Logística reversa

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  1 TRABALHO DE LOGÍSTICA REVERSA, COM ENFOQUE NO TELEVISOR DE LCD DA EMPRESA PHILIPS 1. INTRODUÇÃO Com o rápido avanço tecnológico e suas inovações em meio ao consumismo exacerbado na busca de conforto e comodidade, a sociedade vê-se na condição de estar sempre atualizada com as novas tendências do mercado no que se refere a produtos mais modernos e sofisticados, com novas funções, serviços e com interatividade. Com o aumento do poder de compra do consumidor, tornou-se comum a troca dos equipamentos eletrônicos mesmo antes do término de sua vida útil. Este notável aumento da taxa de consumo faz com que o equipamento obsoleto torne-se um estorvo na vida das pessoas, o que eleva o descarte irregular de materiais no meio-ambiente. Segundo Santos (2011), a democratização dos produtos eletroeletrônicos, sendo levada em consideração a constante evolução tecnológica e a consequente redução dos preços, aumenta o volume das vendas, fazendo com que uma grande quantidade de produtos/equipamen tos caia em desuso. Estes equipamentos acabam sendo jogados em terrenos baldios, sendo queimados a céu aberto ou recolhidos pela coleta de lixo fornecida pelos municípios, mas sem que exista qualquer tipo de seleção ou tr atamen to desses materiais. No entanto, o descarte adequado de televisores é de extrema importância, pois além da poluição ambiental gerada pelos seus componentes, algumas substância s podem ser bem danosas à saúde humana (SANTOS, 2011). Os dados explicam o crescente interesse na chamada Green Supply Chain Management (GrSCM) por parte de pesquisadores e empresas. Segundo Shrivastava e Hart (1995), a necessidade da indústria de se envolver na recuperação e descarte apropriado dos equipamentos e materiais obsoletos foi motivada, principalmente, por fatores econômicos, regulatórios e pela pressão por parte do consumid or. É nesse contexto que se dá a importância do estudo da Logística Reversa, definida pelo Conselho Executivo de Logística Reversa como: O processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e eficaz de matérias-primas, estoque em processamento,  produtos acabados e informações relacionadas do ponto de consumo ao ponto de origem com o objetivo de recapturar valor ou de dar

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Trabalho sobre logística reversa, com enfoque no televisor de LCD da empresa PHILIPS

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    TRABALHO DE LOGSTICA REVERSA, COM ENFOQUE NO TELEVISOR DE

    LCD DA EMPRESA PHILIPS

    1. INTRODUO

    Com o rpido avano tecnolgico e suas inovaes em meio ao consumismo

    exacerbado na busca de conforto e comodidade, a sociedade v-se na condio de estar

    sempre atualizada com as novas tendncias do mercado no que se refere a produtos mais

    modernos e sofisticados, com novas funes, servios e com interatividade. Com o

    aumento do poder de compra do consumidor, tornou-se comum a troca dos

    equipamentos eletrnicos mesmo antes do trmino de sua vida til.

    Este notvel aumento da taxa de consumo faz com que o equipamento obsoleto

    torne-se um estorvo na vida das pessoas, o que eleva o descarte irregular de materiais no

    meio-ambiente. Segundo Santos (2011), a democratizao dos produtos

    eletroeletrnicos, sendo levada em considerao a constante evoluo tecnolgica e a

    consequente reduo dos preos, aumenta o volume das vendas, fazendo com que uma

    grande quantidade de produtos/equipamentos caia em desuso.

    Estes equipamentos acabam sendo jogados em terrenos baldios, sendo

    queimados a cu aberto ou recolhidos pela coleta de lixo fornecida pelos municpios,

    mas sem que exista qualquer tipo de seleo ou tratamento desses materiais. No entanto,

    o descarte adequado de televisores de extrema importncia, pois alm da poluio

    ambiental gerada pelos seus componentes, algumas substncias podem ser bem danosas

    sade humana (SANTOS, 2011).

    Os dados explicam o crescente interesse na chamada Green Supply Chain

    Management (GrSCM) por parte de pesquisadores e empresas. Segundo Shrivastava e

    Hart (1995), a necessidade da indstria de se envolver na recuperao e descarte

    apropriado dos equipamentos e materiais obsoletos foi motivada, principalmente, por

    fatores econmicos, regulatrios e pela presso por parte do consumidor.

    nesse contexto que se d a importncia do estudo da Logstica Reversa,

    definida pelo Conselho Executivo de Logstica Reversa como:

    O processo de planejamento, implementao e controle do fluxo

    eficiente e eficaz de matrias-primas, estoque em processamento,

    produtos acabados e informaes relacionadas do ponto de consumo

    ao ponto de origem com o objetivo de recapturar valor ou de dar

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    destinao adequada (TIBBEN-LEMBKE; ROGERS, 1998 apud

    MEADE; SARKIS, 2002).

    A reciclagem, a remanufatura e o reuso so formas de reintroduzir o material,

    partes do produto ou o produto em si no seu prprio ciclo de vida (MEADE; SARKIS,

    2002) e, dessa forma, gerar no apenas valor do ponto de vista ambiental, ao minimizar

    e mesmo eliminar alguns dos impactos negativos, mas tambm do ponto de vista

    estratgico e econmico, tendo em vista a valorizao de prticas verdes pelo mercado,

    os incentivos governamentais e mesmo a otimizao e sustentabilidade dos processos no

    longo prazo. A figura a seguir mostra o ciclo de vida operacional de um produto e

    localiza a logstica reversa na cadeia.

    Figura 1 - Ciclo de vida operacional do produto, identificando a logstica reversa

    Fonte: Adaptado de (MEADE; SARKIS, 2002)

    Apesar de a figura no incluir o fluxo de descarte nos canais de logstica reversa,

    esta deve ser interpretada holisticamente como abrangendo, alm da distribuio de

    materiais e peas para reciclagem, reuso e remanufatura, a reduo do uso de insumos

    (CARTER; ELLRAM, 1998 apud MEADE; SARKIS, 2002) e a correta disposio final

    do que no poder mais entrar no ciclo, no caso em que esta seja uma atividade

    assumida pelo fabricante.

    Visando aprofundar o conhecimento de prticas atuais da indstria nesse ramo

    da logstica, bem como de seus fatores econmicos, legais e tecnolgicos, optou-se pelo

    televisor de LCD da Philips para estudos mais detalhados. Assim, ao longo do trabalho

    so apresentados, primeiramente, o programa de logstica reversa da Philips em linhas

    gerais e as caractersticas do televisor de LCD e de outras empresas produtoras; em

    seguida, descreve-se a cadeia de suprimentos do produto, a legislao concernente sua

    logstica reversa e os canais do fluxo reverso. Por fim, traa-se um panorama do cenrio

    nacional de logstica reversa do televisor de LCD, caracterizando-o qualitativa e

    quantitativamente, sem esquecer-se de analisar os obstculos atuais e consideraes

    sobre prticas futuras ou j observadas em outros pases.

