Caderno de resumos

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RESUMOS DO VIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU ISSN 2358-615X Outubro de 2014 Volume 8 número 8 IFILO - UFU

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Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da UFU

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RESUMOS DO VIII ENCONTRO NACIONAL

DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU

ISSN 2358-615X Outubro de 2014

Volume 8 – número 8 IFILO - UFU

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ISSN 2358-615X

Resumos do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da

UFU

Volume 8 – número 8

Outubro de 2014

IFILO – UFU

Organizadores:

Marcos César Seneda

Anselmo Tadeu Ferreira

Henrique Florentino Faria Custódio

Lucas Nogueira Borges

Lucas Alves Oliveira

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VIII ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFU

O VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia

(UFU) é um evento regular de pesquisa, que visa a fortalecer a inserção regional e nacional da

comunidade filosófica representada pelos grupos e núcleos de pesquisa agregados ao Instituto de

Filosofia (IFILO). O propósito do evento é a intensificação da integração dos estudantes – da

graduação e da pós-graduação – e dos docentes do ensino médio com a comunidade filosófica

nacional. Ao mesmo tempo, o evento pretende atuar decisivamente como fonte de incentivo para

que os estudantes apresentem seus primeiros trabalhos e adquiram, por esse meio, um pouco da

prática da produção de pesquisa especializada. Acentua nossa satisfação, ao organizá-lo anualmente,

o fato de o evento ter se ampliado e se tornado uma mostra significativa do diversificado e

consistente trabalho de pesquisa dos estudantes.

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ISSN 2358-615X

Comissão Científica:

Anselmo Tadeu Ferreira

Dennys Garcia Xavier

Dirceu Fernando Ferreira

Harley Juliano Mantovani

Márcio Danelon

Marcos César Seneda

Paulo Irineu Barreto Fernandes

Periodicidade: Anual

INSTITUTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DE UBERLÂNDIA (IFILO – UFU)

Campus Santa Mônica - Bloco 1U - Sala 125

Av. João Naves de Ávila, 2.121 - Bairro Santa Mônica

Uberlândia - MG - CEP 38408-100

Telefone: (55) 34 3239-4185

http://www.ifilo.ufu.br/

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SUMÁRIO

Ádamo Bouças da Veiga ...................................................................................................................... 7

Ana Marina Linhares Lucas ................................................................................................................. 8

Arthur Falco de Lima ........................................................................................................................... 9

Carolina Miziara Passaglia e Silva ..................................................................................................... 10

Claudio Henrique E de Oliveira ......................................................................................................... 11

Cristiano Rodrigues Peixoto .............................................................................................................. 12

Diego de Souza Avendaño ................................................................................................................. 13

Eduardo Leite Neto ............................................................................................................................ 14

Enoque M. Portes ............................................................................................................................... 15

Enzo Estevinho Guido ....................................................................................................................... 16

Fábio Júlio Fernandes ........................................................................................................................ 17

Fernanda de Assis Ferreira ................................................................................................................. 18

Fernanda Silva Confessor .................................................................................................................. 19

Francisca Maria Oliveira Linhares ..................................................................................................... 20

Gabriel Reis Pires Ribeiro.................................................................................................................. 21

Graziela Guimarães de Macedo ......................................................................................................... 22

Guilherme de Morais Damaceno ....................................................................................................... 23

Gustavo Paula dos Santos .................................................................................................................. 24

Hênia Laura de Freitas Duarte ........................................................................................................... 25

Isabela de Castro Mendonça .............................................................................................................. 26

Jean Claudio Sales Nominato ............................................................................................................ 27

João Batista Freire .............................................................................................................................. 28

José Pereira Prado Júnior ................................................................................................................... 29

Juan Guillermo Diaz Bernal ............................................................................................................... 30

Júlia Pereira da Silva .......................................................................................................................... 31

Kassius Otoni Vieira .......................................................................................................................... 32

Lucas Alves de Oliveira ..................................................................................................................... 33

Lucas Nogueira Borges ...................................................................................................................... 34

Luiz Fernando Bandeira de Melo ....................................................................................................... 35

Mak Alisson Borges de Moraes ......................................................................................................... 36

Manoel Cipriano Oliveira .................................................................................................................. 37

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Marcelo Lacerda Ferreira ................................................................................................................... 38

Marcelo Rosa Vieira ........................................................................................................................... 39

Mariane Rodrigues Ferreira ............................................................................................................... 40

Maryane Stella Pinto .......................................................................................................................... 41

Natália de Andrade Pereira ................................................................................................................ 42

Nélio Gonçalves ................................................................................................................................. 43

Núbio Raules de Oliveira ................................................................................................................... 44

Pablo Henrique Santos Figueiredo ..................................................................................................... 45

Rafael Gonçalves Queiroz ................................................................................................................. 46

Rebert Borges Santos ......................................................................................................................... 47

Ricardo Pereira Santos Lima.............................................................................................................. 48

Roseli Gonçalves da Silva .................................................................................................................. 49

Sidéia Glaucia Silva Machado Borges ............................................................................................... 50

Thayane Queiroz Ramos .................................................................................................................... 51

Verena Seelaender da Costa ............................................................................................................... 52

Victor Hugo de Oliveira Saldanha ..................................................................................................... 53

Vitor de Lima ..................................................................................................................................... 54

Wilson Rosa Júnior ............................................................................................................................ 55

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Entre-tempos: a crítica do tempo cronológico em Deleuze e Derrida

Ádamo Bouças da Veiga (PUC-RJ)

Apesar da grande proximidade que pode ser antevista entre Gilles Deleuze e Derrida, parece-

nos que poucas análises conjuntivas têm sido realizadas sobre o pensamento de ambos. Por ocasião

da morte de Deleuze, Derrida escreve, em um belo texto, que no âmbito das teses, sente pelo outro

uma proximidade quase total; entretanto, vê nele uma diferença no “gesto” e na “maneira” como

elas são abordadas. (DERRIDA, 1991). Por mais que haja uma convergência fundamental entre as

suas teses, ela vem acompanhada de uma diferença espectral. O presente trabalho se pretende a uma

análise experimental destas semelhanças e diferenças espectrais entre ambos os autores, no que

concerne ao tempo. Em ambos, observamos o esforço de liberar o tempo da narrativa crono-

teleológica e a submissão do futuro e do passado à presença do presente. Ambos procedem

demonstrando as relações paradoxais que fundam o sujeito, em busca de uma nova forma de

subjetividade capaz de viver em um tempo fora das “relações retificadas de um mundo construído

em termos de categorias de substâncias”. (PATTON, 2003). Para tal, é necessário um deslocamento

da concepção comum do tempo, marcado pela injunção da “presença do presente”, em direção a

uma nova temporalidade.

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Ser feminino

Ana Marina Linhares Lucas (UFU)

Prof. Dr. Jairo Dias Carvalho

Ao pensar um conceito, é preciso considerar a época na qual ele está sendo empregado e ao

que está dando significado. Na atualidade, falar de gênero e sexo, feminino e feminismo, diz de uma

realidade mais complexa que antes, quando esses pares conceituais foram criados. Jacques Derrida,

com a noção de Différance, consegue desmontar a estrutura binária do significante/significado e

com isso nos introduz a idéia de unidade dos signos. Simone de Beauvoir tem sua obra O segundo

sexo tomada pelo movimento feminista como uma espécie de bíblia de tal grupo social. Após 1969,

com a luta pela emancipação das mulheres e a revolução sexual, a noção de identidade feminina

sofre mudanças, a essência de ser mulher, devido a construções históricas, sofreu uma

transformação e o que é natural já não diz respeito exclusivamente ao conceito biológico. Podemos

dizer, hoje, que há uma necessidade performática de se ser mulher, porém, mais que isso, veio

também com o movimento gay a pulsão do ser feminino e o que significa o ser. Pretendo então

despertar a indagação sobre como seu comportamento cria seu gênero e como o ser feminino de

hoje equipara-se ao ser feminista de outrora.

