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Obras de Arte Segurança
Grupo CIV 221
Faculdade de Engenharia
No âmbito da unidade curricular:
“Projecto FEUP”
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No âmbito da unidade curricular:
“Projecto FEUP”
Obras de Arte Segurança
Faculdade de Engenharia
Supervisor:
Ana Vaz Sá
Monitor:
Miguel Fernandes
Grupo CIV 221:
Alexandre Polícia ec10090
Fábio Almeida ec10055
Francisco Xavier ec10096
Gonçalo Tiago ec10128
Jorge Teixeira ec10123
Nuno Eusébio ec10184
Pedro Pereira ec10012
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Índice Introdução ------------------------------------------------------------------------- 4 Agradecimentos ------------------------------------------------------------------ 5 Obras de Arte --------------------------------------------------------------------- 6 Concepção ------------------------------------------------------------------------- 7 Diferentes perigos na construção civil -------------------------------------- 9 Agentes responsáveis pela segurança ------------------------------------ 14 Principais medidas preventivas e de segurança a adoptar ----------- 16 Caso de estudo “Gotthard Base Tunnel” --------------------------------- 19 Conclusão ------------------------------------------------------------------------ 23 Bibliografia ----------------------------------------------------------------------- 24
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Introdução
Ao longo deste relatório irão ser abordados quatro subtemas interligados entre si e
que se englobam na temática principal que dá origem a este trabalho - “Obras de Arte:
Segurança”.
Em primeiro lugar começaremos por esclarecer a definição de Obra de arte,
exemplificando esta noção com algumas das principais Obras de Arte do séc. XX e XXI. De
seguida iremos relembrar os principais perigos que se fazem sentir na construção de Obras
de Arte, um tipo de construção tão complexa como desafiante e, que por isso mesmo,
padece de riscos diferentes.
Logo de seguida irá ser referido um ponto essencial para o bom funcionamento de
um estaleiro – os agentes de segurança e a sua função.
Como forma de prevenir os acidentes durante e depois da construção deste tipo de
infra-estruturas irá ser abordada a forma como se procede à devida fiscalização da obra e de
segurança durante a sua concepção, planeamento, construção e utilização por parte dos
engenheiros e técnicos responsáveis. De forma mais precisa e como ponto mais importante
deste relatório irá ser discutido como prever possíveis perigos, actuar perante estes,
controlar riscos e evitar a ocorrência de acidentes de trabalho tanto no processo construtivo
como na fase de utilização.
Esperamos com este relatório alertar para uma maior segurança em obras desta
envergadura e dar a conhecer algumas das medidas passíveis de ser tomadas de forma a
tornar este ambiente de trabalho o mais seguro possível.
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Agradecimentos
Em nome do grupo CIV221 queríamos agradecer às seguintes pessoas;
- Miguel Fernandes, pelo apoio, atitude crítica e interesse;
- Eng. António Quintanilha, pelo tempo e informação disponibilizada sobre segurança;
- Arq. Carlos Portugal, pela sua opinião, e permissão de utilização desta, acerca da relação entre segurança e arquitectura;
- Biblioteca da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, por nos disponibilizar o seu espaço e recursos;
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Obras de Arte
No ramo da Engenharia Civil, certas obras assumem um valor revolucionário,
complementando a complexidade técnica da construção a soluções simples, bom
planeamento, e, acima de tudo, método, execução e beleza arquitectónica. São por isso
denominadas de Obras de Arte, pois, neste contexto, adquirem realmente uma qualidade
artística, suplantando edifícios comuns.
Esta designação engloba, no seu uso corrente dentro da área específica da
Engenharia, vias de comunicação de difícil construção (sejam elas pontes, viadutos, túneis,
canais, etc.), bem como estruturas e dispositivos de protecção ou desvio de grandes massas
de água (o que inclui diques, barragens, eclusas/comportas, elevadores náuticos, etc.).
Algumas das Obras de Arte mais reconhecidas e admiradas do Mundo:
Fig. 3 e 4 – Barragem Hoover e Golden Gate Bridge
Fig. 1 - Viaduto de Millau Fig. 2 - Túnel do Canal da Mancha
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Concepção
Aquando da necessidade de construção de uma estrutura da escala e complexidade
daquelas referidas no capítulo anterior surgem como premissas iniciais dois aspectos
fundamentais: a integridade estrutural da construção e a segurança de todos aqueles
envolvidos nas diferentes fases da obra. Isto inclui todos os trabalhadores da obra, possíveis
visitantes e até mesmo os utilizadores da estrutura quando esta já estiver funcional. Será,
pois, essencial traçar desde o momento de concepção do projecto da estrutura todos os
pormenores necessários para atingir este fim.
