As mídias digitais na e além da sala de aula(Palestra dada na UniRio em junho de 2011)

Tatiane Marques de Oliveira MartinsMestre em Educação

Maio-junho de 2011

Querida Marcela e queridos alunos,Adorei estar com vocês ontem, à noite. O nosso bate-papo foi muito enriquecedor para minhas pesquisas. Espero que para vocês também tenha sido útil.Disponibilizo aqui, nestes slides, o material que preparei para a palestra, acrescentando não só os links dos vídeos que mencionei durante a minha fala, como também alguns comentários para que possam entender os gráficos de minha dissertação.Lembrem-se do que lhes contei sobre a criação de meu primeiro blog. Simplesmente, entrei no blog de uma amiga e cliquei no ícone “Crie um blog”. As ferramentas da Web são autoinstrutivas. Ninguém mais precisa ser programador ou da área exata. Eu não sei nada dos programas. Sou simples usuária.O que eu indico para quem quer começar a se familiarizar? Comece a navegar por blogs de educadores (ao final indico alguns pontos de partida). Normalmente nesses blogs, além do conteúdo que os autores produzem, encontramos, em barras laterais, indicações de outros blogs afins. Numa espécie de “hiperlinkação” (abro um link, depois me interesso por outro e abro, e outro mais que também abro...) cada um pode ir descobrindo blogs, wikis, sites e listas interessantes (e importantes) para professores do século XXI.Ah! Mais uma coisinha... Não podemos ficar esperando que a instituição ofereça cursos de capacitação para aprendermos a usar novas ferramentas. Também não podemos querer que disponha de toda a infraestrutura necessária para começar a desenvolver projetos novos. Essas desculpas têm de acabar! Somos ou não somos indivíduos inteligentes, capazes, criativos, atuais e apaixonados pela Educação?Beijinhos,Tati

SÉCULO XXI

Cenário mundial

•Web 2.0

▫A sociedade já está vivendo uma Cultura Digital.

▫As novas tecnologias chegam para facilitar (ou não) a vida das pessoas, em suas tarefas diárias, na velocidade da comunicação e no entretenimento.

▫A cultura de nossa época não pressupõe a presença física do homem para que se dê a interação.

Brasil

•A sociedade e o celular

▫ De cada 10 brasileiros, 8 têm celular.

▫Pesquisa realizada pela Motorola indicou que o celular é o objeto mais importante na vida de 85% dos jovens brasileiros. À frente até dos EUA e do Reino Unido.

“O computador portátil tende a ser hoje o próprio celular. (...) A portabilidade gera uma ecologia digital na escola, o que amplia a sala de aula e a possibilidade de acessos compartilhados de conteúdos. Se antes falávamos de geração de conteúdos em um laboratório de informática, hoje os computadores, a produção e o envio através das redes digitais estão no bolso dos alunos.”

“O computador portátil tende a ser hoje o próprio celular. (...) A portabilidade gera uma ecologia digital na escola, o que amplia a sala de aula e a possibilidade de acessos compartilhados de conteúdos. Se antes falávamos de geração de conteúdos em um laboratório de informática, hoje os computadores, a produção e o envio através das redes digitais estão no bolso dos alunos.”

Brasil

• As crianças e os jovens na Internet

▫ Dados (do Brasil) da pesquisa Geração Interativa na Ibero-América (2007/2008)

Entrevistados: 790 crianças de 6 a 9 anos e 3415 jovens de 10 a 18

8 de cada 10 crianças e 95% dos jovens são internautas.

40% das crianças e 81% dos jovens navegam sozinhos.

Apenas 1 de cada 10 jovens dizem ter aprendido a internet graças a seus professores.

Na opinião de 50% dos jovens brasileiros, nenhum professor faz uso da Internet para explicar sua matéria ou estimular os alunos a usarem-na para estudar.

Paiva, Miguel. “Chiquinha”, in: Globinho, 15/08/2009, p. 6.

Temores Vantagens• Possível isolamento das

crianças.• Dependência excessiva da

tecnologia.• Fosso entre as crianças e os

pais e professores.• Qualidade dos conteúdos e

superficialidade na abordagem e leitura.

• Autoexposição na rede.• Perda de habilidades

anteriores (ex.: letra cursiva)Assistam a este vídeo de

Michel Serres: http://migre.me/4F1KB

• Ser humano multitarefa.• Nova forma de pensar.• Ampliação da capacidade

mental do homem pela máquina (cognição ampliada).

• Desenvolvimento de novas habilidades.

• Práticas de interação.• Tomadas de decisão e

escolhas.

Pierre Lévy (1993)

O sociólogo categoriza o conhecimento existente na sociedade em três formas diferentes:

a oral, a escrita e a digital.