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O conceito de espaço em Kant

Arthur Falco de Lima (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda

O objeto de investigação desta comunicação é o conceito de espaço na obra de Kant. Os

comentadores de Kant distinguem, grosso modo, sua produção filosófica em dois períodos, a saber,

o período crítico e o período pré-crítico. A maioria dos estudos a que temos acesso se concentra em

investigar as ideias de um Kant já maduro, isto é, ideias presentes em seus textos produzidos no

período crítico. No entanto, sabemos hoje que é fundamental o estudo de alguns dos textos

elaborados no período pré-crítico para uma compreensão mais completa de suas obras mais

importantes, as do período crítico. Ora, a mais bem acabada concepção kantiana do espaço se

encontra formulada em sua obra inaugural do período crítico, a Crítica da Razão Pura, publicada

pela primeira vez em 1781, e posteriormente revista e, em partes, alterada pelo próprio Kant em

1787. Tendo isto em vista, a proposta desta comunicação é de entender os principais aspectos da

concepção de espaço presente na Crítica da Razão Pura à luz da Dissertação de 1770, que é o

último escrito de Kant do período pré-crítico.

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A existência de Deus em Descartes

Carolina Miziara Passaglia e Silva (UFU)

Orientador: Prof. Dr. José Benedito de Almeida Júnior

Este trabalho terá como objetivo a exposição das três provas que Descartes apresenta nas

Meditações Metafísicas e no Discurso do Método. A investigação de Descartes é feita através de seu

método, que tem a dúvida hiperbólica como principal elemento e através da qual é introduzida a

hipótese do Deus enganador. Propondo tal hipótese, Descartes percebe um novo problema a ser

analisado: a existência de Deus. Assim, Descartes lança mão de três provas, podemos caracterizar as

duas primeiras como: posteriori, pois partem do efeito em direção à causa e uma ontológica. Na

primeira prova, Descartes propõe que entre as ideias inatas somente a ideia de Deus não pode ter

origem no próprio homem devido a sua realidade objetiva. A segunda prova é um complemento à

primeira, demonstrada pelo argumento da causalidade ela prova a existência de Deus através da

origem da existência do ser pensante. Com a terceira prova, Deus assume o papel de sujeito: a

existência faz parte da essência de Deus e por isso não pode ser pensada separada Dele. Ao concluir

as provas da existência de Deus, Descartes afirma a verdade perante as coisas que se apresentam de

forma clara e distinta e desta forma respalda sua filosofia.

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Questões da classificação nosológica para pensar o corpo

Claudio Henrique E de Oliveira (UFU)

Orientação: Drª Georgia Amitrano

A partir dos tradicionais métodos nosológicos, Canguillhem reflete sobre os indicativos que

classificam o homem em saudável ou doente. Nesse contexto, a carga histórico-científica espelha a

concepção social e política da época. A saúde e a doença são historicamente classificadas, ora como

afecções antagônicas, ora como dinâmicas correlacionais no corpo. Assim, as heranças históricas

que atingem o tempo contemporâneo (Parcelso, Hipócrates, Comte) expressam o domínio binário

do bem e do mal. Segundo Canguilhem, a determinação das constantes fisiológicas elaboradas por

médias experimentais, obtidas apenas no âmbito do laboratório, corre o risco de apresentar um

homem normal aquém de suas reais potências, visto que a normatividade fisiológica aferida é regida

pela determinação quantitativa em substituição do qualitativo. O pensamento de George

Canguillhem, para a história da filosofia, encontra-se de forma residual nos pensamentos de

Deleuze, quando na obra Mil Platô reflete sobre os conceitos "anormal" e "anômalo". Para os

artistas do corpo, suas ideias podem ser apresentadas como um ponto de bifurcação para o oficio

corporal, e para a medicina, um projeto de revisitação metodológica frente à tendência de

objetivação clínica.

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O ceticismo de Hume quanto à existência da alma

Cristiano Rodrigues Peixoto (UFU / CAPES)

Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda

Partindo do texto da Seção 5, da Parte 4, do Livro 1 do Tratado da natureza humana,

intitulado Da imaterialidade da alma, o objetivo deste trabalho é mostrar os argumentos

empregados por Hume para defender que, de acordo com os fundamentos de sua filosofia empírica,

é impossível demonstrar que possuímos uma alma. Hume defende que não há uma impressão de

alma à qual a ideia de alma que possuímos na mente possa se remeter e que, portanto, a ideia que

temos de alma é uma falsa ideia, vazia de conteúdo. Além disso, Hume defende que, mesmo se

admitirmos que possuímos uma alma, como faziam, por exemplo, os escolásticos, o conceito de

alma por eles construído traz em si contradições tais, que fica difícil definir com clareza, por

exemplo, se ela é uma substância material ou imaterial. Assim, seja pela impossibilidade de

remissão a uma impressão, seja pela imprecisão de seu conceito, Hume conclui que a alma não

existe, ou, pelo menos, que não podemos ter dela uma ideia precisa.

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Atribuição e Impossibilidade no Pensamento Intermediário de Wittgenstein

Diego de Souza Avendaño (UFG)

A grande dificuldade da semântica, na proposta do Tractatus, era a de lidar com o conteúdo

semântico das proposições necessárias. Uma proposição que descrevesse uma situação impossível

teria que ter um conteúdo semântico tal que pudesse ser, ao mesmo tempo, desqualificado em

termos de sua própria significatividade. Nesse contexto, encontramo-nos na situação de ter que

negar a significatividade de um significado afirmando a ausência de conteúdo em um conteúdo

semântico. Contudo, após o retorno de Wittgenstein à filosofia em 1929, verificamos uma mudança

que alterou completamente seu método filosófico e propôs uma nova solução para o tratamento das

proposições necessárias. O nosso trabalho tem seu alcance definido pelo exame e esclarecimento

dessa nova solução: o conceito de “regra”, ou, mais especificamente, “regras de sentido”, tal qual

se desenvolve no Big Typscript. No caso específico, as rupturas comunicacionais envolvendo as

regras poderiam ser superadas estendendo um projeto de “semântica atributiva” à totalidade da

linguagem.

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Vico e a interpretação do movimento histórico

Eduardo Leite Neto (UFU)

Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido

Esta comunicação tem como objetivo a abordagem da concepção cíclica da história na obra

de Giambattista Vico, quando trata de modo gradual o movimento da história que abarca todos os

âmbitos da vida humana. A história possui um papel de suma importância na „‟humanização‟‟ do

homem. A visão cíclica da história identifica três idades que dão desenvolvimento para as práticas

humanas, esses momentos são comuns a todas as nações do passado e do presente. Essa

uniformidade permite ao filósofo discorrer sobre os corsi e os ricorsi percorridos pelas nações, de

modo que há uma constante recorrência de fatos nas questões vividas pelos homens ao longo das

gerações. Cabe ressaltar que não apenas Vico trabalhou essa questão, mas também outros

pensadores, como o historiador grego Políbio, que no período imperial de Roma trabalhou a questão

da volta da monarquia romana ao poder seguindo uma linha de raciocínio natural da passagem do

império tirânico para a monarquia. Este raciocínio assemelhasse com um ciclo, que muito tempo

depois foi retomado e reelaborado por Vico na perspectiva do estudo científico da história.

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Pierre Menard e a alteridade absoluta

Enoque M. Portes (UFU)

Esse trabalho terá como objeto principal de interpretação o conto de Jorge Luis Borges “O

Quixote de Pierre Menard”. O conto de Borges deixa entrever uma discussão acerca do que se

poderia denominar a busca pela alteridade absoluta. Isto é, o anseio por experimentar do outro a

totalidade de sua diferença. Nesse sentido, o trabalho proposto quererá apontar como a personagem

criada por Borges procura um encontro absoluto com o outro, tentando superar os limites da

linguagem e do tempo. Todavia, será apresentado como tal intento parece absurdo. O texto deverá

então abordar as questões da inacessibilidade inerente à relação entre os homens, bem como o

desejo pela superação de si e o encontro fatual com o mundo.

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O narrador de Walter Benjamin

Enzo Estevinho Guido (UFU)

Orientador: Humberto Aparecido de Oliveira Guido

No ano de 1936, Walter Benjamin escreveu o texto intitulado “O Narrador, Considerações

sobre a obra de Nikolai Leskov”. Neste artigo, o filósofo discorre sobre as características

pertencentes a um narrador virtuoso, e ao mesmo tempo, explica porque a verdadeira narrativa está

cada vez mais escassa na sociedade. Walter Benjamin defende a existência de uma dualidade no

mundo narrativo, o contador de histórias pode assumir a postura de um marinheiro, que conhece as

maravilhas do mundo, ou pode se assemelhar ao camponês que conhece os costumes e fábulas de

sua terra natal. Segundo o filósofo, estas duas características se fundem no sistema de produção

feudal, pois nele, o trabalhador, para se adequar ao seu ofício, deve viajar por terras estrangeiras

para descobrir novas técnicas, e depois se fixar em uma pátria.

