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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE FARMÁCIA Disciplina: Farmacognosia I Acadêmicos: Amanda Souza, Marcos Túlio, Pedro Henrique e Renata. CASO CLÍNICO I FISIOLOGIA E PATOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema ou aparelho digestivo é composto por um conjunto de órgãos que têm por função a realização da digestão. O tubo digestivo apresenta as seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. A parede do tubo digestivo tem a mesma estrutura da boca ao ânus, sendo formada por quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia. Os dentes e a língua preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação, os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os a saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas. A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: doce, azedo, salgado e amargo. A presença de alimento na boca, como sua visão e cheiro, estimula as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias. A amilase salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). Os sais, na saliva, neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH levemente ácido (6, 7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas, levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACULDADE DE FARMÁCIA

Disciplina: Farmacognosia IAcadêmicos: Amanda Souza, Marcos Túlio, Pedro Henrique e Renata.

CASO CLÍNICO I

FISIOLOGIA E PATOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

O sistema ou aparelho digestivo é composto por um conjunto de órgãos que têm por função a realização da digestão. O tubo digestivo apresenta as seguintes regiões; boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. A parede do tubo digestivo tem a mesma estrutura da boca ao ânus, sendo formada por quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia. Os dentes e a língua preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação, os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os a saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas.

A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: doce, azedo, salgado e amargo. A presença de alimento na boca, como sua visão e cheiro, estimula as glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina, além de sais e outras substâncias.

A amilase salivar digere o amido e outros polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose (dissacarídeo). Os sais, na saliva, neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH levemente ácido (6, 7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas, levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago. Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do estômago.

No estômago, o alimento é misturado com a secreção estomacal, o suco gástrico (solução rica em ácido clorídrico e em enzimas). A pepsina decompõem as proteínas em peptídeos pequenos. Apesar de estarem protegidas por uma densa camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se que nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias. O alimento pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e se mistura ao suco gástrico auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal, então o bolo alimentar transforma-se em uma massa acidificada e semi-líquida, o quimo.

Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a parte mais importante da digestão. O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de diâmetro e é dividido em três regiões: duodeno, jejuno e íleo. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas digestivas.

Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares têm ação detergente, emulsificando as gorduras. O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, contém água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonato de sódio. O pH do suco pancreático oscila

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entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é responsável pela hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como carboidratos, proteínas, gorduras e ácidos nucléicos. A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico, solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro.

O intestino grosso é o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. Glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco, que lubrifica as fezes, facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus. Mede cerca de 1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e reto. A saída do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal.Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades.

As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas. O intestino grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente só absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso absorve muita água, o conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis. A distensão provocada pela presença de fezes estimula terminações nervosas do reto, permitindo a expulsão de fezes, processo denominado defecação.

PATOLOGIA DO TRATO GASTRINTESTINAL (TGI)

GASTRITE

O termo gastrite significa inflamação da mucosa gástrica. Essa doença é comum na população, principalmente nos anos mais tardios da vida adulta. A inflamação da gastrite pode ser apenas superficial e, portanto, não muito prejudicial, ou pode penetrar profundamente na mucosa gástrica. Em alguns casos a gastrite pode ser muito aguda e grave, com escoriação ulcerativa da mucosa gástrica pela secreções pépticas do próprio estômago. Algumas substâncias tem efeito irritativo na mucosa gástrica e pode levar a essa doença, como o álcool e a aspirina.

ÚLCERA PÉPTICA

É uma área escoriada da mucosa causada pela ação digestiva do suco gástrico, ocorrendo ao longo da pequena curvatura na extremidade antral do estômago ou, mais raramente, na extremidade inferior do esôfago, onde muitas vezes há refluxo dos sucos gástricos.

FLATULÊNCIA

Os gases podem penetrar no trato digestivo vindo de três fontes: do ar deglutido, dos gases liberados como resultado da ação bacteriana e por difusão de gases do sangue para o TGI. Sabe-se que alguns alimentos causam maior quantidade de gases no intestino grosso do que outros, exemplos: feijão, repolho, milho, cebola, etc.

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DIARRÉIA

Resulta do rápido deslocamento da matéria fecal ao longo do intestino grosso. A principal causa da diarréia são as infecções do TGI denominadas enterites.

