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Cidades | pág. 5 Cultura | pág. 11 RIO DE JANEIRO Ano 3 | edição 160 7 a 9 de março de 2016 distribuição gratuita “Brasil precisa abrir o olho sobre os agrotóxicos” A apresentadora de TV Bela Gil, filha de Gilberto Gil, fala sobre a batalha contra os agrotóxicos e a importância de uma alimentação saudável. Divulgação Divulgação Mídia Ninja Curta nossa página no Facebook Ao conduzir de forma coercitiva (obrigatória) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a depor, a Operação Lava Jato atropelou as regras democráticas. Essa é a avaliação do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Especial | pág. 8 e 9 Lava Jato atropelou regras da democracia, diz ministro do STF Profeta gentileza Poeta das ruas do Rio ainda é lembrado com carinho mesmo 20 anos depois de sua morte. A atriz Luciana Pedroso protagonizou um dos momentos mais simbólicos da luta feminista durante a marcha das Mulheres contra Cunha, em novembro do ano passado, na Cinelândia. Nesse 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, elas falam sobre o machismo cotidiano, os salários desiguais, e também sobre as conquistas, a queda na violência e o levante feminino da Primavera das Mulheres. Cidades | pág. 7 MULHERES ENTREVISTA EXCLUSIVA

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Cidades | pág. 5

Cultura | pág. 11

RIO DE JANEIRO

Ano 3 | edição 160

7 a 9 de março de 2016 distribuição gratuita

“Brasil precisa abrir o olho sobre os agrotóxicos” A apresentadora de TV Bela Gil, filha de Gilberto Gil, fala sobre a batalha contra os agrotóxicos e a importância de uma alimentação saudável.

Divulgação

Div

ulga

ção

Mídia Ninja

Curta nossa página no Facebook

Ao conduzir de forma coercitiva (obrigatória) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a depor, a Operação Lava Jato atropelou as regras democráticas. Essa é a avaliação do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Especial | pág. 8 e 9

Lava Jato atropelou regras da democracia, diz ministro do STF

Profeta gentileza

Poeta das ruas do Rio ainda é lembrado com carinho mesmo 20 anos depois de sua morte.

A atriz Luciana Pedroso protagonizou um dos momentos mais simbólicos da luta feminista durante a marcha das Mulheres contra Cunha, em novembro do ano passado, na Cinelândia. Nesse 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, elas falam sobre o machismo cotidiano, os salários desiguais, e também sobre as conquistas, a queda na violência e o levante feminino da Primavera das Mulheres.

Cidades | pág. 7

MULHERES

ENTREVISTA EXCLUSIVA

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EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Au-gusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:Fania Rodrigues

REPORTAGEM:André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana PItasse e Pedro Rafael Vilela

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

FOTÓGRAFO: Stefano Figalo

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 [email protected]

EDITORIAL

Segunda-feira, 7 de março, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F32Tempestades

com raios

PREVISÃO DO TEMPO

Font

e: G

oogl

e

8 de Março é considerado o Dia Internacional das

Mulheres. Para uma parcela da sociedade é uma data de comemorações e festejos, já para grande parte da classe trabalhadora é um dia de luta e de debates sobre a situação das mulheres no Brasil.

Sim, sentimos a desigualda-de entre homens e mulheres e ela se expressa na menor dis-ponibilidade de empregos para elas, na menor remuneração do trabalho, em níveis desade-quados de saúde e bem estar, no trabalho não remunerado e muitas vezes não reconhecido, na participação reduzida nas decisões, na violência sexista e na exploração sexual.

As diferenças entre homens e mulheres não são apenas de “papéis” a cumprir na socie-dade. Existe uma relação de dominação de um sexo pelo outro e essa dominação não é apenas ideológica ou cultural, ou seja, não pode ser abolida apenas com uma “mudan-ça de mentalidades”, embora isso seja fundamental.

DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHOA desigualdade possui uma base material, que é a divisão sexual do trabalho, e sobre isso vale a pena refletirmos. Histo-ricamente, foram determina-das práticas diferentes para ho-

37,3% dos lares brasileiros têm uma mulher como a principal responsável pelo sustento da casa e da família

balho baseia-se em dois prin-cípios: separação, pois existem “trabalhos masculinos” e “tra-balhos femininos”, e hierarqui-zação, já que um trabalho de homem “vale” mais do que o de mulher.

Por conta dessa divisão, quando as mulheres vão para o mercado de trabalho, seu sa-lário é considerado um “com-plemento” à renda obtida pelo homem, justificando que até hoje as trabalhadoras recebam menos por trabalhos iguais.

Desde o ano 2000, as mulhe-res são maioria na população brasileira e, segundo dados do IBGE de 2010, 37,3% dos lares brasileiros têm uma mulher

como a principal responsável “pelo sustento da casa e da fa-mília”, mesmo que este susten-to muitas vezes venha de tra-balhos informais.

PARTICIPEEssas e muitas outras situa-ções cada vez mais estão sen-do debatidas por coletivos de mulheres que, compreen-dendo seu papel, vão à luta. Vão a luta por melhores con-dições de vida e por mais par-ticipação política. Neste sen-tido, no próximo dia 8, as mu-lheres estarão debatendo e se mobilizando em todo o Bra-sil, inclusive no Rio de Janei-ro. Participe você também!

mens e mulheres com valores distintos. Assim, aos homens coube o espaço público e o trabalho produtivo, enquan-to elas foram atreladas à esfera

privada e ao trabalho reprodu-tivo. Essa divisão sexual do tra-

8 de Março, dia de luta das mulheres

32° 24° 31° 23° 29° 23°

seg ter qua

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Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 20162 | Editorial

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EM FOCO

Materializado em 1916, com a gravação de Pelo

Telefone, de autoria do músi-co e compositor carioca Ernes-to dos Santos, o Donga, o sam-ba está completando o seu cen-tenário neste ano. Para celebrar a data tão importante para o gênero musical, hoje reconhe-cido mundialmente como o mais característico do Brasil, a Rádio Nacional do Rio de Janei-ro estreou na última terça-feira (1º) a série Um Século de Sam-ba, com produção e apresenta-ção do radialista Adelzon Alves.

mandoumal

mandoubem

SAÚDE Pesquisadores de labo-ratórios públicos de três estados e de uma empresa privada anunciaram uma parceria para criar um kit rápido de diagnóstico de zika, dengue e chikun-gunya. A estimativa é que o produto esteja disponí-vel para uso da população em nove meses.

FRASE DA SEMANA

Betina Carcuchinski / PMPA

Divulgação

Rádio Nacional revive os 100 anos do samba

“Tem de ver qual foi o motivo, sei lá. Isso também é

um problema dele, pessoal”,Disse o governador Luiz Fernando Pezão sobre a acusação de que Pedro Paulo, candidato a Prefeitura do Rio, agrediu sua ex-esposa. Um inquérito contra Pedro Paulo foi aberto no STF.

Janine Moraes /Agência Câmara

Divulgação

Sem autorização do Insti-tuto Estadual do Ambiente (INEA), o prefeito de Maricá e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT/RJ) Wa-shington Quaquá abriu o Canal da Barra para esco-ar água após as fortes chu-vas da última semana.

O deputado federal Pau-lo Maluf (PP-SP) foi con-denado a três anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro em território fran-cês entre os anos de 1996 e 2005. De acordo com a sen-tença, a lavagem foi fruto de corrupção e desvio de di-nheiro público no Brasil.

