20160422 DW Debate: Dificuldades de Integação Profissional e o Mercado de Trabalho
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DIFICULDADES DE INTEGRAÇÃO PROFISSIONAL E O MERCADO DE TRABALHO: CASO DOS LICENCIADOS EM SOCIOLOGIA PELA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS, UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO (2010-2013).
Autor: Mankenda Zola Mbenga Orientador: Mestre Patrício
Mangovo
Universidade Agostinho Neto Faculdade de Ciências SociaisDepartamento de Sociologia
Introdução
JustificativaPergunta
de partida
Hipótese
objetivosMétod
o Técnic
a
Amostra
Dificuldades encontradas
Estrutura do
trabalho
Por uma questão de delimitação do
objecto de estudo procurou-se enfatizar a idéia de Weber (apud Brym 2008:39) de "estudar apenas aqueles seguimentos da realidade que se tornam significativos devido ao seu valor-relevância" no caso do presente estudo os licenciados em sociologia.
Justificativa
Questão inicial
Quais são os factores que influenciam as dificuldades de integração profissional de licenciados em sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da UAN (2010-2014) no mercado de trabalho angolano?
Pergunta de partida
o presente trabalho tende a trazer a interpretação sobre o problema de diferentes autores que abordaram a temática. Brym (2008:43) defende que "os pesquisadores devem elaborar seus problemas de pesquisa a luz daquilo que outros sociólogos debateram e descobriram".
Pergunta de partida
E, por conseguinte Empírica devido ao que Demartis (2006:16) chama de "necessidade de deslocação do investigador ao terreno para a aquisição de dados, a fim de
observar diretamente os comportamentos habituais dos sujeitos de pesquisa".
Pergunta de partida
Questão reformulada Entre as habilidades e competências
(dotes individuais), deficiência na formação superior (diferença) e sistema de direção e exigências do mercado de trabalho (credencialismo) qual é o elemento chave para explicar as dificuldades de integração profissional de licenciados em sociologia pela extinta FLCS da UAN (2010-2013) no mercado de trabalho angolano?
Pergunta de partida
Reformulou-se a pergunta de partida baseando-se na idéia de Giddens (2008:641) afim de "colocar a questão de forma tão exata possível". Procurou-se sair do geral
para o especifico, ou seja focar nos aspectos chaves da pesquisa de modo a facilitar a elaboração das hipóteses.
Pergunta de partida
Segundo Maia (2002:191) "A hipótese é uma afirmação, que visa responder a pergunta de partida, que constitui uma solução provável avançada pelo
investigador para um determinado problema de pesquisa (...)".
Hipótese
Habilidades e competências dos licenciados
Hipótese
Algumas deficiências da formação superior
Hipótese
Sistema de direção e as exigências do mercado de trabalho
Hipótese
objetivosEntre os três o aspecto mais
preponderante para explicar as dificuldades de integração
• O porquê que as habilidades e competências condicionam
•Até que ponto as deficiências na formação superior podem gerar
dificuldades •como as dificuldades de integração profissional são
originadas pelo sistema de direção e exigências do mercado de trabalho
Geral
• Analisar
• Descrever
Específico
• C
o
m
p
r
e
e
n
d
e
r
• D
e
s
c
r
e
v
e
r
• I
l
u
s
t
r
a
r
Qualitativo
visando "fundamentalmente ampliar a validade interna dos resultados de pesquisa, (...)" por meio "da ligação estabelecida entre as observações empíricas e sua interpretação" (Poupart 2008:421-422).
Generalização teórica-analitica e não estatístico-probabilistica(Mangovo 2012:134-138).
Método
Entrevista obter o máximo "de informação e de reflexão, que servirão de
materiais para uma análise sistemática de conteúdo que corresponda por seu lado, às exigências de explicitação, de
estabilidade e de intersubjectividade dos
processos“(Quivy 1998:195) .Sarmento (apud Mangovo 2012:134-138) Deixar "o entrevistado
responder ás perguntas do guião, mas também poder falar sobre outros assuntos relacionados"
Técnica
intencionalmente
selecionada
"a pesquisa
qualitativa requer uma
amostra mais
flexível
9 casos
Sampieri (2006:250
-252) defende que "é
importante apontar que tanto
em estudos
quantitativos como
em qualitativo
s são coletados dados em
uma amostra",
Amostra
O trabalho está estruturado em três capítulos: na introdução apresentamos as questões essenciais do estudo, como a pergunta de partida, objetivos, tipo de pesquisa, instrumento utilizado para colecta de dados e as dificuldades encontradas.
