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UNIANDRADE NÚCLEO DE PESQUISA V SEMINÁRIO DE PESQUISA & V SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA CURITIBA 2007

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UNIANDRADE NÚCLEO DE PESQUISA

V SEMINÁRIO DE PESQUISA

&

V SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

CURITIBA 2007

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UNIANDRADE

Reitor

Prof. José Campos de Andrade

Vice-Reitora

Prof. Maria Campos de Andrade

Pró-Reitora Financeira

Prof. Lázara Campos de Andrade

Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Prof. José Campos de Andrade Filho

Pró-Reitora de Planejamento

Prof. Alice Campos de Andrade Lima

Pró-Reitora de Graduação

Prof. Mari Elen Campos de Andrade

Pró-Reitor Administrativo

Prof. Anderson José Campos de Andrade

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa

Prof. Helena Gonçalves Kawall

Comissão Organizadora

Prof. Helena Gonçalves Kawall

Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

Editoração

Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

Capa

Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

ISSN: 1980-2544

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Sumário Ciências Biológicas e Ciências da Saúde Biologia MACROINVERTEBRADOS ASSOCIADOS À MACRÓFITA PISTIA STRATIOTES DE UMA CAVA DE MINERAÇÃO DE AREIA DO PARQUE IGUAÇU, CURITIBA, PARANÁ

1

Renato Arion Podbevsek; Prof. Rosemary A. Brogim; Santos, H.R.; Goulart, Glauco.C. AVALIAÇÃO DE DISTINTAS ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS PARA COMPREENSÃO DA ABORDAGEM SOBRE MAMÍFEROS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

1

Andréia Paris da Rocha; Prof. Rosemary R. Brogim; Almeida, A.M.R. METABOLISMO E MORFOLOGIA DE BRÂNQUIAS DE CAMARÕES DO GÊNERO MACROBRACHIUM PROVENIENTES DE AMBIENTES AQUÁTICOS COM DIFERENTES SALINIDADES

2

Letícia Alves de Lima; Carolina Rodrigues da Silva; Prof. Eloísa Aparecida Ribeiro; Prof. Helena Gonçalves Kawall

MORFOLOGIA E FUNGOS ASSOCIADOS A HYPOTHENEMUS HAMPEI, (COL: SCOLYTIDAE) E EM

GRÃOS BROCADOS DE COFFEA CANEPHORA

2

Letícia Silva; Alan de Paula Silva; Alexandre dos Santos Scheremetta; Prof. Dalton Tadeu Reynaud dos Santos

AVALIAÇÃO FÍSICA PARA A DETECÇÃO DE TALENTOS NA ESCOLA 3 Renato Silva Barbosa Maziero; Prof. Fernando Tonet Enfermagem O CUIDADO DO ENFERMEIRO COM O PACIENTE COM PARALISIA CEREBRAL 3 Glicia Mara Lopes; Jureni C. Dalmédico Martins; Juvenal Arruda dos Santos; Juliana Franco Santos; Reinilson Cardoso; Prof. Rosália Jacomel; Prof. Giscar Luciano Lopes

O IMPACTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA NO DIABÉTICO 4 Jureni C. Dalmédico Martins; Glicia Mara Lopes; Juvenal Arruda dos Santos; Juliana Franco Santos; Reinilson Cardoso; Prof. Rosália Jacomel; Prof. Romilda Varistelo

Farmácia AS DIVERSAS MODALIDADES DO HPV 5 Keila Cristina Taborda; Eliana Catarina Benedict; Nayane Andressa de Mello Takiguchi; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula

ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO JUNTO À COMUNIDADE 5 Marta Martins Uliani; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula NOVO CONCEITO – A FARMÁCIA EM SUA CASA 5 Gleise Elenise Barbosa; Marta Martins Uliani; Pamela Lazzari Molinari; Patrícia Prestes; Paulo Rodrigo Silva; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula

Nutrição ESTUDO SOBRE O DESPERDÍCIO EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTARES DE CURITIBA – PARANÁ, 2007

6

Fernanda Cordeiro de Oliveira; Prof. Erica Ell PRÁTICAS ALIMENTARES DE TRABALHADORES, CURITIBA – PR, 2007 6 Taciana Bueno de Melo Negrelli; Prof. Erica Ell AÇÕES DA ESTRATÉGIA GLOBAL PARA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE, DESENVOLVIDAS NO MUNICÍPIO DE LAPA/PARANÁ, 2007

7

Marina Hoffmann Santos; Prof. Erica Ell PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES DE SUPERMERCADO SOBRE O RÓTULO DOS ALIMENTOS 7 Naiara Talita Raitz; Prof. Erica Ell INGESTÃO DE FIBRA DIETÉTICA E ÍNDICE DA QUALIDADE DA DIETA ENTRE ALUNOS DO CURSO DE NUTRIÇÃO

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Suzana Gonçalves; Prof. Erica Ell

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ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA PERDA DE PESO EM PACIENTES PRÉ E PÓS-CIRURGICOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA, CURITIBA, 2007

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Camila de Almeida Salomon; Dayane Correa; Prof. Erica Ell CONCEPÇÃO SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DE CONSUMIDORES DE FEIRAS ORGÂNICAS, CURITIBA-PR, 2007

9

Elisangela Kochinski; Elias de Souza; Dayane Michelle Olímpio; Prof. Erica Ell SEGURANÇA ALIMENTAR: AÇÕES REALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA 10 Alessandra S. dos Santos Vanzuit; Josiane dos Santos Fernandes; Luzia Terezinha Benoski; Prof. Erica Ell Ciências Exatas e da Terra e Engenharias

Ciência da Computação MONITORAMENTO DE MOVIMENTOS ATRAVÉS DE UMA CÂMERA DE VIGILÂNCIA 10 Rosel Garcez Trevisan; Prof. Marcelo Antonio Perotto; Prof. Ionildo José Sanches Engenharia ANÁLISE DO FLUXO BIDIMENSIONAL DE CALOR PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO COM SOLUÇÕES FUNDAMENTAIS INDEPENDENTES DO TEMPO

11

Roberto José Vanzuit; Prof. José Antonio Marques Carrer; Prof. Luiz Alkimin de Lacerda Matemática O USO DO SOFTWARE KMPLOT COMO MATERIAL DIDÁTICO AUXILIAR NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA: APLICADO NO ENSINO DE FUNÇÕES NA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

12

Alessandro Iavorski; Prof. Wadilson Kleber Fabri Pereira; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini O DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO COM O USO DE INFORMÁTICA PEDAGÓGICA

12

Liliane Denise Licodiedoff; Prof. Wadilson Kleber Fabri Pereira; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE LINUX NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO PARANÁ

13

Silvestre Costa ; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini O USO DE SOFTWARES LIVRES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA 13 Rafael Robson Mendes Siqueira; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Sistemas de Informação DGSYSTEM - SISTEMA DE GESTÃO COMERCIAL E SERVIÇOS 14 José Roberto Milek; Prof. Neilor Fermino Camargo Ciências Humanas

Ética SEMANA DA ÉTICA NA UNIANDRADE EM 2007 14 Marta Martins Uliani; Prof. Nelita Ferraz de Mello Sauner; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula História ENSINANDO HISTÓRIA. COMO ENSINAR ENTRADAS E BANDEIRAS EM SALA DE AULA 15 Julio César Chevônica; Prof. Kátia V. de Melo DOS GUERREIROS DO CORUMBANG-RÊ A ANGELO CRETÃ 15 Paulo Afonso de Souza Castro; Prof. Kátia Andréia Vieira de Melo NA TRILHA DA IMORALIDADE: A AUSÊNCIA DE FAMÍLIAS ESCRAVAS NOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE ENSINO FUNDAMENTAL

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Prof. Kátia Andréia Vieira de Melo A HERESIA DOS CÁTAROS MEDIEVAIS E A ENDURA 16 Rosemeire Guimarães de Paula; Prof. Fabio Libório Rocha A MULHER NA IDADE MÉDIA 17 Juliana Macedo Santana; Prof. Fabio Liborio Rocha

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CAPITAL VERSUS PROVÍNCIAS: UM ESTUDO DA “DEMOCRATIZAÇÃO” DA IMORTALIDADE À LUZ DAS RELAÇÕES ENTRE PODER CENTRAL E PODERES LOCAIS NO EGITO NO III MILÊNIO A.C.

17

Maria Thereza David João; Prof. Marcelo Rede O CAMINHO DO PEABIRU: OS INCAS E OS GUARANIS NA ERA PRÉ-CABRALINA 18 Soini Taborda da Silva; Prof. Maira S. Nunes O RETORNO DA MÚMIA: UM NOVO OLHAR SOBRE AS FONTES ESCRITAS DO PROJETO TOTHMEA 18 Prof. Moacir Elias Santos VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA CIDADE DE KAHUN 19 Liliane Cristina Coelho; Prof. Ciro Flamarion Cardoso AS OFERENDAS AOS MORTOS NO EGITO DURANTE O REINO MÉDIO (c.2040-1640 a.C.): ATUAIS RESULTADOS DA PESQUISA

19

Simone Girardi da Silva; Moacir Elias Santos A IGUALDADE DE GÊNERO NO EGITO IMPERIAL: A POSIÇÃO FEMININA VISTA POR MEIO DOS TEXTOS LITERÁRIOS

20

Sandra Raitani Bley Pereira; Prof. Moacir Elias Santos O PODER POLÍTICO DE LEONOR DE AQUITÂNIA: DE MECENAS DOS TROVADORES À BRUXA (1122-1204 d. C.)

20

Reinaldo Monteiro Siloto; Luciano Cabral; Sergio Donizete; Prof. Fabio Liborio Rocha O FILME COMO SUPORTE DIDÁTICO: USO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA

21

Priscila Alessandra Trindade Monteiro; Prof. Kátia Andréia V. de Melo A TRANSIÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO IMANENTE MEDIEVAL PARA O DIREITO CIVIL NA PRÁXIS DA TORTURA

22

Mauro Domingues dos Santos; Prof. Fabio Liborio Rocha PARA UM NOVO CONCEITO DE BRUXA: A HERÉTICA JOANA D´ARC 22 Roseni Lage Leite; Prof. Fabio Liborio Rocha O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 23 Josiane Lorena Peters; Prof. Armando Martins Filho "1492 A CONQUISTA DO PARAISO" O FILME COMO COMPLEMENTO DIDÁTICO NAS AULAS DE HISTÓRIA

23

Sérgio Donisete Silveira; Prof. Kátia Vieira de Melo AS CRUZADAS E OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS 24 Celso Andrei Amaral da Rocha; Prof. Fabio Liborio Rocha “EM BUSCA DA LIBERDADE”: O SUICÍDIO COMO MODO DE RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO NO PARANÁ NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX.

24

Harley Barbosa Marinelo; Prof. Katia Andréia Vieira de Melo LOGOS E NOMOS: DISCURSO E PRODUÇÃO DE RAZÃO ATRAVÉS DO APOCALIPSE DO BISPO APRINGIO DE BEJA. PERÍODO VISIGODO, SÉC.VI.

25

Prof. Fabio Liborio Rocha TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DO ENSINO NAS ESCOLAS 25 Paulo Henrique Gusso; Prof. Katia Vieira de Melo MUMIFICAÇÃO EXPERIMENTAL: AS TÉCNICAS EMPREGADAS E OS SEUS RESPECTIVOS RESULTADOS

26

Prof. Moacir Elias Santos; Tatiane Fernada de Almeida Pedagogia O DESAFIO NA APRENDIZAGEM INFANTIL 26 Patrícia Sottomaior Macedo; Prof. Maria Cecília Marins de Oliveira PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 27 Simone Rogalsky; Prof. Maria Cecília Marins de Oliveira OS CANHOTOS NA SOCIEDADE DESTRA 28 Renata Guimarães; Prof. Inês Astreia de Almeida Marques A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM, RELACIONADA À MÁ ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS COM DESNUTRIÇÃO

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Silvana Maria Antero; Prof. Sônia Maria Prevedello Coelho

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LETRAMENTO E SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS APLICADAS A AVALIAÇÃO DE 29 ALUNOS EM PROCESSO DE INCLUSÃO Prof. Maria Cristina Lindstron Ciências Sociais Aplicadas

Jornalismo A FUNÇÃO SINESTÉSICA DO JINGLE POLÍTICO 29 Silvia Thais de Poli Lingüística, Letras e Artes

Letras O ESPAÇO COMO OXÍMORO REAL E METAFÓRICO NO CONTO “PRISÃO SEM GRADES” DE O. HENRY

30

Adriana Oliveira Reis Silveira; Prof. Sigrid Renaux O INTERACIONISMO NA PRÁTICA DIDÁTICA DO ENSINO DE L.E. 30 Aida Adnan Sad Qaddomi; Prof. Rosane Nicola MEMÓRIA E ESQUECIMENTO NO CINEMA: UMA INTERPRETAÇÃO BERGSONIANA DE "BRILHO TERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS"

31

Anna Larissa Aznar da Silva Santos; Prof. José A. Vasconcelos IDENTIFICAÇÃO DE ELEMENTOS NIETZSCHEANOS EM LAVOURA ARCAICA 31 Antonio Crul; Prof. Brunilda T. Reichmann A POESIA ONÍRICA E A SEDUÇÃO POÉTICA DE BACHELARD E VINÍCIUS DE MORAES 32 Antonio Crul; Prof. Sigrid Renaux REGRAS DO PAI EM LAVOURA ARCAICA 32 Brunno Phelipe Retzlaff; Prof. Verônica Daniel Kobs BOLERO, PASADOBLE E TANGO? AULA DE DANÇA? NÃO! AULA DE LÍNGUA ESPANHOLA 33 Bruno Dezinho; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez “DAVID SWAN” DE HAWTHORNE: DESTINO VERSUS LIVRE ARBÍTRIO 33 Camila Ceschin Melfi Meneghini; Prof. Cristiane Busato Smith ARNALDO ANTUNES: UM RETRATO SEMIÓTICO DO CONTEMPORÂNEO 34 Camila Ceschin Melfi Meneghini; Prof. Verônica Daniel Kobs QUAL É O ESPAÇO DA LITERATURA NO ENSINO DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA? 34 Cassio Dandoro Castilho Ferreira; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez MANDARIM PARA BRASILEIROS, LÍNGUA E CULTURA 35 Chang Yuan Chiang; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: O BEIJO NO ASFALTO EM QUADRINHOS 35 Charlott Eloize Leviski; Juliana Passos; Prof. Célia Arns METACOGNIÇÃO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZADO

36

Clarita Gonçalves de Camargo; Prof. Josiane Lagura Siqueira O NARRADOR PÓS-MODERNO DE O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO, DE BERNARDO CARVALHO 37 Cláudia Cecília Corrêa Pedroso; Prof. Brunilda T. Reichmann APROPRIAÇÃO DE CONCEITOS FILOSÓFICOS EM TÃO SÓ O FIM DO MUNDO DE JEAN-LUC LAGARCE

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Corina Lopes Pereira; Prof. Anna Camati RELAÇÕES INTERTEXTUAIS ENTRE O CONTO “A FORÇA DE DEUS” DE SHERWOOD ANDERSON E A HISTÓRIA BÍBLICA DE SANSÃO

38

Deise Pereira da Silva; Prof. Sigrid Renaux SIGNIFICAÇÕES VISUAIS NA POESIA DRUMMONDIANA 38 Elizangela Francisca da Luz de Andrade; Prof. Verônica Daniel Kobs O DOM DA PROFECIA: DIÁLOGO ENTRE AS CONCEPÇÕES POÉTICAS DE NERUDA E VICO 39 Gisele Aparecida França; Prof. Sigrid Renaux

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“LA MALA EDUCACIÓN” DE ALMODÓVAR, E O ESTILO NOIR 39 Gisele Pacola; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez HAWTHORNE E A NATUREZA HUMANA: “A EXPERIÊNCIA DO DR. HEIDEGGER” 40 Julián Bargueño; Prof. Cristiane Busato Smith GASTRONOMIA, CULTURA E ENSINO DE LÍNGUA 40 Karen Marinho da Rocha Loures; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez PROFESSOR, COMO DESENHAR AQUELAS CASINHAS? DESMISTIFICANDO A ESCRITA DO MANDARIM PARA BRASILEIROS

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Liang Sheng Wei; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez O PERCURSO REFERENCIAL E SIMBÓLICO DA PERSONAGEM ANA DO CONTO “AMOR” 41 Lilian Maria Donatti Senefonte; Prof. Sigrid Renaux NARRATIVA CÊNICA: AS RAÍZES GREGAS DE IPHIGENIA IN OREM DE NEIL LABUTE 42 Luciana Ribeiro Guerra; Prof. Anna Stegh Camatti DOSTOIEVSKI: A ESTRUTURA DA NARRATIVA DE A SENHORIA 42 Luciana Ribeiro Guerra; Prof. Sigrid Renaux ESPAÇO CÊNICO RECONFIGURADO: PRESENÇA AO INVÉS DE REPRESENTAÇÃO EM THOM PAIN (BASEADO NO NADA) DE WILL ENO

43

Luiz Roberto Zanotti; Prof. Anna Stegh Camati DA “TÉCHNE” AO DOM: UM DIÁLOGO ENTRE LONGINO E DRUMMOND 43 Luiz Roberto Zanotti; Prof. Sigrid Renaux O EFEITO PIGMALEÃO NA SALA DE AULA 44 Mariah Mendes Soares Siqueira; Prof. Braz Pinto Junior O RETRATO OVAL E DOIS FENÔMENOS PSICANALÍSTICOS 44 Mariah Mendes Soares Siqueira; Prof. Sigrid Renaux O EFEITO PIGMALEÃO E A MONOMANIA EMOCIONAL NO CONTO “O RETRATO OVAL” DE EDGAR ALLAN POE

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Mariah Mendes Soares Siqueira; Prof. Sigrid Renaux POESIA DRAMÁTICA: O EXPERIMENTALISMO DE SARAH KANE EM PSICOSE 45 Paraguassu de Fátima Rocha; Prof. Anna Stegh Camati CENÁRIOS DE PALAVRAS: (A)TENTADOS DE MARTIN CRIMP 46 Paulo Roberto Pellissari; Prof. Anna Stegh Camati DISCURSO E CRÍTICA: IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA 46 Maria de Lourdes Moros; Adacir onório; Prof. Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim "SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO": TRADUÇÃO PARA O IMAGINÁRIO CULTURAL DO SÉCULO XXI 47 Prof. Anna Stegh Camati ¿QUÉ ME QUIERES AMOR? DO CONTO AS TELAS 48 Prof. Anna Stegh Camati; Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez A FÁBULA DO FAMINTO: APROPRIAÇÕES DA OBRA DE INGMAR BERGMAN EM LAVOURA ARCAICA DE LUIZ FERNANDO CARVALHO

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Braz Pinto Junior; Prof. Anna Stegh Camati A POÉTICA DA RUPTURA DE SUZAN-LORI PARKS 49 Braz Pinto Junior; Prof. Anna Stegh Camati TRAVESTIMENTO, HIBRIDISMO E MÍMICA NA LITERATURA COLONIAL AUSTRALIANA 49 Prof. Cristiane de Oliveira Busato Smith EDWARD BELLAMY, POPULARIDADE E ESQUECIMENTO 50 Prof. José Antonio Vasconcelos FICCIONALIZAÇÃO DE IDENTIDADES NA LITERATURA AFRO-AMERICANA 50 Prof. José Endoença Martins TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA EM AMERIKA: UM SINGLE SATÍRICO 51 Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez; Prof. Anna Stegh Camati COMPREENSÃO LEITORA, A ESCOLHA DO TEXTO ADEQUADO PARA USAR NA AULA DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

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Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez; Christy Beatriz Najarro Guzmán

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CARMEN LA DE LA RONDA: O CINEMA ESPANHOL NA SALA DE AULA 52 Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez; Danielle Caldeira Nichele; Suzana de Carvalho e Lima A LÓGICA DAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES APLICADA EM LAVOURA ARCAICA 52 Rossane Lemos de Souza; Prof. Brunilda T. Reichmann A (IN) VISIBILIDADE DA MULHER EM "MUSLIM: WOMAN", DE MARILENE FELINTO 53 Rossane Lemos de Souza; Prof. Cristiane Busato Smith SEIS PROPOSTAS PARA LAVOURA ARCAICA 54 Prof. Verônica Daniel Kobs VISUALIDADE E LITERATURA 54 Prof. Verônica Daniel Kobs CULTURAS QUE VOAM 55 Raquel Pereira Bittencourt; Prof. José Endoença Martins SENDO MODERNO NO ARCAICO DA LAVOURA: UMA ANÁLISE DA IDENTIDADE DA OBRA DE RADUAN NASSAR

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Rodrigo Augusto Kovalski;Prof. Brunilda T. Reichmann INCLUSÃO SOCIOCULTURAL DAS REPRESENTAÇÕES DO ALUNO NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: A INFLUÊNCIA DAS AGÊNCIAS DE LETRAMENTO

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Samanta Lobato de Queiroz; Prof. Marlei Gomes da Silva Malinoski; Prof. Cristiane de Oliveira Busato Smith

O FALSO “EU” E OS OBJETIVOS DO “EU” VERDADEIRO NAS AÇÕES DE DOMINAÇÃO DO SUJEITO COLONIAL

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Saul Bogoni; Prof. Thomas Bonnici O CINEMA ESPANHOL EM SALA DE AULA 57 Suzana de Carvalho Lima; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez EUROPA E JAPÃO? O QUE TEM EM COMUM NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS? 57 Suzana Fukumoto; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez A CONSTRUÇÃO DO UNIVERSO FEMININO NO FILME VOLVER 58 Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez; Vagner Junior de Alencar Carreira; Vanderléia Belarmino ENTRE O UNIVERSO ADULTO E O INFANTIL: A UNIDADE POÉTICA DE CECÍLIA MEIRELES 58 Vânia Estrasulas de Vargas; Prof. Sigrid Renaux O DIONISÍACO EM LAVOURA ARCAICA: MOVIMENTOS DA VIDA PARA A MORTE 59 Brunilda T. Reichmann; Paulo Roberto Pellissari TEXTO, CONTEXTO E PRETEXTO: H.G. WIDDOWSON E A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO 59 Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim Música AS CANÇÕES NO TEATRO MUSICAL NORTE-AMERICANO 60 Alexandre de Oliveira Bádue; Prof. Zélia Chueke Cursos Tecnológicos

Produção Cultural de Eventos PROJETO ELIFAS ANDREATO – COLEÇÃO HISTÓRIA DA MPB 61 Francielly Marcassi; Prof. Josiany Vieira UM ESTUDO SOBRE AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO 61 Prof. Aleteia Ferreira Vasconcellos OS BLOGS VIRAM MODA NOS EVENTOS DE MODA 62 Prof. Aleteia Ferreira Vasconcellos

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Ciências Biológicas e Ciências da Saúde Biologia MACROINVERTEBRADOS ASSOCIADOS À MACRÓFITA PISTIA STRATIOTES DE UMA CAVA DE MINERAÇÃO DE AREIA DO PARQUE IGUAÇU, CURITIBA, PARANÁ

Renato Arion Podbevsek; Prof. Rosemary A. Brogim; Santos, H.R.; Goulart, Glauco.C.

Biologia – Uniandrade [email protected]

O presente estudo trata de um levantamento de macroinvertebrados associados à Pistia stratiotes, macrófita aquática presente em cavas abandonadas de atividades de mineração de areia. O local selecionado para as amostragens foi uma cava localizada no Parque Náutico no Parque do Iguaçu, Curitiba, Paraná. As coletas foram realizadas no período do inverno. Um total de 10 réplicas foi coletado aleatoriamente ao longo de um transecto. Para a coleta foi utilizado um amostrador de 0,5 m2 de área. Toda vegetação foi coletada manualmente e transferida para uma caixa plástica. Em seguida, a vegetação foi dividida em duas partes. As folhas e demais partes aéreas das plantas foram denominadas de ambiente aéreo e as raízes e rizomas de subaquático. Após a separação das duas partes vegetativas as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos e levadas para o laboratório, onde cada amostra foi triada ainda fresca com o auxilio de peneiras com malhas de 1 e 0,5 mm de diâmetro. Os organismos coletados foram transferidos para frascos contendo uma solução de formalina a 10 % e substituída por álcool a 70 % após a identificação dos animais. O número de exemplares obtidos foi de 1224 divididos em 24 taxa nas 20 amostras coletadas. Insecta e Mollusca foram os taxa mais diversos, além de Nematoda, Platyhelminthes, Annelida, Crustacea e Aranae que também foram identificados. O número médio de taxa no ambiente aéreo foi maior que o do subaquático. A ordem Diptera foi a que obteve maior número de taxa, apresentando cinco taxa. A maioria dos taxa foi registrada nos dois ambientes. Somente 11 taxa foram registrados apenas em um ambiente. Lymnae columella, Ephydridae, Diptera spA, Curculionidae, Lampyridae e Aranae spA só foram registrados no ambiente aéreo. Os taxa encontrados somente no ambiente subaquático foram Gundlachia sp., Coleoptera spA, Copepoda e Cladocera. A abundância do ambiente aéreo foi menor que do ambiente subaquático. Os taxa dominantes foram Biomphalaria tenagophila, Hirudinea, Pyralidae, Odontomyia sp., Syrphidae e Chironominae que somam juntos 92% da abundância total das amostras. Os demais taxa foram considerados com baixas abundâncias. As abundâncias de Odontomyia sp. e Pyralidae foram significativamente maiores no ambiente aéreo. Biomphalaria tenagophila, Syrphidae e Chironominae também apresentaram maiores valores de abundância no ambiente aéreo. Hirudinea apresentou maiores valores no ambiente subaquático. Estes resultados contribuem para o maior detalhamento das comunidades de macroinvertebrados associadas às macrófitas e para o manejo das cavas que fazem parte do passivo ambiental das atividades de extração de areia. AVALIAÇÃO DE DISTINTAS ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS PARA COMPREENSÃO DA ABORDAGEM SOBRE MAMÍFEROS PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Andréia Paris da Rocha; Prof. Rosemary R. Brogim; Almeida, A.M.R.

Biologia – Uniandrade [email protected]

O presente estudo foi realizado com cerca 40 alunos da 7ª série B do ensino fundamental do turno vespertino do Colégio Estadual Silveira da Motta, Curitiba (PR). O principal objetivo foi utilizar distintas estratégias educacionais para a fixação dos conteúdos relacionados com o Tema Mamíferos. Para isto, foi feita uma avaliação dos conteúdos oferecidos no livro adotado na escola e traçadas três diferentes formas de abordagens: uma palestra, uma visita no zoológico e uma exposição de animais em sala de aula. O conhecimento prévio dos alunos foi testado antes da aplicação das diferentes abordagens através de um questionário com perguntas fechadas sobre o assunto em questão. O questionário elaborado com 16 perguntas sobre mamíferos foi aplicado no dia 10 de setembro à 38 alunos. Após a primeira avaliação foi apresentada uma palestra oral, no dia 17 de setembro, em sala de aula com o conteúdo sobre mamíferos, procurando utilizar fotos dos animais e exemplos da fauna brasileira. Em seguida à palestra o mesmo questionário aplicado anteriormente foi respondido pelos alunos. No dia 26 de setembro foi realizada a segunda técnica de abordagem, uma atividade extraclasse no Parque Zoológico Iguaçu, localizado no bairro Boqueirão em Curitiba, onde 30 alunos participaram. Durante a visita no Parque os alunos deveriam observar

V Seminário de Pesquisa e V Seminário de Iniciação Científica

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principalmente os mamíferos levando em conta as principais características direcionadas pela pesquisadora. Os alunos como forma de avaliação os alunos deveriam produzir um relatório da saída de campo. A terceira técnica de abordagem foi realizada no dia 19 de outubro. Uma exposição com animais taxidermizados foi montada na escola e os alunos deveriam visitá-la percorrendo todos os estandes e ao mesmo tempo responder algumas perguntas afixadas nas bancadas. Os resultados das distintas abordagens foram analisados e comparados com relação ao aprendizado pelos alunos. A palestra embora tenha sido mais ilustrativa que a aula convencional aparentemente foi a técnica com menor percentagem de fixação por parte dos alunos. As atividades extra-classe foram mais eficientes pois acrescentam maior participação e vivência prática aos alunos. METABOLISMO E MORFOLOGIA DE BRÂNQUIAS DE CAMARÕES DO GÊNERO MACROBRACHIUM PROVENIENTES DE AMBIENTES AQUÁTICOS COM DIFERENTES SALINIDADES

Letícia Alves de Lima; Carolina Rodrigues da Silva; Prof. Eloísa Aparecida Ribeiro; Prof. Helena Gonçalves Kawall

Biologia – Uniandrade [email protected]

Os camarões do gênero Macrobrachium, conhecidos popularmente como camarões-da-malásia são originários dos países do Indo-Pacífico (Malásia, Vietnã, Índia, Bangladesh). Introduzidos no Brasil a partir da década de 70, são cultivados em quase todos os estados brasileiros para comercialização. São animais dulcícolas, migradores ativos entre o ambiente de água doce e água salobra. A variação na temperatura e salinidade associadas a sazonalidade climática tem sido sugerida como estimulantes para essa migração. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o metabolismo e a morfologia das brânquias de diferentes espécies do gênero Macrobrachium, que habitam regiões com diferentes salinidades. Os crustáceos coletados foram aclimatados no Laboratório de Ecofisiologia da Uniandrade, Curitiba/PR, durante dez dias, em aquários com condições controladas (similares ao ambiente de coleta), as quais não trouxeram nenhum estresse aparente para os animais. A temperatura estabelecida foi de 25°C com aeração constante e salinidade variando de 0 à 25 ppm. O consumo de oxigênio foi monitorado a cada 1 minuto com a utilização de um Respirômetro com volume de 7L, onde foi acoplado um Oxímetro SL 510-Alfa Tecnoquímica. O animal proveniente de Registro/SP, Macrobrachium sp1 com peso de 2,24g apresentou o metabolismo de 1,27mlO2/gMU/hr. A espécie de M. rosenbergii proveniente de Antonina/PR, com peso de 6,34g apresentou metabolismo de 0,55mlO2/gMU/hr. A espécie de Guaratuba/PR, Macrobrachium sp2 (salinidade de 25ppm) com peso de 5,06g apresentou metabolismo de 4,55mlO2/gMU/hr. Foi observado um maior metabolismo, no animal acondicionado em água com salinidade de 25ppm, possivelmente pela necessidade de osmorregulação. Em relação aos dois exemplares de água doce, o espécime Macrobrachium spp1 apresentou um maior metabolismo. Este resultado indica que a taxa metabólica expressa em unidade de massa é mais alta em camarões de menor tamanho, declinando portanto em relação massa corpórea total do indivíduo. O material histológico coletado foi o sexto arco branquial, sendo fixado em ALFAC, desidratado em série alcoólica crescente a partir de 80%, diafanizado em xilol e incluído em Paraplast. Os cortes foram feitos em micrótomo e fixados a lamina com albumina. O material foi submetido a processos de coloração para H.E., e posterior montagem da lâmina permanente com resina sintética Permount. Foram utilizados os protocolos de VOGUEL (2001). Os resultados poderão ser utilizados posteriormente para novos estudos e contribuir para o desenvolvimento da carcinicultura. MORFOLOGIA E FUNGOS ASSOCIADOS A HYPOTHENEMUS HAMPEI, (COL: SCOLYTIDAE) E EM GRÃOS BROCADOS DE COFFEA CANEPHORA

Letícia Silva; Alan de Paula Silva; Alexandre dos Santos Scheremetta; Prof. Dalton Tadeu Reynaud dos Santos

Biologia – Uniandrade [email protected]

O presente estudo teve com objetivo o estudo da morfologia da ultraestrutura e avaliar os fungos associados a grãos de cafés brocados e à broca do café Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867). Foram examinados exemplares de H. hampei oriundo de Morretes estado do Paraná e grãos brocados de Coffea canephora entre os meses de maio a setembro de 2002. Em relação a ultraestrutura foi observado a presença de cerdas modificadas nos pré tarsos, cerdas estas com formado espatulado, possivelmente utilizadas para o transporte de substâncias. O protorax se mostra no formado de pseudomynacia, estrutura descrida como responsável

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para o transporte dos esporos de fungos. Durante o mês de junho foram isolados fungos presentes na cutícula, intestinos e fezes das brocas do café coletadas e brocas recém emergidas de grãos. Foram isolados Colletotrichum sp., Fusarium sp. Penicillium sp. Trichoderma sp. em grãos brocados, com uma freqüência de 37% no mês de junho para o fungo Fusarium sp. Em brocas recém emergidas foi isolado um total de sete gêneros de fungos: Fusarium sp., Penicillium sp., Aspergillus sp., Trichoderma sp., Dendographium sp. e fungos filamentosos. Os fungos Penicillium sp., Aspergillus sp e Dendographium sp. apresentaram freqüência aproximadamente de 43% . Dos seguimentos cutícula, intestino e fezes foi isolado somente Fusarium sp., Penicillium sp. e Beaveuria sp. com incidência significativa para Fusarium sp. e Penicillum sp. Dos estudos realizados propõe-se uma estreita relação de H. hampei com os fungos Fusarium sp. e Penicilium sp. Educação Física AVALIAÇÃO FÍSICA PARA A DETECÇÃO DE TALENTOS NA ESCOLA

Renato Silva Barbosa Maziero; Prof. Fernando Tonet Educação Física – Uniandrade

[email protected] O presente artigo teve como principal objetivo utilizar a avaliação física como instrumento de detecção de talentos nas escolas públicas e privadas da cidade de Curitiba. As valências físicas analisadas e medidas corporais foram: resistência, velocidade, força, agilidade, flexibilidade, IMC, peso e estatura. A amostra foi constituída de 598 alunos (310 do sexo masculino e 288 do sexo feminino), foram realizados testes de avaliação física, aplicados em alunos pertencentes a escolas de Curitiba na faixa etária compreendida entre 10 e 16 anos. As escolas foram selecionadas por acessibilidade, considerando autorização de direções para realizar os testes e, dentre estas, as que possuíam maior número de alunos matriculados. As variáveis aplicadas foram comparadas à tabelas de avaliação física conhecidas e validadas cientificamente. Considerando que as publicações científicas e trabalhos realizados no campo da Educação Física escolar referentes à avaliação física na detecção de talentos são raros, a presente pesquisa foi de extrema importância para demonstrar que a avaliação física aplicada corretamente pode nos conduzir a horizontes de melhor aproveitamento, para melhor direcionar os educandos ao desporto onde o indicativo aponte o maior talento, mesmo que esses atletas não confirmem seu talento no futuro. A pesquisa demonstrou a notável importância da avaliação física para o desporto, pois, sem a utilização da ciência não é possível obter resultados confiáveis. Foram encontrados resultados satisfatórios, em diversas valências físicas nos alunos pesquisados em ambos os sexos, de modo que esta pesquisa permitirá o retorno às escolas participantes da amostra, como forma de incentivo e indicação ao trabalho esportivo direcionado de acordo com os resultados encontrados nas avaliações físicas. Portanto, deve-se dar mais atenção às atividades físicas escolares, pois é o local onde geralmente aparecem os grandes talentos esportivos e que muitas vezes passam despercebidos pelo fato de não haver uma seleção mais apurada por parte dos profissionais envolvidos no processo. É importante ressaltar que esta pesquisa é o primeiro passo para a seleção de possíveis talentos. Assim, os critérios sociológicos de seleção, deverão ser levados em conta e estes compreendem a caracterização dos motivos, os interesses e os desejos dos jovens alunos/atletas: os índices que caracterizam a influência formadora da família e da coletividade sobre as valências físicas. A aplicação de testes físicos regulares possibilitará a verificação do nível de preparação dos alunos, possíveis talentos, em diferentes etapas do treinamento, comparando o rendimento comparando o rendimento em relação aos testes anteriores e aos resultados competitivos obtidos. Enfermagem O CUIDADO DO ENFERMEIRO COM O PACIENTE COM PARALISIA CEREBRAL

Glicia Mara Lopes; Jureni C. Dalmédico Martins; Juvenal Arruda dos Santos; Juliana Franco Santos;

Reinilson Cardoso; Prof. Rosália Jacomel; Prof. Giscar Luciano Lopes Enfermagem – Uniandrade [email protected]

O presente estudo pretende analisar a intensificação dos cuidados de enfermagem e o grau de conhecimento quanto aos cuidados ao paciente com paralisia cerebral - PC (uma lesão de alguma(s) parte(s) do cérebro), e quais medidas preventivas para evitar esta cronicidade. PC é uma lesão provocada, muitas vezes, pela falta de oxigenação

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das células cerebrais, acontece durante a gestação, durante o parto ou após o nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança, nem toda a pessoa com paralisia cerebral deve ser considerada um deficiente mental, mesmo porque o grau de comprometimento cerebral pode ser superficial, atingindo muitas vezes a audição ou fala, seu grau de inteligência e compreensão serão desenvolvidos normalmente como qualquer outra criança no mesmo estágio de crescimento, no entanto ocorrem casos de crianças com comprometimento cerebral maior, ocorrendo o transtornos mais graves das funções cerebrais superiores, distúrbios de comportamento, comprometimento da motricidade, e quantidades de crise epilética, onde o cuidado deverá ser paliativo. O diagnóstico primeiramente é realizado através dos reflexos neonatais, acompanhados de alterações de seu desenvolvimento, o aparecimento de crises epiléticas, a investigação através de exames complementares como eletroencefalograma (EEG) e tomografia computadorizada (TC) poderão determinar a localização e extensão das lesões estruturais ou mal formações congênitas associadas, exames adicionais como testes das funções auditivas e de fala, sendo a paralisia cerebral associada a distúrbios do desenvolvimento, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar se faz necessária durante o processo de vida deste paciente. O foco principal se dá ao cuidado de enfermagem, quanto as orientações iniciais à gestante, cuidados no pré-natal com a realização de exames e acompanhamentos, o preparo correto de uma sala de parto, onde o enfermeiro exerce a função principal em manter o carrinho de emergência devidamente equipado para casos de hipoxemia ou outros fatores que comprometem o neo-nato em seus primeiro minutos de vida, o acompanhamento de vacinas, escala de crescimento, a importância da amamentação e alimentação correta durante a vida, o cuidado quanto à temperatura corporal, evitando crises epiléticas, ou outros fatores que acarretem crises em crianças, enfocando os principais cuidados preventivos para a normalidade do desenvolvimento infantil, estabelecendo critérios corretos para o cuidado com o paciente com PC e orientações corretas para com o familiar, apontado quais são as necessidades principais e quais as mudanças positivas dentro das possibilidades de cuidados, criando uma rotina melhorando a qualidade de vida de ambos. O IMPACTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA NO DIABÉTICO

Jureni C. Dalmédico Martins; Glicia Mara Lopes; Juvenal Arruda dos Santos; Juliana Franco Santos;

Reinilson Cardoso; Prof. Rosália Jacomel; Prof. Romilda Varistelo Enfermagem – Uniandrade [email protected]

Esta pesquisa pretende mostrar o impacto da IRC (insuficiência renal crônica) no diabético, segundo estatísticas e a vivência em setor de trabalho, a magnitude da diabetes e da hipertensão é tão grande que se tornou um problema de saúde pública. Estima-se que, no Brasil, existam 25 milhões de vítimas desses males, sendo 6 milhões delas com algum grau de lesão renal. Essa constatação levou o ministério da saúde a propor a reorganização da atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS), para oferecer acompanhamento adequado e minimizar as complicações que exigem como procedimentos de alta complexidade, por exemplo, tratamento de hemodiálise, transplante, internamento de longa duração. A nefropatia ou doença renal secundária as alterações microvasculares diabéticas no rim é a complicação comum na diabete. As pessoas com diabetes contribuem com quase a metade dos novos casos de doença renal em estágio terminal a cada ano, aproximadamente um quarto requerem tratamento dialítico ou transplante renal, outras complicações também requerem atenção como problemas cardíacos, amputação de membros inferiores e até cegueira, observou-se que a atenção principalmente com os pacientes hipertensos e diabéticos, não é satisfatória por parte do paciente e também da família. Foi constatado ainda que grande parte desses pacientes são encaminhados centros para a hemodiálise sem orientação. O objetivo desta pesquisa é mostrar que a importância de uma assistência de Enfermagem especializada para pessoa portadora de diabete faz diferença ao tratamento, a maioria dos pacientes entrevistados relataram que ao passarem por triagem em ambulatórios, não foram alertados dos riscos que estavam correndo e que os profissionais de enfermagem pouco orientavam, principalmente quanto ao uso dos medicamentos, do controle da pressão arterial, dieta, vida sedentária, tabagismo e controle da glicemia, também observa-se a necessidade de acompanhamento psicológico para melhor aderência do paciente ao tratamento. Com a finalidade de conhecer a trajetória desde o inicio da doença até perda da função renal observa-se que com orientação aos pacientes muitos problemas e o sofrimentos poderiam ser minimizados e que o mesmo poderia ter uma vida mais tranqüila. Sendo assim Instituições Hospitalares, precisam realizar treinamentos e preparar equipes de profissionais de Enfermagem conheçam fisiologicamente sobre a diabetes e suas complicações, desta forma os pacientes poderão receber tratamentos e orientação adequada sobre a doença.

