Tcc Leonardo Santiago versão final corrigido pela banca
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UNIME - UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
LEONARDO FREIRE SANTIAGO
Tuberculose pulmonar:
Epidemiologia, imunopatogenia e a resposta linfocitária
frente a infecção
LAURO DE FREITAS
2012
LEONARDO FREIRE SANTIAGO
Tuberculose pulmonar:
Epidemiologia, imunopatogenia e a resposta linfocitária
frente a infecção
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
União Metropolitana de Educação e Cultura -
UNIME, como requisito para obtenção do
título de Farmacêutico.
Orientadora: Profª. Msc. Valdirene L. Carneiro
LAURO DE FREITAS
2012
LEONARDO FREIRE SANTIAGO
Tuberculose pulmonar:
Epidemiologia, imunopatogenia e a resposta linfocitária
frente a infecção
Monografia apresentada à União
Metropolitana de Educação e Cultura, como
requisito final para conclusão do Curso de
Farmácia.
Monografia aprovada em _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Aline Bafica
Mestre em Imunologia PPGIm/UFBA
Professora UNIRB
_____________________________________
Jorge Fraga
Especialista em Citologia PPGIm/UFBA
Professor UNIME
______________________________________
Luciana Santos Cardoso
Doutora em Imunologia PPGIm/UFBA
Professora UNIME e UNEB
Ao meu filho, e a minha mãe
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre do meu lado segurando minhas mãos e iluminando meus caminhos.
A minha mãe Ana Rita Amaral Freire, pela dedicação, doação, ajuda e afeto que foram
fundamentais na minha vida.
Ao meu pai João Dario Santiago, meu avô Valdevino Freire e tia Valdira Amaral, que de lá do
céu intercedem por mim.
Ao meu filho Guilherme Santiago, agradeço por cada abraço, riso e brincadeira que me
ajudam tanto nos momentos de aflição. Te amo filho!
Agradeço as minhas irmãs Danubia Santiago e Daniela Santiago, que mesmo tão distantes
nunca deixaram de me dar força e incentivo.
A minha família, por acreditarem em mim, e a minha prima Evanny Ellen pela ajuda na
correção dos textos.
A minha noiva Leandra Barreto, pelo apoio diário, atenção e carinho.
Aos amigos, peço desculpas pelo aluguel e agradeço pelos ouvidos. Em especial Mauricio
Pestallozi, Rogério Neri e Tamile Sousa.
Imensamente agradecido fico a professora Valdirene Leão, pela a orientação nesta
monografia, pela amizade, compreensão e principalmente paciência. Valeu pró!
Agradeço também ao governo federal, que por meio do programa Proune me concedeu bolsa
de estudo integral, sem a qual não teria realizado este sonho.
E por fim, a todos que não cabem aqui citar e que de forma ou outra me ajudaram na
confecção desta monografia. Muito Obrigado!
O homem nunca sabe aquilo do que é capaz,
até o tentar fazer.
Charles Dickens
RESUMO
A tuberculose (TB) é uma patologia que acompanha a humanidade desde longa data, e é
considerada como um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. O mau
prognóstico da co-infecção com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), o aparecimento
de cepas resistentes a múltiplas drogas e a situação de pobreza extrema vivenciada por parte
da população em países pobres ou em desenvolvimento constitui, nos dias atuais, um sério
problema, e contribuem substancialmente para o aumento da morbidade e mortalidade pela
TB. O governo brasileiro por meio do Programa Nacional de Controle da Tuberculose e a
implantação da estratégia de tratamento diretamente observado vem tentando combater a
patologia e atingir as metas da Organização Mundial da Saúde. Os mecanismos imunológicos
que levam ao controle do Mycobacterium tuberculosis não estão totalmente esclarecidos. O
controle da infecção pelos linfócitos baseia-se em uma resposta de celulas T helper do tipo 1
(Th1), T CD4+, T CD8
+ e fagócitos; a produção de citocinas como: IL-2, IFN-γ, IL-12, IL-18
e TNF dentre outras, e também as quimiocinas, que desempenham papel extremamente
importante no recrutamento celular para formação do granuloma. Os linfócitos TCD4+ e
CD8+ estão envolvidos mais diretamente no controle do crescimento micobacterino. Contudo,
outros subtipos linfocitários, como MAIT e o linfócito T , podem também contribuir para a
resposta ao bacilo, sendo então considerados como mais uma alternativa do sistema
imunológico para o controle da infecção. Esse trabalho de revisão foi realizado através de
pesquisa bibliográfica em periódicos científicos, a partir de bases de dados eletrônicas como:
SCIELO, MEDLINE-PUBMED, LILACS, BIREME, dados oficiais do Ministério da Saúde
no Brasil e da Organização Mundial de Saúde.
Palavras Chave: Tuberculose; Linfócitos T; Subtipos; Epidemiologia; Imunopatogenia
ABSTRACT
Tuberculosis (TB) is a disease that has haunted mankind since long, and is considered a
serious public health problem in Brazil and worldwide. The deadly synergy with human
immunodeficiency virus (HIV), the emergence of strains resistant to multiple drugs, and
extreme poverty experienced by the population in poor or
developing countries is, today, a serious problem, and contribute substantially to increased
morbidity and mortality due to TB. The Brazilian government through the
National TB Control and the implementation of the strategy of directly observed
treatment, has been trying to combat disease and achieve the goals of the World Health
Organization. The immunological mechanisms that lead to control of Mycobacterium
tuberculosis are not fully understood. Infection control by lymphocyte-based in a response of
T helper cells type 1 (Th1) CD4+, CD8
+ T cells, phagocytes , the production of cytokines such
as, IL-2, IFN-γ, IL-12, IL-18, TNF and others, as well as chemokines, which play extremely
important role in cell recruitment to granuloma formation. The TCD4+ and CD8+
lymphocytes are involved more directly in the mycobacterial growth control. However,
others lymphocytes subtypes, such as MAIT and gama-delta, may also contribute to the
response against the bacillus, which can be considered as an alternative to the infection
control. This review was conducted through bibliographical research in scientific journals,
from electronic databases such as SCIELO, MEDLINE, PUBMED, LILACS, BIREME,
official data from Ministry of Health in Brazil and the World Health Organization.
Keywords: Tuberculosis, T lymphocytes, Subtypes, Epidemiology, immunopathogenesis
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Origem e migração da Tuberculose
Figura 2 – Taxas de prevalência de TB por região de 1990 a 2010
Figura 3 – Incidência de TB por país, em 2010
Figura 4 – Taxas de incidência da TB por região Brasil
Figura 5 – Taxa de mortalidade da tuberculose no Brasil
Figura 6 – Incidência de TB no estado da Bahia 2010
Figura 7 – Encerramento dos casos de TB pulmonar de 2006-2010, na Bahia
Figura 8 – Via evolutiva do Micobacterium tuberculosis
Figura 9 – O metabolismo de lipídios Micobacterium tuberculosis
Figura 10 – Fatores genéticos envolvidos na TB e o curso da doença
Figura 11 – Receptores de macrófagos envolvidos no reconhecimento ao Mtb
Figura 12 – Cinética e mediadores na ativação de Células T
Figura 13 – Mecanismos efetores no combate ao Mtb
Figura 14 – Células e mediadores envolvidos na lesão pulmonar
Figura 15– Células envolvidas na formação e manutenção do granuloma
LISTA DE SIGLAS
a.C. Antes de Cristo
BCG Bacilo Calmette-Guérin
Th1 Células T helper 1
Th2 Células T helper 2
NKT Células NKT
CID Código internacional da doença
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IFN-γ Intereferon Gama
IFN-γR Receptor de Interferon Gama
IL Interleucina
MAIT Célula T Invariante Associado a Mucosa
Mtb Mycobacterium tuberculosis
MTBC Mycobacterium tuberculosis complexo
TB Tuberculose
TLRs Toll-like Receptors
TNF-α Fator de Necrose Tumoral-alfa
TB-MDR Tuberculose multi-resistente
TB-XDR Tuberculose extremamente-resistente
UV Ultravioleta
WHO Organização Mundial da Saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 OBJETIVO PRINCIPAL 15
2.1 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS 15
3 METODOLOGIA 16
4 HISTÓRICO DA TUBERCULOSE 17
4.1 A TUBERCULOSE NO MUNDO 19
4.2 A TUBERCULOSE NO BRASIL 22
4.2.1 A TUBERCULOSE NA BAHIA 24
5 O AGENTE ETIOLÓGICO 27
6 FISIOPATOLOGIA DA TUBERCULOSE 31
6.1 TRANSMISSÃO DA DOENÇA 31
6.2 SUSCETIBILIDADE DO HOSPEDEIRO AO MTB 31
6.2.2 Tuberculose primária, secundária e latente 33
7 A RESPOSTA IMUNE NA TUBERCULOSE 35
7.1. Fenótipos linfocitários na tuberculose humana 41
7.1.1 Linfócito T CD4+
41
7.1.2 Linfócito T CD8+
43
7.1.3 Linfócito B CD19+ 43
7.1.4 Linfócito T 45
7.1.5 Linfócito NKT 46
7.1.6 Linfócito T Invariante Associado a Mucosa (MAIT) 47
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 49
REFERÊNCIAS 51
1 INTRODUÇÃO
A infecção pelo Mycobacterium tuberculosis é considerado um grave problema de
saúde publica no Brasil e no mundo. Nos últimos anos o número de casos relacionados à
tuberculose (TB) vem decaindo gradativamente de acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS). No entanto, a doença ainda é considerada uma pandemia grave e continua a
requerer anualmente milhares de vidas. O mau prognóstico da co-infecção com Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), o aparecimento de cepas resistentes a múltiplas drogas e a
situação de pobreza extrema vivenciada por parte da população em países pobres ou em
desenvolvimento constitui, nos dias atuais, um sério problema, e contribuem substancialmente
para o aumento da morbidade e mortalidade pela TB. Estimativas recentes da OMS apontam
uma incidência de 8,8 milhões de casos e cerca de 1,4 milhões de mortes em todo mundo,
sendo o Brasil responsável por um grande número de casos desse total de mortalidade (WHO,
2011).
Desde 1882, quando Robert Koch descobriu o agente etiológico responsável pela
patologia, a comunidade científica vem somando esforços no intuito de elucidar a interação
micro-organismo x hospedeiro, já que, esta relação pode levar ao controle do patógeno, ou
então ao estabelecimento de infecção latente ou progressiva (CASANOVA, et al., 2002 apud
COOPER, et al., 2011) Sabe-se que a imunidade celular é o braço da ação imune contra
micro-organismos intracelulares, e esse mecanismo efetor desempenha papel fundamental na
contenção da infecção por micobactéria.
