Revista Estilo 31

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Paris UM ROLÉ POR SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS CULINÁRIA LIGHT: O DESEJADO EQUILÍBRIO BANHO DE CACHOEIRA: NATUREZA NA PELE DECORAÇÃO: TECIDOS QUE VESTEM A CASA Ano 7 N 0 31 R $ 3, 50

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Edição de fevereiro de 2005

Transcript of Revista Estilo 31

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ParisUM ROLÉ POR SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS

CULINÁRIA LIGHT:

O DESEJADO EQUILÍBRIO

BANHO DE CACHOEIRA:

NATUREZA NA PELE

DECORAÇÃO: TECIDOS

QUE VESTEM A CASA

A n o 7 N0

31 R $ 3, 50

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N O T A D O E D I T O R

Depois de muita praia, muito calor, muito carnaval e ziriguidum, recomeça a vida normal em nossas

cidades. Todo mundo ainda meio de ressaca, sofrendo pra domar os hábitos adquiridos nas férias: dormir

até 11 da manhã, torrar ao sol do meio-dia, se esbaldar em churrascadas, dormir de novo à tarde, encher

a cara de caipirinha e cerveja, badalar todas as noites ou assistir religiosamente ao Big Brother ao lado da

criançada... É verdade que uma parcela significativa da população foge desse script praiano como o diabo

foge da cruz. Mas a tribo dos antiorla terá igual dificuldade em se readaptar. Como é que o pessoal vai

arranjar tempo, agora que é preciso trabalhar de segunda a segunda, pra ler três livros por semana,

assistir a todos os filmes em cartaz e fazer happy hours com os amigos todos os dias?

Mas nós garantimos: retomar a rotina da vida na cidade pode ser uma delícia. Mesmo que você fique

irritadíssimo porque as ruas voltaram a estar cheias. Mesmo que os termômetros marquem 35 graus e o

asfalto exale aquele vapor de fervura. Mesmo que você tenha que correr de um lado pro outro, envergando

um terno azul-marinho, pra participar de cinco reuniões por dia. Quer saber como transformar este cenário

do inferno em uma verdadeira delícia? Então percorra devagar as páginas desta Estilo Zaffari.

Pra começar, adote novos critérios à mesa. O dia vai parecer muito mais leve se você estiver leve. Só

que, para isso, vai ter que abrir mão da picanha gorda por uns tempos... A culinária light é uma estratégia

infalível para atravessar com desenvoltura os dias de calor na cidade. E não pense que estamos falando em

dieta de faquir! Experimente as receitas que indicamos e saiba o que é comer com prazer e bom senso.

Dedicar-se à casa e empenhar energias na renovação do espaço onde você vive pode ser outra ótima

providência. Aproveite para enxergar seu lar com olhos mais atentos – afinal, a cabeça veio descansada das

férias, não? – e divirta-se pensando em maneiras de deixá-lo mais bonito e aconchegante. Neste edição, mostramos

que os tecidos são uma alternativa muito versátil. Reunimos idéias bárbaras, sugeridas por grandes arquitetos.

A Estilo Zaffari “volta ao lar” tem muitas outras matérias interessantes. Apostamos que você vai se encantar

com os desenhos de Nik retratando a maravilhosa Paris. E que vai ficar com muuuuuita água na boca vendo as

fotos do guia gastronômico de Punta del Este, redigido em tom confessional por Tetê Pacheco. Tem também uma

entrevista com a Lya Luft, um roteiro com o que há de melhor pra se comer em Floripa, uma reportagem sobre os

alimentos orgânicos e as preciosidades escritas pelos colunistas. Uma edição de arromba, portanto.

Mas se nada disso der certo e você embarcar na síndrome de “Quero minhas férias de volta!”, criamos uma

saída de emergência. Paula Taitelbaum e Eduardo Iglesias rodaram nossas estradas e várias trilhas secretas em

busca das melhores cachoeiras do Estado. Descobriram verdadeiros oásis de natureza, frescor e pura diversão.

Se a vida urbana está oprimindo seu espírito, não perca mais tempo. Um banho de água gelada num cenário de

encher os olhos é tudo de que você precisa pra se encher de ânimo novo. E bom retorno à realidade!

de pele

Trocando

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VIAGEM COMPARTILHADA

Se a reportagem sobre a Guatemala foi um pri-

mor, esta última sobre a Patagônia é um colírio para

os olhos! Excelente o trabalho da Cris Berger. Que

momentos únicos vocês nos proporcionaram! Se as

fotografias trouxeram o visual, as letras nos trouxe-

ram as emoções vividas pela repórter. As fotogra-

fias, de uma beleza estonteante, nos fizeram viajar

ao desconhecido de maneira extremamente praze-

rosa, e o texto, escrito com poesia e leveza, nos ar-

rebatou numa viagem emocionante! Agora, cá pra

nós, se ler a Lya Luft já é uma delícia, imagine só ter

o privilégio único que a Cris Berger teve de fazê-lo

numa viagem de sonhos! Quero parabenizar toda a

direção da Estilo pela excelente escolha dos seus co-

laboradores! Sou fã da Martha Medeiros também...

Cris, um dia eu e meu marido iremos à Patagônia

com as nossas próprias pernas, não com as tuas, te-

nha certeza! Quem sabe, quando celebrarmos bo-

das de ouro? Ou antes? Se Deus quiser, antes...

O presente do seu aniversário é nosso também, né?

LEILA M. SANTOS

Prezada Leila,

seu entusiasmo nos deixou muito faceiros!

A Patagônia é mesmo irresistível, linda de

morrer. Encaminhamos seu e-mail à Cris

Berger, para que ela também possa ter a ale-

gria de ler sua mensagem. Um grande abra-

ço e boa sorte na Patagônia, o quanto antes!

Correio

PRESENTE PARA NÓS

Parabéns! Cada momento da Estilo Zaffari é um

gratificante presente. Nossa, como vocês sabem fa-

zer melhor, muito melhor. “Ano Novo Vida Nova”

faz saber e descobrir ainda mais. Tudo especial, difí-

cil destacar algo. Mas reunir Paula Taitelbaum e

Vitor Ramil é dose, overdose. Abraços, parabéns.

RUI SPOHR

Que grande honra receber seu e-mail, Rui.

Nada pode ser mais gratificante do que ser elo-

giado por uma pessoa que é referência de bom

gosto e estilo. É uma delícia saber que você é

nosso leitor e, mais ainda, descobrir que admi-

ra nosso trabalho e torce por nós! Saiba que a

recíproca é verdadeira. Um grande abraço!

Milene Leal

[email protected]

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO

REDAÇÃO Beatriz Guimarães, Cris Berger, Irene Marcondes, Paula Taitelbaum,

Tetê Pacheco

REVISÃO Flávio Dotti Cesa

PROJETO GRÁFICO Odyr Bernardi

DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade [email protected]

ILUSTRAÇÕES Nik

FOTOGRAFIA Angela Farias, Cláudio Meneghetti, Cris Berger, Cristiano Sant’Anna,

Eduardo Iglesias, Letícia Remião

PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Camila Abascal, Fredy Anjo, Marcelo Jacobi

COLUNISTAS Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Martha Medeiros,

Malu Coelho, Ruza Amon, Tetê Pacheco

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)

COLABORADORES Arte Plantas, Jorge Curia Filho, Livraria Cultura, Studio AD, Ser e Estar,

Ponto de Antiguidades

Izabella Boaz

[email protected]

DIRETORA DE ATENDIMENTO

DEPTO. DE ATENÇÃO AO LEITOR Renata Xavier Soares [email protected]

A revista Estilo Zaffari é uma publicação bimestral da Contexto Marketing Editorial Ltda., sob licença da

Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo

Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em

entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta

revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 25.000 exemplares

PRÉ-IMPRESSÃO Maredi

IMPRESSÃO Pallotti

ENDEREÇO DA REDAÇÃO

Rua Padre Chagas, 185/801– Porto Alegre/RS – Brasil – 90570-080

(51) 3395.2515 (51) 3395.2404 (51) 3395.1781

[email protected]

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ROMANCE NA ITÁLIA

Oi, gente, escrevo para dizer que amei de

paixão a revista de dezembro. Em especial aquele

lugarzinho romântico na Itália. Que sonho... as

fotos são mágicas. Continuem assim, com uma re-

vista maravilhosa... Beijos a todos.

ADRIANA REIS

Que bom que você gostou tanto assim da

revista! É maravilhoso receber esses elogios.

Vamos continuar, sim, e tentar fazer da Es-

tilo Zaffari uma revista cada vez melhor.

Esta edição de fevereiro está linda. Confi-

ra! Um abraço.

VIRANDO CRIANÇA

A revista Estilo sempre que chega às minhas

mãos causa um encantamento que me remete a gos-

tosas sensações infantis. Vira preciosidade como um

dia foram as pedrinhas brilhantes encontradas pelas

ruas, as folhas coloridas do outono, a lata de biscoi-

tos de Natal. Neste Natal, a edição trouxe uma ale-

gria multiplicada, anunciando uma proximidade tão

sonhada. A chegada do Bourbon a nossa cidade ga-

rante que, daqui para frente, não perderei mais um

só número da Estilo e que, mensalmente, passarei

momentos inspiradores na sua companhia. Parabéns,

a revista é um convite irresistível a perseguirmos a

beleza e a nos nutrirmos das suas inúmeras fontes.

ROSANA SPEROTTO, SÃO LEOPOLDO

Rosana, que alegria receber o seu e-mail!

Vamos encaminhá-lo à diretoria da

Cia.Zaffari, para que eles possam também

receber suas carinhosas palavras. Nada pode

ser mais gratificante do que receber uma

mensagem como essa escrita por um leitor.

Desejamos um 2005 maravilhoso pra você,

com o Bourbon aí bem pertinho e a Estilo

Zaffari sempre na cabeceira, ok? Abraço!

COLECIONADORA

Apesar de não haver loja do Zaffari em Pelotas

– o que é lamentável –, há mais ou menos dois anos

coleciono sua revista. Gostaria imensamente de po-

der assiná-la, a fim de tornar mais fácil e rápida sua

aquisição, pois dependo da minha cunhada, que

mora em Porto Alegre e que, gentilmente, sempre a

adquire para mim. Há ocasiões em que chego a re-

ceber duas edições de uma só vez, tal a dificuldade

de portador. Leio a revista de “cabo a rabo”, inclusi-

ve as propagandas. Adoro-a. A seção de culinária é

uma das minhas preferidas e sempre que posso ex-

perimento suas receitas. Agradeço a vocês por me

proporcionarem uma leitura tão leve e agradável e

ao mesmo tempo momentos tão felizes. Um abraço.

VERA MOREIRA – PELOTAS

Prezada Vera: em primeiro lugar, estamos

honradíssimos em tê-la como colecionadora

da nossa revista, especialmente tendo em

vista a trabalheira que tem sido fazê-la che-

gar até a sua casa... Como fãs de Pelotas,

também achamos uma pena o Zaffari não

estar presente na cidade. Vamos fazer che-

gar à diretoria da Cia. Zaffari a sua reivin-

dicação. Quem sabe no futuro? Quanto ao

envio da revista, embora não tenhamos um

sistema de assinaturas em funcionamento,

vamos pensar em uma maneira de facilitar

a chegada dela ao seu endereço. Aguarde

um contato da Renata Soares, que cuida do

atendimento aos nossos leitores, ok? Um

grande abraço e obrigado pelo carinho.

Estilo Zaffari 7

REVISTA SUCULENTA

Muito entusiasmada e feliz foi como me senti

ao conhecer a revista Estilo Zaffari. Ela é linda,

estilosa e recheada de um conteúdo suculento, nu-

tritivo, apetecedor, a tal ponto que a degustamos

com muita gula, ficando o gostinho de quero mais.

Mas meu entusiasmo esfriou ao saber que ela é ven-

dida somente no “forno” do Zaffari. Sabe, Milene,

sou gaúcha de Porto Alegre, mas resido atualmente

em Maringá, Paraná. Eu não teria a chanche de as-

sinar a revista e ela ser enviada para cá? Eu amaria.

Um grande abraço, um muito feliz 2005 e que con-

tinuem assim. Não mudem nada, por favor!

CARMEN PETRY

Carmem, suculenta é a sua cartinha! Ado-

ramos! A Estilo Zaffari tem ido longe, e isso

nos deixa muito orgulhosos. O difícil é atender

a pedidos de tantos e tão diferentes locais...

Mas a Renata Soares, que atende os nossos

leitores, vai entrar em contato com você para

ver se descobrimos um jeito de fazer a revista

chegar até Maringá, ok? Um abraço e

superobrigado pelas dicas que você mandou!

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Í N D I C E

pesopesado

Férias

82

Cartas

Coluna: Cotidiano

Cesta Básica

Sabor: Culinária Light

O Sabor e o Saber

Roteiro: Floripa Gastronômica

Cachoeiras

Perfil: Lya Luft

7

10

12

20

44

56

66

90

Punta del Este é o destino de

quem quer alimentar – e

muito bem – o corpo e ainda

assim ficar de alma leve

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Vista sua

casa

72

Tecidos bem escolhidos

e bem combinados

transformam ambientes

Paris

Encontrando

Um passeio pelas ruas do bairro

Saint-Germain-des-Prés

48

ALIMENTOS ORGÂNICOS: VIDA NO PRATO 36

82540 indice2.p65 03/03/05, 17:523

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Cotidiano

Eu caminhava, caminhava e ela crescia à minha frente. Linda!

A PEQUENA TORRE EIFFEL

Era minha primeira viagem à Europa. Desembarquei em

Londres, onde aluguei um quarto por 15 dias, depois passei um

final de semana em Bruxelas com um casal de amigos e final-

mente cheguei em Paris, sozinha, de trem. O dinheiro era

curto, fui direto para uma pensão indicada por um amigo bra-

sileiro que também era hóspede e que me conseguira uma

cama a um preço que era uma pechincha. Então peguei um

metrô e lá me fui. Não havia enxergado Paris ainda. Quando

saí da estação, visualizei os primeiros prédios. Era domingo, a

noite havia caído e o bairro não era exatamente um Saint-

Germán-des-Prés. Tudo meio désolé. Vi várias fachadas de

pequenos salões de beleza, coiffeur, coiffeur, coiffeur, todos fe-

chados. Em poucos passos estava na pensão, um prédio auste-

ro, escuro. Mas, voilà, era Paris.

Meu amigo brasileiro estava me esperando na porta, ansio-

so. Permitiu apenas que eu largasse a mochila no quarto, esco-

vasse os dentes e cumprimentasse a dona da pensão, pois estáva-

mos atrasados. Para quê? – perguntei. Então eu não sabia? Ti-

nha jogo do Brasil pela Copa do Mundo. Claro. Junho de 1986.

Lá fomos nós pegar um ônibus para assistir à partida na casa de

um amigo dele – coiffeur – que morava nos cafundós da cidade,

bem longe dos museus, vitrines, cafés, monumentos ou de qual-

quer outro cartão-postal. Voltei pra casa tarde da noite, com

uma vitória da seleção no bolso, mas ainda sem conhecer as

luzes da Cidade Luz.

Quando acordei na manhã seguinte, coloquei meus me-

lhores tênis – os únicos que eu tinha levado – e saí feito uma

bandeirante pela cidade. Havia decidido que iria percorrê-la a

pé. E meu primeiro destino seria a Torre Eiffel, que eu julgava

não estar muito longe. Caminhei umas setes quadras em linha

reta e me deparei com o Sena. Ora, a torre fica às margens do

Sena, agora é só margeá-lo e darei lá. Dito e feito. Dobrei à

direita e segui caminhando pela beira do rio, até que vi, lá adia-

nte, a torre. Tum-tum, tum-tum. Meu coração esmurrava meu

peito pedindo pra sair. Que pequeninha a torre, pensei. Mas

linda. Mais umas cinco quadras e a alcanço.

Caminhei cinco quadras, e mais cinco, e ela crescia à

minha frente, e eu pensava, não é tão pequeninha, mas é longe.

Caminhei mais sete ou oito quadras, ela crescia à minha frente,

e eu não chegava. Caminhei mais dez quadras, e outras dez, e

que coisa, ela crescia, mas eu não chegava. Andei, andei, an-

dei, andei, a torre erguia-se diante de meus olhos e eu não

chegava. Que linda, mon Dieu, e que distante.

Até que, depois de quase duas horas de caminhada, eu

estava a seus pés e descobri que ela não era grande: era espanto-

samente gigantesca, muito maior do que os meus sonhos podiam

adivinhar, muito mais impactante do que qualquer foto pudesse

reproduzir, muito mais majestosa e bela do que outros viajantes

haviam me descrito – e ficava perto de tudo. Mais uma caminha-

dinha e eu estava na avenida Champs Elysées, e da Champs

Elysées para o Louvre, e do Louvre para Saint-German, e de

Saint-German para o Quartier Latin. Voilà, agora sim, Paris.

Voltei de metrô, logicamente, para o subúrbio, onde fica-

va aquela pensão que só então entendi por que era tão barata.

M A R T H A M E D E I R O S

MARTHA MEDEIROS É ESCRITORA

10 Estilo Zaffari

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Cesta básica

Ao passar pela Dinarte Ribeiro não deixe de dar uma

paradinha no número 128, onde fica o Bistrô da Rua.

São muitas as razões pelas quais o lugar vale a visita,

mesmo que seja apenas para tomar um café: um blend

feito especialmente para o Bistrô com três grãos

selecionados do serrado mineiro. Mas se você tiver um

pouquinho mais de tempo, recomendo a seguinte

pedida: uma taça de champanhe e a salada verde da

casa, servida em uma cestinha de parmesão feita na hora

pela chef Sueli Maldonado, uma das proprietárias do

lugar. Além do cardápio fixo, Sueli cria um outro

especial a cada semana. E todos os dias o Bistrô oferece

um risoto diferente. As mesas são todas de material de

demolição e, para estimular o apetite – como se fosse

preciso... –, paredes em tom vermelho-alaranjado fazem

parte do décor. O happy hour se inicia às 18h30 e o

jantar a partir das 20h. Imperdível!

