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Panorama do Antigo Testamento I- BI-160 A Português Dr. Eddie Ildefonso Leitura # 11 LEVITICO

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PANORAMA DO ANTIGO TESTAMENTO

LEVÍTICO

Acampados à sombra do Monte Sinaí, os israelitas tinham experimentado o grande ato de redenção de Yahvéh— libertação da escravidão egípcia — ocuparia um lugar central em sua fé por todas as gerações. Eles tinham visto e ouvido os trovões e relâmpagos sobre o monte santo (Êxodo 19:16–19) e Yahvéh havia dado os seus mandamentos (Êxodo20:1–17).

Êxodo 19:16-19 E aconteceu que, ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. E todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta.

Ele havia declarado que era seu o Deus e eles o seu povo. Ele era o seu seu Senhor que os havia ligado por meio das obrigações do pacto.

Mas, como se manteria este vínculo? Os israelitas não podiam ficar no Monte Sinai para sempre, pois esssa não era a intenção de Yahvéh que motivou a promessa de seus pais, nem a libertação do Egito. Deveriam ser estabelecidos em uma terra onde eles experimentariam os benefícios de ser seu povo. Além disso, eles se tornariam, de uma forma que ainda não tinha lhes sido clarificado, uma fonte de bênção para todas as nações (Gênesis 12:3), através da comunicação de sua fé a outros povos. O deserto do Sinai não seria a cena de qualquer desses eventos. A terra prometida havia de ser Canaan.

Gênesis 12:3


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E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

Como diz o livro de Números, toda uma geração de israelitas passaria antes do povo

entrar na terra. Durante este período aprenderiam pela experiência os resultados da obediência e desobediência à palavra do Senhor. Antes de ingressar na Palestina, onde entrariam em contato com as práticas dos cultos cananeus,1 também deviam aprender as formas adequadas de adoração a Yahvéh. Os detalhes desta adoração são apresentados em Levítico.

TÍTULO E CONTEÚDO

Título. Como na antiguidade os livros eram conhecidos pelas palavras iniciais (tal como as

encíclicas papais na atualidade), o título do livro em hebraico é, por consiguiente, wayyiqrā’: “e chamou” (Levítico 1:1).

Levítico 1:1 E chamou o SENHOR a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo:

“Levítico” procede da LXX(Septuaginta) através da Vulgata Latina. É um adjetivo, o que sugere o título completo “o (livro) levítico”, isto é, “o livro relativo aos levitas”. A adequação do título tem sido questionada, pois a principal figura em Levítico é Aarão e o sacerdócio descrito no livro é limitada a seus filhos. Foi-lhes encomendado o ofício sacerdotal. Naturalmente, Aarão era levita (como seu irmão Moisés).

No entanto, havia distinção entre o "sacerdócio de Aarão"—dos descendentes de Levi

(um dos doze filhos de Jacó)da parte de Aarão—e os “levitas”, que não podiam alegar descendência de Aarão. Ao longo do tempo se desenvolveu uma clara diferenciação entre “sacerdote” e “levita”.2

Talvez houvesse exagero na importancia do título “Levítico”. O termo predominante

é “sacerdote” e é usado com mais freqüência do que "levita”.3 No acontecimento do Sinai, Yahvéh declarou que o povo do pacto era "um reino de sacerdotes e uma nação santa" (Êxodo 19:6).

Êxodo 19:6 E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.


3

A nação era uma teocracia: cada pessoa era um sacerdote e Yahvéh era o rei. Mas por esse ideal ser impraticável, um princípio da representação foi estabelecido. O primogênito devia representar a família (Êxodo 13:2, 13; Exodo 22:29).

Êxodo 13:2 Santifica-me todo o primogênito, o que abrir toda a madre entre os filhos de Israel, de homens e de animais; porque meu é. Êxodo 13:13 Porém, todo o primogênito da jumenta resgatarás com um cordeiro; e se o não resgatares, cortar-lhe-ás a cabeça; mas todo o primogênito do homem, entre teus filhos, resgatarás. Êxodo 22:29 As tuas primícias, e os teus licores não retardarás; o primogênito de teus filhos me darás.

Não obstante, Yahvéh designou os levitas para oficiarem no lugar dos primogênitos:

Números 3:12 E eu, eis que tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo o primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus.

Parece que tomar o livro de Levítico como "o manual dos sacerdotes"—no sentido de

oficiantes do culto— é uma redução do ensinamento bíblico; este livro pertence a todo o povo.4

Conteúdo. Às vezes diz-se que Levítico é uma declaração da lei, no sentido das leis rituais de

Israel. Esta afirmação é muitas vezes acompanhada por um estudo do conteúdo como se fosse simplesmente uma colecção de leis, sem qualquer tentativa de compreender o sentido básico da palavra hebraica tôrâ(adaptado como “Torá”).

De acordo com o uso hebraico, tôrâ significa “instrução”, “disciplina” (com o

sentido do discipulado além de castigo). Assim, o termo é aplicado para a instrução dada por um pai ou mãe (Provérbios 1:8; Provérbios 3:1).

Provérbios 1:8 Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe, Provérbios 3:1 Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos.

Os princípios que são induzidos a partir da observação científica são chamados de

"leis". Num sentido parecido, “lei” pode designar os princípios que regem a vida do povo do pacto de Yahvéh. No Antigo Testamento, o termo "lei" tem o significado de "estatutos", "juízos", "mandamentos" e "preceitos”.5


4

De modo que não é descartada a tradução de tôrâ como “lei”. No entanto, é muito mais útil considerar que Levítico é um livro de instruções para a nação sacerdotal e os seus representantes sacerdotais.

