TATIANE DOS SANTOS MARTINS UMA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE...

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1 FACULDADES INTEGRADAS ALCÂNTARA MACHADO TATIANE DOS SANTOS MARTINS UMA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO DE QUALIDADE NA REDE HOTELEIRA DA CIDADE DE SÃO PAULO Trabalho de conclusão de curso apresentado a UNIFIAM como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Administração de Empresas. ORIENTADOR: PROF LUIZ CLÁUDIO GONÇALVES São Paulo 2003

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FACULDADES INTEGRADAS ALCÂNTARA MACHADO

TATIANE DOS SANTOS MARTINS

UMA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO DE QUALIDADE NA

REDE HOTELEIRA DA CIDADE DE SÃO PAULO

Trabalho de conclusão de curso apresentado a UNIFIAM como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Administração de Empresas.

ORIENTADOR: PROF LUIZ CLÁUDIO GONÇALVES

São Paulo

2003

2

UniFMU – Centro Universitário UniFIAMFAAM – Centro Universitário

Faculdade de Administração

Avaliação de Banca Examinadora

Título: Uma avaliação do processo de gestão de qualidade nas redes hoteleiras da

cidade de São Paulo. Professor Orientador: Luiz Cláudio Gonçalves. Estagiária: Tatiane dos Santos Martins. Empresa concedente: Xtravel Agência de Viagens e Turismo Ltda. Itens de Avaliação:

Item

Critérios

Peso

Nota

Parcial

Nota Final

01 Desenvolvimento e Fundamentação Teórica

0,15

02 Condução Prática e Coerência Teórica

0,15

03 Complexidade do Trabalho 0,10 04 Característica Reflexiva do Trabalho 0,10 05 Estrutura Formal e Bibliografia 0,10 06 Coerência do Trabalho 0,20 07 Apresentação Oral do Trabalho 0,10 08 Desempenho na Argüição 0,10

Média (Σ dos Itens de Nota Final)

Observações:

Banca Examinadora Data:

3

Autor:

Tatiane dos Santos Martins

Título:

Uma avaliação do processo de gestão de qualidade nas redes hoteleiras da cidade de São Paulo.

Banca examinadora:

____________________________________________________________

____________________________________________________________

UniFIAMFAAM - Centro Universitário

São Paulo

2003

4

Dedico este trabalho à todas as pessoas que me deram o apoio e o incentivo

necessários para o desenvolvimento de um bom trabalho, particularmente à

minha mãe e irmã que sempre se fizeram presentes, não permitindo que nada

me fizesse desanimar.

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Agradeço e também dedico este trabalho ao meu mestre e orientador Luiz

Cláudio Gonçalves, grande companheiro que, com imensa dedicação, seguiu

comigo nesta aventura, ajudando-me a compreender e a interpretar todos os

novos conhecimentos adquiridos através do desenvolvimento deste trabalho.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................1 1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA............................................................................................................................9 1.2.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................................................................13 A - TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................................................13 B – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADO..................................................................................................17 C - TRATAMENTO DE DADOS..........................................................................................................................19 2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ..............................................................................................................22 3. DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA....................................................................................................................24 4. O SETOR HOTELEIRO NA CIDADE DE SÃO PAULO..................................................................................26 4.1 O QUE PRECISA SER FEITO........................................................................................................................27 4.2 AÇÕES NO DESEMPENHO DA INFRA-ESTRUTURA ................................................................................30 5. PANORAMAN DA QUALIDADE....................................................................................................................31 5.1 - FUNDAMENTOS DA QUALIDADE ...........................................................................................................34 5.2 - OS DETERMINANTES DA QUALIDADE ..................................................................................................36 5.3 - AS CONSEQÜÊNCIAS DA QUALIDADE DEFICIENTE............................................................................39 5.4 - OS CUSTOS DA QUALIDADE....................................................................................................................40 5.5 - A QUALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO...............................................................................42 6. A QUALIDADE EM SERVIÇO........................................................................................................................46 6.1 - MELHORANDO A QUALIDADE................................................................................................................48 6.2 - ATITUDES DA GERÊNCIA EM RELAÇÃO À QUALIDADE ....................................................................50 6.3 - TÉCNICAS PARA FAZER A QUALIDADE ACONTECER ........................................................................52 6.4 - ALGUMAS PECULIARIDADES SOBRE A QUALIDADE DE SERVIÇOS................................................53 6.5 - DETERMINANDO O QUE É IMPORTANTE CORRIGIR NO PROCESSO EM BUSCA DA QUALIDADE.............................................................................................................................................................................55 6.6 - INVESTIGANDO E CORRIGINDO AS CAUSAS DE PROBLEMAS DE QUALIDADE ............................59 6.7 - OBTENDO E MANTENDO O CONTROLE DA QUALIDADE ...................................................................60 6.8 - GARANTIAS DE SERVIÇOS ......................................................................................................................62 7. MECANISMOS DE CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS ......................................................64 7.1 - A ISO 9000 APLICADA EM SERVIÇOS .....................................................................................................66 8. PROPOSTA DE SOLUÇÃO .............................................................................................................................70 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................................73 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................................78

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1. INTRODUÇÃO

Segundo informações obtidas em pesquisa1, a estabilização da economia brasileira

resultou, nos últimos tempos, na atração para o país de volumosos investimentos

diretos e estrangeiros, desde a implementação do plano real, registrando aumento

sucessivo a cada ano.

Grande parte dessa entrada de capitais foi destinada às privatizações e o restante

para os demais setores, sendo que o de serviços foi um dos que registraram maior

crescimento, especificamente a área de Turismo, com destaque para a hotelaria. Mas

sabe-se que ainda existe a necessidade de maiores investimentos na área de infra-

estrutura para aumentar a competitividade da economia brasileira e melhorias nos

serviços de turismo.

Esta mesma fonte, coloca que devido as transformações ocorridas no Brasil após

1994, o turismo brasileiro entrou em um novo tipo de pensamento voltado para os

negócios. Para seduzir a atrair consumidores de viagem e de lazer de todo o mundo,

era apenas utilizada a visão da existência no país de um deslumbrante acervo

ambiental. Mas nesta nova ordem mundial, o Turismo passa a ser entendido como um

instrumento de desenvolvimento econômico e social, sendo para tanto necessário o

estabelecimento de políticas específicas, estratégias de ação e alianças entre os

setores público e privado.

1 www.revistaturismo.cidadeinternet.com.br/negocios/mercosul.htm (acessado em 01/04/2003)

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Novas iniciativas de investimento dos setores público e privado para o favorecimento

do Turismo nacional brasileiro são vistos com bons olhos, mas esse ainda é pouco

expressivo diante da potencialidade a ser explorada no país.

Segundo informação obtida ainda nesta pesquisa, todo o investimento destinado a

alavancar o turismo nacional, a cidade de São Paulo lidera no ranking dos Estados

brasileiros com maior captação de atração de investimentos estrangeiros.

Dessa forma, configura-se, na economia paulista, um cenário excepcional para

novos e múltiplos negócios relacionados direta e indiretamente ao turismo e hotelaria.

E não perdendo o foco principal deste trabalho, que é a gestão da qualidade na

prestação de serviços no setor hoteleiro paulista, não se pode deixar de colocar que, de

nada basta esse considerável crescimento na economia nacional das redes hoteleiras,

sem que haja uma prestação de serviço de qualidade, para que desta forma, se alcance

a fidelidade de seus clientes, sustentação do setor, qualidade e fidelidade na relação

entre seus clientes e fornecedores e certamente, a competitividade.

A busca da qualidade no setor hoteleiro, esta calcada na aplicação do serviço, indo

muito além do que o simples atendimento e da própria prestação do serviço, a busca

pela qualidade no setor hoteleiro influencia a pratica de uma gestão que se adapta as

percepções e expectativas do cliente, que quando oferecida, deixa de corresponder

aquela qualidade percebida como suficiente pelos prestadores do serviço.

Com o propósito descrito acima, essa pesquisa, organiza-se em oito capítulos. O

primeiro e segundo capítulos tratam das questões metodológicas que permeiam o

trabalho, bem como a caracterização da empresa que esta sendo objeto do estudo.

Já, os capítulos três, quatro e cinco abordam uma descrição do problema o qual

foi diagnosticado, bem como o embasamento teórico que permitiu uma proposta de

solução ao referido problema.

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Ao final são apresentadas as considerações finais do trabalho, tendo como base

às premissas básica e secundárias, previamente definidas. Em seguida, discute-se as

condições dos processos de qualidade, frente ao questionamento de seu real papel

dentro da rede hoteleira da cidade de São Paulo.

1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA

O setor hoteleiro apresenta atualmente elevados índices de crescimento no

contexto econômico nacional, porem, sabe-se que embora esse setor tenha

conquistado tamanho destaque dentro da economia nacional, muito ainda deve ser feito

para melhorar sua imagem em níveis globais, visando preparar o setor para que esteja

efetivamente pronto para atender aos mercados cada vez mais exigentes com a

máxima excelência de serviços.

Desta forma, a qualidade se tornou um dos mais poderosos geradores de receita

e excelência em serviço; sendo esses, um dos motivos que determinam a escolha do

tema desse trabalho.

Segundo o senhor Firmin António2, fundador e presidente do grupo Accor no

Brasil, o Brasil tem grande vocação para o turismo, não apenas pelas suas belezas

regionais, litoral gigantesco, seu acervo histórico ou ainda sua exuberância natural e

clima invejável, destaca ainda as características das pessoas brasileiras, gente alegre,

amável e hospitaleira. Contudo, ressalta que ainda falta ao Brasil um grande projeto

para o Turismo, uma ação coordenada, que junte todas as pontas e os agentes esse

promissor setor para o país e para os brasileiros.

Para o senhor Firmin, a indústria do Turismo, bem planejada, pode dar a

resposta mais rápida na retomada do crescimento do Brasil e ser uma importante fonte

2 www.accor.com.br/quemsomos/home.htm (acessado em 29/04/2003)

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para empregos, de renda e de geração de divisas. Coloca ainda que nos últimos anos,

apenas com a estabilidade econômica, o Brasil experimentou, ainda que de maneira

dispersa e inconsistente, o crescimento de visitas de turistas e dos investimentos em

hotelaria, e que apesar de positivo, ainda está muito longe do potencial do setor, fato

este, que comprova para o senhor Firmin, a necessidade de ações coordenadas,

sobretudo de um grande projeto nacional, em três vertentes básicas e unificadas que

são a adoção e uma verdadeira e responsável política nacional de turismo, o

investimento de um plano estratégico de marketing e a significativa melhoria na

qualidade dos serviços relacionados ao setor.

O Ministério do Turismo3 dispõe de um Programa de Qualificação Profissional

para o Turismo, que tem como objetivo central, a qualificação profissional para garantir

a prestação de serviços com qualidade e segurança ao turista, e têm como justificativa

para o presente programa, que a melhoria da qualidade dos serviços prestados ao

turista é essencial para aumentar o fluxo de turistas e, assim, criar mais oportunidades

de trabalho, renda e divisas, necessários para melhorar as condições de vida da

população e as contas externas brasileiras. Ressalta-se ainda nesse programa, que a

qualidade dos serviços prestados depende de profissionais capacitados, isto é, de

profissionais que possuam as competências requeridas para o trabalho, e que no

entanto, no Brasil, a maior parte da qualificação profissional oferecida tem os currículos

definidos pela oferta de cursos. Coloca-se ainda que é necessário romper essa lógica

para garantir que a qualificação seja um instrumento básico nas políticas de emprego,

aproximando desta forma o trabalhador do emprego.

Como se pode notar, não está envolvido nesse cenário, apenas hotéis,

operadoras turísticas, agências de viagens e turismo e seus respectivos clientes, mas a

economia brasileira e a sociedade em geral. Considerando-se que o crescimento e

sustentação do setor turístico, além de gerar resultados positivos para os que estão

diretamente ligados ao setor e para a economia nacional gera efetivamente uma

3 www.turismo.gov.br/upload/programa_qualif_profiss_turismo.pdf (acessado em 01/05/2003)

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melhora na qualidade de vida da população, com maiores gerações de empregos e

mão-de-obra qualificada.

Com base nesses dados, a relevância desse estudo está presente em permitir

colocar à disposição do segmento hoteleiro, as informações acerca do processo, dos

fatores de sucesso e barreiras na implantação de programas de gestão da qualidade.

Outros motivos que justificam a importância desse trabalho estão em identificar

a importância da qualidade na prestação de serviços hoteleiros, possibilitando assim, a

padronização dos mesmos, tornando as redes que dispõe desse tipo de gestão,

diferenciadas das demais.

Existe também a importância da pesquisa para a autora do trabalho, como

ferramenta para seu desenvolvimento profissional, levando-se em consideração o

ambiente em que a autora está envolvida, como funcionária do departamento financeiro

de uma agência de viagens e turismo, relacionando-se constantemente e diretamente

com redes hoteleiras, fatores estes, que despertaram interesse do desenvolvimento da

presente pesquisa, o que proporcionará uma análise da temática qualidade no contexto

do setor de serviços, em especial no segmento hoteleiro.

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1.2 METODOLOGIA DE PESQUISA.

1.2.1 OBJETIVO GERAL.

O presente trabalho tem como objetivo central avaliar o processo de gestão da

qualidade, em uma determinada cadeia hoteleira da cidade de São Paulo. Essa

avaliação tem como propósito, possibilitar uma melhoria nos processos de

relacionamento, principalmente, entre clientes e fornecedores, acarretando melhorias

na competitividade das empresas pertencentes à referida cadeia.

Dessa forma, o trabalho visa buscar alternativas que minimizem os possíveis

problemas que possam surgir no processo de relacionamento entre agência de viagem

e turismo, hotéis e o mercado, tendo como suporte a teoria de qualidade.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.

Os objetivos específicos deste trabalho, têm como interesse identificar:

• os fatores que implicam na necessidade de um programa de gestão da qualidade

para as empresas pertencentes a cadeia hoteleira da cidade de São Paulo.

• quais os atributos de qualidade dos serviços oferecidos pela cadeia hoteleira da

cidade de São Paulo, com base as normas ISO 9000:2000.

• as dificuldades na implantação de um programa de qualidade na cadeia hoteleira

da cidade de São Paulo.

• os investimentos realizados e os retornos obtidos na implantação desse

processo

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1.2.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A – TIPO DE PESQUISA

Para o desenvolvimento do trabalho, foi utilizada a pesquisa exploratória tendo

como suporte o método do estudo de caso.

