Ç DQR Volume 2 - Conquista | Guia da Conquista...Geografia atividades 1 De acordo com os gráficos...

Capítulo 5População brasileira e seus movimentos 2

Capítulo 6 Espaço agrário brasileiro 22

Capítulo 7 Espaço industrial e comercial brasileiro 36

Capítulo 8 Espaço urbano brasileiro 56

Volume 2

capí

tulo

o que vocêvai conhecer

População brasileira e seus movimentos

5

DI CAVALCANTI. Cena de rua. 1931. 1 grafite, nanquim e têmpera, 33 cm × 23,2 cm.

Coleção Malba, Museu de Arte Latinoamericano, Buenos Aires.

• Distribuição da população brasileira no território nacional

• Crescimento da população brasileira

• Movimentos da população brasileira

• Imigração no Brasil

• Êxodo rural

• Fluxos migratórios no Brasil

Para compreender as características da popula-ção brasileira hoje, é preciso considerar que ela é forma-da por diferentes etnias.

Observe a pintura Cena de rua e reflita com os cole-gas e o professor: Quais as características dos brasilei-ros retratados nessa obra? Para você, o que significa ser brasileiro?

©Elisabeth di Cavalcanti

2

Geografia

• Entender os principais conceitos demográficos e a importância dos estudos sobre a população para a organização e o desenvolvimento de um país.

• Compreender a formação étnica da população brasileira e sua influência na forma-ção socioespacial do país.

• Investigar as causas e as características dos movimentos populacionais e seus refle-xos na conformação socioespacial brasileira.

objetivos do capítulo

Distribuição da população brasileira no território nacional

Os estudos geográficos são fundamentais para revelar informações e dados importan-tes sobre o território e a dinâmica da população de um país. Para isso, é necessário conhecer alguns indicadores a respeito da população: quantidade, densidade, distribuição e esperan-ça de vida. A Geografia utiliza esses conceitos demográficos para compreender melhor as dinâmicas populacionais e suas relações com o espaço geográfico.

Cada lugar ou área habitada pelo ser humano tem sua população, isto é, o conjunto de habitantes. O município onde você mora tem uma população, assim como a unidade da fe-deração, o país e o mundo.

Pesquise, no site do IBGE, os dados que estão faltando e complete a tabela.

Mundo Brasil Unidade da federação Município

7,6 bilhões (2019) 209 milhões (2019)

O total de habitantes de um lugar ou de uma área constitui a população absoluta. A quantidade de habitantes em relação à superfície ocupada ou habitada é a população rela-tiva, ou densidade demográfica. Para calcular a densidade, divide-se a população absoluta pela área ocupada.

Geralmente, uma área é expressa em quilômetros quadrados (km2). Em uma área ocu-pada, a densidade demográfica representa a quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.

Densidade demográfica =

população absolutaárea ocupada

3

Como exemplo, observe o cálculo da densidade demográfica (ou população relativa) do Brasil, cuja área é de 8 515 759 km2, e a população é de 209 288 280 habitantes, segundo estimativa realizada pelo IBGE em 2018.

Aplicando a fórmula mostrada anteriormente, obtemos uma densidade demográfica aproximada de 24,6 hab./km2.

Densidade demográfica do Brasil =

209 288 2808 515 759

= 24,6 hab./km2

Ao passo que a população absoluta mostra o quanto um local é populoso, a densidade demográfica revela o quanto ele é povoado. Você sabe qual é a diferença entre esses ter-mos? "Populoso" significa uma população numerosa. Refere-se à população absoluta, isto é, ao número total de habitantes sem considerar a área. Já "povoado" significa habitado, ocu-pado, referindo-se à população relativa, ou seja, à densidade demográfica.

Observe os gráficos. O primeiro mostra os países mais populosos do mundo, e o segun-do, os países com as maiores densidades demográficas.

19 347

7 915

1 935 1 454 1 265

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

Mônaco Cingapura Barein Malta Bangladesh

Mundo: países mais populosos – 2017 (em milhões de habitantes)

Mundo: países com as maiores densidades demográficas – 2017 (em hab./km²)

Fonte: THE WORLD BANK. Population, total – 2017. Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/SP.POP.TOTL?year_high_desc=true>. Acesso em: 6 fev. 2019.

Fonte: THE WORLD BANK. Population density – 2017. Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/EN.POP.DNST?year_high_desc=true>. Acesso em: 6 fev. 2019.

1 386 395 000 1 339 180 130

325 719 180263 991 380 209 288 280

0

200 000 000

400 000 000

600 000 000

800 000 000

1 000 000 000

1 200 000 000

1 400 000 000

1 600 000 000

China Índia EstadosUnidos

Indonésia Brasil

4

Geografia

atividades

1 De acordo com os gráficos da página anterior, complete a frase a seguir com as palavras do quadro.

Populoso Povoado

O Brasil, apesar de ser muito , é um país pouco , pois sua densidade demográfica é baixa.

2 Organize um glossário com os conceitos demográficos que você aprendeu até agora: demografia, densidade demográfica, população, população absoluta, população relativa, populoso, povoado.

3 Faça uma pesquisa para conhecer a população absoluta e a população relativa da unidade da fe-deração onde você vive. Depois, compare essas informações com as de outras unidades. Que posição a unidade da federação onde você vive ocupa em relação às mais populosas e povoadas

leitura cartográfica

No mapa, observe a distribuição da população no território brasileiro.

BRASIL: densidade demográfica – 2010

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 114. Adaptação.

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5

Com base no mapa da página anterior, responda às perguntas.

1 Quais áreas do país são mais densamente povoadas (superior a 100 hab./km²)?

2 Quais áreas do país são as menos povoadas?

3 Qual densidade demográfica predomina na unidade da federação onde você vive?

4 Em sua opinião, que motivos podem explicar a ocupação desigual da população no território brasileiro?

Como você pôde observar no mapa "Brasil: densidade demográfica", da página anterior,

a distribuição da população no território brasileiro é bastante desigual. Essa desigualdade

está relacionada aos processos socioeconômicos ocorridos ao longo da história do Brasil.

Durante o Período Colonial, a maior parte das atividades voltadas para o mercado exter-

no (exploração do pau-brasil, produção de açúcar, etc.) aconteceu no litoral, o que facilitava

também a ligação com a metrópole, Portugal. Nessas áreas, formaram-se as primeiras vilas

e cidades. A evolução da atividade industrial em São Paulo e no Rio de Janeiro também foi

decisiva para atrair pessoas a essa região, que já contava com infraestrutura de transportes,

construída durante o período da exploração do café.

Essa forma de ocupação inicial do território marcou profundamente a organização do

espaço brasileiro. Isso porque as maiores densidades demográficas ainda ocorrem em áreas

próximas ao litoral, onde vive a maior parte da população e onde se concentram os maiores

centros urbanos do país.

A outra parte da população brasileira está distribuída nas áreas interioranas. Essa dis-

tribuição aconteceu aos poucos, principalmente com a descoberta de jazidas minerais, em

especial em Minas Gerais, ainda no Período Colonial.

Entretanto, foi a partir da década de 1950 que o interior passou a receber um fluxo popu-

lacional mais intenso. Entre os vários fatores que intensificaram essa ocupação, destacam-se:

abertura de novas áreas agrícolas e de garimpo no

Centro-Oeste e no Norte, o que atraiu várias pessoas,

especialmente nordestinos e sulistas;

difíceis condições de vida em diversas áreas rurais,

marcadas pela falta de terra, ou pelo preço eleva-

do dela, e pelas poucas oportunidades de trabalho.

Em razão disso, muitos camponeses seguiram

para áreas de colonização agrícola no Norte e no

Centro-Oeste;

construção de Brasília, nova capital brasileira, que

atraiu milhares de nordestinos. Eles formaram a

mão de obra na construção da cidade, contribuindo

para a ocupação dessa área do Centro-Oeste.

Pessoas de diversos lugares do país, especialmente do Norte e do Nordeste, migravam

para trabalhar na construção da nova capital, em busca de melhores condições de vida. Candangos em Brasília, DF, 1960

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6

Geografia

Atualmente, ao contrário do que predominou no século XX, verifica-se um deslocamento

de moradores dos centros urbanos para o interior do país. Esses moradores vêm de áreas de ele-

vada densidade demográfica. Leia a seguir algumas das principais causas desse deslocamento.

• Trânsito intenso, violência, poluição, falta de moradias, trabalho precário, custo de vida,

etc. têm levado muitos moradores de grandes centros a procurar cidades médias e pe-

quenas para viver. Isso ocorre porque, nesses locais, a população ainda não vivencia esses

problemas de forma tão intensa.

• Transferência de indústrias dos principais centros urbanos do Sudeste para outras regiões,

assim como para o interior dos estados, o que tem atraído mão de obra.

Além desses movimentos populacionais internos, também hou-

ve um grande contingente de imigrantes vindos para o Brasil, provo-

cando, juntamente com outros fatores, aumento populacional ace-

lerado no fim do século XIX e início do século XX, principalmente.

Crescimento da população brasileira

O crescimento de uma população ocorre principalmente

quando:

a quantidade de pessoas que chega a uma região (imigrantes)

é maior que o número de pessoas que a deixa (emigrantes);

a quantidade de nascimentos é maior que a de mortes. Nesse

caso, o aumento da população se deve ao crescimento natural,

também chamado de crescimento vegetativo.

No gráfico, observe a população absoluta do Brasil entre 1872

e 2018.

contingente: refere-se à grande quantidade de um determinado grupo de pessoas.

Também pode ser expresso pela

taxa de crescimento natural,

que é a diferença entre a taxa

de natalidade (proporção

de nascimentos) e a taxa de

mortalidade (proporção de

mortes) registrada para um

grupo de cem mil habitantes

no período de um ano.

9,9 14,3 17,430,6

41,251,9

70,9

94,5

121,1

146,9

169,6

190,7

208,4

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 2018

Habitantes

Ano

Brasil: população absoluta – 1872-2018 (em milhões de habitantes)

Fontes: IBGE. Séries Estatísticas & Séries Históricas. População presente e residente. Disponível em: <http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=CD90&sv=32&t=populacao-presente-e-residente>. Acesso em: 2 nov. 2018; IBGE CIDADES. Brasil. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/panorama>. Acesso em: 2 nov. 2018.

7

Nas décadas finais do século XIX, assim como nas décadas ini-

ciais do século XX, o Brasil recebeu grande quantidade de imigran-

tes. Apesar disso, o crescimento da população era lento. Embora

muita gente chegasse ou nascesse, a mortalidade era elevada,

pois, naquela época, as condições de saneamento eram precá-

rias, e a medicina e os medicamentos não eram tão avançados

quanto atualmente.

A partir da década de 1950, essa situação foi se modificando.

As condições de saneamento melhoraram, a medicina progrediu,

muitos medicamentos foram descobertos, e teve início o combate

preventivo das doenças, sobretudo com as campanhas de vacina-

ção. Com isso, as mortes diminuíram consideravelmente, aumen-

tando a expectativa de vida do brasileiro, isto é, a média de anos

que a população tem esperança de viver ao nascer. Apesar de a

natalidade também ter se reduzido nessa época, havia mais nasci-

mentos do que mortes. Em razão disso, o crescimento vegetativo

se elevou, resultando no rápido aumento da população brasileira,

que dobrou em menos de 30 anos: de 52 milhões de habitantes

em 1950 para 121 milhões em 1980.

Nas últimas décadas, entretanto, a taxa de crescimento natu-

ral da população brasileira se reduziu em razão da queda na taxa

de natalidade. O Censo 2010 apontou que a população cresceu

12,3% desde o Censo anterior, realizado em 2000. Esse percen-

tual é inferior aos 15,6% observados no período entre 1991 e

2000. Essas informações revelam a tendência de diminuição no

crescimento populacional do país.

A taxa de fecundidade, que é o número médio de filhos que

uma mulher pode ter em sua idade fértil, também diminuiu, pas-

sando de 6,3 filhos por mulher, em 1960, para 1,9 filho, em 2010.

Principalmente nas famílias em que as mulheres têm mais

anos de estudo, alguns fatores levam a optar por um número me-

nor de filhos, segundo dados do IBGE: uso de métodos contracep-

tivos, campanhas de controle da natalidade (que promovem a es-

terilização de mulheres e, em menores proporções, de homens),

urbanização e ingresso da mulher no mercado de trabalho.

É crescente o número de mulheres que ocupam postos de

trabalho que antes eram exclusivos dos homens. A maioria delas

são mães e acumulam a função de cuidar dos filhos e da vida pro-

fissional, exercendo dupla jornada de trabalho. Além disso, nas

últimas décadas, o número de mulheres que são chefes de famí-

lia também aumentou, ou seja, elas sustentam o núcleo familiar

somente com o próprio dinheiro.

Conjunto de medidas que

visa preservar ou modificar as

condições do meio ambiente,

com a finalidade de prevenir

doenças e promover a saúde.

Melhora a qualidade de vida da

população e a produtividade

do indivíduo, facilitando a

atividade econômica. No Brasil, o

saneamento básico é um direito

assegurado pela Constituição e

definido pela Lei nº. 11.445/2007

como o conjunto dos serviços,

infraestrutura e instalações

operacionais de abastecimento

de água, esgotamento sanitário,

limpeza urbana, drenagem

urbana, manejos de resíduos

sólidos e de águas pluviais.

Fonte: INSTITUTO TRATA BRASIL. O que é saneamento? Disponível em: <http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/o-que-e-saneamento>. Acesso em: 5 nov. 2018.

Apesar dos avanços recentes, estima--se que 35 milhões de brasileiros não tenham acesso à água tratada e que cerca de 100 milhões não sejam

atendidos por coleta de esgoto. Reparo em rede de esgoto em

Teresina, PI, 2015

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Mulher trabalhando como motorista de ônibus,

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8

Geografia

Observe os dados seguintes.

• Em 2016, a proporção de trabalhadores em ocupações por tempo parcial (até 30 horas semanais) foi maior entre as mulheres (28,2%) do que entre os homens (14,1%).

• As mulheres trabalhadoras dedicaram, em 2016, 73% mais horas em afazeres domésticos e cuidados de pessoas do que os homens.

Qual é a relação entre os dados apresentados no quadro acima? Na sua opinião, por que isso acontece? Reflita sobre isso e comente com o professor e os colegas.

Converse com seus familiares para descobrir o tamanho da família deles no passado. Compare as quantidades de filhos que seus bisavós e avós tiveram com a de seus pais. Anote essas informações no caderno e discuta-as com os colegas e o professor.

pesquisa

Censo Demográfico no Brasil

No Brasil, o Censo Demográfico é realizado a cada dez anos pelo IBGE. É a única pesquisa que procura visitar domicílios dos 5 570 municípios do país, a fim de conhecer a situação de vida de seus habitantes.

O Censo é um trabalho de grandes proporções. Em 2010, por exemplo, envolveu cerca de 230 mil pessoas. Ele é diferente da pesquisa amostral, que, como o próprio nome indica, investiga uma amostra da população e, com base em modelos estatísticos, chega à represen-tação do todo.

Os resultados do Censo são utilizados para definir as políticas públicas, em níveis na-cional, estadual e municipal, e auxiliar as empresas na tomada de decisões relacionadas a investimentos. Eles também permitem conhecer as características da população brasileira e acompanhar seu crescimento ao longo do tempo; sua distribuição geográfica; sua distri-buição por sexo, cor e idade; seus rendimentos; tempo de estudo; número médio de filhos; entre outras características.

Com essas informações, o governo pode identificar áreas do país que necessitam de investimentos. Elas também são utilizadas para selecionar os locais que carecem de progra-mas de estímulo ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social e são parâmetros para a distribuição de verbas do governo federal para os estados e os municípios brasileiros.