Estas instruções referem-se ao ritual de adoração: atos e atitudes do povo de Yahvéh deverá guardar cultivar uma comunhão ininterrupta com Yahvéh.

Os termos qōḏeš, “santidade”, e qāḏôš, “santo” (ver Levítico 19:2), poderiam

muito bem expressar o tema central de Levítico. Levítico 19:2 Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.

Duas questões surgem a partir do tema básico de santidade. Em primeiro lugar,

Como o pecado pode ser apagado para que as pessoas sejam santas? Em segundo lugar, Como as pessoas podem manter a santidade essencial para a comunhão com um Deus santo?Levítico 1–16 responde à primeira pergunta; a última parte do libro.

CONCEITO BÍBLICO DE SANTIDADE

Significado básico. O significado original de qāḏôš era “separado”, específicamente para fins religiosos.

Um terreno, um edificio, os móveis do santuário e mesmo um cavalo podiam ser “santos”, ou seja, separados para o uso religioso ou culto. Não representava nenhuma qualidade moral. Talvez contivesse um senso de mistério, parecido com o sentimento de temor que os israelitas tinham ao se aproximar do tabernáculo o sumo sacerdote, para entrar no santuário. No entanto, não se debe confundir este sentido sobressaltado dos objetos sagrados com uma qualidade moral ou ética. Certas pessoas eram “santas”—

separadas com fins religiosos —fossem eles sacerdotes para servir a Yahvéh ou prostitutas do templo do Baal cananeu.6


5

Altar de incienso de quatro chifres(. século X a.C), de Meguido, sobre o qual os israelitas podiam oferecer «cheiro suave ao Senhor » (Levítico 2:2). (Departamento de

Antiguidades de Israel)

Na ilustração, o que está dentro do círculo —separado pela linha— pode ser tomado

como "santo" ou "sagrado”. O que permanece fora do círculo é "profano", o antônimo


6

bíblico de "santo". Observe Levítico 10:10, “E para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo,”

Aquilo que em função do culto é “limpo” é aceitável para a adoração de Yahvéh, e aquilo que é “imundo” não serve. Profanar, portanto,consiste em tomar algo sagrado (como o nome do Senhor) e usá-lo de um modo comum ou profano

Significado derivado (ou bíblico). O conceito bíblico de santidade não se limita a separação. “Yahvéh es santo” ou “Eo

(que dizer, Yahvéh) sou santo”. Neste uso significa separado, tal como definido. Ele é espírito, enquanto que a humanidade é a matéria. Ele é invisível, enquanto que a humanidade é visível. E ainda mais importante Deus é separado do pecado e da humanidade pecadora. Segundo a tradição bíblica, Deus criou Adão para ter comunhão com ele, mas o pecado quebrou comunhão. Adão e Eva foram expulsos do jardim. Simbolicamente, Deus estava no lugar santo e da família humana foi excluída por causa de seus pecados. A excelência moral de Yahvéh então se tornou parte do conceito de santidade; sua exigência para o povo do pacto de ser santo sempre esteve ligado à lei. Assim, a santidade adquiriu o sentido derivado bíblico da excelência moral. 7

SACRIFÍCIOS E OFERTAS

Ofertas. Segundo Levítico 7:37, a lei que Yahvéh revelou a Moisés no Monte Sinai

estabelecia cinco “ofertas”. Levítico 7:37 Esta é a lei do holocausto, da oferta de alimentos, e da expiação do pecado, e da expiação da culpa, e da oferta das consagrações, e do sacrifício pacífico,

Uma delas, a que sempre referida no plural, “sacrifícios de paz”, era dividida em três

tipos de ofertas; daí elas eram sete ofertas em total. Como todas, exceto as "ofertas de


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cereais", incluiam a imolação de um animal, muitas vezes, elas são chamadas de "sacrifícios". A palavra hebraica nesta passagem é traduzida como "ofertas" significa "apresentação" ou "coisas que estão perto" (ver quadro). 8

Nome de la oferta

Propósito

Tipo de oferta

Natureza da oferta

Ações do que faz o

sacrifício

As ações do

sacerdote

ôlâHolocausto ou oferta queimada 1:3–17 6:8–13

Expiação pelo pecado sem intenção eem geral

Macho de a manada ou do rebanho, sem defeito, ou dois pássaros

Totalmente queimada

Traz a oferta Põe a mão sobre la cabeça Mata, esfola, corta em pedaços

Aceita a oferta Asperge o altar com o sangue Coloca os pedaços sobre o fogo Lava as entranhas, patas

ḥaṭṭā’ṯOferta pelo pecado 4:1–5:13 6:24–30

Expiação pelo pecado sem intenção específica

O sacerdote: um touro. A congregação inteira: um bezerro. O governante: um bode macho. Um dentre o povo: uma cabra ou uma ovelha. Uma pessoa pobre: dois pájaros; Muito pobre: farinha

As partes gordos são queimados. O resto é comido

Traz a oferta (Os anciãos fazem pela congregação)

Aceita a oferta Asperge o altar com sangue Queima aa gordura, etc., come a carne, inclui o seu próprio pecado queima uma porção fora do acampame


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nto

’āšāmOferta expiatória ou sacrificio pela culpa 5:14–6:7 7:1–10

Expiação pelo pecado sem intenção específico, que requer restituição

Igual a oferta pelo pecado (além da restituição)

