PRÁTICAS DE LEITURA/ESCRITA E LETRAMENTO VISUAL...

Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação

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PRÁTICAS DE LEITURA/ESCRITA E LETRAMENTO

VISUAL DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NO

FACEBOOK1

Liliane Alves da Silva2 (UPE)

Resumo: O ambiente virtual tem possibilitado o desenvolvimento de diversas práticas discursivas, cujos efeitos se fazem sentir em diversos contextos sociais, inclusive na Universidade. De acordo com essa perspectiva, este artigo analisa as práticas de leitura/escrita de estudantes universitários no Facebook, como também os propósitos comunicativos dos gêneros multimodais compartilhados por eles no Feed de notícias. Com base nas teorias de multimodalidade e gêneros multimodais proposta Dionísio (2005), análise e compreensão de gêneros por Marcuschi (2008) e propósito comunicativo por Bezerra (2006). Palavras-chave: escrita, letramento visual, Facebook.

Abstract: The virtual settings have enabled the development of various discursive practices, whose effects are felt in different social contexts, including the University. According to this perspective, this paper analyzes the reading/writing practices of undergraduate students in Facebook, as well as the communicative purposes of multimodal genres they share in the News Feed, drawing on multimodality and multimodal genres theories proposed by Dionisio (2005), on genre analysis and comprehension as proposed by Marcuschi (2008) and on communicative purpose as proposed by Bezerra (2006). Key words: writing, visual literacy, Facebook.

Introdução

Durante muito tempo a linguagem verbal foi predominante na produção dos

gêneros textuais, mas com o avanço das tecnologias as formas de apresentação

desses gêneros modificaram-se. Atualmente eles tendem a ser híbridos e

constituídos por recursos imagéticos em consonância com a linguagem verbal.


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No ambiente digital os gêneros textuais adquirem novas formas tornando-se

dinâmicos de acordo com o suporte. Além disso, eles são constituídos por diversas

modalidades: escrita, imagem, som, movimento, entre outras. Com tantos recursos

utilizados na produção dos gêneros, a compreensão dos propósitos comunicativos

tornou-se ainda mais complexa. Por isso é preciso que o leitor observe tanto o

texto escrito quanto o imagético para entender as relações que essas modalidades

estabelecem entre si.

Percebe-se que existem diversos estudos sobre gêneros textuais, porém

ainda são poucos os que estudam os gêneros do ponto de vista dos propósitos

comunicativos, especialmente, quando se trata dos gêneros multimodais. Por esta

razão este trabalho pretende contribuir para o preenchimento dessa lacuna

presente nos estudos dos gêneros.

Ao observarmos que os estudantes universitários compartilham gêneros

textuais multimodais no Feed de notícias, página do Facebook, percebemos a

necessidade de refletir sobre essas práticas, além de tentar compreender qual a

contribuição delas para o desenvolvimento/aquisição do letramento visual.

Para que seja possível atingir os seus objetivos, este artigo inicia com noções

gerais sobre os gêneros multimodais, propósitos comunicativos e letramento visual,

prosseguindo com os procedimentos metodológicos, uma breve análise das práticas

de leitura/escrita de estudantes universitários no Facebook, análise de gêneros

multimodais e por fim as considerações finais.

1 Gêneros textuais multimodais

Segundo Marcuschi (2008, p. 154), “toda manifestação verbal se dá por meio

de textos realizados em algum gênero”. Através dessa afirmação percebe-se a

importância dos gêneros textuais para a realização dos mais variados objetivos que

diversas comunidades linguísticas ou pessoas pretendem alcançar.

No contexto atual de produção de gêneros, percebe-se a presença de imagens

que possuem relações muito próximas com as palavras e isso faz com que elas


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tornem-se cada vez mais integradas (DIONÍSIO, 2005, p.159). Por esta razão é

comum encontrarmos em diversos lugares, especialmente em gêneros midiáticos

aspectos multimodais, nesse caso, gêneros constituídos por imagens e palavras,

som, movimento, entre outros. Essa perpectiva dialoga com a seguinte afirmação:

Se as ações sociais são fenômenos multimodais, consequentemente, os gêneros textuais falados e escritos são também multimodais porque, quando falamos ou escrevemos um texto, estamos usando no mínimo dois modos de representação: palavras e gestos, palavras e entonações, palavras e imagens, palavras e tipográficas, palavras e sorrisos, palavras e animações, etc. (DIONÌSIO, 2005, p.161).