Divulgação

Rio inicia vacinação de meninas contra HPV

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro começou na semana pas-sada a campanha de vaci-nação de meninas de 9 a 13 anos contra o vírus HPV, para prevenção do câncer de colo de útero. A campa-nha vai seguir a orientação do Ministério da Saúde, que adotou o esquema va-cinal de duas doses. A se-gunda dose deve ser toma-da seis meses após a pri-meira. Antes, eram aplica-das três doses.

“O nosso enfoque é o compo-sitor, os grandes compositores desde o nascedouro do samba na Praça Onze”, explica Adelzon. Com suas raízes no semba – um ritmo religioso an-golano trazido ao Bra-sil pelos escravos –, o samba também descende do lundu e floresceu no am-biente urba-no da zona portuária do Rio de Janeiro,

então centro político e eco-nômico do país.A seleção pode ser ouvida na

Nacional AM 1130 Khz em sete edições diárias – 1h00,

2h00, 7h30, 11h04, 14h04,

18h04 e

22h10. (ABr)

HPV é uma doença sexualmente transmissível

A vacina protege con-tra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. “Os 16 e 18 são res-ponsáveis por 70% dos ca-sos de câncer de colo do útero no Brasil. O 6 e o 11 não causam câncer, mas causam as verrugas geni-tais, que não são tão graves como o câncer do colo do útero, mas são uma doen-ça sexualmente transmis-sível, uma das mais co-muns na população mun-dial”, disse a pediatra.

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Geral l 3

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Unesco: quase 16 milhões de meninas nunca irão à escolaQuase 16 milhões de meni-

nas entre 6 e 11 anos nun-ca irão à escola, de acordo com levantamento da Organiza-ção das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultu-ra (Unesco). O número é duas vezes maior que o de meninos. Entre eles, no mundo, oito mi-lhões nunca frequentarão as salas de aula.

Os dados estão no Atlas de De-sigualdade de Gênero na Educa-ção, disponível na internet, divul-gado pela Unesco em razão do Dia Internacional da Mulher,

Divulgação

Divulgação

Isaac Billy / UN

Isaa

c Bi

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UN

ASSASSINATO A coordenadora do Conselho de Povos Indígenas de Honduras, Berta Cáceres, foi assassinada na madrugada da última quinta-feira (3) por pessoas ainda desconhecidas. Cáceres era líder da comunidade indígena Lenca, de movimentos camponeses e defensora dos direitos humanos.

A crise humanitária no Sudão do Sul tem dimen-são “catastrófica” e continua se agravando com os dois lados do conflito “arrastan-do os pés” na implementa-ção do acordo de paz. A afir-mação foi feita pelo chefe da missão da Organização das Nações Unidas (ONU), Her-vé Ladsous. Ele afirmou que “dezenas de milhares de pessoas morreram” e cer-ca de dois milhões tiveram de abandonar as suas casas por causa da guerra, agora no seu terceiro ano.

Um dirigente da ONU indicou que o número de mortos no conflito já che-gou aos 50 mil. Após con-quistar a independência em 2011, o Sudão do Sul mergulhou numa guerra civil em dezembro de 2013, gerando uma onda de mor-tes por retaliação que divi-diu ainda mais o país.

Aquecimento global pode provocar 500 mil mortes até 2050

SUDÃO DO SUL

ONU diz que crise é catastrófica

O aquecimento global pode provocar 500 mil mortes adicionais no mundo até 2050 devido às alterações na ali-mentação e no peso das po-pulações, impulsionadas pela queda da produção agrícola, diz estudo divulgado na revis-ta The Lancet. O trabalho é o

Alterações no clima podem reduzir quantidade de comida no mundo

Meninas são as primeiras a ter negado o direito à educação, diz Unesco

comemorado em 8 de março.De acordo com a Unesco, as

meninas são as primeiras a ter negado o direito à educação. A desigualdade segue principal-mente nos Estados Árabes, na África Subsaariana e na Ásia Meridional e Ocidental. Na África Subsaariana, 9,5 milhões de meninas nunca entrarão em uma sala de aula. No caso dos meninos, serão cinco milhões. O Brasil aparece no Atlas como um país sem dados estatísti-cos específicos sobre gênero na educação básica. (ABr)

primeiro a avaliar o impacto das alterações climáticas na dieta das populações.

O aquecimento global pro-voca principalmente fenô-menos climáticos extremos, como chuvas ou secas, com impacto devastador na pro-dução agrícola.

4 | Mundo

duzir em “cerca de um terço” a quantidade de comida dispo-nível em 2050, alertam os pes-quisadores. (Agência Lusa)

Se não forem tomadas me-didas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, as al-terações climáticas podem re-

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 20164 | Mundo

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Mariana Pitassedo Rio de Janeiro (RJ)

Agora com mais estudos a gente consegue ver os prejuízos [dos agrotóxicos]

Obviamente não tinha pensado que faria uma diferença tão grande, mas resolvi tentar

Famosa nas redes sociais pelos memes (piadas po-

pulares na rede), há uma sema-na Bela Gil arrebatou a internet pelo seu poder de mobilização. Em apenas meia hora, a apre-sentadora conseguiu mudar o resultado de uma consulta pú-blica feita pela Agência Na-cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o banimento de um dos agrotóxicos mais frequentes na mesa do brasi-leiro, o Carbofurano. Ela con-seguiu isso a partir de uma convocação em suas páginas do Facebook e Instagram.

Como de costume, Bela acompanha e vota nas consul-tas públicas sobre agrotóxicos promovidas pela agência. Mas naquele dia, foi alertada por uma amiga que a consulta se-ria encerrada em poucas ho-ras com um resultado negati-vo. Então, decidiu se manifes-tar publicamente e tentar mo-bilizar alguns seguidores.

QUESTÃO DE SAÚDE “Obviamente não tinha pen-sado que faria uma diferen-ça tão grande, mas resolvi ten-tar. É importante ter essa rea-valiação periódica sobre agro-tóxicos, pois agora com mais estudos a gente consegue ver o prejuízos e repensar. O Bra-sil precisa abrir o olho e mudar de lado para tomar conta da saúde da população”, afirma.

Bela Gil: “Reforma agrária é caminho para alimentação saudável”Apresentadora mobiliza fãs e consegue reverter consulta pública da Anvisa sobre banimento de agrotóxico

O resultado da consulta pú-blica está em fase de avalia-ção por um colegiado forma-do por cinco diretores da An-visa. Bela acredita que os 69% dos formulários preenchidos

a favor da exclusão do agro-tóxico terão influência dire-ta na decisão final dos espe-cialistas. “Essa transparência é muito importante para que

a sociedade seja incluída, sin-ta o poder que pode represen-tar, e para que eles entendam a mudança que a gente quer”.

MUDAR O MUNDO A apresentadora, que pensa na alimentação como uma for-ma de mudar o mundo, se de-fine como ativista da alimenta-ção saudável para a população. “Mas não só. Também para os animais, para a terra, para todo mundo. Eu penso em fazer mi-nha parte, quero mudança e se militância for lutar por mu-dança, me encaixo nessa defi-nição”, complementa.

Segundo Bela, os alimentos orgânicos são os mais benéfi-cos para todas as partes da ca-deia produtiva, desde o agri-cultor até chegar ao consumi-dor. No entanto, eles são tam-

bém os mais caros e mais di-fíceis de encontrar. Para que a alimentação saudável chegue de forma democrática à mesa dos brasileiros, a apresentado-ra acredita que há muitos ca-minhos a serem percorridos.

