognitiva) porque seno continuaro como motrizes geradoras de pressuposies e regras disfuncionais, que por sua vez continuaro a disparar os pensamentos automticos negativistas mediadores dos sintomas depressivos.Tcnicas ComportamentaisUm estado depressivo se relaciona com o nvel de reforamento que uma pessoa obtm pela emisso de seus comportamentos. Uma parte considervel de seu repertrio comportamental entrou em extino, ou seja, o comportamento do indivduo deixou de produzir os reforadores que anteriormente produzia. Observa-se uma acentuada diminuio na frequncia de respostas do indivduo, e isto ocasiona uma mais acentuada diminuio da probabilidade de reforamento, gerando um crculo vicioso. A soluo passa, ento, por um incentivo emisso de atividades reforadoras, de forma gradual e de modo que seja possvel se recuperar o nvel anterior de reforamento eficaz. A terapia cognitiva faz amplo uso de tcnicas comportamentais com este fim, principalmente quando o nvel de depresso to intenso de maneira a dificultar a utilizao de tcnicas mais especificamente cognitivas. Este repertrio de procedimentos inclui:(a) Planejamento de atividades;(b) Prescrio de tarefas graduadas;(c) Avaliaes de mestria e prazer. O planejamento (usualmente semanal) de atividades consiste em desenvolver junto com o cliente um programa de atividades dirio que aumente o seu nvel de atividade, a probabilidade de reforamento e a possibilidade de refutao de suas crenas negativas.Avaliaes de mestria (nvel de competncia com que uma atividade realizada) e de prazer (quantidade de prazer obtido em sua realizao) so imprescindveis para a contestao das ideias de que no adianta fazer ou tentar nada, pois, tudo sair errado ou mal feito e no haver nenhum prazer. Dificilmente uma atividade, por qualquer que seja, poder ser mais desprazerosa do que ficar parado, ruminando coisas tristes e chorando.A prescrio de tarefas graduadas pretende ajudar ao paciente a recuperar seu nvel normal de atividade, levando em conta sua presente dificuldade. Isto implica em comear por baixo para garantir sucesso na realizao, seno a crena disfuncional ser confirmada pelo fracasso no desempenho da tarefa atribuda ao paciente. As principais caractersticas da tcnica incluem (a) a definio de um problema; (b) a formulao de um projeto; (c) a observao do desempenho; (d) a discusso dos resultados com ateno especial para desmerecimento e ceticismo, e o reforo pelo alcance dos objetivos e de avaliaes mais realistas e (e) o planejamento de novas tarefas mais complexas.

Tratamento Cognitivo-Comportamental da DepressoO modelo cognitivo da depresso envolve trs pressupostos conceituais: Trade CognitivaConsiste em um conjunto de trs padres cognitivos negativos: O primeiro envolve uma viso negativista que o paciente tem de si: percebe-se como inadequado, feio, errado, defeituoso, sem valor ou importncia, fracassado e tende a atribuir essas caractersticas a defeitos de sua natureza fsica, psquica ou tica. Se sua natureza m ou inadequada, entende que no poder ser valorizado ou amado por ningum.O segundo envolve uma viso negativa do mundo sua volta e das experincias que ele lhe provoca. O mundo encarado como incapaz de lhe propiciar experincias positivas, superexigente, frustrante, falso e prenhe de obstculos insuperveis ou solicitaes absurdas e inatingveis.O terceiro componente da trade envolve uma viso negativa do futuro. So feitas antecipaes de que as dificuldades e os sofrimentos presentes sero interminveis e que seus esforos em alcanar objetivos especficos sero inevitavelmente fracassados.Esquemas DepressognicosO funcionamento cognitivo est principalmente baseado na ativao de esquemas, que so estruturas cognitivas responsveis pela seleo e organizao das experincias de um indivduo (BECK & cols. 1979). So padres cognitivos estveis que formam a base da regularidade das interpretaes, seja para situaes conhecidas ou para situaes novas. Os esquemas so os responsveis pela atribuio de significado, por acentuar ou colorir de forma pessoal e por vezes idiossincrtica as experincias de cada indivduo, a partir das interpretaes dos eventos que presencia. Os esquemas esto por trs da ativao de um modo de funcionamento, que pode ser definido como uma disposio do aparelho cognitivo para atuar de uma maneira predominantemente fixa em certa direo. Quando um modo est em funcionamento, mais facilmente certos esquemas sero ativados, o que significa que mais certamente as