Por serem considerados dados oficiais, é aconselhável que estudos, pesquisas acadêmi-cas e livros didáticos também utilizem os dados extraídos dos Censos.

olhar geográfico

9

População (%)

Cor

39%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Branca que recebeaté 1 SM*

Preta e parda querecebe até 1 SM*

População (%)

Cor

82%

15%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Branca que recebemais de 15 SM*

Preta e parda querecebe mais de 15 SM*

60%

Brasil: salários mensais dos trabalhadores por cor – 2010 (em %)

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010: resultados sobre rendimentos – tabela 1.3.5 – pessoas de 10 anos ou mais de idade, por cor ou raça, segundo o sexo e as classes de rendimento nominal mensal. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/rendimentos_preliminares/rendimentos_preliminares_tab_pdf.shtm>. Acesso em: 5 nov. 2018. * salário mínimo nacional na época.

Com base no texto e nos gráficos, responda às perguntas seguintes.

1 Para que servem os resultados dos Censos Demográficos?

2 Que cor predomina na população brasileira? Em qual gráfico você observou essa informação?

3 Analise o gráfico "Brasil: distribuição da população brasileira por cor – 2017", compare seus dados com os do gráfico "Brasil: distribuição da população por cor – 2010" e responda às questões.

Quais as diferenças observadas entre os dados apresentados pelos dois gráficos? Em sua opi-nião, por que isso ocorreu?

43,6%

55,4%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

População branca

População preta e parda

Brasil: distribuição da população por cor – 2017 (em %)

Fonte: IBGE. Características gerais dos domicílios e dos moradores – PNAD Contínua 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101566>. Acesso em: 2 nov. 2018.

Observe, a seguir, alguns dados levantados pelo Censo Demográfico brasileiro de 2010.

47,7% 50,7%

0

10

20

30

40

50

60

População branca

Populaçãopreta e parda

Brasil: distribuição da população por cor – 2010 (em %)

Fonte: IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3175>. Acesso em: 2 nov. 2018.

10

Geografia

4 Conforme o Censo Demográfico de 2010, como é a distribuição dos salários de acordo com a cor dos brasileiros? Qual grupo tem os maiores salários e qual tem os menores?

5 Analisando os gráficos, a que conclusão podemos chegar sobre as desigualdades sociais no Brasil, de acordo com a cor da pele?

Movimentos da população brasileira

É comum grupos de pessoas se deslocarem de um lugar para outro. Alguns desses deslocamentos são de pouca duração, como é o caso dos trabalhadores que saem diariamente de uma cidade para trabalhar em outra, nos chamados movimentos pendulares. Outros movimentos têm caráter mais duradouro, como o dos es-trangeiros que chegam ao Brasil e aqui permanecem. "Migração" é o termo utilizado para se referir ao deslocamento de pessoas de um lugar a outro. Os indi-víduos que realizam esses movimentos são chamados de migrantes. Qualquer migração tem dois aspectos: saída de um lugar (emigração) e entrada em outro (imigração). Por exemplo: um japonês que veio morar no Brasil é um emigrante para os japoneses que lá ficaram. No entanto, é um imigrante para os brasileiros.

movimentos pendulares: movimentos que se assemelham ao de um pêndulo, isto é, que ocorrem de modo oscilante, que vão e voltam.

Chegada de imigrantes japoneses na Hospedaria dos Imigrantes, em São Paulo, SP, por volta de 1930

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As migrações variam em duração e nas distâncias percorridas pelos grupos. Quando os mvimentos são realizados em um país, são chamados de migrações internas. Se esses movi-mentos ocorrem de um país para outro, são denominados migrações externas ou internacio-nais. Assim, os habitantes do Rio Grande do Sul que se deslocam para o Mato Grosso do Sul, por exemplo, fazem migração interna. Já os venezuelanos que vêm morar no Brasil fazem migração externa.

11

As migrações podem acontecer de forma forçada ou espontânea. A migração forçada acontece quando a pessoa não migra por vontade própria, mas por estar em lugar devastado por desastres naturais, guerras ou conflitos, ou no caso dos africanos, que foram trazidos à força ao Brasil como escravizados. Nas migrações espontâneas, as pessoas se transferem de um lugar a outro por vontade própria, ou seja, têm motivos para deixar um lugar e ir para outro. Em geral, as razões para deixar um lugar (ou seja, as causas de repulsão) se combinam com as causas de atração.

As principais causas de repulsão de população são: pobreza ou dificuldades econômicas, conflitos e guerras nos países, relações com familiares e amigos no local de destino, escas-sez ou excessiva concentração de terras para os agricultores, empobrecimento dos solos e problemas climáticos. Nesses casos, pode ser também considerada migração forçada, pois a pessoa se sente obrigada a buscar condições adequadas de vida em outros lugares.

Entre as principais causas de atração, estão oferta de empregos e serviços, possibilidades de melhores condições de vida, possibilidades de acesso a serviços de saúde e educação, ter-ras disponíveis para o cultivo e recursos naturais inexplorados.

1 Assinale com um X o termo utilizado em demografia para designar o deslocamento de pessoas de um lugar a outro.

a) Imigração

b) Emigração

c) Migração

d) Movimentos pendulares

e) Deslocamento

2 Descreva os conceitos de emigração e de imigração.

3 Qual é a diferença entre migrações internas e externas?

4 Quais são as principais causas das migrações?

atividades

12

Geografia

Imigração no Brasil

Desde o começo de sua história, o Brasil foi sendo ocupado por diferentes povos, que promoveram o desenvolvimento de sua identidade, cultura e atividades econômicas. Os pri-meiros imigrantes a chegar ao Brasil foram os colonizadores portugueses e, posteriormente, os africanos, trazidos para o país na condição de escravizados.

Anos mais tarde, com o fim da escravidão, muitos outros imigrantes vindos da Europa e da Ásia se estabeleceram no Brasil, principalmente a partir de meados do século XIX. A maioria deles veio da Europa, onde enfrentavam péssimas condições de vida em decorrência de carência alimentar, guerras, falta de terras e de empregos, etc.

Inicialmente, os imigrantes vinham atraídos por facilidades que o governo brasileiro ofe-recia para incentivar a ocupação do território (reduzindo a chance de conflitos territoriais com os países vizinhos), o povoamento e o desenvolvimento da economia do país, em es-pecial a doação de terras. Esses imigrantes acreditaram que encontrariam condições para melhorar de vida no Brasil, o que nem sempre ocorreu.

Os imigrantes europeus e asiáticos contribuíram para o desenvolvimento das mais varia-das atividades econômicas, principalmente com as técnicas agropecuárias, que foram intro-duzidas nas áreas rurais. Com o tempo, essas técnicas foram modificadas e/ou aprimoradas com as praticadas por indígenas, africanos e mestiços que já viviam no país. Muitos desses imigrantes trabalharam ainda nas indústrias, no comércio e no setor de serviços. A seguir, as características de alguns dos povos que vieram ao Brasil e que contribuíram para a formação de nossa população.

Principais povos que vieram para o Brasil

AfricanosCalcula-se que, entre os séculos XVI e XIX, cerca de 4 milhões

de africanos foram forçados a vir para o Brasil na condição de es-cravizados. Eles eram originários de diversas regiões da África, dependendo do período. Segundo o IBGE, entre os séculos XVI e parte do século XVIII, chegaram aos portos do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo milhares de escravizados traficados, sobretudo vindos dos atuais territórios de Angola e Moçambique. Muitos escravizados chegaram à Bahia a partir de meados do século XVII, provenientes do local onde hoje é a Nigéria. Originários de diversos grupos étnicos, os africanos tinham aparência física diferente entre si e apresentavam grande diversidade cultural, falando línguas distintas.

No Brasil, esses povos enfrentaram duras condições de vida, sofrendo maus-tratos, vivendo em senzalas e sendo forçados a trabalhar em circunstâncias precárias. Apesar dessas situações desfavoráveis, eles desenvolveram diferentes tipos de trabalho de grande importância para o país, tanto nas áreas rurais (engenhos de cana-de-açúcar, lavou-ras, minas) quanto nas áreas urbanas (comércio, construção, manufatura).

senzalas: alojamentos coletivos que abrigavam os escravizados nas fazendas durante o período da

escravidão no Brasil.

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13

atividades

No mapa da África, pinte os países de onde foram enviados mais escravizados para o Brasil. No mapa do Brasil, pinte os estados onde se localizavam os portos nos quais a maioria deles desembar-cava. Depois, desenhe flechas unindo a origem e o destino do tráfico, de acordo com o período em que ele ocorreu. Para finalizar, crie uma legenda para o seu mapa.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.

AlemãesO primeiro grupo de imigrantes alemães chegou ao

Brasil em 1824; contudo, o período de imigração

mais intensa ocorreu entre 1848 e 1933. Vindos

de diversas regiões da Alemanha, esses imigran-

tes instalaram-se, em sua maioria, na Região Sul,

onde se dedicaram à agricultura, à criação de ani-

mais e ao artesanato.

Nesses locais, muitos formaram grupos relativa-

mente homogêneos, por causa da concentração de co-

lonos de mesma origem étnica. No Sudeste, especial-

mente em São Paulo, supriram a carência de mão de

obra nas propriedades de café. Já no meio urbano, havia

muitos artesãos, comerciantes, industriais, professores

e religiosos.

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al.

14

Geografia

EspanhóisA presença espanhola no Brasil foi permanen-

te em todo o Período Colonial, já que, de acordo

com o Tratado de Tordesilhas, as terras a oeste

da linha que dividia o Brasil pertenciam à Espanha.

Mas o maior fluxo migratório aconteceu a partir do

século XIX. No Brasil, especialmente em São Paulo, os

espanhóis se dedicaram, em sua maioria, ao cultivo da

terra, nas lavouras de banana e de café. Grupos meno-

res se dirigiram a Santos, São Paulo, Rio de Janeiro e

Salvador, onde desenvolveram, principalmente, ativi-

dades comerciais.

os

a

o-

e

-

PortuguesesOs portugueses foram os colonizadores do Brasil,

tendo vindo para cá desde o descobrimento. Nessa

época, muitos portugueses com melhores condições

financeiras chegaram a Pernambuco e à Bahia para explorar a

produção de açúcar. Porém, entre os séculos XVI e XVII, chegaram

ao Brasil muitos imigrantes enviados de Portugal para fins de po-

voamento. Tempos depois, outros vieram para trabalhar na mi-

neração. Mas a maior leva de imigrantes portugueses chegou

ao Brasil entre 1881 e 1967, concentrando-se, principalmente,

na Região Sudeste.

ItalianosOs italianos foram o grupo mais numeroso a

chegar ao Brasil, ao lado dos portugueses. No iní-

cio, foram trabalhar nas plantações de café, princi-

palmente no estado de São Paulo. No Rio Grande

do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, ocu-

param núcleos de colonização, nos quais chegaram

após os alemães. Por isso, foram encaminhados a colô-

nias mais distantes dos locais já habitados.

No Rio Grande do Sul, especialmente nas regiões que

originaram as cidades de Bento Gonçalves, Caxias do Sul e

Garibaldi, intensificaram o cultivo da uva, que já tinha sido

introduzido pelos portugueses colonizadores, e a fabrica-

ção do vinho. Muitos italianos migraram do meio rural para

as cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, constituindo

mão de obra em muitas indústrias e no comércio.

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JaponesesA imigração japonesa começou na primeira dé-

cada do século XX. A maioria dos imigrantes perma-neceu no estado de São Paulo. Inicialmente, eles tra-balharam no interior do estado, nas fazendas de café. Mais tarde, dedicaram-se à construção de ferrovias no Centro--Oeste e ao cultivo de hortaliças e frutas. Alguns foram para a Região Norte, onde se dedicaram ao cultivo da pimenta-do-reino e da juta (matéria-prima utilizada para confeccionar os sacos que acondicionavam o café destinado à exportação, nas primeiras décadas do século XX). Muitos trabalharam no meio urbano, onde ocuparam setores variados, especial-mente no comércio.

Além desses, outros imigrantes europeus e asiáticos contribuíram para a formação da popula-ção brasileira, como os eslavos (poloneses, russos e ucranianos, entre outros) e os sírio-libaneses. Ressal-tamos os indígenas, que já viviam em nosso território quando os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, em 1500.

Muitos povos africanos trazidos para o Brasil também dominavam, por exemplo, técni-cas agrícolas e de pecuária, de mineração, de metalurgia, de tecelagem e de construção, que eram empregadas em suas regiões de origem. Muitas dessas técnicas foram utilizadas no Brasil, contribuindo para o desenvolvimento das atividades econômicas do país.

Pertencentes a diferentes povos e culturas, estima-se que o número de habitantes na-tivos naquele período variava de 1 a 5 milhões de indivíduos, que sobreviviam explorando os recursos da natureza e cultivando pequenas lavouras. Após os primeiros contatos com os portugueses, muitos foram dizimados, consequência de maus-tratos resultantes da escravi-dão e de doenças e conflitos. Atualmente, de acordo com o Censo 2010, restam pouco mais de 800 mil indígenas no Brasil, e muitos tiveram, com o passar dos anos, sua cultura alterada pelo contato com os não indígenas.

atividades

1 Aproximadamente quantos africanos chegaram ao Brasil entre os séculos XVI e XIX? Que importân-cia o trabalho dessa população teve na construção do país?

ntro-para a Região Norte,

a juta (matéria-prima m o café destinado àos trabalharamspecial-

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2 Em qual período da história do Brasil ocorreu intensa imigração de europeus e asiáticos? Quais os motivos para a vinda deles?

3 Quais regiões do Brasil receberam mais imigrantes europeus?

4 Quais povos estrangeiros mais se destacaram no povoamento da unidade da federação onde você vive atualmente? Que influências trazidas por eles de seus países e culturas permanecem até hoje nos costumes locais?

Dificuldades enfrentadas por parte da população rural: ocorrem quando os tra-

balhadores rurais recebem baixa remuneração e, por isso, não conseguem sustentar

adequadamente a família, enfrentam a ausência de serviços essenciais (luz elétrica,

água encanada, hospitais e escolas) e muitos não têm terra para trabalhar. Além dis-

so, a mecanização e o uso de tecnologias para a produção agropecuária dispensam

grande parte da mão de obra no campo. Como resultado, muitos trabalhadores ficam

sem emprego e vão para as cidades em busca de melhores condições de vida.

Atração pelas cidades: as cidades exercem grande atração sobre os habitantes do

campo, e muitos esperam que elas ofereçam boas oportunidades de emprego e

serviços, como escolas, assistência médica e habitação, o que nem sempre acontece.

O êxodo rural não significa necessariamente melhoria nas condições de vida dos migran-

tes. Ao chegarem às cidades, é comum que, por falta de qualificação, muitos deles não en-

contrem o emprego e a renda que esperavam. Muitos ainda ficam desempregados, sobre-

vivendo de trabalhos eventuais. Como não têm renda para alugar ou comprar uma moradia

adequada, eles acabam residindo na periferia, em moradias inadequadas.

Portanto, o êxodo rural foi um dos grandes responsáveis pela expansão da população

urbana. Porém, o crescimento desordenado das cidades, isto é, sem o devido planejamento,

pode resultar em aumento do desemprego, de ocupações irregulares e precárias, além de

impactos nos recursos naturais.

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Habitações precárias às margens do Rio Faria-Timbó, Rio de Janeiro, 2017

Êxodo rural

A mais importante migração interna e que acontece em todos os países é a mudança do

campo para a cidade, chamada de êxodo rural. Geralmente, quando migram para a cidade, as

pessoas estão em busca de melhores condições de vida.

A acentuada migração da população do campo para a cidade acontece pelos dois moti-

vos principais seguintes:

17

Fluxos migratórios no Brasil

A forma como a população se distribuía no território brasileiro começou a se alterar a partir da década de 1940. Isso está intimamente relacionado ao desenvolvimento das indústrias. Até essa época, as indústrias no Brasil eram poucas e pequenas, mais voltadas para a fabricação de produtos destinados ao consumo interno. Depois disso, o acúmulo de capital gerado pelo cul-tivo do café estimulou a industrialização e a urbanização. A necessidade de mão de obra para a atividade industrial resultou em intensa migração do campo para as cidades.