REFORMA AGRÁRIA “Começa pela reforma agrá-ria. O incentivo aos peque-nos produtores é muito im-portante para que funcio-

ne a produção local e o for-necimento para o país. Ou-tro ponto é a taxação dos pro-dutos altamente processa-dos, que têm um teor de açú-car e gordura muito acima da quantidade recomendada. Se uma fruta for mais barata do que os salgadinhos de soja, hoje subsidiados pelo Gover-no, ela pode ser mais consu-mida. Mas isso vai depender de propostas mais ousadas do Governo, por isso temos que abrir o olho da população para que essa pauta seja rei-vindicada”, argumenta.

Enquanto isso, Bela acompa-nha outras duas consultas pú-blicas da Anvisa, também pela proibição de mais dois agrotó-xicos. “Caso a gente esteja per-dendo a luta pretendo me ma-nifestar novamente”, garante.

Apresentadora consegue reverter consulta pública da Anvisa sobre banimento de agrotóxico através de mobilização nas redes sociais

Divulgação

Agência Brasil

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Cidades l 5

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Mariana Pitassedo Rio de Janeiro (RJ)

EBC Memória

O Dia Internacional de Luta contra as Barragens, pe-

los Rios, pela Água e pela Vida terá suas mobilizações ante-cipadas nesse ano. Como for-ma de dar visibilidade à luta das mulheres atingidas, os atos promovidos pelo Movi-mento dos Atingidos por Bar-ragens (MAB), em parceria com outros movimentos so-ciais, acontecerão nos próxi-mos dias 8 e 9, em 18 estados brasileiros.

As manifestações desse ano terão como principal pauta o crime ambiental de responsa-bilidade da mineradora Samar-co/Vale decorrente do rompi-mento da barragem do Fun-dão, em Mariana, Minas Ge-rais. O desastre cobriu o distri-to de Bento Rodrigues de lama, deixou 19 mortos e centenas de desabrigados em 2015.

DIREITOS DAS MULHERES“As mulheres foram as mais atingidas, muitas passaram a ser dependentes dos maridos, pois os cartões com verba de manutenção são destinados ao chefe da família, descon-siderando a mulher. Muitos outros direitos foram e conti-nuam a ser violados. Há mui-to o que ser feito na Bacia (do Rio Doce) em relação aos atin-gidos e em relação ao meio ambiente. Queremos denun-ciar a forma como os atingidos vêm sendo tratados. Eles não estão sendo protagonistas dos próprios direitos”, explica Letí-cia Oliveira, membro da coor-

MAB promove manifestações pelo Dia Nacional de Luta contra as Barragens Atos acontecem nos dias 8 e 9 para dar visibilidade à luta das mulheres atingidas

denação estadual do MAB em Minas Gerais.

Letícia faz referência ao acor-do firmado na última quarta-

feira (2), entre governos esta-duais de Minas Gerais e Espíri-

to Santo, governo federal e a Sa-marco para a reconstrução da Bacia do Rio Doce. Realizado em gabinetes e sem participa-ção das vítimas que foram atin-gidas, o acordo concede à mi-neradora todos os poderes para decidir sobre o futuro da região.

ACORDO EXCLUIU MAB“O MAB, enquanto principal movimento social de atingi-dos por barragens no Brasil, foi completamente ignora-do. Fomos informados desse acordo pela própria impren-sa, nacional e internacional, que nos ligou a partir da de-núncia realizada pela Agên-cia Pública”, destacou o mo-vimento em nota.

No entanto, o acordo não é definitivo. O Ministério Público

ATO CONTRA VALE NO LEBLON

O principal palco da jor-nada de mobilização será o Rio de Janeiro. No dia 8, haverá um ato público em frente ao novo prédio da Vale, no Leblon (Aveni-da Afranio de Melo Fran-co), às 10h30. Já na ma-nhã do dia 9, a mobiliza-ção acontecerá em frente à Eletrobras, no Centro, e terá como pauta o comba-te às privatizações das dis-tribuidoras de energia elé-trica anunciadas pela esta-tal no final do ano passado.

Ainda no dia 9, duran-te a tarde, a manifestação se reúne em frente ao prédio do Banco Nacional do De-senvolvimento (BNDES), também no centro. “Vamos chamar a atenção para a Política Nacional dos Atin-gidos por Barragens. Que-remos nossos direitos es-critos na lei. Não podemos esperar mais para que essa política exista. Também rei-vindicaremos o programa de desenvolvimento das comunidades onde são construídas as barragens e a criação de um fundo pró-prio dos atingidos por bar-ragens”, complementa Ale-xania Rossato, coordena-dora estadual do MAB no Rio de Janeiro.

Queremos nossos direitos escritos na lei. Não podemos esperar mais para que essa política existaAlexania Rossato, do MAB

As mulheres foram as mais atingidas, muitas passaram a ser dependentes dos maridosLetícia Oliveira, do MAB

Movimento dos Atingidos por Barragens faz atos no Rio de Janeiro nesta semana

Federal (MPF) já anunciou que pedirá à Justiça Federal que não homologue o documento e que entrará com ações ci-vis públicas contra a empresa. Enquanto isso, atingidas e atin-gidos sairão às ruas para de-nunciar e exigir direitos.

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 20166 | Cidades

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Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

Marcelo Aguilar

Antonio Cruz/Agência Brasil

Uma cantada hoje, um as-sédio amanhã, salários

desiguais e sobrecarga de tra-balho doméstico. Uma rotina de violência dentro e fora de casa faz parte da história das mulheres em todo o mun-do. Mas, dia a dia, esse cená-rio vem mudando. É cada vez maior o número de mulhe-res que se levantam contra as violências impostas pela so-ciedade machista.

LEVANTE FEMININOA Primavera das Mulheres,

como ficou conhecida a jor-nada de protesto em novem-bro do ano passado, foi mo-tivada por um projeto envia-do ao Congresso pelo depu-tado Eduardo Cunha (PMDB--RJ). Na prática, o projeto de lei 5069/2013 dificultaria o aces-so de mulheres estupradas ao atendimento médico nos hos-pitais públicos.

Os protestos levantaram as discussões sobre o aborto. Uma das mais ativas blogueiras da causa feminina, Eugênia Ro-drigues, afirma que houve um boom do feminismo de 2014 para cá, no Brasil e no mundo. “Através das redes sociais orga-

Mulheres enfrentam o machismo cotidiano No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Brasil de Fato faz um balanço sobre a situação atual da mulher

nizamos eventos, conhecemos militantes de outros estados e levamos nossos depoimentos para fora da nossa rede de ami-gos”, destaca a blogueira.

MULHERES NAS REDESO assédio contra uma garoti-nha de 13 anos, do programa Masterchef Junior (Band), tam-bém levantou uma enorme discussão nas redes sociais. O caso despertou nas mulheres a indignação e acendeu a revol-ta contra os assédios sofridos. A hashtag #primeiroassedio abriu portas para uma cam-panha contra o abuso sexual. Depois vieram outras iniciati-vas, como as hashtags #meu-corpominhasregras e #meua-migosecreto.

As redes sociais se tornaram verdadeiramente um cam-po de luta das mulheres violen-tadas. Se antes elas não denun-ciavam, por medo ou vergonha, na internet pelo menos aumen-tou o número de mulheres que relatam suas histórias e fazem denúncias públicas. “Redes en-tre mulheres é o que mais tem funcionado enquanto ferra-menta de denúncia e combate à violência sexual e agressões no ambiente doméstico”, ex-plica Natalia Kleinsorgen, co-laboradora da Casa da Mulher Trabalhadora (Camtra).

