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ISSN: 19841175 – ANAIS ELETRÔNICOS Universidade Federal de Pernambuco NEHTE – Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação 202 Uso do Material didático Digital na EaD do ponto de vista dos estudantes Helenice Ramires Jamur Glaucia da Silva Brito (UFPR e Centro Universitário Internacional Uninter) Resumo: O material didático tem sido um dos protagonistas na Educação a distância desde a sua criação até os dias atuais. Com as tecnologias digitais, hoje tem sido cada vez mais inserido o uso do material didático no formato digital. No entanto, em alguns casos, esse material ainda se restringe ao livro digitalizado, que é a versão em .pdf do livro para impressão. Diante disso, se faz necessário compreender como os hábitos de estudo dos estudantes universitários dessa modalidade têm influenciado na trajetória desse tipo de produção didática, possibilitando a criação de outros modelos de materiais didáticos. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo central a compreensão do papel do hipertexto cooperativo (PRIMO, 2013) verificando o ponto de vista dos estudantes quanto ao uso do material digital para o processo educativo. Para isso, foi aplicado um questionário como instrumento de coleta de dados, com questões abertas e fechadas, perguntando aos estudantes de cursos superiores na modalidade a distância e semipresencial, em uma instituição que elabora um material especificamente para o meio digital, quais são as condições em que utilizam o material digital e o desejo por algumas formas de interação presentes e ausentes em seu material. Para fundamentar este estudo, optouse pela concepção de cibercultura de Levy (2010), o conceito de interação e cooperação de Belloni (2010) e Primo (2013), a concepção de Freire (1996) especialmente no que tange à reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem. Os resultados parciais indicam a necessidade dos estudantes e o espaço presente para o uso de um material cooperativo, permitindo a coautoria e o debate frente ao conteúdo trabalhado. Por outro lado, verificouse a presença da cultura escolar quanto ao papel do material didático impresso, abrindo espaço para a manutenção desse modelo de material didático mesmo frente às inovações presente e possíveis. Palavraschave: material didático digital, educação a distância, hipertexto. Abstract: The didactic material has been one of the protagonists in distance education from its creation to the present day. With the digital technologies, today it has been increasingly inserted the use of didactic material in the digital

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Universidade  Federal  de  Pernambuco  NEHTE  –  Núcleo  de  Estudos  de  Hipertexto  e  Tecnologias  na  Educação      

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Uso  do  Material  didático  Digital  na  EaD  do  ponto  de  vista  dos  estudantes  

 Helenice  Ramires  Jamur  Glaucia  da  Silva  Brito    

 (UFPR  e  Centro  Universitário  Internacional  Uninter)      

Resumo:  O  material  didático  tem  sido  um  dos  protagonistas  na  Educação  a  distância  desde  a  sua  criação  até  os  dias  atuais.  Com  as  tecnologias  digitais,  hoje  tem  sido  cada  vez  mais  inserido  o  uso  do  material  didático  no  formato  digital.  No  entanto,   em   alguns   casos,   esse   material   ainda   se   restringe   ao   livro  digitalizado,  que  é  a  versão  em  .pdf  do   livro  para   impressão.    Diante  disso,  se   faz  necessário  compreender  como  os  hábitos  de  estudo  dos  estudantes  universitários  dessa  modalidade  têm  influenciado  na  trajetória  desse  tipo  de  produção  didática,  possibilitando  a  criação  de  outros  modelos  de  materiais  didáticos.   Diante   disso,   o   presente   estudo   tem   como   objetivo   central   a  compreensão  do  papel  do  hipertexto  cooperativo  (PRIMO,  2013)  verificando  o   ponto   de   vista   dos   estudantes   quanto   ao   uso   do  material   digital   para   o  processo   educativo.   Para   isso,   foi   aplicado   um   questionário   como  instrumento   de   coleta   de   dados,   com   questões   abertas   e   fechadas,  perguntando  aos  estudantes  de  cursos  superiores  na  modalidade  a  distância  e   semipresencial,   em   uma   instituição   que   elabora   um   material  especificamente  para  o  meio  digital,  quais  são  as  condições  em  que  utilizam  o  material  digital   e  o  desejo  por  algumas   formas  de   interação  presentes  e  ausentes   em   seu   material.   Para   fundamentar   este   estudo,   optou-­‐se   pela  concepção   de   cibercultura   de   Levy   (2010),   o   conceito   de   interação   e  cooperação  de  Belloni  (2010)  e  Primo  (2013),  a  concepção  de  Freire  (1996)  especialmente   no   que   tange   à   reflexão   sobre   o   processo   de   ensino   e  aprendizagem.  Os  resultados  parciais  indicam  a  necessidade  dos  estudantes  e  o  espaço  presente  para  o  uso  de  um  material   cooperativo,  permitindo  a  coautoria   e   o   debate   frente   ao   conteúdo   trabalhado.   Por   outro   lado,  verificou-­‐se   a   presença   da   cultura   escolar   quanto   ao   papel   do   material  didático   impresso,   abrindo   espaço   para   a   manutenção   desse   modelo   de  material  didático  mesmo  frente  às  inovações  presente  e  possíveis.      Palavras-­‐chave:  material  didático  digital,  educação  a  distância,  hipertexto.      Abstract:  The  didactic  material  has  been  one  of  the  protagonists  in  distance  education  from  its  creation  to  the  present  day.  With  the  digital  technologies,  today    it  has   been   increasingly   inserted    the   use   of   didactic   material   in   the   digital  