O tipo de pesquisa exploratória, faz-se necessária já que o assunto “gestão de

qualidade em redes hoteleiras” ainda não é muito bem explorado, como também ainda

possui uma literatura restrita, fatos esses, que reduzem as possibilidades de ampliação

do estudo, fazendo com que a pesquisa se desenvolva em um campo pioneiro, mas

com um amplo universo a ser investigado.

Os fatores acima citados também reforçam a utilização de uma análise

bibliográfica, aliada ao estudo de caso, com a finalidade de avaliar os efeitos da gestão

de qualidade implantados na hotelaria nacional.

Após esse procedimento inicial, foi possível a escolha de um hotel paulista que

pudesse efetivamente contribuir para os objetivos da pesquisa. Vale ressaltar que esse

estudo de caso não tem a intenção de formar um quadro geral de resultados, mas sim

mostrar parte de um cenário competitivo, que possibilite o entendimento da

necessidade da gestão de qualidade na relação entre os hotéis, clientes e

fornecedores.

Para um melhor entendimento sobre a escolha do tipo de pesquisa exploratória

com base em estudo de caso, segue algum esclarecimento sobre o assunto.

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Para os autores Cervo e Bervian (1996), a pesquisa exploratória está designada

por alguns autores como pesquisa quase científica ou não científica é, normalmente, o

passo inicial no processo de pesquisa pela experiência e auxílio que traz na formulação

de hipóteses significativas para posteriores pesquisas.

Para Andrade (1999), a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo o

trabalho científico, pois coloca que sua finalidade, sobretudo quando bibliográfica, é

proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de

um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou

ainda, descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente. Segundo a

autora, através das pesquisas exploratórias, avalia-se a possibilidade de desenvolver

uma boa pesquisa sobre um determinado assunto.

Segundo Barros e Lehfeld (2000), O investigador na pesquisa de campo assume

um papel de observador e explorador, coletando diretamente os dados no local, em que

se deram ou surgiram os fenômenos, e colocam ainda, que a pesquisa de campo se

caracteriza pelo contato direto com o fenômeno de estudo.

Os autores Cervo e Bervian (1996), colocam que os estudos exploratórios não

elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e

buscar maiores informações sobre determinado assunto de estudo, estudos estes que

tem por objetivo, familiarizar-se como fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e

descobrir assim novas idéias.

Colaborando com a colocação dos autores Cervo e Bervian (1996), os autores

Barros e Lehfeld (2000) colocam que a partir do uso de técnicas como observação,

participante ou não participante, entrevistas, questionários, coleta de depoimentos,

estudos de caso, o pesquisador busca as informações sobre o objeto de estudo e

ressaltam que este tipo de pesquisa não se resume a simples coleta de dados, é

necessário contar com controles adequados e com objetivos preestabelecidos que

discriminam suficientemente o que deve ser coletado.

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Os autores acima relatam que a pesquisa exploratória realiza descrições

precisas da situação e busca descobrir as relações existentes entre os elementos

componentes da mesma, e frisam que este tipo de pesquisa requer um planejamento

bastante flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um

problema ou de uma situação, e que é recomendada quando há poucos conhecimentos

sobre o problema ou caso a ser estudado.

No caso da pesquisa bibliográfica, os autores Cervo e Bervian (1996) colocam

sua importância, afirmando que podemos explicar um problema a partir de referências

teóricas publicadas em documentos.

Para Andrade (1999), a pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos

cursos de graduação, pois constitui o primeiro passo para todas as atividades

acadêmicas. Coloca que esse tipo de pesquisa é obrigatória nas pesquisas

exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento

do assunto, nas citações e na apresentação das conclusões.

De acordo com Cervo e Bervian (1996, pg 48) a pesquisa bibliográfica pode ser

realizada independentemente ou como descritiva ou experimental, e que em ambos os

casos, busca conhecer e analisar parte da pesquisa as contribuições culturais ou

científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.

Nas palavras desses autores a pesquisa bibliográfica “por vezes, é realizada

independentemente, isto é, percorre todos os passos formais do trabalho científico, em

particular, em alguns setores das Ciências Humanas”.

Segundo Barros e Lehfeld (2000), a pesquisa bibliográfica é a que se efetua

quando se tenta resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir do emprego

predominante de informações advindas de material gráfico, sonoro ou informatizado.

Para esses autores, esse tipo de pesquisa é importante, pois permite obter uma postura

científica quanto à elaboração de informações da produção científica já existente.

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Ainda para Cervo e Bervian (1996), a pesquisa bibliográfica constitui parte da

pesquisa descritiva ou experimental, quando é feita com o intuito de recolher

informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura

resposta ou acerca de uma hipótese que se quer experimentar.

Os autores acima ressaltam que a pesquisa bibliográfica é meio de informação

por meio de excelência, como trabalho científico original, constitui a pesquisa

propriamente dita na área das Ciências Humanas. Se usada como resumo de assunto,

constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa científica.

Quanto ao estudo de caso, Barros e Lehfeld (2000) colocam em sua obra que a

origem deste termo remonta à pesquisa médica e psicológica, referindo-se à análise

minuciosa de um caso individual, explicativa de patologias.

Para Cervo e Bervian (1996) o estudo de caso pertence ao grupo da pesquisa

descritiva, pesquisa essa que observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou

fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão

possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com

outros, sua natureza e características.

Para os autores Barros e Lehfeld (2000); Cervo e Bervian (1996) esse tipo de

pesquisa busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social,

política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo

isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas.

Ainda para os autores Cervo e Bervian (1996), o estudo de caso é a pesquisa

sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para examinar variáveis

aspectos de sua vida.

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B – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Serão utilizados para coleta de dados, entrevista, documentos e observação

direta.

a) Entrevista

Segundo Barros e Lehfeld (2000) a entrevista é uma técnica que permite o

relacionamento estreito entre e entrevistado e o entrevistador. Colocam que o termo

entrevista é construído a partir de duas palavras, entre e vista. Vista se refere ao ato de

ver, ter preocupação de algo e entre, indica a relação de lugar ou estado no espaço

que separa duas pessoas ou coisas. Portanto, o termo entrevistado se refere ao ato de

perceber o realizado entre duas pessoas.

A entrevista, de acordo com Cervo e Bervian (1996), está classificada entre os

diversos tipos de coleta de dados encontrados na pesquisa do tipo descritiva. Colocam

que a coleta de dados é uma tarefa importante na pesquisa, envolvendo diversos

passos, como a determinação da população a ser estudada, a elaboração do

instrumento de coleta, a programação da coleta, os dados e a própria coleta.

Os autores acima relatam que a entrevista não é uma simples conversa, e sim

uma conversa orientada para um objetivo definido que é recolher, através do

interrogatório do informante, dados para pesquisa.

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Para Andrade (1999) a entrevista constitui um instrumento eficaz na escolha de

dados fidedignos para a elaboração de uma pesquisa, desde que seja bem elaborada,

bem realizada e interpretada.

Ainda na mesma obra Cervo e Bervian (1996), colocam que a entrevista é

utilizada como fonte de obtenção de informações quando não há fontes mais seguras

para as informações desejadas ou quando se quiser completar dados extraídos de

outras fontes, e que a entrevista possibilita registrar, além disso, observações sobre a

aparência, comportamento e atitudes do entrevistado, e que daí sua vantagem sobre o

questionário.

Esses mesmos autores acima ressaltam ainda que, não se deve recorrer à

entrevista para obter dados de valor incerto ou para obter informações precisas, cuja

validade dependeria de pesquisas ou observações controladas, como por exemplo

datas, relações numéricas entre outros., e que o entrevistado deve ser informado do

motivo de sua escolha, motivo este que será sempre plausível.

b) Documentos

Para os autores Cervo e Bervian (1996) documento é toda base de

conhecimento fixado materialmente, que se encontra disponível para ser utilizado como

fonte de consulta, estudo ou prova.

A análise documental, será utilizada para apoiar o embasamento e constatação

das modificações ocorridas no comportamento do hotel, nos processos operacionais e

gerenciais, decorrentes da implantação do programa de gestão da qualidade.

c) Observação direta

Ao realizar-se uma visita de campo ao local escolhido para o estudo de caso,

está criando-se a oportunidade de fazer observações diretas. Assumindo-se que os

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fenômenos de interesse não sejam puramente de caráter histórico, encontrar-se-ão

disponíveis para observação alguns comportamentos ou condições ambientais

relevantes, servindo como fonte de evidências para o estudo de caso.

Incluem-se aqui, as atividades operacionais, os processos de trabalho, as

condições do meio ambiente.

A observação direta é um instrumento de sustentação que permite a constatação

das influências demandadas pela aplicação dos conceitos de gestão de qualidade

dentro da estrutura organizacional do hotel. Portanto, o processo de observação foi

efetuado quando da visita às instalações do mesmo, de forma que foram avaliadas e

comprovadas as evidências obtidas na entrevista e na análise documental. O processo

de observação foi desenvolvido através da análise das instalações do hotel, tendo como

foco, na medida do possível, o acompanhamento das evidências que comprovam o

processo de implantação das normas ISO 9000.

C - TRATAMENTO DE DADOS

Após a apresentação dos procedimentos de coleta de dados utilizados na

pesquisa, é também conveniente o esclarecimento a respeito do processo de análise

das evidências do respectivo estudo.

Para Yin4, a análise de evidências é o menos desenvolvido e mais difícil aspecto

da condução de um Estudo de caso. O sucesso depende muito da experiência,

perseverança e do raciocínio crítico do investigador para construir descrições,

interpretações que possibilitem a extração cuidadosa das conclusões.

Segundo Yin, o tratamento, organização e tabulação dos dados ajudam a

análise. Mais importante nesta fase é se ter definida uma estratégia analítica geral, já

que isso significa tratar imparcialmente as evidências, extrair conclusões analíticas e 4 www.eac.fea.usp.br/metodologia/estudo_caso.asp (acessado em 26/08/2003)

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apresentar interpretações e descrições alternativas. O papel da estratégia geral é ajudar

o investigador a escolher entre diferentes técnicas e a complementar com sucesso a

fase analítica da pesquisa.

O autor acima coloca ainda que há duas maneiras de se formatar a estratégia

geral: basear-se nas proposições teóricas, referencial teórico ou desenvolver uma

criativa descrição do caso. O autor salienta ainda que, basear-se em proposições

teóricas é a forma mais comum para se analisar as evidências de um caso.

Yin ressalta que, como as proposições de certa forma modelam o plano de coleta

de dados, deve-se dar prioridade a essa estratégia geral. Sendo assim, as proposições

podem fornecer a orientação teórica que direcionará a análise do estudo. Isso ajuda a

focalizar a atenção sobre certos dados e a ignorar outros, além de auxiliar a organizar

o estudo como um todo e a definir explanações alternativas a serem examinadas,

proposições teóricas sobre relações causais, perguntas do tipo “como ?” “por quê ?”

podem ser úteis para direcionar a análise do estudo de caso.

Por fim, o autor ressalta que a busca da explicação deve ser intensa durante todo

o processo de condução do estudo, afinal, a categoria mais importante, para o método

científico é a explicação. Para explicar um fenômeno se deve especificar um conjunto

de relações causais.

Tendo como base a explanação acima, bem como as interações entre as três

fontes de evidência a serem utilizadas (documentos, entrevista e observação direta) o

presente trabalho apresenta as premissas que serão os instrumentos para análise das

evidências: A - PREMISSA BÁSICA

21

Devido as novas exigências do mercado, os serviços oferecidos pelas empresas

envolvidas na cadeia hoteleira da cidade de São Paulo, tornaram-se mais complexos e

competitivos. Dentro desse cenário, percebe-se que o conceito da qualidade cumpre

um importante papel na melhoria dos processos, impactando no aumento da

competitividade dessas empresas. B - PREMISSAS SECUNDÁRIAS

B1) A prestação do serviço hoteleiro é complexa e intangível, acarretando a

necessidade em se utilizar um sistema de qualidade que atenda aos requisitos de uma

das normas contratuais NBR ISO 9000, para que assim seja possível, a criação de uma

estrutura que assegure a qualidade dos serviços prestados.

B2) Em função de sua intangibilidade, o processo de prestação de serviço hoteleiro é

difícil de ser avaliado em termos de qualidade. Dessa forma, há uma tendência que a

prestação de serviços hoteleiros seja prestado com base nas normas NBR ISO 9000,

pois essa, oferece um enfoque sistêmico, padronizado e disciplinado no arranjo do

trabalho executado.

B3) Existem dificuldades relacionadas à implantação de um programa de qualidade,

como por exemplo: a falta de visão sistêmica da alta administração com relação a quais

processos devem ser melhorados e de que forma essa melhoria pode ser

implementada; a resistência e a falta do reconhecimento da necessidade de mudanças.

B4) Percebe-se que os investimentos realizados em programas de gestão da qualidade

na cadeia hoteleira da cidade de São Paulo possibilitam um aumento das vantagens

competitivas.

22

2. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A XTRAVEL AGÊNCIA DE VIAGENS E TURISMO., é uma sociedade por cotas

de responsabilidade limitada, que esta presente no mercado brasileiro de agências de

viagens desde 1977, trabalhando de forma que vise a oferecer aos seus clientes e

parceiros a desejada e esperada excelência em atendimento, agilidade e eficiência. A

organização está situada a Rua Tabapuã, 41 Conj. 31 – Itaim Bibi – São Paulo – SP.

O uso integrado de mão-de-obra especializada motivada com a mais moderna

tecnologia, como por exemplo o sistema Sabre de reservas e monitoramento imediato

com companhias aéreas em todo o mundo, grupos hoteleiros, locadoras de veículos e

centenas de outros fornecedores de produtos e serviços, possibilita à organização

garantir o melhor atendimento na organização de uma viagem, tanto de lazer como de

trabalho.

VISÃO DE FUTURO

Tornar-se cada vez mais destaque entre as empresas nacionais do ramo de

turismo, cada vez mais competitiva, com a melhoria contínua dos processos internos,

prestando aos seus clientes um serviço cada vez mais personalizado, atendendo assim

as necessidades específicas de cada um.

MISSÃO

Prestar serviços de turismo, lazer e eventos personalizados, sempre em busca

da qualidade máxima na realização dos sonhos turísticos de seus clientes.