Em 2013, a estudante de psi-cologia Ellen Mariane Silva San-tos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sofreu uma tentativa de estu-

pro dentro da universidade. “Na época procurei a reitoria, mas nada foi feito. Disseram que era um caso isolado. Mas quando contei para uma colega ela dis-se tinha acontecido algo pare-cido com ela. Depois conversa-mos com outras meninas e vi-

mos que não era uma novida-de”, conta a universitária.

Foi aí que a estudante decidiu criar uma página no Facebook chamada Assédios Cotidia-nos, para mostrar o tamanho da violência sofrida pelas estudan-tes da Rural. “Atualmente temos mais de 100 relatos de estupros, tentativas de estupros e assédio sexual”, afirma Ellen Mariane.

VIOLÊNCIA A taxa de homicídios domés-ticos caiu 10%, entre 2006 e 2015, depois de entrar em vigor a Lei Maria da Penha, que prevê penas mais duras contra os agressores. Isso é o que mostra o estudo divulga-do, em fevereiro, pelo Insti-tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Entretanto, apenas cinco estados brasileiros tiveram redução real da violência. “O Mapa da Violência con-tra a Mulher mostra que en-tre 2006 e 2013 apenas os es-tados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Per-nambuco e Rondônia tive-ram queda no número desse tipo de violência”, explica Na-tália Kleinsorgen.

SALÁRIOS DESIGUAISHomens recebem salários 30% maiores que as mulhe-res no Brasil, segundo pesqui-sa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). As diferenças salariais variam muito entre os 18 países pes-quisados na América Latina. Entretanto, o Brasil apresenta um dos maiores níveis de dis-paridade salarial, quase o do-bro da média dos países lati-nos (17,2%).

Redes entre mulheres é o que mais tem funcionado enquanto ferramenta de denúncia e combate à violênciaNatalia Kleinsorgen, da Camtra

Marcha histórica das mulheres negras reuniu 4 mil em Brasília

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Cidades l 7

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da Redação

Só se conduz coercitivamen-te o cidadão que resiste e não comparece para deporMarco Aurélio Mello, ministro do STF

Ao conduzir de forma coercitiva (obrigatória) o

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a depor, a Operação Lava Jato atropelou as regras democráticas. Essa é a avalia-ção do ministro Marco Auré-lio Mello, do Supremo Tribu-nal Federal (STF). 

“Só se conduz coercitiva-mente, ou, como se dizia anti-gamente, debaixo de vara, o ci-dadão que resiste e não com-parece para depor. E o Lula não foi intimado”, afirmou Mello em entrevista à Folha de S. Pau-lo. “O atropelamento não con-duz a coisa alguma. Só gera in-certeza jurídica para todos os cidadãos. Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes. Nós, magistrados, não somos legisladores, não somos justiceiros”, completou.

Lava Jato atropelou regras da democracia, diz ministro do STFEx-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi conduzido coercitivamente a depor em nova fase de investigações da Operação Lava Jato

O ex-presidente Lula pres-tou depoimento à Polícia Fe-deral, no Aeroporto de Con-gonhas, em São Paulo, na úl-tima sexta-feira (4). A condu-ção coercitiva foi autorizada pelo juiz Sérgio Moro.

Durante as três horas de de-poimento, o ex-presidente foi questionado sobre a ligação com um sítio em Atibaia, inte-rior paulista, e com um apar-tamento tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, além de

bens que recebeu durante os dois mandatos na presidência do país, que devem ser man-tidos por ele como acervo his-tórico. Depois do depoimento, Lula fez um discurso na sede

do PT. “Não precisaria levar uma coerção à minha casa, dos meus filhos. Não precisava, era só ter me comunicado”, disse.

INCONSTITUCIONALPara o professor da UERJ Afrâ-nio Silva Jardim, especialista em Direito Processual, a con-

dução coercitiva foi um “cons-trangimento inconstitucional”. “Além de desnecessária, não tem amparo constitucional ou legal. Se o investigado ou indi-ciado tem o direito de ficar ca-lado, não tem por que levá-lo fisicamente forçado à presen-ça da autoridade policial”, ex-plicou o jurista.

Além da condução coerci-tiva, foram expedidos man-dados de busca em diversos endereços do ex-presiden-te, como parte da 24ª fase da Operação Lava Jato.

Segundo o procurador da Re-pública, Carlos Fernando Lima, há indícios de que Lula teria re-cebido pagamentos das em-preiteiras investigadas na ope-ração. De acordo com o procu-rador, teriam sido cerca de R$ 20 milhões em doações para o Ins-tituto Lula e cerca de R$ 10 mi-lhões em palestras para empre-

sas que também teriam finan-ciado benfeitorias do sítio em Atibaia e do tríplex no Guarujá.

POSIÇÃO DE DILMADilma convocou a impren-sa, manifestou “absoluto in-conformismo” com a condu-ção forçada do ex-presiden-te e classificou de “desneces-sária” a medida. Ela também se disse indignada com a no-tícia de um suposto acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), divulgado pela revista IstoÉ.

A presidenta considerou “la-mentável” a ocorrência do va-zamento ilegal de uma hipo-tética delação premiada, que, se foi feita, “teve como motivo único a tentativa de atingir sua pessoa e seu governo.” “Prova-velmente, pelo imoral e mes-quinho desejo de vingança e de retaliação de quem não po-

LULA EM 2018 Em discurso, Lula disse que não pretendia se candidatar nas próximas eleições presidenciais, mas diante da atual conjuntura, colocou-se à disposição da militância para 2018. “Eu estava quieto no meu canto. [Mas] cutucaram o vulcão com vara curta”.

Ricardo Stuckert

Lula faz discurso na sede do PT: “Não precisaria levar uma coerção à minha casa. Era só ter me comunicado”, disse.

Rovena Rosa / Agência Brasil

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 20168 | Especial

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Rodrigo Martins da Carta Capital

Agência Câmara

Temos uma tradição de golpes em nosso País, mas também de resistência

Lava Jato atropelou regras da democracia, diz ministro do STF

deria ser defendido pelos atos que praticou”, ressaltou.

MOVIMENTOS REPUDIARAMMovimentos populares e da juventude divulgaram no-tas sobre a 24a fase da Opera-ção Lava Jato. Para o Levante Popular da Juventude, a atua-ção seletiva do Judiciário tem contribuído para a desestabi-lização da democracia. “So-mos favoráveis à apuração de todas as suspeitas de corrup-ção, mas não podemos admi-tir que a justiça e as institui-ções policiais atuem politica-mente sob o pretexto de com-bater a corrupção”.

O Movimento dos Trabalha-dores Rurais Sem Terra (MST) repudia a tentativa de destitui-ção da presidenta Dilma Rou-sseff e da destruição da figura política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Ninguém mais do que a classe trabalha-dora sempre exigiu dos pode-res do Estado o combate à cor-rupção e à apropriação inde-vida dos bens públicos. É uma luta permanente e deve ser tra-tada, nos marcos da lei, com equidade e isenção contra TO-DOS os que cometeram tais crimes. Não é o que vemos nos dias de hoje. Os partidos e polí-ticos identificados com o atual governo são condenados antes mesmo do término das investi-gações e do julgamento”.