Estrutura do trabalho
O primeiro capítulo é consagrado à definição do conceito de integração, profissão e às contribuições das teorias dos dotes individuais, teoria da diferença e teoria do
credencialismo na análise de dificuldades de integração profissional dos licenciados.
Estrutura do trabalho
O segundo capítulo descreve a profissionalização do sociólogo em Angola. Elucida a história da sociologia em Angola, a estrutura do ensino de sociologia na extinta
Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, e a profissão de sociólogo no mercado de trabalho angolano.
Estrutura do trabalho
O terceiro capítulo aborda a questão da dificuldade de integração e o mercado de trabalho: caso dos licenciados em sociologia pela extinta Faculdade de Ciências
Sociais da Universidade Agostinho Neto (2010-2013) no mercado de trabalho angolano.
Estrutura do trabalho
Conceito de Integração e Profissão
Teoria da Diferença
teoria do credencia
lismo
Teorias dos Dotes Individuais
CAPITULO. I: ANÁLISES TEÓRICAS SOBRE INTEGRAÇÃO PROFISSIONAL E SUAS
DIFICULDADES
“ Os fundadores da sociologia abordaram o problema da integração em termos de coesão social. Interrogavam-se sobre os laços preventores da anomia e da desordem” (Magano 2008:3).
Conceito de Integração e Profissão
Machado ilustra que para análise do conceito de integração devemos ter em conta "a
corrente funcionalista, onde Durkheim considera a integração
como um estado de interdependência harmoniosa
dos indivíduos num todo social, normativamente regularizado"
(apud Carvalho 2004:44).
Conceito de Integração e Profissão
Sociólogos que abordam questões ligadas ao desvio, nos anos 50, analisaram a integração como sendo “a conformação dos
indivíduos a um sistema de normas” (Magano 2008:3).
Conceito de Integração e Profissão
Para Pires (1999:9) “o termo integração é correntemente usado na literatura sociológica para designar o modo como
os actores são incorporados num espaço social comum.”
Conceito de Integração e Profissão
″entrada ou incorporação num conjunto”, sendo um “processo lento individual ou colectivo que corresponde à
adaptação a um novo modus vivendi″(Maia 202:209)
Conceito de Integração e Profissão
Carr-Saunders
“ocupação baseada num estudo e num treino intelectual especializados, cujo objectivo é fornecer serviços altamente qualificados a troco de horários ou salários” (apud Correia & Cunha 2004:5).
Profissão
Conceito de Integração e Profissão
Bernard Barber
“alto grau de conhecimento” generalizado e sistematizado “dos profissionais de atentar-se antes para o interesse da comunidade do que para o seu interesse individual” (apud Angelin 2010:4).
Profissão
Conceito de Integração e Profissão
•Definição de inteligência”, e a relação que há entre as dificuldades de integração e o “Quoficiente de inteligência” (Martins 2005:33).
•Defendem que o problema está “nas maiores
ou menores capacidades” do licenciado, “pela sua inteligência, pelos seus dotes naturais”(Martins 2005:33).
Benavente, Tavares e Peixote
Teorias dos Dotes Individuais
DESCHAMPS & HUMBERT EURYDICE
"trata-se de um problema individual resultante de uma deficiência intelectual ou afetiva"
(apud Gumbe 2009:14)
"a inteligência é o factor discriminatório que possibilita classificar hierarquicamente com base num dado biológico"(apud Gumbe 2009:14)
Teorias dos Dotes Individuais
“Os métodos de ensino, recursos didáticos, técnicas de comunicação inadequadas às características da instituição”, ou de cada discente, “fazem parte de um conjunto de causas que podem conduzir a uma deficiente relação pedagógica e influencia negativamente os resultados do” discente (Martins 2005:36).
Teoria da Diferença
políticos, culturais, institucionais,
sociopedagógicos e
psicopedagógicos merecem destaque.
O mercado de trabalho angolano é um mercado onde tal como no mercado português, se exige “prestadores de serviços interpessoais” e “trabalhadores da produção massificada”, sendo os licenciados em sociologia vistos como “analistas simbólicos” como apresenta Antonio Firmino da Costa (s⁄d), idéia esta sustentada por Kajibanga (2009:221) no contexto angolano quando faz menção que a sociologia angolana "luta pela internacionalização e um lugar de elevado prestigio social na carteira das profissões do país".
