A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO DAS NORMAS ......A análise das demonstrações contábeis é uma...
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Arapongas 2018
FERNANDA DE FÁTIMA DE PROENÇA
A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR
Arapongas
2018
A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Ana Costa.
FERNANDA DE FÁTIMA DE PROENÇA
FERNANDA DE FÁTIMA DE PROENÇA
A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS
PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Bacharel em Ciências Contábeis.
BANCA EXAMINADORA
Prof. (a) Especialista Cleberson Júlio Pinheiro
Prof. (a). Especialista Líria Helena Golfetto
Prof. (a). Especialista Márcio Coelho Moreira
Arapongas, 03 de dezembro de 2018
Dedico este trabalho à minha mãe Nadir
Tomaz de Proença e meu pai Angelino
Floriano de Proença (Im Memoriam), que
me ensinaram a nunca desistir.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por ter me dado saúde e
força para superar as dificuldades.
Agradeço a minha família, amigos, em especial minha amiga Ariana Pedroso, a
qual me deu orientações para a realização deste trabalho.
Agradeço ao meu esposo Fábio Pereira, pela compreensão e paciência, em
momentos de tensão e de empenho.
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do mesmo.
PROENÇA, Fernanda de Fátima de. A importância da padronização das normas contábeis para as demonstrações contábeis. 2018. Trinta e sete páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Bacharel em Ciências Contábeis) – Universidade Pitágoras Unopar, Arapongas, 2018.
RESUMO
A análise das demonstrações contábeis é uma técnica realizada afim de comparar e interpretar as demonstrações financeiras de uma organização, com o objetivo de extrair informações para obter um diagnóstico sobre a situação econômico-financeira de determinada entidade. Com a necessidade de compreender e analisar o dia a dia das organizações, quanto às formas de apresentação dos resultados das empresas, surge, assim, a necessidade da padronização contábil, para uma maior visibilidade das demonstrações contábeis. No Brasil, com a criação do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), diante da aprovação das leis 11.638/2007 e 11.941/2009, a contabilidade brasileira se introduz em uma nova fase, produzindo importantes mudanças no cenário contábil. Palavras-chave: Padronização das normas contábeis; IFRS; Demonstrações
contábeis, Adoção das normas contábeis internacionais.
PROENÇA, Fernanda de Fátima de. The importance of standardizing accounting standards for financial statements. 2018. Thirty-seven pages. Course Completion Work (Graduation in Accounting Sciences) – Pitágoras Unopar University, Arapongas, 2018.
ABSTRACT
The analysis of the financial statements is a technique performed to compare and interpret the financial statements of an organization, with the purpose of extracting information to obtain a diagnosis about the economic and financial situation of an entity. With the need to understand and analyze the day-to-day of organizations, regarding the ways of presenting the results of companies, therefore, the need for accounting standardization, for a greater visibility of the financial statements. In Brazil, with the creation of the CPC (Accounting Pronouncements Committee), in view of the approval of Laws 11.638/07 and 11.941/09, Brazilian accounting is introduced in a new phase, producing important changes in the accounting scenario. Key-words: Standardization of accounting standards; IFRS; Accounting statements, Adoption of international accounting standards.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 01 – Composição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis ..................... 24
Figura 02 – IRFS Através do Mundo ....................................................................... 26
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 – Evolução da Contabilidade ................................................................. 15
Quadro 02 – Comparativo Legislações vigentes ..................................................... 28
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IFRS International Financial Reporting Standards
SPED EFD Escrituração Fiscal de Retenções e Outras Informações Fiscais
E SOCIAL Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e
Trabalhistas
CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social
DIRF Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte
NFe Nota Fiscal Eletrônica
DME Declaração de Operações Liquidadas com Moeda em Espécie
IABS Internacional Accounting Standards Board
IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas
APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento de Mercado de
Capitais
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuárias e Financeiras
APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento de Mercado de
Capitais
BP Balanço Patrimonial
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
DRA Demonstração do Resultado Abrangente
DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
DFC Demonstração de fluxo de caixa
DVA Demonstração do Valor Adicionado
NE Notas Explicativas
DOAR Demonstração das origens e aplicações de recursos
CMV Custo de Mercadoria Vendida
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. A CONTABILIDADE .......................................................................................... 15
2.1 A GLOBALIZAÇÃO E A CONTABILIDADE ..................................................... 17
3. INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS ............................ 22
3.1 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FEITAS PELA IFRS ............................................ 24
4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PADRONIZAÇÃO CONTÁBIL NO BRASIL E SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO ATUAL ....................................... 27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 33
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
13
1. INTRODUÇÃO
A contabilidade pode ser considerada uma das principais linguagens dos
negócios, pois trata-se de uma ciência social aplicada que influencia em diversos
aspectos, seja na estrutura política, econômica, cultural ou social.
Mesmo tratando-se de uma ciência social tão relevante e universal, inicialmente
os relatórios contábeis possuíam formas distintas e individuais. Onde cada
nacionalidade regulamentava de acordo com suas necessidades.
