AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS...

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM ORTODONTIA FERNANDA SILVA MATTOS AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE DESCONTAMINAÇÃO SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM ORTODONTIA

FERNANDA SILVA MATTOS

AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS

SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE

DESCONTAMINAÇÃO

SÃO PAULO

2013

 

FERNANDA SILVA MATTOS

AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS

SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE

DESCONTAMINAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ortodontia da Universidade da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre.

SÃO PAULO

2013

 

FERNANDA SILVA MATTOS

AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS

SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE

DESCONTAMINAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ortodontia da Universidade da Universidade Cidade de São Paulo, como requisito exigido para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Fernando César Torres

Co-orientador: Prof. Dr. Acácio Fuziy

SÃO PAULO

2013

 

FERNANDA SILVA MATTOS

AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE CADEIAS ELÁSTICAS

SUBMETIDAS A DIFERENTES MEIOS DE

DESCONTAMINAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ortodontia da

Universidade da Universidade Cidade de

São Paulo, como requisito exigido para

obtenção do título de Mestre

Área de Concentração: Ortodontia

Data da defesa: 17/12/2013

Resultado: APROVADA

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Fernando César Torres

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dr. Acácio Fuziy

Universidade Cidade de São Paulo

Profa. Dra. Lylian Kazumi Kanashiro

Universidade de São Paulo

 

DEDICATÓRIA

Ao meu querido marido Daniel que me estimula sempre a crescer profissionalmente e

pessoalmente, me apoiando em cada decisão. Obrigada por entender minhas ausências neste

período de crescimento profissional. Amo você incondicionalmente!

Aos meus pais Dalmo e Sonia pelo exemplo de vida e amor. Obrigada por terem sempre

confiado em mim e por me ensinarem desde os valores das coisas pequenas da vida até o

valor do conhecimento.

As minhas irmãs Renata e Daniela pelos exemplos de sucesso pessoal e profissional nas quais

sempre me inspirei. Amo vocês!

Espero retribuir e compensar todo o carinho, apoio e dedicação que constantemente me

oferecem. A vocês dedico este trabalho!

 

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Fernando César Torres pelos ensinamentos científicos

transmitidos e pelo companheirismo em sua orientação.

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Acácio Fuziy pela competência científica e amizade

transmitida.

A todos os professores do curso que colaboraram pelo meu crescimento profissional e

pessoal.

Aos meus colegas de turma do mestrado que tornaram essa etapa tão especial. Vocês

trouxeram alegria a todos os nossos encontros. Sabemos que a vida nos separa por caminhos

distintos, mas espero que consigamos manter nossos laços de amizades conquistadas.

“Chegou o momento de  cada um  seguir  viagem  sozinho... Uma despedida  é necessária  antes de podermos nos 

encontrar outra vez. Que nossas despedidas sejam um eterno reencontro.”    

Autor Desconhecido 

A minha querida companheira e amiga Gabriela Sobral Figueiredo Melke. Acredito que

encontramos certas pessoas na vida não por um acaso. Obrigada pela amizade,

companheirismo e, claro, pelas risadas ao longo do curso. Que nossa amizade se estenda por

toda a vida!

Ao meu querido professor e amigo Dr. Eduardo César Werneck que me ensinou os primeiros

conceitos ortodônticos, me encorajou a realizar este curso e incentiva minha carreira

acadêmica.

Aos meus amigos e familiares que entenderam minha ausência neste período.

Aos funcionários e colaboradores da pós-graduação e da clínica desta Universidade que de

alguma forma contribuíram para o bom andamento do curso.

A todas as empresas que concederam os elásticos para a realização deste trabalho.

A empresa Orthometric® que concedeu os templates utilizados nos testes deste estudo.

 

“Mesmo  quando  tudo  parece  desabar,  cabe  a 

mim  decidir  entre  rir  ou  chorar,  ir  ou  ficar, 

desistir  ou  lutar;  porque descobri,  no  caminho 

incerto  da  vida,  que  o  mais  importante  é  o 

decidir” 

Cora Coralina 

 

MATTOS, FS. Avaliação da deformação de cadeias elásticas submetidas a diferentes meios

de descontaminação. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São

Paulo; 2013.

RESUMO

O conhecimento do comportamento das correntes elastoméricas é de grande interesse ao

ortodontista, uma vez que estes materiais são amplamente utilizados na clínica ortodôntica.

Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a deformação elástica de 14 diferentes

marcas comerciais (7 nacionais e 7 importadas), quando submetidas aos meios de

descontaminação mais comumente utilizados atualmente (ácido peracético, álcool 70% e

autoclave) nos intervalos de tempo de 7, 14, 21 e 28 dias. Três elos de cada elástico foram

cortados com meio elo extra de cada lado e mensurados com um paquímetro digital para a

individualização do estiramento de 50% do tamanho original. Das 20 amostras de cada

fabricante, 5 foram diretamente colocadas no template (grupo controle), 5 foram imersas em

ácido peracético 0,2% (Sekusept aktiv®, Profilática Produtos Odonto Médicos Hospitalares

Ltda, Curitiba, PR, Brasil), 5 foram friccionadas suavemente com álcool 70% (Ciclo Farma

Indústria Química Ltda, Serrana, SP, Brasil) e 5 foram submetidas ao ciclo em autoclave a

121°C/1atm/30 minutos. As amostras permaneceram estiradas em placas de aço, presas nas

hastes por amarrilhos metálicos, imersas em saliva artificial (Saliform®, Fórmula & Ação,

São Paulo, Brasil), mantidas em estufa a 37°C. Para cada tempo, os elásticos foram removidos

do template, aferidos por paquímetro digital e descartados. Os dados obtidos foram tabulados

e submetidos à análise estatística descritiva, análise de variância (ANOVA) a 3 critérios e

teste de Tukey, com intervalo de confiabilidade de 5%. A ANOVA a 3 critérios indicou que

houve diferença estatisticamente significativa entre as marcas comerciais avaliadas, entre os

meios de descontaminação e entre os tempos de mensuração; assim como entre as possíveis

interações entre os grupos. O teste de Tukey demonstrou a formação de grupos homogêneos

entre as marcas. Entretanto, ao analisar a porcentagem de deformação plástica para cada

marca, pôde-se estabelecer a seguinte sequência (em ordem crescente): TP Orthodontics®,

GAC®, Rocky Mountain®, American Orthodontics®, Orthometric®, Tecnident®,

Eurodonto®, Dentaurum®, Abzil®, Ormco®, OrthoOrganizers®, Aditek®, e Uniden® e

Morelli®. Para os meios de descontaminação, verificou-se que o autoclave teve

comportamento semelhante ao grupo controle, alterando menos as propriedades dos elásticos.

Já para a variável tempo, verificou-se que o elástico deforma-se mais quanto maior é o tempo

que permanece estirado. Conclui-se que existe deformação plástica em forma de alongamento

 

presente em todas as marcas analisadas, variando de acordo com a marca, aumentada em

função do tempo e influenciada pelo meio de descontaminação ao qual o elástico foi

submetido.

Palavras-chave: Desinfecção; Esterilização; Ortodontia Corretiva.

 

MATTOS, FS. Evaluation of elastomeric chains deformation submitted to different

decontamination means. [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São

Paulo; 2013.

