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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MADE – Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial
Paulo Vítor Queiroz Dumas Codeço
Perfis motivacionais das gerações X e Y: estudo junto aos funcionários de um banco estatal na cidade do
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro RJ
2012
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MADE – Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial
Paulo Vítor Queiroz Dumas Codeço
Perfis motivacionais das gerações X e Y: estudo junto aos funcionários de um banco estatal na cidade do
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
2012
Paulo Vítor Queiroz Dumas Codeço
Perfis motivacionais das gerações X e Y: estudo junto aos funcionários
de um banco estatal na cidade do Rio de Janeiro
Dissertação apresentada a Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial. Orientadores: Isabel de Sá Affonso da Costa, D.Sc Marco Aurélio Bouzada, D.Sc
Rio de Janeiro
2012
AGRADECIMENTOS
A meus orientadores Isabel de Sá Affonso da Costa e Marco Aurélio
Bouzada, que em todo o período de orientação dispensaram muita disponibilidade,
paciência e tranquilidade, o que facilitou a construção desse trabalho. Ressalto
também a sua importância no despertar da minha motivação para a elaboração
desta dissertação, sempre agindo com muita clareza e objetividade.
Aos funcionários do Banco, que se disponibilizaram a responder ao
questionário, viabilizando a pesquisa.
Um especial agradecimento à minha esposa, ao meu filho e à minha
filha, que muito contribuíram para que eu pudesse concluir este trabalho.
RESUMO
As organizações começam a conviver com uma nova geração, denominada Geração
Y, que vem gradualmente ocupando posições no mercado de trabalho. É geralmente
aceito, embora não existam pesquisas exaustivas sobre o tema, que essa geração
apresenta diferenças das gerações anteriores em suas expectativas, valores, formas
de se relacionar com as organizações, sua maneira de conduzir a vida e outros
aspectos que precisam ser identificados e entendidos de forma a equalizar possíveis
conflitos de gerações. Assim, esta pesquisa teve como objetivo testar se os perfis
motivacionais dos contratados pelo Banco, no ano de 2010, na cidade do Rio de
Janeiro, com nível superior, apresentam diferenças significativas entre empregados
pertencentes à Geração X e à Geração Y. Para tanto foi utilizado o questionário
baseado no “Inventário de Valores de Schwartz – SVI”. Posteriormente aplicou-se o
teste de comparação de proporções, com nível de significância de 10% – “Teste Qui
Quadrado” –, com o objetivo de verificar se a proporção de indivíduos da Geração X
que acusou a presença de determinado Tipo Motivacional é estatisticamente
diferente da proporção de indivíduos da Geração Y que acusou a mesma presença.
Concluiu-se que o fator motivacional autotranscendência ocupa o primeiro lugar na
hierarquia de valores para as Gerações X e Y, porém, observou-se que os Tipos
Motivacionais Estimulação e Hedonismo, conforme resultado do Teste de
Comparação de Proporções, são percebidos de forma diferenciada entre as
gerações.
Palavras-chave: Gerações X e Y. Fatores Motivacionais. Tipos Motivacionais.
Hierarquia de Valores.
ABSTRACT
Companies start to deal with a new generation known as Y Generation, which has
slowly taking position in the workplace. Generally accepted, even though, there is not
exhaustive research about the topic that this generation shows differences from
former generations in its expectation, values, the relationship with companies, the life
style, and other differences which must be identified and known to mitigate the
generational conflict. Thus, the goal of this research is to test whether the
motivational profile of the bank employees, in the year 2010, in the city of Rio de
Janeiro, and with professional level shows significant difference among Generation X
and Y employees. A survey based in the Schwartz Value Inventory – SVI was used.
After that the compare of proportions test with 10% significance level was used –
Chi-square test – with the goal to verify whether the proportion of the Generation X
which detected some motivational level is statistically different from the Generation Y
persons who detected the same presence. Therefore, the motivational level auto-
transcendence is the first place in the hierarchy of the values for X and Y Generation,
however, it was observed that the motivational types Stimulation and Hedonism,
according the test result of the compare of proportions, are perceived in a
differentiated way among generations.
Key-words: X and Y Generations. Motivational Factors. Motivational Types.
Hierarchy of the Values.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Estrutura teórica das relações entre valores ........................................... 37
Figura 2 Resultados da Geração X ....................................................................... 51
Figura 3 Resultados da Geração Y ....................................................................... 52
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Proporção de indivíduos com a presença dos Tipos Motivacionais
referentes ao Fator Motivacional – Abertura à mudança ......................... 55
Gráfico 2 Proporção de indivíduos com a presença dos Tipos Motivacionais
referentes ao Fator Motivacional – Conservação .................................... 57
Gráfico 3 Proporção de indivíduos com a presença dos Tipos Motivacionais
referentes ao Fator Motivacional – Autopromoção .................................. 60
Gráfico 4 Proporção de indivíduos com a presença dos Tipos Motivacionais
referentes ao Fator Motivacional – Autotranscendência .......................... 63
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Contratações do Banco, em 2010, no Estado do Rio de Janeiro ............ 19
Quadro 2 Características das Gerações ................................................................. 27
Quadro 3 Características do Contrato Psicológico .................................................. 33
Quadro 4 Perguntas associadas aos valores motivacionais .. .................................44
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Hierarquia dos Tipos Motivacionais – pesquisa Tamayo (2007) ............ 40
Tabela 2 Perfil da Amostra ................................................................................ ....51
Tabela 3 Fatores Motivacionais – Resultado do Teste Qui Quadrado (nível de
significância 10%) .................................................................................. 53
Tabela 4 Tipos Motivacionais – Resultado do Teste Qui Quadrado (nível de
significância 10%) .................................................................................. 54
Tabela 5 Fator Motivacional – Abertura à mudança – Médias de escores dos
tipos motivacionais associados .............................................................. 56
Tabela 6 Fator Motivacional – Conservação – Médias de escores dos tipos
motivacionais associados ....................................................................... 58
Tabela 7 Fator Motivacional – Autopromoção – Médias de escores dos tipos
motivacionais associados ....................................................................... 61
Tabela 8 Fator Motivacional – Autotranscedência – Médias de escores dos tipos
motivacionais associados ....................................................................... 63
Tabela 9 Presença dos Fatores Motivacionais para as gerações .......................... 64
Tabela 10 Hierarquia dos Tipos Motivacionais – Geração X .................................... 64
Tabela 11 Hierarquia dos Tipos Motivacionais – Geração Y .................................... 64
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PDV – Plano de Demissões Voluntárias
SVI – Inventário de Valores de Schwartz
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
1.1 APRESENTAÇÃO INICIAL ................................................................................ 16
1.2 QUESTÃO-PROBLEMA ..................................................................................... 21
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 21
1.3.1 Objetivo Final ................................................................................................. 21
1.3.2 Objetivos Intermediários .............................................................................. 21
1.4 DELIMITAÇÃO ................................................................................................... 22
1.4.1 Delimitação Geográfica ................................................................................. 22
1.4.2 Delimitação Temporal ................................................................................... 22
1.4.3 Delimitação Teórica....................................................................................... 23
1.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .............................................................................. 23
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 24
2.1 A GERAÇÃO Y: CARACTERÍSTICAS E MODELOS DE TRABALHO ............... 24
2.2 O CONTRATO PSICOLÓGICO ......................................................................... 30
2.3 VALORES PESSOAIS E MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO ........................... 34
3 METODOLOGIA ................................................................................................... 42
3.1 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 42
3.2 ABORDAGEM .................................................................................................... 42
3.3 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................... 42
3.4 COLETA DE DADOS ......................................................................................... 43
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................ 44
3.6 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS ..................................................................... 48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 50
4.1 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS .................................................. 50
4.2 PERFIL DA AMOSTRA ...................................................................................... 50
4.3 RESULTADOS OBTIDOS .................................................................................. 51
4.3.1 Abertura à mudança ...................................................................................... 55
4.3.2 Conservação .................................................................................................. 57
4.3.3 Autopromoção ............................................................................................... 59
4.3.4 Autotranscendência ...................................................................................... 62
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 71
ANEXO A - Instrumento de Pesquisa ................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO INICIAL
O mundo corporativo vem apresentando profundas modificações,
caracterizando-se por grande competição entre as empresas, necessidade de mão
de obra cada vez mais qualificada, instabilidade nas relações de trabalho e novos
valores. Esta acirrada competição provocou uma série de reflexos na relação entre
as empresas e seus empregados, sendo um dos mais expressivos a pressão por
resultados representativos.
Observa-se que tais modificações ocorrem tanto em empresas privadas
quanto em instituições públicas e estatais, que em momentos anteriores não eram
avaliadas pela sociedade no que se refere à sua eficiência e aos seus resultados.
Assim, a preocupação com os aspectos que afetam a motivação e o
comprometimento da força de trabalho ganham destaque.
O trabalho provoca diferentes graus de motivação e de satisfação no
trabalhador, tanto pela forma quanto pelo meio no qual desempenha sua tarefa.
Assim, não basta considerar as necessidades como fator de influência para o
comportamento do trabalhador, mas é também preciso observar se este percebe as
condições existentes no ambiente organizacional como facilitadoras ou não para o
alcance dos seus objetivos e das suas necessidades.
Alguns fatores motivam as pessoas para o trabalho, tais como: realização
pessoal, reconhecimento, possibilidade de crescimento, busca de um objetivo,
segurança e perspectiva de futuro, sendo que elas não pretendem apenas
desempenhar as tarefas a serem realizadas. Almejam também construir algo valioso
e, se possível, deixar um legado para as futuras gerações. Paralelamente, esperam
que seus pares e gestores reconheçam os esforços e a competência que aplicam na
empresa, ou seja, são movidas pelo apreço e pelo prestígio que recebem das outras
pessoas com as quais interagem.
De acordo com Kanaane (2006), a motivação resulta de ações e
comportamentos selecionados pelo indivíduo na busca por atender às suas
17
necessidades e é influenciada por fatores inerentes à personalidade individual, bem
como por aqueles oriundos do ambiente e mesmo da herança genética. Sendo
assim, o trabalhador pode estar satisfeito parcial ou até plenamente, sem que tenha
atingido o nível de realização pessoal ou profissional em dado contexto
organizacional. De forma contrária, pode ocorrer que a ação de enfrentar obstáculos
organizacionais possa proporcionar satisfação e realização, na medida em que ela
esteja associada às expectativas e possibilidades percebidas pelos indivíduos.
Segundo Schwartz (apud Porto e Tamayo, 2003, p. 23), os valores são
definidos como critérios ou metas que transcendem situações específicas, que são
ordenados por sua importância e que servem como princípios que guiam a vida do
indivíduo. Esse autor salienta ainda que o sistema de valores pode ser estruturado
em dois níveis. O primeiro é considerado como a estrutura geral, relacionado a todos
os aspectos da vida. Desta forma, esta estrutura reveste-se de caráter amplo e
abstrato. O segundo nível refere-se às estruturas associadas a contextos
específicos, como família, trabalho e religião.
Para Schwartz (2005), os valores individuais são considerados como fins
da ação humana, cujo alcance permite satisfazer uma ou mais das três
necessidades básicas da sua existência: as necessidades biológicas, as
necessidades de interação social coordenada e as necessidades de sobrevivência e
de bem-estar dos grupos. Os valores representam objetivos gerais que visam a
satisfazer necessidades humanas básicas, como metas desejáveis, transituacionais
e de importância variável, que servem como princípios orientadores na vida dos
indivíduos. Baseado nessa concepção, Schwartz (1992, p. 4) propôs uma tipologia
de valores agrupada aos Fatores Motivacionais: Abertura à Mudança,
Autopromoção, Autotranscendência e Conservação.
No contexto do trabalho, há de se considerar a presença de outras
gerações, que convivem apresentando expectativas diferentes. Os valores e a forma
de se relacionar com as organizações, bem como a maneira de conduzir a vida das
novas gerações demonstram pontos de vista muitas vezes opostos aos padrões
existentes. Além de lidar com essa convivência bastante diversificada, os gestores
terão que rever as formas de dar reconhecimento às novas gerações, uma vez que,
provavelmente, essas pessoas sentem-se reconhecidas de formas diferentes.
Assim, é necessário que as empresas repensem a maneira de gerir seus recursos
18
humanos, na busca de entender as novas gerações e adequar sua gestão,
objetivando promover a retenção dos talentos existentes.
Na literatura existem diversas formas de classificação da evolução das
gerações, de acordo com a faixa etária, apresentando diferentes denominações.
Para Tapscott (1988, p. 20), boom (explosão) é o período em que houve acentuado
aumento da natalidade nos Estados Unidos. Bust (declínio) é o período no qual
houve uma queda na natalidade e Echo é o período de irradiação do Baby Boom.
Desta forma, os Baby Boomers são os nascidos entre 1946 e 1964, os Baby Busters
(ou Geração “X”) são aqueles nascidos no período entre 1965 e 1976 e os Echo
Boomers, também chamados de Geração Net, N-Gen, Geração Digital, Millennials
ou Geração “Y”, são os nascidos de 1977 a 1997.