Com a globalização e a velocidade de informações, tornou-se necessário a
convergência das normas internacionais de contabilidade. A internet foi um dos fatores
essenciais para que houvesse a padronização das normas contábeis, de modo que
as demonstrações contábeis pudessem ser claramente entendidas e explicadas por
todos os usuários.
A padronização dos procedimentos contábeis a nível internacional, tem sido
defendida como um instrumento necessário, para facilitar a entrada de capital e
contribuir para a expansão das atividades empresariais. A preocupação com a
atualização, reformulação e adequação das normas e procedimentos contábeis no
contexto do processo de globalização da economia mundial é um fato notório, que não
pode deixar de ser registrado.
A contabilidade internacional e as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09 são o elo
para a padronização das Demonstrações Contábeis. Atualmente, mais de 100 países
utilizam as normas do Internacional Financial Reporting Standarts (IFRS), como
padrões.
De acordo com o Comitê de Pronunciamento Contábil, a importância da
padronização das normas, é reduzir despesas nos investimentos internacionais e
facilitar a comunicação internacional com uma linguagem contábil mais consistente e
reduzir custos do capital.
O objetivo geral deste trabalho é compreender quais principais mudanças
trazidas com a padronização das normas contábeis, no contexto globalizado e
informatizado.
Sendo que para alcançar este objetivo, foi necessário compreender
características e aspectos das demonstrações financeiras e do contexto que
antecedeu à padronização das normas contábeis, analisar as mudanças significativas
trazidas pela padronização das normas contábeis internacionais e, demonstrar
14
vantagens e desvantagens, e a importância da padronização das normas contábeis
diante dos avanços tecnológicos e as mudanças no fluxo global.
O estudo desenvolvido seguiu os preceitos de uma pesquisa bibliográfica, onde
será coletado dados sobre o assunto mediante artigos, dissertações, trabalhos
acadêmicos, canais de cunho científico, livros, entre outros. Com finalidade de
esclarecer e salientar sobre as particularidades da padronização das normas
contábeis, buscando agregar conhecimentos para profissionais da área contábil e
afins. O período dos artigos pesquisados foi de trabalhos publicados nos últimos 15
anos. As palavras chaves utilizadas na busca serão: Padronização das normas
contábeis, IFRS, demonstrações contábeis, adoção das normas contábeis
internacionais.
O estudo desenvolvido foi composto por três capítulos. No decorrer do capítulo
I, será apresentada a história da contabilidade de um modo geral, contextualizando
sobre a globalização em prol da contabilidade.
No capítulo II, foi contextualizado sobre os preceitos da IFRS, apontando suas
finalidades e benefícios, enfatizando o que foi alterado na contabilidade brasileira após
a padronização a nível internacional.
No capítulo III, foi apresentado a importância da padronização contábil,
mostrando quais os benefícios trazidos pela mesma, apontando vantagens e
desvantagens de acordo com vários autores.
15
2. A CONTABILIDADE
A contabilidade é uma ciência cujo objetivo é estudar as mudanças
quantitativas e qualitativas nos ativos, ou seja, todos os direitos e obrigações das
entidades. A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da
civilização. Está ligada às primeiras manifestações humanas, com relação a
necessidade de preservar posses e explanar atos e fatos que ocorreram com o objeto
material.
A contabilidade está presente na história da humanidade desde os povos mais antigos, como os hindus, os chineses, os egípcios, os fenícios, os israelitas, os persas, os caldeus, os assírios, os gregos e os romanos, ganhando destaque com o surgimento da linguagem escrita dos números. (SILVA; MARTINS, 2006, p. 10).
Origina-se assim a contabilidade para atender as necessidades dos seres
humanos no gerenciamento de registros corporativos. Somente no mundo antigo que
as civilizações começaram a registrar quantitativamente seus recursos, para controlar
e avaliar seu crescimento, ou não.
Lima (2006) resume a evolução da contabilidade da seguinte forma,
Quadro 01: Evolução da Contabilidade Fonte: Lima (2006, p. 01)
16
O Quadro 01, resume detalhadamente cada período em que ocorreu na
contabilidade. Apontando as características relevantes e significativas em cada
determinada época, até chegar no estado avançado em que a contabilidade se
encontra nos dias de hoje.
Foi no período medieval em que a contabilidade evoluiu com muita intensidade,
no ano de 1494 considerado o “pai” da contabilidade, o Frei Francisco Luca Pacioli
criou o “método das partidas dobradas”, que se resume em: Para cada débito, existe
um crédito do mesmo valor.
De acordo com Gonçalves e Baptista, (2007, p. 65); o método das partidas
dobradas teve rápida difusão, sendo que presentemente seu uso universal. Por este
método é possível conhecer, a cada momento, os elementos que formam o
patrimônio, suas variações e os resultados decorrentes do exercício de qualquer
atividade econômica.
Para Sá (2004, p. 06), o método das partidas dobradas é basicamente, um
mecanismo algébrico, com premissas iniciais convencionais.