ABSTRACT

The knowledge of elastomeric chain behavior is of interest for the orthodontist, because these

materials are widely used in orthodontic practice. Thus, the aim of this work is to evaluate

elastic deformation of 14 different brands (7 Brazilian and 7 imported), when submitted to

currently decontaminating means used (peracetic acid, 70% alcohol and autoclave) in

intervals of 07, 14, 21 and 28 days. Three loops of each elastic were cut with a half extra on

each side and measured with a digital caliper to the stretch individualization of 50% of the

original size. From the 20 samples from each brand, 5 were placed directly in the template

(control group), 5 were immersed in 0.2% peracetic acid (Sekusept aktiv®, Profilática

Produtos Odonto Médicos Hospitalares Ltda, Curitiba, PR, Brasil), 5 were rubbed gently with

70% ethanol (Ciclo Farma Indústria Química Ltda, Serrana, SP, Brasil) and 5 were submitted

to autoclaving cycle (121°C/1atm/30 minutes). The samples remained stretched in steel

templates with metal rods through metallic ligadures. The set template and elastics were

immersed in artificial saliva (Saliform®, Fórmula & Ação, São Paulo, Brasil) and maintained

at 37°C. The samples from each period were removed from template, measured by digital

caliper and discarded. Data were tabulated and submitted to descriptive statistical analysis, 3-

way analysis of variance (ANOVA) and Tukey test, with confidence interval of 5%. Three

way ANOVA showed that there is statistically significance differences between trademarks

evaluated, decontamination means and between time intervals measured; as well as among the

possible interactions among groups. Tukey test showed different homogeneous groups

between trademarks. However, when plastic deformation percentage was analysed for each

brand, it could be established the following sequence (in ascending order): TP Orthodontics®,

GAC®, Rocky Mountain®, American Orthodontics®, Orthometric®, Tecnident®,

Eurodonto®, Dentaurum®, Abzil®, Ormco®, OrthoOrganizers®, Aditek®, e Uniden® e

Morelli®. For decontamination means, it was verified that autoclave behaved similarly to

control group, with fewer changes in elastic properties. For time variable, it was verified that

the elastic deforms the more time it remains stretched. It was concluded that there is plastic

 

deformation in elongation form in all brands tested, varying with the brand used, increased in

function of time and influenced by means of elastic decontamination was undergone.

Keywords: Disinfection; Sterilization; Orthodontics Corrective.

 

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.....................................................................................................................................27

Figura 2.....................................................................................................................................28

Figura 3.....................................................................................................................................29

 

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.....................................................................................................................................45

Tabela 2.....................................................................................................................................30

Tabela 3.....................................................................................................................................31

Tabela 4.....................................................................................................................................32

Tabela 5 ....................................................................................................................................32

Tabela 6.....................................................................................................................................33

 

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

et al.: e colaboradores

p.: página

%: porcentagem

®: marca registrada

g: gramas

cm: centímetro

mm: milímetro

g/cm2: gramas por centímetro quadrado

°C: graus Celsius

Ltda: limitada

EUA: Estados Unidos da América

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

 

SUMÁRIO

RESUMO...........................................................................................................................07

ABSTRACT.......................................................................................................................09

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………….......15

2. REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………….....….....17

3. PROPOSIÇÃO………………………………………………………………..…......22

4. MATERIAL E MÉTODOS.…………………………………………………...........23

4.1.Delineamento Experimental……………………………………………...…....23

4.2. Análise Estatística………………………………………………………..…...25

5. RESULTADOS……………………………………………………………….……...30

6. DISCUSSÃO………………………………………………………………….……...34

7. CONCLUSÕES………………………………..………………………….......…......41

REFERÊNCIAS................................................................................................................42

APÊNDICE........................................................................................................................45

1 INTRODUÇÃO

 

As correntes elastoméricas foram introduzidas na Ortodontia na década de 1960,

principalmente após a afirmação das extrações (De Genova et al., 1985). Este material passou

a ser considerado uma importante fonte de força na movimentação ortodôntica, juntamente

com as molas e as alças (Araújo e Ursi, 2006).

Atualmente, integra a rotina clínica dos ortodontistas sendo utilizadas para inúmeros

procedimentos com correções de rotações dentárias, consolidação de espaços, fechamento de

espaços através de retrações ou tracionamento de dentes e correção de desvio de linha

mediana (Wong, 1976; Baty, Storie e Von Fraunhofen 1994; Araújo e Ursi, 2006; De Genova

et al., 1985). Possuem baixo custo, são de fácil manipulação e requerem pouca ou nenhuma

cooperação do paciente (Baty, Storie e Von Fraunhofen 1994; Alexandre et al., 2008; De

Genova et al., 1985).

Entretanto, os elásticos sintéticos não podem ser considerados materiais ideais, pois

são sensíveis à exposição prolongada à água, às enzimas e também às variações de

temperatura (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton 1990; Stevenson e Kusy

1994; Wong 1976; Eliades, Eliades e Watts, 1999). Além disso, possuem uma rápida

degradação da quantidade de força devido a um relaxamento de tensão, resultando em perda

gradual de eficácia (Wong, 1976; Araújo e Ursi, 2006), que pode ser alterada de acordo com a

pigmentação utilizada na manufatura das ligaduras elásticas coloridas (Martins et al., 2006,

Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994).

O conhecimento das alterações nas propriedades mecânicas dos elásticos em cadeia

quando estirados é de grande interesse uma vez que estes materiais permanecerão por um

intervalo de tempo relativamente longo na cavidade bucal, devendo exercer, por todo período,

uma força clinicamente adequada (Kochenborger et al., 2011). A escolha correta dos elásticos

ortodônticos e o monitoramento cuidadoso da quantidade de força liberada nos diferentes

intervalos de tempo (Kurol et al., 1996), são imprescindíveis para a realização segura e

satisfatória do tratamento ortodôntico (Araújo e Ursi, 2006).

A literatura é vasta com respeito às propriedades, comportamentos e modos de ação

dos elásticos (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976; De Genova et al., 1985; Ferriter,

Meyers e Lorton 1990; Hixon et al., 1969, Wang et al., 2007). Alguns autores sugerem que o

estiramento in vitro induz a uma deformação permanente na forma de alongamento (Eliades et

al., 2004), mas poucos trabalhos verificam a deformação desta maneira. Outra observação

importante é que os elásticos são geralmente cortados e inseridos diretamente na cavidade

 

bucal sem terem sido submetidos a nenhum tipo de desinfecção ou esterilização prévia, sendo

um meio de contaminação cruzada entre pacientes no consultório (Pithon et al., 2010; Badaró

et al., 2009). Achados importantes referentes as alterações de comportamento dos elásticos

após serem submetidos a meios de descontaminação (Martins, Lima e Areas, 2008; Matlack,

1979) têm sido relatado, mas nenhum estudo realizou a avaliação com o ácido peracético, que

tem sido citado como um meio promissor de desinfecção (Salvia et al., 2011), ou mesmo com

álcool 70%, um dos desinfetantes mais populares nos consultórios odontológicos (Venturelli

et al., 2009).

Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho é verificar a deformação de cadeias

elastoméricas, em determinados intervalos de tempo, submetidas a diferentes meios de

descontaminação prévia.

2 REVISÃO DA LITERATURA

 

O controle da força é imprescindível para a obtenção de resultados favoráveis na

clínica ortodôntica. Diversos trabalhos descrevem a quantidade ideal de força para

movimentar um dente com o máximo de resposta quantitativa e qualitativa (Baty, Storie e

Von Fraunhofer, 1994; Martins et al., 2006). Sabe-se que a “força ortodôntica ótima” deve ser

moderadamente maior do que aquela que o sangue exerce nas paredes dos vasos da

microcirculação (20 a 26 g/cm2 de superfície radicular) (Schwarz, 1932), tornando possível a

movimentação dentária de forma que o ligamento periodontal e osso alveolar consigam

restabelecer a normalidade, com o mínimo de dor, desconforto ao paciente (Schwarz, 1932;

Burstone e Koenig, 1974, Hixon et al., 1969, Boester e Johnson, 1974) e dano tecidual

(Burstone e Koenig, 1974).

A força fisiológica necessária para movimentar um dente é controversa, mas há um

consenso que forças leves e contínuas são consideradas ótimas (Baty, Volz e Von Fraunhofer,

1994). De forma geral, é baseada na área de superfície da raiz dentária (Hixon et al., 1969),

sendo entre 100 e 300g (Boester e Johnson, 1974). No entanto, outro fator a ser levado em

consideração é o intervalo de aplicação da força, pois quando aumentado, permite uma

resposta metabólica completa frente à inflamação induzida pela movimentação dentária.

Aumentar o intervalo de aplicação da força seria mais importante do que alterar a magnitude,

desde que dentro dos limites considerados adequados (Capelozza e Silva Filho, 1998). Dessa

forma, é imprescindível que se conheça as propriedades dos materiais utilizados para a

aplicação de força nos dentes (Kochenborger et al., 2011).