LUCIANE TRINDADE, DESIGNER GRÁFICA

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA

DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR

O DIA-A-DIA E SE DIVERTIR DE

VERDADE: MÚSICA, CINEMA, LUGARES,

OBJETOS ESPECIAIS, COMIDINHAS,

PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

Bistrô da Rua

FOTOS: CRISTIANO SANT’ANNA

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Erico Verissimo

Sabe aquele cenário de filme romântico? Casinha no

meio do bosque, janela no teto que se abre para as

estrelas, lareira e tapete felpudo? Não é ficção. Chama-

se Pousada do Engenho e fica em São Francisco de

Paula. Além de ser um lugar perfeito para o seu roteiro

de amor, lá tem um evento muito legal chamado Mesa

de Cinema. Eu fui na estréia, que aconteceu em janeiro,

e recomendo. Todos os meses, a pousada promove um

encontro perfeito para quem curte boa mesa e bons

filmes. A primeira parte acontece em um legítimo

galpão de engenho com telão e cadeiras confortáveis,

onde o pessoal assiste a um filme que tem a ver com

gastronomia. Quando o filme termina, tem um bate-

papo com um convidado especial. Depois, no restauran-

te da pousada – um espaço superaconchegante, à luz de

velas –, aparece a grande estrela da noite: um jantar

maravilhoso preparada pelos chefs Ananda e Alex. O

filme de estréia foi o clássico A Festa de Babette e, entre

muitas delícias que serei incapaz de descrever, foram

servidos Blinis à Demidof e Blinis com Zattar, iguarias

preparadas por Babette em seu banquete. A idéia é

justamente essa: degustar no jantar os pratos do filme

assistido. Entre no site www.pousadadoengenho.com.br

ou ligue (54) 244-1270.

PAULA TAILTELBAUM, ESCRITORA

Mesa de Cinema

FOTOS: JOANA MOREIRA/DIVULGAÇÃONA

“Erico Verissimo, 100 anos, o tempo e o vento a passar” é

uma publicação histórica, de edição limitada. À venda nas

redes Zaffari e Bourbon, o livro proporciona a quem o

adquire contribuir para o Instituto do Câncer Infantil, pois

a Cia. Zaffari estará doando 100% da venda à instituição.

Para estreitar vínculos com o grande escritor gaúcho, ou

mesmo para dar início à descoberta da sua obra, não há

oportunidade igual. Se a idéia for apresentar a cultura e a

história do Rio Grande do Sul a quem ainda não as

conheça, o livro é um presente inestimável. Apresentada

por Luis Fernando Verissimo, a obra é dicionarizada e

reúne cerca de 800 verbetes pesquisados na ampla obra do

autor, após estudo realizado pelo escritor Luiz Coronel e

pela diretora da Fundação Erico Verissimo, Maria da

Glória Bordini. A emoção se completa com o CD que

acompanha o livro e contém a trilha sonora da minissérie

“O Tempo e o Vento”, de autoria de Tom Jobim.

RUZA AMON, JORNALISTA

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Page 12: Revista Estilo 31

Cesta básica

Marisa Monte

em dose tripla

Show do “Papas da Língua” no Theatro São Pedro é

um programa tipicamente porto-alegrense. Mas o

CD “Ao Vivo Acústico Papas da Língua”, recém-

lançado pela Orbeat, ultrapassa as fronteiras do

pampa. É música de caráter universal. A coletânea

reúne os hits que marcaram a trajetória da banda ao

longo dos dez anos de existência, dessa vez desligados

da tomada. Sem renunciar à simplicidade e às raízes

regionais, o Papas escolheu o mais pomposo teatro da

capital como cenário de uma produção de luxo, que

contou com a participação de músicos como Cau

Netto, Eduardo Bisogno, Branca e Luciano Albo.

A viagem no tempo começa ao som de “Democracy”,

música que alavancou o grupo em 1993. E segue

fazendo paradas em “Pra Gente Passear” e “Espelho

Meu”, as novas canções, que demonstram a maturida-

de sonora dos dez anos de estrada. O toque moderno

e urbano fica a cargo dos convidados Tonho Crocco e

DJ Anderson, da Ultramen, na faixa “Viajar”, recheada

de scratches e com levada funky, contrastando com a

voz rouca e sossegada de Serginho Moah. Bem bom

para fechar os olhos e relembrar a última década.

RAFAEL TRINDADE, JORNALISTA

É uma caixinha de surpresas. Três DVDs de Marisa

Monte, remasterizados e remixados, numa caixa

super-bonita criada pelo artista gráfico Gringo Cardia.

Além dos shows ao vivo, têm faixas inéditas, ensaios,

convidados especiais e por aí vai. O DVD “MM ao

Vivo” é Marisa em 1988, no início de carreira, com

uma fotografia belíssima e músicas que fazem o delírio

dos fãs com “Bem que se quis” na versão original.

O DVD “Mais”, de 1991, tem bastante papo e making

off: a cantora no aeroporto, no camarim, num ensaio

com os Titãs (assista e depois me diga como é que

Branco Melo consegue cantar fumando daquele jeito).

“Barulhinho Bom”, o DVD de 1996, é a própria

viagem musical, a gente vê Marisa Monte com os

Novos (velhos) Baianos, cantando com as pastoras da

Velha Guarda da Portela e improvisando com

Carlinhos Brown. É bom pra ter em casa, degustar

com calma e deixar rolando feito CD quando os

amigos aparecem. Tem na Livraria Cultura.

PAULA TAITELBAUM, ESCRITORA

POP, MAS COM

MUITO ESTILO

FOTOS: CRISTIANO SANT’ANNA

14 Estilo Zaffari

82540 cestabasica1.p65 03/03/05, 17:324

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Consumo

No verão, não deixe de usar os Fatores de Proteção ao Ridículo

O SOL NÃO NASCEU PARA TODOS

Que não dá para se expor demasiadamente ao sol todo

mundo já aprendeu. Proponho iniciar uma nova campanha, a

de não se expor demasiadamente ao ridículo no verão. O verão

é uma estação jovem por natureza. Aberta, livre, democrática.

E é muito comum que, na tentativa de querer fazer parte desse

espírito, as pessoas percam um pouco o senso crítico. A praia é

para todos, ok. Já as modinhas, alguns biquínis, roupas curtas e

decotes, não. Esta coluna pretensiosamente apresenta alguns

Fatores de Proteção ao Ridículo que qualquer pessoa de bom

senso deveria usar.

Regra geral: ficar na dúvida é sinal de maturidade. Res-

peite sua dúvida. Não use o que você não tem certeza de que

está adequado ao seu tipo físico e, principalmente, a sua idade.

1) Piercing no umbigo fica expressamente proibido para

maiores de 18 anos. E não se fala mais nisso.

2) Calça de cintura baixa mostra a barriga, portanto...

3) Excesso e praia não combina. Mulheres excessiva-

mente bronzeadas não ficam bonitas. O sol não esconde nada,

pelo contrário, deixa ainda mais aparente. As de cabelo ex-

cessivamente pintado idem.

4) Biquínis: esse é um fator complicado. Digamos assim,

fica muito feio quando o biquíni tapa menos do que deveria.

Não é uma questão de pudor. É apreço à estética.

5) Havaianas com calça jeans é moda. E como moda,

fica bem em menores de 30. Depois dos 30, estilo e personali-

dade caem melhor que modas e tendências.

6) Tatuagem tribal: chega, né?

7) Unhas vermelhas nos pés, apesar de que os homens

odeiam, ficam lindas numa sandália. Já num chinelinho à

beira-mar, menos.

8) Boné virado pra trás. Se você enxergar algum ho-

mem nessa situação, chame imediatamente o salva-vidas.

9) Caso sua barriga possua mais de uma dobra aparente,

entre no mar sem pular as ondas e evite aquele frescobol

frenético na beira da praia. Ou use um maiô bem firme.

10) Até o surgimento da lipoaspiração nenhum homem

sabia o que era celulite. Fizemos o favor de contar a eles.

Agora temos que arcar com as conseqüências: shortinhos e

minissaias são só pra quem pode.

11) Tererês e trequinhos de pendurar nos cabelos: resis-

ta. Se você tem sobrinhas, filhas pequenas, enteadas ou coisas

do gênero, gaste sua vontade com elas.

12) Se você já está no ponto de achar que aquela feira

hippie até tem umas coisinhas legais, é hora de terminar as férias.

13) Ouvir a conversa dos outros no celular é a pior coisa do

mundo, mesmo quando são situações de trabalho. Mas celular

na beira da praia não é a pior coisa, é simplesmente inaceitável.

Uma gafe. Um horror. Uma cafonice sem fim.

14) Uma das maneiras mais rápidas de aprender o que

fica bem na gente é observar o que fica mal nos outros. Se

esforce para não ser o exemplo.

15) Se você for esse tipo insuportável de ser humano, o

que vai à praia para olhar os comportamentos alheios (eu!!),

não esqueça, use óculos escuros.

T E T Ê P A C H E C O

TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA

18 Estilo Zaffari

82540 consumo.p65 3/1/05, 7:31 PM1

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Sabor

20 Estilo Zaffari

82540 culinaria light.p65 02/03/05, 12:492

Page 17: Revista Estilo 31

Em inglês, light tem inúmeros significados, mas quan-

do se fala em comida alguns deles se destacam. Assim,

numa tradução bem ampla, light pode ser leve, delicado,

digestivo, fácil, frugal, moderado, simples.

Já completamente incorporada ao nosso dia-a-dia,

a expressão light faz parte de uma verdadeira revolu-

ção que vem ocorrendo nas últimas décadas com rela-

ção à alimentação. Nunca antes tivemos tanta consci-

ência do que comemos. Como numa espécie de eti-

queta gastronômica, nunca fomos tão determinados a

adotar ou recusar certos alimentos em nossa rotina.

Ficamos horrorizados com a simples menção de algu-

mas comidas que – antes tão comuns nas mesas de

light

P O R B E A T R I Z G U I M A R Ã E S I L U S T R A Ç Õ E S N I K F O T O S C L Á U D I O M E N E G H E T T I

nossos avós – acabaram radicalmente riscadas das nos-

sas listas de compras.

Um desses tabus se refere às carnes vermelhas, por

exemplo, ou à manteiga, ou aos ovos. A dieta alimentar

dos soldados americanos na Segunda Guerra era muito

rica em carnes e proteínas, em razão de sua atividade.

Acredita-se que soldados tenham necessidade de mais

proteínas para poder desempenhar bem suas tarefas.

Além disso, supõe-se que uma dieta rica em carnes ati-

va a mente, desperta os instintos “básicos” e nos torna

mais competitivos. Nada mal para quem quer vencer

uma guerra. Mas... como não estamos propriamente

numa guerra, a dieta pode e deve ser mais leve.

Culinária

Estilo Zaffari 21

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Page 18: Revista Estilo 31

É verdade que hoje, numa sociedade bastante auto-

matizada, gastamos pouca energia física, e por isso não

precisamos de tanta gordura animal ou de açúcares em

excesso, para citar alguns exemplos considerados vilões.

As academias tornaram-se os verdadeiros templos mo-

dernos, pois parece que é só ali que gastamos as calorias

consumidas a mais, e onde moldamos compulsivamente

nossos corpos, numa liturgia repetitiva e solitária.

Da caça ao supermercado

Muito distantes estão os tempos em que os homens

precisavam se arriscar para conseguir caça, lutando con-

tra animais ferozes, com armas rudimentares, para trazer

para suas tribos algum alimento que garantisse a sobrevi-

vência e a reprodução. A conservação e o transporte dos

alimentos foram sempre muito precários até a Revolução

Industrial. Assim, o avanço tecnológico acabou trazendo

também uma melhoria na produção, na conservação, no

transporte e na distribuição dos alimentos.

Nunca tivemos tanta oferta de comida, nunca foi

tão acessível e variada, nunca houve tanta abundância,

tudo como resultado de inovações tecnológicas, de uma

agricultura moderna, ágil, de investimentos em pesqui-

sas genéticas, da adoção de novos equipamentos – tudo

isso fez com que hoje tenhamos apenas que escolher nas

prateleiras dos supermercados o que vamos comer. Bas-

ta um esticar de braços para conseguir o que quisermos.

Apesar de desigualdades sociais graves, há um fan-

tasma rondando o mundo moderno. A obesidade já che-

gou a todos os confins do mundo, e aqui no Brasil der-

rubou um dos mais fortes mitos do marketing político

atual: 40% da população brasileira estão acima do peso,

dos quais, 10% são obesos.

Super size me

Além disso, o que antigamente era sinal de riqueza

e de saúde – o excesso de peso – hoje é visto como um

problema. Num mundo de abundância, em meio a tan-

tos atrativos, ser magro é que é o desafio.

Um dos filmes que causaram maior sensação no

Sabor

CONSUMIR ALIMENTOS M

22 Estilo Zaffari

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Page 19: Revista Estilo 31

ano passado foi o documentário de Morgan Spurlock,

produtor, diretor e cobaia de “Super size me”, onde acom-

panhamos a transformação assustadora do autor após

um mês de consumo exclusivo do chamado fast food.

Um exagero, claro, mas aponta para um problema real.

Hoje vivemos mais do que em qualquer outra épo-

ca anterior, e em razão disso as pessoas querem ter mais

conforto na sua longevidade. Maior qualidade de vida

significa principalmente consumir alimentos mais sau-

dáveis, sem os excessos de gordura animal, moderar os

açúcares e evitar alimentos demasiadamente processa-

dos. Por isso o consumo de produtos light tem aumentado

muito em todo o mundo.

Há um crescimento também na busca de produtos

como os diet, por exemplo, que são aqueles voltados a

um grupo específico de consumidores. Geralmente são

alimentos que tiveram um ou mais ingredientes substi-

tuídos, modificados ou acrescidos. Este é o caso de pro-

dutos destinados aos diabéticos, ou pessoas alérgicas, por

exemplo, ao glúten, e assim por diante. Já os alimentos

light, que têm um público mais abrangente, procuram

ter um teor calórico menor, menos gorduras, sódio ou

açúcares, principalmente.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

Nunca a profissão de nutricionista teve tanto prestí-

gio quanto hoje. Seus profissionais são requisitados tanto

em prisões como nos programas de TV, passando por es-

colas, hospitais, empresas, restaurantes, etc. Isto demons-

tra uma preocupação crescente com o que comemos e com

o que deve ser uma alimentação ideal. Fala-se muito tam-

bém em alimentação funcional: aqueles alimentos que têm

uma “função” qualitativa, são mais saudáveis e que atuam,

possivelmente, na prevenção de doenças, além de serem

nutritivos. Será apenas mais um modismo?

Na verdade não há receitas prontas, não há dietas

perfeitas, nem somos tão previsíveis assim, a ponto de

nos ajustarmos a equações nutricionais equilibradas. De-

vemos comer de tudo um pouco. Manteiga não faz mal,

ao contrário, possui cálcio, e é um alimento mais inte-

gral, sem conservantes. Ovos são excelentes fontes de

proteínas, vitaminas necessários ao funcionamento de

nosso corpo. Carnes vermelhas não fazem mal de vez

em quando, e são essenciais na nossa dieta. O resto,

muita fruta fresca, muita verdura, legumes e peixes. De-

vemos evitar, sim, os alimentos muito processados, com

muitos conservantes, sódio e de sabores artificiais.

Gastando não vai sobrar

Invertendo o dito popular, podemos afirmar que

“gastando não vai sobrar”– se tivermos atividade físi-

ca regularmente, se gastarmos as calorias consumidas

em excesso, teremos um bom equilíbrio físico e men-

tal para enfrentar bem a longevidade que nos cabe

nestes tempos.

Comida não deve ser tortura, mas prazer. O exces-

so é sempre excesso, e devemos olhar para os nossos

antepassados – que comiam de tudo, moderadamente,

de torresmo a pão caseiro feito com banha de porco, e

viviam bem. Os franceses são muito felizes com sua co-

mida e o seu vinho. Estudiosos chamam de o “paradoxo

francês” o fenômeno que ocorre na França, pois, co-

mendo tudo o que comem, os franceses têm a menor

taxa de colesterol em comparação com outros povos.

Há estudos sendo feitos na região de Veranópolis,

no RS – cujos habitantes atingem uma das maiores ta-

xas de longevidade do país –, para investigar as razões

desse fato. Nada surpreendente foi descoberto até ago-

ra, apenas se constatou que eles comem de tudo um

pouco, muitos alimentos são produzidos localmente, in-

clusive o vinho, e quase todos os idosos trabalham diaria-

mente na sua horta, cuidam dos animais, param para a

sesta, têm alguma atividade comunitária, etc.

Qual o segredo? Talvez seja como fazem os povos

do mediterrâneo, como os franceses, os italianos, os es-

panhóis, portugueses, entre outros: ter tempo para sen-

tar-se à mesa, comer saladas, carnes, legumes, frutas,

vinho tinto, cafezinho, petit fours – e fazer dessa ocasião

um momento de alegria, de dividir as preocupações, de

divertir-se, de rir e de, literalmente, repartir o pão.

MAIS SAUDÁVEIS SIGNIFICA QUALIDADE DE VIDA

Estilo Zaffari 23

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Page 20: Revista Estilo 31

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Corte as berinjelas em fatias (mais ou menos 1 cm) e

ponha tudo na grelha para assar dos dois lados, até ficar

tostada. Retire e reserve. Separe 1/3 da berinjela e corte

em cubinhos. Numa frigideira, ponha o azeite, a cebola e

deixe-a dourar. Acrescente o pimentão, o tomate, dei-

xando cozinhar mais um pouco. Ponha, então, os cubi-

nhos de berinjela. Cozinhe mais um pouco e adicione o

sal e as azeitonas. Retire do fogo, acrescente a farinha de

rosca e o parmesão, com cuidado para que o recheio não

fique muito seco. Intercale fatias de berinjela com esta

mistura, polvilhe mais parmesão e leve ao forno, em fôr-

ma untada, por 8 a 10 minutos. Acrescente mais azeite

antes de servir. Pode ser servida quente ou fria.