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Farmácia AS DIVERSAS MODALIDADES DO HPV

Keila Cristina Taborda; Eliana Catarina Benedict; Nayane Andressa de Mello Takiguchi; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula

Farmácia - Uniandrade O vírus do HPV é a DST que mais cresce no mundo. Calcula-se que aproximadamente 1/3 da população mundial seja portadora do vírus. A maioria das pessoas desconhece a doença, podendo estar infectado e não tratando, principalmente por falta de informação. O principal sintoma do papiloma vírus é a presença do condiloma acuminado, verrugas que crescem e desaparecem espontaneamente, mas a maioria dos portadores não apresenta qualquer sintoma. Se não tratado o HPV pode se tornar o principal fator para o aparecimento do câncer de colo de útero, um dos principais cânceres que acometem as mulheres. Sabe-se que quase a totalidade das mulheres que desenvolveram o câncer, apresentaram anteriormente contato com o vírus. Foi aprovada uma vacina contra o HPV e o câncer de colo de útero. Esta vacina seria uma eficiente profilaxia, mas é indicada somente para meninas entre 9 a 26 anos. Os resultados poderão ser vistos daqui à algumas décadas, quando a vacina diminuirá consideravelmente o número de casos. Porém essa vacina só é valida para os HPV do tipo 6, 11, 16 e 18. ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO JUNTO À COMUNIDADE

Marta Martins Uliani; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula Farmácia – Uniandrade

Modificar o modelo da farmácia comunitária, que nos últimos anos têm sido identificado como simples comércio. Promovendo a implantação de medidas que identifique a farmácia pelo que ela oferece à comunidade de serviços farmacêuticos com interesse de saúde. É pensando nisso que uma farmácia da Rede de Farmácias Forte Farma de Campina Grande do Sul na Grande Curitiba, deu início em setembro deste ano, à um ciclo de palestras oferecidas aos seus clientes e a toda comunidade local. O tema da palestra inicial foi “Osteosporose” apresentada pela farmacêutica Oksana da indústria farmacêutica Ratiopharm. Em outubro o tema foi “Diabetes”, para o final do mês de novembro está previsto o tema “hipertensão” e para Dezembro o tema será “Tabagismo”. Essas são medidas que trazem benefícios importantes para a comunidade e também para a farmácia. E no caso da farmácia entre outras vantagens, está a fidelização da clientela. Este trabalho abordará a importância desta prestação de serviço farmacêutico ao paciente diabético, que teve a oportunidade de obter conhecimento sobre a doença, suas complicações, sintomas, exames, cuidados, tratamento, hábitos alimentares, exercícios físicos entre outros e pôde tirar suas dúvidas sobre os assuntos apresentados. A todas as pessoas presentes também foram oferecidos gratuitamente o teste de glicemia e aferição da pressão arterial, devidamente registrados em um cartão de acompanhamento, para que as pessoas possam fazer a marcação do resultado dos próximos testes e verificação de pressão. NOVO CONCEITO – A FARMÁCIA EM SUA CASA

Gleise Elenise Barbosa; Marta Martins Uliani; Pamela Lazzari Molinari; Patrícia Prestes;

Paulo Rodrigo Silva; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula Farmácia - Uniandrade

As farmácias atualmente encontram na concorrência uma acirrada disputa pela clientela e sabem que ações conscientes trazem resultados. Especialmente no que diz respeito ao atendimento de excelência. Este trabalho pretende mostrar um novo conceito em atendimento de usuários de medicamentos ou pelo menos mais uma opção de ferramenta de trabalho que agregue valor ao seu produto, seja ele somente o medicamento, assim como também a assistência e a atenção farmacêutica. A idéia surgiu, a partir da necessidade crescente da população em se obter medicamentos de forma fácil e rápida em sua casa ou local de trabalho. O fato de não precisar ir até a farmácia para comprar medicamentos, seria uma facilidade para conquistar clientes e também uma comodidade para usuários freqüentes, ou que tenham dificuldade de locomoção ou condução, ou que não tenham tempo para passar na farmácia para comprar o medicamento e muitas vezes passam dias sem um tratamento que pode ser importante e não deve esperar para iniciar. Esse atendimento deve estar focado na obtenção da satisfação do cliente. Esse processo se dá desde o primeiro contato do cliente com a farmácia pelo telefone até o momento que recebe o seu pedido e sabe como proceder a administração ou uso de

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maneira correta, pois este aspecto também faz parte deste novo conceito, ou seja, oferecer toda a assistência farmacêutica necessária, que pode ter sido feita no contato por telefone, mas também são enviadas orientações juntamente com o medicamento, assim como a atenção farmacêutica à domicílio pode ser oferecida a determinados clientes. Mantendo sempre a preocupação e o cuidado em seguir as normas e leis vigentes em nosso país. Nutrição ESTUDO SOBRE O DESPERDÍCIO EM ESTABELECIMENTOS ALIMENTARES DE CURITIBA – PARANÁ, 2007

Fernanda Cordeiro de Oliveira; Prof. Erica Ell Nutrição - Uniandrade

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O presente estudo teve como objetivo verificar o desperdício e as estratégias adotadas por estabelecimentos alimentares para evitar o mesmo. Todos os dias cerca de milhares de toneladas de comida em condições próprias para o consumo alimentar um ser humano vão para o lixo. Esse desperdício é gerado em restaurantes, mercados, feiras, fábricas, quitandas, açougues e até mesmo dentro de casa. Esses alimentos desprezados poderiam fornecer almoço, jantar e café da manhã diariamente a milhões de pessoas caso se tivesse iniciativas e ações que favorecessem sua utilização. Hoje muitos estabelecimentos alimentares desenvolvem estratégias para evitar o desperdício e o prejuízo com a perda de alimentos que não são consumidos. No entanto, mesmo assim ocorrem perdas que são desprezadas e que poderiam reverter as deficiências alimentares e nutricionais de muitos grupos populacionais se o país tivesse ações e medidas para reverter essas perdas. Em 31 de agosto de 2003 o jornal Correio Brasiliense enfocou o desperdício e destacou que segundo o IBGE do total de desperdícios no país, 10% ocorrem durante a colheita, 50% no manuseio e transporte dos alimentos; 30% nas centrais de abastecimento; e os últimos 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores. Essa pesquisa foi realizada através de visitas a três estabelecimentos alimentares que servem alimentação por quilo, e a coleta de dados foi realizada por meio de um questionário que foi aplicado aos proprietários dos estabelecimentos. O inquérito enfocou questões em torno da quantidade de alimentos que preparam e que desprezam ao dia, as preparações que apresentam mais sobras, como procedem para a elaboração dos cardápios e a escolha das preparações, número de refeições servidas ao dia e estratégias adotadas para reduzir as perdas. Esse estudo contribuirá para propor ações que podem ser desenvolvidas em estabelecimentos alimentares para reduzir o desperdício e o prejuízo em estabelecimentos alimentares. A atenção para o desperdício de alimentos é fundamental para garantir maior acesso da população aos alimentos, pois em geral os custos com as perdas acabam sendo repassados para os produtos ou para as refeições servidas pelos restaurantes e quem acaba pagando é o consumidor. Assim, é necessário que se estabeleçam políticas públicas efetivas que permitam a redução das perdas de alimentos desde a produção, colheita, transporte, armazenagem, comercialização e na elaboração do produto final pronto para o consumo. PRÁTICAS ALIMENTARES DE TRABALHADORES, CURITIBA – PR, 2007

Taciana Bueno de Melo Negrelli; Prof. Erica Ell Nutrição – Uniandrade

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O objetivo do estudo foi verificar a diferença na alimentação de trabalhadores conforme a característica das atividades de trabalho que desenvolvem. A pesquisa envolveu trabalhadores do Centro Universitário Campos de Andrade, situado em Curitiba e trabalhadores rurais do município de Agudos do Sul, pertencente a Região Metropolitana de Curitiba/ Paraná. Foi elaborado um questionário com perguntas abertas e fechadas, o qual foi aplicado junto a 50 pessoas, sendo 25 trabalhadores da parte administrativa da referida instituição de ensino e 25 trabalhadores rurais. Observa-se hoje que embora tenha havido mudanças no estilo de vida das pessoas devido à industrialização, a urbanização, a globalização e em função das atividades de trabalho, muitos valores e costumes na área rural permanecem inalterados até os dias atuais. Diferente da área urbana que por aspectos como trabalho e ritmo de vida as práticas alimentares também modificaram. Nas cidades por influência da publicidade e por uma questão de acesso as pessoas acabam se deparando com a possibilidade de consumo de uma imensa variedade de produtos, dos quais uma grande proporção é industrializada. Em função da característica da vida urbana as pessoas optam muitas vezes por refeições rápidas, geralmente realizadas nos locais de trabalho, ficando as refeições em família apenas nos finais de

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semana. Com esse estudo verificou-se que embora os agricultores tenham uma alimentação que inclui menos alimentos industrializados, do que os trabalhadores urbanos, esses estão presentes nas suas refeições. Outro aspecto observado foi que os trabalhadores urbanos apresentam um ritmo mais irregular quanto ao horário e número de refeições diárias. Muitas vezes os trabalhadores urbanos realizam refeições rápidas e práticas, o que normalmente não acontece entre os trabalhadores rurais. Hoje frente a todos os aspectos que influenciam no modo de se alimentar das populações é fundamental que se desenvolvam ações educativas nos diferentes âmbitos de trabalho enfatizando a necessidade do desenvolvimento de uma consciência crítica frente as escolhas alimentares para que sejam promovidas práticas alimentares saudáveis, tendo em vista que a alimentação tem uma reconhecida relação com o perfil de morbimortalidade dos dias atuais, principalmente com doenças crônicas como as cardiovasculares, o diabetes e as neoplasias. AÇÕES DA ESTRATÉGIA GLOBAL PARA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE, DESENVOLVIDAS NO MUNICÍPIO DE LAPA/PARANÁ, 2007

Marina Hoffmann Santos; Prof. Erica Ell Nutrição – Uniandrade

[email protected]

O presente estudo teve como propósito identificar as ações que estão sendo desenvolvidas no município de Lapa no sentido de corresponder à proposta da Estratégia Global Para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde. Essa estratégia foi proposta na 57ª Assembléia Mundial da Saúde na Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada em 22 de maio de 2004, após avaliação dos índices de mortalidade, morbidade e incapacidade, atribuídas atualmente às principais doenças crônicas não-transmissíveis, que representam em torno de 60% de todas as disfunções e, em 47% da carga de morbidade mundial. Estas estatísticas remetem a uma reflexão mundial para ações que propiciam uma mudança necessária nesse panorama da saúde pública. Como metodologia esse estudo levantou dados referentes aos projetos, programas e ações que o município está desenvolvendo. As informações foram obtidas junto às pessoas responsáveis pela coordenação das atividades, tendo sido entrevistadas ao todo quatro profissionais. Os resultados mostraram que o município desenvolve hoje o Programa de Saúde da Família (PSF) e o programa de Agentes Comunitários de Saúde, atendendo 5636 famílias. O município mantém ainda o programa Bolsa Família do Governo Federal, atendendo 2000 famílias e o Programa do Leite das Crianças, do Governo Estadual que beneficia 600 crianças. Além desses desenvolve também o Programa Hiperdia e o de pré-natal. Existe um projeto em andamento enfocando a alimentação saudável nas escolas e o Programa de Suplementação de Ferro em vias de implantação. Nesse município não há investimentos em pesquisas e todos os programas sociais são desenvolvidos com recursos públicos. O município é carente de pesquisas enfocando a alimentação e a prática de atividades físicas da comunidade, bem como requer estudos enfocando a hipovitaminose A, a anemia ferropriva, a prática de aleitamento materno e a epidemiologia das doenças crônicas. Apenas possui dados epidemiológicos da Hipertensão arterial e do Diabetes. Este estudo mostrou que embora nesse município existem alguns programas e ações que se inserem dentro da proposta da Estratégia Global, há necessidade do desenvolvimento de pesquisas e ações que respondam de forma mais ampla a essa proposta com iniciativas locais que esclareçam a população e que mobilizem a comunidade para promover ações conjuntas. PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES DE SUPERMERCADO SOBRE O RÓTULO DOS ALIMENTOS

Naiara Talita Raitz; Prof. Erica Ell Nutrição – Uniandrade [email protected]

Este estudo teve como objetivo verificar junto a consumidores de um supermercado de Curitiba a importância que atribuem aos rótulos dos alimentos no momento da compra dos produtos. A rotulagem de alimentos é hoje considerada um mecanismo importante para informar a população sobre a composição nutricional de alimentos e auxiliar o consumidor a realizar uma alimentação adequada qualitativa e quantitativamente, bem como garantir o direito de informação sobre a segurança e qualidade dos alimentos aos consumidores. Dessa forma, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece hoje que as empresas alimentícias apresentem nas embalagens dos seus produtos o rótulo dos mesmos, contendo os ingredientes e aditivos, a quantidade, a composição e a data de durabilidade mínima ou data limite de consumo do produto, região de origem, indicação que permita identificar o lote ao qual pertence o alimento, nome, firma ou razão social, entre outras informações. Nesse estudo foram entrevistadas 60 pessoas,

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utilizando-se um questionário contendo perguntas abertas e fechadas. A coleta dos dados foi realizada no mês de outubro, em duas unidades de atendimento do supermercado, sendo uma localizada num bairro mais periférico e outra num bairro mais central. Os resultados demonstraram que a maioria dos entrevistados não costuma observar o rótulo dos alimentos antes de adquirir os produtos. Dentre os consumidores que mencionaram verificar o rótulo, os aspectos que geralmente observam é apenas a data da validade e a presença das gorduras trans. O aspecto que dificulta a observação do rótulo dos produtos, segundo os entrevistados, é o tamanho reduzido da letra. Observa-se com esse estudo que há necessidade de se estabelecer mecanismos de orientação aos consumidores tanto em relação à importância da observação dos rótulos para favorecer a realização de uma alimentação saudável, quanto de orientação ao consumidor em relação ao significado de termos técnicos que constam nos rótulos, e que, nem sempre são familiares para o mesmo, dificultando a compreensão. Nesse sentido, a união de esforços entre as empresas produtoras de alimentos, estabelecimentos comerciais, universidades e órgãos públicos é crucial para auxiliar no esclarecimento da população sobre a importância da atenção sobre os rótulos dos alimentos, bem como para promover a educação em saúde e nutrição. INGESTÃO DE FIBRA DIETÉTICA E ÍNDICE DA QUALIDADE DA DIETA ENTRE ALUNOS DO CURSO DE NUTRIÇÃO

Suzana Gonçalves; Prof. Erica Ell Nutrição – Uniandrade

[email protected]

Na sociedade moderna a aquisição, o preparo e o armazenamento de alimentos ricos em fibras, tornam-se cada vez mais dificultados por inúmeros fatores, entre eles, o ritmo de vida acelerado que obriga grande parte da população a realizar suas refeições rapidamente fazendo com que optem pelos serviços de “fast food” e “self service”, onde são poucas as opções de alimentos ricos em fibras. Reconhece-se hoje que as fibras alimentares estão entre os principais fatores da alimentação envolvidos na prevenção de doenças como diabetes, hipercolesterolemia, doenças intestinais, entre outras. Neste sentido torna-se importante analisar o consumo de fibras em grupos populacionais, especialmente entre os alunos do curso de nutrição, uma vez que estes obtêm, ao longo dos quatro anos do curso, conhecimento científico sobre as fibras e a importância de sua ingestão diária. Portanto, o objetivo do presente foi avaliar o consumo de fibras alimentares dos alunos do 2°, 6° e 8° período do curso de nutrição do Centro Universitário Campos de Andrade e avaliar se ao longo dos anos da graduação os alunos alteram seus hábitos em relação a ingestão de fibra e qualidade da dieta. Os alunos de cada período foram escolhidos por sorteio aleatório. Os dados foram coletados no mês de setembro de 2007 através de recordatórios 24 horas auto respondidos aplicados em sala de aula durante o período letivo. Os inquéritos alimentares foram analisados pelo programa Dietwin 1.0, que utiliza como base para os cálculos a pirâmide de alimentos. Para quantificar o teor de fibras alimentares totais consumidas foi utilizada como referência a Tabela de Equivalentes de Fibra Alimentar total de Caruso, (1998). Para avaliação da qualidade da dieta foi utilizado o Índice de Qualidade da dieta (IQD), proposto por Kennedy et al.(1999). Este índice é obtido por uma pontuação distribuído em dez componentes que caracterizam diferentes aspectos de uma dieta saudável. Cada componente é avaliado e pontuado de zero a dez, sendo que os valores intermediários foram calculados pela proporção que são consumidos. Os resultados encontrados demonstram que os alunos que freqüentam o 2º período, as recomendações mínimas feitas pela pirâmide de alimentos foram atingidas pelos grupos dos cereais, carnes e gorduras recebendo pontuação 10. Os grupos de hortaliças, frutas, leguminosas, leite e derivados não atingiram o mínimo recomendado, já os doces ultrapassaram o máximo recomendado diariamente, recebendo pontuação 0.Verificou-se que entre os alunos do 6º período as recomendações, baseadas na pirâmide de alimentos, de cereais, carnes, leguminosas, gorduras e doces, foram alcançadas recebendo pontuação 10 para o Índice de Qualidade da Dieta. Porém as recomendações de hortaliças, frutas e leite e derivados não atingem nem o mínimo necessário, recebendo assim pontuação 0. Os alunos do 8º período atingiram as recomendações mínimas e receberam pontuação 10 para os grupos dos cereais, carnes, gorduras e doces. Já os grupos das hortaliças, frutas, leguminosas, leite e derivados não alcançaram nem ao menos o mínimo preconizado pela pirâmide, recebendo pontuação 0. Conclui-se que mesmo em alunos que cursam Nutrição, a ingestão de fibra não se encontra dentro das recomendações e quando se avalia a Qualidade da Dieta dos estudantes, conclui-se que os mesmos necessitam modificações na ingestão alimentar para atingir as recomendações preconizadas.

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ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA PERDA DE PESO EM PACIENTES PRÉ E PÓS-CIRURGICOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA, CURITIBA, 2007

Camila de Almeida Salomon; Dayane Correa; Prof. Erica Ell Nutrição - Uniandrade [email protected]

Esta pesquisa teve como objetivo verificar a perda de peso em pacientes pré e pós-cirurgia bariátrica. Tendo em vista que a obesidade é hoje um problema de saúde pública no Brasil e o mundo, em função dos comprometimentos que causa à saúde, muitas pessoas têm se submetido a processos cirúrgicos para a redução de peso. A indicação do tratamento com cirurgia bariátrica deve basear-se numa análise abrangente de múltiplos aspectos clínicos do paciente. A avaliação pré-cirúrgica desses pacientes e o acompanhamento pós-operatório devem ser realizados por uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologistas, nutricionistas, cardiologistas, pneumologistas, psiquiatras, psicólogos e cirurgiões. Este estudo foi composto por 20 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em uma unidade hospitalar do município de Curitiba no ano de 2007. Os dados foram obtidos por meio do prontuário médico dos pacientes. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (95,0%), com idade entre 20 a 30 anos (40,0%), sendo que 60,0% da amostra apresentava um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 a 40 kg/m² e 35,0% tinham um IMC acima de 40 Kg/m². O percentual de perda de peso de 40,0% dos pacientes após trinta dias da cirurgia foi de 100 a 110% e 55,0% tiveram uma perda entre 111 a 120%. Em kilogramas a perda de peso de 55,0% ficou entre 5 a 10 Kg e de 40,0% dos pacientes foi de 11 a 15 Kg. Metade da amostra (50,0%) referiu que o início da obesidade ocorreu na fase adulta, 30,0% na adolescência e 20,0% na infância. Os problemas de saúde e queixas mais freqüentes associados à obesidade desses pacientes era hipertensão arterial, diabetes, cansaço, distúrbio do sono e problemas articulares. Frente a dimensão que a obesidade vem tomando em termos epidemiológicos é importante o desenvolvimento de ações de prevenção em âmbito coletivo para evitar medidas drásticas com as cirurgias, pois a partir do momento que o paciente necessita dessa medida ele precisará do suporte e acompanhamento periódico contínuo de uma equipe de saúde ao longo da vida para monitorar suas práticas alimentares e de saúde, visando a garantia da manutenção do seu estado nutricional dentro da normalidade. CONCEPÇÃO SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DE CONSUMIDORES DE FEIRAS ORGÂNICAS, CURITIBA-PR, 2007

Elisangela Kochinski; Elias de Souza; Dayane Michelle Olímpio; Prof. Erica Ell

Nutrição – Uniandrade [email protected]

Este estudo pretendeu realizar uma análise da concepção sobre alimentação saudável de consumidores de feiras livres de produtos orgânicos. Nos últimos anos a alimentação tem sido um assunto cada vez mais freqüente nos meios de comunicação, seja pela ostensiva oferta de produtos e novos conceitos de alimentação, como pelas virtudes ou malefícios que o consumo de determinados alimentos vem trazendo para a saúde. Estudos recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde-OMS e pesquisas em torno de hábitos alimentares feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, mostram que estamos na contra-mão da ciência, pois quanto mais conhecemos a influência do hábito alimentar para nossa qualidade de vida, piores são muitas vezes as condições nutricionais da alimentação. O presente estudo foi desenvolvido com 50 pessoas que freqüentam a feira orgânica do Passeio Público, em Curitiba-PR. Os entrevistados foram questionados sobre “o que é alimentação saudável”. Os aspectos que mais apareceram na pesquisa foram: a alimentação saudável deve ser composta por frutas, verduras e legumes, deve ser variada e capaz de satisfazer as necessidades do organismo. Com essa pesquisa conclui-se que a concepção das pessoas entrevistadas envolve alguns aspectos que abrangem o conceito de alimentação saudável divulgado pelo Ministério da Saúde-MS, embora esse seja bem mais abrangente. Além dos aspectos apontados pelos entrevistados o MS destaca que uma alimentação saudável de modo geral, deve favorecer o deslocamento do consumo de alimentos pouco saudáveis para alimentos mais saudáveis, deve ser moderada, garantir o sabor e o custo acessível, ser colorida para garantir a variedade, harmoniosa em quantidade e qualidade, segura do ponto de vista de contaminação e dos possíveis riscos à saúde, bem como respeitar a identidade cultural quanto à alimentação das populações ou comunidades. Dessa forma, fica claro que além das dimensões de quantidade, regularidade e dignidade a qualidade torna-se também uma referência objetiva, por meio de práticas alimentares saudáveis para a promoção da qualidade de vida e de saúde das populações. A compreensão da concepção de grupos populações em torno da alimentação saudável é fundamental para oferecer suporte para ações e políticas de alimentação e nutrição voltadas para a melhoria da alimentação da sociedade.

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SEGURANÇA ALIMENTAR: AÇÕES REALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA

Alessandra S. dos Santos Vanzuit; Josiane dos Santos Fernandes; Luzia Terezinha Benoski; Prof. Erica Ell

Nutrição - Uniandrade [email protected]

No presente estudo o objetivo foi conhecer as ações que vem sendo realizadas no município de Curitiba para contribuir para a segurança alimentar da população. Segurança alimentar significa a garantia, a todos, de condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. A fome, a desnutrição e os problemas de saúde ocorrem quando as pessoas não conseguem obter uma alimentação diária que supra suas necessidades de energia requeridas para a manutenção de seu organismo e que garanta sua saúde. Em 1994 na primeira Conferência Nacional de Segurança Alimentar, foram definidas algumas diretrizes básicas para o estabelecimento de uma Política Nacional de Alimentação e Nutrição visando a Segurança Alimentar no Brasil. Dentre os aspectos enfatizados por essas diretrizes estão: a ampliação das condições de acesso à alimentação e redução do peso da alimentação no orçamento familiar; aumentar a disponibilidade de alimentos; redução do custo dos alimentos e seu peso no orçamento familiar; combate à desnutrição e reduzir a mortalidade materno-infantil; assegurar a qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos e seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis; garantir a qualidade higiênico-sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos; estimular práticas alimentares e estilos de vida saudáveis. Em Curitiba, a segurança alimentar vem sendo trabalhada através de ações desenvolvidas pelo poder público, compartilhadas com a comunidade. O município possui uma Rede Social de Abastecimento alimentar. Essa rede se consolida com ações de resgate da cidadania e projetos integrados que geram oportunidades para o sustento da população e atendem às carências alimentares oferecendo alimentos básicos a preços menores que o comércio convencional. Com esse estudo verificou-se que o município desenvolve ações que tem beneficiado a população. No entanto, embora existam ações voltadas para a ampliação de empregos ainda há necessidade para o desenvolvimento de estratégias que possibilitem aumentar a empregabilidade da população e permitam a redução dos gastos públicos com programas que ora são necessários em função da baixa condição de vida da população. Ciências Exatas e da Terra e Engenharias Ciência da Computação MONITORAMENTO DE MOVIMENTOS ATRAVÉS DE UMA CÂMERA DE VIGILÂNCIA

Rosel Garcez Trevisan; Prof. Marcelo Antonio Perotto; Prof. Ionildo José Sanches

Ciência da Computação – Uniandrade [email protected]

Este projeto apresenta o desenvolvimento de um sistema de monitoramento de ambientes através de uma câmera de segurança. Utilizando um computador conectado a uma câmera de segurança, através de uma placa de captura de vídeo, pretende-se realizar o monitoramento de movimentos em um ambiente, comparando a imagem capturada em tempo real com a imagem armazenada no disco rígido, e ocorrendo diferença nos quadros comparados, o sistema iniciará a gravação da cena e enviará comandos para o servomotor acoplado à câmera, fazendo-a se movimentar, focando no objeto em movimento. A partir dos vídeos gravados, será desenvolvido um sistema de gerenciamento dos arquivos salvos através de uma interface amigável para o usuário. Atualmente existem sistemas de segurança que realizam monitoramento de ambientes com câmeras imóveis apontadas para um ponto fixo, às vezes impossibilitando uma boa captura da imagem gravada. Existem também câmeras automatizadas, mas com movimentos simples onde se movem para um lado e para outro ou seguem um padrão de movimentação. Também se pode exemplificar pelas câmeras controladas por um operador que possa movimentá-la mais livremente, mas acaba necessitando deste operador para controlar o foco da câmera. Circuitos Fechados de Televisão (CFTV) são sistemas que permitem a supervisão dos ambientes através de monitoramento de vídeo, e de câmeras instaladas em locais estratégicos. É um importante recurso de segurança patrimonial e pessoal. Existem vários modelos e marcas disponíveis no mercado, onde as pessoas têm inúmeras opções para montar o sistema CFTV mais apropriado para suas necessidades, desde os mais básicos aos mais sofisticados, com edição de imagens, divisão de telas, gravação ininterrupta para vários dias e outras vantagens. O sistema CFTV funciona como alarme, as câmeras possuem

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uma regulagem de sensibilidade individual que detectam os movimentos e dispara o alarme, quando o alarme é disparado é feito uma discagem automaticamente para uma central de monitoramento 24 horas, transmitindo automaticamente a imagem da ocorrência. A motivação no desenvolvimento deste trabalho está na oportunidade de aprimorar e adquirir novos conhecimentos utilizando dos meios acadêmicos para desenvolvimento de uma ferramenta de sistemas com interação a um hardware de segurança. Proporcionar ao usuário mais recursos na monitoração de ambientes que necessitem de segurança, visando sempre à minimização de custo na tecnologia. Engenharia ANÁLISE DO FLUXO BIDIMENSIONAL DE CALOR PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO COM SOLUÇÕES FUNDAMENTAIS INDEPENDENTES DO TEMPO

Roberto José Vanzuit; Prof. José Antonio Marques Carrer; Prof. Luiz Alkimin de Lacerda

Programa de Pós-Graduação em Métodos Numéricos em Engenharia – UFPR

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O assunto a ser tratado neste trabalho será a aplicação do Método dos Elementos de Contorno aos problemas de fluxo bidimensional de calor com o emprego de soluções fundamentais independentes do tempo; em outras palavras, o trabalho consiste na solução numérica da equação da difusão com o emprego do Método dos Elementos de Contorno. O principal objetivo na análise da condução de calor é determinar o campo de temperatura que resulta das condições impostas no contorno do meio estudado. Isto é, a finalidade é conhecer a distribuição de temperatura, ou a variação da temperatura em função da posição no meio. Uma vez conhecida esta distribuição, o fluxo de calor para qualquer ponto no meio ou na superfície pode ser calculado pela 1ª lei de Fourier. Outras importantes grandezas de interesse podem ser também determinadas; por exemplo: para um sólido o conhecimento da distribuição de temperatura pode ser usado em análise de integridade estrutural através da determinação da tensão térmica, de expansões e de deflexões. A analise da distribuição de temperatura pode ser usada também para otimizar a espessura ou para indicar o emprego de determinado material isolante. A procura do homem para compreender os fenômenos da natureza tem sido incessante; as pesquisas que se desenvolveram ao longo do tempo objetivam reproduzir os fenômenos estudados, principalmente através formulações matemáticas, de para que se consiga entender o funcionamento de cada sistema. A impossibilidade de se encontrar uma solução analítica para a maior parte dos problemas estudados, de um lado, e a dificuldade de se encontrar soluções aproximadas com o emprego de métodos numéricos, de outro, foram entraves para a análise de muitos fenômenos de interesse. Com a evolução dos computadores os métodos numéricos passaram a serem utilizados para um número bem maior de problemas. Apresenta-se o desenvolvimento de uma formulação do Método dos Elementos de Contorno para fluxo de calor na qual será empregada, como solução fundamental, a solução da equação de Laplace. Note-se que, embora a análise seja no domínio do tempo, pode-se empregar uma solução fundamental que não seja dependente do tempo. Como conseqüência, nas equações integrais do MEC correspondentes ao problema analisado, uma integral de domínio envolvendo o produto da solução fundamental e a derivada primeira da variável básica do problema permanece na formulação. A presença da integral de domínio impõe a necessidade de discretização de todo o domínio do problema quando da solução numérica. Para essa discretização serão empregadas células triangulares lineares. O processo de marcha no tempo, que é outro tópico que merecerá atenção, empregará esquemas de diferenças finitas e Houbolt. Uma vez que um programa de computador, em linguagem Fortran, tenha sido desenvolvido, diversas análises serão efetuadas, com o objetivo de se verificar a acurácia dos resultados obtidos com o emprego da formulação proposta.

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Matemática O USO DO SOFTWARE KMPLOT COMO MATERIAL DIDÁTICO AUXILIAR NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA: APLICADO NO ENSINO DE FUNÇÕES NA 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

Alessandro Iavorski; Prof. Wadilson Kleber Fabri Pereira; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

Matemática – Uniandrade [email protected]

Este trabalho tem como objetivo principal avaliar a aprendizagem obtida entre uma metodologia convencional no ensino relacionado a funções, na 1ª série do ensino médio, com uma metodologia que utiliza um software como material auxiliar. Para que essa avaliação seja realizada foi escolhida uma turma da 1ª série do ensino médio, sendo a mesma dividida em dois grupos, A e B. A turma escolhida foi a 1ª série A, do Colégio Estadual Sebastião Cardoso Leal, a escola foi escolhida por se tratar de uma escola que oferece um laboratório que, no inicio do projeto, encontrava-se em processo de instalação e a turma por ter um número pequeno de alunos. Isso torna mais fácil o acompanhamento individual do aproveitamento de cada aluno. Inicialmente serão ministradas aulas ao grupo A, utilizando-se uma metodologia que adota o software como auxiliar didático e ao grupo B, serão aplicadas aulas fazendo uso de uma metodologia tradicional, realizando uma avaliação em cada grupo. Logo depois de realizada uma avaliação, serão trocados as metodologias entre os grupos para que possa ser realizado na seqüência um novo levantamento da aprendizagem, e com os dados levantados poderá ser realizada uma analise relacionando às metodologias aplicadas. O software escolhido para ser adotado à metodologia foi o Kmplot, pois atende o critério de compatibilidade com sistema operacional do laboratório da escola e satisfaz os aspectos necessários em termos de representação gráfica das funções. Além disso, é um software fácil de ser utilizado, pois não requer habilidade alguma no que diz respeito ao conhecimento de informática, pois trata-se de um software prático que não necessita de comandos. O trabalho encontra-se em fase de aplicação. Por isso, ainda não é possível obter resultados em relação às metodologias adotadas, a não ser o fato de que as aulas que fazem uso do Kmplot como um item auxiliar despertam mais interesse, sendo notável uma maior participação dos alunos. O DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO COM O USO DE INFORMÁTICA PEDAGÓGICA

Liliane Denise Licodiedoff; Prof. Wadilson Kleber Fabri Pereira; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

Matemática – Uniandrade [email protected]

As dificuldades encontradas por alunos do ensino fundamental da educação básica na aprendizagem da Matemática serviram como fonte de inspiração para a elaboração deste projeto de pesquisa. Faz-se necessário a compreensão da forma de aprendizagem diferenciada de cada aluno, um desafio talvez demasiado grande para o professor, mas sem o qual não haverá mudanças na atual realidade do ensino-aprendizagem da matemática. Ciente de que o ser humano é capaz de aprender em espaços diferentes, tempos diferentes e através de caminhos diferentes, o professor deve oferecer nova alternativa para seu aluno, propiciando a quebra de paradigmas e tendo disposição para encarar o problema do ensino-aprendizagem com novos métodos de ensino utilizando-se de ferramentas e mídias compatíveis com as necessidades e a curiosidade dos alunos. O projeto em andamento num colégio público, no município de Rio Branco do Sul-PR tem por finalidade a pesquisa, desenvolvimento e avaliação de atividades virtuais de aprendizagem, utilizando ferramentas computacionais para potencializar o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático. Procurou-se criar um ambiente propicio para a ocorrência da aprendizagem significativa, pois esta parece acontecer por meio de processos tais como: exploração, fracasso, tentativa, correção, obtenção de dados, elaboração de hipóteses, explicações da construção. Foram aplicados de forma virtual, através de exercícios de jogos e desafios, conceitos teóricos envolvendo conteúdos da série escolar, em 10 alunos da sala de apoio (contra-turno), num total de 15 aplicações. Utilizaram-se ferramentas computacionais como Word, Paint, Excel, e um software de apoio do Positivo, buscando resolver problemas elaborados pelos próprios alunos dentro das dificuldades levantadas individualmente. Nesse contexto, o papel fundamental do professor foi o de provocador para instigar a mente do aluno, buscando fazê-lo pensar, ter idéias, refletir, dar explicações, tomar decisões. No ambiente informatizado, o aluno não recebeu a informação de forma isolada, mas conseguiu trabalhá-la de forma multidisciplinar e contextual, construindo uma rede de conhecimentos. Desta forma, o aluno pode experimentar suas próprias possibilidades e capacidades, além da sensação de satisfação

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ao resolver um problema e melhorar sua auto-estima, como conseqüência o rendimento escolar de 60% dos alunos melhorou. Esta verificação foi possível de ser aferida através das médias do 3º bimestre na disciplina de matemática. UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE LINUX NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO PARANÁ

Silvestre Costa; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini Matemática – Uniandrade [email protected]

Este trabalho tem a finalidade de estudar a utilização do sistema operacional livre Linux nas escolas públicas e sua aplicação no estado do Paraná, bem como mostrar que o avanço da tecnologia leva os professores a buscarem capacitação e a se adaptarem ao uso dessas tecnologias para melhorar a aprendizagem de matemática nas escolas em que trabalham, mostrar alguns softwares matemáticos livres e que podem ser utilizados de acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. Analisar a situação de como estão a situação da capacitação dos docentes de matemática com uma pesquisa de campo com professores que utilizaram e quais as vantagens em relação a outros recursos já utilizados em sala de aula. Quais os gastos do governo e analisar se a manutenção do sistema esta sendo bem administrado. Relacionar a aplicação do software com o cotidiano do aluno e qual a sua finalidade e também verificar se o software traz benefícios no processo de ensino-aprendizagem de matemática. No começo, utilizava-se a informática como meio técnico e não como um instrumento educacional, o que nos dias atuais é utilizado em muitas escolas inclusive no Paraná. O governo vem fazendo muitos investimentos nessa área já esta em sua fase final, ou seja, seus laboratórios estão sendo montados em mais de mil escolas e capacitando os professores da rede estadual de ensino, possibilitando a aplicação desses recursos a fim pedagógico muito importante para o desenvolvimento da sociedade, começando na escola. Será feito um levantamento de dados sobre o sistema operacional Linux e suas principais distribuições no mercado e mostrar qual é a distribuição que o governo está implantando no Paraná e suas aplicações e contribuições para a matemática. Analisar alguns pontos que merecem a atenção em relação à informática educacional são: a relação professor-computador-aluno, a história da vida profissional do professor, as opiniões dos professores sobre os computadores, opiniões dos professores sobre o ensino da matemática, a forma como os professores procuram integrar as atividades com computadores ao currículo e a relação dos professores com os colegas e demais funcionários. O USO DE SOFTWARES LIVRES NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Rafael Robson Mendes Siqueira; Prof. Ricardo Alexandre Deckmann Zanardini

Matemática – Uniandrade [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo discutir através de bibliografias que tratam sobre o assunto o uso de softwares no ensino da matemática, bem como os possíveis problemas e vantagens desta metodologia. O uso de computadores em sala de aula é uma realidade que vem somar no ensino-aprendizagem da matemática. O presente trabalho trata de alguns aspectos positivos e negativos do uso de softwares no cotidiano escolar. Sob este aspecto, o uso de softwares em sala de aula proporciona ao professor e aos alunos uma nova dimensão. Isto, se bem utilizado, acrescentará ao processo educacional novas possibilidades que contribuirão para uma transformação profunda na educação O uso de computadores em sala de aula é uma realidade que vem somar no ensino-aprendizagem da matemática. O presente trabalho trata de alguns aspectos positivos e negativos do uso de softwares no cotidiano escolar. A questão fundamental da educação é a construção do conhecimento e a formação de cidadãos. Ao longo do tempo muito vem sendo feito para aprimorar o ensino-aprendizagem da matemática no cotidiano escolar. Em plena era digital o computador tem sido a grande ferramenta em todo o meio. Mais especificamente, na matemática, o uso de softwares educacionais está trazendo uma nova abordagem no currículo, tanto do educador quanto do educando. O objetivo não é revolucionar, mas sim somar. Estas novas tecnologias não estão no cenário educacional para substituir as ferramentas já existentes. O uso de softwares não se resume apenas à utilização de uma ferramenta em sala de aula, mas sim, um mediador entre educador e educando, entre o homem e a educação. É fundamental que, além de se apropriar da tecnologia, o professor saiba como direcionar o seu uso, bem como o dos seus recursos. Conhecer a ferramenta permite ao professor explorar todas as suas potencialidades.