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format   .   However,   in   some   cases,   this   material   is   still   restricted   to   the  scanned  book,  which  is  the  .pdf  version  of  the  printed  book.  In  view  of  this,  it  is  necessary  to  understand  how  the  study  habits  of  university  students  of  this   modality   have   influenced   the   trajectory   of   this   type   of   didactic  production,   allowing   the   creation  of   other  models   of   didactic  materials.   In  view   of   this   ,the  main   objective   of   this   study   is   to   understand   the   role   of  cooperative  hypertext   (PRIMO,  2013),  verifying   the  students'  point  of  view  regarding  the  use  of  digital  material  for  the  educational  process.  For  this,  a  questionnaire  was   applied   as   a   data   collection   instrument,  with   open   and  closed   questions,   asking   the   students   of   distance   and   semi-­‐distance  university  courses,  in  an  institution  that  elaborates  a  material  specifically  for  the   digital   environment,  what   are   the   conditions   in  which   they   use   digital  material  and  the  desire  for  some  ways  of  interaction,  present  and  absent  in  their  material.     In  order  to  base  this  study,  we  opted  for  the  conception  of  cyber  culture  of  Levy  (2010),  the  concept  of   interaction  and  cooperation  of  Belloni  (2010)  and  Primo  (2013),  the  conception  of  Freire  (1996),  especially  with   regard   to   the   reflection   on   the   teaching   and   learning   process.   The  partial  results  indicate  the  students'  need  and  the  present  space  for  the  use  of  a  cooperative  material,  allowing  the  co-­‐authorship    and  the  debate  on  the  content   worked.  On   the   other   hand,   it   was   verified   the   presence   of   the  school  culture  regarding  the  role  of  printed  didactic  material,  opening  space  for   the   maintenance   of   this   model   of   didactic   material   even   in   front   of  present  and  possible  innovations.    Key  words:  digital  didactic  material,  distance  education,  hypertext  

 

Introdução      

A   cultura   digital,   forte   característica   deste   século,   discutida   por   Levy   (2010),  

Lemos  (2013)  e  Castells  (2014),  não  se  trata  de  uma  forma  de  interagir  própria  de  um  

determinado   grupo,   mas   sim   de   toda   uma   cultura   que   criou   e   se   apropriou   dessa  

tecnologia  digital  que  vem  evoluindo  de  forma  acelerada.    Nesse  cenário  de  mudança,  

em  que  há  a  forte  presença  dessa  cultura  digital,  a  escola  em  qualquer  nível  de  ensino  

passa  a   vivenciar  o  uso  dessa   tecnologia  digital  de  diferentes   formas,  ora   restrita  ao  

uso  pessoal  dos  alunos,  ora  explorando  esse  uso  e  se  apropriando  desses  recursos.  Há  

diferentes   pesquisas   que   apontam   e   discutem   o   fato   da   escola   não   se   apropriar   de  

algumas   tecnologias   para   o   processo   de   ensino   e   aprendizagem,   no   entanto,   a  

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educação   a   distância   (EaD)   tem   feito   uma   caminhada   diferente   das   instituições  

presenciais   e   das   escolas   de   educação   básica,   inclusive   o   crescimento   exponencial  

dessa  modalidade  de  ensino  se  deve  muito  às  tecnologias  digitais,  à  internet  e  à  Web  

2.0,   que   possibilitou   a   interação   entre   alunos   nos   Ambientes   Virtuais   de  

Aprendizagem.    

Um  dos  pontos  que  merece  ser  discutido  amplamente  na  educação  a  distância,  

o  qual  temos  nos  debruçado,  é  a  questão  do  material  didático.  É  importante  destacar  

que   nessa   modalidade,   o   material   didático   amplia   a   sua   função,   se   configurando   e  

praticamente   se   fundindo   com   o   conceito   de   “aula”   da   Educação   a   Distância,   a  

principal   fonte   de  mediação,   já   que   não   há   necessariamente   um  professor   presente  

em  todos  os  momentos  com  os  alunos,  embora  tenhamos  os  tutores,  fica  à  cargo  do  

material   didático,   que   foi   elaborado   pelo   professor,   a   condução   de   grande   parte   do  

processo  educativo.  Nesse  material  a  presença  do  professor  é  virtual,  se  dá  por  meio  

de   vídeos   ou   predominantemente   por   meio   de   texto   escritos,   que   representam   a  

mediação  do  professor  materializada  no   texto  dos   livros   e   até   em  outros   conteúdos  

com   formato   digital.   Isso   significa   que   o   material   didático   da   Educação   a   Distância  

precisa  dar  conta  de  muito  mais  que  os  livros  didáticos  do  ensino  presencial,  pois  será  

ele  o  responsável  por  instigar  o  aluno  na  busca  pelo  conhecimento,  na  pesquisa,  terá  

que   problematizar   e   responder   aos   problemas,   colocando   no   formato   escrito   ou  

multimídia  toda  a  didática  de  uma  boa  aula.  

No   Brasil,   tem   crescido   a   apropriação   da   linguagem   audiovisual   no   processo  

educativo   da   Educação   a   Distância,   no   entanto   os   materiais   didáticos   digitais  

apresentados   em   formato  multimídia   seguem   sendo   utilizados   em   conjunto   com   os  

materiais   impressos   no   ensino   superior   a   distância.   Além   disso,   muitos   desses  

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materiais   que   se   dizem   digitais,   são   predominantemente   textuais   como   o   livro   e,  

muitas  vezes,  apenas  o  arquivo  em  extensão  .pdf  do  mesmo  texto  impresso.    

É   inegável   o   espaço   que   o   livro   ocupa   na   nossa   cultura,   mas   também   são  

visíveis  as  mudanças  culturais  a  partir  da  difusão  das  novas  tecnologias  de  informação  

e   comunicação   (TIC).   As   chamadas   TICs   passaram   a   facilitar,   automatizar   e,   porque  

não,   controlar   os   processos   nas  mais   diferentes   ações   humanas,   desde   as   principais  

transações   comerciais,   passando   pelo   processo   eleitoral,   o   pedido   de   um   taxi,   até  

mesmo   na   medicina   é   possível   encontrar   o   uso   das   tecnologias   digitais   para  

diagnósticos   ou   mesmo   delicadas   cirurgias.   Essa   cultura   digital,   conhecida   por  

cibercultura,  discutida  por  Levy  (2010),  Lemos  (2013)  e  Castells  (2014),  não  se  trata  de  

uma  forma  de   interagir  própria  de  um  determinado  grupo,  mas  de  toda  uma  cultura  

que  criou  e  se  apropriou  dessa  tecnologia  que  vem  evoluindo  de  forma  acelerada.  