interpretaes do indivduo tendero a serem consistentes entre si e mais independentes da estimulao externa.Quando uma pessoa est deprimida, por exemplo, suas conceituaes sobre uma situao so distorcidas para conformarem-se aos esquemas disfuncionais predominantes. Quanto mais ativos, mais facilmente so evocados por qualquer estmulo. A pessoa passa a funcionar em um modo negativista, em que qualquer estmulo ou experincia processado pelo prisma negativo, gerando pensamentos negativistas, perseverativos e ruminativos. Assim a organizao cognitiva deprimida torna-se autnoma e chega a se tornar independente da estimulao externa, pois os esquemas depressognicos passam a serem ativados no s em situaes concretamente vividas, mas nas situaes (muito mais frequentemente) imaginadas.Pensamentos AutomticosIndivduos com esquemas depressognicos vo reforando esses esquemas ao longo da vida, a partir da repetio das vivncias dos sentimentos de afeto negativo que esto associados a esses esquemas. O indivduo, assim, adquire uma vulnerabilidade cognitiva especfica, relacionada a suas vivncias.O modelo cognitivo da depresso entende que os sintomas da sndrome so consequncia da ativao dos padres negativistas da trade, dos esquemas depressognicos e dos pensamentos automticos. Pensar que est (ou ) horroroso produz o mesmo efeito (tristeza) que uma deformao real produziria. Seu pessimismo e desamparo em relao ao futuro determinam sua apatia, paralisia ou fuga/evitao de muitas situaes. A ideao suicida torna-se compreensvel se tudo parece perdido agora e para sempre, o que faz desta pessoa um fardo para qualquer um. Quem se percebe assim necessariamente ficar dependente, pois s com a ajuda dos outros poder escapar do fracasso e da humilhao decorrente de suas tentativas. Seus sintomas fsicos tambm decorrem desta viso negativa: perda de apetite alimentar e sexual, perturbaes no sono, entre outros (BECK, 1967).Quando um paciente consegue reconhecer inconsistncias em seu pensamento e vislumbrar outras interpretaes ele comea a estar em condies de, sozinho e ativamente, reconceituar seus problemas e suas experincias. A viso de alternativas costuma levar a uma mudana no afeto do paciente, uma vez que sua situao deixa de ser vista como desesperada. Esta a pedra angular na soluo efetiva de seus problemas de depresso (BECK, 1967).Para identificar as pressuposies bsicas de um paciente, Beck recomenda a utilizao de um mtodo indutivo: (a) reconhecimento e relato dos pensamentos automticos; (b) identificao dos temas geralmente presentes e (c) formulao das regras gerais. Apenas quando estas regras forem modificadas (reestruturao cognitiva) que se pode considerar que o paciente est em condies de alta.

possvel combinar a Psicologia Positiva com a TCC no tratamento da Depresso?

A Psicologia PositivaO enfoque cognitivo visa propiciar a vantagem de alvio imediato dos sintomas, buscando resultados rpidos, o que muito importante. A premissa de limitao de durao do tratamento e a proposta de dotar o paciente de autonomia para minimizar riscos de recada aps o trmino do tratamento. Embora as pesquisas apontem que os resultados da TCC so mais duradouros na preveno da depresso do que a terapia medicamentosa que j se faz admirvel suas premissas podem embutir ainda um certo risco ao no considerar os afetos mais intensos vividos na histria passada do indivduo, e nem as possibilidades de reforamento dos comportamentos associados ao que poderamos chamar de pontos fortes do cliente: suas qualidades, virtudes, ou foras de carter.A principal implicao da Psicologia Positiva para as prticas de sade a mudana de paradigma que influencia os psiclogos a pensarem diferentemente sobre os pressupostos fundamentais que sustentam seu trabalho. Dessa forma, a Psicologia Positiva aplicada assume concepes para alm da doena e do modelo mdico. Seus principais pressupostos so (SNYDER & LOPEZ, 2009):1) Tem foco nos problemas cotidianos, e no apenas nas condies extremas de funcionamento mal adaptativo;2) Entende a psicopatologia e os problemas clnicos como pertencentes a um continuum de funcionamento humano e, por isso, prope um modelo dimensional, ao invs de um modelo categrico de desenvolvimento humano;3) Os distrbios psicolgicos - diferentes dos biolgicos refletem problemas de interao do indivduo com seu ambiente; e4) O papel do psiclogo clnico positivo identificar foras pessoais e promover sade mental como um fator de proteo contra a doena mental.