É importante destacar o fato de que a multimodalidade não se encontra

apenas em gêneros que contêm imagens e palavras, mas na linguagem em geral,

seja ela verbal ou visual, pois todo texto sempre utiliza mais de uma modalidade.

Seja na fala ou na escrita, faz-se necessária a presença de outros modos

semióticos, porque eles contribuem para a construção do sentido e facilitam a

compreensão por parte dos interlocutores. Segundo Kress & Van Leeuwen (1996):

Mesmo um texto verbal tem outros modos de comunicação co-presentes que contribuem para o seu significado. Textos são, portanto, multimodais, ou seja, um conjunto de múltiplas formas de representação ou códigos

semióticos que, através de meios próprios e independentes, realizam sistemas de significados. (apud SELVATICI, 2007, p. 01)

Com essa perspectiva de que textos são multimodais e constituídos por uma

diversidade de representações semióticas que se integram para produzir

significados, podemos dizer que em nossa cultura a linguagem está tornando-se

cada vez mais visual, e isso exige que as práticas de leitura/escrita nas escolas e

nas universidades sejam repensadas como também atualizadas.

2 Os propósitos comunicativos

Para compreender as ações que os gêneros realizam na sociedade é necessário

considerar os propósitos comunicativos presentes neles. Segundo Bezerra (2011,

p.124), “a noção de propósito comunicativo apresenta-se como um dos conceitos


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centrais para a compreensão da construção, interpretação e uso dos gêneros,

mesmo quando nem todos os estudiosos se utilizam dessa terminologia”. Percebe-

se, então, que para compreender o processo de produção de um gênero faz-se

necessário conhecer o propósito que o originou, pois todo gênero é produzido a

partir de um propósito específico ou de vários.

Conforme afirma Swales (apud BEZERRA, 2011, p. 124), “é o propósito

comunicativo que realmente faz surgir o gênero”. Pode-se dizer que esta é a

principal motivação da diversidade de gêneros que são produzidos no ambiente

acadêmico e na sociedade em geral.

Os propósitos comunicativos ainda não possuem uma definição final e

acabada. Segundo Bezerra (2011, p.125), ainda não podemos dizer que “o propósito

comunicativo é...” Somente chegamos a uma conclusão do que poderia ser o seu

conceito a partir de alusões que mostram sua importância na realização dos

objetivos que constituem os gêneros.

De acordo com Bezerra (2011, p. 125), “a manifestação de um propósito

comunicativo comum não implica, naturalmente, uma rigidez estrutural na

construção dos gêneros”. Nota-se que os gêneros com propósitos comuns podem

sofrer modificações em sua estrutura, mas o propósito permanece o mesmo.

As comunidades discursivas possuem características próprias que são

reveladas na estrutura dos gêneros que são produzidos em seu interior, mas as

mesmas não interferem nos propósitos comunicativos porque estes são estratégias

convencionais da sociedade. Considerando a importância de analisar os gêneros do

ponto de vista de seus propósitos comunicativos, este trabalho faz uma breve

análise dos propósitos em gêneros multimodais que são compartilhados por

estudantes universitários no Facebook.

3 Multiletramentos: uma forma de inserção social

Nos últimos anos, muitas pesquisas têm sido feitas sobre letramento. Em sua

concepção, esse termo apenas designava a habilidade de compreender práticas


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sociais de leitura e escrita. Hoje ele é bem mais abrangente por não limitar-se

somente a essas práticas. Pode-se dizer que existem diferentes estratégias de

letramento, autorizando-nos a falar de multiletramentos ou letramentos múltiplos.

Conforme essa consideração:

O letramento na sociedade atual, não se refere, apenas, às habilidades de leitura e de escrita, mas passa a exigir do sujeito letrado habilidades interpretativas básicas que devem atender às necessidades da vida diária, como as exigidas pelas diferentes linguagens semióticas do mundo contemporâneo. (PINTO, 2011 p. 04)

Os sujeitos que têm a habilidade de mover-se de um letramento a outro são

mais valorizados em nossa sociedade, especialmente quando estes são capazes de

interagir nos ambientes digitais de maneira eficiente, os quais oferecem muitas

informações que são apresentadas através de gêneros textuais multimodais.

