DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · A análise de balanços também conhecida como...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE BALANÇOS PARA
DIAGNOSTICAR A SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE
UMA ORGANIZAÇÃO
Por: Paulo Sérgio de Souza Júnior
Orientadora
Profª. Luciana Madeira
Rio de Janeiro
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE BALANÇOS PARA
DIAGNOSTICAR A SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DE
UMA ORGANIZAÇÃO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Auditoria e Controladoria.
Por: Paulo S. de Souza Jr.
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AGRADECIMENTOS
A todo corpo docente do Instituto A Vez
do Mestre, em especial à professora
Luciana Madeira pela orientação neste
trabalho, e aos colegas de classe.
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DEDICATÓRIA
A Deus, meu senhor, que tanto me
iluminou nessa jornada.
A meus pais, meu porto-seguro.
À Clara Pimentel, minha amada esposa,
parte essencial da minha vida.
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RESUMO
A análise de balanços também conhecida como análise contábil, tem
como objeto de estudo, a análise e a interpretação das demonstrações
contábeis ou financeiras, formalmente elaboradas pela empresa de maneira
clara e fidedigna. O seu objetivo é avaliar a situação da empresa em seus
aspectos econômicos, financeiros e patrimoniais.
Por isso, esse trabalho priorizou estudar mais detalhadamente o
referido assunto, analisando em especial as demonstrações contábeis de
maior importância, os métodos de análise contábil, os indicadores econômico-
financeiros e outros conceitos relacionados ao entendimento do assunto.
O objetivo desta análise é verificar como a análise de balanços pode
auxiliar na formação de uma opinião fundamentada da situação econômico-
financeira evidenciada nas demonstrações contábeis de uma empresa.
O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica em matérias dos últimos
dez anos. Foram levantados dados e informações através da consulta a livros
e documentos eletrônicos. Após este levantamento, foi feita uma análise dos
dados, permitindo, então, que este autor construísse bases cognitivas para a
conclusão do trabalho.
Notou-se ao fim do trabalho, que a análise de balanços por meio da
análise vertical e horizontal, e da interpretação dos índices de liquidez,
rentabilidade e estrutura de capital é capaz de extrair tendências extrair
tendências, comparar desempenho de sua empresa com outras do mesmo
segmento, determinar características setoriais e regionais e com relativo
cuidado estabelecer parâmetros. Com isso, possibilita que o gestor financeiro
possa decidir sobre ações de suma importância como: os processos de
concessão de crédito e decisões de investimento de sua empresa. Sendo
capaz também, de demonstrar como está a situação econômico-financeira de
uma entidade em um dado momento, e fornecer subsídios para as decisões
acerca do futuro da empresa.
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METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodológicos, este autor tomará por base
a classificação apresentada por Vergara (2010), que qualifica o tipo de
pesquisa em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, a presente pesquisa será exploratória, pois o assunto
será trabalhado através dos conceitos de autores de grande relevância para o
tema como: Alexandre Assaf Neto, Adriano Blatt, Hilário Franco, Lawrence
Gitman, Sérgio de Iudícibus, Jorge Niyama, César Silva, Dante Matarazzo,
entre outros.
Já quanto aos meios, a pesquisa define-se como bibliográfica em
materiais dos últimos 10 anos, pois será realizada mediante consulta de livros,
artigos e documentos eletrônicos acerca dos assuntos em voga.
Em um primeiro momento, levantar-se-ão os dados e informações
sobre o tema do trabalho. Após isto, realizar-se-á a centralização e análise das
informações coletadas, permitindo a conclusão do trabalho.
O método utilizado nesta monografia é limitado no que se refere a sua
vasta abrangência, pois não se trata de um estudo de caso sobre determinada
empresa. Trata-se de uma tentativa de criar um resumo teórico que possa ser
aplicado a diversas empresas que divulguem para o público seus balanços.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A gestão financeira e as demonstrações contábeis..................10
CAPÍTULO II - Os métodos e a importância da análise contábil......................26
CAPÍTULO III - Os indicadores econômico-financeiros....................................32
CAPÍTULO IV - O capital de giro, a geração de caixa e a alavancagem........
...........................financeira...............................................................................41
CONCLUSÃO 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 48
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO xx
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INTRODUÇÃO
No final do século XIX surgiu a análise de balanços, quando os
banqueiros americanos passaram a solicitar os mesmos às empresas
tomadoras de empréstimos. Porém, os referidos dados eram examinados de
maneira superficial, sem nenhuma técnica analítica ou tentativa de medição
quantitativa.
Somente no início do século XX a literatura contábil passou a citar, de
maneira muito vaga, a importância de comparar os dados das demonstrações
contábeis. Com o passar dos anos, a noção de comparação de diversos itens
foi se desenvolvendo. E em 1919, Alexandre Wall, precursor do estudo desta
temática, apresentou um modelo de análise de balanços por meio de índices,
demonstrando assim a necessidade de considerar outras relações, além
daquelas comumente citadas por outros autores anteriormente. Ele, também
foi corresponsável, pelo desenvolvimento de fórmulas matemáticas de
avaliação de empresas, ponderando diversos índices no balanço.
Em terras brasileiras, até o final da década de 60, na prática, pouco se
utilizava esse instrumento. O marco inicial foi a criação do SERASA, empresa
de análises e informações para decisões de crédito e apoio a negócios.
Segundo Silva (2011) a análise contábil, ou análise das demonstrações
contábeis, ou simplesmente análise de balanços, resume-se em calcular
quocientes e avaliar seus significados. Esta técnica possibilita ao gestor
financeiro extrair tendências, comparar desempenho de sua empresa com
outras do mesmo segmento, determinar características setoriais e regionais e
com relativo cuidado estabelecer parâmetros.
Também para Silva (2011), as principais ferramentas de análise de
balanços são os indicadores econômico-financeiros, a análise vertical e a
análise horizontal. É importante destacar que, em geral, a base da informação
utilizada são as informações contábeis obtidas pela contabilidade societária,
por meio das seguintes demonstrações: balanço patrimonial, demonstração do
resultado do exercício, demonstração do fluxo de caixa, demonstração das
mutações do patrimônio líquido e demonstração do valor adicionado.
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Atualmente, a análise de balanço é fundamental para os processos de
concessão de crédito e decisões de investimento de uma empresa. Através da
análise das demonstrações financeiras é possível: identificar os pontos críticos
dentro da organização e apresentar imediatamente um esboço das prioridades
para solucionar esses problemas.
A correta noção da estrutura das demonstrações financeiras e
conhecimento para analisá-las, irão auxiliar o administrador em suas tomadas
de decisões; criando assim, a possibilidade de grandes retornos financeiros e
crescimento à empresa. Por meio desses conhecimentos também é possível
identificar e descobrir a política financeira dos concorrentes e, com isso, adotar
critérios que poderão superá-los.
No mercado de trabalho atual, as empresas buscam profissionais
capacitados e com vasto conhecimento tanto no aspecto teórico quanto no
prático, com habilidades em análise, planejamento e controle de sistemas
financeiros.
A presente monografia pretende responder o seguinte problema: como
a análise de balanços pode auxiliar na formação de uma opinião
fundamentada da situação econômico-financeira evidenciada nas
demonstrações contábeis de uma empresa? E, tem como seu objetivo principal
a apresentação das principais ferramentas utilizadas atualmente na análise
das demonstrações contábeis para determinação da situação econômico-
financeira de uma empresa.
Para alcançar seu objetivo final, este autor, pretende desenvolver ao
longo dos capítulos os seguintes pontos: identificação dos sistemas de
informações contábeis, e das teorias de análise de balanços, apresentação
dos métodos e da importância da análise de balanços, caracterização dos
indicadores de liquidez, rentabilidade e estrutura de capital. E por fim, a análise
dos conceitos de: capital de giro, geração de caixa e alavancagem financeira.
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CAPÍTULO I
A GESTÃO FINANCEIRA E AS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS
Os objetivos da Contabilidade são; mensurar, registrar e informar os
aspectos que envolvem o patrimônio seja de pessoas físicas ou jurídicas.
Esses aspectos são divulgados através de relatórios contábeis, responsáveis
por evidenciar a movimentação ocorrida em determinado espaço de tempo,
abordando tanto aspectos qualitativos quanto quantitativos.
As representações dos impactos do ambiente econômico no
patrimônio das organizações seguem uma nomenclatura, padronizada em
normas por órgãos competentes para tal, atribuída a cada item sujeito ao
registro pela Contabilidade. Essa nomenclatura é grande importância, pois a
partir dela será possível que os usuários internos e externos sejam capazes de
extrair informações que serviram de suporte ao processo de tomada de
decisão.
