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ISSN: 1984-‐1175 – ANAIS ELETRÔNICOS
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras
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LETRAMENTO DIGITAL E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA EJA: A CAMINHO DO HIPERTEXTO.
Patrícia da Silva Soares (UNIR – Universidade Federal de Rondônia)
Radelfiane Balbino da Silva Ferreira.
(UPEL – Universidad Pedagógica Experimental Libertador)
Resumo: O presente artigo possibilita ao docente da EJA, uma reflexão sobre a mais recente linha pedagógica que pode contribuir para um trabalho atualizado no campo tecnológico. O letramento digital (Xavier 2005), “se o aprendiz contemporâneo usa os equipamentos digitais com desenvoltura, ele consegue reinventar seu cotidiano e estabelecer novas formas de ação, que se revelam em práticas sociais específicas e em modos diferentes de utilização da linguagem verbal e da não-‐verbal. O letramento digital requer que o sujeito assuma uma nova maneira de realizar as atividades de leitura e de escrita”. As práticas pedagógicas no âmbito escolar devem possuir relevância cultural e social para os sujeitos que se encontram em processos de ensino-‐aprendizagem. E isto aponta a necessidade dos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) adquirirem novas competências linguísticas na perspectiva do letramento, sob os mais variados gêneros textuais, inclusive, os digitais através de práticas hipertextuais. A educação, como processo de aprendizagem que acompanha o ser humano ao longo da sua vida e a compreensão de que é necessário oportunizar uma educação que atenda às exigências e necessidades dos sujeitos que se encontram no contexto da sociedade da informação, globalizada e tecnologicamente avançada, merece ser discutida, na perspectiva do letramento digital. Nesse sentido, a inclusão dos Hipertextos e da Internet constituem recursos para a realização de leituras e pesquisas de forma mais abrangente e enriquecedora, uma vez que não só motiva o educando, mas também o educador a questionarem sobre determinado assunto, confrontarem realidades e buscarem informações para sanarem suas indagações. No mundo globalizado, onde impera o poder e a cultura da classe dominante, é possível possibilitar uma educação inovadora, instauradora entre os jovens e adultos que fazem suas histórias, que constroem sua formação de vida. “Todo o processo de conhecimento, marcadamente o do adulto, aluno da EJA, é permeado por suas vivências, cuja lembrança é mobilizada em determinados momentos das interações de ensino-‐aprendizagem escolar”.
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(FONSECA, 2007). Desta forma, este trabalho visa despertar nos educadores a adesão, a ideia da inserção do letramento digital para a EJA como inovação no fazer pedagógico agregadas às práticas já utilizadas no cotidiano das aulas de Língua Portuguesa com foco na produção de hipertextos. Sendo assim, os mesmos passarão a ser educadores antenados ás exigências do momento com relação aos desafios da tecnologia na educação do mundo contemporâneo. Palavras-‐chave: Letramento Digital, EJA, Hipertextos. ABSTRACT: This article allows the teacher of the EJA a reflection on the most recent pedagogical line that can contribute to an updated work in the technological field. Digital literacy (Xavier 2005), "If the contemporary apprentice uses digital equipment with ease, he can reinvent his daily life and establish new forms of action, which are revealed in specific social practices and in different ways of using verbal language and non-‐verbal. Digital literacy requires the subject to assume a new way of performing reading and writing activities. " The pedagogical practices in the school environment must have cultural and social relevance for the subjects who are in teaching-‐learning processes. And this points to the need for students of the EJA (Youth and Adult Education) to acquire new language skills from a literary perspective, under the most varied textual genres, including digital ones through hypertextual practices. Education, as a learning process that accompanies the human being throughout his life and the understanding that it is necessary to provide an education that meets the demands and needs of the subjects that are in the context of the globalized and technologically advanced information society, deserves to be discussed in the perspective of digital literacy. In this sense, the inclusion of Hypertexts and the Internet are resources to carry out readings and research in a more comprehensive and enriching way, since it not only motivates the student, but also the educator to question about a certain subject, confront realities and seek information to heal their inquiries. In the globalized world, where the power and culture of the ruling class prevails, it is possible to provide an innovative, instituting education among the young people and adults who make their stories, who build their life formation. "The whole knowledge process, markedly that of the adult, student of the EJA, is permeated by his experiences, whose memory is mobilized at certain moments of the school teaching-‐learning interactions." (FONSECA, 2007). In this way, this work aims to awaken in the educators the adhesion, the idea of the insertion of the digital literacy for the EJA as innovation in the pedagogical doing, added to the practices already used in the daily life of the Portuguese Language classes focusing on the production of hypertexts. As such, they will become educators who are aware of the demands of the moment regarding the challenges of technology in the education of the contemporary world.
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Key words: Digital Literacy, EJA, Hypertexts.