Pode-se dizer que a linguagem visual tem se destacado nas últimas décadas

em diversos âmbitos da sociedade. Com isso o ambiente virtual favoreceu o

desenvolvimento de inúmeros gêneros com outras modalidades, além da escrita.

Essas modalidades estão cada vez mais entrelaçadas para constituir um ou vários

significados. As análises dos gêneros que possuem imagens e palavras em sua

composição devem levar em consideração essas duas modalidades, porque em

muitos casos a presença das imagens nos gêneros não apenas representam a

escrita, mas a complementam, segundo Dionísio (2005).

Entre os diversos tipos de letramentos, este trabalho quer colocar em

evidência o letramento visual, por vivermos em uma sociedade que além da

linguagem verbal utiliza a visual, mas também porque esse tipo de letramento,

segundo Dionísio (2005, p.160), “está diretamente relacionado com a organização

social das comunidades e, consequentemente, com a organização dos gêneros

textuais”. Como se percebe, a linguagem visual faz parte da vida das diversas

comunidades, pois as primeiras formas de registro das atividades humanas foram

por meio de imagens, as quais receberam o nome de pinturas rupestres. Portanto,


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faz-se necessária a aquisição do letramento visual para compreender o

funcionamento da sociedade.

4 Procedimentos metodológicos

A pesquisa de práticas discursivas em ambiente digital, do ponto de vista das

ciências da linguagem, tende a adotar uma perspectiva etnográfica, caminho que

também foi seguido neste trabalho. Para a realização do presente estudo e

consequente cumprimento de nossos objetivos, os seguintes passos foram

necessários.

Observação in loco das práticas de leitura/escrita dos estudantes

universitários no Facebook, coleta do corpus para análise constituído por 50

exemplares de gêneros multimodais compartilhados por estudantes no mural e

visualizados através da página Feed de notícias. A coleta dos exemplares ocorreu

entre os meses de agosto e setembro do ano de 2012.

Selecionamos gêneros com propósitos diferentes, compostos por imagens e

palavras, os quais foram analisados a partir do contexto em que estão inseridos

como também através da observação dos movimentos retóricos que contribuem

para a realização e a identificação dos propósitos comunicativos.

5 Considerações sobre as práticas de leitura/escrita de estudantes

universitários no Facebook

As redes sociais em ambiente virtual agrupam, cada vez mais, um grande

número de pessoas que são conectadas com o objetivo de manter relacionamentos

sociais como a amizade, trabalho ou compartilhamentos de informações. Todas

essas ações contribuem para a construção da estrutura social. Atualmente muitos

recursos têm sido utilizados para facilitar a interação entre as pessoas. Conforme

a seguinte afirmação:


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Dentre esses recursos se destaca o Facebook – com seis anos de existência, é a maior rede social on-line do mundo; são mais de 400 milhões de usuários. Caso fosse um país seria um dos mais populosos, atrás da China e da Índia. Diariamente, seus membros postam mais de 55 milhões de atualizações e compartilham mais de 3,5 bilhões de arquivos. (AGUIAR et MODESTO, 2010, p. 04)

Entre os usuários do Facebook estão os estudantes universitários que o

utilizam para diversas práticas tanto de leitura quanto de escrita, além de diversos

gêneros multimodais que são postados no mural de cada um dos usuários tornando-

se acessíveis a seus amigos por meio do Feed de notícias. De acordo com Aguiar et

Modesto (2010, p. 02), “a internet e as redes sociais são, portanto, parte da

realidade da comunidade acadêmica.”

Os compartilhamentos feitos pelos estudantes, geralmente, são os que eles

consideram mais significativos com propósitos de aconselhar, provocar humor,

chamar atenção ou fazer uma crítica a algum acontecimento social. As piadas,

nesse ambiente, como também outros gêneros possuem uma nova forma, ou seja,

são compostos por imagem e texto.