Fica assim evidenciado o papel fundamental da Contabilidade na
função de apoio a Gestão Financeira, pois a primeira alimenta a segunda com
informações úteis, que servirão para nortear os caminhos de uma empresa
rumo ao sucesso.
1.1 – Definindo finanças
Finanças podem ser definidas como a arte e a ciência responsável
pela gestão de ativos financeiros. Segundo Gitman (2002) é a arte e a ciência
de administrar fundos, ocupando-se de mercados, instituições e instrumentos
que envolvem a transferência desses fundos entre pessoas, empresas e
governo.
Esta área tem como objeto de seu estudo a maneira como as pessoas
alocam seus recursos ao longo de um período de tempo, com o objetivo de
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obter benefícios com esta alocação. Enfoca como deve ser feita a gestão do
capital, onde e como ele deve ser aplicado, visando sempre o melhor retorno
possível.
A gestão financeira é necessária desde a implementação de um
negócio, gestão e ampliação deste, a fim de que se satisfaça a necessidade de
maximização de riquezas. Portanto, pode-se afirmar que o maior objetivo da
administração financeira é a gestão de recursos para que seja possível
alcançar as metas e objetivos estabelecidos por uma determinada empresa.
1.2 – O papel do gestor financeiro
As atividades que envolvem a gestão financeira se baseiam no estudo
e na análise de dados retirados das demonstrações contábeis de uma
empresa: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, do
fluxo de caixa da empresa, entre outras. Com isso, pode-se ter a correta noção
da quantia real disponível para financiamentos das atividades atuais e das
novas atividades a serem implantadas.
É nesse contexto que surge a figura do gestor financeiro, suas funções
típicas são: análise planejamento e controle financeiro. E sob sua
responsabilidade estão algumas decisões empresariais de suma importância
como, por exemplo: decisões de financiamento, decisões de investimento e
decisões operacionais em seus aspectos econômicos. Possui como seu maior
objetivo a maximização da riqueza do acionista a longo prazo, dado um nível
de risco.
1.3 – Apresentação das demonstrações contábeis
Segundo o Comitê de pronunciamentos Contábeis do Instituo dos
Auditores Independentes do Brasil, o IBRACON,
"as demonstrações contábeis são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das
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demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados." (NPC 27, 2005)
Segundo o Conselho Federal de Contabilidade as demonstrações
contábeis devem seguir os princípios contábeis e apresentar determinadas
características qualitativas, que serão objeto de estudo desta monografia.
Também serão exploradas as seguintes demonstrações: balanço patrimonial,
demonstração do resultado, demonstração dos lucros ou prejuízos
acumulados, podendo ser substituído pela demonstração das mutações do
patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa,e demonstração do valor
agregado; e por fim, notas explicativas, incluindo a descrição das práticas
contábeis.
O conteúdo que será apresentado no presente capítulo desta
monografia é uma consolidação de itens de maior relevância que estão
descritos nas seguintes Resoluções e Normas Brasileiras de Contabilidade
expedidas pelo Conselho Federal de Contabilidade: especialmente as
resoluções 750/93 (Princípios de Contabilidade); 1.121/08 (NBC TG – Estrutura
Conceitual); 1.185/09 (NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações
Contábeis); 1.255/09 (NBC TG 1000 – Contabilidade para Pequenas e Médias
Empresas) e 1.330/10 (ITG 2000 – Escrituração Contábil), as quais tratam,
principalmente, da confecção e apresentação das Demonstrações Contábeis.
1.3.1 – Princípios da Contabilidade
Inspirado na escola européia, o Conselho Federal de Contabilidade
através das resoluções 750 e 754, instituiu os princípios fundamentais da
contabilidade. Após a publicação da resolução 1.282 pelo CFC ocorreram duas
mudanças: os PFC passaram a denominar-se princípios contábeis e o princípio
da atualização monetária foi incorporado pelo princípio do registro pelo valor
original. Atualmente têm-se seis princípios, assim definidos por Niyama (2011):
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a) Entidade: o patrimônio da entidade não se confunde com o dos
sócios;
b) Continuidade: a continuidade ou não da entidade deve ser
considerada na classificação e avaliação dos ativos e passivos;
c) Oportunidade: o registro contábil deve ser feito de imediato e na
extensão correta;
d) Registro pelo valor original e Atualização monetária: os registros
devem ser feitos pelos valores originais das transações (em moeda
do país), levando em consideração a inflação;
e) Competência: receitas e despesas devem ser registradas no
período em que ocorreram;
f) Prudência: deve-se optar pelo menor valor do ativo e pelo maior
valor do passivo, sempre que as opções forem igualmente
adequadas.
1.3.2 – Características qualitativas das demonstrações contábeis
Aprovadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis em março de
2008, a preparação e apresentação das demonstrações contábeis para
usuários externos deve apresentar alguns aspectos básicos. Esses aspectos
são características qualitativas que as demonstrações devem evidenciar para
que sejam úteis a à gestão empresarial. Segundo Niyama (2011) são elas:
a) Compreensibilidade: devem ser entendidas pelo usuário;
b) Relevância: devem ser relevantes em relação ao usuário;
c) Confiabilidade: devem estar livres de erros e vieses;
d) Comparabilidade: o usuário deve ser capaz de comparar
demonstrações de diferentes entidades;
e) Tempestividade: a informação deve ser oferecida dentro do tempo
de execução da decisão;
f) Equilíbrio entre custo e benefício: os benefícios derivados da
informação devem exceder os custos de sua produção.
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1.3.3 – Balanço Patrimonial
Conforme os artigos 176 a 182 e o artigo 187, da Lei 6.404/76,
conhecida como a Lei Societária, e segundo NBC T.3, o Balanço Patrimonial é
constituído pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido. Esta
demonstração contempla todas as operações ocorridas em uma empresa, seja
entre contas patrimoniais ou entre contas patrimoniais e de resultado.
O Balanço Patrimonial é composto pelo ativo que representa as
aplicações de recursos, os bens e direitos; pelo passivo que representa as
origens dos recursos, oriundo de capital de terceiros; e pelo patrimônio líquido
que também representa a origem dos recursos, porém oriundo do capital
próprio. Trata-se de um relatório de extrema valia, pois é através dele que o
usuário terá condições de saber, a qualquer momento, a situação de sua
empresa e a constituição do seu patrimônio.
A Situação Líquida ou Patrimônio Líquido de uma empresa é
considerada como a diferença entre a soma dos bens mais direitos diminuídos
das obrigações e representa o capital próprio da companhia, pois pertencem
aos proprietários da empresa ou acionistas. A fórmula seria a seguinte: BENS
+ DIREITOS – OBRIGAÇÕES = SITUAÇÃO LÍQUIDA OU PATRIMÔNIO
LÍQUIDO.
No Patrimônio Líquido podem ocorrer três situações, são elas: quando
o ativo é maior que o passivo, tem-se uma situação líquida ou patrimônio
líquido positivo; quando o passivo é maior do que o ativo, tem-se uma situação
líquida ou patrimônio líquido negativo, ou passivo a descoberto; e por fim,
quando o ativo é igual ao passivo, tem-se uma situação líquida ou patrimônio
líquido nulo.
A Lei 11.638/07 foi responsável pela definição da atual composição
dos elementos do Balanço Patrimonial: ativo circulante e não circulante (onde
as contas são dispostas em ordem decrescente de liquidez); passivo circulante
e não circulante (onde as contas são dispostas em ordem crescente das
exigibilidades); e patrimônio líquido. Os quadros 1 e 2, abaixo, demonstram as
respectivas composições.