Introdução
A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do ser
humano, e é por meio dela que o indivíduo se apropria de algo novo, apreende um
novo conhecimento, de modo que esse conhecimento passa a fazer parte dele. As
transformações sociais, econômicas e culturais são fatores que influenciam o sistema
de ensino e ao educador cabe o papel de acompanhar tais transformações dentro da
sala de aula e se adaptar às novas mudanças. Atualmente, presenciamos um grande
avanço no desenvolvimento tecnológico, com destaque paras as TIC (Tecnologias de
Informação e Comunicação), e esse avanço, muitas vezes, não é aproveitado e sequer
aplicado em termos de melhoria na qualidade da educação e no processo de ensino-‐
aprendizagem.
Para Libâneo (2007), as TIC’s estão cada vez mais presentes no cotidiano
escolar. No entanto, a maioria dos professores da rede pública de ensino no Brasil
ainda utiliza a abordagem tradicional dentro de sala de aula, ou seja, o livro didático,
quadro e giz. De acordo com Lima e Vasconcelos (2006), a não utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) pode ser atribuída à falta de formação
dos professores, da infraestrutura escolar, de políticas públicas inadequadas e até
mesmo a baixa remuneração dos docentes.
Introduzir as Tecnologias Educacionais não significa somente disponibilizá-‐las
nas escolas, o seu uso deve vir acompanhado da capacitação dos profissionais,
principalmente dos professores, como também da sua adequação e utilização, e que
não devem ser utilizadas indiscriminadamente, uma vez que não substituem a aula
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expositiva-‐dialogada (VALENTE e ALMEIDA, 1997). Assim, o professor deve ser o
mediador e promotor desse processo de aprendizagem. E para que isso ocorra, deve
ser capaz de criar um ambiente interdisciplinar que leve os alunos a novas
descobertas.
O crescente uso das ferramentas tecnológicas na vida social, exige muitos dos
cidadãos, aprendizagem de conhecimentos e raciocínio específicos. É nesse contexto
eu surge mais o paradigma de letramento chamado digital que para reforçar o que foi
dito, o letramento digital vem para suprir a necessidade dos indivíduos de dominarem
um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com
urgência pelas instituições de ensino a fim de capacitar o mais rápido possível os
alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio cada vez mais
cercado por máquinas eletrônicas.
As práticas pedagógicas no âmbito escolar devem possuir relevância cultural e
social para os sujeitos que se encontram em processo de aprendizagem. E isto aponta
a necessidade dos alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) adquirirem novas
competências linguísticas na perspectiva do letramento, sob os mais variados gêneros
textuais, inclusive, os digitais através de práticas de hipertextuais.
A presença da tecnologia na vida das pessoas faz com que as mesmas criem
ansiedade por uma educação mais dinâmica, rápida e adequada à realidade
contemporânea, por isso a prática da leitura e da escrita tão exigida no ensino de
língua portuguesa passa a ser entendida e vista pelos canais dos hipertextos que surge
na internet. Soares (2002), faz uma referência a leitura e escrita realizada no
computador, para ela, a tela como espaço de leitura e escrita traz não apenas novas
formas de acesso à informação, mas também novos processos cognitivos, novas
formas de conhecimento, enfim um novo letramento, isto é um novo estado ou
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condição para aqueles que exercem práticas de escrita e de leitura na tela
(SOARES,2002, p. 152).
Por outro, lado adverte os estudiosos do Letramento Digital que fazer uso da
tecnologia também implica no posicionamento crítico sobre determinado assunto
pesquisado, isto quer dizer que o usuário no caso, o aluno e o professor precisam
também desenvolver censo crítico emitindo seus posicionamentos a favor ou contra
situações veiculadas na internet na pesquisa através dos hipertextos.
A Educação de Jovens e Adultos – EJA, na perspectiva de aprendizagens ao
longo da vida, em múltiplos espaços sociais deve sintonizar-‐se com as exigências e
necessidades do mundo contemporâneo para além da escola e isso requer que as
práticas pedagógicas nessa modalidade de ensino descortinem um novo modo de fazer
educação, através do qual se suscita os seguintes questionamentos: O professor de
Língua Portuguesa utiliza as novas tecnologias para processo de leitura e escrita em
suas aulas? Como se aplica o letramento digital frente ao ensino-‐aprendizagem do
aluno da EJA relacionando sua vida social? Tais problematizações se configuram a
seguir, em um diálogo teórico pertinente a possibilidades de novas concepções e
práticas pedagógicas aceca do uso das novas tecnologias nas escolas de Porto Velho,
capital do estado Rondônia.
Este trabalho objetiva analisar o letramento digital nas turmas da EJA da escola
Estadual Sebastiana Oliveira na cidade de Porto Velho-‐RO; observar, na escola, o uso
das tecnologias para o processo de leitura e escrita desses alunos; identificar como os
alunos reconhecem e fazem uso dessas tecnologias nas aulas de Língua Portuguesa, se
existe uma prática pedagógica na utilização de hipertextos em sala de aula.
Para tanto, utilizaremos como instrumento de coleta de dados, aplicação de
questionário e observação in loco na sala de aula, baseado no aporte teórico de
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autores com Marcuschi (2001, 2009), Moran (2002), Rojo (2009, 2011), Xavier (2005,
2009, 2013) e Soares (2002,2009).