Como a oferta pelo pecado

Primeiro faz a restituição Depois, o mesmo que a oferta pelo pecado

Como a oferta pelo pecado

minḥâOfertas de cereal 2:1–16 6:14–23

Assegurar ou recordar a boa vontade

Farinha fina ou tortas ou ainda massa folhada ou as primícias com azeite, incenso, sal, mas sem fermento ou mel Usualmente acompanhado pelo sacrificio de um animal

Uma amostra é queimada (’azkārâ)

Traz a oferta Toma um punhado

Queima um punhado Os sacerdotes e seus filhos comem o resto

šelāmîm Sacrificios de paz 3:1–17 7:11–21, 28–36

Agradecer a Yahvéh …

Macho o fêmea do rebanho u da manada, sem defeito

As partes gordurosas são queimadas. O resto é comido

Traz a oferta Coloca a mão sobre cabeça Mata, esfola, corta en pedaços

Aceita Asperge o altar com sangre Queima as partes gordurosas

Tôdâ Sacrificio de ação de graças … por uma benção recebida

Come o resto* (no mesmo dia ou no dia seguinte)

Come o resto* (no mesmo dia)


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neḏer Sacrificio em cumprimento de um voto neḏāḇâ Sacrificio voluntario de corazón alegre

A terminologia, traduzida do hebraico, nem sempre é uniforme. A “oferta

totalmente quemada” ou “oferta queimada” às vezes é chamado “holocausto”, da palavra grega que significa “completamente queimada”. A “oferta pelo pecado” é facilmente confundida com a “oferta expiatória” ou “sacrificio pela culpa”, uma vez que são idênticas, exceto que a oferta de sacrifício requer reparo ao que foi danificado pelo pecado.9 A "oferta de cereais" é simplesmente chamada de "oferta" ou "oblação”.

Em Deuteronômio 12:27 é feita a diferenciação entre “holocausto” e "sacrifício”

(zebaḩ), era afirmado que o fogo no altar era consumia totalmente o holocausto, enquanto que o sacerdote e, em alguns casos, a pessoa que ofertava podia comer uma parte do "sacrifício”.

Deuteronômio 12:27 oferecerás os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o altar do Senhor teu Deus; e o sangue dos teus sacrifícios se derramará sobre o altar do Senhor teu Deus, porém a carne comerás

Função da pessoa que apresenta a oferta. A apresentação e a imolação vítima são descritas com precisão (ver Levítico 1:3–9).

Levítico 1:3-9 Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor. E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação.


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Depois degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e o redenho sobre a lenha que está no fogo em cima do altar; Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isso queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.

Salvo algumas exceções (tal como o pecado oferecendo toda a congregação ou a

oferta de aves de uma pessoa pobre), o ritual, até a hora de colocar o sacrifício no altar, é o mesmo para todas as ofertas.

A pessoa devia apresentar pessoalmente a sua oferta no altar ou na tenda da

congregação “para que seja agradável diante de Yahvéh” Levítico 1:3 Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua própria vontade, perante o Senhor.

A oferta devia representar a vida que a apresentava. — um animal que ele tinha criado

ou cereal que ele havia cultivado —e devia ser o mais valioso (normalmente, um macho sem defeito, ou farinha fina, ou o melhor dos primeiros frutos). No entanto, era observada a situação econômica de quem dava a oferta.

Datam de muito tempo as evidências de quem apresentava uma oferta poderia comprar no recinto do templo uma oferta não lhe custasse qualquer esforço pessoal.10

Quem apresentava a oferta, em seguida, colocava a mão sobre a cabeça da vítima,

talvez como sinal de identificação: Levítico 1:4

Porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, e este será aceito a favor dele, para a sua expiação.

É discutível se a pessoa que apresentava a oferta confessava ou não o seu pecado no momento do sacrifício. Como o ritual do Dia da Expiação estipula que tal confissão não seria nada de anormal para que isso formasse parte de todos os rituais de sacrifício.

Levítico 16:20 Quando Arão houver acabado de fazer expiação pelo lugar santo, pela

tenda da revelação, e pelo altar, apresentará o bode vivo;


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Além disso, os pecados específicos são mencionados em conexão com a oferta pelo

pecado expiatório (Levítico 5:1–6:7), e também quando o pecador reconhecia que ele havia pecado (Levítico 4:14) ou lhe apontavam o seu pecado (Levítico 4:28), estava obrigado a oferecer sacrifício.

Levítico 4:14 Quando o pecado que cometeram for conhecido, a assembléia oferecerá

um novilho como oferta pelo pecado, e o trará diante da tenda da revelação. Levítico 4:28

Ou se o pecado que cometeu lhe for notificado, então trará pela sua oferta uma cabra sem defeito, pelo seu pecado que cometeu,

Assim, ao apresentar uma oferta para um pecado específico, aparentemente confessava publicamente o seu pecado

. Depois vinha o terrível momento em que a pessoa que apresenta a oferta devia

sacrificar o animal, tirar a sua pele e cortá-lo em pedaços. Este ato sangrento não era repugnante em si mesmo; afinal, a maioria das famílias israelitas criava e matava seus próprios animais para consumo. No entanto, qualquer pessoa que já criou um animal imagina a sensação horrível que vem quando é necessário matar o animal, mesmo quando o faz não deixá-lo sofrer. Os sacrifícios levíticos não tinham a intenção de causar nojo, mas imprimir em que oferecia o sacrifício um sentimento de identificação com a vítima (ver Levítico 1:4).

