SUBmersoZINE - Segunda Edição

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1 EDIÇÂO Nº2 / ANO 1

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Baixe já a segunda edição do SUBmersoZINE! Diversos artístas independentes, bandas, entrevistas, desenhos, ilustrações, etc...

Transcript of SUBmersoZINE - Segunda Edição

  • 1ediO n2 / AnO 1

  • 32

    Indice

    ///////////////////////////////////

    //////////////////////////////////////////////////////////////////////

    ///////////////////////////////////

    //////////////////////////////////////////////////////////

    Depois de alguns imprevistos, (...) Traguei, segurei forte e soltei... Agora compartilho com vocs idias e mensagens... um convite, mergulham-os profundamente outra vez nas imagens e palavras de artstas submersos, tragan-do ondas sonoras fundidas em cada retcula imersa nesse oceano de idias e cores. Aqui onde quase tudo soa e ressoa como recusa e protesto em uma aceitao inconscinte de cada recesso, contra o lucro e o exces-so de loucura. Falo da desigualdade de igual para igual em cada dano. Lembrando sempre que existe conscincia na vontade de agir e tambm de aceitar! A mentira se prev em cada gesto de negao. A Pr-dis-posio ao vcio de consentir. Repetindo sempre. Respeite! Falta-me o ar. preciso recusar sempre antes de para ela v o l t a r . . . A suPeRFcie minhA inDignAo. D i A g R A m A o / A R T e / c A P A / e D i T o R i A L PoR LeAnDRo Ayuso

    3 ..................Im

    agem Submersa -

    Natalia Turini

    &

    6......................

    .............. Sandro

    Thiago Correa (mo

    nstro)

    8......................

    ........................

    .........Rock Subme

    rso - La carne &

    16.....................

    ...............Espasm

    os do Brao Mecn

    ico

    20.....................

    .................Claud

    io Duarte (I.M.L, P

    age 4, Diagonal, R

    evista

    sinal de menos)

    24..........Literatu

    ra SUbmersa - Cap

    italismo como reg

    ime de exceo

    Permanente ( por C

    laudio Duarte)

    27....... Introdu

    o ao conto Efeito

    Infinito de Andr

    Pijamar Marcatti

    .

    30......Fotografia

    Submersa - Layr

    Barci sobre a exp

    osio Rock Neles

    .

    34.....................

    .... Produtores SUb

    mersos - Clayton M

    artin &

    37............ Xan R

    ojas (I.M.L, In.ten

    se, Page 4, etc...)

    ....................................................

    ....................................................

    ....................................................

  • 54

    Imagem SUBmersa

    NA

    TA

    LIA

    -TURI

    NIhtt

    p://nata

    liaturin

    i.blogs

    pot.com

    http://

    www.fli

    ckr.com

    /photos/

    turinina

    -

    talia

    msn: nat

    aliaturi

    ni@hot

    mail.com

    e-mail:

    nataliat

    urini@g

    mail.com

    O hom

    em que queria falar?

  • 76

    SaNDro THiago Correa.Sandro produziu boa parte de seu acervo artistico

    em meados dos anos 90. Quando buscava retratar

    a sua sociedade e seus conflitos pessoais atraves

    de seus esbocos carregados de tinta e rabiscos in-

    spirados em seu artista plastico predileto, Basquiat.

  • 98

    So 16 anos de estrada, quase duas dcadas de rock, 4 albuns lanados, diversos shows, roubadas, viagens, amizades e muita histria no s para contar, mas ainda para ser escrita por essa banda que se mantm firme desde seu incio l em meados de 1995 mantendo a fidelidade a seus prncipios e ideais msicais. Vamos descobrir um pouco mais sobre essa Excelente banda Brasileira chamada *La Carne*!

    Entrevista por LEandro Ayuso

    * Porque do nome La Carne? existe um ConCeito? LINARI: Beleza Ayuso? Bem, escolhemos La Carne porque achamos um bom nome, s isso. Lembro que assisti a uma comdia italiana com esse nome, era um filme do Marco Ferreri (o mesmo que dirigiu Crnica de um Amor Louco, baseado no livro do Bukowski). Ele, Ferreri, morreu em 1997 justamente quando gravamos nosso primeiro cedezinho com 12 msicas. Propus o nome, e os caras gostaram. Foi isso. Como e onde surgiu na PoCa a vontade de montar a banda? quem foi o CuLPado Por taL faanha? LINARI: eu e o Jorge estudvamos na mesma escola. eu via ele pelos corredores car-regando uns LPs de vinil debaixo do brao no so Paulo, unknown Pleasures, bi-zarro, surfer rosa...Pensei: bom, preciso conhecer esse cara...

    LA CARNELA CARNERock SUBmerso

  • 1110

    O Fabio (ex-baterista) nos apresentou o Cazalberto. Depois o Fabio saiu, e entrou o Sidney que tocou batra com a gente uns 2 ou 3 anos, depois casou-se, e se mandou. Da entrou o Chico, que tem nos suportado at aqui. Veremos at quando... A mais de uma dcada atrs surgia o La Carne! Qual a diferena do La Carne da dcada de 90 para o La Carne de agora? Talvez a diferena seja que o La Carne dos anos 90 estava totalmente isolado artisticamente. Uma consulta rpida na net comprova que, naque-la dcada do grunge, voc precisava cantar em ingls e tocar com gui-tarra distorcida pra chamar a ateno e chegar algum lugar. Mas ns no fazamos nem uma coisa nem outra. Sempre cantei em portugus, e o Jorge sempre tocou daquele jeito estranho dele...(rs), Ns queramos ser diferentes, procurar fazer um som original. Mas nem as gravadoras nem a imprensa queriam algo assim. Mas a gente sempre acreditou no nos-so som, sempre fomos muito cabea-dura, e continuamos a compor e gravar nossas msicas, num esquema artesanal, e divulgava do jeito que dava.

    Hoje em dia diferente.

    Conhecemos muita gente que pensa como ns, musicalmente falando. No estamos mais isolados, mas em muito boa companhia! (E, justia seja feita: se no fosse a internet, pelo site que o Carlos botou no ar, jamais saberamos que tinha gente que curtia um rock rstico brasilei-r o , cantado em portugus). Na poca, se dizia nos

    jornais que rock no Brasil no presta. Gostamos de pensar que somos a prova viva disso. (rs) Falem pra gen-te um

    pouco sobre a obra de vocs num todo! So 4 albuns, qual a diferena entre eles, con-ceito, composio, arranjos, letras, etc...

    O primeiro foi gravado em 1997. A gravao foi caprichada que pro-duziu foi o Beto Silesi que tocou bateria no Korzus uma poca, vai vendo...Foi um bom trabalho, nos abriu muitas portas legais rdios alternativas, TV, o disco rodou bem. O segundo de 2001, e foi gravado totalmente low-fi, microfone no teto, batidas descom-passadas, um monte de erro. um trampo meio rancoroso, meio onze-de-setembro eu acho. O terceiro de XXXX. Foi o ltimo que gravamos com Fabio Escanhuela na bateria. Voc pode imagi-nar, o clima no estava muito bom. Ele meio low-fi tambm, mas mais lento que o anterior. E o ltimo ns gravamos em 2009. E embora seja clich dizer isso, o Granada fechou um ciclo pra ns. De verdade. Finalmente chegamos no captulo 2 do nosso livro de So Cipriano. rs

    O que o cenrio underground hoje? Ele existe ou existiu? O que vocs acham que ainda no

    mudou e o que seria preciso mudar? Sejam impiedosos e justos!

    LINARI: Eu

  • 1312

    acho o

    seguinte: tem filhodaputa tanto no mainstream como no un-derground. A verdade essa. A vaidade e a arrogncia do meio artstico no depende de nmero de cpias vendidas no. um meio muito competitivo, selvagem, todo mundo dando cotovelada em todo mundo pra aparecer nos flashes, nas fes-tas, todo mundo ensandecido pra conhecer e ficar amiguinho de periodis-tas influentes, que frequentam certos lugares s pra ver-e-ser-visto. A msica em si, importa muito pouco. Poucas pessoas reais, e muita pose.

    A gente pulou fora disso, j h muito tempo.

    Mas tambm no recrimina quem est nessa pra virar celebridade. Cada um cada um, t tudo certo. S que ns no entramos nessa pra isso, cara. Todos ns da banda sempre tivemos claro uma coisa: jamais exigir da nossa msica o sustento de nossas famlias. Tocamos rock alternativo e avesso clichs, no fazemos rock comercial, ce entendeu? Todo mundo tem escolha, e a nossa escolha foi essa. Tem gente que faz um som mais comercialzo, ou toca covers em bares, ganha uma grana com a maior dignidade (que o tal viver de msica), tudo bem, mas a gente no tem essa cara, nunca teve. Cada um de ns trabalha - eu dou aulas de Histria, Jorge funcionrio pblico, Cazalber- to jornalista e Chico trabalha num estdio. Porra, a msica mudou nossas vi-das, como podemos cobrar isso dela? No con-cordamos com a mxima s bom, se vende. Pau no cu! As bandas que nos inspiraram desde o incio nunca foram

    m e g a :

    Hsker D, New Model Army, Violeta de Outono, Wedding Present, nunca foram banda de estdio. Acho que underground e mainstream so, no fundo, lados de uma mesma moeda. H pessoas talentosas, e pessoas talentosas, entende?

    O que postura e integridade musical para vocs? Sei l, cara. Acho que ser responsvel. Responsvel pela sua irre-sponsabilidade. Gosto daquela frase do Goethe: Seja ousado, e foras poderosas viro em seu auxlio. Acho ducaralho isso! O ltimo registro da banda chamado GRANADA foi at ento o maisaclamado pelo pblico at agora. Se l falando muito bem por ai em blogs e sites especializados. Parece que as pessoas esto comeando a reconhecer o verdadeiro valor da banda? Como vocs se sentem em relao a isso? LINARI: Nos sentimos satisfeitos. E inspirados pra escrever mais can-

    es e fazer mais barulho! Hoje vocs ganham dinheiro com shows? Vocs acham que seriam tidos como traidores, caso a banda comeasse se custear e ter uma maior ascenso?

    Como eu disse antes, no. O que a gente ganha com a msica e gente reinveste na banda (e no bar). Se a gente ganhasse mais grana com a msica, seria timo, mas sabe-mos que isso muito improvvel. E com toda fran-

    queza: estamos cagando pra quem nos chame de traidor, disso ou daquilo.

    Como diz aquela msica do Smack: Mediocridade, afinal!

  • 1514

    ESPASMOS DO BRAO MECNICO

    contato: [email protected]/espasmosdobracomecanico

    O EBM foi formado em me

    ados de 2007 por 3 ami

    gos la no ABC

    paulista. Para ser mais

    exato, Sao Bernardo. Fuk

    uda, Ze do

    Bode e Rodela. Ze e Fuku

    da ja haviam tocado junt

    os na extinta

    Ventana e resolveram

    montar outro projeto, ma

    is simples, sujo

    e agressivo. A banda la

    ncou sua primeira demo

    feita com baixo

    orcamento em maio de 2

    009 e agora encontra-s

    e em estudio

    gravando seu primeiro a

    lbum.