Os procedimentos utilizados caracterizam a pesquisa como sendo bibliográfica
relativa, e exploratória analisando o modo como os Jovens e Adultos da EJA fazem uso
do computador e da internet em sala de aula.
Em virtude do advento dessas tecnologias, com as quais no deparamos
diariamente, surgiu a necessidade de investigar como elas são usadas e se de fato são
utilizadas nas aulas de Língua Portuguesa nas turmas de jovens e adultos, matriculados
na EJA. Esperamos que esse estudo contribua com o entendimento dos professores e
alunos acerca do letramento digital, de modo a incluí-‐los na sociedade.
1. A Importância do Letramento Digital
Ao iniciar a discussão sobre letramento digital, contextualizamos o termo
letramento, o qual é recente no contexto brasileiro, na perspectiva de prática social da
escrita, foi introduzido na década de 80. Etimologicamente a palavra ‘letramento’
significa: letra – forma portuguesa da palavra latina litera, mento – sufixo que indica
resultado de uma ação.
Desde o início do século XXI, vêm sendo realizados diversos estudos da
linguagem, inclusive no Brasil, sobretudo na Linguística Aplicada, sobre as práticas de
leitura e escrita à luz das chamadas Novas Tecnologias da Informação e da
Comunicação. Antes do início do século XXI, tínhamos uma prática de leitura e escrita
pautada nos livros-‐textos e, a partir do início desse século, passamos a utilizar a
tecnologia nessas modalidades de uso da língua. A esse respeito, Rojo (2012, p. 75)
afirma que:
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Há algumas décadas, as práticas de letramento na escola alicerçavam se em atividades de leitura e escrita nas quais se recorria apenas à linguagem escrita como tecnologia para o ensino de língua materna. Atualmente, essas práticas têm sofrido modificações com a inserção e o uso de novas tecnologias.
A modernidade colaborou para o surgimento de um elemento capaz de
transformar a vida das pessoas na sua forma de resolver determinadas situações do
dia a dia através de um processo de comunicação que acontece pelo clicar de um
botão. Para Santana (2015), “O reconhecimento de que as tecnologias exercem função
importante na vida das pessoas com o dinamismo que os mesmos possibilitam aos
seus usuários são qualidades que faz necessária a educação incorporar práticas
metodológicas utilizando os recursos tecnológicos no ensino das escolas brasileiras”.
Nesta configuração de se aprender a fazer “leitura de mundo” como diz
Paulo Freire, com a presença da tecnologia nas nossas vidas surge também a
necessidade de se incorporar à prática pedagógica, mais outro tipo de leitura que exige
um aprendizado através das ferramentas digitais caracterizando assim outra dimensão
na forma de se fazer educação chamado de Letramento Digital.
Com a evolução das tecnologias da informação e da comunicação, passamos a
utilizar novas formas de ler e de escrever, formas essas que facilitam o acesso à
informação. Diante disso, a escola precisa preparar os alunos para que eles entrem no
mundo da tecnologia, da informação e da comunicação. Atualmente, essa nova
maneira de ler e escrever é entendida como o letramento digital. Sobre essa mudança
na forma de ler e de escrever digitalmente e, ainda, sobre o papel da escola nesse
contexto, Xavier (2005, p.1) afirma que,
Esse novo letramento (...) considera a necessidade dos indivíduos dominarem um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com urgência pelas instituições de ensino, a
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fim de capacitar o mais rápido os alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio, cada vez mais cercado por máquinas eletrônicas e digitais.
Assim, com base no mesmo autor, o letramento digital implica:
[...] realizar práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital pressupõe assumir mudanças nos modos de ler os códigos e sinais verbais e não verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita feitas nos livros, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital. (XAVIER, 2005, p. 35).
Nesse sentido, ser letrado digitalmente pressupõe assumir novos modos de ler
e escrever, sejam os códigos verbais ou não verbais. Este tipo de letramento é
necessário nas escolas a fim de ficarem antenadas na atualidade e no progresso das
tecnologias.
Xavier (2005. p.4), enfatiza que, “o letramento digital exige do sujeito modos
específicos de ler e escrever (...) Ele utiliza com facilidade os recursos expressivos
como imagens, desenhos, vídeos para interagir com outros sujeitos. Trata-‐se de novas
práticas lecto-‐escritas e interacionais efetuadas em ambiente digital com intenso uso
de hipertextos on e off-‐line” (XAVIER,2009)
Sobre o uso da tecnologia como mediadora no processo de aprendizagem de
leitura e escrita, os PCN (1997, p. 57) diz que:
Finalmente, é necessário que se faça menção ao computador: alguns programas possibilitam a digitação e edição de textos produzidos pelos alunos para publicações internas da classe ou da escola; outros permitem a comunicação com alunos de outras escolas, estados, países; outros, ainda, possibilitam o trabalho com aprendizagens específicas, sobretudo a leitura
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Dessa forma, verificamos a importância do computador como ferramenta para
o ensino de língua materna, pois ele abre um leque de possibilidades para os alunos,
dentre eles, a habilidade da digitação e, ao mesmo tempo, a organização do texto;
além de facilitar o acesso à leitura em outro ambiente que não seja o físico.