Com o crescimento desta ciência, ocorrida de maneira natural devido ao
avanço do capitalismo, aumento das administrações públicas e privadas, se fizeram
necessários e imprescindíveis aos registros e controle das contas.
Ao longo dos anos, a contabilidade evoluiu fornecendo aos seus usuários
informações mais precisas por meio de sistemas contábeis. Com tantas melhorias e
a tecnologia do presente, com apenas um lançamento contábil no sistema gera-se
livros diários e razão e balancetes de verificação, o que no passado era impossível.
A contabilidade surgiu em função de uma característica utilitária, de sua capacidade de responder a questionamentos sobre um determinado patrimônio. Utilidade esta que contribuiu não somente com o surgimento, mas também com a sua própria evolução. (FERNANDES, 2003, p. 06).
As demonstrações contábeis, tais como: o balanço patrimonial, demonstração
do resultado do exercício, demonstração de lucros ou prejuízos, demonstração de
origens e aplicação de recursos, são de extrema importância para seus usuários, pois,
conforme Marion (2006, p. 23), a contabilidade é um grande instrumento que auxilia
na administração, na tomada de decisões, coletando todos os dados econômicos,
mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de
relatórios ou de comunicados, que contribuem para a tomada de decisões.
17
Diante disto, resume-se de que a contabilidade tem por finalidade, registrar,
organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as mudanças no patrimônio, devido a
atividade econômica ou social de uma entidade.
Nos tempos atuais, a contabilidade consolidou seu importante papel como
principal provedor de informações financeiras, onde procurou intensificar as práticas
contábeis de modo a não degradar a utilidade de suas informações, por exemplo,
afetando a comparabilidade de dados entre empresas.
O objetivo principal da contabilidade, é disponibilizar aos seus usuários, as
informações contábeis necessárias para uma avaliação econômica e financeira de
cada entidade. É utilizada como uma ferramenta de gerenciamento e análise, onde
deve manter-se sempre atualizada, para atender às necessidades dos profissionais
do segmento. De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2006, p. 48) apud Passos
(2010, p. 02),
A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.
Desta forma, no cenário atual, a contabilidade apresenta-se como uma
ferramenta com o intuito de disponibilizar aos seus usuários as informações contábeis
necessárias para uma avaliação econômica e financeira.
É utilizada como um mecanismo de gestão e de análise, onde deverá ser
atualizada periodicamente para atender às necessidades dos profissionais do
segmento.
2.1 A GLOBALIZAÇÃO E A CONTABILIDADE
A globalização é um dos termos mais usados para descrever o estado atual do
sistema capitalista e sua consolidação no mundo. Na prática, é a integração total ou
parcial entre os diferentes lugares do planeta e o aumento do uso de instrumentação
pelos sistemas de comunicação e transporte.
A globalização é a difusão de conexões transplanetárias entre as pessoas, e mais recentemente, de conexões supra territoriais. A partir desta perspectiva, a globalização envolve reduções de barreiras aos contatos transmundiais. As
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pessoas tornaram-se mais aptas: física, legal, cultural e psicologicamente a engajaram-se umas com as outras em um só mundo. (SCHOLTE, 2002, p.14).
Com a globalização foi permitido uma conexão maior entre diferentes pontos
do planeta, permitindo-lhes compartilhar características comuns. O processo de
globalização se constitui pelo modo como os mercados de diferentes países e regiões
interagem entre si, aproximando pessoas, costumes, tradições, etc.
Desde a década de 1960, devido ao crescimento do mercado de capitais, a
contabilidade passou a ser vista sob uma perspectiva da informação, onde passou a
ser conhecida como “abordagem da informação”, e desde então a contabilidade
passou a ser avaliada através de sua capacidade de fornecer informações úteis para
o processo de tomada de decisão dos usuários.
Diante desta nova abordagem e expansão dos mercados globalizados, emerge
a importância da contabilidade internacional, tendo como principal intuito estimular o
investimento estrangeiro, unificando os princípios contábeis, para facilitar o
entendimento das informações, e reduzir dúvidas sobre a contabilidade.
De acordo com o autor Lopes (2008, p. 20), a justificativa da necessidade da
convergência contábil como um dos efeitos da globalização e da internacionalização
do capital é praticamente unânime na doutrina contábil. Uma vez que, em nível
internacional, os investidores passaram a exigir demonstrações compreensíveis sem
haver a necessidade de conhecer a norma contábil de elaboração das demonstrações
financeiras.
A internet foi um dos fatores-chave para padronização das demonstrações
financeiras. Pois a mesma, é um amplo conjunto de redes interconectadas em todo o
mundo, o que facilitou a troca de informações entre países, de modo que, as
demonstrações contábeis pudessem ser claramente entendidas por todos os seus
usuários.
Um sistema de informação define-se como um conjunto de procedimentos estruturados, planejados e organizados que, uma vez executados, produzem informações para suporte ao processo de tomada de decisão. (SCHMIDT, 2002, p.81).