Preveno e PotencializaoA aplicao da Psicologia Positiva propese a trabalhar tanto para aliviar o sofrimento quanto para promover um funcionamento timo. Para esta rea, o alvio e a potencializao so papis que se complementam, diferente da preocupao exclusiva na reduo do sofrimento que vem caracterizando a Psicologia. A preveno primria objetiva interromper o que est ruim, reduzindo ou eliminando os problemas fsicos ou psicolgicos antes que estes surjam (carter preventivo). Ainda no h sintoma ou queixa, portanto no estaramos no terreno da TCC, e sim no campo da Psicologia Positiva. A preveno secundria reduziria os problemas aps o surgimento destes, o que caracteriza a maioria de intervenes psicolgicas, incluindo o caso bem-sucedido da TCC. Aqui vislumbramos possibilidades de aumento da eficcia da TCC a partir da combinao com tcnicas da Psicologia Positiva.A potencializao refere-se promoo de aspectos saudveis de acordo com aquilo que as pessoas almejam em suas vidas. Nesse sentido, a potencializao primria estabelece um bom funcionamento e uma boa satisfao, enquanto a potencializao secundria parte de um funcionamento e satisfao j em nveis elevados para que se chegue a experincias mximas, no melhor patamar que pode ser atingido (SNYDER & LOPEZ, 2009). Potencializao terreno da Psicologia Positiva, e em princpio no seria terreno da TCC, uma vez que a Psicologia Positiva trabalha apenas com as qualidades, entendendo que a cura pode ser alcanada exclusivamente por esse vis. Em nossa viso, porm, muito se ganharia ao se utilizar o ferramental cognitivo e comportamental da TCC para validar as percepes que temos de nossas qualidades e pontos fortes.Considerando o modelo cognitivo, acreditamos que todos os componentes cognitivos e afetivos estejam associados. Assim, mesmo em um indivduo que no expresse queixas, pode haver significativas inter-relaes entre os esquemas responsveis pelas qualidades do indivduo e outros elementos cognitivos - aqueles trabalhados pela TCC na depresso - como a viso que o indivduo tem de si, distores cognitivas em formas mais brandas, ou mesmo esquemas depressognicos ativados em situaes muito especficas.

TCC e Psicologia Positiva: aproximaes tcnicasUma interveno combinando tcnicas da TCC e tcnicas da Psicologia Positiva certamente partiria da formulao da agenda do tratamento, delimitando o nmero de sesses e os objetivos especficos de cada fase do tratamento. A primeira fase do tratamento concentrar-se-ia em encontros dedicados preveno secundria, a fim de amenizar os sintomas e o sofrimento j existentes. Neste primeiro perodo, seriam utilizadas tcnicas prioritariamente da TCC, tais como identificao dos pensamentos automticos disfuncionais a partir dos afetos negativos, questionamento socrtico, tcnicas de relaxamento e visualizao, identificao e modificao de crenas disfuncionais e psicoeducao. A fase seguinte teria como foco a potencializao primria, a fim de trabalhar com as pacientes aspectos positivos relacionados a sua sade, como as foras pessoais e a emoes positivas. Por isso, a segunda parte da interveno trabalharia prioritariamente com tcnicas da Psicologia Positiva.