Em nota, a Frente Brasil Po-pular convocou lutas unitárias que vão acontecer em todo o Brasil nos dias 8 de março, Dia das Mulheres, e nos dias 18 e 31 de março, em defesa da demo-cracia, dos direitos trabalhistas e da soberania do nosso país. (Com informações da Agência Brasil e da Carta Capital)

MONOPÓLIO Centenas de manifestantes promoveram no domingo (6), em frente à sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, na zona sul do Rio, uma manifestação em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles criticaram a cobertura realizada pela emissora das investigações da Operação Lava Jato.

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Ex-presidente da OAB do Rio de Janeiro e deputado fe-deral pelo PT, Wadih Damous considera ilegal a 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagra-da na sexta-feira (4). Para o parlamentar, não há justifica-tiva jurídica para a condução coercitiva de Lula, porque o ex-presidente jamais se recu-sou a comparecer em juízo.

A 24ª fase da Lava Jato tem como alvo o ex-presidente Lula. Causou surpresa a ope-ração da Polícia Federal na manhã de sexta-feira?Wadih Damous: Nenhuma surpresa. Quero ser objeti-vo: há um golpe de Estado em curso. Não um golpe patro-cinado pelos militares, como ocorreu em 1964. É patrocina-do pelo sistema judicial brasi-leiro, através de um obscuro juiz do Paraná [Sérgio Moro], que está colocando as institui-ções democráticas de joelhos. Não é correto falar que a PF fez uma condução coercitiva do ex-presidente. Isso só se justifi-ca quando alguém é intimado a comparecer em juízo e se re-bela, não vai. Nesse caso, hou-ve um sequestro. Lula foi se-questrado pela PF, a mando da República do Paraná.

Então a condução coercitiva não se justifica porque Lula

“Lula foi sequestrado pela Polícia Federal”Ex-presidente da OAB do Rio, deputado petista vê na Lava Jato uma “ação orquestrada” para derrubar o governo e inviabilizar Lula em 2018

jamais se recusou a prestar depoimento. É isso?Exatamente, embora é preci-so enfatizar que todos esses de-poimentos nunca visaram es-clarecer as coisas a bem da Jus-tiça. O objetivo é constranger o ex-presidente Lula. Até o mo-mento, esse é o passo mais im-portante e ousado para o gol-pe. No próximo dia 13, teremos mais uma vez a Marcha da Fa-mília com Deus, a exemplo do ocorrido em 1964. Então, te-mos de evocar João Goulart, Getúlio Vargas, que estão redi-vivos na figura de Lula. Há um golpe em curso no País.

E mais: há uma estratégia por trás da República do Pa-raná, por trás das ações do juiz Sérgio Moro. Querem man-char a imagem do ex-presi-dente e inviabilizar sua candi-datura em 2018, que é o maior temor da oposição. Essa estra-tégia passa pela cassação do

mandato da presidente Dilma Rousseff e pela cassação do re-gistro do Partido dos Trabalha-dores. O juiz da Lava Jato criou uma estratégia processual.

O senhor acredita que have-rá reação nas ruas em defesa de Lula?Sem dúvida. Golpe se barra nas ruas. Eles estão nos testando: “vamos sequestrar o Lula e ver qual será a reação. Se não hou-ver, o próximo passo será a pri-

são”. Mas eles vão se surpreen-der. Mesmo as novas gerações sabem pelas gerações passadas que golpe se faz assim, como está ocorrendo no Brasil hoje. Temos uma tradição de golpes em nosso País, mas também de resistência. E ela se dará nas ruas, tenha certeza.

O episódio reacende o deba-te do impeachment no Con-gresso Nacional?Sim, a intenção é essa tam-bém. Essa é a hora do adeus às ilusões. Mesmo dentro do PT, muita gente estava iludi-da com a legalidade, com o Es-tado Democrático de Direito, agora vê o que isso represen-ta. Eu só espero que a conduta da Polícia Federal, do Ministé-rio Público e da República do Paraná seja investigada. Tem de haver um enfrentamento às ilegalidades praticadas pela Lava Jato.

Damous denuncia ilegalidade da condução coercitiva do ex-presidente

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Especial l 9

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Fotos registram transformações da paisagem urbana e do modo de vida de diversas comunidades

Divulgação

O quê: Roda de samba de raiz com Grupo Autonomia convida Renato Milagres e agita os amantes da música brasileira.Onde: Av. Almirante Aimara Xavier de Souza, lote 10/11 (atrás do Motel Palazzo) – Bangu.Quando: Sábado (12), 18h. Quanto: R$ 10 (mulheres grátis até 20h)

O quê: Exposição no Dia da Mulher reflete o que é se tornar mulher, partindo do pensamento da escritora Simone de Beauvoir. Onde: Galeria de Arte Solar – Rua Saint Roman, 146, Copacabana. Quando: Qua a sex, 16h às 19h. Sáb, 10h às 14h. Até 30/04.Quanto: 0800

O quê: Exposição apresenta fotos das cerimônias de Candomblé no Ilé Asé Atará Magbá Yá Omindarewá, em Santa Cruz da Serra (RJ).Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco, 241, Centro. Quando: De 16/03 a 24/04. Terça a domingo, de 12h às 19h.Quanto: 0800

O quê: Sessão de curtas-metragens na Cinemateca do MAM apresenta filmes como “Filho das Flores”, “Izune”, “A distração de Ivan”, entre outros.Onde: Museu de Arte Moderna (MAM) – Av. Infante Dom Henrique, 85, Flamengo. Quando: Sábado (12), 18h.Quanto: 0800

O quê: Maior mostra do cinema independente brasileiro discute a atual produção de filmes não-comerciais.Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro Março, 66, Centro. Quando: De 9 de março a 4 de abril, horários variados.Quanto: 0800

O quê: Roda traz o melhor do samba e pagode com Grupo Som Lazer, Juninho (ex-Disfarce) e MC Renan. Evento também conta com a participação de DJs agitando nos intervalos.Onde: Avenida Brasil, 971 (pista sentido Campo Grande).Quando: Sábado (12), 21h.Quanto: R$ 10

Roda de samba do Chamusca

Samba na minha casa

15ª Mostra do Filme Livre

O Vale dos Reis

CineMAM

Tornar-se

AGENDA DA SEMANA

Divulgação

Divulgação

EBC EBC

Arquivo

EBC

Retrato da favela de Ramos, na década de 1960, integra exposição

Os milhares de usuários de uma das mais movimen-tadas estações do metrô ca-rioca agora têm a oportuni-dade de conhecer um pou-co mais sobre a memória social da cidade.

A ONG Viva Rio, com o apoio do Instituto Invepar e da concessionária Me-trôRio, inaugurou na Esta-ção Pavuna, na zona norte, a exposição Favela tem Me-mória. A mostra é composta por 228 fotos, que registram as transformações da paisa-gem urbana e do modo de vida de mais de uma deze-na de comunidades do cen-tro e das zonas sul e norte da cidade.

HISTÓRIASão 87 imagens feitas pela equipe do projeto que deu origem à mostra. Ou-tras 141, de épocas passa-das, documentam diver-sos momentos dos morros da Providência, Santo An-tônio, Mineira e São Car-los, na região central do Rio; Salgueiro, Borel, Man-gueira, Chapadão, Pedrei-ra, Parque Acari e Colégio, na zona norte; e Pavão--Pavãozinho e Rocinha, na zona sul. Uma central multimídia permite aos vi-sitantes acessar uma linha do tempo, na qual o passa-

Favela tem memória

do e o presente das comuni-dades estão conectados.

MEMÓRIAS DA PERIFERIAO projeto Favela tem Memória começou em meados de 2005, como parte do Viva Favela, ini-ciativa do Viva Rio, com o ob-jetivo de refletir o universo das favelas e periferias.