Os elásticos em corrente são considerados uma importante fonte de força ortodôntica

(Araujo e Ursi, 2006) e integram a rotina clínica da grande parte dos ortodontistas (Wong,

1976; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Araújo e Ursi, 2006) por possuir baixo custo,

fácil aplicação e requerem pouca ou nenhuma colaboração do paciente, além de possuírem

disponibilidade em diversas cores (Baty, Volz e Von Fraunhofer 1994, Wang et al., 2007;

Alexandre et al., 2008; De Genova et al., 1985).

Os materiais elásticos são aqueles que após sofrerem uma deformação, retornam à

sua configuração original (Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Wong, 1976). Os primeiros

relatos do uso da borracha natural foi, provavelmente, pelas civilizações maias e incas, que o

utilizavam de forma limitada já que propriedades físicas como a absorção de água e a

instabilidade térmica eram fatores limitantes. A vulcanização, preconizada por Charles

 

Goodyear em 1839, melhoraram essas propriedades aumentando consideravelmente a

utilização deste material (Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Alexandre et al., 1998).

Os elásticos ortodônticos podem ser de borracha ou sintéticos. A borracha ou látex é

obtida por extração vegetal seguida por um processo industrial e é amplamente utilizados em

aparelhos extra-bucais, máscaras faciais e como auxiliar na correção de deformidades antero-

posteriores, desvios de linha mediana e na fase de intercuspidação (Wong, 1976). Já os

elásticos sintéticos, elastoméricos ou plásticos, utilizados nas formas de elásticos em cadeia e

ligaduras elásticas (Kochenborger et al., 2011), são obtidos por meio de transformações

químicas do carvão, petróleo e alguns alcoóis vegetais, sendo a composição interna

determinada pelo nível de tecnologia e pela qualidade das matérias-primas empregadas

(Taloumis et al., 1997), com pequenas alterações entre fabricantes que não divulgam sua

exata composição química (Wong, 1976; Brantley et al., 1979; Taloumis et al., 1997). A

produção dos elásticos sintéticos iniciou-se por petroquímicas em 1920, mas sua introdução

na clínica ortodôntica ocorreu em 1960 (De Genova et al., 1985; Baty, Storie e Von

Fraunhofer, 1994).

O termo borracha de poliuretano é um termo genérico dado aos polímeros elásticos

que contém ligações de uretano. Eles podem ser sintetizados pela extensão de um

poliésteruretano ou poliéteruretano (Renick et al., 1999, Wong, 1976; Young e Sandrik,

1979). A diferença está na perda da força em função do tempo (Ferriter, Meyers e Lorton,

1990), nas técnicas de confecção (recorte ou injeção), na incorporação de aditivos, nas

diferenças na forma (circular/elipsóide) e nas características dimensionais dos elásticos

(presença ou ausência de ligação modular das correntes) (Eliades et al., 2004). Dependendo

da finalidade, altera-se o processamento para obtenção do produto final com as características

desejadas (Wong, 1976).

Dentre as principais finalidades dos elastômeros pode-se citar o fechamento ou a

prevenção da abertura de espaços (Wang et al., 2007), correção de rotações, retrações de

dentes (Wong, 1976; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Araújo e Ursi, 2006) e constrição

do arco (De Genova et al., 1985). Apesar de possuírem força e resistência à abrasão

superiores à borracha natural, tendem a perder suas propriedades elásticas, distorcendo-se

permanentemente quando mantidos longos períodos na boca (Wong, 1976), sendo afetados

pela duração da força e pelo ambiente (Young e Sandrik, 1979; Araújo e Ursi, 2006).

 

Existem dois tipos de mecanismos de degradação das forças de um material.

Denomina-se deformação elástica ou distensão elástica quando ao se aplicar a força, o

material tem sua forma alterada, mas retorna a original quando o estímulo é removido. A

carga aplicada faz com que as moléculas do polímero desenrolem, estiquem e estendam.

Quando a força aplicada ultrapassa o limite elástico do material, este passa a apresentar uma

deformação plástica. Ocorre então o deslizamento em cadeia, ou seja, a carga aplicada causa o

deslizamento das moléculas do polímero entre si, resultando em deformação permanente, não

retornando a sua forma original (De Genova et al., 1985). Outro mecanismo que pode ser

observado é a cisão da corrente molecular, quando a carga é suficientemente alta para quebrar

a cadeia molecular resultando em ruptura do material (Eliades et al., 2004).

As propriedades mecânicas são influenciadas pela taxa e duração da carga assim

como pelas condições ambientais (Stevenson e Kusy, 1994). Inúmeros estudos (Alexandre et

al., 2008; Almeida et al., 1991; Andreasen e Bishara, 1970; Araújo e Ursi, 2006; Baty, Storie

e Von Fraunhofer, 1994; Buchmann et al., 2012; De Genova et al., 1985; Eliades, Eliades e

Watts, 1999; Eliades et al., 2004; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez,

1990; Kim et al., 2005; Kochenborger et al., 2011; Kovatch, Lautenschlager e Keller, 1976;

Lu et al., 1993; Martins et al., 2006; Natrass, Ireland e Sherriff, 1998; Pithon et al., 0000;

Renick et al., 1999; Stevenson e Kusy, 1994; Taloumis et al., 1997; Von Fraunhofer, Coffelt

e Orbell, 1992; Wang et al., 2007, Wong, 1976; Young e Sandrik, 1976) vêm sendo

realizados com o propósito de descrever as propriedades elastoméricas destes materiais

devido ao fato de serem amplamente utilizados na clínica ortodôntica. Em termos gerais as

propriedades estudadas giram em torno da gama da força inicial, força remanescente após o

alongamento e duração da efetividade da força mantida para movimentação dentária (Lu et

al., 1993).

A literatura tem demonstrado ainda uma diminuição substancial dos níveis de força

dos elásticos em corrente após serem estirados em diferentes condições e períodos de tempo

in vivo e in vitro (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976; De Genova et al., 1985; Young e

Sandrik, 1979; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; Buchmann et al.,

2012; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992). A maioria

deles relatam uma maior redução na quantidade de carga liberada pelos elásticos nos

primeiros 30 minutos (Kochenborger et al., 2011), ou em média 30% a 45% na primeira hora

de teste (De Genova et al., 1985; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994;

Araújo e Ursi, 2006; Andreasen e Bishara, 1970), ou ainda, 50% a 70% de perda nas

 

primeiras 24h. Em seguida, uma fase mais estável é iniciada com mudanças de 10% a 20%

nas próximas quatro semanas (Wong, 1976; Andreasen e Bishara, 1970; De Genova et al.,

1985; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992; Lu et al.,

1993).

Diante deste fato, alguns autores preconizam a aplicação de uma força maior que a

desejada para o movimento ortodôntico. (De Genova et al., 1985; Huget, Patrick e Nunez,

1990; Stevenson e Kusy, 1994; Andreasen e Bishara, 1970), mas Lu et al. (1993) verificaram

que quanto maior for a força inicial, maior é a perda de força. Outros recomendam ainda que

se realize um pré-estiramento de 1/3 do seu comprimento (Wong, 1976), o dobro do seu

tamanho original (Kovatch, Lautenschlager e Keller, 1976), três vezes o tamanho original

(Wong, 1976) ou quatro vezes o seu comprimento para compensar a grande perda de força

durante o primeiro dia (Andreasen e Bishara, 1970) no intuito de diminuir a degradação da

força após seu posicionamento, aumentando sua efetividade na movimentação dentária

(Stevenson e Kusy, 1994; Kovatch, Lautenschlager e Keller, 1976).

Outras propriedades importantes a serem ressaltadas são a absorção de líquidos,

quando expostos em meio aquoso, manchamento permanente, alterações com a temperatura

(De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990;

Stevenson e Kusy, 1994; Wong, 1976), incosistência do nível de forças (Wang et al., 2007;

Araújo e Ursi, 2006) e decomposição das ligações internas que conduzem a uma deformação

permanente, além de perda rápida de força devido ao relaxamento de tensão resultando em

perda gradual da sua eficiência (Andreasen e Bishara, 1970; Kochenborger et al., 2011; Baty,

Storie e Von Fraunhofer, 1994; Wong, 1976; Araújo e Ursi, 2006) fazendo estes materiais

incapazes de promover uma força de movimento contínuo do dente por um período de tempo

(Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994), mecanismo este ideal para movimentação dentária.