A contabilidade foi aprimorada ao longo dos séculos, incorporando práticas e
princípios, para lidar com a evolução da sociedade e suas tecnologias.
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Com a evolução da globalização, o profissional contábil foi afetado diretamente.
E com isso, seu papel deixa de ser apenas um profissional cuja principal função era
calcular impostos e realizar os lançamentos devidos, em uma nova versão, os
profissionais deste segmento tornaram-se importantes na geração de informações
vitais para qualquer tipo de organização.
O profissional contábil deve esforçar-se para assegurar que a administração tome as melhores decisões estratégicas para o longo prazo. O desafio é propiciar informações úteis e relevantes que facilitarão encontrar as respostas certas para as questões fundamentais, em toda a empresa, com um enfoque constante sobre o que deve ser feito de imediato e mais tarde. (CREPALDI,2008, p. 07).
A contabilidade se concentra cada vez mais no futuro, no sentido de prever
acontecimentos e agir com antecedência, para que as decisões sejam bem-
sucedidas. Antigamente, os processos eram realizados manualmente e as decisões
eram, na maioria das vezes, atrasadas e os relatórios desatualizados.
Com a introdução de sistemas e aplicativos computacionais, possibilitou uma
maior flexibilidade na manutenção e armazenamento dos dados, fazendo com que a
contabilidade evoluísse significativamente ao longo do tempo.
Segundo Moscove, Simkin e Bagranoff (2002, p. 23); um sistema de
informação é um conjunto de subsistemas inter-relacionados que funcionam em
conjunto para coletar, processar, armazenar, transformar e distribuir informações para
fins de planejamento, tomada de decisões e controle.
Com as mudanças significativas devido a globalização, surgiu a necessidade
de uma nova capacitação do profissional do segmento, para que assim, pudessem
desfrutar dos benefícios ofertados pela nova era. A atualização dos conhecimentos,
buscando constantemente compreender as inovações tecnológicas, a fim de produzir
com qualidade os serviços prestados, foi uma delas.
O profissional contábil, vem sofrendo uma forte pressão diante das mudanças, pois sua função está sendo reformulada a cada processo de transformação. Esse profissional deve buscar alternativas para agregar valor não só a empresa, mas sim, perante o serviço prestado, utilizando a tecnologia como uma aliada na aquisição e desenvolvimento de competências. (BARBOSA, 2000, p. 02).
No mundo moderno, com a contabilidade informatizada obteve-se bons
resultados, na qual podemos citar alguns pontos positivos, como o aumento da
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produtividade, melhoria da qualidade dos serviços, mais estímulo para profissionais
da área, facilidade para a leitura prévia de relatórios, fácil acesso a informações da
empresa e a melhoria da segurança das informações.
Os lançamentos no diário e razão, por exemplo, tornaram-se mais práticos,
sendo feitos de forma simultânea, o que mostra evidentemente, que a informática
fornece aos contabilistas, facilidades desde o lançamento e processamento de
informações até a geração de relatórios que o sistema produz em questão se
segundos.
A função do contabilista desdobrou-se nas mesmas proporções da contabilidade. O contador hoje não é mais um simples registrador de operações comerciais e a presença desse profissional é cada vez mais imprescindível para a sociedade e para as organizações. (COTRIN; SANTOS; ZOTTE JÚNIOR, 2012).
A contabilidade brasileira nos últimos anos, passou por várias mudanças
internamente. De acordo com a Receita Federal do Brasil, podemos citar as seguintes
alterações na contabilidade brasileira;
O SPED EFD – Reinf (Escrituração Fiscal de Retenções e Outras
Informações Fiscais), sua finalidade é registrar as deduções de
impostos de renda e a contribuição social do contribuinte, é utilizado por
pessoas jurídicas e físicas.
O eSocial (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais
Previdenciárias e Trabalhistas), onde o mesmo engloba as informações
acessórias enviadas através do CAGED, RAIS, GFIP e DIRF. A NFe
4.0, a mesma passou a ser obrigatória em 04 de dezembro de 2017,
onde as empresas teriam até a data de 02 de julho de 2018 para se
adequarem. É utilizada por empresas que trabalham com bens e
mercadorias.
O Simples nacional 2018, foi modificado as regras de cálculo, novas
modalidades e alíquotas. A DME (Declaração de Operações Liquidadas
com Moeda em Espécie), que foi criada pela Receita Federal com o
intuito de realizar a identificação de valores em espécie que são
recebidos ou pagos por pessoa fica ou jurídica.
21
Os profissionais do segmento, trabalham com a informação, e estes contem
características, rapidez e segurança, o que exige que as decisões sejam tomadas a
todo momento, para que as pessoas sejam orientadas e informadas, em tempo real.
A padronização foi adotada justamente para auxiliar tais profissionais,
proporcionando mais qualidade da informação e relevância da informação, permitindo
aos usuários uma compreensão mais abrangente e completa de dados analisados.