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    2. APRESENTAO DO PROGRAMA DE LOGSTICA REVERSA DA

    PHILIPS

    Em 2008, a Philips lanou o programa Ciclo Sustentvel Philips, que hoje

    oferece ao consumidor em quase todo o pas a possibilidade de devolver os produtos

    Philips ao final de sua vida til. A partir desse momento, a empresa promove sua

    destinao adequada, em um processo totalmente controlado e homologado. Para isso,

    basta que o consumidor comparea a um ponto de coleta e assine um termo de doao

    (Anexo 1) dos equipamentos ou o consumidor pode adquirir o servio de coleta

    domiciliar pelo centro de informaes do consumidor do programa, com custo

    adicional, assim o produto pode ser coletado pelo posto autorizado. No mapa da figura a

    seguir, so apresentados em verde os estados que contam com postos de coleta, que

    incluem parte da regio Sul e toda a regio Sudeste e Nordeste, alm dos estados de

    Mato Grosso do Sul, Goinia, Distrito Federal e Par.

    Figura 2 - Estados que possuem postos de coleta de retorno de produto Philips

    Fonte: (PHILIPS, 2014)

    Ao entrar em contato por telefone com alguns desses pontos de coleta,

    identificou-se que nem todos recolhem equipamentos eletroeletrnicos, pois alguns

    recolhem apenas pilhas e baterias. Nos estabelecimento que recolhem eletroeletrnicos,

    estes so, aps a coleta, encaminhados Oxil, empresa parceira da Philips responsvel

    pela manufatura reversa: descaracterizao, desmonte e segregao dos diversos tipos

    de materiais como placas eletrnicas, motores, cabos e fios que so reinseridos na

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    cadeia produtiva por meio da reciclagem (CEMPRE, 2014). Os itens no passveis de

    reciclagem so encaminhados para destinos ambientalmente corretos.

    Desde seu incio, o programa recolheu 330 toneladas de eletroeletrnicos e

    eletroportteis em 28 cidades e 130 toneladas de equipamentos mdicos dentro do

    Programa Ao Verde (PHILIPS, 2014). Em junho de 2013, a empresa foi anunciada

    como parceira global da Fundao Ellen McArthur (Figura 3), organizao de renome

    internacional que atua na educao e inovao e anlise de negcios para promover uma

    economia circular.

    Figura 3 - Philips entre as empresas parceiras globais da Fundao Ellen McArthur

    Fonte: (ELLENMCARTHUR, 2013)

    3. CARACTERIZAO DO TELEVISOR LCD E DAS EMPRESAS

    PRODUTORAS

    A. ASPECTOS DO TELEVISOR LCD

    O televisor de LCD, modelo dominante no mercado, assim denominado por

    utilizar a tecnologia do cristal lquido (LCD - Liquid Crystal Display). No LCD,

    molculas capazes de orientar a luz so distribudas entre duas lminas (filmes)

    transparentes polarizadas. Esta polarizao orientada de maneira diferente nas duas

    lminas, de forma que estas formem eixos polarizadores perpendiculares. A base da

    iluminao de um televisor LCD a luz fornecida por uma lmpada CCFL (fluorescente

    de ctodo frio) (ELECTRNICA, 2014). Nas figura abaixo, pode ser vista a estrutura

    bsica da tela de um televisor LCD.

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    Figura 4 Esquema do princpio de funcionamento de um televisor LCD.

    Fonte: (http://www.qureshiuniversity.com/desktopcomputermonitors.html)

    A tecnologia visa dar mais contraste, brilho e atualizao da imagem em relao

    TV de plasma, modelo mais antigo e barato dos televisores de alta resoluo. Ainda

    em comparao com a TV de plasma, a de LCD consome menos energia e no est

    vulnervel ao efeito burn-in (queima de pixels), responsvel por marcas na tela.

    Ambas, entretanto, possuem tela plana (Figura 5), uma mudana em relao s antigas

    TVs de tubo, muito mais espaosas.

    Figura 5 Televisor LCD da Philips.

    Fonte: (http://www.forumazur.com/en/infos/tech/repair-philips-lcd-tv)

    J a TV de LED (Light-Emitting Diode) uma evoluo da LCD, pois possui

    uma tela de LCD convencional iluminada por lmpadas de LED. Alm do contraste e

    do brilho serem bem melhores que os oferecidos pelo LCD, ela apresenta menor

    consumo de energia. Tantas melhorias implicam em um produto com preo

    significantemente mais elevado (CAMARGO, 2014).

    A televiso um produto comprado para durar muitos anos. Os fabricantes de

    TVs de LCD estimam uma vida til de at 100 mil horas, o que representa 34 anos se

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    utilizada 8 horas por dia. Por ser um bem durvel, trata-se de um produto caro, onde os

    preos variam entre um e treze mil reais, dependendo do tamanho do televisor.

    A composio da TV de LCD bem variada, o que dificulta o processo de

    logstica reversa, pois cada tipo de material tem um tratamento diferenciado.

    Basicamente ela composta por: vidro, plstico, metais variados, produtos qumicos,

    cabos e componentes eletrnicos (sensores, resistores, etc). A Figura 6 mostra o televisor

    aberto, o que permite verificar a variedade de materiais que o compem. Elementos

    como o alumnio, cobre, ferro, plstico e vidro so passveis de reaproveitamento e

    movimentam o mercado reverso. Porm, por mais que se busque a recuperao e

    reciclagem dos materiais, o processamento de equipamentos eletroeletrnicos sempre

    gera uma quantidade de rejeito - material cujo reaproveitamento invivel.

    Figura 6 Vista traseira do televisor LCD da Philips aberto.

    Fonte: (http://www.forumazur.com/en/infos/tech/repair-philips-lcd-tv)

    Alguns elementos presentes nas TVs so potencialmente prejudiciais sade

    humana como o Mercrio, que pode causar danos no crebro e no fgado, e o Chumbo,

    que pode ser danoso ao sistema nervoso e sanguneo (SANTOS et al., 2011). Para esse

    tipo de material, a opo que resta a distribuio ordenada dos rejeitos em aterros,

    observando normas operacionais especficas para evitar danos ou riscos sade pblica

    e minimizar impactos ambientais adversos (FERREIRA et al., 2012). No entanto, nem

    mesmo os aterros sanitrios podem suportar, por exemplo, placas de circuito impresso e

    monitores CRT, classificados como resduos perigosos devendo ser eliminados em reas

    devidamente licenciadas para este fim (FRANCO 2008, apud [4]).

    B. CARACTERSTICAS DAS EMPRESAS PRODUTORAS

    Os produtores de televisor normalmente so multinacionais de grande porte que

    atuam em outras reas da indstria de equipamentos eltricos como aqueles

    apresentados na figura a seguir:

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    Figura 7 - Classificao de equipamentos eltricos.

    Fonte: Adaptado de (FERREIRA et al., 2012).

    Alm da Philips, tambm se destacam as como grandes produtoras de TV LCD

    no Brasil as empresas: Sony, Samsung, LG, Gradiente, Panasonic, Semp Toshiba e a

    brasileira CCE. Segundo Proteste (2014), a maioria delas possui local de coleta de

    produtos, mas entre elas a Philips sobressai, sendo mesmo objeto de estudo sobre

    prticas de logstica reversa.

    4. CADEIA DE SUPRIMENTOS DE EMPRESAS PRODUTORAS DE TV LCD FOCO NA PHILIPS

    Em sua maioria, e este a caso da Philips, as empresas produtoras de TV fazem

    apenas a montagem do produto em sua fbrica. Empresas a montante na cadeia de

    suprimentos so responsveis pela produo das peas e sistemas que constituem o

    televisor, podendo ser divididas em:

    Empresas responsveis pela extrao de minrios;

    Refinarias, onde feita a extrao do petrleo e refino do leo cru;

    Fabricantes de subcomponentes, como fios, placas, parafusos, sensores, etc.;

    Fabricantes de componentes, como sistema de recepo do sinal, tela da TV,

    sistema de alimentao (energia), sistema de controle, sistema de som, etc.;

    Indstria petroqumica bsica, responsvel pela fabricao de produtos

    petroqumicos bsicos, como elastmero e fibras qumicas;

    Indstria petroqumica final, responsvel pela fabricao de produtos

    petroqumicos finais, como resinas termoplsticas;

    Fabricante das peas de plstico, como suporte da TV, moldura da tela, etc.