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ATIVO
CIRCULANTE
Disponibilidades
Direitos realizáveis até o exercício seguinte
Despesas exercício seguinte
NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo
Direitos realizáveis após o exercício seguinte
Créditos com pessoas ligadas
Investimentos
(-) Provisão para perdas prováveis de realização
Imobilizado
(-) Depreciação, Amortização ou Exaustão acumulada
Intangível
(-) Amortização acumulada
Quadro 1 - Composição do ativo
PASSIVO
CIRCULANTE
Exigibilidades a Curto Prazo (obrigações vencíveis exercício seguinte)
NÃO CIRCULANTE
Exigibilidades a Longo Prazo (obrigações vencíveis em prazo maior)
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social
Reservas de Capital
Ajustes de Avaliação Patrimonial
Reservas de Lucros
Ações/Quotas em Tesouraria
Prejuízos Acumulados
Quadro 2 - Composição do passivo e do patrimônio líquido
1.3.4 – Demonstração do Resultado do Exercício
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A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) foi instituída pelo
artigo 187 da Lei 6.404/76. Este relatório contábil é elaborado em conjunto com
o balanço patrimonial, e, é composto por: receitas, despesas, custos, perdas e
ganhos de uma determinada entidade. Seu objetivo é apresentar
resumidamente, em uma disposição vertical, o resultado apurado em relação
ao conjunto de operações realizadas em um determinado espaço de tempo,
normalmente, de doze meses. Segundo o renomado autor Iudícibus
“A Demonstração do Resultado do Exercício é um resumo
ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado
período. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja,
das receitas subtraem-se as despesas e em seguida, indica-se
o resultado (lucro ou prejuízo)” (2004, p.194)
A Demonstração do Resultado do Exercício deve ser elaborada com
base no regime de competência, ou seja, as receitas e despesas que nela são
demonstradas devem ser incluídas na operação do resultado do período em
que ocorreram, simultaneamente quando se correlacionam, independente se
foram pagas ou não.
Segundo Marion (2003, p. 127) “A DRE é extremamente relevante para
avaliar o desempenho da empresa e a eficiência dos gestores em obter
resultado positivo. O lucro é o objetivo principal das empresas”. Essa
demonstração apresenta a despesa consumida (utilizada) e a receita gerada
(ganha), o que colabora para que sua utilidade seja bastante significativa a
diversos usuários. Pode ser útil aos gestores da própria entidade, seus
acionistas, aos bancos financiadores, e até mesmo ao governo. Sempre que a
DRE retratar de forma fiel a situação de uma empresa, por meio dela será
possível realizar uma gestão voltada para a eficiência e competência.
No Brasil, de acordo com a legislação supracitada, as empresas
deverão discriminar determinados itens na demonstração do resultado do
exercício, cuja estrutura deverá ser composta conforme o quadro abaixo.
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
FATURAMENTO BRUTO (somente quando se tratar de empresa industrial)
(-) IPI (imposto por fora)
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= RECEITA OPERACIONAL BRUTA
Vendas de Produtos
Vendas de Mercadorias
Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTO DAS VENDAS
Custo dos Produtos Vendidos (CPV)
Custo dos Serviços Prestados (CSP)
Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com Vendas
Despesas Administrativas
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeira
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas
OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado de Equivalência Patrimonial
Vendas de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo de Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULATDO OPERACIONAL ANTES DO IR E CSSL
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes
Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados
18
= RESULATDO DO EXERCÍCIO
Quadro 3 – Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício
1.3.5 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ficam
evidenciadas as variações que ocorreram no capital próprio da empresa
durante em certo intervalo de tempo. Trata-se de uma representação, ou um
detalhamento das contas existentes no patrimônio líquido. Mostra os aumentos
e as reduções do capital, e inclui também, o resultado do exercício.
A DMPL é facultativa a maioria das entidades, porém é de caráter
obrigatório a sua publicação pelas companhias de capital aberto, instituições
financeiras e seguradoras. Uma vez apresentada, substitui a obrigatoriedade
de publicar a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), pois
a DMPL é mais completa e mais informativa do que DLPA. Ou seja, para fins
de análise da situação da entidade a DMPL possui uma importância maior.
Segundo Niyama (2011) o patrimônio líquido (PL) sofre aumentos e
reduções, de acordo com determinados eventos que ocorram na entidade, há
ainda eventos que, simplesmente, não afetam o patrimônio líquido. Tais
eventos podem assim ser divididos:
a) Eventos que aumentam o PL: ajustes de exercícios anteriores
(credor), atualização monetária, lucro líquido do exercício,
reavaliação de ativos, doações e subvenções, ágio na emissão de
ações, integralização de aumento de capital, alienação de partes
beneficiárias bônus de subscrição e ações em tesouraria, e por fim,
lucro na venda de ações em tesouraria.
b) Eventos que reduzem o PL: ajustes de exercícios anteriores
(devedor), prejuízo líquido do exercício, dividendos e juros sobre o
capital próprio, redução de capital, aquisição de ações de própria
emissão, e finalmente, prejuízo na venda de ações em tesouraria.
c) Eventos que não afetam o PL: aumento de capital com utilização de
reservas ou lucros acumulados, apropriações de lucro líquido às
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reservas, reversões de reservas para lucros acumulados, e
compensação de prejuízos com reservas.
Segue abaixo um modelo sugerido por Niyama (2011) da forma de
apresentação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido,
contendo os itens obrigatórios dessa demonstração:
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Cap
ital
Rea
lizad
o
Res
erva
s de
Cap
ital
Res
erva
s de
Lucr
os
Lucr
os
Acu
mula
dos
Tota
l
Saldos em 31/12/X0
Ajustes de Exercícios Anteriores
Efeito de mudança de critérios
contábeis
Retificações de erro de exercícios
anteriores
Saldos em 31/12/X0
Aumentos de Capital
Com lucros e reservas
Por subscrição realizada
Reversões da Reservas
De contingências
De Lucros a realizar
Lucro Líquido do Exercício
Proposta de Administração de
Destinação do Lucro
Transferência para Reservas
Reserva Legal
Reserva Estatutária
Reserva de Lucros a Realizar
Reserva de Lucros para Expansão
20
Juros sobre o Capital Próprio
Dividendos a distribuir (R$ x,xx por ação)
Saldos em 31/12/X1
Quadro 4 – Modelo da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
1.3.6 – Demonstração do Fluxo de Caixa
Segundo a definição de Assaf Neto e Silva (1997, p. 35) “o fluxo de
caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de
recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de
tempo”.
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é um relatório específico
dessa conta, que apresenta a movimentação dos ativos mais líquidos. Esta
demonstração irá exibir a movimentação financeira ocorrida durante o exercício
social. Seu objetivo principal fornecimento de informações relevantes sobre as
entradas e saídas de caixa de uma entidade para um determinado período de
tempo.
A Lei 11.638/07 torna obrigatória a apresentação deste relatório pela
contabilidade para as companhias abertas e as fechadas que possuírem, na
data de seu balanço, patrimônio líquido igual o superior a R$ 2.000.000,00.
Os principais objetivos da Demonstração do Fluxo de Caixa, de acordo
com o pensamento de Matarazzo (1997, p. 370) são: avaliar alternativas de
investimentos, avaliar e controlar, ao longo do tempo, as decisões importantes
que são tomadas na empresa, com reflexo monetário; avaliar as situações
presentes e futuras do caixa na empresa, posicionando-a para que não chegue
a situações de iliquidez; e por fim, certificar de que os excessos momentâneos
de caixa estão sendo devidamente aplicados.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis por meio de seu
pronunciamento técnico CPC 03 (2010) destaca a importância desta
demonstração. A Demonstração do Fluxo de Caixa contém informações que
são de grande valia quando utilizadas em conjunto com outras demonstrações
contábeis. Esse relatório contábil reflete as transações ocorridas no caixa das
21
atividades operacionais, das atividades de investimento e das atividades de
financiamento. Com isso, é capaz de auxiliar seus usuários proporcionando
uma base para a avaliação da capacidade da entidade de gerar fluxos de caixa
e equivalente caixa líquidos positivos decorrentes de suas atividades, com o
objetivo de atender às suas obrigações e também de distribuir dividendos aos
seus acionistas.
A Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser apresentada por meio de
dois métodos: direto e indireto. O método direto faz uma segregação em
relação aos tipos de atividades. Já o método indireto, inicia-se do lucro líquido,
e realizados os ajustes necessários, chega-se ao valor final das
disponibilidades geradas no período das operações retratadas pela DFC.
Segue abaixo os modelos simplificados dos métodos supracitados,
seguindo como base os modelos adotados pelo Financial Accounting
Standards Board (FASB).