    Confira a entrevista fei

    ta por mim (Ayuso) para

    o SUBmerso Zine.

  • 1716

    1. Quem so vocs? DaonDe vocs so e o Que fazem aQui

    nesse planeta estpiDo?

    somos um trio de rock do aBc e fazemos um barulho estra-

    nho quando acordamos de manh cedo.

    2. porQue optaram em colocar um nome to peQueno na

    BanDa? expliQue o significaDo Do nome para Quem no con-

    hece a proposta.

    a gente fez uma lista de nomes regados a lcool e um de-

    les era espasmos do Brao mecnico. a ideia que todos

    temos movimentos mecnicos. o espasmo o movimento in-

    voluntrio. a quebra.

    3. Do Que falam as msicas Do eBm?

    as msicas tem um teor crtico de quem vive na cidade.

    no possvel aceitar esse modelinho do sonho da vidinha

    classe mdia.

    4. Quanto tempo tem a BanDa e o Que vocs vem fazenDo Do

    comeo at agora? shows, festivais, gravaes, etc...

    o eBm est com 2 anos e meio, mas a gente se conhece a

    muito tempo. comeamos com uma idia de compor 7 msicas

    e depois grav-las, fizemos isso em 5 meses. foi quando

    gravamos a demo vol.1 que era distribuda pro pblico nos

    shows. tocamos em alguns lugares em sp, no interior, em

    Bh. conhecemos gente bacana, gente zoada, gente que d o

    sangue e gente que s ta l pra tomar umas. agora vamos

    gravar nosso primeiro disco cheio, vo ser 11 msicas.

    vamos ver o que acontece ai pra frente.

    5. existe uma cena rockeira forte no aBc? Qual a Diferena

    Da cena Da comparaDa com a Da granDe capital? onDe na

    opinio De vocs como o lugar menos pior para tocar?

    no existe uma cena, no aBc ou em qualquer lugar. o que

    existem so vrios grupos que tentam se organizar da ma-

    neira que conseguem e muitos outros que s se preocupam

    com eles mesmos. tem um pessoal que acha que t competin-

    do com voc por alguma coisa.

    o lugar no faz muita diferena, mas pelo menos uma gua,

    uma cerveja e uma considerao a gente agradece.

    6. saBemos Que a BanDa est preparanDo novo material e

    esto prestes a comear a gravar. como est senDo a pr-

    proDuo Desse material? e o Que as pessoas poDem esperar

    Desse novo registro?

    a pr est sendo importante para definir as msicas para

    a gravao, muita coisa vai sendo alterada.

    esse material como se fosse nosso primeiro registro. as

    msicas esto melhor estruturadas, estamos pensando nos

    detalhes e na produo. esperem um disco feito a mo.

    7. Quem escreve no eBm e Quem canta as msicas? como fun-

    ciona o processo De composio Da BanDa?

    todos escrevemos, cada um canta o que escreve e as letras

    do rodla a gente v quem se encaixa melhor. o instru-

    mental, que fazemos primeiro bem expontneo, um trs um

    riff, vamos improvisando em cima, outras vezes fazemos

    tudo na hora. bem livre.

    8. Qual a opinio De vocs soBre o pBlico De rock anD roll

    aQui no Brasil? o Que Deveria muDar, culturalmente falan-

    Do, para Que os shows De BanDas Que trazem uma proposta

    mais sincera e crua como a De vocs comece a ser recon-

    heciDa e entenDiDa?

    o pblico que gosta de ouvir bandas alternativas bem

    pequeno, a maioria ainda passivo a ouvir o que a grande

    mdia oferece. o Brasil um pas atrasado em tudo, no

    s em relao a rock ou msica. existem pessoas que se

    preocupam mais com a roupa que vo mostrar, do que com o

    som que fazem.

    9. Quais as principais influncias Do eBm?

    cara, uma mescla de punk rock, com sabbath, grunge e

    stoner com letras em portugus. um punkstonergrungiano

    como diria o rgis (somata/Jane Dope).

    10. 8 horas por Dia eu venDo a minha alma, para Qu eu

    no sei, um peDao De mim fica para trs esse peDao

    citaDo trecho Da minha msica preDileta Da BanDa. nesse

    som vocs aBorDam com sarcasmo e revolta a situao Do

    homem perante ao traBalho no munDo moDerno. ento re-

    sponDam vocs para gente Do suBmersozine, Quantos tiJlos

    uma caBea aguenta? Deixe uma mensagem para Quem estiver

    lenDo a entrevista.

    aguenta vrios, ainda tamos tomando uns bem doloridos.

    e viajem bastante...

    valeu por toparem ceDer a entrevista e Que o rock con-

    tinue

    faBricanDo BanDas simples e verDaDeiras como o espasmos

    Do Brao mecnico.

  • 1918

    CLAUD

    IO D

    UAR

    TE CLA

    UDIO

    DUA

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    Clau

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    Ban

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    or L

    eandr

    o Ay

    uso

  • 2120

    e tentar assinar com um selo, excursio-

    nar na gringa, aparecer na MTV, etc...E

    para conseguir chegar a essas conquis-

    tas, parecia que as bandas tinham que

    tentar copiar de forma mais autntica

    possvel o que era absorvido por eles.

    Qual era realmente a postura das bandas

    em relao a isso? Hoje voc ainda acha

    coerente essa idia de americanizao no

    rock nacional?

    No concordo com a idia de cpia no caso

    do In.tense, do Page 4 e do Diagonal. In-

    fluncia no cpia. Se voc pegar estas

    bandas, voc ver que no copivamos nin-

    gum, tudo tem personalidade. H um im-

    pulso, uma fora rtmica e meldica muito

    mais selvagem, algo muito particular em

    todas as msicas, que no se confunde com

    o rock em geral mais duro e meio desca-

    feinado dos estrangeiros. Ou seja, h uma

    veia fortemente nacional no que faza-

    mos, mesmo cantando em ingls. O nome

    In.tense no era brincadeira -- e isso

    literalmente, o som era mesmo in-tenso. O

    mesmo para Diagonal, cujo nome sinteti-

    zava toda uma esttica da angulosidade,

    do desequilbrio, da experimentao etc.

    Sim, h bandas da poca que copiavam os

    estrangeiros sem muita autenticidade, mas

    acho que no foi este o meu e o nosso

    caso. Sobre a americanizao, eu acho que

    uma falsa questo, um falso problema. O

    rock , por excelncia, um estilo ingls,

    americano, europeu. No h como dizer o

    contrrio. Tal como o samba brasileiro,

    eles tm o rock, a msica erudita etc.

    Cantar em ingls uma opo... difcil

    como toda opo. Tem suas vantagens (

    muito mais fcil encaixar uma letra e no

    soar brega ou msica pop) e suas desvan-

    tagens (no ser compreendido no prprio

    pas).

    No sei 100% ao certo, mas ouvi dizer que

    chegou a haver uma proposta ou interesse

    da Roadrunner records em lanar o Intense

    Manner Of Living. O que realmente acon-

    teceu?

    Uma coisa esquisita. Prometeram gravar um

    disco nosso, mas claro que depois no

    rolou. A gente, muito ingnuo na poca,

    quebrou um contrato com a Devil Discos,

    esperando poder assinar com a Roadrunner.

    Ficamos sem nada, no final. S o Garage

    Fuzz e o Killing Chainsaw conseguiriam

    gravar os seus discos. Mas a gravadora

    rapidamente parou de se interessar pelo

    rock nacional quando viu que no teria

    bons lucros com isso. Se com o Garage e

    o Killing eles tiveram pouco lucro, com

    a gente eles teriam francos prejuzos,

    hehe.

    Voc conseguiria fazer uma comparao

    abrangente e crtica do cenrio msical

    de hoje, com o cenrio underground que

    voc vivenciou na dcada de 90? Onde no

    existia internet para se comunicar, e as

    fitas K-7 viajavam pelo correio. Existem

    grandes diferenas perante a postura e a

    busca das bandas na poca com as de ag-

    ora? O rock era mais levado a srio? Por

    qu?

    Olha, o que mais me entristece a super-

    ficialidade e a banalidade da cena atual.

    Eu acho que no h nem 1/5 do interesse,

    da veracidade e da intensidade musical

    que houve no passado. A cena parecia um

    pouco mais autntica, l pelos anos 90 e

    incio dos 2000. No sei se uma viso

    passadista e saudosista de minha parte,

    mas acho que as pessoas tinham um inter-

    esse mais duradouro pelo material grava-

    do, pelas bandas, pelos lbuns. Buscava-

    se conhecer melhor as coisas. Conseguir

    ouvir um lbum de uma banda gringa un-

    derground era uma verdadeira pesquisa,

    uma forma moderna de caa ao tesouro.

    Ol, Claudio. Tudo bem? Peo que faa uma

    pequena e resumida apresentaao da sua

    pessoa para quem esta lendo o nosso zine

    e ainda no te conhece. Nesse momento es-

    tou ouvindo uma demo do In.tense, a prim-

    eria faixa, Lighthouse o nome da msica,

    um registro bem tosco, lembra um ensaio

    gravado em fita k7 em meados dos anos 90.

    E aproveito para lhe pedir que nos con-

    te um pouco sobre todo esse processo de

    desmantelamento das bandas anteriores ao

    In.tense, no caso o I.M.L, at chegar na

    ultima formao consequente dessa primei-

    ra banda, o Page 4. Como foi que vocs se

    conheceram e decidiram montar uma banda?

    Claudio: Ol, sou praticamente um msi-

    co snior do rock brasileiro, hehe. Eu

    comecei a tocar mais ou menos no final

    dos anos 80, incio dos 1990. O IML era

    uma banda de punk-hardcore tradicional,

    no espectro que vai de dead kennedys a

    bad religion, minor threat, descendents

    etc. Era uma banda tipicamente de molec-

    ada de bairro, de gente que se conhece

    por curtir um rock e que decide criar uma

    banda. Apesar disso, ficamos conhecidos

    em alguns estados brasileiros, atravs de

    demos-tape (fitas k-7) enviadas pelo cor-

    reio, por zines em papel, alm de vrios

    shows pelo pas. Uma destas demos teve

    at a produo do Joo Gordo dos Ratos de

    Poro, mais ou menos em 1992 ou 93. Foi ele

    tambm que nos chamou para uma coletnea

    chamada fun, milk and destroy, lanada

    pela Devil Discos, uma das primeiras co-

    letneas paulistas a juntar bandas de

    hardcore nacional (IML, No violence, Kan-

    goroos in tilt, Muzzarellas).

    J o In.tense foi um desdobramento evo-

    lutivo, quase natural do que fazamos no

    final do IML. Teve claramente a ver com

    a passagem da adolescncia musical a um

    gosto mais adulto, menos grosseiro em ter-

    mos de msica. O som se torna bem mais

    complexo e trabalhado, seja em termos de

    acordes, em termos de estrutura ou de

    composio e conceito de letras e letras/

    msicas. O Page 4 foi uma extenso deste

    mesmo projeto (Cludio, Xan, Flvio), s

    que com um baixista novo (o hoje famoso,

    Daniel Ganja Man, produtor e gravador de

    discos, bandas etc.).