Como se percebe, os gêneros que são compartilhados frequentemente no

Feed de notícias possuem propósitos diversificados e alguns estudantes escrevem

um texto ou um comentário relacionados a esses gêneros. Essa prática é uma

forma de fundamentar as suas intenções e relacioná-las com o propósito dos

gêneros compartilhados. A palavra “curtir” nessa página equivale a “gostei” ou

“concordo”, muitas vezes dependendo do sentido que o leitor deseja atribuir. Após

os compartilhamentos, os amigos dos usuários acima citados utilizam essa palavra

para mostrar que leram e observaram e em muitos casos que concordam com os

propósitos dos gêneros compartilhados.

Os estudantes expressam os sentimentos de indignação, tristeza, alegria,

decepção, entre outros, através de textos multimodais. Nota-se também que

existem diversos comentários criticando as injustiças sociais, os quais demonstram

a indignação com relação aos temas mais discutidos na sociedade. Assim, o

Facebook, além de ser um site que contribui com a interação entre os usuários e os


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seus amigos, torna-se também um espaço de conscientização com relação aos

problemas sociais.

6 Análise dos gêneros textuais multimodais

Durante a análise dos exemplares de gêneros multimodais, foi possível

observar que eles possuem propósitos diversificados estando de acordo com o perfil

de cada estudante e revelando aos poucos sua identidade, suas crenças e a forma

como eles compreendem seu papel na sociedade. Isso mostra que as

representações e imagens não servem apenas para divulgar informações ou

expressar sentimentos, mas sim para revelar as relações que temos com a

sociedade, conforme lembra Dionísio (2005).

Nota-se que os estudantes estão atentos à realidade social como é o caso

desse gênero compartilhado por um deles sobre a tribo indígena Guarani-Kaiowá:

Exemplo:

Figura1: Genocídio de uma tribo


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Fonte: www.facebook.com

Como se percebe a finalidade do gênero é denunciar o genocídio de uma tribo

que perdeu sua terra por conta da ganância dos latifundiáros e agora sem

perspectiva decide suicidar-se. Ao compartilhar esse gênero os estudantes divulgam

um acontecimento social que está sendo pouco divulgado pelos programas de

televisão, mostrando solidariedade com relação à causa indígena. Nota-se que o

texto verbal inicia informando sobre o tema central que é nesse caso, o genocídio

de uma tribo indígena e as reticências em seu final indicam que a complementação

do sentido bem como da informação, dá-se por meio da leitura da imagem da

criança que tem em uma de suas mãos a corda que pode estar representando o tipo

de morte dos membros da tribo Guarani-Kaiowá.

A intenção particular do produtor é revelada nesta frase “eu me importo! Ao

mesmo tempo que afirma estar preocupado com o genocídio o produtor do gênero

questiona “e vc?” Neste momento ele utiliza uma linguagem mais próxima do

interlocutor. Poderíamos dizer que este é um dos movimentos retóricos que nos

termos de Swales (2004) são unidades discursivas ou retóricas que realizam dentro

dos discursos tanto escritos quanto falados uma função comunicativa coerente,

além de ser um meio utilizado para identificação do(s) propósito(s)

comunicativo(s). A imagem presente no gênero nos faz lembrar uma criança

indígena e a corda em sua mão a triste realidade do suicídio que pode ser por

enforcamento. Todos esses conhecimentos são ativados por meio de inferências

feitas pelo leitor, que segundo Marcuschi (2008) contribuem para compreensão do

texto.

Pode-se dizer que o propósito comunicativo presente neste gênero é uma

denúncia, ou seja, “denunciar um problema em busca de soluções” que é revelada

através da informação inicial que não está completa, porém supõe-se que o leitor

conheça as dificuldades que a tribo Guarani- Kaiowá está vivenciando.