E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação.

Quem apresentava a oferta não só sacrificava um animal seleccionado que ele tinha criado, mas o seu próprio substituto. Durante toda a seqüência de eventos que realizava não podía mais que estar ciente de que a pena aplicada ao pecado custou uma vida.

Função do sacerdote. O sacerdote estaba obrigado a manter o fogo aceso no altar (Levítico 1:7; Levítico

6:12). Levítico 1:7 E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo. Levítico 6:12 O fogo que está sobre o altar arderá nele, não se apagará; mas o sacerdote acenderá lenha nele cada manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto e sobre ele queimará a gordura das ofertas pacíficas.


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É provável que houvesse uma aceitação do sacrifício ritual, talvez conservado nas palavras “E porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação.” (Levítico 1:4).

Quando a pessoa imolava o animal, o sacerdote recolhia o sangue em um recipiente,

colocava parte nos lados do altar e derramava o resto no altar: Levítico 1:5 Depois degolará o bezerro perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação.

O ritual da oferta pelo pecado era mais complexo:

Levítico 4:4-7 E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o Senhor, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o Senhor. Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o trará à tenda da congregação; E o sacerdote molhará o seu dedo no sangue, e daquele sangue espargirá sete vezes perante o Senhor diante do véu do santuário. Também o sacerdote porá daquele sangue sobre as pontas do altar do incenso aromático, perante o Senhor que está na tenda da congregação; e todo o restante do sangue do novilho derramará à base do altar do holocausto, que está à porta da tenda da congregação.

A parte que devia ser queimada, uma vez lavada, era colocada no altar. No

holocausto, o animal inteiro (exceto o couro) devia ser queimado; mas outras ofertas, uma parte do sacrifício era para o sacerdote, que poderia comer. No entanto, deveria haver uma diferenciação cuidadosa.

No caso da oferta pelo pecado, mesmo que fosse oferecida pelo sacerdote por seu

próprio pecado ou por toda a congregação, o sacerdote não deve beber ou comer do sacrifício, pois participava como sacerdote e pecador ao mesmo tempo. Nesse caso, levava a sua parte para fora do acampamento e a queimava.


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Nas ofertas de paz, onde o pecado daquele que apresentava a oferta não tinha parte do simbolismo do sacrificio. A pessoa que ofertava e o comiam uma parte.

Cada detalhe era importante. A responsabilidade dos sacerdotes para instruir o

povo e os juízos proferidos contra eles por falta de cumprimento deste dever é uma parte muito importante da pregação dos profetas como para contornar o seu significado.

Importância do sangue. Toda as leis das ofertas, são enfatizadas no sangue. A referência ao sangue para

muitos é repugnante, e assim muitos chamam de "religião açougueiros” por causa do ritual de sacrifício. No entanto, deve ser entendendido bem tanto o fato em si como o simbolismo do sacrifício com derramamento de sangue objeto de tanta insistencia. Eles estão no cerne da fé cristã, no sacrifício de Cristo na cruz e no simbolismo da Ceia do Senhor.

O fato é simples: derramamento de sangue significa a morte da vítima. O significado

simbólico reside na identificação de quem faz o sacrifício com a vítima, pois simboliza a morte do pecador. O castigo para o pecado é a morte, mas o animal morre no lugar do pecador.11

O dia da expiação. O ritual do Dia da Expiação era de particular importância. Embora o templo e o

sistema sacrificial tenham desaparecido, o Dia da Expiação (YomKippur) continua a ser o dia mais sagrado do calendário judaico.

“Expiação” e “fazer expiação (por)” são palavras difíceis de entender. O

significado básico em hebraico é “cobrir”. “Expiar” significa apagar ou purificar pelo sacrifício ou pagamento. Seu significado é mais próximo do conceito Levítico de "propiciação” (agradar a Deus).12

Neste caso, a ênfase não está tanto em satisfazer a Deus, mas cobrir o pecado, embora

seja verdade que o Novo Testamento apresenta a propiciação como uma das facetas da expiação (p.ex., Romanos 3:25; 1 João 2:2).

Romanos 3:25 Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; 1 João 2:2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.


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O sumo sacerdote era o intermediário entre o Deus santo e o povo pecador. No

simbolismo do tabernáculo (depois, o templo), Yahvéh estava presente entre os querubins no lugar santíssimo. No Dia da Expiação, Aarão, o sumo sacerdote tirava as vestes sacerdotais, e se vestia com roupas brancas simples e celebrava o ritual.

Primeiro, fazia expiação por si e por sua casa (Levítico 16:6), pois ele também era

um pecador e precisava que seus pecados fossem cobertos. Levítico 16:6 Depois Arão oferecerá o novilho da expiação, que será para ele; e fará expiação por si e pela sua casa.

Em seguida, oferecia um bode como oferta pelo pecado do povo:

Levítico 16:15 Depois degolará o bode, da expiação, que será pelo povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatório, e perante a face do propiciatório.

Em ambos os casos tomava o sangue e o aspergia sobre o propiciatório do Santo dos

Santos: Levítico 16:13 E porá o incenso sobre o fogo perante o Senhor, e a nuvem do incenso cobrirá o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra. Levítico 16:17 E nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer expiação no santuário, até que ele saia, depois de feita expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.