    Na poca qual era a maior preocupao de

    vocs, msicos, quando estavam se pre-

    parando para gravar um album, ou uma demo?

    Existia uma busca maior pelo conceito?

    Uma real preocupao com a obra em si?

    Sim, desde o comeo teve uma certa inten-

    o conceitual. No s em termos de let-

    ras, mas tambm em termos de msica, de

    ligar as msicas s letras (seguindo a

    velha lio dos Dead Kennedys). No tempo

    do In.tense e do Page 4 isso se complica

    mais ainda com as influncias de fugazi e

    jawbox. Alis, isso permaneceu ainda mais

    forte no Diagonal, no Maqno e na minha

    nova banda, chamada Siren Bang.

    Acho que o ponto que deve ser ressalta-

    do que sempre fizemos msica para ns

    mesmos ouvirmos. Nunca tivemos inteno

    comercial. Esse o segredo da honesti-

    dade, da maturidade e da validade do que

    foi produzido. At hoje tais msicas (ps

    In.tense) no envelheceram. E por qu?

    Pois elas tm muito pensamento e estudo,

    ou seja, um esforo de autocorreo, de

    lapidao, de corte de partes arbitrrias,

    suprfluas, mal feitas. As msicas e let-

    ras demoravam meses para ficarem prontas

    como tais. Algo totalmente oposto atual

    linha industrial de produo das bandas

    pop ou shopping-underground.

    Quem ouviu e conheceu um pouco do cenrio

    underground brasileiro dos anos 90, tem

    uma idia do que era a mentalidade das

    bandas, aquela coisa de cantar em ingls

  • 2322

    Demorava meses para chegar um disco es-

    trangeiro, s vezes de correspondentes na

    Europa, nos EUA, ou nos outros estados do

    Brasil. Conhecer uma discoteca inteira de

    rock underground reclamava tempo, esforo

    e economia de dinheiro. Programas de r-

    dio especializados facilitavam um pouco.

    Hoje nem isso mais existe, no ? Ir a um

    show de banda nacional tinha um fundo de

    astcia e orgulho coletivo, de conquista

    de independncia, de apoio cena lo-

    cal, sempre capenga e miservel. claro

    que isso fortalecia os vnculos entre fs

    e bandas, entre os prprios msicos e o

    pblico em geral. A msica, mesmo quando

    tosca e mal feita, tinha ainda uma certa

    aura de independncia, de contraposio

    s dificuldades, uma aura que separava-a

    da banalidade da MTV ou da grande inds-

    tria.

    Lembro de um show que tivemos de improv-

    isar um pedestal de prato. Era um boteco

    fedido, l em Guarulhos. Fomos numa loja

    de utilidades domsticas em pleno fim de

    tarde de sbado e compramos dois rodos,

    tiramos os cabos e os colocamos em dois

    blocos de construo civil para segurar

    os pratos. Imagina s isso. Sem falar dos

    amplis levados no lombo, em pleno metr,

    nos instrumentos nacionais, que pareciam

    pedaos de pau com cordas etc.

    Criava-se assim, no entanto, uma cena

    que era menos modista e menos efmera

    que hoje. Ou seja, havia algo como uma

    tradio de rock independente, sofre-

    gamente vivida e por muitos admirada e

    acompanhada. No sei como esto as coi-

    sas hoje, mas acho que tudo ficou bem

    mais fcil e efmero. As coisas, talvez

    porque eram muito difceis e problemti-

    cas, pareciam ter mais qualidade e du-

    rabilidade que hoje. No final, que banda

    boa sobrou ou quais experincias se acu-

    mularam depois de tudo isso? Pouca coisa

    talvez. Sim, deve existir algum acmulo de

    experincia e formao de uma tradio,

    mas deve estar bem escondido no under-

    ground, como sempre foi neste pas.

    Mas isso tudo, essa degradao geral do

    cenrio independente, ocorreu s no Bras-

    il?

    claro que este um movimento mundial.

    As coisas se tornaram puro comrcio no

    mundo todo. s pegar os ltimos dis-

    cos de todas as bandas grandes, ou ban-

    das medianas, ou ento bandas tidas como

    revelao do ano. So meras repeties

    do passado ou trastes, lixeiros da msi-

    ca, feitas por pseudo-msicos. Que o punk

    sempre foi regresso -- at a, tudo bem.

    Mas hoje a regresso da cultura musical

    total e completa, um desastre mundial.

    Falando agora sobre o Page 4, quem ouve o

    som de vocs sente uma enorme influncia

    do post-hardcore e do experimentalismo

    (guitar, noise, etc), bandas como Fugazi,

    Jawbox, Sonic Youth, Sunny Day Real Es-

    tate, etc.

    Na demo Letters From Dionisio, a banda

    exibia um enorme potencial musical, su-

    perando, ao meu ver, as bandas mais con-

    hecidinhas da poca, ex: Pin Ups (outra

    banda do Baterista de vocs na poca, o

    Flvio), Mickey Junkies, etc... pela forma

    mais audaciosa de compor e tudo mais.

    Como voc explica esse suposto anoni-

    mato do Page 4, sendo que a banda era em

    potencial, MELHOR em seu tempo?

    As msicas eram sim muito boas, mas no

    eram fceis de serem ouvidas. Elas ex-

    igiam um certo gosto, um certo refino

    do ouvido musical, at porque as bandas

    que nos influenciavam eram desconheci-

    das. Afinal, quem hoje escuta as bandas

    que voc falou? Alm disso, faltou divul-

    gao, faltou a revoluo do mp3, faltou

    at mesmo a possibilidade de gravar um

    cd, um lbum, de forma barata. Na poca

    era muito caro ainda. No final, quan-

    do a coisa apareceu a banda j havia

    acabado.

    Eu sinto que hoje os novos artistas

    rockeiros brasileiros, que ainda optam

    em manter acesa a chama do rock, no

    sabem 100% do que esto fazendo. tudo

    mais fcil e instintivo, basta voc en-

    trar no google, digitar Dischord, por

    exemplo, e l voc encontra diversas

    informaes sobre as bandas e o ca-

    tlogo do selo para comprar ou apenas

    para fazer mais uma busca no google,

    simples assim, e finalmente chegar ao

    to esperado download da banda que

    voc achou mais interessante. Qual a

    viso que voc tem dessa facilidade

    de acesso arte e a msica em geral?

    Onde isso pode ter afetado a cultura

    nos dias de hoje? Isso tudo no acaba

    se processando de uma forma mais banal,

    empobrecendo e tornando esse contato

    cada vez mais artifical?

    Olha, a coisa regrediu tanto que eu

    conheo adolescentes que nunca ouviram

    um lbum por inteiro, s conhecem msi-

    cas isoladas, s os sucessos, pois

    mesmo quando gostam de uma banda (seja

    nirvana ou metallica) eles s gostam da

    banda porque famosa, e s conhecem

    as msicas que mais tocam e colam no

    ouvido. Tem gente que s ouviu msicas

    de suas bandas preferidas na Tv ou

    por MP3, isto , em um formato de ps-

    sima qualidade comparado ao vinil e ao

    prprio cd (formato wave). Pior ainda,

    talvez, conheo msicos que tocam rock

    independente que nunca ouviram falar

    em bandas como fugazi, jawbox, seaweed,

    quicksand, descendents, samiam, sunny

    day real estate, sonic youth, ou coisas

    mais velhas tipo gang of four, clash,

    talking heads, etc. -- a lista toda seria

    imensa -- ou seja entre ns, mutantes,

    arnaldo batista, patife band etc. Se

    passarmos para o rock progressivo (king

    crimson, gentle giant...), para o funk,

    o rock tradicional, para o heavy metal

    etc. a coisa deve piorar ainda mais.

    O problema da internet que a aceler-

    ao do acesso informao vem junto

    com a fragmentao e a desqualificao

    ainda maior dessa informao. Ento,

    fato: ningum conhece mais lbuns,

    ningum tem mais pacincia e cultura

    de ouvir um lbum inteiro, alis, nin-

    gum sabe mais por que um LP se chamava

    lbum. Isso vem acompanhado na msi-

    ca nacional de uma invaso de bandas

    com melodias pop, com modelos de hit

    pr-fabricados, uma verdadeira sopa de

    nen. Uma cultura pop do puro mau gos-

    to. Por outro lado, muito provvel que

    algumas bandas atuais tenham acumulado

    ou estejam acumulando uma experincia

    do passado e fazendo discos melhores -

    preciso procurar, coisa que no tenho

    mais tempo.

    Chegamos ao Diagonal, o som entorta

    ainda mais e parece buscar ao mximo

    por complexidade. Explica para gente o

    que vem a ser essa transio ou des-

    vio, do post-hardcore ao Math rock? Foi

    uma escolha conscinte ou tudo que foi

    produzido desda poca do I.M.L. era uma

    consequncia daquilo que vocs vier-

    am absorvendo musicalmente atravs dos

    anos?

    A inteno no era complicar por com-

    plicar, para posar de nerd ou pro-

    gressive rock. O fato que msicas

    mais bem feitas, mais bem arranjadas,

    mais tortas, do maior prazer em fazer

    e em ouvir. Tudo parte desse princpio

    de atender uma necessidade de criao

    propriamente nossa, que no tem nada a

  • 2524

    ver com o mercado, a moda, ou um estilo chamado math rock. Alis, conhecemos esse

    nome de estilo, junto com o faraquet, bem depois, s depois de gravado o primeiro

    disco. A influncia principal sempre foi jawbox, fugazi e gang of four.

    Como ficou dito l trs, o diagonal foi um desdobramento evolutivo natural do que

    eu vinha fazendo anteriormente. Muita gente acha os dois CDs do diagonal ainda hoje

    uns dos melhores discos do rock independente nacional.

    O ultimo projeto seu que tive contato, foi o Maqno, onde voc resolveu cantar e com-

    por em portugus, consegue exteriorizar o que muda estruralmente compor e fazer

    rock em nossa lngua? Existe alguma chance de alguma dessas bandas voltarem a se

    reunir um dia?

    Acho que temos de ver as bandas como reunies contingentes, histricas, que duram o

    quanto precisam e devem durar. Qualquer reunio algo forado, artificial, falso.

    Quando voltei a tocar com o Sergio (ex-diagonal e debate), no Siren Bang, no foi

    para relanar algo com o e como o Diagonal, mas para fazer algo novo, algo que no

    tnhamos feito ainda. O Maqno foi uma tentativa de composio em portugus de um

    rock mais simples. O Siren Bang algo neste mesmo estilo, mais simples, direto e

    danante. Mas voltamos a compor em ingls.

    Para fechar, falamos um pouco sobre o seu Eu Lrico, cantando ou no em ingls,

    tenho certeza que sempre ouve uma enorme preocupao sua com a mensagem. Correto?