Teoria do Credencialismo
“Randall Collins (1979)”
Nzatuzola (2004:3) utiliza o discurso do Presidente da República de Angola Jose Eduardo dos Santos, onde o mesmo faz ênfase de que o mercado de trabalho angolano possui um “sistema de direcção” centralizado e excessivo, que ligado a um processo de “burocratização subsequente” faz com que haja uma “desorganização e má gestão” para apresentar alguns aspetos do mercado de trabalho que causam dificuldades de integração profissional.
Teoria do Credencialismo
CAPITULO II: PROFISSIONALIZAÇÃO DO SOCIÓLOGO EM ANGOLA
Professor Victor Kajibanga Artigo: "Sociologia em Angola: Paradigmas
clássicos e tendências actuais".
História da sociologia em Angola
Primeira fase: Pré-sociologia (1870-1911)
Marcada pelas narrativas sociológicas nativistas (geração dos nativos). Caracterizada pelos clamores do discurso protestatório.
História da sociologia em Angola
Segunda fase: Narrativa proto-sociológica (1911-1951)
Implosão do associativismo, pela denúncia das desigualdades sociais, ligada pelo discurso sobre raça, cultura e civilização.
História da sociologia em Angola
Terceira fase: Esta fase pode ser subdividida em três etapas
Fundamentais
A primeira etapa vai de 1961- 1968, é a etapa dos patriarcas da sociologia, Mário Pinto de Andrade; Mário António Fernandes de Oliveira; E é nessa
primeira que se estruturam os dois grandes paradigmas sociológicos que vêem ate aos nossos dias: paradigma do saber endógeno de Mário Pinto de Andrade, glosado na década de 50; o segundo
paradigma da creolidade de Mário António Fernandes de Oliveira na década de 1960.
História da sociologia em Angola
A segunda etapa vai de 1968-1975, é dominada por textos sociológicos sobre a guerra de
libertação nacional.
História da sociologia em Angola
A terceira etapa vai de 1975-1993, compreende ao segundo momento das
narrativas neoclássicas inspiradas nas teses do marxismo-leninismo; tratando-se de uma etapa em que há uma "sociologia militante":
textos de Eugénio Ferreira; Henrique Abrantes; uma "sociologia clandestina"
representada pelos romances de Pepetela: A partir da década de 80 vai haver a
problemática da Angolanidade versus Creoulidade, protagonizadas por Luís
Kanjimbo e José Carlos Venâncio.
História da sociologia em Angola
Quarta fase: Institucionalização da sociologia como disciplina académica
Sociologia como disciplina académica e pelo surgimento de novas linha de pesquisa e a entrada em cena da nova geração de sociólogos angolanos formados pela U.A.N ainda em curso.
História da sociologia em Angola
Estrutura do ensino de sociologia na extinta Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto
A licenciatura em Sociologia na extinta Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho
Neto foi criada em 2003 (Kajibanga 2009:201). Oferta de cursos mais ligados ao mercado de
trabalho e um currículo com uma carga horária considerável de disciplinas ligadas ao
trabalho de campo" (Kajibanga 2009:202).
Objetivo
A parte lectiva do curso teve a durabilidade de quatro anos, sendo o programa curricular constituído por 39 disciplinas, onde 9 são anuais e 30 são semestrais.
Profissão de sociólogo no mercado de trabalho angolanoSociedade Angolana de Sociologia (SASO), isso aos 3 de Setembro de
2003" deu mais prestigio ao sociólogo, criando
assim um "percurso de profissionalização em sociologia em Angola,
culminando com "a afirmação da identidade
profissional do sociólogo"(Kajibanga
2009:202)
“criação em Angola de três cursos de sociologia: o do Instituto Superior de
Ciências da Educação (ISCED) de Luanda (1995), o da universidade Jean
Piaget de Angola (2000), e o da Faculdade de Letras e Ciências Sociais
da Universidade Agostinho Neto (2003)”(Kajibanga 2009:202)
1
2No “princípio de 2004 e final de 2005”,
ocorreu um ciclo de debates organizados pela “Sociedade Angolana de Sociologia”
“Conversa de Sociologia”“quatro conferências”
“pesquisa-acção e as linhas de pesquisa sociológica”
(Kajibanga 2009:202) 3
″Número elevado de diplomas e cartas doutorais” de sociólogos como “Paulo de Carvalho, João Baptista Lukombo
Nzatuzola, João Milando, José Octávio Serra Van-Dúnem, Lencastre José
Garcia, Arlindo Barbeitos e Cesaltina Cadete Basto Abreu” deu um grande
impulso a profissionalização do sociólogo em Angola (Kajibanga
2009:203).