O relaxamento da força tem atraído o interesse de muitos investigadores por causa da

significância clínica do comportamento dos materiais (Brantley et al., 1979; Von Fraunhofer,

Coffelt e Orbell, 1992; Eliades et al., 2004). Elásticos quando testados em meio úmido sofrem

maior degradação de força ao longo do tempo do que comparados em meio seco (Ferriter,

Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Stevenson e Kusy, 1994; De Genova et

al., 1985; Andreasen e Bishara, 1970; Nattrass, Ireland e Sherriff, 1998). Quando mantidos

em água ocorre um enfraquecimento das forças intermoleculares e uma subseqüentemente

degradação química. Especificamente a redução da liberação de força dos elásticos de 1 a 7

 

dias em ambiente aquoso pode ser o resultado de absorção de água e da formação de ligações

com correntes de hidrogênio entre as moléculas de água e os polímeros (Huget, Patrick e

Nunez, 1990).

A elevação da temperatura é considerada outro fator agravante na redução da carga

gerada pelos elásticos (Stevenson e Kusy, 1994; Kim et al., 2005; De Genova et al., 1985) e

por isso, inúmeros estudos têm sido realizados em meio aquoso a 37°C simulando as

condições bucais (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990). Variações de Ph

(meios ácidos são mais favoráveis do que básicos (Kim et al., 2005), componentes da saliva,

pigmentos, dieta alimentar (Alexandre et al., 2008; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Eliades,

Eliades e Watts, 1999, Pithon et al., 0000; Nattrass, Ireland e Sherriff, 1998), exposição a

substâncias químicas (Von Fraunhofer, Coffelt e Orbell, 1992) e meios de descontaminação

(Martins, Lima e Areas, 2008; Matlack 1979; Jeffries e Von Fraunhofer, 1990; Mayberry et

al. 1996; Pithon et al., 0000) também alteram as propriedades destes materiais.

Dentre os agentes químicos mais utilizados em odontologia estão as o hipoclorito de

sódio (1%), o glutaraldeído (2%) e, mais recentemente, o ácido peracético (Salvia et al., 2011;

Chassot, Poisl e Samuel, 2006; Loukili et al., 2006; Kunigk e Almenida, 2001). O hipoclorito

e o glutaraldeído possuem grande potencial germicida, mas alto risco ocupacional podendo

causar intoxicações, despigmentação da pele, dermatites de contato, problemas respiratórios,

irritações oculares dentre outros (Chassot, Poisl e Samuel, 2006; Rutala e Weber, 1999). O

ácido peracético, composto por peróxido de hidrogênio e acido acético, tem rápida atividade

contra bactérias vegetativas, esporos bacterianos, vírus e fungos. Além de ser atóxico, não

alergênico, não inativado por matéria orgânica e promover desinfecção/esterilização em

menores tempos: 15/30 minutos (contra 30 minutos/10 horas do glutaraldeído) (Martins, Lima

& Areas, 2008; Matlack, 1979), não necessitando de pré-enxague para remoção de matéria

orgânica (Chassot, Poisl e Samuel, 2006; Loukili et al., 2006; Kunigk e Almenida, 2001).

Pesquisas demonstraram que a desinfecção/ esterilização com o glutaraldeído a 2% provocam

queda nos valores referentes à liberação inicial de força nos elásticos (Martins, Lima e Areas,

2008; Matlack, 1979). No entanto, não se sabe como estes materiais se comportam diante dos

métodos atuais de descontaminação, objetivo proposto neste estudo.

 

3 PROPOSIÇÃO

Este trabalho tem como propósito verificar a deformação de cadeias elastoméricas de

marcas comerciais nacionais e importadas, estiradas em 50% do seu comprimento total, nos

intervalos de tempo de 7, 14, 21 e 28 dias, submetidas a diferentes meios de descontaminação.

 

4 MATERIAL E MÉTODOS

a. Delineamento Experimental

Para a realização deste trabalho foram analisadas cadeias elastoméricas da cor cinza,

adquiridas em embalagens lacradas, com prazo de validade adequado, mantidas em local seco

e protegido da luz para reduzir a deterioração do material.

As análises dos elásticos foram feitas pela diferença de suas dimensões considerando

três fatores de estudo:

fator marca em 14 níveis:

- Marcas nacionais:

- Morelli® (Sorocaba, São Paulo, Brasil)

- Aditek® (Aditek, Cravinhos, São Paulo, Brasil)

- Abzil® (3M do Brasil, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil)

- Tecnident® (São Carlos, São Paulo, Brasil)

- Uniden® (Uniden Ortodontia, Sorocaba, São Paulo, Brasil)

- Eurodonto® (Curitiba, Paraná, Brasil)

- Orthometric® (Marília, São Paulo, Brasil)

- Marcas importadas:

- American Orthodontics® (American Orthodontics, Sheboygan,

Wisconsin, EUA)

- Ortho Organizers® (Carlsbad, Califórnia, EUA)

- Dentaurum® (Dentaurum Dental Technology, Ispringen, Germany)

- Ormco® (Ormco Corporation, Glendora, Califórnia, EUA)

- TP Orthodontics® (TP Orthodontics Incorporation, La Porte, EUA)

- GAC® (Dentsply, Nova Iorque, EUA)

 

- Rocky Mountain Orthodontics® (Rocky Mountain Orthodontics,

Denver, Colorado, EUA)

fator meio em 4 níveis:

- Saliva Artificial

- Ácido peracético

- Autoclave

- Álcool 70%

fator tempo em 4 níveis:

- 7 dias

- 14 dias

- 21 dias

- 28 dias

Oitenta amostras de cada marca comercial foram selecionadas, escolhidas

aleatoriamente. Três elos de cada elástico foram cortados com meio elo extra de cada lado

para prevenir distorção no momento do corte e evitar a incorporação de stress no material. Os

elásticos foram mensurados com um paquímetro digital e as medidas individualizadas para a

determinação do comprimento adequado para o estiramento de 50% (Stevenson e Kusy, 1994;

Buchmann et al., 2012; Eliades, Eliades e Watts, 1999) do seu tamanho original, devido às

variações das formas das diferentes marcas das cadeias (Figura 1A).

Das 80 amostras de cada fabricante, 5 foram diretamente colocadas no template (sem

nenhum tratamento prévio) para grupo controle, 5 foram imersas em solução de ácido

peracético 0,2% (Sekusept aktiv®, Profilática Produtos Odonto Médicos Hospitalares Ltda,

Curitiba, Paraná, Brasil) por 30 minutos (Figura 2A), preparada segundo as orientações do

fabricante (20g/litro de água), lavadas com água estéril e secas cuidadosamente com papel

absorvente; 5 foram friccionadas suavemente com álcool 70% (Ciclo Farma Indústria

Química Ltda, Serrana, São Paulo, Brasil) e gaze, intercaladas pelo tempo de secagem natural

totalizando 10 minutos e 3 aplicações; e 5 foram embaladas em papel Kraft(Produmed, Arujá,

São Paulo, Brasil) (Figura 2B) e submetidas ao ciclo em autoclave convencional (Dabi

Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil) a 121°C/1atm por 30 minutos (Ferreira et al.,

 

2006). Após os processos de descontaminação, todas as amostras foram colocadas no

template, onde permaneceram estiradas.

Os templates eram placas de aço com 0,9 mm de espessura, 21,0 cm de comprimento

e 4,0 cm de largura, nas quais foram colocados pinos alinhados distando 21 mm. Os elásticos

foram presos nas hastes do template por amarrilhos metálicos (Figura 1B e 1C). Dessa forma,

foi possível mensurar o estiramento aplicado para cada marca comercial. Após esses

procedimentos, o conjunto de elásticos e template foi mantido imerso em saliva artificial

Saliform (Fórmula & Ação®, São Paulo, Brasil) em estufa a 37°C (±1°C), controlada por um

termostato digital e um termômetro. A temperatura e o nível de saliva foram conferidos

diariamente (Figura 3A).