Trabalhando com Foras de CarterO conceito de foras do carter impulsiona o campo da Psicologia Positiva, baseado no desenvolvimento humano a partir de suas potencialidades. O indivduo que conhece suas foras e virtudes motiva seu florescimento, ou seja, uma condio que permite seu desenvolvimento pleno e saudvel em todos os nveis: psicolgico, biolgico e social (SNYDER & LOPEZ, 2009). J na primeira fase do tratamento (preveno secundria), os clientes realizariam a identificao de suas foras de carter por meio da classificao de qualidades VIA (VIA Classification of Strengths), modelo que compreende 24 qualidades organizadas sob 6 virtudes. O inventrio oferece, como resultado, uma Assinatura de Foras, ou seja, as foras mais bem pontuadas do indivduo. Ainda durante a preveno secundria, as foras do indivduo podem ser usadas para modificar esquemas depressognicos. Citamos abaixo algumas possveis intervenes:Fora 1: PerdoO perdo tem certo paralelismo com as etapas da recuperao do trauma psicolgico (SNYDER & LOPEZ, 2009). Trabalhando essa fora, com o passar do tempo o deprimido pode avanar do estgio inicial de tristeza e menos-valia para uma maior compreenso de que ele est fazendo uma espcie de ataque a si mesmo. Por fim, entende que precisa deixar no passado o modo antigo de funcionamento, para levar sua vida adiante.Frase-Chave: Se para voc to fcil perdoar os outros, por qual motivo no poderia comear a dar o perdo a si mesmo?

Fora 2: GratidoA gratido e a apreciao esto relacionadas a saborear e apreciar eventos e experincias do dia-a-dia, e identificar os benefcios de qualquer experincia que vivenciemos. Sentir-se grato produz bem-estar e prazer.Exemplo de Mini-Experimento de Gratido, realizado na forma de tarefas de casa (tcnica da TCC): Todos os dias o cliente deprimido dever encontrar uma pessoa a quem agradecer, por qualquer coisa, ou mesmo sem motivo aparente. Normalmente a pessoa abordada retribuir a gentileza, fazendo o cliente experimentar o reconhecimento de seu valor, vindo de outras pessoas, ajudando a modificar sua viso negativa de si ou do mundo a sua volta (dois elementos da trade cognitiva da Depresso).Na segunda fase do tratamento (potenciao primria), as foras de carter seriam prioritariamente trabalhadas com objetivo de alcanar mais felicidade e bem-estar. Uma vez que na segunda fase, aliviado o sofrimento, as experincias comeam a ser percebidas de forma cada vez mais positiva, seria utilizada tcnica cognitiva de Registro Dirio de Pensamentos, no mais para registrar os pensamentos disfuncionais, mas sim para registrar as pensamentos que ocorreram em conjunto com as experincias de bem-estar que o cliente vivenciou ao utilizar suas foras de carter. Esses pensamentos positivos seriam utilizados como contedo a ser analisado durante as sesses com o terapeuta, como material de confronto aos esquemas depressognicos j identificados e tratados, de forma a prevenir recadas.

Emoes Positivas a servio da Reestruturao CognitivaSocialmente disfaramos as emoes, e acabamos por deixar de ter contato com elas. Porm o afeto positivo facilita o comportamento de aproximao ou a continuidade da ao. Dessa perspectiva, experienciar o afeto positivo deixa as pessoas prontas para agirem em seus ambientes e participar de atividades muitas vezes adaptativas para o indivduo e para a espcie (FREDRICKSON, 2009). Sem essa sensao, a maioria dos indivduos seria desmotivada a se envolver com seus ambientes, e o isolamento fator depressognico. Emoes Positivas: ampliam o repertrio de pensamentos e aes Emoes Negativas: diminuem a energia, remetendo a memrias incapacitantes.Assim, substituir emoes negativas por emoes positivas pode ter efeitos teraputicos e preventivos. A emoo contamina, irradia entre ns (exemplo: riso, tristeza).Pela teoria do ampliar e construir, as emoes positivas incluem um componente de afeto positivo, e por isso elas tambm funcionam como sinais internos para aproximar ou continuar (FREDRICKSON, 2009). A alegria amplia, criando o desejo de jogar, ultrapassar os limites e ser criativo. O interesse amplia por criar o desejo de explorar, receber novas informaes e ter novas experincias, ampliando o self no processo. O contentamento amplia criando o desejo de saborear as circunstncias da vida atual e integrar estas circunstncias em novos pontos de vista de si e do mundo. Enquanto a TCC em fase de preveno usa tcnicas de exposio ou enfrentamento para que o indivduo lide com as situaes difceis e fortalea seu sentimento de auto-eficcia perante a elas, a psicologia positiva usa tcnicas (mini-experimentos) para aumentar no indivduo o contato com as emoes positivas (SNYDER & LOPEZ, 2009): Dirio das Emoes; Agindo como se voc fosse emocionalmente inteligente por um dia; A visita do parente/amigo animado.Na proposta de associao entre as duas abordagens, a ativao comportamental empregada na TCC para aumentar a atividade do paciente deprimido pode direcionar o cliente para executar experimentos que gerem emoes positivas. Os sentimentos de bem-estar e prazer gerados a partir desses exerccios auxiliaro o paciente a diminuir sua resistncia a modificar sua trade cognitiva negativa (suas crenas negativas de si mesmo, de seu mundo e de seu futuro) e outros esquemas Depressognicos.