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3. INTERNATIONAL FINANCIAL REPORTING STANDARDS
A padronização dos procedimentos contábeis em nível internacional tem sido
defendida como um instrumento necessário para facilitar a entrada de capital e
contribuir para a expansão das atividades comerciais.
O International Financial Reporting Standards (IFRS), são normas
internacionais de contabilidade, um conjunto de demonstrações contábeis
internacionais, emitidas e revisadas pelo International Accounting Standards Board
(IASB), com o intuito de unificar as práticas contábeis, para que se tenha um modelo
padrão das demonstrações financeiras, para ser utilizado por todos os países.
De acordo com Lemes; Silva, (2007, p. 05) a International Accounting
Standards Board (IASB), é um órgão de grande importância na busca da
padronização, sendo a promoção da convergência das normas contábeis a nível
internacional uma de suas funções. Formado por vários países, o IASB é um
organismo independente que tem como competência o desenvolvimento de normas
que sejam compreensíveis para o fornecimento de informações que vão de acordo
aos padrões da contabilidade.
Niyama (2011, p. 30), define o IASB é um órgão independente do setor privado
que se destina ao estudo de padrões contábeis [...], é formado por um Conselho de
membros, constituído por representantes de mais de 140 entidades profissionais de
todo o mundo, inclusive o Brasil, representado pelo Instituto Brasileiro de Contadores
(IBRACON) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Segundo Soares (2009, p. 30), apud Bem (2010, p. 20), o International
Accounting Standards Board (IASB), foi criado no ano de 1973, por ocasião do
Congresso Internacional de Contadores em Melbourne pelos países: Austrália,
Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Grã-Bretanha, Irlanda e
Estados Unidos da América.
Diante disto, a IASB está buscando substituir vários padrões contábeis
nacionais por um único padrão. Onde as modificações introduzidas visam melhorar a
qualidade da informação contábil, tendo como objetivo principal a melhoria na
comparabilidade de dados.
As Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), emitidas pelo IASB, desenvolveram-se no intuito de criar um padrão, em nível mundial, de normas
23
contábeis, tendo em vista o crescimento da economia globalizada. (COUTINHO; SILVA 2013, p. 01)
O mercado sempre exigiu que as demonstrações financeiras de todas as
empresas do país tivessem o IFRS como referência, pois, após a adoção das normas
internacionais de contabilidade passou a ter mais modernidade, confiabilidade,
precisão e alinhamento para as empresas.
Com o intuito de permitir a globalização de investimentos, instituições internacionais buscaram instituir normas contábeis que pudessem ser utilizadas por sociedades, em nível internacional, de modo a permitir que as companhias localizadas em diversos países possam ser utilizadas para a análise e comparabilidade com as demonstrações de outras sociedades para fins de tomada de decisão por parte de financiadores e investidores. (SILVA, 2006, p. 18).
De acordo com Iudicíbus (2010, p. 725), a principal evolução da contabilidade
na primeira década de XXI no Brasil (e também no mundo) é conhecida como a
Convergência para as Normas Internacionais.
O processo de convergência internacional no Brasil, foi desenvolvido pelo
Comitê de Pronunciamentos Contábeis, conforme resolução 1.055 de 07 de outubro
de 2005, o mesmo tem por objetivo;
O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre Pronunciamentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora Brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de Produção, levando sempre em conta a convergência de Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (BRASIL. Resolução CFC nº 1.055, 07 de outubro de 2005).
De acordo com os dados apresentados pelo CPC, após o desenvolvimento da
convergência das normas internacionais, a ideia prosseguiu adiante, onde foi
idealizado a partir dos esforços das entidades: ABRASCA (Associação Brasileira das
Companhias Abertas); APIMEC Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais
de Investimento do Mercado de Capitais); BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo);
Conselho Federal de Contabilidade; FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuarias e Financeiras); IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes
do Brasil). Como exemplifica a Figura 01 abaixo;
24
Figura 01: Composição do CPC
Fonte: SOUZA (2009, p. 23).
Segundo Carvalho (2006, p. 15), a contabilidade internacional surgiu para
minorar as agruras de quem quer investir fora de seu país e até hoje tinha que
manusear balanços em dezenas de normas contábeis distintas, tentando
compatibilizá-las para comparar.
Sendo assim, a contabilidade internacional visa criar uma uniformidade entre
os relatórios financeiros preparados por outros países, criando métodos de adaptação
a partir de padrões internacionais.
3.1 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FEITAS PELA IFRS
De acordo com o levantamento do Conselho Regional de Contabilidade do
Paraná (2011, p. 25), com o processo da padronização das práticas contábeis com as
normas internacionais (IFRS), ocorreram muitas mudanças, sendo particularmente
uma das mais importantes a modificação dos conjuntos das demonstrações contábeis
a serem elaboradas pelas empresas, tais como:
Balanço patrimonial (BP) ao fim do período;
Demonstração do resultado (DRE), do período;
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Demonstração do resultado abrangente (DRA) do período;
Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) do período,
Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) do período;
Demonstração do valor adicionado (DVA), do período, se exigida
legalmente ou por algum órgão regulador, ou mesmo se apresentada
voluntariamente;
Notas explicativas (NE), compreendendo um resumo das políticas
contábeis significativas e outras informações explanatórias.