As amostras foram retiradas da saliva a cada medição e colocadas sobre papel

absorvente com o auxílio de uma pinça clínica. As deformações para cada período foram

aferidas pelo mesmo paquímetro digital, mesmo operador e o elástico mensurado foi

descartado (Figura 3B). Cada fabricante apresentou 20 registros de deformações residuais

para cada intervalo de mensuração.

b. Análise Estatística

Os dados obtidos foram tabulados e as seguintes análises foram realizadas:

- análise descritiva geral dos dados (média, desvio padrão) para a variável dependente

estudada (tamanho do elástico), considerando a análise geral e estratificada por meio das suas

3 variáveis independentes (marca, método de descontaminação e tempo);

- testes de comparação intergrupos por meio da análise de variância a três critérios (estatística

paramétrica), avaliando a influência das 3 variáveis independentes (marca, método de

descontaminação e tempo) nos resultados obtidos;

- no caso de haver diferenças entre os grupos no teste acima, bem como para verificar as

possíveis interações, foi aplicado um teste post hoc (Teste de Tukey) para comparação

múltipla dos grupos, com o intuito de se identificar entre quais grupos podem ser verificadas

diferenças estatisticamente significativas.

O intervalo de confiabilidade de utilizado foi de 5% e 2 softwares foram utilizados

para facilitar a compreensão dos dados: SIGMAPLOT 12.0 (Systat Software Inc., San Jose,

 

Califórnia, USA) e STATISTICA 11.0 (StatSoft, São Caetano do Sul, São Paulo, Brasil) para

windows.

 

Figura 1: A) Cortes dos elásticos com meio elo extra de cada lado. Observar a diferença intermodular e

as marcas; B) “Template” e paquímetro utilizados para os testes; C) Inserção do elástico no “Template”

auxílio de amarrilho metálico.

A

B

C

 

Figura 2: A) Elásticos sendo submetidos a descontaminação com ácido peracético; B) elásticos embal

para realização do ciclo em autoclave.

A

B

 

 

Figura 3: A) O conjunto elástico e template foi imerso em saliva artificial e mantido em estufa a 37°C

Elásticos sendo removidos do template, colocados em papel absorvente para mensuração e distâ

considerada para mensuração.

A

B

Fonte: Ferriter, Meyers e Lewis, 1990.

 

5 RESULTADOS

O poder do teste foi calculado para todas as variáveis (marca, meio e tempo) e interações

(marca-meio, marca-tempo, meio-tempo), sendo o valor de 1,00 encontrado. Assim, sendo o

erro alfa 100%, não houve necessidade de cálculo do erro beta (0%). A estatística descritiva

encontra-se no apêndice 1 (Tabela 1).

A análise de variância a 3 critérios indicou que houve diferença entre os 3 fatores de

estudo avaliados. Na tabela 2 verificou-se que existe diferença estatisticamente significativa

entre as marcas comerciais avaliadas, entre os meios de descontaminação prévia e entre os

tempos de mensuração; assim como entre as possíveis interações entre os grupos.

Tabela 2: ANOVA 3 critérios

Variáveis P

Marca <0,001*

Meio <0,001*

Tempo <0,001*

Marca x Meio <0,001*

Marca x Tempo <0,001*

Meio x Tempo <0,001*

Marca x Meio x Tempo <0,001*

*P<0,05=significativo

Para a realização dos testes paramétricos, é importante que os dados cumpram 2

requisitos básicos: devem possuir distribuição normal e devem possuir variâncias homogêneas

entre os grupos. Os dados deste estudo não passaram no Teste de normalidade (p<0,05).

Contudo, para a análise realizada (ANOVA a 3 critérios) este fato é irrelevante, uma vez que

para análises de variância com mais de 1 fator de estudo, não existe um teste não paramétrico

com as mesmas propriedades estatísticas do ANOVA a 3 critérios. Logo, embora os dados

não possuam uma distribuição normal, este fato não possui nenhuma influência na escolha do

 

teste estatístico a ser utilizado. Já o teste de homogeneidade das variâncias demonstrou que

houve homogeneidade das variâncias (p=0,113).

Devido às significâncias observadas, foi aplicado o teste de Tukey para cada variável.

Considerando-se a variável “marca” observa-se na tabela 3 que as marcas que melhor se

comportaram foram a TP Orthodontics e a GAC, seguida pela Rocky Mountain, American

Orthodontics, Orthometric-Aditek, Aditek-Eurodonto, Dentaurum-Tecnident-Ormco-

OrthoOrganizers, Abzil-Ormco-OrthoOrganizers, Morelli e Uniden .

Tabela 3: Teste de Tukey para “Marca” (em milímetro)

Marca Diferença

Média

Desvio

Padrão A B C D E F G H I

TP Orthod 1,726000 0,340750 ...

GAC 1,782000 0,339465 ...

Rocky 1,948375 0,506893 ...

American 2,203625 0,481754 ...

Orthometric 2,574500 0,307315 ...

Aditek 2,625000 0,286295 ... ...

Eurodonto 2,699000 0,300458 ...

Dentaurum 2,927000 0,481013 ...

Tecnident 2,965625 0,305025 ...

Abzil 2,992375 0,270402 ... ...

Ormco 3,009500 0,410313 ... ...

OrthoOrg 3,065750 0,488891 ...

Morelli 3,292125 0,312773 ...

Uniden 3,593250 0,354246 ...

Todos os

grupos 2,671723 0,665162

*Letras diferentes indicam diferenças estatísticas com significância

Todas as amostras das diferentes marcas comerciais avaliadas sofreram deformação

plástica variando de 17,10% a 40,99%, sendo que os comportamentos podem ser avaliados na

tabela 4 em ordem crescente.

 

Tabela 4: Porcentagem de deformação plástica para cada marca comercial, em ordem

crescente de comportamento.

Ordem Marca

Porcentagem de deformação

plástica

1 TP Orthodontics 17,106%

2 GAC 20,136%

3 Rock Mountain 21,625%

4 American Orthodontics 23,147%

5 Orthometric 32,384%

6 Tecnident 32,842%

7 Eurodonto 34,826%

8 Dentaurum 34,845%

9 Abzil 36,582%

10 Ormco 37,063%

11 OrthoOrganizers 38,660%

12 Aditek 39,713%

13 Uniden 39,925%

14 Morelli 40,998%

Quando consideramos a variável “Meios” verificou-se que o autoclave teve

comportamento semelhante a saliva artificial, possuindo menor efeito nas propriedades dos

elásticos (Tabela 5).

Tabela 5: Teste de Tukey para “Meios” (em milímetro)

Meios Diferença

Média

Desvio

Padrão A B C

Autoclave 2,634786 0,385379 ...

Saliva artificial 2,639786 0,742232 ...

 

Álcool 70% 2,684500 0,721368 ...

Ácido peracético 2,727821 0,740950 ...

Todos os grupos 2,671723 0,665162

*Letras diferentes indicam diferenças estatísticas com significância

Já para a variável tempo, verificou-se que o elástico deforma-se mais quanto maior é o

tempo (Tabela 6).

Tabela 6: Teste de Tukey para “Tempo”(em milímetro)

Tempo Diferença

Média

Desvio

Padrão A B C D

07 dias 2,539714 0,650995 ...

14 dias 2,615929 0,644356 ...

21 dias 2,739286 0,662765 ...

28 dias 2,791964 0,675699 ...

Todos os

grupos 2,671723 0,665162

*Letras diferentes indicam diferenças estatísticas com significância

 

6 DISCUSSÃO

A principal intenção das pesquisas sobre elásticos do tipo corrente é proporcionar

bases para que o ortodontista utilize forças leves e contínuas com maior eficiência clínica por

um período de 4 a 8 semanas (Buchmann et al., 2012). Inúmeras investigações sobre o

comportamento mecânico destes materiais revelam parâmetros como o declínio de forças por

unidade de tempo (De Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Lu et al., 1993;

Kim et al., 2005; Wong, 1976), o declínio de forças com diferentes níveis de ativação

(Andreasen e Bishara, 1970; Lu et al., 1993), a deformação plástica em forma de alongamento

(Eliades et al., 2004), a simulação do fechamento de espaço (De Genova et al., 1985), o pré-

estiramento das correntes elastoméricas (Andreasen e Bishara, 1970; Wong, 1976; Young e

Sandrik, 1979; Brantley et al., 1979; Kim et al., 2005), a influência de fatores ambientais, de

armazenamento (Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Brantley et al., 1979; Young & Sandrik,

1979) e o design da corrente (Andreasen e Bishara, 1970; Eliades et al., 2004; Eliades,

Eliades e Watts, 1999).