Por causa da impureza das pessoas, até mesmo o lugar santo era considerado

contaminado e, portanto, requeria expiação: Levítico 16:6: Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, e de todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que reside com eles no meio das suas imundícias.

Então Arão tomava um bode, colocava as duas mãos sobre a cabeça e confessava

“todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados, e pondo-os sobre a cabeça do bode”,

Levítico 16:21


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E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso.

Afirma-se especificamente que "o bode levará sobre si todas as iniqüidades deles para uma terra não habitada” (Levítico 16:22, certamente simbólica e não literal, tal como foi interpretado claramente pelos profetas e o autor de Hebreus).

Levítico 16:22 Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto.

Alega-se que o bode (daí a expressão "bode expiatório") foi “a Azazel” (v. 26).

Levítico 16:26 E aquele que tiver levado o bode emissário lavará as suas vestes, e banhará a sua carne em água; e depois entrará no arraial.

Esta expressão tem causado discussões intermináveis entre os exegetas, tanto judeus como cristãos. Será que Azazel era o nome de um lugar ou de uma divindade do Sinai, ou Satanás? Será que o bode "para Azazel" era uma oferta para apaziguar Satanás ou um demônio? Cada uma das respostas que surja é contrária ao espírito básico do dia da expiação e não tem nenhuma justificativa no resto dos sacrifícios rituais da Bíblia. “Azazel” não é mencionada em nenhuma outra parte. Apesar das dificuldades, a melhor explicação é tomar “Azazel” como uma forma rara derivado do hebraico ‘āzal, “tirar”, e traduzí-la “para tirar [o pecado]”.13

Esta interpretação seria consistente com o simbolismo do ato, pois o bode expiatório

leva os pecados do povo, onde já não estarão entre as pessoas e o Deus santo.

LEIS DE SANTIDADE

Código de santidado. A seção que inclui os capítulos 17–26 às vezes chamada de Código de Santidade., o

Código de santidad (H) foi um dos documentos utilizados na formação do Pentateuco (ou Hexateuco) e foi composto por um sacerdote ou uma escola de sacerdotes no século VII ou VI a.C.14

É inadequado usar o termo "código”. Pelo contrário, é uma coleção pouco coesa de

princípios que representam o estilo de vida de um povo chamado para ser santo; talvez


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fosse melhor chamá-lo a Torá da santidade. Os princípios não são apresentados como itens de uma lei, mas são detalhes que o povo de Yahvéh tende a estar em conformidade com o conceito de santidade.

Inclui, por exemplo, uma série de convocações santas (Levítico 23:1–44), tais como

o dia de repouso e a Páscoa. O ano sabático devia ser guardado a cada sete anos como um período de repouso da terra (Levítico 25:1–7); o ano do jubileu, a cada cinquenta anos como um tempo de redenção, quando os escravos deviam ser libertados e a propriedade deveria ser devolvida à família ou clã que tivesse sido dos proprietários originais (Levítico 25:8–55). Mas os israelitas não guardaram esses “días de repouso” e tanto Jeremias (Jeremias 34:14–22) como Ezequiel (Ezequiel 20:12–16) proclamaram que o exílio era castigo de Deus por causa disso.15

A lei do amor ao próximo. Para a pergunta "qual é o grande mandamento da lei?" Jesús respondeu com dois

mandamentos, o primeiro tomado de Deuteronômio (“Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com toda a tua mente”) e o segundo, de Levítico(“Amarás a teu próximo como a ti mesmo”; Mateus 22:36–40; cf. Levítico 19:18).

Levítico 19:18 Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor. Mateus 22:36-40 Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

A lei do amor ao próximo em Levítico, aparece no final de um variado grupo de leis

que expressam a santidade (ver Levítico 19:2) em tais formas como o respeito pelo pai e mãe, guardar o sábado, para evitar a idolatria, apresentar as ofertas de paz e deixar uma parte da colheita para o peregrino.

Levítico 19:2 Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.

A lei do amor ao próximo apresenta advertências contra calúnia, “atentar contra a

vida” (fazer uma acusação capital?), vingança contra o próximo ou guardar rancor. É um excelente resumo das relações de uma pessoa com os demais membros da comunidade na vida cotidiana.


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RELAÇÃO DE LEVITICO COM OUTRAS PASSAGENS DA BÍBLIA

Ezequiel. Levítico e Ezequiel têm muitas semelhanças. É uma questão de disputa entre os

estudiosos se Ezequiel foi baseado em Levítico ou se Levítico foi baseado em Ezequiel. Se, como alguns estudiosos reconhecem, Levítico contém muitos elementos originais do culto judaico, então, seria de esperar que Ezequiel, um sacerdote (Ezequiel 1:1) que se dirigiu aos judeus no exílio depois da destruição do templo, tivesse especial interesse em restaurar as disposições levitas para o culto.

Hebreus. Em várias partes de Hebreus Levítico é citado, especialmente o capítulo 16(a

passagem do Dia da Expiação).16 A passagem de Hebreus 8–10 é interessante por duas razões: apresenta um conceito do Novo Testamento (por tanto canónico) o significado do ritual levítico e oferece uma visão da comunidade à qual ele se dirigiu.

Se Hebreus foi escrito para judeus cristãos que enfrentavam o fato de que o templo

tinha sido destruído (ou estava a ponto de ser destruído) e sistema de culto desarticulado, o livro deu uma resposta para o problema de como substituir os sacrifícios estabelecidos por Moisés.17 O autor observa que os sacrifícios de animais eram apenas uma "sombra das coisas por vir” (Hebreus 10:1), sem poder para tirar o pecado. O sacrifício de Cristo é "a imagem exata das coisas” e, portanto, não necessita ser repetido. A inferência é que o ritual da Lei Mosaica não é mais necessário; de fato, “Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar” (Hebreus 8:13).