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Sistemas de Informação DGSYSTEM - SISTEMA DE GESTÃO COMERCIAL E SERVIÇOS

José Roberto Milek; Prof. Neilor Fermino Camargo Sistemas de Informação – Uniandrade

[email protected] Visando atender um mercado de software em um segmento pouco explorado como o de gerenciamento e controle de empresas de vendas de artigos e serviços para animais de pequeno porte (pet shop), a equipe de desenvolvimento Six Dev apresenta um projeto de desenvolvimento de um software capaz de suprir todas as dificuldades e necessidades enfrentadas por administradores que trabalham nesse segmento. Através de estudos e pesquisas esse projeto apresenta o software DGSYSTEM – SISTEMA DE GESTÃO COMERCIAL E SERVIÇOS, seus benefícios e as vantagens que o sistema apresenta para as empresas desse segmento como total controle da empresa, tanto na parte gerencial, financeira e prestação de serviços. O segmento de lojas de produtos e serviços para animais de pequeno porte vem crescendo e tornando-se um setor muito promissor. Com esse crescimento notou-se a necessidade de um controle gerencial maior dessas empresas. A Milek & Milek Ltda. é uma empresa que já atua nesse mercado há oito anos, acompanhando esse crescimento, existe a necessidade de obter um controle mais amplo sobre o gerenciamento e controle da empresa. Os software existentes já utilizados na gerência de pet shop são normalmente desenvolvidos para áreas não específicas, dificultando assim o gerenciamento. O objetivo deste projeto é solucionar todas as dificuldades que os gerentes encontram para esse processo através de um software específico para esse nicho de mercado. A atividade da empresa Milek & Milek Ltda. é o comércio de rações em geral para animais de pequeno porte (cães, gatos, hamster’s, aves em geral, peixes), artigos de venda para pesca, camping e aquariofilia e a prestação de serviços de banho e tosa. As principais necessidades encontradas na empresa hoje são as dificuldades com o controle de estoque, controle de conta dos clientes, controle de vendas diárias, controle de fluxo de caixa, controle de contas a pagar e a receber, controle de prestação de serviços.As vendas hoje são anotadas em um caderno, não é possível um controle de caixa e nem de estoque que é feito visualmente, ou seja, não é um controle seguro. Não existe histórico de vendas e o cadastro de clientes é feito em um caderno para somente quem compra a prazo. Em algumas situações a venda ou o cadastro não são efetuados no momento que ocorreram ocasionando o esquecimento. A venda a prazo é feita sem consulta, na base da confiança. As compras são feitas diretamente com o vendedor que visita a loja. Nesse projeto a equipe desenvolveu um sistema para atender as necessidades gerenciais de lojas de produtos e serviços para animais de pequeno porte, que tem a finalidade de facilitar o gerenciamento e operacionalização das atividades diárias de lojas de Pet Shop, visando um melhor controle de processos, tais como: controle financeiro, controle de estoque, contas a pagar e receber, vendas, compras e serviços. O Sistema é composto por 4 módulos: o módulo de serviços responsável pela administração dos serviços prestados e atendimento aos clientes, o módulo de estoque responsável pelo controle de estoque da loja, o módulo financeiro responsável pelo controle financeiro e o módulo de cadastros responsável pelo controle de cadastros. Ciências Humanas Ética SEMANA DA ÉTICA NA UNIANDRADE EM 2007

Marta Martins Uliani; Prof. Nelita Ferraz de Mello Sauner; Prof. Maria Inez Nogueira de Paula

Ética – Uniandrade A Uniandrade teve a primeira semana de Outubro marcada pela Semana da Ética, que teve programação do dia 1º segunda-feira até dia 4 quinta-feira nos períodos manhã e noite. Evento promovido pela coordenação do Comitê de Ética em Pesquisa. Foi a primeira vez que a Universidade abordou e tratou de assuntos e questões polêmicas que fazem parte não só da visão de mundo de cada um, como da realidade vivida pela humanidade. Inicialmente tivemos uma palestra de abertura apresentada pela Professora Dra. Nelita Ferraz de Mello Sauner, em que foram esclarecidos alguns conceitos como: definição de ética e de moral. No segundo dia tivemos uma mesa redonda com profissionais convidados; um médico Dr. João Luis de Gonzaga Paul , uma psicóloga Vera Barreto e uma educadora Maria Lúcia Sabatella, com a participação de acadêmicos de diversos cursos, onde foram apresentados e discutidos casos clínicos trazidos pelos convidados. No terceiro dia ocorreram diversas oficinas de reflexões éticas sobre frases elaboradas com conteúdos polêmicos e

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controversos. Finalizando, houve uma palestra foi apresentada pela acadêmica do curso de farmácia Marta Martins Uliani, que apresentou um roteiro básico para elaboração de projeto de pesquisa, execução, conclusão e publicação de pesquisa científica com visão ética. História ENSINANDO HISTÓRIA. COMO ENSINAR ENTRADAS E BANDEIRAS EM SALA DE AULA

Julio César Chevônica; Prof. Kátia V. de Melo História – Uniandrade

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Cada assunto referente à História do Paraná tem características próprias que lhes são peculiares. Nem sempre estas características são evidentes nos livros didáticos cabendo ao professor, portanto, a complementação e atualização do conteúdo a ser trabalhado. Quando elaborei minhas pesquisas sobre as Entradas e Bandeiras, especificamente para o estado do Paraná, fiquei intrigado com as informações e considerações sobre os grupos sociais conhecidos como “anônimos” que, ainda que participando ativamente destas expedições e respondendo pela maior parte das tarefas peculiares às Entradas e Bandeiras, constatei que quase sempre eram totalmente ignorados dos livros didáticos de História. Minha pesquisa, desta forma, tem como objetivo corrigir estas distorções recuperando as ações e participações destes “anônimos” da História. A função destes agentes nas missões era tão importante, ou mais, que a dos capitães, que normalmente são os únicos que são lembrados e citados nos materiais escolares. Partindo, na maioria das vezes, de Curitiba e arredores, essas expedições tinham objetivos variados, desde a “caça” de índios até a procura de ouro. Mesmo sem saber, os homens que participavam destas missões, estavam prestando um grande serviço para o nosso estado, sendo inúmeros os exemplos a serem citados: descobrindo trilhas que, no futuro, se tornariam as nossas estradas atuais, adquirindo conhecimentos sobre a hidrografia e geografia do Paraná, iniciando pontos de colonização que dariam origens a inúmeras cidades deste Estado, entre outros. Após apresentarmos todas estas informações históricas sobre as Bandeiras e Entradas, pretendemos lançar uma reflexão sobre o papel do professor no ensino de História do Paraná, pois, especificamente neste assunto, sempre nos deparamos com muitas dúvidas e preconceitos, não apenas por parte de nossos alunos, como também dos professores. Cabe a nós professores tentarmos mostrar aos nossos educandos que a História tem sempre novas possibilidades de análises e que sempre nos apresentará uma reflexão passível de nos encaminhar a novos questionamentos e interpretações, a ponto de nos convencermos de que muitas coisas que nos foram “ensinadas” precisam e devem ser revisadas. Um olhar a partir da visão dos “anônimos” da História pode ser mais atrativo aos alunos, pois também eles desempenharam um papel ativo e construíram a História, e não somente seus líderes e capitães. DOS GUERREIROS DO CORUMBANG-RÊ A ANGELO CRETÃ

Paulo Afonso de Souza Castro; Prof. Kátia Andréia Vieira de Melo

História – Uniandrade [email protected]

A pesquisa em tela busca destacar a resistência do povo Kaingang no Paraná, assunto muitas vezes olvidado pela historiografia oficial. Esta nação indígena pertencente ao grupo lingüístico Macro-Gê, habita o sul do Brasil aproximadamente há 4.000 anos segundo pesquisas arqueológicas. Nosso trabalho visa apresentar a defesa sistemática de seus territórios e valores culturais frente ao avanço da fronteira agropecuária brasileira desde os tempos do Brasil Colônia, mas sobretudo as práticas de resistência armada e diplomática no século XX. Para tanto fazemos uma analisamos pesquisas de estudiosos como o professor Lúcio Tadeu Mota, arquivos do Museu Paranaense e fontes orais através de entrevistas gravadas e transcritas. Outra vertente da pesquisa é questionar o mito da vazio demográfico do sertão paranaense, em realidade habitat de povos indígenas. Assim sendo tratamos tanto das guerras do Corumbang-Rê, nome indígena aos campos de Guarapuava, fato que retardou a ocupação da região pela nossa "civilização" ocidental em meio século.Como também a trajetória do cacique Ângelo Cretã da comunidade indígena de Mangueirinha, que enfrentou funcionários corruptos da FUNAI,posseiros invasores das terras indígenas e poderosos grupos econômicos em defesa de sua gente. Desta luta épica resultou o processo de retomada das terras indígenas do sul do Brasil, a partir da aldeia de Rio das Cobras em 1978 e a posse definitiva da maior reserva natural de araucárias pelos Kaingang, que haviam sido repassadas pelo governador Moisés Lupion ao grupo Slaviero, desrespeitando direitos Kaingangues. Cretã assim como seus antepassados lutaram por suas terras e valores,

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hoje em dia nossos índios defendem seus interesses em organizações, desenvolvem projetos para manter a língua e resgatar tradições. Pois no nosso Paraná, terra de oportunidades para pessoas de tantas etnias, também há lugar para aqueles que aqui primeiro chegaram. Assim sendo esta pesquisa pretende contribuir de forma crítica e reflexiva com a historiografia regional paranaense, focando o olhar na brava gente brasileira de origem Kaingang. NA TRILHA DA IMORALIDADE: A AUSÊNCIA DE FAMÍLIAS ESCRAVAS NOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE ENSINO FUNDAMENTAL

Prof. Kátia Andréia Vieira de Melo História – Uniandrade

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As discussões a respeito das limitações e distorções comuns nos livros didáticos, além de polêmicas, nem sempre são concordantes. No cotidiano escolar, encontramos tanto professores que abominam estes materiais pelas limitações que impõem ao conhecimento histórico, como também professores favoráveis pelo auxílio que prestam no seu dia-a-dia em sala de aula. O uso indiscriminado e acrítico do livro didático, no entanto, tende a prevalecer, tornando-se único referencial teórico do docente em sala de aula. Neste contexto, poucos são aqueles conscientes que os materiais didáticos nem sempre estão em concordância com os critérios recomendados pelo MEC, e que a complementação é parte essencial do trabalho do professor. No que se refere à família escrava, percebe-se um descompasso muito grande entre produção acadêmica e ensino de História. O modelo prevalecente nos manuais didático é o de “família patriarcal”, idealizada por Gilberto Freire em seu clássico “Casa Grande & Senzala”. A efetivação de famílias e a vivência baseada em regras de conduta social e moralidade estavam reservada apenas às elites brancas, relegando aos escravos as tradicionais noções de imoralidade, promiscuidade e perversidade. Nesta pesquisa, ao empreendermos uma análise de seis livros didáticos destinados aos alunos da 6º série do Ensino Fundamental, constatamos que os critérios estipulados pelos MEC não garantem a elaboração de livros didáticos condizentes com as novas propostas de renovação historiográfica. As metodologias propostas, as atividades sugeridas e a própria seleção dos conteúdos pelos autores dos didáticos quase sempre se prestam à orientação de uma prática tradicional e reprodutora dos valores dominantes que em nada contribui para a efetivação do conhecimento histórico numa perspectiva crítica e reflexiva. Neste processo, a temática família não pode ser ignorada. É através da educação familiar que se consolida a identidade do futuro cidadão. Portanto, o conhecimento integral desta instituição é de fundamental importância para que os alunos tenham condições para avaliar mudanças e permanências na relação entre pais e filhos, marido e mulher, transformações na educação dos filhos, no peso social da instituição nos diferentes grupos sociais, enfim, que possam estabelecer relações com sua própria realidade. A HERESIA DOS CÁTAROS MEDIEVAIS E A ENDURA

Rosemeire Guimarães de Paula; Prof. Fabio Libório Rocha História – Uniandrade [email protected]

O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma síntese de uma prática realizada pelos Cátaros - uma seita religiosa que existiu no sul da França e Norte da Itália na Idade Média do século XI ao século XIII. A endura cátara era, nada mais nada menos que o suicídio voluntário, consciente e ritual, que os adeptos praticavam quando consideravam ter chegado o momento ideal de desprender-se do corpo físico. Era, pois, um momento de morte. Visava alcançar mais rapidamente o fim transcendente a que pertencia a gnosis: o conhecimento total do segredo da vida e da criação divina. Para alcançar a iniciação suprema que significava esta transição, o puro - o cátaro – devia receber previamente o sacramento do Consolamentum, em que se declarava apto para conceber uma existência ultraterrena, que ia além da morte física do seu corpo. Este suicídio ritual parecia contraditório, em última instância era realizado com o ideal cátaro de redimir-se de todo tipo de violência por princípio religioso. Mas esta contradição desaparecia – pelo menos em sua mentalidade, pelo fato de que a endura não era tanto um ato de se matar com o desejo de morrer, e este desejo de morrer consistia em atos como retirar todo o alimento, exceto a água, até que chegasse o momento da morte. O cátaro elegia para si seu destino imediato, seguindo seu padrão religioso da época, se retirava da sociedade e ali, como um servo à espera de sua transfiguração, prescindia de todo movimento, de todo desejo, de toda necessidade física e firmava seu pensamento unicamente no passo decisivo que daria a sua alma, ao tempo que, considerava impura sua própria natureza corpórea. Os esqueletos encontrados na gruta de Lombrives, na França, representavam, provavelmente uma endura coletiva realizada pelos adeptos do catarismo e

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possivelmente o instante vivido por estes cátaros, coincidiu com alguma das épocas de máxima perseguição da seita, porque em tal circunstância a crença e a influência dos Cátaros conquistavam cada vez mais adeptos e representava uma ameaça aos poderes da Igreja Católica de Roma. No final de abril de 1244, chegaram as tropas francesas de Luis IX no castelo de Montségur, em Languedoc, último reduto cátaro, depois de uma larga cruzada – a primeira de que se tem notícia -, empreendida contra esta seita que representava tanto perigo para a integridade do poder temporal da Igreja Romana. Foram então, em conseqüência destas práticas condenados à fogueira. A MULHER NA IDADE MÉDIA

Juliana Macedo Santana; Prof. Fabio Liborio Rocha História – Uniandrade

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Existem muitas fontes sobre os feitos masculinos perante grandes batalhas na cristandade medieval, mas pouco se conhece da vida cotidiana no interior dos lares. A maior parte dos registros até o séc. XI refere-se a estes heroísmos, aos camponeses presos a terra cultivada e também aqueles que eram mais abastados e podiam trocar de domínio ou tomara uma mulher para si sem autorização; mas uma análise da mental em nível mental desta mulher, pouco se registrou. Será difícil para nós historiadores, descobrirmos o lugar social que a mulher ocupava em uma sociedade em que se discutia no século XII se ela tinha alma. Responsável pelo pecado original pelo livre arbítrio de Eva, a figura da mulher possuía o fantasma da encarnação do mal. Separadas do mundo externo do castelo por muralhas e pontes suspensas por cordas, as mulheres nobres também tinham seu desconforto: o casamento arranjado. Fato pitoresco era a alocação de um grande número de mulheres que tinham sua moradia na torre mais alta do castelo, visando proteção. Em épocas pré-cristãs, as feiticeiras célticas e germânicas também eram alocadas nestas torres, mas para favorecer a meditação em isolamento. A mais conhecida historicamente foi a germânica Welleda, qual terminou morta e estuprada por um general romano. Aos vinte anos por outro lado, a mulher já era considerada velha e já teria a esta altura, tido muitos filhos. Nesta Europa medieval, a mulher tinha poucos direitos; rara era a duquesa que assumia o trono de seu ducado. Segundo Marc Bloch em sua obra A Sociedade Feudal, a mulher às vezes traia seus maridos condes com seus pagens ou fidalgos, pois as leis feudais puniam com freqüência estes crimes. Logo, uma confraria de bruxos tal qual Carlo Ginzburg relata em Os Andarilhos do Bem, pode ser entendida como uma catarse freudiana para uma sexualidade vigiada e por outro modo de uma tipologia específica de transgressão. Onde mais poderiam se sentir senhoras de si senão no Sabath? Este evento lhe conferindo uma alta estima perdida, e porque não, um eterno retorno da Deusa, da parte feminina de Deus. Foi com o trovadorismo, que a mulher aparece protagonista de si mesma, onde o romance do Rei Arthur pode ser talvez, o mais representativo deste início de processo de individualização da mulher. CAPITAL VERSUS PROVÍNCIAS: UM ESTUDO DA “DEMOCRATIZAÇÃO” DA IMORTALIDADE À LUZ DAS RELAÇÕES ENTRE PODER CENTRAL E PODERES LOCAIS NO EGITO NO III MILÊNIO A.C.

Maria Thereza David João; Prof. Marcelo Rede Mestrado em História Antiga

Universidade Federal Fluminense [email protected]

As relações entre poder local e poderes centrais no Egito antigo variaram muito ao longo de seus mais de três mil anos de história. O Reino Antigo (2686-2160 a.C. e dinastias III a VIII), inicialmente marcado pelo ápice da ideologia faraônica, a qual incluía a crença em um soberano divinizado e a centralização do poder em suas mãos conhece, após a VI dinastia, um período de avanço de autonomia provincial através da atuação de chefes locais conhecidos como nomarcas, ligados anteriormente à administração central. Com o tempo, estes funcionários – outrora pertencentes ao esquema administrativo denominado de governo expedicionário, pelo egiptólogo Christopher Eyre - se fixam em determinadas regiões e suas funções se tornam hereditárias, fatores comumente associados ao fim do Reino Antigo, ao qual se seguiu um período turbulento da história egípcia chamado de Primeiro Período Intermediário (dinastias IX, X e XI). Com o ganho de autonomia dos nomarcas, que passaram a agir de forma mais independente em relação ao governo central, criou-se um estilo de vida próprio das províncias, que partia, em um primeiro momento, da imitação de padrões régios associados e posteriormente, a variações regionais. É possível compreender a influência deste processo no âmbito funerário através do surgimento de uma nova literatura mortuária, conhecida como Textos dos Sarcófagos. Estes textos são um desenvolvimento do anterior Textos das Pirâmides, que comportavam

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encantamentos exclusivamente régios garantindo o monopólio da imortalidade ao faraó. Com os Textos dos Sarcófagos, conhece-se uma abertura em que pessoas outras que não o rei puderam ter acesso a certos tipos de vida após a morte, muito embora ainda permanecessem regras relativas a um decoro religioso. É precisamente este processo de ganho de autonomia provincial que interessa a esta comunicação, a qual visa elucidar a sua conexão com o que os egiptólogos convencionaram chamar de “democratização” da imortalidade, através do estudo da literatura funerária supramencionada. O CAMINHO DO PEABIRU: OS INCAS E OS GUARANIS NA ERA PRÉ-CABRALINA

Soini Taborda da Silva; Prof. Maira S. Nunes História – Uniandrade

[email protected] O presente trabalho consiste na análise da possível presença do povo inca no Brasil e na busca da identificação da presumível relação entre essa sociedade e o caminho do Peabiru, bem como, com os índios guaranis, habitantes das regiões por onde se estendia o caminho. Buscamos investigar se o comércio, a religiosidade ou a expansão territorial teriam levado os incas a serem responsáveis pela construção do caminho do Peabiru, ou até mesmo ter existido uma possível parceria entre os dois povos na sua edificação. Como metodologia empreendemos a leitura e análise das obras de autores que tratam do assunto. O caminho do Peabiru, uma trilha pré-cabralina que unia o Atlântico ao Pacífico, passando por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Bolívia e Peru foi considerada a ligação transcontinental mais importante da América do Sul. A teoria de que o caminho do Peabiru pudesse ter sido uma continuação das estradas incas se fundamenta em sua estrutura. Tal como as estradas incas, o caminho do Peabiru era constituído de um tronco principal e se ramificava em vários pontos. Ambos construídos ora de pedras, ora de certa graminácea resistente que grudava nas pernas e pés de quem por ali andasse e se propagava pelo caminho. Outro indício das relações entre os dois povos é o vocabulário de ambos que demonstra certa particularidade de significados, assim como as coincidências em nível de conhecimento nas áreas de astronomia, estatística, música, armamento e nutrição. Outro fator é a presença da mesma entidade civilizadora entre eles. Um homem com as mesmas características físicas, que lhes ensinou a arte de cultivar a terra e a existência de um deus único. A busca pelo paraíso terrestre, a Terra sem Mal, a qual os dois povos procuravam, reforça a teoria de relações religiosas. Quanto à hipótese de expansão territorial, sabemos que os incas sempre demonstraram interesse de expandir seu reino. Poderiam ter construído o caminho do Peabiru para explorar outros nichos ecológicos que lhes proporcionassem uma maior diversidade de alimentos e produtos. Durante a realização da pesquisa constatamos que tanto os incas quanto os guaranis possuem várias similaridades que serão apresentadas e contextualizadas. Todavia o resultado final depende ainda muitas pesquisas, especialmente na área da Arqueologia. O RETORNO DA MÚMIA: UM NOVO OLHAR SOBRE AS FONTES ESCRITAS DO PROJETO TOTHMEA

Prof. Moacir Elias Santos História – Uniandrade

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Em 1997, dois anos após a chegada de uma múmia feminina autêntica ao Museu Egípcio da Ordem Rosacruz, na cidade de Curitiba, elaboramos um projeto de pesquisa que acabou se destacando pelo pioneirismo nos estudos sobre múmias no Brasil. Entre os objetivos propostos estavam a recuperação da história da múmia (por meio de documentos escritos e da história oral), e a realização de diversas análises (visual macroscópica, raios-X e a tomografia axial computadorizada) para um levantamento de dados. A reunião de tais informações possibilitaria a reconstituição do processo de mumificação ao qual ela foi submetida, a estimativa de sua idade por ocasião da morte e eventuais problemas resultantes de doenças. Embora ao longo de dez anos estes objetivos tenham sido atingidos com uma análise geral das fontes e por meio dos exames, ainda estamos longe de explorarmos todo o potencial científico. Tal afirmativa já havia sido constatada quando analisamos pela primeira vez as informações gerais sobre Tothmea, que foram oferecidas pelo Museu Egípcio Rosacruz de San Jose, no estado da Califórnia, EUA. Além de insuficientes, os dados recolhidos apresentaram muitas incoerências. A mais interessante, neste sentido, estava relacionada à descoberta da múmia que, por um erro de interpretação de um jornalista, associou-a ao achado do Primeiro Esconderijo Real, em 1881. Justamente uma tumba coletiva que continha quarenta múmias, entre personalidades régias e sacerdotais. Ou seja, a informação equivocada levou Tothmea para uma tumba onde estavam inumados faraós importantes, entre os quais o próprio Seti I e seu filho Ramsés II! Parte das

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contradições foram solucionadas pelo acesso parcial a um grande número de documentos, que incluem fotos, cartas e notícias em jornais, provenientes da Vila de Round Lake e de outras localidades no estado de Nova Iorque. A análise e as informações recolhidas destas fontes serviram para compor a trajetória da múmia, desde sua retirada do Egito até os Estados Unidos, e a sua transferência posterior para o Brasil. Contudo, tal trajeto permaneceu aliado a caminhos que não foram explorados inteiramente e que precisavam ser verificados em detalhe. Assim, o objetivo deste trabalho foi reorganizar as fontes da pesquisa, revisar os documentos e analisar aqueles que permaneceram inéditos, para complementarmos a história da múmia Tothmea. VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA CIDADE DE KAHUN

Liliane Cristina Coelho; Prof. Ciro Flamarion Cardoso Mestrado em História

Universidade Federal Fluminense [email protected]

Quando nos referimos ao Egito antigo, podemos afirmar que pouco restou do que conhecemos como arquitetura residencial. Enquanto os templos e tumbas eram feitos para durar para toda a eternidade, em materiais como a pedra, as casas egípcias eram construídas com tijolos de adobe, um material frágil produzido com a lama das margens do Nilo e seco ao sol. A localização das antigas cidades, próximas ao rio, também dificultou a sua conservação, e inibe a tarefa dos arqueólogos para a sua escavação. Contudo, algumas localidades foram construídas no deserto, por ordem direta dos faraós. Uma delas é Kahun, a cidade de pirâmide de Senuosret II, localizada próximo à entrada de um dos canais que leva a água do Nilo para a região do Fayum. Esta localidade foi construída por ordem direta desse rei, para abrigar os construtores de sua pirâmide, em Lahun, e os sacerdotes que seriam responsáveis por manter o seu culto funerário. Dentre os vestígios mais interessantes que restaram dessa cidade estão aqueles relacionados à arquitetura residencial, sendo as plantas baixas das casas fontes importantes para a diferenciação entre o público e o privado para os habitantes dessa localidade. Isso porque, segundo alguns autores, para a Antiguidade essa distinção pode ser estabelecida em função dos espaços de uma casa. Dessa forma, haveria numa residência, locais de uso público ou de serviço e outros de uso privado, cuja classificação poderia ser feita através do grau de abertura dos ambientes em relação ao exterior. Essa categorização, contudo, não permite a determinação das atividades que eram desenvolvidas nos espaços, fossem eles de uso exclusivo ou multifuncionais. Os dados arqueológicos, e principalmente os registros dos artefatos (objetos da cultura material modificados pelo homem) e biofatos (restos animais e vegetais não modificados pelo homem) encontrados em cada ambiente, tornam-se, assim, um instrumento útil para esse tipo de estudo. Partindo desses pressupostos, nessa comunicação, apresentaremos alguns dados provenientes de Kahun sobre os artefatos e biofatos encontrados nas residências da cidade, e que tornaram possível a determinação do uso dos ambientes para essa localidade. Como fontes primárias para essa pesquisa, foram utilizados os registros arqueológicos das temporadas de escavações realizadas por W. M. Flinders Petrie na cidade, no final do século XIX, e a esses dados foram adicionados aqueles já trabalhados por autores interessados nos estudos sobre as cidades no Egito antigo. Nossa metodologia consistiu em analisar esses dados, e localizar, no espaço da cidade, os espaços a que se referem o arqueólogo e outros autores em seus escritos. O resultado obtido foi a determinação das atividades desenvolvidas em cada um dos ambientes existentes em uma casa residencial dessa cidade. AS OFERENDAS AOS MORTOS NO EGITO DURANTE O REINO MÉDIO (c.2040-1640 a.C.): ATUAIS RESULTADOS DA PESQUISA

Simone Girardi da Silva; Moacir Elias Santos História – Uniandrade

[email protected] Durante os três mil anos de história da civilização faraônica, os alimentos não desempenharam somente a função de sustentar o povo egípcio. As fontes antigas nos mostram que além de serem usados como forma de pagamento, moeda de troca e como elemento distinção entre as diferentes camadas sociais, os víveres desempenhavam também um papel importante na morte. Enquanto vivo, o egípcio precisava dos alimentos, e essa necessidade continuava depois de morto, pois o ka, ou seja, sua energia vital, o acompanhava tanto na vida quanto na morte. Assim colocar alimentos na superestrutura ou na infraestrutura da tumba não era uma idéia incoerente. Normalmente eram os familiares que realizavam esta atividade dispondo os víveres num local da capela ou diretamente sobre uma mesa de oferendas. Ao queimarem o incenso próximo aos alimentos, a sua energia era transmitida para o indivíduo e o ka se nutria. Entretanto, havia a preocupação de

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que com o passar dos anos os familiares deixassem, por algum motivo, de levar as oferendas até a capela. Para resolver esse problema e garantir a alimentação, os egípcios confeccionavam um tipo de monumento funerário denominado “estela”. Estas eram feitas em sua maioria de pedra calcária ou madeira, e continham, além da fórmula funerária, figuras esculpidas e pintadas com a representação do morto geralmente sentado perante uma mesa com vários tipos de víveres. Assim, tais monumentos são fontes profícuas para o estudo da alimentação e sua relação com a morte no Egito antigo. Com a reunião de um corpus documental vasto, formado apenas pelas estelas do Reino Médio (c. 2040-1640 a.C.), com as respectivas traduções das inscrições hieroglíficas presentes, iniciamos a análise das fontes seguindo a metodologia que consiste no preenchimento de uma ficha de análise que inclui a descrição da cena, a identificação dos alimentos representados na iconografia e os mencionados na fórmula das oferendas. Na medida em que avançamos em nossas pesquisas, surgiram diversas questões sobre quais seriam os alimentos representados, os que nunca aparecem, e os que são pouco representados. Outro ponto importante no processo analítico esteve relacionado à possibilidade de verificarmos quem eram os proprietários dos monumentos e quais eram suas atividades, e a partir deste ponto tornou-se possível relacionar a representação da oferenda com status social. Uma vez reunidas as informações, os alimentos foram quantificados e os dados transformados em dois tipos de gráficos: um com a classificação por tipo de oferenda e o outro com a quantidade de víveres contabilizados A partir dos resultados obtidos até o momento, será possível mostrarmos algumas informações sobre a relação dos egípcios com a alimentação e a vida post mortem. A IGUALDADE DE GÊNERO NO EGITO IMPERIAL: A POSIÇÃO FEMININA VISTA POR MEIO DOS TEXTOS LITERÁRIOS

Sandra Raitani Bley Pereira; Prof. Moacir Elias Santos História – Uniandrade

[email protected] Inserido em contexto mais amplo, o presente tema busca trazer subsídios para análise do posicionamento da mulher egípcia no Reino Novo, frente aos homens. A análise de elementos da imagética, como as estelas e a estatuária, aludem a certos aspectos que permite-nos iniciar uma discussão sobre igualdade entre os sexos, que não esteve presente em nenhuma outra cultura na Antiguidade. Nesse sentido, a continuidade da pesquisa, tomando como base os elementos dos textos literários, nada mais é do que o prolongamento do estudo que se encontra em desenvolvimento. O estudo das mulheres e de sua inserção na esfera social egípcia depende da análise sistemática das imagens que chegaram até nós, dos objetos por elas usados, das leis que a elas se referiram e dos textos literários que, direta ou indiretamente, a elas estão relacionados. Embora praticamente todo este material tenha sido produzido pelos homens, são as fontes literárias que nos revelam como a situação social da mulher acabou por permear os escritos da época. Observamos, por exemplo, que no Reino Novo a mulher passou a ser objeto de grande devoção e interesse literário. Houve, nesse período, o despertar do amor lírico. Também o erotismo figurou em tais textos, revelando a mulher não apenas como “mãe” – papel primordial na sociedade egípcia – mas como ser humano passível de vivenciar emoções românticas ou eróticas. Para melhor compreendermos a posição da mulher egípcia e o que a sociedade esperava dela, selecionamos um corpus documental formado por papiros e outros textos da época, cujas inscrições já se encontravam traduzidas por especialistas. Como metodologia, após a seleção das fontes primárias, empregamos a análise pragmática que, em linhas gerais, busca verificar a função dos textos, procurando os objetivos pelos quais a documentação foi produzida. Deste modo, parte-se do pressuposto que os textos devem ser considerados tanto em seus conteúdos (proposições) quanto nas suas finalidades (funções). Assim, torna-se possível construirmos uma visão geral sobre a posição social das mulheres, ainda que de forma indireta, considerando o meio e momento em que os textos foram produzidos, em relação aos homens e à sociedade como um todo. As conclusões apresentadas integrarão o corpo principal da pesquisa sobre as mulheres no Egito do Reino Novo. O PODER POLÍTICO DE LEONOR DE AQUITÂNIA: DE MECENAS DOS TROVADORES À BRUXA (1122-1204 d. C.)

Reinaldo Monteiro Siloto; Luciano Cabral; Sergio Donizete; Prof. Fabio Liborio Rocha

História – Uniandrade [email protected]

O objetivo desta pesquisa será o de historiar a biografia de Leonor de Aquitânia, sua linhagem medieval, e os eventos políticos da princesa mais cobiçada de seu tempo. Fomentar políticamente uma Europa forte e unida,

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onde a mesma cultura prevalecesse e seus descendentes reinassem, era um dos sonhos desta singular mulher que concentrava em equilíbrio, inteligência, poder e habilidades políticas alem de cultura invejável e beleza esplendorosa. Sua influência estendeu-se por toda Europa e Oriente Médio e suas indiscutíveis qualidades de estadista alçaram-na como uma grande líder. O papel submisso da mulher da época não foi impeditivo o suficiente para que Leonor da Aquitânia abrisse mão de seus direitos Plantagenetas, nem que lutasse ardorosamente por sua família e por seus reinos. Mãe de dez filhos, dentre eles Ricardo Coração de Leão e João Sem Terra, Leonor de Aquitânia teve uma vida nem um pouco tranqüila, pois acumulou as obrigações pertinentes a uma rainha, mãe e esposa. Perante este encargo régio, participou de uma cruzada, casou-se com o rei da França, Luis VII, divorciou-se, teve um segundo casamento com o Henrique II, o rei da Inglaterra, inimigo da França. Enquanto mulher teve um papel relevante e atípico para a sociedade medieval. Quando descobre depois de anos de casada, o flagrante adultério de Henrique II, irada, apóia uma rebelião com seus próprios filhos para depor este monarca. Fracassada a revolta, é encarcerada entre os anos de 1174-1183 por Henrique II. Solta, se refugia em seu antigo Reino da Aquitânia no sul da França, onde administra sua regência em apoio ao seu filho Ricardo Coração de Leão. Preso Coração de Leão, substitui seu filho por outro, em 1202, seu caçula, agora Rei, João Sem Terra. Leonor defendia a criação de uma sociedade nova, tendo como base o princípio da fidelidade, não o aspecto conjugal, mas sim nos nobres preceitos da cavalaria. Incentivava o interesse e conhecimento por todas as coisas do mundo, as boas relações entre as pessoas e a prosperidade. Imaginava uma sociedade ideal tal como nas lendas celtas do Ciclo da Cavalaria. Como era, portanto, uma mulher emancipada, pois tinha incentivado a literatura céltica e cortesã quais não eram bem acolhidas pela Igreja, pois o amor era considerado uma doença, e incentivava as produções enquanto mecenas de trovadores foi no final de sua vida, acusada de bruxa. Como fonte, arrolamos o clássico de Jean Markale, Leonor da Aquitânia. O FILME COMO SUPORTE DIDÁTICO: USO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA

Priscila Alessandra Trindade Monteiro; Prof. Kátia Andréia V. de Melo

História – Uniandrade [email protected]

Este trabalho, ainda em fase de desenvolvimento, busca empreender uma análise teórica de como e por que razão é importante utilizar filmes como suporte didático nas aulas de História. Dentro de nossa atual sociedade ocidental, capitalista, consumista e globalizada, não há como negar a influência do cinema na vida diária das pessoas. Assim, ao trazermos um filme para a sala de aula estamos ao mesmo tempo levando a História para mais perto de nossos alunos. Porém, é necessário que o professor tenha em mente, muito bem definido, o que será trabalhado em sala de aula, ou seja, é preciso que haja uma ligação coerente entre o conteúdo desenvolvido em aula e o filme escolhido pelo professor visando à complementação do conhecimento. Isso não será tão difícil se o professor conhecer a linguagem cinematográfica, como é construída a realidade dentro do filme, qual a mensagem passada pelo enredo, de que maneira ele é transmitido permitindo, então, que o aluno aprenda como decodificar a mensagem expressa na película. Essa mensagem está intimamente ligada ao período histórico em que o filme foi elaborado, expressando valores culturais, éticos, sociais de uma época específica. Também faz parte do ensino da História o ‘sonhar’, pois, é aí que a indústria cinematográfica trabalha, explorando com racionalidade o sonho ideal que queremos alcançar. Neste contexto, sabemos que o cinema, para vender, precisa agradar ao público ‘construindo’ uma história que traduza seus ideais de beleza, de físico, de caráter, de moral, de justiça, de amor, etc. Logo, tudo na História é uma construção. Longe de ‘destruir’ tudo, mostrando que nada vale, queremos que o aluno compreenda melhor o mundo em que vive sentindo-se parte integrante e ativa de sua sociedade. Por fim, sugerimos nesta pesquisa uma proposta de como trabalhar simultaneamente com o filme (Nem Sansão, nem Dalila) e o livro didático, insistindo que há uma relação de complementação entre as fontes utilizadas pelo professor e o conteúdo desenvolvidos na aula. A presente pesquisa, por fim, permite indagarmos até que ponto o filme é ficção e o livro didático é ‘verdade’ histórica, ampliando as margens de autonomia do professor e diversificando seu dia-a-dia em sala de aula.