Demonstração do Fluxo de Caixa (Direto)
Descrição X0 X1
Das Atividades Operacionais $ $
(+) Recebimentos de clientes e outros $ $
(-) Pagamentos a fornecedores $ $
(-) Pagamentos a funcionários $ $
(-) Recolhimentos ao governo $ $
(-) Pagamento a credores diversos $ $
(=) Disponibilidades Geradas pelas Atividades Operacionais $ $
Das Atividades de Investimentos $ $
(+) Recebimento de venda de imobilizado $ $
(-) Aquisição de ativo permanente $ $
(+) Recebimento de dividendos $ $
(=) Caixa Líquido Consumido nas Atividades de
Investimentos
$ $
Das Atividades de Financiamentos $ $
(+) Novos empréstimos $ $
22
(-) Amortização de empréstimos $ $
(+) Emissão de debêntures $ $
(+) Integralização de capital $ $
(-) Pagamento de dividendos $ $
(=) Caixa Líquido Consumido nas Atividades de
Financiamentos
$ $
Aumento/Diminuição nas Disponibilidades $ $
Saldo disponibilidades em X0 $ $
Saldo disponibilidades em X1 $ $
Quadro 5 – Demonstração do Fluxo de Caixa (Método Direto)
Demonstração do Fluxo de Caixa (Indireto)
Descrição X0 X1
Lucro Líquido $ $
(-) Aumento de estoques $ $
(+) Depreciação $ $
(-) Aumento de clientes $ $
(+) Pagamento de funcionários $ $
(+) Contas a pagar $ $
(+) Pagamentos de impostos e tributos $ $
(+) Aumento de fornecedores $ $
(=) Fluxo de Caixa Operacional Líquido $ $
Das Atividades de Investimentos $ $
(+) Recebimento de venda de imobilizado $ $
(-) Aquisição de ativo permanente $ $
(+) Recebimento de dividendos $ $
(=) Caixa Líquido Consumido nas Atividades de
Investimentos
$ $
Das Atividades de Financiamentos $ $
(+) Novos empréstimos $ $
(-) Amortização de empréstimos $ $
23
(+) Emissão de debêntures $ $
(+) Integralização de capital $ $
(-) Pagamento de dividendos $ $
(=) Caixa Líquido Consumido nas Atividades de
Financiamentos
$ $
Aumento/Diminuição nas Disponibilidades $ $
Saldo disponibilidades em X0 $ $
Saldo disponibilidades em X1 $ $
Quadro 6 – Demonstração do Fluxo de Caixa (Método Indireto)
1.3.7 – Demonstração do Valor Adicionado
Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, através de seu
pronunciamento técnico CPC 03 (2008) “Demonstração do Valor Adicionado
(DVA), tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua
distribuição, durante determinado período”. Trata-se de um informe contábil
que apresenta sinteticamente, os valores que correspondem à formação da
riqueza produzida pela entidade e também a sua distribuição entre os
elementos que contribuíram para essa formação, dentro de um exercício
social.
O inciso V do artigo 176 da Lei nº 11.638/2007 inseriu a Demonstração
do Valor Adicionado, um dos elementos que compõe o Balanço Social, no rol
das demonstrações contábeis que as companhias abertas devem
obrigatoriamente apresentar ao final de cada exercício financeiro. Para as
demais entidades sua elaboração e apresentação são de caráter facultativo.
Através da análise da DVA é possível identificar os elementos
beneficiados com o desempenho da empresa, por exemplo: governo,
funcionários, financiadores de capital, quotistas ou acionistas, comunidade, os
quais são representados itens que compõe a estrutura dessa demonstração.
Por isso, para que a DVA seja capaz de apresentar a distribuição da riqueza
gerada, ela deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: pessoal e
encargos; impostos, taxas e contribuições; juros e aluguéis; juros sobre o
24
capital próprio (JCP) e dividendos; e por fim, lucros retidos/prejuízos do
exercício.
Essa demonstração pode ser utilizada com uma ferramenta gerencial,
pois possibilita a avaliação do desempenho social e empresarial de uma
entidade, por intermédio da distribuição da riqueza produzida. Ou seja, é
possível extrair um índice de desempenho na produção de riqueza,
possibilitando assim que a eficiência da empresa seja mensurada. Também é
possível estabelecer uma comparação dos valores referentes as entradas com
os valores referentes as saídas, e com isso determinar a maneira como os
fatores de produção estão sendo utilizados. Por fim, serve também para
identificar a contribuição da entidade para sociedade na qual ela está inserida.
Segue abaixo um modelo sugerido para apresentação da
Demonstração do Valor Adicionado.
Demonstração do Valor Adicionado
Descrição X0 X1
1. Receitas $ $
1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços $ $
1.2 Provisão para devedores duvidosos – reversão (constituição) $ $
1.3 Não operacionais $ $
2. Insumos adquiridos de terceiros (inclui ICMS e IPI) $ $
2.1 Matérias-primas consumidas $ $
2.2 Custos das mercadorias e serviço vendidos $ $
2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros $ $
2.4 Perda/recuperação de valores ativos $ $
3. Valor Adicionado Bruto (1 – 2) $ $
4. Retenções $ $
4.1 Depreciação, amortização e exaustão $ $
5. Valor Adicionado Líquido produzido pela entidade (3 – 4) $ $
6. Valor Adicionado recebido em transferência $ $
6.1 Resultado de equivalência patrimonial $ $
6.2 Receitas financeiras $ $
25
7. Valor Adicionado Total a distribuir (5 + 6) $ $
8. Distribuição do Valor Adicionado $ $
8.1 Pessoal e encargos $ $
8.2 Impostos, taxas e contribuições $ $
8.3 Juros e aluguéis $ $
8.4 Juros sobre o capital próprio e dividendos $ $
8.5 Lucros retidos / Prejuízo do exercício $ $
Quadro 7 – Demonstração do Valor Adicionado
26
CAPÍTULO II
OS MÉTODOS E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE
CONTÁBIL
Análise de balanço surge para atender a necessidade de
informações dos diversos usuários das demonstrações contábeis. É uma
atividade que tem por objetivo a busca pela identificação dos aspectos
positivos e negativos em relação a situação financeira e gerencial das
entidades. Para atingir esse objetivo faz uso dos números apresentados em
seus balanços patrimoniais.
2.1 – Tipos de análise contábil
A análise contábil segundo a definição de Silva (2011) pode ser
classificada em dois tipos: análise por série temporal ou análise comparativa.
A análise por série temporal possui como objetivo o acompanhamento
ou mapeamento da evolução de uma conta patrimonial ou de resultado
específica, em um espaço de tempo definido. É capaz de avaliar se houve ou
não evolução no saldo da conta analisada.
Já a análise comparativa é executada com o intuito de criar
mecanismos de comparações. Ou seja, a partir dos indicadores econômico-
financeiros divulgados pela entidade. Outros itens também poderão ser
utilizados, como, por exemplo: dados históricos, orçamentos entre outros,
buscando a criação de um juízo de valor.
2.2 – Processos e métodos da análise contábil
Para Niyama (2011) os processos de análise contábil são a
materialização da técnica através de fórmulas e condutas. As diversas
27
demonstrações contábeis são utilizadas, e o responsável pela análise irá
utilizar seus papéis de trabalho para desenvolver os vários tipos de análise.
Na análise vertical, cujo foco é a estrutura, procura-se identificar a
participação de cada elemento em relação a outro elemento da mesma
demonstração. O parâmetro utilizado para as contas de resultado é a receita
operacional, já para as contas patrimoniais são o ativo e o passivo.
No caso da análise horizontal, o foco é a evolução, e o objetivo é
identificar a evolução percentual dos vários itens da demonstração financeira
de um período para o outro, mostrando se houve crescimento ou não do item
analisado.
Já a análise por quociente, tem a finalidade de estabelecer uma
relação numérica entre duas contas patrimoniais ou de resultado. Por exemplo,
o valor total do ativo não circulante representa 1,5 em relação ao valor total do
passivo não circulante, ambos de um mesmo período.
Os métodos de análise são a decomposição ou cálculo dos resultados
dentro de um determinado processo de análise. Com isso, possibilita a criação
de informações parciais e globais sobre a situação financeira da empresa. O
que irá possibilitar avaliar o patrimônio, os resultados e as tendências de uma
entidade. Existem quatro tipos de métodos:
a) Valores diretos: utiliza a técnica das diferenças absolutas, não há a
preocupação com variações eventuais, por exemplo, as variações
que decorrem de índices inflacionários;
b) Valores percentuais: trata-se do método que usa os coeficientes,
eles são encontrados por meio da divisão do percentual encontrado
por 100;
c) Quocientes: utilizado nos índices financeiros, representa a relação
numérica entre dois itens; e por fim;
d) Matricial: este método tem por objetivo o estabelecimento de
correlações, com a finalidade de estipular vínculos entre os itens do
ativo (as aplicações de recursos), com os itens do passivo (origens
de recursos). Com isso, é capaz de, por exemplo, mesurar qual é o
percentual de recursos próprios (patrimônio líquido) responsável por
28
financiar as aplicações no ativo não circulante, ou até mesmo, qual
é a parcela do exigível a curto prazo que está investida em valores
circulantes do ativo da entidade.