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Notas sobre a noção de verdade em Descartes

Fábio Júlio Fernandes (UFU)

Orientador: Alexandre Tadeu de Soares

O método cartesiano, que põe em xeque não apenas as crenças do senso comum, mas até

mesmo os fundamentos mais sólidos da ciência e da metafísica, parece fortemente exprimir do

filósofo uma postura cética. Entretanto, certo é que papéis avulsos remetidos a um amigo talvez

elucidem alguma coisa: em uma carta a Mersenne, Descartes declara nunca ter duvidado da

verdade. O que o faz, então, a despeito da ruína de todos os conceitos de verdade investigados

radicalmente pelo filósofo, ainda assim decidir filosofar buscando o alcance de ao menos um

mínimo conhecimento certo e indubitável? Se Descartes, no decurso de seu exigente exercício

filosófico de meditar, põe-se de forma tão radical diante de todo conhecimento filosófico da

tradição, reconhecendo a necessidade e urgência de duvidar de todas as coisas na busca pela

verdade, por que ele nunca põe a verdade em dúvida? Como compreender esta postura paradoxal do

filósofo: a de nunca duvidar da verdade? O objetivo de nosso trabalho é mostrar como a verdade

emerge como problema filosófico na filosofia cartesiana, explicitando os expedientes e o

enfrentamento desse problema por Descartes.

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As lições sobre o fascismo: de Togliatti a Gramsci

Fernanda de Assis Ferreira (UFU/IFILO)

Orientadora: Ana Maria Said

De janeiro a abril do ano de 1935, Palmiro Togliatti (1893-1964) ministrou um curso aos

trabalhadores de Moscou composto por quinze lições explicando a natureza e a maneira de

combater o fascismo. Transcritas por um dos alunos, estas aulas foram posteriormente publicadas

como Lições sobre o fascismo. Assim como seu companheiro de partido, Antonio Gramsci (1891-

1937), também co-fundador do PCI, Togliatti foi revolucionário, eles interpretaram os fatos

contemporâneos em sua singularidade. Os dirigentes do PCI perceberam que o fascismo era uma

nova estratégia da classe dominante e conseguiram traduzir Marx para a compreensão deste fato –

não como um profeta que pudera prever os desdobramentos do início do século XX. Portanto, nesta

pesquisa pretende-se investigar como Antonio Gramsci e Palmiro Togliatti desvelam esta novidade

política, destarte, objetiva-se inferir os pontos comuns na análise e definição do fascismo e as

possíveis divergências entre suas percepções. Deste modo, propomos verificar as categorias de

partido político, revolução passiva e bonapartismo nos Cadernos do cárcere de Gramsci, e ainda,

como as concebe Togliatti em suas Lições sobre o fascismo.

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Max Horkheimer e o conceito de “Racket”

Fernanda Silva Confessor (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Rafael Cordeiro Silva

O presente trabalho pretende discutir através do pensamento de Max Horkheimer as

transformações ocorridas nas relações de classe no capitalismo tardio. O filósofo emprega o

conceito de “Racket” para elucidar e nomear os novos tipos de relações sociais, políticas e

econômicas que surgiram nesta nova etapa do capitalismo. Para circunscrever este tema, tomarei

como fio condutor os fragmentos denominados: “Os Rackets e o espírito”, e a “Sociologia das

relações de classe”. Horkheimer denota que os “Rackets” seriam grupos organizados que competem

por poder e que algumas vezes se posicionam contra o Estado e em outras se aliam ao Estado para

evocar mais poder e assim continuar a lógica de dominação. O “Racket” no aparelho social se

desenvolveu juntamente com o percurso histórico. O autor concebe a história da humanidade

ocasionada sempre pela dominação, ou seja, os “Rackets” sobrevivem porque sempre vigorou a

lógica de dominação que resulta na brutalidade dos mais fortes contra os mais fracos. Somente a

capacidade crítica poderia resultar em um mecanismo de resistência contra os “Rackets”.

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La recherche de la vérité, dialogo de René Descartes

Francisca Maria Oliveira Linhares (UFU)

Orientador: Alexandre Guimarães Tadeu de Soares

A BUSCA DA VERDADE, o termo recherche é uma “busca” com a noção de “pesquisa”. É

traduzido também e mais usualmente como “pesquisa”, mas se pensarmos nesse termo somente

como pesquisa perdemos a noção desiderativa de la recherche. Pesquisar é um exercício presente na

filosofia, que é uma busca à sabedoria. Para Descartes esse buscar, o trajeto, está ligado ao

alongamento do caminho da “busca da pesquisa”. O método deve ir muito mais adiante por si

mesmo, é o modo de potencializarmos o próprio espirito, mesmo que nossas faculdades não sejam

tão potentes, ele regula a nossa vontade. A natureza é que preside a busca do conhecimento,

portanto, todo conhecimento que seja baseado na superficialidade é suspeito. Está presente em

Descarte a oposição entre natureza e cultura. A cultura com seus artifícios e suas sutilezas podem

enfraquecer a espontaneidade do próprio espirito, o método quer resgatar essa espontaneidade.

Durante o desenvolvimento do diálogo entre os personagens Eudoxo, Epistemão e Poliandro, vemos

esse conduzir do Eudoxo, que entendemos como uma espécie de heterônimo do próprio Descartes,

os seus interlocutores.

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Um estudo sobre a tese ontológica da existência de Deus e sobre a crítica à

teologia racional conforme formuladas por Kant

Gabriel Reis Pires Ribeiro (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Marcos César Seneda

Essa comunicação pretende examinar a prova ontológica da existência de Deus, conforme

exposta por Immanuel Kant. Assim, procuraremos demonstrar a impossibilidade de um conceito

transcendental, fazendo uma crítica à teologia racional. Para tal desiderato, partir-se-á da tese da

prova ontológica, em que o entendimento, a priori, só consegue antecipar a forma de uma

experiência possível, sendo necessária para produzir o conceito a possibilidade de determinado

objeto na experiência, posto que o conceito tenha de concordar com as condições de um objeto

possível empiricamente. Cabe ressaltar ainda que tal objeto proveniente da sensibilidade é aquele

cuja possibilidade empírica é possível, diferentemente da coisa em si ou dos noúmenos, sendo

denominado por Kant de fenômeno, na medida em que expressa a determinação de um objeto

empírico. Assim, tendo como pressuposto o papel necessário da sensibilidade para a formação de

um conceito, será demonstrada a impossibilidade da existência de um conceito transcendental,

tendo como foco a teologia racional, pois, conforme dito, a priori o entendimento nada mais faz do

que antecipar a forma de uma experiência possível. Após tal tarefa, será proposta uma crítica à

teologia racional em conformidade com a ótica kantiana.

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Um esquema labiríntico da linguagem entre Husserl e Derrida

Graziela Guimarães de Macedo (UFMG/FAFICH)

Orientadora: Profª Drª Alice Mara Serra

O objetivo deste texto consiste em apresentar, em linhas gerais, os desdobramentos

aporéticos da análise desconstrutiva proposta por Jacques Derrida em A voz e o fenômeno acerca da

teoria da significação e da ideia de presença na fenomenologia de Husserl. De acordo com o autor

franco-argelino, a estrutura essencialmente binária do signo (Zeichen), descrita no primeiro capítulo

das Investigações Lógicas, representa uma decisão inicial de caráter dogmático que conduz o

projeto fenomenológico a um itinerário de extensas bifurcações previstas pelo esquema metafísico

da experiência baseado na ideia de presença. Derrida procura evidenciar como essa dualidade

originária na definição husserliana da linguagem já implica um emaranhamento inextrincável entre

índice (Anzeichen) e expressão (Ausdruck), de modo a impossibilitar o rastreamento e o acesso

definitivos à origem e ao telos em uma tal estrutura. Nesse sentido, tentaremos mostrar como a

abordagem quase-transcendental do signo proposta por Derrida aponta para uma compreensão da

linguagem a partir de sua forma propriamente labiríntica e suplementar de remissões, apagamentos

e superposições.