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A TRANSIÇÃO DO SISTEMA JURÍDICO IMANENTE MEDIEVAL PARA O DIREITO CIVIL NA PRÁXIS DA TORTURA

Mauro Domingues dos Santos; Prof. Fabio Liborio Rocha História – Uniandrade

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Entendemos por imanente, uma forma de ajuizamento legal dos primeiros séculos da Idade Média, perdurara até ao século XII, ocasião da revolução no código de direito romano Corpus Iuris Civilis, considerado um marco na história jurídica. No juízo Imanente, em meio a um litígio, o reclamante aguardava a manifestação do réu, diante das autoridades constituídas. O réu, em um solene juramento ao divino, poderia alegar inocência. Na dúvida por parte da corte estabelecida, havia a convocação de compurgadores, que de livre vontade, independentes do testemunhar os fatos, justificavam ao réu. Sendo convincente, estaria o réu livre, ao contrário, o processo poderia delongar-se por anos. A idéia da intervenção divina nos atos processuais era comum. A verdade em torno dos fatos deveria fluir por um toque divino no faltoso, sendo a confissão, a “rainha das provas processuais. Do divino para o humano, da superstição, e mito, para o racional do juízo “imanente”, emerge o fruto da revolução jurídica do século XII, o júri, e o poder instituído do tribunal inquisitorial, de onde nascera a aplicabilidade da tortura. A compreensão da adesão de tal metodologia extrativa de uma “suposta verdade”, segundo o historiador contemporâneo, o americano Edward Peters - autor do livro Tortura, só pode ser compreendida mediante uma análise crítica do transcurso da história das civilizações. Sua abordagem nos primeiros capítulos de seu livro, denota o processo de aculturação efetuada por parte de nações como o Egito, Grécia, e Roma, que em suas conquistas, teriam influenciado o Corpus Iuris Civilis de seus conquistados. O escritor francês Peters Pietro de Verri, iluminista do século XVII, em Observações sobre a tortura (A.B.P.C., Edição de 1770), após estudos em autores de sua época, “Pierre de La Ramée e Juan Luis Vives”, constata as observações de Edward Peters, realçando sua observação. Da mesma forma, o escritor brasileiro, filósofo, e Teólogo da Igreja Católica de Roma, Dom Paulo Evaristo Arns, ao comentar em seu livro Brasil: nunca mais , realça a necessidade da reflexão quanto a barbárie existente na prática da tortura na contemporaneidade, em especifico no período da repressão da ditadura brasileira nas décadas de 70` e 80`, paralelo ao uso da tortura nos processos inquisitoriais. Estes fatores demonstram a atualidade deste fenômeno de longa duração: a tortura. PARA UM NOVO CONCEITO DE BRUXA: A HERÉTICA JOANA D´ARC

Roseni Lage Leite; Prof. Fabio Liborio Rocha História – Uniandrade

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Joana D`Arc nasceu em Domrémy, França, de família camponesa, aos 6 de janeiro de 1412. Não aprendeu a ler e nem a escrever, mas possuía profundo sentimento religioso. Aos 13 anos de idade (1425), começou a ouvir certas vozes, que ela identificou como sendo as de S. Miguel Arcanjo, S. Catarina de Alexandria e S. Margarida de Antioquia, virgem e mártir. Estas vozes exortavam na a socorrer a França que se encontrava ocupada pelas tropas inglesas. Somente três anos mais tarde, 1428, a jovem resolveu atender aos apelos celestes. Consegui então ser ouvida com muito esforço por sua condição social campesina e foi levada a presença do capitão Robert de Baudricourt, delegado do rei em Vancouleurs. Sendo desprezada, foi entregue aos seus parentes que ameaçaram afogá-la se continuasse divulgando suas visões. Em outro momento, Joana D`Arc voltou a procurar o capitão Robert de Baudricourt, que ficou impressionado com a força de verdade das suas palavras; logo este decide mandá-la para o rei Carlos VII. Chegando a cidade de Chinon em março de 1429, Joana D`Arc identificou o rei entre vários de seus cortesões sem ser avisada: ato mágico, mormente. O rei aceitou sua visão e lhe concedeu uma tropa de soldados. Não muito bem aceita pelos homens, só depois da primeira batalha vencida que realmente conquistou a confiança destes – pois se vestia com uma armadura masculina, algo deveras inusitado para a época. Se tornando guerreira e vencendo inúmeras batalhas contra os ingleses, foi encarcerada pelos burgúndios, inimigos dos franceses, que a venderam pelo preço de 10.000 mil francos-ouros, aos ingleses. Foi então presa para ser julgada sob pretextos religiosos de heresia, pois esta não poderia (como camponesa, é claro) ouvir a voz de Deus e ser aclamada por isto pela aristocracia nobiliárquica francesa. Colocaria em risco o status dos nobres e sua aclamação era justamente popular. O problema de Joana D´Arc se tornou ainda mais grave, pois esta aderiu em sua figura, uma missão militar ligado ao messianismo de libertação, de salvacionismo do reino da França. Condenada como herege, relapsa, apóstata e idólatra, foi entregue à fogueira em 30 de maio de 1431 pela inquisição. Paradoxalmente, foi sendo reabilitada em revisões do processo condenatório, nos anos seguintes.

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O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Josiane Lorena Peters; Prof. Armando Martins Filho História – Uniandrade

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Durante a 2ªGuerra Mundial, em 1940, os Estados Unidos queriam ocupar preventivamente a parte nordestina do Brasil porque queriam instalar bases aéreas para poder fazer escalas de vôos para a África e ao Oriente, e ao mesmo tempo impedir que esses locais pudessem servir de pouso para os países do Eixo. Em meados de 1941, essas bases já estavam em funcionamento, 6 meses antes da entrada dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial. Com o funcionamento dessas bases aqui no Brasil, circulavam muitas aeronaves, rumo aos campos de batalha africanos e asiáticos, desencadeando a necessidade do Brasil fornecer matéria-prima aos Aliados, como por exemplo, a borracha, e minérios, entre outros. Com o fornecimento desse material para os Aliados, a neutralidade brasileira já não existia mais, acarretando assim os sucessivos torpedeamentos que ocorreram diante deste fato nos navios mercantes brasileiros supostamente por Alemães, no total de 32 navios torpedeados e, 972 Brasileiros mortos, motivo esse que leva o Brasil no dia 21 de agosto de 1942 a Declarar Guerra aos países do Eixo. Entre os soldados brasileiros mobilizados para compor a Força Expedicionária Brasileira, (FEB), a maioria era oriunda da zona rural e com baixos níveis de saúde e educação. Ocorre que a maior parte dos oficiais que tinham a dignidade de oficial da ativa, conseguiram escapar do envio para a guerra. Justamente os mais pobres e menos instruídos, com poucos contatos sociais influentes que lhes permitissem escapar, é que foram recrutados. O exército brasileiro era composto por 25.334 homens, sendo que menos de 1.500 eram voluntários. Positivamente, as tropas Brasileiras eram as únicas tropas racialmente integradas na 2ª Guerra Mundial, efetivamente em combate. Os principais feitos do Brasil na 2ª Guerra Mundial foram servir como ponte aérea para envio de grandes aeronaves norte-americanas para as frentes de batalha, fornecer alimentos e matéria-prima, contribuindo para o esforço de guerra dos Estados Unidos, ajudando a impedir o tráfego de navios e submarinos do Eixo na área do Atlântico, cooperando com o patrulhamento além de fornecer uma divisão de Infantaria para lutar na Itália. A participação da FEB, em território Italiano teve três grandes feitos, a tomada de Monte Castelo, a de Montese e a captura da 148ª divisão de Infantaria Alemã. O retorno dos expedicionários ao Brasil, teve inicialmente uma boa recepção, considerados heróis pelos brasileiros. Mas a FEB era considerada como não confiável pelo presidente Getúlio Vargas, acarretando na rápida desmobilização dos pracinhas, que tiveram que se submeter a todo tipo de vexame e sacrifícios para provar a incapacidade decorrente dos serviços prestados em combate em território Italiano contra os alemães na 2ª Guerra Mundial, para conquistar suas pensões. E que hoje se encontram esquecidos pela mídia. "1492 A CONQUISTA DO PARAISO" O FILME COMO COMPLEMENTO DIDÁTICO NAS AULAS DE HISTÓRIA

Sérgio Donisete Silveira; Prof. Kátia Vieira de Melo História – Uniandrade

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O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada no decorrer da disciplina de Estágio Supervisionado em que buscamos lançar algumas reflexões e sugestões de trabalho com o filme “1492: A Conquista do Paraíso” nas aulas de História. Durante a etapa de observação e diagnóstico escolar, constatamos que normalmente é na 6º série do Ensino Fundamental, seguindo os critérios do PCN, que os alunos tomarão contato com os conhecimentos referentes à “Descoberta e Conquista da América” pelos europeus, portanto, trata-se de um momento propício para que o professor possa dinamizar sua aula fazendo uso do filme, desde que antecedido por um bom planejamento de trabalho. Destacando as ideologias implícitas em sua produção, ao mesmo tempo em que empreende um diálogo com o conteúdo contido no livro didático, pretendemos instigar a participação e interesse dos alunos para este tema de grande importância na História da América. A idéia é despertar a atenção dos alunos para um aprendizado de qualidade cabendo ao professor, por sua vez, organizar com antecedência todas as etapas do processo de trabalho, destacando algumas cenas relevantes ao tema em pauta, apresentando os meios e finalidades da indústria cinematográfica com a produção do filme, suas limitações e descompromissos com a verdade histórica, entre outras. Insistimos que o diálogo entre filme e livro didático é indispensável e fundamental para a construção do conhecimento histórico, complementando-se mutuamente à medida que um responde as lacunas e imprecisões do outro. Traduzir a linguagem fílmica sobre as ações e alcances da coroa espanhola no período, as idéias “além de seu tempo” que tinha Cristóvão Colombo visando chegar ao Novo Mundo, bem como os estranhamentos e choque cultural entre europeus e povos nativos da América, enfim, são apenas algumas cenas, entre tantas disponíveis, que discutiremos neste trabalho com propósito de oferecer

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sugestões práticas de trabalho em sala de aula. Destina-se, sobretudo, aos professores interessados em se informar nas possibilidades de uso desta tecnologia no ambiente escolar como meio de tornar suas aulas menos cansativas e enfadonhas e, por outro lado, mais interessante e atrativa aos olhos de seus alunos. AS CRUZADAS E OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS

Celso Andrei Amaral da Rocha; Prof. Fabio Liborio Rocha História – Uniandrade

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Podemos caracterizar como Cruzada a ação militar de caráter cristão que ocorreu na idade media. Surgiu na Europa ocidental com intenção de reaver as chamadas terras santas (Palestina e Jerusalem) das mãos dos Muçulmanos,que após a morte de Maomé possuíam um vasto império. Por volta do século X o império Bizantino encontra-se em grandes dificuldades, inclusive de manter a segurança em suas fronteiras do norte, tendo assim de pedir ajuda ao ocidente. Então no século XI iniciam-se essas expedições de cavaleiros rumo à terra santa, em quase dois séculos de luta contra o Islã, foram ao total nove Cruzadas. Mas muitos consideram como a primeira cruzada a caravana liderada por um fanático religioso, composta de mulheres e crianças e todo tipo de gente miserável, conhecidos por esse movimento como a Cruzada dos mendigos. Esse grupo matava e saqueava por onde passava, até mesmo quando chegaram em Constantinopla quase acabados, esse grupo continuou pilhando e roubando, assim o Imperador os expulsou da cidade, mal conseguiram chegar a Turquia,onde posteriormente foram dizimados pelos Turcos. Na Europa ocidental a igreja pregava a necessidade de ir a terra santa como forma de purificação dos pecados, sendo este um grande motivo para cristãos partirem para o oriente lutar contra o Islã, se necessário teriam de dar suas vidas em favor da causa,se morressem em combate teriam a certeza de sua salvação. Assim também como não teriam pecado se matassem o inimigo, pois tratava-se de infiéis.Mas os cruzados tiveram uma pedra em seu caminho, o líder Muçulmano Saladino, que liderou o maior exercito da historia.Pois para os Muçulmanos também estavam numa guerra santa, onde estavam dispostos a morrer em batalha. Muitas ordens de monges cavaleiros surgiram para lutarem na terra santa. As mais conhecidas são a ordem dos Cavaleiros Teutonicos (Teutonicorum) de origem alemã, a ordem dos Hospitaleiros é a mais famosa e de maior importância a Ordem dos Cavaleiros Templários. Os Templários surgiram da necessidade de proteção aos peregrinos que se dirigiam a terra santa. Mas eram muito mais do que isso, eram grandes guerreiros treinados, sendo considerado o primeiro exercito profissional da história. Eles possuíam uma grande rede de captação de recursos por toda a Europa. Deixaram grandes invenções de caráter logístico, militar e principalmente financeiro. A ordem durou pelo menos duzentos anos, sendo extinguida logo após o fim das cruzadas.Muitos cavaleiros foram mortos pela "Santa Inquisição" acusados de bruxaria, homossexualismo e outras praticas. Mas, contudo, o misticismo e a admiração sobre estes cavaleiros existe até os dias de hoje. “EM BUSCA DA LIBERDADE”: O SUICÍDIO COMO MODO DE RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO NO PARANÁ NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XIX.

Harley Barbosa Marinelo; Prof. Katia Andréia Vieira de Melo História – Uniandrade

[email protected] Na elaboração deste trabalho vislumbramos conhecer e efetivar um levantamento bibliográfico referente à escravidão e resistências escravas no Brasil e Paraná do século XIX, lançando algumas luzes para a discussão da prática suicida durante a escravidão. Nossa reflexão parte da premissa de que, além das fugas, homicídios, abortos, infanticídios, entre outros, também o suicídio foi uma das formas de resistências dos escravos à escravidão, levando-os a se rebelarem contra o sofrimento e os maus tratos ministrados pelos seus senhores e capatazes. Para atingir a tão sonhada liberdade e num ato extremo de desesperação, ou lançavam-se de maneira violenta contra seus algozes causando-lhes a morte ou, em outros casos, no auge de suas nostalgias, optavam pelo suicídio como caminho para uma “libertação perversa”. Importante mencionar, ainda, que os escravos que o senhor adquiria no mercado de almas eram saudáveis e gozavam de plenas condições de saúdes, inclusive mentais, afinal, tratava-se em última instância de uma mercadoria adquirida para auferir lucros aos seus senhores. Para analisar o alcance destes suicídios, utilizamo-nos de alguns estudos da sociologia, filosofia e psicologia, que nos forneceram certo suporte teórico para problematizar as relações dos escravos e seus senhores no contexto da escravidão. Em tais análises, nos deparamos com alguns estudos que versavam sobre a “imoralidade” do suicídio nos séculos anteriores ao surgimento da sociologia, filosofia e psicologia, no século XIX, e que, a partir de então, tenderam a tratar o tema com um viés mais cientifico e racional; na seqüência, tomamos contato com bibliografias sobre escravidão e resistência no Brasil, sobretudo

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aqueles que direcionaram suas análises para os casos de suicídios entre escravos e que viram nesta prática uma espécie de “escape” para resistirem aos desmandos e arbitrariedades de seus senhores. Finalizamos nossas discussões, empreendendo uma análise de algumas fontes primárias (Processos Crimes) encontradas no Arquivo Público do Paraná, que nos permitiram comprovar, à luz de nossas discussões teóricas anteriores, a existência de suicídios também no Paraná do século XIX. Ainda que apresentando uma “escravidão mais branda” em função de sua desvinculação com o mercado externo, também aqui os escravos sofreram e lutaram contra a escravidão, seja através de fugas, homicídios, como também apelando aos suicídios. O suicídio, por fim, ainda que tenha sido uma forma extrema e radical na luta contra o sofrimento do cativeiro, pode ser considerado como uma das mais violentas e inegáveis formas de resistência à escravidão no Brasil. LOGOS E NOMOS: DISCURSO E PRODUÇÃO DE RAZÃO ATRAVÉS DO APOCALIPSE DO BISPO APRINGIO DE BEJA. PERÍODO VISIGODO, SÉC.VI.

Prof. Fabio Liborio Rocha História – Uniandrade

[email protected] Este comunicação intitulada O Clamor de Justiça ao Poder Régio na obra Comentarii Liber Apocalipsis de Apríngio de Beja – séc. VI d. C., tem por objetivo advogar em favor da idéia que articula a escatologia bíblica do eclesiástico de Pax Iulia, enquanto propagadora de um discurso de autoridade moral, como contraponto ao poder régio visigodo do rei Teudis, cerca de 531 à 548 d. C.. Trata-se de conceber duas idéias de poder, uma teológica, do Bispo Apríngio de Beja e outra temporal, herética e ariana, enraizada na cultura visigoda do reinado de Teudis. Isto possibilitou uma assimetria temerosa entre o poder temporal e eclesiástico. O Poder, na sociedade visigótica da Hispania, será analisado frente à problemática das estratégias de discurso do Apocalipse enquanto Sitz im Leben – contexto vital, possibilitando uma crítica da forma literária do texto de Apríngio de Beja, que visava antes de tudo, se interpor ao estabelecimento régio visigótico conjugado ao arianismo. Esta específica produção textual, do Apocalipse de João, do bispo Apríngio de Beja, nos indica a íntima relação, no campo da representação, do sentido nicêno que era proposto pela Igreja do século VI. O Apocalipse, entendido como revelação – αποκαλύψις -, é um texto bíblico que busca um sentido para a história humana, com suas lutas e vitórias, bem como a posicionamento necessário da comunidade cristã diante dos desafios da história. É, pois, um texto que nos revela um discurso agostiniano do De Ciuitate Dei, de punição aos que não seguem a lei de Deus, superior as leis dos homens. Nossa comunicação busca inferir que Apríngio de Beja compilou o texto do Apocalipse de João, direcionado um discurso ao período do reinado de Teudis, na busca de alertar o rei visigodo que o poder somente pode ser desempenhado com o auxílio da doutrina nicêna, pois todo poder teria como único autor precisamente Deus. Para esta análise, realizamos uma crítica às idéias teológicas arianas, entendendo, no entanto que existe um limite sutil entre Apocalipse e Apócrifo (causado pelo pitagorismo eminente dos números daquele texto), o que nos levou a estudar uma possibilidade do legado pagão e herético no texto do Apocalipse de Apríngio de Beja. TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DO ENSINO NAS ESCOLAS

Paulo Henrique Gusso; Prof. Katia Vieira de Melo História – Uniandrade

[email protected] Aos futuros educadores, em especial os futuros profissionais da História (Pesquisa ou/e Ensino), o presente trabalho ainda em construção permeia as várias faceta da escola com o intuito de apresentar um diagnóstico desta “aquarela” que é a formação do individuo. O que presenciamos com nossas experiências derivadas da disciplina de Estágio Supervisionado, é a presença no cotidiano escolar de vários contra-sensos, dentre os quais, muitas vezes, as próprias cadeiras universitárias corroboram e perpetuam: que é o divórcio entre ensino e a vida de nossos alunos. A formação deficiente e desvinculada da realidade escolar contribui para o conflito em sala de aula: de um lado, professores preocupados em vencer o conteúdo, muitas vezes refém do livro didático, e de outro, alunos desmotivados por não enxergaram relevância entre o assunto apresentado pelo professor e sua vida social. Alguns poucos profissionais mais comprometidos com sua realidade, por sua vez, mesmo subjugados pelo sistema que representa as mazelas e as responsabilidades da educação, buscam superar suas limitações teóricas (conhecimentos teóricos e sua vinculação com a realidade imediata) e práticas (falta de experiência) e optam por formar cidadãos autônomos e participativos por intermédio de uma metodologia crítica e reflexiva. Questionam, portanto, questões comuns na vida diária de seus alunos como, por exemplo, a inclusão social que, ainda que em voga e amplamente discutida no meio acadêmico e escolar, está ausente dos livros didáticos e dos discursos que fundamentam a voz do professor. A prática

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metodológica recorrente, caracterizada pelo continuísmo e alienação de muitos profissionais da educação, pode ser facilmente vista em seus comportamentos em sala de aula, assemelhando-se a “máquinas programadas” a repetir mecanicamente os “pacotes” prontos de informações ditados pelo sistema. Talvez este trabalho seja esquecido no fundo de uma gaveta. No entanto, o que queremos passar não é a destruição do sistema pura e simplesmente, mas buscar individualmente ou coletivamente as mudanças e a valorização dos professores, pois o futuro deste país está nas mãos da escola, já que o presente é calamitoso. Desta feita, a nossa opção é pela construção do saber através da interpretação, e não da repetição dos conteúdos, sem saber de onde e como estes conteúdos chegaram até nós e como podem ser usados para a construção de uma sociedade mais consciente e menos alienada. MUMIFICAÇÃO EXPERIMENTAL: AS TÉCNICAS EMPREGADAS E OS SEUS RESPECTIVOS RESULTADOS

Prof. Moacir Elias Santos; Tatiane Fernada de Almeida História – Uniandrade

[email protected] No Egito antigo, o processo de mumificação desenvolveu-se frente às necessidades para a conservação de cadáveres humanos, pois se acreditava que para assegurar uma existência futura, de acordo com as crenças vigentes na época, o corpo deveria ser mantido intacto. Tal prática estendeu-se posteriormente a muitas espécies que compunham a fauna egípcia, mas seus objetivos eram bem diferentes. Alguns animais considerados manifestações dos deuses na terra eram embalsamados e inumados com grande pompa. Já os de estimação eram preservados por ocasião da morte, para que seus donos tivessem sua companhia no outro mundo. Havia ainda partes de animais que eram conservadas e depositadas nas tumbas, pois serviriam como oferendas. Mas a maior quantidade de espécimes embalsamados pelos egípcios está relacionada a uma prática religiosa popular: os ex-votos. Ao longo dos séculos, milhares de múmias votivas foram produzidas e inumadas em necrópoles por todo Egito. Embora o contexto desta produção seja conhecido, pouco se sabe sobre os procedimentos técnicos realizados no embalsamamento destes animais. Assim, buscando investigar esta questão, constituímos um projeto de pesquisa no campo da Arqueologia experimental. Para realizarmos a mumificação, criamos uma metodologia que incluía simulações diferenciadas. Na primeira, realizada de forma completa em duas ocasiões em 2006 e 2007, a seqüência partiu da escolha dos espécimes de tilápia a serem embalsamados, passando pela evisceração, realizada com o auxilio de lascas de quartzito, e pela limpeza com água. Já na segunda parte, preparamos o natrão a fim de simular o composto original que incluía sulfato de sódio, cloreto de sódio, bicarbonato de sódio e carbonato de sódio. As porcentagens foram baseadas na análise de amostras provenientes do Egito e que se encontravam publicadas. Outro ponto importante desta fase foi o emprego da substância reconstituída para a desidratação, que foi eventualmente remexida para a remoção da umidade. O segundo processo, levado a cabo somente em 2007, não incluía a evisceração. Assim, o espécime foi submetido diretamente ao processo de secagem. Ambos os exemplares mumificados estiveram acondicionados em uma estufa que regulou a temperatura. Ao término do embalsamamento, as duas técnicas foram comparadas, por meio de uma análise visual. Nesta comunicação apresentaremos os resultados obtidos ao longo deste estudo, bem como discutiremos como cada um dos exemplares respondeu ao processo, comparando-os com o estudo que fizemos na fase anterior, em 2006. Pedagogia O DESAFIO NA APRENDIZAGEM INFANTIL

Patrícia Sottomaior Macedo; Prof. Maria Cecília Marins de Oliveira Pedagogia – Uniandrade

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Os tempos modernos estão a exigir, cada vez mais, a integração de princípios, como autonomia, emancipação e espírito crítico, na formação dos indivíduos, para torná-los pessoas capazes de decisões próprias independente de opiniões alheias, embora com bastante bom senso, desprovidos de quaisquer preconceitos, não subjugados a determinadas convenções sociais e prontos a tomarem decisões. A temática desenvolvida neste trabalho, intitulada “O Desafio na Aprendizagem Infantil” teve a preocupação de estudar e analisar a postura do professor frente às mudanças geradas no meio educacional e sua influência no desenvolvimento e na aprendizagem dos alunos. Por ser temática que se insere nas discussões sobre educação, justifica-se a escolha do tema, considerando a importância fundamental do desempenho do professor para gerar um clima de receptividade e empatia entre ele e seus alunos. A capacidade de ouvir, refletir e discutir, respeitando o

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nível de compreensão dos alunos, faz do professor a ponte entre o conhecimento e o ensino que deve orientar a aprendizagem dos alunos, pois cada aluno se insere num determinado sistema de valores a partir do qual levará o mundo, praticará ações, fará ciência. O professor, educador na era industrial, deve educar para mudanças, para autonomia, para liberdade, trabalhando o lado positivo de cada um dos alunos para formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais e culturais. Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho é demonstrar o grande desafio da aprendizagem infantil, na atualidade, temática, inserida no tema maior “Metodologia e Aprendizagem”, em razão das mudanças geradas na relação professor e aluno, com base nas propostas de novas metodologias que foram sendo apontadas pelos educadores através dos tempos. Dos educadores ressalta-se a figura do pensador e do revolucionário de princípios educacionais, Jean Jacques Rousseau, que em seus escritos propõe novos valores de educação e novas formas de abordagens do conhecimento que devem orientar o processo de ensino, conduzido pelo professor, na escola. O trabalho norteou-se também pela metodologia de Paulo Freire, que segue o estudo da realidade e de seus temas geradores extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. Assim, os conteúdos de ensino tornam-se resultado de uma metodologia dialógica entre a realidade e a pessoa que se insere naquela realidade. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se toma como ponto de partida. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO

Simone Rogalsky; Prof. Maria Cecília Marins de Oliveira Pedagogia – Uniandrade

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O ato de planejar faz parte da história do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em realidade objetiva é preocupação das pessoas. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas atividades diárias são delineadas em etapas concretas da ação, uma vez que já pertencem ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcançar o que desejamos. As idéias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos dias atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prática de planejar parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado dos mesmos. Assim sendo, o objetivo deste texto é procurar explicitar o significado básico de termos, tais como planejamento, plano, programa, projeto, plano estratégico plano operacional, e outros, visando a dar espaço para que o leitor possa estabelecer as relações entre eles, a partir de experiências pessoais e profissionais. Cabe ressaltar que, neste texto, não se pretende abordar todos os níveis de planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin (2001, p. 83), “Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e outras atividades humanas.” O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações. (PADILHA, 2001, p. 30). Planejar, em sentido amplo, é um processo que visa dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superação, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro, mas considerando as condições do presente, as experiências do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosófico, cultural, econômico e político de quem planeja e com quem se planeja. Planejar é uma atividade que está dentro da educação, visto que esta tem como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação. Planejamento Educacional é "processo contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar lá', tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto à do indivíduo". (PARRA apud SANT’ANNA et al, 1995, p.14). Planejamento Curricular é o "processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É previsão sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno". Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares. (VASCONCELLOS, 1995, p. 56). Planejamento Escolar é o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexão, de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição. "É um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social". (LIBÂNEO, 1992, p. 221).

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OS CANHOTOS NA SOCIEDADE DESTRA

Renata Guimarães; Prof. Inês Astreia de Almeida Marques Pedagogia – Uniandrade

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Pouco hábil, desastrado, deselegante, desajeitado. Esses são alguns dos significados da palavra canhoto no dicionário da Língua Portuguesa. Em inglês são "sinistral", que quer dizer sinistro, já em espanhol, "zurdo" quer dizer 'que vai na direção errada'. O drama dos canhotos já começa no próprio significado do nome, sempre designando coisas más. Mas será que realmente é "sinistro" ser "canhoto"? Até já foi comprovado também que vários estudiosos considerados gênios hoje, foram canhotos, como Leonardo Da Vince, Michelângelo, Beethoven, Albert Einstein, Mahatma Gandhi, entre outros. Vive-se num mundo concebido para aproximadamente 90% da população destra, e como sempre, a minoria tem que se adaptar a essa parte maior. Os canhotos enfrentam um mundo onde as coisas em geral não são projetadas para eles, como facas, saca rolhas, abridores de latas, maçanetas das portas e até colherinhas tortas para bebês. É como se o cérebro tivesse que se adaptar a um mundo que se apresenta ao contrário do que se consideraria natural. Imagina se todos tivessem que começar a utilizar os objetos do lado contrário? Até carteiras escolares tipos universitárias, essas também sempre com o lado do apoio do braço para o lado direito. Em prol dos canhotos, havia nas décadas de 70 e 80 a ABRACAN, a Associação Brasileira dos Canhotos, que trabalhava com o objetivo de conseguir objetos especialmente feitos para canhotos, essa Associação fazia com que as fabricas entendessem as necessidades dos canhotos no seu cotidiano, mas infelizmente foi uma Associação que não prevaleceu, pois o governo não deu sua real importância, e até mesmo os próprios canhotos não a valorizaram. Mas onde ainda sente-se necessidade de ajuda é na escola, principalmente na alfabetização, onde os alunos canhotos têm que aprender desde a pegar o lápis da maneira correta até a direção em qual se deve escrever. O que nós, como educadores, podemos fazer para melhorar essa condição de nossos alunos canhotos? Estudos já comprovaram que eles têm diferentes compreensões, se compararmos com os destros. Seus cérebros, de canhotos e destros, trabalham de formas diferenciadas. Se vários educadores concordam que temos que trabalhar de várias maneiras diferentes para atingirmos todos os tipos de compreensão e de inteligências, será que não estaria na hora de começarmos a pensar em uma maneira de atingir a compreensão de um cérebro canhoto? Será que se esses alunos canhotos não forem trabalhados de forma correta não pode-se trazer algum problema mais grave de aprendizagem mais adiante em sua vida escolar? E alguns preconceitos entre os próprios educandos, será que os alunos canhotos não passam por algumas situações desconfortáveis entre os próprios alunos? E de onde vem esse preconceito? Será que ele tem fundamento para se manter presente no dia a dia dos canhotos? A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM, RELACIONADA À MÁ ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS COM DESNUTRIÇÃO

Silvana Maria Antero; Prof. Sônia Maria Prevedello Coelho Pedagogia – Uniandrade

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O presente trabalho destinou-se ao estudo das abordagens bibliográficas relacionadas à importância nutricional no crescimento e desenvolvimento do ser humano e às deficiências nutricionais que podem prejudicar o rendimento escolar das crianças com desnutrição. O tema em destaque foi desenvolvido em três partes. Em primeiro, definiu-se um breve histórico da alimentação e nutrição, usando para fundamentação teórica: Mosseri (1964), Chaves (1978) e Kamel (1978). A segunda parte abordou as questões da importância da nutrição e suas principais fontes de nutrientes e a terceira parte trata da questão da desnutrição e suas conseqüências no processo de aprendizagem das crianças, usando como base teórica os autores: Nóbrega (1981), Valente (2002) e Vitolo (2003).Hoje em dia, a desnutrição, tratando-se de carências de vitaminas e sais minerais essenciais, continua sendo a causa de doenças graves e de morte para milhões de pessoas. Além disso, a carência de vitaminas no organismo tem reflexos no nível de desenvolvimento cognitivo necessário à eficácia da aprendizagem. Mesmo manifestações leves destas deficiências podem limitar o desenvolvimento de uma criança e a sua capacidade de aprendizagem, determinando a acumulação de deficiências em seu rendimento escolar. No corpo do trabalho podem ser observadas as pirâmides alimentares: para crianças de zero a seis anos e adultos, facilitando a compreensão e entendimento das necessidades nutricionais diárias para o bom desenvolvimento do ser humano. Em seguida, aprofundou-se nas questões sobre os graus de desnutrição e tipos existentes e decorrentes da má alimentação, com suas possíveis conseqüências no desenvolvimento do sistema nervoso central. Esses danos levam a criança e adulto a quadros de apatia, diminuição de atividade física e psicomotora, alterações de afeto e humor, tornando-os incapazes de uma

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interação ativa com o meio social e levando-os, conseqüentemente, a dificuldades na aprendizagem. A desnutrição, vista no panorama escolar, denota-se como o vilão da alfabetização, pois afeta diretamente o rendimento escolar e interação com as pessoas, proporcionando o afastamento das crianças à oportunidade de aprendizagem significativa para seu futuro. A má alimentação, a desnutrição, são os maiores causadores de reprovações e desistências dos estudos, pois provocam alterações orgânicas e funcionais irreversíveis no desenvolvimento do sistema nervoso, proporcionando à criança e ao adulto o desligamento do mundo e conseqüentemente o analfabetismo, sendo esta a faceta de uma vida de miséria, onde pais e filhos não conseguem suprir suas necessidades e ambos vivem e convivem com a falta de acesso à cultura. LETRAMENTO E SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS APLICADAS A AVALIAÇÃO DE ALUNOS EM PROCESSO DE INCLUSÃO

Prof. Maria Cristina Lindstron Colégio Dom Bosco

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Este trabalho tem a finalidade de relatar a experiência de utilização de seqüências didáticas na avaliação de alunos em processo de inclusão, com ênfase no desenvolvimento de habilidades ligadas ao letramento em história. Tal experiência está sendo realizada no Colégio Dom Bosco, sede Batel, ao longo dos primeiros meses de 2007. A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, se coloca como uma exigência legal e moral em nossa sociedade. A deliberação 02/03, aprovada pela Comissão Temporária de Educação Especial da SEED do Estado do Paraná, apresenta os parâmetros para que tal inclusão se dê nas escolas de educação básica, públicas e privadas, neste estado. Dentre os artigos, destaca-se o de nº 6 – de define as características dos alunos que se enquadram na condição de “educação especial” e o de nº 11 – que determina o que os estabelecimentos de ensino deverão prever e prover para atender às necessidades especiais dos alunos. Na prática, as escolas têm adotado dois caminhos para atender ao que é deliberado pela legislação: a criação de um currículo mínimo paralelo e a utilização de instrumentos de avaliação diferenciados. No primeiro caso, focado no conteúdo das diversas disciplinas, os alunos são colocados numa condição de exigência básica de pré-requisitos, realizando em geral um currículo bastante inferior. No segundo caso, são adotadas estratégias de avaliação adaptadas às condições específicas dos alunos, por exemplo, a utilização de provas em braile ou o uso de tradutores em provas orais e escritas. A proposta implementada no Colégio Dom Bosco visa criar uma terceira via, isto é: propõe um currículo diferenciado focado em habilidades mínimas e apresenta seqüências didáticas que permitem a avaliação parcial e processual. No que respeita à disciplina de História, o currículo foi estabelecido à partir de um recorte temático, voltado para os conteúdos essenciais para a compreensão dos processos históricos e de um recorte de habilidades voltadas para o letramento (leitura, interpretação e produção de textos em gêneros predeterminados). Por se tratar de uma experiência em andamento, não é possível apresentarmos conclusões, apenas impressões do processo. Ao longo dos meses em que tais práticas foram sendo estabelecidas, os alunos envolvidos foram gradualmente se apropriando do espaço escolar, uma das metas principais da proposta de inclusão. Ciências Sociais Aplicadas Jornalismo A FUNÇÃO SINESTÉSICA DO JINGLE POLÍTICO

Silvia Thais de Poli Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens

Universidade Tuiuti do Paraná [email protected]

Sendo uma peça publicitária de importante utilização, o Jingle Político esteve presente em diversas campanhas eleitorais na história política brasileira. Sua melodia contagiante embala manifestações a favor de candidatos que se apresentam como a escolha ideal para a resolução dos problemas do cidadão. Desde jingles memoráveis como os de Getúlio Vargas à reutilização parcial de jingles de antigas campanhas pelo atual presidente Lula, seu impacto está além da simples persuasão do voto. Melodias construídas com precisão agem de forma sinestésica no ouvinte resultando em uma resposta emocional à música apresentada. Através das três organizações, constituídas pelo ritmo, altura e harmonia, ‘sentimentos’ são transmitidos para o

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público que as responde com exaltação emocional e fidelidade. Busca-se neste trabalho apresentar de que forma o Jingle Político atuou/atua de forma sinestésica no ouvinte/eleitor. Lingüística, Letras e Artes Letras O ESPAÇO COMO OXÍMORO REAL E METAFÓRICO NO CONTO “PRISÃO SEM GRADES” DE O. HENRY

Adriana Oliveira Reis Silveira; Prof. Sigrid Renaux Letras – Uniandrade

[email protected] As mudanças sociais trazidas pelo crescimento da indústria e pelo aumento populacional dos Estados Unidos a partir do final do século XIX geraram críticas na época, pois produziram algumas conseqüências negativas, como desemprego, pobreza e corrupção. O Realismo na literatura surgia, então, para mostrar esta nova realidade, como uma forma de crítica e de protesto por parte dos escritores. Entre eles, destaca-se O. Henry (1862-1910), grande escritor de contos realistas. Seu conto “Prisão sem grades” apresenta as principais características deste movimento: personagens comuns vivendo experiências triviais em cenários urbanos. Narra a história de Lucky, um mendigo em Hyde Park, que, temendo o rigor do inverno que se aproxima, decide cometer alguns delitos para ir para a prisão, podendo assim passar alguns meses abrigado em uma cela. No entanto, todas as suas tentativas para ser preso não obtêm sucesso e ele chega a sentir-se em pânico diante da sua “falta de sorte”, até que, estando na porta de uma igreja, dá-se conta da situação lamentável em que se encontra e decide mudar de vida, reconstruindo tudo o que perdera. Surge então um guarda que o leva para a prisão por ele estar desocupado. Lucky ficará, então, preso por mais três meses. Este final inusitado e surpreendente, característico de O. Henry, gera no leitor reflexões a respeito do homem e de seu meio ambiente. A presente pesquisa visa, portanto, fazer uma leitura mais aprofundada do texto a partir do oxímoro contido no título, pois uma “prisão sem grandes” contraria o sentido comum do termo “prisão”. Esta “prisão” irá se projetar no conto de três modos diferentes: como uma prisão real, futura e invisível, que é apenas mencionada pela personagem. Como prisão visível e presente, o próprio cenário no qual ocorrem os fatos: a cidade de Londres, com policiais por todas as partes. E, metaforicamente, a própria prisão mental em que se encontra Lucky e que constitui na realidade sua prisão mais perniciosa, pois o impede de mudar de vida, mantendo-o preso àquela situação. Através do título, pois, verifica-se como O.Henry expressa sua simpatia pelos menos privilegiados, lançando simultaneamente uma crítica à sociedade de sua época, que não dava conta das conseqüências negativas geradas pela nova realidade social. O INTERACIONISMO NA PRÁTICA DIDÁTICA DO ENSINO DE L.E.