Neste   século   vivenciamos   uma   EaD   digital,   com   ambientes   virtuais   de  

aprendizagem   cada   vez   mais   sofisticados,   no   entanto,   os   materiais   didáticos   da  

modalidade  parecem  não  acompanhar  na  mesma  velocidade.    

Diante   disso,   precisamos   localizar   os   pontos   de   permanência   do   modelo  

tradicional   de   material   didático,   identificando   o   que   são   os   materiais   digitais   da  

atualidade   e   de   que  maneira   os   próprios   estudantes   e   a   cultura   escolar   podem   ter  

influência   nessa   escolha   pelos   materiais   utilizados,   as   questões   que   de   fato   estão  

presentes  nessa  preferência.    

 Além  disso,  pretendemos  evidenciar  como  a  cultura  escolar  está  presente  no  

uso  dos  materiais  didáticos  digitais  e  como  os  hábitos  de  leitura  podem  se  relacionar  

com   as   escolhas   dos   estudantes   na   hora   de   estudar,   dessa   forma   será   possível  

compreender   como  e   se   o  material   digital   cooperativo   teria   potencial   para  mudar   a  

forma  de  estudo  na  modalidade  a  distância  o  papel  do  hipertexto  nessa  mudança.  

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Em  outro  estudo  nosso  apresentado   JAMUR  &  BRITO   (2017),  questionamos  o  

papel  da   linguagem  hipertextual  presente  nesse  material  digital,  por  meio  de  análise  

documental  verificamos  nos  materiais  didáticos  de  duas  instituições  de  ensino  superior  

a   distância   brasileiras,   o   uso   de   elementos   hipertextuais   que   possibilitassem   a  

participação   dos   estudantes   no   processo   educativo.   Nesse   estudo   observou-­‐se   a  

ausência   dessas   possibilidades   de   coautoria   e   interferências   dos   alunos   ao  material  

digital  utilizado.    

Dando   continuidade   à   essa   questão,   a   presente   investigação,   trata-­‐se   de   um  

estudo  exploratório  desenvolvido  como  parte  de  uma  pesquisa  de  doutorado  ainda  em  

andamento,  na  Universidade  Federal  do  Paraná,  e  tem  como  objetivo  o  levantamento  

dos   hábitos   de   estudo   dos   estudantes   na   modalidade   em   questão,   analisando   as  

possibilidades  e  desejos  de  interação,  especificamente  de  coautoria,  no  ponto  de  vista  

dos  alunos.  A  questão  norteadora  deste  estudo  exploratório   se   resume  no   seguinte:  

Como  a  cultura  escolar  dos  estudantes  universitários  da  modalidade  a  distância  têm  

influenciado  na   trajetória  desse   tipo  de  produção  didática,  possibilitando  a   criação  

de   outros   modelos   de   materiais   didáticos.     O   objetivo   é   compreender   como   as  

práticas  de  leitura  dos  estudantes  universitários  dessa  modalidade  têm  influenciado  na  

trajetória  desse   tipo  de  produção  didática,  possibilitando  ou   impedindo  a   criação  de  

outros   modelos   de   material   didático   e   de   que   maneira   podem   contribuir   para   o  

formato   do   material   didático   digital   produzido,   considerando   uma   proposta  

cooperativa.      

 

Fundamentação  Teórica  

Há   abundantes   pesquisas   categorizadas   por   Perez   &   Aretio   (2014)   como   de  

nível  médio,  que  abordam  aspectos  de  Gestão,  organização  e  tecnologia  na  Educação  a  

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distância,  ao  passo  que  têm  sido  escassas  as  pesquisas  de  nível  micro,  na  qual  o  autor  

incluí  as  pesquisas  sobre  Ensino  e  Aprendizagem  na  educação  a  distância,  abrangendo  

as  pesquisas  sobre  design  educacional,  interação  e  comunicação  nas  comunidades  de  

aprendizagem  e  características  dos  alunos.  É  exatamente  nessa  ausência  de  pesquisas  

que  nossa  investigação  se  insere,  na  relação  entre  a  produção  do  material  didático,  ou  

seja,  abordando  o  design  educacional,  a  promoção  da  interação  e  as  características  dos  

estudantes  que  possam  contribuir  para  as  mudanças  nos  materiais  didáticos  digitais  da  

modalidade  de  ensino  a  distância.    

Além   disso,   tem   sido   privilegiado   o   olhar   dos   professores   frente   aos  

questionamentos   realizados   nas   pesquisas,   embora   seja   um   ponto   de   vista  

completamente   relevante,   ainda   há   poucas   pesquisas   que   tem   como   seus   os  

protagonistas  do  processo  educativo,  os  próprios  alunos.    Nesse  aspecto  cito  Chaves  

(2015)   como  um  dos   trabalhos   dedicados   ao   estudo   do   livro   didático   impresso,   que  

opta  pelo  olhar  dos  estudantes  na  análise  dos   livros  de  história  e  extrai   importantes  

respostas  à  problemática  apresentada,  a  leitura  da  tese  de  Chaves  foi  o  que  nos  levou  

a  pensar  nos  alunos  como  colaboradores  para  este  estudo,  porque  o  autor  demonstra  

que   as   categorias   de   análise   dos   alunos   são   significativas   para   a   resposta   da  

problemática   desenvolvida.   Ainda   destacando   as   pesquisas   que   se   atentam   para   o  

olhar  do  aluno,  faço  referência  à  contribuição  de  KAMINSKI  (2017)  que  problematiza  a  

mediação   pedagógica   e   tecnológica   sob   o   olhar   do   discente,   revelando   uma   solidão  

dos  alunos  nos  cursos  a  distância,  o  que  fortalece  a  relevância  da  nossa   investigação  

que   busca   de   um  material   didático   que   oportunize  momentos   de   troca,   coautoria   e  

cooperação  entre  os  estudantes.      