A BERINJELA É UM LEGUME BASTANTE VERSÁTIL E MUITO RICO EM POTÁSSIO, FIBRAS, CÁLCIO E FÓSFORO. É UM ANTIOXIDANTE

IMPORTANTE E TAMBÉM PODE AUXILIAR NA REDUÇÃO DO COLESTEROL. AS AZEITONAS, ALÉM DE SABOROSAS, SÃO EXCELENTES,

POIS POSSUEM VITAMINAS E, A E ÓLEOS BENÉFICOS PARA A SAÚDE. O BRÓCOLIS TEM PROPRIEDADES QUE AJUDAM A COMBATER

A GASTRITE. ALÉM DISSO, TEM VITAMINAS C E A, POTÁSSIO, CÁLCIO E FIBRAS.

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Corte o brócolis e coloque numa frigideira com o azeite

por alguns minutos. Acrescente o caldo, sal e a noz-mos-

cada moída. Deixe cozinhar em fogo baixo por uns 10 mi-

nutos. Depois de frio, leve ao processador até formar um

purê. Bata bem os ovos, acrescente o creme e misture tudo

muito bem. Ponha a mistura em vidro refratário untado

ou em fôrma. Leve ao forno em banho-maria por aproxi-

madamente 40 minutos. Sirva quente ou frio, guarneci-

do por queijo tipo quark com nozes por cima.

300 G DE BRÓCOLIS

1 COLHER DE AZEITE

200 ML (3/4 DE XÍCARA) DE CALDO DE

LEGUMES OU ÁGUA

NOZ-MOSCADA MOÍDA

SAL / 2 OVOS

¼ DE XÍCARA DE CREME OU NATA

4 COLHERES DE QUEIJO TIPO QUARK

1 COLHER DE NOZES PICADAS

Berinjela GrelhadaMousse de Brócolis

Sabor

24 Estilo Zaffari

3 BERINJELAS MÉDIAS

1 CEBOLA PICADA

2 A 3 COLHERES DE FARINHA DE ROSCA CASEIRA

3 TOMATES SEM PELE E SEM SEMENTES

1 PIMENTÃO VERMELHO BEM PICADO

100 G DE AZEITONAS PRETAS PICADAS

2 COLHERES DE PARMESÃO

AZEITE / SAL

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Page 21: Revista Estilo 31

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Page 22: Revista Estilo 31

Sabor

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Page 23: Revista Estilo 31

4 FILÉS DE PEITO DE FRANGO (SEM OSSO)

1 COPO DE VINHO BRANCO

2 DENTES DE ALHO AMASSADOS

4 FOLHAS DE SÁLVIA

SAL / 1 MANGA

AZEITE

PAPEL-MANTEIGA / PAPEL-ALUMÍNIO

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Tempere bem os filés de peito de frango e deixe marinando (no

vinho branco com alho) por pelo menos 1 hora. Corte a manga em

tiras finas. Coloque as tiras de manga e as folhas de sálvia sobre

os filés de peito e enrole um a um, envolvendo em papel-manteiga

e depois em papel-alumínio. Leve ao forno por uns 20 minutos.

Deixe esfriar, abra os rolinhos e fatie. Sirva quente ou frio.

A CARNE DE FRANGO É DE FÁCIL PREPARO E FONTE DE PROTEÍNAS. A SÁLVIA É EXCELENTE AUXILIAR NA DIGESTÃO. TAMBÉM É

ANTISSÉPTICA, FUNGICIDA, AJUDA NAS AFECÇÕES DA BOCA, ALÉM DE CONTER ESTRÓGENO. OS PIMENTÕES DÃO COLORIDO AOS

PRATOS E SÃO RICOS EM VITAMINA C E A. AS ALCAPARRAS SÃO BOTÕES DE FLORES, COM PROPRIEDADES DIURÉTICAS, CALMAN-

TES, ANTI-REUMÁTICAS E ANTIARTRÍTICAS.

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Grelhe os pimentões inteiros até ficarem com a casca quei-

mada. Em seguida coloque os pimentões dentro de um

saco plástico e feche bem. Depois de alguns minutos, des-

peje os pimentões em uma vasilha com água e gelo. Deixe

ali por 5 a 10 minutos. Em seguida tire a pele, que, desse

modo, sairá facilmente. Corte os pimentões em tiras, po-

nha numa vasilha juntamente com o sal, o alho, o azeite e

a salsinha. Na hora de servir, misture as alcaparras e jogue

as amêndoas por cima.

Peito de Frango

Recheado com

Manga e Sálvia

Pimentões Amarelos

na Grelha com

Alcaparras

3 PIMENTÕES AMARELOS

1 COLHER (SOPA) DE AZEITE

1 COLHER (SOPA) DE ALCAPARRAS PICADAS

2 COLHERES DE AMÊNDOAS TOSTADAS E PICADAS

1 DENTE DE ALHO MACHUCADO

SAL / SALSINHA

Estilo Zaffari 27

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Page 24: Revista Estilo 31

AQUI O ESPINAFRE ACRESCENTA COR E LEVEZA. ELE É RICO EM FERRO, CÁLCIO, ÁCIDO FÓLICO E FIBRAS, ENTRE TANTAS

OUTRAS PROPRIEDADES. O TOMATE POSSUI VITAMINA C, ALÉM DE CONTER UMA SUBSTÂNCIA CHAMADA LICOPENO, QUE É

UM PODEROSO ANTIOXIDANTE.

Sabor

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Faça um purê das batatas, acrescente a farinha, o ovo, a gema,

o sal e a noz moscada moída até formar uma massa homo-

gênea. Retire bem a água do purê de espinafre e misture a

essa massa. Acrescente queijo ralado para maior consistên-

cia. Faça rolos com a massa e corte os nonhes. Coloque os

nhoques, em porções, numa panela com água fervente e sal.

Quando eles subirem, retire-os com escumadeira e coloque

numa travessa refratária cobrindo com o molho de tomate.

Finalize com o restante do molho, ponha pedaços de queijo

tipo gorgonzola por cima e leve ao forno por alguns minutos.

500 G DE BATATAS COZIDAS COM CASCA

100 G DE FARINHA DE TRIGO

1 OVO / 1 GEMA / SAL / NOZ-MOSCADA MOÍDA

50 G (1/3 DE XÍCARA) DE PURÊ DE ESPINAFRE

2 COLHERES DE QUEIJO PARMESÃO RALADO

100 G DE QUEIJO TIPO GORGONZOLA

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Ponha numa panela azeite e a cebola picada. Deixe dou-

rar, adicionando os tomates sem pele. Mexa, acrescentan-

do um copo de água fervente e o sal, e deixe cozinhar len-

tamente por 10 minutos. Desmanche, com a colher, os pe-

daços de tomates. Retire do fogo e reserve. Este molho

serve de base para inúmeros pratos. Mantém-se bem por

vários dias na geladeira.

MOLHO BÁSICO DE TOMATE

1 LATA DE TOMATES INTEIROS SEM PELE

1 CEBOLA PICADA

2 COLHERES DE AZEITE

SAL

Nhoque de Espinafre com Molho de Tomate

28 Estilo Zaffari

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Page 26: Revista Estilo 31

Sabor

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Page 27: Revista Estilo 31

A CARNE DE PEIXE É BENÉFICA E MUITO SAUDÁVEL. ALÉM DE SER UMA ÓTIMA FONTE DE PROTEÍNAS, É RICA EM POTÁSSIO,

CÁLCIO, VITAMINAS, ESPECIALMENTE A DO SALMÃO, QUE APRESENTA O ÔMEGA 3, UM IMPORTANTE ÓLEO NO COMBATE A

DOENÇAS CARDIOVASCULARES. ALÉM DISSO, PREPARAR ALIMENTOS NA GRELHA É MUITO MAIS SABOROSO E MENOS CALÓRICO.

AS ERVAS FRESCAS SÃO RICAS EM VITAMINAS E SAIS MINERAIS. A COMBINAÇÃO DESSES VÁRIOS INGREDIENTES É MUITO

SAUDÁVEL E SERVE TAMBÉM COMO CONSERVANTE NATURAL.

Filé de Salmão Grelhado com Salsa Verde

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Pique todos os ingredientes, ou ponha no processador, e

por fim adicione o azeite e a mostarda. Sirva ao lado ou

sobre o peixe.

4 FILÉS DE SALMÃO FRESCO

SAL

LIMÃO

1 DENTE DE ALHO AMASSADO

2 COLHERES DE AZEITE

SALSA VERDE

1 MOLHO DE SALSINHA (SÓ FOLHAS)

1 MOLHO DE MANJERICÃO (FOLHAS)

1 PUNHADO DE FOLHAS DE HORTELÃ

1 FILÉ DE ALICHE LAVADO

2 COLHERES DE ALCAPARRAS, LAVADAS

1 COLHER (SOPA) DE VINAGRE DE VINHO

3 A 4 COLHERES (SOPA) DE AZEITE

1 COLHER PEQUENA DE MOSTARDA

2 DENTES DE ALHO / 1 PITADA DE SAL

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Misture todos os temperos e passe nos filés de salmão.

Em seguida, coloque os filés sobre uma grelha bem quen-

te. Deixe 5 minutos de cada lado, ou até a superfície ficar

bem dourada, e sirva com salsa verde.

Estilo Zaffari 31

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Page 28: Revista Estilo 31

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Page 29: Revista Estilo 31

Sabor

Suflê de Maracujá

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Tire a polpa do maracujá, bata no liquidificador rapida-

mente. Coe até conseguir a medida necessária. Bata bem

as gemas com metade do açúcar. Acrescente o suco de ma-

racujá. Bata bem as claras em neve e acrescente a outra

metade do açúcar. Misture com cuidado as claras com as

gemas batidas. Leve a uma fôrma ou travessa de suflê unta-

da com manteiga e pulverizada com açúcar, e cozinhe em

banho-maria por 10 minutos no topo do fogão. Retire a

fôrma do banho-maria e asse em forno médio, pré-aqueci-

do, por uns 30 minutos. Sirva imediatamente e, com uma

peneira, pulverize o açúcar confeiteiro por cima.

Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:Modo de fazer:

Bata a polpa de manga no liquidificador, com as raspas de

gengibre, e depois passe tudo numa peneira, acrescentan-

do o açúcar. Dissolva a gelatina conforme instruções e jun-

te à manga. Combine o iogurte desnatado com as claras em

neve e misture tudo muito bem. Teste o açúcar. Junte tudo,

misture e coloque em uma travessa apropriada. Leve à ge-

ladeira por algumas horas. Enfeite com folhas de hortelã.

3 GEMAS

200 G DE AÇÚCAR (2/3 DE XÍCARA)

140 ML (½ XÍCARA) DE SUCO DE MARACUJÁ

(6 A 8 FRUTAS)

6 CLARAS BATIDAS

1 COLHER DE MANTEIGA

1 COLHER DE AÇÚCAR CONFEITEIRO

O MARACUJÁ É UMA FRUTA PERFUMADÍSSIMA E RICA EM VITAMINAS C, A, B1 E B2. CONTÉM FÓSFORO, CÁLCIO E FERRO, ALÉM DE

SER UM TRADICIONAL CALMANTE. A MANGA É UMA FRUTA RICA EM VITAMINAS A E C, E DO COMPLEXO B. CONTÉM TAMBÉM

POTÁSSIO E UM POUCO DE FÓSFORO, MAGNÉSIO E FERRO. É UM ALIMENTO COMPLETO E SABOROSO.

400 G DE POLPA DE MANGA

1 COPO DE 200 ML DE IOGURTE DESNATADO

1 ENVELOPE DE GELATINA SEM SABOR (12 G)

3 CLARAS BATIDAS EM NEVE

3 COLHERES (SOPA) DE AÇÚCAR

RAMOS DE HORTELÃ (OPCIONAL)

RASPAS DE GENGIBRE FRESCO

Mousse de Manga

32 Estilo Zaffari

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Page 30: Revista Estilo 31

Bem Viver

Pequenos cuidados, memória de elefante

ESQUECEU?!?

No corre-corre do dia-a-dia, milhares de pessoas aca-

bam esquecendo onde colocaram os óculos, onde estão as

chaves do carro ou até mesmo em que local do estaciona-

mento está o seu próprio carro !!!

No nosso cotidiano a memória tem papel fundamen-

tal. Estima-se que o ser humano possua capacidade de ar-

mazenar BILHÕES de informações. Diante de tanta infor-

mação, pequenos esquecimentos são considerados normais

e aceitáveis, e por muitas vezes até motivos de piada, mas

quando estes começam a prejudicar nos estudos, no traba-

lho, nos relacionamentos sociais e, até mesmo, começam a

pôr em risco a integridade física de seu portador e seus fa-

miliares, aconselha-se buscar orientação de um especialis-

ta, pois muitas vezes o déficit de memória é o primeiro si-

nal de alerta de que algo não vai bem no nosso cérebro.

Atualmente sabe-se que a memória do indivíduo até

os 70 anos é igual à do adulto jovem. Desta forma, se por

algum motivo estiver ocorrendo perda de memória signifi-

cativa é imprescindível realizar uma investigação para des-

cobrirmos o que está causando este transtorno, com o ob-

jetivo de corrigirmos de pronto para evitarmos futuras com-

plicações, já que existem doenças importantes como: De-

pressão, Distúrbios do Sono, Transtorno de Déficit de Aten-

ção, Doenças Vasculares Cerebrais e Alzheimer, que po-

dem estar associadas a este sintoma.

Sabe-se que o esquecimento que ocorre no envelhe-

cimento normal é leve e não compromete as atividades

diárias. Já os esquecimentos mais significativos devem ser

avaliados por um especialista munido de exames específi-

cos, como, por exemplo, o exame Neuropsicológico, que é

realizado no consultório e que fornece dados precisos so-

bre todas as funções cerebrais, como: memória, percepção,

atenção, concentração, raciocínio abstrato, fala escrita, bem

como, sobre a personalidade e o emocional que tanto in-

terferem no desempenho intelectual do paciente. (Segun-

do o Centro de Pesquisa em Doenças Neurodegenerativas

do Canadá, o exame Neuropsicológico é capaz de detectar

indicadores alterados de memória e atenção em até 2 anos

antes da Doença de Alzheimer se manifestar.)

Mas é importante salientar que o fundamental para

um bom funcionamento da memória é a prevenção. Aqui

seguem algumas dicas para manter a sua memória afiada:

Preste bastante atenção às informações que receber.

Pois sem atenção o mecanismo de fixação do conhecimen-

to não funciona:

Tenha uma boa noite de sono, faça atividades físicas e

mantenha a alimentação e o peso equilibrados.

Pratique atividades que exijam concentração e raciocí-

nio, tais como ler, resolver palavras cruzadas, jogar xadrez...

Utilize técnicas de memorização realizando associações

entre o que deseja lembrar e algo que você já sabe.

Procure fazer cálculos de cabeça antes de recorrer ao pa-

pel ou a calculadora

Atualize-se. Vá ao teatro, cinema, shows, exposições, etc.

Observe tudo e depois comente com alguém a respeito.

Procure aprender novos idiomas, novas receitas, realizar

novas atividades, ou seja, novas aprendizagens.

J O R G E C U R I A F I L H O

JORGE CURIA FILHO É NEUROLOGISTA,

PÓS-GRADUADO EM NEUROPSICOLOGIA

34 Estilo Zaffari

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Page 31: Revista Estilo 31
Page 32: Revista Estilo 31

Saúde

Orgânicos:MAIS SABOR, COR E NUTRIENTES A

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Page 33: Revista Estilo 31

vida no prato

P O R P A U L A T A I T E L B A U M F O T O S E D U A R D O I G L E S I A S

S. ALIMENTOS ORGÂNICOS SÃO O MÁXIMO

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Page 34: Revista Estilo 31

Porto Alegre, sábado de manhã, feira de produtos

orgânicos. Paro pra comprar maçãs e começo a conversar

com o senhor que me atende. Seu Romeu Righs é um pe-

queno produtor da serra gaúcha e me conta que, pra ga-

rantir que sua safra não fosse destruída pela mosquinha

que ataca as frutas, ele e a família ensacaram 170 mil ma-

çãs no pé. Uma por uma, eles foram protegendo as maçãs

com saquinhos de papel. Eu devo ter feito uma cara de

quem não estava acreditando, pois ele logo completou: “É

o sistema da Nona, o melhor que existe”. Segui meu cami-

nho pensando que orgânicos são isso: alimentos que pare-

cem ter saído da horta das avós de antigamente.

Nada além de nutrientes

Na verdade, orgânico é todo alimento que não con-

tém qualquer espécie de aditivo químico. Não tem

herbicida, nem fertilizante, muito menos hormônio ou

droga veterinária. Isso quer dizer que a lista não se limita

a frutas, legumes e verduras. Até a carne e o leite podem

ser orgânicos, desde que os animais sejam tratados com

homeopatia e fitoterapia. O veterinário e homeopata

Adriano Echevarne foi um dos pioneiros neste tipo de

tratamento em rebanhos bovinos e ovinos no Rio Gran-

de do Sul. “Além de o produto ficar íntegro, leite com

gosto de leite, carne com gosto de carne, tem toda a ques-

tão do animal ser tranqüilo, e isso melhora o produto con-

sideravelmente.” Entre as várias propriedades que aten-

de, Adriano é o veterinário responsável pelo Sítio Pé na

Terra, que fica na Lomba Grande, em São Leopoldo.