Aida Adnan Sad Qaddomi; Prof. Rosane Nicola Letras – Uniandrade

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Como análise primária, percebemos a necessidade de integração do aprendizado da LE com os objetivos gerais estabelecidos nos PCN. O que de forma mais concreta nos remete à minha principal problematização “Como instaurar o interacionismo na prática didática do ensino de LE?”. O enfoque sócio-interacional da linguagem indica que, ao se corresponderem no discurso, as pessoas estabelecem uma interação com seus interlocutores ou vice versa na construção social do significado. Para que este processo de construção tenha significação sócio-interacional via LE, o aprendiz utiliza conhecimentos sistêmicos, de mundo e sobre a organização textual, além de ter de aprender como usá-los na construção social do significado via LE, pois como destaca Ratner (1995: 16), "...o indivíduo não se defronta com as coisas como uma consciência solitária. Ele é membro de uma comunidade social e depende de outras pessoas para ajuda material, comportamental e psicológica. O indivíduo constrói sua reação aos estímulos a partir de materiais, padrões de comportamento, conceitos, aspirações e motivos que foram organizados socialmente". A consciência desse tipo de conhecimento e de sua aplicabilidade é essencial na aprendizagem, haja vista que focalizam aspectos metacognitivos e desenvolve a consciência crítica do aluno no que se refere a como a linguagem é usada socialmente. A partir da leitura deste novo paradigma, o papel do professor se transforma de transmissor para orientador cujo objetivo é o de desenvolver tais competências. Enquanto professor transformador, este

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profissional deve passar pela desconstrução do antigo e confortável papel de reprodutor do conhecimento para ele próprio construir e reorganizar os fatores de conhecimento histórico social. Quanto a este profissional, como desenvolver as competências propostas? Aliás, o que este profissional entende por competência? Tendo em vista o despreparo de professores de línguas, devido principalmente aos atuais modelos de formação pré-serviço, a busca de novos métodos, destinados à formação de profissionais reflexivos, autônomos e responsáveis, é extremamente relevante neste momento. É preciso, então, considerarmos novas abordagens para o desenvolvimento de práticas reflexivas que objetivem a formação contínua dos profissionais da educação e sua inserção interacional. Justifica-se aqui qualquer iniciativa no sentido de preparar e direcionar o profissional para que sua construção social interacionista beneficie não só sua própria formação como a do aluno aprendiz. MEMÓRIA E ESQUECIMENTO NO CINEMA: UMA INTERPRETAÇÃO BERGSONIANA DE "BRILHO TERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS"

Anna Larissa Aznar da Silva Santos; Prof. José A. Vasconcelos Letras – Uniandrade

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Faremos uma análise do filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” baseada no livro de Henri Bergson “Matéria e Memória”. Joe é um homem sistemático, que não gosta de mudanças e ama sua namorada, Clementina, que por sua vez é inconseqüente, desregrada e tem uma personalidade instável. Bergson explica que o reconhecimento atento acontece quando o objeto que vemos no mundo externo coloca de si uma marca cada vez mais profunda em nossa memória à proporção que “adquiri uma tensão mais alta pra projetar nele suas lembranças”. Ambos têm impressos em sua memória lembranças e sentimentos variados; são sentimentos de momentos bons como quando se conheceram na praia ou ruins como as brigas, cobranças e a falta de compreensão de ambas as partes. No começo dessa relação turbulenta os dois só têm uma imagem do que seja o outro, ela a “inconseqüente”, “desregrada”, ele o “chato”, “velho”. Sobre isso Bérgson diz que a percepção que o corpo tem do objeto não é completa, é apenas uma das verdades de perceber o objeto, isto é, não existe uma única realidade, dependendo do conhecimento de mundo as percepções variam de pessoa para pessoa, “porque as imagens ultrapassam a percepção por todos os lados”. Depois de uma briga ela decide nunca mais voltar; a dor de não conseguir esquecer de seus sentimentos por Joe a leva a submeter-se a um tratamento. Com a ajuda de um computador os assistentes do doutor provocam pequenas lesões no cérebro impossibilitando o acesso às lembranças; o caminho que o cérebro usa para buscar na memória as lembranças é “apagado”, assim é como se Clementina nunca tivesse conhecido Joe. É tudo um sucesso, ela não o reconhece nem quando ficam frente a frente. Ele também quer esquecê-la e decide se submeter ao mesmo tratamento. Contudo, no meio do processo desiste, e começa a reinventar lembranças com Clementina em lugares que ela nunca esteve, exemplo, quando tinha cinco anos. Porém, o esforço é em vão e Clementina é apagada de sua memória. Tudo que acontece em nossa vida é guardado na memória e as lembranças nos ajudam a continuar vivendo com: decepções e alegrias; erros e acertos. IDENTIFICAÇÃO DE ELEMENTOS NIETZSCHEANOS EM LAVOURA ARCAICA

Antonio Crul; Prof. Brunilda T. Reichmann Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] Este trabalho tem por objetivo analisar o livro Lavoura arcaica de Raduan Nassar identificando elementos da filosofia de Friedrich Nietzsche, mais especificamente o amor fati. O enredo da obra Lavoura arcaica se constitui numa trama que se desenvolve dentro de uma família tradicional. Família patriarcal e mantida por uma moral muito severa. No romance o que salta aos olhos é o atrito bem narrado e composto pelo autor, entre uma ordem que, de maneira comedida, quer se manter no poder e sobreviver (representada pelo pai) e outra via de entendimento do mundo que é abraçada pelo discurso apaixonado do jovem André. É mediante a análise dos discursos proferidos pelos personagens que identificarei elementos nietzscheanos na obra, como por exemplo o amor fati. Expressão, esta, usada por Nietzsche como fórmula para a grandeza do homem e que significa: não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade. Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo. Essa fórmula exprime a atitude própria do além-do-homem e a natureza do espírito dionisíaco, enquanto aceitação integral e entusiástica da vida em todos os sentidos e aspectos. O amor fati não é a aceitação cega e bem comportada de tudo o que acontece, mas a

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transformação da aceitação em um evento de dignidade própria. Antes de aceitar dizendo sim a tudo indiscriminadamente, trata-se de afirmar: afirmar a vida. Trata-se de um afirmar aceitando-a, tanto quanto um aceitar afirmando-a. O dizer sim a tudo não é afirmar a vida, isso, segundo Nietzsche, é próprio do asno que zurra dizendo sempre sim. André disse sim à vida dizendo não à situação. André é o homem assumindo-se indivíduo, enfrentando a repressão natural do sistema. A atitude de André é semelhante a atitude de Zaratustra, que depois de gozar por dez anos do espírito da solidão na montanha, falando ao sol; diz que, assim como a abelha satura-se do mel juntado em demasia, aborreceu-se de sua sabedoria e, precisa de mãos que para ele se estendam. Resolve assim descer da montanha para ensinar aos homens o além-do-homem. André ousa colocar o carro na frente dos bois, não lhe resta outra alternativa se pretende sobreviver enquanto homem, indivíduo. O inicío da auto-superação é ter coragem de afundar os pés na terra entre as folhas caídas e dela fazer parte e se apossar. A POESIA ONÍRICA E A SEDUÇÃO POÉTICA DE BACHELARD E VINÍCIUS DE MORAES

Antonio Crul; Prof. Sigrid Renaux Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Este trabalho tem o objetivo de analisar poemas de Vinícius de Moraes à luz da teoria dos quatro elementos formulada pelo filósofo francês Gaston Bachelard. Segundo a teoria de Bachelard todas as imagens poéticas estão ligadas a uma matéria, isto é, a um elemento primordial. Bachelard pretende romper com a linearidade do caminho do sonho noturno, visando a um sonho desperto que tenha consciência de seu trajeto multidirecional e que seja fonte de concentração do sonhador e emanador de novos devaneios. Bachelard tenta resgatar a importância fundamental de situar o homem no mundo a partir de sua dimensão imaginária, concentrada nas potencialidades de seu devaneio acordado. O sonho desperto liga o homem a si mesmo e o prepara para experiências imaginárias salutares e autônomas com relação à realidade cotidiana. O sonho desperto prepara o poeta-sonhador para predispor-se aos instantes de espanto imaginário, que contrariam a lógica anti-onírica da vida cotidiana. O sonho desperto prepara o homem para um viver saudável consigo mesmo e com seu mundo, tornando concretas as experiências de liberdade, felicidade e bem estar. As imagens utilizadas nos poemas de Vinícius são instigantes, uma vez que revelam o universo poético trabalhado pelo poeta e, engrandecem a poesia tornando-a fascinante e bastante simbólica; o que possibilita, a quem lê, a construção de um significado poético pessoal. A poesia de Vinícius uiva para a lua, seus poemas brincam de roda em torno do amor infinito. Vinícius exaltou as mulheres e a vida, estes "conteúdos" rechearam seus poemas e, mais importante, não foram conteúdos tirados de livros e sim da própria vida. Diferente de poetas que copiam, ele foi um poeta que realmente se utilizou das forças criadoras da imaginação. Em seu livro O Ar e os Sonhos Bachelard diz que "o poema é essencialmente uma aspiração a imagens novas. Corresponde à necessidade essencial de novidade que caracteriza o psiquismo humano". Bachelard reconhece que a imaginação não se isola num único elemento, pois ela "empresta" imagens de outros, e que encontramos a presença de vários elementos em um único poema. Bachelard consegue nos colocar em contato com nosso próprio ser. Desperta nossa atenção diante de nós mesmos, dos outros homens e do mundo. Que o eco da filosofia de Bachelard e a sensualidade e alegria de viver de Vinícius nos dêem alento para elegermos a profundidade das imagens oníricas como método para conhecer. REGRAS DO PAI EM LAVOURA ARCAICA

Brunno Phelipe Retzlaff; Prof. Verônica Daniel Kobs Letras – Uniandrade

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“[...] nesta mesa antiga: existiu primeiro uma terra propícia, existiu depois uma árvore secular feita de anos sossegados, e existiu finalmente uma prancha nodosa e dura trabalhada pelas mãos de um artesão dia após dia [...].” (NASSAR, 1989, p. 54). A fazenda, a união da família, as rédeas do Pai, templo, cultivo dos princípios exigidos e ensinados, seguir as ordens, vontades, os desejos ou ensinamentos do Pai trariam equilíbrio, obediência, um modo de vida. Por outro lado, se não para a fazenda, estamos sempre indo para casa, e isso poderia ser visto nos olhos de André desde sempre. Os olhos são espelhos da alma, pois iluminam o corpo: sendo bons, é porque o corpo tem luz; e se os olhos não são limpos é porque revelam impureza. Olhos repulsivos. O tempo, e sua utilidade, seu proveito, o amadurecimento que traz a paciência: “Meu Pai sempre dizia que o sofrimento melhora o homem, desenvolvendo seu espírito e aprimorando sua sensibilidade [...].” (NASSAR, 1989, p. 173). A maior virtude que o homem pode desenvolver, e uma suprema forma de paciência, é o amor na família. A verdade, principio básico, tanto quanto a paciência, é também ensinada,

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pois: ‘‘[...] é preciso começar da verdade e terminar do mesmo modo.” (NASSAR, 1989, p. 43). Foram essas regras, essas pedras, esses sermões que os limitavam à doutrina do Pai, que, sem saber com certeza o que dizia e o que cada um poderia compreender, leva à interpretação particular, de André, dos princípios ensinados, para que seu caminho ou destino se cumpra. “[...] já estava decidida a minha sina [...]” (NASSAR, 1989, p. 119). Cegado por tanta luz, André funda sua própria igreja, sentindo-se profeta de sua história, surgindo a necessidade de ter Ana, vital para seu desenvolvimento e inclusão no meio familiar, pois a sensação de ser um fruto diferente, de restar à margem e de não participar das temerosidades da lavoura alheia o dominam. Com seu retorno, André é recolocado no seio da família, aceitando a lavoura arcaica, aparentemente, mas sua estruturação traz a desestruturação total da família, fazendo com que todos os sermões sejam quebrados, pois, de acordo com os ensinamentos do Pai, ‘‘[...] há mais força no perdão do que na ofensa e mais força no reparo do que no erro [...].” (NASSAR, 1989, p. 24) BOLERO, PASADOBLE E TANGO? AULA DE DANÇA? NÃO! AULA DE LÍNGUA ESPANHOLA

Bruno Dezinho; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Letras – Uniandrade [email protected]

Uma abordagem interessante para se trabalhar Língua estrangeira Moderna é sob uma perspectiva cultural. A arte de uma maneira geral apresenta várias vertentes para tornar funcional essa abordagem, e uma que convém destacar é por meio da música. Como a música possui o mecanismo de ser algo fácil de se memorizar, devido à sonoridade, ao ritmo, ao gosto de quem a escuta, ela se converte em um poderoso material no que diz respeito ao ensino de Língua estrangeira. Primeiramente ela é eficaz no que diz respeito à pronúncia. O aluno, ao ouvir uma música em uma língua que não a dele entra em contato com uma fonética distinta, e passa, ao decorrer do tempo, identificando esses sons, e na medida em que canta as canções, tenta reproduzir os sons da língua em questão. Mas a eficácia não se esgota aí. Ao entrar em contato com as canções, o aluno entra também em contato com a sintaxe da língua, percebe como as palavras são organizadas na frase, como estão dispostas, se as palavras assemelham-se à ordem sintática da sua língua materna, ou seja, ele passa a perceber o funcionamento da língua em questão. Passa a adquirir vocabulário na medida em que busca traduzir as canções trabalhadas. Por isso é de extrema importância que as músicas trabalhadas com os alunos sejam do gosto deles. É muito mais fácil memorizar uma canção que agrada aos ouvidos, que nos diz algo, do que uma canção de que não gostamos, que não nos comunica, nada. Por isso o material tem que ser pensado para seu público. Se o público é jovem, as músicas devem ter um caráter mais jovem, de fácil aceitação. Se o público é, por exemplo, a terceira idade, deve-se pensar ritmos que resgatem o interesse desse público pela música. Desenvolver atividades sob uma perspectiva cultural visa uma aprendizagem prazerosa. Só assim ela será eficaz. Pensando nessa perspectiva, o Projeto Licenciar, da Universidade Federal do Paraná, direcionou a abordagem dessa perspectiva cultural para um público específico: a terceira idade. A intenção é tornar o ensino de Língua Estrangeira algo interessante, mas mais que isso, algo que funcione dentro da realidade do público em questão. E no que diz respeito à música, o ritmo pensado foi o bolero, por ser um ritmo que comunica a esse público. Trata-se de um ritmo funcional para o objetivo que se quer alcançar. Apresenta-se, dessa maneira, uma realidade que condiz com a realidade desse público, o que tornará as aulas mais interessantes, e facilitará a aprendizagem. Eles estarão em contato com cantores que conhecem, com canções que conhecem. Dessa maneira, não apenas o conteúdo gramatical estará sendo ministrado nas aulas, mas um conteúdo cultural. Poderá se falar da história do bolero, do pasodoble, e do tango, onde surgiu, quais os principais compositores, os principais intérpretes, etc. Assim, direcionando o material de acordo com o público, e usando de arte para ensinar língua estrangeira, torna-se muito mais eficaz o aprendizado. “DAVID SWAN” DE HAWTHORNE: DESTINO VERSUS LIVRE ARBÍTRIO

Camila Ceschin Melfi Meneghini; Prof. Cristiane Busato Smith Letras – Uniandrade

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Este trabalho tem como objetivo a análise do conto “David Swan” de Nathaniel Hawthorne escrito na primeira metade do século XIX. O período em que a obra foi produzida, chamado de “American Renaissance”, durou aproximadamente quarenta anos e foi resultado de profundas mudanças no país provocadas pelas crises política e moral e por mudanças sociais e tecnológicas que impactaram a vida literária americana, possibilitando aos autores buscar, por meio de sua produção, uma nova maneira de representação

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da vida para o “novo país”. Nathaniel Hawthorne destacou-se nesse período por meio de suas expressivas obras, sendo possível evidenciar na análise do conto “David Swan” duas noções que caracterizariam o ethos americano: o conceito do self made man e o American dream.O conto em questão relata a história de um jovem que parte de sua terra natal para Boston, para assumir um cargo nos negócios de seu tio. Cansado de caminhar e esperando a mala-posta, adormece sob um grupo de árvores. Sucedem-se na narrativa três momentos que fazem com que concepções como sorte, destino e livre arbítrio sejam postos em xeque. Por David Swan passam despercebidos enquanto ele dorme a riqueza, o casamento e o amor, a morte, representados por personagens que cruzam seu caminho, mas que acabam não interferindo em seu sono. A narrativa afirma e explora a questão da percepção parcial do homem sobre os fatos de sua própria vida e destino. David Swan, que desperta e segue com o caminho que havia planejado, evidencia a postura de alguém que conta com seu próprio esforço na busca pela prosperidade, clara alusão ao conceito do self made man. Nesta leitura, pode-se traçar paralelos com a corrente filosófica existencialista, ainda que esta tenha surgido um século mais tarde, tendo como referência pensamentos de Heidegger e Sartre , que valorizam a realidade em detrimento do sonho e a ação do indivíduo sobre sua própria vida. Segundo Sartre:“O homem é responsável por aquilo que é”. Essa visão existencialista possibilita ao leitor creditar universalidade ao tema abordado por Nathaniel Hawthorne, uma vez que a relação destino versus livre arbítrio é uma constante em nossas vidas. ARNALDO ANTUNES: UM RETRATO SEMIÓTICO DO CONTEMPORÂNEO

Camila Ceschin Melfi Meneghini; Prof. Verônica Daniel Kobs Letras – Uniandrade

[email protected] Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a visualidade na poesia contemporânea, utilizando como referencial a obra de Arnaldo Antunes. Escritor, artista plástico, músico, artista gráfico, ensaísta e produtor, a variedade de suas produções evidencia a exploração de diferentes códigos na linguagem, ao mesmo tempo em que revela novas possibilidades no cenário poético do contemporâneo. Esse estado pluralista, no qual o próprio Arnaldo afirma que “a novidade pode despontar para muitos lados”, revela a hibridização de gêneros e códigos, fazendo com que artes como música, literatura e cinema dialoguem com facilidade. Uma temática recorrente nas obras de Arnaldo Antunes é o questionamento das normas da língua e da nomenclatura das coisas, problematizando a relação entre o nome e o que ele representa. Esse assunto foi abordado e associado aos estudos de Saussure, pois a arbitrariedade do signo é um dos princípios gerais da Lingüística Saussuriana, tendo como referência a obra “Curso de Lingüística Geral”. Ao mesmo tempo em que questiona os códigos lingüísticos, o poeta propõe uma reflexão sobre os códigos culturais e a própria identidade do homem, podendo-se estabelecer relações de sua produção com os estudos de Stuart Hall. Na obra “A identidade cultural na pós-modernidade”, Stuart Hall afirma que a identidade do homem moderno é híbrida, fusão de diferentes tradições culturais e resultado, entre outros fatores, da globalização. Dessa forma, as culturas nacionais constituem um discurso que representa a diferença como unidade ou identidade. As principais características da obra de Arnaldo Antunes são visualidade, não linearidade e simultaneidade de idéias. Um exemplo é o vídeo livro “Nome”, de fácil comparação com produções cinematográficas como, por exemplo, o filme “Matrix”, em que cada seqüência surpreende o espectador, ao mesmo tempo em que rompe com sua expectativa, apresentando o movimento constante de imagens e sons propositalmente desarticulados, mas que, unificados, revelam seu sentido no conjunto geral da produção. A obra de Arnaldo Antunes dialoga também com as artes, seja com o cubismo apresentado por Picasso ou o abstracionismo de Kandinsky. Poemas que valorizam o visual e remetem ao sensório são uma constante em seu trabalho, enfatizando, além da linguagem escrita, caligrafias, fotos e imagens manipuladas por computador, que causam um efeito ótico no leitor, uma vez que exploram a linguagem visual ao máximo. A obra também reflete sua mobilidade, representando o “work-in-progress” e revelando as traduções intersemióticas de sua produção. QUAL É O ESPAÇO DA LITERATURA NO ENSINO DE UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA?

Cassio Dandoro Castilho Ferreira; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez

Letras – Uniandrade [email protected]

Estamos imersos em um período de mudanças, escutamos diariamente palavras como globalização, internacionalização, espaço multimídia, inclusão e nos damos conta que não somente as formas exteriores da vida e a convivência social se modificam, mas também mudamos os nossos valores, abrimos um novo

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horizonte do conhecimento, as condutas, os critérios de ação, as perspectivas, etc. Os cânones da nossa própria cultura estão sendo renovados. E em meio dessa modificação qual é o espaço que a literatura ocupa no ensino de uma língua estrangeira? Nessa comunicação temos por objetivo problematizar a abordagem literária dentro da sala de aula de língua estrangeira, onde muitas vezes é trabalhada de maneira superficial, ou esquecida. A literatura, em função de sua própria natureza, não deve ser relegada a um plano secundário no ensino de uma língua, já que, entre outras coisas, tem o mérito de apreender a realidade de uma determinada sociedade humana, de universalizar o que é local, de combater os estereótipos, de aguçar a curiosidade e o espírito crítico do aluno. Através da literatura, o aluno/leitor tem a possibilidade de mergulhar de corpo e alma na cultura estrangeira. Compreender nuances que, por si só, sem a mediação do texto literário, provavelmente não perceberia, além do enriquecimento lexical. A leitura sistemática de textos literários antecipa aquisições de linguagem e representa um passo importante para a autonomia do aluno como futuro usuário da língua meta. O aluno/leitor encontra resposta para questões cujas origens ignoravam, fazendo-o reflexionar e impedindo que ele saia por aí reproduzindo, irrefletidamente, lugares-comuns. Infelizmente, muitos professores, quando estão trabalhando determinados materiais didáticos, que trazem textos literários, ou fragmentos de obras da literatura da língua alvo, não fazem um proveito maior sobre este material, apenas o entendem como um texto. Mucho más allá de la lengua: la cultura. Esses professores precisam entender, e aprender a trabalhar com esse texto de outra maneira, que não apenas como um conjunto de regras gramaticais e léxico. Precisam aprender que a literatura transmite a cultura de um povo. Quando falamos em ensinar uma língua, como a língua espanhola, que é língua materna de vinte países, precisamos entender que a diversidade cultural é uma das maiores riquezas desta língua, que é a segunda língua mais ensinada no mundo. MANDARIM PARA BRASILEIROS, LÍNGUA E CULTURA

Chang Yuan Chiang; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Celin – UFPR

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Sou nascido em Taiwan, sou professor de Espanhol e de Português, com Especialização em Português como Língua Estrangeira. Quando estava fazendo a Graduação de Letras Português/Espanhol, me convidaram para lecionar Cultura e Língua Chinesa no CELIN – Centro de Línguas e Interculturalidade da UFPR-Universidade Federal do Paraná. Fiz uma pesquisa de mercado, vi que existia uma bibliografia muito reduzida, e não era adequada para o ensino de mandarim para brasileiros, então tive que preparar o material das minhas aulas, preparava ao princípio aula por aula, até mesmo porque eu não sabia quanto um aluno poderia aprender em cada aula. O material era feito em Word, com acentuação manual, sem desenhos, figuras, os alunos precisavam copiar muitas informações do quadro, folhas soltas entregues semanalmente, e claro, não era muito estimulante, mas ao mesmo tempo, sentia que os alunos queriam aprender. Tivemos uma mudança de Coordenação, e a coordenadora do curso, fez uma reunião comigo e com o outro professor, e nos disse que o material não era adequado para o ensino de uma língua e de uma cultura tão distante da dos nossos alunos. Naquele momento, pudemos perceber que teríamos que aperfeiçoar os materiais, então começamos a trabalhar com um desenhista, e com uma corretora de textos para a parte da explicação de gramática que vem em língua portuguesa, passamos a entregar o material em forma de apostila no começo do semestre, uma apostila colorida, com desenhos relacionados aos temas trabalhados, com exercícios, mais o caderno de atividades com exercícios de fixação e exercícios de reforço. Desde 2002, estamos produzindo e testando o material no CELIN, e pretendemos em breve publicar esse material, no começo havia somente um professor de chinês, hoje em dia somos cinco professores, com aulas de diferentes níveis e com diferentes horários, sem tempo ocioso e com lista de espera de alunos que querem aprender mandarim. Por uma necessidade de crescimento, neste ano, três professores estão fazendo o Curso de Formação de Mandarim no CELIN, para se poderem ser incorporados no quadro de professores no próximo ano. Nesta comunicação pretendo contar como estamos fazendo a produção do material didático e a sua respectiva testagem. TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA: O BEIJO NO ASFALTO EM QUADRINHOS

Charlott Eloize Leviski; Juliana Passos; Prof. Célia Arns Mestrado em Estudos Literários – UFPR

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Neste ensaio, pretendemos analisar a tradução intersemiótica entre as diferentes linguagens, a saber a história em quadrinhos, o cinema e a peça teatral. Nosso enfoque de análise será a adaptação da peça O beijo no

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Asfalto, de Nelson Rodrigues, lançada este ano em história de quadrinhos. A princípio examinaremos a questão da especificidade da linguagem dos HQs, particularidades como as onomatopéias, os balões de fala, arte gráfica, a divisão em requadros. Nos quadrinhos existe uma sucessão em que o sentido de uma imagem só se estabelece por meio da que a precede. A ação contínua estabelece a ligação entre as diferentes figuras, e essa disposição temporal e espacial das imagens é que organiza seu significado. Tal aspecto concernente à seriação das imagens em quadrinhos também será foco de estudo, sendo que tal técnica se aproxima da projeção cinematográfica, bem como das cenas da peça de teatro. Objetivamos com isso, estabelecer contrastes e paralelos entre as diferentes linguagens da peça teatral, do cinema e da história em quadrinhos. A partir da investigação de tais linguagens pretendemos verificar até que determinado ponto o estilo da linguagem da peça O beijo no Asfalto é mantida e modificada no processo de adaptação. Por se tratar de um gênero ainda em seus primórdios de pesquisa e desenvolvimento, encontramos pouco instrumental teórico sobre HQs e menos ainda em português. Com respeito às teorias sobre a linguagem dos quadrinhos, faremos uso das considerações teóricas dos críticos Will Eisner, Scott McCloud e Moacy Cirne. Já no condizente a linguagem do cinema nosso embasamento será nos teóricos Sergei Eisenstein, Robert Stam e Julio Plaza. Outro aspecto, objeto de nossa análise, será o quadrinho do ponto de vista ideológico, como Meio de Comunicação em massa. Por se tratar da adaptação de uma obra literária, ensejamos analisar o aspecto da recepção de O Beijo no Asfalto para o formato de HQ, em contraste com a forma de circulação mais usual da história em quadrinhos. Para tal abordagem, procuraremos embasamento nos escritos teóricos de Umberto Eco, Marshal McLuhan e Ariel Dorffman. METACOGNIÇÃO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZADO

Clarita Gonçalves de Camargo; Prof. Josiane Lagura Siqueira Letras – Uniandrade

[email protected] De acordo com o cronograma apresentado no projeto de pesquisa, nos meses de abril, maio e junho fizemos um levantamento com base teórica que envolve esta pesquisa. A professora Josiane Lagura Siqueira me ajudou a levantar as questões relacionadas ao conceito geral de metacognição conceituado por Flavell, os atributos da metacognição, a prática da metacognição ligada à educação, os conceitos de metaconhecimento das pessoas, das tarefas e das verdades universais dos grupos sociais, assim como da metamemória e das estratégias de memória que podem ser utilizadas no ensino principalmente de língua inglesa. Sendo assim, como base nestas informações, fizemos a base teórica e demos início a redação do relatório final, que também servirá para a apresentação do seminário das pesquisas em tópicos formulados no power point. No final de junho e início de julho elaboramos e pilotamos os instrumentos de pesquisa para o levantamento de dados sobre a atual prática e conhecimento sobre metacognição no ensino médio. Isto também incluem dois questionários que foram aplicados a professores e alunos do ensino médio,os quais foram analisados e eu fui a orientanda com o intuito de fazer alguns acertos e adaptações se fossem necessárias. Como concluímos que os questionários foram adequadamente entendidos e respondidos sem grande dificuldade por parte dos alunos e professores, e que através deles pudemos levantar amostras de alguns dados importantes para nossas futuras conclusões, optamos por não modificar o conteúdo geral dos questionários, contudo modificamos alguns aspectos da formatação para que ficassem mais claros e organizados. Esses questionários reformatados e já testados serão aplicados a cerca de 100 alunos e 20 professores no início de agosto, como consta do cronograma desta pesquisa. É a partir destes resultados, os quais pretendemos demonstrar através de gráficos, que serão apresentados os resultados finais de nossa pesquisa, e conseqüentemente serão sugeridas ações gerais e específicas para que se possa melhorar o ensino de língua inglesa no ensino médio através da prática da metacognição. Temos certeza que todo trabalho desenvolvido poderá contribuir com o processo de aprendizado em qualquer área, sendo assim explicaremos como aplicar passos fundamentais para a prática metacognitiva. Para finalização da apresentação entregaremos folders com dicas importantes sobre a prática metacognitiva.

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O NARRADOR PÓS-MODERNO DE O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO, DE BERNARDO CARVALHO

Cláudia Cecília Corrêa Pedroso; Prof. Brunilda T. Reichmann Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] “Analisar discursos é ocultar e revelar contradições; é mostrar o jogo que elas estabelecem dentro do discurso, é manifestar a forma como esse discurso consegue expressá-las, incorporá-las ou proporcionar a elas uma aparência temporária.” (Michel Foucault) O objetivo desta análise é penetrar no “jogo” proposto pelo Narrador-sem-nome do romance O sol se põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho, que constrói, dobra-a-dobra, uma narrativa-origami, e transporta-nos, sutil e pacientemente ao Japão, tão familiar e ao mesmo tempo tão distante de nossas experiências ocidentais. Para tanto, o estudo da Metaficção, feito por Linda Hutcheon em O que é Metaficção? Narrativa Narcisista: O Paradoxo Metaficcional (resumido e traduzido por Brunilda Reichmann), fornece-nos excelente material teórico para embasar a análise da narrativa sob uma ótica pós-moderna e atual, já que deixa claro “o papel a ser desempenhado pelo leitor que, convidado a adentrar tanto o espaço literário quanto o espaço evocado no romance, participa assim de sua produção.” No romance de Carvalho, os narratários são convidados a preencher as “lacunas” em franco diálogo com o narrador, seguindo suas pistas, encontrando-se e perdendo-se nelas, caracterizando uma atitude co-participativa do leitor. O papel do leitor de metaficção é paradoxal: é forçado a reconhecer o artifício da arte no que está lendo e ainda é instigado a participar como co-criador na construção da narrativa. A co-participação assemelha-se ao desenvolvimento de sua experiência existencial, não rompendo com a tradição mimética, mas sendo um desenvolvimento da mesma. Isso quer dizer que enquanto lemos metaficção, vivemos em um mundo reconhecidamente ficcional, no entanto, os textos exigem nossa participação ativa, intelectual, imaginária e efetiva para sua re-criação. Em O sol se põe em São Paulo, a provocação à co-paticipação é feita pela figura do narrador, que nos convida (implicitamente) a entrar no universo ficcional, envolvendo-nos e partilhando conosco a construção da narrativa. É este narrador que nos levará, através das dobras-narrativas - aqui denominadas narrativas-origami -, para o universo paralelo entre os mundos “real” e “ficcional”. Pertencemos ao narrador e dele dependemos para a construção – ou não – de sentidos do texto. Neste romance, há elementos de Narcismo implícito, que pressupõe um leitor que sabe seus direitos e deveres e assim responderá de maneira apropriada. As dobras-narrativas ou narrativas-origami encontradas nos desdobramentos em O sol se põe em São Paulo, caracterizam a perspectiva de abismo a que Hutcheon se refere como sendo um dos artifícios usados na metaficção. APROPRIAÇÃO DE CONCEITOS FILOSÓFICOS EM TÃO SÓ O FIM DO MUNDO DE JEAN-LUC LAGARCE

Corina Lopes Pereira; Prof. Anna Camati Letras – Uniandrade

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Em Berlim, em 1990, sabendo que sofria de AIDS, Jean-Luc Lagarce escreveu Tão só o fim do mundo. Ele utiliza a escrita delicada, sofrida e dolorosa, para falar dos conflitos permanentes da família e da dor do não-dito: é a história de um homem que descobre que está condenado pela doença e que retoma, na memória, todas as fases da sua vida, enquanto se dá conta da morte anunciada. Para construir seu texto dramático, que expressa o conflito existencial da personagem, Lagarce se apropria de conceitos filosóficos teorizados por diversos pensadores e dramaturgos, entre eles Henri Bergson, Anton Tchekhov, Harold Pinter, Luigi Pirandello e Samuel Beckett. De Bergson retoma a idéia da confluência entre a realidade exterior, o “fluxo duracional”, e a realidade interior, o “fluxo da consciência”, cujos mecanismos são discutidos por Beckett, em seu ensaio intitulado Proust, no qual destaca dois tipos de atividade da mente: memória involuntária, processada espontaneamente a partir de um estímulo sensorial; e memória voluntária, processada pelo intelecto, manipulada pela mente suprimindo detalhes que incomodam, distorcendo fatos, criando ficções levando o homem a confrontar-se consigo mesmo, discutindo o vazio, a miséria, os aspectos mais angustiantes inerentes à condição humana. De Tchekhov incorpora a estratégia da fala como ação; o drama de Lagarce é baseado na troca conversacional em que a situação é insignificante, mas em que as implicações traduzidas pela fala são fortes, pois permitem entrever conflitos, rancores, ódios e paixões. As personagens do escritor francês são semelhantes às de Pinter, que se valem da linguagem não para revelar o “eu”, mas como um artifício para ocultá-lo, o que vai de encontro com a teoria das máscaras de Pirandello. Estes diversos papéis fazem o homem estar em um constante conflito consigo mesmo, pois seus diversos “eus” estão sempre se cruzando. Tanto a realidade exterior quanto a interior do protagonista se transforma a cada momento que passa; seus

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estados de consciência sofrem mudanças sucessivas. A reflexão sobre seu passado não só transforma o presente, mas o presente também tende a modificar suas idéias pré-concebidas sobre o passado. Sua mente faz esse movimento entre presente e passado para atingir uma compreensão; cria e recria a ordem das coisas que interiorizou. Tão só o fim do mundo é uma reflexão filosófica sobre a morte que chega o silêncio e o remorso. Uma obra moderna, aberta, com diversas interpretações, que sugere mais do que diz. RELAÇÕES INTERTEXTUAIS ENTRE O CONTO “A FORÇA DE DEUS” DE SHERWOOD ANDERSON E A HISTÓRIA BÍBLICA DE SANSÃO

Deise Pereira da Silva; Prof. Sigrid Renaux Letras – Uniandrade

[email protected] Os contos do escritor norte-americano Sherwood Anderson (1876-1941) destacam-se pela experimentação formal e psicológica, rompendo assim barreiras literárias a respeito do que deveria ser uma “short-story” através de seu estilo, técnicas e sensibilidade para com os aspectos inexprimíveis da personalidade das pessoas. Por esta razão, foi considerado o pai de uma nova geração de romancistas, como Hemingway, Wolfe e Faulkner. Seu conto “A força de Deus” narra um episódio da vida do reverendo presbiteriano Curtis Hartman, na cidade de Winesburg, Ohio. Era casado e bem aceito pelos fiéis de sua igreja, rogando sempre a Deus por força e coragem para realizar o seu ministério de maneira fervorosa. Entretanto, durante essa busca, o líder religioso se depara com uma luta interior, pois se vê atraído por outra mulher que mal conhece. Tentado pelo desejo que nutria pela professora Kate Swift, independente e moderna, que acabara de chegar de New York para morar com sua tia próximo da igreja, o reverendo tem sua alma totalmente conturbada.Tamanho era o desejo que o religioso nutria pela moça que ele passa horas questionando a Deus o motivo pelo o qual estava passando por essa aflição. Tomado pela ânsia em satisfazer os desejos, quase morre congelado em seu gabinete, de onde a observava e meditava. No entanto, acaba por perceber, ao final do conto, que toda sua aflição é permitida por Deus com o objetivo de que ele vencesse suas próprias fraquezas. Partindo do título, “A força de Deus”, que nos remete à força divina recebida por Sansão, nossa proposta de leitura visa estabelecer relações intertextuais entre este conto e a história de Sansão, a fim de demonstrar como a tentação e a luta do reverendo recontextualizam um episódio da vida do herói bíblico nazireu, que veio ao mundo com o objetivo de livrar o seu povo do engano e também de servir a Deus com dedicação. Estas relações intertextuais, por sua vez, que serão detalhadas e complementadas através da análise das imagens que impregnam ambas as narrativas, irão nos levar a uma compreensão mais profunda da trajetória e dos conflitos entre alma e carne vividos por homens e heróis de épocas tão diferentes. SIGNIFICAÇÕES VISUAIS NA POESIA DRUMMONDIANA

Elizangela Francisca da Luz de Andrade; Prof. Verônica Daniel Kobs Letras – Uniandrade

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Alguns poemas de Carlos Drummond de Andrade destacam-se por apresentar a descontinuidade do texto, com espaços em branco, característica que os aproxima dos poemas visuais. O autor não se limita a um só tema. Compõe sua obra de maneira variada. Considerando-se essa percepção de tendência contemporânea, para analisar as inovações de Drummond, foram tomados como base alguns dos principais nomes da poesia concreta: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, o precursor Mallarmé e estudiosos do assunto, como Paulo Antônio Pereira, Lucia Santaella, Silviano Santiago, Philadelpho Menezes, entre outros. Essas teorias serviram para demarcar as novidades de uma estética, a partir de um texto capaz de se comunicar, de forma livre, com um receptor com atenção sensível, para ser compreendido como conjunto integrado de informações. A técnica da arte visual na poesia exige focalizar que a linguagem não só se “lê”, mas também se “vê”. Aos poemas de Drummond será relacionado o filme Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, que tem um campo visual bastante significativo e não limitado, sem fronteiras para o “espaço de atenção”, deixando o telespectador ativo. Essas imagens são parecidas com paisagens que dimensionam espaço-tempo, decifrando as cenas como significados do mundo e cada enquadramento ou ângulo de câmera pode servir como um quadro na parede. Desse modo, as cenas desse filme podem ser comparadas aos poemas de Drummond, sobretudo àqueles sobre sua cidade natal, Itabira, os quais acabam suscitando códigos imagéticos, uma orientação para o espaço descrito e um apuro visual muito detalhista. É como se Drummond não deixasse escapar nenhum detalhe. Segundo o estudioso Villem Flusser, as imagens são superficiais e a “imaginação é a capacidade de fazer e decifrar imagens” que pretendem representar algo. Assim, as “cenas” de Itabira e as “imagens” do filme Lavoura Arcaica têm a finalidade de provocar um modo