Profissão de sociólogo no mercado de trabalho angolano
“publicação do primeiro número da Revista
Angolana de Sociologia, numa iniciativa da
Sociedade Angolana de Sociologia”, abriu uma “nova etapa no longo
percurso de profissionalização e
internacionalização da sociologia angolana”
(Kajibanga 2009:203).
4
5
Contexto de trabalhos diversos Actividades profissionais Empresas e Organizações • Integrar equipas de sondagens e realizar
estudos de mercado e marketing• Ministrar formação profissional• Implementar e acompanhar novas formas de organização do trabalho• Gerir recursos humanos
Profissão de sociólogo no mercado de trabalho angolano
Autarquias • colaborar ao nível da intervenção urbanística, ambiental e animação local• requalificar e/ou gerir o património cultural• integrar equipas de marketing e publicidade• promover animação cultural
Administração pública central e regional (universidades, escolas, hospitais, etc.),
• Impulsionar o desenvolvimento de políticas sociais, nomeadamente em projectos de luta contra a pobreza e exclusão social• Promover estratégias de inclusão de grupos sociais desfavorecidos• Colaborar na administração escolar, na administração hospitalar nas políticas de emprego e de educação/ formação• Desenvolver actividades de ensino e formação
Centros de investigação e desenvolvimento, onde se desenvolvem todas as actividades de pesquisa. E muitas outras actividades profissionais.
• Análise de informação• Análise bibliográfica• Trabalho de campo
Profissão de sociólogo no mercado de trabalho angolano
CAPITULO III: DIFICULDADES DE INTEGRAÇÃO PROFISSIONAL E O MERCADO DE TRABALHO: CASO DOS LICENCIADOS EM SOCIOLOGIA PELA FACULDADE
DE CIÊNCIAS SOCIAIS, UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO (2010-2013).
Análise do factor que mais influencia as dificuldades de integração profissional de
licenciados em sociologia pela FCS da UAN (2010-2014) no
mercado de trabalho angolano.
Análise da relação entre competências, habilidades e dificuldades de integração profissional
Análise da relação entre
deficiências da formação superior e
dificuldades de integração
profissional.
Análise da relação
exigências do mercado de trabalho e
dificuldades de integração
profissional.
Caracterizações sócio-
demográfica
Caracterização sócio-
demográficaDos nove licenciados entrevistados em relação ao sexo, grau e instituição, sete são do sexo masculino e dois do sexo feminino. Entretanto, dos nove entrevistados, quanto à habilitação literária, os nove possuem licenciatura. Quanto à instituição de trabalho seis são funcionários públicos e três trabalham no sector privado.
Análise da relação entre competências, habilidades e dificuldades de integração profissional
As dificuldades de integração
profissional é um problema que esta
ligado as maiores ou menores capacidades
do licenciado
"Ao analisar a presente questão temos que ter em conta que tal como na barriga de uma mãe saem filhos
bons e filhos maus, na universidade também saem alunos espetaculares e alunos péssimos" (Entrevistado
8)
Quando um processo de formação igual tem resultados
bons, razoáveis e péssimos leva-nos a perceber como as dificuldades de integração
podem ter origem nos dotes individuais.
Carvalho (2010:74) "em situação de guerra, foi débil o investimento no sector social, causando
um índice de desenvolvimento
humano bastante baixo em Angola"
Análise da relação entre competências, habilidades e dificuldades de integração profissional
“A base é propriamente o pilar do homem na sua formação, o ensino de base tem uma grande influência na
posterior formação média, e superior do mesmo indivíduo. Quando não
teve essas bases bem credíveis, não teve bem firme no ensino de base, e depois o ensino médio não foi aquele
desejado, é claro que no ensino superior terá muitas dificuldades”
(Entrevistado 5).
Estamos perante questões de base,
questões essas que geram dificuldades de
integração, sendo essas dificuldades um problema de caracter individual ligado ao
licenciado.