De acordo com Veloso, Dutra e Nakata (2008), a Geração Y apresenta
características bem marcantes, como: multitalentosa, elevada autoestima,
socialmente consciente, exigente, criativa, em permanente conexão com algum tipo
de mídia, habituada à mudança, preocupada com questões sociais, curiosa, alegre,
flexível, colaboradora, dentre outras. Os indivíduos da Geração Y possuem um novo
conceito de trabalho, baseado em um contrato psicológico diferente do que foi
estabelecido pelos seus antecessores. Consideram o trabalho como fonte de
satisfação e aprendizado, o que resulta em nova visão para o entendimento de
carreira, promoção, vínculo profissional, formas de enxergar e de se relacionar com
as organizações. A Geração Y considera o trabalho como desafio e diversão e preza
o ambiente informal com transparência e liberdade e, além disso, busca aprendizado
constante e não tem medo da rotatividade de empregos.
A partir da confirmação deste perfil é possível antecipar que indivíduos
com essa visão de mundo trariam consigo novos valores e motivações para o
ambiente organizacional, capazes de afetar diretamente as relações de trabalho e
sua gestão. Essa nova geração, representada pelos novos entrantes do mercado de
trabalho, chegaria com novas aspirações, novos valores, um nível de
comprometimento com a empresa não tão grande como o das gerações anteriores,
fazendo com que as organizações precisem rever sua forma de gerir pessoas, sob o
risco de não conseguirem reter mão de obra.
Embora Veloso et al (2008) ressaltem de forma enfática as características
da Geração Y e sua nova relação com o trabalho, deve-se considerar que ainda hoje
o ambiente de trabalho impõe o cumprimento de regras e adaptações à cultura
19
organizacional, o que acaba por limitar e muitas vezes restringir o comportamento
dos funcionários.
Neste contexto está inserido o Banco, objeto de nosso estudo, que
apresenta a necessidade de renovar seu quadro de pessoal devido à saída de um
grande número de funcionários, gerada por aposentadorias regulares e Planos de
Demissões Voluntárias (PDV), ocorridas no período de 2003 a 2007.
De acordo com as informações da Gerência de Pessoas – Rio de Janeiro,
responsável pela contratação da mão de obra no referido Estado, somente no ano
de 2010 foram contratados 806 novos empregados, que apresentaram o seguinte
perfil: 476, ou seja, 59% do total contratado, nasceram a partir de 1978, sendo que
223 destes assumiram seus cargos em unidades de negócios localizadas no Grande
Rio e serão aqui definidos como pertencentes à Geração Y. Já os outros 330, ou
seja, 41%, nasceram em anos anteriores a 1978 e 150 destes ocuparam seus
cargos na cidade do Rio de Janeiro, sendo enquadrados nas Gerações X ou Baby-
boomer (Quadro 1).
Quadro 1 - Contratações do Banco, em 2010, no Estado do Rio de Janeiro
Cidade do
Rio de Janeiro
Fora da Cidade do
Rio de Janeiro
Total de
Contratados
Geração Y 223 253 476
Geração X 150 180 330
Fonte: Gerência de pessoas do Banco
Diante da constatação de que o maior percentual de contratados pertence
à Geração Y, pode-se supor que o conflito de gerações no ambiente de trabalho
passe a ser inevitável, haja vista que cada geração traz em sua história vivências
marcadas pelo contexto no qual estão inseridos e que podem apresentar
expectativas diferentes em relação aos vínculos que estabelecem no trabalho. Desta
forma, entende-se que o Banco terá o grande desafio de verificar se as políticas de
gestão de pessoas que vigoraram até o presente momento com sucesso, gerando
comprometimento organizacional e dedicação entre os empregados mais antigos,
20
continuarão eficientes para os novos funcionários que ora assumem seus cargos. Ao
mesmo tempo, entende-se que os dirigentes que almejam o melhor para suas
empresas trabalhem na busca por funcionários satisfeitos profissionalmente. Para
isso, devem identificar os fatores que influenciam o alcance desta satisfação.
Esta pesquisa pretendeu oferecer contribuições para o repensar das
práticas de gestão de pessoas nas organizações, a partir da identificação dos
valores motivacionais para o trabalho percebidos pelas Gerações X e Y, o que
poderá refletir diretamente em um melhor ambiente de trabalho, bem como em uma
melhor gestão de pessoas.
Embora haja no meio acadêmico pesquisas abordando o tema da
diferença entre as Gerações X e Y (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2008), elas ainda
são escassas e, em sua maior parte, relativas a contextos que não o brasileiro.
Também não foi possível identificar trabalhos que apresentassem as diferenças
entre as Gerações X e Y a partir da percepção dos valores motivacionais. Assim,
esta pesquisa pretende contribuir para o corpo de conhecimento sobre o tema sob
dois aspectos: desenvolver conhecimento sobre a realidade organizacional brasileira
e desenvolver pesquisa sobre as diferenças motivacionais entre as Gerações X e Y,
com base em referencial teórico reconhecido sobre valores (SCHWARTZ, 2005;
PORTO; TAMAYO, 2003, 2009), apoiada em instrumento de pesquisa elaborado por
Schwartz (1992).
Existe campo para novas pesquisas sobre o assunto, em especial no
caso de organizações que passam por um processo acentuado de renovação de seu
quadro funcional. Especificamente sobre a empresa em questão, a pesquisa poderá
ser de grande valia, uma vez que, no ano de 2010, houve um elevado ingresso de
novos funcionários. Dada a importância da sua permanência, cabe salientar a
necessidadae de serem treinadas e desenvolvidas as suas competências, com
vistas à sucessão dos que atualmente ocupam cargos de gestão, com influência
direta no desempenho da empresa.
A organização foco do estudo é um Banco estatal, neste trabalho
denominado Banco, que, devido à legislação vigente, é obrigada a promover a
contratação de seu corpo funcional por meio de concurso público. Considerando
que, por força de lei, estas seleções não apresentam restrição de idade, ocorre o
ingresso de indivíduos de quaisquer gerações, o que representa um desafio para a
21
empresa no que se refere ao planejamento e desenvolvimento da gestão de
pessoas, considerando as características próprias e marcantes de cada geração.
Sendo assim, podemos questionar o que a empresa observará no
comportamento de cada geração e como deverá agir para que desperte no novo
contratado o interesse em permanecer vinculado à empresa, promovendo seu
desenvolvimento profissional e buscando novos desafios.
1.2 QUESTÃO-PROBLEMA
Os perfis motivacionais dos contratados pelo Banco, na cidade do Rio de
Janeiro, com nível superior, apresentam diferenças significativas por geração (X e
Y)?
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo final
O trabalho apresenta, como objetivo final, testar se os perfis motivacionais
dos contratados pelo Banco, na cidade do Rio de Janeiro, com nível superior,
apresentam diferenças significativas por geração (X e Y).
1.3.2 Objetivos intermediários
A elaboração do trabalho pretende alcançar os seguintes objetivos
intermediários:
22
a) Identificar, dentre os 806 empregados contratados pelo Banco, no ano
de 2010, que assumiram seus cargos na cidade do Rio de Janeiro e
que possuem nível superior completo, os que pertencem à Geração X
e os enquadrados na Geração Y, de acordo com a classificação de
Veloso et al (2008); e
b) Identificar, dentre os tipos e fatores motivacionais elencados por
Schwartz (1992), aqueles presentes nos empregados que possuem
nível superior completo, que assumiram seus cargos no Banco, no
ano de 2010, na cidade do Rio de Janeiro.
1.4 DELIMITAÇÃO
A pesquisa foi construída a partir da delimitação de determinados
parâmetros, a saber: delimitação geográfica, temporal e teórica.
1.4.1 Delimitação Geográfica
Para a construção da pesquisa foram utilizados como sujeitos os
concursados do processo seletivo admitidos pela instituição que assumiram seus
cargos exclusivamente em agências na cidade do Rio de Janeiro.
1.4.2 Delimitação Temporal
Os participantes da pesquisa foram selecionados a partir do conjunto dos
funcionários que assinaram o contrato de trabalho com a empresa no decorrer do
ano de 2010.
23
1.4.3 Delimitação Teórica
O referencial teórico do estudo enfatizou o contrato psicológico, o
conceito de valores pessoais que influenciam as motivações para o trabalho e a
Geração Y, frente às demais gerações.
1.5 RELEVÂNCIA
Para o Banco objeto de estudo, conhecer o que os empregados de
diferentes gerações pensam sobre o trabalho e quais são os seus valores poderá
contribuir para a realização de um direcionamento estratégico em sua gestão de
pessoas, como forma de reter e desenvolver adequadamente essa mão de obra ao
longo do tempo. Para os funcionários mais antigos do Banco, uma vez que a
empresa entenda como essa nova geração considera o trabalho e os fatores que
mais a motivam, melhores serão as relações de trabalho, tornando as atividades
diárias mais equilibradas e harmoniosas, de forma que empresa e empregados
sejam beneficiados. Conhecer mais detalhadamente o perfil desses novos
contratados, seus desejos e expectativas, facilitará a integração com os empregados
mais antigos da empresa, o que será positivo tanto para o funcionamento da
empresa quanto para a criação de um favorável clima organizacional.
Quanto à relevância acadêmica, considerando a impossibilidade de
identificar trabalhos que apresentam diferenças entre as gerações X e Y a partir da
percepção dos valores motivacionais estudados por Schwartz (1992), a presente
pesquisa pretende contribuir para o corpo de conhecimento sobre o tema em dois
aspectos: desenvolver conhecimento sobre a realidade organizacional brasileira e
desenvolver pesquisa sobre diferenças motivacionais entre as Gerações X e Y.
Considere-se ainda que estudos que forneçam subsídios para mais
adequadamente administrar o Banco, em razão do amplo alcance de suas
atividades na economia do país, são de interesse de nossa sociedade, que deve,
cada vez mais, exigir serviços de qualidade.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A GERAÇÃO Y: CARACTERÍSTICAS E MODELOS DE TRABALHO
O sentido do trabalho pode variar para um mesmo indivíduo ou
coletividade ao longo do tempo e entre pessoas ou grupos em um dado momento
histórico. O trabalho sofreu consideráveis transformações no decorrer do último
século, particularmente em função das mudanças tecnológicas observadas na era
pós-industrial. Biotecnologia, automação, multimídias e redes computacionais
globais representam alguns dos novos recursos disponíveis, que proporcionam
profundas transformações nos diversos setores produtivos. Com o desenvolvimento
e a incorporação de novas ferramentas e técnicas, o trabalho foi transferido, em
grande escala, das mãos para as mentes (HOWARD, 1995).
Encontramo-nos na era do conhecimento e as organizações estão
aprendendo a gerenciar seu capital intelectual ao mesmo tempo em que os
profissionais estão cada vez mais atentos às oportunidades do mercado, assim
como aos modelos de gestão em uso nas organizações. Ulrich (2001, p. 355) afirma
que
O sucesso de uma empresa reside hoje mais em seu intelecto e em seu sistema de capacidades do que em seus ativos físicos. Gerenciar o intelecto humano – e convertê-lo em produtos e serviços úteis – está rapidamente se tornando a principal habilidade executiva de nosso tempo.
De acordo com Drucker (2010), para terem sucesso e conseguirem
realizações, os trabalhadores do conhecimento precisam gerenciar a si mesmos, o
que cria novas exigências sobre o indivíduo. Inicialmente é necessário que
entendam o que fazem bem, ou seja, seus pontos fortes. Quando o trabalhador do
conhecimento identifica e compreende seus pontos fortes e seu estilo de trabalho,
ele deverá compreender os seus valores. O referido autor conclui afirmando que a
pessoa tende a obter melhores resultados no momento em que aplica seus pontos
fortes em áreas que valoriza. Desta forma, o trabalhador do conhecimento será
25
capaz de determinar onde deve tentar se colocar, conforme as oportunidades se
apresentem. Drucker (2010, p. 290), acrescenta ainda que
O ativo mais valioso de uma companhia do século XX era seu equipamento de produção. O ativo mais valioso de uma instituição do século XXI, nos negócios ou fora deles, são os trabalhadores do conhecimento e sua produtividade.