Durante o período das eleições municipais, no qual foi coletado parte dos

exemplares que constituíram o corpus, era comum encontrar gêneros com o


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propósito de criticar as atitudes dos políticos, como observa-se neste

compartilhamento feito por uma estudante:

Exemplo:

Figura 2: Promessas de candidato


Ele retrata a conversa entre um político e uma criança. Inicialmente o menino

fala de suas crenças, em seguida a criança é questionada pelo político. A resposta

dela provoca humor e ao mesmo tempo soa como uma crítica aos políticos que

acreditam que o povo é ingênuo. Ao observarmos a imagem, percebemos que o

adulto representa um político pela forma de vestir-se, mas também pelo distintivo

com o nome vote. Quando faz a pergunta, o político está sorrindo, porém sua

fisionomia modifica-se ao escutar a resposta da criança que fica com o semblante

decepcionado, representando grande parte da população que não acredita nas

promessas dos candidatos, pois geralmente eles não cumprem o que prometem.


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A presença do diálogo entre as personagens nos gêneros coletados eram

recorrentes para a realização dos propósitos, parecendo ser um movimento retórico

utilizado para alcançar os propósitos.

Entre os gêneros mais compartilhados estão os que refletem os valores que

facilitam a convivência humana, como este que lembra a importância do silêncio

como também do sorriso, gestos fundamentais na vida das pessoas.

Exemplo:

Figura 3: O silêncio e o sorriso


No início percebemos que o texto reflete o valor do silêncio e do sorriso

comparando-os com ferramentas poderosas, em seguida define cada um deles. Essa

unidade retórica faz com que o leitor pense na necessidade de cultivar esses

valores para tentar resolver problemas ou evitá-los. A imagem de uma jovem

sorrindo com o olhar fixo nas borboletas nos remete a ideia de um lugar silencioso

em meio à natureza. Esses ambientes fazem com que possamos refletir sobre o que


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é realmente essencial para nossa existência, além de associar-se à ideia de que

tanto o silêncio quanto o sorriso são essenciais para a vida humana e quando

vivenciamos esses valores nossa forma de ver o mundo se transforma, bem como

tudo que existe ao nosso redor.

A última frase presente no gênero chama a atenção para as mudanças que

devem ocorrer para que possamos viver melhor. Tanto os textos quanto a imagem

exercem uma função retórica na construção de sentidos, como enfatiza Dionísio

(2005), e ainda contribuem para a identificação do(s) propósito(s).

Existem pessoas que ao chegarem diante do computador para fazer um

trabalho/pesquisa não conseguem terminar, por não permanecerem em uma única

página. Assim elas perdem o foco como retrata esse compartilhamento:

Exemplo:

Figura 4: Não perca o foco



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O texto verbal começa informando sobre o trabalho que a pessoa pretende

realizar, mas antes vai navegar em outras páginas e acaba perdendo o foco. O

texto final aconselha as pessoas a ficarem atentas quando forem utilizar o

computador para um determinado fim. As imagens acompanham o desenvolvimento

do texto. Nota-se que a primeira está bem nítida, e isso revela que a personagem

ainda não perdeu o foco, mas aos poucos percebemos que essa nitidez vai

diminuindo, parecendo indicar que a pessoa está perdendo o foco e na última

imagem observa-se que não é mais possível vê-la. Portanto, podemos dizer que a

personagem perdeu o foco que era digitar um relatório.

A construção do sentido nos gêneros compartilhados pelos estudantes

universitários no Facebook ocorre através da leitura atenta dos aspectos verbais e

visuais, pois o texto verbal traz apenas parte da informação, portanto para

compreendê-la completamente é preciso “ler” também o texto visual.

Os gêneros mais encontrados nos compartilhamentos foram os que possuem

como propósitos “criticar, denunciar, refletir e aconselhar”, os quais foram

identificados a partir da análise do texto e também das imagens, pois elas têm um

papel importante na construção do sentido, por revelarem as nossas relações com a

sociedade e com o que ela representa, de acordo com Dionísio (2005).

Esses são alguns exemplos mais comuns que são encontrados nos

compartilhamentos dos estudantes universitários, revelando que eles utilizam o

site para mostrar que estão atentos ao que ocorre na sociedade durante períodos

diferenciados.

Considerações finais

Partindo do pressuposto de que o contato dos estudantes com os gêneros

textuais, que possuem em sua composição imagens e palavras, favorece o

desenvolvimento/aquisição do letramento visual, este trabalho tentou fazer uma

breve reflexão sobre os gêneros que fazem parte do cotidiano de estudantes

universitários, usuários do site Facebook.