2.3 – Análise horizontal e vertical
Fernandes (1997) afirma que as análises horizontal e vertical são
técnicas simples, eficientes e de grande importância no que se refere às
informações geradas para a avaliação do desempenho de uma empresa. São
capazes de proporcionar uma visão holística sobre os demonstrativos
econômico-financeiros de uma entidade.
2.3.1 – Base conceitual
Segundo Pedro Fernandes a Análise Vertical, também conhecida
como Análise de Estrutura:
(...) é o processo que objetiva a medição percentual de cada
componente em relação ao total de que faz parte. A proporção de
cada parte em relação ao total é definida mediante aplicação da
regra de três simples. A determinação da porcentagem de cada
elemento patrimonial em relação ao conjunto indica o coeficiente
dos diversos grupos patrimoniais, fornecendo, assim, idéia precisa
de distribuição dos valores no conjunto patrimonial. É importante
saber a porcentagem de cada grupo em relação ao total, pois, por
meio dessa análise, podemos aquilatar se há excesso de
imobilização, insuficiência de capitais ou de disponibilidades,
excesso de determinada despesa, etc (1997, p.66).
Fernandes também nos oferece uma excelente definição para a
Análise Horizontal, ou Análise de Evolução:
(...) corresponde ao estudo das variações ocorridas, em períodos
de tempos consecutivos, nos itens que compõem esses
demonstrativos. Adota-se o índice 100 (cem) como representativo
dos valores monetários do ano que serve para confronto com os
valores dos demais períodos. Pela regra de três simples, calculam-
se os índices correspondentes aos períodos que serão
29
confrontados com o período-base. Dependendo da utilidade, face
ao objetivo da análise, pode-se calcular a AH alternada, ou seja,
considerando-se o ano imediatamente anterior como base. Esse
tipo de análise tem por objetivo a apreciação da evolução dos
componentes patrimoniais ou de resultado em determinada série
de exercícios. Presta-se, também, à análise prospectiva do
patrimônio ou de resultado no horizonte temporal, permitindo a
avaliação das perspectivas econômicas e financeiras da entidade.
A razão principal da utilização de números-índices, nesse tipo de
análise, é a facilidade que esse sistema proporciona para a
observação do crescimento dos saldos das contas componentes
dos demonstrativos (1997, p.67).
É importante destacar que a inflação prejudica a análise quando se
trata de demonstrações consecutivas. A conversão dos saldos das contas
analisadas em valores a mesma data elimina a possibilidade de erros sob esse
aspecto.
A utilização das análises horizontal e vertical será completa quando
forem usadas em conjunto. Assim, a informação produzida será mais fiela real
situação econômico-financeira da entidade.
2.3.2 – Aspectos positivos e negativos
Alguns aspectos positivos podem ser destacados sobre essas
técnicas. O primeiro deles refere-se a possibilidade de análise de fatos
passados e futuros para cada item em questão. O segundo, está relacionado a
possibilidade de se estabelecer uma relação entre a parte e o todo, ou seja,
entre grupos e subgrupo do ativo, passivo ou patrimônio líquido.
Sobre as limitações, pode-se afirmar que a necessidade de ajustes no
balanço é um fator prejudicial a essas análises. Em um caso específico onde
há uma relação de empresas controladora e controlada, o lucro oriundo das
operações entre as partes integrantes de uma mesma unidade pode confundir
o responsável pela análise. Por fim, caso a entidade esteja inserida em
ambiente inflacionário, quanto maior for a instabilidade da moeda, maior será a
distorção apresentada pela análise.
30
A análise vertical e a horizontal são capazes de facilitar a visão da
evolução da empresa, demonstrando como isso está ocorrendo em suas
contas, contribuindo assim para determinar a situação financeira e econômica
da entidade. Caso seja observada uma situação desfavorável, essas análises
não irão fornecer respostas para uma melhora.
2.4 – A importância da análise contábil
Para Rios (2010) a análise contábil, realizada por meio de índices
financeiros, tanto pode ser usada para comparar o desempenho e a situação
de uma empresa com os de outra empresa, como para analisar seu
comportamento em um determinado período de tempo.
Segundo Silva (2011) os índices são obtidos a partir da análise das
demonstrações financeiras, que, se entendidas de forma ampla, englobam: as
demonstrações contábeis obrigatórias (balanço patrimonial, demonstrativo do
resultado do exercício, demonstrativo do fluxo de caixa e demonstrativo do
valor adicionado), e as demonstrações contábeis não obrigatórias
(demonstração de origens e aplicações dos recursos e demonstração das
mutações do patrimônio líquido). Além dessas demonstrações, existem fontes
adicionais bastante úteis para a interpretação dos dados contábeis e da
análise de tendências, são elas: as notas explicativas, os relatórios da
administração e o parecer dos auditores independentes.
Alguns fatores podem afetar esses índices, são eles: eventos
econômicos (juros, câmbio e renda), fatores do segmento industrial (tecnologia
e disponibilidade de insumos) política de administração (abertura ou
fechamento de capital), e por fim, mudanças nos procedimentos contábeis
(UEPS, PEPS, apuração do Custo das Mercadorias Vendidas).
Existem também outros fatores que devem ser considerados em
conjunto quando da análise dos índices, são eles: fatores geográficos,
econômicos e mercadológicos; índices de períodos anteriores, e por fim,
índices de concorrentes no mercado.
31
As informações produzidas pela análise contábil poderão ser usadas
por diversos usuários, são eles: acionistas, bancos, governo, gerentes da
organização, sindicatos de empregados, sindicatos patronais, clientes, e por
fim, investidores.
Segundo Rios (2010) a missão principal da análise de balanços é
contribuir para o desenvolvimento da empresa. Para isso irá observar e
confrontar os elementos patrimoniais e os resultados das operações, com o
intuito de conhecer detalhadamente os aspectos qualitativos e quantitativos, de
modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação
econômico-financeira. Assim, também servirá de ponto de partida para traçar o
comportamento futuro da empresa.
Braga contribui de sobremaneira com a seguinte definição:
O objetivo da análise das demonstrações contábeis como
instrumento de gerência consiste em proporcionar aos
administradores da empresa uma melhor visão das tendências dos
negócios, com a finalidade de assegurar que os recursos sejam
obtidos e aplicados, efetiva e eficientemente, na realização das
metas da organização. A atividade administrativa deve ser
desenvolvida em conexão com as informações contábeis, com
vistas aos aspectos de planejamento, execução, apuração e
análise do desempenho. (1999, p.166).
Outro objetivo importante da análise das demonstrações financeiras é
a busca de informações que permitam aos agentes econômicos avaliarem
corretamente o valor das ações e títulos das empresas, de tal forma a
estabelecer corretamente o seu preço de mercado.
A análise de balanços é arte que por meio de cálculos e interpretações,
transforma os valores contidos nas demonstrações contábeis em informações
úteis aos diversos usuários desses relatórios.
A eficiência dessa análise está diretamente relacionada ao
conhecimento do analista a respeito das operações da empresa que estiver
sendo analisada. Este conhecimento contempla a política econômica e
financeira em todos seus aspectos, internos e externos.
32
CAPÍTULO III
OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS
Segundo Silva (2011) de uma maneira geral, a utilização dos
indicadores econômico-financeiros na análise das demonstrações contábeis,
ou simplesmente análise de balanços, tem por objetivo estabelecer relações
úteis e válidas entre as diversas contas que patrimoniais e de resultado.
Esses índices ou indicadores podem são agregados por grupos, que
podem ser nomeados da seguinte forma: liquidez ou solvência, rentabilidade e
estrutura de capital.
3.1 – Indicadores de liquidez ou solvência
Os índices de liquidez ou solvência são responsáveis por mensurar a
capacidade de uma entidade em honrar (pagar) seus compromissos
financeiros (obrigações) a curto prazo junto a clientes, fornecedores,
empregados e ao Governo. São eles: corrente, seca, imediata, e geral.
É importante destacar que, para uma análise correta e profunda, deve-
se observar e comparar os quatro índices simultaneamente. O ramo no qual a
empresa atua no mercado, suas necessidades e quais respostas se espera
encontrar, devem ser definidas antes do estudo.