    Depois de montadas, as televises seguem para distribuidores atacadistas

    (CSCMP, 2014), que repassam os produtos a varejistas selecionados pela Philips,

    atravs do quais os clientes podem finalmente adquirir o produto. Na figura a seguir

    podem ser vistos todos os elos a montante e a jusante da cadeia de suprimentos de uma

    produtora de TV.

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    Figura 8 - Rede de suprimentos e de distribuio do televisor LCD

    Fonte: Elaborado pelos autores

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    Os canais de distribuio da maioria de empresas produtoras de TV LCD, no que

    tange sua estrutura, so canais mltiplos, segundo a classificao de Novaes (2007) em

    que o consumidor pode adquirir o produto online ou na loja fsica de revendedores. No

    caso da Philips, ela divulga no seu site quais so os canais que o cliente pode utilizar,

    divulgando para cada produto as opes de pontos de venda, pela internet ou em lojas

    de varejistas. Um exemplo pode ser visto nas figuras a seguir, para o Televisor LCD

    Srie 3000 (40):

    Figura 9 - Revedendoras online da TV LCD Srie 3000 40" da Philips

    Fonte: Site da Philips (http://www.philips.com.br/c/televisao)

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    Figura 10 - Resultado para a busca de lojas fsicas de revendedores prximas ao CEP 88037000

    da TV LCD Srie 3000 40" da Philips

    Fonte: Site da Philips (http://www.philips.com.br/c/televisao)

    Outra importante caracterstica a ser discutida dos canais de distribuio

    estudados no presente trabalho a sua amplitude, ou largura, que trata do nmero de

    empresas para cada segmento intermedirio (NOVAES, 2007). No caso da Philips, e de

    outras empresas concorrentes, observa-se que o segmento varejista tem uma distribuio

    seletiva, com amplitude mltipla, mas controlada. Como descrito anteriormente, a

    Philips escolhe algumas lojas para revenderem seu televisor, com o objetivo de

    aumentar o acesso ao produto e garantir um certo nvel de competio entre os

    varejistas. Essa caracterstica est atrelada ao tipo de produto, que, no caso do televisor

    LCD, trata-se de um artigo que envolve pesquisa antes da compra, o que justifica a

    escolha de pontos acessveis aos clientes potenciais, para pesquisa e avaliao, mas sem

    deixar o produto disponvel em qualquer loja, o que encareceria o processo de

    distribuio e comercializao (NOVAES, 2007).

    5. ORIENTAES LEGISLATIVAS SOBRE A LOGSTICA REVERSA

    DO PRODUTO

    A lei n 12.305 de 2 de agosto de 2010 instituiu a Poltica Nacional de Resduos

    Slidos (PNRS), sendo esta a principal lei relacionada logstica reversa. Esta lei

    expressa claramente as responsabilidades de cada elo da cadeia, como ilustrado na

    Figura 11.

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    Figura 11 - Responsabilidades de cada elo da cadeia frente PNRS

    Fonte: BRESCANSIN, 2013

    O Art. 33 deixa claro que fabricantes, importadores, distribuidores e

    comerciantes de produtos eletroeletrnicos, seus componentes e embalagens so

    obrigados a estruturar e implementar sistemas de logstica reversa, mediante retorno dos

    produtos aps o uso pelo consumidor, de forma independente do servio pblico de

    limpeza urbana e de manejo dos resduos slidos (BRASIL, 2010).

    O Art. 9 destaca que na gesto e gerenciamento de resduos slidos, deve ser

    observada a seguinte ordem de prioridade: a no gerao, a reduo, a reutilizao, a

    reciclagem, o tratamento dos resduos slidos e a disposio final ambientalmente

    adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).

    Destaca-se tambm o decreto 7.404 de 23 de dezembro de 2010 que estabelece

    normas para execuo da PNRS. O Art. 3 institui o CORI Comit Interministerial com

    a finalidade de apoiar a estruturao e implementao da PNRS. O Art. 15 declara que

    sistemas de logstica reversa sero implantados por meio de Acordos Setoriais, Decretos

    ou Termos de Compromisso (BRASIL, 2010). No Art. 17 consta que dever ser

    considerado o estudo de viabilidade tcnico e econmico. O Art. 18 estabelece a

    realizao da logstica reversa na proporo dos produtos colocados no mercado. J o

    Art. 23 declara que metas podero ser quantitativas, qualitativas ou regionais

    (BRASIL, 2010).

    Quanto ao que foi exposto, Brescansin (2013) destaca os seguintes entraves a

    serem superados para implantao efetiva da logstica reversa dos resduos

    eletroeletrnicos (REEs) a partir de uma viso da atual indstria de eletroeletrnicos:

    Poltica fiscal simplificada para movimentao dos REEEs;

    Empresas de reciclagem tcnica e legalmente adequadas;

    Definio da periculosidade dos REEEs;

    Tratativa unificada (norma) para manuseio, transporte e armazenamento

    dos REEEs;

    Dificuldades de transporte em algumas regies;

    Leis divergentes nos Estados e Municpios;

    Complexidade de reciclagem tamanho, tecnologia dos produtos;

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    Dificuldade de dispor rejeitos de forma ambientalmente adequada em

    algumas regies;

    Poltica federal para definio de balano financeiro quanto proviso de

    recursos para custear o processo de logstica reversa desonerao,

    incentivos, benefcios, produtos rfos;

    Sistema Unificado das informaes dos processos de Logstica Reversa.

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    6. IDENTIFICAO DOS CANAIS REVERSOS PS-CONSUMO DO TELEVISOR LCD

    Logstica Reversa segundo Leite (2009) a rea da logstica que trata do fluxo de bens de ps-consumo e ps-venda desde o seu ponto de

    consumo at o seu local de origem visando retorn-los ao ciclo produtivo por meio de canais reversos. Assim, a logstica reversa surge a partir

    dessa necessidade de dar destinao correta a produtos utilizados ou consumidos, sendo que essa caracterstica est relacionada aos canais de

    distribuio reversos de ps-venda e de ps-consumo (VIA LOGSTICA, 2011). Na Figura 12 podem ser observados os canais reversos da

    cadeia de suprimentos da Philips.

    Figura 12 - Rede de suprimentos e de distribuio do televisor LCD com canais reversos Fonte: Elaborado pelos autores

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    Os canais de ps-venda focam no retorno de bens ou materiais que retornam ao seu

    ponto de origem por causa de problemas gerados durante a emisso de pedidos,

    garantia, defeitos de fabricao, mau funcionamento ou danos causados no transporte

    (LEITE, 2009). J os canais de ps-consumo, que representam o foco deste trabalho,

    so formados por diferentes modalidades de retorno do ciclo de produo ao final de sua

    vida til (PEREIRA et al, 2011, p.17). No caso da Philips observam-se os canais de

    ps-consumo subdividindo-se em reuso, reciclagem e remanufatura (a empresa no se

    envolve no descarte dos produtos), sendo que a principal empresa parceira da Philips na

    cadeia reversa a Oxil. Destaca-se ainda que o consumidor final que no levar seus

    televisores aos pontos de coletas, normalmente o joga no lixo ou vende/doa para alguma

    loja eletrnica, que pode tanto revender os televisores a outros clientes quanto

    desmont-los e reintroduzir algumas de suas partes na cadeia principal. Por fim,

    acrescenta-se que, em muitos casos de descarte, o processo no adequadamente

    direcionado e os televisores vo para lixos comuns, o que extremamente inadequado e

    contrrio ao institudo pela Poltica Nacional de Resduos Slidos.