THS e TSPO modelo de vulnerabilidade depresso de Beck foi refinado para sugerir que as crenas que predispe depresso poderiam ser diferenciadas dependendo se a personalidade do paciente for primariamente autnomica ou sociotrpica. Indivduos autnomicos teriam maior probabilidade de se tornar deprimidos em decorrncia de uma situao de ameaa autonomia (por exemplo, uma percepo de falha pessoal) do que em decorrncia de uma situao sociotrpica (por exemplo, perda de uma relao), e o contrrio seria verdadeiro para indivduos sociotrpicos (BECK & KNAPP, 2008).Considerando os dois perfis de indivduos deprimidos a TCC pode utilizar o THS Treinamento de Habilidades Sociais para indivduos sociotrpicos, e o TSP - Treinamento de Soluo de Problemas para os deprimidos autonmicos. A Psicologia Positiva pode contribuir no tratamento de deprimidos sociotrpicos a partir de seus estudos sobre amizade e comportamento pr-social, e com os autonmicos na pela utilizao dos mini-experimentos em que o indivduo experimenta sensaes agradveis ao execut-las.Tradicionalmente a Psicologia se detm mais frequentemente ao estudo do que patolgico e das caractersticas individuais. A psicologia positiva alm de valorizar o que h de positivo, tambm se dedica ao estudo do funcionamento de grupos e instituies, visto que esses ambientes so significativos na vida das pessoas (PALUDO & KOLLER, 2007). Inclusive, estudos desenvolvidos descrevem como as relaes sociais favorecem a felicidade na vida dos indivduos (GONALVES, 2006; DIENER & SELIGMAN, 2002; MYERS, 2000).Uma conduta social eficaz necessria para a convivncia em grupo. possvel observar essa caracterstica em vrias espcies, inclusive nos nossos ancestrais. A convivncia em grupo, alm de proporcionar uma maior defesa frente aos predadores, permite a representao gentica em geraes futuras (PLUTCHIK, 1992). Esse comportamento se constitui num aprendizado contnuo de padres cada vez mais complexos que vo incluir aspectos cognitivos, afetivos, sociais e morais, adquiridos atravs de um processo de maturao e aprendizagem em permanente interao com o meio social (CABALLO, 2006). por essa razo que o comportamento social ter caractersticas prprias daquela cultura, de modo que algo considerado valorizado em uma cultura pode vir a ser indesejado em outra. A pessoa inbil socialmente carece de um repertrio comportamental e/ou usa respostas inadequadas porque no aprendeu ou o faz de maneira inadequada. Como consequncia, realiza avaliaes distorcidas, sobre os outros e sobre si mesmo. As consequncias ao longo da vida do indivduo podem ser psicologicamente graves, causando inibio social, insegurana e baixa autoestima (HIDALGO & ABARCA, 2000).Argyle (1981) aponta que as deficincias em habilidades sociais atingem cerca de 25 a 30% dos pacientes com transtornos mentais. Alm disso, uma reviso de pesquisas feita por Caballo e Irurtia (2004) prope que o funcionamento social pobre pode levar psicopatologia, em vez de originar-se dela. Assim, a deficincia em habilidades sociais pode ser um fator que antecede ou predispe o desenvolvimento de diversos transtornos psicolgicos.Hidalgo e Abarca (2000) afirmam que o comportamento social e a sade mental tm uma estreita relao. Uma conduta social efetiva facilita o desenvolvimento e a manuteno de redes de apoio social, fundamentais para o bem-estar do indivduo. As constataes supracitadas tm motivado a construo de programas de treinamento em habilidades sociais (THS) com o objetivo de tornar os indivduos mais capacitados socialmente. Segundo Caballo (2006), a melhoria no funcionamento interpessoal pode contribuir para a melhoria no funcionamento psicolgico. Dessa forma, a aplicao do THS abrange diversos problemas como ansiedade, fobia social, depresso, esquizofrenia, problemas conjugais, entre outros. As tcnicas frequentemente empregadas compreendem o fornecimento de instrues, ensaio comportamental, feedback verbal, reestruturao cognitiva, tarefas de casa, tcnicas para soluo de problemas e relaxamento (CABALLO, 2006), visando modificar componentes comportamentais, cognitivos e fisiolgicos tpicos dos dficits em habilidades sociais.