3.1.1 – Liquidez Corrente
É um dos índices mais utilizados. Demonstra se o montante que a
entidade possui em seu ativo circulante é suficiente para honrar suas dívidas,
constantes no passivo circulante. Portanto, determina a capacidade de
pagamento da empresa no período de um ano. É expressa pela seguinte
fórmula:
Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
33
A interpretação deste índice mostra que quanto maior melhor. Valores
acima de um representam uma folga financeira no ativo circulante da entidade.
Caso o resultado encontrado seja menor do que um, significa que a empresa
não possui disponibilidades suficientes para pagar todas as suas obrigações
de curto prazo, se houvesse essa necessidade.
3.1.2 – Liquidez Seca
Este índice possui um conceito semelhante ao da liquidez corrente,
porém é mais conservador, uma medida mais rigorosa, pois diminui o valor
referente aos estoques. Ou seja, considera que as obrigações seriam pagas
sem que fosse preciso vender os estoques. A fórmula para o cálculo é a
seguinte:
Liquidez Seca = (Ativo Circulante - Estoques) / Passivo Circulante
Quanto a interpretação deste índice pode-se dizer que é a mesmas do
anterior, quanto maior melhor. Demonstra a capacidade da entidade de honrar
suas dívidas usando apenas seus ativos mais líquidos.
3.1.3 – Liquide Imediata
A liquidez imediata considera apenas o saldo que a entidade apresenta
em seu disponível (caixa, bancos e aplicações financeiras) para quitar suas
obrigações de curto prazo. Ou seja, demonstra o valor que a empresa possui
imediatamente para sanar suas dívidas de curto prazo. É representada pela
seguinte fórmula:
Liquidez Imediata = Disponível / Passivo Circulante
Em relação a sua interpretação, nota-se que segue o mesmo padrão
das anteriores, quanto maior melhor. Porém, vale destacar que não é comum
encontrar valores maiores do que um. Caso o resultado seja igual ou maior do
que um, significa dizer que a empresa possui muito dinheiro em suas
disponibilidades, e isso pode representar uma má administração financeira.
Pois estes valores poderiam seguir outros destinos mais rentáveis para a
34
empresa: outras aplicações financeiras com rendimentos maiores a longo
prazo, ou outros investimentos dentro da própria empresa.
3.1.4 – Liquidez Geral
A liquidez geral se difere dos demais índices supracitados pelo fato de
apresentar a situação financeira da entidade no longo prazo. Representa a
capacidade da entidade de honrar suas obrigações de curto e longo prazo. Em
sua fórmula irá confrontar: o valor referente ao total do ativo circulante e ao
total do ativo realizável a longo prazo com o valor total do passivo circulante e
do total do exigível a longo prazo. Será expressa da seguinte maneira:
Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo) /
(Passivo Circulante + Passivo Não Circulante)
A interpretação deste índice também é quanto maior melhor. Porém
para que essa interpretação seja correta, deve-se conhecer a origem dos
valore referentes aos exigíveis a longo prazo. Caso eles sejam de baixa
exigibilidade (debêntures conversíveis em ações), não irão causar grandes
preocupações.
3.2 – Indicadores de rentabilidade
Os índices de rentabilidade, também conhecidos por indicadores
econômicos são responsáveis pela mensuração da lucratividade de uma
entidade. Esses índices são capazes de avaliar os resultados econômicos
obtidos pela entidade, demonstrando qual foi o rendimento dos investimentos
realizados pela empresa.
Os índices de rentabilidade irão indicar, resumidamente, o lucro
auferido pela empresa estabelecendo uma relação com os custos e despesas
despendidos para sua realização, e também, em relação aos montantes
investidos. Por isso, a interpretação dos resultados obtidos por esses índices é
quanto maior melhor. A tendência desejável para todos os índices que serão
abordados neste capítulo é crescente.
35
Segundo Niyama (2011) os principais indicadores são: retorno sobre o
ativo (ROA), retorno sobre os investimentos (ROI), retorno sobre o patrimônio
líquido (ROE), margem bruta, margem operacional, margem líquida e, por fim,
lucro por ação.
3.2.1 – Retorno sobre o Ativo (ROA)
Segundo Assaf Neto (2008) o retorno sobre o ativo é taxa de retorno
gerada pelas aplicações realizadas por uma empresa em seus próprios ativos.
Representa o quanto cada R$ 1,00 investido irá gerar de retorno. A fórmula
para encontrar o índice é a seguinte
ROA = Lucro Operacional / Ativo Total Médio
Cabe destacar que o lucro operacional é aquele que foi originado dos
ativos, ou seja, é o lucro após o Imposto de Renda, anterior as despesas e
receitas financeiras.
3.2.2 – Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
Para Silva (2011) este índice é responsável por mensurar quanto a
entidade obteve de lucro para cada R$ 1,00 de recursos próprios (capital
próprio) investidos na empresa. Irá medir o retorno dos recursos aplicados na
entidade somente por seus proprietários, ou seja, o lucro que os proprietários
auferiram. Pode ser obtido pela fórmula:
ROE = Lucro Líquido / Patrimônio Líquido
3.2.3 – Retorno sobre os Investimentos (ROI)
Para Niyama (2011) o retorno sobre os investimentos demonstra a
rentabilidade gerada pelo total dos recursos aplicados nos investimentos. E,
difere-se do ROA no denominador de sua fórmula. Substitui-se o Ativo Total
Médio pelo conceito Investimentos, este conceito se refere ao total dos ativos
diminuído dos passivos provenientes do ciclo operacional da empresa
36
(fornecedores, salários a pagar e impostos a pagar). O cálculo é feito da
seguinte maneira:
ROI = Lucro Operacional / Investimentos Total Médio
3.2.4 – Margem Bruta
A margem bruta mensura o lucro bruto produzido por cada R$ 1,00 de
receita líquida da empresa. Este índice apresenta o percentual das vendas
líquidas que restou após os custos de produção ou de aquisição das
mercadorias e serviços.
Margem Bruta = (Lucro Bruto / Receita Líquida) x 100
Assim como as demais margens que ainda serão citadas, é expressa
em percentual.
3.2.5 – Margem Operacional
A margem operacional mede o lucro produzido pelas operações da
entidade confrontado com a receita líquida. Um de seus objetivos é controlar o
volume das despesas nos setores operacionais. Também é bastante utilizada
para medir o desempenho dos setores administrativo e de vendas. É
representada pela fórmula:
Margem Operacional = (Lucro Bruto / Receita Líquida) x 100
3.2.6 – Margem Líquida
A margem líquida demonstra quanto a empresa obteve de lucro líquido
para cada R$ 1,00 vendido. É uma medida comumente utilizada quando se
deseja divulgar o sucesso da empresa sob o aspecto de lucratividade nas
vendas. É representada pela seguinte fórmula:
Margem Líquida = (Lucro Bruto / Receita Líquida) x 100
É importante ressaltar que nesta margem estão incluídos os
resultados: financeiro e não-operacionais.
37
3.2.7 – Lucro por Ação
Segundo Silva (2011) este conceito envolve o lucro líquido da empresa
e o número de ações que ela possui. O índice irá demonstrar qual valor será
destinado a cada ação pelo lucro produzido no exercício. Para um cálculo
bastante simplificado, usa-se a seguinte fórmula:
Lucro por Ação = Lucro Líquido / Número de Ações
É importante destacar que existem ações de diversos tipos, cujas
características para remuneração são distintas. Portanto, deve ater aos
pronunciamentos da CVM para esse assunto específico.
3.3 – Indicadores de estrutura de capital
Os índices de endividamento irão revelar o grau de endividamento de
uma entidade, demonstrando a de qual maneira o seu capital está estruturado.
Eles irão apresentar as fontes dos financiamentos e os custos associados a
esses. Por meio da análise, em exercícios consecutivos, desses índices é
possível entender a política usada pela empresa para obter seus recursos. Ou
seja, como e em qual proporção a empresa está financiando o seu Ativo, ou
com Recursos Próprios (Patrimônio Liquido) ou de Terceiros (Passivo
Circulante + Exigível a Longo Prazo).
Este sub capítulo pretende estudar, com base nos conceitos definidos
por Silva (2011), os principais índices, que são: relação de capital de terceiros
em relação ao capital próprio e em relação ao passivo total; composição e
custo do endividamento; imobilização do patrimônio líquido, capital circulante
próprio, imobilização de recursos não correntes, nível de desconto de
duplicatas, e, por fim, saldo de tesouraria.
3.3.1 – Relação Capital de Terceiros / Capital Próprio
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Para Assaf Neto (2008) sua principal função é demonstrar o grau de
dependência da entidade em relação aos recursos de origem externa.