“A proposta foi trabalhar nas comunidades próximas às estações do metrô e, des-de o ano passado, foram seis meses de ida a campo para fotografar os locais”, conta Lucas Almeida, um dos fotó-

grafos participantes da mos-tra, que tem a coordenação de Fabiano Monteiro.

A exposição ficará na Es-tação Pavuna até o dia 8 de março e pode ser vista de se-gunda a sexta-feira, das 9h às 18h. Em seguida, de 9 a 18 de março, será levada à Esta-ção General Osório, em Ipa-nema, na zona sul da cidade.

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 201610 | Cultura

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José Datrino tornou-se um velho conhecido dos cariocas como o Profeta Gentileza

Fotos Divulgação

André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

“Nós que passamos apres-sados pelas ruas da ci-

dade merecemos ler as le-tras e as palavras de Gentile-za”. Certamente você já ouviu essa música de Marisa Mon-te, que se chama “Gentileza”. Ela faz uma homenagem a um dos poetas mais conheci-dos da zona portuária do Rio de Janeiro, pois ali, próximo à Rodoviária Novo Rio, está grande parte de suas palavras de amor e solidariedade pin-tada nas paredes. Não é difí-cil encontrar também a fra-se “gentileza gera gentileza” estampada em camisas ven-didas no Saara ou em outros mercados populares.

Seu nome de batismo pou-co é conhecido, mas José Da-trino tornou-se um velho co-nhecido dos cariocas como o Profeta Gentileza. Percorria toda a cidade com um estan-darte com mensagens pin-tadas à mão. Natural de Ca-felândia, em São Paulo, des-de moleque chamava a aten-ção de seus colegas pois, aos 13 anos, já falava que “tinha uma missão na terra”. Nascido numa família de 11 irmãos, ele faleceu na cidade de Mi-randópolis, também no in-terior de São Paulo, em 1996, aos 79 anos.

O INÍCIOEm dezembro de 1960, o Gran Circus Norte-America-no de Niterói sofreu um grave incêndio, e mais de 500 pes-soas faleceram. Poucos dias depois, afirmando ter ouvido “vozes astrais” que falavam que ele deveria abandonar o mundo material, José Datri-no resolveu dedicar sua vida

Gentileza, o profeta da solidariedadeConheça a história do homem que pregava amor pelas ruas do Rio

ao mundo espiritual. Ele en-tão deixou a cidade do Rio e foi para o local do incêndio do circo, onde hoje funcio-na a Policlínica Militar de Ni-terói. Lá ele plantou um jar-dim sobre as cinzas e morou por alguns anos.

Tempos depois decidiu vi-ver como andarilho. Percorreu muitos bairros do Rio de Janei-ro e era visto também levando sua mensagem em trens, ôni-bus e na barca que faz o trajeto entre Rio e Niterói.

OBRAS QUE RESISTEMEntre o Cemitério do Caju e a Rodoviária Novo Rio são 56 murais gigantes pintados nos pilares do Gasômetro, próximo à Perimetral, via-duto que foi demolido den-tro do projeto “Porto Maravi-lha” da Prefeitura do Rio. De

acordo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Ja-neiro (Cdurp), todas as obras estão preservadas em seus locais originais e somente a Perimetral foi demolida, não afetando as partes onde es-tão as mensagens do Profeta Gentileza.

Os painéis, pintados na dé-cada de 1980, questionam a falta de solidariedade da so-

ciedade capitalista e pregam o amor como forma de ven-cer os problemas da huma-nidade. Na década de 1990 as obras chegaram a ser apa-gadas, fato que levou a can-tora Marisa Monte a escrever a música apresentada no iní-cio desta matéria. A canção segue completa em destaque nesta reportagem. Entre 1999 e 2000 as obras foram restau-radas e resistem até hoje.

GENTILEZAMarisa Monte

Apagaram tudoPintaram tudo de cinzaA palavra no muro ficou coberta de tinta

Apagaram tudoPintaram tudo de cinzaSó ficou no muro tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressadosPelas ruas da cidadeMerecemos ler as letras e as palavras de gentileza

Por isso eu pergunto a você no mundoSe é mais inteligente o livro ou a sabedoria

O mundo é uma escolaA vida é um circoAmor palavra que libertaJá dizia um profeta

Apagaram tudoPintaram tudo de cinzaSó ficou no muro tristeza e tinta frescaPor isso eu pergunto a você no mundoSe é mais inteligente o livro ou a sabedoria

O mundo é uma escolaA vida é um circoAmor palavra que libertaJá dizia o profeta

Gentileza pregava o amor como forma de vencer os problemas da humanidade

Entre 1999 e 2000 as obras foram restauradas e resistem até hoje

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Cultura l 11

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12 | Brasil

O temor dos movimentos sociais é justamente o uso da nova lei para prender e processar lideranças

Mesmo não sendo alvo ou base de operação para o

terrorismo, o Brasil agora dis-põe de uma lei que tipifica esse tipo de crime. Aprovado pelo Congresso Nacional, o projeto de lei nº 2.016/15 foi proposto pelo próprio gover-no federal e tramitou em re-gime de urgência na Câmara e no Senado, obtendo rápida aprovação, praticamente sem debate público.

A principal justificativa para a pressa na aprovação seria atender a convenções inter-nacionais do Grupo de Ação Financeira contra a Lava-gem de Dinheiro e o Financia-mento do Terrorismo (GAFI/FATF), sob pena de o Brasil so-frer sanções. No entanto, para centenas de movimentos so-ciais, esse argumento não pro-cede, já que esses tratados ja-mais existiram e a exigência do GAFI seria a adoção de meca-nismos para impedir o finan-ciamento do terrorismo, os quais o país já dispõe em sua legislação.

Em nota, a Frente Brasil Po-pular (FBP), que articula mais de 60 movimentos sociais, sin-dicatos e partidos políticos, de-nunciou que há “razão oculta” na aprovação dessa lei. “Trata-se do pedido para que os Es-tados controlem suas associa-ções civis. O atendimento à in-dicação levou ao avanço da criminalização de movimen-tos sociais legítimos. E é exata-mente isso que a lei antiterror brasileira fará. Se Dilma san-cionar o projeto, o Brasil será o

Pedro Rafael Vilelade Brasília (DF)

Lei Antiterrorismo será usada para punir manifestações, denunciam movimentosOrganizações da sociedade civil pedem que Dilma vete projeto aprovado no Congresso

único país do mundo que não teve um ataque de caráter in-ternacional a ter uma lei des-se tipo”.

O VERDADEIRO ALVOO temor dos movimentos so-ciais é justamente o uso da nova lei para enquadrar lide-ranças, além de prender e pro-cessar militantes que partici-parem de manifestações nas ruas. Em entrevista à Rede Bra-sil Atual, o coordenador da Central de Movimentos Popu-lares (CMP), Raimundo Bon-fim, destacou os principais ris-cos. “Essa lei é muito genérica

e deixa uma brecha enorme para criminalizar militantes de movimento social que fize-rem uma ocupação ou lidera-rem uma passeata na avenida Paulista, por exemplo”.

DEFINIÇÃO IMPRECISASegundo a definição do proje-to, o crime de terrorismo con-siste na prática de atos relacio-nados à xenofobia, discrimi-nação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade

de provocar terror social, ex-pondo a perigo pessoa, patri-mônio e a paz pública.