A partir da década de 1950, a migração no território brasileiro ocorreu com mais intensi-dade. Por causa dos longos períodos de seca e das más condições de vida, muitos habitantes do interior da Região Nordeste se mudaram, sobretudo para São Paulo, onde havia grande oferta de trabalho, especialmente nas indústrias, que cresceram e se diversificaram nesse período. Muitos habitantes do Nordeste também seguiram para a Região Norte, a fim de tra-balhar na agricultura e no garimpo. Houve ainda um significativo deslocamento de habitantes do Sul e do Sudeste para as novas áreas agrícolas do Centro-Oeste e do Norte. Nesse período, muitas pessoas do Sudeste e do Nordeste foram trabalhar na construção de Brasília. Por isso, as regiões Norte e Centro-Oeste registram o maior crescimento populacional nas últimas dé-cadas, ainda que, em números absolutos, tenham as menores populações do país.

Porém, de acordo com o Censo 2010, o volume de migrantes sofreu redução de 11% entre 1995 e 2010. Isso demonstra que, nos últimos anos, houve mudanças no padrão mi-gratório brasileiro. A população de regiões de onde antes saíam migrantes já não se deslo-ca com a mesma intensidade de décadas anteriores. Isso ocorre porque houve redução da oferta de empregos nas indústrias do Sudeste. Muitas delas estão deixando essa região para se instalarem em outras regiões, gerando possibilidades de renda à população local. Ainda assim, a Região Sudeste, especialmente o estado de São Paulo, recebe a maior quantidade de migrantes do país.

Contribuem ainda para a redução do fluxo migratório as melhorias na estrutura da zona rural e o retorno de muitos migrantes, que não alcançaram a boa condição de vida que es-peravam, para suas regiões de origem. Como consequência disso, muitos estados da região Nordeste vêm apresentando as maiores proporções de migrantes retornados quando compa-rados com as de outras regiões do país.

O crescente parque industrial na região de São Paulo atraiu grande contingente de migrantes em busca de emprego. Linha de montagem da Volkswagen, São Paulo, década de 1960

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18

Geografia

No gráfico, observe as 15 unidades da federação (UF) brasileiras com maior porcenta-gem de ocorrência de migrantes retornados.

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30,2

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Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010: resultados gerais da amostra – errata migração. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Resultados_Gerais_da_Amostra/errata_migracao.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2018.

Brasil: migrantes de retorno – participação relativa no total de migrantes, 15 UF com maiores índices, 2005-2010 (%)

De acordo com o gráfico acima, responda às questões. Se necessário, consulte um mapa político--administrativo do Brasil.

1 De todos os migrantes que chegaram ao Paraná entre 2005 e 2010, qual é a porcentagem de pes-soas que estavam voltando para sua UF de origem?

2 Em qual UF ocorreu o maior retorno de migrantes entre 2005 e 2010? A qual região ela pertence?

3 Que UF da Região Sudeste apresentou maior retorno de migrantes? E da Região Sul?

4 Em qual UF da Região Norte houve maior retorno de migrantes? E do Centro-Oeste?

5 A UF onde você vive está entre as dos 15 maiores índices? Qual a porcentagem de migrantes que estavam de retorno entre 2005 e 2010?

atividades

19

1 Leia a notícia, escrita quando houve a divulgação dos resultados do Censo 2010, e faça o que se pede.

O Censo 2010 divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-

tica (IBGE) registra 190 732 694 pessoas em todo o Brasil. Em dez anos, o aumento da população

foi de 12,3%, em números absolutos isso significa 20 933 524 pessoas. O crescimento foi inferior

ao observado na década anterior. Entre 1991 e 2000, a população brasileira aumentou 15,6%.

VEJA. População cresceu 12% nos últimos dez anos. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/populacao-cresceu-12-nos-ultimos-dez-anos/>. Acesso em: 5 nov. 2018.

a) De acordo com o texto e os estudos do capítulo, cite duas razões demográficas que contribuíram para que a taxa de crescimento natural da população brasileira se reduzisse nas últimas décadas.

b) Considerando que a população brasileira foi estimada em 208 494 900 no ano de 2018, qual é o aumento da população brasileira, em números absolutos, entre 2010 e 2018?

2 Explique como ocorre a distribuição da população brasileira no território quanto à densidade demográfica.

3 Os estudos sobre migração envolvem diversos conceitos. De acordo com o que você estudou, com-plete corretamente as lacunas do texto seguinte com as palavras do quadro.

O sai de um local e vai para outro. Ele tem uma origem e um destino.

Uma pessoa que sai de uma região é um emigrante de seu local de origem. Uma pessoa que vem

para uma região é um imigrante em seu local de destino. Eu morava em Belo Horizonte e fui

morar em São Paulo. [...] Minha origem é Belo Horizonte. Eu sou um des-

te município. Meu destino foi São Paulo. Eu sou um em São Paulo.

[...] outra distinção importante de ser feita é entre os migrantes internos e migrantes inter-

nacionais. Se eu saí de Belo Horizonte e me mudei para São Paulo, eu não troquei de país e sou,

portanto, um migrante . Se eu me mudei do Brasil para os Estados Unidos,

como eu troquei de país, eu sou um migrante .

GOLGHER, André B. Fundamentos da migração. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2004. Texto para discussão n. 231. Disponível em: <http://www.cedeplar.ufmg.br/pesquisas/td/TD%20231>. Acesso em: 5 nov. 2018.

o que já conquistei

interno migrante internacional imigrante emigrante

20

Geografia

4 Por que o governo brasileiro incentivou a vinda de imigrantes europeus para o país?

5 Sobre a imigração de trabalhadores europeus para o Brasil a partir do século XIX, assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas. Depois, corrija as falsas.

( ) Os povos que aqui chegaram foram distribuídos de forma homogênea no território brasileiro.

( ) Muitos imigrantes vieram ao Brasil para trabalhar na lavoura cafeeira, em São Paulo.

( ) A maioria dos imigrantes se deslocou para as regiões Norte e Centro-Oeste.

( ) Os italianos e os alemães formaram colônias no Sul do Brasil, bem como constituíram mão de obra nas plantações de café de São Paulo.

( ) Os japoneses foram o grupo de imigrantes que mais se destacou na Região Norte, onde culti-vou pimenta-do-reino e juta.

6 Os textos dos quadros abaixo trazem diferentes razões para as migrações ocorridas no território brasileiro. Leia-os e responda à questão.

a)

b)

c)

Que razões para a migração interna e/ou externa é possível identificar nos textos acima? Registre as conclusões a que você chegou sobre cada texto.

Em 2010, um violento terremoto ocorrido em Porto Príncipe, Haiti, tirou o pouco que os hai-tianos possuíam. Centenas deles vieram para o Brasil tentar reconstruir suas vidas.

Filhos, netos e bisnetos de japoneses nascidos no Brasil fizeram a viagem de volta de seus ascendentes, buscando maior independência econômica para si e sua família.

Arrancados à força de suas aldeias, muitos africanos foram acorrentados e embarcados em navios negreiros para a travessia do Atlântico e para o trabalho forçado em minas, canaviais ou em outras atividades.

21

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©Lucia Buccini. Movimento nos trigais - 50x70 - 2015 - óleo s/tela. Galeria Jacques Ardies


Espaço agrário brasileiro6

• Espaço agrário: atividades agrícolas, pecuária e extrativismo

• Concentração da terra no Brasil

• Agricultura empresarial no Brasil

• Uso da terra no Brasil

As roupas que as pes-soas vestem, os alimentos que consomem, o caderno e o livro utilizados na esco-la, além do ônibus que serve de transporte são exemplos

Porém, grande parte da ma-téria-prima empregada para produzi-los é obtida da agro-pecuária e do extrativismo.

Que atividades econô-micas é possível identificar na pintura? Alguma delas é desenvolvida no lugar onde você vive? Converse com os colegas e o professor sobre suas conclusões.

BUCCINI, Lucia. Movimento nos trigais. 2015. 1 óleo sobre tela, color., 50 cm × 70 cm. Galeria Jacques Ardies, São Paulo.

22

Geografia

• Identificar as características gerais do espaço agrário brasileiro.

• Compreender que os produtos utilizados no dia a dia provêm da natureza e se transformam em matérias-primas pelas atividades agropecuárias e extrativistas.

• Descrever como a agropecuária é desenvolvida nas diferentes regiões do Brasil, destacando os fatores que interferem no desenvolvimento dessa atividade.

• Identificar as diversas relações que ocorrem no espaço agrário brasileiro, reconhecendo os diferentes usos da terra.

Espaço agrário: atividades agrícolas, pecuária e extrativismo

No espaço agrário brasileiro, são realizadas as atividades eco-nômicas e sociais relacionadas ao setor primário da economia, como a agropecuária e o extrativismo. Essas atividades são carac-terísticas do meio rural, isto é, não urbanizado, mas nem todas as pessoas que vivem no campo nelas trabalham.

A ocupação do espaço agrário brasileiro é bastante variada. Existem desde pequenos estabelecimentos com agricultura fami-liar até grandes fazendas ligadas ao agronegócio.

Pecuária no Brasil

A pecuária, ou criação de animais, é uma atividade econômica de grande im-portância no Brasil. Apesar de haver re-banhos de ovinos, caprinos, suínos, entre outros, a criação de bois ainda é a ativi-dade pecuarista mais praticada no país. O rebanho bovino brasileiro é um dos maio-res do mundo: em 2017, contava com mais de 214 milhões de cabeças. A Região Centro-Oeste é a maior criadora nacional, conforme mostra o gráfico ao lado.

agronegócio: setor da economia que envolve a cadeia produtiva relacionada às atividades agropecuárias e tudo o que se relaciona a ela.

34,5%

22,6%

17,5%

12,9%

12,6%

Centro-Oeste Norte Sudeste Nordeste Sul

Brasil: produção bovina por região

Fonte: IBGE. Pesquisa da pecuária municipal: 2017. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/agricultura-e-pecuaria/9107-producao-da-pecuaria-municipal.html?=&t=o-que-e>. Acesso em: 11 nov. 2018.


23

Assim como a agricultura, a pecuá-

ria pode ser classificada em intensiva ou

extensiva. Na pecuária intensiva, o gado é

criado em estábulos ou em áreas de pasta-

gens cultivadas. Os animais são de raças se-

lecionadas e recebem cuidados especiais.

Por isso, o rendimento é elevado, ou seja,

obtém-se maior produção de leite, carne e

couro. Na extensiva, o gado é criado solto,

em pastagens naturais e com menos cui-

dados. A área para a criação do rebanho

é maior, mas os investimentos e os rendi-

mentos são, geralmente, inferiores aos da

pecuária intensiva.

No Brasil, a utilização de métodos de

confinamento vem sendo realizada em es-

cala crescente, assim como o melhoramen-

to genético de animais e pastagens. Como

consequência, a pecuária brasileira cresce

em produção e exportação.

Extrativismo no Brasil

Uma das atividades mais antigas da humanidade é o extrativismo, que consiste na reti-

rada e na coleta de produtos diretamente da natureza. Dependendo do produto extraído, o

extrativismo é classificado como vegetal, animal ou mineral. Atualmente, essa atividade é fun-

damental para a produção industrial de grande parte dos produtos consumidos no dia a dia.

No extrativismo vegetal, plantas e suas partes, como frutos, folhas e madeira, são extraí-

das diretamente da natureza. As coletas dos frutos do babaçu e do látex da seringueira (bor-

racha), que ocorrem no Nordeste e no Norte, são exemplos de extrativismo vegetal. Essas

atividades representam o principal sustento de muitas famílias dessas regiões.

A caça e a pesca correspondem ao extrativismo animal. Por causa do excesso dessas

práticas, principalmente pela utilização dessas matérias-primas na indústria, foi necessária

-

pendem desse tipo de extrativismo para sobreviver, e levou, em muitos casos, à diminuição

do número de pessoas que viviam de tais atividades.

Criação extensiva de gado em Pouso Alegre, MG, 2018

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Criação intensiva de gado em São Sebastião da Amoreira, PR, 2017

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Ribeirinhos extraem a juta, fibra vegetal utilizada na confecção de sacos para café,

no Rio Solimões, AM, 2011

24

Geografia

A pesca ainda é a principal ocupação de muitas comunidades, embora também seja limitada

por leis, que proíbem sua prática na piracema, período em que ocorre a reprodução dos peixes.

Outro fator que dificulta essa atividade é a poluição das águas de lagos, rios e muitos trechos

de mares, resultando na diminuição da quantidade de peixes. No caso da caça, a atividade pre-

datória e os impactos ambientais colocaram muitas espécies de animais em risco de extinção.

O extrativismo mineral consiste na retirada de minerais da natureza por garimpeiros e

grandes empresas de mineração. A quantidade de minérios extraída por garimpeiros é, nor-

malmente, muito pequena; as maiores quantidades ficam a encargo das grandes empresas

de mineração. Os principais minérios extraídos no Brasil são ferro, petróleo, ouro e bauxita.

Os minerais estão presentes em metais, cerâmicas, equipamentos elétricos, computa-

dores, entre inúmeros produtos essenciais a diversos setores da economia. Apesar de sua

importância para a civilização atual, a imagem da mineração está desgastada por causa dos

profundos impactos que ela pode causar ao ambiente.

O caminho da lama

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O extrativismo vegetal também pode gerar problemas ambientais, como o desmata-

mento de extensas áreas das florestas brasileiras, resultante do corte ilegal de madeira.

Entretanto, muitas vezes, essa atividade é desenvolvida por pequenas comunidades tra-

dicionais que praticam o extrativismo de forma sustentável, sem causar grandes danos à

natureza.

culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias

de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição

para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conheci-

mentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.

Fonte: MARQUES, José. Samarco estuda reativar área de barragem de tragédia em Mariana. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/07/1797100-samarco-estuda-reativar-barragem-que-ruiu-na-tragedia-em-mariana-mg.shtml>. Acesso em: 22 jan. 2019. Adaptação.

Em 2015, o rompimento de uma barragem de rejeitos de minérios provocou uma enchente de lama, que soterrou quase todo o distrito de Bento Rodrigues (Mariana, MG), além de atingir os rios da região e destruir a vegetação do entorno.

25

Conheça a seguir algumas comunidades tradicionais brasileiras.

Babaçueiros – Extrativistas que têm como base da subsistência a exploração do babaçu,

uma espécie de palmeira oriunda do Norte e Nordeste do Brasil.

Caboclos – Mestiços de negros e indígenas que vivem em comunidades rurais.

Caiçaras – Mestiços de indígenas e portugueses, são pescadores tradicionais da faixa litorâ-

nea brasileira dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Caipiras – Comunidades rurais formadas por pessoas que trabalhavam nas grandes fazendas.

Quebradeiras de coco – Mulheres de comunidades extrativistas do Maranhão, Tocantins,

Pará e Piauí que coletam e quebram o coco da palmeira de babaçu, utilizado para a produção

de óleo e sabonete, por exemplo.

Quilombolas – Comunidades rurais negras, muitas delas formadas por ex-escravizados re-

manescentes dos quilombos (comunidades fundadas por escravizados que escaparam).

Ribeirinhos – Moram na beira de rios ou em regiões de várzea, ou seja, nas áreas de floresta

que são periodicamente alagadas pela água de rios, e praticam atividades de coleta, caça,

pesca e alguma agricultura. São conhecidos também como varjeiros.

Seringueiros – Sua principal atividade é a extração do látex, matéria-prima da borracha.

Atuam nas chamadas Reservas Extrativistas (Resex). Sua luta tornou-se conhecida no Brasil

e no mundo pela atuação e grandeza de um de seus maiores líderes, Chico Mendes, assassi-

nado em 1988.

ESTERCI, Neide. Populações tradicionais. Disponível em: <http://site-antigo.socioambiental.org/nsa/doc/24082005.html>. Acesso em: 9 nov. 2018.

A preservação dos locais onde são exercidas as atividades das comunidades tradicionais

é essencial para sua existência. As reservas extrativistas são uma forma importante de as-

segurar isso.

atividades

Com base no que você estudou sobre extrativismo vegetal e comunidades tradicionais, responda às questões seguintes.

1 Qual problema ambiental pode ser causado pelo extrativismo vegetal?

2 O que são comunidades tradicionais? Cite exemplos.

Segundo o IBGE, “unidade de conservação cuja área é utilizada por populações extrativistas tradicionais, para as quais a sub-

sistência se baseia no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno

porte. Tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações e assegurar o uso sustentável dos

recursos naturais da unidade. É de domínio público, com seu uso concedido às populações extrativistas tradicionais”.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2016. p. 194.