De acordo com Silva Jr (2018), os padrões IFRS estão se tornando cada vez
mais crescente em todo o mundo, onde mais de 100 países aderiram a normatização
das normas contábeis. O mesmo argumenta que o objetivo da padronização é
desenvolver um conjunto único de pronunciamentos contábeis de alta qualidade,
compreensíveis, exequíveis e aceitáveis globalmente, tendo por base princípios
claramente articulados.
No cenário atual, vários países adotaram as normas internacionais de
contabilidade. No entanto, outros países buscam medidas para a adoção de tais
normas (IFRS, 2008).
A Figura 02, ilustra em verde os países que utilizam, exigem ou permitem o uso
das normas internacionais de contabilidade (IFRS), e os países que têm previsão de
convergência, em preto.
26
Figura 02: IFRS através do Mundo
Fonte: SINGHAL (2016, p. 06).
Diante do mapa, podemos concluir que grande parte do mundo optou pelas
normas internacionais de contabilidade. E aos países que ainda não aderiram,
estudam possibilidades para a implementação da mesma.
Niyama (2011 p. 14), afirma que em um mundo globalizado, uma das mais
importantes vantagens da padronização contábil, entre os países, é o fluxo econômico
que se baseia na utilização de métodos de reavaliação e estratégias econômicas entre
empresas e o mercado internacional.
Portanto, é evidente a importância da padronização das normas internacionais
de contabilidade para o progresso uniforme entre nações, para que assim, todas as
nações falem o mesmo linguajar, quando se tratar de demonstrações contábeis.
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4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PADRONIZAÇÃO CONTÁBIL NO
BRASIL E SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO ATUAL
Com a internacionalização da contabilidade no Brasil, surge a necessidade de
convergir as práticas contábeis existentes para as normas IFRS. A adoção das normas
IFRS (International Financial Reporting Standards) no Brasil, fez com que as
empresas passassem a ter uma nova visão contábil, pois, sem sombra de dúvidas
teríamos uma longa jornada pela frente, argumenta Romani (2013, p. 02).
No Brasil, as normas internacionais de contabilidade foram implementadas com
a Lei 6.404/1976, que posteriormente foi modificada pela Lei 11.638/2007 e
reformulada pela Lei 11.941/2009, com o objetivo de corrigir impropriedades e erros
da lei do ano de 1976.
O início das mudanças dos padrões contábeis brasileiros para o padrão internacional ocorreu formalmente com a edição das Leis 11.638/07 e 11.941/09, que alteraram os dispositivos da Lei nº 6.404/76, modernizando a contabilidade e exigindo que as empresas brasileiras (especialmente as sociedades por ações) passassem a utilizar pronunciamentos contábeis baseados nas normas internacionais de contabilidade. (COSTA, YAMAMOTO E THEÓPHILO, 2011, p. 01).
Após sete anos de tramitação, foram modificadas as regras contábeis, onde
passaram a vigorar a padronização contábil no Brasil, na qual a nova legislação
harmonizou a contabilidade brasileira com as normas internacionais, o que facilitaria
investimentos estrangeiros no país.
Esta nova lei introduziu importantes conceitos do direito empresarial,
adaptando os conceitos jurídicos amplamente utilizados nas economias mais
desenvolvidas, fazendo com que o Brasil se alinhasse com as leis dos Estados Unidos
e dos países europeus.
A mudança adotada demandou os registros de todas as demonstrações
contábeis nos termos da IFRS, pelas entidades nacionais e internacionais, o que pode
ser considerado como um avanço para o mercado financeiro.
Com o processo de convergência, o Brasil passou a viver uma nova realidade,
onde diversas alterações significativas ocorreram, como por exemplo, a extinção do
DOAR (demonstração das origens e aplicações de recursos), a obrigatoriedade de
elaboração da DFC (demonstração de fluxo de caixa), e da DVA (demonstração do
valor adicionado).
28
Para Reis, Marion e Iudicíbus (2009), apud Picetti (2011, p. 11), Ao adotar a DVA o Brasil se coloca ao lado de países de primeiro mundo que, inclusive, atendem recomendação da ONU. Em termos macroeconômicos a somatória dos valores adicionados por todas as unidades produtivas representa o PIB do país e a totalização dos valores agregados possibilita o cálculo do montante e da composição da Renda Nacional e da Renda Nacional Per Capita. A DVA é tão importante, que alguns países só aceitam a instalação e manutenção de uma empresa transnacional se ela demonstrar qual será o valor adicionado que irá produzir.
O Quadro 02, destaca as principais alterações realizadas com a adoção das
normas contábeis, após a lei 11.638/2007. Ilustrando como era antes e como ficou
após aderirem a IFRS.
Lei 6.404 de 15 de dezembro de
1976.
Lei 11.638 de 28 de dezembro de
2007.