Teoria dos Dotes
Individuais
Para Eurydice (apud Gumbe 2009:14) a teoria dos dotes individuais enfatiza que "a
inteligência é o factor discriminatório que possibilita classificar
hierarquicamente com base num dado biológico".
Análise da relação entre competências, habilidades e dificuldades de integração profissional
A presente visão não foi aceite para explicar as
dificuldades de integração profissional
"Os licenciados passaram numa instituição onde passam por uma série de avaliações, e estas comprovam absolutamente as capacidades de um determinado indivíduo, e acredito que todos esses que passam esse critério de avaliação até a obtenção do grau de licenciado têm capacidades" (Entrevistado 3)
Análise da relação entre competências, habilidades e dificuldades de integração profissional
A partir do momento que o estudante é graduado como licenciado a idéia de que as dificuldades são referentes a questões
individuais perde validade. Devemos simplesmente focar nossas atenções para a
instituição que lhe fez a graduação
"Não se trata de inteligência porque inteligente todos nos somos. Em minha opinião trata-se de alguns
aspectos ligados a formação superior" (Entrevistado 9).
possui grande relevância na análise de dificuldades de integração profissionalmas não é suficientes para explicar as dificuldades de integração profissional
Teoria dos Dotes
Individuais
Análise da relação entre deficiências da formação superior e dificuldades de integração profissional.
A relação de causa e efeito entre deficiências da formação superior e dificuldades de integração profissional é uma tese defendida pela teoria da diferença. Kajibanga (2009:202) quando se refere ao "ensino de sociologia desligado da pesquisa" "A licenciatura em sociologia tem o seu lado positivo e negativo. O lado positivo é que existem bons professores e um bom programa
curricular com cadeiras que vão de acordo com a demanda da sociedade. O negativo é a forma como certos professores
ministram as suas aulas, destaco a falta de seriedade de alguns e a forma teórica como é ministrado o programa curricular"
(Entrevistado 9).
“Tendo em conta o programa curricular (...), dificilmente os sociólogos
têm aquilo que são chamados trabalhos de
campo, aprendem tudo na sala de aula e termina alí,
não há aquilo que é a aplicação das teorias que aprende”(Entrevistado 6).
Teoria da Diferença
Análise da relação entre deficiências da formação superior e dificuldades de integração profissional.
Ao observar o "perfil de sociólogos"
licenciados pela extinta FLCS da UAN como faz referência
Kajibanga (2009:202), nos apercebemos de certas dificuldades
oriundas da formação superior
“As cadeiras de seminários, ou melhor,
de metodologia de investigação ministrada no contexto teórico, o
que devia ser mais prático para o alcance de um meio que possibilita o estudante ir mais ao
encontro dos problemas sociais” (Entrevistado
3).Ao analisar o aspecto no parágrafo anterior apresentado, podemos ver um problema da universidade que pode estar na base das dificuldades de integração profissional. As cadeiras chaves como introdução a pesquisa cientifica, metodologia de investigação e seminário de investigação, que possibilitam, no entanto, ao sociólogo ter a base cientifica necessária se não foram ministradas como deviam ser, causam dificuldades tanto na elaboração do trabalho de fim do curso como nas actividades laborais futuras do licenciado
Análise da relação entre deficiências da formação superior e dificuldades de integração profissional
Alguns aspectos ligados ao corpo
docente que causam
dificuldades de integração profissional
Questão dos métodos de ensino, recursos didáticos e
técnicas de comunicação inadequadas
(Martins 2005:30)
“A questão do ensino não é só informar o aluno, é preciso formar o aluno e terem resultados que o corpo
docente requer (...), existem professores bons e também aqueles que não conseguem distinguir a
formação e a entrega de fascículos” (Entrevistado 7).
"Existem professores que de facto cumprem com a sua função e são
excelentes e merecem mérito, mas também existem alguns professores que causam disfunções e complicam
mais o aluno do que esclarecer” (Entrevistado 8).
Análise da relação entre deficiências da formação superior e dificuldades de integração profissional
as questões pedagógicas devem ser revistas para que
não se observe problemas que
prejudiquem os alunos
“Má aplicação e instrução e a orientação de alguns
formadores de sociologia, que na realidade acabam ensinando o que não
entendem,(...) acabam criando dificuldades aos tais
licenciados” (Entrevistado 6).