A Lei e a graça. Às vezes diz-se que a salvação do Velho Testamento sob a antiga aliança era obtida

em conformidade com as obras da lei, enquanto que sob a nova aliança as pessoas são salvas pela graça, por meio do sacrifício de Cristo. Esta noção é amplamente baseada em uma interpretação um pouco distorcida dos ensinamentos de Paulo em Gálatas.

O estudo cuidadoso da Torá assim como no resto do Antigo Testamento indica

que o homem (em um sentido genérico) nunca se salva por seus próprios esforços, mas somente pela graça de Deus. O homem merece a condenação e a morte pelo pecado; Deus em sua graça está disposto a aceitar o homem, com base em sua fé e para proporcionar os meios para a sua redenção. Esta é a revelação da redenção que a Bíblia proclama. Assim, Paulo entendeu o pacto fundamental com Abraão, e disse que não foi anulado pela lei dada a Moisés (Gálatas 3:6–18).18 : Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.


18

Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito. Irmãos, como homem falo; se a aliança de um homem for confirmada, ninguém a anula nem a acrescenta. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo. Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus pela promessa a deu gratuitamente a Abraão.

O autor de Hebreus, em sua exposição dos eventos de adoração do Antigo Testamento, expressa de forma concisa: “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.” (Hebreus 10:4).

Além disso, muitos judeus consideravam que a salvação era pela graça soberana de Deus.v

O Rabí Jocanán disse: “Você pode entender que o homem não tem direito de reclamar com Deus; pois Moisés, o maior dos profetas, veio diante de Deus somente com um apelo de graça”. (DeuteronômioRab.wa’etḥanan 2.1) Não foi por suas obras que os israelitas foram libertos do Egito, e nem pelas obras de seus pais, nem por suas obras que Mar Vermelho foi aberto, mas para fazer de Deus um nome … De modo que Moisés disse aos israelitas: “não fostes resgatados por vossas obras, mas que louvasseis a Deus e declararasséis a honra a todas as Nações”. (Midr., Salmo 44.1): Ó Deus, nós ouvimos com


19

os nossos ouvidos, e nossos pais nos têm contado a obra que fizeste em seus dias, nos tempos da antiguidade.

Muitas orações judaicas expressar a dependência em Deus para a salvação : Soberano de todos os mundos! Não é a confiança na justiça de nossas obras, apresentamos as nossas súplicas diante de ti, mas por tua grande misericórdia, … Nosso Pai, nosso Rei, mesmo que tivéssemos todos os atos retidão e virtudes, recorda-nos a aliança com nossos pais e nosso testemunho diário a tua unidade Eterna.19

O Antigo Testamento não ensina qualquer conceito mágico de sacrifício. O homem merecia morrer pelo seu pecado, oferecer um sacrifício se colocava sob a misericórdia de Yahvéh. O sacrifício era um substituto para si e o sangue sacrificial cobria o pecado. O israelita sabia, como observado pelos profetas, que a eficácia não era imputável ao sacrifício, mas a misericórdia de Yahvéh confirmada no pacto (ver Miquéias 6:6–8; Isaías 1:11–20; Oséias 6:6).

Miquéias 6:6-8 Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclinarei diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus? Isaías 1:11-20 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.


20

Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra. Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse.

Oséias 6:6 Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.

Tipos e símbolos. Devido aos extremos a que chegou a imaginação de alguns intérpretes bíblicos, que

ao longo da história tentaram da Iglesia20tentaram através da tipologia encontrar a plenitude do evangelho em quase todos os versos do Antigo Testamento, a tipologia tem sido criticada e até ridicularizada. Só recentemente essa tendência foi revertida. G. von Rad,21 entre outros, dá a palavra "tipo" certo grau de respeitabilidade.

O uso do simbolismo é compreensível e muito aceitável. Muitos conceitos pode ser

melhor representado por meio de símbolos que por descrições verbais abstratas. Estamos rodeados de símbolos: o calendário, a bandeira, a cruz, etc.

Basicamente, um símbolo é a forma visível de representar uma idéia abstrata.22 A

cruz é um símbolo de amor, sacrifício, morte e salvação. O tabernáculo no deserto era um símbolo da presença de Deus, o lugar onde Deus se reunia com o seu povo. Aarão era um homem, mas também o sumo sacerdote, em que a investidura simbolizava a santidade (separação para o serviço de Deus). Os sacrifícios oferecidos no Dia da Expiação eram símbolos de seu próprio pecado, o pecado da nação que ia para o esquecimento.

Quando um símbolo é substituído pela realidade que simboliza é chamado de tipo23 e a realidade é chamada de anti-tipo. O tabernáculo do Antigo Testamento é um excelente exemplo do significado deste termo. Como um símbolo, representava visualmente a presença de Yahvéh invisível, claramente sugerido o relato da vinda de Sua glória sobre o tabernáculo (Êxodo 40:34, 38).

Êxodo 40:34 Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo; Êxodo 40:38 Porquanto a nuvem do Senhor estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas.


