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Accetta Accetta Accetta Accetta Accetta Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultados da ressecção curativa 237 Rev. Col. Bras. Cir. 2011; 38(4): 237-244 Artigo Original Artigo Original Artigo Original Artigo Original Artigo Original Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultados Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultados Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultados Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultados Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultados da ressecção curativa da ressecção curativa da ressecção curativa da ressecção curativa da ressecção curativa Type IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection results Type IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection results Type IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection results Type IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection results Type IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection results ANTONIO CARLOS ACCETTA -TCBC-RJ 1 ; JOSÉ EDUARDO FERREIRA MANSO -TCBC-RJ 2 ; EDUARDO LINHARES RIELLO DE MELLO -TCBC-RJ 3 ; RUBENS KESLEY SIQUEIRA DE PAIVA 3 ; LEONALDSON DOS SANTOS CASTRO -TCBC-RJ 3 ; PIETRO ACCETTA -TCBC-RJ 4 R E S U M O R E S U M O R E S U M O R E S U M O R E S U M O Objetivo Objetivo Objetivo Objetivo Objetivo: Avaliar o resultado obtido com a ressecção de intenção curativa do adenocarcinoma gástrico Borrmann IV(B IV), através da análise de variáveis clínicas, cirúrgicas e anatomopatológicas, identificando quais destes fatores prognósticos se associaram à sobrevida. Métodos: Métodos: Métodos: Métodos: Métodos: Foram analisados retrospectivamente, no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2005, 123 pacientes com adenocarcinoma gástrico B IV submetidos ao tratamento cirúrgico no Serviço de Cirurgia Abdômino-Pélvica do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O grupo submetido à ressecção curativa teve analisado diversos fatores prognósticos com relação à sobrevida global. Resultados: Resultados: Resultados: Resultados: Resultados: Dos 123 pacientes estudados, 68 foram submetidos à gastrectomia, 52 (42,3%) com intenção curativa e 16 (13%) como ressecção paliativa, enquanto 55 (44,7%) tiveram doença não passível de ressecção. Três óbitos no pós-operatório seguiram-se à ressecção curativa, configurando uma taxa de mortalidade de 5,76%. Em nove (17,3%) pacientes ocorreram complicações técnicas, sendo a fístula esofagojejunal com sete casos, a mais frequente. Todos os óbitos e complicações técnicas ocorreram após gastrectomias totais, que foi o tipo de ressecção curativa mais realizada nesta série. O padrão de recidiva mais comum foi a carcinomatose peritoneal. A localização do tumor, metástase linfonodal, invasão linfática e estadiamento patológico foram considerados fatores prognósticos significantes. O tempo de sobrevida mediano foi de 29 meses, com taxa de sobrevida em cinco anos de 33% nos pacientes submetidos à ressecção curativa Conclusão: Conclusão: Conclusão: Conclusão: Conclusão: A ressecção com intenção curativa do adenocarcinoma gástrico B IV apresentou um impacto positivo na sobrevida dos pacientes com a doença nos estágios IB, II e III; com até 15 linfonodos comprometidos (pN2) e no tipo localizado. Descritores Descritores Descritores Descritores Descritores: Estômago. Prognóstico. Adenocarcinoma. Neoplasias gástricas/cirurgia. Avaliação de resultados (cuidados de saúde). Parte da Dissertação de conclusão do Curso de Pós-Graduação em Medicina (Cirurgia Geral), nível Mestrado, do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado no Instituto Nacional de Câncer (INCA). 1. Cirurgião Oncológico da Seção de Cirurgia Abdômino-Pélvica do Instituto Nacional de Câncer (INCA); Professor Assistente de Cirurgia Geral da Universidade Federal Fluminense (UFF); 2. Professor Associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)- Rio de Janeiro – RJ-BR; 3. Cirurgião Oncológico da Seção de Cirurgia Abdômino-Pélvica do INCA- Rio de Janeiro – RJ; 4. Professor Titular de Cirurgia Geral da UFF- Niterói – RJ-BR. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A classificação do câncer gástrico avançado, proposta por Borrmann 1 , em 1926, conforme o aspecto macroscópico ainda é amplamente utilizada por cirurgiões, patologistas e endoscopistas em todo o mundo 2 . O adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV (B IV), definido como de caráter infiltrativo, pode acometer o estômago de forma difusa ou localizada, de acordo com a extensão do envolvimento gástrico 3 . Em 1858, Brinton cunhou o termo linitis plastica 4 , para descrever o carcinoma gástrico infiltrativo que ocupava todo o estômago (forma difusa), também cha- mado na literatura inglesa de carcinoma cirroso 3 . Aproximadamente, 10 a 15% de todos os adenocarcinomas gástricos são classificados como tipo B IV, e alguns estudos evidenciam a sua associação a fatores sabidamente de pior prognóstico 5-7 . Assim, apesar dos avan- ços no tratamento do câncer gástrico, os resultados cirúrgi- cos do B IV permanecem ruins, apresentando menores ta- xas de ressecções curativas 5-8 e de sobrevida 6,7,9 em rela- ção aos demais tipos de carcinomas gástricos. Apesar de questionada 10 , , , , , a terapêutica cirúrgi- ca permanece como a única modalidade de tratamento capaz de propiciar a cura. A operação mais adequada a ser realizada permanece objeto de discussão, embora haja concordância de que a ressecção radical com linfadenectomia D2 esteja associada a melhores resulta- dos, com aumento do tempo de sobrevida 5,7,11 . Neste estudo avaliou-se retrospectivamente o resultado obtido após a ressecção com intenção curativa do adenocarcinoma gástrico B IV, através da análise de variáveis clínicas, cirúrgicas e anatomopatológicas, identi- ficando quais destes fatores prognósticos se associaram à sobrevida.