    7. DESCRIO DA LOGSTICA REVERSA DO TELEVISOR LCD

    A cadeia produtiva dos eletroeletrnicos moldada pelas particularidades desse tipo

    de equipamento: alto nvel de integrao entre fabricantes e fornecedores de

    componentes e subcomponentes; produo e comercializao globais; penetrao

    expressiva e relacionamento direto com o mercado consumidor.

    Os resduos de eletroeletrnicos so compostos por materiais diversos: plsticos,

    vidros, componentes eletrnicos, mais de vinte tipos de metais pesados e outros. Deste

    modo, sua separao para processamento e eventual reciclagem tem uma complexidade,

    um custo e um impacto muito maiores do que aqueles exemplos mais conhecidos de

    recolhimento e tratamento de resduos, como o caso das latas de alumnio, garrafas de

    vidro e outros.

    importante reconhecer que a logstica reversa s comea quando um consumidor

    de fato descarta o seu equipamento eletroeletrnico, esteja esse em condies de uso ou

    no, tenha o equipamento passado pela fase de reuso ou no.

    No processo de logstica reversa destaca-se o reuso dos televisores de LCD, uma vez

    que sua vida til longa e normalmente devido ao rpido avano tecnolgico o

    consumidor troca seu equipamento por um mais moderno, sendo que o primeiro ainda

    estava com boas condies de uso. Assim, muitos consumidores tendem a vender seus

    televisores para lojas eletrnicas caracterizando uma segunda vida til do produto. Alm

    disso, deve-se destacar que devido obsolescncia programada e a falta de peas de

    reposio, muitas vezes os televisores so deixados nas autorizadas, pois acaba sendo

    mais caro e trabalhoso concertar um televisor danificado do que comprar um novo. No

    programa Ciclo Sustentvel Philip, houve uma receptividade muito positiva ao

    programa por parte das assistncias tcnicas (ATs.), j que ele oferece tambm a

    oportunidade de destinao adequada de peas de reposio, que anteriormente

    permaneciam com as ATs. A Philips realizou um treinamento para explicar o

    funcionamento administrativo do programa, havendo fcil adeso.

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    As etapas da logstica reversa so: descarte, coleta ou recebimento, triagem,

    reciclagem e disposio final. Tipicamente, cada uma dessas fases ser desenvolvida em

    diferentes organizaes, conectada pelo sistema de logstica reversa.

    Figura 13 Fluxo Fsico dos Resduos Eletroeletrnicos. Adaptado de (FERREIRA et al.,

    2012).

    1) Transporte at o ponto de descarte/recebimento - O cliente final leva seu

    televisor at uma autorizada da Philips e mediante a assinatura de um termo de doao

    pode-se deixar seu equipamento. Destaca-se que a exigncia de transferncia de

    titularidade importante visando garantir a legalidade do transporte dos televisores

    doados que quando considerados resduos de eletroeletrnicos so perante a lei vistos

    como materiais perigosos e seu transporte necessita ser controlado e regularizado.

    Acrescenta-se ainda, conforme j mencionado, que o cliente final do televisor pode

    pagar uma taxa para ter seu equipamento recolhido na sua residncia. A empresa que

    realiza esse transporte contratada pela Philips.

    2) Descarte/recebimento e devida armazenagem O recebimento dos televisores

    feito por pontos fixos, sendo estes constitudos das prprias assistncia tcnicas

    autorizadas da Philip. Visando. Assim. garantir a proteo da marca. So

    aproximadamente 40 assistncias tcnicas autorizadas (ATs) ao redor do pas onde os

    produtos podem ser doados.

    3) Transporte at o ponto de triagem - Ressalta-se que buscou-se atravs de e-mail

    entrar em contato com a empresa Philip para aprofundamento em detalhes da logstica

    reversa, porm no houve retorno. Alm disso, conforme j mencionado, tambm

    enviou-se e-mail ao responsvel da Oxil (empresa parceira da Philip na cadeia reversa),

    porm este no revelou dados referentes a periodicidade que so recolhidos os

    televisores das autorizadas e nem informaes quantitativas sobre o volume de

    televisores transportados, uma vez que nas palavras do Sr.Tlio Barrozo Rosseti,

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    contato da Oxil, por questes de contrato no posso revelar essas informaes.

    Acrescenta-se que na cadeia de resduos eletroeletrnicos h oportunidades de parcerias

    com as prefeituras, cooperativas e outros parceiros para realizao do transporte. Por

    fim, destaca-se que quando determinado volume de devolues so alcanados nas

    assistncias tcnicas, so acionadas a rea de Services da empresa (responsvel pelo

    relacionamento com as ATs) e feito um roteiro otimizado que cobre determinados

    estados e ATs naquele ms, e todo o material segue para uma de suas recicladoras

    homologadas, sendo a Oxil a principal (Ciclo Sustentvel PHILIP, 2014).

    4, 5, 6) Triagem do resduo, transporte at o reciclador e reciclagem dos resduos

    Conforme j descrito, a empresa parceira da Philip no processo de logstica reversa a

    Oxil que tanto realiza a triagem do resduo como a prpria reciclagem deste. O Sr. Tlio

    Barrozo Rosseti, colaborador da empresa Estre que a empresa que controla a Oxil,

    informou-nos que a manufatura reversa dos televisores Philips consiste no material

    entrar em uma linha de produo onde desmontado e separado cada material como

    ferro, ao e plstico, cobre e etc e estes so destinados para processos que vo os utilizar

    como matria-prima, fechando, assim, a cadeia de manufatura reversa. Alm disso, o

    material que a Oxil no consegue reciclar, normalmente destinado para outra

    tecnologia, um exemplo o coprocessamento e demais materiais no reaproveitveis

    so destinados conforme a legislao ambiental aplicvel. O Sr. Tlio ainda nos

    informou que a proteo da marca uma das prioridades da Oxil e a empresa destri e

    descaracteriza tudo que possui o nome do cliente. Por fim, normalmente a logstica no

    feita pela Oxil e quando o cliente pede, a empresa estuda se vai com seu prprio

    veculo fazer o transporte ou se aciona uma transportadora.

    Deve-se ressaltar que a Philips acompanha todo o processo de logstica reversa

    por meio de relatrios e vistorias peridicas, visando se certificar de que os aparelhos

    encaminhados sero todos reciclados.

    8. CENRIO NACIONAL DA LOGSTICA REVERSA DE TELEVISORES

    LCD

    A. CONTEXTO ATUAL

    Segundo relatrio de Brescansin, Gerente de Responsabilidade Socioambiental

    da Abinee-Associao Brasileira da Indstria Eltrica e Eletrnica (2013), o setor de

    eletroeletrnicos emprega mais de 180 mil trabalhadores diretos e responde por mais de

    15% da produo industrial nos pas. Alm disso, o seu faturamento representa 3,3% do

    PIB (BRESCANSIN, 2013).