21

Cuando “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1:14), o símbolo foi substituído pela realidade. De modo que o tabernáculo é um tipo de Cristo.24

João 1:14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

Além disso, os sacrifícios levíticos são tipos, se o significado simbólico é

determinado e a realidade correspondente é identificada. Assim, o autor de Hebreus viu o sacrifício do Dia da Expiação como um tipo de sacrifício de Cristo feita uma vez por todas (Hebreus 10:1, 11–14).

Hebreus 10:1 Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Hebreus 10:11-14 E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.

PERTINÊNCIA DE LEVITICO HOJE

Em seu comentário sobre Levítico, N. Micklem formula a pregunta " Tem um livro

desta natureza algum lugar na Bíblia cristã?”, e responde afirmativamente.25 No entanto, muitos leitores têm atribuído pouco significado para a atualidade. Ao parecer, até Miquéias (6:6–8) e outros profetas questionam a validade dos sacrifícios sangrentos, e o autor de Hebreus aparentemente descartou o sistema levítico para sempre (Hebreus 8:10).

Miquéias 6:6-8 Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclinarei diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma?


22

Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?

Hebreus 8:10 Porque esta é a aliança que depois daqueles diasFarei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei as minhas leis no seu entendimento, E em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo;

Mas se o amor de Deus é relevante hoje em dia, Levítico também é.26 Atrás dos

requisitos rigorosos e elevados padrões está o amoroso coração de Yahvéh que anseia ter comunhão com seu povo. Pela mesma graça que os tirou da escravidão no Egito procurou manter uma comunhão permanente com eles. A santidade de Deus necessária para desfrutar desta comunhão, procedia contra o pecado, em termos aceitáveis para ele. Portanto, Levítico é muito mais do que um compêndio de sacrifícios e festas, como especificado nos termos dessa comunhão.

Se o sacrifício de Cristo é relevante, bem como a exposição de Hebreus, é também

Levítico. O sacrifício de Cristo, tal como descrito por Ele mesmo antes do acontecimento e seus apóstolos mais tarde, só pode ser entendido à luz do sistema sacrificial judaico. A epístola aos Hebreos destaca este fato.

Contudo, Levítico é relevante a outro nível. Em sua revelação do amor redentor —

que amava o pecador, mas odiava o pecado —Yahvéh usou os símbolos de Levítico como un preparação para sua revelação plena em Cristo (cf. Hebreus 1:1).

Hebreus 1:1 Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,

Os símbolos ou tipos foram substituídos por uma realidade. Os sacrifícios simbólicos

já não são necessários, porque o verdadeiro sacrifício de Cristo os tornou desnecessários. Mas os símbolos antigos têm muito conteúdo útil para o ensino. Na verdade, não se pode alcançar uma compreensão dos conceitos do Novo Testamento do pecado e da salvação dispensando o Antigo Testamento, que abre o caminho para a nova revelação.

É ocasionalmente disse que o Deus e Pai de Jesus Cristo não é o Yahvéh do Antigo

Testamento. Jesus nega categoricamente isso, tanto em suas palavras como em seu sacrifício. O Deus e Pai de Jesus Cristo é um Deus santo, para quem o pecado é uma ofensa, exigindo o derramamento de sangue para remover o pecado. Ele providenciou o "cordeiro" substituto na pessoa de Seu próprio Filho, por meio de quem foi a "reconciliação” (Romanos 5:11).

Romanos 5:11


23

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;

Cristo instituiu a comemoração deste feito para o resto da época presente (“até que ele venha”) na Ceia do Senhor, usando a linguagem do Antigo Testamento nas palavras da instituição (Mateus26:26–28, paralelo com Êxodo 24:8;também. 1 Coríntios 11:23–27).

Mateus 26:26-28 E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Êxodo 24:8 Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras. 1 Coríntios 11:23-27 Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.

Na fé pecados são deixados no "Cordeiro de Deus", que, como o bode expiatório do

Dia da Expiação, "tira" o pecado (ver João 1:29). João 1:29 No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Se a linguagem ou os símbolos Levítico não são compreendidos, como pode chegar a

plena compreensão do significado mais profundo do Novo Testamento?

Bibliografia:

1. O significado básico de “culto” é “adoração” ou “os ritos e ceremônias de uma religião”. 2. Ver R. Abba, “Priests and Levites”, IDB 3 [G.A. Buttrick, ed., The Interpreter’s Dictionary of

the Bible, 4 vols., Nashville, 1962.], pp. 876–889, um cuidadoso estudo. Segundo aa teoria wellhauseniana clássica, a diferenciação entre os sacerdotes e os levitas é pós-exílica e toda a


24

adoração descrita em Levítico é uma interpretação do judaísmo pós-exílico.Porém, Abba observa que o código sacerdotal é pré-exílico e predeuteronómico, e, portanto, de um valor histórico muito maior do que anteriormente atribuído a ele. Para ampliar a avaliação de reconstrução de Wellhausen, ver D.A. Hubbard, “Priests and Levites”, IBD, [N. Hyllyer, ed., The IllustratedBibleDictionary, Wheaton, 1980.]pp.1266–1273.

3. A palavra kôhēn, “sacerdote”, aparece setecentas e trinta vezes; lēwî, “levita”, quarenta vezes; o plural “levitas”, duzentas e cinquenta vezes. Frequentemente "levitas" é utilizado como o nome da tribo sem uma referência para a função.

4. Um panorama do papel de Israel como “reino de sacerdotes” pode ser encontrado em A. Lacocque, But As for Me, Atlanta, 1979.