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A ficção científica como possibilidade do real

Guilherme de Morais Damaceno (UFU/PROGRAD)

Orientador: Prof. Dr. Jairo Dias Carvalho

O objetivo inicial do trabalho parte da elucidação do conceito de ficção científica. É sabido

que os livros de ficção científica em sua forma mais primitiva abordavam temas como viagens

interplanetárias e estavam inteiramente ligados ao gênero da fantasia/aventura, porém hoje não se

limitam somente a essas descrições. A ficção cientifica despontou rapidamente das convenções

populares e do exotismo para se firmar como um forte gênero literário, auto designando-se sua

própria personalidade e linguagem. Após uma breve exposição da evolução do gênero, pretende-se

explorar os efeitos que a ficção científica implica ao que concebemos como o real, uma vez que

muitas das obras do início do século XIX vieram a funcionar como fator “antecipador” a

acontecimentos ocorridos em anos posteriores. Aborda-se na sequência, a importância da leitura do

gênero, e como ela acaba se relacionando e estimulando o progresso científico. Todavia, encerra-se

a reflexão, com o questionamento: é possível pensar em um modo de abordar essa antecipação do

real através da ficção cientifica pelo viés filosófico?

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Emoções e Sentimentos na perspectiva de Antônio Damásio

Gustavo Paula dos Santos (UFU)

Orientador: Leonardo Ferreira Almada

Em seu livro E o Cérebro criou o Homem, Antônio Damásio desenvolve a sua perspectiva

em relação às emoções e sentimentos do indivíduo, tendo em vista seu próprio comportamento.

Desta forma, compreende a importância de valorizar as emoções e sentimentos do indivíduo em

uma perspectiva materialista, pois tais percepções se encontram no cérebro. Assim, ressalta a mente

consciente e o seu valor biológico, não negligenciando as emoções. Portanto, ele define emoção e

sentimento na própria construção do self. Alguns problemas surgem neste contexto, pois, embora

essas coisas façam parte de um todo coeso, trata-se, no entanto, de processos distinguíveis. Conclui-

se que o objetivo é saber que há um contraste entre a essência própria da emoção e a essência

própria dos sentimentos.

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Descartes: um pequeno estudo sobre a primeira parte das Paixões da Alma

Hênia Laura de Freitas Duarte (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Guimarães Tadeu de Soares

A presente comunicação é um estudo sobre a anatomia presente no Tratado das Paixões.

Nosso objetivo geral visa compreender como a alma é o agente em suas vontades. Para alcançarmos

esse objetivo, estudamos As Paixões da Alma, sobretudo a primeira parte, pois, é nela que Descartes

tratará sobre o assunto que compõe nosso estudo. Estudamos também duas correspondências que o

filósofo enviou a Elisabeth, princesa da Bohemia. Essas cartas datam de maio de 1646. Nelas,

Descartes elucida sobre a obra e sobre o título As paixões da alma, ou Tratado das paixões. Posto

isso, na primeira parte responderemos a duas perguntas importantes para o nosso estudo. A primeira

é o que é o conceito de “paixão”? E a segunda, por que é necessário distinguir entre as funções da

alma e do corpo para se conhecer as “paixões da alma”? Em última instância, como a anatomia

ocupa um lugar importante nessa obra?

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Da religião em Cícero: análise das obras De natura deorum – Livro II e De

divinatione – Livro II

Isabela de Castro Mendonça (PPG-Filosofia/UFU)

Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira (IFILO/UFU)

Esta comunicação tem como objetivo tentar identificar a concepção de Marco Túlio Cícero

acerca da religião. Para isso, serão utilizadas as obras De natura deorum, onde se discute se os

deuses existem ou não, e, se existem, se interferem ou não na vida humana, e, se interferem, de que

maneira interferem, e De divinatione, onde se discute sobre as mais diversas práticas de

adivinhação. Primeiramente, será feita uma análise etimológica da palavra “religião”, análise feita

também por Cícero, que difere da de Agostinho, e que já diz muito a respeito da concepção do

pensador sobre este tema. Em seguida, serão analisados o Livro II da obra De natura deorum, onde

Balbo, interlocutor representante do estoicismo, expõe as discussões desta escola sobre a natureza

dos deuses, com as quais Cícero declara estar de acordo, e o Livro II da obra De divinatione, onde o

próprio Cícero expõe a sua análise sobre as práticas da adivinhação. A análise conjunta destas obras

é de suma importância, pois, apesar de Cícero concordar com a concepção estoica exposta em De

natura deorum, a sua própria exposição em De divinatione nos mostra que ele não está de acordo

com todos os argumentos.

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A hospitalidade e a ética da alteridade em Jacques Derrida

Jean Claudio Sales Nominato (UERJ)

Orientadora: Dirce Eleonora Nigro Solis

A desconstrução surge como um pensamento da impossível-necessária singularidade e, por

ela, a ética é hospitalidade e a hospitalidade é ética. Pelo fato de não ter estatuto legal é que a

hospitalidade incondicional deve acontecer modificando as condições da sua hospitalidade. A lei da

hospitalidade incondicional expressa um convite ao acolhimento incondicional do outro que chega e

nos convida a refletir e questionar as leis da hospitalidade condicional. O valor da ética

desconstrutiva, na hospitalidade, será possível como im-possível. Hospitalidade é recepção com

dignidade, com acolhimento e, sobretudo, com respeito ao outro. A hospitalidade como ética é um

acolhimento da alteridade “por vir”, porque não está feito, nem está terminado. A competência ética

fundamental consiste na abertura ao “outro estrangeiro” e aos outros. É uma relação de alteridades,

que nada tem a ver com a indiferença. Com a reivindicação de uma hospitalidade incondicional é

que será possível pensarmos nas condições de possibilidade de uma ética da alteridade. É necessária

uma abertura sem horizonte ao outro que chega, assim como, é exigido que a hospitalidade exceda

qualquer procedimento regulamentado, ou seja, que esteja para além do político e do jurídico.

Jacques Derrida nos mostra a possibilidade da construção de um novo sentido ético.

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NOÇÕES ARISTOTÉLICAS EM ANAXIMANDRO: ápeiron como elemento

primordial e o que pensou Aristóteles sobre o indefinido

João Batista Freire (UFU)

Rubens Garcia Nunes Sobrinho

Anaximandro de Mileto teria nascido em 610 a.C conforme o testemunho de Hipólito (Ref. I,

6, 7, DK 12 A 11), Aristóteles de Estagira, em 384 a.C. É evidente que viveram na Grécia Arcaica

em fases distintas. Contudo, tinham interesses incomuns, a saber: explicar o mundo na esteira da

natureza. Anaximandro propôs sua explicação a partir de um elemento indefinido Esta

comunicação pretende investigar a intenção de Aristóteles ao voltar seu olhar para o elemento

primordial anaximandrino, fato assaz curioso, que resulta em quatro citações mencionando o nome

de Anaximandro nas obras De Caelo 123 B 13, 295 b 10, na Física 118 A 4, 187 a 20, 108 4, 203

b. 7 e 104 A 4, 187 a 12. Ao contrário de seguir rumo à tradução dos fragmentos, o que seria saltar

sobre um abismo com limiar escorregadio, esta comunicação pretende estabelecer paralelamente e

em que se aproximam ou divergem a cosmologia de Anaximandro e o mundo sublunar e supra

lunar de Aristóteles. Também pretende se aproximar da noção de apeíron e éter das respectivas

cosmologias desses filósofos.

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A transmissibilidade histórica do direito em Vico

José Pereira Prado Júnior (UFU)

O pensamento formulado por Vico em sua Ciência Nova contribuiu com os desenvolvimentos

da filosofia do direito moderno, pois não se preocupou somente com o abstrato (da ideia do direito),

mas com o concreto (das leis formuladas em certas circunstâncias pelos homens), acertando ao

afirmar que não houve influência grega na Lei romana das XII Tábuas, mas seus argumentos,

embora geniais, aparentemente não se sustentariam, pois Vico terminaria assim negando a

possibilidade da transmissão histórica do direito. Nesta comunicação, buscaremos demonstrar como

Vico vincula a história e o direito na sua interpretação da Lei romana das XII Tábuas e, ao mesmo

tempo, nega a comunicabilidade histórica do direito. A filosofia que Vico critica aqui representa a

ideia praticada fora do fato, e por isso é corrigida pela filologia que representa o estudo dos feitos

humanos, pois o homem somente é capaz de conhecer verdadeiramente aquilo que cria, e sendo

assim, o homem que deve ser não deve ser separado do homem que é.