Ainda sobre a importância do computador nas aulas de leitura e escrita Soares
(2002, p. 152) afirma que
[...] a tela como espaço de escrita e de leitura traz não apenas novas formas de acesso à informação, mas também novos processos cognitivos, novas formas de conhecimento, novas maneiras de ler e escrever, enfim, um novo letramento, isto é, um novo estado ou condição para aqueles que exercem práticas de leitura e de escrita na tela.
Além da mudança nos hábitos de leitura e escrita, para ser considerado letrado
digital, o indivíduo precisa saber manusear tecnicamente o computador; precisa fazer
o uso dele para a leitura e para a escrita, ou seja, comunicar-‐se eficientemente em
ambientes virtuais.
A esse respeito, Araújo (2007, p. 80) nos diz que ele: “[...] passa também pela
necessidade de saber manipular um computador, de preferência conectado à internet,
a fim de ocupar um lugar que sua contemporaneidade lhe reserva/impõe”. Ou seja, é
preciso que o homem e a mulher desse século sejam sujeitos letrados também
digitalmente.
Outro ponto revolucionário do Letramento Digital diz respeito a ideia sobre o
ensino/aprendizagem no qual o aluno passa a ser construtor do seu conhecimento,
neste sentido o aluno é considerado capaz de criar e desenvolver as capacidades inatas
de aprendizagem e não apenas um depósito de conhecimento. (SANTANA, 2015).
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(Xavier 2002 apud Barton 1998) defende a existência paralela de vários tipos
de letramento. Dessa forma o letramento digital seria mais um tipo e não um novo
paradigma de letramento. Em outras palavras,
O letramento digital passa a ser fundamental nas escolas para auxiliar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno preparando para que o mesmo utilize as ferramentas tecnológicas da informação e comunicação de maneira consciente crítica, e sanando as suas necessidades no mundo digital. O paradigma do letramento digital agrega-‐se ao conhecimento de mundo através da leitura sobre os aspectos sociais, político, econômico e social, sem deixar de se considerar que a base de tudo consiste no letramento decodificação de código escrito, pois o mesmo constitui a porta de entrada para a realização das diversas leituras.
Barton ainda adianta que mesmo dentro do letramento digital há contextos
que implicam letramentos diferentes. Segundo o autor, “Letramento não é o mesmo
em todos em todos os contextos. A noção de diferentes letramentos, tem vários
sentidos: por exemplo, prática que envolvem variadas mídias e sistemas simbólicos,
tais como um filme ou computador, podem ser consideradas diferentes letramentos
como o letramento fílmico e letramento computacional” (Barton, 1998, p. 9)
Entretanto restringe-‐se aqui, o letramento computacional especificamente
relacionado à pesquisa através das leituras e a digitação de textos.
Verificamos, com isso, que o processo de ensino-‐aprendizagem de Língua
Portuguesa muda com o uso da máquina. Deixamos de ser prisioneiros de livros-‐textos
e passamos a ser produtores, ao passo que podemos investigar detalhes que muitas
vezes os autores não deixam explícitos. Além disso, podemos adequar o texto aos
nossos interesses pessoais e, com isso, percebemos a importância do computador e da
internet no ensino de Língua Portuguesa, pelo fato de ajudarem no sentido de que os
alunos podem ser autores (produtores) de seus próprios textos.
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2. O EJA FRENTE AS NOVAS TECNOLOGIAS
As novas tecnologias chegaram às escolas brasileiras de forma brusca, visto
que, não se esperava que a tecnologia da informação e comunicação ocupasse lugar
como prioridade na vida das pessoas, e que seria a própria escola a principal
instituição a ensinar como lidar com a comunicação digital.
Valente (1993) apud Barros (2011) afirma que “a Informática, com todas as
suas ramificações, trouxe a exigência da formação de um homem com capacidade de
adaptação às mudanças. Concordando com essa opinião, Dimenstein (1998, p.16)
afirma que o analfabeto digital não encontrará lugar no mercado de trabalho em uma
sociedade informatizada”.
Diante desta realidade indiscutível da importância das novas tecnologias no
processo de ensino aprendizagem, o domínio delas se apresenta como um dos traços
importantes do novo perfil do educando e do educador. Segundo Sampaio e Leite
(1999, p.75) citado por Barros (2011):
É importante a capacidade de lidar com as diversas tecnologias e interpretar sua linguagem, além de distinguir como, quando e por que são importantes e devem ser usadas. Esta alfabetização significa um domínio inicial das técnicas e suas linguagens, mas está relacionada também a um permanente exercício de aperfeiçoamento mediante o contato diário com as tecnologias. Relaciona-‐se ao conhecimento técnico e pedagógico que o professor deve ter das tecnologias e de seu potencial pedagógico.
A educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de escolarização e
como tal parte do sistema educacional, responsável pela Educação Básica, porém
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somente na segunda metade da década de 90 se constata, por parte do governo
federal, uma preocupação com a EJA.
Em detrimento dessa exigência social, a Declaração de Hamburgo propõe
medidas ao longo prazo para a melhoria da qualidade da Educação de Jovens e Adultos
no Brasil. Uma dessas medidas é o item 20, do acesso a informação.
A Declaração de Hamburgo salienta:
(...) O desenvolvimento de novas tecnologias, nas áreas da informação e comunicação, traz consigo novos riscos de exclusão social para grupos de indivíduos e de empresas que se mostram incapazes de se adaptar a essa realidade. Uma das funções da educação de adultos, no futuro, deve ser o de limitar esses riscos de exclusão, de modo que a dimensão humana das sociedades da informação se torne preponderante. (UNESCO, 1997, p.26)
Ao permitir o acesso ás tecnologias tais como: computadores ligados a internet,
filmes, vídeos e outros, os alunos jovens e adultos passam a ter maior acesso as
manifestações culturais e artísticas, e por meio dessas tecnologias o acesso ao
conhecimento é maior, perpassando barreiras, socioculturais e regionais.
O Documento Base Nacional Preparatório a VI Confintea (Conferência
Internacional sobre Educação de Adultos), é um documento que retrata a realidade e
necessidades da Educação de Jovens e Adultos e também estabelece estratégias de
melhoria da qualidade de ensino nessa modalidade educativa. Uma das estratégias
apresentadas neste documento é o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação
para a Educação de Jovens e Adultos. Com relação a isso o documento relata:
“As TICs se espalham na prática social de forma irrecorrível, mudando a vida, as
relações e as lógicas de apropriação do tempo e espaço, agora submetidos a novos
ordenamentos a apreensões. Convive-‐se com antigas tecnologias, mas não se abre
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mão das novas em todos os campos da vida social e cuida-‐se de evitar que novas
exclusões sejam processadas”. (BRASIL, 2008, p. 18)
O trecho abordado acima mostra que o contexto social exige o uso das
tecnologias e utilizá-‐las não muda somente a forma de agir, mas, sim a forma de viver
e relacionar dos indivíduos. A escola deve proporcionar um equilíbrio do uso das
antigas e das novas tecnologias para que não se reproduza a exclusão não somente
digital, mas a exclusão social por não permitir que os alunos especialmente da
Educação de Jovens e Adultos tenham acesso às tecnologias como qualquer outro
cidadão.
Se tratando da questão da exclusão digital o documento base a VI Confintea
continua:
Todos os sujeitos se veem diante de um novo mundo de informações e linguagens/ferramentas do ambiente virtual multimídia, mas mesmo a apreensão desigual dessas linguagens/ferramentas do fazer este mundo inclui a todos, sem escolha, com diferentes graus de acesso: códigos de barras, cartões eletrônicos, celulares estão na realidade cotidiana, mesmo quando se é levado a pensar no conceito que mais uma vez, ameaça o direito: o da exclusão digital. (BRASIL, 2008, p. 18)
Os recursos tecnológicos estão presentes no dia a dia, por meio dos códigos de
barras, celulares entre outros. Não permitir o conhecimento do uso desses recursos faz
com que uma parcela da sociedade esteja alienada com relação ao acesso do direito à
cidadania. O papel da escola é preparar para a vida, e isso envolve mais do que ensinar
conteúdos ou habilidades estabelecidas nos currículos. O educar para a vida envolve
preparar o aluno, a lidar com os problemas pessoais e sociais, a saber, os seus deveres
e direitos, a ter um bom relacionamento com outros em diversos ambientes e
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principalmente a ter autonomia que por sinal é o maior desafio que a escola possui
hoje.
3. O papel do professor na era digital
Ao realizar uma comparação entre a sala de aula de anos atrás com as de
hoje, nota-‐se que o docente não é mais o dono da informação. A final de contas, as
revoluções tecnológicas na era digital estão mudando o conceito de conhecimento,
pois ele está em toda parte. Desta forma, qual o papel do professor frente a era
digital?
O papel do docente hoje é fazer com que o aluno saiba buscar informações,
filtrá-‐las e transformá-‐la em conhecimento aplicável. Ou seja, o docente hoje em sala
de aula deve ser mais um promotor de interações do que apenas o ditador do que os
alunos devem aprender.
Hoje há uma espécie de guerra a essa capacidade que os meninos e meninas
têm de construir a linguagem do mundo por meio de toda a tecnologia que dominam
mais e melhor do que os adultos. Há aqui um conflito que não é apenas de gerações; é
primordialmente de linguagem
Na contemporaneidade não se pode descartar o ambiente virtual multimídia e
o papel das tecnologias da informação e comunicação TICs como recursos pedagógicos
à ação do professor, pelo que têm possibilitado ao desenvolvimento de processos de
aprendizado.