É, então, nesta fase que a estrutura é pensada, desenhada, dimensionada e testada
com bases teóricas, sendo o projecto final e respectivo plano de segurança submetido a
aprovação por parte de diversas autoridades, garantindo assim a sua integridade estrutural e
concordância com as normas governamentais (como por exemplo, existência de saídas de
emergência, equipamentos de segurança como corrimões e guarda-corpos, alarmes e
medidas de combate a incêndios, etc.).
Posteriormente, dada a aprovação do projecto e do plano de segurança, são
elaborados os respectivos cadernos de encargos e negoceiam-se as propostas por parte de
todos os interessados na execução do projecto.
Por fim, assegurados os construtores e todos os restantes envolvidos, procede-se
para a preparação do local da obra, onde se instala o estaleiro e se iniciam os trabalhos.
Valor Arquitectónico vs Funcionalidade
No desenvolvimento deste tema surgiu uma discussão que achamos ser pertinente –
Será que a segurança e a funcionalidade se encontram entre os principais objectivos de um
arquitecto quando este projecta uma obra de arte? Ou será que este apenas se concentra na
estética, deixando esses “pormenores” para outros técnicos e engenheiros que completam o
seu trabalho?
Abordamos o conceituado Arq. Carlos Portugal, do atelier 7menos4, sobre essa
temática ao qual ele nos respondeu:
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“Começo por afirmar que a Estética é (talvez paradoxalmente para o entendimento
comum) a componente menos importante no trabalho do arquitecto. E, para me fazer
entender melhor, é incomensuravelmente menos importante do que para um poeta ou um
pintor.
A missão da Arquitectura é, podemos dizê-lo assim, a protecção do corpo humano.
Protecção, aqui, no sentido etimológico, abrangente, de segurança, conforto e aconchego
psicológico.
Justamente por essa razão, as grutas trogloditas são a raiz da Arquitectura.
Neste passo, portanto, podemos ir já directamente ao ensaio de uma resposta à tua
questão:
Sim, a segurança é um factor inicial, ou fundador, em Arquitectura!
A elaboração estética sobre as características do espaço resulta da predisposição
criativa - do engenho se assim quiseres - do ser humano. Porém, só se afirma na História, em
momentos posteriores à garantia de protecção física - da intempérie, contra os animais ou
dos inimigos.
E coincide sempre com ciclos de abundância, isto é, quando a produção gera
excedentes relativamente à necessidade de sobrevivência - se Filippo Brunelleschi sentisse
fome, tivesse que se preocupar com um tecto por causa da chuva e com uma parede que o
protegesse dos ventos ou do tigre-dentes-de-sabre, nunca teria projectado (nem tão pouco
imaginado sequer) a Cúpula da Igreja de Santa Maria del Fiore, em Florença.
Isto dito e assente, podemos agora saltar quantos séculos queiras e aterrar neste
esquizofrénico século XXI e afirmar que a Arquitectura deve ser entendida e sobretudo
praticada como um ofício técnico, de base científica, no qual, do aprendiz ao oficial, é
necessário conhecer a ferramenta (a manipulação do desenho), a matéria (o espaço e a luz),
a medida (o corpo humano) e a missão (produzir suportes físicos para a vida quotidiana).”
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Diferentes perigos na construção civil
A construção civil é, sem dúvida alguma, um dos principais ramos da actividade
humana em todo o mundo, sendo esta essencial para o planeamento e para a construção de
todas as infra-estruturas que tornam a vida na Terra possível tal como a conhecemos hoje
em dia.
Contudo, este sector, mais que todos os outros, padece do seu próprio “tendão de
Aquiles”. Trata-se, portanto, de um ramo vítima da sua própria complexidade. Devido ao
elevado número de intervenientes numa obra, esta fica susceptível tanto a erros humanos,
falhas de comunicação e desentendimentos, bem como a erros mecânicos e estruturais, o
que faz com que seja o sector industrializado com um maior número de acidentes e, por
consequência, mais mortes. Este facto pode ser observado na tabela e respectivo gráfico de
barras disponibilizados pela ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho), que faz um
balanço dos acidentes mortais por sector de actividade no ano de 2007).