26

Geografia

3 Quais são as principais atividades econômicas dessas populações tradicionais? De que maneira exploram a natureza para desenvolvê-las?

4 Por que é importante criar reservas extrativistas?

5 No município onde você vive habitam populações tradicionais? Quais são elas? Que atividades elas realizam para garantir a própria sobrevivência?

As reservas extrativistas são exemplos de unidades de conservação instituídas pelo governo para garantir a proteção e a manutenção dos recursos naturais. Existem 12 tipos de unidades de conservação no Brasil. Em algumas delas, as atividades humanas são proibidas; em outras, são permitidas com algumas restrições, como as reservas extrativistas.

Para conhecer todas elas, a turma vai realizar uma atividade em grupos. Cada um ficará responsável por pesquisar um tipo de unidade de conservação e, posteriormente, compartilhar o que aprendeu com os colegas. Para realizar a pesquisa, siga as instruções dadas pelo professor.

pesquisa

Atividades agrícolas e fatores naturais

Agricultura é a atividade que utiliza o solo para o plantio e o cultivo de plantas. O desen-

volvimento dessa atividade depende de fatores naturais e socioeconômicos. Uma área, por

exemplo, pode receber chuvas suficientes e apresentar solo fértil, mas o produtor pode não

ter dinheiro para comprar sementes a fim de cultivá-la. Nesse caso, os aspectos naturais são

favoráveis, mas os socioeconômicos não.

Os fatores naturais que mais influenciam a agricultura são clima, relevo e solo.

Influência do clima na agriculturaA temperatura e a umidade são elementos do clima que exercem influência direta na agricul-

tura. Inundações, secas prolongadas ou geadas, por exemplo, podem prejudicar toda a plantação.

No Brasil, a maior parte do território está localizada na Zona Tropical; por isso, preva-

lecem climas quentes. Dessa forma, predominam as lavouras tropicais, como soja, cana-de-

-açúcar, algodão, café e cacau, das quais o Brasil é um dos maiores produtores mundiais.

Alguns produtos que se desenvolvem melhor em climas frios, como o trigo, precisam ser

importados, porque a produção nacional é insuficiente para atender ao consumo interno.

Ao longo do tempo, a humanidade vem desenvolvendo novas tecnologias para superar

os limites impostos pela natureza, cultivando até mesmo em locais que não apresentam con-

dições favoráveis ao plantio.

Em relação à umidade, tanto o excesso quanto a escassez de água podem prejudicar

as plantações. Nas áreas em que chove pouco durante o ano, é possível utilizar sistemas de

irrigação. Nesse caso, a água pode ser captada em rios e levada até as plantações por meio

de canaletas ou tubulações. Na época oportuna, o solo é umedecido por meio de várias téc-

nicas, como o gotejamento e a aspersão, exemplificada na imagem seguinte.

27

Outro sistema de irrigação, que pode ser usado em áreas de pouca chuva, é o armaze-

namento de água em cisternas e açudes, os quais são abastecidos no período das precipita-

ções, ou por rios represados. Esse sistema é bastante utilizado no interior do Nordeste, por

exemplo, embora boa parte da região ainda enfrente escassez de água para a agropecuária.

Influência do solo e do relevo na agriculturaO relevo é um elemento importante para o desenvolvimento da agricultura. Para a prática

agrícola, os terrenos planos são melhores, pois facilitam a mecanização. Em terrenos com mui-

to declive, por exemplo, é mais difícil realizar o plantio e a colheita com tratores e máquinas.

O solo é outro elemento natural essencial para a agricultura. Os solos considerados bons

para a atividade agrícola são profundos, bem drenados, com apropriada fertilidade natural.

A fertilidade de um solo se refere à concentração de nutrientes que podem ser absorvidos

pelas plantas. Isso é mais comum em áreas planas. Em áreas íngremes, os solos geralmente

são mais rasos, e sua camada superficial se perde com a água das chuvas, o que os deixa cada

vez menos férteis.

Quando o solo é pouco profundo e apresenta quantidade insuficiente de nutrientes, ele

precisa de adubação artificial para o pleno desenvolvimento das plantas. Os solos ricos em

argila e areia também necessitam ser corrigidos, pois a argila em excesso dificulta a absorção

da água pelo solo. Em solo arenoso, a água escoa com grande facilidade para as camadas

mais profundas, impossibilitando sua absorção pelas raízes das plantas.

No Brasil, há solos particularmente férteis, como o massapê e a terra roxa. O massapê é

encontrado na Zona da Mata nordestina, onde a cana-de-açúcar é cultivada desde o Período

Colonial. Já a terra roxa, existente sobretudo no oeste de São Paulo e no norte do Paraná,

foi historicamente utilizada para o cultivo do café. Na atualidade,

também sustenta plantações de cana-de-açúcar, laranja, soja, entre

outras. Entretanto, cerca da metade dos solos brasileiros não é in-

teiramente adequada à prática agrícola e, por isso, requer técnicas

especiais para serem aproveitados.

terra roxa: solo fértil, vermelho-

-escuro, resultado da oxidação do ferro presente em sua composição.

No Brasil, muitos produtores não empregam técnicas de cultivo adequadas, o que repre-

senta um dos sérios problemas da agricultura. Para limpar o terreno depois de uma colheita

e recomeçar a lavoura, por exemplo, alguns agricultores costumam praticar a queimada. Em-

bora as cinzas sejam ricas em potássio, que é um bom fertilizante, em especial para a lavoura

de milho, o problema é que esse fertilizante se esgota rapidamente após algumas colheitas.

Em consequência, o solo empobrece, e a área costuma ser abandonada.

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Sistema de irrigação por aspersão no Vale do Rio São Francisco, Petrolina, PE, 2015

28

Geografia

O solo pode ser prejudicado ainda pela chuva associada à falta de vegetação. Em algumas áreas de relevo em declive, onde a cobertura vegetal que protege o solo é retirada, o escoamento da água das chuvas intensifica a erosão, formando grandes sulcos no terreno, as voçorocas.

Para evitar a erosão nessas áreas, é necessário usar técnicas adequadas, impedindo que a água das chuvas arraste a camada superficial do solo e prejudique as plantações. Algumas dessas técnicas são as plantações em curvas de nível e o terraceamento, sistemas que retêm o solo de terrenos inclinados com a contenção da água das chuvas.

atividades

1 Que fatores naturais mais influenciam as atividades agrícolas no Brasil?

2 Como o clima interfere na produção agrícola?

3 Explique as principais características dos solos brasileiros e as principais causas de sua degradação.

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Voçoroca aberta em virtude do desmatamento descontrolado às margens da rodovia entre Manaus e Presidente Figueiredo, AM, 2017

29

Concentração da terra no Brasil

No Brasil, a maior parte das terras onde se desenvolvem ativida-des agropecuárias se constitui de grandes propriedades, com mais de mil hectares, denominadas latifúndios. A outra parte dessas terras, bem menor, é de pequenas propriedades rurais, com menos de dez hectares, chamadas mini-fúndios. Essa desigualdade na distribuição de terras é um grave problema do espaço agrário brasileiro na atualidade.

LATIFÚNDIOS(propriedades com mais de 1000 hectares)

MINIFÚNDIOS(propriedades com menos de 10 hectares)

45%(terras)

2,3%(terras)

1% 47%

Brasil: distribuição de terras no espaço rural – 2 006 (em%)

Fonte: IBGE. Censo Agropecuário 2006: Brasil, grandes regiões e unidades da federação – segunda apuração. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/pt/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=261914>. Acesso em: 10 nov. 2018.

Nas últimas décadas, a industrialização do campo signifi-cou um aumento da concentração da terra no Brasil. A moder-nização da agricultura foi baseada na mecanização, na realiza-ção de pesquisas para favorecer a produtividade e no uso de caros insumos agrícolas (fertilizantes, inseticidas, sementes selecionadas, etc.). Apesar da consequente melhoria da pro-dutividade no campo, isso favoreceu a concentração de ter-ras, pois os grandes proprietários tiveram mais acesso a essas inovações, por apresentarem mais recursos financeiros.

Sem recursos para comprar insumos agrícolas e sem quantidade de terras que justifiquem a mecanização, os pequenos agricultores não conseguem a produtividade ne-cessária para vender seus produtos a preços competitivos, como os oferecidos pelos grandes latifúndios. Estes costu-mam desenvolver atividades agrícolas usando técnicas mo-dernas e intensa mecanização.

Essa situação impulsiona esses agricultores a vender suas terras aos grandes proprietários. O resultado desse processo é que, enquanto milhares de famílias camponesas não possuem terras para cultivar, alguns proprietários dis-põem de grandes extensões delas.

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hectares: unidades de medida agrária. Um hectare (ha) equivale a 10 mil m², aproximadamente o tamanho de um campo de futebol.

Computador de bordo para agricultura de precisão em trator, Unaí, MG, 2017

30

GeografiaGGGGGGGGGeGeGeGeGeGeGeGeGGeGeGeGeGGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGGGGGGeGeGeGeGeGeGeGeGGeGGGeGeGeGeGeGGeGGeGGGGGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeeGeGeGGGGGGGeGeGeGeGGGGeGGeGeGeGeGeGGGGGGeGGGeGeGGGGGeGeGeeGeGeGGGGGGGeGeGeGGeeeeGeGeGGGGGGGGGeGeGeGGeeeeGeGeGGGGGeGeGeGeGGeGeGeGeeeGeGeeGGGGeGeGGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeeeGeGGGGGeGGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGGGGeGGGeGGeeeGGGGGGeGGGGGGGeGeeGeGeGeGeeGeGGGeGGGGGeeeeeGeGGGGGGGeeGeeeGeGeGGGGGGeGeGeGeGGeGeGeeeGeGeGGGeGeGeGGGGGeGeGeGeeeGeeGGGeGGGGeGeGeGeGGGGGGeGeGGGGGGGGeGeGeeGeGGGGGGeGGGeGeeeeeeeeeeGGGGGGeGGGeGeGeGeeeeeeeeeGeeeeGGGGGeGeGeGGGGGeGeeGeeeeeeeeGGGGGGGGGGeGeGeGeeeGeeeGGGGGeGGeeeeeeeeeeeeeeGeGGGGGeGGeGGeeeeeeeeeeeGeGGGGGGGeeeeeeeeeeeeeGGGeGeGeGeeeeeeeeeeGGGeGeeeeeeeeeeeGGGGeeeeeeeeGGeeeeeeeGGeeeeeeGGGeeeeeeGGGeGGeeeeeGGGeeeeeGGGeGeeeGGGeeeeeGGGeGGeGGeeeeGGGeGeeeeeeGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG ooogogoogogoooogoooogogoogogogogogogogogogogogogogogogogogoggggggoooooogogoooooooooogooogogogogogogggggggoogogogooooooooooooogogogogogggggogoooogooooogogoogogoogogogggggogoogogoogogogogogggogogoogoogogoggogogogogoogooooggggoooogogogooogogogogoggoggogooooooooogoggooooooooogoooogoogogogggoogogooogoooogooogogooooooooogogooogooggoooogooogogoooogggggogooooogogooogogoooggoggoggooogoooooogogogogoogoggogggggggoooogogoogoogooogggggogggggoggogogggogoooooooooggogggogoooogogoogggoggggoooooogggggogggggoooogooogoggggooogoooggggoooooogoggooooooogoooooogooggooooooogoggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggrrarrararrararararararararararaarararaarararararararaaararrararaaraarararararaaarararararararararararaarrarrrrrrarararararararaararaaaaaraararrrrarararararaaraaarararaaaraarrrrrraraaarararaaararararaarrrarrrarararararaarararaarrrrrarrrarararaaraaaaraarrrrrrrrararaaaarrrrrrrarraraaarararaararrrrrrrrrararaaraaaraaaaaarrrrrraraararrrrrrrraaaaaaararrrrrrrrrraarrrrraaaarrrrrrrrrrrararrrrrrraaaarrrrrrrraaarrrrrrrraaarrrrrraarrrrraarrrraarrrraarrrrrrrrraarrrrrrrrrrrraarrrrarrrrrrr fififififfffififififififififififififfffffifififififififffffifififififfififfffififififififfffffiffiffffifififfffififififffffiffiffiiffiffififfiffififififfififfiifiififififififffiififififffffifififififfifififfffifiiffffifififffffiffififiifififfififiiffififffififififififfififfffiffff aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

A concentração de terras nas mãos de poucos proprietários rurais é um dos mais sé-

rios problemas do Brasil. Sua origem vem de longa data: remonta ao século XVI, momen-

to em que as terras brasileiras foram doadas pela Coroa a poucos portugueses, formando

as Capitanias Hereditárias.

curiosidade?

HERMANN, Jacqueline. Cenário do encontro de povos: a construção do território. In: IBGE. Brasil: 500 anos de povoamen-to. 2007. p. 22-23. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv6687.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2018.

De acordo com o texto, qual é a relação entre as Capitanias Hereditárias e a atual

distribuição das terras no espaço agrário brasileiro?

O sistema de capitanias hereditárias adotado por Portugal tencionava estabelecer me-

canismos de efetivo controle sobre o litoral atlântico de suas terras americanas e assim

foram doadas 14 donatarias, com 50 ou 100 léguas de costa cada uma, entre 1534 e 1536,

para promover a ocupação do Brasil. [...] Mas, apesar de hereditárias, as capitanias não

eram propriedade absoluta dos donatários, já que a legítima propriedade das terras era

atributo do Estado. [...] Além de receber terras em benefício próprio,

ao donatário era permitida a concessão de sesmarias [lotes de terra

não cultivada] aos que quisessem se estabelecer e cultivar a terra,

havendo um prazo para o cumprimento do compromisso de torná-

-la produtiva.

léguas: medida de distância utilizada antes do sistema métrico. No Brasil, uma légua equivale a cerca de 6 600 metros.

Crescimento do trabalho assalariado no campo

No Brasil, o desenvolvimento da agricultura empresarial proporcionou ainda um aumen-

to significativo do número de trabalhadores rurais que recebem salário. O maior grupo cor-

responde àqueles que conseguem emprego, ou trabalho temporário, apenas em épocas de

colheita ou de semeadura. No Centro-Sul, esses trabalhadores são denominados boias-frias.

©Pulsar Imagens/Delfim Martins

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31

Agricultura empresarial no Brasil

A agricultura empresarial se baseia na aplicação de grande capital por empresários, na utilização de mão de obra assalariada e no alto nível tecnológico. Seu desenvolvimento é resultado, sobretudo, da industrialização do campo.

No Brasil, esse processo se intensificou a partir da década de 1970 e teve vários desdo-bramentos importantes: a expansão das lavouras de exportação e o abastecimento interno; a tecnologia empregada na agricultura; a expansão das fronteiras agrícolas; a concentração da terra; e o crescimento do trabalho assalariado no campo.

Expansão das lavouras de exportação

e abastecimento interno

Com o objetivo de aumentar as exportações, o governo brasileiro tem incentivado o cultivo de produtos a serem exportados para outros países in natura ou processados, como a soja, a laranja, o café e a cana-de-açúcar.

Esses incentivos ocasionam a diminuição da área cultivada com produtos alimentícios voltados basicamente para o mercado interno, como o feijão e a mandioca. Com isso, essas e outras culturas alimentares típicas da culinária do país são desenvolvidas, principalmente, em pequenas e médias propriedades policultoras, isto é, que cultivam produtos agrícolas diversificados. Muitas dessas propriedades são de agricultura familiar. Elas são responsá-veis por perto de 87% da produção de mandioca e 70% da produção de feijão consumidos no país.

Tecnologia empregada na agricultura

A agricultura empresarial se caracteriza pelo emprego intenso de máquinas, tratores e fertilizantes químicos e pelo uso de sementes selecionadas. Esse tipo de agricultura é quase sempre intensivo, pois são empregadas tecnologias que visam à melhoria da produtividade. Além disso, ele tem reproduzido uma das práticas mais antigas do Brasil: a monocultura, ou seja, o cultivo de um único produto.