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VALORES

Entre os fatores que exercem grande importância para o sucesso da

organização, destacam-se os clientes que são a razão pela qual a empresa existe, seus

colaboradores, a imagem da empresa junto aos seus colaboradores clientes e

fornecedores, a qualidade na prestação de seus serviços e os valores internos da

empresa para definição do comportamento das pessoas que dela fazem parte que são

honestidade, responsabilidade, integridade, comprometimento, melhoria e inovação

contínua, servindo sempre aos seus clientes como eles desejam ser servidos.

ESTRATÉGIA DE ORGANIZAÇÃO

Como estratégia organizacional a empresa conta com o crescimento de

integração horizontal e a estratégia de concentração. Isto se deve ao fato da oferecer

diversos serviços voltados todos para o ramo de turismo.

ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

Como estratégia de negócio a organização conta com a estratégia de enfoque,

por trabalhar especificamente com clientes da classe média alta e pessoa jurídica. A

segmentação por áreas específicas permite que a agência assegure aos seus clientes a

necessária atenção aos roteiros de viagem.

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 09

24

ORGANOGRAMA FONTE: Modelagem Organizacional Xtravel Agência de Viagens e Turismo Ltda / 2003

3. DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA

Após analisar alguns dos serviços oferecidos por hotéis à Xtravel Agência de

Viagens e Turismo, pode-se identificar algumas ineficiências, as quais serão citadas a

seguir:

1) Demora de resposta referente a confirmação de reserva ou disponibilidade para

hospedagem.

Muitos hotéis, na maioria das vezes, demoram com a resposta sobre

confirmação de reservas já solicitadas ou quanto a disponibilidade de vagas para novas

Ca rol inaPacotes n ac. e inter.

Clau dia SouzaConsul tora nacion al

Ren ata O tu boCo nsultora internacion al

Claud io Me ndesVenda s/Operações

Tatiane Martin sEstagiária

EmersonMotob oy

Dorg ival Tavare sADM/F iancei ro

Info rmá tica

Ana LessaMarketi ng

Recursos Humanos

Marcelo Col troGerente Geral

25

reservas, fatos esses, que impedem que a agência repasse para seus clientes, dentro

do prazo combinado, a devida posição sobre as respectivas reservas.

2) Diferença de tarifa oferecida pelo hotel para a agência, devido a diferentes cadastros

que os hotéis possuem em seu sistema.

As agências de viagem, que efetuam reservas constantes nos hotéis possuem um

cadastro com valores de tarifas pré-negociados, fazendo com que não haja a

necessidade de prévia consulta sobre estes valores. Caso esse cadastro, não seja

regularmente atualizado, poderá haver a geração de conflitos entre o hotel, a agência

de viagem e o cliente, por falta de informações corretas.

3) Diferença entre tarifa “acordo5” e tarifa “balcão6”.

Os hotéis permitem que agências de viagens tenham tarifa acordo, para que

desta forma tenham vantagens e encaminhar clientes para os mesmos. Essas tarifas,

devem ser menores, do que as tarifas balcão, caso contrário, não seria vantajoso para

os clientes solicitar que estas reservas sejam feitas via agência. Já aqui, foram

verificados alguns casos em que tarifas menores do que as combinadas foram

confirmadas para hóspedes na hora do chek-in (entrada no hotel), fato este que gera

conflitos entre a agência e seus clientes.

4) Over Booking

O hotel fecha algumas vezes, reservas sem ter as disponibilidades de quartos

necessárias a sua operação. Assim, quando o cliente chega no hotel recebe a

informação que não haverá como se hospedar no local por falta de disponibilidade.

5 Tarifa acordo é a tarifa negociada entre o hotel a agência de viagem, podendo variar de acordo com a quantidade de hospedes enviados a esses hotéis por essas agências. 6 Tarifa balcão é aquela oferecida ao hóspede quando este se dirige diretamente ao balcão do hotel, podendo não haver desconto em seu valor.

26

5) O não cumprimento por parte dos hotéis, dos serviços especiais/adicionais

solicitados pela agência no ato da reserva.

Algumas vezes, no momento do fechamento da reserva entre agência e hotel,

alguns serviços especiais/adicionais são solicitados pela agência há pedido de seus

clientes. Porém, quando esses se hospedam não encontrar o que foi previamente

solicitado, acarretando problemas entre o hóspede/hotel/agência.

6) Falta de informação atualizada em sites dos hotéis.

Um dos serviços oferecidos pelos hotéis de grande importância para agências e

clientes foi a criação de sites com fotos e explicações necessárias sobre o hotel. Isso

permite que os possíveis hóspedes conheçam o hotel antes de fechar reservas.

Acontece, que algumas vezes, essas informações não são atualizadas (por exemplo

valor de tarifas), e as fotos que se encontram nesses sites, nem sempre condizem com

aquilo que os clientes encontram quando chegam para se hospedar.

4. O SETOR HOTELEIRO NA CIDADE DE SÃO PAULO

O turista de negócios7 é o sustentáculo de toda a cadeia de turismo da capital

paulista, afinal, como dizem os analista deste mercado, existem cinco dias durante a

semana e onze meses no ano para o trabalho. Apesar da informação sobre ocupações

em hotéis seja difícil de ser obtida, segundo pesquisadores do assunto, sabe-se que

nas grandes redes de hotéis a taxa de ocupação durante a semana chega a 80%,

7 www.adtp.org.br/regiao/r5_08.asp (acessado em 14/04/2003)

27

enquanto nos finais de semana não passa de 40%. Os participantes de eventos são os

que mais fazem com que estes números se movimentem.

Com o crescimento do turismo de negócios em São Paulo, os hotéis estão se

movimentando para dar apoio logístico para as promotoras que alugam seus espaços a

para os visitantes dos eventos.

Segundo informações obtidas nesta pesquisa, atualmente a rede de hotéis de São

Paulo disponibiliza 25 mil apartamentos, mas deverá Ter sua oferta ampliada. Cerca de

125 empreendimentos, entre hotéis, apart-hotéis e flats devem ser inaugurados nos

próximos dois anos, à partir de 2003. O turismo de negócios é o maior responsável por

isto, responsável por 60% dos visitantes que a cidade recebe todos os anos. Apenas

em hotéis e apart-hotéis, dos 195 previstos para serem construídos em todo o país, 58

serão erguidos em São Paulo, acrescentando 11,8 mil novos quartos à rede atual.

Vale ressaltar, como já foi visto na justificativa deste trabalho a importância desse

segmento na geração de empregos. Segundo analistas do setor, para cada dez

apartamentos inaugurados, oito novos postos de trabalho são criados, empregando

desde mão-de-obra mais qualificada (alta tecnologia, comunicação, informática) até as

de menor qualificação. Entre as cinco maiores redes internacionais de hotéis que já

operam ou estão se instalando em São Paulo temos Marriott, Accor, Choice Atlantic,

Bass e Cendant.

Outras redes ou grandes hotéis, brasileiros ou do exterior, que lideram o ranking

nacional, também estão o Sol Meliá, Blue Tree, Renaissance, Emiliano, o mexicano

Posadas, rede Transamérica, entre outros.

4.1 O QUE PRECISA SER FEITO

A observação da evolução do turismo de negócios em São Paulo e as

dificuldades identificadas pela ADTP5 permitiu apontar um quadro de propostas para

seu melhor posicionamento no contexto econômico da cidade, possibilitando a contínua

28

prosperidade do setor, o retorno dos investimentos, o incremento da arrecadação do

poder público e até a auto-estima da população, o que acaba se tornando então,

interesse de todos, e as propostas foram agrupadas em quatro categorias de ações,

que são:

• Ações de agregação de valor – qualidade

É fundamental a disseminação da língua inglesa nos setores ligados ao turismo

receptivo: táxis, aeroportos, restaurantes, shopping centers e locais de entretenimento.

O idioma espanhol foi verificado que não é tão necessário, visto que o “portunhol”, está

consolidado dado o intenso intercâmbio dos últimos anos com países latinos. Já o

inglês, é a segunda língua dos países não-saxônicos.

A proposta é formar uma ampla parceria entre as entidades representativas dos

taxistas, hotéis, restaurantes, shopping centers e a própria Infraero com escolas de

ensino de inglês, propiciando módulos práticos com metas a serem atingidas, para

melhorar a qualidade do serviço oferecido.

• A internacionalização de eventos

No ranking mundial das sedes de mostras internacionais, São Paulo ocupa o 20º

lugar. O incremento de eventos de internacionalizados é o primeiro passo para almejar

a possibilidade de sediar exibições internacionais.

A cada novo simpósio ou feira, deve ser buscada a participação de palestrantes ou

de expositores internacionais, que por sua vez possam estimular a vinda de clientes do

exterior.

29

Existem grandes organizações de congressos e seminários no Brasil com

correspondência no exterior, porém, um exame mais detido demonstra que o cartel de

palestrantes é 99% local e, ainda assim, com repetições de pessoas e temas, tornando

alta a previsibilidade de abordagem sobre as questões.

• Lucrar com o turismo secundário

Em São Paulo, todas as atenções se voltam aos eventos. Entretanto, há outras

possibilidades, não menos importantes de turismo que merecem um olhar atento, entre

essas, está o turismo de compras, gastronômico e cultural.

Os hotéis que abrigam congressos, seminários, simpósios durante os dias úteis

poderiam oferecer estadia nos fins de semana a preços reduzidos para os clientes dos

eventos, principalmente aos residentes na própria cidade ou regiões próximas.

Acoplado a programas culturais, é um turismo secundário e alta rentabilidade.

• Criar paisagens características

São Paulo carece de paisagens contemporâneas que possam se somar às

tradicionais que não se deterioram ao longo do tempo.

A última paisagem que surgiu na cidade, apropriada para postais, internet e outros

meios de comunicação é o da Avenida das Nações Unidas, na Marginal Pinheiros, zona

sul da cidade de São Paulo, com o espelho do rio refletindo os modernos edifícios ao

longo da avenida e a linha, o trem e as estações da CPTM, todos modernizados.

Este é o princípio para devolver a auto-estima à população da cidade, fundamental

para qualquer ação de revitalização, e o começo para recriar o turismo receptivo em

São Paulo.

30

Vale lembrar aqui que as maiores empresas de comunicação do país (Globo, Abril,

SBT, Estado, Record e Rede TV), estão localizadas nas marginais dos rios ou próximas

delas.

4.2 AÇÕES NO DESEMPENHO DA INFRA-ESTRUTURA

Tendo como base a pesquisa ADTP, citada anteriormente, notou-se que para o

turismo de negócios em São Paulo, dois itens, entre muitos, se sobressaem como

cruciais para a prosperidade e continuidade a sua força econômica que são, segundo

informações da ADTP, acessos e circulação, ambos relacionados à infra-estrutura e

transporte.

Concluiu-se que o tempo perdido pelo turista no trânsito pode representar uma

refeição a menos, substituída por um lanche rápido ou mesmo por uma refeição dentro

do avião, a impossibilidade de acesso a uma loja e a necessidade de ações apressadas

para cumprir a sua agenda.

Utilizando-se do critério de concentração da infra-estrutura, é claramente

identificável a formação de centros hoteleiros junto a pólos empresariais, a centros de

eventos ou aeroportos.

• Pólo Paulista

Os hotéis altamente “estrelados” a Avenida Paulista, Ruas Augusta e Frei caneca,

Alamedas Santos e Campinas, espraiando-se pelo bairro dos Jardins.

• Pólo Faria Lima / Berrini / Nações Unidas

31

Os hotéis mais luxuosos do mundo se sucedem, junto a outros de alta estrelagem

nas avenidas Faria Lima, Berrini, Nações Unidas, Morumbi, chegando aos bairros Vila

Olímpia, Itaim e Jardins.

• Pólo Anhembi / Guarulhos

Com a retomada da construção do hotel do anhembi, configurou-se este centro

hoteleiro que segue pelo complexo Expo Center Norte, passa por hotéis da alta

linhagem no bairro do Tatuapé, chega a Guarulhos (junto à Rodovia Dutra) e termina

com os hotéis no complexo aeroportuário de Cumbica.

• Pólo Congonhas

Também grandes redes se instalaram nas avenidas Sena Madureira, 23 de Maio e,

mais recentemente, junto ao Aeroporto de Congonhas.

Para uma maior compreensão acerca da importância da qualidade nos

processos empresariais, os próximos capítulos permitirão ao leitor uma visão

panorâmica a respeito dessa teoria.

5. PANORAMA DA QUALIDADE.

No sentido mais amplo, segundo Stevenson (2001), qualidade refere-se à

capacidade que tem um produto ou serviço de atender, consistentemente, às

expectativas do cliente, ou de superá-las. A qualidade significa obter aquilo pelo qual

você pagou.

32

Já os autores Martins e Laugeni (2000), citam que existem diferentes definições

de qualidade, mas os autores consideram como mais relevantes as cinco definições a

seguir:

• Definição transcendental: Nessa definição entende-se qualidade como sendo

constituída de padrões elevadíssimos, universalmente reconhecidos.

• Definição focada no produto: Nessa definição, a qualidade é constituída de variáveis

e atributos que podem ser medidos e controlados.

• Definição focada no usuário: Para Juran, “a qualidade é a adequação ao uso”, mas

existe grande dificuldade na conceituação de termos como uso, satisfação,

durabilidade e até na identificação clara de “usuário” ou, como preferem os autores,

“cliente” do produto. O conceito corrente de que “produto é o que o cliente compra”

faz entender que essa definição de qualidade é muito importante para a manutenção

da competitividade da empresa.

• Definição focada na fabricação: Essa definição está baseada no conceito de que

“qualidade é a adequação às normas e às especificações”, de acordo com P.

Crosby. Essa definição nos leva a buscar melhorias nas técnicas de projeto de

produto e de projeto de processos e no estabelecimento de sistemas de normas. Os

autores frisam que é necessário muito cuidado no estabelecimento dessas normas,

pois a empresa poderá gerar produtos não necessariamente com boa aceitação no

mercado, mas que apenas atendam às especificações fixadas internamente na

empresa.

• Definição focada no valor: Feigenbaum enunciou esse conceito argumentando que,

para o consumidor, a qualidade é uma questão de o produto ser adequado com

relação “ao uso e ao preço”. Essa definição tem sido cada vez mais aceita pelo

mercado.

33

Em uma outra pesquisa8, foram localizados as seguintes definições de qualidade:

• Excelência: qualidade significa melhor que se pode fazer, o padrão mais elevado de

desempenho.

• Valor: Qualidade significa ter mais atributos, usar materiais ou serviços raros, que

custam mais caros.

• Especificações: Qualidade planejada, definição de como o produto ou serviço deve

ser.