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Rev. Col. Bras. Cir. 2011; 38(4): 237-244

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Adenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultadosAdenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultadosAdenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultadosAdenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultadosAdenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV: análise dos resultadosda ressecção curativada ressecção curativada ressecção curativada ressecção curativada ressecção curativa

Type IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection resultsType IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection resultsType IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection resultsType IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection resultsType IV Borrmann gastric adenocarcinoma: analysis of curative resection results

ANTONIO CARLOS ACCETTA -TCBC-RJ 1; JOSÉ EDUARDO FERREIRA MANSO -TCBC-RJ 2; EDUARDO LINHARES RIELLO DE MELLO -TCBC-RJ 3;RUBENS KESLEY SIQUEIRA DE PAIVA 3; LEONALDSON DOS SANTOS CASTRO -TCBC-RJ 3 ; PIETRO ACCETTA -TCBC-RJ 4

R E S U M OR E S U M OR E S U M OR E S U M OR E S U M O

ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo: Avaliar o resultado obtido com a ressecção de intenção curativa do adenocarcinoma gástrico Borrmann IV(B IV), através

da análise de variáveis clínicas, cirúrgicas e anatomopatológicas, identificando quais destes fatores prognósticos se associaram à

sobrevida. Métodos: Métodos: Métodos: Métodos: Métodos: Foram analisados retrospectivamente, no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2005, 123 pacientes

com adenocarcinoma gástrico B IV submetidos ao tratamento cirúrgico no Serviço de Cirurgia Abdômino-Pélvica do Instituto Nacional

de Câncer (INCA). O grupo submetido à ressecção curativa teve analisado diversos fatores prognósticos com relação à sobrevida

global. Resultados:Resultados:Resultados:Resultados:Resultados: Dos 123 pacientes estudados, 68 foram submetidos à gastrectomia, 52 (42,3%) com intenção curativa e 16

(13%) como ressecção paliativa, enquanto 55 (44,7%) tiveram doença não passível de ressecção. Três óbitos no pós-operatório

seguiram-se à ressecção curativa, configurando uma taxa de mortalidade de 5,76%. Em nove (17,3%) pacientes ocorreram

complicações técnicas, sendo a fístula esofagojejunal com sete casos, a mais frequente. Todos os óbitos e complicações técnicas

ocorreram após gastrectomias totais, que foi o tipo de ressecção curativa mais realizada nesta série. O padrão de recidiva mais

comum foi a carcinomatose peritoneal. A localização do tumor, metástase linfonodal, invasão linfática e estadiamento patológico

foram considerados fatores prognósticos significantes. O tempo de sobrevida mediano foi de 29 meses, com taxa de sobrevida em

cinco anos de 33% nos pacientes submetidos à ressecção curativa Conclusão: Conclusão: Conclusão: Conclusão: Conclusão: A ressecção com intenção curativa do adenocarcinoma

gástrico B IV apresentou um impacto positivo na sobrevida dos pacientes com a doença nos estágios IB, II e III; com até 15 linfonodos

comprometidos (pN2) e no tipo localizado.

DescritoresDescritoresDescritoresDescritoresDescritores: Estômago. Prognóstico. Adenocarcinoma. Neoplasias gástricas/cirurgia. Avaliação de resultados (cuidados de

saúde).