Assim, são construídas as bases da sociedade do conhecimento, que
interferem diretamente nas relações de trabalho, surgindo a demanda pelo
trabalhador com novas habilidades e atitudes, compatíveis com o novo cenário,
conforme abordado por Martins (2001), quais sejam:
a) Especialização – o trabalhador do conhecimento é necessariamente
um especialista;
b) Percepção da diversidade cultural e de conhecimentos – ainda que
a especialização seja uma exigência, será de suma importância que o
trabalhador desenvolva a capacidade de compreensão e análise das
diversas culturas e tradições em um mundo globalizado, além da
capacidade de interação com outros conhecimentos especializados,
uma vez que a ausência dessas habilidades e atitudes poderia gerar
uma improdutiva arrogância cultural e científica. Há de se considerar
que os problemas atuais são de tal complexidade que as disciplinas,
isoladamente, não conseguem solucioná-los e, assim, a abordagem
interdisciplinar, ao integrar saberes especializados, possibilita aos
especialistas uma visão global dos problemas, habilitando-os a uma
ação mais eficaz;
c) Trabalho em equipe – o trabalho do conhecimento deve ser realizado
em equipes, nas quais a colaboração e a comunicação eficaz são
competências essenciais;
d) Gerenciamento por resultados – sendo especialistas em suas áreas,
os trabalhadores do conhecimento não poderiam ser gerenciados à
maneira tradicional, na qual o chefe tem capacidade de avaliar a
eficiência do seu subordinado. O trabalho do conhecimento se
assemelha ao do profissional liberal, do qual não se avaliam as tarefas,
26
mas sim os resultados. Esse modelo pressupõe novas habilidades
gerenciais, bem como a atribuição de responsabilidade e autonomia ao
trabalhador;
e) Aprendizagem continuada – existe uma constante necessidade da
atualização continuada, pois caso contrário a carreira pode se
deteriorar em poucos anos. O trabalhador do conhecimento deve
também ser um aprendiz, possuidor de uma atitude de busca
permanente de atualização em sua especialidade, sem afastar a
perspectiva sistêmica e interdisciplinar;
f) Raciocínio criativo e resolução de problemas – espera-se do
trabalhador, em qualquer função, habilidade para análise de resultados
do processo e proposição de ações inovadoras, diferentemente do que
ocorria na era industrial, quando se esperava da mão de obra apenas a
execução das tarefas, enquanto aos gerentes cabia todo o trabalho
decisório;
g) Desenvolvimento de liderança – a partir de uma liderança inspiradora
será possível criar na empresa uma visão compartilhada, que encoraje
os funcionários a se tornarem agentes ativos de mudança. O líder deve
possuir uma visão sistêmica, em lugar da perspectiva individualista do
líder-herói;
h) Autogerenciamento da carreira – na nova perspectiva de
aprendizagem organizacional, o empregado é responsável pelo seu
desenvolvimento e pela gestão da sua carreira. No acordo tácito de
empregabilidade versus produtividade, cabe à organização
disponibilizar os meios para o desenvolvimento e a gestão de carreira,
e ao empregado definir aqueles necessários às finalidades do seu
trabalho e da sua trajetória profissional.
Nesse contexto, a presença de uma nova geração apresentando uma
nova visão em sua relação com o trabalho aumentará a necessidade de
entendimento sobre o que pensa e o que deseja esse profissional. Conhecer melhor
essas pessoas será imprescindível, num momento em que temos grande parte dos
postos de trabalho ocupados por trabalhadores do conhecimento pertencentes à
nova geração, a chamada Geração Y.
27
Alguns autores que pesquisaram o perfil das gerações baby boomers, X e
Y muitas vezes não apresentam exatamente os mesmos períodos para identificar o
nascimento dos integrantes de cada um dos grupos. Porém, não divergem
significativamente na descrição das características das pessoas que compõem cada
uma dessas três gerações (COIMBRA; SCHIKMANN, 2001; MALDONADO, 2008).
No entanto, deve-se destacar que em grande parte das pesquisas encontradas
sobre a Geração Y os autores referem-se a um contexto que não o brasileiro.
De acordo com Tapscott (1998), os Baby boomers são os nascidos entre
1946 e1964; os integrantes da Geração X são aqueles nascidos no período de 1965
a 1976 e os Echo boomers, também denominados Geração Net, Geração Digital,
Millennials ou Geração Y, são os nascidos entre 1977 e 1997, conforme apresenta o
Quadro 2.
Quadro 2 – Características das Gerações
Geração Baby boomers
Nascidos período de 1946 a 1964
-Motivados, otimistas e workaholics; -Valorizam o status e a ascensão profissional
dentro da empresa, à qual são leais; -Aplicam seus esforços escolares em carreiras
que prometiam facilidades na busca de posições no universo empresarial.
Baby busters
ou Geração X
Nascidos período de
1965 a 1976
-Postura de ceticismo; defendem um ambiente de trabalho mais informal e uma hierarquia menos rigorosa;
-Sofreram downsizing corporativo. Com isso desenvolveram a percepção de que adultos leais à empresa perderam seus postos, o que os estimulou a desenvolverem suas habilidades e a melhorarem sua empregabilidade.
Eco Boomers, N-Gen, Geração Net, Geração Digital, Millennials ou
Geração Y
Nascidos período de 1977 a 1997
-Cresceram em contato com as tecnologias da informação;
-São mais individualistas. Defendem suas opiniões e priorizam o lado pessoal em relação às questões profissionais.
Fonte: Adaptado de Veloso et al (2008) e Tapscott (1988)
28
Para Erickson (2011), os Y, nos EUA, se criaram em meio a um mundo
que se empenha para entender a escalada do terrorismo e da violência escolar, que
tomaram conta das manchetes. Desta forma, a autora cita que
Os atos de terrorismo são fundamentalmente aleatórios. E como cresceram nesse período, os Y acabaram com um modelo conceitual baseado na imprevisibilidade. Para muitos, viver a vida na plenitude virou uma prioridade importante e compreensível. Uma sensação de impaciência será a mais saliente das características singulares a definirem essa geração ao longo da vida (ERICKSON, 2011, p. 46).
O comportamento da Geração Y no trabalho é capaz de estarrecer muitos
da Geração X, que o julgarão como impróprio. Ainda de acordo com Erickson
(2011), os participantes daquela geração são audazes e diretos, emitem opiniões
com liberdade, sem dar importância para a hierarquia e para o que é considerado o
protocolo “apropriado”. Parecem considerar que todos se interessam pelo seu ponto
de vista.
A velocidade das mudanças vividas pela Geração Y ao lado de
importantes transformações sofridas por seus pais, introduziu um salto qualitativo
que os Y ainda estão digerindo e que deixa perdidos os X, seus pais. Por exemplo, é
difícil para um X ouvir de um Y que recusou uma oferta de trabalho com alto salário
porque este não lhe permitiria desfrutar a vida pessoal.
Os participantes da Geração Y vivenciaram as transformações da
tecnologia da informação e acompanham sua constante e rápida evolução. Sentem-
se confortáveis com ela e são mais instruídos que seus pais neste quesito. De
acordo com Tapscott (1998), as crianças e os jovens desta geração tomam o
computador com acesso à Internet como mais um aparelho doméstico. Eles utilizam
a mídia digital para entretenimento, aprendizado, comunicação, compras e também
para administrar as suas finanças. Conforme sua denominação, eles são a Geração
Digital, a primeira geração a crescer cercada pela mídia digital, que prefere a
internet à televisão. Trata-se da geração da interação.
Segundo Coimbra e Schikmann (2001), a Geração Y faz parte de uma
grande revolução que está transformando tudo. Quando os jovens desta geração
entram para a força de trabalho, trazem com eles uma cultura muito diferente, com
diferentes visões de autoridade, hierarquia e inovação.
29
Para Tapscott (1998), o nível de conforto que esta geração tem com a
Internet dará uma nova configuração aos negócios, já que estes jovens influenciam
as compras de seus pais por meio do uso da rede e entram no mundo adulto como
consumidores “plugados”. Esse autor lembra ainda que a Internet, os computadores
e a tecnologia interativa estão mudando todas as instituições de nossa sociedade e
esta é a primeira vez na história da humanidade em que as crianças participam
significativamente na mudança da situação vigente.
Segundo Alch (2000 apud COIMBRA; SCHIKMANN, 2001), a Geração Y
é a primeira geração a crescer na era digital, entendendo a necessidade da
interconectividade para a comunidade mundial. Seus integrantes são conectados
globalmente via Internet e estão destinados a desafiar as práticas correntes de
gerência e a obter um grande efeito na forma como o trabalho é realizado.
Como grupo, a Geração Y mistura criatividade com uma tendência
investigativa no que se refere à mídia eletrônica. Esta geração emprega uma
combinação de colaboração, interdependência e rede para alcançar seus objetivos,
combinação esta que propiciou o aprendizado do trabalho em grupos, o que será
positivo para empresas que tenham seus ambientes baseados em trabalho de
equipe. Na medida em que esta geração contribui para a redefinição e
reestruturação da forma de trabalhar, ela busca utilizar seus talentos em
companhias que não imponham barreiras à sua liberdade.
Autores como Veloso et al (2008) e Coimbra; Schikmann (2001) resumem
e destacam algumas características desta Geração, tais como permanente conexão
com algum tipo de mídia; habituados a mudanças e valorização da diversidade;
preocupação com questões sociais e crença nos direitos individuais; mais criadores
do que receptores; curiosidade; alegria; flexibilidade; colaborativos; formação de
redes para alcance dos objetivos; prioridade do lado pessoal em relação às
questões profissionais; inovação e gosto pela mobilidade; imediatismo; impaciência;
auto-orientação; decididos e voltados para resultados; dificuldade com restrições,
limitações e frustrações. Seus integrantes encaram o trabalho como desafio e
diversão e prezam o ambiente informal com transparência e liberdade. Buscam um
aprendizado constante e não têm medo da rotatividade de empregos.
Considerando os diversos autores citados, supõe-se que a presença de
gerações com características diferentes no mesmo ambiente de trabalho poderá
30
provocar conflitos, haja vista que cada geração apresenta diferentes experiências,
vivências, desejos e expectativas.
Cabe também ressaltar que ao ingressar nas organizações os
trabalhadores da Geração Y tendem a trazer consigo um novo conceito de trabalho,
tendo como base um contrato psicológico diferente do que foi estabelecido pelos
seus antecessores.
2.2 O CONTRATO PSICOLÓGICO
A presença da Geração Y com suas características próprias no mercado
de trabalho tem produzindo transformações na construção do contrato psicológico
nas atuais relações entre empregador e empregado. Segundo Rousseau e Shperling
(2003), temos assistido a mudanças significativas nas relações laborais,
especificamente no que tange à relação entre empregadores e colaboradores.
Muitas são as expectativas existentes por parte dos empregados em
relação à organização na qual trabalham. Essas expectativas surgem de forma
explícita, como negociações salariais, benefícios, horário de expediente, avaliação
de desempenho, dentre outras. Porém, a relação entre empregado e organização é
muito mais complexa do que acordos contratuais formais e envolve ainda uma
grande porção de termos subjetivos, relativos às promessas feitas de ambos os
lados, entre empregado e empregadores, e que acontecem de forma implícita,
dando origem a um contrato psicológico.
Para Kolb (1978), o contrato psicológico difere do contrato legal porque
define um relacionamento dinâmico, mutável e que está continuamente sendo
renegociado. O contrato psicológico lida com as expectativas da organização sobre
o indivíduo e suas contribuições para satisfazê-la num processo de influência mútua
e contínua.
Rousseau (1995) define o contrato psicológico no trabalho como o
entendimento subjetivo do indivíduo sobre a reciprocidade existente no
relacionamento de troca entre ele e um terceiro, baseado nas promessas realizadas
explícita ou implicitamente nessa relação. A autora afirma que este contrato baseia-
se em promessas e pode ser descrito como um modelo ou esquema mental.
31
Smithson e Lewis (2003) citam que todas as definições do contrato
psicológico incluem os elementos:
a) Crenças, valores, expectativas e aspirações do empregador e do
empregado em relação a promessas e obrigações implícitas no
relacionamento;
b) Confiança nos termos do relacionamento. Como essas promessas e
obrigações não são necessariamente explícitas, há a necessidade de
compartilhamento de confiança no relacionamento. As expectativas
dependem de interpretações interpessoais;
c) Possibilidade de contínua renegociação, variável conforme as
expectativas do indivíduo e da organização. É dinâmico e mutável.
Contudo, algumas pesquisas fornecem apenas uma visão estática do
processo;
d) Baseados em percepções individuais numa mesma organização,
gerando contratos psicológicos diferentes e que influenciarão de
maneira distinta as formas percebidas dos eventos organizacionais.
Segundo Handy (1978), o contrato psicológico não considerado de forma
idêntica por ambas as partes torna-se fonte de problemas, conflito ou litígio. Na
perspectiva do indivíduo, quando é exigido dele mais do que suponha ser o seu
papel, o sentimento decorrente pode ser de “exploração”. Na perspectiva da
organização, o mesmo comportamento pode ser interpretado como falta de
cooperação ou de envolvimento do indivíduo. A busca de homogeneidade na
interpretação dos contratos psicológicos inscreve-se, pois, como importante
competência das lideranças, que propicia alinhamentos de desempenho e previne a
ocorrência de conflitos entre as partes.
Leiria, Palma e Cunha (2006), embasados por McFarlane, Shore e
Tetrick, afirmam que mesmo na presença de um contrato formal de trabalho os
indivíduos tendem a desenvolver contratos de natureza psicológica. Neste sentido,
os autores identificaram três funções do contrato psicológico, a saber:
a) Redução da insegurança – uma vez que o contrato formal de trabalho
não elimina toda a ambiguidade existente na relação, o contrato
32
psicológico preenche essas lacunas, conferindo um sentimento de
segurança aos colaboradores;
b) Orientação do comportamento do trabalhador na organização – o
trabalhador vai comparar as obrigações que considera ter para com a
organização com as obrigações que considera que a organização tem
para consigo, ajustando o seu comportamento com base na avaliação
que faz desses resultados; e
c) Promoção do desenvolvimento de um sentimento de influência,
por parte do trabalhador, sobre a organização – o contrato
psicológico permite aos trabalhadores o desenvolvimento de um
sentimento de influência sobre o seu destino na organização, uma vez
que são uma das partes do contrato e que são livres para a escolha de
terminar ou não as suas obrigações.
Segundo Rousseau (1990), existem duas categorias de contratos
definidos, os contratos transacionais e os contratos relacionais (Quadro 3). São ditos
transacionais os contratos que envolvem trocas monetárias entre as partes por um
determinado período de tempo. São de caráter instrumental, com trocas específicas
e quantificáveis. Já os contratos com termos de desempenho menos específicos,
que incluem trocas monetárias ou não, mas que geram uma expectativa de longo
tempo de associação com a empresa, acompanhados de fatores que ultrapassam os
aspectos profissionais como a lealdade e o apoio, são classificados como
relacionais.