Questão dos métodos de ensino, recursos didáticos e
técnicas de comunicação inadequadas
(Martins 2005:30)
Análise da relação entre deficiências da formação superior e dificuldades de integração profissional
Para a teoria da diferença as deficiências no processo de formação
superior são apresentadas como sendo as causas das dificuldades de
integração, visto que é na formação superior que se obtém bases
cientificas necessária para aplicação no mercado de trabalho
“A área de atuação que a sociologia abrange, acaba por requerer do estudante uma série de habilidades
para interpretar esses fenómenos, a própria
formação do ensino superior em sociologia acaba por ter esses constrangimentos”
(Entrevistado 7).
Os aspectos ligados as deficiências na formação superior são muito pertinentes, visto que só a formação superior pode criar rupturas entre a falta de conhecimento do estudante, e a especialização na área em que se formou. Mas, devemos ter em consideração que no
mercado de trabalho nem sempre as tarefas executadas estão ligadas ao processo de formação superior. A seguir apresentamos uma analise referente a questões ligadas ao mercado de trabalho
que podem estar na base das dificuldades de integração profissional.
Análise da relação exigências do mercado de trabalho e dificuldades de integração profissional.
A teoria do credencialismo ilustra como determinados aspectos ligados ao mercado de trabalho
podem ser uma resposta viável para a
explicação das dificuldades de
integração profissional
Nzatuzola (2004:3) sistema de direção do mercado de trabalho
“O sistema centralizado não é o mais adequado (...), a abertura que se tem feito (...) ainda não é
suficiente, (...) as decisões quando provêm de um circuito fechado (...) não entram em contacto com as outras realidades, não têm conhecimento geral das
necessidades de várias áreas da sociedade(...) fecham-se muito naquilo que são os ideias
tradicionais(...), é necessário que haja essa grande abertura(...), essa centralidade dificulta muito a
integração do próprio sociólogo” (Entrevistado 5).
Análise da relação exigências do mercado de trabalho e dificuldades de integração profissional.
Antonio Firmino de Costa (s/d) quando faz menção de que os sociólogos em Portugal são visto como analistas simbólicos no mercado
português. Realidade esta que não difere muito do contexto angolano baseando-se na
visão de Kajibanga (2009:221) quando diz que a sociologia angolana luta pela sua
internacionalização e por um lugar de prestigio social na carteira de profissões do
país. Nzatuzola (2003:4)
sistema de organização e
gestão do mercado de trabalho
Área de sociologia
"Bem fechada, não há oferta, há pouca abertura e um número significativo de licenciados em sociologia. Existe um número muito
reduzido de empresas tanto publicas como privadas que no seu mapa profissional consta o sociólogo" (Entrevistado 2).
Brym (2008:414-415) ilustra que são cada vez mais exigidas formações
comprovadas por grandes centros de
formações para que o candidato seja
considerado qualificado
Análise da relação exigências do mercado de trabalho e dificuldades de integração profissional
"O mercado hoje está muito mais exigente realmente, pede muito mais aos seus
profissionais. Ás vezes pede mais do que aquilo que pode dar” (Entrevistado 5).
As instituições do mercado de trabalho exigem habilidades e competências além das que a
formação superior proporciona ao licenciado, visto que na formação
superior obtêm-se apenas as bases cientificas e no mercado de
trabalho exige-se mais
“Quem está formado, não só na área de sociologia como
nas outras áreas, é exigido, no mercado de trabalho,
conhecimentos imediatos que têm a ver com as
necessidades das instituições em causa” (Entrevistado 9).
Análise da relação exigências do mercado de trabalho e dificuldades de integração profissional
As dificuldades de integração profissional
podem surgir devido á falta de estágios e formações de capacitações no mercado de
trabalho
“As instituições no mercado de trabalho devem optar por reciclagem, porque além da formação superior existem as formações profissionais”
(Entrevistado 2).
O mercado deve Criar um elo de ligação com a formação superior para que o estudante antes de terminar da sua licenciatura possa ter contacto prático com a sua profissão, que permitira ter uma experiência profissional que lhe possibilitara ser um bom profissional, e cumprir com as expectativas desejadas pelo mercado de trabalho.
Análise do factor que mais influencia as dificuldades de integração profissional de licenciados em sociologia pela FCS da UAN (2010-2014) no mercado de trabalho angolano.