    O consumo de televisores no Brasil testemunha crescimento constante, fruto da

    expanso do mercado interno, de incentivos ao crdito e de isenes pontuais de

    tributao, bem como mudanas de comportamento na sociedade (ABDI, 2013). Alm

    disso, a rpida evoluo tecnolgica faz com que os preos dos televisores de LCD

    fiquem cada vez mais acessveis.

  • 17

    Principalmente por falta da estrutura adequada de coleta e de informao a esse

    respeito, o consumidor brasileiro no tem o hbito de dar a destinao adequada a seus

    aparelhos. Existem frequentes casos de depsito desse tipo de material junto ao resduo

    comum. Por outro lado, a persistncia de uma cultura do reuso faz com que parte dos

    televisores seja guardada, doada ou vendida (Figura 4). Alm disso, uma maior

    visibilidade destinao adequada de materiais como pilhas e baterias, a partir de

    pontos de recebimento no varejo, bem como a maior presena na mdia de discusses

    sobre resduos slidos, tem direcionado a opinio pblica no sentido de uma maior

    ateno a tais assuntos (ABDI, 2013).

    Figura 14 - Comportamento do consumidor

    Fonte: Relatrio GIA Global Intelligence Alliance 2011 apud (BRESCANSIN, 2013)

    No obstante essa cultura do reuso, existem casos em que o material no tem

    mais serventia e deve, portanto, ser descartado. Estudos com consumidores apontam

    que grande parte deles est preocupada com o descarte correto dos eletroeletrnicos,

    mas que poucos sabem o que fazer com esse material, seja por falta de informao ou

    pela ausncia de locais apropriados para o descarte (do Nascimento; do Val e Mota,

    2010 apud ABDI, 2013). Assim, acredita-se que a adeso dos consumidores seria

    considervel se tivessem disposio pontos de recebimento e campanhas que

    incentivem a separao e o encaminhamento correto de televisores.

    De fato, no prprio caso estudado, observa-se que a Philips no prev campanha

    de informao especfica, apenas disponibiliza seu Centro de Informao ao

    Consumidor (CIC) e seu site para inform-los sobre a possibilidade da reciclagem. Em

    alguns casos, o cliente toma conhecimento do programa de logstica reversa apenas no

    momento em que vai assistncia tcnica e identifica-se que o ciclo de vida de seu

    aparelho chegou ao fim. Os centros de coleta se limitam tambm s capitais.

    Brescansin (2013) apresenta resultados do estudo de 2011 da Global Intelligence

    Alliance, que identifica apenas 16 recicladoras (Figura 5) como as que mais procuram a

    indstria de eletroeletrnicos para atividade de reciclagem. Alm disso, verificou-se que

  • 18

    a maioria das empresas no pas apenas separa os materiais para revend-los ao exterior;

    o material de menor valor agregado, como plsticos e vidro, ficam no Brasil.

    Figura 15 - Localizao no pas de recicladoras de resduos eletroeletrnicos.

    Fonte: GIA 2011 apud (BRESCANSIN, 2013)

    O baixo nmero de recicladoras capacitadas a processar eletroeletrnicos e que

    estejam presentes nas vrias regies do pas encarece a logstica reversa. Em outros

    estados que os indicados na (Figura 5), as recicladoras possuem apenas escritrios de

    representao ou postos de recebimento.

    Outro ponto de insatisfao dos consumidores que o alto custo das iniciativas

    de logstica reversa, cobrado diretamente deles. Acreditam que deveria haver

    alternativas de descarte a baixo ou nenhum custo. So favorveis de que tanto as

    empresas fabricantes quanto os produtos que fornecem sejam ambientalmente

    responsveis, e a tendncia que isso gradualmente inuencie seu comportamento de

    compra (ABDI, 2013). Aceitariam de bom grado campanhas de conscientizao e

    informao a respeito da correta destinao desses equipamentos (ABDI, 2013).

    B. OBSTCULOS

    Para facilitar a apresentao dos entraves implantao da logstica de resduos

    eletroeletrnicos (REEE) no Brasil, estes sero divididos e enunciados por categoria:

    OBSTCULOS TRIBUTRIOS E LEGAIS

    - Considera-se o resduo eletroeletrnico como perigosos, o que eleva os custos

    da logstica em funo da necessidade de atendimento a normas ambientais que impem

    o licenciamento ambiental para lidar com tal tipo de resduo;

  • 19

    - Os pontos de recebimento so obrigados a ter um termo de doao no caso da

    transferncia de posse do REEE, o que os obriga a ter que dispor de infraestrutura para

    preenchimento e controle de formulrios, dificultando e encarecendo a implantao de

    novos pontos de recebimento;

    - O REEE tratado atualmente como uma mercadoria, incidindo sobre o mesmo

    os impostos relativos a um objeto com valor comercial onerando sobremaneira o seu

    manuseio, transporte e processamento. Desonerar ou minimizar a incidncia de

    impostos na cadeia de reciclagem ser fundamental para o desenvolvimento do setor;

    - Falta de poltica fiscal simplificada para movimentao dos REEEs;

    -Aausncia de tratativa unificada (norma) para manuseio, transporte e

    armazenamento dos REEEs

    - Leis divergentes nos Estados e municpios.

    OBSTCULOS TECNOLGICOS/TECNICOS

    Quando se trata da reciclagem h processos pouco ecientes que geram alto

    nvel de rejeitos de 20% a 30% do volume e outros muito ecientes cujo nvel de

    rejeito pode chegar a menos de 1%. Os processos mais ecientes so os que geram

    menor impacto ao meio ambiente e demandam maior nvel de conhecimento e

    tecnologia para sua viabilizao. V-se tambm que por causa do histrico de baixo

    nvel de demanda, pouco se desenvolveu de tecnologia para reciclagem no Brasil.

    OBSTCULOS DE INFRAESTRUTURA

    - So grandes as dificuldades de transporte e de disposio de resduos em

    algumas regies;

    - Ausncia de um sistema unificado de informaes dos processos de Logstica

    Reversa;

    - H falta de articulao e sinergia entre fabricantes, importadores, comrcio,

    recicladores e poder pblico para alinhamento dos objetivos do sistema de logstica

    reversa dos REEE com os planos de gesto de resduos slidos.

    OBSTCULOS FINANCEIROS

    - Dificuldade de definir a responsabilidade e custeio dos produtos rfos;

    - Indefinies sobre rateio de despesas entre stakeholders;

    - Impasses no modelo de rateio das despesas entre os fabricantes e o comrcio;

    C. PREVISES

    No estudo publicado pela ABDI, so apresentadas previses de evoluo do

    setor com um cenrio base em 2017 que utiliza as seguintes premissas:

    - Adeso: 50%;

    - Nmero mnimo de coletas por ano: 24;

    - Estoque mximo do ponto de recebimento: 2 toneladas (8 m);

    - Termo de doao: no obrigatrio;

    - Impostos: Isentos;

  • 20

    - Populao/Ponto de Recebimento: 25 mil habitantes/ponto de recebimento;

    - Otimizao do Frete primrio: 65% de ecincia;

    - Taxa de reciclagem do REEE: 75% grande e 65% para o pequeno;

    - Ganho de escala da reciclagem: 20% para o REEE grande e 30% para o REEE

    pequeno;

    - Populao mnima dos municpios atendidos: 30 mil habitantes;

    - Populao mnima dos municpios que tero centros de triagem: 150 mil

    habitantes.