Parte da Dissertação de conclusão do Curso de Pós-Graduação em Medicina (Cirurgia Geral), nível Mestrado, do Departamento de Cirurgia daFaculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado no Instituto Nacional de Câncer (INCA).1. Cirurgião Oncológico da Seção de Cirurgia Abdômino-Pélvica do Instituto Nacional de Câncer (INCA); Professor Assistente de Cirurgia Geral daUniversidade Federal Fluminense (UFF); 2. Professor Associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federaldo Rio de Janeiro (UFRJ)- Rio de Janeiro – RJ-BR; 3. Cirurgião Oncológico da Seção de Cirurgia Abdômino-Pélvica do INCA- Rio de Janeiro – RJ; 4.Professor Titular de Cirurgia Geral da UFF- Niterói – RJ-BR.

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

A classificação do câncer gástrico avançado, propostapor Borrmann1, em 1926, conforme o aspecto

macroscópico ainda é amplamente utilizada por cirurgiões,patologistas e endoscopistas em todo o mundo2..... Oadenocarcinoma gástrico Borrmann tipo IV (B IV), definidocomo de caráter infiltrativo, pode acometer o estômago deforma difusa ou localizada, de acordo com a extensão doenvolvimento gástrico3. Em 1858, Brinton cunhou o termolinitis plastica4, para descrever o carcinoma gástrico infiltrativoque ocupava todo o estômago (forma difusa), também cha-mado na literatura inglesa de carcinoma cirroso3.

Aproximadamente, 10 a 15% de todos osadenocarcinomas gástricos são classificados como tipo BIV, e alguns estudos evidenciam a sua associação a fatoressabidamente de pior prognóstico5-7. Assim, apesar dos avan-

ços no tratamento do câncer gástrico, os resultados cirúrgi-cos do B IV permanecem ruins, apresentando menores ta-xas de ressecções curativas5-8 e de sobrevida6,7,9 em rela-ção aos demais tipos de carcinomas gástricos.

Apesar de questionada10, , , , , a terapêutica cirúrgi-ca permanece como a única modalidade de tratamentocapaz de propiciar a cura. A operação mais adequada aser realizada permanece objeto de discussão, embora hajaconcordância de que a ressecção radical comlinfadenectomia D2 esteja associada a melhores resulta-dos, com aumento do tempo de sobrevida5,,,,,7,11.....

Neste estudo avaliou-se retrospectivamente oresultado obtido após a ressecção com intenção curativado adenocarcinoma gástrico B IV, através da análise devariáveis clínicas, cirúrgicas e anatomopatológicas, identi-ficando quais destes fatores prognósticos se associaram àsobrevida.

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MÉTODOSMÉTODOSMÉTODOSMÉTODOSMÉTODOS

Realizamos um estudo de coorte retrospectivo,no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2005, ondeforam avaliados 123 prontuários de pacientes comadenocarcinoma gástrico B IV submetidos ao tratamentocirúrgico no Serviço de Cirurgia Abdômino-Pélvica do INCA.Destes, 68 foram submetidos à gastrectomia, 52 com in-tuito curativo e 16 como ressecção paliativa, enquanto 55tiveram doença não passível de ressecção (Figura 1). Oestudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa doInstituto Nacional do Câncer registrado sob o número 02/09.

Nos 52 pacientes submetidos ao tratamento ci-rúrgico com intenção curativa analisamos variáveis clínicascomo sintomas da doença, e demográficas como sexo eidade. Os fatores anatomopatológicos avaliadosmacroscopicamente foram o tamanho do tumor, a sua lo-calização no estômago, enquanto que à microscopia fo-ram estudados o grau de diferenciação, padrão histológicopredominante, a profundidade de invasão da lesão, o nú-mero de linfonodos ressecados e comprometidos no espé-cime cirúrgico, a invasão linfática, neural e vascular, alémdo estadiamento patológico (pTNM). As variáveis cirúrgi-cas analisadas foram: tipo de operação realizada(gastrectomia total versus subtotal), o tipo delinfadenectomia (D2 versus D1) e a morbimortalidade ope-ratória. O estadiamento da doença foi realizado segundoas normas da 6ª edição da Classificação de Tumores Ma-lignos da União Internacional contra o Câncer (UICC)12.

De acordo com a extensão do envolvimento gás-trico, o adenocarcinoma B IV foi classificado em dois tipos:1- difuso (linitis plastica) quando a lesão envolveu todo o

órgão, indo do fundo até o piloro; 2- localizado, quandoacometeu no máximo 2/3 do estômago3.

A decisão de realizar gastrectomia total (GT) ougastrectomia subtotal (GST) foi feita, baseada na distânciaproximal do tumor em relação à junção esofagogástrica(JEG). Os pacientes com tumor localizado no terço proximal,metade superior do estômago ou com linitis plastica foramsubmetidos à GT, enquanto aqueles que tinham o tumorno terço distal ou metade inferior foram submetidos à GST.