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A prevenção neste sector deverá ser desenvolvida segundo certas metodologias
específicas para cada obra, visto que haverá sempre condicionantes e especificidades tanto
ao nível da concepção, como da organização e da execução dos trabalhos.
Um dos principais aspectos a considerar visa um estudo das condições de trabalho do
local onde a super-estrutura vai ser implementada. Construir uma ponte em Portugal ou,
digamos, na China são coisas muito diferentes visto que há diversas implicações em aspectos
cruciais para a execução da obra, como por exemplo, legislação, formação de trabalhadores,
objectivo da construção, ocorrência de fenómenos naturais (como sismos, tempestades e
outros climas próprios), condições meteorológicas distintas, as necessidades locais, o solo no
qual a obra assenta, ou até mesmo o factor humano. Um trabalhador de um local do mundo
tem certamente uma mentalidade diferente de um outro que viva sobe diferentes contextos
sociais, culturais e económicos.
Tendo de novo em conta a condição humana, são variados os aspectos a considerar
sobre as suas condições de trabalho e a maneira como estas afectam a sua performance
tanto no cumprimento dos seus deveres propriamente ditos como na sua intervenção activa
para melhorar, ou, no mínimo, não contribuir para um agravamento das suas condições de
segurança no trabalho.
Imaginemos, por exemplo, o caso de um trabalhador que seja deslocado do seu local
de trabalho normal. O seu afastamento da família, dos amigos, das rotinas e das suas
condições sociais, culturais e económicas nativas vai levar a um desregulamento dos seus
hábitos fora das horas de trabalho, como por exemplo o consumo excessivo de bebidas
alcoólicas, os maus hábitos alimentares, falta de descanso, etc., que se podem depois
reflectir no seu horário de expediente contribuindo assim para um aumento da
probabilidade de ocorrência de acidentes. Mesmo que todos estes hábitos
comprometedores fora do horário de trabalho possam ser descartados no caso de não
existirem ou serem vestigiais, existem outros hábitos que o trabalhador vai adquirindo
durante os anos, ou que lhe são impostos pela falta de condições e de meios de trabalho,
que podem ser prejudiciais para a sua segurança. Exemplos disso são as movimentações
manuais de cargas pesadas, a exposição a factores climatéricos agressivos, trabalhar em
locais considerados perigosos sem o equipamento de segurança adequado (seja ele um EPC
ou EPI), a falta de experiência e/ou formação no manuseamento de maquinaria pesada,
utilização de procedimentos nem sempre mais correctos, ou seja, com riscos desnecessários,
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falta de sensibilização para os perigos normalmente existentes numa obra, excesso de
confiança, falta de sinalização,
Todos estes factores e muitos mais, infelizmente, contribuem activamente para uma
diminuição considerável na segurança da obra fazendo com que ocorram acidentes
frequentemente sendo as principais causas destes:
• Quedas;
• Desabamentos de estruturas;
• Soterramento;
• Projecção de fragmentos;
• Dano por objecto ou ferramenta;
• Esmagamento;
• Sobre-esforço;
• Queimaduras;
• Choques eléctricos;
• Exposição a substâncias nocivas, tóxicas, cáusticas e corrosivas;
• Exposição a radiação ionizante ou não ionizante;
• Explosões;
• Incêndios;
• Danos causados por seres vivos (fungos, bactérias, pestes e insectos);
• Atropelamento;
• Exposição a ruídos;
• Exposição a vibrações prolongadas;
• Fadiga física, psicológica e moral;
• Risco associado a factores psico-sociais ou organizacionais:
o Horas excessivas de trabalho;
o Ritmo anormal;
o Trabalho monótono;
o Más relações interpessoais;
o Má comunicação;
o Estados alterados de consciência (embriaguez e drogas);
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o Falta de formação/informação;
o Falta de treino/experiência.
• Outros.
Ainda que os perigos e riscos descritos possam ser comuns a todo o género de
construção, alguns dos perigos mencionados tornam-se ainda mais frequentes consoante o
tipo, o tempo de execução, a complexidade, a dimensão, a dificuldade e a eficiência de
execução da obra.
Obras como pontes suspensas, viadutos, barragens, diques e túneis pertencem à
categoria de estruturas cuja construção é tecnicamente difícil e morosa, arrastando com ela
possíveis perigos que normalmente não se encontram em estruturas mais triviais como
edifícios e equipamentos urbanos.