Uma das vantagens é que o agricultor pode comprar grande quantidade de sementes, mudas e fertilizantes e, dessa forma, pagar menos por esses produtos.

A desvantagem é o risco de esgotamento do solo, resultado que não ocorreria com a policultura. Quando vários produtos são cultivados na mesma área, cada um absorve da ter-ra substâncias que os demais não aproveitam, mantendo assim a fertilidade do solo. Outra desvantagem da monocultura é que o agricultor depende de um único produto para a co-mercialização. Se tiver prejuízos com essa plantação, será mais difícil se reequilibrar.

Expansão das fronteiras agrícolas

No Brasil, a ampliação do espaço destinado à agricultura e à pecuária ocorreu no mesmo período em que algumas áreas rurais se modernizaram com a mecanização e o emprego de fertilizantes e defensivos agrícolas.

in natura: ao natural, sem ser processado.

32

Geografia

A expansão das fronteiras agrícolas está relacionada à ocupação, pela agropecuária, de áreas desabitadas ou pouco habitadas, principalmente nas regiões Norte (Amazônia) e Centro-Oeste (Cerrado). Nessas regiões, em grande parte, essa expansão vem sendo efe-tuada apenas com a derrubada da vegetação nativa. Além disso, estudiosos afirmam que, especialmente nessas áreas, milhares de hectares de terras brasileiras estão em mãos de empresas estrangeiras.

A expansão do espaço agrário brasileiro ocorreu, sobretudo, com o plantio da soja. Em 1970, a área plantada era de 5 milhões de hectares; no primeiro semestre de 2018, era de cerca de 35 milhões de hectares.

A expansão da fronteira agrícola também foi uma das grandes responsáveis pelo cresci-mento populacional das regiões Norte e Centro-Oeste, ocorrido principalmente entre as dé-cadas de 1960 e 1980, por causa da migração de muitas pessoas para trabalhar em áreas de cultivo.

Uso da terra no Brasil

No Brasil, ainda se empregam formas tradicionais de uso da terra: agricultura de subsis-tência, em que predomina o trabalho familiar; pecuária extensiva, que utiliza relativamente pouco os recursos técnicos disponíveis para a melhoria dos rebanhos; extrativismo vegetal, que realiza a coleta de produtos da floresta.

No entanto, é a agricultura empresarial que vem ganhando cada vez mais espaço no país. O gráfico seguinte mostra a evolução do uso da terra destinada à agropecuária no Brasil.

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5

10

15

20

25

30

35

40

45

Vegetaçãoorestal

2000

2014

Pastagem (natural e manejo)

Área agrícola (exclusiva e com remanescentes

campestres)

Outros usos

Brasil: dinâmica da cobertura e uso da terra no Brasil – 2000-2014 (em %)

Fonte: IBGE. Cobertura e uso da terra. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/usodaterra/default.shtm>. Acesso em: 10 nov. 2018.

atividades

1 Com base na leitura do gráfico acima, descreva a principal mudança do uso da terra observada no

Brasil entre 2000 e 2014.

2 Explique a relação entre a diminuição da área de florestas e o aumento da área destinada à ativida-de agrícola ocorridos entre 2000 e 2014.

33

Reforma agrária: uma possível solução

No Brasil, há excessiva concentração de terras nas mãos de poucos proprietários. Uma so-

lução para esse problema está prevista na Constituição: a reforma agrária. Nossa lei prevê a de-

sapropriação (e indenização a seus proprietários) de imóveis rurais considerados improdutivos.

Para que a reforma agrária dê bons resultados, além dessa redistribuição de terras, o governo

precisa oferecer aos trabalhadores e produtores linhas de crédito, assistência técnica, entre ou-

tras providências. Somente assim eles terão condições de produzir no lote de terras recebido.

Embora a reforma agrária possa tornar mais justa a distribuição de terras, historicamen-

te têm ocorrido diversos conflitos, muitas vezes violentos, entre proprietários e trabalha-

dores rurais sem-terra. Há casos registrados de sem-terra que ocupam ilegalmente áreas

consideradas disponíveis e são desalojados de forma violenta por alguns proprietários, com

o uso indevido de armas.

Há vários movimentos organizados por trabalhadores rurais sem-terra para reivindicar a refor-

ma agrária. Entre eles, destacam-se: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), criado

em 1984, é o maior e o mais antigo dos movimentos; Movimento de Libertação dos Sem-Terra

(MLST); Movimento de Luta pela Terra (MLT); e Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast).

1 Estabeleça as diferenças entre a pecuária extensiva e a intensiva quanto ao modo de criação, exten-são da área e produtividade.

2 O que é monocultura? Quais são as vantagens e as desvantagens dessa forma de cultivo?

3 Analise a expansão das fronteiras agrícolas como um fator de aumento da concentração de terras no Brasil.


34

Geografia

4 Qual é a importância da agricultura familiar para o país? Qual é a consequência da diminuição das áreas destinadas a ela?

5 Em sua opinião, em que a reforma agrária poderia contribuir para amenizar o problema da desigual-dade no campo?

6 Este mapa mostra os limites do Cerrado brasileiro. Em laranja, aparece a vegetação suprimida dessa área até 2010. Em verde, a vegetação que sobrou, denominada remanescente. Relacione os aspectos observados no mapa com o que você aprendeu sobre a expansão da fronteira agrícola no Brasil.

Fonte: MMA/IBAMA. Monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros por satélite: monitoramento do bioma cerrado – 2009-2010. Brasília, 2011. Disponível em: <https://tinyurl.com/y2odbsvk>. Acesso em: 11 nov. 2018. Adaptação.

Desmatamento do Cerrado – 2010

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35

capí

tulo Espaço industrial

e comercial brasileiro

7

• Processo de industrialização brasileiro

• Fontes de energia

• Comércio no Brasil

• Redes de transporte e comunicação no Brasil

Você sabe quantos produtos consome todos os dias?

Já se perguntou como eles são fabricados e de onde vêm?

Diariamente, as pessoas utilizam e consomem dezenas

de produtos. Alguns deles exigem várias matérias-primas

e etapas de transformação para serem produzidos, como

celulares e computadores. Outros, geralmente, são de

fabricação um pouco mais simples e rápida, como as rou-

pas e os produtos que compõem nossa alimentação.

A imagem retrata uma pessoa fazendo compras em

supermercado. Você sabe de onde vêm e como são fei-

tas essas mercadorias? Sabe onde são produzidas e todo

o caminho que percorrem até chegar às prateleiras?


©Shutterstock/Tzido Sun

36

Geografia

objetivos do capítulo • Entender o conceito de mercantilismo sob o ponto de vista histórico.

• Reconhecer os tipos de indústria e os fatores de concentração industrial.

• Compreender as características da atividade industrial no Brasil, desde sua origem até sua distribuição no território.

• Entender a influência da indústria na organização do espaço geográfico.

• Conhecer as redes de transporte e infraestruturas de energia brasileiras.

• Reconhecer como as redes de transporte e de comunicação interferem na circulação de pessoas, mercadorias e ideias.

Processo de industrialização brasileiro

Por muito tempo, o Brasil foi visto como extensão de Portugal, que exercia total contro-le sobre a produção brasileira e sua negociação, com o objetivo de aumentar o poder eco-nômico da metrópole. O mundo vivia a fase do mercantilismo, e os portugueses buscavam no Brasil, principalmente, metais preciosos e produtos agrícolas que Portugal não possuía.

Entretanto, esse cenário mudou com o desenvolvimento da indústria e do capitalismo na Europa, a partir do século XVIII. Isso alterou a maneira como os produtos passaram a ser feitos, distribuídos e consumidos, transformando a relação entre as metrópoles e suas colônias. Além disso, o desejo dos comerciantes brasileiros de ter liberdade comercial, a in-dependência do Brasil (1822) e o acúmulo de capital obtido com o café trouxeram muitas alterações para o quadro econômico do país. Desde então, as indústrias brasileiras cresceram tanto em número quanto em tecnologia.

Antes de saber mais sobre o processo de industrialização brasileiro, é necessário conhecer os tipos de indústria exis-tentes e os fatores que influenciam na escolha do local onde elas serão instaladas.

Tipos de indústria

Denomina-se indústria a atividade econômica (setor secundário) que transforma a ma-téria-prima em produtos para o consumo. Para desenvolver suas atividades, as indústrias necessitam da matéria-prima fornecida pela agricultura, pela pecuária e pelo extrativismo (setor primário).

Depois de industrializadas, as mercadorias precisam ser distribuídas, isto é, vendidas e consumidas. Para essa etapa final se concretizar, são necessárias as atividades do setor ter-ciário (comércio e serviços). De acordo com essa sequência, nem todas as atividades dos setores primário e terciário existiriam sem os bens produzidos pelas indústrias.

mercantilismo: doutrina econômica vigente entre os séculos XVI e XVIII. Nesse período, a riqueza de um país era medida pela quantidade de metais preciosos que ele possuía. Além disso, o bem-estar nacional devia ser promovido mesmo que à custa de conflitos ou da exploração desenfreada das colônias pelas metrópoles.

37

Atualmente, há diferentes tipos de indústrias fabris, classi-ficadas de diversas maneiras. Contudo, a classificação mais di-fundida é a que se baseia na natureza dos bens produzidos, a qual distingue três tipos de indústria: de base ou de bens de pro-dução; de bens de capital ou intermediária; e de bens finais ou

Indústria de base ou de bens de produçãoA indústria de base transforma a matéria-prima em produto semiacabado, que serve de

base para a produção de outros bens. Um exemplo é a usina metalúrgica, que separa ele-mentos minerais, produzindo vários metais. Outro exemplo é a usina siderúrgica, que produz exclusivamente ferro e aço, uma mistura de ferro e manganês, entre outros componentes. O aço é a base para a fabricação de diversos produtos, como máquinas, peças para veículos e eletrodomésticos. Nesse sentido, a siderurgia é o elemento fundamental na atração de outras indústrias.

No Brasil, a Região Sudeste é a que concentra o maior número de indústrias siderúrgicas, sobretudo o estado de Minas Gerais, que produz grande quantidade de minério de ferro, ma-téria-prima essencial para a produção do aço. Além da metalurgia e da siderurgia, a petroquí-mica e a indústria de cimento, por exemplo, são indústrias de base ou de bens de produção.

Indústria de bens de capital ou intermediáriaEsse tipo de indústria produz os meios e os instrumentos necessários a outras fabrica-

ções e transportes, como autopeças, ferramentas e máquinas em geral. Apresenta impor-tância decisiva no desenvolvimento industrial, pois equipa outras indústrias com a produção de prensas, formas, guindastes, material ferroviário, entre outros.

Indústria de bens finais ou de consumoEssa indústria produz bens acabados, prontos para se-

rem consumidos diretamente pela população. Em geral, é dividida em dois subtipos: indústria de bens de consumo duráveis, que fabrica bens que não se esgotam imediata-mente com o uso, como automóveis, eletrodomésticos e móveis; e indústria de bens de consumo não duráveis, a qual produz bens que se esgotam quando consumidos, como alimentos, roupas, calçados, medicamentos e cadernos.

O Brasil, por exemplo, produz automóveis, que são bens de consumo duráveis, mas não fabrica todas as má-quinas e os equipamentos (produtos da indústria de bens de capital) necessários para a montagem dos automóveis. A indústria nacional, não só a automobilística, ainda é de-pendente do exterior, pois, muitas vezes, precisa comprar máquinas, equipamentos e peças de outros países.

indústrias fabris: indústrias que transformam a matéria-prima em produtos manufaturados, isto é, produtos transformados e terminados, em condições de serem comercializados.

Interior de indústria automobilística em São Bernardo do Campo, SP, 2010

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38

Geografia

Fatores de concentração industrial

A instalação de uma indústria em determinado local depende da decisão dos empresá-rios que a administram. Geralmente, os fatores que influenciam essa decisão estão ligados à redução de custos e ao aumento da lucratividade, uma vez que bons resultados permitem novos investimentos. Os principais fatores são: a concentração de mão de obra; a proximida-de do mercado consumidor; a acessibilidade e a eficiência dos meios de transporte; a presen-ça de incentivos governamentais; e a proximidade das fontes de matérias-primas e energia.

A disponibilidade e a proximidade das matérias-primas necessárias para a fabricação de um produto são fatores de atração, especialmente para as indústrias de base, que utilizam grande volume de recursos. Para transformar as matérias-primas, as máquinas necessitam de muita energia.

Para obter mais lucros, as indústrias precisam ter acesso fácil e barato aos centros fornecedores das matérias-primas e ao mercado consumidor. A importância desse fator faz com que os governos invistam em infraestrutura, como construção e manutenção de rodovias, ferrovias e hidrovias, e criação de um sistema portuário eficiente.

O governo também pode ter papel importante e até decisivo na localização industrial. Isso envolve desde o oferecimento de incentivos ou vantagens para atrair indústrias, até a delimitação dos locais onde elas podem construir suas sedes. Com o objetivo de promover o desenvolvimento industrial, alguns governos, por exemplo, doam terrenos, investem em infraestrutura (estradas, redes de água e de luz, comunicação, etc.), fazem empréstimos às empresas e oferecem isenções de impostos.

A necessidade de mão de obra nas indústrias pode ser muito grande, principalmente naquelas pouco automatizadas, como certas indústrias alimentícias ou têxteis. Nesse caso, um dos fatores que influenciam na escolha da instalação é a concentração populacional, o que explica a concentração industrial em áreas de alta densidade demográfica. Como a oferta de emprego é um fator de atração populacional, os centros urbanos dessa região apresentam intenso crescimento por causa das indústrias, em uma relação interdependente. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, é fundamental ter mão de obra qualificada, treinada e preparada para trabalhar com as novas tecnologias; por isso, o investimento em educação e o treinamento são importantes para o desenvolvimento industrial de um país. O menor custo com os trabalhadores também influencia a localização industrial, pois muitas empresas escolhem se estabelecer em lugares com oferta de mão de obra barata. Além disso, o mercado consumidor é decisivo para a produção de qualquer bem ou serviço, já que é necessário consumir o que é produzido. Desse modo, a concentração populacional também atrai a indústria, uma vez que, além de ofertar mão de obra, representa grande potencial consumidor.

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39

Evolução da indústria no Brasil

No Brasil, as primeiras indústrias fo-ram instaladas apenas no fim do século XIX.

-camente o vapor como fonte de energia e, mais tarde, a eletricidade. No início do sé-culo XX, houve uma expansão da indústria brasileira. Os recursos econômicos para im-pulsionar esse processo foram gerados, em grande parte, pela economia cafeeira. Isso aconteceu especialmente a partir da década de 1930, quando a queda do preço do café no mercado internacional obrigou os produ-tores a desviar os investimentos para outros produtos agrícolas e para o setor industrial.

Contudo, o fator decisivo para o cresci-mento industrial brasileiro foi a forte explo-ração da mão de obra dos imigrantes, que começou a substituir o trabalho escravo a partir do fim do século XIX e propiciou o acú-mulo do capital necessário ao investimento no processo produtivo.

Durante as décadas de 1940 e 1950, o governo investiu na implantação da infraestrutura necessária ao avanço da industrialização. Exemplos desses investimentos foram a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e da Petrobras e a organização da legislação trabalhista.

A partir da década de 1950, a industrialização se expandiu, em especial na Região Sudeste, graças aos investimentos das multinacionais, empresas com sede em um país que instalam filiais em outros países. Essas empresas se instalaram no Brasil atraídas, entre outros fatores, pela mão de obra barata e pela abundância de matérias-primas.

Distribuição das indústrias no Brasil

As indústrias brasileiras não estão distribuídas igualmente no território nacional. Exis-tem algumas áreas de grande concentração industrial e outras em que o desenvolvimento da atividade industrial é bem menor.