Dentre as habilidades sociais mais frequentemente pesquisadas e trabalhadas em terapia, destacam-se a assertividade e a empatia. A assertividade definida como capacidade de defender os prprios direitos e de expressar pensamentos, sentimentos e crenas de forma honesta, direta e apropriada, sem violar os direitos da outra pessoa (LANGE & JAKUBOWSKI, 1976, p.7). J a empatia definida como capacidade de compreender, de forma acurada, bem como de compartilhar ou considerar sentimentos, necessidades e perspectivas de algum, expressando de maneira que o outro se sinta compreendido e validado (FALCONE, 2008). considerada um fenmeno multidimensional complexo por envolver componentes cognitivos, afetivos, e comportamentais. A importncia da empatia para o bem estar pessoal e social tem ensejado o desenvolvimento de diferentes pesquisas sobre o assunto, assim como o desenvolvimento da mesma em pacientes que procuram um atendimento psicolgico.Algumas habilidades sociais inicialmente treinadas em terapia so: iniciar conversao; manter conversao; encerrar conversao; fazer pedido sem conflito de interesse; fazer pedido com conflito de interesse; pedir mudana de comportamento; recusar pedido; responder a crticas; expressar opinies pessoais; expressar afeto; fazer elogio; receber elogio; reclamar por servio insatisfatrio; convidar algum para um encontro; conversar com algum com problema; fazer perguntas; fazer cumprimento; cobrar dvida; falar em pblico; terminar relao; expressar sentimentos negativos; expressar sentimentos positivos.Assim na TCC, o Treinamento em Habilidades Sociais composto por comportamentos treinados inicialmente na Terapia e que sero posteriormente exercitados no dia a dia fora do setting teraputico. Essa integrao entre o que se passa no consultrio e o que se vive no dia a dia, nos diferentes ambientes, uma das semelhanas entre a TCC e a Psicologia Positiva.

Uma proposta de interveno clnica: TCC e Psicologia PositivaCom o objetivo de promover qualidade de vida para pacientes com a doena miastenia gravis, uma doena neuromuscular crnica, ??? construiu um modelo de interveno psicolgica para um grupo de pacientes com essa doena. Trata-se de uma proposta que alia a Terapia Cognitivo-Comportamental Psicologia Positiva, a fim de oferecer uma nova abordagem terica para o atendimento psicolgicos de pessoas que esto em tratamento contnuo de uma doena.O projeto de interveno iniciou-se com uma reunio com um mdico neurologista com especialidade na doena miastenia gravis, para levantar aspectos importantes sobre as demandas psicossociais e fsicas do paciente na viso mdica, acompanhada de uma busca na literatura para corroborar com as informaes mdicas.Tendo em vista que o objetivo da interveno envolvia no s a amenizao de sintomas, mas tambm a potencializao da sade, buscou-se literatura sobre a aplicao da abordagem positiva no atendimento clnico. As prticas da Psicologia Positiva utilizam tcnicas que partem da identificao e do desenvolvimento de aspectos saudveis do individuo - afetos positivos, foras pessoais e domnios do bem estar psicolgico - como promotoras do bem estar e protetivas contra sintomas.As ideias de Snyder e Lopez (2009) sobre classificao de intervenes psicolgicas fora utilizadas na interveno. Os autores propuseram uma categorizao de intervenes baseada nos objetivos principais dos atendimentos. Para eles, a preveno primaria objetiva interromper o que esta ruim, reduzindo ou eliminando os problemas fsicos ou psicolgicos antes que estes surjam - carter preventivo. A preveno secundria reduziria os problemas aps o surgimento destes, o que caracteriza a maioria de intervenes psicolgicas. As demais classificao se referem potencializao, ou seja, a promoo de aspectos saudveis de acordo com aquilo que as pessoas almejam em suas vidas. Nesse sentido, a potencializao primria estabelece um bom funcionamento e uma boa satisfao, enquanto a potencializao secundria parte de um funcionamento e satisfao j em nveis elevados para que se chegue experincias mximas, no melhor patamar que pode ser atingido. (SNYDER E LOPES, 2009).