Publicação das demonstrações das
origens e aplicações de recursos –
DOAR.
Publicações das demonstrações dos
fluxos de caixas – DFC.
Não havia existência da publicação da
demonstração do valor Adicionado –
DVA para as companhias abertas.
Obrigatoriedade da publicação da
demonstração do valor adicionado –
DVA para as companhias abertas.
Os aumentos de valores nos saldos
de ativos serão registrados com
reserva de reavaliação no patrimônio
líquido.
Os aumentos ou diminuições de
valores nos saldos de ativos e
passivos decorrentes de avaliações e
preço de mercado serão registrados
na conta de ajuste de avaliação
patrimonial no patrimônio líquido.
O ativo permanente é dividido em
investimentos, ativo imobilizado e
ativo diferido.
Ativo permanente passa a ser dividido
em investimentos, imobilizado,
intangível e diferido.
Nas operações de incorporação,
fusão ou cisão, os saldos vertidos
poderão ser registrados pelos valores
contábeis.
Os saldos serão vertidos a valor de
mercados nos casos de fusões,
cisões ou incorporações.
O patrimônio líquido: capital social,
reserva de capital, reservas de
O patrimônio líquido: capital social,
reserva de capital. Ajustes de
29
reavaliação, reservas de lucros ou
prejuízos acumulados.
avaliação patrimonial, reservas de
lucros, ações em tesouraria e
prejuízos acumulados.
As companhias abertas são obrigadas
a publicar as suas demonstrações
contábeis devidamente auditadas. As
companhias fechadas são obrigadas
a publicar suas demonstrações
contábeis.
As companhias abertas e as
sociedades de grande porte de capital
fechado são obrigadas a apresentar
demonstrações contábeis, seguindo
os mesmos padrões da Lei das S.A.
auditadas por auditores
independentes.
A escrituração contábil será efetuada
de acordo com os princípios de
contabilidade, podendo registrar nos
livros comerciais ou livros auxiliares
os ajustes decorrentes da legislação
tributária.
Deverá ocorrer segregação entre
escrituração mercantil e tributária.
A CMV expedirá normas contábeis de
acordo com os princípios de
contabilidade.
A CMV expedirá normas contábeis em
consonância com as Normas
Internacionais de Contabilidade
(IFRS).
As sociedades controladas devem ser
avaliadas pelo método de
equivalência patrimonial.
As sociedades controladas,
sociedades que fazem parte do
mesmo grupo que estejam sob
influência e controle comum, devem
ser avaliadas pelo método de
equivalência patrimonial.
Quadro 02: Comparativo Legislações vigentes
Fonte: Adaptado pelo Autor, 2018.
Diante da comparação das legislações do Quadro 02, é notório que a Lei
11.638/08, foi criada para gerar maiores benefícios, pois com a adoção das normas
contábeis foi com que se obteve o alinhamento das práticas contábeis em toda a parte
do mundo.
30
Com as constantes transformações, e o novo método adotado com a
padronização, o único objetivo era proporcionar aos usuários transparência e
confiabilidade, permitindo a comparação de dados com outras empresas, e assim,
facilitar a compreensão dos atos e fatos pelos usuários.
Devido as alterações realizadas, vários agentes se beneficiaram, sendo um
deles, as empresas que acessam o mercado de capitais no exterior, gerando uma
grande evolução financeira no mercado.
No que diz respeito aos resultados práticos da adoção inicial da IFRS pelas
empresas brasileiras, uma pesquisa realizada pela Ernst & Young e pela FIPECAFI
“IFRS 1º ano: Observações sobre a adoção inicial das IFRS no Brasil”, evidenciou os
seguintes resultados:
a) A adoção inicial das IFRS no ano de 2010 foi conduzida com êxito pelas
empresas;
b) O padrão IFRS é mais complexo do que as normas antigas, o que exigiu
mais julgamento por parte das empresas;
c) O nível de detalhamento exigido pelas IFRS resultou no aumento da
quantidade de informações divulgadas pelas empresas;
d) As demonstrações contábeis consolidadas elaboradas de acordo com as
IFRS ainda mantêm uma identidade brasileira, como por exemplo, a manutenção de
taxas de depreciação fundamentadas na legislação fiscal e de nomenclaturas não
mais permitidas pelas novas normas, como “provisão para devedores duvidosos e
“provisão para contingências”.
A interpretação de algumas IFRS ainda não é consenso entre participantes do
mercado, o que de certa forma levanta dúvidas sobre a consistência e a
comparabilidade das demonstrações contábeis;
e) A magnitude do impacto da adoção inicial das IFRS no Brasil, foi sem dúvida,
menor do que em outras jurisdições, onde essa transação foi realizada de uma só vez,
como, por exemplo, na União Europeia.
A padronização das normas contábeis, é um processo altamente relevante e
necessário para as companhias que operam em diversos países, que precisam
apresentar informações as suas controladas, sediadas no exterior ou aos seus
usuários internacionais, sejam eles, clientes, fornecedores, bancos e afins.