Para Rousseau (1996), o contrato mantém-se vigente enquanto as partes
cumprem ou excedem os termos do acordo. A percepção de que houve violação
contratual depende, em primeira instância, de o empregado perceber uma quebra no
contrato e, em segunda instância, da interpretação dada a esta quebra. Essa autora
cita ainda que muitas vezes acordos são rompidos sem que o empregado o perceba,
pois mesmo se confirmada cognitivamente, a percepção de violação está vinculada
à interpretação dos fatos. Fatores como confiança na relação com o empregador e
tipo de contrato psicológico podem impedir que aflore um sentimento de violação
contratual.
33
Quadro 3 - Características do Contrato Psicológico Relacional e Transacional
CONTRATO PSICOLÓGICO RELACIONAL
CONTRATO PSICOLÓGICO TRANSACIONAL
Duração longa, sem data prévia para o fim
Duração curta ou com data de fim pré-estabelecida
O trabalhador deve: -Lealdade; -Empenho além do exercício estrito das
funções atribuídas; -Conformidade às normas da
organização; -Identificação com os valores
organizacionais.
O trabalhador deve: -Ter padrões de desempenho, conforme negociado;
-Ser responsável pela evolução de suas competências e conhecimentos profissionais;
-Respeitar os valores organizacionais, mas não necessariamente identificar-se com eles;
-Trazer “valor acrescido” para a organização;
- Ser responsável por sua carreira profissional.
A empresa deve: -Remunerar com justiça o bom
desempenho; -Dar formação adequada às funções
atribuídas; -Proporcionar uma carreira profissional
interna; -Dar segurança/estabilidade de
emprego; - Providenciar ajuda em momentos
difíceis: doença, reforma, outros.
A empresa deve: - Pagar em função do desempenho; -Aceitar como natural a saída do trabalhador, quando este encontrar uma situação de trabalho mais interessante;
-Especificar as funções do trabalhador com um mínimo de ambiguidade.
Fonte: Adaptado de Castanheira e Caetano, (1999)
Conforme indicam Robinson, Kraatz e Rousseau (1994), violações em
contratos transacionais geram no empregado uma sensação de que seus benefícios
foram reduzidos, podendo produzir sentimentos de injustiça e traição. Por ter um
caráter de troca econômica, o empregado tenta reequilibrar a situação, entendendo
que suas obrigações em relação ao empregador são, agora, menores. Já as
violações em contratos relacionais, de acordo com os mesmos autores, podem
implicar mudança da própria natureza da relação. Por envolver fatores emocionais
34
como confiança, crença na boa vontade e tratamento justo, a violação pode
desgastar as obrigações mais centrais nesse tipo de relacionamento e o empregado
sente-se desobrigado da lealdade e dos esforços extras.
2.3 VALORES PESSOAIS E MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO
No campo dos estudos organizacionais, a terminologia dos valores foi
adotada sob múltiplas formas, além daquelas utilizadas na linguagem econômica.
Os valores passaram a contribuir para a classificação dos princípios coletivos
orientadores da ação, para definir cultura organizacional e para explicar
comportamentos individuais no contexto organizacional (KOZAN; ERGIN, 1999;
MUNENE; SCHWARTZ; SMITH, 2000).
Schwartz (2005) ressalta que os valores representam tendências ou tipos
motivacionais vinculados a determinadas necessidades básicas da existência
humana: biológicas, requisitos de ação social coordenada e necessidade de
sobrevivência e de bem-estar dos grupos. Desta forma, Schwartz (apud OLIVEIRA E
MÜLLER, 2010) apresenta as principais características dos valores, a saber:
a) Valores são crenças – intrinsecamente ligadas à emoção e não a ideias
objetivas e frias e, quando ativados com ou sem consciência, geram
sentimentos positivos ou negativos;
b) Valores são um construto motivacional – referem-se a objetivos
desejáveis que as pessoas se esforçam por obter. São importantes
para que uma pessoa tenha motivação para agir adequadamente;
c) Valores transcendem situações e ações específicas – a natureza
abstrata dos valores os diferencia de conceitos como normas e
atitudes;
d) Valores guiam a seleção e avaliação de ações, políticas, pessoas e
eventos, servem como padrões ou critérios. O impacto de nossos
valores nas nossas decisões cotidianas raramente é consciente e só os
percebemos quando as ações ou julgamentos considerados têm
implicações conflitantes para diferentes valores que possuímos;
35
e) Valores são ordenados por importância relativa, são hierarquizáveis de
acordo com a prioridade de importância que o caracteriza como
indivíduo.
Desta forma,
A teoria de valores explica a estrutura dinâmica de relações entre tipos motivacionais. Essa estrutura deriva do fato de que ações na busca de qualquer valor têm consequências que podem conflitar ou ser congruentes com a busca de outros valores. Por exemplo, ações na busca por novidade e mudança (valores de estimulação) tendem a ir contra a preservação de costumes antigos e honrados (valores de tradição). Em contrapartida, a busca por valores de tradição é congruente com a busca de valores de conformidade. Ambos motivam ações de submissão a expectativas externas. Assim, alguns pares de tipos motivacionais competem entre si, enquanto outros são complementares. (SCHWARTZ, 2005, p. 28)
Com o intuito de facilitar a análise e a classificação dos dados obtidos na
realização da pesquisa, será apresentada a seguir a definição de cada um dos dez
Tipos Motivacionais em termos dos objetivos amplos que eles expressam, bem
como os valores e as características a eles associados.
1 Poder – busca de controle, domínio sobre pessoas e recursos, status social,
prestígio;
2 Realização – sucesso pessoal por meio de demonstração de competência,
conforme padrão social, ambição, capacidade e respeito próprio;
3 Hedonismo – aproveitar a vida, busca de prazer e gratificação para si mesmo;
4 Estimulação – excitação, novidade, desafios na vida, mudanças;
5 Autodeterminação – liberdade, criatividade, independência, escolha de seus
projetos, curiosidade e pensamento exploratório;
6 Universalismo – busca de bem-estar da sociedade, preocupação com a natureza
e o meio ambiente, justiça social, igualdade, compreensão e tolerância;
7 Benevolência – busca de bem-estar de pessoas próximas, ação de servir, ajudar,
prudência, equilíbrio, fidelidade, honestidade, generosidade e amizade verdadeira;
8 Tradição – respeito, compromisso, aceitação dos costumes e ideias que a cultura
tradicional ou religião fornecem, humildade;
9 Conformidade – submissão, autodomínio, autodisciplina;
36
10 Segurança – segurança da família, harmonia, estabilidade da sociedade e dos
relacionamentos, regra social.
Conforme Porto e Tamayo (2009), o modelo de Schwartz foi elaborado
progressivamente por meio de um diálogo entre a teoria e a realidade observada. A
partir do tipo de objetivo ou motivação que expressa cada valor, esse autor postulou
dez tipos motivacionais que abrangem o conjunto de valores identificados nas
diversas culturas. Esses tipos motivacionais tendem a ser universais e apresentam
uma estrutura dinâmica de relações de congruência e conflito.
Segundo Schwartz (2005), a proposta da estrutura teórica de relações
entre valores é uma teoria unificadora para o campo da motivação humana, uma
forma de organizar as diversas necessidades, motivos e objetivos propostos em
outras teorias.
De acordo com Tamayo e Porto (2009), várias características do Modelo
de Investigação de Valores (Fig.1) idealizado por Schwartz devem ser salientadas,
como:
a) O modelo associa intimamente os valores com as motivações
subjacentes, de tal forma que a estrutura dos valores transforma-se na
estrutura da motivação humana;
b) A estrutura circular do modelo representa a dinâmica das relações de
congruência e de conflito entre os tipos motivacionais. Desta forma,
quanto mais próximos dois tipos motivacionais estão em qualquer uma
das direções ao redor do círculo, mais semelhantes são suas
motivações subjacentes e, quanto mais distantes forem, mais
antagônicas são suas motivações subjacentes;
c) A estrutura circular expressa também a continuidade do conteúdo
motivacional entre os tipos motivacionais e entre os próprios valores.
O modelo apresentado por Schwartz (2005) permite analisar os valores
individuais. O autor apresenta a Teoria dos Valores como uma estrutura dinâmica de
relações entre tipos motivacionais, na qual as ações pela busca de qualquer valor
têm consequências que podem conflitar ou serem congruentes com a busca de
outros valores. Esta teoria, representada na Figura 1, estabelece quatro Fatores
37
Motivacionais. São eles: Autotranscendência, Conservação, Autopromoção e
Abertura à Mudança. Por sua vez, os fatores estão organizados em duas dimensões
bipolares: Abertura à Mudança X Conservação e Autotranscendência X
Autopromoção.
Fig. 1 – Estrutura teórica de relações entre valores Fonte: Porto; Tamayo (2009)
Nestes Fatores Motivacionais encontram-se dez Tipos Motivacionais:
autodeterminação, estimulação, hedonismo, realização, poder, segurança,
conformidade, tradição, benevolência e universalismo, ressaltando que quanto mais
próximos estiverem em qualquer uma das direções ao redor do círculo, mais
semelhantes serão suas motivações e, quanto mais distantes, mais antagônicas
serão suas motivações.
Observa-se que o Tipo Motivacional classificado como Hedonismo tem
elementos tanto para Abertura à Mudança quanto para a Autopromoção.
Esses Fatores Motivacionais representam o agrupamento dos Tipos
Motivacionais e, segundo Schwartz (2005), possuem os seguintes significados:
38
a) Autotranscendência: aceitação dos outros como iguais e a
preocupação com seu bem-estar (universalismo e benevolência);
b) Conservação: autorrestrição submissa, preservação de práticas
tradicionais e proteção da estabilidade (segurança, conformidade e
tradição);
c) Autopromoção: busca pelo próprio sucesso relativo e domínio sobre
os outros (poder, realização e hedonismo);
d) Abertura à mudança: pensamento e ações independentes do
indivíduo que favorecem a mudança (autodeterminação, estimulação e
hedonismo).
Porto e Tamayo (2003) apresentam uma escala contendo valores,
agrupando-os em dez tipos, com suas respectivas metas motivacionais. De acordo
com Tamayo e Oliveira (2004), os tipos motivacionais de valores estão organizados
em duas dimensões. A dimensão abertura à mudança versus conservação opõe
valores que enfatizam pensamento e ação independentes (Estimulação,
Autodesenvolvimento e Hedonismo), favorecendo a mudança, e em seu lado oposto,
valores que dão ênfase à autorrestrição, preservação de práticas tradicionais e
proteção da estabilidade (Segurança, Conformidade e Tradição).
A dimensão autopromoção versus autotranscendência apresenta, no
primeiro polo, os valores relativos aos tipos motivacionais Poder, Realização e
Hedonismo, e no polo da autotranscendência, os valores de Universalismo e
Benevolência. Essa dimensão contrasta valores que privilegiam os interesses do
indivíduo, ainda que prejudique os dos outros, em oposição à preocupação com o
bem-estar dos outros e da natureza.
Segundo Tamayo et al (2001), cada tipo motivacional possui
proximidades e oposições com os demais valores. Os tipos que são congruentes
entre si, como “universalismo” e “benevolência” ou “realização e poder” imprimem
comportamentos que tendem para a mesma direção, enquanto valores que são
contraditórios ou conflitantes, como “poder” e “universalismo”, por serem
antagônicos, motivam comportamentos em direções contrárias. Desta forma, é
esperado que em um sistema de valores as prioridades contraditórias tenham graus
de importância nitidamente diferentes. Observa-se também que o valor “hedonismo”,
39
em certos pontos, mescla-se e confunde-se com os valores de realização e
estimulação. Já os valores tradição e conformidade se assemelham e compartilham
os mesmos objetivos motivacionais, mas o primeiro mostra-se mais contraditório em
relação a seus opostos, por apresentar aspirações mais subjetivas e absolutas.
De acordo com Rokeach (1974), existem evidências de mudanças
significativas na percepção dos valores motivacionais com relação à idade dos
indivíduos. Ele observou que num período de três anos houve modificação na
importância de valores relacionados à paz, à igualdade e à harmonia em pessoas
entre 20 e 30 anos de idade.
Desta forma, para que as organizações possam viabilizar a adequação
entre o perfil motivacional do trabalhador e as ações concretas de motivação, é
necessário determinar o perfil motivacional dos empregados a partir das motivações
predominantes, dando início à construção de estratégias de motivação no trabalho.
Um dos instrumentos apropriados para esta avaliação e identificação é o Inventário
de Valores de Schwartz (SVI).
O presente estudo seguiu a mesma linha de pesquisa abordada por
Tamayo (2007), que utilizou a escala de valores elaborada por Schwartz (1992) em
seu artigo Hierarquia de Valores Transculturais e Brasileiros, para uma pesquisa
multicultural que apresentou como um dos objetivos verificar as possíveis diferenças
na hierarquia dos tipos motivacionais de valores em função do gênero e da
profissão. A amostra de sua pesquisa foi composta por 419 sujeitos, sendo 169
professores de escola secundária privada e 250 estudantes universitários. Dessa
amostra, 200 sujeitos eram do sexo masculino e 219 do feminino, com idade média
de 26 anos.