Conforme já estudado, vários fatores são responsáveis pela distribuição desigual das indústrias brasileiras. Na Região Sudeste, fatos históricos explicam a maior concentração industrial. No estado de São Paulo, a concentração industrial se justifica por ter sido o maior produtor de café nos séculos XIX e XX, tornando-se a principal economia do país nessa épo-ca. Por isso, dispunha das melhores redes de infraestrutura, que foram criadas para escoar a produção. Assim, o estado foi o principal destino das primeiras indústrias instaladas no país. No Rio de Janeiro, diversas indústrias siderúrgicas se instalaram pela proximidade do estado de Minas Gerais, grande produtor de minerais metálicos.

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Vista da Refinaria da Petrobras Presidente Bernardes, Cubatão, São Paulo, 2018

40

Geografia


Neste mapa, observe a distribuição das indústrias no território brasileiro.


Brasil: distribuição das indústrias

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Com base no mapa e no conteúdo estudado, responda às questões propostas.

1 Onde estão localizadas as áreas com maior concentração industrial no Brasil?

2 Onde estão localizadas as outras áreas de concentração industrial do país?

3 Quais fatores históricos são responsáveis pela maior concentração de indústrias na Região Sudeste?

4 Compare o mapa "Brasil: distribuição das indústrias" com o mapa "Brasil: densidade demográfica – 2010", que está abaixo. Que relações se pode estabelecer entre eles e os fatores de concentração industrial?

Brasil: densidade demográfica – 2010

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Fonte: IBGE.Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 114. Adaptação.

41

A partir da década de 1970, houve significativo avanço nos processos industriais do

Brasil, com a instalação de mais multinacionais em território nacional. Com isso, o país pas-

sou a exportar mais produtos manufaturados que matérias-primas. Essas multinacionais,

que ainda atuam no Brasil, eram de vários setores, como o mecânico (particularmente o au-

tomobilístico), o químico e o eletroeletrônico. Nesse período, o país desenvolveu um dos

mais importantes e completos parques industriais da América Latina.

Atualmente, há inúmeras indústrias brasileiras que utilizam modernas tecnologias na

fabricação de seus produtos, muitos dos quais são exportados para outros países. Uma das

maiores concentrações dessas empresas se localiza em São José dos Campos, no estado

de São Paulo. Isso ocorre, entre outros fatores, pela presença do Instituto Tecnológico de

Aeronáutica (ITA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), dois importantes

centros de pesquisas nacionais.

A região de Campinas, no estado de

São Paulo, também é um polo tecnológico

e de pesquisa. A presença da Universidade

Estadual de Campinas (Unicamp), centro de

excelência em pesquisa, e a localização da

cidade, que se situa a cerca de 100 quilôme-

tros de São Paulo e está próxima do Aero-

porto Internacional de Viracopos, atraíram

inúmeras empresas do ramo tecnológico

para a região. Além disso, em 2018, foi

inaugurado o mais avançado acelerador de

partículas da América Latina, o Laboratório

Nacional de Luz Síncroton, que trará enor-

mes contribuições para o desenvolvimento

científico e tecnológico do país.

No entanto, ainda existem no Brasil muitas indústrias cujos processos são bastante

tradicionais, principalmente os ligados à fabricação de bens de consumo não duráveis.

Desafios da indústria brasileira no século XXI

O futuro industrial do Brasil é promissor. Mas, para acompanhar essa evolução, o país

precisará superar alguns desafios. Em relação ao setor energético, a demanda por eletrici-

dade cresce a cada ano. Para atender a esse crescimento, o Brasil precisará investir maciça-

mente na geração de energia.

Os reduzidos investimentos no setor de transporte também dificultam o desenvolvi-

mento industrial, uma vez que, tanto para a obtenção de matéria-prima quanto para o es-

coamento da produção, é necessário contar com uma infraestrutura eficaz.

Outros desafios a serem enfrentados pelo Brasil são o aumento da qualificação da

mão de obra e dos investimentos em tecnologias avançadas, para a melhoria dos processos

produtivos.

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Instalações do Laboratório Nacional de Luz Síncroton, Campinas, SP, 2018

42

Geografia

Fontes de energia

Um dos principais e atuais desafios do Brasil é planejar o fornecimento energético e racionalizar seu consumo. Isso porque o setor industrial, assim como outros setores, exige grande quantidade de energia, além da demanda doméstica.

De acordo com a origem, as fontes de energia são classificadas como renováveis, quando são permanentes, e não renováveis, quando necessitam de um longo tempo para serem ge-radas. Os tipos de energia são obtidos de fontes diferentes: hidráulica (da água), eólica (do vento), solar (do Sol) e térmica (da queima de combustíveis fósseis).

Energia térmica

Geralmente, a energia térmica é obtida da queima de um combustível fóssil, como o carvão mineral, o petróleo e o gás natural. Outra fonte de energia térmica usada no Brasil é o xisto.

Carvão mineralO carvão mineral é um combustível fóssil não renovável, pro-

duzido ao longo de milhares de anos pelo soterramento de gran-des florestas. No Brasil, há poucas reservas de carvão mineral, e a maioria delas não contém produto de boa qualidade, pois apre-senta grande quantidade de impurezas e produz pouco calor.

Os produtos catarinense e gaúcho são os mais usados na si-derurgia, que os utiliza para transformar o minério de ferro em ferro-gusa e, depois, em aço.

A exploração carbonífera causa muitos danos ao ambiente. Além da poluição do ar provocada pela fuligem, seus resíduos são levados pelas chuvas para os rios, poluindo suas águas.

xisto: tipo de rocha porosa e sedimentar rica em material orgânico, em cujas camadas é possível encontrar óleo mineral e gás natural. Seu óleo é um substituto do petróleo, pois dele também se obtêm gasolina, querosene, entre outros combustíveis.

ferro-gusa: é utilizado como matéria--prima do aço e resulta da redução do minério de ferro pelo calor.

fuligem: a fuligem de carvão consiste de partículas muito finas lançadas na atmosfera pela queima desse minério.

No Brasil, o sul de Santa Catarina é uma das regiões onde o carvão mineral é mais explo-rado. Apesar de importante para gerar a energia local, o carvão mineral foi explorado, por muito tempo, sem o controle de leis específicas, resultando em grandes impactos socioam-bientais: fenômenos de subsidência, ou seja, afundamento do solo, poluição do ar e acidez das águas. A queima do carvão mineral produz muitos rejeitos, entre eles a pirita, um mineral que sofre oxidação quando entra em contato com o ar e a água, liberando substâncias tóxicas para os seres vivos, como gases sulfurosos e ácido sulfúrico.

No ano de 2000, diversas carboníferas da região foram condenadas por crime ambiental, sendo obrigadas a recuperar as áreas degradadas; porém, até 2015, apenas 35% dessas áreas tinham sido recuperadas. Atualmente, para continuar a explorar carvão mineral, as minera-doras precisam se adequar às leis ambientais específicas que regulamentam essa atividade.

43

PetróleoNa atualidade, o petróleo é a mais importante fonte de energia do mundo. Após a extra-

ção, é levado até as refinarias, onde passa por um processo industrial de refino. Nesse pro-

cesso, são extraídos numerosos produtos, chamados derivados de petróleo, que são usados

como combustíveis ou outros fins, como gasolina, querosene, óleo combustível e óleo diesel.

Além de gerar combustíveis, o petróleo também é uma relevante matéria-prima da in-

dústria petroquímica. Está presente em tintas, corantes, náilon, fertilizantes, plástico, etc.

Os polos petroquímicos do Brasil estão localizados próximos a capitais de unidades da fede-

ração, como São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Um dos mais conhecidos e

importantes é o Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia.

Vista aérea do Polo Petroquímico de Camaçari, BA, 2017

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Pesquisas apontam que os combustíveis derivados do petróleo e o carvão mineral, de-

nominados combustíveis fósseis, são responsáveis pela poluição atmosférica e contribuem

para o efeito estufa artificial. Estudiosos afirmam que esse fenômeno está ocasionando o

aumento da temperatura média do planeta. Por essa razão, embora os combustíveis fósseis

sejam a principal matriz energética dos países industrializados, não são considerados ener-

gia limpa – aquela que não libera (ou libera poucos) gases ou resíduos poluentes.

A maioria das fontes de energia renováveis é considerada limpa, pois, em geral, afeta

pouco o ambiente, diferentemente das fontes de energia não renováveis. Entre os principais

tipos de energia limpa, destacam-se a solar, a eólica e a das marés. Também são considera-

dos fontes de energia limpa os biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel (produzido com

óleos vegetais ou gordura animal), e o biogás, obtido da transformação de lixo orgânico e

excrementos de animais.

O Brasil, apesar de ter programas de incentivo ao uso de energia limpa, ainda é um gran-

de consumidor e produtor de combustíveis fósseis. A descoberta de uma extensa reserva

de petróleo na camada pré-sal colocou o país na lista das maiores reservas desse recurso

natural no mundo. Isso passou a ser mais um ponto de interesse internacional nos recursos

naturais brasileiros, juntamente com a maior floresta tropical do mundo e uma das maiores

reservas de água doce.

44

Geografia

Gás naturalFonte de energia fóssil, o gás na-

tural é encontrado, na maior parte das

vezes, com os depósitos de petróleo.

No Brasil, esse gás é pouco produzi-

do, razão pela qual o país importa esse

recurso da Bolívia, que o fornece por

meio de um gasoduto.

O Gasoduto Bolívia-Brasil tem 3 150

quilômetros, dos quais 2 593 quilôme-

tros ficam em território brasileiro. Sua

tubulação começa na Estação de Medi-

ção Rio Grande, 40 quilômetros ao sul

da cidade boliviana de Santa Cruz de la

Sierra, e termina em Porto Alegre, no

Rio Grande do Sul, distribuindo-se pelos

estados de Mato Grosso do Sul, São Pau-

lo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande

do Sul. Em seu percurso, a tubulação

passa por mais de 4 mil propriedades,

localizadas em 135 municípios.

Gasoduto Bolívia-Brasil

Fonte: PASSOS, Maria de Fatima S. A. Gasoduto Bolívia-Brasil. Disponível em: <http://ecen.com/eee10/gasp.htm>. Acesso em: 30 jan. 2014. Adaptação.

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A camada pré-sal é uma faixa composta de rochas carbonáticas (sedimentar) localizada

em grandes profundidades, sob as águas oceânicas. Até o momento, pesquisas realizadas

pela Petrobras indicam que essa camada se estende ao longo de 800 quilômetros do litoral

brasileiro, entre os estados do Espírito Santo e de Santa Catarina, tem 200 quilômetros de

largura e uma profundidade que ultrapassa 7 mil metros. Observe a ilustração seguinte.

A camada pré-sal

recebe essa denomi-

nação porque se loca-

liza embaixo da cama-

da de sal. O petróleo

e o gás ficam armaze-

nados nos poros das

rochas, no interior da

camada pré-sal, sob

alta temperatura e

pressão. Isso torna o

óleo mais fino e no-

bre, apresentando

ótima qualidade para

o refino da gasolina e

outros combustíveis.

curiosidade?

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Camada pré-sal

Fonte: PETROBRAS. Pré-sal. Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/areas-de-atuacao/exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/pre-sal/>. Acesso em: 13 nov. 2018.

45

Extensa monocultura de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol, Ribeirão Preto, SP, 2018

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Extraído sobretudo da cana-de-açúcar, o etanol, ou álcool combustível, também pode ser produzido com o milho e outros vege-tais. Desde a instituição do Programa Nacio-nal do Álcool (Proálcool) na década de 1970, o Brasil se tornou um dos maiores produto-res mundiais de etanol, usado principalmen-te para substituir a gasolina nos automóveis. Esse fato permitiu ao país importar menos petróleo, em especial na década de 1980.

O etanol é menos poluente que a gaso-lina e emite menos gases que intensificam o efeito estufa. Além disso, esse combustível gera grande quantidade de bagaço de cana, cuja queima é utilizada como fonte de calor para a geração de eletricidade. Em virtude disso, é considerado um bom substituto dos combustí-veis fósseis, pois é capaz de diminuir os problemas ambientais associados a eles.

Mas existe um problema: estima-se que extensas áreas serão destinadas à monocultura da cana-de-açúcar e de outros vegetais voltados para a produção de etanol. Isso pode inten-sificar o desmatamento e a poluição, ocasionada pelas queimadas e pelas usinas de álcool. Essa situação pode afetar o ambiente da mesma forma e, segundo alguns críticos, resultar também na diminuição da produção de alimentos.

Carvão vegetal

Produzido com a madeira das árvores, é utilizado em pequenas fundições e residências. No estado de Minas Gerais, esse tipo de carvão é usado em pequenos fornos para a produ-ção de ferro-gusa. A produção de carvão vegetal pode ocorrer em carvoarias que operam de modo ilegal, não cumprindo a legislação ambiental nem a trabalhista.

Energia elétrica

Em geral, a energia elétrica é produzida em usinas, por geradores ligados a turbinas. Estas podem ser movidas pela força hidráulica (da água), pela queima de um combustível (carvão ou petróleo), por meio da energia nuclear ou pelo movimento de hélices (vento).

Os tipos de usinas geradoras de eletricidade mais utilizados são:

hidrelétricas, cujas turbinas são movidas pela força hidráulica;

termelétricas, cujas turbinas são movidas pelo vapor-d’água produzido pela queima de um combustível;

nucleares, cujas turbinas são movidas pelo vapor-d’água proveniente da energia nuclear;

eólicas, cujas turbinas são movidas pela força do vento.

Há ainda fontes alternativas, como a fotovoltaica, que utiliza placas com alguns elemen-tos que, quando expostos à radiação solar, produzem energia elétrica.

46

Geografia

Energia nuclear

Muito mais poderosa que a obtida do carvão e do petróleo, a energia nuclear é utili-zada principalmente para a geração de eletricidade. Esse tipo de energia tem a vantagem de extrair uma enorme quantidade de energia de um volume pequeno de combustível. No entanto, é a mesma energia que produz a bomba atômica.

O funcionamento de uma usina nuclear é semelhante ao de uma usina termelétrica: a energia liberada por processos ocorri-dos no átomo aquece a água, produzindo vapor para movimentar as turbinas, que impulsionam os geradores de eletricidade.

É preciso ter cuidados rigorosos com a conservação das usinas nucleares. O maior risco são os acidentes nucleares, em que há vazamento de radioatividade, que consiste na emis-são de energia pelos átomos.

A contaminação por radioatividade causa vários efeitos maléficos à saúde, como o cân-cer. Quando controlada, a radioatividade pode ser usada de modo benéfico para o ser huma-no, como na esterilização de materiais médicos, no diagnóstico de doenças e no controle do câncer, por meio da radioterapia.

Localiza-se no Rio Paraná, no trecho de fronteira entre Brasil e Paraguai, 14 quilômetros ao norte da Ponte da Amizade, nos municípios de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai. É líder mundial em produção de energia limpa e a segunda em capacidade de geração de energia.

átomo: pequena estrutura que constitui todas as substâncias. É formado de três tipos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e elétrons.

©Pulsar Imagens/Ernesto Reghran

As usinas hidrelétricas são as maiores responsáveis pela geração de energia no Brasil. Isso ocorre porque existem muitos rios de planalto, caudalosos e repletos de quedas--d’água. É a força dessas águas que movimenta as turbinas geradoras de eletricidade nas hidrelétricas. A Itaipu Binacional gera cerca de 15% de toda a energia consumida no Brasil e 86% do consumo paraguaio.

pesquisa

Vista aérea da Usina de Itaipu, 2015

Atualmente, a energia produzida pelas usinas hidrelétricas corresponde a cerca de 70% da energia gerada no Brasil. Apesar de produzirem energia limpa, essas usinas também são alvos de polêmicas, porque podem causar impactos socioambientais. Para entender mais sobre isso, pesquisem, em duplas, os impactos positivos e negativos do uso das hidrelétricas no país.

47

Circuito primárioCircuito secundárioSistema de água de refrigeração

Vaso decontenção

Reator Pressurizador

Vaso depressão

Barras decontrole

Vapor

Elementocombustível

Geradorde vapor

Água

Bomba principal derefrigeração do reator

Turbina

Geradorelétrico

Torre detransmissão

Condensador

Bomba

BombaBomba

Tanque de águade alimentação

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No processo de geração de energia nuclear, são produzidos resíduos, que são o lixo

atômico da usina. Esses resíduos devem ser estocados em depósitos confinados, pois, se

liberados, têm a capacidade de contaminar gravemente as pessoas, o ar e a terra durante

vários anos.