Ressecção curativa foi definida como aquela quenão deixou doença residual macroscópica, com margemcirúrgica proximal e distal livres à histologia, e ausência demetástase à distância, ou seja, uma ressecção R0 segundoas regras da UICC12.

Tanto a linfadenectomia limitada(D1) quanto àampliada (D2) foram realizadas de acordo com os critéri-os descritos pela Japanese Gastric Cancer Association(JGCA)13. A linfadenectomia D1 foi empregada somentenos pacientes com estado geral comprometido pela do-ença. Foram consideradas metástases à distância as se-guintes situações observadas durante o ato operatório:metástases hepáticas, disseminação peritoneal, citologiapositiva no lavado peritoneal e linfonodos positivos alémda estação N2 (níveis 13,14,15 ou 16). Nestes casos aressecção foi considerada paliativa mesmo com uma ope-ração R0.

A mortalidade foi definida como operatória quan-do ocorreu nos 30 primeiros dias após o ato operatório, erecidiva da doença quando esta foi diagnosticada a partirde três meses da ressecção considerada, em princípio,curativa. O tipo de recidiva foi classificado com base emexames de imagem ou achados intraoperatórios e debiópsia nos pacientes que foram reoperados.

Figura 1 -Figura 1 -Figura 1 -Figura 1 -Figura 1 - Pacientes com adenocarcinoma gástrico avançado (>T2) operados no INCA.

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Análise EstatísticaAnálise EstatísticaAnálise EstatísticaAnálise EstatísticaAnálise EstatísticaNa amostra de 52 pacientes submetidos à ope-

ração com intuito curativo avaliou-se 13 variáveis/fatoresprognósticos para sobrevida, sendo efetuada análiseunivariada, com aplicação dos testes de Mann-Whitney eKruskal-Wallis. Foi utilizada análise multivariada através dométodo de regressão logística com aplicação do teste deWald, considerando-se as variáveis estatisticamente signi-ficativas encontradas na análise univariada, com o objeti-vo de encontrar fatores prognósticos independentessignificantes.

As curvas de sobrevida global foram estimadaspelo método de Kaplan-Meier e a diferença entre elas foiavaliada pelo teste de Log-rank. Todos os valores p<0.05foram considerados estatisticamente significativos A análi-se estatística foi feita pelo programa Statistical Packagefor the Social Science (SPSS) versão 8.0.

RESULTADOSRESULTADOSRESULTADOSRESULTADOSRESULTADOS

Dos 123 pacientes com adenocarcinoma gástri-co B IV, 68 foram submetidos à gastrectomia, gerando umataxa de ressecabilidade de 55,3%. A operação com inten-ção curativa foi realizada em 42,3% (52/123) dos pacien-tes, 44,7% (55/123) dos tumores foram irressecáveis e 13%(16/123) o foram de forma paliativa.

Nos pacientes submetidos à ressecção com in-tenção curativa, tivemos 30 homens (57,7%) e 22 mulhe-res (42,3%), com uma mediana de idade de 62 anos (va-riando de 31 a 79 anos). Os sintomas mais comuns foramdor epigástrica e emagrecimento, presentes em 75% (39/52) e 71% (37/52), respectivamente. O tamanho médiodo tumor foi 8,7cm (4,5 a 24cm).

O segmento gástrico decorrente da ressecçãocurativa mostrou diversos fatores de mau prognóstico asso-ciados a este tumor. O grau de diferenciação mais comumfoi o pouco diferenciado (G3), presente em 80,7% (42/52), enquanto o padrão histológico mais frequente foi o decélulas em anel de sinete, observado em 71% (37/52).Quanto à profundidade de invasão, três foram T2, 48 fo-ram T3 e apenas um T4, mostrando invasão da serosa em94,2% (49/52). Não havia metástases linfonodais (pN0)em sete pacientes, ao passo que em 45 (86,5%) elas esta-vam presentes. Assim, quando do diagnóstico inicial, 84,6%(44/52) dos pacientes B IV apresentaram doença nos está-gios III ou IV, ou seja, localmente avançada.

O tipo de ressecção mais realizada foi a GT, exe-cutada em 67,3% (35/52) pacientes, enquanto a GST foiefetuada em 32,7%(17/52). Todos os casos de linitis plasticaforam tratados com GT, ao passo, que os BIV localizadosforam tratados com GT ou com GST. Todas essas opera-ções foram acompanhadas de linfadenectomia, sendo aD2 em 42 pacientes (80,7%) e a D1 em 10 (19,3%).