Os estudos para caracterização dos materiais “in vitro” possuem algumas vantagens

quando comparados àqueles “in vivo” devido a uma difícil padronização do ambiente da

cavidade oral, nos quais estão sujeitos a variações na microbiota, nos níveis de enzimas, e

exposições alimentares. Assim, é mais apropriado comparar diferentes produtos em meios

constantes mantendo-se em mente que o comportamento dos materiais testados, pode ter

ligeiras diferenças na cavidade oral. (Buchmann et al., 2012).

Grandes diferenças nos estudos em relação à ambientes secos ou úmidos têm sido

descritas demonstrando maior degradação em meio úmido (Baty, Volz e Von Fraunhofer,

1994; Ash e Nicolai, 1978; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Huget, Patrick e Nunez, 1990;

Stevenson e Kusy, 1994; Andreasen e Bishara, 1970), mas pequenas diferenças foram notadas

entre ambientes úmidos e “in vivo” (Ash e Nicolai, 1978). Outros autores (Von Fraunhofer,

Coffelt e Orbell, 1992; Araújo e Ursi, 2006) verificaram ainda que o único meio que afeta

significativamente todos os elastômeros com alto ou baixo módulo de elasticidade é a saliva

 

artificial e, por isso, este foi o meio de eleição neste estudo, tendo em vista ainda, que esta

consegue simular adequadamente o ambiente bucal. Diversos estudos foram realizados com

saliva artificial (Kochenborger et al., 2011; Pithon et al., 0000; Martins, Lima e Areas, 2008;

Taloumis et al., 1997; Araújo e Ursi, 2006).

Outro fator importante para a simulação das condições bucais é a padronização da

temperatura, que possui influência significativa sobre a degradação de forças sofridas pelos

elásticos sintéticos (Stevenson e Kusy, 1994; Araújo e Ursi, 2006). Geralmente há uma

padronização a 37°C por se tratar da temperatura corpórea (Andreasen e Bishara, 1970; De

Genova et al., 1985; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Von Fraunhofer, Coffelt, Orbell, 1992;

Kochenborger et al., 2011; Martins, Lima e Areas, 2008; Araújo e Ursi, 2006; Taloumis et al.,

1997; Lu et al., 1993), também utilizada neste estudo.

O pré-estiramento dos elásticos é controverso: alguns autores (Andreasen e Bishara,

1970; Wong, 1976) descrevem que quanto maior a força inicial, maior é a queda da força

enquanto outros (Hershey e Reynolds, 1975) relatam não haver essa relação. Contudo, a

maioria dos estudos verificaram uma redução no declínio de forças quando este procedimento

é realizado (Young e Sandrik, 1979; Brantley et al., 1979; Lu et al., 1993;). Kim et al. (2005)

verificou ainda que os benefícios do pré-estiramento são questionáveis já que demonstrou que

a queda de força inicial foi diminuída. Entretanto, da primeira hora a 4 semanas de

mensuração, as forças foram similares no grupo controle e no grupo pré-estirado. Mais uma

vez, a dificuldade de padronização do pré-estiramento pode afetar o resultado final do estudo

(Buchmann et al., 2012), sendo este o motivo para a não realização desta conduta neste

trabalho.

A padronização da cor (cinza para este estudo) das correntes elastoméricas também é

importante. Estudos anteriores concluíram que as propriedades relacionadas à distribuição de

forças elastoméricas são significantemente afetadas pela pigmentação incorporada ao material

(Martins et al., 2006; Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994).

Devido à grande variabilidade de design e dimensões dos elásticos das marcas

comerciais, foi necessária uma padronização individual para cada marca. A distância de

21mm intrapinos utilizada nos templates correspondiam a aproximadamente, à distância entre

a face mesial de um bráquete colado na vestibular de um canino superior até a face distal de

um bráquete colado na vestibular de um segundo pré-molar do mesmo lado do arco quando da

extração terapêutica (Araújo e Ursi, 2006). No entanto, após a mensuração do comprimento

 

da cadeia elastomérica em repouso (Figura 3B) estipulou-se um alongamento de 50%. Este

valor foi escolhido pela facilidade de mensuração e baseado no estudo de Eliades et al.

(2004), que verificou que nas primeiras 24h após este estiramento no ar, a maioria dos

elastômeros apresentam deformação permanente que se extende por 10% do tamanho

original. Outros estudos também consideraram esta porcentagem de alongamento (Almeida et

al., 1991; Pithon et al., 0000; Stevenson e Kusy, 1994; Eliades, Eliades e Watts, 1999).

Baty, Volz e Fraunhofer (1994) verificaram que para gerar um nível de força de 300g,

nas correntes elastoméricas, era requerida a extensão de 52% a 57%. Considerando-se que a

força ótima média para retração é de 100 a 250g (Smith e Storey, 1952; Renick et al., 1999), a

força média produzida seria ligeiramente maior do que a força ótima. Além disso, se

considerarmos que após os primeiros 30 minutos existe uma perda de 23 a 37,3% (De Genova

et al., 1985) da força inicial, a força remanescente ainda seria na média ótima para a

movimentação dentária.

As principais marcas comerciais presentes no mercado foram testadas, como pode

ser visualizado na tabela 3, em um período de até 4 semanas. Este intervalo de tempo foi

selecionado, pois coincide com o intervalo frequentemente observado entre as consultas

ortodônticas (Pithon et al. 0000; Ferriter, Meyers e Lorton, 1990; Von Fraunhofer, Coffelt e

Orbell, 1992, Araújo e Ursi, 2006; Kim et al., 2005; Taloumis et al., 1997). Quando o

estiramento de 50% foi aplicado observou-se, através da análise de variância a 3 critérios,

uma diferença estatisticamente significativa entre os 3 fatores de estudo (marcas comerciais,

meios de descontaminação prévia e tempos de mensuração), assim como entre as possíveis

interações entre os grupos.

A maioria dos estudos (Kochenborger et al., 2011; Alexandre et al., 2008; Andreasen

e Bishara, 1970; Araújo & Ursi, 2006; Baty, Volz e Von Fraunhofer, 1994; Buchmann et al.,

2012; De Genova et al., 1985; Eliades et al., 2004; Eliades, Eliades, Watts, 1999; Ferriter,

Meyers e Lorton, 1990; Kim et al., 2005; Lu et al., 1993; Martins et al., 2006; Stevenson e

Kusy, 1994; Taloumis et al., 1997; Wang et al., 2007) com diferentes marcas comerciais

verificaram diferentes comportamentos entre as marcas. Este fato pode ser justificado devido

ao fato de, apesar de serem obtidos por meio de transformações químicas do carvão, petróleo

e alguns alcoóis vegetais, possuírem uma composição interna determinada pelo nível de

tecnologia da empresa e pela qualidade das matérias-primas empregadas (Taloumis et al.,

1997), determinando algumas variações entre os fabricantes, que não divulgam a exata

 

composição química da marca específica (Wong, 1976; Brantley et al., 1979; Taloumis et al.,

1997). Além disso, alguns autores sugerem ainda não haver um rígido controle de qualidade

na fabricação dos elásticos resultando em diferentes resultados entre as marcas (Stevenson e

Kusy, 1994) e até mesmo no mesmo lote (Andreasen e Bishara, 1970).

Todas as marcas sofreram algum grau de deformação plástica. Assim como

observado por outros autores, o comportamento dos elásticos demonstraram uma grande

variação entre os diferentes produtos (Wong, 1976; Andreasen e Bishara, 1970; Ash e

Nikolai, 1978; Martins et al., 2006). Para a determinação das marcas que tiveram melhor e

pior comportamento, foi aplicado o teste de Tukey (tabela 3) e as porcentagens de deformação

plástica (tabela 4). Verificou-se a formação de grupos homogêneos de comportamento

segundo o teste de Tukey. Entretanto, quando se comparam as porcentagens de deformação

plástica pôde-se estabelecer a seguinte sequência (em ordem crescente): TP Orthodontics®,

GAC®, Rocky Mountain®, American Orthodontics®, Orthometric®, Tecnident®,

Eurodonto®, Dentaurum®, Abzil®, Ormco®, OrthoOrganizers®, Aditek®, e Uniden® e

Morelli®. Kochenborger et al., (2011) também encontraram resultados favoráveis de maior

estabilidade para a marca TP Orthodontics®, com menor perda de potencial elástico nos

tempos estudados; e resultados menos favoráveis para as marcas Ormco® e Morelli®, que se

assemelha a este estudo.