    Desde quando voc vem escrevendo e sobre o qu? Tem um blog, fale um pouco sobre esse

    seu trabalho, se quiser comentar sobre a revista sinal de menos, sinta-se a avontade.

    Cada um escreve principalmente sobre o que vive, sente e pensa. Eu li muita coisa

    na vida, escutei muito disco, vi muito filme.

    Tudo isso forma um jeito de ser e um modo de pensar. Eu fao da msica uma forma

    de crtica sociedade capitalista, sociedade do lucro, da mercadoria e do tra-

    balho. Mas isso usando uma forma elaborada de metfora e de metonmia, associadas

    sonoridade fora de esquadro. Nada to direto, claro, mas tambm nada to etreo e

    inclassificvel.

    Deixe uma mensagem para quem acompanhou a entrevista at agora.

    Escutem Siren Bang gravamos um disco inteiro agora em fevereiro. Link para uma

    msica da demo:

    http://soundcloud.com/sergiougeda/combatcar

    Logo logo deixaremos o link do disco aqui no blog. Pra quem no sabe, siren bang

    um nome dbio que, em chins, quer dizer outra coisa, bem mais secreta que simples-

    mente o Estrondo da Sirene ou o Golpe da Sereia, hehe.

    Alm disso, escute as novas e antigas bandas nacionais, apie o trabalho de quem

    lida com a nossa realidade, assim voc ter como se engajar tambm em projetos prp-

    rios de forma menos abstrata e alienada.

    Muito obrigado pela ateno e receptividade Claudio.Grande abrao,

    Leandro Ayuso (editor e idealizor do SUBmerso Zine).

    Literatura SUBmersa

    o capitalismo como regime de exceo permanente cludio R. Duarte

    Viver na sociedade moderna estar sujeito a inmeras ordens coercitivas. ordens econmicas, polticas, sociais, morais, psicolgicas. ordens gerais que comandam o fazer, o viver, o agir, o pensar e at o sentir e o sonhar. A primeira des-sas coeres o trabalho, o trabalho em abstra-to, para fins de aumentar um capital. Trabalhar sem parar, fazer coisas estpidas, inteis, sem sentido, num ambiente de competio selvagem, sem considerao para com os reais interesses sociais ou se as coisas produzidas tero consequncias

    ambientalmente destrutivas. Apesar de estarmos numa suposta sociedade livre e democrtica, temos de nos ajustar s normas sociais alienadas, decididas por ningum mais seno o mercado e o estado. claro que no h sociedade sem lei, sem normas, sem valores ticos. Porm, a sociedade que busca o lucro para a infinita acumulao de capital nos impe cegamente uma lei, uma ordem social que, no fundo, violenta in-cessantemente a prpria noo de lei. o dinamismo da sociedade burguesa o movimento violento de capitalizao de lucros -- contra os homens e contra a natureza. no h limite passvel de controle social consciente quando a ordem a explorao e a dominao social sem fim. no deveramos nos espantar, por exemplo, que o capitalismo tenha fei-to renascer a escravido em pleno mundo moderno, na europa humanista, no sculo XVi. no Brasil, a escravido chegou quase at o sculo XX. A abolio da escravatura ocorreu apenas em 1888! Tambm no de se estranhar que ainda hoje mais da metade da populao mundial viva com menos de dois dlares por dia, em condies muito piores do que a de um escravo ou de um servo da idade mdia. ns, os modernos, quem vivemos na verdadeira idade das trevas. De fato, o capitalismo no um sistema de produo racional feito para atender s necessidades humanas. seu alvo primordial produzir sem lim-ites para o lucro privado. Para isso, o capitalismo sempre est se exce-dendo e sempre empurrar a sociedade para o excesso. em sua mais ntima essncia, o capitalismo pode ser definido como um estado de exceo per-manente: a exceo, o excesso, a falta de limites a sua regra funda-mental. claro que h leis sociais que o buscar regular. mas estas so leis que o autorizam a funcionar como tal, isto , leis que o legitimam a explorar e a dominar as populaes e a natureza. Leis que o autorizam, portanto, a pilhar, danificar, arruinar e destruir, sim, at um certo ponto mais ou menos extremo, previsto pela prpria lei. As leis jurdicas capitalistas apenas probem e punem a explorao e a dominao quando a pilhagem, o

  • 2726

    Efeito InfinitoPor Andr PiJaMar Da primeira vez que serj esteve no inferno, sentiu uma decepo exacerbada. Afinal, ele havia passado os trinta e trs anos de sua vida acreditando que o lugar era, no mnimo, aterrador. no fim, o inferno era como uma repartio pblica, de paredes mofadas, higiene duvidosa e desleixo por parte de seus, digamos, funcionrios. claro, havia muito de odioso e demonaco naquelas instalaes, e nada de ordinrio ou divino nas figuras que perambulavam apressadas por l, carregando documentos, or-ganizando mesas e despachando novos convidados. sim, convidados. serj ficou surpreso ao descobrir que ningum, de fato, era obrigado a ir ao inferno. no fim das contas, no ps-vida voc era convidado pela faco que tinha interesse em sua mo de obra. As diferenas entre cu e inferno eram mais como aquelas de partidos polticos de ideo-logias opostas, ou ainda, de empresas concorrentes. nada das diferenas mortais, apoc-alpticas, dignas de guerras colossais capazes de determinar o destino da raa humana... Frustrante, tudo muito frustrante, com certeza, mas a casa de Lcifer (como repetiam seus integrantes quando desejavam boas vindas ao recm-chegado serj) tinha seus encantos. Aqueles que caminhavam por l no eram exatamente pessoas, mas sim uma espcie de rep-resentao exagerada da figura humana em decadncia. Alguns se arrastavam sobre membros de menos, enquanto outros chacoalhavam pernas e braos demais. Alguns de fato projeta-vam chifres ou rabos, mas era raro ver as duas caractersticas num s indivduo. Alm do mais, os chifres e rabos das ilustraes de demnios no mundo onde serj nascera no eram nada como os que ele vira ali, que eram mais animalescos, mais rsticos e protuberantes, todos inflamados e avermelhados, como se fossem resultados de alguma mutao ou doena.havia beleza, tambm, no lugar onde serj estava. mulheres de sensualidade sobre-hu-mana, vestindo cores pouco usuais em suas peles, carregando inestimveis olhares de luxria, donas de curvas impossveis e surreais, mas simtricas e hipnticas, sinuosi-dades de imensurvel delcia. homens gigantescos de torso triangular, exuberando viri-lidade e confiana, caminhavam de forma pesada, impondo submisso aos feios e fracos. os cheiros do inferno eram muitos, mas nenhum lembrava enxofre. Alis, fogo, serj s vira na lareira do refinado quarto onde encontrou seu negociante.Aps atravessar corredores estreitos, alas subterrneas, saletas pequenas e grandes ga-lerias, todas apinhadas dos seres surpreendentes que habitavam o inferno, serj chegou ao seu destino. o homem que lhe esperava era gordo, de pele cor de vinho, e vestia um palet xadrez verde e roxo. o homem cheirava a usque nobre e tabaco, e tinha nos lbios um cachimbo apagado. A serj, ele mais parecia um personagem de histrias em quadrinhos de super-heris. Ah... serj, imagino disse a criatura, enquanto se levantava de sua poltrona com sur-preendente agilidade.serj assentiu com um aceno de cabea e um sorriso. est um pouco atrasado, se me permite dizer. Pois . esse lugar uma... Bem, uma bela perdio.o homem gordo cor de vinho riu alto, seu gargalhar soava como o relinchar de um cavalo velho. nada como o sarcasmo! uma boa dose dele por dia deveria ser recomendada a todos de corao amargo, sempre digo. o homem parou de falar por alguns instantes para acender seu cachimbo. com o acessrio aceso, voltou a falar: se estou certo, essa sua primeira vez aqui. o que achou? De nossa casa, quero dizer? no exatamente o que eu esperava, tenho que admitir... mas o lugar tem seu charme.o homem caminhou at o lado de serj, pousou a mo sobre o ombro esquerdo do rapaz e apon-tou para uma mesa de escritrio e duas poltronas estofadas, lado a lado, ambas de madeira nobre e escura, da cor da gata. espere at conhecer a Fornalha. L as prostitutas fedem a perfume barato e a comida

    dano e a destruio se tornam totais e completamente irracionais, im-pedindo a continuao do ciclo reprodutivo do capital. enquanto esta autodestruio no acontece, praticamente tudo permitido e liberado. numa sociedade que tem a exceo e o excesso como regra, o viver e o pen-sar tambm no tero limites racionais, dentro de uma realidade sensv-el, socialmente compartilhada. o sistema modela cegamente uma forma de vida geral, uma cultura, um modo de vida, que tende a transcender todas as classes e que regula o pensamento e a vida de todos os que se sujeitam ao mercado e ao estado. em tais condies a ordem social transfigura-se em uma ordem de gozo ilimitado embora o gozo seja para muitos mais uma imagem evanescente do que uma realidade propriamente dita. como dizia guy Debord, o capital atinge um tal grau de abstrao e al-ienao que se torna uma ordem de gozar a mera imagem espetacular das coisas, de simular o gozo do produto social que nos foi arrancado. A riqueza se torna ento algo supremo, exterior, separado, fora de nosso controle, um fetiche. na sociedade espetacular a ordem , mais do que ter, aparecer como vencedor e gozar a qualquer preo a imagem do suces-so. nenhum futuro humanitrio nos olha e nos espera, mas apenas a careta violentamente cnica e ameaadora do j existente. Aqui, o cu, conver-tido em inferno social real, o limite. Tanto como na esfera concreta do trabalho e da produo de capital nenhum valor ou limite deve ser ob-jetivamente aceito, e j nada mais legtimo por si s. o capitalismo se torna um gigantesco processo de dessacralizao, de desmitologizao, de profanao de limites socialmente partilhados. Pois qual hoje o limite do comrcio humano? estamos talvez atingin-do o pice da mercantilizao do mundo. Tudo pode ser comprado e ven-dido. Tudo pode ser medido em dinheiro e transformado em uma reles ou uma carssima mercadoria. no h limite que impea algum de comprar e vender qualquer coisa. Pense-se na mdia de nosso tempo, nos programas de televiso, nos filmes, nas novelas, nas msicas, nos reality shows, no turismo, nas propagandas, nos jogos eletrnicos. Pense-se em toda a esfera de valores, determinada pelo consumo desenfreado. mas pense-se, antes de tudo, na esfera insana do trabalho capitalista, que a determina: as horas perdidas em frente de um computador ou do volante de um carro ou de uma escrivaninha vagabunda, enquanto populaes inteiras no sabem nem o que comer, vestir, morar, ler ou ter sade. no s os executivos no se importam e so frios calculistas, puros zumbis da produo de lucros. o sistema econmico molda totalitariamente o pensamento de to-dos. o motoboy cachorro-louco, se precisar, passa por cima da perna da av que passeava pela rua, o caminhoneiro, sem muita questo seno a do seu salrio mensal, pouco se importa se a carga que ele leva contm a histria da destruio de uma regio rural e o lucro para outras regies mais distantes, tanto quanto o marqueteiro ou o manager se importam se as suas mega-vendas iro poluir e enterrar o mundo sob imensas pilhas de sucata. nesse sentido que o regime de exceo se tornou a regra: seu objetivo exceder quaisquer limites naturais e sociais, destruindo consigo a o futuro do homem na terra.