Defendemos  que  essa  cooperação  pode  ganhar   força  com  o  uso  de  materiais  

didáticos   digitais   hipertextuais,   para   isso   precisamos   esclarecer   os   conceitos   de  

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hipertexto  deste  trabalho.  LANDOW  (1992),  SNYDER  (1996)  são  autores  clássicos  ao  se  

discutir   o   hipertexto   em   diferentes   trabalhos,   no   entanto,   algumas   pesquisas  

brasileiras   se   dedicaram   a   atualizar   o   conceito   de   hipertexto,   especialmente   nos  

programas   de   pós-­‐graduação   em   linguística.     GOMES   (2011),   XAVIER   (2007),   DIAS  

(2008)  são  exemplos  cujos  trabalhos  optam  por  uma  definição  de  hipertexto  como  o  

texto   que   possibilita   leituras   não   contínuas,   de   modo   que   são   escolhas   teóricas   do  

presente  trabalho,  entendendo  que  o  hipertexto  não  se  restringe  ao  meio  digital,  mas  

encontra  nele  a  tecnologia  para  sua  expansão  e  novos  formatos  de  leitura.    

Embora   Castells   (2003,   p.   165),   que   fundamenta   os   estudos   de   cibercultura  

deste   trabalho,   apresente   um   ponto   de   vista   diferente   sobre   o   tema,   no   qual   o  

hipertexto   sequer   existiria   concretamente,   seria   uma   manifestação   cultural   e  

individual,   não   optamos   por   esse   ponto   de   vista   porque,   de   fato,   nosso   olhar   está  

sobre   o   que   se   concretiza   de   hipertexto   no  material   didático,   embora   concordemos  

que  nossa  linguagem  por  si  só  seja  hipertextual  uma  vez  que  faz  referências  dentro  de  

outras  durante  o  processo  comunicativo.    O  trecho  a  seguir  ilustra  a  visão  de  Castells  

sobre  a  temática;    

Assim,  por  causa  da   internet,  e  apesar  da  multimídia,  temos  de  fato  um  hipertexto:  não  o  hipertexto,  mas  meu  hipertexto,  seu  hipertexto  e   o   hipertexto   de   todos   os   demais.   Por   enquanto,   porém,   esses  hipertextos,  são  limitados,  porque  a  largura  da  banda  e  o  acesso  são  limitados.  (Castells,  2003,  p.  166)    

Para  Gomes  (2011,  p.150)  o  hipertexto  só  existe  mesmo  de  forma  virtual,  para  

ele  os  links  que  direcionam  para  outras  partes  do  texto  seriam  a  característica  principal  

do  hipertexto.    

O   hipertexto   pode   ser   entendido   como   um   texto   exclusivamente  virtual  que  possui  como  elemento  central  a  presença  de   links.  Esses  links,  que  podem  ser  palavras,  imagens,  ícones  etc.,  remetem  o  leitor  a   outros   textos,   permitindo   percursos   diferentes   de   leitura   e   de  

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construção   de   sentidos   a   partir   do   que   for   acessado   e,  consequentemente,   pressupõe   certa   autonomia   de   escolha   dos  textos   a   serem   alcançados   através   dos   links.   É   um   texto   que   se  atualiza   ou   se   realiza,   se   concretiza,   quando   clicado,   isto   é,   quando  percorrido  pela  seleção  de  links.  (GOMES,  2011,  p.  15)  

Essa  prática  de  leitura  em  meios  digitais  é  tratada  de  forma  esclarecedora  por  

Coscarelli   (2012,   2016),   que   delimita   as   competências   linguísticas   diferentes   entre  navegar   por   um   texto   ou   fazer   a   leitura   no   material   impresso.     Para   a   autora,   a  diferença  está  sobretudo  na  forma  com  que  se  produzem  os  materiais  e  a  concepção  de   livro   didático   que   ainda   permanece.   A   chamada   cibercultura   traz   consigo   novas  formas   de   lidar   com   o   texto,   Lévy  menciona   o   hipertexto   digital   como   essa   grande  mudança:    

Para   cada  uma  das   grandes  modalidades  do   signo,   texto   alfabético,  música   ou   imagem,   a   cibercultura   faz   emergir   uma   nova   forma   ou  maneira   de   agir.   O   texto   dobra-­‐se,   redobra-­‐se,   divide-­‐se   e   volta   a  colar-­‐se   pelas   pontas   e   fragmentos:   transmuta-­‐se   em   hipertextos   e  os   hipertextos   conectam-­‐se   para   formar   o   plano   hipertextual  indefinidamente  aberto  e  móvel  da  web.  (LÉVY,  2010,  p.  151-­‐  152)  

 Concordamos   com   Lévy   para   quem   a   linguagem   tem   um   novo   sentido   na  

cibercultura,  tornando  possível  caminhos  variados  por  diferentes  recursos  nos  quais  o  texto   não   é   somente   alfabético,  mas   também   iconográfico   e   visual.   Dessa   forma,   o  processo   educativo   a   distância   que   conta   com   um   material   que   se   apropria   dessa  linguagem  passa  a  ter  à  sua  disposição  uma  forma  diferente  de  comunicação,  na  qual  é  possível  um  percurso  diferente  daquele  dos  livros  didáticos  tradicionais.    

Quando   falamos   nesse   material   de   linguagem   audiovisual   é   quase   que  obrigatório  abordar  a   interatividade  presente  nele,  no  entanto,  o  uso   indiscriminado  do  termo,  tanto  na  área  da  educação  quanto  para  fins  comerciais,  difundiu  o  seu  uso  sem   uma   reflexão   concreta   do   seu   significado.   Portanto,   para   delimitarmos   o   que  estamos   tratando   por   interatividade   desse   material   didático,   vamos   recorrer   aos  estudos  de  Primo  (2011,  2013)  que  se  debruça  no  termo  e  faz  um  esforço  reflexivo  a  fim  de  colocar  luz  nessa  discussão.    