Quanto à postura dos professores frente à implantação do uso dessas
tecnologias e as suas contribuições para o processo pedagógico, Niskier (1993, p. 45)
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apud Silva, Souza&Carmo (2016) assinalou que o principal motivo de resistência
poderia ser a possibilidade de serem substituídos pelos recursos tecnológicos, quanto
a esse assunto, o autor se posicionou da seguinte maneira: "O uso do computador na
educação está em plena ascensão em diversos países. O receio inicial de que a
máquina poderia vir a substituir o professor aos poucos está sendo desmistificado".
Com as novas tecnologias, a maneira de ensinar e aprender, através do
trabalho pedagógico são necessárias um novo professor para atuar neste ambiente
temático em que a tecnologia serve como suporte na mediação do processo ensino
aprendizagem, afirma Luis P. Leopoldo Mercado.
Ainda de acordo com Mercado, “mesmo vivenciando as diversas situações de
dificuldade no tocante aos currículos com a implantação das novas tecnologias, falta
de investimentos na aquisição dos equipamentos, é preciso que acima de tudo os
docentes quebrem os preconceitos de que a tecnologia não é material importante no
ensino e continuem na mesmice sem procurar as inovações no fazer pedagógico
através do campo digital”.
Há profissionais que pensam simplesmente permitir a entrada da tecnologia
na educação e tornará a escola atualizada e contemporânea das mudanças desse
tempo. De acordo com Rocha (2014. p. 27) “A tecnologia não é a salvação da educação
nem lhe dará todos os respaldos para buscá-‐las, mas é um novo instrumento que abre
possibilidades para novos direcionamentos metodológicos e pedagógicos, que podem
solucionar problemas da área da informação e da comunicação”.
Como diz Silva (2002, p. 112) citado por Rocha (2013, p. 147), “Saber ensinar a
olhar e a ler as imagens, saber usar as modernas tecnologias no ensino, é um passo
importante para se transformar a educação”. Essa afirmação nos faz refletir sobre o
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uso das imagens no processo ensino-‐aprendizagem, tanto as que produzimos como as
que apenas utilizamos para mediar o processo.
Entretanto, cabe ao docente entender que a tecnologia digital está entrando
na educação, não que os conhecimentos seculares devem ser extintos de sala de aula,
mas sim serem aliados ao há de útil na internet, e desta forma, interagir com os alunos
ajudando-‐os a buscar o conhecimento.
Como afirma Almeida (2000, p.77), o papel do professor é “promover a
aprendizagem do aluno para que este possa construir o conhecimento de um
ambiente que o desafie e motive para a exploração, a reflexão, a depuração de ideias e
a descoberta”.
Por sua vez, a presença do docente em sala é fundamental para a
aprendizagem, para que crie questionamentos, fazer com que os alunos pensem,
conheçam a realidade e, a partir daí, construam seu próprio entendimento radical e de
totalidade.
Segundo Chalita (2001, p. 163):
A alma de qualquer instituição de ensino é o professor. Por mais que se invista na equipagem das escolas, em laboratórios, bibliotecas, anfiteatros, quadras esportivas, piscinas, campo de futebol – sem negar a importância de todo esse instrumental – tudo isso não se configura mais do que aspectos materiais se comparados com o papel e à importância do professor.
Demasiadamente, o docente não pode caminhar sem a instituição, pois o
ambiente de ensino-‐aprendizagem precisa estar propício à esse desenvolvimento
cognitivo com a utilização das tecnologias.
Vigotsky (2005) complementa dizendo que:
A educação não fica à espera do desenvolvimento intelectual da criança e que a função da escola, tendo o professor como mediador da aprendizagem, é levar o aluno adiante, pois quanto mais ele
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aprende mais se desenvolve mentalmente. (VIGOTSKY, 1998 apud Prieto et al., 2005, p. 5)
É necessário ao professor educador, o domínio da linguagem utilizada pelas
tecnologias que estão à sua volta e sua alfabetização tecnológica. “A alfabetização
tecnológica não pode ser compreendida apenas como o uso mecânico dos recursos
tecnológicos, mas deve abranger também o domínio crítico da linguagem tecnológica”
(SAMPAIO; LEITE; 1999 p. 16).
Ademais, a utilização das tecnologias de forma adequada e planejada em sala
de aula podem colaborar significativamente no aprendizado dos alunos, como
reafirma Moran (2009) “as tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de
forma rápida e atraente. O papel do professor – o papel principal – é ajudar o aluno a
interpretar esses dados, a relacioná-‐los, a contextualizá-‐los”
Certamente não é uma tarefa fácil ser professor na era digital, entretanto é
imprescindível romper barreiras para que essas ferramentas possam adentrar no
ensino de maneira a somar com a prática educativa, fundamentando a prática,
qualificação e responsabilidade na formação dos alunos.
Quando se há domínio do uso das tecnologias pelo professor, se torna mais
fácil o planejamento das aulas com esses recursos e maior objetividade de sua
finalidade para os alunos. Seria interessante então, haver maior investimento do
governo e das instituições em capacitação desse professor atuante na Educação de
Jovens e Adultos.