Como funciona uma usina nuclear?

A fissão dos átomos de urânio dentro das varetas do elemento combustível aquece a água que passa pelo reator a

uma temperatura de 320 graus Celsius. Para que não entre em ebulição – o que ocorreria normalmente a 100 graus Celsius –, essa água é mantida sob uma pressão 157 vezes maior que a pressão atmosférica.

O gerador de vapor realiza uma troca de calor entre a água deste primeiro circuito e a do circuito secundário,

que são independentes entre si. Com essa troca de calor, a água do circuito secundário se transforma em vapor e movimenta a turbina – a uma velocidade de 1 800 rpm – que, por sua vez, aciona o gerador elétrico. Esse vapor, depois de mover a turbina, passa por um condensador, onde é refrigerado pela água do mar, trazida por um terceiro circuito independente. A existência desses três circuitos impede o contato da água que passa pelo reator com as demais.

Fonte: ELETROBRAS. Energia nuclear. Disponível em: <http://www.eletronuclear.gov.br/Sociedade-e-Meio-Ambiente/espaco-do-conhecimento/Paginas/Energia-Nuclear.aspx>. Acesso em: 9 fev. 2019.

Comércio no Brasil

Durante o século XX, sobretudo a partir da década de 1970, a industrialização brasileira

avançou bastante. Essa expansão é resultado da transformação tecnológica, que intensificou

48

Geografia

a produção de manufaturados. Entretanto, produtos básicos, como a soja e o minério de

ferro, são os principais responsáveis pelo intenso comércio que o Brasil estabelece com ou-

tros países.

Comércio: troca de mercadorias

Denomina-se comércio a atividade que consiste na compra e na venda de produtos. To-

dos os produtos disponíveis para serem comercializados são chamados de mercadorias. O

comércio é classificado como interno ou exterior.

Comércio interno: realiza-se dentro de um país. No Brasil, até praticamente meados do

século XX, o contato comercial entre as regiões era muito limitado. O avanço industrial

foi um dos fatores que permitiu maior integração.

Comércio exterior: representa as compras e as vendas realizadas entre países. Os produ-

tos vendidos por um país, isto é, exportados, podem ser classificados segundo o grau de

intensidade tecnológica que apresentam.

Relacione as colunas quanto ao grau de intensidade tecnológica dos produtos.

a) Produtos de alta intensidade tecnológica

b) Produtos de média intensidade tecnológica

c) Produtos de baixa intensidade tecnológica

( ) São de fabricação mais simples, como os produtos químicos em geral, a borracha, o plástico, além de automóveis, maquinários elétricos e mecânicos e combustíveis.

( ) Alimentos e bebidas, têxteis, papéis e celulose, mobi-liários, calçados e produtos de couro.

( ) São fabricados pelos setores aeroespacial, eletroe-letrônico, farmacêutico, instrumentos de precisão e equipamentos de computação e telecomunicações.

Essa classificação, aplicada pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e

Desenvolvimento (UNCTAD), avalia o grau de desenvolvimento dos países de acordo com o

tipo de produto que exportam. Assim, quanto mais desenvolvido for um país, mais produtos

de alta intensidade tecnológica ele exporta. É o caso de países como Estados Unidos, Japão

e Alemanha.

O Brasil exporta mais produtos de baixa intensidade tecno-

lógica, embora produza numerosos bens de média intensidade

tecnológica. Como o valor desses produtos é baixo, essas expor-

tações não geram grandes divisas ao país, ainda que a quanti-

dade seja expressiva. Em 2017, os países para os quais o Brasil

mais exportou produtos foram, respectivamente, China, Estados

Unidos, Argentina, Países Baixos e Japão.

A importação é a transação comercial em que um país compra

mercadorias de outro. Em 2017, o Brasil importou mais produtos

de China, Estados Unidos, Argentina, Países Baixos e Alemanha,

respectivamente.

celulose: substância presente nas células das plantas. Quando extraída

da madeira, serve como matéria- -prima para a produção de diversos tipos de papel.

divisas: moeda estrangeira e outros meios de pagamento que podem ser convertidos em moeda nacional e utilizados pelo governo e por empresas para realizar transações comerciais.

49

Observe os fluxos de exportação e importação brasileiros.

Fonte: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Balança comercial: jan.-dez. 2017. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano?layout=edit&id=3056>. Acesso em: 14 nov. 2018.

A diferença entre as importações e as exportações de um país se denomina balança co-

mercial. Diz-se que um país apresentou balança comercial positiva ou favorável em determi-

nado ano quando ele exportou mais do que importou nesse período. A balança comercial é

negativa ou desfavorável quando o país importa mais do que exporta. Também se diz que a

balança apresentou superávit (positiva) ou déficit (negativa).

atividades

1 De acordo com o gráfico das importações e das exportações brasileiras em 2017, responda

a) Quais são as características dos oito principais produtos exportados pelo Brasil em relação ao grau de intensidade tecnológica? Existem produtos de alta intensidade tecnológica?

b) Quais são as características dos oito principais produtos importados pelo Brasil em relação ao

grau de intensidade tecnológica? Existem produtos de alta intensidade tecnológica?

2 Em 2017, o Brasil importou 150,7 bilhões de dólares e exportou 217,7 bilhões de dólares. Nesse período, a balança comercial brasileira apresentou superávit ou déficit? Justifique sua resposta.

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7 269 6 9896 115

5 449 5 6474 158 3 725

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6 000

8 000

10 000

12 000

14 000

16 000

18 000

20 000 Produtos

manufaturados

Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes

Produtos básicos

Medicamentos para medicina

humana e veterinária

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores

Óleos combustíveis (óleo

diesel, fuel-oil, etc.)

Circuitos integrados e

microconjuntos eletrônicos

Naftas

30 691

19 19916 624

11 4979 042

6 669 6 3454 600

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

30 000

35 000

Carnes

Celulose

Café

Soja (inteira, triturada, farelo e

resíduos de extração de óleo)

Minérios de ferro e seus

concentrados

Óleos brutos

de petróleo

Açúcar de cana,

em bruto

Automóveis de

passageiros

Brasil: produtos exportados em 2017 (em milhões de US$ FOB*)

Brasil: produtos importados em 2017 (em milhões de US$ FOB*)

*FOB (free on board): preço do produto exportado acrescido dos custos

com o transporte até o país de destino.

50

Geografia

Redes de transporte e comunicação no Brasil

As redes de transporte e comunicação são indispensáveis em nossa sociedade. Elas colo-

cam produtores e consumidores em contato, circulam notícias e informações e facilitam as

transações financeiras pelo mundo. São, portanto, de grande importância para o desenvol-

vimento da economia.

Redes de transporte no Brasil

O transporte de pessoas e produtos pode ser feito por terra, água ou ar. Por essa razão,

as vias de transporte recebem diferentes classificações:

Redes de transporte terrestres – podem ser ferroviárias (estradas de ferro) e rodoviárias

(estradas pavimentadas ou não pavimentadas por onde circulam automóveis, caminhões,

motocicletas, etc.);

Redes de transporte aquáticas – hidroviárias, que podem ser lacustres (em lagos), fluviais

(em rios) e marítimas (no mar);

Redes de transporte aéreas – por aeronaves, como aviões e helicópteros.


No mapa, observe os principais meios de transporte do país.

Brasil: meios de transporte


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Com base no mapa, responda às questões seguintes.

1 Que tipo de transporte predo-mina no Brasil?

2 Em qual região do país predo-minam as hidrovias? Por quê?

3 Como é a distribuição das vias de transporte na unidade da

federação onde você vive?

51

O tempo e o custo são fatores fundamentais a fim de se escolher o transporte para a

circulação de um produto. O transporte rodoviário é o mais utilizado para cargas pesadas e

grandes distâncias. Também é empregado para pequenas distâncias, caso a carga não seja

muito pesada, e a entrega necessite de agilidade.

Em geral, o transporte aéreo é usado para cargas menores, mais leves e valiosas, pois

o espaço para transporte na aeronave é pequeno e o custo, elevado. Já o transporte ferro-

viário é empregado para transportar cargas de grande peso e volume. Por apresentar baixo

consumo de energia, tem um custo menor que o das rodovias.

No Brasil, como observado no mapa, predominam as rodovias. Em virtude da concentra-

ção industrial, a Região Sudeste é a que tem a maior rede de transportes do país.

RodoviasO transporte rodoviário brasileiro teve maior desenvolvimento no fim da década de

1950. Isso ocorreu com a instalação de muitas indústrias automobilísticas multinacionais no

Brasil nesse período.

A intensa produção de veículos dessas multinacionais demandou a construção de ro-

dovias por onde eles pudessem se deslocar. O resultado disso é que, atualmente, o Brasil

apresenta uma malha rodoviária que interliga regiões pelas quais circulam cerca de 60% de

todas as mercadorias produzidas no país.

Contudo, nem todas as regiões brasileiras têm vias de transporte e há muitas rodovias

em péssimo estado de conservação. Estima-se que o Brasil perca mais de 3 bilhões de reais

ao ano por causa da má qualidade das rodovias, o que resulta em um acréscimo de cerca de

30% do custo das empresas. Apesar de as rodovias permitirem um deslocamento rápido

pelo território, existe outra desvantagem: grande parte dos veículos que circulam pelas ruas

e pelas estradas nacionais é movida a gasolina ou a óleo diesel, o que aumenta a poluição

atmosférica, sobretudo nos grandes centros urbanos.

FerroviasMuitas características geográficas do Brasil su-

gerem a ferrovia como o meio de transporte ideal:

o país apresenta grande dimensão, com longas dis-

tâncias a serem percorridas; o relevo é predominan-

temente plano; e há facilidade para se gerar a ener-

gia que movimenta os trens.

No entanto, a extensão das ferrovias pratica-

mente estacionou desde seu auge, na época do café,

com cerca de 30 mil quilômetros. Na atualidade, o

transporte ferroviário de mercadorias representa

apenas 21% do total nacional. Uma das causas dessa

estagnação foram, em parte, as decisões governa-

mentais, na década de 1950, de priorizar o investi-

mento em rodovias para favorecer as multinacionais

automobilísticas instaladas no país.

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Trens de carga em operação na região sul do município de São Paulo, 2017

52

Geografia

Hidrovias

Apesar de seu baixo custo, a navegação fluvial é pou-

co utilizada no Brasil, representando somente 14% do

transporte de cargas no país. Em parte, isso ocorre porque

são necessárias muitas obras de engenharia para tornar

alguns rios navegáveis. São exemplos o Rio Tietê, SP, e o

Rio Tocantins, TO, o qual atravessa o estado e deságua no

litoral do Pará. Para eles se tornarem navegáveis, foram

construídas eclusas, ou seja, elevadores, nos quais as em-

barcações entram para atravessar uma queda-d’água.

O regime de alguns rios também dificulta a navegação,

pois eles se tornam muito volumosos na época das chu-

vas e rasos no período da estiagem. Além disso, a maioria

dos rios de planície que são navegáveis está distante dos

grandes centros industriais do país, como o Rio Amazonas,

na Região Norte. Nessa região, a navegação tem grande

importância para a população, pois muitas localidades só

podem ser alcançadas por via fluvial.

Navegação marítima

O litoral brasileiro é bastante extenso e apresenta condições favoráveis ao desenvolvimen-

to do transporte marítimo. Apesar disso, esse setor ainda deixa a desejar. Tanto a navegação

de cabotagem (de um porto a outro do país) quanto a internacional apresentam dificuldades.

Isso é decorrente, em parte, do mau estado das embarcações e do aparelhamento dos portos,

que nem sempre evidenciam boas condições de armazenagem. Os principais e mais movimen-

tados portos brasileiros são o de Santos, SP, o do Rio de Janeiro, RJ, e o de Paranaguá, PR.

Transporte aéreo

A aviação comercial brasileira teve início em 1927, com a fundação da Viação Aérea Rio-

-Grandense (Varig). No começo, seus aviões voavam apenas em território brasileiro, em per-

cursos de, no máximo, 207 quilômetros. Apenas depois de 1945, com a instalação de outras

empresas aéreas, o setor se desenvolveu. Atualmente, o Brasil tem alguns aeroportos com

intenso movimento: Aeroporto Internacional Tom Jobim (Rio de Janeiro); Aeroporto Inter-

nacional de São Paulo (Guarulhos/Cumbica); e Aeroporto de Congonhas (São Paulo).

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Eclusa no Rio Tocantins, em Tucuruí, PA, 2010

O desenvolvimento da economia de um país depende muito do setor de transportes.

Quanto mais eficiente for o transporte, mais facilmente os produtos e as pessoas poderão

circular pelo território, e o custo para isso fica mais baixo. Assim, lugares onde existe carên-

cia de infraestrutura de transportes apresentam dificuldade em desenvolver suas econo-

mias, pois produtos e serviços se tornam mais caros, causando prejuízos. Sobre esse assunto,

leia o texto seguinte.

olhar geográfico

53

A safra de grãos 2016/2017 deve atingir o recorde de 227,9 milhões de toneladas, com

incremento estimado de 22,1% em relação à de 2015/2016, segundo dados da Conab (Compa-

nhia Nacional de Abastecimento). A notícia é boa para o agronegócio e incrementa, também,

a demanda pelos serviços de transporte.

No entanto, a infraestrutura inadequada deve representar uma dificuldade para o escoa-

mento da produção. Em fevereiro, produtores e embarcadores enfrentaram problemas na

BR-163, no Pará, quando as chuvas transformaram a rodovia num lamaçal, o que inviabilizou

o tráfego na região, causando transtornos e prejuízos.

[...] as deficiências já representam um entrave, pois elevam o custo do transporte e impac-

tam a cadeia de suprimentos, do produtor ao consumidor final. [...]

[...] a pouca disponibilidade de ferrovias é considerada problema grave ou muito grave por

83,3% dos embarcadores. O Brasil tem 3,4 quilômetros de infraestrutura ferroviária para cada

1 000 km2 de área. Os Estados Unidos, principal concorrente do Brasil, têm 22,9 quilômetros,

e a Argentina, que também disputa mercados com o país, tem 13,3 quilômetros.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Baixo investimento em infraestrutura prejudica escoamento da safra de grãos. Disponível em: <http://www.cnt.org.br/Imprensa/noticia/falta-investimento-infraestrutura-comprometer-escoamento-supersafra-graos>. Acesso em: 15 nov. 2018.

Escreva um parágrafo relacionando o texto lido com os estudos sobre as características da infraes-trutura de transporte brasileira.

Redes de comunicação

São os instrumentos empregados no processo de comunicação, isto é, na troca de informações.

O correio ou serviço postal é um dos mais antigos meios de comunicação criados pelo ser humano. De maneira geral, o serviço postal moderno é eficiente e rápido, pois emprega meios de transporte de alta velocidade, como o avião, para a entrega das correspondências e dos produtos.

Por ser rápido e eficiente, o telefone ainda é usado para as comunicações individuais. O maior destaque nas telecomunicações brasileiras é a telefonia móvel celular, que pode ser utilizada em praticamente qualquer lugar da cidade, principalmente com a popularização dos smartphones, que faz a transmissão de textos, imagens, sons e vídeos via internet.

Sociedade da informaçãoO grande desenvolvimento da informática e a expansão da telefonia permitem que as

pessoas se comuniquem praticamente de qualquer ponto do planeta. O uso de satélites arti-ficiais para as comunicações foi um dos grandes responsáveis por essa conquista. Esses equi-pamentos recebem sons e imagens, que são retransmitidos quase que de forma instantânea para os mais distantes lugares.

54

Geografia

A sociedade da informação é caracterizada pela capacidade de acessar quase qualquer informação, a qualquer momento e em qualquer lugar, desde que disponha dos equipamen-tos necessários. Por meio da internet, por exemplo, é possível fazer transações bancárias; enviar e receber e-mails; consultar bibliotecas e museus; ver a previsão do tempo; anunciar, vender e comprar produtos; acessar redes sociais; realizar ligações telefônicas; entre muitos outros serviços.