• Conformidade: Qualidade significa o produto ou serviço está de acordo com as

especificações do projeto.

• Regularidade: Qualidade significa uniformidade, os produtos ou serviços serem

idênticos.

• Adequação ao uso: Qualidade significa qualidade do projeto e ausência de

deficiência.

Ainda nesta mesma pesquisa, defini-se que qualidade pode ser descrita como a

adequação de um produto/serviço às necessidades de uso e a satisfação às

expectativas e exigências do usuário/cliente.

Ressalta-se ainda que muitos valores devem ser levados em consideração, ao se

julgar a qualidade de qualquer produto, serviço ou desempenho. O mesmo produto com

a mesma qualidade, no mesmo país ou na mesma cultura, pode ser julgado de diversas

formas, por pessoas com experiências, educação, idade, formação e gostos diferentes.

8 www.qualidadetotaladm..hpg.ig.com.br/internacional/38/index_pri_l.html (acessado em 14/04/2003)

34

O mesmo produto pode ser julgado de acordo com as necessidades das

pessoas, de diferentes maneiras.

É preciso fazer uma pesquisa de mercado para melhorar a qualidade de um

produto já produzido pela empresa, a partir da voz do cliente, podem utilizar um

planejamento visando assegurar a qualidade e o cumprimento das características do

projeto a partir de um planejamento de qualidade.

Por fim, entende-se qualidade como sendo, tudo conforme as exigências dos

consumidores, tendo como base a frase9 de Corwin D. Edwards em sua obra The

Meaning of Quality a respeito da definição de qualidade que relata “Qualidade consiste

na capacidade de satiszer desejos...”

Veremos a seguir, que além de se compreender a importância do assunto

qualidade, também é necessário que se entenda os fundamentos da qualidade, os

quais, nessa pesquisa, encontra-se classificados em quatro categorias conforme a

seguir.

5.1 – FUNDAMENTOS DA QUALIDADE

De acordo com Stevenson (2001) qualquer esforço sério para se lidar com a

qualidade precisa começar com uma clara compreensão do sentido do termo qualidade.

Em sua obra, o autor descreve os fundamentos da qualidade em quatro categorias, que

são os atributos da qualidade, os determinantes da qualidade, as conseqüências da

qualidade deficiente o os custos da qualidade.

Para o autor acima o termo qualidade é utilizado de várias maneiras, com

diversas conotações, como por exemplo, referindo-se à classificação ou graduação do

produto (leite do tipo C, arroz do tipo 2), referindo-se à mão-de-obra ou a algumas

características especiais (resiste a queda, tem um gosto suave), ou até mesmo 9 Frase retirada da obra dos autores Martins e Laugeni (2000)

35

relacionado ao preço (este é um produto popular, este é um serviço bom pois é caro).

Quando um cliente utiliza esses tipos de conotações, acabam valorizando aspectos

específicos de um produto ou serviço e associam estes apectos com a qualidade que

estes possuem.

Esses atributos da qualidade que são geralmente atribuídos pelos clientes

variam de um produto para outro, ou entre um produto e um serviço, mas Stevenson

(2001), cita em sua obra os aspectos que são mais freqüentemente concedidos e nos

dá exemplos práticos empregados em automóveis, que são:

• Desempenho: engloba as principais características do produto ou serviço.

• Estética: abrangem a aparência, sensação ao tato, odor e gosto.

• Atributos especiais: são as características adicionais incluídas no produto ou

serviço.

• Conformidade: é o grau de adequação de um produto ou serviço às expectativas do

cliente.

• Segurança: refere-se ao risco de ferimentos ou danos que um produto ou serviço

oferece.

• Confiabilidade: é a consistência do desempenho de um produto ou serviço.

• Durabilidade: é a vida útil do produto ou serviço.

• Qualidade percebida: é a avaliação da qualidade de forma indireta (por exemplo,

através da reputação).

• Atendimento após a venda: é a maneira pela qual a organização lida com as

reclamações, ou como ela verifica o grau de satisfação do cliente

• Características operacionais principais (primárias): Todo produto deve Ter bom

desempenho nesse tipo de característica.

• Características operacionais adicionais (secundárias): São características

complementares ao produto que o tornam mais atrativo ou facilitam sua utilização.

36

A seguir, serão destacados os elementos que possibilitam a determinação do nível

de qualidade dos produtos e serviços, para que esses possam atender seus propósitos. 5.2 - OS DETERMINANTES DA QUALIDADE

Segundo Stevenson (2001) existem quatro elementos primordiais que

determinam em que grau um produto ou serviço atende a seu propósito, que são os

seguintes:

• O Projeto

Este é o ponto de partida para o nível da qualidade que será alcançado no futuro.

Quando se fala de qualidade e projeto, refere-se à intenção que os projetistas de

determinado produto ou serviço tiveram quanto à inclusão ou exclusão de certas

características. As diferenças de produto ou serviço escolhidas pelo projetista, como por

exemplo, o tamanho de um escritório, divisão de área, o conforto, determinam a

qualidade do projeto. Estas decisões de projetos, para que sejam positivas, devem levar

em conta fatores como aquilo que o cliente deseja, capacidade de fabricação do

produto ou de execução do serviço, a segurança e responsabilidade acerca do produto

ou serviço, o custo e outras considerações.

Para que o projetista tenha sucesso em seu trabalho, precisa trabalhar lado a

lado com outras áreas que lhe trarão informações importantes, como o marketing sobre

a necessidade do cliente, a área de operações e modo a assegurar que esta terá

estrutura necessária para a realização do produto ou serviço, como por exemplo,

equipamento, capacidade e habilidade necessária para a fabricação ou o fornecimento

dos serviços previstos no projeto.

Conforme Stevenson (2001) um projeto deficiente pode resultar em dificuldades

na fase de produção ou de atendimento ao cliente, como por exemplo, a obtenção dos

materiais necessários, o atendimento às especificações ou a obediência aos

37

procedimentos podem tornar-se difíceis. Pode também ocorrer, no caso de um projeto

inadequado ou então não apropriado para determinadas circunstâncias, que a melhor

mão-de-obra do mundo não seja suficiente para se alcançar a qualidade desejada.

• O Grau de Conformidade do Produto ou Serviço ao Projeto

Conforme visto anteriormente, conformidade é o grau de adequação de um produto

ou serviço às expectativas do cliente. No caso, a qualidade de conformidade refere-se

ao grau de conformidade dos bens e serviços efetivamente realizados ao longo do

tempo com os intentos, ou seja, com os propósitos dos projetistas. Este grau de

conformidade depende de vários fatores durante a realização do projeto, tais como a

capacidade do equipamento utilizado; as habilidades, treinamento e motivação dos

trabalhadores; até onde o projeto se presta, à industrialização ou manufatura; o

processo de monitoramento que avaliará a conformidade do projeto e a implementação

de ações corretivas quando se fizer necessário.

• A Facilidade de Utilização

A não utilização correta de um produto, poderá certamente acarretar que este

não funcione de maneira adequada e segura, dá a importância da facilidade de uso e

instruções para o usuário.

Segundo Stevenson (2001), freqüentemente, as empresas envolvidas em litígios,

ou seja, em sentença sobre responsabilidade civil argumentam que as lesões e danos

ocorreram por má utilização do produto por parte do indivíduo.

38

Isto não se aplica somente à produtos como visto, mas também na prestação de

serviços, os clientes de prestadores de serviços devem ser claramente informados a

respeito daquilo que devem ou não fazer, caso contrário, haverá sempre o risco de que

venham a agir de maneira a afetar adversamente a qualidade. Willian (2000) cita ainda

em sua obra alguns exemplos práticos, como o de um professor de educação física que

orienta seu aluno da importância da corrida para saúde, mas não o orienta de que a

falta de um tênis adequado para essa atividade, causará sérios impactos em suas

articulações.

• Atendimento pós-venda.

Este atendimento é de grande valia para o usuário de um produto ou serviço,

visto que embora tenha sido desenvolvido todo um projeto sério a cerca do produto ou

serviço, para que este viesse a atender ao usuário sem causar-lhe danos, nem sempre

estes podem vir a não apresentar um desempenho ou gerar os resultados esperados.

O autor Stevenson (2001) frisa que sob o enfoque de qualidade, no caso de uma

falha, é importante remediar a situação para qualquer que tenha sido o motivo, fazendo

o devido ajuste da montagem, oferecendo a substituição ou o dinheiro de volta ou, no

caso do serviço, sua revisão e fazer aquilo que for necessário para que o produto ou

serviço tenha o padrão estabelecido.

Conforme citado por Martins e Laugeni (2000), um excelente projeto e um alto e

consistente nível de qualidade, aliados a preços competitivos e bons serviços de pós-

venda fizeram com que os japoneses conquistassem fatias expressivas de diferentes

mercados de produtos, concluindo-se dessa maneira que, nos dias atuais a qualidade

está no conceito de gerenciamento das empresas, pois não há como sobreviver no

mercado sem qualidade.

Sendo assim, pode-se dizer que para uma empresa ser competitiva, essa deve

ter a qualidade totalmente incorporada em seus processos e não apenas como a um

39

instrumento mercadológico, devendo também identificar as conseqüências de uma

qualidade deficiente, conforme a seguir.

5.3 - AS CONSEQÜÊNCIAS DA QUALIDADE DEFICIENTE

Um plano de qualidade deficiente gera conseqüências negativas em uma

organização e segundo Stevenson (2001) é importante que a administração reconheça

os diferentes modelos pelos quais uma empresa pode ser afetada, como resultado da

qualidade de seus produtos ou serviços. Estas conseqüências devem ser levadas em

consideração ao se desenvolver e manter um programa da qualidade. O autor destaca

em sua obra alguns dos principais modos pelas quais a qualidade deficiente afeta uma

organização, que são:

• Pela perda de negócio: Em uma organização com fins lucrativos, deixar de dar a

atenção adequada à qualidade pode prejudicar a imagem da organização, levando

a uma diminuição de sua participação no mercado. No caso de uma entidade do

governo ou de uma organização sem fins lucrativos, isso pode levar a um aumento

de críticas e/ou controles.

• Responsabilização civil: A responsabilidade pela qualidade deficiente já está bem

determinada juridicamente, e as organizações precisam dar atenção especial à sua

responsabilidade em potencial por danos ou lesões resultantes de erros de projeto,

defeito de fabricação e falhas de montagem de produto, assim como de erros no

fornecimento de serviços.

• Produtividade: Freqüentemente a produtividade e a qualidade estão intimamente

relacionadas de modo que se a qualidade for deficiente, esta afetará adversamente

a produtividade durante o processo de fabricação, como no caso de produtos,

peças defeituosas que precisam ser refeitas, ou fora de especificações, o que

obriga o montador a tentar encaixar uma série delas antes de encontrar uma que se

adeque perfeitamente, deficiência em ferramentas e equipamentos geram ainda

40

mais danos à produtividade e ao próprio funcionário diretamente, como por

exemplo, ferimentos e trabalhos que devem ser refeitos. Isto se aplica também para

serviços, que no caso deverá ser refeito, reduzindo assim sua produtividade. Sendo

assim, quando existe a melhoria na qualidade e a manutenção de um bom nível da

qualidade, acarretará em efeito positivo sobre a produtividade.

A deficiência da qualidade também está ligada a um aumento de determinados

custos que são inseridos por uma organização. Sobre esses custos, teremos mais

detalhes a seguir.

5.4 - OS CUSTOS DA QUALIDADE

Na visão de Stevenson (2001) qualquer abordagem mais abrangente de temas

relativos à qualidade precisa levar em consideração os custos associados à qualidade,

e classifica estes custos em quatro categorias, que são os custos de falhas internas

(material defeituoso suprido pelos fornecedores, ajustes incorretos em máquinas,

equipamento defeituoso, métodos incorretos, processamento incorreto, negligência e

procedimentos deficientes ou inadequados para o manuseio de materiais) e estas

falhas são detectadas durante o processo de produção; custos de falhas externas

(garantias, atendimento a reclamações, substituições, responsabilizações/litígios,

indenizações a clientes ou descontos aplicados para compensar a qualidade inferior,

quebra de imagem junto ao cliente, perda de vendas) estas falhas são detectadas após

o fornecimento ao cliente pelos próprios compradores, clientes ou usuário; custos de

avaliação (remuneração de inspetores, realização de testes, equipamentos de testes,

laboratórios, auditagem da qualidade e realização de testes no campo); custos de

prevenção (utilização de sistemas administrativos e de planejamento, trabalho em

conjunto com fornecedores, investimentos em treinamento, desenvolvimento de

procedimentos de controle da qualidade e cuidados adicionais nas fases de projeto e

de produção).

41

Cabe ressaltar, que estas quatro classificações sobre os tipos de custos da

qualidade, encontrados na obra de Stevenson (2001), foram as mesmas classificações

encontradas na obra dos autores Martins e Laugeni (2000).

Segundo o autor Stevenson (2001) durante muito tempo, houve uma perspectiva

tradicional relativa ao custo da qualidade, e esta perspectiva era de que existiria um

nível ótimo de custos da qualidade, seria um determinado nível no qual o custo

proveniente da tolerância de uma certa deficiência na qualidade seria equivalente ao

custo decorrente do atingimento desse nível da qualidade. A idéia era de que, a partir e

certo ponto, o custo para se alcançar um nível mais elevado da qualidade excederia os

benefícios provenientes desse nível mais elevado da qualidade. Porém , segundo a

perspectiva corrente, o custo proveniente de falhas é sempre muito maior que o custo

da prevenção, e portanto o nível ótimo da qualidade corresponde ao defeito zero.

Assim, segundo esse enfoque, não importa quão elevado seja o nível da qualidade

considerado, à exceção da perfeição, o custo para se alcançar um maior nível da

qualidade será sempre inferior ao ganho realizado quando se atinge o objetivo.

Sobre custos da qualidade, as idéias dos autores Stevenson (2001); Martins e

Laugeni (2000) são as mesmas, pois destacam que durante muito tempo, a melhoria

da qualidade estava intimamente ligada ao aumento dos custos dos produtos, e

acrescentando-se aí, que Deming mostrou que isso não era verdadeiro, citando ele

constantemente que “aumentando-se a qualidade, aumenta-se a produtividade”.

Desta forma, após análise das obras dos os autores acima citados anteriormente,

pode-se concluir que não era muito claro o que se entendia por “custos relacionados à

qualidade”, ou por “custos da qualidade”.