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Criticando  as  conceituações  existentes  em  McLuhan  (1969),  Thompson  (1998)  e  Rafaeli   (1988),   por   suas   colocações   tecnicistas,   transmissionistas   e   mercadológicas  para  o   termo,   sem  considerar   as   relações  humanas   como   foco   central,   Primo   (1998)  refuta  a   conceituação  que  divide   interação  e   interatividade  por   considerar  o  esforço  em  vão  e  simplifica  o  debate  e  enfoca  nas  trocas  humanas.    

 (...)a   interação   varia   qualitativamente   de   acordo   com   a   relação  mantida   entre   os   envolvidos,   variando   progressivamente   da  interação   mais   reativa   (programada   e   determinística)   à   de   maior  envolvimento  e  reciprocidade,  a  interação  mútua.  (Primo,  1998).  

Nessa   mesma   linha   de   se   considerar   sobretudo   as   relações   humanas,  

concordamos   com   Belloni   (2010)   que   diz   o   seguinte   sobre   a   interação   no   âmbito  sociológico,  distinguindo  da  interatividade:    

 É  fundamental  esclarecer  com  precisão  a  diferença  entre  o  conceito  sociológico  de   interação  –  ação   recíproca  entre  dois  ou  mais  atores  onde   ocorre   intersubjetividade,   isto   é,   encontro   de   dois   sujeitos   –  que   pode   ser   direta   ou   indireta   (mediatizada   por   algum   veículo  técnico   de   comunicação,   por   exemplo,   carta   ou   telefone);   e   a  interatividade,   termo   que   vem   sendo   usado   indistintamente   como  dois   significados   diferentes   em   geral   confundidos:   de   um   lado   a  potencialidade  técnica  oferecida  por  determinado  meio  (por  exemplo  CD-­‐ROMs   de   consulta,   hipertextos   em   geral,   ou   jogos  informatizados),  e,  de  outro,  a  atividade  humana,  do  usuário,  de  agir  sobre  a  máquina,  e  de  receber  em  troca  uma  “retroação”  da  máquina  sobre  ele  (BELLONI,  2010,  p.  58).    

 A  troca  entre  os  sujeitos  seria  a  principal  caraterística  da  interação  para  Belloni,  

assim  como  o  caráter  “socioafetivo”,  ao  passo  que  o  processo  interativo,  seria  a  troca  

de   informações   somente.   Concordando   com   os   autores,   entendemos   aqui   a  

interatividade   como   a   possibilidade   de   troca   entre   pessoas   cuja   variação   seria  

qualitativa.    

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Primo  (2013)  sugere  uma  categoria  para  classificar  o  hipertexto  de  acordo  com  

a   interação   possível.   No   estudo   anterior   (Jamur   e   Brito,   2017),   tal   classificação   nos  

serviu   como   instrumento   de   análise   dos   materiais   didático   digitais,   confirme  

apresentamos  abaixo:      

Hipertexto   potencial:   Este   tipo   de   hipertexto,   onde   os   caminhos   e  movimentos   possíveis   estão   pré-­‐definidos   e   que   não   abrem   espaço  para  o  interagente  visitante  incluir  seus  próprios  textos  e  imagens.    Hipertexto   colaborativo:   Aqueles   que   se   cadastram   no   site   e  modificam   as   imagens   produzidas   anteriormente   por   outro   artista  envolvem-­‐se  em  um  hipertexto.  A   colaboração  constitui-­‐se  em  uma  colagem,  sem  discussões  durante  o  processo  criativo.    Hipertexto   cooperativo:   oferece   possibilidades   de   criação   coletiva,  mas   chama   por   uma   discussão   contínua   que   modifica   o   produto   à  medida   que   é   desenvolvido.   Diferentemente   da   colagem  colaborativa,   o   hipertexto   cooperativo   depende   do   debate.  (Adaptado  de  PRIMO,  2003,  p.  9  -­‐  13)  

Embora  não  façamos  o  uso  dessa  classificação  neste  estudo  por  tratar  do  ponto  

de  vista  dos  alunos  e  não  da  análise  documental,  trazemos  aqui  essa  conceituação  que  

está   intrinsicamente   ligada   a   esta   investigação.   Consideramos   hipertexto   potencial  

aquele   que   apenas   apresenta   caminhos   para   o   leitor,   de   forma   pré-­‐programada;   o  

hipertexto   colaborativo   possibilitaria   a   modificação   de   imagens   e   textos,   sem   um  

processo   de   discussão,   apenas   inclusão   de   conteúdo;   e   o   hipertexto   cooperativo,  

necessário  para  a  qualidade  da  interação,  promoveria  a  criação  coletiva  e  a  coautoria.    

Neste   estudo,   entendemos   por   “material   didático   digital”   todos   os   recursos  

digitais   disponibilizados   para   os   alunos   com   fins   didáticos,   desde   videoaulas,  

animações,  textos  de  apoio  até  o  livro  digital  ou  digitalizado.    

 

 

 

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Metodologia    

  De   caráter   qualitativo,   este   estudo   exploratório   a   priori   objetivou   a  focalização   do   objeto   de   estudo   para   a   investigação   de   doutorado   em   andamento.  Para   isso   optamos   por   uma   intuição   participante   do   estudo   anterior   e   que   de   fato  fizesse  uso  de  materiais  digitais  para  então  buscarmos  as  percepções  dos  alunos  sobre  o   material.   Alves-­‐Mazzotti   e   Gewandsznajder   (1999)   explicam   a   importância   dos  estudos  exploratórios  para  as  pesquisas,  especialmente  na  identificação  do  contexto  a  ser  pesquisado:

Uma   vez   obtido   o   acesso   ao   campo,   pode   se   iniciar   o   período  exploratório,   cujo   principal   objetivo   é   proporcionar,   através   da  imersão   do   pesquisador   no   contexto,   uma   visão   geral   do   problema  considerado,   contribuindo   para   a   focalização   das   questões   e  identificação   de   informantes   e   outras   fontes   de   dados.   (ALVES-­‐MAZZOTTI;  GEWANDSZNAJDER,1999,  p.  161)    

Para   coletar   as   informações   que   geraram   os   dados   que   aqui   serão  

apresentados,   foi   desenvolvido   um   questionário,   disponibilizado   na   plataforma   do  

google  docs.    Dividimos  o  questionário  em  três  partes  intituladas  da  seguinte  maneira:    

• Parte  1:  Perfil  Sociocultural  –  com  questões  dirigidas  para  traçar  o  perfil  

dos   estudantes,   formas   e   dispositivos   utilizados   para   realizar   o   acesso  

ao  material  digital.  