  • 2928

    lastimvel, mas as bebidas que os bares da regio oferecem so fenomenais esta ltima palavra, ele pronunciou slaba por slaba, gesticulando com as mos no ritmo de sua voz.os dois caminharam at as poltronas e se sentaram. serj reparou que o homem era mais baixo que parecia, coisa que a obesidade da figura lhe impedira de notar antes.sobre a mesa, havia uma caixa de charutos. o gordo a abriu, retirou um e ofereceu a serj, que recusou com um gesto. Desculpe... no sei seu nome disse serj.o homem levou as mos larga testa e a estapeou, produzindo um som agudo e cmico. mas claro! Que indelicadeza. meu nome Ramn, o Astuto, a seu servio.Ramn, o Astuto se levantou, curvou seu tronco gordo de forma exagerada, numa revern-cia to hilria que serj teve de se esforar vigorosamente para no deixar escapar uma gargalhada. Ramn, o Astuto repetiu serj, como que para fixar o nome em sua mente. na verdade, porm, pensava em como aquilo tudo era surreal, mais parecia uma stira de baixo ora-mento de Alice no Pas das maravilhas.Ramn sentou-se e comeou: melhor que eu seja direto. Preciso lhe perguntar, qual seu interesse em meus negcios, e como lhe posso ser til?serj se ajeitou em sua poltrona e franziu o cenho, antes de responder: Achei que eu havia deixado bem claro para a sua assistente.serj fez uma breve pausa, juntou a ponta dos dedos das mos e, encarando o enorme ser sua frente, falou: Quero comprar um demnio.Ramn suspirou, meio sorriso nos lbios que ostentavam seu grande cachimbo, os dedos das mos tamborilando sobre sua imensa pana. ela me falou. mas sabe, achei ter ouvido errado... no todo dia que aparece algum do lugar de onde voc vem, interessado em comprar um dos nossos.Aps sugar a fumaa para seus pulmes e exal-la devagar, ele continuou: se me permite perguntar, para que deseja adquirir um demnio?serj bufou, contrariado, e retrucou: no tenho que lhe dar satisfao alguma. estou preparado para pagar o seu preo. me disseram que voc o melhor comerciante por aqui, e sabe reconhecer uma boa oportuni-dade.neste momento, entrou pela porta da sala um pequeno homem, com o corpo completamente coberto em pelos cinzas, de olhos redondos e brancos, sem pupilas. seus lbios estavam costurados. serj reparou que suas unhas haviam sido arrancadas. Agora no, sombro! Ramn vociferou, enquanto se levantava e balanava os braos, es-pantando a pequena criatura.Parecendo decepcionado, e murmurando de forma ininteligvel atravs dos lbios costura-dos, o homenzinho feioso saiu. A situao deixou em serj uma sensao que era um misto de apatia e repulsa aquilo tudo era to aliengena, to horrivelmente fantstico, que ele no conseguia evitar em sentir-se completamente separado daquele lugar e daqueles personagens. onde estvamos? indagou Ramn.serj fez meno de comear a falar, mas foi interrompido pelo outro, que fez um aceno com as mos indicando que se recordara: Longe de mim me intrometer em seus negcios, caro senhor. A questo que, se eu souber qual seu objetivo, posso lhe oferecer um produto mais adequado As palavras produto e adequado ele pronunciou com um sorriso irnico nos lbios. mas claro que devo respeitar sua discrio, se preferir manter seus propsitos para si.serj balanou a cabea, e disse: Tudo bem. Preciso infernizar, desculpe o termo, a vida de algumas pessoas. no quero causar nada mortal ou fatal, se fosse o caso, contrataria um assassino. Quero apenas atorment-los, tornar suas vidas um bom tanto pior.Ramn assentiu devagar com a redonda cabea e, sem mais uma palavra, se levantou.carregando a pequena garrafa de vidro escuro atravs dos confusos e tortuosos corredores do inferno, serj pensou como aquilo havia sido simples. e barato, alis... Aquela babo-seira de contrato com demnios, vender a alma ou selar pactos com sangue fazia bastante sentido em filmes ou livros, mas a verdade que aquela fora uma transao no muito diferente das outras que serj executara durante sua vida cotidiana o pagamento foi

    feito com o bom e velho dinheiro, e o acordo, selado com um costumeiro aperto de mo. serj estava, de qualquer forma, satisfeito com a facilidade com que o negcio fora ex-ecutado. Apesar de ter sentido certa decepo quanto aparncia da casa de Lcifer, por fim se encontrou aliviado, agora que estava de sada.Ramn lhe explicara que, dentro da garrafa, ele encontraria um pequeno pergaminho en-rolado contendo as instrues de uso e o certificado de garantia eterna do produto. Tudo foi muito simples, muito prtico, muito tranquilo. Pronto disse serj ao seu acompanhante, mauro, o amigo de um amigo de um primo. mauro havia lhe indicado o lugar, e o esperava fumando um cigarro numa das portas que levavam de volta ao seu mundo , podemos ir.mauro pendeu a cabea de lado por um momento, olhando a garrafa que serj carregava. Te deram uma das pretas falou. Deve ter sido uma barganha, porque uma dessas cos-tuma custar uma bela fortuna.mauro arremessou a bituca de seu cigarro no cho de terra. Aps alguns segundos, uma criatura albina, sem olhos, passou assustada por ns, cheirando o cho ao seu redor at encontrar a bituca, para ento devor-la sem cerimnias. Foi ok disse serj. Ramn disse que a procura de tormentadores est em baixa. Achei que era conversa-mole. Deve estar em baixa, mesmo. com a crise l em cima e aqui embaixo, as pessoas preferem cuidar elas mesmas de suas prprias vinganas.os dois caminharam atravs do portal, que levava a um tnel escuro e cheirando a patchouli. o tnel era uma mera formalidade, mauro dissera a serj quando eles o atravessaram pela primeira vez, apenas uma forma de evitar confuses. no incio, assim que voc atravessava um dos portais, ia parar instantaneamente do outro lado, num dos locais de transferncia. era muito confuso para a maioria das pessoas. elas se sentiam perdidas, desorientadas. A soluo dos tneis havia sido uma conveno roubada da literatura fantstica. o cheiro de incenso, mauro acrescentara na ocasio, era para que os hindus associassem o lugar a conforto, familiaridade. Quem diria, justo eles, no judeus ou catlicos ou evanglicos, sempre foram os mais resistentes a entrar no inferno. considerando a quantidade deles, os responsveis acharam no mnimo importante tentar agrad-los. e a? era o que voc esperava? perguntou mauro enquanto atravessavam o tnel que le-varia de volta pra casa. o inferno? indagou serj.mauro apenas assentiu com a cabea. serj continuou: sinceramente, no. no muito pior que o centro da cidade durante os feriados de fim de ano... Fiquei um pouco... Decepcionado? , eu tambm me senti assim da primeira vez que vi a casa de Lcifer mauro falava com a autoridade de algum muito mais experiente, e essa atitude descon-certava serj. mas, depois que voc percebe a quantidade de oportunidades que o lugar oferece, passa a se sentir surpreso, de uma forma positiva. Voc vai ver.serj encarou o homem, e falou: no pretendo voltar. J consegui o que queria.mauro sorriu, mais daquela arrogncia se espalhava pelo seu rosto, e disse: mas vai voltar. eu garanto.os dois seguiram o restante do caminho em silncio e, aps atravessarem para seu mundo, se despediram com um aperto de mo. os dois nunca mais se viram.

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    enTo mAnDe um e-mAiL PARA AnDR PiJAmAR mARcATTi e soLiciTe seu eFeiToinFiniTo...

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  • 3130

    ROCK NELESProjeto idealizado por Layr

    Barci e

    realizado em parceria com o sinfonia

    de ces, reunindo no mis (museu da

    imagem e som) bandas, shows, entre-

    vistas, exposies de fotos, videos,

    clipes, documentrios e curtas.

    02, 03 e 04 de dezembro de 2006

    LAYR BARCI HAter SOnicS

    FuzzFAceS

    POPStArS Acid KillerS

    SeAMuS

    SHed

    HAtS

    Fotografia SUBmersa

    ludOVic

  • 3332

    Paulista de Audio Visual) e comeamos o trabalho. o Rock neles! foi o nosso filho cara. me-ses e meses estudando, reunindo a galera, indo em reunies, selecionando o material de toda galera que mandava coisas pra gente, concliando as agendas das bandas que gostaramos que estivessem la, dando entrevistas, foi foda.. eu jamais conseguiria fazer isso sozinho. os ces depois enviaram vrios projetos pra outros lugares e conseguiram uma verba legal pra realizar festivais e aes culturais.

    Voc ainda fotografa bandas em shows, ou faz suas promos? Vi fotos suas do color Tv re-centemente. curto muito seu estilo PB contrasteado, fotos feitas com Filme, sempre achei seu estilo similar ou talvez inspirado no trabalho do fotografo charles Peterson, ou estou divagando demais?

    Layr - eu fotografo menos shows do que gostaria, infelizmente fotografei a oBmJ (orquestra Brasileira de musica Jamaicana) e o Peixoto e maxado, ambos na chopperia do sesc Pompia re-centemente fotografei um show do Jair, agora em carreira solo la na Livraria da esquina. um ou outro showzinho.. no fotografo mais bandas com a mesma intensidade de antigamente.atualmente dificilmente uso filme, os equipamentos digitais e a ps produo fazem com que as imagens cheguem muito perto da qualidade obtida pela pelcula. toda minha referncia so fotgrafos que utilizavam filmes e muitos provavelmente o utilizam ate hoje, se houver re-cursos para tal.. eu s fui conhecer mesmo o trabalho do charles Peterson mais tarde quando passei a ouvir comparaes do periodo que estvamos vivendo com o selo sub Pop em seattle e tal.eu acredito que o que vivemos naquele perodo, deve ter sido algo muito prximo (numa escala bem menor, obviamente) fase grunge e ao hype de seattle. Acho que o que me aproxima do trabalho do Peterson o estar ali na cena de verdade, estar presente de corpo e alma na situao ja tive flash quebrado, ja levei banho de cerveja, pezada na cara e rastejei no palco pra fotografar. eu consigo transmitir um sentimento nas minhas imagens pois existia uma ligao real ali. eu fazia parte daquilo.

