Relatório visita Scully

6
CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES ,k m Pós-Graduação Pintura Contemporânea - Reflexão e Prática TEORIA E CRÍTICA DA ARTE NA PINTURA MODERNA Relatório de visita à exposição Sean Scully 1974 - 2015 Pinacoteca de São Paulo Prof.: Rubens Zaccharias Jr. Aluno: Ismar Newton Cestari

description

relatório de visita exposição Scully

Transcript of Relatório visita Scully

CENTRO UNIVERSITRIO BELAS ARTES ,k mPs-Graduao

Pintura Contempornea - Reflexo e Prtica

TEORIA E CRTICA DA ARTE NA PINTURA MODERNA

Relatrio de visita exposioSean Scully 1974 - 2015

Pinacoteca de So Paulo

Prof.: Rubens Zaccharias Jr.

Aluno: Ismar Newton CestariSo Paulo

2015

In a sense, my work is a question of trying to retrieve the irretrievable

Sean Scully

A exposio Sean Scully 1974 2015 acontece na Pinacoteca de So Paulo de 11 de abril at 28 de junho de 2015, sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e traz 46 obras realizadas entre 1974 at o presente. Scully nasceu na Irlanda em 1945 se naturalizando americano aps viver e estudar arte em Londres. O encontro com uma obra viva e pulsante como a de Sean Scully nos surpreende e transforma. Scully, que no comeo da carreira fez obras figurativas, abraou a linguagem abstrata por que acredita ser esta mais universal. Essa exposio apresenta um recorte da carreira do artista com obras recentes e com algumas da dcada de 70. Nessa fase anterior, Scully explorou a utilizao de listras de bordas rgidas e cores justapostas de forte interao. Essas obras foram realizadas aps o abandono da utilizao da grid minimalista, onde j se vislumbra o incio de sua fase mais madura, quando a composio com retngulos assume de forma frontal seus trabalhos. Depois que Scully se muda para Nova Iorque sua obra assume uma materialidade mais marcante e a partir desse momento nos deparamos com trabalhos mais radicais e sofisticados, onde a cor se mostra mais contundente e somos arremessados entre extremos de um magneto de verticais e horizontais.

Precious 1981

Escapando de uma abstrao de superfcie, Scully constri um mundo de espaos arquitetnicos contraditrios, ao mesmo tempo palpvel e voltil como seus ttulos: Darkness here (1989), Dakar (1989), Passenger 1.2.98 (1998), Landline The Sea (2015). Construes que se refletem na materialidade de obra, dos chassis, dos pedaos montados e remontados, dos desencontros de suas faixas que se procuram solitrias. Mas essa sua luz profunda e relutante, de onde surge? E sobre tudo a tinta: espessas camadas depositadas por sculos de poeira e sal, a histria toda da pintura e seu futuro. Verdes que no existem em terras de outros mundos. Aquarelas revelando a cor que nos surpreende e onde de novo submergimos para tentar atravessar um mar profundo: leo sobre alumnio na ltima chance do escape. E continuamos, esticados, quase rompidos nessa tenso de extremos: ns mesmos deuses de um Olimpo que no vemos: muros em que nos confrontamos com a fisicalidade dessa obra densa, que se apresenta ntegra, pronta para denunciar. Mas denunciar o que nesse territrio sem diagonais? Estamos vendo tudo aquilo que queremos ou apenas vemos o que podemos? Entre os extremos dessa obra ficam cores de memrias. Matisse, Velasques, Rothko: pastis intransponveis, espessos murros de pedra e esprito, pedra e vento, pedra e nada. Como entender o mistrio dessas formas repetidas tantas vezes e de sua singularidade a cada nova combinao, a cada nova provocao? Ou so essas cores que sonhamos, ns, agora nufragos de paisagens mticas? Mareados, continuamos: a paisagem se abre, novamente abrupta. J no podemos desistir pois j atravessamos paredes demais, portas demais, cus demais para poder ou querer voltar. Um vasto caos se apresenta, primordial como um campo onde tentamos escalar o vento e o esprito. Ser que fracassamos? Ser que estamos salvos? Mais alguns passos e l fora a rua nunca imaginada. Intil tentar colher as flores se sabemos que nufragos no choram.