Apresenta quanto a entidade possui de capital de terceiros para R$ 1,00 de
capital próprio.
Capital de Terceiros / Capital Próprio = (Passivo Corrente + Exigível a
Longo Prazo) / Patrimônio líquido
Pode-se interpretar seu resultado da seguinte maneira: quanto maior o
índice, maior o endividamento da empresa.
3.3.2 – Relação Capital de Terceiros / Passivo Total
Segundo Silva (2011) este índice irá demonstrar quanto do montante
dos recursos totais da entidade, é financiado por capital de terceiros.
Relação Capital de Terceiros / Passivo Total = (Passivo Corrente +
Exigível a Longo Prazo) / Passivo Total
Quanto maior for o valor resultante deste índice, maior será o nível de
endividamento da empresa.
3.3.3 – Composição do endividamento
Por meio da comparação entre as obrigações a curto prazo e as
obrigações totais, irá mostrar quanto da dívida total da entidade deverá ser
honrada no curto prazo.
Composição do endividamento = Passivo Corrente / (Passivo Corrente
+ Exigível a Longo Prazo)
Para Niyama (2011) a interpretação desse índice mostra que quanto
maior ele for, maior será a pressão sobre o disponível para honrar os
compromissos a curto prazo. E, quanto menor ele for maior será a folga sobre
o disponível para o mesmo caso.
3.3.4 – Imobilização do Patrimônio Líquido
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Representa quanto do ativo permanente da entidade é financiado
exclusivamente por seu capital próprio, ou seja, por seu patrimônio líquido.
Com isso, é capaz de mostrar o grau de dependência de recursos de terceiros
para que seus negócios sejam mantidos.
Imobilização do Patrimônio Líquido = Ativo Permanente / Patrimônio
Líquido
Neste caso, a interpretação que cabe é: quanto maior pior
3.3.5 – Capital circulante próprio
O capital circulante próprio representa qual foi a parcela do patrimônio
líquido responsável pelo financiamento do ativo circulante. Este índice procura
mensurar a dependência de capital de terceiros no financiamento do ativo
circulante. É definido pela seguinte expressão:
Capital Circulante Próprio = Patrimônio Líquido – Ativo Permanente
Quanto menor for esse índice, menor é o capital circulante próprio que
a empresa possui, e com isso maior será a sua dependência de capital de
terceiros.
3.3.6 – Imobilização de recursos não correntes
Este índice tem como objetivo mostrar o nível de recursos não
correntes que estão sendo aplicados no ativo permanente. O cálculo será feito
da seguinte maneira:
Imobilização de Recursos Não Correntes = Ativo Permanente /
(Exigível a Longo Prazo + Patrimônio Líquido)
Caso o valor encontrado referente a imobilização de recursos não
correntes seja maior do que um, pode-se afirmar que parte do ativo circulante
da empresa foi paga com recursos de curto prazo. Situação esta que não é
interessante para a entidade.
3.3.7 – Nível de desconto de duplicatas
40
É um índice bastante simples, sua função é avaliar o desconto de
duplicatas junto aos bancos. Para isso, faz uso da seguinte relação:
Nível de Desconto de Duplicatas = Duplicatas Descontadas /
Duplicatas a Receber
3.3.8 – Saldo de tesouraria
É um indicador que evidencia o descontrole no crescimento das fontes
onerosas de recursos de curto prazo. A expressão para determinar seu valor é
a seguinte:
Saldo de Tesouraria = Disponibilidades / Financiamentos
Para Assaf Neto (2008), caso o saldo de tesouraria seja positivo,
significa que a empresa possui disponibilidades de recursos. Porém, se o saldo
for negativo, pode-se afirmar que a empresa depende de fontes onerosas.
Quando em uma empresa, o saldo de tesouraria apresentar-se cada vez mais
negativo, essa empresa estará caminhando rumo a insolvência
41
CAPÍTULO IV
CAPITAL DE GIRO, GERAÇÃO DE CAIXA E
ALAVANCAGEM FINANCEIRA
O presente capítulo pretende abordar alguns conceitos importantes
que ainda não foram citados neste trabalho, como por exemplo: o capital de
giro, a geração de caixa e a alavancagem financeira. Serão apresentadas suas
definições com as respectivas fórmulas de cálculo, as possíveis interpretações,
e de que maneira eles podem ser úteis para diagnosticar a situação
econômico-financeira das empresas.
4.1 – Prazos médios de saldos patrimoniais
Os prazos médios dos saldos patrimoniais, também conhecidos como
indicadores de atividade tem o objetivo de mostrar a dinâmica operacional de
uma entidade. É de suma importância, pois a empresa precisa conhecer os
prazos de pagamentos de compras, renovação de estoque, recebimento de
vendas e o pagamento a fornecedores, para que esses dados possam ajudar
os gestores na tomada de decisões e no estabelecimento de metas.
De acordo com Bruni (2010) uma das etapas da análise contábil é o
estudo de medidas de desempenho de atividades operacionais da empresa,
por exemplo, aquelas relacionadas às compras, vendas, pagamentos e
recebimentos.
Bruni (2010) também afirma que os diferentes prazos de recebimento
ou pagamento afetam igualmente os diferentes ciclos de um negócio. O que
pode intervir nas contas operacionais (contas a receber, fornecedores, capital
de giro, etc).
4.1.1 – Prazo Médio de Recebimentos de Vendas (PMRV)
42
Segundo Santos (2001) o prazo médio de recebimento de vendas
mostra quantos dias, em média, a empresa leva para receber as vendas que
foram realizadas a prazo, no período de um ano.
PMRV = (Valores a Receber Médios / Vendas Anuais) x 360
Pode-se então afirmar que quanto menor for número encontrado nesse
índice, menor será o tempo que a empresa leva para receber de seus clientes
4.1.2 – Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE)
Para Gitman (2002) este índice mostra a rotatividade dos estoques da
entidade, e seu principal objetivo é mostrar o período de tempo médio que os
produtos ficam estocados. Ou seja, quantos dias se passam desde sua
aquisição até a sua venda, ao longo de um ano.
PMRE = (Estoque Médio / CMV) x 360
A interpretação do valor referente ao prazo médio de renovação dos
estoques é que quanto menor for o valor, melhor será para a empresa. Pois,
menor será a necessidade de capital de giro, por parte da empresa, para
manter seus estoques.
4.1.3 – Prazo Médio de Pagamentos de Compras (PMPC)
Segundo Bruni (2010) o prazo médio de pagamento de compras, ou a
fornecedores, indica qual período de tempo, em dias, gasto para que a
empresa possa pagar suas compras a prazo. Ou seja, quanto tempo a
empresa leva para honrar suas obrigações junto aos seus fornecedores.
PMPC = (Fornecedores Médios / Compras Anuais) x 360
Este índice mostra o número de dias entre as data da compra e seu
pagamento efetivo. Por isso, quanto maior for esse espaço de tempo, melhor
será para a empresa.
4.2 – Ciclo operacional e financeiro
43
Para Batistella (2006) o ciclo operacional está diretamente relacionado
com as fases operacionais da empresa: aquisição da matéria, produção,
pagamento aos fornecedores, entre outras fases, e por fim, o recebimento das
vendas. Em resumo, é o período que se inicia na data em que a mercadoria foi
comprada, e termina quando ocorre o recebimento das vendas. Este ciclo tem
a finalidade de mostrar em qual período haverá a necessidade de capital de
giro por parte da empresa. Pode ser calculado por meio da seguinte
expressão:
Ciclo Operacional = PMRE + PMRV
De acordo com Ramos (2008) o ciclo financeiro, também chamado de
conversão de caixa, se inicia com o pagamento do produto/matéria prima, que
será revendida ou transformada em produto acabado, e se encerra com o
recebimento do pagamento desse produto. Portanto, o ciclo financeiro de uma
empresa corresponde ao período entre o pagamento aos fornecedores da
empresa e o recebimento dos valores referentes à venda dos produtos. E,
pode ser expresso pela seguinte fórmula:
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional - PMPC
Caso o valor referente ao ciclo financeiro seja positivo, significa dizer que a
empresa necessita de capital de giro. Porém, se o resultado encontrado pela
expressão supracitada for negativo, demonstra que a empresa libera recursos
do seu capital de giro.