    PERSPECTIVAS DE EVOLUO DA POPULAO MNIMA DOS MUNCIPIOS

    ATENDIDOS E ADESO

    O cenrio base foi evoludo da seguinte forma:

    Figura 146 - Evoluo da cobertura e adeso

    Fonte: (ABDI, 2013)

    importante realar que prev-se que a partir de 2018 existiro campanhas

    peridicas nos municpios com menos que 30 mil habitantes. or isso, a cobertura

    atinge o patamar de 100% nos anos posteriores 201 .

    Alm disso, nota-se uma grande diferena de comportamento nas curvas de

    adeso para o REEE grande e o REEE pequeno. Considera-se uma adeso acima da real

    para o REEE grande que vai se estabilizando prximo dos 50% considerados no cenrio

    base. Isso se deve necessidade de correo de um possvel passivo existente e uma

    devoluo em massa de REEE.

    J no REEE grande foi adotada a premissa que no existe um passvel desse tipo

    de resduo. Por isso a curva de adeso segue o padro prximo do esperado, com um

    aumento progressivo at os 50% considerados no cenrio base.

  • 21

    Figura 157 - Adeso ao programa

    Fonte: (ABDI, 2013)

    Figura 167 - Adeso ao programa

    Fonte: (ABDI, 2013)

  • 22

    PERSPECTIVAS DE EVOLUO DA POPULAO/PONTOS DE

    RECEBIMENTO E CENTROS DE TRIAGEM

    Os pontos de triagem so menos frequentes no incio do programa e apenas

    municpio de grande porte geralmente capitais tm centros de triagem (Figura 178).

    Todavia, espera-se que esse cenrio comece a se modificar de maneira mais

    significativa a partir de 2016 e se estabilize at 2020, quando o nmero de municpios

    com centros triagem ter crescido mais de 400% vezes (Figura 189). J os pontos de

    triagem multiplicar-se-o por mais de seis vezes at 2020 (Figura 20).

    Figura 178 - Evoluo dos pontos de recebimento e centros de triagem

    Fonte: (ABDI, 2013)

    Figura 189 - Evoluo do nmero de municpios com centros de triagem

    Fonte: (ABDI, 2013)

  • 23

    Figura 20 - Evoluo do nmero de pontos de recebimento

    Fonte: (ABDI, 2013)

    PERSPECTIVAS DE EVOLUO DO CUSTO DE PROCESSAMENTO

    Conforme explicita o relatrio da ABDI (2013), o custo de processamento uma

    varivel com elevado grau de incerteza na avaliao da logstica reversa no pas. H

    poucas referncias fornecidas pelas empresas e muitas dvidas sobre a possibilidade de

    tal custo se converter em potencial receita.

    Adotando a reciclagem como um servio prestado e que gera custo ao sistema,

    pode-se estimar que os custos operacionais passaro de cerca de 200 milhes para cerca

    de 500 milhes em 2020, quando o sistema entrar em regime. Esse valor representa em

    mdia 0,5% do faturamento dos eletroeletrnicos de consumo. Entretanto, tal porcentual

    depende da eficincia na implantao da logstica reversa nos prximos anos.

    Figura 191 - Evoluo dos custos de processamento

    Fonte: (ABDI, 2013)

  • 24

    Segundo o relatrio, as etapas do sistemas que mais concentraro os custos sero

    processamento e frete primrio e, com o passar do tempo, tambm o ponto de recebimento.

    Figura 202- Custos operacionais por etapa do sistema

    Fonte: (ABDI, 2013)

    Os maiores percentuais de custos sero divididos entre a organizao gestora e o comrcio. O consumidor ficar com a menor parcela.

    Figura 213 - Custos operacionais por ator do sistema

    Fonte: (ABDI, 2013)

  • 25

    9. CONSIDERAES FINAIS

    A. COMPARAO COM INICIATIVAS DE OUTROS PASES

    Desde 2010, a Poltica Nacional de Resduos Slidos foi regulamentada pelo

    decreto n 7404. Entre os diversos pontos tratados no decreto, alguns se destacam: o

    sistema de logstica reversa de REEE deve ser estruturado e mantido pelos fabricantes,

    importadores, distribuidores e comerciantes. Deve tambm estabelecer metas

    progressivas, intermedirias e finais para a realizao da logstica reversa na proporo

    dos produtos colocados no mercado interno (ABDI, 2013).

    Com a inteno de identificar outras cadeias que possam servir de inspirao

    para melhorias do processo em questo, foram levantadas consideraes sobre prticas

    de outros pases.

    Estudos mostram que a gerao de REEE por habitante de uma nao tem forte

    correlao com seu PIB per capita. A figura 24 mostra os pases avaliados em ordem

    decrescente de PIB juntamente com a quantidade de REEE gerada por habitante a qual

    verifica-se seguir a mesma tendncia. (ABDI, 2013).

    Figura 24 Renda per capita e gerao de REEE.

    Fonte: (ABDI, 2013)

    Estes mesmos pases foram avaliados quando a adeso aos programas de coleta

    de REEE. Para este ndice a mesma tendncia no foi verificada. A figura 25 mostra que

    a Bulgria, pas que detm o menor PIB dentre as naes em anlise, apresentou um

    ndice de adeso surpreendente, 91%. Enquanto isso a Frana, pas de 5 maior PIB,

    demonstrou no ter programas de coleta de REEE eficientes ao apresentar apenas 19%

    de adeso.

  • 26

    Figura 25 Renda per capita e gerao de REEE.

    Fonte: (ABDI, 2013)

    O Canad conta com uma instituio sem fins lucrativos fundada em

    2003 para desenvolver e implementar solues sustentveis, em conjunto com o

    governo, para a destinao final adequada dos produtos eletrnicos. Este rgo, a

    Electronics Product Stewardship Canada (EPSC), formado por mais de 20 membros

    das indstrias de eletrnicos. A EPSC estabeleceu programas de logstica reversa em

    alguns estados e outras trs organizaes sem fins lucrativos operam em outros estados.

    Porm, alguns estados ainda esto sem polticas estabelecidas (ABDI, 2013).

    Os programas tm seus fundos baseados em taxas cobradas dos participantes

    responsveis (fabricantes, importadores e distribuidores). A taxa varia de acordo com o

    tipo e a quantidade de equipamentos eletrnicos produzida pela empresa e deve cobrir

    os custos com coleta, transporte, destinao adequada e administrao do sistema

    (ABDI, 2013).

    O governo nacional do Canad tem o objetivo de unificar os programas

    estaduais sob as mesmas diretrizes, atravs de uma nica gestora, a EPSC. Dessa forma,

    os processos administrativos ficaro mais simplificados e menos onerosos, os custos

    operacionais podero ser reduzidos pela negociao coletiva com os fornecedores e a

    comunicao com os administradores ficar consolidada (ABDI, 2013).

    No Canad cabe ao consumidor depositar o REEE nos pontos de coleta da

    gestora enquanto que as atividades de logstica, reciclagem e processamento/disposio

    so de responsabilidade dos fabricantes, distribuidores e poder pblico, cada qual com

    as suas funes especficas. Hoje o pas conta com mais de 800 pontos de coleta e os

    recicladores so proibidos de atuar como pontos de consolidao, garantindo assim que

    todo o material coletado tenha destinao adequada, sem que sejam apenas retiradas as

    partes valiosas (ABDI, 2013).