Os autores Martins e Laugeni (2000), citam em sua obra que, na verdade, os

especialistas enfocam hoje como custos da qualidade “os custos decorrentes da falta

da qualidade”, e frisam que este é o conceito que adotaram.

42

Conforme visto, os custos da qualidade estão muito mais vinculados à falta de

qualidade. Sendo assim, a qualidade eficiente é importante para a redução desses

custos, acarretando vantagens competitivas para as empresas. Esse argumento será

melhor explorado a seguir.

5.5 - A QUALIDADE COMO ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

Segundo os autores Martins e Laugeni (2000), a maneira com as empresas

tratam a definição do produto que produzirão para atender o mercado tem variado ao

longo dos tempos, assim com têm variado as formas de administrar o respectivo

processo produtivo.

Como verificado nas obras de Stevenson (2001); Martins e Laugeni (2000), as

características específicas de um produto, exigidas pelo cliente ao solicitar que este

fosse produzido para atender a suas necessidades também específicas, foram

perdendo lugar ao longo do tempo, para padronizações e maiores conceitos de

qualidade.

Nota-se nestas obras que, de início, o artesão atendia as necessidades

específicas de seus clientes, que ditavam com precisão a forma e as características do

produto que encomendavam.

Com o advento da Revolução Industrial surge a necessidade de padronização

dos produtos e processos, e desta forma o consumidor perdeu o poder de influenciar

de forma singular na definição dos produtos que iria consumir, ficando este poder para

os projetistas.

Segundo os autores Martins e Laugeni (2000), dentro dessa filosofia as

empresas evoluíram até meados dos anos 60, fase extremamente profícua, ou seja,

vantajosa da história da industrialização, quando surgiu um grande número de técnicas

43

de engenharia industrial, sempre com o objetivo de melhorar a produtividade e reduzir

os custos.

Nas duas obras citadas acima, verifica-se que logo após a Segunda Guerra

Mundial os japoneses desenvolveram novas estratégias empresariais voltadas para a

exportação de seus produtos, visando conquistar o mercado mundial.

Segundo obra do autor Stevenson (2001), nas décadas de 1970 e 1980, antes

do aumento no grau da concorrência japonesa no mercado americano, os

consumidores, freqüentemente obtinham menos do que pagavam por seus produtos

fabricados nos Estados Unidos; nas mentes das organizações empresariais

americanas, a qualidade não constituía uma prioridade. As empresas tendiam a

focalizar mais o custo e a produtividade (aumento do volume de produção com menor

quantidade de recursos) do que a qualidade. Não que a qualidade não tivesse

importância, o fato é que, a mesma, simplesmente não era considerada muito

importante.

Sendo assim, não podemos deixar de referenciar aos japoneses, pelo sucesso

obtido, frente a procura incansável de melhorias na qualidade de seus produtos,

buscando unir técnicas que os fizeram se diferenciar no mercado mundial como a

produção limpa, agilidade e qualidade em seus processos produtivos, qualidade do

produto, redução de custos e a busca pelo melhor atendimento às necessidades dos

consumidores

Em sua obra o autor Stevenson (2001) cita que em parte devido a essa maneira

de pensar, as empresas estrangeiras, entre as quais muitas japonesas, obtiveram uma

participação significativa no mercado americano. No setor automotivo, os fabricantes

japoneses líderes, como Honda, Nissan, e Toyota, passaram a ter papéis significativos

no mercado de automóveis nos Estados Unidos. Tanto a Honda quanto a Toyota

construíram uma excelente reputação em torno da qualidade e confiabilidade de seus

carros.

44

O autor acima ressalta que depois disso, muitas empresas americanas mudaram

drasticamente seus pontos de vista acerca da qualidade. Pressionadas pelo êxito dos

concorrentes externos, elas passaram a abraçar a qualidade em grande estilo.

Contrataram consultores, enviaram seu pessoal (incluindo os principais executivos)

para participar de seminários e iniciaram uma série de programas abrangentes de

melhoria da qualidade. Essas empresas perceberam nitidamente a importância da

qualidade, e o fato de a qualidade não ser algo anexável ao produto ou serviço, como

se fosse, por exemplo, uma característica especial, mas sim parte integral do produto

ou serviço. Na década de 1990, os fabricantes americanos de automóveis começaram a

fechar a brecha, diminuindo a diferença que existia na área da qualidade.

Levando em consideração que é tema deste trabalho a análise e importância da

qualidade em serviços como grande diferencial para uma organização, é de grande

valia ressaltar que os autores Martins e Laugeni (2000), citam em sua obra que os

japoneses utilizaram a qualidade como uma estratégia mercadológica e assim, foram

pouco a pouco ganhando mercados externos, principalmente o americano, como visto

anteriormente, ainda permanecia atrelado aos antigos conceitos de grandes volumes

de produção e visão de curto prazo quanto a lucros e retorno sobre o capital investido.

Ainda para os autores acima, nas definições destas estratégias e conquista de

novos consumidores, as empresas foram obrigadas a dar cada vez mais atenção à voz

do mercado. Surge então uma abordagem à definição dos produtos a serem fabricados

ou serviços a serem prestados. Começa então a partir daí, existir de fato, a

preocupação em atender ao que o mercado quer.

Frente a grande concorrência existente hoje no mercado, as empresas, para se

destacarem e se manterem ativas no mercado, necessitam, necessariamente obter

45

vantagens competitivas, e hoje segundo a concepção dos autores Martins e Laugeni

(2000), ser competitivo é ter condições de concorrer com um ou mais fabricantes e/ou

fornecedores de um produto/serviço em um determinado mercado.

Para esses autores, a empresa para ser competitiva, deve estabelecer uma

estratégia de ação para atuar em mercados locais, regionais ou globais. Quanto maior o

raio de sua atuação, tanto maior deverá ser sua capacidade competitiva ou, vale dizer,

suas vantagens competitivas.

Ainda na mesma obra, os autores citam que, em relação aos desejos dos

consumidores, a empresa precisa estar atenta para dois aspectos básicos que são

identificar as necessidades dos consumidores e saber atender a tais necessidades. E

ressaltam que a forma como a empresa aborda essas duas questões, define sua

capacidade ou competitividade.

Conforme colocado por Martins e Laugeni (2000), qualidade total por si só, não

garante a sobrevivência de uma organização, sendo seu ramo fabricação de produtos

ou prestação de serviços, mas certamente é um tipo de estratégia competitiva de

grande valia para as organizações, que assim obterá vantagem competitiva através da

comercialização de produtos ou prestação de serviços de alta qualidade, e juntamente

com outras estratégias como por exemplo informatização, desmobilizações, aquisições,

incentivos, projeção de demanda e robotização, citados pelos autores acima,

certamente terão grandes chances de se destacar no mercado competitivo.

A melhoria contínua da qualidade foi de fato o grande trunfo das empresas

japonesas na conquista de mercados cada vez maiores e mais sofisticados. A

dedicação de esforços na área da qualidade dos produtos/serviços como visto, gera

efeitos no aumento da vantagem competitiva, pois está têm demostrado que a melhoria

na qualidade, ao contrário do que sempre se imaginou, traz uma conseqüente redução

de custos de produção.

46

A seguir, inicia-se a discussão sobre a qualidade voltada para a prestação de

serviços, destacando-se sua importância para a padronização dos serviços e satisfação

de seus consumidores.

6. A QUALIDADE EM SERVIÇO

Segundo os autores Corrêa e Caon (2002) em um mundo de mudanças

constantes e muitas vezes drásticas, com concorrentes cada vez mais competentes, é

impossível para uma empresa permanecer competitiva se mantiver fazendo as coisas

da mesma forma por longos períodos: ela será superada por concorrentes em evolução

constante.

47

Sendo assim, para os autores acima a única forma é melhorar e esta melhoria

poderá ser forma contínua, também conhecida como por seu nome japonês Kaizen , e

as melhorias radicais, muitas vezes associadas à reengenharia de processos.

Para Schmenner (1999) a qualidade tem sua importância reconhecida, porém,

provavelmente é entre os conceitos operacionais, ainda muito mal entendida. O autor

justifica essa colocação com o fato de que, normalmente, quando se pensa em serviço

de qualidade, há uma imediata correlação com preço alto e também a inúmeras

mordomias.

O autor acima coloca ainda que isto não é o que pensam os profissionais da

qualidade, pois para eles, qualidade significa uma única coisa, a conformidade com as

especificações de serviço valorizadas pelos clientes, e que ao defini-la desta forma,

retiram-se os elementos subjetivos sobre o que a qualidade pode ser, substituindo-os

por meios objetivos e quantificáveis de se medir a qualidade. Desta forma, como já foi

visto anteriormente neste trabalho, podemos vincular alguns custos a ela.

Ainda para Schmenner (1999) os custos de qualidade podem ser classificados

em alguns tipos, custos esses, os quais, já foram mencionados pelos autores

Stevenson (2001); Martins e Laugeni (2000). Esses custos são: custos de falha

externa, serviço de campo (na maior parte reparo daquilo que devia ter funcionado e

não funcionou); responsabilidade do produto (seguro e acordos); devoluções de

produtos; recalls de produto e custos de ações corretivas; custos de garantia; custos de

falha interna; tempo ocioso devido aos defeitos; pedidos de mudança de engenharia;

pedidos de mudança de compras; reprojetos; reteste; retrabalho na fábrica ou nas

operações de serviço, refugo.

Ainda para Schmenner (1999) as empresas podem evitar a maioria desses

custos da qualidade entregando o serviço corretamente na primeira e em todas as

outras vezes, e que para isso, todos dentro da organização devem estar convencidos

de que as coisas precisam ser feitas corretamente logo na primeira vez. O autor faz em

48

sua obra uma referência sobre W. Edwards Deming (um dos primeiros gurus da gestão

pela qualidade), relatando que para Deming, a gerência é responsável por 85% dos

problemas de qualidade da empresa e os trabalhadores são responsáveis por apenas

15%, coloca ainda que alguns estimam que o projeto do produto seja, em si,

responsável por 50% ou mais dos problemas de qualidade de uma empresa.

Para os autores Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), além de construir uma

proclamação do comprometimento da empresa com a qualidade, a qualidade de serviço

focaliza nos funcionários ao definir padrões explícitos de desempenho e, o que é mais

importante, constrói uma base de clientes fiéis.

Segundo Schmenner (1999), à medida que as empresas trabalham com

empenho na gestão da qualidade, em geral elas descobrem que não só cai o total de

seus custos da qualidade como mudam também as composições desses custos, como

por exemplo, normalmente os custos de falhas diminuem em importante percentual

enquanto aumentam os custos de prevenção.

Para que o conceito de qualidade seja efetivamente útil para as empresas, é

necessário que todas as pessoas envolvidas no processo estejam, de fato empenhadas

nesse processo. Dessa forma, a seguir serão tratados alguns aspectos que devem ser

levados em consideração para que a qualidade seja efetivamente implementada na

estrutura de negócio das empresas.

6.1 - MELHORANDO A QUALIDADE

Segundo Schmenner (1999), em uma operação, a qualidade só é melhorada

quando todos os envolvidos no processo se conscientizam de que sua próprias tarefas

podem afetar a qualidade e que talvez precisem redirecionar seus procedimentos e

hábitos para a prevenção de erros. O objetivo é naturalmente não ter nenhum problema

de qualidade, fazer com que cada encontro de serviço seja perfeito, e isso exige

mudanças significativas nas atitudes de gerentes e trabalhadores e uma busca

49

incansável de todos nas mínimas coisas que podem arruinar a qualidade ao fazer com

que o trabalho não seja feito adequadamente logo na primeira vez.

Sob a ótica de Schmenner (1999) os envolvidos no processo devem ir em busca

do zero defeito, ou seja, as pessoas devem fazer o melhor que puderem em busca da

excelência do trabalho realizado e do que será oferecido ao cliente. Todas as causas de

erros potenciais devem ser eliminadas, através de alterações operacionais de tal modo

que tudo seja feito corretamente na primeira e, em todas as outras vezes.

O autor acima, coloca que para que isto seja possível, os gerentes e

trabalhadores devem analisar os erros para que possam determinar o por que foram

introduzidos no serviço. Como a gerência e os projetistas devem ser considerados

como recursos a serem aplicados à solução dos problemas de qualidade que em sua

maioria são conhecidos primeiro pelos provedores de linha de frente, a própria força de

trabalho pode resolver muitos problemas de qualidade, mas não deveria ter de

identificar e corrigir todos eles.

Para tal, Schmenner (1999), coloca que para se alcançar o padrão zero defeito,

gerência e projetistas devem juntar-se para ajudar a força de trabalho a resolver

determinados problemas. Gerência e projetistas deveriam servir à força de trabalho,

não o contrário.

Ainda para o autor acima, existem duas visões sobre o ponto de vista da redução

dos custos da qualidade. Uma visão identificada pelo autor como a visão tradicional,

advoga que o mais baixo custo é atingido em determinado nível de defeito não-zero, e a

outra visão conclui que o padrão zero defeito é o custo mais baixo. A diferença é que

um lado do debate postula, ou seja, reconhece mas não demonstra, que os custos de

prevenção e detecção aumentam substancialmente à medida que nos aproximamos

cada vez mais de zero defeito e os defensores dessa visão alegam que deve haver

queda de devoluções decorrente da eliminação de erros à medida que mais e mais

erros são encontrados e menos erros persistem, os últimos erros são considerados os

50

mais difíceis de serem achados e corrigidos. Já a outra escola de pensamento, afirma

que as causas de defeitos são tão simples, embora numerosas, que a remoção da

última causa em nada ultrapassa o gasto com a remoção da primeira causa.

A alta administração tem um papel de extrema relevância na implementação da

gestão de qualidade, tendo como função básica, fazer com que as pessoas envolvidas,

realmente entendam sua importância e assim, empenhem-se nesse processo, conforme

veremos a seguir.

6.2 - ATITUDES DA GERÊNCIA EM RELAÇÃO À QUALIDADE

Para os autores Fitzmmons e Fitzmmons (2000), a avaliação da distância entre o

serviço esperado e o percebido é um processo rotineiro de retorno de informação do

cliente, praticado pelas principais companhias de serviço.

Já o autor Schmenner (1999) coloca que, as empresas não orientadas para a

qualidade, a identificação de defeitos costuma levar atribuições de culpa e

recriminação, o que faz com que gerentes e trabalhadores dêem desculpas para evitar

51

serem responsabilizados por eles. Já nas empresas orientadas para a qualidade, os

defeitos não são desculpa para culpar os outros, mas sim uma indicação de que todos

precisam trabalhar juntos para eliminar as causas dos defeitos.