Muitos aspectos da imunidade frente a infecção pelo o Mycobacterium tuberculosis
têm demonstrado que os linfócitos inatos, como por exemplo, o linfócito T , o linfócito
invariante associado a mucosa (MAIT) e o linfócito NKT podem ter função decisiva durante
a infecção aguda, influenciando substancialmente a resposta imune adaptativa do
hospedeiro, que é fundamental para resolução da infecção. No entanto, os caminhos que
direcionam a esse controle ainda não estão completamente identificados (HERNANDEZ et
al., 2010; MERAVIGLIA et al., 2011; COOPER, et al., 2011).
Uma melhor compreensão relacionada a imunopatogenia da Tuberculose pode facilitar
a identificação de células e moléculas da resposta imunológia, levando a seleção racional de
agentes imunoterápicos, a avaliação de novos candidatos a adjuvantes e o design de vacina
melhorada, mais segura e eficaz, visto que, a única vacina licenciada, o bacilo Mycobacterium
bovis Calmette-Guérin (BCG) confere proteção altamente variável contra a doença pulmonar,
e até o momento, não foi identificado os mecanismos de proteção imune capazes de gerar
vacina induzindo proteção eficiente, duradoura e eficaz no pulmão (SHANE, 2011;
MERAVIGLIA et al., 2011; COOPER, et al., 2011). Sendo assim, esse estudo tem por
objetivo descrever os resultados recentes relacionados à resposta celular na tuberculose,
demonstrando a relevância dos subtipos convencionais e não convencionais de células T que
atuam no combate a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis relatando a cinética e
mediadores envolvidos na resposta linfocitária ao patógeno. Assim, gerando integração de
dados que podem contribuir para novas e eficientes estratégias imunoprofiláticas de
resistência a esta infecção.
2 OBJETIVO PRINCIPAL
Descrever os resultados recentes relacionados à resposta linfocitária na tuberculose
pulmonar, demonstrando a relevância dos subtipos de células T que atuam no combate
a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis.
2.1 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
Descrever os aspectos epidemiológicos e fisiopatológicos da tuberculose;
Rever a cinética celular envolvida na resposta linfocitária ao patógeno;
Avaliar os resultados de pesquisas atuais que apontam a relevância dos linfócitos
convencionais e não convencionais frente à infecção;
Promover integração de dados com o intuito de contribuir para a construção de novas e
eficientes estratégias imunoprofiláticas de combate a patologia;
3 METODOLOGIA
Para a confecção desse trabalho, que consiste em um estudo de revisão literária sobre a
Tuberculose Pulmonar e a resposta linfocitária frente a infecção, foi realizado um apanhado
atualizado de publicações sobre o tema dos últimos 15 anos em fontes confiáveis,
credenciadas e reconhecidas mundialmente.
A busca por artigos relacionados ao assunto foi realizado em base de dados eletrônica
como Scientific Eletronic Library OnLine (SCIELO), Literatura Latinoamericana e do Caribe
de Informação em Ciências da Saúde (LILACS), Centro Latino-Americano e do Caribe de
Informação em Ciências da Saúde (BIREME) e Medline/PubMed desenvolvido pelo National
Center for Biotecnhology Information (NCBI) mantido pela U.S.National Library of
Medicine e o National Institutes of Health. Também foram utilizadas informações oriundas da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do estado
da Bahia (SESAB), por meio do endereço eletrônico de cada instituição.
O download dos textos que não estavam disponíveis gratuitamente nas fontes citadas
acima foram realizados através do Portal de Periódicos do CAPES, onde é oferecido o acesso
livre aos textos completos dos artigos de aproximadamente 12.365 revistas brasileiras e
internacionais. O acesso ao Portal CAPES foi realizado em instituições públicas como o
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz pertencente a Fundação Oswald Cruz (FIOCRUZ-Ba) e
Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nessas instituições, assim como na União
Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), foram realizadas buscas de referências em
livros, monografias e periódicos.
A formatação dessa monografia segue as orientações do Manual UNIME Para Formatação de
Trabalhos Acadêmicos, versão 2011, este inspirado na ABNT- Associação Brasileira de
Normas e Técnica.
4 HISTÓRICO DA TUBERCULOSE
Uma doença tão antiga quanto a humanidade, e que ainda assim continua sendo uma
fonte de ameaça a saúde pública. A tuberculose (TB), uma moléstia infecciosa causada pelo
bacilo Micobacterium tuberculosis, provoca mais mortes em adultos do que qualquer outra
doença transmissível por agente infeccioso único em todo o mundo (GENGENBACHE;
KAUFMANN, 2012).
Recentemente Zink & Cols. (2003) pesquisaram a presença do bacilo da tuberculose
em ossos e tecidos moles de múmias sepultadas aproximadamente em 2050 a.C. no complexo
de túmulos do reino de Tebas, Egito. Das 85 amostras analisadas, surpreendentemente 56%
foram positivas para micobacteria. Evidências como estas, associadas aos registros
arqueológicos, demonstram que a TB acompanha a humanidade desde longa data. Alem
disso, essas informações servem como indícios para confirmar que a doença teve sua orígem a
milhares de anos no continente africano, onde se perpetuou e acompanhou a migração
humana para outras regiões conforme descrito na figura 1a. As linhagens do agente causador
da doença que saíram da África espalharam-se pela Europa, Índia e China, (figura 1b), onde o
crescimento demográfico populacional aumentou consideravelmente nos últimos séculos. Este
fato facilitou a propagação da doença nessas regiões, e como conseqüência gerou a expansão
global da tuberculose graças as ondas de comércio, exploração e conquistas de novos
territórios que ocorreram nessas regiões a poucos séculos atrás (HERSHBERG et al., 1990
apud GAGNEUX, 2012).
Alguns pesquisadores defendem que a doença teria chegado às Américas através das
incursões européias ao novo mundo durante o período colonial. Esta suposição estava
embasada principalmente na alta susceptibilidade da população indígena a TB, pois
acreditava-se que eram virgens de contato com o bacilo causador da patologia. Esse fato deu
origem a chamada hipótese do “solo virgem”, segundo o qual os nativos americanos eram
imunologicamente ingênuos por provavelmente não terem sidos expostos a doença antes do
contato dos colonizadores europeus (LEITE & TELAROLLI., 1997; MCMILLEN, 2008).
Entretanto, consenso recente entre historiadores e paleopatologistas, somados a estudos em
ossadas e em múmias americanas sugerem que TB esteve presente na América pré-
colombiana, ocorrendo comumente como surto endêmico baixo nos desertos do Chile e Peru,
na planície central dos Estados Unidos e lago Ontário no Canadá (GOMES & SOUZA,
2003).
Figura 1. Figura (a) Fluxo da
doença a partir do continente
africano onde se pressupõe sua
origem, cada ceta demonstra uma
linhagem distinta do agente
causador da doença que
acompanhou a migração humana.
Na figura (b) é apresentado a
propagação de três linhagens da
bactéria que causa a TB.
(Expandiram-se graças ao
aumento da população humana
nessas regiões, e como resultado
espalharam-se pelo mundo). Cada
ponto escuro no mapa representa
concentração de pessoas. Fonte:
Adaptado de Gagneux, (2012),
Pesquisas futuras poderão esclarecer se a TB chegou as Américas através da
colonização humana original a partir do estreito de Bering com sua linhagem asiática, ou se
foi causada por linhagens de micobactérias que agora estão extintas por terem sido
suplantadas pelas cepas européias após fluxo intenso de europeus com TB ativa ou latente
durante período colonial e entre século XVIII e início do século XX (MCNEILL, 1984 apud
GAGNEUX, 2012).
Até o fim do século XIX pensava-se que a TB estava associada diretamente às
condições de vida e a hereditariedade. Nesta época não se tinha conhecimento do micro-
organismo causador da doença tão pouco métodos de diagnóstico ou tratamento, desta forma
a enfermidade se alastrou e chegou a ser considerada como fator limitante à espécie humana.
O aparecimento simultâneo de doença ativa em varias pessoas da mesma família serviu para
ratificar a suspeita de hereditariedade associada às condições e modo de vida. A partir de
então passou-se a tratar a TB como doença “da constituição”, logo, nascia-se com o
organismo predisposto ou com a moléstia, teoria remanescente de Hipócrates, quando
declarava que um tísico nascia de outro igualmente doente, morrendo tísico
(MONTENEGRO, 1949 apud GONÇALVES, 2000).
Desde então varias representações relacionadas a origem da doença foram surgindo ao
longo do tempo, até que em 1882, o bacteriologista alemão Robert Koch conseguiu
identificar o agente causador da enfermidade, o que foi um fato marcante para o entendimento
da patologia. Embora o bacilo tenha sido identificado no século XIX, somente no século
seguinte, em 1913, é que foi descoberto um micro-organismo capaz de prevenir com
limitações a enfermidade, o bacilo Calmette-Guérin (BCG), identificado por Albert Calmette
e Camile Guérin. Este achado foi extremamente importante para a prevenção e controle da
doença (CAMPOS & PIANTA, 2001).
4.1 A TUBERCULOSE NO MUNDO
Desde 1997 a Organização Mundial da Saúde vem acompanhando o desenrolar da
doença em principalmente 198 países, que juntos representam mais de 99% dos casos de
tuberculose no mundo. Dessa maneira a OMS tem a possibilidade de fornecer anualmente,
através de seus relatórios, uma avaliação abrangente e atualizada da epidemia, bem como dos
processos de financiamento, prevenção e controle da doença a nível global.
Em seu último levantamento as estimativas da OMS apontaram uma prevalência
mundial de 12 milhões de casos da TB (178/100 mil habitantes), número este que vem em
declínio desde 1990. As previsões sugerem que as estratégias para o controle da tuberculose
veem sendo eficientes, no entanto, para esta doença em especial não se conseguirá atingir os
objetivos de desenvolvimento do milênio, fixados para 2015, que sugerem a redução pela
metade do número de morte e da prevalência da doença em comparação com o ano de 1990.
Nas Américas a taxa de prevalência foi reduzida a metade antes de 2015, a região Oeste do
Pacífico está próximo de atingir a meta. Houve redução considerável na prevalência da TB na
Europa e sudoeste da Ásia e Mediterrâneo Oriental. Entretanto, as previsões sugerem que
região da África não atingirá meta estipulada conforme descrito na figura 2 (WHO, 2011).