Diversos autores (Araújo e Ursi, 2006; Ash e Nikolai, 1978; Baty, Storie e Von

Fraunhofer, 1994; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Kochenborger et al., 2011) verificaram que

quando as cadeias elastoméricas são distendidas e mantidas em torno dos bráquetes, não

liberam níveis de forças constantes por longo tempo e sofrem alterações em suas propriedades

físicas. Em concordância com este estudo, Eliades et al., (2004) verificaram que o estiramento

in vitro induz a uma deformação permanente na forma de alongamento. Além disso, afirmou

que a geometria da corrente ou o design não afetam o alongamento permanente das correntes,

provavelmente por causa da variação substancial na forma da corrente, tamanho e

comprimento da entre os produtos de mesma categoria.

Os testes de resistência à tração fornecem uma avaliação da resistência à fratura da

cadeia elastomérica, verificando a propriedade de ruptura do elástico, assim como a influência

do meio bucal nesta propriedade (Eliades et al., 1999). Baseados nas afirmações de Eliades et

al., (2004) que o alongamento dos módulos elásticos leva a uma reduzida na força de tração e,

consequentemente, na eficácia do sistema; e para a obtenção de maior precisão e

 

reprodutibilidade na metodologia deste estudo, optou-se pela mensuração da deformação

plástica em milímetros.

Os elásticos em corrente são geralmente cortados e inseridos diretamente na cavidade

bucal sem ter sido submetido a nenhum tipo de desinfecção ou esterilização prévia. No

entanto, estes materiais podem sofrer contaminação durante o processamento, empacotamento

e manipulação pela assistente ou pelo ortodontista (Pithon et al., 2010). A grande maioria dos

profissionais não faz uso de nenhum procedimento prévio para a desinfecção de amarrilhos

metálicos e elásticos durante os procedimentos ortodônticos, o que pode ser um meio de

disseminação de infecção cruzada entre os pacientes (Badaró et al., 2009). Além disso, a falta

de conhecimento de como os métodos de desinfecção/esterilização podem afetar as

propriedades dos elásticos, gera certa insegurança entre os ortodontistas.

Sabe-se que fatores químicos como água, saliva (enzimas) e compostos de peróxidos,

geram radicais livres, e podem acelerar a quebra das ligações cruzadas das moléculas dos

elásticos (Wong, 1976) gerando perda de eficiência. Outros como o tempo de extensão,

alterações na temperatura e exposição a substâncias químicas como a clorexidina (Pitton et

al.,0000), glutaraldeído a 2% (Martins, Lima e Areas, 2008), glutaraldeído a 5% (Mayberry et

al., 1996) e soluções ácidas (Ferriter, Meyers e Lorton, 1990) demonstram efeitos deletérios,

com alteração das propriedades físicas dos elásticos ortodônticos em cadeia (Martins, Lima e

Areas, 2008), podendo influenciar significativamente a quantidade de força dissipada por

esses materiais (Jeffries e Von Fraunhofer, 1990). Segundo Andreasen e Bishara (1970) este

fato pode ser explicado pela absorção de líquidos a qual diminui a liberação de força pelos

elásticos.

No entanto, apesar desta diferença, os níveis de força gerados ao final dos

procedimentos de desinfecção e esterilização, não apresentaram valores numericamente

expressivos (Martins, Lima e Areas, 2008; Jeffries e Von Fraunhofer, 1990). Jeffries e Von

Fraunhofer (1990) verificaram que soluções de glutaraldeído não possuem efeitos deletérios

sobre as correntes elásticas, sendo um meio efetivo e conveniente para elásticos em corrente.

Pithon et al., (0000) verificaram que a clorexidina utilizada para bochechos não altera

significativamente a degradação de forças dos elásticos em corrente. Assim é importante o

conhecimento da ação dos métodos de descontaminação prévia utilizadas no tratamento dos

elásticos.

Neste estudo foram testados os meios de descontaminação de elásticos recomendados

pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, presentes no cotidiano no consultório

 

ortodôntico, com atividade eficiente contra bactérias vegetativas, esporos bacterianos, vírus e

fungos, porém atóxicos e não alergênicos (Martins, Lima & Areas, 2008; Matlack, 1979), e

com poucos relatos na literatura (autoclave, álcool 70%, ácido peracético).

A elevação da temperatura é um fator agravante na carga gerada por esses materiais

(Stevenson e Kusy, 1994; De Genova et al., 1985; Jeffries e Von Fraunhofer, 1990; Von

Fraunhofer et al., 1992; Taloumis et al., 1997). Contudo, verificou-se que a esterilização

prévia com o autoclave, apesar de ocorrer esse aumento da temperatura, não influenciou o

comportamento dos elásticos sendo semelhante à saliva artificial (controle), sem diferença

estatística, diferindo dos outros agentes químicos testados (álcool 70% e ácido peracético)

como pode ser visto na tabela 5. Este resultado corrobora com os achados de Mayberry et al.

(1996) que verificaram que a esterilização com autoclave teve pequeno efeito na degradação

de força das correntes elastoméricas, concluindo que o calor úmido do autoclave a 121°C não

deforma permanentemente os elásticos como o calor seco o faz. Verificou ainda que os

módulos elastoméricos tendem a encolher, tornando sua manipulação ligeiramente mais

difícil, porém sem significância clínica (Mayberry et al., 1996).

Não existem estudos anteriores que verificaram da ação do álcool 70% e do ácido

peracético nas propriedades elásticas das correntes elastoméricas. O uso do álcool 70% é um

método de desinfecção bastante popular por ser um procedimento simples, rápido e de baixo

custo (Venturelli et al., 2009), selecionado pela maioria dos ortodontistas e, por isso,

selecionado neste estudo. No entanto, é considerado um desinfetante de nível intermediário e

está contra-indicado para instrumentos ortodônticos que entram em contato direto ou indireto

com saliva e/ou sangue devendo-se esterilizar estes materiais preferencialmente em autoclave

(Venturelli et al., 2009). Já o ácido peracético é atóxico, não alergênico, não inativado por

matéria orgânica e promove desinfecção/esterilização em tempo menores (15/30 minutos

contra 30 minutos/10 horas do glutaraldeído) (Martins, Lima & Areas, 2008; Matlack, 1979).

Estas propriedades favoráveis, além da efetividade contra os microorganismos, fizeram com

que este meio de descontaminação passasse a integrar o cotidiano do consultório (Ferreira et

al., 2006) e por isso foi selecionado para avaliação neste estudo. Entretanto, pôde-se observar

(tabela 5) que o ácido peracético teve ação negativa nas propriedades dos elásticos,

aumentando sua deformação plástica (2,72±0,74) de forma estatisticamente significante, e

ainda, em maior grau do que quando se utilizou o álcool 70% (2,68±0,72). Este fato não foi

observado quando os elásticos foram autoclavados (2,63±0,38), reforçando a utilização do

ciclo em autoclave como método de descontaminação prévia dos elásticos.

 

Existem relatos, entretanto que verificaram a citotoxidade dos elásticos após submetidos

a métodos de esterilização (álcool 70%, autoclave, glutaraldeído e microondas) sugerindo que

esses processos podem alterar a viabilidade celular tornando os elásticos citotóxicos. Dentre

estes métodos, aqueles que elevam a temperatura para a esterilização, a resposta era ainda

mais desvantajosa, com alterações de algumas propriedades químicas causando a liberação de

substâncias tóxicas. A esterilização com raios gama, óxido etileno e radiação ultravioleta não

produziu alterações citotóxicas nos elásticos. No entanto, os 2 primeiros são de natureza

industrial, inviáveis ao consultório ortodôntico, sendo a radiação ultravioleta o único que

possibilita a adequação no consultório. As propriedades mecânicas não foram avaliadas

(Pithon et al., 2010). Mais estudos se fazem necessários para conclusões definitivas.