Passam a ser considerados atos de terrorismo, por exem-plo, depredação ou destrui-ção de meios de transportes públicos ou privados, interfe-rência em sistemas de infor-mática, além de crimes para os quais já existem previsão legal, como ameaça, porte de armas, sabotagens, atentado contra a vida e a integridade física das pessoas, entre ou-

tros. A pena varia de 12 a 30 anos de prisão. Um disposi-tivo do projeto ressalta que a lei não se aplicaria às ma-nifestações de movimentos sociais, sindicais, religiosos, etc., destinados a propósitos sociais ou reivindicatórios.

De acordo com o coorde-nador do programa de Justiça da Conectas, Rafael Custódio, o fato do crime de terrorismo ser definido de forma impre-

cisa na nova lei cria uma sub-jetividade na sua aplicação. O advogado cita, por exem-plo, que, pela nova lei, dano ao patrimônio público ou pri-vado, como a quebra da ja-nela de um ônibus durante um protesto contra o aumen-to da passagem, pode resultar numa pena desproporcional de 12 anos de prisão.

A pressão dos movimentos sociais vai ser para que Dilma vete na íntegra o projeto de lei aprovado. Como a possibili-dade disso acontecer é remo-ta, já que o projeto foi apresen-tado originalmente pelo Po-der Executivo, a expectativa é que a presidenta vete os as-pectos mais problemáticos da lei, como o chamado crime de “apologia ao terrorismo” e a definição de dano ao patrimô-nio como ato terrorista.

Encaminhado pelo governo, projeto de lei foi aprovado no Congresso praticamente sem debate público

Crime de terrorismo está definido de forma imprecisa na nova lei

Essa lei é muito genérica e deixa uma brecha enorme para criminalizar militantes de movimento socialRaimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares

Fotos: Pablo Vergara / Brasil de Fato

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016

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Variedades l 13

Beijinho de inhameDiv

ulga

ção

Ingredientes

• 400 g de inhame cru e ralado

• 1 colher de sopa rasa de manteiga

• 2 xícaras de chá de açúcar

• ½ copo de leite

• 1 caixa de leite condensado

Modo de preparo

Coloque numa panela a manteiga, o açúcar, o leite condensado, o leite e o inhame. Cozinhe até desprender do fundo da panela. Depois coloque num prato untado e deixe esfriar. Faça pequenas bolinhas e passe açúcar ou leite em pó. Coloque em forminhas.

Tempo de preparo45 minutos

Divulgação

Pessoas que gostam muito de guardar coisas velhas podem ser doentes? Estou preocupa-da com minha tia, porque ela começou a juntar até lixo dentro de casa...

Helena Bueno, 35 anos, bibliotecária.

Dúvidas? [email protected] Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf

Cara Helena, só o fato de a pessoa guardar

coisas antigas não signifi-ca que ela seja doente. Há pessoas mais apegadas, que gostam de juntar coi-sas de valor ou reaprovei-tar coisas velhas. Entretan-to, passa a ser patológico quando a pessoa começa a juntar lixo e não consegue se desfazer de nada, mes-mo que seja algo prejudi-cial à saúde. Esse problema é conhecido como Síndro-me de Diógenes ou Acu-mulação Compulsiva. Nes-ses casos a pessoa precisa de ajuda profissional e ten-

BOMBOU NA INTERNET AMIGA DA SAÚDE

o espaço da casa com lixo. Se esse for o caso da sua tia, procure encaminhá-la a uma avaliação médica.

de ao isolamento social. Às vezes até para de tomar ba-nho ou de se alimentar. Nes-sa fase, tende a ocupar todo

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Variedades l 13

Receita

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14 | Variedades

Áries (21/3 a 20/4)Você poderá receber algumas informações que o levarão a tomar múltiplas ações a nível profissional.

Touro (21/4 a 20/5)Alguns mexericos poderão atrasar a realização dos seus objetivos, assim como a recompensa de seus esforços.

Gêmeos (21/5 a 20/6)A sua boa relação afetiva poderá suscitar algum ciúme nas pessoas que vivem ao seu redor.

Câncer (21/6 a 22/7)A compensação dos seus esforços poderá não ser aquela que deseja e merece, mas haverá dias melhores.

Leão (23/7 a 22/8)Não conte com qualquer ajuda a nível profissional por parte de quem o rodeia, seja mais seletivo.

Virgem (23/8 a 22/9)Poderão ocorrer alterações na sua vida sentimental, fato que o levará a procurar novas amizades.

Libra (23/9 a 22/10)Neste período você poderá ter tendências para ser valorizado pelos seus parceiros profissionais.

Escorpião (23/10 a 21/11)A sua vasta experiência permite constituir uma maior segurança em torno de quem partilha o seu cotidiano.

Sagitário (22/11 a 21/12)Sem quaisquer preocupações financeiras, saberá aproveitar as coisas boas que a vida lhe oferece.

Capricórnio (22/12 a 20/1)Tanto poderá sentir necessidade da proximidade da família como, pelo contrário, afastar-se um pouco mais.

Aquário (21/1 a 19/2)A expectativa de uma maior progressão profissional e financeira poderá afastar a atenção do campo afetivo.

Peixes (20/2 a 20/3)As suas relações pessoais evoluem numa perfeita harmonia, trazendo alegria, bem-estar e tranquilidade.

HORÓSCOPO FASES DA LUANova 7/3

Cheia 23/3

Crescente 15/3

Minguante 31/3

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 201614 | Variedades

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José Cruz / Agência Brasil

Dilma criará tribunal único antidopingDecreto coloca Brasil em conformidade com a WADA e evita descredenciamento do país

O Comitê Olímpico Inter-nacional (COI) aprovou a re-tirada dos capacetes de pro-teção nas competições de boxe olímpicas já a partir de 2016, nos Jogos do Rio. A de-cisão atende a solicitação da Associação Internacional de Boxe (AIBA).

Após aprovação do COI, boxe olímpico não terá capacetesMedida, baseada em estudos da AIBA, valerá para os Jogos Olímpicos do Rio 2016

Segundo a AIBA, após tes-tes feitos em competições de boxe amador, a ausência dos capacetes de proteção reduz aproximadamente pela meta-de o número de lesões no crâ-nio durante as lutas.

Os médicos verificaram que, com a proteção, as con-

tusões e traumatismos ocor-riam em 0,31% das lutas. Este número caía para 0,18% sem os capacetes. No último mun-dial, em 2013, nenhum bo-xeador apresentou lesão.

Os capacetes eram utilizados desde os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. (BP)

Novas regras no Handebol

Mudança. Reformas. Transparência. Estas três palavras se tornaram man-tras para os “gerentes” do futebol em nível nacional e internacional.

Todos falam nisso. Fazem belos discursos moderni-zantes, falam em governan-ça, gestão, e todas as pala-vrinhas mágicas que nos fa-zem pensar que agora vai.

Esqueça tudo isso. É tudo balela!

A FIFA elegeu Gianni In-fantino, braço direito de Michel Platini. O único so-bre o qual ainda não recaía nenhuma denúncia.

Em seu primeiro dia na FIFA, marcou uma pelada com vários ex-jogadores. Quis nos mostrar que, di-ferentemente dos anterio-res, sua relação com a bola é mais íntima. Que não são só negócios, rola um lance de paixão também.

Por aqui, no nosso quin-tal, a CBF estabeleceu um Comitê de Reformas. A no-vidade recheada de gen-te velha, e não estamos fa-lando de idade, necessaria-mente. Estamos falando do que representam.

Gente como Carlos Al-berto Parreira está ligado à seleção e à CBF desde 1970, quando fomos campeões enquanto o pau cantava sobre quem ousava pensar no Brasil.