Talvez por causa do nome, eu estava imaginan-

do que o Pé na Terra fosse uma daquelas comunida-

des hippies dos anos 70. Ledo engano. Lá, encontrei

equipamentos modernos para pasteurização do leite e

armazenagem dos produtos. O carro-chefe da produ-

ção são os laticínios e a padaria. “O leite aqui é vivo”,

diz Adriana Kraemer, que é a responsável pelo desen-

volvimento de produtos. Adriana procura ouvir os

consumidores que encontra nas feiras ecológicas das

OS ORGÂNICOS NÃO CONTÊM ADITIVOS QUÍMICOS,

38 Estilo Zaffari

Saúde

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Page 35: Revista Estilo 31

quais participa. “Estamos desenvolvendo uma linha

de produtos para criança, pois percebemos que os pais

têm uma grande preocupação com a alimentação dos

seus filhos.” Além dos queijos, iogurtes, pães e biscoi-

to, agora o Pé na Terra tem picolé e sorvete orgânico

pra gurizada. Aproveitando esse gancho, fui atrás da

opinião médica. Perguntei à doutora Elza de Mello,

membro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do

Sul, se está provado que criança que consome orgâni-

co é mais saudável. Segundo ela, não há comprova-

ção científica de que os orgânicos são melhores para

a saúde. Perguntei então sobre as alergias e ela disse

que algumas crianças são alérgicas a agrotóxicos e

aditivos (muitas vezes sem que os pais percebam) e,

neste caso, os orgânicos são uma ótima alternativa.

A doutora Elza lembrou ainda que, por serem mais

gostosos, os alimentos orgânicos fazem com que a cri-

ança tenha mais vontade de comer frutas, verduras e

legumes.

Por um mundo melhor

Na Alemanha, 44% das crianças de 0 a 7 anos só

consomem produtos orgânicos. No Reino Unido, cerca

de três quartos das famílias compram algum alimento

orgânico durante o ano. Além de a oferta ser maior, na

Europa o pessoal ganha bem e isso conta na hora de

escolher os alimentos. Isso porque, normalmente, quan-

do o produto não tem aditivo químico ele custa um pou-

quinho mais. A Horta & Arte é o maior produtor de

hortaliças sem aditivos do Brasil. O engenheiro agrôno-

mo Filipe Feliz Mesquita é quem está à frente dessa em-

presa, ou melhor, desse ideal. Questionei por que os or-

gânicos são mais caros. Ele me explicou que, enquan-

to em 1 hectare de hortaliça convencional são emprega-

das duas pessoas para serem feitos os tratos culturais, na

mesma área de horticultura orgânica é preciso haver

oito pessoas. Como na Europa o poder aquisitivo da

população é maior, este também é um dos motivos pe-

los quais os orgânicos são mais consumidos por lá.

SÃO SAUDÁVEIS E O MEIO AMBIENTE AGRADECE

Estilo Zaffari 39

82540_organicos.p65 3/3/05, 7:48 PM5

Page 36: Revista Estilo 31

Apesar de as verduras, legumes e frutas serem os

mais populares no mundo dos orgânicos, a lista de

compras pode ser bem maior. Tem bala, geléia, arroz,

açúcar, suco, cerveja, azeite de oliva, café, vinho e até

ração de cachorro orgânica.

Para serem vendidos em supermercados, eles pre-

cisam ter a certificação do Instituto Biodinâmico –

IBD. Isto ajuda o consumidor a identificar os orgânicos,

mas também gera uma taxa sobre o preço final do pro-

duto, o que encarece um pouco esses alimentos. Para

poder exportar é necessário ter o certificado. O selo

do IBD é um atestado de que a empresa se preocupa

com a questão social, com a saúde do consumidor e

com a preservação do meio ambiente. Na minha opi-

nião, isso só reforça que trabalhar com orgânicos não

é pra quem quer lucro rápido, e sim pra quem deseja

um mundo melhor. Helio da Silva é diretor comercial

da Native, empresa brasileira com sede em São Paulo

e maior produtora e exportadora de açúcar orgânico

do mundo. “A opção pelos orgânicos tem a ver com a

vontade de preservar o meio ambiente e melhorar a

saúde do ser humano. Eu me sinto um aliado da natu-

reza”, diz Helio.

Cooperativa ecológica

Porto Alegre tem uma cooperativa ecológica que,

há 27 anos, trabalha com a conscientização dos peque-

nos produtores gaúchos em relação à agricultura orgâ-

nica. O pessoal organiza feiras ecológicas, oferece um

entreposto de produtos naturais e ainda tem o restau-

rante vegetariano, que funciona diariamente. Hoje, já

são cerca de 600 famílias associadas, cultivando orgâ-

nicos em 32 municípios do estado. Conversei com

Herta Karp Wiener, nutricionista e uma das fundado-

ras da cooperativa. Aos 82 anos, essa simpática polo-

nesa radicada no Brasil oferece atendimento

nutricional e me conta que muitos que a procuram che-

gam por orientação médica (de médicos alopatas). “Está

Saúde

O MERCADO MUNDIAL DE ALIMENTOS ORGÂNICOS

40 Estilo Zaffari

82540_organicos.p65 3/3/05, 7:47 PM6

Page 37: Revista Estilo 31

provado que o agrotóxico ataca o nosso organismo.

Ele é cumulativo e responsável por pedras na vesícula,

gota, artrite, além de diminuir a imunidade”, ela diz.

Segundo Dona Herta, as pessoas deveriam experimen-

tar consumir mais orgânicos por um tempo para sen-

tir a diferença no próprio organismo.

Ok, ok, eu sei que é quase impossível a gente

se alimentar só com produtos desse tipo. Não adi-

anta pirar na batatinha orgânica. A questão é que a

opção por diversos produtos está aí – nas feiras, no

supermercado, na hortinha que você pode fazer no

fundo do quintal. Eu, na medida do possível, estou

tentando. O que acontece é que de vez em quando

procuro e não encontro laranja. Daí percebo que

não está na época da laranja. Ou vou atrás de toma-

te e descubro que não é tempo de tomate. Que saco,

penso... Daí me dou conta da loucura: a gente aca-

ba se acostumando com a falta de naturalidade do

mundo.

O VERDADEIRO GOSTO DOS ALIMENTOS, POIS ELES AMADU-

RECEM NO TEMPO CERTO E NÃO CONTÊM NADA ALÉM DOS

NUTRIENTES.

QUE É ÓTIMO COMER A CASCA DE CERTAS FRUTAS, COMO A

MAÇÃ, POR EXEMPLO. ELAS SÃO RICAS EM FIBRAS.

QUE A MAIORIA DAS PESSOAS, QUANDO SE ACOSTUMA COM

OS ORGÂNICOS, PASSA A NÃO COMER MAIS OS ALIMENTOS

“ADITIVADOS”.

QUE, NO BRASIL, ESTIMA-SE QUE A PRODUÇÃO ORGÂNICA

MOVIMENTE ENTRE US$ 90 MILHÕES E US$ 150 MILHÕES POR

ANO. MESMO ASSIM, NO BRASIL, MENOS DE 1% DAS TERRAS

CULTIVADAS GERA ALIMENTOS LIVRES DE AGROTÓXICOS.

QUE A MAIOR FEIRA DE PRODUTOS ORGÂNICOS DO MUNDO É

A BIOFACH. TODOS OS ANOS, EM FEVEREIRO, EXPOSITORES

VINDOS DE DIFERENTES CONTINENTES REÚNEM-SE EM NUREM-

BERG, NA ALEMANHA. EM 2005, O BRASIL FOI O PAÍS TEMA DO

EVENTO.

MOVIMENTA CERCA DE US$ 23,5 BILHÕES AO ANO

AO ENTRAR NO MUNDO DOS

ORGÂNICOS VOCÊ DESCOBRE:

Estilo Zaffari 41

82540_organicos.p65 3/3/05, 7:47 PM7

Page 38: Revista Estilo 31

Bom conselho

P O R M A L U C O E L H O

TENHA UMA BOA REFEIÇÃO SAUDÁVEL DE ORGÂNICOS AO NATURAL!

GUARDE ESSAS DICAS

DEIXE OS VEGETAIS NA GELADEIRA POR PELO MENOS DUAS HORAS ANTES DE LAVAR. SE LAVÁ-LOS AO

CHEGAR DO SUPERMERCADO, ESTARÁ FAZENDO COM QUE O ALIMENTO ABSORVA A ÁGUA. DEPOIS, DEIXE-OS DE

MOLHO POR CINCO MINUTOS EM UMA SOLUÇÃO COM 50 ML DE VINAGRE PARA 1 LITRO DE ÁGUA.

USE ÁGUA CORRENTE PARA A LIMPEZA. ESCOVE OS LEGUMES EM ÁGUA CORRENTE. NESTE CASO, A SOLUÇÃO

DE VINAGRE NÃO É INDICADA, POIS PODE DEIXAR GOSTO.

FRUTAS E VERDURAS TÊM BOA DURABILIDADE QUANDO GUARDADOS NOS LOCAIS INDICADOS NA SUA

GELADEIRA, ACONDICIONADOS EM SACOS PLÁSTICOS TRANSPARENTES.

Às vezes passamos por um pequeno dilema em frente à seção de produ-

tos orgânicos do supermercado. É aquela dúvida: será que realmente são mais

saudáveis? Pois a verdade é que, comprovadamente, são. É sabido que con-

centram mais vitaminas, açúcares e sais minerais que os outros alimentos

produzidos com os métodos tradicionais da atualidade.

É fácil encontrá-los nos supermercados Zaffari: os alimentos orgânicos

são todos certificados, possuem etiqueta de identificação e espaço reservado, com

fácil localização.

Para ser orgânico não basta ter sido cultivado sem adubo químico ou

agrotóxico. São necessários sérios procedimentos de produção, de projetos

sociais e preservação do meio ambiente.

O consumidor que prefere produtos orgânicos colabora com a natureza,

com a melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos no processo de

produção e, acima de tudo, leva para a mesa excelente qualidade.

Mas não esqueça que o preparo e o armazenamento são muito importan-

tes na preservação das características nutricionais dos produtos orgânicos. Fi-

que atento, também, ao modo de preparo das verduras e legumes, para não

perder nutrientes durante o processo de cozimento. Dê preferência para pra-

tos que valorizem os alimentos consumidos ao natural.

Saiba que você pode aproveitar até mesmo as cascas dos alimentos orgâ-

nicos, pois elas não oferecem nenhum tipo de risco para sua saúde. Aproveite,

prepare com elas cremes, sucos, doces, sorvetes, sobremesas e todo tipo de

receita que sua imaginação puder criar.

ESPAÇO DOS ORGÂNICOS

42 Estilo Zaffari

82540 bom conselho.p65 3/1/05, 7:19 PM1

Page 39: Revista Estilo 31
Page 40: Revista Estilo 31

O sabor e o saber

F E R N A N D O L O K S C H I N

Mesmo apreciando certas frutas silvestres, os

chipanzés evitam comê-las enquanto maduras. Esperam até

que se deteriorem e tenham o açúcar transformado em ál-

cool para ingeri-las e usufruírem o seu efeito inebriante.

Os chipanzés trocam o sabor da fruta pela intoxicação do

álcool, sacrificam a gula pela bebida.

Os gambás, o nome está a dizer, a maneira de capturá-

los é usando uma bebida alcoólica como chamariz. Há muitos

exemplos de animais, até mesmo cavalos e jumentos, que sem-

pre que possível recorrem ao álcool. É como se os seres vivos

necessitassem da água para viver e do álcool para festejar.

Mais do que os outros primatas, o homem é propenso a

gostar de álcool. Parece um traço genético, pois é universal:

não há cultura que, aproveitando os recursos de seu ambien-

te, não disponha de uma bebida para uso festivo ou religioso.

Não há exceções e é assim desde a Pré-História. Os

hominídeos, como os chipanzés, embebedavam-se com fru-

tas, grãos e mel fermentados. Com o tempo, todo tipo de

matéria orgânica foi utilizada, desde a banana até a casca

de batata. O índio brasileiro produz cauim fazendo com que

as mulheres mastiguem e regurgitem mandioca: as idosas e

de piores dentes, por terem mais bactérias na boca.

Uma substância rara, “guardada escondida pela na-

tureza”, a produção de álcool por fermentação foi a pri-

meira das indústrias.

Além de bálsamo para o cotidiano, o álcool era ques-

tão de sobrevivência: no frio o álcool evita o congelamen-

to e dá calorias, no calor é um desinfetante, impede a con-

taminação da água: os germes, como as moscas, não gos-

tam de álcool. Tempos sem cloro e esgoto, as sociedades

que prosperaram foram as que criaram maneiras de ingerir

água ou fervida (mate, café, chá) ou mesclada a álcool (cer-

veja, vinho, saquê) como forma de evitar infecções.

Tal a pólvora e o vírus, o álcool foi também uma arma:

Manhattan é um termo iroquês que significa “local da gran-

de bebedeira” – naquela ilha, os ingleses deram um porre

nos índios a fim de subjugá-los.

VITELA MALGARIN

O vinho filosofa, a cerveja ri

Alguns estudiosos sugerem que a agricultura surgiu para

que se tivessem bastantes grãos primeiro para produzir álco-

ol e só depois para alimento. A bebida teve precedência so-

bre a comida. A cevada foi a pioneira dos cereais e a cerveja,

a pioneira das bebidas, nascida antes mesmo que o pão.

O próprio pão fermentado surgiu no Egito como um

acidente de cozinha: a contaminação da massa de pão pelo

levedo da cerveja. Séculos depois, os gauleses e ibéricos

faziam os pães crescerem derramando a espuma da cerveja

que bebiam na massa que sovavam.

O fato é que agricultura, pão e cerveja formam uma

unidade em que se aplica a famosa questão de Henry Ford:

qual o pé mais importante em um banco de três pés?

A cerveja é longeva como a civilização. O primeiro

texto conhecido, Gilgamesh, fala de uma arca, de muita

chuva e cerveja. A mais antiga das receitas não é de comi-

da, é de cerveja, e o Museu Metropolitano de NY exibe

um inscrição sumeriana que lista 14 tipos diferentes. Na

Babilônia, o código de Hamurabi fazia a defesa do consu-

midor prevendo ao adulterador da cerveja a pena de mor-

te por afogamento (em água...).

Dádivas do Nilo, o Egito abastecia o mundo antigo

de trigo e cerveja. Localmente, o dia-a-dia se embebia de

cerveja: os nomes são ingleses, mas o happy hour e as

beerhouses são instituições egípcias. A cerveja, criação de

Osíris, era o único presente digno para o faraó: os preten-

dentes às suas filhas ofereciam dotes em cerveja.

Na Judéia conquistada, os rabinos bebiam vinho, mas

os pobres, como eram Jesus e os seus seguidores, bebiam

cerveja. Há quem sugira que nas bodas de Canaã o milagre

da transformação da água em vinho surgiu de um erro de

tradução: Jesus teria transformado água em cerveja...

Embora César cruzando o Rubicão (49 A.C.) brin-

dasse seus centuriões com cerveja, os romanos se mantive-

ram fiéis ao vinho. Mesmo assim, teriam sido suas legiões

que levaram a cerveja (55 A.C.) até os povos germânicos,

dos quais a bebida se tornou símbolo.

44 Estilo Zaffari

82540 sabor e o saber.p65 3/1/05, 10:06 PM2

Page 41: Revista Estilo 31

RETIRAR A GORDURA E CORTAR UMA PEÇA DE VITELA EM CUBOS. TEMPERAR COM SAL E PIMENTA E DOURAR. JUNTAR

RODELAS DE CEBOLA E ALHO. ACRESCENTAR MOLHO INGLÊS E CERVEJA PRETA. IR REFOGANDO E ACRESCENTAR CERVEJA

BRANCA. ADICIONAR TOMATES PELADOS PICADOS SEM SEMENTES. RETIRAR A CARNE E FERVER O MOLHO POR BOM TEMPO.

ADICIONAR MANJERICÃO E EXTRATO DE TOMATE. FILTRAR E ENGROSSAR O MOLHO SE NECESSÁRIO. QUANDO HOUVER CONSIS-

TÊNCIA, DEVOLVER A CARNE. ACRESCENTAR MEL E AMÊNDOAS PICADAS. FERVER UM POUCO MAIS E MISTURAR NATA.

Estilo Zaffari 45

82540 sabor e o saber.p65 03/03/05, 13:533

Page 42: Revista Estilo 31

O sabor e o saber

F E R N A N D O L O K S C H I N

Os exércitos recebiam provisões em pão com cerveja

ou vinagre para purificar a água. Por isto o legionário romano

tinha vinagre para oferecer a Jesus e piorar seu tormento.

À medida que o cristianismo se alastrava, foi incor-

porando, disseminando e aprimorando a cerveja. Não é à

toa que Munique (Ger. München), a capital mundial da cer-

veja, quer dizer ‘monastério’. Todo o mosteiro sem a geogra-

fia ou o dinheiro para fazer vinho, fazia cerveja.

Numa rotina de jejuns, a cerveja aplacava a fome;

numa rotina de carne e peixe salgados, de rezas e cânticos

intermináveis, a cerveja aplacava a sede. Para os cínicos, a

cerveja seria responsável por muitas vocações religiosas...

O clero foi precursor da indústria e comércio de bebi-

das. Os mosteiros espalhados pelo mundo, com a obrigação

de dar abrigo aos peregrinos, criaram todas as bases do turis-

mo moderno: hotel, taberna, agência de viagem e até a polí-

cia rodoviária.

Santa Hildegarda misturou o lúpulo do jardim do con-

vento para clarificar e preservar a cerveja, e São Arnaldo

usou o filtro do apiário do mosteiro para melhor refiná-la.

Há dezenas de santos cervejeiros, mais ainda há mila-

gres: transformação de água de banho em cerveja, multipli-

cação de barris e canecos, curas de leprosos, apagamentos

de incêndios, controles de pragas, brindes conversores de

multidões, etc. Santo Agostinho, que nas suas “Confissões”

revelava um passado literalmente mergulhado no binômio

mulheres&bebidas (“Dai-me a continência e a castidade.

Mas não agora”), tornou-se um patrono da cerveja.

Além dos santos havia demônios: muitas mulheres

foram queimadas como “bruxas da cerveja” acusadas de

enfeitiçar barris e evitar a fermentação.