31
Para Martins (2013) apud Salotti, Murcia, Carvalho e Flores, indaga que as
normas internacionais de contabilidade possuem algumas características básicas,
sendo elas:
a) São baseadas muito mais em princípios do que em regras;
b) São baseadas na prevalência da essência sobre a forma;
c) Os conceitos de controle, obtenção de benefícios e suporte de riscos
prevalecem sobre a propriedade jurídica para o registro de ativos, passivos, receitas
e despesas;
d) Necessitam para sua implementação prática, de vários agentes da empresa
e não apenas o contador.
Por se tratar de uma norma internacional, e como em processos de
padronizações pode haver vantagens de desvantagens, e ainda considerando que
cada localidade tem sua particularidade e toda regra possui suas exceções.
Para Bueno e Lopes (2005, p. 15-16), as principais vantagens na utilização das
normas contábeis são a possibilidade de investidores e analistas entenderem as
demonstrações contábeis de empresas estrangeiras; o não aumento de custos de
elaboração de demonstrações financeiras adaptadas às práticas contábeis do país,
no qual a empresa deseja buscar financiamentos; simplificação das tarefas
relacionadas a consolidação de demonstrações contábeis de filiais espalhadas por
diversos países, tornando assim seus gestores mais homogêneos; simplificação de
melhoria nos trabalhos de auditoria; facilitação do trabalho dos fiscos nacionais, com
relação as empresas estrangeiras, através da uniformização da mensuração dos
lucros tributáveis, (reconhecimento de receitas e despesas); comparabilidade de
situação competitiva de uma empresa no âmbito internacional, uma vez que seria mais
simples a identificação da posição estratégica que ocupa em seu setor econômico.
Na visão de Van Tendeloo e Vanstraelen (2005 apud LOURENÇO & BRANCO,
2015, p. 128) as vantagens da adoção das normas internacionais auxilia na tomada
de decisões financeiras, eliminando a confusão decorrente da existência de diferentes
formas de mensurar a posição e o desempenho financeiros em diferentes países, o
que conduz a redução de riscos para investidores e do custo do capital para as
empresas; auxilia na diminuição dos custos relacionados à elaboração de informação
financeira de acordo com diversos conjuntos de normas, incentivando o investimento
internacional e a adoção de recursos financeiros mais eficiente em nível mundial.
32
Apesar de muitos pontos favoráveis citados, Weffort (2005, p. 67-68) aponta
algumas desvantagens na padronização das normas contábeis, como por exemplo a
adoção das normas internacionais localmente pode não resultar em harmonização
efetiva das práticas contábeis dos países, especialmente porque são desconsideradas
as diferenças nacionais como sistemas jurídicos, estágio de desenvolvimento
econômico e aspectos culturais, entre outros. Outra desvantagem citada pelo autor, é
que sempre há um custo para os países decorrentes de adoção das normas
internacionais, e ainda pode servir como um meio de imposição da vontade dos países
economicamente desenvolvidos, sobre aqueles em desenvolvimento.
Contudo, as vantagens sobressaem as desvantagens, tornando evidente a
importância da padronização no mundo, pois, com a uniformização dos princípios
contábeis o mundo se expressaria em um linguajar uniforme.
A padronização contábil tem como foco a modernização dos princípios
contábeis, onde as adoções das normas internacionais de contabilidade visam trazer
maiores benefícios para a economia do país e do mundo.
33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A contabilidade é uma ciência em constante evolução, seu desenvolvimento
está ligado a mudanças no ambiente em que a empresa está incorporada. A
globalização por sua vez, vem exigindo que a contabilidade tenha uma linguagem
única e abrangente, onde atendesse as necessidades de usuários com diferentes
interesses e de diversificadas nacionalidades.
A criação do IFRS foi uma das soluções desenvolvidas pelo IASB e adaptadas
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis para facilitar a introdução das normas
internacionais de contabilidade no Brasil. As alterações contábeis relacionadas à
internacionalização tiveram impacto significativo nas demonstrações financeiras, pois,
a partir disso os relatórios apresentados ficaram mais transparentes e com alto índice
de comparabilidade e clareza, o que vem facilitando a expansão dos negócios
empresariais.
As empresas brasileiras que atendem aos padrões contábeis terão facilidade
de encontrar investidores estrangeiros e internacionalizar-se, pois, o foco principal da
normatização contábil é fornecer uma linguagem universal que permita a
comparabilidade de dados e informações.
A realização deste trabalho proporcionou a obtenção de maiores
conhecimentos sobre a temática em questão. Os resultados obtidos no decorrer desta
pesquisa foram satisfatórios, pois conclui-se, de que com a padronização das
demonstrações contábeis gera uma compreensão global.
Sua origem se incumbiu a partir das leis nº 11.638/07 e 11.941/09, onde o Brasil
passou a uniformizar suas demonstrações contábeis juntamente com as
internacionais, trazendo consigo alterações na estrutura e na forma de tratar as
informações contábeis no Brasil.
34
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