Em 2010 foram descritos cerca de 8,8 milhões de novos casos da doença, o equivalente
a 128 casos por 100 mil habitantes (figura 3). Deste total, aproximadamente 13% (1,1
milhões) estão co-infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), a maioria dos
casos TB-HIV estão localizados no continente Africano, cerca de 82% do valor total. Grande
parte da incidência da TB estimado para 2010 ocorreu no continente Asiático (59%) e
Africano (26%), por outro lado a região das Américas (3%), Europa (5%) e região do
Mediterrâneo (7%) tiveram as menores proporções. Vinte e dois países respondem por volta
de 80% dos casos estimados para a doença em todo mundo, a última avaliação destes países
demonstrou que a incidência de TB caiu em 10 países, permaneceu praticamente estável em
11 e aumentando somente na África do sul. Destes 22 países, cinco em especial são fonte de
preocupação, pois apresentaram os maiores níveis de incidência; são respectivamente Índia,
China, África do Sul, Indonésia e Paquistão. Índia e China juntos representam 38% de todos
os casos de tuberculose no mundo (WHO, 2011).
Figura 2: Tendências nas taxas de prevalência de TB por região de 1990 a 2010 e previsão 2011 a
2015. Área sombreada representa possível variação, linhas tracejadas horizontais representam meta (50% de
redução em comparação a 1990), outra linha tracejada mostra projeções até 2015 (WHO, 2011).
Figura 3: Taxa estimada de incidência de TB por país, em 2010 (WHO, 2011)
Dye & Cols. (2008) já previam uma redução lenta da incidência da TB na maioria dos
países a um nível menor que 1% ao ano, nas cinco das seis regiões da OMS. Esta tendência
tem sido confirmada pela organização mundial da saúde, pois as taxas de incidência vêm
realmente diminuindo nas seis regiões da OMS, em taxas que variam em menos de 1% a até
3,7% ao ano.
Outro assunto que gera bastante apreensão com relação a tuberculose é a disseminação
da tuberculose multi-resistente (MDR) e extremamente resistente aos medicamentos (XDR),
esta resistência a drogas é encarado como um importante problema à saúde publica e
representa uma ameaça ao controle da doença no mundo. Para Ohara (2012) o surgimento de
TB-MDR e XDR é o reflexo de uma gestão pobre e ineficiente da doença realizada por alguns
países.
Uma pesquisa realizada na província de Heilongjiang, China, com 241 pacientes
objetivou verificar os fatores que poderiam contribuir para a alta prevalência de TB-MDR na
região. Como resultado notou-se que pacientes em retratamento têm 5,48 chances a mais de
desenvolver TB-MDR em relação aos pacientes recém diagnosticados; os que foram tratados
com medicamento Isoniazida e Rifampicina por período maior que 180 dias tem
probabilidade de 4,98 vezes maior de desenvolver resistência em relação aos que usaram o
medicamento por menos de 180 dias. Idade, atraso no inicio do tratamento, estado de pobreza,
efeitos colaterais ao tratamento, falta de coordenação do serviço de saúde e supervisão
ineficiente do tratamento também tiveram relevância e podem ser fato gerador de risco para
controle da TB-MDR. Estes dados indicam que o tratamento inadequado é o fator mais
importante para aparecimento e disseminação dos casos de TB-MDR (LIANG et al., 2012).
A taxa de tuberculose multirresistente foi estimada em 650 000 casos em 2010. Os
países com maior percentual de casos TB-MDR em relação a TB são; Belarus (26%),
Azerbaijan (22%), Republica da Moldávia (19%) e Federação Russa (18%). As melhores
estimativas propõem que TB-MDR em pacientes diagnosticados recentemente estão
relativamente estáveis no mundo, bem como na Região das Américas; caindo no Sudeste
Asiático, no Mediterrâneo Oriental e nas Regiões ocidentais do pacifico; Aumentando nas
regiões Africanas e Européias (WHO, 2011). Com relação a tuberculose extremamente
resistente a medicamentos (TB-XDR), até o mês de julho 2010, 58 países já tinham
mencionado pelo menos um caso relacionado de TB-XDR em seu território, o que reforça a
necessidade urgente de ações de controle mais eficiente (OHARA, 2012).
Mesmo com as taxas de prevalência e incidência em queda a TB ainda é uma doença
que anualmente retira a vida de milhares de pessoas, em 2010 a enfermidade foi responsável
por cerca de 1,4 milhões mortes (15 mortes por 100 000 habitantes), esses valores seriam
ainda maiores se os casos de morte entre pessoas com TB co-infectadas com HIV fossem
contabilizadas. A organização mundial da saúde acredita que o objetivo da parceria para o
controle da tuberculose, no que tange a redução de 50% dos níveis de mortalidade em
comparação com o ano de 1990 será alcançado, já que globalmente as taxas de mortalidade
(excluindo as mortes entre pacientes TB-HIV positivo) caíram mais de um terço desde 1990.
4.2 A TUBERCULOSE NO BRASIL
O Brasil ocupa o 17° lugar entre o grupo dos 22 países do mundo com as maiores
taxas da doença conforme a Organização Mundial da Saúde, em 2010 foram notificados mais
de 71 mil novos casos da enfermidade com um total de 4,6 mil mortes. Segundo dados do
Ministério da Saúde neste mesmo ano a incidência da TB foi a menor desde 1990, chegando a
37,7 para cada 100 000 habitantes. As taxas de incidência e mortalidade da TB vem caindo
consideravelmente no país, nos últimos 20 anos, a TB apresentou redução de 27% no valor de
incidência e 33% de redução na mortalidade, essa redução se deve ao esforço nacional
coordenado por meio do Programa Nacional de Controle da tuberculose (PNCT) e a
implantação da estratégia de tratamento diretamente observado (DOTS), que juntos vieram
para descentralizar as medidas de controle da TB no sistema único de saúde (SUS),
integrando assim o serviço a Atenção Básica a Saúde, o que possibilitou uma ampliação do
acesso da população aos serviços de controle da doença, principalmente nos 181 maiores
municípios brasileiros que juntos acumulam 65% dos casos da enfermidade no país, dessa
forma considerados prioritários nas ações de controle (WHO,2011; BRASIL, 2011).
As maiores taxas de incidência da TB no Brasil estão localizadas na região Norte e
Sudeste, que representam respectivamente 45,7 e 40,7 casos por 100 000 habitantes (figura 4).
Figura 4: Taxas de incidência da TB por região (BRASIL, 2011).
Os estados líderes nos níveis de incidência em 2010 foram Rio de Janeiro (70,7),
Amazonas (67,7) e Pará (47,5/ 100 000 habitantes). Em contraste, Distrito Federal (11,3),
Tocantins (13,4) e Goiás (14,7/ 100 000 habitantes) são os que têm o histórico de menor
índice de TB no país. Rio de Janeiro e São Paulo são os estados com as maiores cargas da
doença e os que tiveram maior numero de casos novo, juntos acumulam um total de 27,5 mil
do total de 71,9 mil novos casos de TB no ano de 2010 no país. Devido a isso essas duas
regiões concentram 76,5% dos municípios considerados como prioritários para o controle da
tuberculose na região sudeste (BRASIL, 2011).
Embora as maiores taxas de casos novos estejam concentrados na Região Norte e
Sudeste, e do estado do Rio de Janeiro ser o de maior taxa de mortalidade do país (5,6/ 100
000 habitantes), a Região Nordeste é onde mais ocorrem mortes devido a TB no Brasil. No
ultimo levantamento do Ministério da Saúde (MS) o índice de mortalidade da região chegou a
2,4 para cada 100 000 habitantes, números que suplantaram os níveis de mortalidade nacional
estipulados em 2,4/100 000 habitantes conforme descrito no figura 5.
Figura 5: Taxa de mortalidade da tuberculose (BRASIL, 2011).
4.2.1 A TUBERCULOSE NA BAHIA
Na região do nordeste o estado da Bahia é o que tem o maior número de municípios
incluídos na lista de prioritários para o PNCT. Justamente por ser o estado da região que tem
o maior número de casos novos da doença desde 1990. Essa realidade vem mudando, pois
assim como no Brasil a Bahia vem ano a ano reduzindo o nível de novos pacientes com a
doença, e em 2010 o estado teve o menor número de novos casos da doença dos últimos 20
anos; além disso, esta variação de novos casos da TB parece estar estável no estado desde
2007, com leves variações (Brasil, 2011).
A incidência da doença vem decaindo na Bahia, a taxa de incidência de TB (todas as
formas) e pulmonar bacilífera em 2011 foi inferior a do ano anterior de acordo com os dados
preliminares da Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB). Em 2010 taxa de incidência segundo
MS no estado foi de 37,8/100 mil hab., no ano seguinte segundo SESAB a taxa foi de
32,3/100 mil hab. Conforme figura 6.
Figura 6: Incidência de TB todas as formas e pulmonar positiva no estado da Bahia (SESAB, 2011)
No estado, duas regiões merecem atenção especial por terem os maiores níveis de
incidência da TB, a região Leste que apresenta 52,1 casos por 100 mil hab. e a região do
Extremo – Sul (40,4/ 100 mil hab.). Outro assunto que merece atenção especial esta associado
aos indicadores do pacto das ações de vigilância em saúde pública para a Bahia; no que diz
respeito ao DOTS o estado teve avanço de aproximadamente 589,8% nos últimos 5 anos, ou
seja, o número de casos novos de pacientes bacilíferos em tratamento diretamente observado
aumentou consideravelmente, alcançando em 2011 o percentual de 40,7% de todos os casos
bacilíferos, avanço considerado significativo, no entanto, bem distante da meta estabelecida
pelo MS que é de 80%. (SESAB, 2011).
Alguns outros dados do estado no ano de 2011 chamam atenção, por exemplo, a
cultura nos casos de retratamento que só é realizada em 11% dos casos, quando que a meta
estipulada é de 60% de cultura nos caso de retratamento; as pessoas que tiveram contato com
pacientes bacilíferos só são examinados em 22,3% dos casos, quando o ideal seria de 90%.
Houve cura em 61,3% dos pacientes com tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva na
Bahia em 2010 (figura 7) , porém, longe da meta, que é 85% (SESAB, 2011). Alcançar o
objetivo de cura em 85% dos casos de TB e reduzir o abandono do tratamento níveis menores
que 5% são as algumas das principais metas a serem atingidas por todos os estados em curto
prazo e com isso fazer com que o Brasil deixe de estar entre os 22 países com mais altas
cargas da doença no mundo. (WBO, 2011; BRASIL, 2011).
Figura 7: Demonstração do encerramento dos casos de TB pulmonar de 2006-2010 (SESAB,2011).