Sendo assim, a interveno foi composta por 8 encontros, um por semana, de uma hora e trinta minutos cada. Para estruturar os encontros, optou-se por mtodos e tcnicas baseadas na psicologia positiva e na TCC. As 8 sesses foram subdivididas em duas etapas, inspiradas na classificao de Snyder e Lopez (2009): preveno secundria e potencializao primria.Os primeiros 4 encontros foram focados na preveno secundria, a fim de amenizar os sintomas e o sofrimento j existentes por conta da doena crnica. Neste primeiro perodo foram utilizadas tcnicas da TCC, tais como tarefa de controle do estresse, resoluo de problemas, tcnicas de relaxamento e visualizao, trabalho de crenas disfuncionais e psicoeducao. Os demais encontros tiveram como foco a potencializao primaria, a fim de trabalhar com os pacientes aspectos positivos relacionados a sua sade, como foras pessoais e emoes positivas. Por isso, a segunda parte trabalhou prioritariamente com tcnicas da Psicologia Positiva.A interveno proposta no est limitada apenas para uso com indivduos portadores de miastina gravis, pois no foi desenhada com foco apenas em aspectos especficos da doena, mas no desenvolvimento de recursos positivos, como a identificao e o trabalho de foras pessoais, o treino de habilidades para lidar com estresse e problemas, o autoconhecimento e a mudana de pensamentos disfuncionais.

ConclusoA psicologia positiva prope-se a atuar, no campo da sade mental, prioritariamente no vis de preveno (primria) de doenas e transtornos, direcionando o indivduo ao alcance de bem-estar e prazer.As terapias cognitivo-comportamentais em geral apresentam um fundamento terico e um conjunto de tcnicas cuja eficcia baseada em evidncias tem sido demonstrada, inclusive por exames de neuroimagem, no tratamento de diversos quadros mentais e fsicos, a exemplo da depresso, configurando importante recurso de preveno secundria. As conexes a parte negativa da psique (viso negativa de si ou do mundo, esquemas depressognicos) e a positiva (nossos valores, qualidades, virtudes) ainda no tm sido objeto de estudo. Percebemos que a Psicologia Positiva e a TCC podem se associar para explorar justamente essas conexes, agora no somente em termos de preveno mas tambm de potencializao, o que poderia trazer resultados mutuamente benficos para ambas as abordagens, no combate aos transtornos de humor. Estas ideias se tornam ainda mais destacadas quando se trata de uma populao com uma demanda contnua de atendimento psicolgico para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar, como o caso de pacientes portadores de alguma doena crnica. A proposta se justifica ainda diante de uma realidade como a brasileira, em que os custos de um atendimento psicoterpico de longa durao os tornam inviveis para a maioria da populao.Considerando tambm o crescente aumento da dependncia de medicamentos antidepressivos, por esse trabalho descortinamos uma estratgia alternativa ainda no explorada, uma vez que o paciente no somente ser educado e receber autonomia para combater cognitivamente, ele mesmo, os seus sintomas, como tambm ter potencializado o uso de suas foras de carter em direo a uma vida cada vez mais funcional e saudvel, num continuum que deixar pouca margem a possveis recadas.