CONSTIPAÇÃO

É o inverso da diarréia. Consiste no movimento vagaroso das fezes ao longo do intestino grosso, geralmente associada a grandes quantidades de fezes secas e endurecidas no cólon descendente que se acumulam em razão do longo tempo disponível para a absorção de líquido. Uma causa freqüente da constipação são os hábitos intestinais irregulares, desenvolvidos por toda uma vida de inibição dos reflexos normais de defecação.

A experiência clínica mostra que, se alguém impede que a defecação ocorra quando os reflexos da defecação são excitados, ou abusa de laxativos para substituir a função intestinal natural, os próprios reflexos vão ficando progressivamente mais fracos e o cólon frequentemente torna-se atônico.

Por esta razão, se uma pessoa estabelece hábitos intestinais regulares no início da vida, defecando normalmente pela manhã após o desjejum, quando os reflexos gastrocólico e duodenocólico causam movimentos de massa no intestino grosso, o desenvolvimento de uma constipação numa fase mais tardia da vida pode quase sempre ser evitado.

OPÇÕES TERAPÊUTICAS PARA TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO

FIBRAS

Aumentar a ingestão de fibra é normalmente à recomendação para o tratamento inicial da constipação, e isso pode ser efetuado pela prescrição ao paciente de ingestão de alimentos ricos em fibra (frutas, vegetais) ou de suplementos de fibra (cereais, psyllium, metilcelulose ou policarbofila). Entretanto, os pacientes devem ser aconselhados de que talvez precisem continuar tal terapia por 2-3 meses antes de terem algum alívio mensurável do sintoma. Apesar do uso amplamente difundido da suplementação de fibra, essa abordagem é eficaz em apenas um subgrupo de pacientes, e a evidência de ensaios clínicos que apóiam o uso da ingestão elevada de fibra é limitada.

LAXANTES

Os laxantes osmóticos (açúcares pouco absorvidos/não-absorvidos, laxantes salinos e polietilenoglicol) causam secreção de água pelo intestino e podem ser recomendados se a terapia com fibra falhar. Muitos laxantes osmóticos precisam de poucos dias para mostrar eficácia, e eles podem resultar em uma sobrecarga de eletrólito e de volume em pacientes com insuficiência renal ou insuficiência cardíaca. Eles também podem causar cólicas abdominais, distensão e flatulência. Ensaios clínicos sugerem que laxantes feitos com polietilenoglicol aumentam a freqüência, melhoram a consistência e reduzem o tempo até a primeira evacuação das fezes. Entretanto, a duração da maioria destes estudos foi relativamente curta, variando de 72 horas a 4 semanas. Por essa razão, as implicações da terapia em longo prazo com laxantes de polietilenoglicol continuam obscuras.

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Os laxantes estimulantes (difenilmetano e derivados da antraquinona) produzem contrações musculares rítmicas nos intestinos e podem ser recomendados se os laxantes osmóticos falharem. Estes agentes aumentam a motilidade e a secreção intestinal e produzem efeito em algumas horas após o uso, mas podem estar associados a cólicas abdominais intensas, e o uso diário e contínuo pode resultar em hiponatremia, hipocalemia e desidratação.

Embora ainda exista preocupação com relação à segurança em longo prazo destes agentes a opinião predominante é que eles são provavelmente seguros. Contudo, eles devem ser utilizados criteriosamente, preferivelmente, em curto prazo quando as fibras ou os laxantes osmóticos tenham obtido uma resposta insuficiente ou quando os pacientes não podem tolerar outros agentes.

DISCUSSÃO DO CASO CLÍNICO

No caso da B.A.C, 48 anos, sexo feminino, cor parda, casada, do lar, natural e residente em Goiânia-GO, portador de constipação intestinal, a terapia indicada foi que se tomasse o suco concentrado de tamarindo, 1 copo, 2 vezes ao dia. Ao tomar esse suco concentrado de tamarindo a paciente ficou feliz com o tratamento natural, porque o Tamarindus indica é comumente usado como laxativo (os laxantes são mais suaves que os purgativos e demoram mais para agir, de 6 horas a 3 dias), além de ser indicado para infecções estomacais, no fígado e vesícula biliar. O Tamarindo é composto de ácido tartárico, açúcar, pectina, pirazinas e tiazóis. Os ácidos orgânicos e a pectina contribuem para a sua ação laxativa.