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4. O Gênero Digital Hipertexto
O termo hipertexto foi criado por Ted Nelson, em 1960, em um projeto
desenvolvido quando aluno de pós-‐graduação, em Harvard (WHITEHEAD, 1961).
Hipertexto designa uma coleção de documentos com links, ou hiperlinks, que auxiliam
o leitor a ir de um texto (texto escrito ou imagem) a outro, em um movimento auto
gerenciado. O hipertexto se caracteriza pela não-‐linearidade, pela liberdade do
percurso que o leitor pode construir.
O avanço das tecnologias com ênfase à internet e às suas transformações
trouxe desafios para ser enfrentados pelos educadores modernos, tanto em aspectos
relativos às novas estratégias de comunicação e atuação como o uso delas na sala de
aula, quanto às formas de uso linguístico por parte do aluno, que por se diversificarem
bastante interferem na escrita bem como na relação interpessoal.
As mudanças da escrita, na era digital refletidas sobre o impacto do avanço
tecnológico na identidade do sujeito e nas instituições de ensino, dão origem aos
gêneros digitais que se configuram com novas formas de utilização da escrita no
espaço hipermidiático, pois o hipertexto, produzido coletivamente pelos usuários da
Internet, modifica a relação leitor-‐escritor, tornando imprecisa a fronteira que os
separavam, uma vez que, agora, o “leitor-‐navegador não é um mero consumidor
passivo, mas um produtor do texto que está lendo, um coautor ativo, capaz de ligar os
diferentes materiais disponíveis, escolhendo seu próprio itinerário de navegação”
(COSTA, 2000, p.04).
Para isso, o hipertexto vem contribuir significativamente nesse
desenvolvimento de comunicação, através da divisão de um texto em diversos trechos
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com links que permitem uma navegação livre e flexível, fazendo com que o leitor
tenha a liberdade de escolher o melhor caminho do percurso da leitura e do conteúdo
a ser lido.
A nova forma de utilização da linguagem criada, no espaço cibernético, mais
rápida, permite ao usuário adentrar no que é considerado hipertexto. Para Lévy (1999,
p.32) citado por Laís (2012), um texto digitalizado possibilita novos tipos de leitura: uns
textos se conectam a outros por meio de ligações hipertextuais, possibilitando o
exame rápido de conteúdo, acesso não linear e seletivo ao texto; segmentação do
saber em módulos, conexões múltiplas; processo bem diferente da leitura em papel
impresso. Segundo Koch (2002), todo texto é um hipertexto, partindo do ponto de
vista da recepção. Sob sua ótica, tratando-‐se da relação do hipertexto eletrônico, a
diferença incide somente no suporte e na forma e rapidez do acessamento.
Para Marcuschi apud Koch (2002. p.67), o hipertexto é visto como algo
totalmente inovador; porém, a novidade se instala na tecnologia, que proporciona a
integração de elementos (notas, citações, referências etc.) que aparecem no texto
impresso, havendo a linearização do deslinearizado e a deslinearização do linearizado,
ou seja, “[...] subvertendo os movimentos e redefinindo as funções dos constituintes
textuais clássicos”. Na visão do autor, trata-‐se de um processo, realizado num novo
espaço – o ciberespaço, de leitura/ escritura multilinearizado, multisenquencial e não
determinado.
Desta forma, a visão de Ramal (2002, p. 14) é que “os suportes digitais, as
redes, os hipertextos são, a partir de agora, as tecnologias intelectuais que a
humanidade passará a utilizar para aprender, gerar informação, ler, interpretar a
realidade e transformá-‐la”.
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Pode-‐se dizer que o hipertexto se configura como um pensamento em rede,
proporcionando assim, além de uma nova forma de acesso a informação, uma nova
forma de pensar e desenvolver-‐se cognitivamente, como afirma o autor Ramal (2002,
p. 82) ao dizer que “da mesma forma que pensamos em hipertexto, também
navegamos em muitas vias proporcionadas pelo novo texto.”
A escola deve aproveitar a competência comunicativa dos adolescentes que
usam bem os gêneros digitais disponíveis na rede virtual para transformá-‐los em bons
produtores de gêneros textuais valorizados na sala de aula e no mundo real.
As novas tecnologias propiciam maiores possibilidades de interação o que pode
repercutir em uma maior motivação dos alunos, já que estes poderão, pelo uso dos
gêneros digitais, não só buscar novas informações como também publicar seus
trabalhos na grande rede.
Desta forma, os gêneros digitais podem ser grandes ferramentas educacionais
para o processo de ensino e aprendizagem o trabalho com esses gêneros digitais é
uma importante ação para o desenvolvimento e a ampliação da competência
discursiva dos alunos. Partindo deste mesmo pressuposto, Xavier (2005), refletindo
sobre os “Blogs, Msn, E-‐mail e Orkut e suas contribuições para o ensino, mencionam
que estes, por ser produzido em torno de uma conversação sobre algum tema, acaba
levando os interlocutores a darem respostas imediatas, sem uma argumentação mais
sólida e amadurecida.