A ressecção curativa gerou um espécime cirúrgi-co com uma mediana de 36 linfonodos (5 a 82), com oito

metastáticos (0 a 58). A mediana de linfonodos removidose histologicamente examinados foi 37 (16 a 82) nalinfadenectomia D2 e 20 (5 a 68) na D1, sendo esta dife-rença significante (p=0,02).

Ocorreram três óbitos no pós-operatório, resul-tando numa taxa de mortalidade de 5,76% (3/52), sendodois relacionados com fístula esofagojejunal e um decor-rente de tromboembolismo pulmonar extenso. Foramregistrados nove casos de complicações técnicas (17,3%),sendo a fístula esofagojejunal, presente em sete pacien-tes, a mais frequente, seguida por duas fístulas de côtoduodenal. Os óbitos e complicações ocorreram na GT.Quando a morbimortalidade operatória foi relacionada como tipo de linfadenectomia, observamos que a dissecção D2apresentou menores taxas de morbidade (16,6% x 30%) emortalidade (4,76% x 10%), em relação à D1, respectiva-mente.

A recidiva foi detectada em 31 (59,6%) pacien-tes e as metástases peritoneais foram observadas em 19(61,3%), mostrando ser o padrão de recidiva mais comum,seguida por metástases à distância por via hematogênicacom cinco casos. Nenhum dos pacientes submetidos àressecção curativa, recebeu tratamento adjuntivo.

A análise univariada dos fatores prognósticos quepoderiam se associar à sobrevida revelou que a localiza-ção do tumor (localizado versus difuso), metástaseslinfonodais, invasão linfática e o estadiamento patológicoforam significantes (Tabela1). Quando tais fatores foramavaliados pela análise multivariada, apenas invasão linfáti-ca e o estadiamento patológico foram considerados fato-res prognósticos independentes para sobrevida.

O tempo de sobrevida mediano foi de 29 me-ses nos pacientes submetidos à ressecção com intençãocurativa, de 10 meses naqueles com ressecção paliativae de apenas três meses nos não ressecados. A sobrevidaglobal nos 52 pacientes submetidos à operação curativafoi de 59% em dois anos e 33% em cinco anos, com umtempo mediano de seguimento de 27 meses. Nos 71 pa-cientes que tiveram operação não-curativa, a sobrevidaem dois anos foi de 4% e em cinco anos de 0%, sendoesta diferença significante (p= 0,001) (Figura 2). Nos pa-cientes com ressecção paliativa, a sobrevida em dois anosfoi de 13% e em cinco anos de 0%, mantendo-se signi-ficativa (p=0,004), a favor da ressecção curativa. Nospacientes não-ressecados não foi possível calcular taxade sobrevida, pois não havia mais sobreviventes decorri-dos dois anos.

A figura 3 mostra as curvas de sobrevida emcinco anos com ressecção curativa, que foram de 83%nos pacientes nos estágios IB/II, 42% no estádio III e 0%no IV (p=0,001). Quando analisadas as curvas em funçãodo comprometimento linfonodal, a sobrevida de cincoanos foi de 69% nos pacientes N0, 39%, 36% e 0% nosgrupos N1, N2 e N3, respectivamente, sendo esta dife-rença, também, significante (p=0,03), conforme demons-tra a figura 4.

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A análise da sobrevida, considerando a localiza-ção do tumor no estômago, evidenciou que a ressecçãocurativa proporcionou maiores taxas em cinco anos nospacientes com a forma localizada em relação à forma difusa(42% vs 11%; p=0,04) (figura 5). Os pacientes submetidosà GST apresentaram taxa de sobrevida em cinco anos de44%, enquanto naqueles com GT foi de 26% (p=0,03).

Nos 52 pacientes submetidos à ressecção curati-va registramos 34 óbitos, sendo 31 por recidiva da doençae três mortes decorrentes da operação. Dez pacientes apre-

sentaram abandono de seguimento e oito encontravam-sevivos com sobrevida de 37, 38, 39, 47, 53, 68, 73 e 132meses, todos sem evidência de doença.

DISCUSSÃODISCUSSÃODISCUSSÃODISCUSSÃODISCUSSÃO

Analisar os diversos fatores prognósticos que afe-taram a sobrevida dos nossos pacientes submetidos a tra-tamento cirúrgico curativo e compará-los com os demais

Tabela 1 -Tabela 1 -Tabela 1 -Tabela 1 -Tabela 1 - Análise univariada dos pacientes submetidos à ressecção curativa.