    Dentre as vantagens do modelo de logstica reversa implantado no Canad esto:

    o uso de painis de indicadores; o alto ndice de reuso; a rastreabilidade, que permite o

    controle e a identificao de falhas no sistema; a diviso do programa em fases e; a

    proibio da atuao de recicladores como ponto de consolidao. Quanto s

  • 27

    desvantagens, pode-se citar: o alto custo devido a segmentao do programa em

    provncias e; a difcil administrao por falta de centralizao, o que sobrecarrega os

    administradores que atuam em vrios estados (ABDI, 2013).

    Na Califrnia (EUA), o Electronic Waste Recycling Act de 2003 estabeleceu um

    mecanismo de financiamento para melhorar e proporcionar uma gesto de logstica

    reversa adequada para REEE perigosos. Neste programa, a taxa paga pelos

    consumidores que adquirem produtos eletroeletrnicos classificados como perigosos.

    Os varejistas retm 3% da taxa para administrao e repassam o restante para o Estado.

    As taxas devem cobrir todo o gasto com a logstica reversa de 100% desse tipo de

    produto (ABDI, 2013).

    Os custos administrativos so divididos entre o departamento que realiza toda a

    gesto das operaes de logstica reversa e o departamento que responsvel pela

    normatizao, orientao e auditorias do processo. Os coletores autorizados e

    recicladores de resduos perigosos recebem um valor por tonelada coletada/reciclada do

    departamento que cuida das operaes de logstica reversa para compensar o custo da

    recuperao adequada dos resduos, processamento e atividades de reciclagem (ABDI,

    2013).

    Neste programa cabe ento ao consumidor separar o REEE para coleta ou leva-

    lo ao ponto de coleta (560 unidades), compete ao fabricante notificar o varejista do tipo

    de produto no qual ele est comercializando, cabe ao varejista/distribuidor cobrar a taxa

    no ato da venda do produto e, cabe ao governo fazer a fiscalizao, licenciamento e

    legislao (ABDI, 2013).

    O programa exercido na Califrnia possui as seguintes vantagens: a diviso de

    departamentos do Estado para operao e regulamentao e; o pagamento pela coleta e

    reciclagem estimula o processo. Como desvantagens podem ser mencionadas: o

    consumidor se isenta de sua responsabilidade no ato da compra e; o programa s visa a

    reciclagem de eletroeletrnicos classificados como perigosos (ABDI, 2013).

    Na Unio Europeia existem diretivas que definem as normas para produo e a

    logstica reversa de produtos eletroeletrnicos no mercado Europeu. Dentre outras

    exigncias, elas exigem que a responsabilidade pelo tratamento e destinao final

    adequada do REEE do fabricante e que, portanto, deve arcar com os custos para a

    logstica reversa do mesmo (ABDI, 2013).

    No modelo exercido pela Unio Europeia, os consumidores de eletroeletrnicos

    do setor domstico devem ter a possibilidade de entregar os REEE sem encargos, em

    distribuidores ou instalaes adequadas, incluindo centros de coleta pblicos. Cabe aos

    distribuidores, quando fornecerem um novo produto, assegurar que os resduos possam

    ser recolhidos e armazenados sob sua responsabilidade, na razo de um para um, desde

    que esses resduos sejam de equipamentos equivalentes ou desempenhem as mesmas

    funes que os equipamentos fornecidos. Por fim, os fabricantes devem financiar a

    coleta nas instalaes de recebimento, o tratamento, valorizao e eliminao dos

    REEE. O poder pblico fica encarregado da fiscalizao e da legislao (ABDI, 2013).

    Como a responsabilidade pelos custos do processo caem sobre os fabricantes,

    HP, Sony, Electrolux e Gillette/Braun criaram em 2002, atravs de um acordo de

    cooperao, a ERP (European Recycling Plataform) para aumentar a competio no

  • 28

    mercado de logstica reversa de REEE e impor maior presso sobre o preo cobrado na

    Europa. A estratgia funcionou e a criao da ERP gerou um decrscimo do valor

    operacional em mais de 30% e uma reduo de custos geral de 70 a 80%. A ERP

    repassa seus custos totais (logstica, reciclagem, relatrios, orientao ao consumidor e

    administrao) para os produtores associados na forma de preo/tonelada segundo a

    poltica de maior volume, menor preo, incentivando os fabricantes a reciclarem mais.

    Para executar o fluxo operacional, a ERP contrata empresas autorizadas que recebem

    pela realizao das operaes (ABDI, 2013).

    O programa da Unio Europeia apresenta as seguintes vantagens: altamente

    replicvel e competitivo (diminui o preo e aumento a qualidade); sem taxas para o

    consumidor; estrutura administrativa enxuta; campanhas eficientes e; a poltica de

    maior volume, menor preo incentiva a reciclagem. Como desvantagens foram

    verificadas: difcil fiscalizao; pouca informao e controle e; concentrao das

    responsabilidades no fabricante (ABDI, 2013).

    Na Frana, alm da ERP, h atuao de mais trs gestoras. A responsabilidade

    sobre os REEE passa para as gestoras a partir do momento em que as mesmas retiram os

    resduos dos pontos de coleta. As gestoras mantm uma tabela de custos para os

    fabricantes de acordo com o peso, tipo de equipamento e se h ou no Ecodesign

    aplicado (se reduzem o uso de recursos no-renovveis e/ ou minimizam o seu impacto

    ambiental) (ABDI, 2013).

    A legislao estabelece metas de recolhimento, reciclagem e valorizao para os

    fabricantes e para garantir que todo o material seja processado, a fiscalizao realizada

    constantemente. A rede de distribuidores oferece mais de 12 mil pontos de coleta

    permitindo que mais da metade da populao francesa seja atendida. Alm disso, o

    poder pblico tem a obrigao de realizar a coleta de resduos domiciliares da

    populao, e pode firmar parcerias com os fabricantes para realizar a coleta seletiva de

    REEE (ABDI, 2013).

    Um fator que diferencia o programa francs daquele verificado no restante da

    Unio Europeia que parte dos custos so repassados para os consumidores (visible

    fee). E uma caracterstica positiva desse programa que o menor valor cobrado para

    equipamentos com Ecodesign incentiva a aplicao de pesquisas para o setor (ABDI,

    2013).

    Na Espanha, a responsabilidade pelos custos de logstica reversa dos REEE

    produzidos recai sobre os fabricantes, que so responsveis tambm pela garantia do

    processo. H atribuies de responsabilidades ao poder pblico e aos distribuidores e

    isenta o consumidor final dos custos para devoluo do REEE nos pontos de coleta ou

    no distribuidor. Os custos inseridos ao produto referentes ao processo de logstica

    reversa no podem ser demonstrados ao consumidor na hora da compra. No territrio

    espanhol foram verificados como pontos positivos do programa a concorrncia entre

    gestoras, coletoras e recicladoras e o incentivo do poder pblico e, como ponto

    negativo, a falta de campanhas que incentivem a adeso ao programa (ABDI, 2013).

    No Japo, em 2001, o governo instituiu a Designated Household Appliance

    Recycling Law (DHARL), que regulariza o tratamento de REEE e define as obrigaes

    das partes envolvidas sobre coleta, transporte e reciclagem. Com operao sob a

  • 29

    DHARL, foram criados dois grandes grupos de fabricantes: A e B, responsveis por

    gerir a coleta, o transporte, a reciclagem e a destinao final do REEE. A meta

    estipulada pela DHARL e varia de acordo com o equipamento, girando em torno de

    60% (ABDI, 2013).