A velocidade das informações proporcionada pela internet resulta em uma sensação de encurtamento das distâncias, pois o acesso às informações vindas de qualquer parte do mundo é quase instantâneo. Entretanto, apesar dos avanços tecnológicos recentes, muitos lugares e regiões do Brasil apresentam conectividade em diferentes graus, havendo alguns praticamente excluídos do contexto da sociedade da informação.

Esses locais mais isolados, em geral, têm acesso limitado às informações, dependendo majoritariamente de meios de comunicação de massa (alcançam um número consideravel-mente grande de pessoas), como o rádio e a televisão.

1 Por que a mão de obra qualificada é importante para o desenvolvimento de algumas atividades industriais do país?

2 De que maneiras um governo pode influenciar na localização industrial?

3 Sobre as redes de transporte, responda às questões seguintes.

a) Qual é a relação entre o comércio e as redes de transporte de um país?

b) Qual é o papel das rodovias na integração comercial do Brasil?

4 Cite exemplos de matérias-primas de origem vegetal, animal e mineral e indique produtos que tenham essas matérias como base.


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Espaço urbano brasileiro8

• Industrialização e urbanização

• Regiões metropolitanas

• Hierarquia urbana

• Problemas socioambientais urbanos

Na atualidade, cerca de 84% da população do nosso país vive em áreas urbanas. As cidades são a expressão ter-ritorial do espaço urbano, que vem sendo construído conti-nuamente no Brasil, ao longo de muitas décadas. A imagem da cidade de Curitiba confirma essa observação: veja como construções antigas, algumas do século XVIII, mesclam-se com prédios mais recentes. A cidade onde você mora tem paisagens semelhantes a essa? Você sabe como ela se de-senvolveu até chegar à configuração atual?


Praça Garibaldi, no Centro Histórico de Curitiba, PR, 2019

©Celia Suzuki

56

Geografia

• Reconhecer o espaço urbano como um lugar de intensas atividades econômicas (indus-triais, comerciais e de serviços).

• Compreender as características que fazem do Brasil um país urbano.

• Identificar os diferentes graus de influência das cidades e a organização do espaço urbano brasileiro.

• Refletir sobre as consequências socioambientais decorrentes do contínuo crescimento das cidades.


Industrialização e urbanização

A urbanização no Brasil tem acentuada relação com a in-dustrialização, atividade que se intensificou a partir da década de 1930 e, com isso, impulsionou também o crescimento das cidades. Assim como ocorreu em outros países, a urbanização resultou da modernização da economia, com a instalação de in-dústrias, a expansão do trabalho assalariado e a ampliação do mercado consumidor. Esses fatores atraíram os moradores do campo, que migraram para as cidades em busca das oportuni-dades que surgiam. Paralelamente a isso, acontecia a redução dos postos de trabalho no campo, ocasionada, sobretudo, pela mecanização das lavouras e pela concentração das terras.

O processo de urbanização no Brasil foi muito rápido. Em 1940, aproximadamente 70% da população ainda vivia no cam-po. Apenas 30 anos depois, em 1970, a população urbana com-preendia 56% do total nacional, portanto já representava a maioria. A atuação do governo brasileiro como principal agen-te da modernização da economia foi fundamental para que isso acontecesse. A partir da década de 1960, com o objetivo de expandir a industrialização, o governo iniciou uma política voltada à urbanização do país.

Atualmente, o ritmo de crescimento urbano tem diminuí-do em virtude da redução dos movimentos migratórios, assim como da queda na taxa de crescimento populacional, em mui-tas cidades.

Você sabe qual é a diferença entre cidade e município? Município é a menor unidade autônoma do Brasil. É formado, em geral, por uma área rural e uma área urbana. Já a cidade consiste na área urbanizada de um município, onde vive a maior parte da população e está localizada a sede da prefeitura. Nas cidades, as atividades econômicas se concentram nos setores secundário e terciário. Em alguns municípios, pode não existir área rural, pois a cidade ocupa quase toda a área; assim como existem municípios onde a cidade é muito pequena e a área rural ocupa praticamente todo o território.

urbanização: processo que ocorre quando o crescimento populacional das cidades é

superior ao crescimento da população que vive no meio rural.

57

Regiões metropolitanas

As regiões metropolitanas são formadas por um agrupamento de municípios ligados en-

tre si pela infraestrutura e pelas relações socioeconômicas. Em geral, há um município que

concentra a maior parte da população, das atividades econômicas e dos serviços, e diversos

municípios próximos, que estabelecem uma relação de dependência entre si. Estabelecida

por meio de leis, a região metropolitana possibilita a criação de políticas públicas de interes-

se comum aos municípios que dela fazem parte.

No Brasil, o grande desenvolvimento das regiões metropolitanas ocorreu na década de

1970, quando sua população cresceu muito mais que a das cidades médias (entre 100 e 500

mil habitantes) e pequenas (menos de 100 mil habitantes).

Essa expansão foi resultado do modelo de modernização econômica, concentrado nas áreas

mais populosas. As indústrias, sobretudo as multinacionais, instalaram-se nas grandes cidades

em busca de mão de obra, infraestrutura e mercado consumidor. A busca por mão de obra atraiu

mais migrantes (do campo e de outras regiões), o que, consequentemente, ampliou o espaço ur-

bano e fez crescer o setor de serviços. Por essa razão, as regiões metropolitanas tiveram e ainda

têm grande importância na organização do espaço brasileiro e na vida de milhões de pessoas.

Os municípios que integram uma mesma região metropolitana precisam lidar com as ques-

tões que envolvem essa integração, relacionadas com o transporte coletivo, a habitação, o sanea-

mento básico, o aumento da criminalidade, entre outras. Por isso, buscam, com os governos esta-

duais e federais, mais investimentos para lidar com essas questões, bem como modos de planejar

e administrar esse espaço.

Atualmente, há 74 regiões

metropolitanas no Brasil. No

mapa ao lado, observe as prin-

cipais delas.

Fontes: IBGE. Atlas geográfico nacional. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016.

p. 147. Adaptação.; IBGE. Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas

e regiões integradas de desenvolvimento – 2010-2019. Disponível em: <https://

www.ibge.gov.br/geociencias-novoportal/organizacao-doterritorio/

estrutura-territorial/18354-regioes-metropolitanas-aglomeracoes-

urbanas-e-regioes-integradasde-desenvolvimento.

html?=&t=downloads>. Acesso em: 20 nov. 2018. Adaptação.

Brasil: principais regiões metropolitanas – 2018

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Geografia

Hierarquia urbana

Uma das características do espaço urbano é a interconexão de diferentes cidades. Nessa rede urbana, ocorre um fluxo constante de pessoas, produtos e informações entre as cida-des, que se relacionam por meio de diferentes graus de importância. Algumas delas, por causa de suas características (como maior concentração de serviços essenciais), têm mais influência sobre as demais, de acordo com as funções que exercem. Por exemplo: em deter-minadas cidades, a função principal é o comércio; em outras, a atividade industrial; outras ainda desempenham função portuária, religiosa, turística ou político-administrativa.

Assim, geralmente, as cidades com menos serviços a oferecer à população (comércio, escolas, hospitais, etc.) dependem de outras que ofertam esses serviços. Essa ordem de in-fluência de uma cidade sobre a outra se denomina hierarquia urbana.

O mapa não mostra todas as regiões metropolitanas do Brasil. Descubra se o município onde você vive faz parte de uma região metropolitana e se alguma região metropolitana pertence à unidade da federação onde você mora.

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Exemplos de cidades que exercem funções principais distintas, como portuária: Santos, SP, 2017 (foto 1); religiosa: Aparecida do Norte, SP, 2015 (foto 2); e político-administrativa: Brasília, DF, 2018 (foto 3)

59

De acordo com o IBGE, as principais hierarquias urbanas são, em ordem de influência:

metrópoles, capitais regionais, centros sub-regionais, centros de zona e centros locais.

As metrópoles são cidades populosas que exercem forte papel político e socioeconômi-

co nacional ou regional. Por concentrar importantes instituições, como universidades, cen-

tros de pesquisa, órgãos públicos, diversificado e moderno setor terciário (bancos, hotéis,

empresas comerciais, de comunicação, de publicidade, etc.), as metrópoles exercem influên-

cia sobre extensas áreas, até mesmo fora do país.

As metrópoles brasileiras absorveram áreas rurais e urba-

nas de municípios vizinhos. Em geral, essa expansão resulta na

conurbação, isto é, na união das manchas urbanas de dois ou mais

municípios preexistentes, em virtude da expansão horizontal das cidades, o que dificulta a

distinção de seus limites político-administrativos.

Quando dois municípios estão conurbados, ocorre dificuldade em observar

os limites existentes entre eles. Na imagem 1, por exemplo, o limite entre Con-

tagem (MG) e Belo Horizonte (MG) aparece traçado em amarelo. Percebe-se que

essas cidades cresceram até o limite dos municípios, tornando-os conurbados.

Na imagem 2, é possível observar a existência de um espaço desocupado

entre Belo Horizonte (MG) e Sabará (MG), pois os dois municípios ainda não estão com-

pletamente conurbados. Porém, notam-se ocupações ao longo das estradas que ligam

esses municípios, mostrando, no futuro, uma tendência de conurbação entre eles.

curiosidade?

Processo de conurbação: Belo Horizonte e Contagem

Processo de conurbação: Belo Horizonte e Sabará

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Fonte: ©Google Earth/Google Earth. Adaptação. Fonte: ©Google Earth/Image © 2019 DigitalGlobe. Adaptação.

manchas urbanas: áreas ocupadas pelas cidades.

60

Geografia

As metrópoles englobam os 12 principais centros urbanos do Brasil e dividem-se em três

subníveis:

grande metrópole nacional – cidade que centraliza funções hierarquicamente superi-

ores. Tem importância mundial por articular a economia global e os setores produtivos

e administrativos de empresas com atuação planetária, além de ser importante polo cul-

tural e industrial. No Brasil, São Paulo é a única metrópole que contempla todas essas

funções.

metrópoles nacionais – cidades como Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF), que têm alcance

nacional por causa das atividades que concentram.

metrópoles – cidades que centralizam a maior parte das atividades econômicas de sua

região e/ou país, como Manaus (AM), Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador

(BA), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS).

capitais regionais – cidades com funções variadas que têm uma área de influência

regional.

centros sub-regionais – cidades menores, que concentram atividades menos complexas,

com área de atuação mais reduzida.

centros de zona – nível formado por cidades de menor porte e com área de ação restrita

aos municípios vizinhos.

centros locais – cidades cuja influência está restrita aos limites de seu município.

Essa hierarquia urbana brasileira pode ser observada no mapa.

Brasil: hierarquia urbana

Fonte: IBGE. Regiões de influência das cidades – 2007. Rio de Janeiro, 2008. p. 11. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv40677.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018. Adaptação.

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Problemas socioambientais urbanos

O modelo de urbanização baseado no contínuo crescimento das regiões metropolitanas

trouxe graves consequências sociais e ambientais para o Brasil. O crescimento das grandes

cidades ocorreu com a verticalização, ou seja, construção de grandes prédios, e com a ho-

rizontalização, isto é, expansão da mancha urbana. Essa expansão geralmente resulta em

redução das áreas verdes, que são substituídas por construções, como é possível observar

nas imagens seguintes. A ausência de cobertura vegetal pode resultar na formação de ilhas

de calor, áreas que sofrem aumento significativo de temperatura, se comparadas às áreas

com mais vegetação.

Goiânia: Mancha urbana, 1984 Goiânia: Mancha urbana, 2016

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Fonte: ©Google Earth/Image Landsat / Copernicus, 1984. Adaptação.

Fonte: ©Google Earth/Image Landsat / Copernicus, 2016. Adaptação.

MAPA REDUZIDO 4

77 mm x 77 mmMAPA REDUZIDO 4

77 mm x 77 mm

Por falta de planejamento, muitas vezes, a população das grandes cidades brasileiras

cresceu de forma mais acelerada que a oferta de emprego, habitação, infraestrutura urbana

e serviços sociais. As políticas públicas de criação da infraestrutura atenderam mais à expan-

são das atividades econômicas que às necessidades sociais.

Assim, as camadas sociais menos favorecidas acabam vivendo geralmente nas periferias

da mancha urbana, onde o preço do solo costuma ser mais barato. Muitas vezes, esses lugares

não contam com saneamento básico eficiente (abastecimento de água, coleta de lixo, esgoto,

limpeza urbana), rede elétrica, ruas pavimentadas, etc. Outros problemas que afetam essas

áreas são: desemprego ou subemprego (vendedores ambulantes, guardadores de carros, en-

tre outros) e escassez e ineficiência das escolas públicas e dos serviços de saúde.

Um dos problemas mais graves das cidades brasileiras é a carência ou a precariedade das

habitações. O crescimento populacional e a valorização dos imóveis urbanos não foram acom-

panhados por uma elevação do nível de renda da população. Como resultado, o Brasil en-

frenta um enorme déficit habitacional, principalmente nas grandes cidades: falta de moradia

62

Geografia

adequada para grande parte da população urbana; muitas famílias não têm casa própria; e o valor dos aluguéis é alto.

As regiões metropolitanas apresentam também um grande número de sem-teto, isto é, de pessoas que não têm condições de acesso à moradia. Nas grandes cidades brasileiras, é possível encontrar pessoas morando embaixo de viadutos ou marquises e em praças.

As condições ambientais das grandes cidades, de modo geral, trazem prejuízo à qualidade de vida da população. Isso decorre do aumento da poluição atmosférica, hídrica e sonora, da redução das áreas verdes, do despejo ilegal de efluentes domésticos e industriais em rios ou no mar, entre outros fatores.

efluentes: resíduos na forma de líquidos e gases despejados sem tratamento adequado na natureza.

1 A respeito do processo de urbanização no Brasil, responda às questões.

a) A partir da década de 1930, que principais motivos levaram a população rural brasileira a mi-grar para os grandes centros urbanos?

b) Na década de 1960, com que objetivo o governo iniciou uma política voltada para a urbaniza-ção do país?


Ocupações com moradias precárias despejam o esgoto diretamente no Rio Calombé, Duque de Caxias, RJ, 2014©

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2 As imagens a seguir mostram a evolução das manchas urbanas de três municípios ao longo do tem-po. Explique qual fenômeno urbano está associado à situação 2.

Situação 1

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Situação 2

3 Leia o texto.

Verticalização urbana: solução ou problema?

A verticalização é um fenômeno global, diretamente ligado à urbanização – ou seja, o au-

mento populacional das grandes cidades, em detrimento da vida no interior. De acordo com

o último Censo do IBGE, o número de apartamentos no Brasil cresceu 43% entre 2000 e 2010,

passando de 4,3 milhões para 6,1 milhões.

Fonte: G1. Verticalização urbana: solução ou problema? Disponível em: <https://g1.globo.com/especial-publicitario/em-movimento/noticia/verticalizacao-urbana-solucao-ou-problema.ghtml>. Acesso em: 6 fev. 2019.

O texto evidencia o crescente processo de verticalização no Brasil. Reflita sobre as vantagens e as desvantagens desse processo e registre suas conclusões nas linhas a seguir.

4 As cidades brasileiras podem ser classificadas de acordo com uma hierarquia. Sobre esse assunto, assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas. Corrija as falsas no caderno.

( ) A hierarquia urbana consiste no agrupamento de municípios ligados entre si pela infraestrutu-ra e pelas relações socioeconômicas.

( ) As cidades da rede urbana brasileira têm diferentes níveis de importância, algumas exercendo mais influência sobre as outras, constituindo uma hierarquia urbana.

( ) No Brasil, existem 12 principais centros urbanos que exercem grande influência sobre uma extensa área do território, por isso são chamados de metrópoles.

( ) São classificadas de acordo com a hierarquia urbana apenas as cidades com grande influência sobre as demais.

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Material de apoio7°. ano – Volume 2

Geografia

Capítulo 6 – Página 34


BRASIL: distribuição dos assentamentos rurais – até 2015

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Ç DQR Volume 2 - Conquista | Guia da Conquista...Geografia atividades 1 De acordo com os gráficos...

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