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resultados encontrados na literatura é uma tarefa árdua.Na maioria destes trabalhos, tais variáveis foram analisa-das em grupos de pacientes submetidos a qualquer tipo deressecção gástrica, sem distinguir intenção curativa ou pa-liativa3,5,7,9,14-19, enquanto um menor número deteve-se ex-clusivamente no estudo destes fatores na operação curati-va8,11,20, de forma semelhante a nossa casuística.

Assim como nosso estudo, diversos outros con-firmaram que o B IV esteve associado a fatores sabidamentede pior prognóstico5-7,11,14,16. Diagnóstico em estágios avan-çados, grau histológico pouco diferenciado, invasão daserosa e grande incidência de envolvimento linfonodal sãofatores que influenciam diretamente sobre o prognósticocausando menores taxas de operações curativas, que po-dem variar entre 31 e 52%3,5-8,20 e estão em acordo comnossos dados que foi de 42,3% (52/123). Algumas sériesmostraram que até 2/3 desses pacientes foram submetidosà operações não-curativas17,20, razão pela qual Aranha10

afirma que a linitis plastica não é uma doença de trata-mento cirúrgico. Acrescente-se a existência de outros rela-

Figura 2 -Figura 2 -Figura 2 -Figura 2 -Figura 2 - Curva de sobrevida dos pacientes submetidos à ope-ração curativa e não curativa.

Figura 3 -Figura 3 -Figura 3 -Figura 3 -Figura 3 - Curva de sobrevida dos pacientes submetidos àressecção curativa de acordo com o estadiamentopatológico (pTMN)

Figura 4 -Figura 4 -Figura 4 -Figura 4 -Figura 4 - Curva de sobrevida dos pacientes submetidos àressecção curativa de acordo com acometimentolinfonodal (pN).

Figura 5 -Figura 5 -Figura 5 -Figura 5 -Figura 5 - Curva de sobrevida dos pacientes submetidos àressecção curativa de acordo com a localização dotumor (difuso x localizado).

tos demonstrando que a gastrectomia deve ser evitada nospacientes B IV com citologia positiva no lavadoperitoneal21,22.

Apesar dos avanços no tratamento do câncergástrico, os resultados cirúrgicos do adenocarcinoma B IVpermanecem ruins, os piores dentre todos os carcinomasgástricos19. As taxas de sobrevida em cinco anos, apósgastrectomias curativas, variaram de 11% a 33,4%5,7,17,19,,,,,confirmando que eles apresentam menores taxas em rela-ção aos outros tipos definidos por Borrmann6,7,9. . . . . Em nossospacientes, a sobrevida global em cinco anos foi de 33%,semelhante às faixas de variação encontradas na literatu-ra.

Um dos principais fatores prognósticos indepen-dentes para sobrevida no carcinoma gástrico B IV foi a pro-fundidade de invasão da lesão (pT)16,17,19,20, A análise de 65pacientes submetidos à ressecção curativa, mostrou a au-sência de invasão serosa (tumores T2) como a única variá-vel de valor significante, resultando numa taxa de sobrevidaem cinco anos, neste subgrupo, de 55,6%17. Outro rela-

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to19 mostrou que 100% dos pacientes com tumores T2encontravam-se vivos cinco anos após a ressecção tumoral,ao passo que apenas 24% com lesões T3 sobreviveramcinco anos após a ressecção. Como a nossa amostra foiconstituída quase que exclusivamente por tumores queapresentavam invasão da serosa (49/52), não pudemosavaliar o real impacto na sobrevida deste importante fatorprognóstico.

A presença de metástases linfonodais foi um fa-tor prognóstico significativo para sobrevida em nossos pa-cientes submetidos à ressecção curativa, estes achados sãosemelhantes aos encontrados em outros estu-dos3,8,9,11,14,16,17,20. Moreaux3 e Kodera8 destacaram oenvolvimento linfonodal como a única variável de valorsignificante em suas amostras chegando, em outros rela-tos, a ser considerado um fator independente desobrevida14,16,20. . . . . Nossa taxa de sobrevida em cinco anosnos pacientes sem acometimento linfonodal foi de 69%,enquanto todos os outros com mais de 15 linfonodos inva-didos (pN3) não sobreviveram mais do que três anos.Kikuchi11 mostrou que todos os pacientes B IV commetástases linfonodais além do nível 2 (N2), submetidos àressecção curativa, morreram dentro de dois anos. Aindaassim, existe potencial de cura pela operação radical comlinfadenectomia D2, nos casos em que o comprometimen-to linfonodal esteja restrito até o nível 2.