Hoje, a CBF das reformas cumpre ordens de um ca-pacho de Eurico Miranda. O tal de Rubens Lopes, que a cada entrevista que dá pa-rece se desligar da realida-de, cria um mundinho pró-prio e segue com ele como se fosse tudo verdade.

O que esses caras pen-sam que nós somos? Otá-rios? Burros?

O que esses caras pensam que nós somos? Otários? Burros?

A Federação Interna-cional de Handebol (IHF, sigla em inglês) aprovou cinco novas regras para o esporte, que valem já para os Jogos do Rio 2016.

Não há mais necessidade de goleiro-linha, as equi-pes podem manter sete jo-gadores na linha e substi-tuir um deles pelo goleiro a qualquer tempo. A regu-lamentação do jogo passi-vo, com indicação do árbi-tro que dará, no máximo, seis passes até a conclusão do lance. O cartão azul, que indica a possibilidade de suspensão do atleta expul-so para jogos posteriores.

Além destas, também a saída de quadra de jogado-res lesionados só terão auxí-lio dos oficiais de equipe se o árbitro autorizar, e as san-ções aplicadas no último minuto de jogo passarão a ser feitas somente nos últi-mos 30 segundos.

É hora de reforçar todo e qualquer movimento que ouse botar o dedo na cara deles e dizer que eles não prestam para dirigir o nos-so futebol. Seja no Brasil ou no planeta.

Seja a Primeira Liga, pe-los clubes, ou o Bom Sen-so FC, pelos jogadores, ou o Movimento por um Fute-bol Limpo, pelos torcedo-res. Não faltam iniciativas. Falta a nossa presença.

Não sejamos trouxas. Essa quadrilha (com tantos pre-sos, ou indiciados, não é ne-nhum exagero) não nos re-presenta e não deve perma-necer onde está.

Custe o que custar, um dia eles cairão.

Rafael Ribeiro/CBF

Fernando Frazão/Agência Brasil

O diretor de comunicação do Rio 2016, Mário An-

drada, afirmou à Agência Reu-ters, durante reunião no Co-mitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne (SUI), que a Presidenta Dilma Rousseff editará um decreto no próxi-mo dia 15 criando um tribunal único para julgamento dos ca-sos de doping.

A medida visa adequar o Brasil às exigências da Agên-cia Mundial Antidopagem (WADA, sigla em inglês), que

Fora todos!

recomenda um prazo máxi-mo para julgamento de ca-sos de doping de 21 dias. Atu-almente, através da justiça desportiva de cada modali-dade, o processo pode levar até 60 dias.

O não enquadramento às exigências descredenciaria o país para examinar os casos de doping. O Laboratório Brasilei-ro de Controle de Dopagem fi-ca na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi re-formado para os Jogos. (BP)

Presidenta Dilma deve assinar decreto no dia 15 de março

O Secretário Geral da CBF, Walter Feldman,

propõe reformas para inglês ver

Rio de Janeiro, 7 a 9 de março de 2016 Esportes l 15

TOQUES CURTOS | Bruno PorpettaBINÓCULO

Page 16: Brasil de Fato RJ - 160

O Fluminense enfrentou o América, no estádio de Los Larios, em Xerém, precisan-do apenas de um empate para garantir sua classifica-ção para a segunda fase do Campeonato Carioca.

Apesar do domínio inicial do Flu, o América segurou a onda e conseguiu equilibrar o jogo, criando chances principalmente com o des-taque rubro na competição, o argentino Matias Sosa, fa-zendo com que Diego Cava-lieri trabalhasse bastante na primeira etapa.

A grande chance do tri-color foi após cabeçada de Diego Souza no traves-são. No rebote, Diego Sou-za mergulhou de peixinho para fazer o gol, mas foi impedido pelo goleiro ru-bro Felipe Eduardo, que fez grande defesa.

Na segunda etapa, o jogo continuou equilibrado. Aos

Flu vence América e garante vagaTricolor vence por 1 a 0, com gol de Magno Alves, e vai à segunda fase do Carioca

Flu estreou nova camisa contra o América, com novo fornecedor

oito minutos, o volante PH, do América, bateu de fora da área e forçou uma gran-de defesa de Cavalieri, com a ponta dos dedos. A bola chegou a tocar no travessão antes de sair.

Como a disputa estava equilibrada, apenas uma jo-gada individual poderia fa-zer a diferença. E foi isso que Magno Alves fez, aos 19 mi-nutos. O veterano atacante recebeu pela esquerda, cor-tou para dentro e deu lindo

chute no canto para abrir o placar, sem chance para Feli-pe Eduardo. A bola ainda to-cou na trave antes de entrar.

O resultado eliminava o América da segunda fase e o time teve que buscar mais o ataque, dando espaços para o contra-ataque tricolor. O América não foi capaz de vencer a defesa do adversá-rio e, com os demais resul-tados da rodada, terá que disputar a Taça Rio. O Flu garantiu sua vaga.

Apenas quatro dias após convocar a seleção brasileira para a roda-da dupla das Eliminató-rias da Copa do Mundo na Rússia, em 2018, Dunga é obrigado a mudar a lista. O meia Kaká, do Orlando City (EUA), se machucou e Roberto Firmino, do Li-

Kaká se lesiona e Firmino é chamadoverpool (ING), foi chamado.

Segundo comunicado do Orlando City, Kaká sofreu um estiramento na coxa no sábado (5), durante um trei-namento. O anúncio foi fei-to neste domingo (6) pela ma-nhã, horas antes da estreia do clube na Major League Soccer (MLS), contra o Real Salt Lake.

A seleção brasileira enfren-tará o Uruguai no dia 25, em Recife, e o Paraguai no dia 29, em Assunção. A comissão téc-nica optou por cortar Kaká dos dois jogos, apesar de o comu-nicado do Orlando City afir-mar que o problema “parece algo do qual ele pode se recu-perar rapidamente”. (BP)

Firmino está em boa fase no Campeonato Inglês, pelo Liverpool

O Botafogo enfrentou o Boavista, em São Januário, em uma situação confor-tável. Ambas as equipes já entraram em campo classificadas para a segun-da fase. Ao alvinegro só restava disputar o título simbólico do Grupo B, o que aconteceria com um empate, ao menos.

O primeiro tempo foi de amplo domínio do Fo-gão, com destaque para a estreia do uruguaio Sal-gueiro como titular da equipe. Ele distribuiu bons passes, mas a defe-sa do Boavista não deu espaços para que o al-vinegro criasse chances mais claras de gol.

Rafael Ribeiro/CBF

Nelson Perez /Fluminense FC

Vitor Silva/SSPress Botafogo

Com gol no fim, Botafogo vence Boavista

Na segunda etapa, o pa-norama da partida se mantinha. Tanto que, logo aos oito minutos, Ribamar foi derrubado na área. Sal-gueiro desperdiçou o pênalti, com uma grande defesa de Vinícius.

A perda do pênalti te-ve impacto negativo sobre o Fogão, permitindo que o Boavista crescesse no jogo. No entanto, as modificações feitas por Ricardo Gomes reequilibraram o time, que voltou a dominar a partida.

Aos 44 minutos da etapa final, Fernandes aproveitou rebote do goleiro e abriu o placar, dando a vitória ao alvinegro de General Seve-riano. (BP)

Durante o jogo, torcida defendeu Jefferson na seleção e criticou Dunga

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Bruno Porpetta Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 07 a 09 de março de 2016