    Li no seu release do Flickr umas palavras interessantes, onde voc diz que acredita na su-premacia da imagem sobre a palavra, gostaria que voc explicasse essa sua viso.

    como todo fotgrafo que se preze (hahahahah) acredito que uma imagem comunica mais e mel-hor do que qualquer texto. mas isso pode ser uma armadilha, como ja dizia um clebre fot-grafo americano (esqueci o nome dele agora): As fotografias no mentem, mas os mentirosos podem fotografar. Por exemplo, quando voce se depara com aquela imagem de dois politicos com os rostos muito proximos, insinuando um possivel beijo. na verdade o que aconteceu? eles estavam se cumprimentando, deram um abrao e por alguns instantes seus rostos esta-vam proximos. nada alm disso. mas um fotgrafo mentiroso pode divulgar essa imagem dando a entender que existia algo entre os dois, possibilitando uma interpretao equivocada dos fatos.quando na verdade foi apenas um cumprimento entre duas pessoas. responsabilidade do fotgrafo divulgar imagens que sejam fiis a realidade. odeio fotografias mentirosas. o Layr Barci ainda acredita no rock e na msica eletrnica?

    Pra caralho! me identifico muito com esses generos e os valores que, de uma forma ou de outra, eles transmitem. e se voce ja assistiu o filme 24 hours party people voce capaz de entender como e porque esses estilos no so to distantes ou antagnicos. simplesmente existiu um desenvolvimento tecnolgico e algumas bandas passaram a utilizar sintetizadores com guitarras, baixo e baterias. muito interssante assistir a alguns documentrios da BBc que mostram a evoluo do Rock, ou o surgimento da musica eletronica na inglaterra e a in-fluencia que teve no underground de chicago e Detroit, por exemplo.msica realmente nao tem fronteiras cara.estava assistindo uma entrevista com o morrisey pra BBc e ele fala isso sobre msica: music is a very personal thing, and does free people, at least mentally they hear music and they belive that they are free, and believe that anything is possible.of course it isnt, but. thats the power of music. Acho que depois dessa no preciso falar mais nada n? Agradeo pela ateno e a receptividade em aceitar meu convite para entre-vista, layr. Peo para que deixe suas ultimas palavras para quem estiver lendo o submerso Zine.Faa alguam coisa agora. Daqui 30 anos vamos estar todos mortos. ningum ser julgado por nada e voce no voltar a existir. o futuro agora.

    conTATo: [email protected] / http://www.flickr.com/people/layrbarci/

    ol Layr, tudo bem? Tudo bom Ayuso, e voc?

    Fale um pouco sobre voc, seu trabalho e estudos como fotgrafo e o que te levou a registrar toda uma safra de bandas independentes, foi tudo por acreditar no rock?

    Layr - o meu envolvimento com o rock se deu atravs do Jair e foi abso-lutamente por acaso. estudvamos jornalismo no mackenzie e um dia ele me perguntou: Layr, voc fotografo n? minha banda vai tocar l no outs amanh. que tal fazer umas fotos l? Foi a primeira vez que me deparei com o Ludovic e posso afirmar com certeza: mudou minha vida. sei que soa cafona e um clich, mas a mais pura verdade.comecei uma amizade com os caras da banda (o Febry era o guitarrista na poca) e todo final de semana estvamos juntos, viajando pra tocar. eu meio que me sentia parte da banda tambm.fazia flyers, era motorista (todo mundo bbado e podre eu assumia o volante na volta pra casa) enfim, esses anos (que no sei ao certo quantos) foram muito ricos sob vri-os pontos de vista. ramos super unidos mesmo. Voce perguntou sobre acreditar no rock acho isso meio bobagem, essa coisa de levantar bandeiras e se colocar numa posio messinica de algum movimentou, acreditando que s o que voc faz digno, honesto e verdadeiro e os outros so uns vendidos, toscos e traidores do movimento. eu acred-ito nas pessoas e no talento por trs disso tudo, independentemente de generos ou estilos musicais. eu escuto musica o dia inteiro. mesmo nos meus roles de bile, trabal-hando ou cozinhando, nao importa.ipod neles! o melhor estudo para um fotgrafo ver imagens, pois na hora de fotografar voc fotografa com referencias de possveis enquadramentos. voc sabe o que funciona ou no. eu sempre cito a agencia magnum como minha principal influen-cia. e por incrvel que parea eles no possuem fotgrafos de palco. A cartela de fotgrafos variada e extensa, e todos ali so muito com-petentes no que se propem a fazer. eu posso ensinar qualquer um a usar um equipamento, entender princpios bsicos da fotografia, a tcnica do processo isso fcil.fazer uma BoA foto que no se ensina!

    como surgiu a idia de idealizar o projeto Rock neles? sabemos que voc no o organizou sozinho, como foi ter a parceria do sinfonia de ces na produo?

    Layr- Foi fundamental eu diria. A influencia deles muito grande na cena (sei que naquela poca era, hoje estou por fora).eu conheci o sinfonia de ces atravs do Ludovic. que foi umas das bandas convi-dadas a tocar no primeiro Festival organizado pelos ces. conheci toda a galera e pela primeira vez tive a noo do tamanho da movimentao das bandas independentes, e da importncia de ter aquilo documentado. J no segundo, fui escalado pra fotografar todas as bandas e quando me dei conta j era um co!!! comecei a fotografar vrios shows do PAK, Vincebuz, entre tantas outras bandase depois de muitos meses fotogra-fando vrias galeras, eu j possua um material bacana pra montar uma exposio de fotos. dai surgiu a ideia do Rock neles!.que na verdade foi uma tentativa de mostrar a nossa produo para um publico maior. na poca eu estava ajudando o Jair a produzir o documentrio o espao do Baixo e Vil e no faziamos idia de como lana-lo (inclusive ele foi editado e finalizado pelos ces) foi ai que pensei: cara, vamos expor minhas fotos e mostrar seu documentrio no mis (museu da imagem e do som aqui em so Paulo). L fui eu bater na porta do mis, conver-sar com a diretoria e entender como funcionava a criao e seleo de projetos. montei o projeto bonitinho, conversei com uma galera que tambm estava produzindo documentrios ou video clipes (o cleiton que organizava o Kool metal Fest, no Jabaquara, estava filmando) e decidi incluir no projeto a exibio de curtas, video clipes e documentrios. e claro os shows!! Foi aprovado pelo chiquinho (organizador da mostra

    AgenteS

    Fud

    lA cArne

    ASterdOn

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    1. Quem cLAyTon mARTins? DAonDe Veio A ne-

    cessiDADe De comeAR A TRABALhAR com AuDio?

    clayton martin falando na terceira pessoa

    um cara em busca do sagrado e da vida ple-

    na, e ele comeou a trabalhar com audio

    depois de vrias tentativas de gravar demos

    em estudio e ficou desolado... nunca saia o

    som q ele ouvia na cabea . isso desde 94

    mas se concretizou mesmo nos idos de 2001.

    2. QuAnDo suRgiu o esTDio suBmARi-

    no? QuAL o moTiVo Que Te LeVou A comeAR

    A gRAVAR suBmeRso em seu suBmARino?

    surgiu em 2000 , 2001 quando eu comprei uma

    tascan porta studio de 4 canais K7 , e comeei

    a gravar as primeiras coisas do que viria a

    ser minha banda a vaca de pelucia na poca.

    nunca pensei em montar um estudio e trabal-

    har com isso ... foi acontecendo , mostrava

    as demos do VAcA pros amigos e eles adora-

    vam as msicas , o arranjo e a sonoridade e

    me pediam pra gravar aqui...a foi rolando

    , acontecendo , nunca fiz propaganda , nao tenho site , myspace , nada... a coisa foi segmentando de boca em boca e acho isso o mais impression-ante , ja fiz varios discos classicos do rock independente aqui. usando o q eu tenho aqui , j gravei discos c/ um microfone s. ...e ficou bom.

    3. FALe um Pouco soBRe Teu LAnce como msi-

    co, iniciADo nos os osTRAs, e A TRAn-

    sio PosTeRioR com o suRigimenTo DA BAn-

    DA VAcA De PeLciA, AT os DiAs De hoJe.

    AonDe isso TuDo Te inFLunciou como PRoDuToR?

    pois , o lance dos ostras foi em 94 , mas an-

    tes disso eu tocava numas bandas de covers ,

    mas os osTRAs foi a primeira banda de musica

    prpria minha , que virou profissional mesmo

    de fazer shows com cach , viajar e etcs. De-

    pois desisti de tudo , de tocar , fui morar na

    praia e a depois de dois anos de conflitos

    existenciais (entre 97 a 99) voltei a tocar

    bateria , aprendi violao , guitarra , voltei

    da riporongagem e comecei a tocar com o JuPiTeR

    mA que um dos meus compositores favoritos ,

    nessa poca tambm conheci o fernando catatau

    q me convidou pra tocar com o ciDADo insTigADo

    q minha principal banda e trabalho at hoje

    . o que realmente me influencia como produtor

    ouvir coisas , sonoridades , que me chamem

    a ateno , coisas novas , antigas e tentar

    transportar isso pro estudio . quase um estudo

    de acustica olho ...

    4. FALe um Pouco DAs BAnDAs Que Voc J gRAVou

    A no suBmARino e Veio PRoDuZinDo nos LTimos

    Anos.

    bom ...minha memria meio falha, mas ja pas-

    saram poraqui : Thee BuTcheRs oRchesTRA ( quase

    todos os discos), FuZZFAces, BinicA, AuToRAmAs,

    gAsoLines, DeTeTiVes, The DeAD RocKs, 7mAgniFicoZ

    (ARg) ,ecos FALsos ,monAuRAL, AsTRonAuTA Pinguim,

    JuPiTeR mA, mARgAReTh DoLL RoD( usA) , css , gA-

    RoTAs suecAs , sWeeT cheRRy FuRRy, etc.. produzi

    recentemente o album musTAng BAR da sTeLA cAm-

    Pos... o q eu me lembro agora ...deve ter mais.

    5. como FuncionA seu ReLAcionAmenTo com As BAnDAs

    Que Te PRocuRAm PARA gRAVAR?

    Procuro deixar eles mostrarem o que so e o que querem

    , e pora eu sempre do minha contribuio, falo o que

    eu acho , quase sempre eu ajo como produtor mesmo,

    mesmo que eu nao cobre por isso , gosto de fazer

    coisas legais , nao meia boca, por isso sempre do

    minhas opinioes sinceras...coisa que as vezes assus-

    tam e desanimam algumas pessoas que j passaram por

    aqui... tem gente que nao sabe tocar e pensa que sabe

    muito, quer fazer coisas que nao pra ele...a fica

    dificil ,ou acha que ser tosco nao saber fazer nada

    certo, mas normalmente eu ajudo sem-

    pre e procuro tirar o melhor das pessoas.

    6. o Que mAis Te inFLuenciA nA hoRA De gRA-

    clAYtOn MArtin

    Vintage SUBmerso

  • 3736

    VAR um ALBm De um ouTRo ARTisTA? QuAis so

    os seus PRoDuToRes De RocK PReDiLTos?

    no tenho produtor preferido. Tenho discos preferidos

    e bandas preferidas, acho que no fim o que importa

    mesmo se a msicA boa. Tem tanto disco mal gravado

    que bom pacas... pega o white light /white heat do

    velvet underground... parece que algum deixou 2

    microfones gravando e saiu fora, mas o disco lindo!