Uma descrição elogiosa, a palavra latina para ‘cerve-

ja’ cervisia (Ceres, ‘deusa dos cereais’; vir, ‘força, virtude’) só

deixou descendência no espanhol e português. Os outros

idiomas latinos absorveram a raiz germânica: o It. birra e o

F. biére são afins ao Ger. bier e do I. beer (do L. biber, ‘beber’,

ou do H. bre, ‘cevada’).

A cerveja se mesclou de tal forma aos hábitos da Eu-

ropa do Norte, que o desjejum da Rainha Elizabeth I (séc.

XVI) era pura cerveja, o de boa parte de sua corte e súdi-

tos também. Não é de estranhar se pensarmos na cerveja

de então como granola rala empapada em água e álcool.

Os mestres cervejeiros alemães testavam a qualida-

de do produto com os fundilhos. Despejavam cerveja num

estrado e sentavam em cima; ao levantar, a mancha for-

mada informava a consistência da bebida.

A cerveja chegou no Brasil de dois modos: era a be-

bida predileta dos holandeses que invadiram Pernambuco

(séc. XVII) e do rei português D. João VI, que se refugiou

de Napoleão no Rio de Janeiro (1808).

A tradição pioneira da cerveja persiste. Boa parte do

trabalho de Pasteur tinha a finalidade de melhorar a cer-

veja francesa em relação à alemã – a cerveja foi pasteuriza-

da (1864) 22 anos antes do leite! Os compressores de re-

frigeração foram desenvolvidos para as cervejarias (1870)

e só depois passaram aos frigoríficos.

O bife de Kobe é feito de reses massageadas com saquê

e alimentadas com cerveja, procedimentos que deixam a

carne especialmente macia, saborosa e... “salgada”: o bife

custa lá mais do que o boi aqui.

Campeã do copo, a cerveja passou ao prato; bebida e

comida se misturando antes da barriga, na panela. São cente-

nas de pratos em que a cerveja tempera o alimento. Na

Alsácia, Bélgica e Alemanha, a cerveja é a bebida e o molho.

Realidade não se lava com água, mas se dilui no ál-

cool. Nas veias da História corre cerveja, exemplo de como

a grandeza pode ser simples e acessível. Dizia São Arnaldo,

a cerveja nasce pelo suor do homem e do amor de Deus.

Se o vinho tende à cerimônia, a cerveja é descontração; se

o vinho pode ser pretensioso, a cerveja é humilde; se o

vinho filosofa, a cerveja ri.

Ao pé da letra, extrovertido (extra vertere) é o mesmo

que derramado. Cerveja, bebida que deixa os problemas

tão consistentes como sua espuma.

FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET

[email protected]

82540 sabor e o saber.p65 03/03/05, 13:534

Page 43: Revista Estilo 31
Page 44: Revista Estilo 31

Lugar

82540 viagem paris.p65 02/03/05, 19:272

Page 45: Revista Estilo 31

T E X T O S E I L U S T R A Ç Õ E S N I K

Par s

Encontrando

NUM ÔNIBUS DE LINHA, O MOTORISTA FALAVA ANIMADAMENTE NO MICROFONE SOBRE CADA LUGAR EM QUE PASSAVA,

INTERCALANDO COMENTÁRIOS E BRINCADEIRAS. “AQUI O MUSEU, MAIS ATRÁS A SORBONNE E LOGO ADIANTE A PONTE

ST. MICHEL, CRUZANDO O SENA. HOJE ESTÁ UM BELO DIA PARA UM PASSEIO DE BATEAU MOUCHE, NÃO?”. A DISCRIÇÃO

FRANCESA DOS PASSAGEIROS — PARISIENSES EM SUA MAIORIA — NÃO ERA SUFICIENTE PARA CONTER OS SORRISOS.

NAQUELE MOMENTO, TODOS ERAM TURISTAS NO ÔNIBUS 27, CIRCULANDO POR ESSA CIDADE QUE TEM UM POUCO DE

TUDO: SEJAM OS MITOS E A HISTÓRIA QUE A ENVOLVE OU A REALIDADE COTIDIANA, QUE A TORNA IRRESISTÍVEL.

82540 viagem paris.p65 02/03/05, 19:273

Page 46: Revista Estilo 31

Lugar

O BAIRRO SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS É O MELHOR

CENÁRIO PARA O ÓCIO, VELHO HÁBITO PARISIENSE

82540 viagem paris.p65 3/1/05, 6:32 PM4

Page 47: Revista Estilo 31

REFINADO E ELEGANTE, O BAIRRO SAINT-GERMAIN-DES-

PRÉS É HOJE UM LUGAR PARA QUEM ESTÁ EM BUSCA DO ÓCIO.

OS PRÓPRIOS PARISIENSES TÊM ESSE SALUTAR HÁBITO E POR

LÁ PASSEIAM NOS SÁBADOS À TARDE, EM BUSCA DOS NECES-

SÁRIOS CLICHÊS DA VELHA PARIS.

O BAIRRO ESTÁ REPLETO DE ATRAÇÕES, COMO O MUSEU

D´ORSAY, A ESCOLA DE BELAS ARTES, O RIO SENA, O BOULEVARD

SAINT-GERMAIN, O JARDIM DE LUXEMBURGO, E É RECHEADO DE

LIVRARIAS, ANTIQUÁRIOS, GALERIAS DE ARTE PARA TODOS OS

GOSTOS. ALÉM DE HISTÓRIA, MUITA HISTÓRIA A SER DESCOBER-

TA ENTRE UM CAFÉ E OUTRO. EM FRENTE À IGREJA MAIS ANTIGA

DE PARIS, QUE NOMEIA O BAIRRO, ESTÃO OS DOIS CAFÉS VIZI-

Estilo Zaffari 51

82540 viagem paris.p65 3/1/05, 6:32 PM5

Page 48: Revista Estilo 31

NHOS, O FLORE E O DEUX MAGOTS, QUE SERVIRAM DE PONTO DE

ENCONTRO PARA POETAS, PINTORES E FILÓSOFOS. GENTE COMO

SARTRE E SIMONE DE BEAUVOIR, QUE NAS DÉCADAS DE 40 E 50

TRANSFORMARAM SUAS MESAS EM UM ESPAÇO DE PENSAMEN-

TO E DISCUSSÃO. EM MAIO DE 1968, A ALGUMAS QUADRAS DALI,

UM GRUPO DE ESTUDANTES E OPERÁRIOS USOU COMO QG O

TEATRO ODEON, NUM DOS IMPORTANTES MOMENTOS DA HISTÓ-

RIA REVOLUCIONÁRIA DA FRANÇA. NADA DESTOA, JÁ QUE ESTA-

MOS QUASE AO LADO DO LE PROCOPE, BISTRÔ COM SEUS MAIS

DE TREZENTOS ANOS, OUTRORA FREQÜENTADO PELO ILUSTRE

PROVOCADOR VOLTAIRE. ALI A HISTÓRIA DEIXOU MARCAS, LEM-

BRANÇAS, MAS SEUS CENÁRIOS SEGUEM SENDO LUGARES RE-

PLETOS DE VIDA. A HISTÓRIA CONTINUA SENDO ESCRITA. VISITAR

AS LIVRARIAS DO BAIRRO PODE SER UMA MANEIRA DE RESGATAR

Lugar

NOS CAFÉS, MESAS QUE SE TRANSFORMARAM EM

ESPAÇOS DE PENSAMENTO, CULTURA E DISCUSSÃO

52 Estilo Zaffari

82540 viagem paris.p65 02/03/05, 10:146

Page 49: Revista Estilo 31

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Page 50: Revista Estilo 31

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Page 51: Revista Estilo 31

ESSE LEGADO DEIXADO POR AQUELES QUE VIVERAM PARIS EM

OUTRAS ÉPOCAS. OS LIVREIROS SILENCIOSOS REPRODUZEM A

TRANQÜILIDADE DO PRÓPRIO BAIRRO, EM UM MISTO DE DISCRI-

ÇÃO E CONVITE À LEITURA.

COMO OS LIVREIROS, TAMBÉM OS DESENHISTAS PREFE-

REM AS RUAS SILENCIOSAS E VAZIAS, ONDE SE ESCONDEM DE-

TALHES QUE PODEM REVELAR MUITO MAIS SOBRE A VIDA DE

UM LUGAR. MAS PARIS NÃO É UMA CIDADE QUE SE REVELA

FACILMENTE. FALAR SOBRE SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS É APE-

NAS TRAÇAR LIMITES PARA UMA CIDADE QUASE INDEFINÍVEL,

TALVEZ POR SER TANTAS AO MESMO TEMPO. OLHAR ESSE BAIR-

RO, ANDAR POR ESSAS RUAS É EXPERIMENTAR UMA PARIS EM

MINIATURA. MAS NÃO SE ILUDA: PARIS DEVE SER EXPERIMEN-

TADA AOS POUCOS, EM SEUS MÍNIMOS DETALHES, EM SUAS

NUANCES DE TONS PASTEL, SEUS CAFÉS, E NA DIVERSIDADE DE

SEUS HABITANTES. AS RUAS DE SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS, AO

QUE TUDO INDICA, PODEM SER O LUGAR PERFEITO PARA INICI-

AR ESSAS DESCOBERTAS.

LER É OUTRO VÍCIO

PARISIENSE, MUITO

PRATICADO NAS

LIVRARIAS E PRAÇAS DE

SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS

82540 viagem paris.p65 02/03/05, 18:399

Page 52: Revista Estilo 31

Sabores do

Roteiro

82540 floripa.p65 3/1/05, 6:22 PM2

Page 53: Revista Estilo 31

marPERTINHO DE NÓS, UMA LINDA ILHA. A ILHA DE FLORIANÓPOLIS. REPLETA DE

PRAIAS, LAGOAS, MATA NATIVA, GENTE BONITA. NESTA ILHA, A BOA MESA ENCANTA

AQUELES QUE APRECIAM OS SABORES DO MAR. O AZUL DO OCEANO PRENDE O OLHAR,

O BALANÇO DAS ONDAS EMBALA SONHOS E IDÉIAS, A BRISA MARINHA NOS ACARICIA.

AH! FLORIANÓPOLIS, TERRA PRIVILEGIADA POR TANTAS BELEZAS NATURAIS. SORTE

NOSSA QUE FICA AQUI AO LADO. GANHEI A DELICIOSA MISSÃO DE INVESTIGAR OS

MELHORES RESTAURANTES DE PEIXES E FRUTOS DO MAR DA CAPITAL CATARINENSE.

UMA RESPONSABILIDADE E TANTO. PEÇO PERDÃO ÀS BOAS OPÇÕES QUE FICARAM

DE FORA. MAS GARANTO: AS QUE ESTÃO AQUI SÃO DE ENCHER A BOCA D’ÁGUA.

T E X T O S E F O T O S C R I S B E R G E R

Estilo Zaffari 57

82540 floripa.p65 03/03/05, 14:123

Page 54: Revista Estilo 31

O paladar pede ostras? Então rume para Ribeirão

da Ilha, no sul de Floripa. À beira das águas tranqüilas da

baía está o Ostradamus. Um trapiche de madeira com

passarela em arco e muitas mesas avança rumo ao ocea-

no. O pôr-do-sol é maravilhoso. E depois que as estrelas

chegam ao céu é hora de juntar os amigos, deixar o papo

correr solto e saborear as ostras fresquinhas que são espe-

cialidades da casa. Além de agradar ao paladar, você vai

poder admirar a arquitetura açoriana da região. Ribeirão

da Ilha é patrimônio histórico de Florianópolis.

O mentor do Ostradamus é o catarinense Jaime

Barcelos. Ele começou vendendo cachorro-quente em

1997. Atento ao movimento de pescadores de ostras

da região, achou que seria uma boa idéia mudar o menu.

Assim, em 1998 as ostras tomaram conta do cardápio.

O restaurante foi crescendo aos poucos e, hoje, tem ca-

pacidade para atender 120 pessoas. Os garçons são tra-

jados de homens do mar. O serviço é de primeira. E as

ostras? Uma delícia. Sempre fresquinhas.

Ostradamus

Roteiro

OSTRAS SEMPRE

FRESQUINHAS

NA BEIRA DO MAR

58 Estilo Zaffari

82540 floripa.p65 03/03/05, 14:124

Page 55: Revista Estilo 31

Um Lugar. O nome não é uma graça? São dois ambi-

entes, um deles ao ar livre. Espere para ver o espaço areja-

do, belo e moderno que a gourmet Tina Bauer preparou para

receber e, por que não dizer, seduzir seus clientes. O melhor:

tudo na medida certa, sem exageros. O endereço é a Lagoa

da Conceição. Os pratos, elaborados com maestria, talento

e intuição. A cada nova estação, um novo cardápio.

A Tina pertence a uma família de grandes chefs. Ela

cresceu ouvindo “Quando faremos o próximo jantar?”. Pe-

gou gosto por receber, pela criação de receitas diferentes e

por brincar com variados sabores e técnicas.

Um Lugar é assim: as paredes branquinhas trazem le-

veza ao ambiente. As mesas são de madeira escura. Folhas

de papel pardo se comportam como jogos americanos. Flo-

res, muitas flores dão um toque primaveril ao ambiente. Por

todo o restaurante, pinturas emprestam um ar artístico a

este adorável Um Lugar. É tão difícil eleger um prato como o

grande sucesso da casa... Vou arriscar um palpite: aposte no

“Robalo grelhado com legumes aromatizados com ervas”.

Um Lugar

UM LUGAR CHEIO

DE CHARME E ALTA

GASTRONOMIA

Estilo Zaffari 59

82540 floripa.p65 3/1/05, 6:23 PM5

Page 56: Revista Estilo 31

Roteiro

O mercado público de Floripa não poderia ficar de

fora. Afinal, são os mercados que revelam a alma de uma

cidade. A pedida por lá é o Box 32. Clima de bar

descontraído. Um grande balcão separa a cozinha das me-

sas. Pelas paredes e prateleiras, quadrinhos com fotos de pes-

soas ilustres que estiveram no Box. Inclusive nosso presi-

dente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Quem dá o tom ao bar é o proprietário, Beto Barreiros.

Além de montar o bar, ele ainda utilizou sua criatividade

(que não é pouca) para desenvolver produtos que levam a

marca Box 32: cachaça, vinho, copinhos, saca-rolhas. Não

há como deixar de trazer um souvenir para casa. No cardá-

pio você encontra desde o pastel de camarão até o nobre

presunto patanegra. Sugiro, sem medo de errar, o “Camarão

Chef Paulo Cordeiro” e as “Vieiras com manteiga e ervas

finas”. Se você pedir algo que não estiver no cardápio, volte

no dia seguinte. O Beto vai dar um jeito de realizar seu de-

sejo. Como ele mesmo diz: no Box não há regras fixas. Baca-

na essa filosofia de vida...

Box 32

JEITO DE BOTECO,

BOA COMIDA

E ALTO-ASTRAL

60 Estilo Zaffari

82540 floripa.p65 03/03/05, 14:126

Page 57: Revista Estilo 31

Kukas Crespo é uma linda portuguesa que fisgou o

coração do brasileiro Pedro Mesquita. Em 2000, eles resol-

veram abrir o restaurante Açor, no sul da ilha, no balneário

de Açores. O pequeno restaurante tem apenas sete mesas

na parte interna. No verão, ganha lugares extras ao ar livre.

O Açor é freqüentado por quem mora em

Florianópolis. Não é um ótimo sinal? O grande sucesso

da casa fica por conta do Bacalhau do Porto, receita de

família. Preparado com nata, batata palha feita à mão,

cebolas e azeite, arrebata os paladares mais exigentes. Li-

gue com quatro horas de antecedência e reserve uma

mesinha. Do que eu mais gostei no Açor – fora o delicio-

so bacalhau, é claro – foi a singela intimidade com que os

clientes são recebidos. A sensação é de um jantar na casa

de amigos. Enquanto o Pedro prepara os drinks, a Kukas

comanda a cozinha. Não é um lugar para se chegar com

pressa. Vá com calma, tranqüilidade e troque dois dedi-

nhos de prosa com ela. Além de excelente cozinheira, a

Kukas é uma simpatia.

Açor

BACALHAU E

AMBIENTE

IMPERDÍVEIS

Estilo Zaffari 61

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Page 58: Revista Estilo 31

Roteiro

AGRADECIMENTO AO APOIO PRESTADO PELA SANTUR E FLORIANÓPOLIS CONVENTION & VISITORS BUREAU

Serviço ENDEREÇOS DOS RESTAURANTES CITADOS E DE OUTROS TAMBÉM DELICIOSOS

AÇOR

RUA WALDEMAR DE MELLO DIAS, 93 – BALNEÁRIO

DOS AÇORES – PÂNTANO DO SUL .

FONE (48) 237.7357

DE QUARTA A SEXTA DAS 18 ÀS 24H. SÁBADO E

FERIADOS DAS 13 ÀS 24H. DOM. DAS 13 ÀS 22H.

BISTROT LE BON VIVANT

RODOVIA DOS INGLESES, 591. KM 1.

FONE: (48) 269.5256

DE SEGUNDA A DOMINGO DAS 20 ÀS 24H.

BOX 32

MERCADO PÚBLICO MUNICIPAL – PARTE INTERNA

BOX 32 – CENTRO. FONE: (48) 224.5588

DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA, DAS 10 ÀS 21H30.

AOS SÁBADOS, DAS 10 ÀS 15H.

CONFRARIA DAS ARTES

RUA JOÃO PACHECO DA COSTA, 31 – LAGOA DA

CONCEIÇÃO. FONE: (48) 232.8512

DE TERÇA A DOMINGO DAS 18 À 1H

D’CÂMPORA

RODOVIA SC – 401 KM 10, 10.300 – SANTO

ANTÔNIO DE LISBOA. FONE: (48)235. 1073

DE TERÇA A SÁBADO DAS 20 ÀS 23H30

MAR MASSAS

RUA LAURINDO JANUÁRIO DA SILVEIRA 3843 –

CANTO DA LAGOA. FONE: (48) 232.6109

DE SEGUNDA À SEXTA DAS 18 ÀS 24H.