O estágio TNM foi outro fator que afetou asobrevida de maneira significativa em nossa amostra sub-metida à ressecção curativa. Obtivemos uma taxa desobrevida em 5 anos, muito expressiva nos estágios maisiniciais, ou seja, IB/II (83%), satisfatória no estádio III (42%)e sombria no IV (0%), próxima aos resultados obtidos porKinugasa19 (78%, 35% e 4%, respectivamente). Estes da-dos mostram que o estádio IV comporta-se como doençasistêmica, pouco se beneficiando com a ressecção R0 noque tange à sobrevida global.

A apresentação localizada ou difusa, assim comoa presença ou não de invasão linfática foram os demaisfatores que se associaram à sobrevida de maneira signifi-cativa após ressecção curativa, à semelhança de outrasséries11,17, não obstante Kunisaki20 ter demonstrado que apresença de invasão linfática não tivesse alterado asobrevida na sua amostra. Nossa taxa de sobrevida emcinco anos foi muito superior quando o tumor foi encontra-do na forma localizada (42% versus 11%), o que nos per-mite caracterizar este subgrupo como o que esteve associ-ado a maior benefício com a cirurgia radical.

Do mesmo modo que em outras séries17,20, o tipode operação realizada (GT versus GST) não foi considera-do um fator prognóstico significativo após análise univariadaem nosso estudo..... Nossa taxa de sobrevida em cinco anosapós GST foi maior em relação à GT (44% versus 26%;p=0,03). Esta diferença significante poderia se justificar pelofato da GST ter sido empregada nos tumores com localiza-ção mais distal e a GT realizada nas lesões mais proximaisou nos casos de linitis plastica, tumores sabidamente de

pior prognóstico. Tais resultados são diferentes dos deHamy18, que afirma ser sempre necessário o emprego deGT no B IV em função do seu modo de disseminação gás-trico intraparietal.

Vale ressaltar que variáveis demográficas comoidade e sexo não foram estatisticamente significativas, aexemplo de outras séries com pacientes submetidos àressecção curativa11,20.

Fatores anatomopatológicos como o grau de di-ferenciação e a invasão venosa não se associaram àsobrevida em nossos pacientes, assim como naqueles ope-rados por Kunisaki20. Outro fator, como o padrão histológico,também não foi significativo, da mesma forma que no re-lato de Kinugasa19. Quanto à presença de invasão neural,não foi possível comparar nossos resultados com os da lite-ratura, uma vez que nenhum dos estudos pesquisadosanalisou esta variável após a ressecção curativa.

Apesar de não ser objetivo do nosso estudo dis-cutir sobre a operação mais adequada para tratar oadenocarcinoma gástrico B IV, este tema gera grande con-trovérsia. Aranha et al.10 recomendam a GT quando a do-ença está limitada ao estômago ou aos linfonodos regio-nais, mas consideram-na sempre de caráter paliativo, emfunção de uma sobrevida média de 13,6 meses. Havendoinvasão por contiguidade de órgãos adjacentes, esses mes-mos autores contraindicam qualquer tipo de ressecção.

Furukawa et al.23, baseado na alta incidência deinvasão de vísceras adjacentes e metástases linfonodaisnos tumores B IV do estômago, têm preconizado aevisceração do quadrante superior esquerdo do abdômen,sendo tal procedimento denominado de cirurgia de Appleby,que consiste na ressecção sistemática de todo o estôma-go, baço, corpo e cauda do pâncreas, cólon transverso,vesícula biliar e adrenal esquerda, associada à amplalinfadenectomia. Em seu relato comparam os achados deum grupo de 30 pacientes submetidos a tal procedimentocom outros 30 pacientes submetidos à GT com pancreato-esplenectomia, todos portadores de adenocarcinoma B IV.Além de conseguir demonstrar que a morbimortalidade eraidêntica em ambos os grupos, observaram que nos casosestádio IV, não foram encontradas diferenças nas taxas desobrevida em três anos, diferentemente dos estádios II eIII, onde diferença significativa mostrou vantagens daressecção ampliada (83,3% vs 42,2%; p<0,05). Com isso,concluíram que este procedimento deve ser empregadode rotina, excetuando-se os casos em estádio IV. No en-tanto, há opiniões contrárias16,20 demonstrando que aressecção combinada com a de outros órgãos adjacentescomprometidos não melhora a sobrevida. Compartilhandoda mesma opinião, Chen9 mostrou, em estudo retrospecti-vo, taxas de sobrevida semelhantes ao comparar ressecçõesampliadas como GT associada a pancreatoesplenectomiaversus GST ou GT isolada, sugerindo ser necessária à reali-zação de um ensaio clínico randomizado para definir amelhor estratégia operatória nos carcinomas gástricos BIV.