    7. cLAyTon, PARA Quem Te conhece, sABe Que mui-

    TAs VeZes Voc VAi PARA ensAios e shoWs De suAs

    ResPecTiVAs BAnDAs De niBus, coRRe-

    To? o Que Voc Achou Desse AumenTo nA con-

    Duo? Voc no AchA Que isso AcABA ATRAsAn-

    Do o LADo De ToDo munDo? como LiDAR com isso?

    o que eu acho disso? Acho essa prefeitura do

    kassab (psdb) horrivel , essa men-

    talidade careta t transforman-

    do so Paulo numa grande cidade do interior,

    transporte pblico no pra dar lucro, servio

    publico, um servio que a gente paga caro

    j com os impostos, mas tudo no brasil fun-

    ciona assim, as pessoas tem medo do estado.

    8. FiQuei sABenDo, segunDo o KoeLho ( FusARium)

    Que gRAVou RecenTemenTe A no suBmARino, me

    Disse Que ouVe um ALAgAmenTo ,PoR cAusA DAs chu-

    VAs Que AnDAm cAinDo, RecenTemenTe AQui em so

    PAuLo. como Voc Tem encARADo esse PRoBLemA? J

    Tomou ALgum TiPo De PReJuiZo?

    ... alagou aqui , culpa em parte por terem con-

    struido um monte de predios horriveis que usam a

    mesma rede de esgoto de 40 anos atrs... e nin-

    gum se responsabiliza por isso , tive alguns

    prejuizos , mas quando vejo gente que perdeu a

    casa, o filho morreu, perdeu tudo...penso que

    poderia ser pior, logo mais o submarino t de

    volta , submergido. gostaria de ter uma bateria

    anti-prdio por aqui....um esquema de imploso

    invisivel.

    9. Voc J gRAVou A s mesmo? QuAis BAnDAs e como

    Foi TeR o conTRoLe ToTAL em cimA Do seu TRABALho?

    sim , ja gravei vrias vezes .... qdo eu menos

    dou atenao ao som, a mix ...hahahaha..... gravo

    de qqer jeito ,pra registrar as ideias e acaba

    muitas vezes ficando assim... tipo a vida ao

    vivo e t valendo ,nao tem overdubs... casa de

    ferreiro / espeto de pau.

    10. PARA Quem J conhece seu TRABALho como PRoDu-

    ToR sABe o QuAnTo ReFLeTe A suA inDenTiDADe FoRTe

    Do LoW-Fi Assim como o RocK De gARAgem, PoR Que

    VinTAge e no o DigiTAL? APRoVeiTe e DeiXe

    umA mensAgem PARA Quem esT LenDo o Zine.

    no vejo como low-fi , simplesmente a linguagem

    que eu uso ou a capacidade de fogo que eu tenho

    , ou a textura que eu quero usar pra determina-

    das coisas, vintage... bom essa palavra meio

    coisa de frescow... gosto dos instrumen-tos e aparelhagens antiga porque eles eram feitos pra durar, pra serem bons e tinham uma alma, nao era s pra vender e quebrar logo , cada um era um, nao feitos em srie. no era a mentalidade descartavel ainda....ento geralmente o som deles costuma ser mais humano e mais legal, e eu gravo em digital meu sistema digital j vin-

    tage..... um mac g3 e a primeira placa de som

    de 8 canais....roda uma p de plugin legal e a

    definiao de som boa.... estou na era do dig-

    ital-vintage!.... gosto muito do som de fita ,

    mas hoje em dia um luxo , muito caro gravar

    em rolo, tem que calibrar as maquinas, no tem

    mais tantos tecnicos que sabem mexer nelas ,

    uma pena como aqui no Brasil as pessoas apagam

    o passado...l fora ainda possivel trabalhar

    assim , e muito legal! tenho um gravador TAs-

    cAm de rolo de 8 canais fodao , que na verdade

    do alejandro , meu parceiro dos DeTeTiVes , e a

    gente s usa pra garavar os detetives mesmo.....

    dificil encontrar fitas , tudo uma lenda aqui

    , o digital acaba sendo a opo que flui mais,

    e mais barato... e se voc se esforar d

    pra tirar um sonzo , como eu disse an-tes l atrs...: o que importa real-mente se a musica boa.t cheio de coisas bem produzidas , perfei-tas , tudo certinho no lugar ...tudo limpo , to perfeito que nao d von-tade de ouvir duas vezes na vida... VALeu PoR ToPAR FAZeR A enTReVisTA cLAyTon!

    gRAnDe ABRAo e AVise-me QuAnDo TiVeR shoW. Ayuso

    XAN ROJAS

    Xan rojas comeou a tocar cedo com seus colegas de Skate. Alguns anos mais tarde era guitarrista da con-hecida banda de Hardcore i.M.l. Alexandre rojas conta como foi tocar no mesmo palco do FugAzi e como foi com o passar do tempo dedicando-se cada vez mais para a produo de sua prpria msica, em casa sozinho, gravando e lanando seu novo projeto The grunge revenge

    DIGITAL SUBmerso

  • 3938

    1. QUEM XAN? DAoNDE vEIo E QUANDo CoMEoU A TRABALHAR CoM MSICA?Xan Alexandre Rojas Ferreira, nascido e criado no Tatuap, So Paulo. Meu pai era musico antes de ter filhos e tal e eu tinha um amigo cujo qual o pai tinha um estudio em casa e fazia alguns jingles. A molecada ia de vez enquando no estudio pra pentelhar e eu no quaria mais sair de la de dentro( hehehehe). Comeamos todos os oleques (galerinha do skate) a aprender a tocar bateria (pq era oq fi-cava montado l). Era 1988 depois que todos j conseguiam tocar algumas msicas dos beatles,rolling Stones.black sabbath.deep purple.led zeppelin, essas coisas ai um teve a idia de tocar baixo (um deles era o Marcilio-similar)..hehehe...ae eu tive a ideia de tocar guitarra e resolvemos montar uma ban-da.Nessa altura do campeonato j no saiamos mais de dentro do estdio, o pai dele tinha que expulsar agente...hahahaah...ganhei um bass da minha v ...pq ela ja tinha dado uma guitar pro meu irmo.ela sempre me incentivou...mais meu irmo no quis mais tocar e eu herdei a guitar tbm....troquei os 2 instrumentos bem meia boca...numa guitar mais legalzinha(que quebrou embaixo do palco do junta tribo)e assim fui indo...

    2. FALE UM PoUCo DAS BANDAS QUE voC vEIo PARTICIPAR NESSES ULTIMoS 15 ANoS? TEvE ALGUMA CoISA QUE SE ARREPENDE?LISTA DE BANDAS: Scarecrow(com meu irmo nos vocais), 2 que no lembro o nome, I.M.L, In-tense, 5/7 found, Jyreidy, Echoplex, Page-4, Maldita Geni, o Maldito e Alone in a room(era eu sozinho, com um Tascam de 4 pistas...pai do Grunge Revenge)A bigorna, Revoltril, A.NARK.NATIoN, Caballero, Projeto jamanta e The Grunge Revenge

    3. QUANDo o FUGAZI vEIo PELA PRIMEIRA vEZ No BRASIL voC ToCAvA No I.M.L., CoRRETo?:::simCoNTA AE CoMo FoI ABRIR o SHow DE UMA DAS MAIS RESPEITADAS BANDAS DE RoCK Do CENRIo.

    Cara na poca no tinha internet, nem nada disso. voc no tinha de onde tirar informao alem do encartes dos discos e alguns zines. Era uma parada quase intocavel e eu era vidrado neles nessa fase dae mandamos material do I.M.L pra um festival que tinhamos ouvido falar q aconteceria em BH.. o BHRIF...e teria o Fugazi como atrao principal....mandamos sem preteno alguma e numa segunda as 7 da manhao Paulo(vocal) me liga. Eu mando ele tomar no c por causa do horario e ele me fala que fomos sele-cionados pra tocar antes do Fugazi. Eu desliguei na cara dele e nem liguei de volta. Achei que era zueira.....depois de um tempo ele me ligou de novo e a ficha caiu...fomos pra BH, passamos o som e eu nem fui pro hotel fiquei l esperando o Fugazi vir passar o som. Quando chegaram foi foda, at chorei, deram uma aula de rock. Era um palco tipico de festival de rock, bateria l longe encima de um praticavel de 1,30m, dois amplis de guitar cabea e duas caixas pra cada ampli e o mesmo esquema no bass,cabea e duas caixas. Eles chegaram descendo a batera do praticavel(deixando no cho) e puxaram bem pra frente do palco....os amplis(marshall)..baixaram pra uma caixa s...e agruparam tudo no centro do palco...como se fosse um ensaio mesmo,sem roadie, eles mesmo botando a mo na massa.Mandaram desligar luz e maquina de fumaa e fizeram o show tambm desta maneira, s com aquela luz fraca de lampada normal, chamadaluz de servio ou seja tiraram tudo de suprfluo que tapeia e des-via a ateno deixando s a alma do rock.

    4. FALE PRA GENTE UM PoUCo SoBRE o LEGADo DA BANDA PAULISTABA IML E CoMo FoI SUA TRANSIo PARA INTENSE MANNER oF LIvING, INTENSE E PAGE 4?

    Agente tinha fome de som nessa poca..(ainda tenho.heheh)...de inovar, descobrir, revolucionar, mas

    no tinha plano nenhum era tudo flow. Evoluo sem forar a barra. Agente comprava disco sem conhecer a banda s pelo selo e amos ouvindo bandas novas e as q agente gostava...ouvia mais.....e isso acaba te influenciando de alguma forma e naquela poca no tinha muitas bandas nessa pegada e ficamos nessa de evoluo e achamos melhor mudar o nome da banda do que virar outra banda com o mesmo nome.eu acho que abrimos a porta pra um monte de bandas que na poca nem faziam ,ou faziam um som mais normal pra epoca(hard-core).93/94...agente comeou a tocar mais devagar ...com mais qualidade nas composies...pirar em tempo e melodias cidas....tanto que acabamos colocando um baixista...(Marcilio) e com 2 guitars e 2 vocais duelando ficou bem mais interessante. At que saimos de um Hard-core vis-ceral para chegar num post mais devagar e trabalhoso.

    5. NESSES ANoS DE RoCK voC DEvE TER APRENDIDo MUITA CoISA DE PRoDUo, ALM DA EXPERINCIA QUE ADQUERIU EM PALCo.ESSE FoI UM DoS MoTIvoS QUE TE LEvARAM A MoNTAR SEU Novo PRoJETo?