A Bahia é o quarto estado da região nordeste com o maior índice de
mortalidade relacionada a tuberculose (2,7 mortes por 100 mil hab.), em comparação com
todos os outros estados a Bahia ocupa o nono lugar. O índice de mortalidade da região está
acima da média nacional, que é de (2,4/100 mil hab.). Como signatário da declaração do
milênio, o Brasil tem o compromisso de combater a TB, reduzindo os níveis de incidência e
mortalidade a metade em relação a 1990. O estado da Bahia está bem próximo de atingir a
meta de incidência, porém, em relação a mortalidade o estado ainda está aquém dos índices
estipulados pela OMS. O Brasil em termos gerais conseguirá atingir as metas da declaração
do milênio, ainda há muitos pontos a serem alcançados na estratégia o controle da
tuberculose, no entanto, essa estratégia em comunhão com o PNCT e DOTS, se mostra
eficiente e servirá para atingir as metas da OMS para o ano de 2015, e auxiliará os estados
brasileiros a alcançar o alvo de longo prazo que é eliminar a TB como problema de saúde
publica até o ano 2050. (BRASIL, 2011; SESAB, 2011; WHO, 2011).
5 O AGENTE ETIOLÓGICO
Micobacterium tuberculosis pertence ao grupo (MTBC), um conjunto de organismos
estreitamente relacionados conhecidos principalmente pelo seu crescimento lento e progenitor
comum, um microorganismo de vida livre no solo. Esse grupo tem por integrantes o
Micobacterium bovis, Micobacterium africanum, Micobacterium microti e o Micobacterium
canettii. Chegam a ter 99,9% de similaridade a nível de nucleotídeos, porém, diferenciam-se
em seus fenótipos, tropismo ao hospedeiro e patogenicidade (ARNOLD, 2006; BROSCH et
al., 2002).
Mtb é um bacilo gram positivo, resistente, delgado e ligeiramente encurvado, não
produtor de toxinas e intracelular facultativo, seu comprimento está em torno de 1,0 a 4,0 µm,
tendo 0,3 a 0,6 µm de diâmetro. Sua transmissão é direta de pessoa para pessoa e é
considerado um patógeno aeróbio estrito, pois, além de competir com o pulmão por oxigênio
consegue adaptar-se ao ambiente anaeróbio e microaerofilico do interior das células
infectadas e do centro do granuloma. Uma melhor compreensão das características biológicas,
bioquímicas e estruturais do patógeno é extremamente importante, visto que essas
informações podem ajudar na concepção de novas intervenções profiláticas e terapêuticas
(COLE, 2003; RIVAS, et al., 2005).
Por muito tempo a comunidade científica acreditou que o Mtb teria surgido de uma
alteração genética sofrida pelo Micobacterium bovis no gado após domesticação, e, em
seguida, transferido para o homem. Essa hipótese se fundamentava na análise do conjunto de
hospedeiros do Mycobacterium bovis, que é muito mais amplo que o Mtb. No entanto,
trabalhos em filogenética demonstraram que mesmo tendo origem em um ancestral comum
eventos genéticos criaram um gargalo evolutivo por volta de 15 a 20 mil anos atrás, o que
levou a diferenciação entre Mtb e as espécies do grupo MTBC. (SREEVATSAN et al., 1997).
Acredita-se que a conservação de sequências gênicas em algumas espécies, associadas a
perdas sucessivas de DNA em certas linhagens levaram a diferenciação dos integrantes do
grupo MTBC e foi fato crucial para a distinção de cepas ancestrais e modernas do Mtb, como
está descrito na figura 8 que representa o esquema da via evolutiva do Mycobacterium
tuberculosis proposto por Brosch & Cols. (2002).
Os avanços nas pesquisas em filogenética que buscam elucidar a origem e evolução do
Mtb, bem como certos aspectos de sua estrutura e biologia só foram possíveis após a
caracterização completa do genoma da cepa Micobacterium tuberculosis H37Rv, esta cepa
tem uso extenso em atividades biomédicas pois manteve sua virulência completa em modelos
animais infectados com tuberculose desde o seu isolamento em 1905. Com isso Cole & Cols.
(1998) determinaram que o genoma da cepa H37Rv é constituído de 4.411.529 pares de bases
e contém cerca de 4.000 genes com predomínio das bases nitrogenadas citosina e guania.
A partir das informações presente em seu genoma o Mtb tem a capacidade de sintetizar
todos os aminoácidos essenciais, vitaminas, co-fatores e enzimas necessárias para processos
biológicos que são essenciais para a sua sobrevivência, como por exemplo a glicólise, via das
pentoses fosfato, ciclo do acido tricarboxílico e ciclo do glioxilato. Além disso, a expressão
Figura 8: Esquema da via evolutiva do Micobacterium tuberculosis (Adaptado de: BROSCH et al., 2002).
das informações existentes em seus genes levam a síntese de um grande número de
desidrogenases, oxirredutases, oxigenases e 20 citocromos P 450, estes responsáveis por
catalisar compostos hidrofóbicos mistos. Não é incomum encontrar esse citocromos P450 em
bactérias, no entanto, Mtb tem muito mais destas enzimas que qualquer outro procarionte até
então examinado, o que demonstra de certa forma o tendencioso maquinário celular envolvido
nos processos de lipólise e lipogênese (COLE, 2003).
O crescimento in vivo do Mtb depende principalmente de processos lipolíticos, ao
invés de processos lipogênicos como se pensava, isso devido principalmente a quantidade e
variedade de moléculas lipídicas disponíveis no tubérculo e ou dentro das células do sistema
imune que podem hospedar o bacilo. A degradação de lipídios oriundos da membrana celular
hospedeira é fundamental na vida intracelular do Mtb, pois fornece precursores para muitos
processos metabólicos bem como constituintes para sua membrana (figura 9). Com o auxilio
de uma ampla família de enzimas β-oxidativas as moléculas lipídicas provenientes do
hospedeiro são convertidas a acetil-CoA, este ao participar do ciclo do ácido cítrico e do
glioxilato gera como resultado energia e muitos metabólitos imprescindíveis para
sobrevivência e desenvolvimento do microrganismo (COLE, et al., 1998).
Figura 9: Diagrama demonstra o metabolismo de lipídios da membrana do hospedeiro para produção de
moléculas necessárias ao Micobacterium tuberculosis. (Adaptado de COLE, S. et al., 1998).
Poucos organismos produzem uma variedade tão diversa de moléculas lipofílicas como
o bacilo da tuberculose, essas moléculas vão desde ácidos graxos simples como palmítico e
tuberculostearate a moléculas longas extremamente complexas como ácidos micólicos e
micoserosicos. Grade parte desses lipídios estão presente no envelope celular do Mtb, visto
que, além do peptídioglicano essa bactéria possui uma camada adicional rica em
polissacarídeos, glicolipídios e lipídios incomuns. Esse alto teor de lipídios em seu invólucro
celular, cerca de 60%, geram características especiais ao microrganismo, como por exemplo,
resistência à descoloração por álcool-ácido e a diversos agentes químicos e antibióticos, e
Ciclo do
ácido
cítrico e
-----------
Desvio do
glioxilato
formação de película em meios líquidos. Além disso, podem agir na patogênese, colaborar
para o desencadeamento de reações inflamatórias no hospedeiro, e contribuir para a
longevidade do bacilo (COLE, et al.1998; RIVAS, et al., 2005).
Cerca de 10% da capacidade potencial de codificação genética do Mtb, é dedicado a
produção de duas famílias de proteínas, PE e PPE. A análise in vivo do proteoma do Mtb
demonstrou que essas duas classes de proteínas, embora ainda não bem caracterizadas, tem
expressão intensa durante a infecção e representam o terceiro tipo de proteína mais encontrada
do rol proteico bacteriano em cobaias infectados com aerossol contendo Mtb (AKHTER, et
al., 2012; KRUN, et al., 2010). O real papel dessas duas famílias ainda é desconhecido, no
entanto, estudos apontam a possibilidade dessas proteínas auxiliarem a regulação das funções
imuno-efetoras em células dendríticas e macrófagos, interferindo assim na resposta imune
através do processamento de antígenos de inibição, servindo também como fonte de variação
antigênica e de epítopos para célula B (SAMPSON, 2011.; MUKHOPADHYA;
NARAYANASWAMY, 2010.).
A caracterização do proteoma do bacilo da tuberculose por cromatografia líquida e
espectrometria de massa apontou a presença de aproximadamente 1051 grupos protéicos,
destes, cerca de 183 referem-se a proteínas de membrana. Muitas das proteínas recém
descobertas bem como as proteínas PE e PPE podem representar fonte de interação
microorganismo-hospedeiro (BELL, et al., 2012). Outras estão envolvidas nos processos
biológico, como por exemplo a proteína hemoglobina, que é codificada por apenas dois genes
e tem como função capturar oxigênio e proteger o patógeno de espécies reativas de nitrogênio
produzido por macrófagos durante a infecção (COUTURE, et al., 1999).
6 FISIOPATOLOGIA DA TUBERCULOSE
6.1 TRANSMISSÃO DA DOENÇA
Tuberculose é uma patologia que atinge os pulmões (TB - pulmonar), no entanto, o
microorganismo causador da enfermidade pode se alojar em outros órgãos do corpo causando
doença fora do sitio inicial de infecção (TB extrapulmonar). A transmissão é direta, de pessoa
a pessoa e ocorre normalmente através do ar; pacientes com a doença pulmonar e bacilíferos
são os principais disseminadores da patologia; através da tosse ou espirro os pacientes
infectados liberam para o meio externo pequenas gotículas contendo o bacilo (aerossóis),
estes podem permanecer em suspensão no ar por minutos ou horas após a expectoração,
podendo assim ser inalado por pessoas sadias com possibilidade de causar novos casos.
Somente os núcleos secos dos aerossóis (Núcleo de Wells), com até 5µ de diâmetro e
contendo um ou no máximo dois bacilos do Mtb em suspensão tem a possibilidade de atingir
os bronquíolos e alvéolos, e dessa forma iniciar a infecção (BRASIL, 2011). A carga de
bacilos presente no aerossol, a intensidade de ventilação do meio, a virulência da cepa e a
exposição do bacilo a luz UV são fatores que podem interferir na transmissão da patologia.
Após inalação do aerossol contendo o Mtb a bactéria é introduzida nos pulmões podendo
gerar infecção no sistema respiratório ou migrar para outros órgãos, causando TB
extrapulmonar. Uma proporção relativamente pequena das pessoas infectadas com Mtb vão
desenvolver a tuberculose, a patologia e o curso da doença depende principalmente da
sensibilidade do hospedeiro, do status do sistema imune e do tipo de infecção, se primária,
secundária, latente ou de reativação ( KNECHEL et al., 2009; WHO, 2011; BRASIL, 2011).