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A morte e a formação do caráter em Sócrates

Juan Guillermo Diaz Bernal (UFU)

O caráter do ser humano requer de tempo e momentos da vida para formar-se, manifestar-se

e reafirmar-se. Paradoxalmente, no caso de Sócrates, ele aceita que seu destino e sua morte se

converta em um acontecimento e oportunidade cardinal para reafirmar-se e demostrar sua

singularidade frente aos atenienses e amigos. A presente comunicação tem como finalidade mostrar

de que maneira a proximidade da morte de Sócrates reafirma seu caráter e mostra também a

coerência entre seu modo de viver e pensar. Pretende-se, então, revelar de que maneira a própria

morte ratifica sua convicção refletindo assim o conjunto de rasgos, exagerações e compromissos

que assumiu em vida, na qual deixou um rosto e uma história. Enquanto a morte de Sócrates

poderia ser julgada como um dos acontecimentos mais significativos de sua vida, foi o que se

tornou o espírito crítico como uma das qualidades de seu caráter, sendo que essa atitude foi

evidenciada no diálogo Apologia de Sócrates na versão platônica. Portanto, a morte tornou-se a

prova final que precisava ser superada sendo fiel a si mesma e, com isso, alcançando a liberdade

interior que seus logros lhe proferem.

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Os meios psicológicos de manipulação na indústria cultural: o riso e o trágico

Júlia Pereira da Silva (UNESP /Franca)

Orientador: Gustavo José de Toledo Pedroso

Neste trabalho abordamos dois aspectos importantes, ambos relacionados ao caráter

manipulador da indústria cultural, conceito de Theodor Adorno: o riso e o trágico. Quase opostos

complementares, são dois meios pelos quais se manipula a psicologia das pessoas. No caso do riso,

Adorno distingue duas possibilidades opostas: o riso de reconciliação e o do terror. Ambas

acompanham o momento em que se supera o medo, mas elas se diferenciam pelo sentido desta

superação – na primeira, o riso manifesta o alívio da liberdade alcançada frente a uma potência

ameaçadora, enquanto que na segunda ele exprime a submissão à potência e a negação da liberdade.

O caso do trágico que ao ser absorvido pela indústria cultural inverte o seu sentido antigo.

Originalmente tinha o sentido de uma resistência diante da ameaça mítica. Agora ele passa a

apresentar tal sofrimento como natural e a convidar à aceitação das condições vigentes. O riso e o

trágico mostram-se, assim, como dois elementos de potencialidades ambíguas, capazes tanto do

desenvolvimento do senso crítico quanto da manipulação do indivíduo. Através do estudo do riso e

do trágico, intenta-se, partindo de uma análise da parte para o todo, iniciar uma abordagem da

indústria cultural.

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Contexto da Vida de Tomás de Aquino

Kassius Otoni Vieira (UFU)

Orientador: Anselmo Tadeu Ferreira

Nesse trabalho registramos o estudo incipiente do contexto biográfico de Tomás de Aquino,

abarcando a conjuntura de tempo, espaço e, sobretudo, a forma de pensar em sua época. Tomamos

ciência de alguns elementos primordiais do quadro histórico europeu e da Itália na idade média no

período de sua infância e vida adulta. A Europa após o quinto século viu a civilização mediterrânea

clássica ser eclipsada por vários fatores sócio-políticos, climáticos e religiosos, entrando assim, no

que os historiadores denominam de idade média, que perdurou aproximadamente por mil anos,

chegando ao término por volta do ano mil e quinhentos da era cristã. Entretanto, atentamos

prioritariamente ao período que marca o final da Alta Idade Média, já no princípio da Idade Média

Clássica na qual se situa temporalmente o início da vida Tomás de Aquino que, segundo seus

principais biógrafos, nasceu entre 1224 e 1225. O objetivo não foi um estudo historiográfico

pormenorizado, mas mormente limitado pelo recorte da história do filósofo, recriando minimamente

a ambiência de mundo, sobretudo do pensamento medieval escolástico, que recebeu Tomás de

Aquino, a fim de não incorrermos em anacronismo em relação ao seu próprio pensamento sem

prejuízo na apreensão de seu legado.

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A Gênese da Filosofia Materialista e a Evolução do Conceito Atômico

Lucas Alves de Oliveira (UFU)

Este estudo pretende expor a evolução do conceito atômico desde os primórdios da filosofia

antiga até a noção moderna de átomo (1955 - 1956), segundo Heisenberg em seu livro Física e

Filosofia. Essa proposta visa relacionar a concepção colocada por ele com a antiga filosofia

materialista, possuindo como objetivo central a filosofia de Demócrito, Leucipo e Anaximandro.

Essa abordagem consiste em apresentar, a priori, a causa primeira, ou o conceito arché de alguns

pré-socráticos e mostrar o que se afasta e se aproxima da física moderna. Apesar de Demócrito e

Leucipo postularem algo específico à noção moderna de átomo, Anaximandro também afirma algo

pertinente ao assunto, porém, com outra abordagem. Contudo, seria interessante entender essa

evolução do conceito presente desde a gênese do pensamento cosmológico até a noção da física

moderna acerca da definição de Heisenberg.

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A divisão platônica das partes da alma e a definição estoica das paixões no Livro

IV das Discussões Tusculanas de Cícero

Lucas Nogueira Borges (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira

No livro IV das Discussões Tusculanas, para responder a questão se o sábio é vulnerável às

paixões, Cícero assume a perspectiva pitagórica e platônica da alma, dividindo a alma em duas

partes: uma parte provida de razão e outra parte desprovida dela. Na parte desprovida de razão,

estão as paixões. Assumindo essa divisão, Cícero passa a expor as definições e divisões das paixões

segundo os estoicos. Nesta comunicação, para dar continuidade ao assunto discutido no VII

Encontro Nacional de Pesquisas em Filosofia da UFU em 2013 com o título “Uma possível

comparação entre os livros I e IV das Tusculanas de Cícero: o problema das partes da alma”,

apresentarei uma comparação entre a teoria da alma platônica e a teoria da alma estoica, no que diz

respeito às partes da alma (Platão) e à definição das paixões (Estoicos). Para isso, utilizarei os

comentários das edições Inglesa Loeb e alemã Artemis & Winkler das Tusculanas.

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Religiosidade na Grécia clássica: a irracional de Êutifron e a racional de

Sócrates

Luiz Fernando Bandeira de Melo (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Rubens Garcia Nunes Sobrinho

O motivo principal da acusação que Êutifron leva ao Pórtico do Rei contra seu pai é o medo

da poluição que um crime de morte não punido, na Atenas do período clássico, atraía para os

descendentes de um criminoso. Nesse contexto, este trabalho buscará mostrar que os costumes

religiosos efervescentes daquele período histórico grego, apresentados pelo interlocutor de Sócrates

no diálogo platônico Êutifron, eram cheios de conhecimentos dos mistérios propagados pelos cultos

órficos, mas que Sócrates apresenta uma nova religiosidade, racional e diferente dos costumes

atenienses. Os comentários de Bernabé, Dodds, Vernant, Eliade, Boyancé e Parker possibilitam uma

pesquisa mais aprofundada sobre o tema, envolvendo termos como miasma, contaminação, orfismo,

iniciação, purificação e encantação. Esta pesquisa pode configurar elementos para responder

questões como: por que Êutifron acusa o pai? Qual é a reviravolta que Sócrates promove na

concepção de "purificação"? Delimitamos o estudo, portanto, abordando apenas as discussões do

diálogo platônico sobre a religiosidade e a poluição, destacando que a importância helênica

atribuída à religiosidade, tanto a cívica quanto a dos cultos de mistérios, era distinta da

racionalidade apresentada pela proposta de religiosidade socrática.

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O especificamente humano na antropologia filosófica de Edith Stein

Mak Alisson Borges de Moraes

Orientador: Tommy Akira Goto

Propõe-se neste trabalho uma reflexão a respeito do especificamente humano na análise

antropológica de Edith Stein (1891 – 1942). Stein é uma filósofa e importante representante do

movimento fenomenológico fundado pelo filósofo alemão Edmund Husserl (1859 – 1938). Para

essa análise, será utilizado o texto da autora “A estrutura da pessoa humana” (Der Aufbau der

menschlichen person, 1932). Nesse texto a autora realiza uma antropologia filosófica como

fundamento da pedagogia. Para a realização de sua antropologia, Edith Stein utiliza o método

fenomenológico idealizado por Husserl. Na análise de Stein, o homem, em sua constituição

corporal, é uma coisa material, um organismo à semelhança das plantas, está sujeito às leis da

natureza material. Porém, o homem não é apenas um corpo material, pois ele é um corpo vivo,

dotado de movimento próprio, assim como os animais. No entanto, o ser humano possui uma

dimensão espiritual que é algo especificamente humano e que o diferencia dos demais seres. Essa

dimensão espiritual esta relacionada ao caráter racional do homem. Portanto, para Stein, o ser

humano é um microcosmo onde se unem todos os estados: a coisa material, o ser vivo, o animado e

o espiritual.