4.3 – O capital de giro
Segundo Niyama (2011) capital de giro é o capital necessário para
financiar a continuidade das operações da empresa, ou seja, é o conjunto de
valores necessários para a empresa possa executar suas atividades de
produção normais. A fórmula para o cálculo do capital de giro é a seguinte:
Capital de Giro = Ativo operacional – Passivo operacional
A necessidade de capital de giro ocorre em função do ciclo de caixa da
entidade. Para ciclos de caixa longos, tem-se uma necessidade de capital de
giro é maior. E quando o ciclo de caixa for mais curto, a necessidade de capital
44
de giro também será menor. Pode-se encontrar o valor da necessidade de
capital de giro por meio da seguinte expressão:
Necessidade de Capital de Giro = Capital de Giro Final – Capital de
Giro Inicial
Vale lembrar que a redução do ciclo de caixa deve ser uma das metas
da administração financeira, pois é sempre interessante para a empresa
receber mais cedo e pagar mais tarde.
4.4 – A geração de caixa
Segundo Matarazzo (2007) a geração de caixa é a variável
fundamental na moderna análise de crédito. Pois, demonstra a capacidade de
uma empresa de gerar caixa, ou seja, dinheiro, e com isso permite avaliar se a
empresa será capaz de honrar o compromisso firmado. O autor divide esse
conceito em três fórmulas de calculo, são elas:
a) Geração Bruta de Caixa = Lucro Líquido + Depreciação
b) Geração Operacional de Caixa = Geração Bruta de Caixa +/-
Necessidade de Capital de Giro
c) Geração Corrente de Caixa = Geração Operacional de Caixa +/-
Variação de Empréstimos a Curto Prazo
4.5 – A alavancagem financeira
Segundo Silva (2011) a alavancagem financeira corresponde a
utilização de recursos de terceiros para aumentar o nível de rentabilidade dos
acionistas. Quando o custo do endividamento for menor que o retorno dos
ativos, haverá alavancagem, pois uso de capital de terceiros aumenta o retorno
dos acionistas. Existem diversas formas de cálculo desse índice, sendo a mais
tradicional a seguinte:
Alavancagem Financeira = ROI + (ROI – CE) x (Capital de Terceiros /
Capital Próprio)
45
A interpretação desse índice irá auxiliar na avaliação da eficiência da
empresa em captar recursos. Caso o valor encontrado seja maior do que um, a
alavancagem será favorável a empresa.
46
CONCLUSÃO
Pode-se definir a Contabilidade como uma ciência social cujo objeto de
estudo é o patrimônio das entidades. Seu objetivo é gerar informações úteis e
inteligíveis sobre esse mesmo patrimônio. Para isso faz uso das
demonstrações contábeis, que quando apresentadas de forma oportuna são
capazes de demonstrar fielmente a realidade patrimonial da entidade.
A técnica utilizada pela contabilidade para demonstrar a situação
patrimonial, econômica e financeira da organização em dado momento, é a
análise de balanços. Esta análise irá possibilitar aos usuários internos e
externos, o acesso às informações necessárias para executar o processo
decisório e tomar a melhor decisão com relação à entidade.
Foi possível concluir que a análise de balanços, ou análise contábil,
tema de estudo desta monografia, poderá ser executada por meio da análise
horizontal, análise vertical ou pela análise de indicadores. Esse conjunto de
técnicas irão fornecer informações sobre a liquidez, rentabilidade e estrutura
de capital, e prazos de atividades da empresa. Tudo isso com a finalidade de
orientar os gestores para os melhores caminhos a serem tomados, para
garantir a continuidade da empresa e gerar riquezas.
A pergunta a ser respondida neste trabalho foi: como a análise de
balanços pode auxiliar na formação de uma opinião fundamentada da situação
econômico-financeira evidenciada nas demonstrações contábeis de uma
empresa?
A possível resposta para esse problema foi desenvolvida ao longo dos
capítulos desta monografia, por meio da apresentação das demonstrações
contábeis mais relevantes; dos métodos e técnicas de análise de balanços,
com sues aspectos positivos e negativos; da importância da análise contábil e,
por fim, pela apresentação de diversos índices e suas respectivas
interpretações.
Com o que foi apresentado pelo autor é possível afirmar que através
de demonstrações contábeis fidedignas e apresentadas de maneira clara, a
análise contábil fornece informações de suma importância para as decisões
47
que os gestores devem tomar para que sua empresa obtenha êxito em suas
operações.
A análise contábil é capaz de demonstrar: qual o nível de
endividamento de uma empresa, como está estruturado o seu capital, se é ou
não solvente, qual é o seu grau de liquidez, o quanto necessita de capital para
gerir suas atividades operacionais, se está ou não alavancada
financeiramente, entre outros aspectos úteis.
Com isso, é possível afirmar que a análise de balanços é capaz de
fornecer uma opinião fundamentada da situação econômico-financeira de uma
determinada entidade.
O principal ensinamento que se deve tirar desse trabalho é que a
análise deve ser feita sempre de maneira minuciosa por um profissional com
competência para isso; e que a clareza e a verdade das informações contábeis
são de extrema importância para que a opinião sobre a situação econômico-
financeira da empresa seja fidedigna. Trata-se de um trabalho de grande
responsabilidade, pois irá influenciar diretamente nos caminhos futuros da
entidade.
Vale ressaltar, que, para cada empresa, as interpretações das análises
horizontal e vertical, e também dos indicadores podem ser diferentes. As
características dos segmentos de mercados nos quais elas estão inseridas
devem ser levadas em consideração.
Portanto, pode-se sugerir que os profissionais e acadêmicos da área
de contabilidade e finanças tenham a iniciativa de se dedicar ao estudo das
questões referentes as técnicas de análises de balanços. Com o intuito de
esclarecer, e ampliar a divulgação desses conhecimentos.
48
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capital de giro. São Paulo: Atlas, 1997.
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interpretação. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1999
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1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.
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MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10ª ed. São Paulo: Atlas,
2003.
49
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finanças das empresas sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1993.
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Básica e Gerencial. São Paulo: Atlas, 1997.
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negocios. São Paulo: Atlas, 2008.
WERNKE, Rodney. Gestão Financeira: ênfase em aplicações e casos
nacionais. 1ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2008.
50
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A GETSÃO FINANCEIRA E AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 10
1.1 – Definindo finanças 10
1.2 – O papel do gestor financeiro 11
1.3 – Apresentação das demonstrações contábeis 11
1.3.1 – Princípios da Contabilidade 12
1.3.2 – Características qualitativas das demonstrações contábeis 13
1.3.3 – Balanço Patrimonial 14
1.3.4 – Demonstração do Resultado do Exercício 15
1.3.5 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 18
1.3.6 – Demonstração do Fluxo de Caixa 20
1.3.7 – Demonstração do Valor Adicionado 23
CAPÍTULO II
OS MÉTODOS E A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE CONTÁBIL 26
2.1 – Tipos de análise contábil 26
2.2 – Processos e métodos da análise contábil 26
2.3 – Análise horizontal e vertical 28
2.3.1 – Base conceitual 28
2.3.2 – Aspectos positivos e negativos 29
2.4 – A importância da análise contábil 30
51
CAPÍTULO III
OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS 32
3.1 – Indicadores de liquidez ou solvência 32
3.1.1 – Liquidez corrente 32
3.1.2 – Liquidez seca 33
3.1.3 – Liquidez imediata 33
3.1.4 – Liquidez geral 34
3.2 – Indicadores de rentabilidade 34
3.2.1 – Retorno sobre o Ativo (ROA) 35
3.2.2 – Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) 35
3.2.3 – Retorno sobre os Investimentos (ROI) 35
3.2.4 – Margem bruta 36
3.2.5 – Margem operacional 36
3.2.6 – Margem líquida 36
3.2.7 – Lucro por ação 37
3.3 – Indicadores de estrutura de capital 37
3.3.1 – Relação Capital de Terceiros / Capital Próprio 37
3.3.2 – Relação Capital de Terceiros / Passivo Total 38
3.3.3 – Composição do endividamento 38
3.3.4 – Imobilização do Patrimônio Líquido 38
3.3.5 – Capital circulante próprio 39
3.3.6 – Imobilização de recursos não correntes 39
3.3.7 – Nível de desconto de duplicatas 39
3.3.8 – Saldo de tesouraria 40
CAPÍTULO IV
O CAPITAL DE GIRO, A GERAÇÃO DE CAIXA E A ALAVANCAGEM...............
FINANCEIRA 41
4.1 – Prazos médios de saldos patrimoniais 41
4.1.1 – Prazo Médio de Recebimentos de Vendas (PMRV) 41
4.1.2 – Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) 41
4.1.3 – Prazo Médio de Pagamentos de Compras (PMPC) 42