Na conclusão do artigo o autor identificou uma hierarquia dos tipos
motivacionais na qual os valores relativos ao tipo motivacional Autodeterminação
ocuparam o primeiro lugar. Assim, sua meta motivacional é a procura de liberdade
de pensamento, de ação e de opção. Ocupando o segundo lugar na hierarquia,
encontram-se os tipos motivacionais Benevolência e Universalismo.
Foram observadas diferenças de gênero nos seguintes tipos
motivacionais: Hedonismo, Benevolência, Tradição, Conformidade, Segurança e
Universalismo. No tipo motivacional Hedonismo o escore foi mais elevado para
sujeitos masculinos do que para os femininos e nos outros tipos motivacionais as
mulheres apresentaram escores mais altos do que os homens.
40
Segundo Tamayo (2007), os resultados relativos ao impacto do gênero
sobre a hierarquia de tipos motivacionais de valores observados em sua pesquisa
revelam que os homens dão prioridade aos valores que estão a serviço de
interesses individuais (Hedonismo e Estimulação), enquanto as mulheres enfatizam
os valores cuja meta motivacional visa a interesses coletivos (Benevolência,
Tradição e Conformidade) e mistos (Segurança e Universalismo).
Quanto à conclusão no contexto de trabalho, para alcançar a hierarquia
de valores em função da profissão, comparou-se um grupo de professores com um
grupo de estudantes universitários. Os estudantes apresentaram escores superiores
aos dos professores nos seguintes tipos motivacionais: Autodeterminação,
Hedonismo, Estimulação, Autorrealização e Universalismo. Nos tipos motivacionais
Tradição e Conformidade foram observados escores mais elevados para os
professores do que para os estudantes. Observou-se ainda que os tipos
motivacionais de valores enfatizados pelos estudantes estão todos a serviço de
interesses individuais, com exceção do de Universalismo, que é misto, ao passo que
os professores valorizaram mais dois tipos motivacionais coletivos, Tradição e
Conformidade.
Os escores de importância dos Tipos Motivacionais apontados por
Tamayo (2007) em sua pesquisa são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Hierarquia dos Tipos Motivacionais – Amostra total
RANKING TIPOS MOTIVACIONAIS MÉDIA
1º Autodeterminação 4,61
2º Benevolência 4,49
3º Filantropia 4,49
4º Autorrealização 4,29
5º Hedonismo 3,96
6º Conformidade 3,87
7º Segurança 3,83
8º Estimulação 3,31
9º Tradição 3,14
10º Poder 2,79
Fonte: Tamayo, 2007
41
Comparando-se os conceitos atribuídos aos contratos psicológicos com a
Teoria dos Valores Culturais de Schwartz, que define fatores e tipos motivacionais
percebidos pelos indivíduos, observa-se que o contrato psicológico relacional
apresenta características e valores associados aos fatores motivacionais
Conservação e Autotranscendência, enquanto o contrato psicológico transacional
apresenta características e valores ligados aos fatores motivacionais Abertura à
Mudança e Autopromoção.
Assim, podemos afirmar que os valores percebidos nos tipos
motivacionais autodeterminação, hedonismo, estimulação, poder e realização estão
presentes nos contratos psicológicos transacionais, que segundo Veloso et al
(2008), são mais percebidos pela Geração Y, enquanto que os valores observados
nos tipos motivacionais conformidade, tradição, segurança, universalismo e
benevolência se apresentam nos contratos psicológicos relacionais e são mais
percebidos pela Geração X.
42
3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
A presente pesquisa é caracterizada como descritiva. De acordo com
Vergara (2004), a pesquisa descritiva expõe características de determinada
população ou de determinado fenômeno, podendo também estabelecer correlações
entre variáveis. Não há compromisso de explicar os fenômenos que descreve.
Para Michel (2009), a pesquisa descritiva se propõe a verificar e a
explicar problemas, fatos ou fenômenos da vida real, com a precisão possível,
observando e fazendo relações, conexões, à luz da influência que o ambiente
exerce sobre eles. Seu objetivo é explicar os fenômenos, relacionando-os com o
ambiente.
3.2 ABORDAGEM
A pesquisa foi construída a partir de uma abordagem quantitativa, com
aplicação do questionário proposto no modelo apresentado por Schwartz (1992), de
forma a identificar e a comparar os perfis motivacionais dos empregados das
Gerações X e Y. Desta forma, a pesquisa foi centrada na apuração das respostas
fornecidas pelos questionários aplicados, dos quais foram retirados os dados para a
realização das análises e conclusões do estudo.
3.3 UNIVERSO E AMOSTRA
Considerando a clareza do objetivo da pesquisa, o presente estudo se
propôs a descrever o perfil motivacional dos novos funcionários do Banco que
assumiram seus cargos no ano de 2010, na cidade do Rio de Janeiro.
43
De um universo de 806 funcionários contratados no ano de 2010 pelo
Banco em estudo, 373 assumiram seus cargos em unidades localizadas na cidade
do Rio de Janeiro, dentre os quais foram considerados como população (para
aplicação do questionário da presente pesquisas) os 211 empregados, sendo que
obteve-se 70 questionários respondidos. Na identificação da população pesquisada,
consideraram-se funcionários com nível de escolaridade superior completo, não
importando sexo, estado civil, cargos que ocupavam no momento da aplicação dos
questionários ou outros fatores que pudessem segmentar esse público, de forma
que fossem analisadas e comparadas as observações entre participantes da
Geração X e Y.
A amostra foi composta pelos indivíduos da população que responderam
satisfatoriamente ao questionário, cujas respostas foram passíveis de
aproveitamento estatístico.
3.4 COLETA DE DADOS
O presente estudo buscou identificar os valores motivacionais para o
trabalho percebidos pelos funcionários do Banco, por meio de pesquisa de campo,
utilizando dados numéricos e aplicação de questionário estruturado abrangendo o
universo de funcionários com nível superior admitidos pela empresa no ano de 2010,
na cidade do Rio de Janeiro.
A pesquisa de campo foi estruturada com base no questionário de
“Inventário de Valores de Schwartz – SVI”, instrumento aplicado em 67 países, com
64.271 participantes (SCHWARTZ, 2005), devidamente validado, o que dispensa a
realização de pré-teste. Para a realização da pesquisa foi aplicado o questionário
utilizado por Tamayo (1995) em pesquisa realizada em Brasília-DF, cujo objetivo foi
a validação no Brasil do modelo “SVI - Inventário de Valores de Schwartz”, que se
encontra no Anexo A.
Cada pergunta foi elaborada de forma a indicar a maior ou menor
percepção do funcionário em relação a um determinado valor motivacional. Assim,
foram agrupados e associados os dez tipos motivacionais apontados por Schwartz
(2005), com as perguntas constantes do questionário (Quadro 4).
44
Quadro 4 – Perguntas associadas aos tipos motivacionais
TIPOS MOTIVACIONAIS QUESTÕES ASSOCIADAS
Universalismo 01, 02, 19, 26, 28, 31, 32, 37, 40, 43
Tradição 20, 23, 34, 38, 47, 55
Conformidade 12, 22, 42, 50
Segurança 08, 09, 14, 16, 24, 45, 60
Poder 03, 13, 18, 25, 29, 49
Realização 36, 41, 46, 51, 53,59
Hedonismo 04, 54, 61
Estimulação 10, 27, 39
Autodeterminação 05, 15, 17, 33, 44, 57
Benevolência 06, 07, 11, 21, 30, 35, 48, 52, 56 e 58
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS
A pesquisa apresenta como objetivos intermediários:
a) Identificar os funcionários que assumiram seus cargos no Banco na
cidade do Rio de Janeiro, enquadrando os que pertencem à Geração Y
e à Geração X, de acordo com Veloso et al (2008); e Tapscott (1988);
b) Identificar, dentre os fatores e tipos motivacionais elencados por
Schwartz (1992), os presentes nos empregados das Gerações Y e X,
que assumiram seus cargos no Banco, no ano de 2010.
Para o alcance do objetivo citado na alínea “a” foi considerado o total de
806 funcionários contratados pela empresa no ano de 2010, dentre os quais foi
realizada a seleção da população de funcionários que possuíam nível superior e que
assumiram seus cargos na cidade do Rio de Janeiro.
45
Dando continuidade ao tratamento dos dados, uma vez selecionada a
população citada, foi iniciada a segmentação, de forma a identificar os funcionários
que pertenciam à Geração Y e os que compunham o grupo da Geração X. Para a
realização desta segmentação foram utilizadas como referência as obras de Veloso
et al (2008) e Tapscott (1988), que definem cada tipo de geração de acordo com os
períodos de nascimento. Sendo assim, os nascidos no período de 1965 a 1976
pertencem à Geração X, enquanto que os nascidos no período entre 1977 e 1997
são pertencentes à Geração Y.
Para alcançar o objetivo citado na alínea “b”, foi aplicado ao público
selecionado na amostra o questionário baseado no “Inventário de Valores de
Schwartz – SVI”, o qual apresentou perguntas que conduziram à identificação de
alguns valores associados a um ou mais Tipos Motivacionais apresentados por
Schwartz (1992).
Uma vez identificados os valores relacionados a um ou mais Tipos
Motivacionais, foi calculada a média aritmética do escore atribuído pelo indivíduo a
cada um desses valores. Considerando que 3 (três) foi o ponto médio da escala
utilizada, se essa média foi maior que 3, o Tipo Motivacional foi considerado
presente no indivíduo em questão.
O escore de cada indivíduo, em cada um dos quatro fatores
motivacionais, foi considerado como a média dos escores dos tipos motivacionais
referentes àquele fator motivacional. E, de forma análoga à que foi feita com os tipos
motivacionais, cada fator motivacional foi considerado presente no indivíduo se o
seu escore foi maior que 3.
O objetivo principal da pesquisa foi testar se os perfis motivacionais
identificados nos contratados pelo Banco, na cidade do Rio de Janeiro, com nível
superior, apresentaram diferenças significativas por Geração (X e Y).
Assim, partimos da hipótese de que ao aplicarmos o Teste de
Comparação de Proporções encontraremos, estatisticamente, uma igualdade entre a
proporção de indivíduos da Geração X que acusam a presença dos Tipos
Motivacionais apontados por Schwartz (1992) e a proporção de indivíduos da
Geração Y que acusam a mesma presença. E, caso seja identificada alguma
diferença significativa em relação a essa proporção, será apontada pelo Teste de
Comparação de Proporções.
46
Desta forma, o Tipo Motivacional 1 foi avaliado por meio do Teste de
Comparação de Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a
proporção de indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Poder como
motivação é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y
que acusaram a mesma presença.
O Tipo Motivacional 2 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Realização como motivação
é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y que acusaram
a mesma presença.
O Tipo Motivacional 3 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Hedonismo como motivação
é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y que acusaram
a mesma presença.
O Tipo Motivacional 4 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Estimulação como
motivação é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y
que acusaram a mesma presença.
O Tipo Motivacional 5 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Autodeterminação como
motivação é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y
que acusaram a mesma presença.
O Tipo Motivacional 6 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Universalismo como
motivação é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y
que acusaram a mesma presença.
O Tipo Motivacional 7 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Benevolência como
47
motivação é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y
que acusaram a mesma presença.
O Tipo Motivacional 8 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Tradição como motivação é
estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y que acusaram a
mesma presença.
O Tipo Motivacional 9 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Conformidade como
motivação é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y
que acusaram a mesma presença.
O Tipo Motivacional 10 foi avaliado por meio do Teste de Comparação de
Proporções (com nível de significância de 10%), para verificar se a proporção de
indivíduos da Geração X que acusaram a presença de Segurança como motivação
é estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y que acusaram
a mesma presença.
Dando sequência ao questionário, foi avaliado o fator motivacional
Abertura à Mudança por meio do Teste de Comparação de proporção (com nível de
significância de 10%), para verificar se a proporção de indivíduos da Geração X que
acusaram a presença do fator Abertura à Mudança como motivação é
estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração Y que acusaram a
mesma presença.
Para o fator motivacional Conservação também foi aplicado o Teste de
Comparação de proporção (com nível de significância de 10%), para verificar se a
proporção de indivíduos da Geração X que acusaram a presença do fator
Conservação como motivação é estatisticamente diferente da proporção de
indivíduos da Geração Y que acusaram a mesma presença.
Para o fator motivacional Autopromoção foi aplicado também o Teste de
Comparação de proporção (com nível de significância de 10%), para verificar se a
proporção de indivíduos da Geração X que acusaram a presença do fator
Autopromoção como motivação é estatisticamente diferente da proporção de
indivíduos da Geração Y que acusaram a mesma presença.
48
Para o fator motivacional Autotranscendência também foi aplicado o Teste
de Comparação de proporção (com nível de significância de 10%), para verificar se
a proporção de indivíduos da Geração X que acusaram a presença do fator
Autotranscendência como motivação é estatisticamente diferente da proporção de
indivíduos da Geração Y que acusaram a mesma presença.
Assim, foram testados os dez tipos e os quatro fatores motivacionais
definidos por Schwartz (1992), de forma a alcançar o objetivo principal da pesquisa.