SÁBADOS, DOMINGOS FERIADOS DAS 12 ÀS 24H

UM LUGAR

RUA MANOEL SEVERINO OLIVEIRA, 371 – LAGOA

DA CONCEIÇÃO. FONE: (48) 232.2451

DE SEGUNDA A SÁBADO DAS 20 ÀS 24H.

OSTRADAMUS

RODOVIA BALDICERO FILOMENO, 7640 - RIBEIRÃO

DA ILHA. FONE: (48) 337.5711

DE TERÇA A SÁBADO DAS 12 ÀS 23H, DOMINGOS

DAS 12 ÀS 18H.

RESTAURANTE CABRAL

COSTA DO LAGOA – ACESSO DE BARCO PARTINDO

DO PARQUE FLORESTAL DO RIO VERMELHO – RUA

GERAL GOALBERTO SOARES (ENTRADA EM

FRENTE AO CAMPING DA BARRA).

FONE: (48) 9982.9234

DE SEGUNDA A SÁBADO DAS 9 ÀS 17H.

TOCA DA GAROUPA

RUA ALVES BRITO, 178 – CENTRO.

FONE: (48) 223-1220

DE SEGUNDA A DOMINGO DAS 11H45 ÀS 15H E

DAS 19 ÀS 24H. SÁBADO, DOMINGO E FERIADOS

11H45 ÀS 16H E DAS 19 ÀS 24H.

62 Estilo Zaffari

82540 floripa.p65 3/1/05, 6:24 PM8

Page 59: Revista Estilo 31
Page 60: Revista Estilo 31

(con)vivências

Axé music para todos, até para os que não querem ouvi-la

SOB O CÉU DA FERRUGEM

Um dos inúmeros poderes esotéricos que as más

línguas me atribuem é de levar chuva para Santa Catarina.

Tá certo que eu realmente tenho no meu currículo al-

guns episódios de adivinhação, outros de previsão do

futuro, outros tantos de coincidências perturbadoras,

mas esta história da nuvenzinha particular sempre foi

calúnia, que para meu alívio acaba de ser desmascarada.

Neste fim de ano, levei a Santa Catarina uma das piores

secas dos últimos tempos, e aqueles amigos que evitam o

Estado vizinho quando tomam conhecimento dos meus

planos desta vez se deram muito mal.

Pois, justamente quando desfrutava de um céu sem

nuvens na praia da Ferrugem, pensando em quanto ama-

mos o litoral brasileiro (hoje menos por sua beleza e

mais por sua confiabilidade), fui obrigada a deixar as

férias de lado e ceder à reflexão antropológica que gerou

esta coluna.

Em resumo, interrompi o ócio para trabalhar para

vocês. Tudo isso porque há menos de 20 metros daquele

mar esmeraldino havia uma imensa camionete pick-up

equipada com uma fileira de caixas de som na traseira da

caçamba. De tamanho impressionante e perfiladas como

se estivessem à venda, elas reproduziam em alto e bom

som uma axé music de letra duvidosa. Os próprios donos

do veículo estavam postados ao lado das caixas, confi-

antes e sorridentes, orgulhosos de sua generosidade em

dividir com toda a praia sua música preferida. Posso es-

tar enganada, mas me pareceu ter visto inclusive um

boné bem próximo dos seus pés, onde estavam sendo

recolhidas contribuições para (quem sabe?) serem com-

pradas caixas maiores...(por que não?). Nada contra a

axé music, pois para se dançar não há ritmo mais

contagiante. Mas necessitam ser seus discípulos tão

invasivos? Assaltada pelo pessimismo, eu me perguntei:

haverá um momento em que os amantes da música eru-

dita também queiram expor Mozart, Brahms ou Debussy

a situações de tamanho mau gosto?

Gostaria de saber como se intitula essa tribo que

sadicamente abre seu porta-malas exibindo sua opulên-

cia acústica, para o escândalo dos passantes. Também

me interessa saber que tipo de força contrária à natureza

leva tais pessoas a preferir a poluição sonora no lugar do

próprio marulho das ondas, estando a alguns passos do

mar. E mais: o que leva a pensar que toda a população da

praia queira compartilhar desse desvio de percepção.

Tenho certeza de que se eu decidisse dividir com os ba-

nhistas da Ferrugem minha paixão pela área La Mamma

morta cantada por Maria Callas, algum grupo da praia

tomaria providências bem efetivas em relação às minhas

caixas de som, e alguém se ocuparia de escrever uma

coluna inteira sobre a minha impertinência e excentri-

cidade. Em retribuição antecipada a esta iniciativa que

me parece bem razoável, estou escrevendo agora, para

vocês, sobre os donos da pick-up da Ferrugem.

R U Z A A M O N

RUZA AMON É JORNALISTA

64 Estilo Zaffari

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Page 61: Revista Estilo 31
Page 62: Revista Estilo 31

Lazer

CACHOEIRA DAS ANDORINHAS

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Page 63: Revista Estilo 31

P O R P A U L A T A I T E L B A U M F O T O S E D U A R D O I G L E S I A S

É preciso ter uma certa coragem. Coragem

de enfrentar águas gélidas capazes de acordar

todas as suas células. Coragem de colocar seu

carro em trilhas que mais parecem um queijo suí-

ço. Coragem para deixar a natureza entrar com

toda força pelos seus poros. É preciso ter cora-

gem e ir. Mas ir sem medo de ser feliz. Porque

chegando lá você será invadido por sensações de

paz, liberdade e euforia. Terá certeza de que o

paraíso existe e de que não é preciso ser um des-

bravador das matas ou um ser contemplativo fei-

to eu para amar uma cachoeira.

águasdasA força

Estilo Zaffari 67

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Page 64: Revista Estilo 31

Lazer

PARQUE DAS CACHOEIRAS:

CACHOEIRA DO QUATRILHO

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Page 65: Revista Estilo 31

CACHOEIRA PRA BRINCAR

Se o seu filho nunca tomou um banho de chuveiro

natural, então está mais do que na hora de você levá-lo

a uma cachoeira. Minha sugestão é começar pelas Ca-

choeiras do Mato Fino. São duas quedas d’água que fi-

cam relativamente perto de Porto Alegre. Aos sábados e

domingos, o movimento é grande, aliás, grande demais

pro meu gosto. Por isso, melhor é ir durante a semana.

Na cachoeira maior, há um lago ótimo para nadar e em

volta dele tem até areia pra criançada fazer castelinho

(leve brinquedos). A água não é das mais frias e a pro-

fundidade também não assusta. Atravesse o lago, vá até

onde a cachoeira deságua e fique embaixo do aguaceiro

por pelo menos uns cinco minutos. É só se encostar no

paredão, fechar os olhos e lavar a alma. Pra chegar em

Mato Fino, pegue a estrada de Taquara, passe o Pampa

Safári e quando chegar na parada 101 de Morungava há

uma placa indicativa à esquerda. São uns três quilôme-

tros de estrada de chão, sem muitos buracos e com di-

reito a vaquinhas olhando você passar. Como é um par-

que, tem entrada. Cinco reais por pessoa, criança pe-

quena não paga.

CACHOEIRA PRA MEDITAR

Lembra daquele seriado, O Elo Perdido? Pois a

Cachoeira das Andorinhas fez com que eu me sentisse

no período jurássico. Talvez essa impressão de túnel do

tempo tenha sido porque a cachoeira fica no final de

uma espécie de corredor de pedra, uma passagem se-

creta e mágica. Depois de andar por umas piscinas na-

turais, sobre pedras de todos os tamanhos, você enxer-

ga a cachoeira lá no finalzinho desse corredor. As águas

caem em um pequeno lago que fica incrivelmente ver-

de ao receber os raios de sol. Por isso, o horário mais

lindo é entre meio-dia e uma da tarde. Merece que você

fique alguns minutos em silêncio, só olhando e medi-

tando. E não se intimide com a água gelada, de doer os

ossos. Eu só não tive coragem de nadar até a queda

d’água porque ela me pareceu misteriosa demais, como

se eu realmente fosse sair no... Elo Perdido. A Cacho-

eira das Andorinhas fica a uns 90 km de Porto Alegre,

em Rolante. Vá até Taquara e dobre à direita, na indi-

cação Rolante/Riozinho. Siga como se fosse para Rio-

zinho até chegar em uma placa que indica a Cachoeira

das Andorinhas à esquerda. Prepare-se para enfrentar

alguns buracos, mas não desista. Na verdade, desista

quando a passagem de carro ficar realmente impossí-

vel. Então estacione na sombra e siga a pé. Uma dica:

o rio à beira do caminho é de águas calmas e ótimo

para banho.

TUDO FICA MAIS LEVE

DEPOIS DE UM BANHO

DE CACHOEIRA

Estilo Zaffari 69

CACHOEIRA

DA PEDRA

BRANCA

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Page 66: Revista Estilo 31

CACHOEIRA PRA NAMORAR

O Parque das Cachoeiras fica em São Francisco de

Paula. São oito cachoeiras e é impossível conhecer to-

das num dia só. Pra tomar banho (e tem que tomar ba-

nho!), escolha uma longe da entrada do parque, porque

as próximas, apesar de lindas, estão com as águas poluí-

das. Eu recomendo a Cachoeira do Quatrilho. Só aviso

que você precisa ter um pouco de fôlego reservado, já

que vai enfrentar uma caminhada de uma hora e meia

pra ir e mais uma hora e meia pra voltar. A trilha, no

meio da mata, tem indicação e você sente que está che-

gando quando o barulho das águas fica mais intenso.

A cachoeira não é muito alta e possui uma queda mai-

or, uma menor e várias duchinhas. A água, pra variar,

é geladérrima e o segredo é respirar fundo, meter a ca-

beça embaixo de uma ducha e dar um grito muito for-

te. Aliás, esse é o lugar ideal pra colocar tudo pra fora.

E também é ótimo pra namorar, já que, na maioria das

vezes, a única companhia mais atenta são as rãs que

moram ali. Pra chegar no Parque das Cachoeiras é bem

fácil, pois ele é superbem indicado na cidade. A estrada

que dá acesso fica à esquerda do lago São Bernardo.

CACHOEIRA PRA SONHAR

A Cachoeira da Pedra Branca é o paraíso na Terra.

Um lugar que me fez chorar de emoção. Sabe aquela sen-

sação de gostar tanto que você não quer dividir? Pois é...

Depois mudei de idéia e achei que seria muito egoísmo

não colocar essa cachoeira na matéria. Só pra você ter

uma noção: a queda tem noventa metros de altura e vem

descendo como um enorme véu por cima de uma pedra

gigantesca até desaguar em um imenso lago de água cris-

talina. Tudo é grandioso. Os morros verdes, as pedras, o

céu. Só que chegar no paraíso não é fácil. É o próprio

Rally da Colônia. E aquele seria o lugar perfeito. Saindo

de Porto Alegre, pegue a BR-101 e, em Terra de Areia,

entre na Rota do Sol em direção a Caxias do Sul. A

cachoeira fica no Distrito de Boa União, no município

de Itati, passando Terra de Areia. Como não tem muita

indicação, a melhor coisa a fazer é ir perguntando para os

moradores locais. A vantagem é que dá pra chegar de

carro na beira da cachoeira. E é uma boa opção para quem

está na praia, pois fica perto do litoral.

TEM MAIS, MUITO MAIS

As cachoeiras que eu apresentei aqui são uma go-

tinha no meio da cascata de maravilhas que é a nossa

natureza. Tem muito mais pra você conhecer e desco-

brir. Cachoeira pra fazer rapel, pra se aventurar, pra se

divertir. Tome coragem e vá em frente.

Lazer

DEIXE O SOM DAS

ÁGUAS ENTRAR

EM VOCÊ

70 Estilo Zaffari

CACHOEIRA

DA PEDRA

BRANCA

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Page 67: Revista Estilo 31

PARQUE DAS CACHOEIRAS:

CACHOEIRA DO REMANSO

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Page 68: Revista Estilo 31

82540 casa.p65 3/1/05, 6:18 PM2

Page 69: Revista Estilo 31

Se existe uma pessoa que tem autoridade

para falar sobre novas tecnologias e ten-

dências no universo de tecidos para a

decoração, essa pessoa é Tricia Guild.

Designer londrina, Tricia desenvolve cole-

ções de tecidos desde 1970, e os lança-

mentos exibidos em primeira mão nas vi-

trines de suas lojas – Designers Guild –

sempre ditam moda. As novidades para

2005? Tricia garante que o momento é o

das cores vibrantes como as “tonalida-

des das primaveras num jardim italiano”.

Segundo ela, é hora de apostarmos nas

combinações agradáveis e criativas, pois

“viver com cores é uma experiência deli-

ciosa e apaixonante”. Quer outro conse-

lho desta personalidade? Ignore regras

antigas, deixe de lado as combinações

óbvias de cores e texturas e experimente

coordenar estampas e fibras que você ja-

mais imaginou que dariam certo. Este é o

ano da liberdade, da ousadia e, por que

não, das novas descobertas. Inspirados

nas palavras de Tricia, escolhemos três

lindos trabalhos de arquitetos de Por to

Alegre que foram desenvolvidos em sin-

tonia com os desejos de seus clientes. Nas

páginas a seguir, tramas, estampas e co-

res revelam combinações de sucesso para

você tirar dali boas idéias.

Vista sua

casaP O R I R E N E M A R C O N D E S

F O T O S C L Á U D I O M E N E G H E T T I

Estilo Zaffari 73

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Page 70: Revista Estilo 31

Casa

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Page 71: Revista Estilo 31

O requinte e a delicadeza ganham formas reais e palpáveis neste sa-

lão coberto por mármore romano envelhecido e por tecidos de cores páli-

das e suaves. O grande lustre de cristal garimpado num antiquário parece

trazer consigo histórias de épocas em que longos vestidos rodopiavam pelos

salões de baile. “A base de toda a decoração foi a escolha do mármore que

reveste o piso e a lareira deste ambiente de 80 metros quadrados”, conta a

arquiteta Susi Rocha Ribeiro, que assina o projeto desta casa recém-

construída em Porto Alegre. “A tendência era ficarmos com uma sala mui-

to fria, por isso cobrimos todas as paredes com um tecido de puro algodão

estampado com rosas carmim”, descreve. A sensação que as longas paredes

forradas transmitem é de aconchego, e os benefícios não se limitam apenas

à estética. “Antes de receber o tecido, as paredes foram cobertas com uma

espuma que serve como isolante térmico e acústico”, diz Susi. Segundo a

arquiteta, a espuma dá uma sensação de volume e ainda acaba com o pro-

blema dos cantos vivos. “A umidade do ar não danifica o tecido. O impor-

tante é que a parede esteja livre de infiltrações”, ressalta.

Sempre em busca de materiais quentes, a arquiteta elegeu o linho

cru para revestir os sofás. “Além de imprimir um ar mais descontraído,

o linho tem um toque único que apenas as tramas naturais conseguem

proporcionar.” No ambiente de jantar, a imponente mesa de madeira

assinada pelo designer Hugo França divide as atenções com as cadeiras

cobertas por capas de puro algodão. A trama de fios beges e vermelhos

forma um discreto desenho listrado. Na cabeceira da mesa, poltronas

recobrem-se com linho carmim, do mesmo tom das rosas que decoram

as paredes. Deslizando pelo trilhão embutido na sanca, a longa cortina

de puro algodão da sala de estar coordena com o tecido das cadeiras da

mesa de jantar, integrando discretamente os dois ambientes. “Apesar de

termos explorado tonalidades mais neutras, obtivemos um resultado

impactante e que seduz o olhar”, resume Susi.

Estampas e tons suaves

Estilo Zaffari 75

82540 casa.p65 3/1/05, 6:19 PM5

Page 72: Revista Estilo 31

Casa

A arquitetura desta residência faz qualquer pessoa sentir-se numa

charmosa casa de campo: muitas madeiras maciças, com um toque de

rusticidade. Pelas largas janelas da sala pode-se observar o contorno ver-

de do jardim da moradia, situada no condomínio Terra Ville, em Porto

Alegre. Mas engana-se quem apostar que a decoração adota o estilo

country. Os proprietários desejavam criar um ambiente de estar sofistica-

do, que fizesse um contraponto a tantos elementos naturais. “O piso de

porcelanato e as paredes claras pediam uma combinação de cores sóbrias,

como o preto, o branco e o cru. Usadas na medida certa, essas tonalidades

deixam qualquer espaço chique”, garante a arquiteta Anne Baril.

Na escolha dos tecidos o casal privilegiou as tramas lisas e estampa-

das de diferentes texturas, sempre com o toque agradável do puro algo-

dão. Para não perder a ligação com a arquitetura da casa, Anne utilizou a

sutil linguagem da estampa Toile de Jouy, que retrata a vida no campo da

corte francesa do século XVIII. “Destaque da sala de estar, as largas pol-

tronas com pufes foram revestidas com este tecido floral, que ficou ainda

mais valorizado no preto e branco”, explica. Os sofás, recobertos com

chenile cru, liso, não disputam atenção com as poltronas estampadas e

ainda proporcionam uma sensação de amplitude ao espaço. “É quase como

se eles não estivessem lá, tornando-se uma extensão do piso e da parede”,

comenta Anne. Na sala de jantar, a mesa de madeira confirma que a nova

decoração convive em harmonia com os objetos rústicos. Nas cabeceiras

do móvel, poltronas de palha exibem o delicado padrão Toile de Jouy –

agora tramado nas cores cruas do algodão. Ao redor, cadeiras estilo

provençal cobrem-se com o delicado xadrez minimalista. No bar de gra-

nito escuro, banquetas desfilam linhas retas e um encorpado acabamento

de algodão e de linho preto. “A luminosidade natural da sala favoreceu o

uso desta paleta de cores, que não pesou no ambiente”, garante Anne.