Quanto maior o nível e dificuldade técnica/ pormenor em questão maior o risco de
acidente e, logicamente, de morte de trabalhadores.
Logo, fará todo o sentido que a segurança aquando da construção de obras de arte
seja maior que na maioria das estruturas, dada a maior probabilidade de poderem ocorrer
acidentes.
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Agentes responsáveis pela segurança
Dados tantos perigos e possíveis consequências aos quais um trabalhador do ramo da
Construção Civil se encontra exposto, acresce-se uma importância extrema à segurança de
todos os envolvidos na construção de uma obra, importância essa ainda superior caso se
tratar de uma obra de arte, estrutura geralmente considerada de difícil planeamento e
execução.
Logo, de forma a garantir as condições operacionais de segurança, serão necessárias
medidas meticulosamente planeadas, descritas e fiscalizadas. Para esse efeito, qualquer
obra requer uma equipa responsável pela segurança nas diferentes etapas da construção,
com papéis e responsabilidades bem definidas.
Essa equipa de técnicos de segurança e higiene no trabalho, chefiada pelo respectivo
Director de Segurança e Coordenador de Segurança e Saúde, visa a execução e a criação de
um plano de segurança definido durante a fase de concepção, de acordo com a legislação
vigente e com as necessidades correspondentes à localização, características técnicas e
possíveis riscos existentes na execução da obra em questão.
Estão também encarregues de garantir a execução desse mesmo plano em todas as
etapas da construção, bem como de efectuar o acolhimento (formação e informação quanto
aos pormenores específicos da obra em particular no que concerne à segurança no trabalho)
dos funcionários; de efectuar um acompanhamento contínuo da obra, assegurando o bom
cumprimento da regulamentação interna e governamental; de promover práticas de saúde
no trabalho, higiene e de segurança no manuseamento de maquinaria e instrumentos; de
actualizar o layout dos diversos planos de emergência do estaleiro; de complementar o
plano de segurança e o seu cumprimento perante a necessidade de novos trabalhos e
situações não previstas; e, entre outros, de controlar níveis de alcoolemia e de cumprimento
de turnos dos trabalhadores.
O papel dos restantes trabalhadores e envolvidos na obra será também ele essencial,
devendo estes cooperar com o Director de Segurança e a respectiva equipa de técnicos
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superiores, atendendo às sugestões deles, cumprindo os planos por eles indicados e, caso
denotem alguma falha, alertando a equipa encarregue pela segurança.
Desta forma, e caso tudo corra conforme o plano de segurança, não ocorrerão
imprevistos e, mesmo que estes ocorram, serão accionados os mecanismos necessários para
prevenir atrasos, danos humanos, materiais ou até mesmo perda de vidas.
Assim, de maneira a ser traçado um plano de saúde e segurança no trabalho (PSS)
completo e eficaz serão necessárias pessoas competentes e com a formação necessária para
o fazer e cumprir. Normalmente (mas não necessariamente) esses agentes de segurança
possuem uma formação em algum ramo da Engenharia conferida por alguma universidade
ou politécnico, o que lhes confere a capacidade de cálculo e lógica suficiente para a tarefa.
Para além disso devem ter alguma formação ou especialização ao nível de técnicas de
higiene e segurança no trabalho (Regra geral estes agentes são Técnicos Superiores em
Segurança e Higiene no Trabalho), disponível em diversas entidades de educação e de
formação contínua, com a condição destes cursos serem homologados e certificados pelo
ACT.
Posteriormente, consoante a envergadura da obra a fiscalizar, ser-lhes-á necessária
experiência prévia e uma educação in loco e mais experiente sobre a temática de segurança,
sendo necessário por lei efectuar diversos estágios antes de poder fiscalizar, traçar e fazer
cumprir um plano de segurança completo.
Desta forma, assegura-se a existência de indivíduos com formação que salvaguardem
a segurança das instalações e vidas presentes e previnem, juntamente com outros técnicos e
engenheiros, a segurança estrutural da construção.
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Principais medidas preventivas e de segurança a adoptar
Tal como já foi previamente indicado, durante os vários estágios da execução e
construção de uma estrutura os trabalhadores estão sujeitos a diversos perigos sendo que
maior parte destes pode ser causador de lesões e ferimentos permanentes ou mesmo
mortais. Como todos estes tipos de contratempos constituem um atentado à integridade
física humana e como toda a gente têm direito a um local de trabalho higiénico e seguro
então medidas têm de ser tomadas quando todos os outros métodos falham.