6.2 SUSCETIBILIDADE DO HOSPEDEIRO AO MTB
Embora a infecção com o Mtb seja necessária para que o indivíduo apresente a
doença, esse fato por si só não é suficiente para causar a tuberculose na maioria das pessoas.
A cepa bacteriana associada a fatores ambientais e principalmente a suscetibilidade genética
do hospedeiro desempenham papel importante na predisposição a TB. A idéia de que fatores
genéticos influenciam na suscetibilidade ou resistência a tuberculose provém de longa data,
quando ainda não se conhecia o microorganismo causador da patologia e a doença infectava
vários membros da mesma família (MONTENEGRO, 1949 apud GONÇALVES, 2000).
Alguns estudos epidemiológicos reforçam a hipótese de que o polimorfismo genético tem
papel decisivo na instauração da infecção, uma vez que a doença ocorre com particular
intensidade a determinados grupos raciais e familiares (NORTH et al., 2004; WANG et al.,
2012). Um exemplo que serve como prova desta influência foi fornecido em 1926, na cidade
de Lubeck, Alemanha; quando 251 lactantes foram equivocadamente vacinados com a cepa
virulenta do Mtb nos primeiros 10 dias de vida, destas 77 morreram 127 tiveram sinas
radiológicos da doença e 47 não mostraram nenhuma evidência de TB (MOLLER, et al.,
2009).
Muitos estudos demonstram evidências de associação entre polimorfismos genéticos
do hospedeiro e suscetibilidade a TB, dentre estes destacam-se os polimorfismos que geram
alterações no receptor de interferon- gama (IFN-γR), o que leva a ativação inadequada de
macrófagos e monócitos. Outro polimorfismo importante pode ocorrer na subunidade p40 da
interleucina (IL)-12 e de uma subunidade em seu receptor, que gera deficiência na produção
de IFN-γ. Essas duas alterações podem levar a falha na formação do granuloma, favorecendo
assim a infecção disseminada (ARAUJO et al., 2008; JOUANGUY et al., 1999). Vários
outros genes tem sido associados a maior suscetibilidade a doença, pois seus produtos
participam diretamente da resposta imune, e, polimorfismos podem gerar aumento imediato
na susceptibilidade do hospedeiro a TB. Dentre estes destacam-se os descritos na figura 10 ,
que demonstra o envolvimento desses genes no processo da doença (MOLLER, et al., 2009).
Figura 10: Figura mostra os fatores genéticos envolvidos na TB e a relação com o curso da patologia (Adaptado
de: MOLLER; WIT; HOAL, 2009)
6.2.2 Tuberculose primária, secundária e latente
A infecção primária tem inicio com a inalação do aerossol contendo o núcleo de
Wells, a partir daí ocorre uma resistência inespecífica do hospedeiro ao bacilo por meio das
barreiras físicas como o turbilhamento aéreo, a angulação das vias aéreas, o muco produzido
pelas células caliciformes e o sistema ciliar da traquéia, que juntos constituem a primeira linha
de defesa do hospedeiro e conseguem conter grande número de bacilos, inibindo assim a
infecção em grande parte das pessoas expostas ao Mtb. No entanto, mesmo com essa defesa
inicial a bactéria consegue na maioria dos casos atingir os alvéolos pulmonares e iniciar a
infecção. (KNECHEL et al., 2009).
A presença do Mtb nos alvéolos pulmonares é logo detectada pelas células fagociticas
do hospedeiro, especialmente pelos macrófagos alveolares que fagocitam a bactéria e migram
através do sistema linfático em direção aos linfonodos. Os macrófagos ativados secretam
quimiocinas e citocinas, gerando como conseqüência uma reação de hipersensibilidade, que
em seguida pode levar a formação do granuloma para conter a infecção (ROSEMBERG,
2001). O granuloma é uma massa de células, em grande parte compreendendo macrófagos
infectados com células T por todo seu entorno influenciando seu estado de diferenciação e
ativação com intuito de manter o granuloma estável. Dessa forma o bacilo pode ficar contido
nas lesões do granuloma durante anos em um estado de dormência a depender do status imune
e outros fatores que podem contribuir para a ativação da doença (NORTH et al., 2004;
SCHREIBER et al., 2011).
O curso da patologia pode levar ao estabelecimento de TB secundaria, essa forma
ocorre normalmente anos após a lesão primária e pode ter origem endógena, por reativação de
um foco em latência ou ser originada de uma nova infecção com cepas mais virulentas que
resistem a resposta imune do hospedeiro. Nesse ponto o indivíduo já apresenta forte memória
imuni aos antígenos do Mtb graças a lesão primaria, assim, a tuberculose secundaria ocorre
com maior reação inflamatória, do tipo hipersensibilidade tardia caracterizada por cavitação e
fibrose, desenvolvendo lesões mais limitadas e com evolução mais arrastada que as formas
primárias (KAUFMANN, 2005).
Uma característica marcante da infecção pelo bacilo da tuberculose em humanos é a
incapacidade do sistema imunológico em gerar uma resposta que seja eficiente para eliminar
completamente o Mtb do organismo. Ao longo de sua escala evolutiva o patógeno adquiriu
estratégias para evitar ou modificar a resposta imune do hospedeiro, dessa maneira consegue
na maioria dos casos persistir com a infecção em um estado de dormência dentro dos
granulomas formados pelo individuo infectado com o intuito de conter a disseminação do
bacilo. As lipoproteínas pertencente a classe das Mannose capped lipoarabinomannan
(ManLAM) e 19-kDa lipoproteínas (LppH) sintetizadas pelo Mtb associadas a outras
moléculas, tem importância crucial no estabelecimento da infecção latente, visto que
modulam a via de apresentação de antígenos para as células do hospedeiro, atenuam as
funções microbicidas dos macrófagos e impedem a maturação do fagolissosomo (AHMAD
2011).
Esta latência clinica observada na maioria dos casos pode se estender por anos,
acompanhando o indivíduo ao longo da vida, isso pelo simples fato do bacilo permanecer em
um estado não replicante. No entanto, mesmo neste estado de dormência a bactéria mantém
sua capacidade de causar tuberculose ativa, se e quando ocorre uma interrupção da resposta
imune; Desnutrição, velhice e condições médicas que comprometam o sistema imunológico
como a insuficiência renal, o diabetes mellitus não controlado, e terapia com drogas
imunossupressoras são alguns dos fatores que levam a imunodepressão, e, consequentemente
a reativação da infecção latente. Dentre todos os fatores de risco para reativação da doença, a
infecção pelo HIV sem duvida é o elemento de risco mais importante para por fim a
dormência do bacilo e gerar doença ativa em adultos, já que, provoca a redução de células T
CD4+
e produz algumas anormalidades funcionais em células T CD4+ e T CD8
+ , células que
desempenham papel essencial na proteção contra TB ativa (AHMAD, 2011; KNECHEL et
al., 2009).
As transglicosilases líticas (RPFS) e uma endopeptidase (RIPA), ambas produzidas
pelo Mtb são moléculas recém-descobertas e descritas como os componentes vitais para a
reativação da doença (AHMAD, 2011).
A reativação da TB pode ocorrer em qualquer órgão que o bacilo tenha gerado
infecção primária, no entanto, em pacientes imunocompetentes a reativação tende a ocorrer
nos lobos superiores dos pulmões, onde a pressão mais elevada de oxigênio leva a um bom
crescimento bacilar. Diaz & Cols (2008) já preconizavam que o tratamento da infecção latente
em pacientes imunocomprometidos reduz as chances de reativação da doença e é uma
estratégia benéfica, tanto para o paciente, pois impede aparecimento da doença ativa, quanto
para comunidade, pela redução do risco de transmissão de TB, isso principalmente em
pacientes co-infectados TB-HIV.
7 A RESPOSTA IMUNE NA TUBERCULOSE
A fagocitose do bacilo da tuberculose por células apresentadoras de antígenos no
pulmão desencadeia um complexo processo infeccioso, que conduz a uma resposta imune
potente e potencialmente protetora para o hospedeiro. Neste cenário, os fagócitos,
componentes do sistema imune inato têm papel crucial, pois, através dos seus receptores de
reconhecimento de padrões moleculares derivados da linhagem germinal (PRRs) conseguem
detectar a presença de estruturas moleculares microbianas denominadas PAMPs (padrões
moleculares associados ao patógeno) e dessa maneira geram resposta imediata a infecção pelo
Mtb.
Vários grupos diferentes de PRRs que respondem a componentes micobacterianos já
foram identificados, dentre estes estão os receptores Toll-like (TLRs), RIG-I like , Nod-like e
lectina do tipo C (CLRs). Além destes, outros potencias receptores são; os do sistema
complemento, os de varredura, receptores de proteína A surfactante (SP-A) e de colesterol
(figura 11). O reconhecimento de antígenos micobacteriano por receptores de fagócitos não é
apenas um elemento chave na primeira linha de defesa do hospedeiro, esse acontecimento
funciona também como uma ponte para a resposta imune específica, pois, a partir desse
reconhecimento o microorganismo será fagocitado, e com isso ocorrerá a expressão de
quimiocinas, citocinas e outros fatores que irão estimular migração e diferenciação celular
com o intuito principal de conter a infecção (AHMAD, 2011).
Os macrófagos alveolares são as primeiras células do sistema imune que internalizam o
patógeno no pulmão. O Mtb possui em sua camada externa vários ligantes que são detectados
pelos PRRs dos macrófagos, dentre estes se destacam os 19 e 27 kDa- lipoproteínas, 38 kDa
glicoproteina, o Lipoarabinomannan (LM) e o Mannose capped lipoarabinomannan
(ManLAM). Todas essas estruturas são reconhecidas pelos receptores Toll-like,
principalmente pelos tipos TLR2, TLR4 e TLR9. A interação entre os ligantes do bacilo da
tuberculose com os TLRs dos macrófagos desencadeia a ativação do fator de transcrição
nuclear (NF-kB), e como consequência leva a expressão de moléculas co-estimuladoras como
CD80 e CD86 na superfície desses macrófagos e de células dendríticas, e também a produção
de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias, tais como o fator de necrose tumoral (TNF),
interleucina (IL)-1, IL -12 e o óxido nítrico. Dessa maneira os macrófagos respondem a
infecção iniciando a cascata inflamatória necessária para o extravasamento de leucócitos nos
locais da infecção, um evento essencial para a indução e eventual expressão da imunidade
frente a infecção (BRIGHTBILL, et al., 1999 apud DRUSZCZYNSKA, et al., 2011;
KRUTZIK & MODLIN, 2004).
Figura 7: figura demonstra os receptores de macrófagos (PRRs) envolvidos no reconhecimento do Mtb e os seus
respectivos ligantes (PAMPs) (DRUSZCZYNSKA, et al., 2011).