    Sim,claro depois de tantos anos gravando essas bandas em estudios....voc acaba mexendo uns botes daki...outros dali e quando v j ta fazendo bastante coisa e eu sempre gostei desse lado de produo, mas sempre fui duro,sem grana....queria gravar minhas ideias sozinho e comeei gravando num som 3 em 1 normal (desses q todos tem em casa)...gravava uma bateria eletronica tosca q eu tinha numa fita

    no tape A do somdepois pegava essa fita com a batera...colocava ela no tape B do som....dava play e gravava outra fita no tape A...s q desta vez com o bass e a batera tocada no tape B...pegava essa fita tape A com batera e bass....colocava no tape B..dava o play e gravava uma guitar na outrahehehehehe e assim ia.no ficava bom...mais dava pra ter uma noa..e acabei comprando um grava-dor Tascam de 4 pistas k7 que na poca era uma nota preta(tenho at hoje). at que aprendi a operar equipo proficional e produzi o segundo disco do Echoplex, gravei e mixei tudo analogico e percebi que tinha mo pra isso e muitos anos depois vi que dava pra fazer de um pc...um home studio e no parei mais.

    6. FALE UM PoUCo SoBRE o THE GRUNGE REvENGE, XAN. DESDE QUANDo voC vEM PRoDUZINDo AS MSICAS? CoMo FoI ESSE PRoCESSo ToDo DE PRoDUo?

    Eu comecei exatamente no dia 01/01/2010...depois de uma promessa de ano novo(ano que vem vou fazer um disco solo) e quando me dei conta eu tava bebado na frente do pc depois do reveillon e pensei j ano novo e comecei ali mesmo...hehehehTentei usar toda a tecnologia disponivel de graa na internet.....programas...plugins...e tudo... mais quanto a indentidade do projeto,passei um pouco de tudo q aprendi nesse tempo todo como musico e pseudo-produtor.heheheh...e quis fazer como se fosse me reinventar fazer msica de um maneira que eu nunca tinha feito antes. Eu sempre comecei minhas musicas por um riff de guitar e desta vez as guitars foram quase as ultimas a entrar, comeava do nada, tipo mente limpa.Quando ouvir vai perceber que tem ali.....anos 80/90/2000 ate 2011...no deixei a raiz de lado...mais tambm dei enfase no presente! porque se parar pra analizar friamente... no existe passado e nem futuro..existe sim a consciencia humana..lembranas do passado,e suposies sobre um futuro. o passado no volta..e o futuro quando chega presente. Demorei um ano pra fazer tudo, ...mas-terizar.....artes...e canais de divulgao(myspace,posterous,facebook,etc...)e seus layoutse lancei no formato virtual exatamente em 01/01/2011 pela www.piscesrecords.com.br e logo saira o cd fisico.

    7. XAN, HoJE, QUAL A SUA vISo Do vINTAGE E Do DIGITAL? PoRQU A SUA PREFERNCIA Ao DIGITAL?

    Adoro coisas vintage....amplis...mics.....gravadores de rolo.acho tudo bem bonito...quando vou na Teo-doro Sampaio ou feira da musica ...fico louco querendo comprar tudo, mas como sou pobre e no tenho condioes de ter em casa por exemplo: 1 marshall jcm 800 ou um 1 jcm 900, 1 mesa-boogie triple rec-tifier,1 orange,1 fender twinverb,1ampeg pro bass ,1 bateria pearl,1 bateria ludwig, 1Tama, pianos e syntetizadores,varios mics e salas disponiveis pra mim e no digital tem tudo isso e muito mais...s baixar e ja era...Depois eu duvido que quando voc mostrar meu som pra um desconhecido se voc no falar que tudo digital, ele nunca sabera! Porque a tecnologia dessas paradas e to foda que nem um ouvido por mais que treinado consiga diferenciar...e veja s...o sujeito grava num rolo de 2 pol. com os melhores amplis vintage, melhor bateria, melhores mics e tudo mais de bom que tinha antigamente, depois vai masterizarno computador,e meu amigo...no importa...digitalizou...ficou igual...no importa se foi no comeo ou no fim do processo.....vIRA TUDo ZERo E UM..(cod binrio)

    8. vANTAJoSo TER 100% Do CoNTRoLE DE ToDo o PRoCESSo DE PRoDUo DE SUA MSICA? PoRQU?

    sim, porque voc fica livre pra criar e experimantar texturas novas pra um som. Cheguei a acordar de madruga com uma ideia na cabea, ligar o pc e gravar ate 10 da manha...duvido que se

    eu ligasse pra banda e falasse...vem gravar de madruga agora. Eles no iam me mandar se foder..hehehe. Prefiro sem humanos chatos pra discordar ou mudar de id-ia e desistir no meio do processo. Enquanto esto todos na mesma vibe a banda legal...mais ninguem e nem quer ser igual pra sempre. natural do humano ser assime por isso...resolvi fazer sozinho. Porque eu sei o que vou fazer j os outros...

    9. CoMo voC v o FUTURo DA MSICA, voC ACHA QUE o RoCK J MoRREU?

    o Rock no morre nunca.rock coisa da junventude...rebeldia....e enquanto tiver jovem e rebeldia tem rock........ja o futuro da musica....acho q no futuro as pessoas faram suas proprias musicas....sem ficar pa-gando horrores pra esse ou akele artista.sero todos do mesmo nivel....alguma coisa entre semi fa-mosos e semi desconhecidos

    10. PARA FINALIZARMoS, DEIXE UMA MENSAGEM PARA QUEM EST LENDo A SUA ENTREvISTA E oS CoNTAToS PARA QUEM QUISER oUvIR AS TUAS PRoDUES.

    :::se vc tem vontade de fazer algo.vai e faz.no fica preso por esse ou akele......faz e pronto.ta tudo ae.de graa na net....basta se informar e procurar

    http://thegrungerevenge.posterous.com/ contato: [email protected]

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    1. Quem Xan? DaonDe veio e QuanDo comeou a trabalhar com msica?Xan alexandre rojas Ferreira, nascido e criado no tatuap, so Paulo. meu pai era musico antes de ter filhos e tal e eu tinha um amigo cujo qual o pai tinha um estudio em casa e fazia alguns jingles. a molecada ia de vez enquando no estudio pra pentelhar e eu no quaria mais sair de la de dentro( hehehehe). comeamos todos os oleques (galerinha do skate) a aprender a tocar bateria (pq era oq fi-cava montado l). era 1988 depois que todos j conseguiam tocar algumas msicas dos beatles,rolling stones.black sabbath.deep purple.led zeppelin, essas coisas ai um teve a idia de tocar baixo (um deles era o marcilio-similar)..hehehe...ae eu tive a ideia de tocar guitarra e resolvemos montar uma ban-da.nessa altura do campeonato j no saiamos mais de dentro do estdio, o pai dele tinha que expulsar agente...hahahaah...ganhei um bass da minha v ...pq ela ja tinha dado uma guitar pro meu irmo.ela sempre me incentivou...mais meu irmo no quis mais tocar e eu herdei a guitar tbm....troquei os 2 instrumentos bem meia boca...numa guitar mais legalzinha(que quebrou embaixo do palco do junta tribo)e assim fui indo...

    2. Fale um Pouco Das banDas Que voc veio ParticiPar nesses ultimos 15 anos? teve alguma coisa Que se arrePenDe?lista De banDas: scarecrow(com meu irmo nos vocais), 2 que no lembro o nome, i.m.l, in-tense, 5/7 found, Jyreidy, echoplex, Page-4, maldita geni, o maldito e alone in a room(era eu sozinho, com um tascam de 4 pistas...pai do grunge revenge)a bigorna, revoltril, a.narK.nation, caballero, Projeto jamanta e the grunge revenge

    3. QuanDo o Fugazi veio Pela Primeira vez no brasil voc tocava no i.m.l., correto?:::simconta ae como Foi abrir o show De uma Das mais resPeitaDas banDas De rocK Do cenrio.

    cara na poca no tinha internet, nem nada disso. voc no tinha de onde tirar informao alem do encartes dos discos e alguns zines. era uma parada quase intocavel e eu era vidrado neles nessa fase dae mandamos material do i.m.l pra um festival que tinhamos ouvido falar q aconteceria em bh.. o bhriF...e teria o Fugazi como atrao principal....mandamos sem preteno alguma e numa segunda as 7 da manhao Paulo(vocal) me liga. eu mando ele tomar no c por causa do horario e ele me fala que fomos sele-cionados pra tocar antes do Fugazi. eu desliguei na cara dele e nem liguei de volta. achei que era zueira.....depois de um tempo ele me ligou de novo e a ficha caiu...fomos pra bh, passamos o som e eu nem fui pro hotel fiquei l esperando o Fugazi vir passar o som. Quando chegaram foi foda, at chorei, deram uma aula de rock. era um palco tipico de festival de rock, bateria l longe encima de um praticavel de 1,30m, dois amplis de guitar cabea e duas caixas pra cada ampli e o mesmo esquema no bass,cabea e duas caixas. eles chegaram descendo a batera do praticavel(deixando no cho) e puxaram bem pra frente do palco....os amplis(marshall)..baixaram pra uma caixa s...e agruparam tudo no centro do palco...como se fosse um ensaio mesmo,sem roadie, eles mesmo botando a mo na massa.mandaram desligar luz e maquina de fumaa e fizeram o show tambm desta maneira, s com aquela luz fraca de lampada normal, chamadaluz de servio ou seja tiraram tudo de suprfluo que tapeia e des-via a ateno deixando s a alma do rock.

    4. Fale Pra gente um Pouco sobre o legaDo Da banDa Paulistaba iml e como Foi sua transio Para intense manner oF living, intense e Page 4?

    agente tinha fome de som nessa poca..(ainda tenho.heheh)...de inovar, descobrir, revolucionar, mas no tinha plano nenhum era tudo flow. evoluo sem forar a barra. agente comprava disco sem con-hecer a banda s pelo selo e amos ouvindo bandas novas e as q agente gostava...ouvia mais.....e isso acaba te influenciando de alguma forma e naquela poca no tinha muitas bandas nessa pegada e fi-camos nessa de evoluo e achamos melhor mudar o nome da banda do que virar outra banda com o mesmo nome.eu acho que abrimos a porta pra um monte de bandas que na poca nem faziam ,ou faziam um som mais normal pra epoca(hard-core).93/94...agente comeou a tocar mais devagar ...com mais qualidade nas composies...pirar em tempo e melodias cidas....tanto que acabamos colocando um baixista...(marcilio) e com 2 guitars e 2 vocais duelando ficou bem mais interessante. at que saimos de um hard-core vis-ceral para chegar num post mais devagar e trabalhoso.

    5. nesses anos De rocK voc Deve ter aPrenDiDo muita coisa De ProDuo, alm Da eXPerincia Que aDQueriu em Palco.esse Foi um Dos motivos Que te levaram a montar seu novo ProJeto?

    sim,claro depois de tantos anos gravando essas bandas em estudios....voc acaba mexendo uns botes daki...outros dali e quando v j ta fazendo bastante coisa e eu sempre gostei desse lado de produo, mas sempre fui duro,sem grana....queria gravar minhas ideias sozinho e comeei gravando num som 3 em 1 normal (desses q todos tem em casa)...gravava uma bateria eletronica tosca q eu tinha numa fita