Para que todos estes acidentes possam ser evitados dois grupos diferentes de
medidas podem ser tomadas:
Medidas preventivas, que visam impedir os trabalhadores de entrar nas áreas
consideradas de perigo através de sinalização visual ou sonora ou através de impedimento
físico, usando para o efeito equipamento adequado como, por exemplo, utilização de um
sistema de longe+arnês que é ancorado a locais predefinidos para que o comprimento do
longe não permita o trabalhador entrar na zona de perigo;
Medidas de segurança activas, para que caso as medidas preventivas falhem,
e caso o trabalhador entre na zona de perigo, as consequências possam ser atenuadas ou
até mesmo evitadas. Tal como as medidas preventivas, estas medidas de segurança activas
são postas em prática através do uso de equipamento adequando a cada diferente situação
como por exemplo o uso de redes de segurança, de longe+mosquetões, etc.
As medidas de segurança activas podem ainda ser divididas em dois diferentes
grupos:
Individuais - medidas que asseguram a integridade física do individuo em
causa;
Colectivas - medidas que asseguram a segurança de um grupo de indivíduos;
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Em termos de medidas de segurança colectivas (EPC’s) a lista é extensa sendo as mais
comuns:
Guarda-Corpos;
Redes de segurança contra a queda de pessoas e detritos;
Uso de taludes naturais e entivação de materiais;
Inacessibilidade, isolamento e ligação á terra de fontes de choque eléctrico e
queimaduras;
Paredes de enclausuramento acústico de ruídos;
Existência de sistemas de ventilação dos locais de trabalho;
Existência de extintores e cabines de segurança;
No que concerne a medidas de segurança individuais (EPI’s) destacam-se:
Capacetes;
Auriculares;
Máscaras;
Viseira;
Arnês de segurança e linhas de longe;
Botas;
Fatos de corpo completo;
Óculos de protecção;
Luvas;
Roupa Impermeável;
Para todos estes equipamentos indicados existe legislação a ser cumprida mas que se
torna demasiado extensiva para ser indicada num relatório deste género. De qualquer forma
fica a informação que a regulamentação destes equipamentos é legislada e padece de
fiscalização regular por parte dos técnicos de segurança envolvidos na obra.
Também necessária ao bom funcionamento e segurança no local de obra é a correcta
sinalização dos perigos, proibições, avisos e vias de circulação seguras e de emergência,
também estas com legislação aplicável e essenciais para a prevenção de acidentes e para
assegurar os procedimentos a ser efectuados aquando de um acidente ou situação de risco.
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É igualmente essencial que se fomente uma educação de bom procedimento no local
de trabalho, incutindo aos trabalhadores, visitantes e utilizadores um conhecimento da
organização do estaleiro e das medidas de resposta a emergências como planos de
emergência, saídas e abrigos/zonas seguras. Essas medidas serão continuamente revistas,
actualizadas e sinalizadas pela equipa de segurança.
Para além disso, deverão ser igualmente fomentados comportamentos de bom uso e
funcionamento de ferramentas, equipamentos e maquinaria, comportamentos esses
especificados pelo fabricante e pelos técnicos responsáveis, de forma a garantir a segurança
do próprio utilizador da ferramenta e dos trabalhadores circundantes.
Infelizmente esses comportamentos fomentados pela equipa de segurança são
demasiado extensos e diferem de equipamento e de situação, logo não fará sentido
especifica-los. Contudo, caso seja necessário, essa informação está contida na bibliografia
utilizada neste relatório, indicada no capítulo correspondente.
Podemos então concluir que de forma a criar um ambiente de trabalho seguro e
salvo de acidentes são necessárias diversas fontes de medidas preventivas e de segurança,
entre as quais sinalização devida, uso de EPI’s e EPC’s, educação para o bom-funcionamento
de equipamentos e maquinaria, vistorias regulares e possivelmente outros mais específicos
da obra em particular.
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Caso-estudo:
Gotthard Base Tunnel
No sentido de evidenciar a necessidade de um plano de Segurança e Saúde no
trabalho (PSS) e as respectivas respostas às necessidades de segurança num projecto
perante necessidades reais tomamos o exemplo da construção do Gotthard Base Tunnel,
utilizando para isso o relatório efectuado sobre os sistemas de resposta a incêndios no dito
túnel.