Outra molécula que é expressa pelo Mtb e é considerada como um importante
regulador da resposta imune é a TDM (trealose 6,6-dimicolato). Recentemente Lee & Cols.
(2012) afirmaram que macrófagos ativados seletivamente por TDM através de seus receptores
CLRs do tipo Mincle tendem a produzir TNF- , IL-6 e proteína inflamatória de macrófagos
(PIM), dessa maneira causam recrutamento celular robusto e ativação de células
inflamatórias, levando a formação de granuloma pulmonar. Os neutrófilos são as primeiras
células inflamatórias a localizarem-se no sítio de multiplicação do bacilo, essas células são
atraídas ao local da infecção através da sinalização dos macrófagos e também pela ligação
TDM-receptor Mincle. De qualquer forma, é sabido que os neutrófilos estimulados secretam
TNF- , IL-1 , IL-8 e PIM-1 . E, de uma maneira ainda não bem esclarecida contribuem para
a tentativa de contenção da infecção (LEE, et al., 2012).
Mesmo com o recrutamento intenso de leucócitos para o sítio da infecção e a produção
de moléculas sinalizadoras, o bacilo da tuberculose cresce de forma aparentemente
descontrolada durante os primeiros dias da infecção (figura 12). Isso pelo simples fato do Mtb
ter gerado ao longo de sua escala evolutiva artifícios, os quais lhe permitem resistir aos
mecanismos bactericidas dos macrófagos. Moléculas do Mtb impedem a fusão do fagossoma
com o lisossomo, logo, o bacilo permanece no fagossomo livre dos compostos oxidativos que
poderiam lhe causar danos, além disso, o bacilo inibe a apoptose e promove a morte necrótica
dos macrófagos infectados, o que é fundamental para a sobrevida dos bacilos, pois, se
multiplicam e são fagocitados por um novo macrófago que também falha no controle do
patógeno, e da mesma maneira é destruído. A necrose ou apoptose das células fagocíticas
infectadas é um ponto extremamente importante para a modulação da resposta imune, visto
que os antígenos contidos nas vesículas dos macrófagos são liberados para o meio, e dessa
forma podem ser reconhecidos e capturados pelas células dendríticas (figura 12) (COOPER,
et al., 2011; AHMAD, 2011).
Fortes evidências sugerem que a migração de células dendríticas (DCs) dos pulmões
para os linfonodos é essencial para iniciação da resposta imune efetora. DCs são consideradas
como as mais eficientes indutoras de ativação de células T virgens, e essa eficiência decorre
do fato de que elas fornecem não só o estímulo antigênico específico, mas também sinais
secundários e terciários que promovem o desenvolvimento eficiente das células T efetoras.
No entanto, DCs só são detectadas no linfonodo entre o 7 e 10 dia após a infecção (figura 12),
o que demonstra certa dificuldade de migração para o linfonodo. Essa lentidão pode resultar
em um atraso na ativação das células T, e gerar como consequência uma redução da resposta
no pulmão. Wolf & Cols. (2007) em um ensaio com ratos infectados com Mtb. demonstraram
que a falta ou a quantidade reduzida de IL-12p40 está associada com a ausência de expressão
do receptor de quimiocina CCR7 em DCs, este receptor é essencial para a migração dessas
células para o linfonodo. Da mesma maneira suspeita-se que o bacilo tenha capacidade de
inibir a migração de DCs por modulação do ambiente alveolar; que a IL-10 tem poder de
limitar essa migração, ou mesmo que esse atraso pode ser um produto do crescimento lento
das bactérias, o que levaria a escassez de antígenos; ou ainda devido a natureza privilegiada
do tecido alveolar onde há uma tendência em manter o espaço como superfície de troca de ar
em oposição a um local inflamatório (COOPER, 2009; COOPER, et al., 2011; WOLF, et al.,
2007; URDAHL, et al., 2011).
A chegada de DCs no linfonodo coincide com a ativação de celulas T virgens,
acredita-se que as condições ideais para a ativação das celulas T são exclusivas dos
linfonodos e não ocorrem no pulmão. O desenvolvimento, função e fenótipo de todas as
celulas efetoras irá depender do poder das DCs em gerar uma quantidade de celulas efetoras
Figura 12: Tempo percorrido a partir da infecção até a geração de resposta imune efetora no pulmão.
Importante notar a forma com que as células dendríticas reconhecem e demonstram os antígenos bem
como o papel regulatório da célula T reguladora e do IL-10 tanto no linfonodo como no pulmão
(Adaptado de COOPER, et al., 2011).
com eficiência. Para isso, torna-se nescessário a expressão de antígenos associados ao
complexo principal de histocompatibilidade (MHC), moléculas co-estimulatórias, citocinas
específicas e a regulação pelas celulas Tregs produtoras de IL-10 no linfonodo (figura 12).
Nesse ambiente, as celulas T virgens são ativadas e essa iniciação promove a expanção clonal,
a expressão e a modulação de receptores e de algumas moléculas fundamentais para a função
efetora. Após a ativação e a diferenciação nos orgãos linfóides as celulas T seguem o seu
curso rumo ao pulmão em resposta a inflamação, e dessa maneira podem gerar proteção
através da ativação dos fagócitos infectados (COOPER, 2009).
Para que haja uma resposta imune eficiente no pulmão é extremamente nescessário a
ativação das celulas fagocíticas do hospedeiro por meio das celulas T produtoras de INF- . No
entanto, essas células só são detectadas no pulmão 14 dias após a infecção, e, sua
acumulação em quantidade suficiente para limitar a proliferação do Mtb ocorre em
aproximadamente 21 dias após o contato inicial. Reduzir o tempo de chegada das celulas T
produtoras de INF- no pulmão é fundamental, principalmente para cessar o crescimento
bacteriano e reduzir os impactos gerados pelo Mtb no local da inflamação. Nesse contexto,
desvendar o papel das celulas T reguladoras e da citocina IL-10 é fundamental, visto que, em
comunhão com o bacilo regulam ativamente o inicio da resposta imune a infecção(COOPER
et al., 2011; URDAHL et al., 2011).
Uma vez nos pulmoes, os linfocitos T CD4+ por meio do TCR (receptor de celula T),
CD3+ e alguns outros fatores reconhecem o padrão antigênico associado ao MHC de classe II
na superfície dos fagócitos, principalmente nos macrófagos; desse modo as células T CD4+
produzem INF- , citocina chave no controle do Mtb, visto que esta molecula potencializa a
capacidade microbicida dos macrófagos aumentando a produção de peróxido de hidrogênio
(H2O2) e óxido nítrico (NO), com os quais consegue matar o bacilo. Estudo com ratos
deficientes de células CD4+ demonstrou que a produção precoce de interferon-gama pelas
células T CD4+ e ativação de macrófagos por estas mesmas células determinam o resultado da
infecção, mesmo sabendo-se que outras células como células T CD8+ e matadoras naturais
(NK) também produzem o INF- (AHMAD, 2011). Além disso, macrófagos ativados
secretam IL-1, esta citocina estimula a produção de IL-2 que induz a expansão clonal dos
linfócitos T CD4+ (RIVAS et al., 2005).
O controle da infecção pelos linfócitos baseia-se em uma resposta de celulas T helper
do tipo 1 (Th1). Admite-se que a secreção da IL-12 por células apresentadoras de antígenos
é fundamental para a iniciação dessa resposta, já que, esta citocina leva a produção de INF-
na fase inicial da resposta imune e contribuem para a expressão fenotípica linfocitária do tipo
Th1 antígeno específica (OTTENHOFF, et al., 2005).
A resposta por meio das células T helper do tipo 2 ao Mtb também se faz presente,
esta resposta leva a produção de IL-4, o que segundo Crevel & Cols.(2000) poderia
antagonizar a defesa do hospedeiro e levar a necrose tecidual. No entanto, IL-4 pode
contribuir para a proliferação de linfócitos B. Por se tratar de um micro-organismo
intracelular, e estar protegido da ação biológica dos anticorpos, a resposta humoral até bem
pouco tempo era considerada como pouco relevante na infecção pelo Mtb, acreditava-se que
ela não oferecia contribuição significativa na proteção contra o bacilo. Contudo, trabalhos
recentes demonstram que a maior população de linfócitos dentro das lesões são células
B220+, que são células B, estas se acumulam em folículos parecidos com tecido linfóide
nascente, regulados por quimiocinas específicas, e dessa maneira podem desempenhar papel
na regulação da imunidade no local da lesão. Esses dados deixam claro que o real papel das
células B na resposta ao bacilo da tuberculose requer maiores avaliações, especialmente no
que tange a sua presença e controle no local da infecção (COOPER, 2009; KAHNERT et al.
COOPER, 2009).
Como já foi mencionado, os linfócitos T CD8+ também podem contribuir no controle
da infecção, essas células reconhecem fragmentos peptídicos ligados ao MHC classe I que é
expresso em praticamente todas as células do organismo. Se tratando do Mtb, sabe-se que
vesículas apoptóticas provenientes de células infectadas contendo o complexo antígeno +
MHC classe I são capazes de estimular especificamente células T CD8+ conforme descrito na
figura 8. Após essa ativação, os linfócitos T CD8+ produzem INF- e sintetizam granulos que
são secretados para exercer uma função citolítica sobre as células infectadas contribuindo em
grande parte para o controle inicial da patologia (NORTH et al., 2004).
Recentemente Ottenhoff & Cols.( 2006) descreveram a importância de algumas
interleucinas, que em sinergismo com a IL-12 aumentam a atividade Th1 e promovem o
aumento na produção de interferon-gama. São elas IL-18, IL-23 e IL-27; destas a que parece
ser mais importante é a IL-27, pois, atuam em uma fase precoce da resposta imune induzindo
a produção do INF- antes mesmo da IL-12.
A resposta imune celular do tipo Th1 consegue conter a infecção, esse tipo de reação
exige a participação de células bem conhecidas como T CD4+, T CD8
+ e fagócitos; a
produção de citocinas como; IL-2, IFN-γ, IL-12, IL-18 e TNF-α dentre outras, e também as
quimiocinas, que desempenham papel extremamente importante no recrutamento celular para
formação do granuloma. Esse granuloma limita a propagação das bactérias e fornece um
ambiente de interações para as células do sistema imune. A manutenção desse espaço é
extremamente importante, pois permite que o indivíduo mesmo que infectado não sofra as
conseqüências da patologia, tão pouco transmita a doença. Nesse cenário, bem como nas fases
iniciais da infecção tem-se proposto que os linfócitos não convencionais podem também
contribuir para a resposta ao bacilo, sendo então considerados como mais uma arma do
sistema imunológico para o controle da infecção. Na figura 13 pode-se verificar o mecanismo
efetor na tuberculose levando a formação do granuloma, e também a participação de
linfócitos não convencionais neste processo (COOPER, 2009; RIVAS et al., 2005.).