3 f

orm

as

de

conheci

mento

Lin

gu

ag

em

fa

lad

a

• Prevalece a memorização, através das tradições orais, como forma de aquisição do conhecimento: cânticos, rimas, danças e rituais.

• Emissor e receptor presentes no momento da comunicação.

Lin

gu

ag

em

esc

rita

Lin

gu

ag

em

d

igit

al

• “A tecnologia digital rompe com a narrativa contínua e sequencial das imagens e textos escritos e se apresenta como um fenômeno descontínuo. Sua temporalidade e espacialidade, expressa em imagens e textos nas telas, estão diretamente relacionadas ao momento de sua apresentação.”

• “Não é o mundo que é global, somos nós.” “Ganhamos o poder de estar em todos os lugares sem sairmos do mesmo lugar.” (Emissor e receptor)

• A escrita registra tudo o que se produz. Em vez da memorização, é necessário agora compreender o que é comunicado graficamente.

• Emissor e receptor podem estar distantes no tempo e no espaço.

• Quando o adulto chegava a uma universidade e se formava, ele estava pronto e completo para a vida, para todo o seu futuro profissional.

CO

NH

EC

IMEN

TO

/FO

RM

AÇ

ÃO

PA

SS

AD

OP

RE

SE

NT

E • “Não existe mais a possibilidade de considerar-se alguém totalmente formado, independente do grau de escolarização alcançado.”

(Kenski, 1998)

Driscoll (2000) define a aprendizagem como “uma mudança persistente na performance ou no potencial para performance... [que] deve surgir como resultado da experiência e interação do aprendiz com o mundo” (p.11).

“As velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É preciso que se esteja em permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo.” (Kenski, 1998)

Vejam aqui o vídeo “Tecnologia não é metodologia”:

http://youtu.be/IJY-NIhdw_4

Estávamos acostumados com alunos cuja identidade se produzia com base em uma cultura local. As mídias produzidas e distribuídas por sistemas globais e de rede proporcionam para as crianças “meios de negociar as identidades que transcendem sua cultura local” (Fisherkeller, 2009, p. 281)

Caetano Cury www.clubedopanca.com.br

“Nada é permanente e duradouro neste segmento, tudo muda. (...) É mais necessário e urgente compreender a lógica do processo de avanço e suas funcionalidades, seu movimento incessante de mudança, sua veloz transformação para oferecer novos formatos de acesso, novos modos de atuação para o ensino e a produção de conhecimentos.”

•Aqui eu iria mostrar a vocês (mas não tive tempo) este vídeo: http://youtu.be/LqgqxRY0dkU

Vejam como o homem se transforma, mas também deixa as suas marcas nas diversas tecnologias de escrita que cria. O que importa é o conteúdo. É ele que transforma o homem, independente do suporte. Aliás, ao suporte cabe uma questão importante: a facilidade ou não do acesso à informação.

““seres lineares”seres lineares”

seresseresHIPERTEXTUAISHIPERTEXTUAIS

fluxos desterritorializados

LayoutLayoutde páginade página

LayoutLayoutde telade tela

Conexões instituídas em

múltiplas direções

ATO FORMAL DE ENSINAR

VIRTUOSISMO DO PROTAGONISTA (professor)

AÇÃO EDUCATIVA COMO APRENDIZAGEM

TODOS ENVOLVIDOS (desejo de avançar no conhecimento)

Com

o é:

Com

o de

veria

ser:

Referência clássica para demonstrar as estruturas dos saberes e das ciências.Haverá sempre uma unidade principal (representada pelo tronco), responsável pela “alimentação” e pelo desenvolvimento dos ramos, que se originam a partir dele.

Metáfora de Deleuze e Guattari para o atual estágio do conhecimento humano.“Qualquer ponto do rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo.”

Conectivismo

Aprender é o processo de conectar

• Estudo do cotidiano escolar e social do século XXI.

• Ressignificação do processo ensino-aprendizagem através das mídias digitais.

• O ponto de partida do conectivismo é o indivíduo.

• “O conhecimento pessoal é composto por uma rede que alimenta as organizações e instituições, que por sua vez alimenta de volta a rede e então continua a prover aprendizagem para o indivíduo. Este ciclo de desenvolvimento do conhecimento (da pessoa para a rede para a organização) permite que os aprendizes se mantenham atualizados em seus campos, através das conexões que formaram.” (J. Siemens)

• Fator persuasivo: encolhimento da duração do conhecimento para metade.

A “meia-duração do conhecimento” é o tempo de duração desde que se obtém o conhecimento até que ele se torne obsoleto.