Ainda para o autor acima, outras mudanças consideráveis nas organizações

voltadas para a qualidade, são o fato dessas, perceberem os fornecedores como

membros importantes da equipe de qualidade e assim, são educados em relação ao

que é necessário para entregar serviços de qualidade ou serviços que atendam às

necessidades da empresa e do cliente. Esse fato possibilita que as empresas, busquem

junto aos fornecedores, idéias para auxiliar a área de projetos.

Segundo Schmenner (1999), a alta gerência precisa posicionar-se de forma

positiva com relação à qualidade, encarando-a como algo de grande importância para a

organização, para dessa forma, possa cobrar esta atitude dos outros trabalhadores.

Para tal, em muitas empresas, as atitudes gerenciais têm sido positivamente alteradas

pela adoção de relacionamentos fornecedor-cliente, formalmente reconhecidos na

estrutura da organização.

O autor acima, coloca ainda que há muitas formas de alcançar mudanças nas

atitudes e na organização gerencial. Uma série de “gurus” da qualidade tem proposto

princípios ou planos para a melhoria da qualidade e talvez o mais famoso seja o dos 14

pontos de Deming, que são:

1. Criar constância de propósito em relação à melhoria do produto ou serviço

2. Adotar a nova filosofia

3. Cessar a dependência da inspeção para obter a qualidade

4. Acabar com a prática de fazer negócio com aquele que oferece a menor cotação

5. Aprimorar o sistema de produção e de serviço de forma constante e permanente

6. Instituir treinamento no posto de trabalho

7. Instituir liderança

8. Eliminar o medo

52

9. Eliminar as barreiras entre os departamentos

10. Eliminar Slogam, exortações e metas para a força de trabalho, solicitando zero

defeito e novos níveis de produtividade.

11. Eliminar recompensas para os funcionários

12. Remover barreiras que tiram das pessoas seus direitos de se orgulhar de seu

trabalho

13. Instituir um rigoroso programa de educação e outra melhoria

14. Colocar todos dentro da empresa para trabalhar pela transformação

O autor acima ressalta que os 14 pontos de Deming, não são o único método

existente em prol da melhoria da qualidade, e que existem outros métodos tais como os

outros trabalhos de outras figuras importantes para gestão da qualidade, figuras estas,

que muito contribuíram para a gestão da qualidade e sobre sua importância para as

organizações, como por exemplo Philip Crosby, Joseph M. Juran e Armand

Feigenbaum.

Depois de verificado, o real papel desempenhado pela alta administração no

processo de gestão de qualidade, existem algumas técnicas que colaboram para que

essa qualidade, realmente aconteça, conforme a seguir.

6.3 - TÉCNICAS PARA FAZER A QUALIDADE ACONTECER

Segundo Schmenner (1999), um dos conceitos básicos da gestão pela qualidade é a

adequação para o uso, e que a adequação para o uso é simplesmente o grau em que o

serviço, conforme foi projetado, serve aos verdadeiros propósitos do consumidor. Um

serviço deve ser projetado expressamente para a sua finalidade pretendida, e deve-se

saber para isto, o que, dentro do serviço, tem valor para o consumidor e o que tem

pouco. Para prestar um serviço e alta qualidade, deve-se entender por que o cliente

pode valorizar mais o seu serviço do que um de terceiro.

53

Para os autores Fitzmmons e Fitzmmons (2000), a qualidade em serviços começa

com as pessoas, todas as formas de medições para detectar inadequações por meio de

cartas de controle estatísticas não produzem um serviço de qualidade. Ao invés disso, a

qualidade começa com o desenvolvimento de atitudes positivas entre todas as pessoas

da organização. Essas atitudes positivas podem ser adotadas por meio de um

programa direcionado que começa com a seleção de funcionários e, continua com o

treinamento, indicações iniciais das tarefas e outros aspectos de promoções na carreira.

Ainda para os autores citados anteriormente, para se evitar a complacência, é

necessário um programa contínuo de melhoria da qualidade. Este programa destaca a

prevenção de problemas com a qualidade, considera a responsabilidade do pessoal

pela qualidade e desenvolve a postura de que a qualidade pode ser assegurada.

Para o autor Schmenner (1999) melhorar um processo de forma gradual e contínua

exige a mudança sistemática do processo existente, e que isso, por sua vez, requer um

real entendimento de adequação ao uso. Para se fazer as melhorias do processo, as

áreas problemáticas do mesmo precisam ser investigadas e à partir daí, as mudanças

feitas para auxiliar na melhoria dos processos poderão ser feitas. Para podermos

identificar, analisar os problemas do processo e auxiliar na melhoria dos processos,

podemos contar com procedimentos estabelecidos e um conjunto de habilidades,

inclusive estatísticas, como por exemplo, as ferramentas da qualidade.

Além de identificar os processos organizacionais que devem ser melhorados para o

alcance da qualidade, algumas peculiaridades na prestação de serviço devem ser

levadas em consideração, para que seja facilitado o alcance da satisfação do cliente,

peculiaridades essas que serão vistas a seguir.

6.4 - ALGUMAS PECULIARIDADES SOBRE A QUALIDADE DE SERVIÇOS

Para os autores Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), em serviço, a avaliação da

qualidade surge ao longo do processo da prestação do serviço, que geralmente ocorre

54

no encontro entre um cliente e um funcionário da linha de frente. A satisfação do cliente

com a qualidade do serviço pode ser definida pela comparação da percepção do

serviço prestado com a expectativa do serviço desejado.

Aqui, o autor Schmenner (1999), coloca que embora as diferenças de definição de

qualidade entre empresas industriais e de serviços sejam mais de grau do que de tipo,

os serviços envolvem algumas peculiaridades que merecem ser destacadas, como por

exemplo, a percepção que nos serviços ganham maior dimensão. A qualidade de

serviço é percebida através da satisfação com o serviço.

Os autores Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), colocam que quando se excede a

expectativa do cliente, o serviço é percebido como de qualidade excepcional, e também

como uma agradável surpresa, mas quando não se atende as estas expectativas, a

qualidade do serviço passa a ser inaceitável. Quando se confirmam as expectativas

pela percepção do serviço, a qualidade é satisfatória.

Isto quer dizer que o valor para o cliente será gerado pela forma como o serviço

é entregue e atende suas necessidades.

Para Schmenner (1999), todas as várias decisões que afetam o sistema de

prestação de serviço devem ser identificadas, tal como a tecnologia a seus padrões,

controle da força de trabalho, as expectativas do cliente para o serviço a ser prestado, e

coloca ainda que muitas empresas (as melhores empresas), procuram administrar as

expectativas de seus clientes por meio de propaganda ou promoções, ou comunicação

durante o encontro e serviços em si.

Esses mesmo autores relatam que as expectativas sobre os serviços podem muito

altas, particularmente quando são oferecidas garantias, e colocam que os clientes

utilizam cinco dimensões da qualidade em serviço para fazer julgamento dessa

55

qualidade, as quais para os autores, baseiam-se na comparação entre o serviço

percebido e o desejado, e a diferença entre o esperado e o percebido é uma medida da

qualidade do serviço, a satisfação pode ser positiva ou negativa. Estas cinco dimensões

são colocadas pelos autores como:

• Tangibilidade: é a aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal e

materiais utilizados para a comunicação.

• Confiabilidade: é a capacidade de prestar o serviço prometido com confiança e

exatidão.

• Garantia/segurança: é o conhecimento e a cortesia dos funcionários bem como sua

capacidade de transmitir confiança e confidencialidade.

• Empatia: é demostrar interesse, atenção personalizada aos clientes.

• Responsabilidade: é a disposição para auxiliar os clientes e fornecer o serviço

prontamente.

Fatores esses, que para os autores, aumentam a percepção do cliente quanto ao

serviço e sua qualidade.

Mesmo após todos os cuidados acima terem sido levados em consideração na

busca pela satisfação dos clientes, pode-se ocorrer casos que essa satisfação não seja

alcançada. Essa diferença entre o oferecido e o esperado são identificados como

falhas na prestação do serviço, falhas essas que serão melhor discutidas a seguir.

6.5 - DETERMINANDO O QUE É IMPORTANTE CORRIGIR NO PROCESSO EM BUSCA DA QUALIDADE

56

Aqui, os autores Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), relatam a importância da

avaliação junto aos clientes, do que eles esperavam do serviço e o que foi, de fato,

vivenciado por eles, e que a diferença entre o esperado e o percebido é colocado como

falhas na prestação do serviço.

Em sua obra, os autores acima, exemplificam alguns tipos de falhas que ocorrem

na prestação de serviço que são:

• A divergência entre as expectativas do cliente e a percepção, pela administração,

destas expectativas, que se origina da falha de uma plena compreensão por parte

da administração sobre como os clientes formulam as expectativas, com base em

várias fontes como anúncios, experiências anteriores com a empresa e seus

competidores, necessidades pessoais e comunicação com amigos. Algumas

estratégias para minimizar estas falhas incluem melhoria na pesquisa de mercado,

adoção de melhor comunicação entre a administração e seus funcionários, e

redução do número de níveis gerenciais que afastam o cliente.

• A incapacidade da administração de formular níveis de qualidade do serviço que

correspondem às percepções das expectativas do cliente e da inabilidade para

traduzi-las em especificações exeqüíveis. Esta falha pode resultar de uma falta de

comprometimento da administração com a qualidade do serviço ou de uma

percepção de impossibilidade de atender as expectativas do cliente, e neste caso, o

estabelecimento de metas e a padronização da prestação do serviço podem

eliminar esta falha.

• Problemas no desempenho do serviço, quando o serviço efetivamente prestado não

atende às especificações estabelecidas pela administração. Esta falha pode

originar-se de várias razões, entre elas falhas da equipe de trabalho, seleção

inadequada de funcionários, treinamento inadequado e projeto inapropriado das

tarefas. As expectativas dos clientes de um serviço são formadas por anúncios em

mídia e outras comunicações realizadas pela empresa.

• Discrepância entre o serviço prestado e o serviço prometido na forma de promessas

exageradas e falta de informação fornecida pelos funcionários da linha de frente.

57

Para esses autores, medir a qualidade dos serviços é um desafio, pois a satisfação

dos clientes é determinada por muitos fatores intangíveis, ao contrário de um produto,

que possui características físicas que podem ser objetivamente mensuradas. A

qualidade em serviços contém muitas características psicológicas.

Para Fitzmmons e Fitzmmons (2000), destacam em sua obra algumas ferramentas

e fatores importantes que auxiliam na avaliação da satisfação do cliente quanto ao

serviço prestado e nas falhas da qualidade neste serviço, que são:

• Servqual: Uma valiosa ferramenta para pesquisar a satisfação do cliente com base

no modelo de falha na qualidade do serviço. Os autores do modelo de falha na

qualidade em serviços desenvolveram uma escala de múltiplos itens, denominados

Servqual, para medir as cinco dimensões da qualidade em serviço (confiabilidade,

responsabilidade, segurança/garantias, empatia e tangibilidade), já vistas

anteriormente.

Esta ferramenta possui duas partes, a seção inicial registra as expectativas dos

clientes para uma classe de serviços e m seguida por uma Segunda seção para

registrar as percepções do cliente sobre uma determinada empresa de serviço. Daí,

faz-se cálculos do que era esperado e o que foi percebido pelo cliente

Aqui, o autor Schmenner (1999), menciona sobre algumas ferramentas que

auxiliam na identificação do problema sobre o que precisa ser feito para saná-los. Uma

das ferramentas citadas pelo autor, e que este julga ser a de maior utilidade para se

descobrir em que um programa de melhoria de qualidade irá funcionar é a Análise de

Pareto.

• Benchmarking: A medida da qualidade do desempenho de uma empresa pode ser

realizada pela comparação com o desempenho de outras companhias reconhecidas

como as “melhores da categoria”. Este processo é conhecido como Benchmarking.

58

• Escopo da qualidade em serviço: Para identificar as medidas possíveis da

qualidade em serviço, é necessário ter uma visão abrangente do sistema de

serviço.

• Conteúdo: Para serviços de rotina, geralmente são desenvolvidos procedimentos

padrão de operação e espera-se do pessoal que executa estes serviços, o

cumprimento dos procedimentos estabelecidos..

• Processo: O maior interesse aqui, é pela manutenção de uma seqüência lógica de

atividades e por uma utilização bem ordenada dos recursos para a realização dos

serviços. Interações entre cliente e o pessoal encarregado do serviço são

monitoradas. Também são de interesse as interações e as comunicações entre os

trabalhadores encarregados dos serviços

• Estrutura: As instalações físicas devem ser adequadas para o serviço. A

qualificação do pessoal e o projeto organizacional são importantes dimensões da

qualidade. A adequação de instalações físicas e equipamentos pode ser

determinada mediante a comparação com padrões estabelecidos para a

conformidade da qualidade.

• Resultado: A avaliação mais realista da qualidade do serviço é o resultado final.

Deve-se saber se o cliente ficou satisfeito, as reclamações dos clientes são uma

das avaliações mais efetivas da dimensão do resultado da qualidade.

• Impacto: Aqui, é importante saber qual é o efeito do serviço a longo prazo para os

clientes, que resultados trouxeram.

Segundo o autor Schmenner (1999) a Analise de Pareto é a categorização dos

vários problemas que foram identificados e o desenvolvimento da distribuição de sua

freqüência, ou seja, a quantidade de vezes que o problema ocorre, e daí, os que

ocorrem com maior freqüência são merecedores de um esforço maior para resolvê-los.

O autor acima afirma que geralmente a coleta de dados para a Análise de Pareto

é razoavelmente fácil e costuma ser feita pelos prestadores de serviço da linha de

frente ao longo de vários dias ou semanas, naturalmente o tempo necessário depende

da freqüência dos problemas e do índice de produção do processo.

59

Outra ferramenta citada pelo autor, é o Gráfico de Acompanhamento

Cronológico, caracterizado por algumas características mensuradas (medidas) e

plotadas na ordem da prestação do serviço. Este gráfico permite analisar a

porcentagem defeituosa com relação a uma determinada unidade de tempo e permite

também, oferecer provas concretas de que algo mudou no processo.

Após analisar os problemas na prestação de serviços, algumas medidas devem

ser tomadas para a correção desses erros, as quais serão vistas a seguir.