Rústico porém sofisticado

76 Estilo Zaffari

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Page 75: Revista Estilo 31

Uma doce fragrância romântica paira no ar desta moradia. Re-

cém-casados, os jovens proprietários deste apartamento em Porto Ale-

gre estão decorando o novo espaço nos mínimos detalhes. Entre os inú-

meros desejos do casal, um já foi realizado: revestir o piso da sala com o

clássico mármore branco Carrara. No entanto, eles buscavam uma de-

coração que não deixasse o ambiente austero demais. Preocupação que

aumentou depois que a noiva herdou um imponente aparador e duas

cadeiras de jacarandá maciço que pertenceram ao seu bisavô. “A esco-

lha dos tecidos foi determinante para se conseguir uma atmosfera jovial

e ao mesmo tempo sofisticada”, explica o arquiteto Zeca Amaral.

“O floral foi eleito por imprimir uma boa gama de cores ao ambiente e

por marcar uma forte presença na sala”, conta. Marcante também ficou

o hall de entrada, com suas paredes cobertas pelo mesmo tecido ada-

mascado. “Apesar de as rosas serem graúdas, elas contam com um forte

aliado: o fundo branco e leve. A intenção também foi estabelecer um

vínculo com a decoração do interior da sala”, revela o arquiteto.

Em contraponto a tantas flores, elegeu-se o puro algodão com estam-

pa xadrez para vestir o sofá. “Projetei luzes no teto que iluminam direta-

mente este móvel. Além de destacarem o tecido, facilitam a leitura e o uso

dos controles remotos do home theater”, diz Amaral. Nas poltronas de

fibra, seda pura de um vibrante vermelho reveste as almofadas e os pufes.

Na sala de jantar, as cadeiras de jacarandá ganham novos estofados. Desta

vez, o antigo tecido centenário foi substituído por um xadrez miúdo coor-

denado com almofadas florais. As demais cadeiras seguem uma proposta

arrojada ao cobrirem-se com capas de sarja branca com as iniciais do casal

bordadas em vermelho. “É apenas um detalhe, mas que personaliza o ambi-

ente de jantar e quebra a rigidez dos móveis antigos”, diz Amaral. Segundo

ele, este projeto é a prova de que é possível combinar variados tipos de

tecidos e de estampas, alcançando um resultado harmônico e sofisticado.

Combinação harmônica

Estilo Zaffari 79

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Page 76: Revista Estilo 31

BONS TECIDOS PODEM FICAR AINDA MAIS BELOS QUANDO APLICADOS DA FORMA CORRETA E NOS AMBIENTES

CERTOS. MUITAS VEZES O FIO É DELICADO DEMAIS PARA REVESTIR UM PUFE OU ENCORPADO DEMAIS PARA EMOL-

DURAR UMA JANELA. COMO SABER? PENSANDO NISSO, ELABORAMOS UMA TABELA COM A AJUDA DA CONSULTORA

REGINA SCHNEIDER, DA FORMATEX DE PORTO ALEGRE, QUE REVELA O BÊ-Á-BÁ DESSAS TRAMAS TÃO DESEJADAS.

Cortina

PARA FAZER UM REPOSTEIRO

APOSTE NA SEDA PURA, SE DESEJA UM ESTILO MAIS SOFISTICADO.

MAS ATENÇÃO: COMO TODA FIBRA NATURAL, A SEDA PEDE CUIDA-

DOS ESPECIAIS E SÓ PODE SER LAVADA A SECO. A AÇÃO DO SOL

DANIFICA O FIO, POR ISSO, ENCOMENDE UM TECIDO DE ALGODÃO

PARA COLOCAR NUM TRILHO ATRÁS DA SEDA. AS MESMAS DICAS

SERVEM PARA O LINHO. PARA UMA MANUTENÇÃO MAIS PRÁTICA,

VALE INVESTIR NO VOAL INDIANO, QUE PODE SER LAVADO EM CASA

E NÃO AMASSA; NAS MICROSSEDAS, QUE TÊM O TOQUE DA SEDA E

SÃO MAIS ECONÔMICAS; E NOS TECIDOS SINTÉTICOS COMO ACRÍLI-

CO, NÁILON E POLIÉSTER, QUE NÃO DESBOTAM COM O SOL.

PARA UM ESPAÇO DE HOME THEATER

SE VOCÊ ADORA ORGANIZAR SESSÕES DE CINEMA EM CASA, DEVE

INVESTIR EM UM AVANÇADO TECIDO SINTÉTICO CONHECIDO COMO

BLACK-OUT. FEITO DE ALGODÃO E POLIÉSTER, ELE PASSA POR UM

TRATAMENTO QUÍMICO, PARA PROPORCIONAR ISOLAMENTO TÉR-

MICO, ACÚSTICO E VISUAL. AS VÁRIAS OPÇÕES DE CORES DISPEN-

SAM O USO DE SOBREPOSIÇÃO DE TECIDOS. MAS SE A IDÉIA FOR

SOFISTICAR O AMBIENTE, APOSTE NAS TRAMAS CITADAS ACIMA.

PARA DIFERENTES OCASIÕES

AMBIENTES MULTIFUNCIONAIS PEDEM CORTINAS VERSÁTEIS. POR

EXEMPLO: UMA SALA QUE TENHA HOME THEATER, AMBIENTE DE

ESTAR E DE JANTAR PRECISA DE UMA SOLUÇÃO INTELIGENTE.

SE ESTE FOR O SEU CASO, OPTE POR UMA CORTINA COM TRÊS

TRILHOS. NO PRIMEIRO VOCÊ PODE COLOCAR UM VOAL, QUE NÃO

DESBOTA COM A AÇÃO DO SOL E DEIXA A LUZ NATURAL ENTRAR.

NO SEGUNDO, INVISTA NO BLACK-OUT, QUE IRÁ GARANTIR O

ESCURINHO NECESSÁRIO. POR ÚLTIMO, APOSTE NA SEDA NATU-

RAL, QUE VAI PROPORCIONAR UM ACABAMENTO REQUINTADO.

Parede

CADA VEZ MAIS OS TECIDOS SUBSTITUEM A APLICAÇÃO DE

PAPÉIS DE PAREDE. ALÉM DE IMPRIMIREM UM AR CHIQUE

AO AMBIENTE, REVELAM-SE ÓTIMOS ISOLANTES TÉRMICOS

E ACÚSTICOS. ELEJA O ALGODÃO PURO COMO SUA PRIMEIRA

OPÇÃO NA HORA DE COBRIR UMA PAREDE. CASO VOCÊ PRE-

FIRA UMA SEDA NATURAL, TERÁ QUE SOLICITAR PARA A LOJA

UM PREPARO ESPECIAL, CONHECIDO COMO DUBLAGEM. UMA

CAMADA DE ALGODÃO SERÁ APLICADA EM TODO O VERSO

DA SEDA. A ESCOLHA DE UM BOM PROFISSIONAL PARA FA-

ZER A APLICAÇÃO É ESSENCIAL PARA O RESULTADO.

Almofada

EM FORMA DE ROLINHO, DE QUADRADO, DE RETÂNGULO E ATÉ

REDONDINHAS, AS ALMOFADAS VIRARAM ACESSÓRIOS INDIS-

PENSÁVEIS. NESTE ITEM NÃO EXISTEM MUITAS REGRAS. VALE

APOSTAR EM TODOS OS TIPOS DE TECIDOS, NAS ESTAMPAS

COORDENADAS E ATÉ NOS BORDADOS, QUE ESTÃO EM ALTA.

Dicas para não errar

Sofá, pufe

O CONFORTO DEVE SER SUA PRIMEIRA PREOCUPAÇÃO QUAN-

DO FOR REVESTIR PEÇAS COMO ESSAS. SENDO ASSIM, PREFI-

RA AS CAMURÇAS SINTÉTICAS, CONHECIDAS PELA MACIEZ E

RESISTÊNCIA; OS CHENILES E OS JACQUARDS, QUE OFERECEM

UMA VARIEDADE INCRÍVEL DE ESTAMPAS; E AS SARJAS, QUE

SE TRANSFORMAM EM PRÁTICAS E MODERNAS CAPAS PARA

SOFÁS E CADEIRAS. RESERVE O COURO E OS TECIDOS SINTÉTI-

COS PARA OS PUFES, QUE PASSAM POR VERDADEIRAS PROVAS

DE RESISTÊNCIA. SEDAS, APENAS EM POLTRONAS DE ÉPOCA

QUE TERÃO POUCO USO. MESMO ASSIM, APOSTE NA DUBLA-

GEM DO TECIDO.

COLABORARAM NESTA REPORTAGEM: ARTEPLANTAS (51) 3395

2950, CAIA (51) 3331 2711, FORMATEX (51) 3222 2588.

ARQUITETOS: SUSI ROCHA RIBEIRO – 51 3330 0399,

ANNE BARIL – 51 3330 2059 E ZECA AMARAL – 51 3333 2259.

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Page 77: Revista Estilo 31
Page 78: Revista Estilo 31

Gula

82540 punta1.p65 3/1/05, 6:28 PM2

Page 79: Revista Estilo 31

pesopesado

Férias

O nome da moeda deles é peso.

E depois de uma temporada de férias em Punta del

Este qualquer pessoa está apta a compreender o porquê Im-

possível passar o verão em Punta sem que os aprazíveis

dias literalmente pesem no bolso (dólares, dólares) e na ba-

lança (quilos, quilos).

Talvez por passar longe de ser um paraíso tropical,

o programa de verão em Punta não se resuma basica-

mente em ir à praia. Não que as praias sejam horríveis.

Elas têm seu charme e sua graça. Mas não são, definiti-

vamente, a especialidade local. A praia deles é outra:

gastronomia. Nesse quesito, Punta tem programas para

todos os gostos. Ou melhor, para todos os paladares.

Nós, brasileiros, nos preparamos para o verão sempre

de olho nas dobras da barriga, certo? A preocupação clássi-

ca com a forma física, associada às temperaturas altas da

estação, faz surgir uma gastronomia mais leve, baseada em

frutas, peixes e saladas. Não é o caso do Uruguai. Como faz

muito frio por lá a maior parte do ano, as calorias ficam

congeladas no cardápio para sempre. Os ingredientes prefe-

ridos dos nativos locais são lights como uma bomba de nêu-

tron: doce de leite, mel, farinhas de todos os calibres, carnes

gordas, vinho tinto e por aí vai.

Não se iluda com dietas e exercícios. Os caras são

profissionais. Por mais que você se esforce, vai ganhar

uns quilos, não tem jeito. Mas em compensação, e talvez

porque a única solução é dar uma relaxadinha mesmo,

vai ter férias leves como aquelas que você tinha quando

era criança e não fazia a menor idéia de que picolés cos-

tumam se alojar ao redor da cintura.

Punta é tão extrema na geografia quanto nos hábitos.

Não é incomum que o dono de um restaurante lhe diga que só

há reserva para depois da meia-noite. E não pense que você

será o único cliente. O restaurante seguramente vai estar lotado

até as 3. Da mesma forma que estarão lotados os bares, cafés,

paradores e sorveterias – com fila!!!

Dieta aqui saiu definitivamente de férias. E olha que

não é em qualquer balneário que acontece isso.

P O R T E T Ê P A C H E C O F O T O S L E T Í C I A R E M I Ã O

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Gula

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IR A PUNTA É MERGULHAR NUM

MAR COR DE DOCE DE LEITE

Dulce de Leche Wish List

Meu amigo Ricardo Freire, turista mais do que profis-

sional (http://viajenaviagem.zip.net/), diz que ir a Punta é

mergulhar num mar cor de doce de leite. E ele tem razão.

Não sei se existe outro lugar do planeta que leve um único

ingrediente tão a sério. Eu correria até o risco de afirmar que

se você não gosta de doce de leite certamente não vai gostar

tanto quanto poderia de Punta del Este. O doce de leite está

em todos os lados: dentro de panquecas, recheando alfajores,

cobrindo docinhos, misturado a nozes ou granulados, quen-

te em forma de calda, gelado na casquinha em forma de

sorvete, na ponta do dedo das crianças, grudado no bigode

dos distraídos. Sim, é um exagero. O doce de leite tem pre-

sença garantida no café da manhã, no lanchinho da praia,

na sobremesa do almoço, no chá da tarde, depois do jantar,

antes de dormir. Aqui, algumas calóricas sugestões:

1. CHURROS DO MANOLO

2. ROGEL DO KING SAO

3. DOCE DE LEITE TENTACION DO FREDDO

4. ROLITO DE DOCE DE LEITE DA FAZENDA LA PATAIA

5. DOCE DE LEITE LOS NIETITOS – O POTE GRANDE

6. WAFFLE DE DOCE DE LEITE DO L’ AUBERGE

7. FLAN DE DOCE DE LEITE DO LOS NEGROS

8. PANQUECAS DE DOCE DE LEITE DO GARZON

9. DOCE DE LEITE COM NOZES DO FREDDO

10. ARROJADO DE DOCE DE LEITE DO LES DELICES

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Page 82: Revista Estilo 31

Gulodices ao pôr-do-sol

Se você definitivamente não abrir mão da sua dieta, nun-

ca vai encontrar tempo para experimentar algumas das coisas

mais deliciosas de Punta. Usando apenas as refeições tradici-

onais – café da manhã, almoço e jantar –, não é possível incluir

tudo. Foi pensando nisso que os punta esteños inventaram essa

refeiçãozinha intermediária, não exatamente um lanche, uma

coisa um pouco mais mal intencionada, ao entardecer. Não

vá cometer a gafe de encarar a guloseima do entardecer como

um jantar, hein? Cada coisa tem sua hora e seu lugar. Quando

o sol se põe em Punta, todo mundo aplaude. E o sol capricha

nessa tradição: desce linda e demoradamente, que é para dar

tempo de todos chegarem pra ver. Deve ser porque sol lembra

calor e calor nos remete imediatamente a calorias que este

tenha sido o momento do dia escolhido para nos fazer engordar

mais um pouquinho. Aqui vai uma pequena lista de sugestões

para você aplaudir junto com a posta del sol.

ALGUMAS IGUARIAS SÃO ESPECIAIS

PARA DEGUSTAR AO PÔR-DO-SOL

1. PANCHO COM MOSTARDA EM QQ PARADOR

2. CLERICOT EM QUALQUER PARADOR DE JOSE INACYO

3. PÃO COM NOZES DA PATISSERIE DO LA BOURGNONE

4. PROFITEROLES DE CHOCOLATE DO ANTIGO PAN ARABE

5. CHOCLO NA BEIRA DA PRAIA

6. QUADRADO DO LES DELICES

7. CROISSANT COM JAMON E QUESO DO LES DELICES

8. JUGO DE DURAZNO COM NARANJA DO LES DELICES

9. CORTADO NA GORLEIRO

10. CHÁ NO CUMBRES DE LA BALLENA

86 Estilo Zaffari

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0 VOUYERISMO EXPLÍCITO DE PUNTA

ACONTECE NOS RESTAURANTES

1. LA BOURGOGNE – DO CHEF JEAN PAUL BOUNDOUX- FRANCÊS

COMO NA FRANÇA

2. LOS NEGROS – NOVA COZINHA ARGENTINA DO FRANCIS MALLAN

3. FLOREAL – COZINHA TRADICIONAL BOA

4. EL PALENQUE – PARILLA

5. CICLISTA – POPULAR, ANTIGO E SEMPRE ÓTIMO

6. GARZON – NOVO RESTAURANTE DE FRANCIS MALMANN

7. ANDRÉS –TRADIÇÃO URUGUAIA DA MELHOR QUALIDADE

8. VIEJO MARINO – PEIXES NA PARILLA, CENOURAS DOCES. PRECISA MAIS?

9. LA POSTA DEL CANGREJO – ESPECIALMENTE OS PEIXES

10. MARIA Y EL LOBO – COZINHA MODERNA BOA

Com vista para a noite

Se você não curte essa coisa de ficar indo a restaurantes,

escolha outro destino para sua férias. Como já disse antes, a

praia deles é a gastronomia. Em Roma, faça como os romanos.

Reza a tradição que sempre deve se fazer reserva. Não subesti-

me jamais a capacidade que eles têm de lotar os restaurantes.

Todos, dos excelentes passando pelos médios e até os bem mais

ou menos, ficam lotados no verão. Isso também é parte do

charme. Esperar, torcer para que alguém desista. Sabe aquela

coisa bem brasileira de ficar olhando os outros na praia? Quem

emagreceu, quem engordou, quais são os biquínes mais interes-

santes. Pois em Punta o vouyerismo explícito da vida ocorre nos

restaurantes. É um prato cheio, as mulheres desfilam suas me-

lhores roupas, os homens desfilam suas melhores mulheres...

Todo ano Punta recebe turistas cheia de novidades no setor

gastronômico. E um mês de férias talvez não seja suficiente para

conhecer todos. Para quem não tem todo o tempo do mundo,

recomendo ir no que já é tradicionalmente ótimo.

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Perfil

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P O R P A U L A T A I T E L B A U M F O T O S A N G E L A F A R I A S

DENTRO DE LYA LUFT, HÁ UM MAR CHEIO DE VIDA QUE CHEGA ATÉ NÓS POR MEIO DE SEUS LIVROS. EM 2004, ELA

ALCANÇOU MARCAS DE VENDAS QUE SÃO O SONHO DE TODO ESCRITOR. MAS NÃO O DELA. O SONHO DE LYA É

CONTINUAR FAZENDO O QUE GOSTA, É CURTIR A VIDA E SEUS AMORES, É SE AQUIETAR UM POUCO. AQUI, VOCÊ VAI

ENTRAR NO SEU MUNDO PARTICULAR. MAS ANTES DE FAZER ISSO, PRESTE ATENÇÃO NAS FOTOS DE LYA COM ISABELA,

A NETA QUE É TAMBÉM A PERSONAGEM PRINCIPAL DO SEU LIVRO INFANTIL HISTÓRIAS DE BRUXA BOA. VOCÊ VAI

PERCEBER QUE OCEANOS AZUIS TAMBÉM BRILHAM.