3.6 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS
O método escolhido para o estudo pode apresentar certas limitações, a
seguir apresentadas.
a) Quanto ao tratamento dos dados coletados, uma limitação diz respeito
ao fato de o pesquisador fazer parte da empresa ora estudada. Ainda
que não estivesse inserido no grupo pesquisado, foi preciso observar
até que ponto foi possível distanciar-se e analisar de forma imparcial a
questão;
b) Existe a possibilidade do viés de não-resposta: os funcionários que não
responderam ao questionário podiam ter perfis motivacionais diferentes
dos que responderam;
c) Na identificação dos fatores motivacionais, cada tipo foi considerado
com o mesmo peso dentro de cada fator motivacional, já que a média
aritmética foi utilizada, e eles puderam apresentar importâncias
diferentes dentro de cada fator motivacional;
d) Na identificação dos tipos motivacionais, cada valor foi considerado
com o mesmo peso dentro de cada tipo motivacional, já que a média
aritmética foi utilizada e eles puderam apresentar importâncias
diferentes dentro de cada tipo motivacional;
e) Há de se considerar que as respostas fornecidas nos questionários
foram preenchidas pelos funcionários a partir de uma demanda, na
qual as respostas foram dadas de forma pensada e analisada sem
49
muita espontaneidade, o que pode vir a distorcer um pouco a realidade
das percepções de cada um em relação aos seus reais valores
motivacionais.
50
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS
Os questionários respondidos foram numerados e digitados em planilha
de dados do MSExcel. Para posteriores observações e análises, foram realizados os
cálculos das médias das respostas atribuídas ao conjunto de tipos motivacionais
agrupados, os quais fazem referência aos seguintes fatores motivacionais:
Autotranscendência, Conservação, Autopromoção e Abertura à mudança, conforme
descrito por Schwartz (2005).
Com referência aos dados quantitativos, foi utilizada no instrumento de
pesquisa uma escala de nove pontos, assim numerados: 7 (suprema importância); 6
(muito importante); 5 e 4 (não rotulados); 3 (importante); 2 e 1 (não rotulados); 0
(não importante); e -1 (oposto aos meus valores).
De forma a analisar a existência, representatividade e diferença ou não
entre as Gerações X e Y, para cada tipo motivacional pesquisado, aplicou-se o
“Teste Qui Quadrado”, considerando que o tipo motivacional estaria presente para o
pesquisado na medida em que sua resposta fosse maior ou igual a 3 (importante) e
ausente para os pesquisados que pontuaram menor ou igual a 2 dentro da escala
apresentada.
4.2 PERFIL DA AMOSTRA
O trabalho contou com a participação de 70 funcionários do Banco, que
responderam ao instrumento de pesquisa, sendo 31 pertencentes à Geração X e 39
pertencentes à Geração Y.
No que se refere ao perfil da amostra: gênero (masculino (M) ou feminino
(F)), idade, grau de escolaridade (graduação (G), pós-graduação (PG), mestrado (M)
ou doutorado (D)), estado civil (solteiro (S), casado (C), divorciado (D), Viúvo (V) ou
Outros (O)) e se ocupa cargo de confiança, é descrita na Tabela 2.
51
Tabela 2 – Perfil da amostra
GERAÇÕES QTDE
GÊNERO IDADE MÉDIA
ESCOLARIDADE CARGO DE
CONFIANÇA
M F G PG M D Sim Não
Geração X 31 17 14 45,30 25 6 - - 3 28
Geração Y 39 16 23 30,46 34 5 - - 9 30
Total 70 33 37 37,88 59 11 - - 12 58
4.3 RESULTADOS OBTIDOS
Os escores apurados na presente pesquisa são apresentados (Fig. 2 e
Fig. 3) com referência aos valores que definem a percepção dos Fatores
Motivacionais e seus respectivos Tipos Motivacionais na visão das Gerações X e Y,
alvo de análise nos tópicos a seguir.
Fig. 2 - Resultados da Geração X
52
Fig. 3 - Resultados da Geração Y
Os resultados alcançados com a aplicação do instrumento de pesquisa
(Anexo A) foram agrupados em quatro Fatores Motivacionais, que representam o
agrupamento dos Tipos Motivacionais de Schwartz (2005). Os Fatores Motivacionais
apresentam os significados descritos a seguir.
a) Autotranscendência: aceitação dos outros como iguais e
preocupação com o seu bem-estar (universalismo e benevolência);
b) Conservação: autorrestrição submissa, preservação de práticas
tradicionais e proteção da estabilidade (segurança, conformidade e
tradição);
c) Autopromoção: busca pelo próprio sucesso relativo e domínio sobre
os outros (poder, realização e hedonismo);
d) Abertura à mudança: pensamento e ações independentes do
indivíduo que favorecem a mudança (autodeterminação, estimulação e
hedonismo).
53
Os resultados encontrados quando da aplicação do Teste de
Comparação de Proporções – Teste Qui Quadrado para os Fatores Motivacionais e
Tipos Motivacionais, com o objetivo de verificar se a proporção de indivíduos da
Geração X que acusaram a presença dos referidos Tipos e Fatores como valores
motivacionais foi estatisticamente diferente da proporção de indivíduos da Geração
Y que acusaram a mesma presença são apresentados a seguir, nas Tabelas 3 e 4.
Tabela 3 – Fatores Motivacionais Resultado do Teste Qui Quadrado (Nível de significância 10%)
FATORES MOTIVACIONAIS VALOR “p”
Abertura à Mudança 36,92%
Autopromoção 69,63%
Autotranscendência 86,89%
Conservação 86,89%
Apesar da conclusão de aceitação da hipótese de igualdade entre as
proporções observadas, ressaltamos o valor encontrado para o fator motivacional
abertura à mudança de p=36,92% que demonstra uma igualdade menos evidente
entre as percepções das Gerações X e Gerações Y, enquanto o fator autopromoção
teve p=69,63% e os fatores autotranscendência e conservação apresentaram
p=86,89%, demonstrando igualdade mais evidente entre as proporções com relação
à percepção de importância para os referidos fatores motivacionais.
54
Tabela 4 – Tipos Motivacionais Resultado do Teste Qui Quadrado (Nível de significância 10%)
FATOR MOTIVACIONAL
TIPOS MOTIVACIONAIS VALOR "p"
Abertura à mudança
Autodeterminação Impossível realizar o teste
Estimulação 4,57%
Hedonismo 9,52%
Conservação
Conformidade 42,50%
Tradição 76,82%
Segurança 86,89%
Autopromoção
Hedonismo 9,52%
Poder 36,63%
Realização 86,89%
Autotranscendência Universalismo 86,89%
Benevolência Impossível realizar o teste
Com relação aos resultados dos Testes Qui Quadrado para os tipos
motivacionais Estimulação e Hedonismo, observou-se que apresentaram resultado
p=4,57% e p=9,52%, respectivamente. E, sendo p=10% o nível de significância
definido para o teste, conclui-se com os resultados apresentados que é rejeitada a
hipótese de que existe igualdade entre as percepções de valores para os referidos
tipos motivacionais observadas pela Geração X e Y.
Quanto aos tipos motivacionais Benevolência, Realização,
Universalismo, Segurança, Tradição, Conformidade e Poder encontrou-se em todas
as situações o valor p > 10%, pelo qual se conclui que para os referidos tipos
motivacionais o teste mostra a aceitação da hipótese de igualdade entre as
percepções das Gerações X e Y para os referidos valores que compõem os tipos
motivacionais acima citados. Dentre essas igualdades, destaca-se como menos
evidente a referente ao tipo motivacional Poder (valor p=36,63%) e como mais
evidente às referentes aos tipos Benevolência, Realização, Universalismo e
Segurança (valor p= 86,69%).
55
4.3.1 Abertura à mudança
A Abertura à Mudança é percebida por meio dos Tipos Motivacionais
estimulação, autodeterminação e hedonismo. Observando o Gráfico 1 bem como a
Tabela 5, é possível identificar que a Abertura à Mudança apresentou uma média de
4,51 para a Geração X e 4,71 para a Geração Y, demonstrando maior presença
nesta Geração, uma vez que a média do fator apresentou-se mais elevada do que a
encontrada nos respondentes da Geração X.
No entanto, aplicando-se o Teste Qui Quadrado para o Fator Motivacional
Abertura à Mudança, encontramos o valor de p = 36,92%. Considerando-se que
10% foi o nível de significância definido para o teste e que o valor de p encontrado
foi maior que 10%, é possível aceitar a hipótese de igualdade entre as percepções
da Geração X e da Geração Y quanto à relevância da observação do Fator
Motivacional Abertura à Mudança apontados por Schwartz (2005).
56
Tabela 5 – Fator Motivacional: ABERTURA À MUDANÇA Médias dos escores dos tipos motivacionais associados
ABERTURA À MUDANÇA
ESTIMULAÇÃO AUTODETERMINAÇÃO HEDONISMO MÉDIA DO
FATOR VALOR
"p"
GERAÇÃO X 3,53 5,19 4,80 4,51
36,92%
GERAÇÃO Y 3,83 5,14 5,16 4,71
Em relação ao Tipo Motivacional hedonismo, aplicou-se o Teste Qui
Quadrado, o qual encontrou o nível de significância p = 9,52%, portanto, com
p<10%, rejeitando-se a hipótese de igualdade entre as proporções observadas pelas
Gerações X e Y. Assim, o teste explicita a existência de uma diferença
representativa em relação à percepção da Geração Y e da Geração X. Observou-se
que o referido tipo é percebido com maior importância pelos funcionários da
Geração Y, o que conduz à conclusão, de acordo com Schwartz (2005), que estas
percepções estão ligadas a pessoas com características tais como:
condescendência consigo mesmas, autoindulgência, busca pelo prazer, de algo que
lhes traga um senso de gratificação.
Com a aplicação do Teste Qui Quadrado ao Tipo Motivacional
estimulação, obteve-se um valor de p = 4,57%. Tendo encontrado p menor que o
nível de significância de 10% definido na pesquisa, então é rejeitada a hipótese de
que existe igualdade nas percepções de valores para o referido tipo motivacional
para as Gerações X e Y. Conclui-se que, assim como no hedonismo, existe uma
diferença representativa entre as Gerações X e Y no que diz respeito à percepção e
à presença do Tipo Motivacional estimulação. Desta forma, identificamos um grau de
importância maior para os funcionários do Banco pertencentes à Geração Y, que
apresentou média de escores de 3,83 em relação aos da Geração X, que
apresentou média de escores de 3,53. Essa diferença, identificada pelo Teste Qui
Quadrado, conduz à conclusão que para os funcionários da Geração Y os desafios
na vida e no trabalho, emoções fortes, a presença de novos fatos influenciando em
oportunidades em suas carreiras, são fatores estimulantes, uma vez que
demonstram ser audaciosos e estão em busca de uma vida excitante.
57
Quanto ao Tipo Motivacional autodeterminação, não foi aplicado o Teste
Qui Quadrado, já que 100% da amostra apresentou em suas respostas escores
relevantes para o referido tipo motivacional, não cabendo a aplicação do teste.
Desta forma, pode-se dizer que todos os empregados pesquisados percebem com
relevância valores como: pensamento independente, escolha de seus próprios
objetivos, criatividade e liberdade.
4.3.2 Conservação
O Fator Motivacional Conservação reúne características dos Tipos
Motivacionais que se opõem ao Fator Abertura à Mudança. Segundo Schwartz
(2005), no Fator Motivacional Conservação observamos os Tipos Motivacionais
Conformidade, Tradição e Segurança. O Gráfico 2 e a Tabela 6 identificam que o
fator conservação é percebido com maior importância pela Geração Y, que obteve
média dos escores de 4,82 em relação aos escores atribuídos pela Geração X, com
média de 4,69.
58
Com a aplicação do Teste Qui Quadrado ao Fator Motivacional
Conservação, foi obtido o valor p = 86,89%, maior que o nível de significância
definido na pesquisa, que é de 10%. Sendo assim, tendo as duas gerações
manifestado representativa importância no que se refere aos valores ligados aos
Tipos Motivacionais Conformidade, Tradição e Segurança, é aceita a hipótese de
igualdade entre as percepções das Gerações X e Y quanto ao Fator Motivacional
Conservação.
Considerando o expressivo grau de importância apresentado pelas duas
gerações para os Tipos Motivacionais Tradição, Conformidade e Segurança,
entende-se que valores definidos como humildade, autodisciplina, obediência,
segurança, senso de pertencimento, compromisso, aceitação dos costumes e
respeito aos limites foram percebidos com grande importância para os funcionários
participantes da presente pesquisa.
Tabela 6 – Fator Motivacional: CONSERVAÇÃO Médias dos escores dos tipos motivacionais associados
CONSERVAÇÃO
CONFORMIDADE TRADIÇÃO SEGURANÇA MÉDIA DO
FATOR VALOR "p"
GERAÇÃO X 4,87 4,29 4,92 4,69
86,89%
GERAÇÃO Y 5,21 4,23 5,03 4,82
A aplicação do Teste Qui Quadrado para o Tipo Motivacional
Conformidade apresentou o resultado p = 42,50%, no qual p foi maior que 10%.
Sendo assim, conclui-se pela aceitação da hipótese de igualdade entre as
percepções da Geração X e da Geração Y quanto à observação dos valores ligados
ao referido Tipo Motivacional.