6.6 - INVESTIGANDO E CORRIGINDO AS CAUSAS DE PROBLEMAS DE QUALIDADE

Schmenner (1999), coloca que após as causas dos problemas de processo

serem pesquisadas, devem ser tomadas as medidas corretivas e que é nesta fase que

entram os programas de melhoria da qualidade. Esse autor cita também, vários pontos

importantes a serem considerados, que são:

• Coleta de dados – não existe nada como bons e consistentes dados para atacar o

problema de qualidade. A coleta de dados apropriados pode requerer alguns

cuidados, tais como: A avaliação de aspectos do processo ou serviço; o

monitoramento dos defeitos e suas características; relacionar os defeitos

específicos com o tempo ou locais e a observação de qualquer mudança ou

condição do processo e dos materiais, equipamento e mão-de-obra utilizada.

• Investigação Sistemática – aqui o autor (Schmenner, 1999), cita a ferramenta

conhecida como Diagrama Ishikawa ou Diagrama “espinha-de-peixe” por causa da

sua estrutura. O autor (Schmenner, 1999), relata que este instrumento tem se

mostrado particularmente eficaz na identificação das causas e dos efeitos do

problema dentro do processo.

60

Após terem sido identificadas as falhas na prestação de serviços, e as medidas de

correção tomadas, deve haver ainda um controle da qualidade, de modo a assegurar

que os serviços continuarão sendo prestados com qualidade. Esse tópico será

abordado em maiores detalhes no próximo item.

6.7 - OBTENDO E MANTENDO O CONTROLE DA QUALIDADE

Os autores Fitzmmons e Fitzmmons (2000), colocam em sua obra que empresas

de serviço com várias localizações enfrentam problemas especiais de manutenção da

consistência dos serviços ao longo de todas as suas atividades.

Um exemplo dado pelos autores citados anteriormente, é o de clientes de hotéis

que visitam diversos hotéis em diversos lugares e esperam, na maioria das vezes, o

mesmo atendimento “sem surpresas”.

Nesta mesma obra os autores fazem referência sobre o autor G. M. Hostage, e

colocam que para ele, a melhoria da qualidade em serviços tem relação direta com as

atitudes da empresa junto aos funcionários.

Ainda para os autores Fitzmmons e Fitzmmons (2000), existem oito programas

que têm sido os mais eficientes para a manutenção da qualidade em serviços, que são:

• Desenvolvimento individual.

• Treinamento da gerência.

• Planejamento dos recursos humanos.

• Criação e controle de padrões de desempenho.

• Crescimento profissional.

• Pesquisas de opinião.

61

• Tratamento satisfatório

• Participação nos lucros

Já Schmenner (1999), relata que existem duas maneiras pelas quais a empresa

pode obter e manter o controle da qualidade e que ambas têm a propriedade da

previsão, elas nos alertam para entregar uma boa qualidade logo de início em vez de

nos capacitar de mecanismos para distinguir a qualidade boa da má depois de ser tarde

demais.

Ainda para o autor citado anteriormente, um dos métodos utilizados é o uso de

controles estatísticos de processo (CEP), tais como gráficos de controle e o outro

método é o uso do sistema à prova de erros. Para ele, o CEP está amplamente

disseminado no setor industrial e que raramente é utilizado no setor de serviço,

principalmente em serviços que podem ser prontamente mensurados.

O autor acima, relata ainda que o sistema à prova de erros é um sistema que

vem sendo usado em serviços há muito tempo, mas que somente agora tomou-se

consciência de seu poder e importância.

Ainda para Schmenner (1999), coloca que os serviços podem tornar-se à prova

de erros por meio do uso de hardware, software, procedimentos e mecanismos cujo

propósito seja tornar a entrega de um serviço de qualidade a única forma de entregar o

serviço, o que se subentende como a padronização de serviços. O sistema à prova de

erros pode envolver alertas acionados automaticamente antes que algo saia errado ou

pode envolver ações automáticas que façam parar o processo antes de ele criar algo de

baixa qualidade.

O autor acima, relata ainda que no setor industrial, a infalibilidade, geralmente

provêm da adição de recursos às máquinas, como por exemplo, sensores de vários

tipos e mecanismos ou de projetos específicos dos produtos, e que no setor de

62

serviços, a infalibilidade tende mais a provir do uso de procedimentos e de software,

que tem relativamente pouco investimento em bens de capital.

Para Schmenner (1999), o aspecto genial do sistema à prova de erros consiste

simplesmente em como seu baixo custo torna-se um meio de melhorar a qualidade não

apenas para o prestador de serviço e para o processo, mas também para o cliente e

seu modo de interagir com o processo.

Como forma de assegurar a qualidade em serviços, algumas garantias podem

ser oferecidas como parte dos padrões de serviço de um produto, conforme visto a

seguir.

6.8 - GARANTIAS DE SERVIÇOS

Segundo os autores Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), um serviço prestado

com um sorriso costumava ser suficiente para satisfazer a maioria dos clientes, hoje,

porém, algumas empresas de serviços se diferenciam dos concorrentes oferecendo

uma “garantia do serviço”, garantia essa, diferente da garantia de um produto. A

garantia do produto promete reparar ou substituir o item defeituoso, já as garantias de

serviço normalmente oferecem ao cliente insatisfeito reembolso, desconto ou o serviço

grátis. Para Schmenner (1999), as garantias de serviços são parte dos padrões de

serviço de um produto, e que quando os controles da qualidade e o sistema de

confiabilidade de uma empresa de serviço estiverem bem estabelecidas, a empresa

poderá começar a pensar seriamente em oferecer garantias de serviço para seus

clientes

Para os autores citados anteriormente, as garantias funcionam melhor quando

são incondicionais, fáceis de entender e comunicar, significativas, fáceis de requisitar e

63

fáceis de receber; que elas funcionam bem para as empresas porque obrigam o serviço

a se concentrar nos clientes e em suas expectativas em vez de nas expectativas da

gerência, elas estimulam o feedback porque dão aos clientes um incentivo para

identificar serviços que estão fora do padrão, obrigam o serviço a entender o motivo

pelo qual ele pode ter falho, à medida que a despesa gerada pelas garantias provoca a

ação corretiva por parte da gerência, mesmo que essa ação seja uma melhor

administração do cliente e daquilo que ele deveria fazer para obter o melhor do serviço

e que por fim, dessas formas as garantias podem aumentar as vendas.

Para os autores Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), com a garantia os clientes

levam os problemas encontrados na prestação do serviço para a empresa prestadora

do serviço, em vez de falar apenas com os amigos.

Para Schmenner (1999), o aumento de mercado obtido através do oferecimento

de garantias de serviço, é mais pronunciado sob diversas condições que são o preço do

serviço ser alto e portanto uma preocupação para o cliente, o ego do cliente é posto m

risco se o serviço não for bom, o conhecimento que o cliente tem do serviço é pequeno,

as conseqüências negativas do mau serviço são grandes, o setor tem uma má

reputação que ele precisa corrigir, clientes freqüentes são fundamentais para se obter

lucro e a propaganda boca a boca é essencial.

Por fim, o autor Schmenner (1999), coloca que naturalmente a empresa põe

alguma coisa em risco ao garantir o seu serviço, e que ela precisa assegurar-se de

entender, testar e controlar seu serviço, pois se a empresa com muita freqüência

fornecer um serviço abaixo do padrão, ela poderá sofrer um grande impacto financeiro.

Após analisada a importância da qualidade na prestação de serviços, o próximo

capítulo irá retratar os aspectos que levam as empresas a buscar a certificação de

qualidade em serviços.

64

7. MECANISMOS DE CERTIFICAÇÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS

Para os autores Corrêa e Caon (2002), os mecanismos de certificação se

tornaram populares durante os anos 80, principalmente por causa das normas ISO

9000. Estas normas são um conjunto de prescrições sobre sistemas de qualidade de

empresas atualizados por uma comissão da International Standardization Organisation

(ISO).

65

Segundo os autores acima, as empresas que pretendem ser certificadas (ganhar

uma espécie de “diploma”), devem passar por exercícios periódicos de auditoria por

instituições acreditadas para esse fim (como a Fundação Carlos Alberto Vanzolini ou a

Bureau Veritas), que checarão se as práticas das empresas acreditadas se conformam

às prescrições.

Esses mesmos autores colocam que, no início, essas normas eram aplicadas

exclusivamente para ambientes fabris, sendo um importante mecanismo para incentivar

empresas manufatureiras a documentar e sistematizar seus processos. O objetivo

essencial das normas do tipo ISO 9000 é garantir que o sistema produtivo seja capaz

de produzir as saídas a que se propõe dentro dos limites dados pelas tolerâncias das

especificações, ou seja, as empresas certificadas aumentam a chance de operar com

níveis maiores de qualidade de conformidade, o que quer dizer produzir saídas

conforme o especificado.

Os autores acima colocam ainda que, seguindo uma grande popularização do

uso desse tipo de norma (ISO 9000), algumas empresas de serviço passaram a ter

interesse em utilizar tais normas para aumentar sua consistência de qualidade ou como

ferramenta de marketing (pois seus clientes, leigos ou semileigos, com a popularização

das normas ISO 9000, passaram a associar empresas certificadas com a idéia de

fornecedores de qualidade). Os autores anteriormente citados destacam ainda, alguns riscos associados a

empresas de serviços que adotam as normas ISO 9000 como mecanismo de melhoria

da qualidade, que são:

• crer que, o fato de a empresa se conformar com as normas ISO 9000 possibilitará

um aumento da satisfação de seus clientes

• acreditar que se conformar às normas ISO 9000 é igualmente apropriado para

quaisquer operações

66

• engessar a operação. Operações de serviços com alto grau de contato com o

cliente muitas vezes exigem grau de flexibilidade e discriminação do funcionário de

contato tão alto que, caso métodos e processos sejam preestabelecidos e

explicitados em muito detalhe e, caso os funcionários tenham de se conformar a

eles, parcelas importantes do valor oferecido ao cliente poderão ser perdidos.

Já para o autor Hutchins (1994), o objetivo da ISO é promover o desenvolvimento

de normas, testes e certificação, com o intuito de encorajar o comércio de bens e

serviços.

Sob esse mesmo ponto de vista Arnold (1994), ressalta que a norma ISO 9000 é

de uso generalizado e mal compreendida, chegando a conclusão que essa norma, não

é exclusivamente de controle da qualidade.

Para o autor Arnold (1994), uma norma é uma diretriz para o projeto, fabricação,

comercialização e assistência técnica de um produto, assim, para implementar essa

norma com sucesso, a equipe encarregada de instalar i sistema deve considerar a ISO

9000 como uma norma completa para projeto, fabricação, comercialização e assistência

técnica. Em resumo, a ISO 9000 nada mais é do que um conjunto de diretrizes para

realizar negócios em um nível classe mundial. Sendo assim, a pesquisa se volta para a

aplicação da norma ISO 9000 em serviços, relatando sua importância para a

padronização e controle da qualidade dos serviços.

7.1 - A ISO 9000 APLICADA EM SERVIÇOS Segundo Rothery (1993), a norma de serviços da ISO 9000 é a ISO 9004-Parte

2, denominada Gerenciamento da Qualidade e Elementos do Sistema de Qualidade –

Diretrizes para Serviço.

O autor Rothery (1993), coloca que a criação desta norma representa uma

importante expansão da norma em um setor até então desabituado a quaisquer normas

67

formais, e também um avanço fundamental das atitudes internacionais direcionadas à

avaliação da qualidade no setor de serviços.

Ainda para o autor acima, isto tem profundas implicações sociais, atingindo nada

menos que uma sociedade com dois extremos, em que encontraremos serviços como

“qualidade garantida” e serviços que poderão ser descritos de outra maneira.

O autor Rothery (1993) coloca ainda que , na introdução do documento

elaborado referente à ISO, os autores observam que a importância da qualidade e a

eficácia dos sistemas que a avaliam e controlam estão recebendo atenção mundial. O

nova norma internacional de serviço é a resposta para essa crescente conscientização,

uma tentativa de encorajar o setor de serviços a adotar os procedimentos formais da

qualidade.

Para Hutchins (1994), o fato da criação da norma ISO 9004 que é voltada para

serviços, demonstra que a série ISO 9000 de normas de qualidade é um documento em

evolução. A norma que originalmente era destinada a focalizar a qualidade do produto,

foi implementada tendo em vista que um produto pode incluir elementos intangíveis de

serviços que são tão importantes quanto os elementos tangíveis do produto, e cita um

exemplo de que a refeição de um restaurante é uma mistura de alimento, serviço e

ainda ambiente.

Ainda para Hutchins (1994), a ISO 9004-2 foi desenvolvida com o intuito de

fornecer uma abordagem sistemática para a gestão da qualidade, visando garantir que

as necessidades do cliente sejam compreendidas e satisfeitas, e que para atingir a

qualidade é necessário um comprometimento com os princípios da qualidade em todos

os níveis da organização e de uma revisão e um aprimoramento contínuo do sistema

estabelecido para a gestão da qualidade baseados nas respostas de como o cliente

percebe o serviço prestado.

68

Para o autor Bergamo Filho (1999), a norma ISO 9004-2 foi elaborada para

auxiliar o setor de serviços na aplicação das normas contratuais NBR ISO 9001, 9002 e

9003, concebidas para industrias.

O autor acima relata ainda que no título desse documento, pode-se identificar

algo que não favorece seu uso: trata-se de uma diretriz, ou seja, seu uso é facultativo.

Se as empresas estão sendo auditadas segundo uma das normas contratuais NBR ISO

9001, 9002 ou 9003, por que usar a NBR ISSO 9004-2 ? Ou seja, por que ir além das

exigências das normas contratuais ?

E daí, o autor Bergamo Filho (1999) coloca o objetivo declarado da norma, que

segundo ele, é o seguinte (pág. 11):

“A NBR ISO 9004-2 fornece orientação para o estabelecimento e a

implementação de um sistema da qualidade em uma organização. Essa norma

se baseia nos princípios genéricos da gestão interna da qualidade descritos na

NBR ISO 9004 e fornece uma visão geral, abrangente, sobre um sistema da

qualidade específico para serviços”.

O autor citado anteriormente destacou ainda em sua obra alguns pontos

importantes sobre a NBR ISO 9004-2, pontos estes que devem ser levados a sério,

principalmente para empresas que não querem simplesmente um certificado para

colocar na parede, que são:

• O sistema da qualidade deve considerar os aspectos humanos envolvidos na

prestação dos serviços, incluindo-se aspectos motivacionais e as interações

humanas. Para Bergamo Filho (1999), alguns aspectos de motivação e treinamento

que direcionam o sistema para a qualidade total são a participação dos

funcionários para a melhoria da qualidade com a devida recompensa por parte da

empresa e o treinamento da administração em gestão da qualidade, incluindo-se

custos da qualidade.