DAS MUITAS COISAS

QUE EU PENSO,

ALGUMAS ME APAIXONAM

E AÍ EU VOU ATRÁS

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Page 88: Revista Estilo 31

Perfil

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Page 89: Revista Estilo 31

QUAL A SENSAÇÃO DE SER BEST SELLER?

Não significa absolutamente nada. Estou tentando man-

ter um ritmo tranqüilo, que é do que eu preciso e gosto. E o

legal é que eu não tenho mais que trabalhar tanto como eu

trabalhei sempre pra pagar as contas de fim de mês. Agora,

vender mais ou vender menos, isso não significa nada. A

literatura pra mim é o exercício da arte.

MAS O SONHO DE TODO ESCRITOR NÃO É SER LIDO PELO MAIOR

NÚMERO DE PESSOAS POSSÍVEL?

Engraçado... Se dez pessoas leram e gostaram, é tão

bom quanto quinhentas. E quando é muito, começa a

despersonalizar. Claro que eu não vou ser cretina, cabotina

de dizer que eu detesto ser lida, porque senão eu não pu-

blicaria. Mas não sei... eu sou quase desprovida desse tipo

de vaidade, de vender muito e tal.

QUER DIZER QUE NÃO TENS VAIDADE LITERÁRIA?

Não! Eu sou capaz de ter mais vaidade física, apesar do meu

jeitão. O que eu tenho é um orgulho de saber que tudo o que eu

publiquei foi o melhor que eu pude fazer naquele momento. Eu

nunca publiquei um texto, nem numa crônica de jornal, de que

eu tenha dito “ah, vou botar isso e dane-se”. Eu tenho muito

respeito pelo que faço, primeiro, por mim mesma, pelo meu

trabalho, minha arte, o que significa também pelo leitor.

POR QUE TU ESCREVES?

Eu escrevo porque eu acho que eu nasci pra fazer isso.

Eu acho que sempre foi uma maneira de me expressar. Os

romances, aos quarenta anos, acho que foram uma tentati-

va de entender melhor o mundo, a vida humana, as coisas

surpreendentes, os mistérios, o assombramento, eu acho que

é um pouco por aí.

O QUE TU ESTÁS ESCREVENDO NO MOMENTO?

Eu só escrevo quando tenho uma coisa pra escrever.

Agora, eu estou trabalhando em três projetos. Um roman-

ce, “O Silêncio dos Amantes”, do qual eu escrevi o começo

e o fim. Outro que é um livro de reflexões, um ensaio sobre

a morte, sobre a fascinação que ela exerce. E o terceiro é um

inesperado que tá surgindo também, o “Glórias e Frustra-

ções”, que é um pouco um ensaio também sobre essa histó-

ria “se não combinamos, por que nos procuramos tanto?”.

Como eu não tenho aflição, essa coisa de tem que sair livro

aqui ou lá, é possível que, como já aconteceu com outros,

esses três acabem se fundindo e saia uma quarta coisa que

eu não sei o que é.

TENS UM TEMA PREFERIDO?

Eu acho que eu escrevo sobre a vida. Eu sempre tenho

os meus mistérios: família, encontro e desencontro, vida e

morte, fatalidade e responsabilidade.

TU ÉS UMA PESSOA DE MUITAS AMIZADES?

Eu tenho amigos essenciais que estão comigo há muito

tempo, não é um círculo muito grande. As pessoas normal-

mente gostam de mim, eu gosto de gente... Acho que eu te-

nho mais amigos do que penso.

O QUE TE FASCINA NUMA PESSOA?

Eu acho que não existe um fator. Tem que ser inteligente,

tem que ter uma vivacidade, tem que ter um certo mistério,

tem que ser discreta. Eu gosto é de uma pessoa que seja ver-

dadeira, relativamente tranqüila. Gente que pode até ser

meio louca, mas que seja sincera.

ISSO VALE PARA O AMOR?

Ah, o que me atrai numa pessoa é uma coisa de pele, um

olhar. Característica física não existe, isso é uma bobagem, mas

eu acho que, de um modo geral, o olhar é muito importante.

É sempre uma coisa muito inexplicável, mas clara: “É esse aí”.

QUAL A DIFERENÇA DO AMOR NA MATURIDADE?

Nenhuma, a única coisa é que eu acho que a gente

curte mais. Digamos que eu já sei melhor o que eu não

quero, já quebrei a cara muitas vezes. Mas o resto tudo é

igual, a paixão, a ternura, as implicâncias, briguinhas de

ciúmes, a gente não muda. Graças a Deus, né?

EU TENHO UM LADO MUITO PALHAÇO, COMEÇO

A TER UNS ATAQUES DE RISO E NÃO PARO MAIS

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Perfil

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FRIOZINHO NA BARRIGA...

Nunca perde a graça! Friozinho na barriga... Não telefo-

nou, vai telefonar, que aconteceu, tal, olhou pra outra mulher,

bobagens... vovô e vovó segurando a mãozinha... não, né?

POR FALAR EM VOVÔ E VOVÓ, TU PENSAS "QUERO ENSINAR

TAL COISA PROS MEUS NETOS"?

Deus me livre! Eu tenho sete netos, o mais velho tem

16 e o mais novo vai fazer 2. Eu gostaria que eles fossem

seres humanos, o máximo possível livres e decentes como

são os meus três filhos. Que sejam alegres e curtam a vida.

Mas nunca pensei em ensinar nada.

TRÊS DAS TUAS NETAS MORAM NA PARTE DE CIMA DA TUA

CASA. TU BRINCAS COM ELAS?

Eu não sou uma vó convencional, eu não lavo, não passo,

não cozinho, não levo na pracinha, não levo no teatrinho. Eu

brinco muito no computador, existem uns sites lindos para cri-

ança, pra bebê inclusive, com fadas, coelhos, ursinhos...

CONTAS MUITAS HISTÓRIAS?

Pras pequenas, não. Já a “Bruxa Boa” veio de histórias

que eu conto pra minha neta Isabela.

TU FALASTE QUE NÃO COZINHAS. NÃO COZINHAS NADA?

Gosto de comer, não gosto de cozinhar. Eu sei, se precisar

eu faço. Já passei períodos da minha vida, com filho pequeno,

sem empregada, mas na verdade esse é um dom que eu não

tenho. Tentaram me treinar, mas eu não sou prendada, eu

não tenho o menor apreço. As pessoas ficam trocando recei-

tas... “então tu pega aquele creme, faz isso e vai na banca tal e

compra aquilo”, eu acho de um desinteresse vergonhoso, eu

até fico olhando, faço um ar meio inteligente, mas é a coisa

mais fora do meu mundo. Eu acho que é uma falha...

QUAL É O TEU PRATO PREFERIDO?

Um filé mal passado, arroz, ovo frito, batata frita. Um

horror, mas é uma maravilha. Um bife desse tamanho, dois

ovos, arroz e batata frita, acho uma maravilha.

TU GOSTAS DE SAIR EM PORTO ALEGRE?

Eu gosto muito de Porto Alegre. Em termos de restau-

rante eu sou muito tradicional, quando eu gosto de um,

vou sempre naquele. Mas eu gosto de Porto Alegre porque

dois dos meus três filhos moram aqui, eu tenho amigos de

trinta, quarenta anos aqui. E eu acho que ela é uma cidade

muito humana. Porto Alegre tem uma geografia bonita, o

rio é maravilhoso. Eu não pretendo morar fora.

TU VAIS AO SUPERMERCADO?

De vez em quando eu resolvo que tá na hora de dar

uma caprichada, escolher coisas e vou ao supermercado.

Às vezes, tem uma pessoa que chega e diz assim: “Ah, olha

só, nunca pensei encontrar a senhora no supermercado”.

Aí eu digo (rindo): “Ué, mas tu achas que a minha família

não come?”. Eu já me acostumei, há muitos anos, com as

pessoas ficarem olhando. “Olha ali a Lya Luft”...

ISSO ATRAPALHA?

Existem coisas que eu quase não posso fazer. Claro que é

simpático as pessoas virem falar, só que eu não consigo fazer

nada. Eu me lembro que quando o Vicente começou a sair

comigo, ele disse assim “as pessoas ficam olhando, tem algu-

ma coisa errada?”. Eu disse “Ó, acostuma”.

COMO É QUE VOCÊS SE CONHECERAM?

No Clube Inglês, eu estava almoçando com amigos e

aí nos vimos e ficamos juntos pra sempre. Acho que é pra

sempre. As minhas netinhas estão certas de que têm um

papai-noel particular. A mais velha um dia disse pra uma

amiguinha: “Minha avó tem namorado”. “Tu é louca”, dis-

se a amiguinha. “Tem namorado, sim, tem uma baaarba

branca!”.

QUAL A MAIOR TRANSGRESSÃO QUE TU ACREDITAS JÁ TERES

COMETIDO?

Eu não cometi grandes transgressões. Quando eu me

separei do Celso... existe um mito de que eu o abandonei...

Não, quando eu fui morar no Rio, a nossa separação já es-

ACHO QUE MINHA GRANDE TRANSGRESSÃO É NÃO

SEGUIR PADRÃO NENHUM DE BELEZA FÍSICA

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Perfil

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Page 93: Revista Estilo 31

tava assinada. Então eu acho que a minha grande trans-

gressão é não seguir nenhum padrão de beleza física, é o

meu gostar de mim como eu sou e me divertir com isso, no

sentido bem-humorado, não no sentido arrogante. Nem

por isso eu acho que sou menos atraente.

O QUE TE FAZ RIR?

Eu tenho um lado muito palhaço. Eu posso acordar às

três da manhã, me lembro de alguma coisa e dou risada. O

Vicente diz: “Que é isso? Tá louca...”. Então eu digo: “Ah,

me lembrei de uma coisa que eu vi...”. Eu tenho o riso fácil.

MAS MUITA GENTE TE VÊ COMO UMA SENHORA SÉRIA...

As pessoas acham que eu sou uma dama sinistra. Uma

vez, num jornal do Rio, há muitos anos, quando saiu um

dos meus romances, a manchete bem grande era: “Lya, a

dama soturna”. Eu posso ser qualquer coisa, menos sotur-

na. Os meus personagens, muitos são, eu não sou.

HÁ MUITA CONFUSÃO ENTRE AUTOR E OBRA?

Isso era uma coisa que, no começo, me chateava muito.

Quando escrevi “As Parceiras”, o leitor ingênuo dizia: “Puxa,

mas a Lya teve uma família tão legal, o pai, a mãe, como é

que ela pode escrever sobre uma família tão horrorosa”. Isso

nos primeiros três, quatro anos me chateava, mas nunca me

inibiu, até que um dia eu pensei: “Bom, não adianta expli-

car”, as pessoas sempre vão achar que aquela é a minha fa-

mília, então não adianta tentar e “dane-se”, é assim que é e

pronto, acabou. E aí passei a não me importar mais.

POR FALAR EM FAMÍLIA, COMO FOI ISSO PARA OS TEUS FILHOS?

TER UMA MÃE ESCRITORA FAMOSA?

Nos primeiros romances, eu me chateava também por-

que eu tinha três filhos pré-adolescentes e podiam dizer

pra eles: “Tua mãe é assim, tua mãe é assado”, mas a gente

conseguiu, juntos, nunca levar isso a sério. Pros meus fi-

lhos eu nunca fui assim escritora, tipo “vamos falar baixo

que mamãe escreve”. Eu sempre fui perfeitamente escu-

lhambada dentro de casa, eu sou meio bagunçada mesmo

e pronto. Eu acho que a gente levou bem isso. Deve ser

pesado pra eles de certa forma. Tenho uma filha médica,

um filho filósofo e um filho agrônomo. E eles chegam pra

trocar um pneu e o borracheiro olha o cheque: “Luft... Ah,

tu é parente da Lya Luft?”. Então eu acho que é um ônus.

Mas nenhum deles ficou neurótico, então acho que eles

levaram muito bem, sabe?

TU ACREDITAS EM DEUS?

Muito. Eu sou uma pessoa muito religiosa. Eu só não

pratico nenhuma religião institucionalizada porque eu não

quero que ninguém mexa com a minha cabeça. É o meu

pensamento, a minha liberdade, ninguém vai me ensinar

como eu tenho que me comportar, ou essa noção detestá-

vel de culpa e de pecado. Um Deus que fosse, no final da

vida, medir os meus atos com fita métrica, com toda com-

plicação que a vida já é... eu não quero um Deus assim. Eu

acho que há uma força misteriosa e isso é muito positivo.

FOSTE CRIADA DENTRO DE UMA MORAL RELIGIOSA?

Eu não fui criada com uma moral cristã, católica, protes-

tante... Mas tem algo que eu aprendi com meu pai, em casa: o

sagrado do outro, da natureza, de mim mesma. Do meu corpo

ser uma coisa sagrada que eu só vou entregar para um mo-

mento muito especial. Essa era mais ou menos a minha idéia

na adolescência, não tinha noção de pecado, tinha medo de

engravidar porque esse era o grande medo naquela época.

QUAL O PRESENTE QUE TU GOSTARIAS DE GANHAR?

(Risos) Ah, eu queria acordar sendo a Gisele

Bündchen. Mas poder comer bastante, tomar champanha,

comer bombom...

PLANOS PARA 2005...

As coisas naturais, saúde, paz... Eu tô com um projeto

de passar uma temporada com o Vicente em Paris, em Lon-

dres, nós dois não conhecemos Praga. Tá saindo um mon-

te de livro meu no exterior, mas, engraçado, isso não é um

projeto meu, essas coisas acontecem.

NÃO SOU UMA VÓ CONVENCIONAL, NÃO LAVO, NÃO

PASSO, NÃO COZINHO, NÃO LEVO NA PRACINHA...

Estilo Zaffari 97

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Page 94: Revista Estilo 31

Assim, ó...

Informação é a melhor vacina contra a doença de se sentir provinciano

Um famoso poema de Fernando Pessoa, na pele de

Alberto Caeiro, celebra as virtudes do rio que passa por uma

pequena aldeia. E o faz contraditoriamente:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O poema incomoda porque, além do paradoxo eviden-

te, chama para a frente do palco o fantasma da condição pro-

vinciana, dilacerada entre o que está perto e o que está longe,

entre o íntimo e o geral, entre o caseiro e o cosmopolita.

Alberto Caeiro compara o rio de sua aldeia com o Tejo, a

porta de entrada e de saída do país, mais ainda o magnífico

caminho das Descobertas, que puseram Portugal no mapa do

mundo – aliás, que puseram o mundo no mapa. Um

arroiozinho aldeão, um riachuelo da grota, o rio desta aldeia

aqui, pode então ser mais belo que o vasto Tejo?

Porto Alegre e o Rio Grande, de modo geral, sentem-

se numa província e se ressentem da falta de algo indefinível,

de um movimento claro, de uma agitação superior, de uma

característica enfim que elevasse a aldeia à condição de não-

aldeia. Se bem feitas as contas, o que caracteriza o provinci-

ano é o deixar-se enredar na armadilha de sentir-se provin-

ciano. (Adotei como minha verdade sobre a condição pro-

vincial uma definição que li certa vez sobre o domingo de

tarde. O que é um domingo de tarde? É aquele momento da

semana em que a gente tem certeza que alguma coisa muito

boa está acontecendo, porém não no lugar onde estamos.)

Mas não tem jeito: enquanto a gente olha para a aldeia

como província ela continua província. Isso não tem nada a

ver com o fato banalmente verdadeiro de que a aldeia esteja

numa periferia, como Porto Alegre em relação a São Paulo,

Rio ou Buenos Aires, ou como o Brasil em relação à França

ou aos EUA; a trivial verdade da condição periférica não é

suficiente para o sujeito considerar a aldeia uma província.

Voltemos ao mesmo Fernando Pessoa, que num curioso

artigo intitulado “O provincianismo português” diagnosticou

em três sintomas a síndrome: “o entusiasmo e admiração pe-

los grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e

admiração pelo progresso e pela modernidade; e, na esfera

mental superior, a incapacidade de ironia”. De fato, as três

coisas juntas conferem ao indivíduo aquela lamentável con-

dição do tolo, reconhecível à primeira vista, em geral pela

falta de senso de medida na admiração pelo centro tido como

superior, que de vez em quando é até um cenário como Miami.

Se há vacina contra tal patetice, ela está na busca de

informação e de crítica, que se obtêm pela leitura, mais que

por outros caminhos. Por exemplo, a leitura do extraordiná-

rio trabalho de Valter Antônio Noal Filho e Sérgio da Costa

Franco intitulado “Os viajantes olham Porto Alegre” (editora

Anaterra, de Santa Maria – www.anaterralivros.com.br). Em

dois volumes elegantes e bem editados, os historiadores cole-

cionaram dezenas de depoimentos de viajantes que por aqui

passaram entre os anos de 1754 e 1941, acrescentando a eles

notas biográficas de extrema valia para localizar os pontos de

referência dos depoentes.

Gente como o clássico Auguste de Saint-Hilaire, que

ridicularizou a falta de aquecimento das casas, numa terra

regularmente batida por frios agudos, mas elogiou a urbani-

dade das mulheres gaúchas. Ou ainda como a notória Prince-

sa Isabel, que anotou a seguinte curiosidade sobre hábitos de

higiene locais, em seu diário de 7 de janeiro de 1885, após ser

brindada com um churrasco assado à gaúcha por um capataz

veterano da guerra do Paraguai: “A sua toalha para limpar as

mãos ou a faca era a cauda do cavalo”.

Gente imperdível para nos dizer o que viram da vida local,

não porque tenham a palavra definitiva, mas porque nos ajudam

a entender a complexa equação das semelhanças e diferenças

que se esconde atrás do fantasma provincial. Com ironia.

L U Í S A U G U S T O F I S C H E R

LUÍS AUGUSTO FISCHER É PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR

OLHAR OS QUE NOS OLHAM

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