De acordo com a Tabela 6, no Tipo Motivacional Conformidade observamos
uma representatividade maior de importância para os funcionários pertencentes à
Geração Y em relação aos da Geração X. Tal situação chama à atenção pelo fato de
59
que, quando da análise do Tipo Motivacional Autodeterminação, identificamos ainda
um elevado grau de importância atribuído pela Geração Y a este tipo motivacional.
Considerando que o Tipo Motivacional Autodeterminação apresenta valores como
criatividade, liberdade e independência, que se contrapõem aos valores apontados
para o Tipo Motivacional Conformidade, tais como autodisciplina e obediência, é
curioso observar que os funcionários da Geração Y estão também atentos aos
limites e à contenção dos impulsos de transgressões das normas sociais, que
definem os valores percebidos no Tipo Motivacional Conformidade.
Com referência ao Tipo Motivacional Tradição, aplicou-se o Teste Qui
Quadrado, com p = 76,82%. Considerando que o nível de significância foi maior que
10%, é aceita a hipótese de igualdade entre as percepções das Gerações X e Y com
relação à observação dos valores que orientam o Tipo Motivacional citado.
Observando a Tabela 6 percebemos que o referido tipo motivacional encontra-se,
tanto na Geração X quanto na Geração Y, na oitava colocação no ranking da
hierarquia dos Tipos Motivacionais, de acordo com os dados compilados na
pesquisa.
Quanto ao Tipo Motivacional Segurança, ao aplicar o Teste Qui
Quadrado, foi encontrado p = 86,89%, maior que o nível de significância 10%
definido para o teste e, assim como os Tipos Motivacionais Conformidade e
Tradição, concluiu-se pela aceitação da hipótese de igualdade entre as percepções
das Gerações X e Y para os valores que compõem o referido tipo motivacional.
4.3.3 Autopromoção
O Fator Motivacional Autopromoção é definido pela importância do status
social, a percepção de prestígio, controle sobre outras pessoas, o sucesso pessoal
pela competência e os Tipos motivacionais vinculados a este Fator são: Hedonismo,
Realização e Poder.
A aplicação do Teste Qui Quadrado ao fator permitiu encontrar p= 69,63%
e, sendo p>10%, é aceita a hipótese de igualdade entre as percepções das
Gerações X e Y em relação à observação do Fator Motivacional Autopromoção.
60
Com referência ao Tipo Motivacional Poder aplicou-se o Teste Qui
Quadrado, o qual encontrou p = 36,63%. Considerando que o valor de p foi maior
que 10%, é aceita a hipótese de igualdade entre as percepções das Gerações X e Y
com relação à percepção dos valores que orientam o Tipo Motivacional Poder.
Quanto ao Tipo Motivacional Realização, ao aplicar o Teste Qui Quadrado
foi encontrado p = 86,89%, valor maior que o nível de significância 10% definido
para o teste. Assim, concluiu-se pela aceitação da hipótese de igualdade entre as
percepções das Gerações X e Y para os valores que compõem o referido Tipo
Motivacional.
Conforme descrito quando da análise do Fator Motivacional Abertura à
Mudança, ao aplicar o Teste Qui Quadrado ao Tipo Motivacional Hedonismo foi
encontrado o valor p = 9,52%. Tendo encontrado p<10%, menor que o nível de
significância atribuído à pesquisa, rejeita-se a hipótese de igualdade entre as
proporções observadas pelas Gerações X e Y. Desta forma, o teste nos mostra que
existe uma diferença representativa em relação à percepção da Geração Y e a
Geração X, na qual o Tipo Motivacional Hedonismo é mais percebido pela Geração
61
Y, que obteve escore de 5,16, enquanto os funcionários da Geração X obtiveram o
escore de 4,80. Assim, valores derivados de necessidades orgânicas e do prazer
associado à sua satisfação, tais como prazer, gozar a vida e autoindulgência são
bastante valorizados pelos funcionários do Banco a que pertence a Geração Y.
Cabe ressaltar as observações para o Tipo Motivacional Hedonismo,
presente tanto no Fator Motivacional Abertura à Mudança quanto no Fator
Motivacional Autopromoção. Considerando o resultado da pesquisa, identificamos
na Geração Y um elevado percentual de funcionários que percebem o Tipo
Motivacional Hedonismo como de grande importância, haja vista que 97% dos
pesquisados registraram escores superiores a 3, o que define o seu grau de
importância, enquanto para a Geração X apenas 87% dos pesquisados definiram o
referido tipo motivacional como importante.
Quando analisamos as respostas das pesquisas dadas pelas Gerações X
e Y para o Tipo Motivacional Realização, identificamos uma grande importância para
as duas gerações, uma vez que de 97% dos pesquisados apresentaram escores
que definem tal valor como importante em sua vida.
Tabela 7 – Fator Motivacional: AUTOPROMOÇÃO Médias dos escores dos tipos motivacionais associados
AUTOPROMOÇÃO
PODER REALIZAÇÃO HEDONISMO MÉDIA DO FATOR VALOR "p"
GERAÇÃO X 3,46 4,57 4,80 4,27
69,63%
GERAÇÃO Y 3,58 4,67 5,16 4,47
Ao observar o Gráfico 3, identifica-se que a proporção de indivíduos da
Geração X que percebe o tipo motivacional Poder é maior do que a proporção
encontrada para os indivíduos da Geração Y. Porém, observando-se a média
aritmética para o referido tipo motivacional apontado na tabela acima, identifica-se
que os indivíduos da Geração Y possuem uma média maior que a encontrada para
os indivíduos da Geração X. Assim, ao analisar os resultados, entende-se que tal
62
fato acontece, já que os escores apontados pelos indivíduos da Geração Y nas
respostas das pesquisas obtiveram altos valores na escala proposta pelo
questionário SVI. Ressalta-se então que o tipo motivacional Poder possui uma
relevância mais acentuada para os indivíduos da Geração Y, quando comparados
com os indivíduos da Geração X.
4.3.4 Autotranscendência
Os Tipos Motivacionais Universalismo e Benevolência compõem o Fator
Motivacional Autotranscendência e estão organizados em uma dimensão que se
contrapõe aos valores observados pelo Fator Motivacional Autopromoção.
Aplicando-se o Teste Qui Quadrado para o Fator Motivacional
Autotranscendência encontrou-se o valor de p maior que o nível de significância
definido para a pesquisa, que foi de 10%. Considerando-se que o valor de p
encontrado foi de 86,89%, conclui-se pela aceitação da hipótese de igualdade entre
as percepções das Gerações X e Y para o referido fator.
O Teste Qui Quadrado foi também aplicado ao Tipo Motivacional
Universalismo, no qual foi encontrado um valor de p = 86,89%, o que demonstra a
aceitação da hipótese de igualdade entre as percepções das Gerações X e Y na
observação dos valores que constroem o referido tipo motivacional.
Quanto ao Tipo Motivacional Benevolência, não foi possível aplicar o
Teste Qui Quadrado, uma vez que a proporção encontrada pelas Gerações X e Y foi
de 100%, o que define a grande importância para ambas as gerações.
Os tipos motivacionais universalismo e benevolência obtiveram escores
elevados tanto para a Geração X quanto para a Geração Y (Tabela 8), o que
ocasionou altas médias para o Fator Motivacional autotranscendência em
comparação aos demais fatores analisados na pesquisa.
63
Considerando que para as Gerações X e Y o tipo motivacional
universalismo mostrou-se importante para 97% dos pesquisados, enquanto o tipo
motivacional benevolência apresentou relevância para 100% da amostra, é
importante ressaltar que esses valores têm grande representatividade para todo o
grupamento de funcionários pesquisados, o que conduz à percepção da presença
de valores tais como igualdade, um mundo de paz, atenção e proteção ao meio
ambiente e à natureza, harmonia e lealdade. É grande a importância atribuída por
todos os pesquisados com o bem-estar de todas as pessoas com as quais eles
mantêm contato, assim como a proteção da natureza.
Tabela 8 – Fator Motivacional: AUTOTRANSCENDÊNCIA Médias dos escores dos tipos motivacionais associados
AUTOTRANSCENDÊNCIA
UNIVERSALISMO BENEVOLÊNCIA MÉDIA DO FATOR VALOR "p"
GERAÇÃO X 5,07 5,35 5,21
86,89%
GERAÇÃO Y 4,99 5,31 5,15
64
A hierarquia dos Fatores Motivacionais foi obtida pela média dos escores
dos Tipos Motivacionais e, para tanto, foram considerados os valores percebidos por
cada uma das Gerações X e Y, representados a seguir (Tabela 9).
Tabela 9 – Presença dos Fatores Motivacionais para as Gerações
FATORES MOTIVACIONAIS
MÉDIAS GERAÇÃO X
MÉDIAS GERAÇÃO Y
Autotranscendência 5,21 5,15
Conservação 4,69 4,82
Abertura à Mudança 4,51 4,71
Autopromoção 4,27 4,47
A hierarquia dos tipos motivacionais, ou seja, o perfil motivacional da
amostra estudada para as Gerações X e Gerações Y é apresentada nas Tabelas 10
e 11. Esta informação foi obtida a partir das médias de cada um dos dez fatores
apresentados na pesquisa, conforme o modelo de questionário utilizado por
Schwartz (2005).
Tabela 10 – Hierarquia dos Tipos Motivacionais
Geração X
Tabela 11 – Hierarquia dos Tipos Motivacionais
Geração Y
RANKING TIPOS MÉDIA RANKING TIPOS MÉDIA
1º Benevolência 5,35 1º Benevolência 5,31
2º Autodeterminação 5,19 2º Conformidade 5,21
3º Universalismo 5,07 3º Hedonismo 5,16
4º Segurança 4,92 4º Autodeterminação 5,14
5º Conformidade 4,87 X 5º Segurança 5,03
6º Hedonismo 4,80 6º Universalismo 4,99
7º Realização 4,57 7º Realização 4,67
8º Tradição 4,29 8º Tradição 4,23
9º Estimulação 3,53 9º Estimulação 3,83
10º Poder 3,46 10º Poder 3,58
65
Ainda que Tamayo (2007) não tenha segregado o público pesquisado em
função do tipo de geração a que pertenciam, se X ou Y, ao compararmos os
resultados da hierarquia dos tipos motivacionais obtidos pelo autor em sua
pesquisa, que também estava inserida no contexto do trabalho, foram apuradas
semelhanças nos resultados encontrados na presente pesquisa para a Geração X.
Entretanto, ao realizar a comparação entre os resultados obtidos nesta pesquisa
com os pesquisados que pertenciam à Geração Y, identifica-se maior número de
divergências na hierarquização dos tipos motivacionais.
Mantendo como referência os dados obtidos na pesquisa realizada por
Tamayo (2007), o Tipo Motivacional Benevolência é também percebido pelas
Gerações X e Y com relevante grau de representatividade, ocupando a primeira
posição no ranking de importância da hierarquia dos tipos motivacionais.
Cabe ainda ressaltar que, de acordo com Veloso et al (2008), a Geração
Y possui como características a criatividade, a curiosidade, a flexibilidade e que, na
presente pesquisa, os valores que compõem o tipo motivacional autodeterminação
são mais percebidos pela Geração X em comparação à percepção da Geração Y.
Ao analisar o tipo motivacional Hedonismo identifica-se maior importância
para a Geração Y, a qual ocupa a terceira colocação no ranking da hierarquia dos
tipos motivacionais, conforme apresenta a Tabela 9, enquanto para a Geração X o
referido tipo está na sexta posição.
Comparando os resultados da pesquisa para o tipo motivacional
Hedonismo com aqueles encontrados por Tamayo (2007), identificamos uma
semelhança entre os resultados da presente pesquisa para a Geração X e os
encontrados na pesquisa do referido autor. Cabe ressaltar a divergência encontrada
quando são observados os resultados da Geração Y, para a qual a escala de
hierarquia dos tipos motivacionais apresenta-se numa posição de maior importância
quando comparada com os resultados encontrados na Geração X e na pesquisa
citada.
Ao observarmos a hierarquia do tipo motivacional Universalismo em
relação às Gerações X e Y, identificou-se uma diferença de posicionamento no
ranking, no qual o referido tipo ocupa a terceira posição para os funcionários
pertencentes à Geração X, enquanto que para os da Geração Y ocupa a sexta
posição na hierarquia de importância.
Quando analisados os resultados da pesquisa de Tamayo (2007) em
66
relação à importância da hierarquia do tipo motivacional Universalismo, bem como
nesta pesquisa para os pertencentes à Geração X, observa-se que ambos estão
localizados na terceira posição do ranking.
Os Tipos Motivacionais Tradição, Estimulação e Poder apresentaram
para a Geração X e para a Geração Y, respectivamente, a oitava, a nona e a
décima posição na hierarquia de importância dos tipos motivacionais, o que é
similar ao resultado encontrado por Tamayo (2007) em sua pesquisa.
67
5 CONCLUSÃO
O objetivo final da pesquisa foi testar se os perfis motivacionais dos
contratados pelo Banco, na cidade do Rio de Janeiro, com nível superior,
apresentavam diferenças significativas por Geração (X e Y).
Considerando a importância da vinculação entre os desafios propostos
aos trabalhadores e as estratégias de motivação aplicadas pela empresa, torna-se
fundamental que o Banco conheça o perfil motivacional de seus colaboradores, o
que possibilita o desenvolvimento de programas diferenciados de motivação dentro
da organização.