Figura 13: Demonstração dos mecanismos efetores no combate a tuberculose e a presença de linfócitos não
convencionais nesse processo (Adaptado de SKEIKY; SADOFF, 2006).
7.1. Fenótipos linfocitários na tuberculose humana
Normalmente, respostas imunes eficientes a microorganismos requisitam a presença
de linfócitos, que devem ser dotados de propriedades efetoras adequadas para cada desafio, já
que, geralmente o sistema imune inato não tem poder suficiente para barrar o avanço da
patologia. Além disso, essa classe de células deve reconhecer uma gama altamente
diversificada de partículas patogênicas estranhas, e esse reconhecimento se dá por meio de um
conjunto extremamente diversificado de receptores antigênicos, expressos na superfície dos
linfócitos a depender do seu fenótipo. Nos linfócitos T e B convencionais a geração desse
repertório de receptores é feito através da recombinação gênica aleatória entre os segmentos
V, (D), J e a adição de nucleotídeos nas junções entre esses segmentos de genes rearranjados.
Esse mecanismo assegura um vasto repertório de receptores para as células T e B. Entretanto,
varias subpopulações de linfócitos que tem uma diversidade de repertório de reconhecimento
antigênico limitado tem sido identificados, e são considerados como uma ponte entre a
resposta inata e adaptativa, pois, geram receptores através da recombinação V, D, J como as
células do sistema imune adquirido e reconhecem um conjunto limitado de antígenos e
respondem rapidamente ao desafio imune como as células do sistema inato (BOURHIS, et al.,
2010; GAPIN, 2009).
Acredita-se que na tuberculose pulmonar não é diferente. Tem-se o conhecimento que
o sistema imune inato tem papel extremamente importante durante as fases iniciais da
infecção, e que a resposta linfocitária do tipo Th1 é quem determina o curso da doença, no
entanto, o conjunto de diferentes linfócitos do sistema imune inato e adquirido também
contribui de maneira efetiva para a resposta a infecção.
7.1.1 Linfócito T CD4+
O habitat preferido das micobactérias é o fagossomo dos macrófagos, e, nesse
compartimento os antígenos do Mtb são prontamente acessíveis ao MHC classe II. Dessa
maneira, e com o auxilio de outros fatores específicos, as células T CD4+ são ativadas e
respondem ao bacilo como já foi descrito anteriormente. A importância dessa classe de
células T no controle da infecção aguda e na manutenção do granuloma tem sido demonstrada
por estudos com ratos deficientes de células TCD4+. Assim como, no aumento dramático na
suscetibilidade a patologia em pacientes infectados com HIV reforça o papel crítico desse tipo
celular no combate a enfermidade (KAUFMANN, et al., 2001).
Acredita-se que a principal função do linfócito T CD4+
na tuberculose seja a produção
de citocinas, em especial o IFN-γ, que serve para ativar os macrófagos induzindo e ampliando
as propriedades microbicidas do mesmo. Recentemente, foi proposto que outras células
podem também secretar o IFN-γ. No entanto, a célula TCD4+
produz além do IFN-γ grandes
quantidades de IL-2 que é necessário para a expansão clonal linfocitária (TSUKAGUCHI, et
al., 1995).
Em um trabalho com ratos infectados com Mtb em latência verificou-se que as células
T CD4+ têm função decisiva não só na infecção aguda, mas também na manutenção do
granuloma. Nesse estudo foi utilizado anticorpos anti-célula T CD4+ com o intuito de inibir
totalmente a função desse linfócito. Como resultado, houve a reativação da infecção mesmo
com a presença contínua do IFN-γ e produção perfeita de compostos oxidativos pelas células
fagociticas. Esses resultados demonstram que os linfócitos T CD4+ possuem papel adicional,
independente de IFN-γ (KAUFMANN et al., 2001). Em humanos, alguns dados
experimentais sugerem que as células T CD4+
podem executar uma função adicional, que
seria a função citolítica no local da infecção, por mecanismos ainda não bem esclarecidos
(TAM et al., 1997; KAUFMANN et al., 2001)
O controle da infecção pelos linfócitos T CD4+ baseia-se em uma resposta de células T
helper do tipo 1 (Th1), com a produção de citocinas e quimiocinas específicas nas fases
iniciais e tardia da patologia (COOPER, 2009; OTTENHOFF et al., 2005). As células
T CD4+ realizam várias funções que são importantes para controlar a infecção no granuloma.
Que incluem: a apoptose de macrófagos infectados, a produção de outras citocinas como IL-2
e o TNF-α, a indução dos macrófagos e ou células dendríticas para produzirem outras
citocinas, tais como IL-10 , IL-12 e IL-15, e ativação de macrófagos através do contato direto
através do ligante CD40. Logo, alem de produzir IFN-γ, as células T CD4+
tem inúmeras
outras funções secundárias que são essenciais para o controle da infecção pelo Mtb
(AHMAD, et al., 2011; COOPER, 2009).
7.1.2 Linfócito T CD8+
As células T CD8+
alem de produzirem IFN-γ e TNF- , que são citocinas altamente
requeridas na resposta a patologia, assumem também um papel citotóxico para os macrófagos
infectados pelo Mtb, e, dessa forma contribuem para o fortalecimento da resposta imune na
tuberculose. Acredita-se que estas células são reguladas pelas citocinas IL-10 no linfonodo e
no pulmão, bem como pela IL-15 que é produzida indiretamente por linfócitos T CD4+
(COOPER, 2009).
A presença de grande número de células T CD8+
em indivíduos infectados de forma
latente demonstra que estes linfócitos também tem um papel no controle da infecção em
dormência. Essa questão é apoiada pela reativação da infecção quando se suprime as células T
CD8+
em ratos com a forma latente da patologia. Acredita-se que esses linfócitos podem
matar diretamente o Mtb através da liberação de suas granzimas (GROTZKE et al., 2005
apud AHMAD at al., 2011). Utilizando-se dois modelos diferentes para gerar indução nas
células T CD8+
específicas para antígeno micobacteriano Ag85, constatou-se que estas células,
nessas condições, conseguem gerar proteção apenas quando se encontram no lúmen das vias
aéreas, no momento da infecção (COOPER, 2009).
Apesar de se ter o foco nas células T CD4+
como mediadoras da proteção induzidas
por vacinas, as células T CD8+
parecem também ser capazes de executar esta função. A
entrega de um antígeno definido como (CFP-10) por meio de vacina de DNA induz os
linfócitos T CD8+, mas não as células T CD4
+ em camundongos, e essas células se acumulam
no pulmão após a infecção intervindo na proteção do hospedeiro. E provavelmente usem a
atividade citolítica mediada por perforinas para responder a infecção (COOPER, 2009).
7.1.3 Linfócito B (CD19+)
Por se tratar de um microorganismo que vive no interior dos macrófagos, pensava-se
que a imunidade mediada pelo linfócito B não tinha interferência na imunopatogenia da
tuberculose. Porém, conjuntos de estudos recentes descrevem a necessidade de maiores
esclarecimentos relacionados a função desta célula no controle da infecção pelo Mtb, visto
que sua participação é bem pouco definida e existe uma escassez de trabalhos explicando a
sua função na doença.
Existem relatos que envolvem as células B na resposta imune ao Mtb pelo auxílio na
formação e desenvolvimento do granuloma. No entanto, os mecanismos envolvidos ainda não
estão esclarecidos. Hernandez & Cols. (2010) em seu trabalho de quantificação de celulas
CD19+ no sangue periférico de pacientes com tuberculose conseguiu demonstrar que estes
linfócitos tiveram uma redução significativa no seu percentual e no número total de células
em pacientes com TB, comparando-se com doadores saudáveis.
Os dados de Hernandez & Cols. (2010), reforçam a teoria de que as celulas B migram
para auxiliarem na formação e manutenção do granuloma, já que pesquisas atuais
demonstram que a maior população de linfócitos dentro das lesões são células B220+, que são
prováveis células B conforme descrito na figura 14 (COOPER, 2009). Além disso, quando
camundongos deficientes de linfócitos CD19+
são infectados com altas doses intravenosas do
bacilo, se tornam muito mais vulneráveis a doença (VORDERMEIER, et al., 1996 apud
COOPER, 2009).
Esses dados deixam claro que o real papel das células B na resposta ao bacilo da
tuberculose requer maiores avaliações, especialmente no que tange a sua presença e controle
no local da infecção.
Figura 14: Lesão inflamatória no pulmão. Acumulo de células B em folículos parecidos com tecido linfóide
nascente em azul, regulados por quimiocinas específicas que podem afetar o controle das bactérias e as
conseqüências imunopatologicas (Adaptado de COOPER, 2009).
7.1.4 Linfócito T
Em humanos, a grande maioria de Linfócitos T expressam receptor do tipo Alfa-Beta,
enquanto uma pequena população caracterizam-se pela expressão do receptor Gama-delta. As
celulas T correspondem a cerca de 1 a 5% do total de linfócito T no sangue periférico e em
orgãos linfóides. São considerados como uma ponte entre a resposta imune inata e adaptativa
na infecção pelo Mtb (KAUFMANN, et al., 2001).
Sabe-se que Linfocitos T respondem ao Mtb pelo reconhecimento direto de
proteinas e fosfoligantes do bacilo. No entanto, macrófagos alveolares são capazes de servir
como células acessórias para os linfocitos , isso graças ao fornecimento de sinais
necessários para a ativação desta célula no pulmão. Esses linfócitos são dependentes de
interações específicas como CD40-CD40L, CD28-B7, bem como a presença e interação com
as moléculas de adesão CD2-LFA-3, LFA-ICAM. Esses sinais co-estimulatórios são gerados
pelos monócitos e macrófagos alveolares infectados com Mtb. Além disso, in vitro os
monócitos infectados com Mtb foram eficazes para espanção dos linfócitos T V 9V 2, que é
o fenótipo das celulas T que respondem a estímulos micobacterianos (MERAVIGLIA, et
al., 2011).
As principais funções efetoras das células T na resposta imune ao Mtb são a secreção
de citocinas e a função citolítica. Em resposta aos fosfoantígenos micobacterianos as células T
produzem IFN- e TNF- . Este linfócito se mostra mais eficiente na produção de IFN-
que a celula T CD4+
, no entanto sintetizam quantidade inferior da citocina IL-2, que está
relacionada com a proliferação celular. O que talvez não tenha uma grande relevancia, visto
que a células T se proliferam em resposta a IL-15 que é produzido por fagócitos. Este fato
é importante pois, o linfócito T pode ser ativado e proliferar na ausência das células do
sistema imune adquirido (TSUKAGUCHI, et al., 1995).