Introdução:
O Gotthard Base Tunnel, propriedade da Swiss Federal Railways, será, após a sua
conclusão, o maior túnel ferroviário do mundo, estendendo-se por uns impressionantes 57
km sob os Alpes Suíços e ligando Zurich-Milão. A sua construção deriva da necessidade de
responder à procura de um método de transporte de alta velocidade para as populações
residentes entre o sul da Alemanha e o Norte de Itália, abrangendo assim toda a área alpina
da Suíça. Servirá também como alternativa para o transporte de mercadorias (freight traffic)
existente nas vias rodoviárias Suíças, transferindo desta forma parte do trânsito das estradas
para a ferrovia.
Para a realização deste túnel foi concordada a sua execução segundo parâmetros de
qualidade e segurança altos, não só para assegurar a integridade estrutural do equipamento
por muitos anos mas também como forma de transparecer a perspectiva da empresa sobre
a sua função como principal meio de transporte público Suíço.
Para além disso, dado os recentes acidentes em túneis rodoviários Suíços - Kaprun
(2000) e Gotthard Road Tunnel (2001), a opinião pública suíça sobre a segurança em túneis
demonstrou uma especial sensibilidade para o problema, levando os responsáveis da
construção do Gothard Base Tunnel a efectuar um reenforço das medidas de segurança
existentes.
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Possíveis Riscos:
Dentro de muitos outros, e baseando-se em casos prévios, podemos afirmar que os
principais riscos aquando da construção de túneis e utilização destes serão: derrocadas,
incêndios e problemas derivados destes (nuvens de fumo e partículas nocivas passíveis de
ser inaladas), atropelamentos (dado o pouco espaço de manobra e nível de luminosidade),
danos provocados por ruído e pelo uso de explosivos.
Fará, pois, todo o sentido salvaguardar quer os trabalhadores quer os utilizadores
destes perigos. Para isso será necessária uma concepção minuciosa e uma delimitação de
um plano de segurança e saúde completo. Dado que estatisticamente o principal perigo num
túnel serão os incêndios, observaremos as medidas tomadas para prevenir possíveis danos a
indivíduos e estruturas na eventualidade deste. O plano desenvolvido será aplicado não só
aquando da construção, mas prolongar-se-á à sua utilização.
A escolha do design do túnel:
Após o estudo de diversas variantes do sistema de túneis, comparando para esse
efeito os custos envolvidos, futuros calendários de escavações, possíveis dificuldades
técnicas em zonas de geologia difícil, aerodinâmica, sistemas de resposta de emergência e
considerações ambientais, foi escolhido um sistema de dois túneis individuais interligados e
com um standard de qualidade elevado, capaz de suportar sistemas de ventilação
independentes.
Requisitos:
Apesar da probabilidade de ocorrência de um incêndio ser um “worst case cenario”,
dois requisitos terão de ser assegurados:
- Disponibilidade de acesso aquando da emergência;
Pretende-se com isto um acesso facilitado ao túnel de forma a salvaguardar a
saúde daqueles que se encontram no seu interior, acesso esse também existente de forma a
possibilitar a chegada de equipas de combate a fogos e paramédicos. Para isso será
necessário garantir vias desimpedidas e a integridade estrutural em caso de incêndio.
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- Disponibilidade de acesso após a emergência;
Após a ocorrência de um incêndio, os danos terão de ser mínimos e de fácil
recuperação, de forma a assegurar um regresso ao funcionamento normal rapidamente.
Para isso deverá ser assegurada mais uma vez a integridade estrutural do túnel
(desenvolvendo medidas que previnam que este colapse e que reduzam a gravidade dos
danos, tempo e custos de reparação).
O sistema:
Utilizando o design do túnel (dois tubos individuais interligados de ±35 em 35 metros
por uma câmara de segurança, associado a um sistema de ventilação independente em cada
um dos três blocos (um para cada túnel e outro para a câmara de segurança), um sistema de
vigilância e monitorização completíssimo e a existência de portas corta-fogo, será assim
garantida a segurança dos utilizadores. Estes, independentemente do incêndio ocorrer
dentro ou fora do comboio, serão munidos de mascaras de oxigénio existentes no comboio e
direccionados para a câmara mais próxima. O sistema de monitorização accionará as
respostas necessárias, parando a circulação de comboios em ambos os túneis. Tendo
assegurado a segurança dos passageiros na câmara, um comboio de salvamento será
enviado pelo túnel oposto ao do acidente, contendo paramédicos e cujo propósito será o de
evacuar os utilizadores do túnel. Serão ao mesmo tempo enviados diversos comboios com
equipas de combate ao fogo, em ambas as linhas, de forma a impedir o agravamento da
situação. O sistema de ventilação será também accionado apenas na zona de emergência,
cortando assim o oxigénio que alimenta a combustão. Um sistema de drenagem de água
assegurará que a água utilizada pelos bombeiros e equipas de emergência não se infiltrara
na estrutura, poluindo o solo e possíveis lençóis de agua e danificando a estrutura.