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O tipo de linfadenectomia, como um fator prog-nóstico, nos tumores B IV submetidos às gastrectomias cu-rativas é muito controverso, da mesma forma que no cân-cer gástrico em geral. Yoshikawa17 mostra a dissecção D2como um fator prognóstico significativo para sobrevida,enquanto Kunisaki20 não a caracteriza como variávelsignificante, quando comparada à D1. Em nossa série, asobrevida mediana foi de 28 meses na linfadenectomia D2e de 25,5 meses na D1, não representando uma diferençaestatisticamente significante.

A linfadenectomia D2 foi realizada na maioriadas nossas ressecções curativas (42/52) e resultou em me-nores taxas de morbimortalidade em relação a D1. Consi-deramos que, pelo menos, dois fatores contribuíram paraesses melhores resultados: a experiência dos cirurgiões coma técnica D2 e as piores condições clínicas dos pacientesnos quais a opção foi a D1. Mesmo não demonstrando serum fator prognóstico para aumento de sobrevida em nossoestudo, consideramos que a linfadenectomia D2, na de-pendência das condições clínicas do paciente, deva serrealizada de rotina, pois pode permitir uma melhor avalia-ção das estações nodais e, eventualmente, diminuir achance da migração de estágio, denominado fenômenode Will Rogers24.

Como é possível observar em nossa série e, aexemplo do que registram outros autores5,6,8,15, acarcinomatose peritoneal foi o padrão de recidiva mais

comum nos pacientes com tumores B IV submetidos àgastrectomia curativa, sendo observada em 61,2% dasnossas recidivas.

A invasão serosa, considerada um importantefator de risco para recidiva peritoneal após cirurgia radi-cal25, esteve presente em 94,2% (49/52) das nossasressecções curativas. Otsuji et al.14 identificaram metástasesem linfonodos regionais como a única variável indepen-dente em predizer o desenvolvimento de carcinomatoseperitoneal nos pacientes com carcinoma gástrico B IV. Valeressaltar que 86,5% (45/52) da nossa amostra apresentoulinfonodos comprometidos. Estes dois fatores, presentes namaioria dos nossos pacientes, justificaria atribuir aoperitônio o principal sítio de falha após nossas gastrectomiascom intuito curativo.

A ressecção permanece como o único tratamentocurativo no câncer gástrico, ainda que grande parte dospacientes submetidos a uma ressecção curativa venha adesenvolver recorrência locorregional ou à distância, porisso tem sido de grande interesse o desenvolvimento deestratégias para prevenir recorrências e melhorar a sobrevidaglobal.

Concluímos que a ressecção curativa doadenocarcinoma gástrico B IV apresentou um impacto po-sitivo na sobrevida dos pacientes com doença estágios IB,II e III; com até 15 linfonodos comprometidos (pN2) e notipo localizado.

A B S T R A C TA B S T R A C TA B S T R A C TA B S T R A C TA B S T R A C T

Objective:Objective:Objective:Objective:Objective: To evaluate the results obtained with curative resection of Borrmann IV gastric adenocarcinoma (B IV) through theanalysis of clinical, surgical and pathological data, identifying which of these prognostic factors were associated with survival.

MethodsMethodsMethodsMethodsMethods: We retrospectively analyzed 123 patients with B IV gastric adenocarcinoma undergoing surgical treatment at theDepartment of the pelvic-abdominal surgeries of the National Cancer Institute (INCA) from January 1997 to December 2005. Thegroup undergoing curative resection was examined for various prognostic factors regarding overall survival. ResultsResultsResultsResultsResults: Of the 123patients studied, 68 underwent gastrectomy, 52 (42.3%) with curative intent and 16 (13%) palliative resection, while 55 (44.7%)had disease not subject to resection. Three postoperative deaths followed the curative resection, constituting a mortality rate of5.76%. In nine (17.3%) patients there were technical complications, and esophagojejunal fistula seven cases, the most frequent. Alltechnical complications and deaths occurred after total gastrectomy, which was the most commonly performed curative resectiontype in this series. The most common pattern of recurrence was peritoneal carcinomatosis. The location of the tumor, lymph nodemetastasis, lymphatic invasion and pathological staging were considered significant prognostic factors. The median survival time was29 months, with a rate of five-year survival of 33% in patients undergoing curative resection. ConclusionConclusionConclusionConclusionConclusion: The curative resectionof B IV gastric adenocarcinoma had a positive impact on survival of patients with the disease in stages IB, II and III, with up to 15 lymphnodes (pN2) and localized type.

Key words: Key words: Key words: Key words: Key words: Stomach. Prognosis. Adenocarcinoma. Stomach neoplasms/surgery. Outcome assessment (health care).

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Recebido em 30/06/2010Aceito para publicação em 11/08/2010Conflito de interesse: nenhumFonte de financiamento: nenhuma

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