5. Para ter uma ideia do conceito israelita da "lei do Senhor", ver Salmo 119. 6. Pode ser estranho saber que qeḏēšîm, os “homens consagrados”, estavan dedicados à

prostituição no culto (1 Reis 15:12, Biblia de Jerusalém), e qeḏe̱šôṯ, as “mulheres consagradas”, eram prostitutas (Oséias 4:14; cf. Gênesis 38:21).

7. Embora de acordo com alguns métodos filológicos estivesse errada, esta é a única maneira de estabelecer a definição bíblica correta. Uma palavra deve ser interpretada de acordo com a intenção original de quem a usou. Em todas as disciplinas, ou medicina ou a matemática, direito e lingüística, certos termos têm significados especializadas nesse campo; um fato muitas vezes ignorado pelos estudiosos bíblicos.

8. A leitura cuidadosa das escrituras é recomendada juntamente com o estudo da Tabela. 9. Em Levítico 5:6 os termos são sinônimos. 10. Cf.Marcos 11:15e passagens paralelas; João 2:15. 11. No Novo Testamento, os sacrifícios de bois e bodes são considerados apenas como símbolos,

“Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.” (Hebreus 10:4). Em vez disso, o sacrifício de Cristo é eficaz, oferecido uma vez e para sempre (Hebreus 10:12).

12. Em algumas obras, a relação entre kippēr y kāp̱ar é recusada “cobrir”, e considera-se que o primeiro deriva de uma raiz diferente: “propiciar”. No entanto, é muito difícil justificar a idéia de expiação em Levítico ou no Antigo Testamento em geral. Este conceito baseia-se principalmente em estudos comparativos, como muitas vezes ocorre em religiões não israelitas. Uma exposição de expiação na Bíblia pode ser vista em L. Morris, “Propitiation”, NBD, pp. 1287.

13. A expressão é ‘azā’zēl, “a/para Azazel/tirar”.“ E aquele que tiver levado o bode emissário.” (Levítico 16:26) é na verdade uma interpretação e não uma tradução; literalmente a frase diz “O homem encarregado de enviar (ou soltar) o bode a/para Azazel (ou destruição)”.

14. VerO. Eissfeldt, Old Testament, pp. 233–239. 15. Parece óbvio que, se ambos Jeremias e Ezequiel referem-se ao fracasso de longa data, o dia do

reposo foi a invenção de um autor sacerdotal pós-exílico. Na análise recente de material antigo do chamado Documento Sacerdotal, ver R.E. Clements, “Pentateuchal Problems”, Tradition and Interpretation, G.W. Anderson, ed., pp. 118.

16. Vinte e quatro citações, segundo os dados de K. Aland, et al., eds., Greek New Testament, Sociedades Bíblicas Unidas, 2a. ed., Stuttgart,1968, pp. 900.

17. Naturalmente, esta não é a única explicação para a finalidade da Epístola aos Hebreus. No entanto, seria bastante ilógico pensar que o autor escrevesse a uma comunidade que não tinha conhecimento das leis de ritual e não há razão por que devesse estar interessado em realizar esses atos de culto.

18. Esta mesma passagem foi usada para provar o contrário; também Gálatas 3:23 frequentemente é citado como o fundamento da dicotomia lei-graça. Mas a salvação pelas obras da lei não é ensinada em qualquer lugar do Antigo Testamento. Assim interpretavam o Velho Testamento, Jesus e os apóstolos, incluindo Paulo, e todos os judeus. Ver D.P. Fuller, Gospel and Law: Contrast or Continuum, Grand Rapids, 1980.

19. Passagens rabínicas podem ser consultadas em C.G. Montefiore y H. Loewe, A RabbinicAnthology, Nueva York, 1974, cap. 3. As orações foram extraídas do SiddurAvodat Israel, mas todos contêm orações devocionais semelhantes. A expressão "o nosso testemunho diário" é uma referência a Shema (Deuteronômio 6:4), recitado diariamente por judeus religiosos.


25

20. Desde Clemente de Alexandria (ca. 150–215 d.C.) e Orígenes (ca. 185–254 d.C.) até o presente. Em seu comentário sobre Gênesis, até mesmo Lutero deu uma tipologia fantástica.

21. Von Rad, Teología del Antiguo Testamento2, pp. 467–482. 22. O símbolo pode ser expresso verbalmente, como quando a palavra escrita «cruz» evoca uma

imagem visual. Toda língua é, em certo sentido, simbólica; a partir daí você pode traduzir de uma língua para outra, usando símbolos diferentes, mas que transmitem a mesma ideia.

23. A palavra grega týpos “marca”, “impressão”, “forma”, “padrão”, “tipo”, tem um uso muito significativo em Atos 7:44; Romanos 5:14y Hebreus 8:5. Em portugués, “tipo” provém desta palavra. Não obstante, na línguagem de impressão, o “tipo” seria a realidade, enquanto que a impressão (“antitipo”), a imagem.

24. Isso de forma alguma significa que todos os detalhes do tabernáculo simbolizam alguns detalhes da pessoa ou do ministério de Cristo. Mais detalhes em W.S. LaSor, “Interpretation of Prophecy” BDPT, pp. 130–132 [R.G. Tumbull, ed., Baker’s Dictionary of Practical Theology, Grand Rapids, 1967].

25. “Introduction and Exegesis of Leviticus”, IB 2, p. 4 [G.A. Buttrick, ed., The Interpreter’s Bible, 12 vols., Nashville, 1952–57].

26. VerB.S. Childs, Old Testament as Scripture, p. 188.

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