Nzatuzola (2004:3) quando ilustra a caracterização do mercado de trabalho angolano, sua idéia é sustentada pelos nossos
entrevistados , que defendem que o mercado de trabalho como sendo o aspecto que mais influencia atualmente as dificuldades de
integração profissional de licenciados em sociologia no mercado de trabalho como refere o depoimento seguinte:
Existem inúmeros aspectos que podiam aqui ser apresentados como causa das dificuldades de integração profissional de licenciados em
sociologia no mercado de trabalho angolano, mas o sistema de direção e as exigências do mercado de trabalho angolano foi o mais defendido
pelos nossos entrevistados
“O mercado de trabalho, é muito fechado, não há abertura para a área de sociologia” (Entrevistado 4).
Análise do factor que mais influencia as dificuldades de integração profissional de licenciados em sociologia pela FCS da UAN (2010-2014) no mercado de trabalho angolano.
Brym (2008:414-415) quando se refere ao numero elevado de exigências que o mercado de trabalho utiliza para classificação da
qualificação de um determinado funcionário
Questões ligadas às exigências, logo no período de inserção no mercado de trabalho, foram fluentemente apresentas para justificar a teoria do
credencialismo como sendo a teoria mais adequada
“No princípio do ingresso no trabalho, somos obrigados a desenvolver actividades de pessoas que possuem pelo menos 2
a 3 anos na área em causa”(Entrevistado 4).
Outro aspecto que confirma que a teoria do credencialismo é que explica as dificuldades de integração é aquilo que
Nzatuzola (2004:3) chama de burocratização subsequente.
Alguém que sai de uma academia, de uma formação, precisa de
aplicar os conhecimentos que tem, como disse Joseph Ki Zerbo
capacidade sem oportunidade nada vale, então o elemento que
condiciona é o mercado de trabalho”(Entrevistado 7).
O mercado de trabalho é o elemento pelo qual se
integra o licenciado, alguém que sai da academia pensa aplicar o que aprendeu, mas
posto no mercado de trabalho se depara com uma
realidade extremamente diferente
Análise do factor que mais influencia as dificuldades de integração profissional de licenciados em sociologia pela FCS da UAN (2010-2014) no mercado de trabalho angolano.
Análise do factor que mais influencia as dificuldades de integração profissional de licenciados em sociologia pela FCS da UAN (2010-2014) no mercado de trabalho angolano.
O mercado de trabalho precisa criar políticas que vão de acordo com o licenciado, para que o seu ingresso seja óptimo e não haja fuga ou
perda de quadros
“Enquanto não se criar condições necessárias para um estágio
prático, sempre observaremos estas dificuldades de integração, visto que o estágio prático cria as
condições necessárias para o sociólogo depois de entrar no
mercado de trabalho possa aplicar (Entrevistado 1).
De facto, para se explicar o problema das dificuldades de integração profissional, o sistema de direção e as exigências do mercado de
trabalho, devido as lacunas que apresenta é o mais apropriado, visto que a formação superior só permite o ingresso e a integração varia
consoante o que o mercado de trabalho exige.
CONCLUSÃO
Ao concluímos o presente trabalho, percebemos que a elaboração do mesmo nos proporcionou um grande aprendizado que nos levou a ter uma maior percepção sobre a questão em causa.
As questões de base são bastante relevantes, perdem validade quando podem ser superadas no ensino superior. A base influencia
muito no processo de formação tanto superior como nas actividades laborais. Mas, cabe a formação superior criar mecanismos para que o
seu discente supere estas questões de base.
A universidade falha às vezes no processo de ensino e avaliação, que podem ser determinantes no processo de integração profissional.
Não se pode exigir de um angolano que teve uma formação totalmente teórica, que trabalhe como um norte americano ou chinês que possua
uma formação técnica e prática.
Apesar da teoria do credencialismo ser vista como a chave para explicar as dificuldades de integração profissional segundo os nossos entrevistados, as três complementam-se. A teoria dos dotes individuais é a base, a teoria da diferença o centro e a teoria do credencialismo o topo.
Dumont (1991:160) "ensino colonial", nas escolas primarias naquele tempo eram anexados jardins, para que os alunos ai trabalhassem, tendo desde cedo contacto com a terra devido ao facto da agricultura ser a principal actividade laboral naquela alturaIsso só será possível se recorrermos ao que António Agostinho Neto (apud Mbenga 209:12) chama de "papel nacionalista" de cada cidadão tanto angolano como simpatizante da causa que é o desenvolvimento de Angola.