O uso de secções de túnel compostas por cimento adicionado com 2kg/m 3 de fibras
PP anti-fogo e aplicação de 3 a 7 cm de shortcrete que proteja o cimento contra incêndios
garante a integridade estrutural da secção vitima de fogo e assegura uma recuperação
rápida e de custos reduzidos.
De forma a maximizar a eficiência da resposta na situação de incêndio são realizados
vários testes de rotina aos mecanismos de resposta como equipas de emergência, salas de
controlo central e ao accionamento dos diversos mecanismos como sistemas de ventilação,
corte de oxigénio, fecho de portas corta-fogo e bloqueio da linha de comboio.
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Acidentes:
Não obstante às diversas medidas de segurança implementadas aquando da fase de
construção, diversos acidentes ocorreram na construção do Gotthard Base Tunnel, 9 dos
quais resultaram em vítimas mortais.
Segundo Irène Kunz, médica de segurança no trabalho no Gotthard Base Tunnel
“Todos os acidentes foram fruto de trânsito no túnel ou de derrocadas. (…) O principal
perigo na construção em túneis é o alto volume de trânsito e os consequentes
atropelamentos. O uso de roupa que reflicta luz é, portanto, vital para alertar os condutores
da presença de outros trabalhadores. Para além disso, é também essencial a existência de
retrovisores limpos nos veículos, bem como de câmaras retrovisoras”
Conclusão:
Baseando-se em acidentes prévios (Kaprun e Gothard Road Tunnel), as medidas de
protecção relativas à capacidade de resposta contra incêndios utilizadas no Gotthard Base
Tunnel melhoraram significativamente em termos de comparação com os seus
predecessores.
Para isto contribuiu uma concepção do plano de segurança e da própria estrutura
meticulosa e dada ao pormenor, um estudo do melhor sistema de design de túneis, uso de
materiais de qualidade superior, implementação de um sistema de ventilação e de resposta
contra incêndios rápido, eficaz, completo e constantemente treinado, bem como uma
execução e planeamento impar na história da engenharia.
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Conclusão Podemos então concluir que, efectivamente, as Obras de Arte, á semelhança das
restantes construções padecem de vários riscos e problemas no que concerne á segurança
dos seus intervenientes. Necessitam, portanto, de um planeamento completo e eficaz feito
por pessoas competentes e qualificadas de forma a assegurar o bom funcionamento da obra
e a segurança não só dos trabalhadores aquando da construção mas também dos
utilizadores deste equipamento quando este estiver terminado.
Conforme apresentamos, poderão ser executadas diversas medidas preventivas de
forma a alertar riscos e evitar acidentes.
O caso de estudo “Gotthard Base Tunnel” apenas comprova esta perspectiva,
ensinando-nos que podemos observar o passado de forma a tomar decisões inteligentes e
reflectidas no presente que salvaguardarão acidentes no futuro, permitindo que todos nós e
gerações futuras apreciemos as Obras de Arte em todo o seu esplendor.
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Bibliografia: - Pinto, Abel; “Manual de Segurança – Construção, Conservação e Restauro de
Edificios”; Edições Sílabo, Lisboa, 2008.
- Fabbri, Davide; “ The Gotthard Base Tunnel: Fire/Life Safety System – The 6th annual
tunneling conference”. Sydney, 2004
- Autoridade Para as Condiçoes de Trabalho – http://www. act.gov.pt
- Ministério do Trabalho e da Solidariadade Social, Gabinete de Estratégia e
Planeamento – http://www.gep.mtss.gov.pt
- AlpTransit; http://www.alptransit.ch
- Kuenzi, Renat – “Protecting miners against tunnel health dangers.”;
http://swissinfo.ch; publicado a 6 de Outubro 2010.