69

• A norma não direcionada a formação de um setor de controle ou garantia da

qualidade, mas concentra na alta administração a responsabilidade pelo

estabelecimento, implementação e manutenção de um sistema de garantia da

qualidade. Segundo o autor, a norma NBR ISO 9004-2 vai mais além, reconhecendo

que a responsabilidade para obtenção da qualidade é de todos.

• Essa norma enfoca o controle de processo para se obter e manter a qualidade do

serviço, pois em geral, não é possível contar com inspeção final para tal.

• A elaboração de uma política da qualidade está direcionada, assim como o

estabelecimento de objetivos e metas para a qualidade, ao cliente.

• Reconhecimento de que um serviço, mais do que nas indústrias, a comunicação

exerce grande influência sobre a qualidade, principalmente para os funcionários

diretamente envolvidos com o cliente.

• A importante participação da função/departamento de marketing dentro do sistema

da qualidade, no que foi definido como “processo de marketing”, incluindo tópico

sobre a “qualidade na propaganda”.

• A transposição de detalhes da norma ISO 9001 para o controle do projeto de

serviço, incluindo a criação da especificação da prestação de serviço, como saída

de projeto.

• O reconhecimento de que questionários de avaliação sobre a satisfação do cliente

são instrumentos de medição, devendo ser verificados quanto à validação e

confiabilidade, para proporcionar confiança quando ações ou decisões são tomadas

com base nos resultados dessas medições.

• A inclusão de um tópico sobre análise e melhoria do desempenho do serviço, com

base em um sistema de informação.

Após o desenvolvimento do embasamento teórico, bem como a análise do

serviço oferecido por um hotel paulistano de cadeia nacional, a autora do presente

trabalho, pode identificar algumas ineficiências, as quais foram devidamente avaliadas.

Tendo como base a avaliação dessas ineficiências, o próximo capitulo sugere algumas

possíveis soluções.

70

8. PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Com base nas informações adquiridas através do embasamento teórico e da

entrevista realizada, serão agora formuladas propostas de soluções para os itens de

problemas indicados no diagnóstico.

Com relação ao item 1 (demora de resposta referente a confirmação de reserva

ou disponibilidade para hospedagem) do diagnóstico do problema, levando-se em

consideração a atual postura dos clientes que esse encontram cada vez mais

exigentes, o atual mercado em que as redes hoteleiras se encontram inseridas, onde o

nível de competitividade está cada vez maior, reconhece-se a importância da rapidez na

resposta para o cliente, de forma a satisfazer suas necessidades em prazos curtos.

Conforme identificado no desenvolvimento do presente trabalho, observa-se que a

qualidade está relacionada às exigências dos consumidores, consistindo na

capacidade de se satisfazer desejos. Para que o cliente reconheça um serviço de

qualidade, o mesmo deve satisfazer suas necessidades, sejam quais forem.

Dessa forma, sugere-se que as informações trocadas entre agência de viagem e

hotel sejam processadas de maneira eficaz, possibilitando que uma resposta rápida

seja dada ao cliente. Para isso, faz-se necessário a gestão da tecnologia da informação

e a implementação de sistemas que possibilitem que isso ocorra. O principal benefício

que a tecnologia da informação traz para as organizações é a sua capacidade de

melhorar a qualidade e a disponibilidade de informações e conhecimentos importantes

para a empresa, seus clientes e fornecedores. Os sistemas de informação mais

modernos oferecem às empresas oportunidades sem precedentes para a melhoria dos

processos internos e dos serviços prestados ao consumidor final. Pode-se citar como

exemplo o Customer Relationship Management (CRM), que permite às organizações

sustentar a vantagem competitiva pelo profundo conhecimento de seus clientes através

71

da sistematização de uma série de atividades de comunicação dirigida e integrada

visando a consecução dos objetivos de marketing.

Em se tratando do item 2 (diferença de tarifa oferecida pelo hotel para a agência,

devido a diferentes cadastros que os hotéis possuem em seu sistema), sugere-se que

os hotéis concentrem suas informações em sistemas únicos de cadastro de clientes e

fornecedores, e que esses sejam sempre atualizados para que desta forma, seja

assegurada a qualidade das informações contidas.

Com relação ao item 3 (diferença entre tarifa “acordo” e tarifa “balcão”), sugere-

se que as informações contidas nos sistemas utilizados pelo hotel sejam

freqüentemente atualizadas, permitindo assim sua total integridade. Sugere-se também

que os funcionários encarregados pelas reservas dos hotéis sejam efetivamente

treinados, de forma a assegurar que um atendimento de qualidade seja oferecido,

principalmente, por fazer parte da linha de frente da organização, termo esse, utilizado

no desenvolvimento da pesquisa visando designar funcionários que mantenham um

contato direto com os clientes.

Já no item 4 (Over Booking) sugere-se que os hotéis disponibilizem sistemas de

reserva que sejam atualizados automaticamente após informações inseridas ou

alteradas. Desta forma, pode-se eliminar problemas gerados por falta de informações

atualizadas, como por exemplo, haver mais reservas de hospedagem fechadas do que

o próprio hotel possui de disponibilidades.

Com relação ao item 5 (O não cumprimento por parte dos hotéis, dos serviços

especiais/adicionais solicitados pela agência no ato da reserva), para minimizar

problemas de falta de atendimento adequado às necessidades dos clientes, sugere-se

que todas as informações trocadas entre as agências de viagem e o hotel, sejam

processadas de forma correta, no intuito de assegurar que os serviços sejam prestados

com qualidade, assegurando a satisfação das necessidades destes clientes. Também é

importante que os funcionários responsáveis pelo fechamento das reservas sejam

72

informados e treinados a respeito do que o hotel, pode ou não, oferecer aos seus

clientes.

Por fim, no item 6 (falta de informação atualizada em sites dos hotéis), sugere-se

que os hotéis designem funcionários que serão treinados e responsáveis por manter as

páginas de Internet desses hotéis devidamente atualizadas, assegurando dessa forma,

que todas as informações necessárias para seus clientes sejam colocadas de maneira

clara, como por exemplo tamanho de quarto, tamanho de cama, serviços disponíveis.

73

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vale ressaltar que as considerações finais são fruto da análise do trabalho

desenvolvido e também da entrevista realizada. Cabe também destacar que as

considerações finais desse trabalho, retornam às premissas definidas no tópico

Tratamento de Dados contido no capítulo 01, conforme se apresenta a seguir:

Tendo como base a pesquisa realizada, bem como a entrevista cedida pelo Sr Paulo

Ceraso10, pode-se analisar a premissa B1 (A prestação do serviço hoteleiro é complexa

e intangível, acarretando a necessidade em se utilizar um sistema de qualidade que

atenda aos requisitos de uma das normas contratuais NBR ISO 9000, para que assim

seja possível, a criação de uma estrutura que assegure a qualidade dos serviços

prestados), segundo o Sr Paulo Ceraso, existe de fato, uma grande preocupação por

parte da alta administração em tornar cada vez perceptível para seus clientes a

qualidade na prestação dos serviços oferecidos pelo hotel. Em primeiro momento, são

oferecidos cursos sobre gestão da qualidade para os gerentes de todas as áreas do

hotel, de forma a fazer com que essas pessoas tomem consciência de sua importância.

Em um segundo momento, para assegurar a estruturação e padronização dos serviços

prestados, opta-se pela implantação da ISO 9000, o que realmente possibilitou uma

maior clareza com relação as atividades que envolvem o processo, assegurando desta

forma a qualidade dos serviços.

Com relação a premissa B2 (Em função de sua intangibilidade, o processo de

prestação de serviço hoteleiro é difícil de ser avaliado em termos de qualidade. Dessa

forma, há uma tendência que a prestação de serviços hoteleiros seja prestado com

base nas normas NBR ISO 9000, pois essa, oferece um enfoque sistêmico,

padronizado e disciplinado no arranjo do trabalho executado), conforme já mencionado

10 O Sr Paulo Cesaro é gerente do departamento de qualidade do Hotel Transamérica, localizado na Avenida das Nações Unidas em São Paulo.

74

anteriormente, a ISO 9000 permitiu a Gerência do Hotel Transamérica uma visão

sistêmica dos processos que envolvem a prestação de seus serviços aos seus clientes,

permitindo assim que os serviços sejam oferecidos de forma padronizada e organizada.

No que se refere a premissa B3 (Existem dificuldades relacionadas à

implantação de um programa de qualidade, como por exemplo: a falta de visão

sistêmica da alta administração com relação a quais processos devem ser melhorados

e de que forma essa melhoria pode ser implementada; a resistência e a falta do

reconhecimento da necessidade de mudanças), conforme mencionado neste trabalho

no item “ Atitudes da Alta Administração com Relação à Qualidade”, percebe-se uma

tendência na importância da conscientização da alta administração em relação ao

processo de implantação de um programa de qualidade, fato esse que é reforçado pela

colocação do Sr Paulo Ceraso, que relata a existência de algumas dificuldades

relacionadas à implantação de um programa de qualidade. Primeiramente, destaca-se a

importância da alta administração reconhecer a necessidade da implantação desse

programa, a visão de quais processos devem ser melhorados, a forma de implantar

esta melhoria e o que fazer para mostrar aos colaboradores a necessidade de

mudanças, para que seja assegurada a qualidade dos serviços prestados. Mudando

desta forma, a cultura organizacional para que assim seja alcançado o real objetivo.

Já a premissa B4 (Percebe-se que os investimentos realizados em programas de

gestão da qualidade na cadeia hoteleira da cidade de São Paulo possibilitam um

aumento das vantagens competitivas), conforme relato do Sr Paulo Ceraso, existem de

fato os custos envolvidos em programas de gestão da qualidade, custos esses que são

considerados como investimentos para a o Hotel Transamérica, pois permitem um

aumento de suas vantagens competitivas. Conforme identificado na pesquisa

bibliográfica no item “A Qualidade como Estratégia de Negócio”, a dedicação de

esforços na área da qualidade dos serviços gera efeitos no aumento da vantagem

competitiva, pois influencia no aumento da qualidade, gerando uma diminuição dos

demais custos decorrentes de uma má prestação do serviço, como por exemplo, a

necessidade de retrabalho ou até mesmo, a não retenção do cliente.

75

Tendo como base as considerações a respeito das premissas secundárias,

considera-se como verdadeira a premissa básica, pois percebe-se que dentro desse

mercado exigente, em que se encontram as redes hoteleiras nacionais, o conceito da

qualidade cumpre um importante papel na melhoria dos processos, impactando no

aumento da competitividade dessas empresas.

Finalizando a análise, cabe a pesquisadora tecer alguns comentários a respeito

da real importância da gestão da qualidade para as redes hoteleiras da cidade de São

Paulo.

Pode-se notar através da presente pesquisa, que a qualidade dos serviços é

considerada fundamental para a manutenção das taxas de ocupação dos hotéis.

No setor hoteleiro, o bom atendimento e a qualidade dos serviços costumam ser

avaliados com base nas expectativas formuladas pelos hóspedes, avaliação das

agências de viagens, recomendação de outras pessoas. Em geral, os hóspedes

costumam se sentir bem atendidos quando suas expectativas são satisfeitas. A

fidelização tende a ocorrer apenas nos casos em que o atendimento e os serviços dos

hotéis superam as expectativas dos visitantes.

Os hóspedes, em geral, esperam que os hotéis disponham dos mesmos serviços

e equipamentos que estão associados ao seu conforto doméstico. Já no caso de hotéis

para viagens de negócios, esperam contar com serviços e infra-estrutura de apoio,

semelhantes aos de seus escritórios, para que possam executar suas atividades

profissionais.

Após pesquisa realizada como parte do desenvolvimento do trabalho, pode-se

destacar que os principais atributos considerados na avaliação da qualidade são o

conforto, limpeza, manutenção dos apartamentos, localização e segurança dos hotéis e

76

o atendimento oferecido. No caso do atendimento, a qualidade depende exclusivamente

do pessoal responsável pela prestação dos serviços aos hóspedes.

As redes hoteleiras procuram também conciliar serviços de alta tecnologia com

atendimento personalizado. Para tal, passaram a desenvolver projetos hoteleiros

voltados para segmentos específicos, como hotéis de eventos, de viagem familiar,

viagens de negócios, para longa estadia etc.

Neste cenário que envolve as redes hoteleiras nacionais, todos os membros da

organização terão de se envolver no redirecionamento para eliminar desperdícios,

defeitos e atrasos. Em hotéis que estão realmente envolvidos com a gestão da

qualidade, todos os processos estão claramente identificados, os passos errôneos

devem ser eliminados e todos os membros da equipe devem ser treinados, para

continuamente melhorar e mudar os processos, quando se fizer necessário.

Com relação a ISO 9000, devido às exigências de qualidade cada vez maiores

dos clientes, da nova ordem econômica e da revolução da informação, as empresas

hoteleiras, lançaram-se no processo de melhoria da qualidade, buscando aumentar sua

competitividade e eficácia para se adequar a essa situação. As normas ISO 9000 vêm

sendo um dos instrumentos mais utilizados nessa adequação. A experiência adquirida

pelas empresas certificadas em todo o mundo, já proporcionou melhorias e

aperfeiçoamentos significativos na operação e gerenciamento de seus sistemas de

qualidade.

A entrevista possibilitou também identificar que, para os gerentes de qualidade, o

foco de todo esse processo de melhorias na prestação de serviços, não está na

certificação ISO 9000, mas sim, no entendimento de que esse processo deva servir

como meio de obter dados significativos para análise da gestão, ganho em

produtividade, redução de gastos e melhoria do clima interno, e claro, o reflexo de tudo

isso é a satisfação do cliente.

77

Conforme colocado pelo Sr Paulo Ceraso, trabalhar com esse sistema de gestão

da qualidade, foi a forma encontrada de garantir o estabelecimento da qualidade no

Hotel Transamérica, e de tratar a qualidade não como um “produto” ou algo a parte da

operação, mas sim, como uma dimensão efetivamente incorporada no dia-a-dia das

organizações.

Nesse sentido, torna-se claro a importância da gestão de qualidade para os

hotéis localizados na cidade de São Paulo, no que diz respeito a qualidade dos serviços

prestas, acarretando no aumento da competitividade e satisfação de seus clientes.

78

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