• Parte  2:  Conte  sua  experiência  com  seu  material  didático  digital  –  com  

questões  abordando  a  familiaridade  com  o  material  digital,  a  frequência  

e  forma  de  uso,  uma  avaliação  do  material  utilizado  e  expectativas  para  

o  futuro  do  material  digital  e  impresso.      

• Parte   3:   Sobre   sua   rotina   de   estudo   –   apresentamos   afirmativas   de  

estudantes   da   modalidade   sobre   formas   de   estudar   a   distância,  

vantagens   do   material   digital   para   que   eles   pudessem   concordar   ou  

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discordar   conforme  a   escala   likert.  Nessa   seção   também  perguntamos  

como   eles   navegam   no   material   hipertextual   e   os   desejos   e  

necessidades  já  sentidas  durante  a  navegação  pelo  material.    

Participaram   desta   pesquisa   estudantes   de   cursos   a   distância   de   uma  

instituição  brasileira.  O  critério  para  a  escolha  desses  colaboradores  foi  o  formato  do  

material  utilizado  pela  instituição  que  é  elaborado  especificamente  para  o  meio  digital  

e  não  meramente  um  arquivo  em   .pdf  do  mesmo  material   impresso.  Embora  o   livro  

digital   siga   esse   formato,   o   material   em   hipermídia   tem   essa   característica   de  

elaboração  própria  para  leitura  em  tela  de  computador,  tablet  ou  celular.    

Essa   escolha   por   um   material   específico   se   deve   à   necessidade   de   focalizar  

melhor   as   respostas   dos   alunos,   sendo   ele   elaborado   para   o   uso   em   dispositivos  

digitais  descartaria  a  justificativa  muito  comum  de  que  o  material  não  é  amplamente  

utilizado  pelos  alunos  apenas  porque  o  seu  formato  dificulta  seu  uso,  necessitando  o  

uso  de  zoom  para  a  leitura,  por  exemplo,  ou  ainda,  a  ausência  de  recursos  audiovisuais  

que  representam  as  diferenças  mais  evidentes  entre  os  materiais  impressos  e  digitais.    

O   material   didático   digital   dessa   instituição   trata-­‐se   de   uma   hipermídia  

disponível   no   ambiente   virtual   de   aprendizagem,   na   qual   estão   contemplados  

diferentes  tipos  de  recursos,  são  vídeos,  textos,  links  para  outros  artigos  disponíveis  na  

internet,  notícias  e  ainda  em  alguns  casos  há  atividades  com  questões  ou  mini  games  

que   classificaríamos   como  de   relativa   interação,   ou   na   classificação   de   Primo   (2003)  

seria   um   hipertexto   potencial,   porque   as   respostas   para   a   atividade   são   pré-­‐

programadas,  impossibilitando  as  contribuições  espontâneas.  

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Na  instituição  pesquisada,  esse  material  é  apresentado  em  um  formato  html1  e  

cada  aula  apresenta  uma  hipermídia  com  diferentes  recursos  de  acordo  com  o  que  foi  

planejado   pelo   professor,   no   entanto,   há   um  modelo   predominante   e   um   limite   de  

vídeos,  recursos  possíveis  por  aula  definidos  pela  área  que  faz  a  produção  audiovisual  

desse  material.  Também  há   links  que  direcionam  para  o   livro  correspondente  para  a  

disciplina  em  versão  digitalizada,  esse   livro  não  é  elaborado  de   forma  adaptada  para  

leitura   em  multi-­‐telas,   trata-­‐se   de   um  material   equivalente   ao   livro   impresso   que   o  

aluno  também  recebe.    

 

Resultados  

 

Ao  todo  32  (trinta  de  dois)  alunos  responderam  ao  questionário  com  21  (vinte  e  

uma)  questões,  distribuídas  entre  os  formatos  de  múltipla  escolha,  questões  abertas  e  

fechadas.    

A  faixa  etária  dos  participantes  variou  de  17  anos  a  52  anos,  predominando  o  

gênero   feminino.   Dos   32   alunos,   29   declararam   que   estão   trabalhando,   traçando   o  

perfil   dos   alunos   colaboradores   da   pesquisa.   Nessa   contagem   não   fizemos   qualquer  

distinção   entre   tipos   de   trabalho   como   formal   ou   informal,   estágio   ou   atividades  

autônomas,  embora  tenha  aparecido  esse  tipo  de  resposta  para  a  questão.      

Sobre   o   acesso   ao   computador,   embora   seja   um   dos   requisitos   para   o  

estudante   da   educação   a   distância   desse   formato   de   oferta,   o   e-­‐learning,   apenas   4  

alunos  informaram  que  não  possuem  computador  em  casa,  nesses  casos,  o  acesso  aos  

                                                                                                                         1   Abreviação   para   a   expressão   inglesa   HyperText   Markup   Language,   que   significa   Linguagem   de  Marcação   de  Hipertexto)   é   uma   linguagem  de  marcação   utilizada   na   construção   de   páginas   na  Web.  Documentos  HTML  podem  ser  interpretados  por  navegadores.  (Wikipedia)  

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seus  cursos  acontece,  segundo  os  próprios  estudantes,  no  computador  do  trabalho  ou  

pelo  celular.    

Ainda   nessa   seção,   ao   serem   questionados   sobre   a   frequência   de   acesso   à  

internet,   apenas   dois   declararam   que   acessam   apenas   1   ou   mais   vezes   ao   dia,   o  

restante  informou  que  passa  o  dia  todo  conectado,  acessando  várias  vezes  ao  dia.  Essa  

informação  nos  traz  um  dado  relevante  quando  se  trata  de  alunos  dessa  modalidade,  

isso   porque   demonstra   que   quase   a   totalidade   dos   estudantes   estão   familiarizados  

com   os   recursos   e   linguagem   da   internet,   na   qual   atualmente   é   possível   participar  

ativamente  com  postagens,  comentários,  compartilhamentos,  além  das  possibilidades  

de  pesquisa  e  navegação  por  diferentes  espaços.      