Referncias Bibliogrficas1. ARGYLE, M. (1981). Social skills and health. New York: Metheun & Co.2. BALLONE G. J. DSM-IV. Disponvel emhttp://www.psiqweb.med.br/, atualizado em 2007, baixado em 17/01/2014.3. BALLONE, G. J. DEPRESSO. Em: PSIQWEB Portal de Psiquiatria Geral. Disponvel emhttp://www.psiqweb.med.br/, atualizado em 2007, baixado em 17/01/2014.4. BECK, A. T. KNAPP, P. Fundamentos, modelos conceituais, aplicaes e pesquisa da terapia cognitiva. Em: Rev Bras Psiquiatria; 2008; v.30 (Supl II); p. S54-S64.5. BECK, A. T. Depression: Causes and Treatment. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1967.6. BECK, A. T. RUSH, J. SHAW, B. EMERY, G. Cognitive Therapy of Depression. New York: Guilford Press, 1979. Traduo Brasileira de Vera Ribeiro: Terapia Cognitiva da Depresso. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.7. CABALLO, V.E. (2006) Manual de avaliao e treinamento das habilidades sociais. So Paulo: Ed. Santos.8. CABALLO, V.E.; IRURTIA, M.J. (2004). Treinamento em habilidades sociais Em: P. Knapp (Org) Terapia Cognitivo-comportamental na prtica psiquitrica. (pp.454-482) Porto Alegre: Artmed.9. DIENER, E., & SELIGMAN, M. E. (2002). Very happy people.Psychological science,13(1), 81-84. 10. ELLIS, A. Reason and emotion in psychotherapy. New York: Lyle Stuart, 1962.11. FALCONE, E. M. O.; FERREIRA, M. C.; CURTY, R. M.L.; FERNANDES, C.S.; FARIA, C.A.; DAUGUSTIN, J.F & cols. (2008) Inventrio de Empatia (I.E.): Desenvolvimento e validao de uma medida brasileira. Revista Avaliao psicolgica, 7(3),321-33412. FREDRICKSON, B. L. Positividade. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.13. GONALVES, S.M.M. (2006). Mas, afinal, o que felicidade? Ou, quo importantes so as relaes interpessoais na concepo de felicidade entre adolescentes?. Tese (doutorado), UFRJ, Rio de Janeiro. 14. HIDALGO, C.G; & ABARCA, M. (2000) Comunicacion interpessonal: Programa de entrenamiento em habilidades sociales. 5 Ed. Santiago: Ediciones Universidad Catolica de Chile.15. KELLY, G. The psychology of personal constructs. New York: Norton & Co, 1955.16. LANGE, A.J. & JAKUBOWSKI, P. (1976). Responsible assertive behavior. Illinois: Research Press.17. LEWINSOHN, P. M. The Behavioral Treatment of Depression. Em: HERSEN M., EISLER, R. M. & MILLER P. M. (eds): Progress in Behavior Modification, vol. 1. New York: Academic Press, 1975.18. LYUBOMIRSKY, S. A cincia da Felicidade: como atingir a felicidade real e duradoura. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.19. MYERS, D. G. (2000). The funds, friends, and faith of happy people. American Psychologist, 55(1),5667.20. PALUDO, S., & KOLLER, S. H. (2007). Psicologia positiva: uma nova abordagem para antigas questes.Paidia,17(36), 9-20.21. PETERSON, C. & SELIGMAN, M. Character Strengths and Virtues: a Handbook and Classification. New York: Oxford University Press, 2004.22. PETROFF, T. Desafie as falsas crenas que limitam sua vida. Disponvel em http://www2.uol.com.br/vyaestelar/tcc_crencas_atitudes.htm, baixado em 18/01/2014.23. PLUTCHIK, R. (1992) Bases evolucionistas de la empata. Em: N. Eisenberg & J. Strayer (Orgs.) La empatia y su desarrollo. (pp.49-57) Bilbao: Descle de Brouwer.24. SEIBEL, B.L. Desenvolvimento, aplicao e avaliao de um modelo de interveno positiva para pacientes com miastenia gravis. 2012. 150f. Dissertao (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Rio Grande do Sul. 25. SNYDER, C. R. ; LOPEZ, S. J. Psicologia Positiva: uma abordagem cientfica e prtica das qualidades humanas. Porto Alegre: Artmed, 2009.26. SOUZA, L. K. & HUTZ, C. S. Relacionamentos pessoais e sociais: Amizade em adultos. In: Revista Psicologia em Estudo, v.13, n. 2, p. 257-265. Maring, (abr./jun. 2008).