    No modelo de logstica reversa japons, cabe ao consumidor destinar o REEE ao

    distribuidor ou ao governo e pagar impostos para o transporte primrio, secundrio e

    reciclagem O consumidor obrigado por lei a levar seu REEE ao rgo pblico (no

    caso de produtos rfos) ou distribuidor. A responsabilidade de gerenciar os pontos de

    coleta e a logstica desses pontos at as recicladoras recai sobre o fabricante, bem como

    a responsabilidade de garantir o processamento e a destinao adequada. Aos

    distribuidores cabe receber o REEE na troca por produto novo e fazer a logstica

    primria at os pontos de coleta. Compete ao poder pblico fazer a fiscalizao de todo

    o processo, estimular a PD&I e orientar o consumidor. Ao todo so cerca de 380 pontos

    de coleta e 50 instalaes de reciclagem. Os pontos positivos desse sistema so: a

    competio entre as duas gestoras que operam (reduz os impostos) e; o

    compartilhamentos das responsabilidades (ABDI, 2013).

    Na ustria, a responsabilidade do tratamento correto de resduos

    eletroeletrnicos compartilhada entre fabricantes, comerciantes e prefeituras desde a

    criao da referida legislao em 2005. L, existe um sistema de compensao que

    exige que cada uma das quatro grandes gestoras colete o equivalente ao seu market-

    share, sendo punida quando no alcana essa meta. O market-share deve ser

    estabelecido mensalmente para clculo das taxas que os fabricantes e importadores so

    obrigados a pagar de acordo com os produtos colocados no mercado austraco (ABDI,

    2013).

    No modelo austraco, o consumidor incumbido de separar e levar o REEE ao

    ponto de coleta; o fabricante deve se associar a uma gestora ou criar seu prprio sistema

    de logstica reversa; o distribuidor encarregado de receber o REEE no instante da

    venda de um equipamento eletroeletrnico, leva-lo at um ponto de recebimento e gerir

    o ponto de coleta; e ao poder pblico compete realizar a coleta seletiva livre de

    impostos at o consumidor, administrar os pontos de coleta com os distribuidores e

    fiscalizar todo os sistema (ABDI, 2013).

    Algumas iniciativas austracas tendem a reduzir os custos de operao do

    sistema: compartilhamento de pontos de coleta entre gestoras; em regies com menor

    concentrao de pessoas os pontos abrem apenas duas vezes na semana e, para

    pequenos municpios rurais oferecida a coleta mvel. Outra vantagem deste modelo o

    estmulo de competio entre as gestoras de maneira justa, regulada pelo sistema de

    compensao pelo market-share (ABDI, 2013).

    Feita a avaliao de vrios modelos de logstica reversa em operao em outros

    pases, ressalta-se algumas observaes que podem ser implementadas no modelo

    brasileiro para que este seja mais eficiente e que haja mais adeso ao modelo:

    Permitir a operao de vrias gestoras para estimular a concorrncia

    O que diminui o preo e aumento a qualidade e eficincia do processo.

  • 30

    Oferecer pontos de coleta acessveis populao

    A indstria brasileira de reciclagem de REEE conta com uma grande

    concentrao geogrfica, normalmente em reas industrializadas ou de alta

    atividade econmica, sendo que diversos representantes do setor indicam que a

    capacidade instalada est atualmente subutilizada, tendo potencial para absorver

    um grande aumento no volume de material processado. O compartilhamento de

    pontos de coleta entre gestoras, a oferta de coleta eventual para pontos de menor

    concentrao geogrfica e/ ou de coleta mvel devem aumentar a adeso ao

    modelo.

    Realizar campanhas de conscientizao

    A orientao aos consumidores sobre a obrigao de no depositar os REEE

    como resduos urbanos no triados, bem como sobre seu papel na logstica

    reversa de REEE indispensvel para o sucesso do recolhimento destes

    resduos.

    Proibir que os recicladores atuem como pontos de coleta

    Assim ser de garantido que todo o material coletado tenha destinao adequada,

    sem que sejam apenas retiradas as partes valiosas.

    Compartilhamento das responsabilidade

    A responsabilidade dos REEE deve ser compartilhada entre todos os

    personagens do processo: fabricantes, distribuidores, consumidores e poder

    pblico. Assim, todos podem contribuir para um melhor tratamento desses

    resduos.

    Cobrar menores taxas para equipamentos com Ecodesign

    Incentiva a aplicao de pesquisas para o setor a fim de reduzir o uso de recursos

    no-renovveis e/ ou minimizar o impacto ambiental gerado.

    B. CONCLUSO

    Atravs deste estudo foi possvel se aprofundar na logstica reversa com enfoque

    no televisor LCD da empresa Philips, sendo este parte do Programa Ciclo Sustentvel

    da organizao. notvel que os tempos em que as empresas no se preocupavam com

    a destinao final de seus produtos j acabaram e, atualmente, a preocupao das

    empresas com seus produtos aps o trmino da sua vida til uma questo no s de

    diferencial, mas cada vez mais de sobrevivncia, uma vez que a legislao tem

    constantemente elevado cobrana, como observado com a Poltica Nacional de

    Resduos Slidos (PNRS).

    O Programa Ciclo Sustentvel da Philips que envolve a logstica reversa de seus

    produtos tem crescido cada vez mais desde 2008 e mostra a preocupao da empresa

    nesse aspecto, pois os resduos de equipamentos eletroeletrnicos (REEE) so perigosos

    e causam um impacto negativo expressivo na natureza. De fato, percebe-se que no

  • 31

    futuro a logstica reversa ser um fator fundamental, j que esto surgindo novos

    conceitos como o cradle to cradle, segundo o qual os materiais dos quais os produtos

    so compostos deveriam circular como nutrientes em metabolismos saudveis, ou seja,

    busca-se reduzir ao mximo o desperdcio de materiais.

    Assim, conforme apresentado, a Philips possui uma cadeia reversa slida,

    buscando fortalecimento interno com suas assistncias tcnicas autorizadas e parcerias

    com empresas externas como a Oxil, visando assim alcanar a excelncia na

    remanufatura de seus produtos, bem como a proteo da sua marca e imagem.

    Algumas prticas realizadas em outros pases na cadeia reversa de REEE trazem

    bons resultados e podem ser implementadas na cadeia de logstica reversa do televisor

    de LCD da Philips. Oferecer pontos de coleta acessveis populao, realizar

    campanhas de conscientizao e compartilhar a responsabilidade entre os stakeholders

    do sistema so iniciativas fundamentais para o sucesso do programa.

    Ainda h muitos obstculos a serem superados para a implantao efetiva da

    logstica de equipamentos de eletroeletrnicos, especialmente no Brasil, mas j so

    observados esforos tanto por parte das empresas privadas quanto do governo para

    derrubarem essas barreiras e possibilitar maior sustentabilidade das empresas e,

    consequentemente, do planeta. S h uma terra para todos ns e somente com o esforo

    conjunto que se pode construir um futuro sustentvel para as geraes porvir.

    10. REFERNCIAS

    ABDI. Logstica Reversa de Equipamento Eletrnicos Anlise de Viabilidade

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  • 34

    11. ANEXOS

    ANEXO 1