Desta forma, de acordo com o autor, esse gênero digital se presta muito mais
ao desenvolvimento acadêmico-‐intelectual das crianças e adolescentes do que se
imagina.
Estes são gêneros emergente que poderiam ser bastante explorados na e pela escola. Os professores de língua portuguesa poderiam utilizar estes gêneros digitais para dinamizar suas aulas de produção textual. A mudança de ambiente, da sala de aula para o laboratório
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de informática, e a descoberta das características e potencialidades de desenvolvimento retórico-‐argumentativo poderiam tornar a aula de português mais empolgantes e atraente. A participação constante dos alunos em tende a ampliar sua capacidade de argumentar sobre temas diversos, levando-‐os a aprender a refletir dialeticamente sobre as diversas opiniões e construir sua própria síntese sobre as questões em discussão. (...) desta forma, os gêneros digitais são megaferramenta para desenvolver nos aprendizes a necessária habilidade de construir pontos de vista e defendê-‐los convincentemente. (XAVIER; 2005 p.37-‐38.)
Ao interagirem, os adolescentes efetivam práticas de leitura e de escrita
diferentes dos processos tradicionais de letramento e alfabetização. Eles, agora, lidam
não só com as formas gráficas da escrita ditadas pelas normas gramaticais, mas as
reconfiguram, resignificando-‐as, tal como acontece com parênteses, traços, barras e
outros sinais que formam feições humanas e passam a representar estados da alma.
(Os emotions).
Para Possenti (2006), esse tipo de linguagem nada mais é que um código
secreto de uma comunidade jovem e moderna, com características que já
aconteceram na norma padrão em outros períodos históricos. Para esse autor, os
”internautas”, por utilizarem um suporte especial (computador), acabam por criar
escritas especiais; escrevendo, então, de duas maneiras (padrão e Internetês);
demonstrando, assim, maior competência.
Na visão de Bakhtin (2000) citado por Laís (2015), Os gêneros digitais podem
ser grandes ferramentas educacionais para o processo de ensino e aprendizagem. Isso
porque, além de ser o local onde a língua efetivamente é empregada, os gêneros
possibilitam, através do estudo desses enunciados, um contato com as “condições
específicas e as finalidades de cada campo, não só pelo seu conteúdo (temático) e pelo
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estilo da linguagem (seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da
língua), mas, por sua construção composicional” (BAKHTIN, 2000, p.263)
Os adolescentes, usuários frequentes da mídia digital, encontram, na rede, o
espaço ideal para exercitar aquilo que mais gostam de fazer pela própria natureza da
idade: “transgredir”. O exercício da liberdade de expressão nela exige habilidade e
agilidade do escrevente para revelar ao mundo suas opiniões e sensações.
Enfatizando que este gênero não deve ser visto como um recurso essencial
para o ensino, mas sim como mais uma maneira interessante de associar novas
tecnologias, ele desenvolve algumas habilidades importantes que são necessárias para
a Educação atual: rapidez de raciocínio, leitura dinâmica, sociabilidade, colaboração e
cooperação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda que a pesquisa esteja em desenvolvimento, consegue-‐se identificar que
os alunos reconhecem a importância do uso das tecnologias nas aulas de Língua
Portuguesa, entretanto, não há incentivo pela parte pedagógica, dificultando assim, a
aplicação do letramento digital em sala.
Percebe-‐se que há interesse dos alunos em ter aulas mais dinâmicas e
tecnológicas, pois é impossível estar na era tecnológica e não querer fazer parte dela.
O intento desta pesquisa é despertar, nos educandos e educadores, a adesão da
inserção do letramento digital para a EJA como inovação no fazer pedagógico
agregadas às práticas já utilizadas no cotidiano das aulas de Língua Portuguesa com
foco na produção de hipertextos.
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Pode-‐se dizer que por não usarem em sala o uso da internet como ferramenta
de estudo da Língua Portuguesa, as aulas se tornam monótonas e sem inovação. E
deste modo, a falta de inovação tecnológica aplicada no cotidiano de ensino-‐
aprendizagem, esses alunos se tornam alheios a continuarem sem o hábito da leitura,
sendo que, poderia ser despertado utilizando as inovações tecnológicas como recurso
didático, tanto na escrita quanto na leitura.
É fato que os educadores necessitam estar antenados às exigências do
momento com relação aos desafios da tecnologia na educação do mundo
contemporâneo, evoluir é preciso.
Desta forma, é possível inserir essas inovações dentro de sala de aula, até
para acabar com a leitura superficial, despertando assim uma prática de leituras
direcionadas, através da utilização de hipertextos em sala de aula.
Sendo assim, conclui-‐se até presente momento que, em meio as dificuldades
e acesso restrito as TIC’s, é importante proporcionar aos alunos da EJA esse contato
com os diferentes gêneros digitais, possibilitando-‐os novos conhecimentos a partir do
letramento digital.
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