Metade do que é conhecido hoje não era conhecido há 10 anos.

A quantidade de conhecimento no mundo dobrou nos últimos 10 anos e está dobrando a cada 18 meses, de acordo com a Sociedade Americana para Treinamento e Desenvolvimento (ASTD).

Necessidades

•Aprender a usar tecnologia para aprender requer novas habilidades metacognitivas que não têm sido desenvolvidas na escola.

•O professor deve possuir novos conhecimentos, novos comportamentos e novas atitudes.

•Desenvolver uma nova competência imprescindível para o indivíduo da atualidade: a autonomia.

André Dahmerwww.malvados.com.br/

Quanto ao sexo

M H HM

54%42%63%

37%

QPP, N = 79 MW, N = 138

Descobri em minha pesquisa com 79 docentes que as mulheres estão mais abertas a essas inovações do que os homens. Fiz um contraponto com uma pesquisa anterior (Mestres na Web) do meu grupo de pesquisa. Nela 138 professores do E. Médio responderam às questões, por isso a prevalência de homens.

Quanto à idade (N = 79)

Descobri também que os professores que estão mais ativos na Web são os menos propensos devido à idade em relação ao tempo de existência da internet. A maioria dos 79 professores têm mais de 31 anos de idade.

Quanto à distribuição em instituição

Quanto à disciplina que leciona

Vejam

que a Web é um

a mídia de com

unicação e não de program

ação. Por isso os professores das áreas hum

anas se destacam

. Em

“outros” temos professores universitários,

de comunicação social, por exem

plo, e professores da E

ducação Infantil.

Alguns docentes na Web

• Fátima Franco – Blogs Educativos

• Miriam Salles• Jenny Horta• Suely Aymone• Suzana Gutierrez• Lilian Starobinas• Marise Rodrigues• Rocio Rodi – aprendências• Teresinha Bernadete Motter• Gladis Leal dos Santos• Marli Fiorentin

• Sérgio Lima (Sérgio Blog 2.4)• Prof. Michel (História Digital)• Prof. Jarbas (Boteco Escola)• Franz Kreuther Pereira• Rodrigo Vieira (A coisa é

pessoal)• Alfeu Barreto

Nos meus blogs (endereço ao final) vocês encontram esses professores e muitos outros. É só começar a navegar!

Eu, na Web...• Blog pessoal: “Mulher é desdobrável. Eu sou.”

http://tatianemomartins.blogspot.com

• Blog de trabalho: “Além da sala de aula – 6º ano - CMRJ”

http://cmrj6ano.blogspot.com

• Facebook: Tatiane Martins http://migre.me/4EBFY

• Twitter: @tatimartins http://twitter.com/#!/tatimartins

• Email: tatianemomartins@gmail.com Minha dissertação de Mestrado está disponível em meu blog pessoal. Se alguém não conseguir baixá-la pode me pedir por email. Indico a leitura do capítulo IV para quem precisa pensar em dados estatísticos (rsrs).

Espero que os comentários em vermelho, que coloquei agora, possam ajudá-los a entender as informações que não expliquei ontem.

Beijinhos!

Referências bibliográficas• DEMO, P. TICs e Educação. Net, 2008. In: Prof. Pedro Demo - Blog Acadêmico. Acesso

em 11/06/2009: http://pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/tics.html• DRISCOLL, M. Psychology of Learning for Instruction. Needham Heights, MA, Allyn

& Bacon, 2000, p. 11.• FISHERKELLER, J. Como a autoidentidade das crianças está relacionada às experiências

com a mídia na vida diária? In: MAZZARELLA, S. R. (org.) Os jovens e a mídia: 20 questões. Porto Alegre: Artmed, 2009.

• GONZALEZ, C. The Role of Blended Learning in the World of Technology. Dez. 2004. Acesso em 17/10/2009. http://www.unt.edu/benchmarks/archives/2004/september04/eis.htm.

• KENSKI, V. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os impactos no trabalho docente. Revista Brasileira de Educação, ANPEd, Mai/Jun/Jul/Ago. 1998, n. 8, p. 58-71. Acesso em 11/06/2009: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE08/RBDE08_07_VANI_MOREIRA_KENSKI.pdf

• ------------. Educação e comunicação: interconexões e convergências. Educação e Sociedade, Campinas, out. 2008, vol.29, n.104 – Especial, p. 647-665. Acesso em 11/06/2009: http://www.scielo.br/pdf/es/v29n104/a0229104.pdf

• MARTINS, T. M. O. As mídias digitais na e além da sala de aula. Dissertação de mestrado, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: http://tatianemomartins.blogspot.com/2011/05/as-midias-digitais-na-e-alem-da-sala-de.html