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Hegel e Marx: ponto e contraponto da Filosofia do Direito

Manoel Cipriano Oliveira (UFU)

Orientador: Professor José Benedito de Almeida Júnior

Este trabalho visa a compreender os fundamentos filosóficos da ordem jurídica na

perspectiva da dialética hegeliana e do materialismo histórico marxiano. Pretende ser uma

contribuição ao debate sobre a eficácia do direito positivo no âmbito da racionalidade moderna.

Adota a dialética como método, pois esta ferramenta metodológica é que melhor suporte dá à

análise do objeto deste estudo, por ser uma proposta que procura investigar e expor os

condicionamentos históricos e sociais subjacentes à construção e sistematização do conhecimento.

A constituição e consolidações teóricas serão formuladas considerando a norma jurídica como

atualidade temporal e espacial enquanto conjunto de regras disciplinadoras da vida individual e

coletiva das pessoas como norma singular e universal, materializada nos preceitos do direito

positivo. Averiguará como o fenômeno jurídico pode ser concebido enquanto regra de conduta e

como saber sistemático, ou seja, como regra prática e como ciência. Fará a abordagem dos

fundamentos filosóficos do direito, a partir do ponto e contraponto da concepção hegeliana e da

percepção marxiana do direito. Tecerá considerações necessárias para a apresentação da pesquisa

como contribuição para o estudo do direito numa perspectiva filosófica.

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Instrumentalização da linguagem e dominação

Marcelo Lacerda Ferreira (UFU)

Esta apresentação tem como objetivo explorar o processo de degradação da linguagem e a

consequente modificação da forma de dominação dos indivíduos. Tem-se como principal referência

o pensamento de Horkheimer e Adorno. O fenômeno da instrumentalização da razão, descrito por

Horkheimer no seu livro Eclipse da Razão, tem como fato concorrente a instrumentalização da

própria linguagem. Impotente, ela perde a sua força emancipatória para se limitar à comunicação.

Esse processo, que teve o objetivo de desmitologizar a linguagem, faz, paradoxalmente, um retorno

à magia. A crença na linguagem esvazia a experiência à qual ela deveria estar ligada. Esse

afastamento das sensações empobrece também a realidade e, com isso, torna os indivíduos

impotentes e faz desaparecer as expressões do intelecto livre. Justamente ao abandonar a sensações

e ao abandonar a especulação que pensa o diferente, o homem se torna burro. Como dizem Adorno

e Hokheimer, "a burrice é uma cicatriz". Abre-se um espaço para uma dominação mais efetiva dos

homens, já que a linguagem afastou os indivíduos da possibilidade de um conhecimento crítico, as

palavras se degeneram em denominações.

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A relação entre transcendência e temporalidade em Sartre

Marcelo Rosa Vieira (UFU)

Orientador: Alexandre Guimarães Tadeu de Soares

O trabalho visa elucidar a questão da temporalidade de Sartre, de forma articulada com a

ideia de consciência transcendental na fenomenologia de Husserl. Sartre afirma que a maior parte

dos filósofos, que estudaram o tempo, considerou a consciência como um Em-si, ou seja, um ser

plenamente constituído à maneira da substância pensante cartesiana. Por esta razão, eles se

privaram dos meios de interpretar corretamente o sentido do tempo como uma dimensão originária

da própria subjetividade. Para Sartre, a temporalização é o modo de existir da consciência, na

medida em que ela se transcende para alcançar o mundo. No entanto, para que tal transcendência

seja possível, Sartre acredita ser necessário esvaziar a consciência de todo conteúdo, inclusive do

próprio ego. A temporalidade, portanto, tem origem num campo transcendental vazio, a partir do

qual Sartre pode identificar a existência subjetiva com o puro nada, a imanência absoluta, negação e

liberdade. O presente trabalho apresentará a tese fundamental de Sartre de que o Ego é um objeto

transcendente à consciência, e como tal ele não se encontra nem formalmente nem materialmente na

consciência, mas que é um ser existente no mundo, quer dizer, um ser que se revela como um objeto

transcendente visado pela consciência.

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A música para educar a psikhé do guardião com vistas ao princípio de justiça

estabelecido por Platão

Mariane Rodrigues Ferreira (UFU)

O objetivo deste trabalho é apresentar o pensamento de Platão sobre a importância, apontada

por ele, no que se refere ao papel da música na paideia do guardião. Para o filósofo, a educação por

meio da música não apenas aperfeiçoava a psikhé mas, sobretudo, educava o guardião para ser justo

no arquétipo de cidade construída em pensamento. No entanto, a estrutura da paideia poética

predominante na época de Platão tinha uma concepção de justiça diferente daquela estimada pelo

filósofo. Segundo Platão, neste modelo de paideia, o conteúdo ensinado incentivava o indivíduo a

se desviar do princípio de justiça, uma vez que continha exemplos de imoralidades como

assassinatos, incestos, crueldades, traições, etc. Além disso, ensinava que a justiça consiste na posse

de uma variedade de técnicas, ao passo que aquela, na acepção de Platão, ocorre na medida em que

cada indivíduo exerce apenas a sua função dentro da cidade, sem interferir na função de outrem.

Diante disso, Platão não apenas crítica, mas também censura os conteúdos que são ensinados na

paideia poética. Sendo assim, pretendemos apresentar os argumentos de Platão que demonstram o

porquê desta concepção possuir pretensões contrárias àquelas que ele aspirava e, além disso,

apresentar a música como a disciplina que possui o objetivo de educar a psikhé do guardião com a

finalidade de conduzi-lo ao princípio de justiça estabelecido pelo filósofo.

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A noção de uno/múltiplo e mesmo/diverso segundo o Comentário de Tomás

de Aquino à Metafísica de Aristóteles

Maryane Stella Pinto (UFU)

Orientador: Dr. Anselmo Tadeu Ferreira

Este trabalho tem como objetivo apresentar as considerações feitas por Tomás de Aquino no

Comentário do livro gama da Metafísica de Aristóteles, mais especificamente na lição segunda,

acerca do uno/múltiplo do mesmo/diverso. Tomás vai analisar, primeiramente, se cabe à ciência

metafísica considerar o uno / múltiplo, assim como o mesmo/diverso além de verificar, em que

medida uno e ente são a mesma coisa. A partir da leitura da lição segunda do Comentário ao livro

gama da Metafísica, apontaremos as críticas de Tomás de Aquino acerca do argumento da infinitude

e suas considerações acerca da análise de Avicena, que afirmava que o uno e ente são propriedades

acrescentadas às substâncias. Visto que esta ciência tem como sujeito o ente, assim como seus

acidentes por si, Tomás de Aquino afirma que Aristóteles se questiona se esta mesma ciência

também estuda o uno e o múltiplo e o mesmo e o diverso. Dessa maneira tentaremos, a partir do

Comentário da Metafísica, responder as seguintes perguntas: se o ente e o uno são a mesma coisa e

porque cabe a esta ciência a análise destas coisas.

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Nietzsche e Wagner: o problema da música na modernidade alemã

Natália de Andrade Pereira (UFU)

Orientador: Humberto Guido

Nietzsche, em O nascimento da tragédia, trata de duas forças opostas, Apolo e Dionísio.

Apolo era o deus da luz e Dionísio o deus da embriaguez, a luta constante dos dois deuses gera o

que Nietzsche chama de arte trágica. Nietzsche entra na contramão de tudo o que fora estudado, em

sua época, sobre a Grécia antiga. Isso porque os filólogos contemporâneos ao filósofo acreditavam

que a arte grega era apolínea, mas para o filósofo a arte é essencialmente dionisíaca. Com base em

autores, como por exemplo, Arthur Schopenhauer, Beethoven e por último e não menos consagrado

Wagner, para quem nosso autor compõe sua difícil trajetória. Os três grandes nomes da cultura

alemã afirmavam que a música era a mais superior de todas as artes e depositavam nela a salvação

da cultura de seu tempo. A estética, dentro da primeira obra filosófica de Nietzsche, vem mostrar

que a arte grega não tinha como base central somente a palavra. Sendo assim, a presente

comunicação tem como intuito discutir dentro das obras da primeira fase de Nietzsche como O

nascimento da tragédia e A visão dionisíaca do mundo, a importância da música no contexto

trágico. E ainda, fazer uma análise sobre a influência de Richard Wagner no problema da estética

nietzschiana, levando sempre em consideração o papel da música na modernidade.