Seguindo   nessa   primeira   parte   do   questionário,   perguntamos   aos   estudantes  

como   eles   avaliam   sua   relação   com   a   leitura,   o   objetivo   dessa   questão   era   obter  

informações  que  pudessem  somar-­‐se  a  outras  e   justificar  respostas  que  poderiam  vir  

mais  adiante,  o  que,  de  fato,  aconteceu  na  análise  das  informações  como  veremos  na  

sequência.  Dos  32  colaboradores,  8  declaram  ter  uma  relação  razoável  com  a  leitura,  

por   lerem  pouco,  uma  estudante,  de  25  anos,   informou  que   tinha  uma   relação   ruim  

até  retornar  aos  estudos,  o  que  indica  a  predominância  do  formato  textual  escolhido  

para   os   cursos   na   modalidade   que   acaba   sendo   um   fator   positivo   e   relevante   no  

estímulo  à   leitura  para  os  estudantes.  Esse  questionamento  sobre  a   leitura  foi  criado  

para   entender   a   avaliação  dos   estudantes   quanto   ao   formato  do  material,   tínhamos  

como   pressuposto   que   os   alunos   teriam   preferência   por  materiais   audiovisuais,   por  

terem  pouco  hábito  de  leitura  e  oriundos  de  uma  cultura  escolar  em  que  predomina  o  

ensino  tradicional,  portanto  deixando  o  aluno  em  posição  passiva,  de  ouvinte  ao  que  o  

professor   expõe.   No   entanto,   as   respostas   não   confirmaram   essa   aposta,   os  

estudantes  demonstram  em  suas  respostas  que  muitas  vezes  optam  pela  leitura.    

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Perguntamos   aos   alunos   suas   expectativas   quanto   ao   ensino   superior,  

buscando   traçar   o   perfil   dos   colaboradores   da   pesquisa,   nessa   questão  os   alunos   se  

dividiram  entre   aqueles   que   buscam  um  adquirir   conhecimento   que   possa  melhorar  

sua  instrução,  ou  seja,  sem  vincular  totalmente  com  a  questão  da  empregabilidade,  e  

outra  metade  dos  estudantes  que  afirmaram  buscar  uma  qualificação  para  melhorar  

de   cargo   no   trabalho   ou   conquistar   uma  boa   vaga   de   emprego,   focando  na   carreira  

profissional.    

É   inegável  que  o  ensino  superior  tem  esse  objetivo   implícito,  mas  ao  escolher  

entre  melhorar  o  seu  conhecimento  e  a  conquista  de  uma  nova  posição  profissional,  

esperamos  traçar  um  perfil  que  nos  ajudaria  a  relacionar,  por  exemplo,  com  o  fato  de  

que  alguns  estudantes  optam  por  ler  apenas  o  necessário  para  a  aprovação  no  curso,  

aquilo  que  mais  tarde  será  cobrando  em  avaliações  e  outro  clicam  em  todos  os  textos  

extras   para   aprimorar   os   conhecimentos,  mesmo   que   a   vantagem   dessa   leitura   não  

seja   diretamente   vinculada   à   aprovação   na   disciplina   e   consequente   obtenção   do  

diploma  do  ensino  superior.  Nessa  questão  percebemos  uma  tendência  ao  perfil  mais  

curioso  e  explorador  dos  conteúdos  justamente  nesses  estudantes  que  declaram  que  

querem  melhorar  a   instrução,  além  disso,   tal  postura  se   relacionou  com  a   idade  dos  

estudantes,  quanto  mais  velhos,  menos  focaram  nessa  relação  do  diploma  de  ensino  

superior  com  a  empregabilidade.  

Uma  das   questões   centrais   deste   estudo   exploratório   foi   procurar   saber   se   o  

fato  de  ter  um  material  digital,  elaborado  especificamente  para  esse  fim,  no  formato  

de   hipermídia,   teria   algum   impacto   na   forma   de   estudar.   Nessa   questão,   quatro  

estudantes  informaram  que  esse  material  não  mudou  sua  forma  de  estudar,  todos  os  

demais  confirmam  que  sim,  o  formato  fez  com  que  eles  mudassem  a  forma  de  estudar.  

Para  entender  melhor  essa  resposta  entendemos  que  será  necessário  na  segunda  fase  

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deste   estudo   para   conhecer   a   fundo   a   forma   com   que   o   aluno   sempre   estudou.  

Portanto,  na  próxima  fase  da  pesquisa  serão  utilizadas  entrevistas  com  esses  mesmos  

participantes  para  lhes  pedir  detalhes  sobre  suas  práticas  de  leitura.      

Em   nosso   questionário,   todas   as   questões   tiveram   espaço   para   contribuições  

voluntárias   dos   participantes   que   desejassem   manifestar   outras   colocações,   inserir  

outras   opções   de   resposta,   nessa   mesma   questão   sobre   as   mudanças   na   forma   de  

estudar,   veio   uma   resposta   diferente   do   simples   sim   ou   não,   uma   aluna   disse   o  

seguinte:   “Ele   (o  material)   é  mais  abrangente,  e  eu  gosto  dos   links  para  pesquisas.”,  

por  si  só  essa  colocação  indica  a  percepção  de  uma  vantagem  desse  material  digital  em  

relação  ao  livro  impresso.  No  entanto,  essa  mesma  estudante,  em  outra  questão  sobre  

o   futuro   do   livro   impresso   versus   o   digital,   na   qual   perguntamos   o   que   eles  

imaginavam   que   aconteceria   com   essas   duas  mídias,   no   deparamos   com   a   seguinte  

resposta:   “Eu   uso   o   (material)   digital   para   pesquisas,   mas   para   os   meus   estudos   e  

gosto   dele   impresso,   eu   faço   a   impressão   de   todas   as   rotas   porque   gosto   de   fazer  

anotações.”   (aluna   22),   ou   seja,   embora   reconheça   vantagens   desse  material,   ainda  

assim,  sente  necessidades  que  por  enquanto  só  são  supridas  com  o  material  impresso,  

isso  faz  com  que  ela  imprima  o  material  que  foi  elaborado  para  o  uso  digital.    