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Observa-se que as práticas de leitura/escrita dos estudantes podem

desenvolver o senso crítico diante das diversas realidades sociais. Lembrando a

definição de gênero como ação social de Miller (2009), pode-se dizer que os

gêneros compartilhados pelos estudantes realizam uma ação social à medida que

possuem propósitos de criticar, refletir, aconselhar ou até mesmo denunciar as

injustiças sociais.

Percebemos pelo estudo que os nossos modos de ler devem ser repensados,

pois atualmente a maioria dos textos possuem em sua composição outros recursos,

além da linguagem verbal, que precisam ser compreendidos para que a construção

do sentido seja bem sucedida. Por esta razão é preciso que os estudantes

universitários, futuros professores, sejam capazes de ler tanto o texto verbal

quanto o imagético. Dessa forma eles poderão contribuir para o desenvolvimento

do letramento visual dos seus educandos.

Referências AGUIAR, Giseli Adornato de; MODESTO, José Fernando da Silva. As bibliotecas universitárias nas redes sociais: facebook, orkut, myspace e ning. XVI Seminário Nacional de bibliotecas universitárias. São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.gapcongressos.com.br/eventos/z0070/trabalhos/final_168.pdf Acesso em 15 out. 2012. BEZERRA, Benedito Gomes. Os propósitos comunicativos em gêneros introdutórios no ambiente virtual. In: BEZERRA, B. G. (Org.). Leitura e escrita na interação virtual. Recife: EDUPE, 2011. 220 p. p. 123-144 _____. Gêneros introdutórios em livros acadêmicos. 2006. 256 f. Tese (Doutorado em linguística), Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2006 BIASI-RODRIGUES, Bernadete; BEZERRA, Benedito Gomes. Propósito comunicativo em análise de gêneros. Linguagem em (DIS) curso. Universidade do Sul de Santa Catarina. V.12, n.1 Palhoça: Ed. Unisul. 2012. 382 p. p. 230-249 COSTA, Giselda dos Santos. Multiletramento visual na web. Tecnologias na Educação Anais do 2º Simpósio do Hipertexto. Multimodalidade e ensino. Anais eletrônicos: Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2008. Disponível em:

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http://www.ufpe.br/nehte/simposio2008/anais/Giselda-Costa.pdf. Acesso em: 05 abr. 2012. DIONISIO, A. P. Gêneros multimodais e multiletramento. In: KARWOSKI, A.M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K.S (orgs). Gêneros textuais: reflexões e ensino. Paraná: Kaygangue, 2005. p. 159-177 MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 295 p. MILLER, Carolyn R. Gênero como ação social. In: DIONÌSIO, Angela Paiva. Gênero textual, agência e tecnologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009. p. 21-44. 191 p. MOZDZENSKI, Leonardo. Multimodalidade e gênero textual: Analisando criticamente cartilhas jurídicas. Recife:UFPE, 2008. 186 p. PINTO, Ana Claúdia Soares. Gênero multimodal e leitura: mobilizando novas estratégias de letramento. Rio Grande do Norte, 2010. Disponível em: http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Ana%20Cl%C3%A1udia%20Soares%20Pinto%20%28UEPB%29.pdf. Acesso em: 10 mai. 2012. SELVATICI, Vera Lúcia Carvalho Grade. A análise textual de um texto multimodal. Revista Pesquisas em Discurso Pedagógico. Fascículo nº 2. 03 abr. 2007. Disponível em: www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br Acesso em: 07 mai. 2012.

1 Este artigo apresenta resultados parciais de um projeto de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq/UPE 2012-2013), realizado sob a

orientação do Prof. Dr. Benedito Gomes Bezerra.

2 Liliane Alves da SILVA, graduanda em Letras, bolsista do PIBIC/CNPq

Universidade de Pernambuco (UPE) Campus Garanhuns [email protected]

http://www.ufpe.br/nehte/simposio2008/anais/Giselda-Costa.pdf

http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Ana%20Cl%C3%A1udia%20Soares%20Pinto%20%28UEPB%29.pdf

http://www.cchla.ufrn.br/visiget/pgs/pt/anais/Artigos/Ana%20Cl%C3%A1udia%20Soares%20Pinto%20%28UEPB%29.pdf

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