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O Conceito de Alienação em Karl Marx

Nélio Gonçalves (UFU)

Orientadora: Dra. Maria Socorro Ramos Militão (UFU)

Propomos analisar, nesse projeto, o conceito de alienação a partir do legado de Karl Marx

(1818-1883), pois, esse conceito é imprescindível para compreender as questões atuais relativas à

produção econômica, à política e à percepção da realidade. E, ainda para diagnosticar a maneira de

estruturar-se e de operar do sistema capitalista avançado (em seu grau máximo de complexidade),

bem como averiguar quais são as consequências mais imediatas que o alto grau de desenvolvimento

das forças produtivas gera em termos de alheamento, de estranhamento ao qual este modelo de

produção implica ao trabalhador que vive e trabalha sob os auspícios do capitalismo. O objetivo

geral dessa proposta de trabalho é a relação que o conceito estabelece com o processo de

ideologização do sistema capitalista e o papel que este desempenha na relação infra superestrutural

(da existência e da consciência nas relações sociais e políticas). Busca-se, portanto, retomar alguns

elementos constitutivos do capitalismo (Capital, produção, mercado e lei da oferta e da procura,

lucro), identificados por Marx, que nos permitam compreender com maior clareza os problemas

sócio-políticos e econômicos, presentes na realidade contemporânea, na perspectiva de que estes

elementos nos auxiliem na procura de respostas para os problemas sócio filosóficos atuais.

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Das fábulas heroicas à história dos povos que as contam

Núbio Raules de Oliveira (UFU/PROGRAD UFU)

Orientador: Dr. Humberto Aparecido de Oliveira Guido

A concepção de história, presente na obra de Vico, é apresentada a partir do modelo cíclico

que comporta três momentos, cada um com suas características próprias. Essa concepção é a união

de dois fatores: a atividade humana e a providência. Partindo do principio indubitável de que o

mundo civil foi criado pelo homem, Vico tentou conhecer o homem, explorando os territórios onde

nasceram os mitos, as línguas e as instituições humanas. A matéria de sua pesquisa histórica foi a

poesia dos primeiros homens, ali o filósofo vislumbrou os princípios norteadores da vida civil. Pois,

desde o princípio do pensamento humano, a história é o testemunho das ações humanas amparadas

pela ordem providencial do entendimento humano, que começou com os primeiros gentios. No

momento em que eles procuraram explicar sua realidade através do que Vico chamou de sabedoria

poética – e que nós entendemos por mito, mas que era o registro da existência do próprio homem,

como Vico havia definido em sua obra –podemos então também encontrar o que seria a história

daqueles povos. Portanto, seria impossível conceber uma história humana sem que a mesma tivesse

alguma “materialização”, pois, essa sabedoria poética, mesmo que fantasiosa, seria o registro do

que esses gentios fizeram em sua existência.

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David Hume: das percepções da mente, da memória e da imaginação

Pablo Henrique Santos Figueiredo (UFU)

Orientador: Marcos César Seneda

O presente trabalho tem por objetivo principal observar o advento das percepções da mente,

divididas por Hume em impressões e ideias. As impressões são as percepções mais primárias da

mente, uma vez que dão origem às ideias, como suas cópias. Os graus de força e vivacidade, que

determinam a “intensidade” de uma percepção da mente, se apresentam maiores nas impressões do

que nas ideias, já que estas são cópias daquelas. A segunda divisão feita é que as ideias se

representam na memória e na imaginação. As ideias da memória apresentam maiores graus de força

e vivacidade, enquanto as ideias da imaginação apresentam-se com menores graus de força e

vivacidade. “Apresentam-se” por que as ideias não ficam alojadas na memória ou na imaginação,

mas sim na mente. As ideias que se apresentam na memória, por apresentarem maiores graus de

força e vivacidade, encontram-se “contextualizadas”, já que trazem consigo as ideias das

impressões que as acompanhavam no momento em que foram adquiridas. Por outro lado, a

imaginação apresenta ideias que podem surgir sem nenhum contexto, o que permite a comutação da

ordem de afecção destas, o que a dota de considerável liberdade para administrar suas ideias.

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O problema da independência ou dependência da moral em relação à religião

Rafael Gonçalves Queiroz (UFU)

Orientador: Prof. Dr. Alcino Eduardo Bonella

Há quem confunda ou não saiba a diferença entre moralidade e moralidade religiosa. Neste

trabalho, analisaremos o problema da independência ou dependência da moral em relação à religião.

Apontaremos para alguns problemas da relação entre moral e religião, como na teoria naturalista do

tipo aristotélico, como o problema da teoria divina, que seria a teoria naturalista apropriada e

incorporada ao contexto religioso pelos pensadores cristãos, por causa da associação feita por

muitos entre moral e religião. Depois, nos concentraremos no problema principal que, desde

Sócrates, se concentra no chamado argumento da arbitrariedade: o moralmente certo seria certo

porque Deus o quis, ou Deus quis porque era moralmente certo? Segundo alguns filósofos, como

Peter Singer e James Rachels, se a resposta for a primeira opção, Deus e a moralidade seriam

arbitrários; na segunda, Deus estaria submetido às razões que tornam um ato, um ato correto. A

partir dessa reflexão apresentaremos uma possível solução para tal problema.

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David Hume como um moralista

Rebert Borges Santos (UFU)

Orientador: Professor Dr. Marcos César Seneda

Este trabalho surgiu durante a execução de um projeto de pesquisa cujo tema foi o problema

dos milagres e a Teoria do Conhecimento de David Hume. Este estudo, ao ser desenvolvido,

suscitou informações e argumentos que obrigaram o autor da pesquisa a repensar a própria

configuração e a natureza do projeto filosófico do autor. Afinal, o que quis Hume com o conjunto de

suas obras? Como ele quis ser lembrado? Como um filósofo moral e político ou como um simples

epistemólogo? A presença da Seção X, intitulada de Dos Milagres, no texto da Investigação Acerca

do Entendimento Humano e a ausência, a um só tempo, neste mesmo texto, dos argumentos

epistemológicos mais céticos – calmamente apresentados no Livro I do Tratado da natureza

Humana - podem nos dar uma pista em direção à solução deste problema. Devemos mudar nosso

olhar a respeito do filósofo? É exatamente isto o que o presente trabalho procurará discutir.

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A crítica de Agostinho ao materialismo maniqueu

Ricardo Pereira Santos Lima (Mestrando/PPG - UFU)

Orientador: Prof. Dr. Anselmo Tadeu Ferreira (IFILO/UFU)

Durante grande parte de sua vida, Agostinho se empenhou em combater diversos inimigos

do Cristianismo. Munido de sua pena e de seu perspicaz intelecto, o filósofo não se cansou de

desferir agudas críticas aos seus adversários. Pagãos, arianos, pelagianos, donatistas e maniqueus,

nenhum deles escapou do julgamento do Bispo de Hipona. Dos citados, talvez os mais conhecidos

sejam os maniqueus – por culpa do próprio Agostinho. Ao todo, Agostinho deixou dez obras

polêmicas ou apologéticas contra o maniqueísmo. Além delas, deixou inúmeras passagens sobre o

maniqueísmo em outras obras. Em sua autobiografia, Confessiones, o pensador narra sua imersão na

seita e sua emersão dela. Na obra supracitada, Agostinho não hesita em apontar as falhas e as

inconsistências do maniqueísmo, como a concepção materialista de Deus e do mundo, noção que

desempenhou papel crucial no seu rompimento com a seita. Deste modo, o objetivo deste trabalho

consiste em expor a crítica agostiniana ao materialismo maniqueu, mostrando porque essa

concepção representa uma ameaça ao pensamento filosófico do pensador.

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Voz Performance Ação: uma possibilidade de fala para o subalterno

Roseli Gonçalves da Silva (PPGF- IFCS / UFRJ)

Orientadora: Prfª Dra. Carla Rodrigues

O presente artigo visa discutir, a partir dos apontamentos dados por Gayatri Chakravorty

Spivak em sua obra Pode o subalterno falar? (quando a autora questiona a possibilidade de fala do

subalterno) o papel que representa ou deveria representar o intelectual frente à possibilidade de

falar e ser ouvido, a qual envolve o subalterno, quando ele, o intelectual – sujeito pensante e falante

– se utiliza deste seu “poder de fala” para falar em nome de ou dos. Dito isto, começo meu trabalho

a partir destes e outros questionamentos desvelados e discutidos por Spivak: será possível de fato

falar em nome de ou dos? Pretendo ainda discutir a performatização da voz como uma forma de

autorrepresentação do sujeito. A voz como instrumento do próprio sujeito, que, imbuído de força e

potência possa fazer-se ecoar e tornar-se discurso. Este talvez seja para Spivak o grande desafio que

tem o intelectual nos dias de hoje: abrir mão da ilusão de falar em nome do subalterno e ao invés

disso contribuir para a criação de espaços onde o subalterno possa se articular e falar por si mesmo.