Outra   questão   que  merece   destaque   foi   a   seguinte:  Quando  me  deparo   com  

links  no  material  digital,  as  opções  de  respostas  eram  as  seguintes:    

 

a) Clico  em  todos  eles,  mas  não  realizo  a  leitura  de  todos  os  textos.  

b) Abro  todos  os  links  e  leio  todos  os  textos  extras.  

c) Pulo  para  a  próxima  página  sem  clicar.  

d) Acesso  apenas  os  links  de  vídeos,  nem  clico  nos  links  para  textos.  

e) Utilizo  outra  técnica  que  gostaria  de  registrar.  (campo  aberto)  

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ISSN:  1984-­‐1175  –  ANAIS  ELETRÔNICOS    

 

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Essa   pergunta   tinha   como   objetivo   consultar   os   alunos   quanto   à   forma   de  

navegação  pelo  material  digital.  Nossa  dúvida  era  se  ao  inserir   links  nesses  materiais,  

tiraríamos  o  foco  do  aluno  para  o  conteúdo  principal.    Se  seria  mais  proveitoso  ter  um  

formato  tão  linear  quanto  os  livros  eram  até  hoje  ou  estaríamos  desperdiçando  o  que  

há  de  melhor  do  meio  digital.      

Encontramos   provocações   e   diferentes   pesquisas   sobre   o   tema,   o   próprio  

Castells   (2014)   trata  da  hipertextualidade  em  seus   textos  sob  outra  ótica,    por  outro  

lado   Ferreira   (2008)   demonstra   o   contrário   em   seus   estudos,   mas   neste   recorte,  

empiricamente,   ainda   se   fazia   necessário   esclarecer   essa   questão,   se   haveria   uma  

navegação  diferenciada  pelo  material  hipertextual  ou  não.  As  respostas  ficaram  entre  

as  opções:    

 

ü Abro  todos  os  links  e  leio  todos  os  textos  extras.  

ü Clico  em  todos  eles,  mas  não  realizo  a  leitura  de  todos  os  textos.  

 

Não   houve   quem   respondesse   que   pula   para   a   próxima   página   sem   clicar,  

tampouco   quem   acessasse   somente   os   links   dos   vídeos,   sugerindo   que   embora  

venham   de   uma   educação   básica   “bancária”,   citando   Paulo   Freire,   os   estudantes  

demonstram   interesse  no  processo  educativo,  mesmo  com  todo  o  esforço  de   leitura  

que  se  exige  ao  navegar  por  materiais  hipertextuais,  levando  para  diferentes  links.      

Outro  destaque  nesta  investigação  foram  as  respostas  para  a  seguinte  questão:    

 

Em   algum   momento   durante   os   seus   estudos,   nas   suas  leituras,  você   já  sentiu  vontade  ou  necessidade  de  (marque  quantas  respostas  desejar):  

a) Contribuir  com  alguma  experiência  sua.  

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b) Fazer  alguma  pergunta  ao  autor.  c) Tecer  um  comentário  com  a  turma.  d) Compartilhar   um   trecho   nas   suas   páginas   das   redes  

sociais.  e) Outro...  

 

Pode-­‐se  dizer  que  essa  foi  umas  das  perguntas  centrais  do  estudo,  acreditando  

que  o  meio  digital  permite  a  cooperação,  co-­‐criação,  coautoria,  queríamos  saber  se  na  

educação  a  distância  na  qual  o  professor  não  está  fisicamente  presente,  ou  com  aulas  

presenciais  esporádicas,  haveria  espaço  para  essa  construção  coletiva.  

Apenas  um  aluno  respondeu  “não”  a  essa  questão,  todos  os  demais  afirmaram  

que  ora  desejariam  contribuir  com  suas  experiências,  ora  gostariam  de  conversar  com  

o   autor   ou   tecer   um   comentário   com   a   turma,   ainda   apareceram   somadas   a   essas  

respostas   a   opção   compartilhar   um   trecho   nas   suas   redes   sociais   e   tecer   um  

comentário  com  a  turma,  mas  em  menor  quantidade.  

Essa   presença   de   um   desejo   de   participar,   ser   sujeito   ativo   no   processo  

educativo,   aponta   para   um   caminho,   cheio   de   obstáculos,   sem   dúvidas,   mas   um  

caminho   que   pode   ser   traçado   para   realizar   a   caminhada   no   ensino   a   distância   que  

pretende  formar  sujeitos  críticos,  participativos  e  produtores  de  novos  conhecimentos  

e  não  apenas  reprodutores.          

 

Considerações  Finais      

Os  resultados  indicam  a  necessidade  dos  estudantes  e  o  espaço  presente  para  

o   uso   de   um   material   cooperativo,   permitindo   a   coautoria   e   o   debate   frente   ao  

conteúdo  trabalhado.  Por  outro  lado,  verificou-­‐se  a  presença  da  cultura  escolar  quanto  

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ao   papel   do   material   didático   impresso,   abrindo   espaço   para   a   manutenção   desse  

modelo  de  material  didático  mesmo  frente  às  inovações  presente  e  possíveis.    

Ainda  há  questões  que  necessitam  de  novos  dados  para  aprofundar  a  análise,  

portanto,  se   faz  necessária  a  segunda  etapa  desta   investigação  que  será  a  entrevista  

com   estudantes   que   responderam   ao   estudo   exploratório,   buscando,   durante   esse  

momento,  mais  pistas  para  compreender  a  relação  dos  alunos  com  o  material  didático  

digital   para   a   formação   crítica   dos   estudantes   considerando   as   práticas   culturais   de  

leitura.      

 

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