Desta forma, com os resultados encontrados na pesquisa para o Tipo
Motivacional Benevolência, no qual todos os pesquisados manifestaram sua
representativa importância na percepção do referido valor e o fato de que na
hierarquização de valores o referido Tipo ocupa a primeira posição, a Gestão de
Pessoas do Banco deverá atentar para os valores com características que
enfatizam a preocupação voluntária com o bem-estar alheio, amor, trabalho, sentido
de vida e bem-estar da família. Segundo Schwartz (apud PORTO; TAMAYO, 2005),
tais características contribuem para promover relações sociais cooperativas, que
propiciam uma base motivacional interiorizada para o referido comportamento.
Sendo o Banco em estudo uma estatal muito antiga, que apresenta uma
cultura organizacional bem definida, acreditamos que essa característica tenha
influenciado diretamente na percepção de valores dos funcionários pesquisados,
fato este que a empresa poderá capitalizar na adaptação dos novos empregados às
normas e cultura da empresa.
De acordo com Veloso et al (2008), fatores como criatividade,
curiosidade, liberdade e escolha dos próprios objetivos são fortes características
percebidas pela Geração Y, porém os resultados da pesquisa mostraram que, na
hierarquia dos Tipos Motivacionais, tais valores foram mais percebidos pela
Geração X quando comparados com os percentuais identificados pela Geração Y.
Sendo assim, os resultados sugerem que, independente de pertencer à Geração X
ou Y, ao ingressar no Banco, seus colaboradores irão em busca de segurança e
estabilidade, dando prioridade à percepção de valores relacionados aos Tipos
Motivacionais Benevolência e Conformidade, com o intuito de solidificar sua
68
adaptação e integração à empresa.
Conforme citado anteriormente, apesar de identificada pelo Teste Qui
Quadrado a maior percepção de valor pela Geração Y para o Tipo Motivacional
Estimulação, a pesquisa mostrou que os Tipos Motivacionais Tradição, Estimulação
e Poder ocupam as três últimas posições na Hierarquia dos Tipos Motivacionais.
Embora essa conclusão não possa ser generalizada, os resultados sugerem que
tais Tipos Motivacionais não são percebidos com prioridade pelos empregados do
Banco, independentemente de pertencerem à Geração X ou Y.
Os Tipos Motivacionais Tradição, Estimulação e Poder apresentaram
para a Geração X e para a Geração Y, respectivamente, a oitava, nona e décima
posição na hierarquia de importância dos tipos motivacionais, de forma similar ao
resultado encontrado por Tamayo (2007) em sua pesquisa. Desta forma, embora a
presente pesquisa não permita concluir, é possível que haja uma transformação nos
valores da sociedade, o que atinge a todos, seja qual for a geração.
De acordo com os sujeitos desta pesquisa, a idade média dos
funcionários da Geração Y que ingressam no Banco é de 30,46 anos, o que sugere
a conclusão que são pessoas mais maduras, em busca de segurança. Pode-se
confirmar tal suposição a partir das questões respondidas pela referida Geração,
que apresentam uma média do escore para o Tipo Motivacional Segurança de 5,03,
ocupando a quinta posição no ranking da hierarquia de valores, conforme
demonstrado na Tabela 10. Desta forma, concluímos que, para o público que busca
ingresso no referido Banco, o Tipo Motivacional Segurança apresenta grande
importância no momento da escolha da empresa para trabalhar. Tais conclusões
divergem das definições apresentadas por Veloso et al (2008), bem como para
Coimbra e Schikmann (2001), que apresentam como características desta geração
o imediatismo e a mobilidade, sem apresentar resistência à rotatividade de
emprego.
Entendemos, desta forma, que as características do Banco, no que se
refere à forma de tratar as demissões que eventualmente acontecem, eleva a
percepção de segurança no trabalho por parte do público em geral, uma vez que as
demissões só ocorrem quando comprovados fatos que levem a uma decisão da
demissão por justa causa.
Apesar do pouco tempo de ingresso na empresa dos participantes da
pesquisa, com a consequente pouca experiência para ocupar cargos
69
comissionados, identificamos que 17% do total dos pesquisados possuem cargos
de confiança. Quanto aos ocupantes destes cargos, 75% do total de pesquisados
que os ocupam pertencem à Geração Y. Corroborando com os números
apresentados na Tabela Perfil da Amostra para o item cargo de confiança,
observou-se na presente pesquisa que valores ligados ao Tipo Motivacional
Estimulação, que apresentam características de desafios, apresentaram a média de
escore de 3,83 para a Geração Y, enquanto que a Geração X apresentou média de
escore de 3,53.
A pesquisa foi realizada de forma aleatória, no que se refere ao gênero
dos respondentes e identificou-se que, do total dos 70 pesquisados, 53% pertencem
ao sexo feminino. Cabe ressaltar a elevada participação do sexo feminino, haja
vista que a empresa, ainda que a equidade de gênero seja um de seus objetivos
estratégicos, apresenta um corpo funcional com expressiva maioria masculina.
Desta forma, deve-se atentar para a iniciativa e a atitude dos sujeitos do sexo
feminino para a participação da presente pesquisa, o que pode sinalizar também a
sua disposição para outras iniciativas dentro da empresa, em variados campos.
Conforme citado no referencial teórico, de acordo com Kolb (1978), o
contrato psicológico difere do contrato legal porque define um relacionamento
dinâmico, mutável, que está continuamente sendo renegociado. Assim,
considerando que encontramos diferenças quando da aplicação do Teste Qui
Quadrado nas percepções entre as Gerações X e Y para os tipos motivacionais
Estimulação e Hedonismo, bem como no que diz respeito às diferenças
identificadas na hierarquia dos tipos motivacionais, nos quais para a Geração X os
Tipos Universalismo, Conformidade e Hedonismo aparecem em terceira, quinta e
sexta posições, respectivamente, e para a Geração Y aparecem, em sexta,
segunda e terceira colocações, concluímos que esses valores apontam para o
contrato psicológico do tipo transacional.
Na construção da presente pesquisa surgiram alguns questionamentos
que, no entanto, não foram abordados, uma vez que não faziam parte do objetivo
principal. Considerando-se o fato de não ter sido localizado qualquer outro trabalho
que aplicasse a Teoria de Valores de Schwartz na análise comparativa dos perfis
motivacionais das Gerações X e Y, acreditamos que este estudo seja motivação
para futuros trabalhos, que corroborem ou refutem os resultados aqui apresentados.
Assim, no intuito de promover futuras contribuições para o entendimento cada vez
70
maior dos perfis motivacionais presentes nas Gerações X e Y, recomendamos:
1. A realização de uma pesquisa que compare a percepção dos perfis
motivacionais das Gerações X e Y de empregados de um mesmo segmento,
sendo uma amostra oriunda de uma instituição privada e outra de uma
instituição estatal, de forma a proporcionar uma análise comparativa.
2. Sugerimos também a realização da presente pesquisa selecionando
pesquisados que trabalhem no Banco em regiões do Brasil diferentes do Rio de
Janeiro.
3. Encerrando as recomendações, sugerimos aprofundar a presente pesquisa
utilizando-se uma abordagem metodológica qualitativa de forma longitudinal.
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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75
ANEXO A – Instrumento de Pesquisa
INSTRUÇÕES
Neste questionário você deve perguntar a si próprio: "Que valores são importantes
PARA MIM, como princípios orientadores em MINHA VIDA e que valores são menos
importantes PARA MIM?" Há uma lista de valores nas páginas seguintes. Esses
valores vêm de diferentes culturas. Entre os parênteses que se seguem a cada
valor, encontra-se uma explicação que pode ajudá-lo (a) a compreender seu
significado.
Sua tarefa é avaliar quão importante cada valor é para você como um princípio
orientador em sua vida. Use a escala de avaliação abaixo:
COMO PRINCÍPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA, esse valor é:
não importante muito importante importante 0 1 2 3 4 5 6
0 - significa que o valor não é nada importante; não é relevante como um princípio orientador em sua vida.
3 - significa que o valor é importante. 6 - significa que o valor é muito importante.
Quanto maior o número (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6), mais importante é o valor como um princípio orientador em sua vida.
Além dos números de 0 a 6, em suas avaliações você pode usar ainda os números -1 e 7, considerando que: -1 - significa que o valor é oposto aos princípios que orientam sua vida. 7 - significa que o valor é de suprema importância como um princípio orientador em sua vida.
COMO UM PRINCÍPIO ORIENTADOR EM MINHA VIDA, esse valor é:
76
oposto aos não importante muito de suprema meus valores importante importante importância
-1 0 1 2 3 4 5 6 7
No espaço antes de cada valor escreva o número (-1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7)
que corresponde à avaliação que você faz desse valor, conforme os critérios acima
definidos. Tente diferenciar, tanto quanto possível, os valores entre si, usando para
isso todos os números. Evidentemente, você poderá repetir os números em suas
respostas/avaliações.
Antes de começar, leia os valores de 1 a 61, escolha aquele que é o mais
importante para você e avalie sua importância. A seguir, identifique o(s) valor(es)
oposto(s) aos seus valores e avalie-os como -1. Se não houver nenhum valor desse
tipo, escolha o valor menos importante para você e avalie-o como 0 ou 1, de acordo
com sua importância. Depois, avalie os demais valores (até 61).
01___IGUALDADE (oportunidades iguais para todos)
02___HARMONIA INTERIOR (em paz comigo mesmo)
03___PODER SOCIAL (controle sobre os outros, domínio)
04___PRAZER (satisfação de desejos)
05___LIBERDADE (liberdade de ação e pensamento)
06___TRABALHO (modo digno de ganhar a vida)
07___UMA VIDA ESPIRITUAL (ênfase em assuntos espirituais)
08___SENSO DE PERTENCER (sentimento de que os outros se importam comigo)
09___ORDEM SOCIAL (estabilidade da sociedade)
10___UMA VIDA EXCITANTE (experiências estimulantes)
11___SENTIDO DA VIDA (um propósito na vida)
12___POLIDEZ (cortesia, boas maneiras)
13___RIQUEZAS (posses materiais, dinheiro)
14___SEGURANÇA NACIONAL (proteção da minha nação contra inimigos)
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15___AUTORRESPEITO (crença em meu próprio valor)
16___RETRIBUIÇÃO DE FAVORES (quitação de débitos)
17___CRIATIVIDADE (unicidade, imaginação)
18___VAIDADE (preocupação e cuidado com minha aparência)
19___UM MUNDO EM PAZ (livre de guerras e conflitos)
20___RESPEITO PELA TRADIÇÃO (preservação de costumes vigentes há longo
tempo)
21___AMOR MADURO (profunda intimidade emocional e espiritual)
22___AUTODISCIPLINA (autorrestrição, resistência à tentação)
23___PRIVACIDADE (o direito de ter um espaço pessoal)
24___SEGURANÇA FAMILIAR (proteção para a minha família)
25___RECONHECIMENTO SOCIAL (respeito, aprovação pelos outros)
26___UNIÃO COM A NATUREZA (integração com a natureza)
27___UMA VIDA VARIADA (cheia de desejos, novidades e mudanças)
28___SABEDORIA (compreensão madura da vida)
29___AUTORIDADE (direito de liderar ou de mandar)
30___AMIZADE VERDADEIRA (amigos próximos e apoiadores)
31___UM MUNDO DE BELEZA (esplendor da natureza e das artes)
32___JUSTIÇA SOCIAL (correção da injustiça, cuidado para com os mais fracos)
33___INDEPENDENTE (ser autossuficiente e autoconfiante)
34___MODERADO (evitar sentimentos e ações extremadas)
35___LEAL (ser fiel aos amigos e grupos)
36___AMBICIOSO (trabalhar arduamente, ter aspirações)
37___ABERTO (ser tolerante a diferentes idéias e crenças)
38___HUMILDE (ser modesto, não me autopromover)
78
39___AUDACIOSO (procurar a aventura, o risco)
40___PROTETOR DO AMBIENTE (preservar a natureza)
41___INFLUENTE (exercer impacto sobre as pessoas e eventos)
42___RESPEITOSO PARA COM OS PAIS E IDOSOS (reverenciar pessoas mais
velhas)
43___SONHADOR (ter sempre uma visão otimista do futuro)
44___AUTODETERMINADO (escolher meus próprios objetivos)
45___SAUDÁVEL (gozar de boa saúde física e mental)
46___CAPAZ (ser competente, eficaz, eficiente)
47___CIENTE DOS MEUS LIMITES (submeter-me às circunstâncias da vida)
48___HONESTO (ser sincero, autêntico)
49___PRESERVADOR DA MINHA IMAGEM PÚBLICA (proteger minha reputação)
50___OBEDIENTE (cumprir meus deveres e obrigações)
51___INTELIGENTE (ser lógico, racional)
52___PRESTATIVO (trabalhar para o bem-estar de outros)
53___ESPERTO (driblar obstáculos para conseguir o que quero)
54___QUE GOZA A VIDA (gostar de comer, sexo, lazer etc.)
55___DEVOTO (apegar-me fortemente à fé religiosa)
56___RESPONSÁVEL (ser fidedigno, confiável)
57___CURIOSO (ter interesse por tudo, espírito exploratório)
58___INDULGENTE (estar pronto a perdoar os outros)
59___BEM SUCEDIDO (atingir os meus objetivos)
60___LIMPO (ser asseado, arrumado)
61___AUTOINDULGÊNCIA (fazer coisas prazerosas)