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de olhar, comunicar e apresentar as sutilezas de uma linguagem inovada, produzindo no leitor uma contemplação participativa. Ampliando a relação interartes, foram analisados também poemas de Drummond que envolvem a pintura de Portinari, para inferir o que o eu-lírico pressupõe do objeto (quadro), comparando-se dois modos de expressão: um verbal e outro não-verbal. Por fim, foram estudados outros escritores, como Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira, para relacionar alguns de seus poemas com forte aspecto visual aos poemas de Carlos Drummond de Andrade que seguem a mesma tendência. O DOM DA PROFECIA: DIÁLOGO ENTRE AS CONCEPÇÕES POÉTICAS DE NERUDA E VICO

Gisele Aparecida França; Prof. Sigrid Renaux Letras – Secal

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Com base nos conceitos enunciados pelo grego Aristóteles em sua obra "Poética", pretende-se, com este trabalho, apresentar uma análise dialógica que estabelece relações de similaridade e de contraste entre o poema “Arte Poética”, escrito em 1933, do escritor chileno Pablo Neruda, e as teorias de concepção poética presentes em "Princípios de (uma) ciência nova" – especificamente no capítulo “Da lógica poética” –, do filósofo italiano Giambattista Vico (1720-21). Como é de notório saber, Vico, através do seu estudo das “coisas humanas” e de suas obras filosóficas, conciliou o racionalismo e o empirismo, oferecendo a fundamentação necessária para o avanço das ciências sociais. O poema ora em estudo, pertencente ao livro "Residencia en la tierra", irá constituir-se em uma primeira tentativa por parte de Neruda de organizar/ definir seu fazer poético. Está inserido na segunda fase artística do poeta, considerada sua fase madura, conhecida como residenciária, na qual ele apresenta um estilo sombrio, amargo, melancólico, destrutivo, em que impera o caos e a feiúra, o vocabulário utilizado é influenciado pelas vanguardas e a temática apresentada está voltada para os contrastes e para as “coisas irrelevantes do homem”, que formam um microcosmos onde percebe-se que o peso de tudo “desaba” sobre o eu lírico. Estas “coisas” são listadas e nomeadas pelo poeta, situação que Vico relaciona ao termo Onomathesía, pois retoma a imposição dos nomes às coisas que foi feita por Adão na criação do mundo. Este metapoema anuncia, através de uma arte descritiva, uma nova sensibilidade, ao apresentar o ser poeta como um “profeta”, responsável pela organização do caos surrealista, e as “coisas”, após a interferência deste poeta/ profeta, acabam por adquirir um grau entitativo. Aliado a uma inigualável intensidade poética, o texto de Neruda, que representa a gestação e nascimento do poeta, irá recuperar, assim, entre outras, as idéias de Vico que estabelecem a relação entre a lógica e o caos, a coisa e o nome, a figura do poeta e a do teólogo, tornando-se simultaneamente definição e modelo, resgate e reconceptualização. Irá confirmar, portanto, mais uma vez, como as artes poéticas continuam dialogando através dos séculos, em suas tentativas de interpretar e sistematizar a poesia, não só como arte, mas como dom. “LA MALA EDUCACIÓN” DE ALMODÓVAR, E O ESTILO NOIR

Gisele Pacola; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Letras – Uniandrade

[email protected] “La mala educación” es la historia de un triángulo triplicado (los dos alumnos y el director del colegio), historias múltiples que como muñecas rusas se esconden unas dentro de otras y que en realidad son uma sola”.(Pedro Almodóvar) Nesta comunicação, vamos analisar o filme “La Mala Educación” de Pedro Almodóvar, e a inserção da obra no estilo noir de cinema. Cursando a disciplina Estudos Hispânicos na UFPR-Universidade Federal do Paraná, tivemos a oportunidade de conhecer uma parte da filmografia deste tão afamado diretor espanhol, Pedro Almodóvar, assim como, a sua vida, e o contexto histórico, econômico e social em que Almodóvar nasceu, cresceu e vive. Essa disciplina começou com a exibição do filme Los olvidados de Luis Buñuel (1950), para que pudéssemos assistir a um filme de um dos diretores que o próprio Almodóvar reconhece que sofreu influências assim como também vimos o filme La nina santa da diretora argentina Lucrecia Martel, filme esse de 2004, diretora que reconhece publicamente que sofre influências almodovarianas. Dentro dessa disciplina também vimos os seguintes filmes do diretor espanhol mais amado e odiado da Espanha: Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón (1980), Entre tinieblas (1983), Matador (1986), ¡Átame! (1990), Hable com ella (2001), La mala educación (2004), e por último, Volver (2006). Ofilme, que abriu o 57° Festival de Cannes em 12 de maio de 2004, trata da história de dois meninos que crescem numa escola religiosa de Madri – onde sofrem com o assédio sexual dos padres -, durante a repressora ditadura espanhola da década de 60. 20 anos depois, os meninos Enrique e Ignácio se reencontram, e juntos pretendem filmar o relato de suas memórias. Apesar de Almodóvar admitir que o filme

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é baseado em lembranças de sua infância, diz que a obra não é autobiográfica. A trama, que envolve travestis, religião e abuso sexual, é estrelada pelo ator mexicano Gael García Bernal. A metalingüística é constante: o filme de Almodóvar, o relato de Ignácio e o filme de Enrique, todos versões diferentes de um mesmo tema – igreja e sexo – na mesma obra, revelando em “La Mala Educación” a densidade e o tom conflituoso característico do estilo noir. HAWTHORNE E A NATUREZA HUMANA: “A EXPERIÊNCIA DO DR. HEIDEGGER”

Julián Bargueño; Prof. Cristiane Busato Smith Letras – Uniandrade

[email protected] [email protected]

Este trabalho tem como objetivo analisar o conto “A experiência do Dr. Heiddegger”, escrito em 1837 pelo escritor norte-americano Nathaniel Hawthorne. O autor se destacou como uma das figuras principais no desenvolvimento da identidade da literatura americana do século XIX por criar uma obra com grande poder de retratamento da história colonial de sua nação. Sua obra insere-se no Romantismo, caracterizado principalmente pela natureza idealizada, liberdade individual e valorização da imaginação. Este movimento é também conhecido como “Renascimento americano” e foi marcado por uma nova visão e conceito de literatura do país, bem como grande excitação e florescer das possibilidades humanas, do ego e da personalidade do indivíduo. Os escritores deste período tiveram grande preocupação em tentar formar uma personalidade ‘genuinamente’ americana, distanciando-se dos moldes ingleses que vinham sendo seguidos até então. Isso foi de grande estímulo para que os autores produzissem obras de peso, questionando os valores e a identidade dos americanos em sua sociedade. Dono de um estilo próprio e original, Hawthorne utiliza o gênero maravilhoso, que emprega o mágico e o sobrenatural como elementos determinantes do tom da narração, em favor do “alternate history” (“ficção de realidade alternativa”), estilo no qual o mundo real existe como uma opção de nova realidade e poderia existir de fato na forma apresentada, caso algo no passado tivesse sido diferente e alterado o curso do mundo. A análise do conto será feita a partir do estudo dos personagens, levando-se em conta os traços de suas personalidades, condutas e revelação de caráter de cada um deles à medida que a trama se desenvolve. Nesta leitura, é possível acompanhar as transformações psicológicas dos envolvidos e mergulhar em um mundo próprio e particular, em que o impossível e o inimaginável se unem para criar e desenvolver o possível e o provável. Várias distorções de personalidade são então trazidas à tona, emergindo a cobiça, o desejo desenfreado, a ambição política, a virilidade, o grotesco e o sinistro. Surge, assim, o intuito de revelar a natureza humana em suas múltiplas faces, evidenciando cada uma delas à medida em que se forma um paralelo entre a ficção e uma mensagem recorrente de forte cunho moral e puritano, próprias do estilo de Hawthorne. GASTRONOMIA, CULTURA E ENSINO DE LÍNGUA

Karen Marinho da Rocha Loures; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Letras – Uniandrade

[email protected] Um povo se define pela sua cultura e a gastronomia é um dos aspectos desse conjunto de costumes; pois a gastronomia tem raízes tão profundas que as encontramos na história de cada país, afinal vemos que países que tem uma forte orientação católica, na Sexta-feira Santa se come peixe, deve-se guardar a carne nesse dia, antigamente durante a Quaresma, um católico não consumia carne em nenhuma sexta-feira durante esse período. Atualmente, vemos que a comida, entrou no cenário das manifestações artísticas, porque vemos frequentemente Festivais Gastronômicos acontecendo em conjunto com Festivais Teatrais, Musicais e outros, e também aparecendo isoladamente, porque se justifica por si só. A gastronomia é uma das disciplinas mais importantes para o homem do século XXI, porque estamos todos preocupados com o que comemos, por uma questão de saúde, mas também de estética que acaba refletindo no nosso comportamento social. Frequentemente vemos que para apreciar um bom vinho é preciso fazer um curso, para saber que vinho acompanha que comida, é necessário fazer outro curso, o que demonstra a importância da comida e da bebida na nossa vida. Chegamos a um ponto em que o cozinheiro catalão Adrià Ferrán é considerado o Dali da cozinha espanhola. Sendo o cozinheiro mais conhecido deste início de século, abrindo o restaurante El Bolli, durante seis meses ao ano, porque nos outros seis meses está com a sua equipe de cozinheiros e químicos, inventando novos pratos que serão servidos no ano seguinte. Com o objetivo de se aprofundar nesse assunto, este trabalho procura evidenciar a importância da gastronomia como um elemento cultural nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE). Ao analisarmos alguns livros didáticos constatamos que

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quando a culinária aparece como tema dentro de uma unidade, na maioria das vezes, é relacionada com o uso do imperativo ou simplesmente mencionada em algumas unidades de forma bastante superficial, ou seja, se prendendo mais a forma gramatical que ao aspecto cultural. Pretendemos mostrar que a gastronomia deve ser trabalhada nas aulas de E/LE como um elemento cultural, pois também reflete a história do seu povo, sendo de extrema importância para o aluno de língua estrangeira já que língua e cultura não se dissociam. É algo universalmente relevante para entendermos diferentes culturas e repensarmos a nossa. PROFESSOR, COMO DESENHAR AQUELAS CASINHAS? DESMISTIFICANDO A ESCRITA DO MANDARIM PARA BRASILEIROS

Liang Sheng Wei; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Celin – UFPR

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Indiscutivelmente a China se abriu para o mundo, e não somente economicamente, mas também culturalmente. Iniciou-se no novo milênio uma valorização pelo Orientalismo no Brasil. Muitos são os brasileiros que querem conhecer e desvendar os mistérios que estão por detrás das Grandes Muralhas. Alguns brasileiros viajam e passeiam por esse novo mundo, outros viajam de outra maneira, através do estudo do mandarim. Ano após ano, vemos o número de alunos do CELIN-Centro de Línguas e Interculturalidade da UFPR – Universidade Federal do Paraná, aumentando, mas ao mesmo tempo em que acontece esse maravilhamento pela cultura chinesa, também acontece o estranhamento com a escrita chinesa, que para os ocidentais, a escrita chinesa, o ideograma, é visto como um desenho, as vezes muito bonito, mas quando em aula no momento em que precisam ser reproduzidos os ideogramas, começa a dificuldade. O ideograma tem uma história, tem uma seqüência lógica para ser escrito, é composto por traços fortes e fracos e de diferentes movimentos, entendendo o significado e a origem de cada ideograma, escrevê-lo se torna natural, e é possível escrever em chinês. Fazendo pesquisa de mercado, atualmente, os livros para aprendizagem de chinês, ou melhor, de mandarim, são em número reduzido, e não são adequados para o ensino de mandarim para brasileiros, então sentimos a necessidade de preparar o material para poder dar as aulas de chinês. Porque os outros materiais vêm acompanhados de explicações em inglês, partindo do princípio que todo aluno já domina o inglês antes de aprender o mandarim. E a maior parte dos materiais vendidos no Brasil, é de estudo dirigido para aprendizagem individual e by-yourself, como se os brasileiros tivessem o hábito de estudar em casa e sozinho. Nós começamos, no CELIN, a produzir o material didático em Word, poucos desenhos, figuras, não era muito estimulante, mas era um material mais fácil para brasileiros aprenderem o mandarim. Nos demos conta que teríamos que aperfeiçoar os materiais, então começamos a trabalhar com um desenhista e uma corretora de textos, a entregar o material em forma de apostila no começo do semestre, uma apostila colorida, com recursos didáticos, e caderno de exercícios. Agora estamos fazendo também o Manual do Professor, com explicações metodológicas. O PERCURSO REFERENCIAL E SIMBÓLICO DA PERSONAGEM ANA DO CONTO “AMOR”

Lilian Maria Donatti Senefonte; Prof. Sigrid Renaux Letras – Uniandrade

[email protected] Clarice Lispector, nascida em 1920 na Ucrânia e naturalizada brasileira, é escritora de poemas, contos e romances. Seus textos revelam, segundo Alfredo Bosi, “o uso intensivo da metáfora insólita, a entrega ao fluxo de consciência, [e] a ruptura com o enredo factual” (1970: 475-476), características que marcam conseqüentemente seu estilo. Partindo desses pressupostos, esta pesquisa visa demonstrar, através da análise da trajetória percorrida por Ana, personagem principal do conto “Amor”, como o seu percurso referencial torna-se aos poucos simultaneamente um percurso simbólico, que irá influenciar sua vida interior, pois ela, ao término do conto, não é mais a mesma pessoa que encontramos no início. Como o enredo irá revelar, Ana, dona de casa zelosa e mãe cuidadosa dos filhos, encontrava nessas atividades uma maneira de se sentir útil. Entretanto, esta estabilidade acabava no final da tarde quando suas obrigações estavam todas cumpridas, pois não se dava conta de que existia à sua volta um mundo se renovando a cada minuto. Uma tarde, ao retornar das compras, fica chocada com uma cena: um cego parado no ponto do bonde, mascando chicletes. Desorientada, dirige-se ao Jardim Botânico e lá, diante das flores e árvores, começa a refletir sobre sua vida, na tentativa desesperada de se reencontrar, perdendo assim a noção do tempo. Percebe que há uma ligação profunda entre a beleza deste jardim, uma beleza visível que o cego não podia desfrutar, e ela própria, ao mesmo tempo em que percebe que estivera até agora mais “cega” que ele. Algo tinha acontecido a ela. Chegando em casa, atordoada, abraça fortemente o filho, a ponto de machucá-lo. Após o jantar com a

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família, ainda assustada, é conduzida ao quarto pelo marido para dormirem. Pela maneira sutil como foi construído o conto, não somos capazes de perceber, num primeiro momento, que a trajetória de Ana pelos espaços “corriqueiros” do bonde, do Jardim Botânico e do apartamento carregam consigo significados complexos. É apenas numa segunda leitura que iremos constatar que estes espaços referenciais possuem também uma dimensão simbólica, metafórica, que irão levar a personagem a uma experimentar uma epifania, e, conseqüentemente, a uma nova postura frente à realidade. É esta dimensão que o presente trabalho pretende explorar. NARRATIVA CÊNICA: AS RAÍZES GREGAS DE IPHIGENIA IN OREM DE NEIL LABUTE

Luciana Ribeiro Guerra; Prof. Anna Stegh Camatti Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] Segundo o crítico alemão Hans-Thies Lehmann, o teatro pós-dramático é um teatro de formações cênicas dinâmicas. Lehmann no seu estudo Postdramatic Theatre (2006) fornece um panorama das diversas formas dramáticas desenvolvidas nos dias de hoje, e argumenta que uma dessas formas se concentra ao redor do monólogo cênico ou teatro solo. Essa prática recorrente vem não só transformando textos dramáticos clássicos em monólogos, como também apresenta textos narrativos em versões monologadas. Nesses tipos de monologização do diálogo temos o desaparecimento da função intra-cênica em detrimento da dimensão extra-cênica, fornecendo ao drama uma nova qualidade: o teatro é visto como uma situação, não como uma ficção. Em sua obra intitulada Baque (1999), que consiste de três monólogos em tom confessional, o dramaturgo estadunidense Neil Labute faz uso desta estratégia, estruturando duas de suas narrativas cênicas a partir de raízes gregas. Segundo Labute, os três textos retratam “os impulsos sombrios que habitam em cada um de nós”. O primeiro monólogo da trilogia, intitulado “iphigenia in orem”, remete a Agamêmnon, que não hesita em sacrificar a sua própria filha para satisfazer seus anseios de grandeza: o autor traça um paralelo da ambição do homem comum com a hybris do herói grego. Eurípedes imortaliza o mito de Ifigênia nas obras Ifigênia em Áulis e Ifigênia em Táuride e seus textos serviram de base para quase todas as reescrituras posteriores que se ocuparam de tal mito, inclusive a de Neil Labute. Na versão do dramaturgo estadunidense, um homem de negócios, sentado em um bar, revela um segredo que manteve escondido por muito tempo, no mais recôndito de seu ser, a um interlocutor completamente estranho e não presente no palco, sendo que a platéia se torna testemunha da progressiva e terrível revelação. Neil Labute explora temas atuais, como o medo do desemprego, a competição profissional, o apego ao padrão social já adquirido, a falta de ética para conseguir os objetivos. O mundo contemporâneo retratado é um mundo cruel, oportunista, onde o dinheiro é a força motriz de toda a sociedade Com base nas teorias de Gérard Genette, Linda Hutcheon e Jean-Pierre Sarrazac, este estudo discute o projeto dramatúrgico de Labute como um procedimento recorrente da poética contemporânea. DOSTOIEVSKI: A ESTRUTURA DA NARRATIVA DE A SENHORIA

Luciana Ribeiro Guerra; Prof. Sigrid Renaux Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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De acordo com o crítico Leonid Grossman, em “Dostoievski Artista” (1967), para entendermos as origens do sistema narrativo de Dostoievski é necessário levarmos em consideração as propriedades estilísticas de sua obra. A literatura russa do século XIX busca uma caracterização realista do herói. A novela de Dostoiveski “A Senhoria” (1846), é mal recebida pela crítica de sua época por delinear um protagonista muito diferente do esperado por críticos literários como Bielinski – um sonhador, ou seja, um típico herói romântico. Dostoievski faz de Ordinov, a personagem central da novela, sua primeira tentativa de caracterização do sonhador, como um leitmotif – um tema que se repete ao longo da obra dostoievskiana. O autor atribui ao personagem principal uma dicotomia trágica. Ao mesmo tempo em que o protagonista possui características nobres, como a inteligência e o desejo de fazer o bem para a humanidade através da ciência, ele é obcecado por uma mulher comprometida, levando-o à perdição. Ordinov passa então a fazer parte de um triângulo amoroso obscuro, situado no tênue limiar entre fantasia e realidade. É em meio a esse pano de fundo romântico que Dostoievski insere elementos realistas, descrevendo o mundo de sua época e narrando os conflitos da humanidade, remetendo a um quadro de costumes único. O autor lança mão de vários processos estruturais para compor a novela, como a luta psicológica das personagens, a imagem recorrente das mãos como traço romântico – utilizada principalmente pelos personagens de Ordinov e Katierina – e os torneios orais. Esse último procedimento é marcado principalmente pelos confrontos lingüísticos entre Ordinov e seu

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rival Murin. Dostoievski confere aos rivais discursos muito diferentes. Enquanto o discurso de Ordinov é carregado de emoção quase que descontrolada, o discurso de Murin é moldado ao seu interlocutor. Quando dialoga com Katierina, Murin usa a mesma construção léxica de sua amada, criando dessa forma mais um vínculo entre os dois, desequilibrando o triângulo amoroso formado. Por outro lado, o ritmo da narrativa, dinâmico e quase frenético em alguns momentos, ocorre por conta da alternância entre os entrechos e os episódios tumultuosos. O método criador de Dostoievski se estrutura de forma que cada processo estilístico possua uma função específica e primordial para a construção da obra. É com base nas teorias de Leonid Grossman que este estudo discute os procedimentos estilísticos utilizados em “A Senhoria”, de Dostoievski, e aponta a funcionalidade dos mesmos para a composição da novela. ESPAÇO CÊNICO RECONFIGURADO: PRESENÇA AO INVÉS DE REPRESENTAÇÃO EM THOM PAIN (BASEADO NO NADA) DE WILL ENO

Luiz Roberto Zanotti; Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Com base nos postulados teóricos de Hans-Thies Lehmann (2006), Jean-Pierre Sarrazac (2002) e Denis Guénon(2004), este estudo discute o texto Thom Pain (baseado no nada) de 2005, do dramaturgo estadunidense Will Eno, escrito na forma de monólogo para possibilitar ao protagonista falar diretamente com a platéia, quebrando de forma indiscutível a “quarta parede”. Trata-se do relato entrecortado de um homem devastado pela infância negligenciada e marcado por um relacionamento mal resolvido. A narrativa cênica busca apresentar a vida em seus desapontamentos e perdas, na agonia eterna da condição humana, misturando o prosaico com o metafísico, sem, no entanto, se dissociarda realidade. A construção da peça – que não pode ser classificada dentro dos padrões clássicos – chama voluntários para participar do jogo teatral, mostrando o que a vida tem de cômico, dramático e sádico através da ansiedade, alienação e medo de Thom Pain. Este texto - que mostra a imensa distância do teatro atual de suas raízes aristotélicas e hegelianas - revela a fragmentação da personagem, a total desconstrução da narrativa dramática, a abolição das fronteiras entre o dentro e o fora do palco e busca uma comunicação direta com a platéia através daquilo que Gumbrecht (2004) chama de "presença" ao invés da representação tradicional. A produção de presença está ligada ao sentido de trazer para diante de nós, um objeto no espaço, ou ainda, a relação com todos os processos que a presença dos objetos tem no corpo humano. Ela pode ainda ser entendida como uma crítica ao excessivo racionalismo da pós-modernidade, que esqueceu que os objetos podem ser mais do que uma simples atribuição de um significado metafísico, e que o impacto destas coisas podem ir além da razão, perpassando todo o nosso corpo físico. Mas, a produção de presença vai além ao romper com a quarta parede e apresentar a performance de um ator, sem a necessidade do mesmo se transformar ou se metamorfosear numa personagem, fazendo com que o público se “inscreva” no regime da representação e não no regime de uma “verdade” que seria obtida através da ilusão. Enfim, na forma usada por Eno, o representado não é mais a verdade do texto, ela é poética e se oferece nua. Não é a identidade plausível de um representado que vai auferir legitimidade ao jogo, e sim o “fazer-se ouvir” poético das palavras. As personagens são vistas porque são ouvidas e não vice-versa. DA “TÉCHNE” AO DOM: UM DIÁLOGO ENTRE LONGINO E DRUMMOND

Luiz Roberto Zanotti; Prof. Sigrid Renaux Letras – Uniandrade

[email protected] Partindo da premissa de que as mais diversas concepções poéticas, ainda que distantes no tempo e no espaço, geralmente continuam dialogando, o objetivo deste trabalho é verificar até que ponto os conceitos apresentados na arte poética clássica de Longino, Do sublime (séc.I), continuam presentes na arte poética de Drummond, “Procura da Poesia” (1945), a fim de mostrar sua relevância na função que esta “nova” arte poética cumpre na obra de Drummond e, conseqüentemente, no contexto do Modernismo brasileiro. É mister afirmar que o termo “poética” - apesar da sua ampla aplicação atual pelas mais diversas áreas do conhecimento humano com o sentido de teoria - é definido neste ensaio como uma teoria geral de poesia que define a poesia, suas várias ramificações e subdivisões, formas e recursos técnicos; o termo discute também princípios que a regem e que a distinguem de outras atividades criativas.Com relação aos autores, tanto Longino como Drummond compartilham da firme convicção de prescrever regras em suas poéticas, apesar de elas possuírem também elementos descritivos e, igualmente, a convicção de que, se o método é de suma importância, não existe poesia sem o dom. Além disso, ambos os autores deixam claro que, apesar da

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importância da emoção em suas poéticas, este fato não significa de forma alguma que o sublime e o patético devam andar sempre juntos como se fosse uma regra geral. Para Longino, algumas emoções estão separadas do sublime e são totalmente sem grandeza. Estas emoções tão reais, tão “miméticas” não são uma garantia de se atingir o sublime, com o que concorda Drummond ao apresentar as suas prescrições poéticas. Outra característica procurada pelos poetas é a importância da liberdade no sentido de se formular outras inteligibilidades, novos sentidos para o lugar comum, para a “mesmisse” do pensamento. No entanto, apesar dessa série de semelhanças, Drummond, diferentemente de Longino, que está se rebelando contra a poética de Cícero, parece estar mais preocupado em definir sua posição entre as artes poéticas de seus contemporâneos. Assim, apesar de separados por quase vinte séculos, vários conceitos de Drummond reapropriam os de Longino, sobretudo o fato de ambos mostrarem que é absolutamente necessário que haja uma perfeita sintonia entre o dom e o método para a produção da obra de arte. O EFEITO PIGMALEÃO NA SALA DE AULA

Mariah Mendes Soares Siqueira; Prof. Braz Pinto Junior Letras – Uniandrade

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Pigmaleão era um escultor e rei de Chipre que se apaixonou por uma estátua que esculpira ao tentar reproduzir a mulher ideal. Afrodite atendendo ao seu pedido transformou a estátua numa mulher de carne e osso, Galatéia, com quem o Rei casou-se e teve um filho, Pafos. Esta lenda tem atraído muitos escritores; sua versão mais moderna é a de uma peça escrita por Bernard Shaw, mais tarde adaptada para um musical chamado My Fair Lady. Estas histórias fundamentaram estudos científicos que tratam do “Efeito Pigmaleão” comprovado por vários experimentos. Em 1968 foi publicada por Rosenthal e Jacobson uma obra clássica, a Pigmaleão nas Escolas. Neste livro, o objetivo foi de relançar uma discussão pertinente na educação, sobre o papel e a importância dos professores na relação pedagógica. Tentaram explanar que as expectativas dos professores quando transmitidas aos alunos influenciam sua forma de comportamento. O importante é a compreensão da forma como os professores comunicam as suas expectativas aos educandos e como estes captam a mensagem e se deixam influenciar conforme o seu teor. As tentativas de explicação à questão atrás formulada foram múltiplas. A investigação ilustra que os professores interagem com os alunos de forma diferenciada, conforme as expectativas que neles depositam. Na lista de interação diferenciada professor/aluno encontram-se: tempos distintos concedidos aos alunos para responderem às questões; o tempo dedicado à interação professor versus aluno; o tipo de reforços dados aos alunos; o grau de exigência dos professores com os alunos; e a confiança versus desconfiança depositada nos resultados obtidos pelos alunos nos testes, entre outros aspectos. As escolas estão apinhadas de alunos oriundos de classes sociais com parco capital cultural, fruto da massificação da educação. Essa realidade impõe aos professores o desafio de atenuarem o efeito da violência simbólica e da reprodução das desigualdades sociais, enquanto mecanismos geradores de insucesso e de frustrações nos alunos e seus progenitores. O reconhecimento de que “o professor é a mensagem” e que a sua interação em sala de aula é seletiva constitui uma via privilegiada de mudança do seu padrão comportamental numa altura em que a educação encontra-se debaixo do fogo cruzado do eduquês. O RETRATO OVAL E DOIS FENÔMENOS PSICANALÍSTICOS

Mariah Mendes Soares Siqueira; Prof. Sigrid Renaux Letras – Uniandrade

[email protected] Em O Retrato Oval,um cavalheiro ferido busca abrigo em uma mansão recentemente abandonada. Acomodado, ele descreve o cômodo e contempla o retrato de uma belíssima jovem. A técnica da pintura era apuradíssima, tornando-a praticamente real. A moldura oval remetia a tela à renovação da vida. A jovem do retrato pousara incessantemente na torre onde a sinistra luz emurchecia a saúde e o ânimo moça. Passado muitas semanas, a jovem faleceu a efeito da última pincelada. Nos contos de Edgar Allan Poe está sempre presente a discussão filosófica, e os conflitos internos de seus personagens podem ser considerados como verdadeiros tratados psicanalísticos. Nesse conto podem ser notados dois fenômenos psicológicos: o Efeito Pigmaleão e a Monomania. Pigmaleão era escultor e rei de Chipre que se apaixonou por uma estátua que esculpira ao tentar reproduzir a mulher ideal, Afrodite. A deusa,atendendo a um seu pedido, transformou a estátua numa mulher de carne e osso, Galatéia. Esse mito e aquele conto traduzem um elemento do

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comportamento humano: a capacidade de determinar seus próprios rumos, concretizando planos e previsões particulares ou coletivas. O Efeito Pigmaleão é a conseqüência de nossas expectativas e percepção da realidade na maneira como nos relacionamos com a mesma, como se realinhássemos a realidade de acordo com as nossas expectativas em relação a ela. Tanto no mito quanto no conto cada artista, obcecado por retratar e esculpir suas musas, fazem-nas conceder vida às suas obras, seja pela fantasia mitológica ou, pela morte. Essa excessiva fixação em fazer a arte pela arte e de reproduzir a mulher ideal denomina-se monomania emocional. Ambos artistas almejaram e esforçaram-se demasiado para alcançar seus ideais e depositaram extrema expectativa em seus objetivos. Contudo, suas obras não correspondem as suas concepções. O retrato oval é praticamente a belíssima esposa, porém não é real, a amada faleceu. Afrodite, a musa de Pigmaleão, é inalcançável. E Galatéia frustrara seu marido pois é impossível esculpir a personalidade de alguém. Assim, ambos artistas são decepcionados pelo Efeito Pigmaleão. O EFEITO PIGMALEÃO E A MONOMANIA EMOCIONAL NO CONTO “O RETRATO OVAL” DE EDGAR ALLAN POE

Mariah Mendes Soares Siqueira; Prof. Sigrid Renaux Letras – Uniandrade

[email protected] A discussão filosófica está presente nos contos de Edgar Allan Poe e os conflitos internos de seus personagens podem ser considerados como verdadeiros tratados psicanalíticos. Seu conto “O Retrato Oval” narra a história de um cavalheiro ferido que busca abrigo num castelo recentemente abandonado. Acomodado num pequeno quarto, ele observa o cômodo quando, inesperadamente, contempla o retrato de uma belíssima jovem. A técnica da pintura era apuradíssima, tornando a jovem praticamente real. Impressionado, o cavalheiro descobre num livro a história do quadro: a jovem musa do retrato pousara incessantemente para o marido, pintor apaixonado pela Arte. Aos poucos, a saúde e o ânimo da solitária senhora foram definhando até que, passadas muitas semanas, ela morre, pois a obsessão do pintor havia tirado de suas faces as tintas com que pintara seu rosto. Dois fenômenos psicológicos podem ser notados nesta narrativa: o Efeito Pigmaleão e a Monomania Emocional. Segundo a mitologia grega, Pigmaleão era escultor e rei de Chipre que se apaixonou pela estátua que ele próprio esculpira ao tentar reproduzir a mulher ideal, Afrodite. A deusa, apiedando-se e atendendo a um seu pedido, transformou a estátua numa mulher, Galatéia. Tanto o mito quanto o conto traduzem um elemento do comportamento humano: a capacidade do homem de determinar seus próprios rumos, concretizando planos e previsões: o Efeito Pigmaleão seria a conseqüência de nossas expectativas e de nossa percepção da realidade, na maneira como nos relacionamos com a mesma. Entretanto, cada artista, obcecado por retratar ou esculpir sua musa inspiradora, fazem-nas conceder vida às suas obras, seja pela fantasia mitológica ou pela morte. Essa excessiva fixação em fazer a arte pela arte e de reproduzir a mulher ideal leva à Monomania Emocional: ambos os artistas esforçaram-se demasiado para alcançar seus ideais e depositaram extrema expectativa em seus objetivos. Contudo, suas obras não correspondem às suas concepções. “O retrato oval”, apesar de sua “absoluta semelhança com a vida”, provocou a morte da amada musa. Afrodite, a musa de Pigmaleão, é inalcançável por ser uma deusa e Galatéia frustrara seu marido, pois é impossível esculpir a personalidade de alguém. Assim, a Monomania Emocional leva ambos os artistas à frustração. Analisar ambos os efeitos no conto através do mito, portanto, é o objetivo desta pesquisa. POESIA DRAMÁTICA: O EXPERIMENTALISMO DE SARAH KANE EM PSICOSE

Paraguassu de Fátima Rocha; Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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4:48 Psicose, da dramaturga britânica Sarah Kane, retrata o colapso das relações entre o indivíduo e o mundo, revelando a fragmentação do sujeito contemporâneo que se manifesta através do discurso polifônico da personagem. A peça vai se construindo como uma colcha de retalhos, na qual o tempo real é entrecortado pelos fragmentos da memória da personagem, ora manifestando-se como uma sucessão de imagens desconexas traduzidas para a linguagem verbal, ora como retomadas de acontecimentos passados que são deflagrados instantaneamente. Retrata a vida de uma personagem envolvida com o drama da depressão e traduz para a linguagem dramática as manifestações mentais da personagem, incluindo as repetições de palavras e frases, pensamentos negativos e a sensação de culpa, que ora se projetam de forma poética, ora através da linguagem grotesca. Atos comuns aos indivíduos portadores da síndrome da depressão também são descritos por Kane. O texto é uma mescla dos gêneros dramático e lírico, que se afasta das concepções

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organicistas do drama, revelando aquilo que acontece ao espírito quando desaparecem completamente as barreiras entre a realidade e as diversas formas da imaginação. A narrativa não linear é pontuada pelo caos de uma mente desestabilizada, trazendo à tona os planos da memória da personagem, transpondo para o palco a técnica do fluxo de consciência em suas diversas variantes e reproduzindo o diálogo entre o “eu” e o “outro”, constituindo esse último o seu duplo. Aliam-se a estas perspectivas os experimentos da autora em adequar a forma ao conteúdo na busca de uma renovação da linguagem teatral: ao descartar o uso das rubricas, da especificação das personagens e do cenário promove a possibilidade de múltiplas concretizações cênicas. Quando Sarah Kane não especifica suas personagens quanto ao número, ao gênero ou à condição social, ela estabelece uma ruptura com relação à construção das personagens individualizadas, elevando-as à categoria de seres universais, buscando uma representação que extrapole o limite do espaço cênico e se misture às possibilidades do real. Esse trabalho objetiva discutir o experimentalismo de Sarah Kane à luz dos postulados teóricos de diversos críticos de dramaturgia e teatro da contemporaneidade, entre eles Lehmann, Sarrazac, Pavis e Guénoun. CENÁRIOS DE PALAVRAS: (A)TENTADOS DE MARTIN CRIMP

Paulo Roberto Pellissari; Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Em seu influente estudo intitulado Postdramatic Theatre (2006), o crítico alemão Hans-Thies Lehmann argumenta que se apropriou do termo “pos-dramático”, cunhado por Richard Schechner, para promover uma ampla discussão sobre as novas proposições estéticas no campo das artes cênicas nos dias de hoje, tomando como ponto de partida as reflexões teóricas de Peter Szondi, que abriu caminhos para se pensar sobre as metamorfoses da escrita dramática. O discurso de Lehmann é ampliado por vozes de críticos igualmente importantes, entre eles Patrice Pavis, Jean-Pierre Sarrazac e Denis Guénoun. Com base nos postulados teóricos desenvolvidos por estes críticos, este trabalho discute (A)tentados (1997), a peça de maior repercussão internacional do dramaturgo britânico Martin Crimp que constrói uma dramaturgia fundamentada em experimentos teatrais radicais e conceitos pós-dramáticos. O texto de Crimp é um verdadeiro atentado à dramaturgia de raízes aristotélicas e hegelianas: as categorias da narrativa dramática tradicional (enredo, personagem, tempo e espaço) estão completamente ausentes do universo da peça. A narrativa descentrada e não linear que apresenta dezessete (17) quadros independentes, porém interconectados, denominados de “cenários de palavras” pelo autor, remete a uma não presença no palco: a enunciação verbalizada pelas diversas vozes narrativas, nenhuma delas com estatuto de personagem, parece referir-se a uma mulher chamada Anna, Anne, Anya ou Annie e tende a assumir diferentes contornos na mente dos espectadores. Por meio de elementos que estenderam os limites das possibilidades dramáticas, a emancipação da noção de gênero através da contaminação do drama pela romancização e epicização, a descrença no princípio de causalidade, a desconstrução da personagem individualizada, o dramaturgo brinca a respeito de uma série de elementos formais da dramaturgia e teatro. O texto de Martin Crimp ainda tematiza o materialismo, a falta de idealismo, o racismo, a xenofobia, a homofobia, a ausência de valores morais, o consumismo, a decadência moral, entre tantos outros temas. Martin Crimp nos fornece reflexões acerca da escrita pós-dramática, nos faz pensar a nossa condição de sujeito contemporâneo e nos posiciona como as múltiplas vozes de sua obra que se encontram fragmentadas e esfaceladas. Partindo, portanto, da análise de (A)tentados, este trabalho visa apresentar a importância dessa peça para a revitalização da dramaturgia contemporânea. DISCURSO E CRÍTICA: IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO DE LEITURA EM LÍNGUA INGLESA

Maria de Lourdes Moros; Adacir Honório; Prof. Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim

Letras – Uniandrade [email protected]

Este trabalho teve como principal objetivo investigar algumas concepções de discurso e pedagogia crítica que podem contribuir para o ensino de leitura em língua inglesa, que leve a uma prática pedagógica diferente da tradicional. A pesquisa foi realizada em uma sala de aula de língua inglesa do primeiro período do Curso de Licenciatura em Letras, através de uma abordagem qualitativa de pesquisa, envolvendo alunos e professor pesquisador. No decorrer do trabalho, inicialmente foram identificadas algumas correntes teóricas sobre leitura, discurso e pedagogia crítica para o ensino de inglês como língua estrangeira. Em seguida buscou-se focalizar o objetivo da pesquisa como tendo relação teórica-prática, onde o cenário é a sala de aula de língua

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inglesa que se compõe pela utilização de um livro didático que apresenta aspectos ideológicos presentes nos textos propostos. Evidenciou-se também neste estudo, o papel do professor como elemento essencial na orientação e esclarecimento ao aluno sobre a questão do currículo oficial como instrumento de controle ideológico, tornando a prática pedagógica um espaço de acomodação, reprodução e resistência frente às mudanças propostas por uma leitura crítica que ultrapasse a visão educativa tradicional. Na sociedade contemporânea, as tradições já não podem ser simplesmente aceitas como “naturais”, elas precisam ser justificadas e possibilitar alternativas. A pedagogia crítica para o ensino de leitura em língua inglesa no contexto de pesquisa escolhido, apresenta-se com uma concepção crítica que tem como objetivo apontar os laços ocultos entre linguagem, poder e ideologia (Pennycook, 1994) e quais os efeitos que estes aspectos exercem sobre estruturas e prática sociais, apresentando-se como uma relação bidirecional entre discurso e sociedade. Esta pedagogia trazida para o ensino de leitura em língua inglesa pode levar o leitor, ao ler um texto ou participar de um evento comunicativo, a aceitar ou reagir contra os seus significados ou convenções ideológicas naturais (Busnardo e Braga: 1987, 2001; Wallace, 1992, 2003). A decisão de aceitar ou reagir dependerá do interesse e da familiaridade do leitor com outras interpretações dos temas em questão. É por isso que o ensino de línguas deve equipar os alunos com ferramentas metalingüísticas e noções sobre discurso e ideologia, relações de poder mediadas pelo discurso, e discurso como prática social (Fairclough, 1992, 1995, 2001). Assim, alunos e professores poderão se tornar mais críticos sobre suas próprias práticas discursivas e ideológicas com as quais interagem diariamente, em diversos contextos. "SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO": TRADUÇÃO PARA O IMAGINÁRIO CULTURAL DO SÉCULO XXI

Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] As apropriações/adaptações das peças de Shakespeare compõem-se em um rico tecido semiótico-cultural, conferindo aos textos do bardo uma sobrevida que eles nunca teriam alcançado sem estas inúmeras variantes. Este procedimento de retextualização e recontextualização como estratégia de construtividade textual e composição cênica já era conhecido por Shakespeare, que desenvolveu uma modalidade de escrita palimpséstica, empenhando-se na ressignificação dos textos fonte. Pretende-se mostrar alguns aspectos do processo criativo da “tradaptação” de “Sonho de uma Noite de Verão” de Shakespeare, realizada pela encenadora gaúcha Patrícia Fagundes. Esta versão cênica, levada ao palco pelo grupo teatral Cia. Rústica, em 2005, objetivou guardar distância das abordagens museológicas: o espetáculo subverteu os protocolos tradicionais ao aliar as estéticas do teatro, dança e música, valendo-se, ainda, da mistura e fusão de linguagens dos meios da cultura popular como o circo, o cabaré, os musicais, os ritos carnavalescos, entre outros. A decisão da encenadora de ambientar a peça em um cabaré e de valer-se das linguagens do teatro musical para inserir a inventiva trama de Shakespeare no imaginário cultural do século XXI não poderia ser mais acertada. Incontestavelmente, a fragmentação, descontinuidade e alternância da tessitura narrativa da peça tem parentesco com os espetáculos de variedades apresentados nos cabarés. Patrícia Fagundes soube explorar com propriedade essa especificidade do texto, principalmente no tocante ao que a cena pode oferecer em termos sensoriais, tanto visuais e sonoros. O espetáculo pode ser visto como uma sucessão de esquetes intercalados por números musicais de canto e dança, que podem ser considerados intradiegéticos, uma vez que pertencem ao universo do texto adaptado. A moldura do cabaré acrescida ao texto espetacular, torna-se uma metáfora que condensa os elementos chave do universo shakespeariano no “Sonho”, uma vez que o nightclub é um lugar semelhante à floresta encantada onde toda sorte de jogos e confusões amorosas acontecem, tais como trocas de casais, equívocos, rejeições e vinganças: um lugar escuro, esfumaçado e misterioso, onde predomina a licenciosidade, o lúdico e o onírico. Por outro lado, as linguagens dos musicais que a encenadora gaúcha incorpora em seu espetáculo também são perfeitamente adequadas à sua proposta de reproduzir o clima festivo implícito na peça de Shakespeare. Pretende-se mostrar que a hibridação efetuada entre meios, linguagens e suportes compõe uma sintaxe integrada que enriquece a proposta espetacular, na medida em que revitaliza e renova a dramaturgia de Shakespeare no processo de re-inserção do bardo no âmbito da cultura popular.