Os linfócitos T V 9V 2 além de produzirem citocinas, contribuem para a proteção
imune por meio de suas funçoes citolíticas. Estudos demonstram o potencial destas celulas em
matar macrófagos infectados pelo Mtb através de um mecanismo dependente de grânulos,
gerando como resultado a morte intracelular do bacilo. Logo, levam a redução da viabilidade
extracelular e intracelular do Mtb por meio das granzinas e perforinas. Isso demonstra, de
certa forma, a contribuição do linfócito T V 9V 2 na resposta a infecção (MERAVIGLIA et
al., 2011).
Sabe-se que as células T são uma importante fonte de IL-17 e IFN- durante a
infecção por micobactéria; no entanto, seu papel parece variar dependendo da cepa
micobacteriana, via e dose de infecção. No modelo de infecção intra-traqueal de alta dose
com BCG, as células T produzem IL-17 que é necessário para a formação inicial do
granuloma, e, na ausência de células T ou IL-17, os camundongos são muito mais
suscetíveis a infecção (COOPER et al., 2011)
Uma característica da célula T que gera discursão é a sua capacidade de montar
uma resposta de memória contra a infecção secundária ou de reativação do Mtb. A expansão
desses linfócitos foi de 2 a 9 vezes maior do que as observadas durante a infecção primária, e
essa expansão foi persistente por 7 meses após infecção esperimental pelo BCG. Essas
evidências indicam que linfócitos T foram submetidos a expanção policlonal durante a
infecção primária e podem montar uma resposta de memória em uma resposta secundária
(MERAVIGLIA, et al., 2011).
Em posse deses dados pode-se afirmar que as células T tem papel fundamental na
resposta ao Mtb, e podem contribuir subtancialmente na proteção imune a TB humana.
7.1.5 Linfócito NKT
Células T Natural Killer (NKT) são um subgrupo de linfócitos com características de
células NK e de células T. E, sem dúvida representam uma conexão entre a imunidade inata e
adquirida. Visto que tem, propriedades imunorregulatórias e reconhecido papel protetor nas
infecções por Mtb (RIJAVEC, et al., 2011).
A descoberta de que as células NKT reconhecem moléculas lipídicas e glicolipídicas
apresentados por proteínas CD-1 expandiu consideravelmente o leque de antígenos
micobacterianos que podem ser detectados pelo sistema imune após a infecção pelo Mtb. As
proteínas CD-1 são similares em estrutura ao MHC de classe 1. No entanto, essas proteínas
tem uma alça profunda e hidrofóbica de ligação, que é bem adequada para a apresentação de
antígenos lipídicos. Acredita-se que a apresentação lipídica mediada por CD1 é
provavelmente mais rápida que apresentação peptídica mediada por MHC (SKOLD &
BEHAR, 2008; COOPER, et al., 2011).
As proteínas do grupo 1 CD-1 reconhecem lipídios presentes no envoltório celular do
Mtb, tais como ácido micólico, monomicolato e isoprenoides, esses antígenos são
reconhecidos após serem processados pelos macrófagos e apresentados na superfície celular
via CD-1. Com isso a célula NKT reconhece o antígeno associado ao CD-1 e produz
granzimas que mata o macrófago e também podem matar diretamente os bacilos do Mtb
(SKOLD & BEHAR, 2003).
A matriz de lipídios microbianos que é apresentado as células NKT no contexto de
CD1d é limitado. Até o momento Fosfatidilinositol manosídeo (PIM) é o único antígeno
derivado de micobactérias que foi identificado que é reconhecido de forma CD1d restrito. As
células NKT são ativadas durante a infecção por Mtb, e provavelmente exercem função
efetora antes que os linfócitos T MHC restrito (COOPER, et al., 2011). Além disso, Linfócito
NKT, em comunhão com outros tipos de linfócitos são essenciais para a formação e
manutenção do granuloma como demonstrado na figura 15. Nesse contexto as células NKT
regulam o potencial patológico das células infectadas (COOPER, et al., 2011)
Estes dados sugerem que o antígeno específico CD1-restrito são induzidos durante a
infecção e pode contribuir para a resposta imune protetora na TB. Diferente do MHC, as
moléculas CD1 apresentam baixos níveis de polimorfismos em seu domínio de ligação ao
antígeno, o que os tornam extremamente atraentes como componentes de futuras vacinas
(COOPER, 2011)
7.1.6 Linfócito T Invariante Associado a Mucosa (MAIT)
A identificação recente da célula T invariante associada a mucosa em humanos e a
determinação de sua localização em pacientes com TB sugerem que as células MAIT podem
desempenhar um papel direto no controle da infecção micobacteriana. Essas células
respondem a uma apresentação molecular que é monomórfica, e, essa apresentação antigênica
é realizada pelas células dendríticas infectadas e células epiteliais do pulmão (COOPER et al.,
2011).
Nos seres humanos, os linfócitos MAIT estão presentes em grande número no pulmão
de indivíduos saudáveis ou com tuberculose latente, e em número reduzido no sangue de
pacientes com TB ativa. Esses linfócitos expressam receptor de célula T (TCR) semi-
invariante V 7.2, e são ativadas de uma forma independente do TAP (Transportador
associado a apresentação de antígenos). Acredita-se que o reconhecimento antigênico se dá
pelo MHC de classe I relacionado com a molécula MR1, que é uma nova classe de moléculas
1b com propriedades altamente sugestivas de regulação da imunidade nas mucosas(BIRD,
2010; GOLD, et al., 2010; HUANG et al., 2009). Até pouco tempo não se conhecia a real
função desse linfócito.
Cooper & Cols.(2011) afirmam que Linfócitos MAIT contribuem para a formação e
manutenção do granuloma em resposta ao Mtb em comunhão com outros subtipos
linfocitários conforme figura 15. Estudo recente tem demonstrado que essas células podem
produzir citocinas como IL-4, IL-5, IL-10 TNF- e INF- após ativação por meio do MR1
dependendo do local e estímulos (GAPIN, 2009).
O trabalho de Gold & Cols. (2010) demonstra que as células MAIT têm,
provavelmente, uma função no controle direto infecção ou na aquisição da resposta imune
adaptativa ao Mtb, em função de sua prevalência, localização e funções efetoras. Entretanto,
torna-se necessário um maior aprofundamento das suas características. O conjunto dos dados
relacionados às células MAIT sugerem que estes linfócitos podem ter papel importante na
reesposta imune mediada por células à infecção micobacteriana, e futuramente pode ser um
alvo para vacinação ou intervenções imune (COOPER, et al., 2011).
Figura 15: Diferentes populações de células envolvidas na formação e manutenção do granuloma bem como
algumas citocinas necessárias a manutenção. Importante notar que linfócitos MAIT está presente. No entanto, a
sua real contribuição para a manutenção desse espaço de equilíbrio ainda não foi esclarecido (Adaptado de
COOPER, et al. 2011).
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tuberculose é uma doença que acompanha a humanidade desde longa data, e continua
sendo considerada um grave problema de saúde publica no Brasil e no mundo. Como já foi
discutido, uma das metas da OMS até o ano de 2015 é a redução de metade dos casos de
morte e da prevalência mundial da doença em comparação com o ano de 1990, o que
provavelmente não será alcançado, mesmo sabendo-se que a prevalência e incidência vem
decaindo nas cinco das seis regiões da OMS. A estratégia brasileira para a parada da TB por
meio do Programa Nacional de Controle da tuberculose (PNCB) e a implantação do
tratamento diretamente observado (DOTS) tem-se mostrado eficientes, porém, necessitam de
uma ampliação considerável para aumentar o acesso, reduzir surgimento de TB-MDR e XDR
e mortes relacionadas a enfermidade.
Novas estratégias profiláticas eficientes e duradouras são necessárias para tentativa de
contenção da patologia, principalmente na forma pulmonar, visto que, os pacientes bacilíferos
são os disseminadores da doença, e, até o momento, não foram identificados os mecanismos
de proteção capazes de gerar vacina induzindo proteção eficiente e eficaz no pulmão. Neste
cenário, compreender a fundo a imunopatogenia e a cinética celular da tuberculose pulmonar
é fundamental, até porque, interferindo-se nessas vias pode-se reduzir o tempo de resposta ao
bacilo e dessa maneira levar a uma resposta imune rápida, eficaz e quiçá duradoura.
A resposta ao bacilo da tuberculose requer um orquestramento e interação entre a
imunidade inata e a imunidade adquirida. Logo, gerar mecanismos para reduzir o tempo de
ativação e migração das células efetoras para o pulmão, e garantir uma vigília adequada após
a infecção e a formação do granuloma é extremamente importante. Como se sabe, as células T
são os componentes principais da resposta do hospedeiro a tuberculose. Porém, a geração
lenta do número inicial necessário dessas células permite que o Mtb cresça desenfreadamente
devido a ausência da resposta imune adquirida. É importante esmiuçar os mecanismos que
impedem que os antígenos do Mtb sejam eficientemente apresentados as células T, isso
porque, esse é um passo essencial para sinalização celular e contenção da infecção. Deste
modo, compreender o papel dos fatores inatos ao bacilo, a real importância das células T
reguladoras que produzem IL-10 , a relevância dos linfócitos convencionais do tipo T e B, e
os não convencionais como o linfócito T e NKT , que, respondem diretamente ao bacilo
sem a necessidade de expressão do complexo MHC antígeno é primordial. Além disso, a
compreensão do que afeta a resposta de células T no local da infecção e o equilíbrio entre os
diferentes subtipos de células T é essencial para a viabilidade de futura vacina que mantenha a
proteção imunológica eficaz com o mínimo de consequências patológicas para o hospedeiro.
Acredita-se que as conseqüências geradas pela patologia no pulmão devem-se principalmente
a demora na ativação, migração e acúmulo das células da reposta imune efetora no sítio da
infecção, provavelmente devido aos fatores descritos no tópico 7 deste trabalho. Assim, as
células T com receptores do tipo e outros tipos linfocitários surgem como mais uma arma
na imunopatogenia da tuberculose, já que, após ativação ocorre o reconhecimento direto de
moléculas inatas ao bacilo, esses subtipos não convencionais de linfócitos produzem fatores
que ativam os fagócitos e podem contribuir substancialmente para o controle da infecção, e,
devem ser levados em conta nos futuros estudos para intervenções imunoprofiláticas.
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