Falar e se fazer ouvido.

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O papel da disciplina na pedagogia de Kant

Sidéia Glaucia Silva Machado Borges (UFU)

Orientador: Marcos César Seneda

Este trabalho procura evidenciar o papel e a importância da disciplina na obra Sobre a

Pedagogia de Kant. A disciplina como força negativa, capaz de retirar do homem a selvageria, deve

ter início com o nascimento. Ela constitui a parte primeira da educação kantiana. Partindo desse

pressuposto, nossa indagação será: o que é disciplina para Kant? Qual a sua importância? Que

modelo de educação Kant propõe para que a disciplina exerça efetivamente o seu papel? Para

responder as nossas indagações, faremos uso da pesquisa teórica bibliográfica, especificamente, a

obra Sobre a pedagogia de Immanuel Kant, em que buscaremos compreender o conceito de

disciplina, bem como o modelo de educação em que ela se apresenta. Como suporte, utilizaremos a

obra Regresso a Kant de Leonel Ribeiro dos Santos. Analisar a disciplina e sua importância e

compreender o modelo de educação em que ela se apresenta possibilita-nos esclarecer que tipo de

homem Kant quer formar.

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A imitação da natureza para Bodmer e Breitinger

Thayane Queiroz Ramos (UFU)

Orientador: Dr. Jairo Dias Carvalho

O presente estudo tem como objetivo apresentar o conceito de imitação da natureza de

Bodmer e Breitinger, aplicado no âmbito da poesia. Bodmer e Breitinger, que também são

chamados de “Os Suíços”, consideram a poesia como “arte pictural”. O poeta seria um pintor que

trabalha com a linguagem, e por meio de suas imagens, ele consegue atingir o poder da imaginação

do leitor. Estas imagens agem diretamente nos sentidos persuadindo-o, de modo que elas se

diferenciam do discurso racional e lógico conhecido. Quando comparam a poesia com a pintura,

eles concluem que o objetivo de ambas as artes é o mesmo, embora a poesia se sobressaia, na

medida em que ela pode representar o movimento do mundo invisível dos sentimentos. Neste

contexto, para os Suíços, o princípio da imitação da natureza ganha uma nova dimensão. Não é

mais simplesmente o axioma a priori de toda estética, mas o produto de uma verificação simples: é

a pequena distância da representação com a natureza que produz em nós mais efeito.

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Justiça, direito, violência: os fundamentos da ordem políco-jurídica em Jacques

Derrida

Verena Seelaender da Costa (UFF)

As conferências pronunciadas por Jacques Derrida nos Estados Unidos em 1989 e 1990

trataram da relação, que foi destacada partindo da proposta de Walter Benjamin, entre direito,

justiça e, especialmente, violência. Buscaremos demonstrar tal nexo, tendo em vista as implicações

da definição e do uso do conceito de violência em face às circunstâncias políticas atuais no Brasil e

no mundo. Justiça e direito devem ser entendidos aqui como diversos um do outro, o direito

enquanto “meio” ou “representação” (por um código escrito, por exemplo) e a justiça enquanto algo

incapturável e localizado a partir e além do direito. Há uma percepção de que a ordem jurídica, para

que seja considerada justa e democrática, deve permitir um certo "direito à violência". Tal

legitimidade se manifesta de forma mais clara no evento da greve geral, quando a própria ordem

política (isto é, o ordenamento jurídico) é questionada. Esse questionamento não só é ilegal como é

considerado uma espécie de "abuso" do direito legítimo à greve. Esse nexo mostra a contradição

essencial dos regimes democráticos e demonstra que seu fundamento, longe de ter qualquer

pretensão real à justiça, tem somente como objetivo o monopólio da violência, utilizando-se do

direito como um dispositivo para sua própria manutenção.

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O conceito de justiça e a análise da vida do injusto segundo Trasímaco no livro I

da “República” de Platão

Victor Hugo de Oliveira Saldanha (UFU)

O presente estudo tenciona abordar o problema da justiça contido no livro I da “República”

de Platão, especialmente sob duas perspectivas: inicialmente, sob a definição proposta pelo sofista

Trasímaco, que a descreve como “a conveniência do mais forte”; por último, sob a perspectiva das

reflexões do sofista acerca das vantagens auferidas pelo injusto em detrimento do justo. O livro I se

diferencia dos demais, porquanto se apresenta como um diálogo de primeira época, ou seja, um

diálogo de cunho moral que possui a(s) virtude(s) como tema central; caracteriza também essa

espécie de diálogo como aporético, ou seja, o diálogo de Sócrates com seus interlocutores não

culmina em uma definição para a virtude em questão. Neste livro a discussão de Sócrates com seus

interlocutores a respeito da virtude da justiça é apresentada nos seus termos mais elementares, tal

como se apresenta na vida cotidiana. Diante deste contexto, pretende-se analisar, neste trabalho,

duas possibilidades interpretativas para a definição sustentada por Trasímaco e em que medida há

mais vantagens para um particular em ser injusto do que justo, segundo o fio argumentativo do

sofista.

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Síntese Teórica da Compreensão da Ética na História

Vitor de Lima (UNESP / Franca)

Orientador: Prof. Dr. Helen Barbosa Raiz Engler

O presente trabalho busca identificar como ocorre a construção do pensar a ética ao longo da

história utilizando dois autores da área, Adolfo Sánchez Vázquez com a obra Ética e Nelson

Saldanha com Ética e a história. Estes autores divergem ao definirem o conceito de ética de formas

distintas, porém se completam ao colocar a ética vinculada aos processos sócio-históricos. Para

Vázquez, a conceituação de ética é diferente da conceituação de moral, pois a ética é compreendida

como uma ciência transversal que utiliza outras ciências para compreender seu objeto que é a moral,

esta, por sua vez, constitui-se como normas e valores de caráter histórico e social que são

introjetados no sujeito e se refletem em suas ações na sociedade, que estão inseridos. Já Nelson

Saldanha compreende a ética unindo-a ao conceito de moral, definindo esta junção como ethos, pela

qual perpassa a realidade humana atuando como consciência normativa e meio de compreensão de

valores e da experiência realizada, sendo pautada em sistemas éticos que são situados históricos e

socialmente. A metodologia utilizada parte-se de leituras analíticas dos autores, questionamento

reconstrutivo e síntese dialética em relação às teorias éticas que divergem para os autores.

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Os limites da influência wittgensteiniana para a concepção de linguagem de

Karl-Otto Apel

Wilson Rosa Júnior (UFU)

Orientador: Sertório de Amorim e Silva Neto

Pretendemos, nesta comunicação, compreender como Karl-Otto Apel desenvolveu sua

concepção sobre a linguagem partindo de críticas e apontamentos direcionados à teoria de

Wittgenstein. A contribuição wittgensteiniana ao pensamento de Apel possui importância ímpar, e

isto pode ser observado na medida em que o próprio autor ressalta a necessidade de se pensar com,

contra e para além de Wittgenstein. Partindo deste princípio, o escopo desta comunicação é

elaborar um estudo sobre algumas impressões de Apel a respeito de Wittgenstein sob estas três

perspectivas. Tentaremos, portanto, investigar os aspectos que possuem proximidade entre as duas

concepções, identificar quais os limites da influência wittgensteiniana para a filosofia de Apel e o

que, sob a visão do filósofo, ultrapassa estes limites. Sumariamente, podemos entender que o

objetivo de Apel é desenvolver um conceito que abarque, ao mesmo tempo, tanto uma dimensão

pragmática quanto uma transcendental, concernentes à linguagem. Grosso modo, podemos

compreender a dimensão pragmática como o uso da linguagem entre os homens – que consiste na

construção de consensos – e a dimensão transcendental, por sua vez, como uma estrutura

universalizadora, isto é, a instância que regula a linguagem como um todo. Com efeito, neste

trabalho, abordaremos estas duas dimensões da linguagem presentes na filosofia apeliana,

investigando como e a partir de que Apel desenvolveu a Pragmática Transcendental da linguagem.