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¿QUÉ ME QUIERES AMOR? DO CONTO AS TELAS

Prof. Anna Stegh Camati; Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez Letras – Uniandrade [email protected]

O escritor gallego Manuel Rivas, escreveu o livro de contos ¿Qué me quieres amor?, com este livro ganhou o Prêmio Nacional de Narrativa na Espanha. Deste livro, ele e o roteirista Ricardo Azcona, retiram três contos: La lengua de las mariposas; Un saxo en la niebla; Carmiña, e a partir desses contos escrevem o roteiro do filme La lengua de las mariposas, que ganhou o Prêmio Goya de melhor roteiro. A Revista Cultural faz uma entrevista a Manuel Rivas e lhe pergunta qual é a sua opinião sobre as adaptações cinematográficas e televisivas, e ele responde que os novos meios, o cinema e a televisão, favorecem a literatura porque é um absurdo nos dias de hoje descrever um quarto de maneira tradicional, “aqui tem uma mesa, ali...”, o que obriga ao escritor a se aperfeiçoar cada vez mais. Mas também disse que é uma janela diferente, porque existe a mesma paisagem e diversas janelas, e que pode existir um filme que nos provoque uma perturbação especial, e que não está de acordo que uma imagem vale mais do que mil palavras. Que ele gosta tanto do cinema como da música e que sonhava em fazer um filme, mas agora já não sente mais essa necessidade, que não tem inveja de um diretor de cinema, que é suficiente ter o seu lápis. E comenta que quando estavam rodando o filme La lengua de las mariposas, durante dois dias havia neblina e as borboletas não voavam, mas quando ele escreveu o conto, as borboletas voavam todos os dias, porque ele não tinha problemas para fazer as borboletas voarem ao comando do seu lápis. La lengua de las mariposas remete a Antonio Machado, escritor espanhol da geração de 1898, o filme se passa as vésperas da Guerra Civil espanhola, em 1936. Os temas dos três contos e do filme coincidem: o medo das crianças irem para a escola, o ensino dos anos trinta, a vontade pela formação e pela liberdade que transmite o professor, a amizade entre o professor e o menino, e ao final, a traição. O filme se aprofunda nos temas políticos e sociais através das figuras do prefeito e do padre, e da celebração do aniversário da República. Nesta comunicação o objetivo principal é estabelecer o tempo e o espaço dos contos com o filme. A FÁBULA DO FAMINTO: APROPRIAÇÕES DA OBRA DE INGMAR BERGMAN EM LAVOURA ARCAICA DE LUIZ FERNANDO CARVALHO

Braz Pinto Junior; Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Este trabalho pretende analisar os processos de apropriação e ressignificação presentes na adaptação fílmica de Luiz Fernando Carvalho Lavoura arcaica da obra homônima de Raduan Nassar, destaque do cinema brasileiro dos últimos anos, sobretudo em razão da linguagem poética, relações intersemióticas e leituras que suscita. No filme, em que pese a intenção de fidelidade do diretor, defendida em entrevistas e pela crítica mais conservadora que ressalta as semelhanças com a obra de Nassar, a identidade com o texto literário é permeada por uma série de recursos que Carvalho foi buscar em uma extensa bagagem cultural, o que resulta em uma linguagem própria que mescla sua apropriação da teoria de Artaud com a influência de outros diretores como Ingmar Bergman. O diálogo com Bergman, um dos mais interessantes do filme de Carvalho, traz à cena, a incorporação da “Parábola do Faminto”, contada pelo pai de André, o protagonista, ao filho à mesa com claras intenções moralistas. A cena, extraída por Nassar das Mil e uma noites, é recriada por Carvalho na película e resgata o ambiente e a ação personalista com que Bergman teria construído seu A hora do lobo (The Hour of the Wolf). Pelo estudo da cena original (no livro) e da ressignificação a partir do contato com a obra de Bergman podemos compreender melhor o processo de criação do diretor e sua concepção de “adaptação”, contribuindo com novas leituras do texto e ampliando a rede de significações construída no processo intersemiótico. O contato com o filme A hora do lobo, do diretor sueco Ingmar Bergman, sugerido por Carvalho vai além da mera homenagem ou da citação despreocupada. O diálogo com Bergman nos ajuda a detectarmos conexões entre as duas obras cinematográficas que ampliam até mesmo a leitura do texto de Nassar ou de suas fontes. Dessa forma podemos interpretar as “lavouras arcaicas” de Carvalho e Nassar, bem como a de Bergman, como um jogo entre desejo e racionalidade, o qual é vencido por forças irracionais ora oriundas do instinto animal, de ordem fisiológica, do corpo, ora remanescentes de um interior psíquico mal resolvido, de uma relação conjugal de fragilidade latente ou de um espírito atormentado.

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A POÉTICA DA RUPTURA DE SUZAN-LORI PARKS

Braz Pinto Junior; Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Uma revisão crítica da história dos EUA faz de The America Play de Suzan-Lori Parks uma obra exemplar no que diz respeito à discussão identitária contemporânea. Uma leitura dos aspectos estruturais da peça, porém, revela a construção de um texto em que o caráter alegórico, personagens sobrepostas e cenas fragmentadas, em combinação com recursos poéticos como uma linguagem auto-expressiva fazem surgir um ambiente atemporal. Certas imagens desse universo, como o “Grande Buraco da História”, símbolo da ausência do sujeito afro-descendente na história oficial norte-americana, dão sustentação à criação de novos ícones e paradigmas, nascidos da desconstrução de outros, mais antigos: “Ancestrais Enjeitados” [Foundling Fathers] ao invés de “Ancestrais Fundadores” [Founding Fathers], figuras anônimas em lugar de vultos históricos. Essa tática de fazer da história oficial e/ou do teatro convencional um “campo minado” contribui para estabelecer, no texto de Suzan-Lori Parks, não apenas a discussão de novos valores sociais, mas também de novas proposições estéticas. Estas perspectivas serão evidenciadas, em nosso trabalho, por um estudo de sua inovadora linguagem dramatúrgica e do diálogo intertextual com o cânone, principalmente com autores como Shakespeare e Beckett. The America Play de Suzan-Lori Parks pode ser considerada uma obra exemplar da dramaturgia contemporânea nos EUA, à medida que propõe uma revisão crítica da história do país, tema naturalmente polêmico. O tom revisionista da peça surge inserido em discussões identitárias relativamente recentes em sintonia com mudanças de posicionamento da sociedade em suas relações com as chamadas minorias. Em nosso estudo dos aspectos estruturais da peça pretendemos chamar a atenção para as construções de caráter alegórico presentes na obra de Parks, as quais certamente contribuem para desencadear diversas leituras do texto, inclusive políticas. Presente ao longo de toda a obra de forma mais ou menos explícita, a alegoria, por meio de personagens sobrepostas (ou “figuras” como a autora prefere chamar) ou de recursos poéticos mais elaborados como uma linguagem auto-expressiva (nascida dos falares étnicos), justamente é o que torna a obra um ambiente propício ao confronto de idéias, que quanto mais lança raízes no espaço e no tempo de uma sociedade em particular (EUA, afro-descendentes), mais estabelece contato com uma dimensão atemporal, universal. TRAVESTIMENTO, HIBRIDISMO E MÍMICA NA LITERATURA COLONIAL AUSTRALIANA

Prof. Cristiane de Oliveira Busato Smith Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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O reconhecimento de que grande parte do mundo ainda sofre, em diferentes intensidades, pelo fenômeno da colonização tornou-se um lugar-comum nos estudos culturais. As análises pós-colonialistas situam a natureza e o impacto das relações de poder e seus efeitos contínuos nas culturas e políticas modernas. Questões de alteridade tais como etnia, classe, identidade e gênero (dentre outras), quando lidas a partir do ponto de vista pós-colonial e abordadas no contexto de suas relações com o passado colonial, podem ser entendidas de uma forma iluminadora. Este trabalho parte, portanto, da perspectiva pós-colonialista, para se debruçar sobre o tema da identidade australiana por intermédio da análise do conto “Monsieur Caloshe”, escrito pela autora Jessie Couvreur em 1890. Ainda que já exista na época uma tendência clara em prol de uma linguagem autenticamente australiana, a cultura dominante, por outro lado, afirma a natureza canônica e o status ‘inquestionável’ da tradição literária inglesa contribuindo para a incorporação de valores ainda hoje válidos em instituições australianas. Não podemos, entretanto, negar o empenho de escritores como Couvreur, pertencentes a uma cultura marginal e periférica que ameaçam e questionam esta tradição, realizando “contra-narrativas” que, nas palavras de Homi Babha: “continuamente evocam e rasuram suas fronteiras totalizadoras (....) e perturbam aquelas manobras ideológicas através das quais “comunidades imaginadas” recebem identidades essencialistas”. Em minha análise, enfocarei, primordialmente, a frágil condição de imigrante em um país colonizado recentemente, há pouco mais de dois séculos. Pretendo mostrar como ‘Tasma’ aborda a experiência colonial desde o início do conto, através da descrição antagônica dos personagens principais, da diferença de códigos linguísticos, da mudança de ambiente cênico, do significado de algumas palavras e, principalmente, por meio da idéia do travestimento de Monsieur Caloche, que não somente dramatiza a tensão do império inglês opressor vis-a-vis o estrangeiro(a) que tenta fazer da Austrália sua nova terra, como também sugere a idéia do hibridismo literário inerente à situação colonial. Defendendo a hipótese de que Monsieur Caloche seja um “híbrido literário”, no sentido proposto por Homi Bhabha, argumento que a autora se apropria de uma forma consagrada – os contos de natal ingleses, entre os quais é paradigmático “Um conto de Natal” de Charles Dickens – e transpõe a fórmula para o universo australiano. Porém, ao

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transplantar personagens “Outros” para um cenário “outro”, Tasma acaba por, intencionalmente ou não, abordar a especificidade da situação colonial australiana, dramatizando a interdependência dos dois discursos. EDWARD BELLAMY, POPULARIDADE E ESQUECIMENTO

Prof. José Antonio Vasconcelos Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Com a expansão industrial ocorrida nos Estados Unidos, principalmente a partir da segunda metade do século XIX, houve um notável crescimento das cidades. Neste contexto é que emerge Edward Bellamy, cuja obra principal, Looking Backward, tornou-se um dos romances mais populares na virada do século. Looking Backward contrasta a injusta sociedade urbana e industrial do século XIX a uma imaginária América socialista do futuro, na qual, por meio de um governo centralizado, todos viveriam dignamente. No romance, o Sr. Julian West, um jovem membro da classe mais abastada de Boston, é transportado para o ano 2000 após uma suposta noite de sono. Na Boston do século XX, o Sr. West tem por anfitrião um médico chamado Dr. Leete, que tenta explicar ao protagonista da história a delicada situação em que este se encontra. Na sociedade do ano 2000, as principais mudanças ficariam por conta da racionalidade do sistema econômico. Por meio de uma administração pública centralizada, aumentaria a produção e a jornada de trabalho seria reduzida. Todos trabalhariam, todos possuiriam a mesma renda e ninguém se absteria de uma vida farta e digna. No final do século XIX Looking Backward foi impresso em vários milhões de exemplares e traduzido para mais de vinte línguas, o que é impressionante, especialmente se levarmos em consideração o fato de que o mercado editorial na época era muito mais restrito em comparação com os dias de hoje. Poucos anos após a publicação da obra foram fundados 165 clubes com o intuito específico de discutir as idéias de Bellamy. Um fato curioso nisso tudo é que, apesar do imenso sucesso alcançado em sua época, Bellamy é hoje um autor praticamente desconhecido, principalmente fora do cenário norte-americano. A que se deve tamanho paradoxo? Uma hipótese parece explicar o sucesso de Looking Backward: a sociedade americana do século XIX não estava atrás de um modelo de sociedade radicalmente diferente daquele encontrado nas grandes concentrações urbanas. O objetivo último não era fugir da cidade, mas expurgar seus pontos negativos, mantendo o modelo existente. Bellamy mostra, portanto, que o cidadão urbano do século XIX ainda estava aberto a uma visão otimista da sociedade. Uma visão que, após duas guerras mundiais e a emergência de anti-utopias como as de Orwell e Huxley, fazem com que o prognóstico otimista de Bellamy nos pareça hoje no mínimo ingênuo. FICCIONALIZAÇÃO DE IDENTIDADES NA LITERATURA AFRO-AMERICANA

Prof. José Endoença Martins Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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O artigo discute uma prática pedagógica desenvolvida em 2005 na disciplina Literatura Afro-Americana do Século XX do curso de especialização Circuitos Literários da Uniandrade. O foco da discussão se volta para o processo de construção de identidades afro-descendentes a partir de textos literários críticos e criativos. A ênfase da análise recai na construção de três categorias identitárias – assimilacionistas, nacionalistas e catalistas – associadas a três posturas atribuídas por West (1993) ao afro-descendente: a busca do pai Ocidental pela assimilação; a identificação com o pai Africano, através do nacionalismo; a fusão dos dois pais, com base no catalismo. Partindo da noção de identidades como práticas discursivas, o estudo segue duas orientações: o estudo das identidades a partir de textos teóricos de Hall (2001), Du Bois (1999), e de romances de diversos autores; a produção das identidades é desenvolvida pelos participantes em três textos: o conto, o ensaio e a monografia. O conto como narrativa de ficções identitárias se ajusta à visão de Appiah (1997) de que nossas identidades são “uma espécie de papel que tem que ser roteirizado, estruturado por convenções de narrativa” (APPIAH, 1997: p. 243). O ensaio e a monografia como suplementos do conto ampliam a complexidade da construção das identidades: o primeiro porque surge como a análise que o estudante realiza do próprio conto; o segundo, uma vez que se apresenta como texto das narrativas alheias. A metodologia acompanha as quatro fases da disciplina: (1) discussão da teoria relativa às identidades; (2) análise dos contos dos estudantes; (3) estudo dos ensaios dos participantes; finalmente, (4) discussão de duas monografias concluídas. Como conclusão fica a idéia de que nos processos das construções narrativas das identidades, de um lado temos mobilidades identitárias que instigam o afro-descendente circular entre assimilação, nacionalismo e catalismo. West (1994) argumenta que este movimento identitário pode ser visto como um tipo de conversão política cujo centro inclui uma ética do amor e do auto-amor. Em suas palavras, “uma ética do amor tem de estar no

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centro da política de conversão” (WEST, 1994: p.35). Do outro, encontramos mobilidades textuais que permitem aos participantes se deslocarem do conto para o ensaio e, deste, para a monografia. TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA EM AMERIKA: UM SINGLE SATÍRICO

Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez; Prof. Anna Stegh Camati Mestrado em Estudos Literários - UFPR

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Partindo de conceitos propostos por Jakobson, o artista e teórico, Júlio Plaza, desenvolve a teoria e a prática da tradução intersemiótica como forma de arte no contexto da pós-modernidade. Para Plaza, a tradução intersemiótica é um exercício de transculturação, acentuando as tensões entre a história e a arte, o político e o estético, os meios e a interferência do artista, na medida em que gera formas que surgem nos trânsitos e conexões entre os diferentes suportes e linguagens. A proposta desta comunicação é trabalhar o conceito de transculturação no vídeo clipe do grupo alemão Rammenstein na música Amerika. A dramaticidade deste vídeo clipe, nos mostra características marcantes como a “sociedade tecnológica”, onde encontramos uma tendência no sentido do uso de processos transcodificadores e tradutores de informação entre diferentes linguagens e meios. O próprio nome do grupo tem uma origem interessante: aconteceu em 1988 um acidente aéreo na cidade alemã de Ramstein durante a exibição de três aviões italianos que colidiram e caíram em cima da platéia, provocando a morte de 70 pessoas. A banda resolveu colocar um “m” a mais e, literalmente, Rammenstein pode ser traduzido como aríete. Portanto a produção cultural não começa na letra da música, e sim no nome da banda. A música Amerika faz uma séria crítica à sociedade americana, no sentido que os valores “sociais/culturais americanos” são impostos para o mundo inteiro. O refrão: Todos estamos vivendo na América,/ América é maravilhosa,/ Todos estamos vivendo na América/ é cantado em inglês e o resto da música em alemão. Em diversos momentos em que se canta o refrão, vemos símbolos americanos como Nike, Lucky Strike, Mc Donalds dialogando com a chegada do Homem a Lua. A canção também diz que Mickey Mouse chegou a França e que o Papai Noel também vai a África. Como um Rato, símbolo da Disney, do sonho americano pode ter ido parar na Europa, e mais precisamente na França? E como um senhor branco, de barba branca, de roupa de inverno vermelha pode distribuir presentes na África? Em suas considerações teóricas, Plaza faz lembrar que a História se divide em momentos de sensibilidade, e desses momentos surgem dois projetos, o poético e o político, onde o político se dá face ao contexto da contemporaneidade. As referências aos diferentes contextos culturais e a hibridização de meios e suportes em Amerika fazem parte de um projeto político. COMPREENSÃO LEITORA, A ESCOLHA DO TEXTO ADEQUADO PARA USAR NA AULA DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez; Christy Beatriz Najarro Guzmán

Letras – UFPR [email protected]

Estamos desenvolvendo na UFPR - Universidade Federal do Paraná um projeto de produção de material didático de ensino da língua espanhola para a terceira idade, que pertence ao Projeto Redimensionando o Ensino de Língua Moderna dentro da sala de aula. Entendemos que a compreensão leitora é primordial para a produção desse material; pois o texto entre outros objetivos serve para contextualizar a língua estrangeira. Os textos escolhidos para o projeto visam ajudar a interação do professor e aluno na construção de sentidos, mas principalmente em levar o aluno a viajar pela cultura da língua alvo, cultura essa, que engloba uma língua falada como língua materna em vinte países, entendemos que através dos textos, os alunos podem conhecer aspectos culturais, sociais, econômicos, históricos, geográficos, entre outros, e que é necessário propiciar ao estudante de língua estrangeira a possibilidade de alcançar um nível de competência lingüística capaz de permitir o acesso a informações de vários tipos, a diferentes formas de pensar, de sentir, de agir. Porém, esse nível de competência lingüística somente será alcançado se realizamos atividades de leitura em diversas situações diversas de comunicação. Outro ponto muito importante na escolha dos textos, é que não podemos nos esquecer que trabalhamos com seres humanos, e que os fatores afetivos e cognitivos responsáveis pela apreensão e produção de mensagens que se encontram presentes nos três componentes que envolvem o processo de leitura no contexto da aula: leitor, texto/contexto da aula e professor, que representam os fatores afetivos e cognitivos pré- existentes que influenciam o comportamento dos interlocutores e a construção do significado. Naturalmente, entendemos que escolhendo os textos adequados para o uso em sala de aula, e se estes forem trabalhados de maneira adequada, o desenvolvimento da escrita será mais fácil para o nosso

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aluno. Essa comunicação tem como objetivo principal comentar alguns textos que foram selecionados especialmente para serem trabalhados com alunos adultos, quais são as estratégias utilizadas para a compreensão dos mesmos, e os resultados esperados e obtidos. CARMEN LA DE LA RONDA: O CINEMA ESPANHOL NA SALA DE AULA

Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez; Danielle Caldeira Nichele; Suzana de Carvalho e Lima

Letras – UFPR [email protected]

Nos demos conta da importância do cinema dentro da aula de língua estrangeira, especialmente dentro das aulas de espanhol como língua estrangeira, porque somos alunas da graduação do Curso de Letras Português/Espanhol, e participamos do Projeto LICENCIAR, desenvolvido pela PROGRAD na Universidade Federal do Paraná, o nosso Projeto se chama: Redimensionando o Ensino de Língua Estrangeira dentro de sala de aula. A língua espanhola é falada como língua materna em vinte países. Então, como podemos aceder a toda essa riqueza lingüística e cultural? E como futuras professoras, como poderemos transmitir esse “conhecimento”? Uma pesquisa realizada pela UNICEF em 2002, com adolescentes entre 12 e 17 anos de idade, confirmou que a juventude lê pouco e está cada vez mais suscetível à televisão, ao cinema e à internet. A principal característica dessas novas linguagens é a intensa descarga emocional provocada pela imagem, efeito pouco pronunciado em textos e em outros meios de natureza mais reflexiva e lenta. Isso reafirma a importância do cinema para o ambiente escolar, sobretudo, para as aulas de língua estrangeira. Trata-se de um instrumento que tem se provado mais eficaz na sensibilização do aluno para outras experiências e valores, assim como para a própria cultura – os grandes objetivos perseguidos pela geração intercultural. Vários autores identificam as múltiplas possibilidades ofertadas pelo cinema, porém, pouco se discute sobre como incorporar essas possibilidades ao espaço temporal limitado reservado às aulas de língua estrangeira. Esse trabalho, cujo enfoque recai especialmente sobre o idioma espanhol, propõe maneiras práticas de dirigir o fluxo emocional provocado pela linguagem cinematográfica, transformando a catarse em reflexão e em novas interpretações de mundos alheias àquelas às quais nos habituamos, como se nossas escolhas estivessem sempre obrigadas ao mesmo script. Nessa pesquisa queremos mostrar algumas das múltiplas possibilidades que o filme CARMEN LA DE LA RONDA, traduzido para o português como: O diabo feito mulher, nos possibilita trabalhar dentro de uma sala de aula em língua espanhola com alunos da terceira idade, este filme é considerado um clássico espanhol, filmado em 1959, a cantora espanhola Sarita Montiel interpreta Carmen, uma cigana, e Antonio (Jorge Mistral) é o líder de um grupo secreto que combate as tropas de Napoleão na cidade de Ronda, na Espanha. A LÓGICA DAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES APLICADA EM LAVOURA ARCAICA

Rossane Lemos de Souza; Prof. Brunilda T. Reichmann Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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A leitura do livro Lavoura Arcaica desperta os leitores para um olhar mais apurado sob a luz da psicologia, na perspectiva de entender a personalidade e as motivações dos personagens, principalmente André, especialmente nas relações com o pai e o avô. A literatura, neste sentido, pode ajudar na compreensão da complexidade humana e vice-versa. A partir de 1909, inúmeros críticos foram unânimes em afirmar que a psicologia poderia ajudar na compreensão do texto literário. René Wellek e Austin Warren incluíram a crítica psicológica no livro Theory of literature (1949), como uma das cinco teorias importantes da crítica literária extrínseca. Na perspectiva dos estudos culturais, uma abordagem possível para investigar os desdobramentos da personalidade de André é a aplicação das teorias de Bert Hellinger ao romance. Hellinger é filósofo, teólogo, pedagogo e psicanalista. Nasceu na Alemanha em 1925 e escreveu trinta livros, sendo que seis deles foram traduzidos para o português. Foi sacerdote por 25 anos, missionário na África, entre os zulus. Estudou psicanálise e gestalt-terapia, análise transacional e terapia sistêmica familiar, criando a partir desta uma abordagem própria de Constelações Familiares. As constelações familiares são baseadas em ordens de amor. Hellinger observou os emaranhamentos familiares e concluiu que algumas ordens são imutáveis para o cérebro e o sentimento humanos. Algumas delas são o direito à pertinência, a compensação, o agradecimento e a reconciliação. Em sua narração, André transcorre sua versão da família e demonstra sofrer angústia no contexto familiar. Tem atitudes e um discurso de revolta. Bert Hellinger tem uma teoria para o sofrimento de membros da família, este sofrer angustiado. Para ele “Sofrer é mais fácil do que encontrar soluções. (...) Isso

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tem a ver com o fato de que sofrer ou manter o problema é algo que está profundamente vinculado a um sentimento de inocência e lealdade com relação à família num nível mágico” A pertinência é a primeira ordem apresentada por Bert Hellinger e que aparentemente é rompida na família de André. Em várias páginas o narrador reclama seu direito, seu lugar na família. Por exemplo, na página 131, André diz para Ana: “...estou cansado, quero com urgência o meu lugar na mesa da família.” Hellinger defende que “cada pessoa tem o seu lugar especial no sistema [familiar] como um todo. Ninguém é melhor ou pior, apenas por ser diferente.” Entretanto, para pertencer ao sistema familiar, André deveria pensar e agir segundo as regras determinadas pelo pai, o que não era aceito. Esse constante lutar na direção oposta às regras ampliavam a distância entre André e o pai. Nesta posição de transgressor da rotina familiar, André não poderia se integrar: “A criança sabe instintivamente o que deve fazer ou deixar de fazer para poder pertencer ao grupo familiar. Isso não é um atributo puramente humano; até um cachorro sabe disso instintivamente”, afirma Hellinger. E acrescenta: “Um modo de pertencer à família é se comportar do mesmo modo, respira do mesmo modo. Filhos de cegos comportam-se algumas vezes como cegos, embora possam ver. Aqui se vê o quanto o vínculo é profundo.” O discurso do pai de André tem uma intersecção com o pensamento de Hellinger no que se refere a secularidade da família. O pai diz: “... se os outros hão de colher do que semeamos hoje, estamos colhendo por outro lado do que semearam antes de nós. É assim que o mundo caminha, é esta a corrente da vida.” (pág. 161) Hellinger concorda: “O ser humano não vem dos pais, mas por intermédio deles. A vida vem de bem longe e nós não sabemos que origem é essa. Olhar para essa origem é algo religioso. Não olhamos então para o que está perto, mas para a origem, sem denominá-la. Por isso, se esse filho se curvar perante o pai e pedir-lhe a bênção, ele se submete a essa corrente.” André rejeita esta ordem de precedência: “...eu tinha de gritar em furor que a minha loucura era mais sábia que a sabedoria do pai, que a minha enfermidade me era mais conforme que a saúde da família...” (pág. 109 Bert Hellinger suspeita das pessoas que se acham superiores. Estima exacerbada que se reflete na frase anterior de André (e também do pai) e na que segue: “...tenho dezessete anos e minha saúde é perfeita e sobre esta pedra fundarei minha igreja particular, a igreja para o meu uso, a igreja que freqüentarei de pés descalços e corpo desnudo, despido como vim ao mundo, e muita coisa estava acontecendo comigo pois me senti num momento profeta da minha própria história, não aquele que alça os olhos pro alto...” (pág. 87) Além de se ocupar bastante com o pai, André também fala do avô, uma figura complexa, obscura e dúbia. Logo depois de ter uma discussão com o pai, André lembrou: “...como dizia o avô, ‘distinguir já na aurora um fio branco de um fio negro’.” (pág. 174). E já na página 155 dava lugar ao avô: “O avô, enquanto viveu, ocupou a outra cabeceira; mesmo depois de sua morte (...) seria exagero dizer que sua cadeira ficou vazia.” Hellinger também diz que “Todos aqueles dos quais se tenha alguma lembrança, até a geração dos avós – e, as vezes, até a dos bisavós – afetam a família como se estivessem presentes. Principalmente aqueles que foram esquecidos ou excluídos.” E acrescenta: “Imitar o avô pode ser uma forma de grande compaixão para com ele.” Para finalizar, gostaria de propor uma última reflexão sobre a também última frase do livro: “o gado sempre vai ao poço.” (pág. 194). André acaba a narração com este trecho do discurso do pai. Aqui, uma leitura possível é o reconhecimento das ordens de amor, descritas por Bert Hellinger. Um conjunto de regras sistêmicas que são observáveis em qualquer família e que, se mantidas, levam à harmonia. É o reconhecimento de todas as gerações de uma família, é o eterno retorno para buscar o que é de direito. Todos têm seu lugar na grande constelação familiar. A (IN) VISIBILIDADE DA MULHER EM "MUSLIM: WOMAN", DE MARILENE FELINTO

Rossane Lemos de Souza; Prof. Cristiane Busato Smith Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] "Muslim : woman" é um instigante conto de Marilene Felinto, que, desde o título, já nos lança provocações e questionamentos acerca da condição da mulher ocidental pós - moderna. Por que um título em língua inglesa? Por que os dois pontos separando as palavras? As respostas para estas questões vão sendo desenhadas no transcorrer da leitura mas muitas outras vão surgindo: afinal, quem é esta mulher que encontra-se em um aeroporto em um ponto qualquer da África? O que ela realmente deseja? Qual é o cerne de seu conflito, da crise existencial desencadeada a partir de uma... mala de rodinhas? O desejo de ser vista e ao mesmo tempo a busca por um esconderijo dão a tônica da narrativa, toda em primeira pessoa. A questão da invisibilidade - ironicamente - nos salta aos olhos, afinal, todas as personagens têm nome - e identidade -: Eduardo, o marido – e homem, obviamente - à primeira vista, alvo de sua frustração e rancor, afinal, ele não vê a narradora como ela deseja; Adama Acsa Shariff, a Muçulmana de burca que senta-se perto dela, tem nome e sobrenome estampados em letras graúdas na mala de viagem. Mas e "ela"? A invisibilidade não oportuniza a condução de sua vida e de suas escolhas. O conto oferta-nos várias possibilidades de análise, mas nos concentramos na questão da alteridade, do olhar para o Outro. Para tanto, baseamo-nos em alguns conceitos, a saber "a zona de contato" (Mary Louise Pratt); o aeroporto como zona fronteiriça que vai propiciar o encontro de culturas em transição (James Clifford); o ,"maravilhamento" (Stephen Greenblatt) e o orientalismo (Edward Said). O

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encontro entre as mulheres ocorre em um saguão de um aeroporto, e o contato dá-se por poucas palavras em inglês. Após momentos de "contato", a mulher ocidental chega ao final de sua narrativa e parece "resolver" sua questão: deseja mostrar à Muçulmana que aceitava, resignadamente, a posição de mulher. E assim, abraça o marido, marcando, frente à "outra", sua posição de mulher. A recompensa é o lindo sorriso que a Muçulmana lança-lhe e, num momento de epifania, seus olhares se cruzam e o ciclo se fecha, a revelação surge e então a questão "cultural" se estabelece como irreversível, a despeito de todas as conquistas femininas, principalmente no mundo Ocidental. SEIS PROPOSTAS PARA LAVOURA ARCAICA

Prof. Verônica Daniel Kobs Letras – Uniandrade

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Como na obra de Calvino, as propostas para analisar Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, serão apenas cinco, e com uma inversão: lentidão, em vez de rapidez. Com exceção da multiplicidade, todas as outras são complementares, no romance, e parecem ser motivadas, sobretudo, pela contemplação. Um certo resquício do estoicismo, que contraria os impulsos, combina-se perfeitamente aos preceitos do Islamismo e do Catolicismo, presentes no romance. A função da filosofia, da religião ocidental, concretizada, sobretudo, através das parábolas do semeador, do filho pródigo e do faminto, e do que tipifica a religião da cultura oriental, que, como em um palimpsesto, parece fazer surgir, sob cada palavra da história, um ensinamento do Alcorão, é o reforço mútuo. Por isso, ao contrário do efeito polifônico, geralmente relacionado à multiplicidade criada por essas diversas vozes e crenças, Lavoura arcaica privilegia a síntese. Assim, a multiplicidade é ilustrada pelo pensamento de André e pelo conflito ideológico entre pai e filho. “Há a obra que corresponde em literatura ao que em filosofia é o pensamento não sistemático, que procede por aforismos, por relâmpagos punctiformes e descontínuos; [...].” (CALVINO, 1998, p. 132). Das “propostas” de Ítalo Calvino, apenas a multiplicidade não concorre de modo direto ao teor imagético do romance de Raduan Nassar. É como se sob a égide da visibilidade estivessem as demais propostas: leveza, exatidão e lentidão. Na leveza, cabe à linguagem a qualidade de se opor ao peso dos conflitos e da própria existência dos personagens. Tanto no livro como no filme homônimo, dirigido por Luís Fernando Carvalho, principalmente no que se refere à infância, as lembranças de André são leves, porque são puras e representam um anseio de liberdade, e são também nítidas, descritas de modo longo e detalhado. “A leveza [...] está associada à precisão e à determinação, nunca ao que é vago ou aleatório.” (idem, p. 28). Calvino associa a exatidão ao adjetivo icastico, que pode ser considerado o maior atributo de Lavoura arcaica, pela proximidade naturalmente propiciada entre literatura e cinema, o que facilita, sobremaneira, o processo de transposição intersemiótica. O que pode ser reproduzido em imagens é a parte concreta da história e o que fica no plano mais abstrato ainda alcança, no texto, a concretização através da metáfora, daí o fato de a fidelidade percebida na adaptação do romance poder ser encarada como mera conseqüência do estilo do romancista. VISUALIDADE E LITERATURA

Prof. Verônica Daniel Kobs Letras – Uniandrade

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No período entre os séculos XIX e XX, duas contribuições foram de grande importância para o aspecto visual na literatura: os experimentos de Mallarmé com o discurso sincrético; e as vanguardas européias, que, da pintura, fundamentalmente, passaram a influenciar a literatura. Como Mallarmé, Mondrian, em “Broadway woogie-boogie”, destacou a fragmentação, a complementaridade e o aproveitamento do espaço em branco. Desde o Modernismo, esses recursos foram se somando à síntese do método ideogrâmico, a uma maior relação entre forma e significado e à inter-relação das línguas, a exemplo de poemas de Pound e Eliot. Todas essas mudanças interferiram de modo decisivo na produção do discurso literário e levaram à frente as idéias que fundamentaram o Modernismo, já que se optava pela desconstrução e pela conseqüente renovação do conceito de verso. Da estrutura, passou-se ao questionamento do conteúdo, no que se referia à arbitrariedade do signo, o que constituía crítica a toda e qualquer convenção, como a gramática e a teoria literária. Na poesia, merecem destaque Mário e Oswald de Andrade. O primeiro, por lançar o conceito de “verso harmônico”, que, aparentemente, fragmentava o poema, transformando cada verso em uma cena. Assim, as composições passavam a potencializar a visualidade, ao fazerem do texto uma sucessão de “frames”, tal como em um filme, podendo esse recurso textual ser comparado à montagem cinematográfica, por exemplo. Já Oswald de Andrade, apesar de também organizar seus versos a partir do conceito de “frames”, dá ênfase à

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síntese, o que o liga fortemente ao Concretismo, da década de 1950. Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos investiram na rapidez, ao combinar imagens e palavras, pois se pretendia fazer “50 anos em 5”. Para tanto, nada melhor que a imediatez da imagem. De lá para cá, a imagem foi ganhando cada vez mais espaço, com movimentos ou tendências, como: Neoconcretismo, que exigia um produto artístico manipulável, propiciando interação com o leitor/espectador; Poema-processo, com seus diagramas também dependentes da participação do leitor, a exemplo de “Build your house/poem, using the code bellow”, de P. J. Ribeiro; e, contemporaneamente, o hipertexto, que tem espaço garantido nas produções de Augusto de Campos e Arnaldo Antunes. Separados ou em parceria, ambos os artistas recorrem às técnicas de colagem, embalagem e montagem, além de refletirem a globalização, com o hibridismo crescente, perceptível, sobretudo, pela relação interartes, que mistura recursos de diferentes mídias, como literatura, música e computação gráfica. CULTURAS QUE VOAM