Em concordância com a maioria dos autores (Araújo e Ursi, 2006; Ash e Nikolai,

1978; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Andreasen e

Bishara, 1970; Kochenborger et al., 2011; Taloumis et al.; Eliades et al., 2004) este estudo

verificou uma proporcionalidade entre a deformação elástica e o tempo. Quanto mais tempo o

elástico ficou estirado, maior foi a sua deformação (tabela 6). Alguns autores acrescentam

ainda que a maior redução na quantidade de carga liberada ocorreu principalmente na

primeira hora de teste (Araújo e Ursi, 2006; Baty, Storie e Von Fraunhofer, 1994; Andreasen

e Bishara, 1970; De Genova et al., 1985; Huget, Patrick e Nunez, 1990; Martins, Lima e

Areas, 2008; Taloumis et al., 1997, Kochenborger et al., 2011; Lu et al., 1993).

Os estudos das correntes elastoméricas permitiram uma evolução desses materiais

com a melhoria de suas propriedades, tornando mais eficiente sua aplicabilidade clínica. No

entanto, é importante que o ortodontista compreenda o comportamento destes materiais para

alcançar resultados clínicos adequados. A verificação do comportamento das diferentes

marcas comerciais permite a seleção apropriada do material a ser utilizado na prática clínica.

Além disso, este estudo demonstrou que é possível realizar a esterilização dos elásticos com

autoclave, sendo este o método que menos interferiu no comportamento dos elásticos. Dessa

forma, o ortodontista poderá selecionar o material para obter o mínimo de deformação

plástica e o máximo de deformação elástica, garantindo o melhor desempenho clínico.

 

7 CONCLUSÕES

- existe deformação plástica em forma de alongamento presente em todas as marcas

analisadas;

- o teste de Tukey indicou que as marcas que demonstraram melhor comportamento foram

a TP Orthodontics® e a GAC® e o pior comportamento foi da Uniden®, desconsiderando

os fatores meio e tempo;

- a menor porcentagem de deformação plástica foi observada na marca TP Orthodontics®

e a maior, na marca Morelli®;

- a deformação plástica foi maior quanto maior foi o tempo que o elástico ficou estirado

(maior deformação: 28 dias), desconsiderando os fatores marca e meio;

- existe diferença de comportamento dos elásticos de acordo com o método de

descontaminação previamente utilizado;

- o método que menos afetou as propriedades dos elásticos foi o ciclo em autoclave e o

que mais afetou foi o ácido peracético, desconsiderando os fatores tempo e marca.

 

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APÊNDICE 1

Tabela 1: Análise estatística descritiva dos dados:

Média ± Desvio Padrão 

  Controle  Álcool 70%  Ácido Peracético  Autoclave 

  7d   14d 

21d 

28d 

7 dias 

14d 

21d 

28d 

7 d  14d 

21d 

28d 

7 dias 

14d 

21d 

28d 

Eurod 

2,24±0,16 

2,60±0,10 

2,62±0,25 

2,95±0,09 

2,69±0,20 

2,85±0,17 

3,02±0,28 

3,09±3,22 

2,63±0,10 

2,61±0,21 

2,97±0,06 

2,88±0,17 

2,34±0,26 

2,34±0,24 

2,71±0,15 

2,58±0,11 

TP   1,34±0,06 

1,44±0,04 

1,45±0,13 

1,66±0,05 

1,42±0,05 

1,66±0,08 

1,65±0,18 

1,66±0,05 

1,56±0,10 

1,44±0,05 

1,58±0,05 

1,83±0,12 

1,95±0,12 

2,30±0,09 

2,45±0,23 

2,18±0,04 

Orthometric 

2,35±0,17 

2,42±0,19 

2,45±0,20 

2,52±0,22 

2,38±0,07 

2,47±0,24 

2,40±0,18 

2,66±0,11 

2,25±0,14 

2,08±0,16 

2,84±0,11 

2,63±0,16 

2,85±0,24 

2,85±0,09 

2,96±0,21 

3,01±0,15 

American 

1,56±0,14 

1,88±0,14 

2,19±0,10 

2,00±0,09 

1,67±0,12 

1,89±0,14 

1,91±0,06 

2,10±0,12 

1,79±0,08 

1,92±0,13 

2,42±0,19 

2,19±0,08 

2,70±0,09 

2,98±0,07 

2,94±0,23 

3,05±0,18 

Dent 

3,06±0,21 

3,00±0,26 

3,32±0,20 

3,24±0,19 

3,34±0,12 

2,79±0,03 

3,26±0,22 

3,28±0,10 

3,19±0,17 

3,27±0,03 

3,14±0,21 

3,14±0,06 

2,14±0,06 

2,26±0,10 

1,92±0,13 

2,42±0,20 

Morelli 

3,22±0,13 

3,43±0,11 

3,31±0,27 

3,38±0,11 

3,24±0,14 

3,41±0,09 

3,54±0,18 

3,54±0,18 

3,27±0,11 

3,47±0,07 

3,66±0,12 

3,45±0,61 

2,79±0,10 

2,86±0,22 

3,13±0,11 

2,92±0,10 

GAC  1,74±0,00 

1,46±0,08 

1,56±0,05 

1,53±0,10 

1,64±0,06 

1,56±0,14 

1,64±0,08 

1,57±0,04 

1,51±0,08 

1,70±0,12 

1,58±0,10 

1,67±0,11 

2,31±0,17 

2,31±0,17 

2,25±0,07 

2,42±0,14 

Abzil 

2,54±0,1

2,87±0,2

3,09±0,1

3,16±0,1

3,06±0,1

3,10±0,2

2,92±0,2

3,02±0,0

2,95±0,1

2,76±0,2

3,38±0,3

2,94±0,2

2,87±0,1

2,85±0,1

3,15±0,2

3,16±0,2

 

0  8  3  4  4  1  2  7  7  3  5  5  9  5  8  0 

Unid 

3,48±0,20 

3,73±0,08 

3,61±0,09 

3,86±0,25 

3,70±0,33 

3,56±0,20 

3,83±0,15 

3,94±0,13 

3,61±0,06 

3,68±0,17 

3,98±0,20 

3,95±0,17 

2,93±0,13 

3,05±0,28 

3,35±0,12 

3,16±0,09 

Tecn 

2,84±0,19 

2,96±0,28 

2,85±0,18 

3,33±0,14 

2,92±0,35 

3,17±0,16 

2,93±0,19 

3,19±0,25 

2,77±0,23 

2,90±0,18 

3,27±0,17 

3,33±0,15 

2,43±0,31 

2,74±0,13 

2,99±0,10 

2,78±0,10 

Ormco 

3,24±0,12 

3,14±0,12 

3,45±0,28 

3,49±0,26 

2,97±0,09 

2,94±0,27 

2,96±0,25 

3,24±0,14 

2,97±0,19 

3,03±0,19 

2,79±0,14 

3,73±0,34 

2,54±0,21 

2,38±0,08 

2,58±0,31 

2,65±0,21 

RMO 

1,40±0,11 

1,53±0,05 

1,71±0,12 

1,78±0,14 

1,45±0,03 

1,63±0,00 

1,93±0,11 

1,61±0,00 

1,82±0,02 

1,49±0,00 

1,80±0,16 

2,01±0,14 

2,53±0,16 

2,75±0,05 

2,84±0,25 

2,85±0,13 

Ortho Org 

3,27±0,25 

3,20±0,24 

3,24±0,18 

3,29±0,11 

3,16±0,24 

3,27±0,08 

2,99±0,03 

3,29±0,05 

3,28±0,12 

3,21±0,24 

3,56±0,27 

3,69±0,43 

2,04±0,12 

2,97±0,07 

2,52±0,07 

2,12±0,37 

Aditek 

2,59±0,17 

2,69±0,16 

2,54±0,19 

2,85±0,20 

2,65±0,19 

2,69±0,11 

2,72±0,19 

2,98±0,08 

2,57±0,14 

2,65±0,20 

3,06±0,16 

2,78±0,13 

2,25±0,17 

2,18±0,17 

2,31±0,25 

2,44±0,19