Raquel Pereira Bittencourt; Prof. José Endoença Martins Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] Este trabalho tem como objeto de estudo o nomadismo ou semi-nomadismo (na ótica do branco) ou migração (na visão doíndio) da etnia tribal conhecida como Guarani, que tenciona buscar a “terra do sem mal” em comparação com o mito dos afro-descendentes oriundos do Caribe, Estados Unidos e América, sobre o “Africano Voador” e que pretendem, um retorno a África. Os mitos giram em torno do encontro da terra prometida, tanto por índios, quanto por afro-descendentes, porém com nomes e circunstâncias diferentes, mas com o mesmo ideal. Os indígenas que na atualidade, foram quase que totalmente banidos das terras onde poderiam obter seu sustento, ainda sonham em encontrar a terra do sem mal, onde terão alimentação em abundância e nenhum mal jamais os perseguirá. Considerados índios aculturados, por vestirem trajes feitos de algodão, e tentarem concordar com o homem branco, são tidos como indígenas que não necessitam de terras, uma vez que não “lutam” por ela. Os afro-descendentes por conseguinte, foram obrigados a modificar seus hábitos, cultura, pensamento e modo de viver em função da miscigenação com o homem europeu. Escravizados, arrancados e dizimados de suas terras, alguns deles alimentavam o sonho de voltar para a África voando. Muitos foram dispersos por vários locais do mundo, atravessando o oceano atlântico e vindo para lugares além mar. Sonhando retornar a África, muitos deles guardaram dentre de si a esperança de retorno a Pátria. O principal objetivo é demonstrar a aparente dicotomia entre os dois “mitos” (nome eurocentrista), pois para as duas culturas, não trata-se de mitologia, mas sim fatos históricos e culturais, passados na oralidade e que de certa forma, constitui algo concreto, real e não abstrato. Também pretende-se analisar a ocorrência de modificação das características culturais do texto de partida em função dos interesses da cultura de chegada, que por sua tradição oral, foram se modificando com o passar dos tempos. A análise será realizada a partir dos pressupostos defendidos pelos escritores afro-descendentes e indígenas, dentre eles pode-se destacar Stuart Hall, Toni Morrison e Paule marshall para os afro-descendentes, bem como , escritores indígenas tais como Daniel Munduruku, Eliane Potiguara e Olívio Jecupé. SENDO MODERNO NO ARCAICO DA LAVOURA: UMA ANÁLISE DA IDENTIDADE DA OBRA DE RADUAN NASSAR

Rodrigo Augusto Kovalski;Prof. Brunilda T. Reichmann Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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Este trabalho pretende abordar a questão de identidade dos personagens no romance Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. Com referências em autores lingüísticos, como HALL (2005), WOODWARD (2000) e SIGNORINI (2006), fixamos nossas reflexões para fazer uma das leituras possíveis da obra através do conceito de identidade lingüística, seus movimentos e abordagens e como a língua é resultante no discurso para a formação no processo de identidade. Entende-se que a identidade é formada ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não algo inato, que existe no sujeito no momento do nascimento, sendo a identidade sempre incompleta, estando sempre “em processo”, sempre “sendo formada”, ou seja, é um processo sempre em andamento. A identidade, portanto, surge de uma falta de inteireza do indivíduo, que busca ser “preenchida” a partir do mundo exterior. Com essa visão da identidade como processo em andamento, discutiremos sua crise como parte de um processo mais amplo de mudança, a qual desloca estruturas externas e internas de processos centrais das sociedades e dos indivíduos e abala os quadros de referência que dão aos sujeitos uma ancoragem estável no mundo. E é através desses fatores que nortearemos

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esta pesquisa, mostrando a transição dos personagens avô > pai > filho na obra, através da égide das gerações e do tempo, vistos como recursos da narrativa textual. Tentaremos comprovar, na narrativa, a transição do sujeito iluminista para o sociológico a caminho do moderno e as lutas pelas quais passam esses sujeitos nessa transição temporal. Estas lutas marcam a diferença do indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado de capacidades de razão, de consciência e de ação (sujeito iluminista), para o indivíduo sociológico com sua identidade sendo formada na “interação” com a sociedade, do externo junto com o interior psicológico. Por fim, abordaremos alguns aspectos necessários para suscitar uma reflexão e discussão a respeito dessa evolução hierárquica cultural, a fim de contribuir para a alteração de pontos de vista a respeito da importância dos estudos de identidade lingüística e suas relativas implicações em obras literárias, neste caso: Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. INCLUSÃO SOCIOCULTURAL DAS REPRESENTAÇÕES DO ALUNO NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: A INFLUÊNCIA DAS AGÊNCIAS DE LETRAMENTO

Samanta Lobato de Queiroz; Prof. Marlei Gomes da Silva Malinoski; Prof. Cristiane de Oliveira Busato Smith

Letras – UTP [email protected]

O objetivo deste artigo é divulgar o resultado de uma pesquisa feita com dez professores, de Língua Portuguesa, da rede pública de ensino, no município de Curitiba, PR, entre Julho de 2006 e Agosto de 2007. A pesquisa foi realizada como proposta investigativa de iniciação científica vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da UTP (PROPPE). A investigação se utilizou dos relatórios oficiais contidos no site INEP-Instituto Nacional de ensino e pesquisa, obtidos com base na PROVA BRASIL. Essa investigação se deu em três momentos. No primeiro momento, foram escolhidos cinco colégios do município de Curitiba, obedecendo a dois critérios. Primeiramente, a divisão por regiões/núcleos de ensino, estipulado pela SEED. Em seguida, um mapeamento do desempenho desses colégios na avaliação de Língua Portuguesa aplicada aos estudantes da 8ª série, na PROVA BRASIL, de 2005. Em um segundo momento, dois professores de cada um dos colégios escolhidos, que atuavam como professores de Língua Portuguesa nesses colégios em 2005, foram entrevistados. E finalmente, essas entrevistas foram contrapostas com o resultado, da PROVA BRASIL, dos alunos desses mesmos colégios. O objetivo foi investigar a conexão entre o fracasso escolar no exame oficial de 2005(PROVA BRASIL) dos estudantes da Educação Básica e a artificialidade em que se dá a prática lingüística em sala de aula. A partir dos dados resultantes dessa pesquisa foi possível concluir que os professores entrevistados não têm sistematizado os conceitos de ensino, frente a tantas propostas de ensino por uma abordagem de compreensão da linguagem, pois não privilegiam a aquisição cultural e social da língua, dentro de uma abordagem das agências de letramento o que ocasiona uma fragmentação do ensino de língua portuguesa. A conclusão vem a confirmar a hipótese de pesquisa de que os resultados obtidos nas provas oficiais que indicam um fracasso escolar na sistematização da aprendizagem de língua materna, se dão por um distanciamento entre o ensino, pautado na estruturação da língua e o uso configurado na compreensão dinâmica da linguagem. Os autores que referenciaram esse trabalham são: Luiz Carlos Travaglia(1996), com as concepções de linguagem e gramática e sua proposta de ensino de língua materna; César Coll Salvador(1994), que trás a compreensão do processo de construção do conhecimento; e Roxane Rojo(2000), com os PCNs e a prática da linguagem em sala de aula; Lia Scholze(2007) e Ângela B. Kleiman (2001), com o conceito de Letramento. O FALSO “EU” E OS OBJETIVOS DO “EU” VERDADEIRO NAS AÇÕES DE DOMINAÇÃO DO SUJEITO COLONIAL

Saul Bogoni; Prof. Thomas Bonnici Mestrado em Letras – UEM

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O presente artigo analisa 12 páginas da narração feita pelo tenente-coronel Affonso Botelho de Sampaio, sobre o primeiro encontro que teve com os índios do sertão do Tibagi, nos campos de Guarapuava, enfocando o que está subjetivamente incorporado ao “eu” colonialista em relação ao “outro” colonizado. Embora subjetivamente os acontecimentos relatados mostrem uma determinada consideração do colonizador – homem branco, europeu, representante português – objetivamente há um “eu” verdadeiro que vai se manifestar posteriormente ao domínio visado. Essa manifestação não acontece de forma abrupta, uma vez que as verdadeiras finalidades da invasão territorial eram encobertas por um véu que só se revelaria em

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momento posterior, de forma velada, mas implacável.Através da dissimulação, o europeu invadiu as terras e atingiu o seio da organização tribal daquela região, com o intuito inicial de conquistar a confiança e a simpatia do sujeito a ser colonizado. O objetivo inicial era apenas o contato com os indígenas, com a pretensão de conquistá-lo para a fé cristã. Entretanto, aos poucos essa aparência foi sendo desfeita, revelando-se a verdadeira intenção dos europeus colonizadores. Este artigo pretende, assim, mostrar que nas ações da colonização, mesmo considerando-se o aspecto humanitário, religioso e cultural, existe um falso “eu” (ou o “eu verdadeiro”) que direciona essas ações visando “enganar” o “outro” para anular a sua subjetividade, sem que isto faça parte de um plano arquitetado objetivamente, mas intuitivamente, para atingir a dominação, como analisam teóricos como Babha (1998), Bonnici (2000) e Souza (1994). A troca de objetos narrada nos primeiros contatos aguçam a curiosidade de ambas as partes, como diz Frantz Fanon (referido por Souza, 1994) e constroem os laços afetivos, melhor explorados pelos europeus colonizadores que, por fim, servem-se de tal situação para prevalecer sobre o sujeito colonizado. O CINEMA ESPANHOL EM SALA DE AULA

Suzana de Carvalho Lima; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Letras – Uniandrade

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“O jovem de 12 a 20 anos está cada vez mais desinformado porque, progressivamente, lê menos, escuta menos rádio e assiste mais à televisão, porém, dá preferência, nessa ordem, a filmes, programas de esporte, novelas e, só então, a telejornais.”Essas são conclusões da pesquisa O Jovem e a Mídia, realizada em 1999 e comentada pelo O Estado de S. Paulo em reportagem publicada no mesmo ano. Como muitas outras amostras quantitativas e qualitativas continuam demonstrando a mesma realidade, as escolas que inicialmente se alarmaram, trataram de incorporar à sala de aula atividades com outras linguagens, outros instrumentos que não os textos escolares. Nessa onda, diversas publicações surgiram tratando de linguagens relativamente novas como o cinema, sempre identificando infinitas qualidades e propriedades quase terapêuticas no gênero. Um desses autores, por exemplo, BLASCO, professor de Medicina da Família, observou no cinema uma maneira de “humanizar” seus alunos-médicos a fim de que não descuidassem da pessoa-paciente, concentrando-se apenas em doenças. Conforme suas palavras, “os que tratam com o ser humano requerem, em primeiro lugar, uma educação afetiva, que lhes faça voltar para o seu semelhante.”. (BLASCO, 2006:11) Não só formadores de profissionais da saúde desejam formar alunos com uma visão mais humana, esse também é o objetivo do professor de língua estrangeira, o qual está resumido nas palavras da professora Selma Martins Meireles: “A sociedade é feita pelos seres humanos, não pelas máquinas e processos tecnológicos, e apenas com o aperfeiçoamento e a valorização do material humano a sociedade moderna pode se estabilizar e seguir o seu caminho.” Da mesma forma, a tão propalada Abordagem Intercultural visa à formação do aluno que interpreta “outras formas de comportamento, concepções e valores de uma cultura, tendo como pano de fundo sua própria cultura, suas experiências pessoais.” (Meireles, 2006:158) Isto é, o médico, a professora, a sociedade em geral prevê a importância de formar um indivíduo capaz de importar-se com o outro, compreender as diferenças do outro, ao mesmo tempo, respeitando-se a si próprio como ser humano. Segundo BLASCO, “O cinema é também um elemento humanizador, um modo de explicar a vida humana (...). É um jeito de ver a vida, os homens, de aproximar-nos deles para entendê-los.” (Blasco, 2006:12). Então, se o cinema tem um papel tão relevante na nossa vida, como devemos trabalhar um filme numa sala de aula de língua estrangeira? O cinema é um instrumento para melhor compreender o outro e a sua cultura, e nesta comunicação faremos sugestões de como trabalhar o musical espanhol Carmen la de Ronda (1959). EUROPA E JAPÃO? O QUE TEM EM COMUM NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS?

Suzana Fukumoto; Prof. Regina Amelia Darriba Rodriguez Celin – UFPR

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Turmas lotadas no primeiro nível de Língua Japonesa, uma pequena diminuição no segundo nível, uma perda considerável a partir do terceiro nível. Por que será que isso acontecia no curso de língua Japonesa? Onde está o problema? O que as línguas de origem européia ensinadas no CELIN-Centro de Línguas e Interculturalidade da UFPR – Universidade Federal do Paraná fazem que não tem uma perda tão significativa? Fomos estudar, os materiais didáticos dessas línguas, e depois analisando os livros de japonês, preto e branco, sem nenhuma informação em português, poucas figuras, o aluno que perdia por motivos de saúde ou trabalho duas semanas de aula, quando retornava para a sala de aula parecia completamente alheio.

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Mas como estudar em casa? Se ele ainda está num nível inicial de língua, e não consegue ler uma frase inteira em kanji? Os materiais de japonês como língua estrangeira, são elaborados no Japão para serem usados por estrangeiros imersos no Japão, essa não é a nossa realidade, estamos do outro lado do mundo. Falamos do aniversário dos Cem Anos em 2008, dos primeiros imigrantes japoneses no Brasil, mas não tínhamos analisado de maneira eficiente como os brasileiros aprendem línguas estrangeiras, e como poderiam aprender essa língua que há cem anos está em contato direto com a nossa, influenciando vários costumes, principalmente a culinária. A conclusão a que chegamos é que precisamos ter um material didático que contemple as necessidades dos nossos alunos. E se vamos produzir um livro, um material didático, um manual de Japonês para brasileiros, onde podemos consultar as referências norteadoras desse material? Quando alguns países europeus se uniram e formaram o Mercado Comum Europeu, os lingüistas desses países também se uniram e depois de dez anos de pesquisa montaram um documento chamado Marco Comum Europeu de Referência para as Línguas, o objetivo desse documento é proporcionar uma base comum para a elaboração de programas de línguas, orientações curriculares, provas, manuais e materiais de ensino, critérios de avaliação. O material didático de japonês que estamos produzindo se baseia nesse documento. Nesta comunicação pretendo expor como está dividido o nosso material, quais são os conteúdos programáticos e como são trabalhados, visto que já estamos testando esse material em sala de aula com resultados positivos. A CONSTRUÇÃO DO UNIVERSO FEMININO NO FILME VOLVER

Prof. Regina Amelia Darriba Rodríguez; Vagner Junior de Alencar Carreira; Vanderléia Belarmino

Letras – UFPR [email protected]

O último filme do espanhol Pedro Almodóvar tem como título Volver. O diretor manchego, nascido em Calzada de Calatrava, na região de Castilla y La Mancha, a mesma terra dos moinhos de vento do famoso fidalgo Don Quijote de La Mancha, personagem espanhol mais famoso da literatura universal tem em comum não apenas a região de La Mancha, mas também a influência do vento solano. Almodóvar nunca demonstrou tanto interesse na sua terra natal, que necessidade tem ele agora, aos cinqüenta e seis anos, de voltar ao passado? Será que estamos assistindo a uma crise de identidade? Para Kathryn Woodward a busca da reafirmação da identidade, supostamente perdida, é procurada no passado, porém ao fazer essa busca provavelmente se reproduzirão novas identidades. Se novas identidades serão reproduzidas, conseguimos entender o porquê de Raimunda, interpretada por Penélope Cruz, no ano de 2006, se vestir e se parecer com a atriz italiana Sophia Loren nos anos 50, inclusive ganhando no filme as mesmas curvas generosas da musa italiana. O próprio Almodóvar reconhece que neste filme ele volta muitas vezes ao seu passado, volta à comédia, ao universo feminino, a sua terra natal, a sua variante lingüística, a sua gastronomia, aos pátios internos da sua infância, às ruas de paralelepípedos, volta a trabalhar com a atriz Carmen Maura, depois de um recesso de dezessete anos, volta à maternidade, e volta principalmente a sua mãe, porque para Almodóvar voltar a La Mancha é voltar ao seio materno. Nesta comunicação pretendemos mostrar como o universo feminino é construído nessas idas e voltas do presente e do passado, como as relações familiares dentro da sociedade espanhola são matriarcais, e qual é o papel da morte nessas relações desde a perspectiva de Almodóvar, que confessa que não entende e não aceita o desaparecimento implacável de tudo que está vivo e que com o passar do tempo ele se sente angustiado com a morte, não somente a sua, mas também das pessoas que lhe são queridas. ENTRE O UNIVERSO ADULTO E O INFANTIL: A UNIDADE POÉTICA DE CECÍLIA MEIRELES

Vânia Estrasulas de Vargas; Prof. Sigrid Renaux Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

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No passado, a poesia foi considerada como a mais legítima forma de expressão de arte na área de literatura, sob a forma da epopéia, do drama e da comédia. Na sociedade moderna, porém, com o apelo à praticidade e à automatização - inclusive dos sentimentos -, além da rejeição ao subjetivismo e à introspecção, vimos o surgimento e a valorização do romance como maior manifestação no universo literário, e a poesia, que nesse momento era mais reconhecida sob sua forma lírica, perdeu seu status e foi relegada a segundo plano. Por outro lado, a literatura destinada à criança, e em especial a poesia produzida para o infante, sempre foi considerada como um gênero menor em relação àquele destinado aos leitores adultos desde seu surgimento,

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juntamente com o próprio conceito de infância, em meados do século XVIII. Esse preconceito se deve ao fato de a literatura infantil sempre ter servido a interesses diversos, como por exemplo, ao pedagogismo, e não essencialmente ao poético, como acontecia com a poesia destinada ao público adulto. Isso não acontece, porém, com a obra poética de Cecília Meireles, que acabou deixando transparecer marcas da história de vida da poetisa tanto em sua poesia adulta, quanto naquela destinada às crianças. Desde muito cedo em contato com as perdas da vida, Cecília expressou em sua poética, através de compensatórios jogos de evasão, a forte sensação de deslocamento e de orfandade com a qual sempre conviveu. A intimidade com a temática da morte resultou em uma produção poética consciente da transitoriedade da vida e da fugacidade do tempo, que busca a universalização e a unificação das coisas, através da conciliação entre o efêmero e o eterno, valendo-se para tanto de fluidez rítmica e semântica. Tendo em vista o contexto delineado, a proposta desta pesquisa é contribuir para a legitimação da literatura infantil enquanto gênero que comporta textos poéticos de qualidade, através do cotejo entre os elementos recorrentes encontrados na obra poética adulta e infantil de Cecília Meireles, especialmente no que diz respeito à imagética e à sonoridade, evidenciando, dessa maneira, a universalidade poética ceciliana, independentemente do público ao qual o texto se destina. O DIONISÍACO EM LAVOURA ARCAICA: MOVIMENTOS DA VIDA PARA A MORTE

Brunilda T. Reichmann; Paulo Roberto Pellissari Mestrado em Teoria Literária – Uniandrade

[email protected] Este trabalho visa discutir as danças como um imaginário dionisíaco presente no romance Lavoura arcaica, de Raduan Nassar (1975), fazendo referência ao filme homônimo, de Luiz Fernando Carvalho (2001), sempre que pertinente. Trabalhamos a “sensibilidade dionisíaca” de André e da irmã Ana, trazendo para o primeiro plano, em alguns momentos, também a figura da mãe, com seu excesso de afeto, e do pai, patriarca rígido que durante as festas tem a rigidez “umedecida” pelo vinho. A narrativa é tecida com devaneios, lembranças – dentre elas a dança de Ana –, silêncios, sermões ostensivos do pai, carinhos excessivos da mãe, enfim, de fragmentos do passado. Para analisar o elemento dionisíaco em Lavoura arcaica, usaremos como embasamento O nascimento da tragédia, de Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, e a tragédia grega As bacantes, de Eurípedes. Em O nascimento da tragédia, Nietzsche resgata o interesse por Dionísio, deus mitológico grego que rompe barreiras de repressão e prega a liberação por meio de qualquer tipo de embriaguez, até a embriaguez da loucura. A essência dionisíaca em Lavoura arcaica é trazida a nós o mais próximo possível, pela analogia com a embriaguez, cuja atmosfera de beberagem narcótica, da qual todos os povos e homens primitivos falam em seus hinos, são também os substratos que “perturbam” o universo regrado da família no romance de Raduan Nassar. Dentro dessa temática, damos prioridade às narrativas das duas danças de Ana, regadas a vinho – tanto a narrativa quanto às danças. À Ana não é concedida nenhuma fala durante a narrativa pelo autor ou narrador, circunscrevendo desse modo o silêncio que impera entre as mulheres em sociedade profundamente patriarcal. Mas à Ana é concedida a volúpia de movimentos da dança. Na primeira delas, os movimentos sensuais de Ana, protagonista feminina, destacam-se dos movimentos mais contidos da dança dos outros descendentes de libaneses e revelam vida interior exuberante e prazer. Na segunda e última dança, Ana torna-se uma das “bacantes” ou seguidora do deus Dionísio e atinge o ápice do dionisíaco, pelas vestes e adereços; pela sensualidade, expressões e movimentos audaciosos, pela embriaguez. Sua ousadia transforma-se, pela interferência paterna, em dança para a morte e desfecho da narrativa. TEXTO, CONTEXTO E PRETEXTO: H.G. WIDDOWSON E A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO

Adriana Cristina Sambugaro de Mattos Brahim

Letras - Uniandrade [email protected]

A Análise Crítica do Discurso, segundo Norman Fairclough (1989, 1992, 1995, 2003), preocupa-se com a desconstrução ideológica dos textos. Em sua proposta, Fairclough enfoca a ligação entre língua e relações de poder, bem como entre discurso e mudança social. Ele vê o uso da língua como uma prática social em relação dialética com outros fatores sociais, ao mesmo tempo em que identifica três dimensões no discurso: o texto, a interação e o contexto social. Para H. G. Widdowson (2004) a Análise Crítica do Discurso proposta por Fairclough não é crítica em relação a seus princípios e práticas. Esta questão emerge a partir da própria definição de texto e discurso que, para Widdowson, não fica clara nos trabalhos de Fairclough. Assim, o que parece análise crítica do discurso se constitui de uma análise crítica de textos, por ser, também, uma proposta que tem como base a Gramática Sistêmico Funcional de Halliday. Para Widdowson (2004), agora, como em nenhum outro da história, é crucial ser crítico em relação ao modo como a língua é usada para manter a

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hipocrisia, para distorção da verdade e a supressão dos direitos humanos. Neste sentido, a Análise Crítica do Discurso é uma ferramenta poderosa para desconstruir determinados discursos apresentados como verdadeiros e absolutos. Porém, o modelo de Análise Crítica do Discurso que se apresenta não dá conta de uma análise profunda de discursos. Para ele, interpretação é o processo de se obter um discurso a partir de um texto. Esta atividade de interpretação será sempre realizada a partir da relação entre texto, contexto e pretexto. Ainda para Widdowson, qualquer texto tem o potencial semântico para significar muitas coisas. Estes significados surgem sempre de forma pragmática e dependem de como estes fatores (texto, contexto e pretexto) atuam no momento da interpretação. Não importa se a análise de um determinado texto será detalhada ou não. As características textuais que são ativadas no momento da interpretação são somente aquelas que podem ser percebidas, conscientemente ou não, para serem contextualmente ou pretextualmente relevantes. Se é assim que acontece, o que precisamos questionar é como diferentes contextos e pretextos podem atuar no mesmo texto para gerar diferentes interpretações. Música AS CANÇÕES NO TEATRO MUSICAL NORTE-AMERICANO

Alexandre de Oliveira Bádue; Prof. Zélia Chueke Música – UFPR

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Através do exame de diversas peças do teatro musical norte-americano, percebe-se uma coincidência no que diz respeito à forma como as canções servem como elemento dramático, desempenhando um importante papel no desenvolvimento do personagem/ou no avanço da estória. Neste sentido, as canções começaram a ser valorizadas a partir da década de 1920, quando surgiram as primeiras peças que integravam música e trama com mais realismo do que podia ser verificado nas operetas, e com uma linguagem diferente daquela comum às óperas. Foram observadas semelhanças entre todas as peças exploradas, no que diz respeito às canções e à forma como eram incluídas no libreto. A partir destas constatações, torna-se possível classificar estas canções em oito tipos diferentes, considerando seus aspectos musicais e textuais e como estes favorecem a compreensão do enredo. Enquanto o leitor de um romance adquire conhecimentos sobre a vida e os sentimentos dos personagens através de seu comportamento no decorrer da estória, no teatro musical não há tempo suficiente para que as características de um personagem sejam mostradas uma a uma. O que se canta, como se canta e o canto de um personagem acompanha suas ações, provam-se aspectos fundamentais para sua caracterização. A partir destas idéias, as canções foram então classificadas como sendo “canção-título”, “de expressão”, “de transição”, “de compreensão”, “de decisão”, “de amor”, “de entretenimento”, ou simples “momentos musicais”. Os termos usados nesta classificação foram ora retirados de textos publicados por estudiosos do assunto, ora nomeados pelo autor dessa pesquisa, seja a partir da análise realizada, ou baseado em aspectos históricos. Não se pretende aqui sugerir a existência de um modelo para todos os musicais no tocante a utilização do material sonoro, nem tampouco que existam momentos específicos considerados fundamentais onde a utilização da musica venha a caracterizar o gênero. No entanto alguns deles são comuns a várias peças, tais como: a abertura, o número de abertura, a canção de expressão do personagem principal, o final do primeiro ato, o entreato, a primeira canção do segundo ato, a reprise, o showstopper (momento de clímax na estória ou na vida de um personagem) e o final da peça. Musicais completamente diferentes, escritos em épocas também diferentes por compositores que sofreram as mais diversas influências, podem apresentar estas mesmas características, com o mesmo propósito: o entretenimento.

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Cursos Tecnológicos Produção Cultural de Eventos PROJETO ELIFAS ANDREATO – COLEÇÃO HISTÓRIA DA MPB

Francielly Marcassi; Prof. Josiany Vieira Produção Cultural e Eventos – Uniandrade

[email protected] Este projeto tem como finalidade relatar o processo de criação, os cantores e compositores que inspiraram Elifas Andreato na criação da Coleção História da MPB. A contribuição que Elifas deixou para a cultura brasileira ocorreu por volta de 1970, quando o jovem artista foi convidado para ser o responsável pelo projeto gráfico da coleção. Os Lps eram vendidos nas bancas de revistas, mas as capas chamavam mais atenção que os mesmos. Traziam uma diagramação revolucionária pra a época e eram feitos após rodadas de chopp e de sinuca, que Elifas promovia com os compositores a quem iria retratar. Isso serviu para que o jovem artista paranaense conhecesse melhor cada um dos cantores e compositores para que conseguisse colocar nas capas a personalidade de cada um que iria ser retratado. Foram quase 500 capas de lá pra cá. Desde Pixinguinha à Zeca Pagadinho, praticamente todos os compositores e cantores do Brasil que revolucionaram a música popular e tiveram o privilégio de contar com uma obra de Elifas Andreato em sua discografia. Dentre essas 500 capas, 100 fazem parte de uma coleção particular e serão mostradas em exposições, contando a história da MPB. No projeto desde quando foram criadas as capas, os músicos e os compositores que inspiraram Elifas Andreato na criação da coleção História da MPB. Tudo o que se faça sobre a MPB é oportuno e importante. Uma notícia no jornal, um programa de rádio, um show na tv, um evento qualquer, um festival, um encontro de pesquisadores – tudo. Porque a música nos leva ao encontro de nós mesmo para descobrir nossa identidade, a conhecer a nossa própria história, a história da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país. A música brasileira faz parte da alma brasileira. É uma das formas de arte de expressão do povo. As riquezas de informações que a música vem oferecendo ao longo da nossa história, ela foi deixada de lado, e está fazendo parte de documentos vivos da nossa história. Por isso a importância de resgatar essa memória viva por meio de exposições da Coleção História da MPB. UM ESTUDO SOBRE AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO

Prof. Aleteia Ferreira Vasconcellos Produção Cultural e Eventos – Uniandrade

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A evolução tecnológica provocou grandes alterações em nossas vidas, focando nas estratégias de comunicação e marketing empregadas na divulgação de bandas e shows na cibercultura, a qual trabalhamos como sinônimo da cultura contemporânea, destacando a internet que nos proporciona novas formas de comunicação e interação entre o público e as bandas. Um dos maiores benefícios dessa evolução foi o desenvolvimento das formas eficientes e rápidas de acesso à cultura e troca de informações. Transpondo esta situação para o cenário musical, encontramos uma verdadeira revolução, inimaginável no início dos anos 90, na qual nunca foi tão rápido conhecer novos artistas e, no caso dos músicos e bandas mostrar seu trabalho para o mundo, atingindo milhões de pessoas. Um exemplo é o grupo de axé Asa de Águia que fez a gravação do show ao vivo para o seu DVD e transmitiu tudo no site oficial da banda. Os fãs puderam conferir na íntegra o show. Apesar da crise das grandes gravadoras, nunca se consumiu tanta música quanto atualmente. Basta pensar na quantidade de músicas que circulam pelos milhões de tocadores de mp3 por todo o mundo e lotam HD’s de computadores. A música está em todos os lugares e as bandas alcançaram um nível de independência até então inédito. Uma ótima divulgação pode ser feita pela internet utilizando ferramentas gratuitas e até mesmo os custos de gravação das músicas podem ser reduzidos, graças aos estúdios caseiros e seus softwares de produção e edição. A internet passa a ser uma das principais elos entre artistas e público, é importante que este meio seja bem utilizado, explorando todas as suas possibilidades. No site http://www.buscaki.com.br/busca/musicas/promocao_marketing. php encontramos uma lista com mais de 80 sites que fazem divulgação de bandas e shows na rede. A internet possibilita o armazenamento e divulgação de todo o material produzido pelas bandas, sejam músicas, vídeos, fotos ou qualquer outro arquivo digital. Um elemento importante proporcionado por estes serviços é a interatividade, tornando banda e ouvintes muito mais próximos, em alguns casos, até mesmo eliminando essas barreiras (como nas produções coletivas e abertas) e tudo sem custos para os usuários. Exemplificando a banda Arctic Monkeys, famosos no MySpace e depois em todo o mundo. A banda que iniciou carreira na

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Internet foi convidada para participar do TIM Festival – um dos principais eventos de música do Brasil devido ao sucesso que conquistou na rede mundial de computadores; banda Cansei de Ser Sexy do TramaVirtual para os palcos americanos e europeus e também a banda curitibana o Bonde do Role são fenômenos inimagináveis sem a internet. MySpace é a maior comunidade mundial, já consolidada, através da qual é possível entrar em contato com pessoas e bandas de todo o mundo. O TramaVirtual é o maior e melhor site do estilo no Brasil e também o que dá maior visibilidade. Ambos os sites possibilitam que as bandas adicionem fotos e mantenham blog, sendo que no MySpace há maior abertura para personalização da página e adição de vídeos. Por outro lado, o MySpace permite o upload de apenas quatro músicas, enquanto na TramaVirtual o limite é bem maior, mas não é divulgado o espaço e há o sistema de "download remunerado", através do qual as bandas ganham dinheiro de acordo com a quantidade de downloads feitos das suas músicas. No Brasil, também encontramos as opções do Fiberonline (voltado para a música eletrônica), Palco MP3, Bandas de Garagem e Busca MP3. Outras opções são o iJigg, espécie de YouTube para músicas, e a gravadora aberta Jamendo, na qual as bandas disponibilizam álbuns inteiros para download sobre licenças Creative Commons. O Overmundo, site dedicado à cultura brasileira, o banco de cultura do site possibilita o envio de áudio, vídeo, fotos e textos, sendo que, para ser publicado no site, o conteúdo precisa receber um número mínimo de votos dos membros da comunidade. Os podcasts são ideais para publicar versões alternativas, lados-b ou demos. Entre os mais utilizados estão o Odeo e o Podomatic. Para postar vídeos o fenômeno é YouTube com a opção de cadastro especial para bandas. A maioria das bandas preferem fazer um Fotolog e divulgar suas fotos, outras alternativas são o Flickr, no qual a banda pode criar um álbum próprio, um grupo para si ou enviar suas fotos para grupos relacionados (como o indie BR, que reúne fotografias de bandas alternativas brasileiras) e o 8P. Também encontramos inúmeras comunidades virtuais no Orkut que são utilizadas para reunir fãs de uma determinada banda e gerar troca de informações. Outra comunidade que vem crescendo é Facebook. A comunidade Last.Fm possui espaço para cadastramento de shows, músicas, vídeos, fotos e descrições das bandas. Gravadoras também se cadastram na Last.Fm e editam informações de seus artistas. Os Blogs são uma ótima opção para quem não tem dinheiro para investir em um domínio, serviços como Blogger e Wordpress são os mais populares. Para armazenamento o 4shared é interessante por oferecer uma espécie de HD virtual, no qual pode criar pastas e escolher o que deseja compartilhar ou não. Outros serviços de armazenamento são o Rapidshare, Zshare, Sharebee e Mediafire. O Mugg é um agregador de notícias sobre música, onde cria um canal de informações no qual os próprios usuários definem o conteúdo. Twitter é um serviço que permite a publicação de pequenos textos de até 140 caracteres e que podem ser exibidos em outros sites e até recebidos por celular. O Del.icio.us. é um exemplo conhecido como "social bookmarking", algo como "socialização de sites favoritos". Serviço através do qual você pode gravar seus sites favoritos, organizá-los através de tags, acessá-los de qualquer computador e dividi-los com o mundo. Pode ser usado para agrupar tudo que sai na internet sobre sua banda, por exemplo. Serviços similares: Furl, Blinklist, Reddit, StumbleUpon e Ma.gnolia. Com a pesquisa conseguimos levantar as principais ferramentas disponíveis gratuitamente na internet, as quais são utilizadas como estratégias de comunicação e interação como o público alvo. OS BLOGS VIRAM MODA NOS EVENTOS DE MODA

Prof. Aleteia Ferreira Vasconcellos Produção Cultural e Eventos – Uniandrade

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Este trabalho tem como objetivo analisar a evolução dos blogs e sua relação nos maiores eventos de moda do Brasil. Os blogs comunicam, sociabilizam pessoas do mundo todo e viraram “febre” na rede das redes, a internet. De acordo com o buscador Technorati (site que organiza os blogs na rede) existem 70 milhões de blogs ativos no mundo e surgem 175 mil por dia. Em uma breve pesquisa encontramos 19.249 blogs com a tag fashion, 2.306 com a tag moda, no Google Pesquisa Blogs encontramos 2.493.754 com a palavra fashion e 82.813 com a palavra moda. Os blogs crescem a cada dia por permitir que sem nenhum conhecimento técnico qualquer pessoa publique os seu conteúdo na internet. E esse crescimento possibilita que essa ferramenta ganhe inúmeras utilidades, surgiu como diário pessoal – a mais difundida inicialmente na rede, depois vieram os blogs de jornalismo, entretenimento, corporativo, os blogs de moda, entre outras inúmeras finalidades. Os blogs conquistam seu espaço na cibercultura, de simples diários virtuais, conquistaram milhões de blogueiros e leitores. O intuito da pesquisa é estudar o blog como meio de comunicação, divulgação e interação nos eventos de moda, destacando o maior evento de moda da América Latina a São Paulo Fashion Week, criado em 2000 e hoje está na sua 23a. edição e possui uma quantidade significativa de patrocinadores com total

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cobertura da mídia impressa, televisiva e na internet. Os eventos de moda se apresentam sob a forma de desfiles, feiras, acontecimentos semanais, showroons, entre outros e servem para divulgar marcas e produtos, assim como integrar os profissionais responsáveis pela compra e venda, editores, críticos, jornalistas, formadores de opiniões e celebridades, são as pessoas responsáveis por impulsionarem o mercado de moda. Analisamos o evento São Paulo Fashion Week de janeiro de 2007, onde a empresa patrocinadora do evento - Motorola lançou o hiperblog Moto-à-Porter, e destacou a interatividade, maior contato com o seu público-alvo e com formadores de opiniões. O projeto desenvolvido contou com a proposta de informar o público sobre as novas tendências de moda e comportamento através do hiperblog que foi alimentado por blogueiros convidados, sendo 4 internacionais Face Hunter, Coolhunting, Worldchanging e Trendwatching. E 10 blogueiros nacionais entre eles Oficina de Estilo, Moda pra Ler, About Fashion, U_magazine, Runway Splash, Apocalipse Motorizado, Marketing de Moda, Objetos de Desejo, Santa Mistura, Descolex, no Cabide, Fabio Resende, os quais postaram, direto da Bienal, tudo o que aconteceu no lounge da marca, nos desfiles, bastidores e corredores do evento. Outra empresa que também utilizou como ferramenta de comunicação o blog foi a empresa Melissa que criou a campanha Ação Create Yourself contratando 4 conhecidas blogueiras do Brasil: MariMoon (São Paulo) recebe cerca de 70 mil acessos mensais no seu blog, que fala basicamente de moda, Ímpar (Amazonense radicada no Rio de Janeiro), faz a uma linha conselheira escrevendo sobre seu cotidiano e relacionamentos, recebe cerca de 35 mil acessos semanais, Loly (Pernambuco) que adora tendências e música eletrônica recebe cerca 7000 acessos por semana e Maluka (Santa Catarina), escreve de desabafos e declarações de amor recebe cerca de 4000 acessos por semana. Elas cobriram e acompanharam o evento e continuam atuando como consultoras da marca, sugerindo dicas de moda, customizando peças e apresentando os novos modelos das sandálias Melissas no blog e no site. Os dois exemplos foram divulgados em diversas mídias. O estudo acompanhou os posts dos blogueiros na cobertura do evento onde percebemos uma forte inteiração, com a citação dos links dos blogs, fotos, comentário e vídeos. Um outro exemplo é o evento Paraná Business Colection realizado em julho de 2007 em Curitiba, onde o blog Espaço da Moda foi o único blog a ser credenciado para fazer a cobertura do evento. Os blogs de moda conquistam seu espaço nos eventos de moda proporcionando a liberdade de expressão e interação que esta ferramenta proporciona.

V Seminário de Pesquisa e V Seminário de Iniciação Científica